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ALICE F.

MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA

Evolução do Direito de Família


- A Constituição de 1988 estabeleceu o paradigma familiar que se tenta desenvolver até hoje. A
Constituição foi um ponto de ruptura e de nascimento de um novo paradigma. O Código de
2002 deixou a desejar quanto a esse paradigma proposto pela CF.

- O Código de 1916 era um código elitista, e estruturou o direito de família muito mais
preocupado com a manutenção do patrimônio do que com as relações interpessoais. A
primeira grande característica do direito de família nesse código é a patrimonialização das
relações interpessoais.

- A segunda grande característica da lei era o estabelecimento de uma família matrimonializada


(ou família legítima), ou seja, ela só se referia a famílias constituídas por meio do casamento
civil entre homem e mulher. O legislador ignorava, então, a imensa maioria da sociedade
brasileira que não possuía grande patrimônio e, portanto, não casava, vivia em uniões estáveis.

Filhos
 Legítimos
 Ilegítimos
 Naturais
 Espúrios
 Adulterinos
 Incestuosos

- O código também estabelecia uma hierarquia entre os filhos. Eles eram divididos em
legítimos (nascidos de uma relação de casamento civil) e os ilegítimos. Os ilegítimos ainda
eram divididos entre naturais (nascidos de relações entre pessoas que poderiam casar, mas
simplesmente não o faziam) e os espúrios. Os espúrios poderiam ser também adulterinos
(impedimento em razão de haver um casamento civil de um dos genitores) ou incestuosos
(impedimento perene – parentes próximos entre si).

- Durante muito tempo, houve proibição expressa no código do reconhecimento de filhos


espúrios, mesmo que voluntariamente.

- O filho adulterino até poderia ser reconhecido, mas somente por testamento cerrado. O
incestuoso, jamais.

- O divórcio só foi introduzido no Brasil em 1977. Antes da emenda constitucional n° 9/77, o


máximo que poderia ser admitido era o “desquite”, equivalente a atual separação. Nesse caso,
o vínculo matrimonial se mantinha intacto e as partes não poderiam casar novamente.

- O código também se caracteriza por uma forte hierarquia sexual e geracional. A lei deixa
claro que o marido é o chefe da família e lhe competem as decisões referentes à esposa e aos
filhos.

- Quando a mulher atingia 21 anos passava a ser capaz, mas ao casar-se, abria mão de uma
parcela de sua capacidade ao marido. Ela se tornava relativamente capaz para os atos da vida
civil e, então, dependia de autorização do marido para realizar muitos deles. Isso mudou com
o Estatuto da Mulher Casada, de 1962, que lhe devolveu a plena capacidade civil, mas ainda
assim, não a equiparou ao marido.
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- A mulher que tivesse abandonado o lar sem justo motivo poderia ter seus rendimentos
sequestrados pelo marido, impedindo que ela tivesse qualquer autonomia e forçando-a a
voltar pra casa.

- O legislador de 16 não se preocupou com direitos de criança ou adolescente, a lei era


voltada para o homem adulto.

- A adoção era feita por escritura pública e podia ser revogada. Ela era pensada
exclusivamente como um mecanismo de dar um filho a um casal infértil. O vínculo existe
somente entre o adotante e o adotado, não a toda a família.

- À época do Código, a família sustentada pela lei já tinha entrado em colapso em razão de
transformações sociais. As mulheres já tinham ingressado no mercado de trabalho,

- A Constituição de 88 derrubou as ideias de família do Código de 16. Especialmente, por meio


de 3 artigos.

1. Art. 226, §3° - Diversos modelos de família


2. Art. 226, §6° - Isonomia entre os cônjuges ou companheiros
3. Art. 227 - Igualdade entre os filhos, independentemente da origem, inclusive se for
biológica ou afetiva. Prioridade aos direitos da criança e do adolescente.

- Esses artigos são um divisor de águas, pois tornavam o Código Civil completamente
incompatível com a Constituição. Na prática, era difícil equacionar esses direitos e se fazia
necessário um novo código.

- O Código Civil de “2002” era resultado de um projeto da década de 70, que ficou tramitando
por mais de 30 anos, e por isso traz algumas contrariedades com a Constituição. Em direito de
família, ele é extremamente preconceituoso.

Escalada do afeto
- As consequências de uma “ficada” ou de um “namoro desqualificado”* só existem caso deles
decorra uma gravidez.

- Lei 11804/08 (Lei dos Alimentos Gravídicos): o legislador encontrava uma saída para “fugir”
da discussão sobre o início da personalidade jurídica, justificando que os alimentos seriam para
a grávida. Entretanto, no parágrafo 6°, os alimentos gravídicos transformam-se em pensão
alimentícia após o nascimento com vida do nascituro, e sendo a pensão alimentícia
intransmissível, confirma que o principal tutelado da lei é sim o bebê.

- Os alimentos não são passíveis de devolução (irrepetibilidade), então, mesmo que a


paternidade não se confirme, não há como pedir “restituição”, salvo em casos de má-fé.

*O “namoro qualificado” é uma categoria criada pela jurisprudência do STJ, a partir do caso de
um casal que fora para a Polônia. É um namoro que tem todas as características de uma união
estável (durabilidade, continuidade, publicidade) e as pessoas estão juntas não para constituir
família, mas para cada uma perseguir seus objetivos particulares.
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- Esse precedente é constitucional? Há controvérsia em razão da parte final do art. 226, §3°,
que diz que a lei deve facilitar a conversão da união estável em casamento.

- O simples noivado não tem consequências diferentes às do namoro, a menos que o


rompimento seja vexatório, o que enseja danos morais.

- O que dá outro caráter ao noivado é a escolha da data de casamento, quando se cria o que se
conhece por “promessa de casamento”. Quanto mais próximo da data é o rompimento, mais
chance há de dano moral e material.

- Mas desistir do casamento não é um direito? Sim, porém a desistência não pode ser abusiva.
Configura o abuso do direito de romper toda vez que o rompimento é público, vexatório,
violento, quando invade a privacidade e a honra da pessoa; ou mesmo que seja feito “com
jeitinho”, mas às vésperas do casamento.

- O noivo companheiro (Categoria da Prof.): pessoas que vivem uma união estável, mas
oficialmente têm um noivado. Esse caso tem duas saídas, caso não se torne um casamento: o
companheiro pode pedir o reconhecimento da união estável ou a indenização por rompimento
de noivado.

- Contrato de simples namoro: tem validade jurídica para afastar o reconhecimento de uma
união estável? Não.

União Estável
- A diferença da união estável para o casamento é que ela é fática, não é “cerimonial”. Ela,
geralmente, decorre da evolução de um relacionamento.

- Mesmo antes do reconhecimento da Constituição Federal, já aconteciam vários casos de


pessoas que conviviam durante tempo, e geralmente, casos em que as mulheres não
trabalhavam fora e não tinham rendimentos. Essa situação era entendida, no âmbito judicial,
como sociedade de fato. Os companheiros eram tratados como sócios numa sociedade que
nunca fora formalmente reconhecida e cada um teria direito àquilo que comprovadamente
levara para essa sociedade.

- Mas as mulheres trabalhavam em casa durante anos, sem ter algum rendimento, e, portanto,
não contribuíam financeiramente à relação. Era mais comum, devido ao preconceito da época,
que as esposas entrassem na vara trabalhista pedindo o reconhecimento de vínculo
empregatício, e, normalmente, conseguia mais do que se tivesse entrado na vara cível, quando
receberia apenas indenização por serviços prestados.

- Com o passar do tempo, houve uma diferenciação entre sociedade de fato empresarial e
sociedade de fato afetiva. Passamos a ter a presunção de contribuição igualitária de ambos
em bens adquiridos onerosamente.

- Uma corrente entende que a CF equipara os dois institutos (casamento e união estável) e que
qualquer lei infraconstitucional que os diferenciasse deveria ser considerada inconstitucional.

- Outra corrente acredita que a Constituição hierarquiza os institutos, vez que a conversão em
casamento deve ser facilitada.
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- Há ainda outra corrente que admite que são dois institutos semelhantes, sem hierarquização.
A diversidade de tratamento só seria constitucional quando faticamente eles não estiverem em
uma mesma situação (diferença prática).

- Ex.: STF considerou inconstitucional o art. 1725 que diferenciava a sucessão entre cônjuges e
companheiros.

- O que ocorre é que cada vez menos temos situações em que na prática a união estável se
difere do casamento. As formalidades incrementadas juridicamente à união estável a tornaram
cada vez mais semelhante ao casamento.

- Contrato de convivência pode ser registrado em registro imobiliário, assim como o contrato
nupcial, e podem fazê-lo valer contra terceiros. (Entendimento do CNJ)

- Lei 8971/94:

 Foi a primeira lei regulando a união estável.


 Estabelece critérios inflexíveis para caracterizar o companheiro
 Estado civil: solteira, separada judicialmente, divorciado, viúva (não trata dos
separados de fato)
 5 anos de convivência* ou prole comum
 Apesar de seus defeitos, foi o primeiro reconhecimento expresso da obrigação de
alimentos entre companheiros.
 Primeiro reconhecimento formal de direito sucessório legítimo entre companheiros.
 Propositadamente, o legislador afastou os separados de fato dessa proteção. Seu
artigo primeiro foi considerado inconstitucional.
 O requisito da lei trata tão somente da quantidade do relacionamento e não de sua
qualidade.

*Esse prazo de 5 anos acabou virando um prazo cabalístico, que continua no imaginário de
advogados e juízes em geral, ainda que só tenha vigorado entre 1994 e 1996. O atual Código
Civil não estabelece nenhum tempo mínimo de convivência.

Como essa lei organizava a sucessão entre companheiros (art. 2°)?

a. Se concorresse com descendentes, teria direito a usufruto a ¼ dos bens


b. Não havendo

- Lei 9278/96

 O artigo primeiro da lei revogava o prazo de 5 anos de convivência


 Estabelece critérios mais flexíveis que podem ser analisados casuisticamente
 Publicidade – diferenciação da relação propositalmente ocultada da
sociedade, geralmente extraconjugal
 Durabilidade – não quantifica exatamente o tempo de convivência
 Continuidade – equilíbrio da relação (oposto ao “vai e volta”)
 Objetivo de constituir família
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→ Art. 5°- Qual é a diferença entre condomínio igualitário e comunhão parcial de bens?

A comunhão parcial estabelece que cada parte tem direito à metade ideal (ideia abstrata) do
patrimônio, portanto, tanto faz quais bens específicos ficaria com cada um, desde que
correspondessem à metade. Ela perdura enquanto perdurar a relação, para concretizá-la, a
relação deve ser dissolvida.

Condomínio é uma ideia de copropriedade, e a metade que corresponde a cada um é concreta,


de modo que na partilha eu já tenha uma metade concreta sobre bem específico. Para pôr fim
ao condomínio, não é necessário dissolver a relação, os companheiros poderiam vender suas
partes.

→ Art. 8° - Conversão da União Estável em Casamento em Registro Civil: NUNCA FOI APLICADO.

Recomendação: Patrícia Fontanella - União Estável a Eficácia Temporal das Leis


Regulamentadoras

- Código Civil de 2002

- A primeira diferença é que o Casamento Civil e a União Estável são tratados em partes
distantes do Código.

- Art. 1723: É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher,
configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família.

§1° Impedimentos: Não caracteriza união estável os impedimentos do art. 1521, menos o fato
de ser casado se a pessoa já é separada de fato ou judicialmente.

§2° Causas suspensivas: As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da
união estável.

- Art. 1727: As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar,
constituem concubinato.

- Art. 1725: Salvo contrato escrito em contrário, a regra geral é a comunhão parcial de bens. O
regime legal da união estável é, então, o mesmo do casamento. Ou seja, os bens adquiridos
onerosamente na constância da união pertencem aos dois.

- Francisco José Cahali: Limites e possibilidades do contrato de convivência

- O contrato de convivência pode ser redigido, alterado ou revogado a qualquer momento.


Podem ser feitos contratos com efeitos retroativos, inclusive.

- Durante a vigência da Lei de 96 ele não valia contra terceiros, então era muito livre (?)

- Ele é passível de registro em cartório de imóveis (registro imobiliário), valendo contra


terceiros.

- Os companheiros sempre tiveram mais liberdades que os cônjuges para contratar.


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- Durante a vigência do Código de 16, era impossível mudar o regime de bens na constância do
casamento, seria necessário ensaiar um divórcio.

- Já o Código de 2002 altera essa situação: existe a ideia de mutabilidade do regime num
casamento, porém é necessária autorização judicial, explicação das razões da mudança e
comprovação de que a alteração não prejudicará nenhum terceiro. Entretanto, os cônjuges
deveriam ter a mesma liberdade dos companheiros em contratar, a necessidade de autorização
judicial deveria ser suprimida.

Pacto Antenupcial x Contrato de Convivência

- Pacto Antenupcial:

a. Obrigatoriamente antes do casamento;


b. Escritura pública;
c. Conteúdo mais limitado;
d. Vale para terceiros

- Contrato de Convivência:

a. Pode ser feito a qualquer tempo;


b. Escrito particular;
c. Pode ser revogado ou alterado a qualquer tempo;
d. Vale para terceiros

- Nem o contrato de convivência nem o pacto antenupcial não são meios adequados para
dispor de direito sucessório. Até o presente momento, não podem ser inseridas cláusulas que
valham para após a morte, isso deve estar no testamento. De resto, tudo pode ser ajustado
nesses documentos.

- Art. 1726 Conversão da União Estável em Casamento

- A data do casamento retroage ao início da união ou leva em conta a data da conversão?

- Deveria sim ser retroativamente à data do início da relação, senão bastaria casar-se. É claro
que existem casos especiais, como o das pessoas separadas de fato.

- Qual a diferença entre pedir a conversão judicial ou ir ao registro civil e se habilitar para
casar?

 Juntar provas da União Estável na conversão


 Conversão: não preciso da celebração
 No caso da conversão: existência prévia de uma união estável é inquestionável

- O art. 1790, declarado inconstitucional pelo STF, tratava de forma diferenciada cônjuges e
companheiros em matéria de direito sucessório, pois usava a mesma regra tanto para regular
meação quanto sucessão em uniões estáveis.

- Agora aplica-se, indiscriminadamente, o art. 1829 tanto no casamento quanto na união


estável.
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O Casamento
 Civil
 Religioso
 Com efeito civil
 Habilitação prévia
 Habilitação posterior
 Sem efeito civil

- As pessoas casadas exclusivamente perante a sua religião serão tratadas, no máximo, como
em uma união estável, se cumpridos seus requisitos.

- O casamento civil deve respeitar uma liturgia para que seja válido:

 Deve ser realizado em prédio público; ou em prédio particular, desde que o


acesso não seja restrito, para que o público possa opor impedimento.
 O celebrante obrigatoriamente deve perguntar aos contraentes,
individualmente, se é por livre e espontânea vontade que está contraindo o
matrimônio.

- O ato jurídico torna-se perfeito e acabado quando os contraentes são declarados casados
pelo celebrante (art. 1514), quem tem papel homologatório e fiscalizatório. O celebrante pode
suspender a celebração do casamento caso acredite que um dos nubentes está coagido ou em
dúvida.

- Desde a década de 50, é possível aproveitar a celebração religiosa para inscrever no registro
civil e ter efeitos civis, desde que tenha sido homologada previamente a habilitação (art. 1515).

- A habilitação é o processo para comprovar que os nubentes não têm nenhum impedimento
ao casamento.

Capacidade para casar

Idade núbil – menos de 16 anos: o casamento de um menor de 16 anos só é válido se houver


autorização judicial, independentemente do consentimento dos pais. Essa autorização é
baseada em casos excepcionais (ex.: gravidez)

Idade núbil – 16 anos a 18 anos: a) autorização de ambos os pais (mesmo que a guarda seja
unilateral); b) autorização do representante legal; c) suprimento judicial

 A única forma de que um relativamente incapaz case sem a autorização de um dos genitores
é por meio de suprimento judicial.

 E quando ambos os genitores ou representantes legais denegam o consentimento? Por mais


que a doutrina traga outras “ideias”, o próprio Código prevê que o suprimento judicial possa
ser requerido pelo jovem sem necessidade de assistência.
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 O casamento realização sem autorização dos genitores ou responsáveis legais ou
suprimento judicial é anulável.

 A autorização judicial obriga que a esse casamento incida o regime de separação de bens.

Inexistência x Invalidade Matrimonial

- O instituto do casamento tem uma teoria de inexistência e invalidade diferenciadas.

- Inexistência: falta ou ausência de pressuposto de fato

- Invalidade: falta ou ausência de pressuposto jurídico

- A análise da inexistência precede a análise da invalidade. Um casamento pode ser menos que
nulo e ser inexistente.

Pressupostos de fato:

1. Celebração
2. Consentimento
3. Diversidade de sexos*

*Em nenhum momento o Código Civil (mesmo o de 1916) consta como impedimento a
diversidade de sexo.

- Em casos de inexistência, o juiz pode reconhecer de ofício. Em caso de nulidade não.

Pressupostos jurídicos:

Nulidade x Anulabilidade

Nulidade - Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:


I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil;
II - por infringência de impedimento (Art. 1521)

Anulabilidade:

 casamento celebrado com defeito de idade;


 defeito de autorização;
 defeito de consentimento;
 defeito procuração;
 vício consentimento: coação e erro essencial

Parentesco

a. Natural: consanguíneo - tronco ancestral comum;


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1. Linha reta: não tem limite❕

 parentesco consanguíneo em primeiro grau da linha reta ascendente (parentesco que


liga o filho ao pai);
 parentesco consanguíneo em primeiro grau da linha reta descendente (parentesco que
liga o pai ao filho);
 parentesco consanguíneo em segundo grau da linha reta descendente (parentesco que
liga o avô ao neto).

2. Linha lateral:

 é aquele que liga pessoas que não descendem diretamente uma das outras, mas que
tem um ancestral comum;
 irmãos são os parentes em linha colateral mais próximos (parentesco em segundo
grau) - parentesco consanguíneo em linha colateral em segundo grau;
 não existe parentesco em primeiro grau;
 “primo irmão” - parentesco colateral em quarto grau;
 parentesco colateral em quarto grau;
 tia-avó também é colateral em quarto grau;

*Adoção: não tem diferença!

**Socioafetividade

b. Afinidade:

 liga os parentes de um cônjuge ao outro cônjuge;


 um cônjuge “ocupa o lugar do outro”:
 (parentesco por afinidade em primeiro grau da linha reta ascendente - nora/genro para
sogro/sogra)
 enteado- parentesco por afinidade em primeiro grau da linha reta descendente -
 não se extingue com a morte do cônjuge, só serve para impedir que esses afins em
linha reta possam casar entre si – não existe ex-nora, ex-genro, ex-sogro/a ❕
 parentesco por afinidade em colateral termina em segundo grau (começa e termina no
cunhado) – legalmente, não existe concunhado;
 existe ex-cunhado e ex-cunhada!

“Se minha mulher morrer, caso com a irmã dela e economizo uma sogra.”

Hipóteses de nulidade:

Art. 1.521. Não podem casar:

I. os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;


II. os afins em linha reta (sogro/a, genro, nora);
III. o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do
adotante*;
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IV. os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive (tio
e sobrinho**);
V. o adotado com o filho do adotante;
VI. as pessoas casadas;
VII. o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio
contra o seu consorte.

* Este inciso foi baseado na anterior regra, do Código de 16, que vinculava o adotado apenas
ao adotante, e não a toda sua família. Na prática, o que este inciso pode acabar impedindo é o
casamento entre o adotado e um ex cônjuge do adotante, de um casamento anterior à adoção.
Ex.: Maria era casada com Paulo e eles são divorciados. Muitos anos depois, Maria decide ter
uma produção independente e adota Rita. Anos depos, Rita conhece Paulo, mas eles são
impedidos de casar pela letra deste inciso.

- Irmãos:
 Bilaterais (germanos – mesmo pai e mesma mãe)
 Unilaterais:
 Uterinos (mesma mãe, pais diferentes)
 Consanguíneos (mesmo pai, mães diferentes)

** Entretanto, existe um decreto-lei (n°3200/1941) que assenta que é permitido o casamento


entre tios e sobrinhos.

- Só é permitido casar quem tiver o estado civil de solteiro, divorciado ou viúvo. Só o divórcio e
a morte é que rompem o vínculo entre cônjuges, nem a separação judicial tem esse poder.

- Se alguém contrai um segundo casamento, estando casado, por mais que consiga o divórcio
do primeiro casamento depois, o segundo casamento não será convalidado, será nulo, pois foi
contraído de forma nula.

Hipóteses de anulabilidade:

Art. 1.550. É anulável o casamento:

I. de quem não completou a idade mínima para casar (menor de 16)


II. do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal
III. por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558 (erro essencial e coação – não
entra o dolo)
IV. do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento
(incapacidade, mesmo que transitória, a exemplo de quem se casa embriagado)
V. realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação
do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges*;
VI. por incompetência da autoridade celebrante.

*Cada um deve nomear um procurador diferente para que não haja conflito de interesses.
Coabitação não significa morar junto, mas sim, consumar o casamento.
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- A maior diferença entre o casamento nulo e anulável é que o nulo pode ser assim declarado
a qualquer tempo, enquanto que o anulável se convalida retroativamente por um certo
decurso de tempo.

- Autoridade celebrante:

Incompetência absoluta – matéria

Incompetência relativa – lugar ou pessoa

- O Código não fala em competência relativa ou absoluta e há divergências na doutrina a


respeito.

- O exemplo possível é aquele em que numa pequena comarca que não possui juiz de paz, um
juiz de direito celebra um casamento, e que se trata de uma incompetência em razão de
matéria. Isso é comprovado pelo Art. 1554 (Subsiste o casamento celebrado por aquele que,
sem possuir a competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de
casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil).

- Em casos de autoridades relativamente incapazes, o casamento deveria ser considerado


válido, pois as partes não podem ter o ônus de saber como se organiza o Poder Judicial.

Art. 1551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez. > Ou
seja, a gravidez convalida o casamento de menor!! (absurdo!!!)

Art. 1552 (Anulação de casamento de menor): pode ser requerida

I. pelo próprio cônjuge menor


II. por seus representantes legais
III. por seus ascendentes

Art. 1555. O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu
representante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em 180 dias, por iniciativa do
incapaz (180 dias a contar da maioridade), ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais
(180 dias a contar do casamento) ou de seus herdeiros necessários (180 dias a contar da
morte, se ainda na condição de incapacidade).

Art. 1556 O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos
nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.

- Era muito usado como subterfúgio na época em que não existia o divórcio no Brasil (1977).
Se praticava a remessa necessária, para que a anulação fosse confirmada em segunda
instância. Era também nomeado um curador ao vínculo, cuja função era fazer a defesa da
manutenção do casamento.

- O erro deve versar sobre qualidades essenciais do ser humano. Não se considera a
fertilidade, por exemplo.

- Não se deve ponderar a respeito da escusabilidade do erro, basta provar a essencialidade do


erro.

- O erro essencial deve ser anterior ao casamento, e não algo que se desenvolve depois.
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- Deve haver desconhecimento do cônjuge anterior ao casamento.

- O erro deve ser de tamanha gravidade que torne a vida a dois insuportável.

- Erro essencial:

a. Essencialidade do defeito
b. Anterioridade ao casamento
c. Desconhecimento prévio
d. Insuportabilidade da vida conjugal

Art. 1557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:

I. o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o
seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II. a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne
insuportável a vida conjugal;
III. a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize
deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de
pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;

- Erro quando à identidade:

 física
 civil (estado civil, idade, nome de família, escolaridade, profissão...)
 psicológica
 sexual

- Enquanto que o erro quanto à identidade civil é mais difícil de justificar/enquadrar, o erro
quanto à identidade psicológica é muito amplo.

- No caso da boa fama, não importa se as acusações são verdadeiras ou não. Basta que a
reputação do cônjuge seja tão baixa que atinja o outro e torne a vida em comum insuportável.

Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes,
companheiros e responsáveis pelos encargos da família.
→ Não prevalece a vontade de um sobre a do outro; diferente de antigamente, quando
prevalecia a vontade do marido/pai.

§1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.
→ Em 1916 - direito romano (pater famílias da mulher antes era o pai e, com o casamento,
torna-se o marido o responsável por ela);

 mulher adotava o sobrenome do marido;


 estatuto da mulher casada - tornava-se opcional a adoção do sobrenome do marido;
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 o que acontecia: mulher achava que ficaria muito grande o nome, portanto, era
“aconselhada” a tirar o seu sobrenome e substituir pelo nome do marido

→ Nome é direito de personalidade - se adota o sobrenome do cônjuge é tão da pessoa quanto


o de qualquer outra pessoa da família do ex cônjuge - só tira se quiser.
O código ainda traz dispositivos que tratam da exigência de um cônjuge para que o outro
(culpado da separação) retire seu nome. Entretanto, o nome é um direito personalíssimo,
que não pode ser disposto por outrem.

§2o O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar


recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de
coerção por parte de instituições privadas ou públicas.

Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:


I. fidelidade recíproca;
II. vida em comum, no domicílio conjugal;
III. mútua assistência;
IV. sustento, guarda e educação dos filhos;
V. respeito e consideração mútuos.

- Sob o Código de 16, o desrespeito a esses deveres caracterizava culpa no divórcio.


- Atualmente, na opinião da prof., são apenas “bons conselhos matrimoniais”, pois não tem
vinculação.
- NÃO SE DISCUTE CULPA EM DIVÓRCIO!

Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela
mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos.
Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz,
que decidirá tendo em consideração aqueles interesses.

Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos
rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja
o regime patrimonial.
 Quando um dos cônjuges assume uma dívida comprovadamente feita para o
sustento da família, o outro cônjuge também estará por ela obrigado, mesmo que
seu regime de bens seja o da separação total de bens.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas um e outro podem
ausentar-se do domicílio conjugal para atender a encargos públicos, ao exercício de sua
profissão, ou a interesses particulares relevantes.

→ Uma das hipóteses de culpa era o abandono voluntário do lar conjugal;


 O medo do legislador de 2002 é de que se uma pessoa for sair de casa para fazer algum
mestrado, por exemplo, o outro cônjuge entrasse com ação de separação litigiosa,
alegando que seu cônjuge abandonou o lar.

Art. 1.570 Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não sabido, encarcerado por
mais de cento e oitenta dias, interditado judicialmente ou privado, episodicamente, de
consciência, em virtude de enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com exclusividade a
direção da família, cabendo-lhe a administração dos bens.
→ Se o cônjuge voltar, o outro deve prestar contas.

Pacto antenupcial
- Antes o regime de bens era imutável. Pessoas forjavam divórcio, para depois casarem de novo
sob o outro regime desejado.
- Inclusive, logo após a promulgação do Código de 2002, houve uma grande polêmica, pois
juízes decidiam que aqueles casados sob a égide do código antigo não podiam alterar seu
regime, enquanto os casados a partir de 2003 podiam.
- O regime legal é o da separação parcial de bens, e não é necessário fazer um pacto
antenupcial para estabelece-la, mas, ainda assim, ele pode ser feito para dispor de outros
assuntos, determinados bens por ex.
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus
bens, o que lhes aprouver.
§1o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento.
§2o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido
motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os
direitos de terceiros.
- O legislador não deixa claro se a alteração do regime valeria para a relação desde a data do
casamento ou somente a partir da autorização judicial. Compete ao casal solicitar isso em seu
pedido ao juiz.
- Art. 2039 – Regime dotal
- Art. 1.640 – REGIME LEGAL OU SUPLETIVO: Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou
ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA

Regime legal ou supletivo Comunhão Parcial de Bens

Regime obrigatório Separação de Bens (hipóteses: art. 1641)

Regimes opcionais Comunhão Universal de Bens/


Participação final de Aquestos

- A CPB é considerada um regime supletivo, pois apoia as lacunas dos outros regimes.
- Aquestos: bem adquiridos onerosamente na constância do casamento.
 Art. 1.523. Não devem casar:
I. o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos
bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II. a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez
meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; (evitar
que um filho do primeiro marido seja atribuído ao segundo?)
III. o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens
do casal;
IV. o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou
sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou
curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
- Mancomunhão (patrimônio de mão comum); composse
- O art. 1641 possuía um parágrafo único que pregava que não se comunicavam os aquestos.

Regime da Separação de Bens


- Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I. das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração
do casamento (art. 1523);
II. da pessoa maior de 70 anos;
III. de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial
 A hipótese do inciso III, do menor sem idade núbil, tinha objetivo de proteger o polo
vulnerável da relação. Entretanto, o que ocorre é que esse menor provavelmente não tenha
nenhum bem e o regime de separação de bens termine por prejudicá-lo.

- Este regime dispensa a outorga do art. 1647:


 Disposição sobre bens imóveis
 Prestação de fiança ou aval
 Doação de bens
- Súmula 377/STF: No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na
constância do casamento.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
- Essa súmula é polêmica, pois, em tese, transforma a SP em PFA.

Regime de Comunhão Parcial de Bens


Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I. os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do
casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
II. os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em
sub-rogação dos bens particulares;
III. as obrigações anteriores ao casamento;
IV. as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
V. os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
Maria Berenice Dias: o mais correto seria assegurar ao profissional o direito do uso do
instrumento de profissão, e ao aposentar-se e vender o bem, ele deveria ser comunicado
Ex.: família que economiza para comprar um caminhão ao marido caminhoneiro
VI. os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
Descontextualizado, anacrônico. Tudo que tivesse natureza salarial seria incomunicável, mas é
uma discussão sazonal na jurisprudência.
VII. as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
O direito à percepção da verba é incomunicável, mas seus frutos sim. Sendo assim, resultados
de ações trabalhistas, FGTS, e etc. são sim comunicáveis na partilha, segundo entendimento de
alguns tribunais.

- Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa entende-
se distribuída entre elas por igual.
 Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na
totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo. (Direito de Acrescer)

Participação Final de Aquestos


- Aquestos: bem adquiridos onerosamente na constância do casamento.
- Assemelha-se ao regime da comunhão parcial e ao da separação de bens, todavia garante aos
cônjuges mais liberdade e autonomia na administração de seus bens, assim como,
individualmente quanto à responsabilidade pelas obrigações contraídas durante o casamento.
- Compete aos nubentes decidir acerca da dispensa ou não de autorização para disposição dos
bens imóveis (desde que particulares).
- Há que se pensar em 2 momentos:
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
- Enquanto há relação, funciona como separação de bens.
- Após o fim ou da separação de fato, é necessário compreender o crescimento de cada
um dos cônjuges ou companheiros.
- Art. 1674 (Patrimônio originário) - Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, apurar-se-
á o montante dos aquestos, excluindo-se da soma dos patrimônios próprios:
I. os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram;
II. os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade;
III. as dívidas relativas a esses bens.
Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos durante o casamento os
bens móveis.

- Só se comunicam os bens adquiridos onerosamente durante a sociedade conjugal, não a


qualquer título.
- Na CPB, a meação é minha desde a origem, enquanto na PFA, existe apenas a expectativa
(Expectativa ≠ Direito Concreto).
- Quanto aos bens móveis haverá presunção de terem sido adquiridos durante a união, salvo
prova em contrário.

Separação e Divórcio
- Até 1977 o vínculo matrimonial era indissolúvel, só existia o desquite. A única forma de
romper tal vínculo era a morte.
- Vinculado formalmente ao ex cônjuge, era impossível casar-se novamente.
Vínculo matrimonial ≠ sociedade conjugal
- Direitos e deveres, regras patrimoniais, regime de bens, etc. compõem um núcleo que seria
sociedade conjugal. O vínculo matrimonial seria uma espécie de capa protetora desse núcleo,
sem conteúdo, formalidade...
- O desquite hoje corresponde à separação judicial: implode a sociedade conjugal, mas não o
vínculo matrimonial.
- Emenda constitucional n.09
- Teoria do divórcio uno
- Lei n. 6515/77
 Divórcio
Direto – 5 anos de separação de fato
Indireto – 2 anos após sentença da separação judicial
 Separação judicial
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
Consensual
Litigioso
 Quebra dos deveres do casamento
 Conduta desonrosa

- Constituição de 1988: o divórcio direto poderia ser requerido quando as partes conseguissem
comprovar 2 anos de separação de fato e o indireto, após 1 ano da homologação da sentença
da separação judicial
- Lei n. 11441/2007: divórcio extrajudicial, no cartório, desde que não envolva interesse de
filho incapaz. Não pode haver nascituros tampouco.
- Emenda Constitucional n.66/2010: “O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio”,
desaparecendo toda e qualquer restrição para a concessão do divórcio, que cabe ser
concedido sem prévia separação e sem a exigência de prazos.
>>> ATUALMENTE, NÃO SE EXIGEM PRAZOS OU SEPARAÇÃO PRÉVIA PARA O DIVÓRCIO! <<<
>>>>>> NÃO SE DISCUTE CULPA EM DIVÓRCIO! <<<<<<
- Divórcio é direito potestativo: é uma sujeição do outro ao poder que tenho; não são precisos
requisitos, basta estar casado para pedi-lo.
- Separação:
 De fato
 De corpos
o Consensual
o Tutela Cautelar
 Judicial
o Consensual
o Litigiosa
 Extrajudicial
o Sem filho incapaz
o Consenso

Separação/Divórcio/Dissolução de União Estável CONSENSUAL JUDICIAL


- Art. 731 e seguintes do CPC/2015
- O que o distingue do litigioso é que as partes, voluntariamente, formularam um acordo que
será submetido ao crivo judicial.
- Petição inicial (acordo):
 Descrição e partilha dos bens comuns
 Pensão alimentícia entre os cônjuges
 Guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas
 Valor da contribuição para criar e educar os filhos (pensão alimentícia)
- A decretação do divórcio independe da partilha de bens (Art. 731, parágrafo único).
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
- Quando a partilha de bens não é igualitária, incidem impostos
- Renúncia à meação: impossibilidade!
- Na PFA sim é possível falar em renúncia à meação, pois não existe meação durante o
relacionamento.
- Dever de assistência material recíproca

- Art. 1708/CC: Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de
prestar alimentos.

Guarda Compartilhada:
- O importante é o compartilhamento de responsabilidade e não o compartilhamento físico;
- Enunciado 605 do CJF: A guarda compartilhada não exclui a fixação do regime de convivência;
- Enunciado 607 do CJF: A guarda compartilhada não implica ausência de pagamento de
pensão alimentícia

Guarda alternada:
 É unilateral, mas que se alterna depois de um determinado tempo.
→ Importante mencionar a questão do nome.

Divórcio Extrajudicial (Art. 733/CPC):


 Quando não houver nascituro ou filhos incapazes
 Escritura pública perante o tabelião

Separação litigiosa:
Art. 1.572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação judicial, imputando ao
outro qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torne insuportável
a vida em comum.
- Na separação litigiosa com culpa, o cônjuge culpado pode perder o direito ao sobrenome do
outro.
- Na prática, é difícil que o juiz indique um cônjuge culpado e outro inocente. Já não ocorria
antes mesmo da EC 66/2010.
- Parte da doutrina defende a manutenção da separação com base na culpa porque poderia
cumular o pedido de danos morais;
* Prof. acredita que os danos morais deveriam ser analisados pela vara cível.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA

Art. 1.572, §1o – Separação falência:


“A separação judicial pode também ser pedida se um dos cônjuges provar ruptura da vida em
comum há mais de um ano e a impossibilidade de sua reconstituição.”
 Neste caso, não há culpa e já havia separação de fato há mais de 1 ano.

Art. 1.572, §2o – Separação remédio:


“O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial quando o outro estiver acometido de doença
mental grave, manifestada após o casamento, que torne impossível a continuação da vida em
comum, desde que, após uma duração de 2 anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de
cura improvável.”
 Não obedece ao regime de bens; punição para o cônjuge que pede a separação remédio.
 §3o: Nesse caso, reverterão ao cônjuge enfermo, que não houver pedido a separação
judicial, os remanescentes dos bens que levou para o casamento, e se o regime dos bens
adotado o permitir, a meação dos adquiridos na constância da sociedade conjugal.

Evolução dos precedentes da Separação Litigiosa:


 Ação promovida contra o outro;
 Se o outro simplesmente contestar, o cônjuge réu apenas negaria;
 Segunda forma de resposta ao mérito - reconvenção;
 Culpa recíproca;
 Insustentabilidade da vida conjugal - não havia mais discussão sobre culpa;

Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de algum


dos seguintes motivos:
I. adultério;
II. tentativa de morte;
III. sevícia ou injúria grave;
IV. abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo;
V. condenação por crime infamante;
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
VI. conduta desonrosa.
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a
impossibilidade da vida em comum.

Divórcio contencioso
- A diferença entre o ....... é que não há acordo. Neste caso, não é uma jurisdição voluntária, é
um dos cônjuges que entrará com a ação contra o outro.

- Art 693/CPC e seguintes:


- Petição inicial em face do outro cônjuge, onde já deve constar pedido de tutelas
provisórias que entende necessária (alimentos, guarda
- Audiência de conciliação (obrigatória, indispensável pelas partes)
- Se a conciliação não for possível, o cônjuge “réu” terá prazo a partir da conciliação
inexitosa.
- O processo pode ser “fatiado”, e algumas partes podem ser consensuais, enquanto outras
não.
- A audiência de conciliação obrigatória provoca situações desumanas (ex.: esposa que havia
sofrido um AVC e teve a fala prejudicada > na audiência, pouco pôde contestar as coisas que
dizia o marido).

1. Partilha – se não há consenso quanto à partilha, o juiz geralmente decidirá por condomínio
igualitário.
 Alimentos ad eternum – natureza alimentar, subsistência e educação; sem prazo
 Alimentos transitórios – natureza alimentar; sem prazo
 Alimentos compensatórios – natureza de compensação, ressarcimento, não alimentar

- Alimentos compensatórios cabem quando há ruptura conjugal, e uma das partes


simplesmente despenca no seu padrão de vida enquanto a outra consegue mantê-lo, se é uma
derrocada injusta e ilícita, um desequilíbrio sem justificativa pela lei.
- Isso significa que nunca serão ad eternum, pois existem em razão de um desequilíbrio
transitório.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
- Não cabe, por exemplo, em regimes de separação de bens nos quais a maioria dos bens é de
um dos cônjuges já antes da relação. Nesses casos, é evidente de que o outro cônjuge terá uma
queda do seu padrão de vida após a ruptura conjugal.

RESUMÃO ESQUEMÁTICO DA GAB


1. União Estável:

● Características (art. 1723): relação pública, contínua, duradoura e com objetivo de


constituir família. Não exige idade mínima. Contrato de simples namoro não afasta
união estável.
● Os impedimentos são os mesmos do matrimônio, exceto no que tange às pessoas
separadas de fato ou judicialmente. Assim, os separados de fato ou judicialmente
podem estabelecer união estável. As causas suspensivas não se aplicam.
● Exceto pelo regulado no contrato de convivência, o regime de bens é o da comunhão
parcial - art. 1725.
● A conversão em casamento ocorre mediante autorização judicial e registro - art. 1726.
Jurisprudência: admite mediante via administrativa.

2. Casamento:
● Pacto antenupcial - art. 1653 e ss.
● Produz emancipação - art. 5, II, PU. Caso anulado, os efeitos da emancipação são
extintos.

● Espécies:
○ Civil - arts. 1512-1514;
○ Religioso com efeitos civis (habilitação pode ser anterior ou posterior) - arts.
1515 e 1516;
○ Procuração - art. 1542;
○ Nuncupativo - arts. 1540-1542;
○ Putativo - art. 1561. ("Ex nunc".)

● Idade núbil é de 16 anos.


○ Se uma criança menor de 16 anos deseja casar é imprescindível a autorização
judicial (independente dos pais) - regime de separação obrigatória dos bens.
○ Se uma criança maior de 16 anos e menor de 18 anos deseja casar, é
imprescindível a autorização de ambos os pais (independentemente de guarda
unilateral), ou representante legal ou autorização judicial.

● Impedimentos matrimoniais:
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2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA

Absolutos - art. 1521: Relativos (causas suspensivas) - art. 1523:

Ascendentes + Descendentes; Viúvo com filho enquanto não fizer inventário e


partilha;

Afins em linha reta; Viúva ou mulher dez meses depois do começo


viuvez ou dissolução casamento;

Adotante com quem foi cônjuge do adotado e Tutor ou curador com ascendentes,
vice-versa; descendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos
antes de prestado contas

Irmãos ou colaterais até terceiro grau*; *Art. 1523, PU.


Jurisprudência: casamento avuncular - possível.
entre tios e sobrinhos.

Adotado com filho adotante;

Pessoas casadas;

Conluio homicídio.

● As ações referentes aos impedimentos absolutos podem ser propostas por qualquer
capaz anteriormente ao casamento. Depois, por MP ou interessado.
● As ações referentes aos impedimentos relativos podem ser arguidas pelos parentes em
linha reta ou colaterais até 2 grau.

● Efeitos do casamento nulo = anulável. "Ex tunc" e não podem ser declarados de ofício
(caso de inexistência pode ser declarado de ofício). A maior diferença concerne à
imprescritibilidade do ato nulo; e o prazo decadencial e possibilidade de convalidação
do ato anulável.
● Casamento Inexistente:
○ Autoridade celebrante;
○ Existência de declaração de vontade.

Casamento Nulo - Casamento Anulável - art. Observações às hipóteses de anulabilidade:


art. 1548: 1550:

Causas impedimento De quem não completou *Art. 1551: gravidez.


absoluto. idade mínima sem
*Art. 1552: a ação pode ser arguida pelo
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA

autorização; cônjuge menor, representantes legais ou


ascendentes. No prazo de 180 dias do art.
1555.
*Art. 1553: confirmação quando completar
idade núbil.
*Art. 1555 §2: exceção anulabilidade.

*Arguido pelo MP Do menor em idade núbil *Art. 1551: gravidez.


ou interessado - art. sem autorização;
1549.

Vício de vontade: erro ou *Art. 1559: Coabitação.


coação;

Incapaz de consentir no *Art. 1559: Coabitação.


momento;

Procuração revogada; *Coabitação.

Incompetência autoridade *Art. 1554: incompetência absoluta mas que


celebrante. exerce funções publicamente.

● O "erro" a que se refere o art. 1550, III exige os requisitos:


○ Anterior ao casamento;
○ Descoberta posterior ao casamento;
○ Erro substancial;
○ Torne insuportável a vida em comum.

3. Regime de Bens:

● Regime de bens é escolhido no pacto antenupcial. O regime só passa a valer a partir do


casamento desde que registrado - art. 1639, §1.
● É possível a alteração do regime mediante ação judicial na qual os cônjuges devem
justificar o motivo do pleito - art. 1639, §2.

Direitos dos Cônjuges - art. 1642 e 1643: Vedações aos Cônjuges - art. 1647:
*Salvo regime de separação absoluta dos
bens.

Atos de disposição e administração relacionados à Alienar ou gravar de ônus real os bens


ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA

profissão; imóveis (ainda que particulares);

Administrar bens próprios; Pleitear acerca dos bens acima;

Reivindicar os bens imóveis que tenham sido Prestar fiança ou aval;


alienados ou gravados de ônus real sem seu
consentimento;

Rescisão de contrato de fiança ou aval sem seu Doação não remuneratória de bens
consentimento; comuns.

Reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis,


doados ao outro cônjuge concubino;

Praticar aquilo que não vedado.

Contrair dívidas (empréstimo ou crédito) para


economia doméstica sem autorização do outro -
Gera obrigação solidária.

*Obs.: as ações de anulação dos casos acima


competem ao cônjuge prejudicado e seus herdeiros
no prazo de 2 anos.

3.1. Comunhão Parcial de Bens:

● Regime legal e/ou supletivo.

Bens que se comunicam - art. 1660: Bens que se excluem - art. 1659 e 1661:

Adquiridos onerosamente na constância do Bens anteriores ou bens doados, herdados ou


casamento ; sub-rogados;

Fato eventual; Sub-rogação dos bens particulares;

Doados ou herança ou legado no nome dos Obrigações anteriores*;


dois;

Benfeitorias de bens particulares; Obrigação de ato ilícito anterior, desde que


comprovada a reversão em proveito do casal*;
ALICE F. MIOTTELLO
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CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA

Frutos dos bens particulares e comuns. Bens uso pessoal, livros e profissão;

Proventos do trabalho;

Pensões, meio-soldos, montepios*.


*STJ: previdência privada comunica.

Causa anterior. Ex: ação judicial.

● Bens móveis presumem-se adquiridos na constância do casamento - art. 1662.


● Lembrar:
○ Os bens imóveis, particulares ou comuns, precisam da outorga do outro para
alienar ou gravar de ônus real - art. 1647, I.
○ Os bens móveis particulares são administrados pelo proprietário - art. 1665.

3.2. Comunhão Universal de Bens:


Fusão daquilo particulares (ativos e passivos) + adquiridos na constância do casamento
(oneroso, doação ou herança).
BENS EXCLUÍDOS DA COMUNHÃO:

Bens doados ou herdados com cláusula de incomunicabilidade;

Fideicomisso (cláusula de incomunicabilidade);


3.3.
Dívidas anteriores ao casamento, salvo se próxima e reverteram ao proveito;

Doações entre cônjuges com cláusula de incomunicabilidade;

Bens uso pessoal, livros e profissão;

Proventos do trabalho;

Pensões, meio-soldos, montepios*.


*STJ: previdência privada comunica.

Lembrar: frutos dos incomunicáveis se comunicam - art. 1669.

Separação de Bens:

● Obrigatória - art. 1642:


○ Maiores de 70 anos;
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
○ Casamento que necessitou de suprimento judicial;
○ Causas suspensivas.
● Cada um mantém domínio, posse e administração dos seus bens.
● Dívidas em benefício da família e sustento da casa se comunicam!! - art. 1643 e 1644.
● Podem alienar e gravar ônus real seus bens.
● Sum. n. 377 STF: mesmo no regime de separação legal, os aquestos se comunicam pois
se presume esforço comum. STJ: exige prova do esforço comum.

3.4. Participação Final nos Aquestos:

- Aquestos: bem adquiridos onerosamente na constância do casamento.


- Compete aos nubentes decidir acerca da dispensa ou não de autorização para disposição dos
bens imóveis (desde que particulares).
- Art. 1674 (Patrimônio originário) - Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, apurar-se-
á o montante dos aquestos, excluindo-se da soma dos patrimônios próprios:
IV. os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram;
V. os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade;
VI. as dívidas relativas a esses bens.
Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos durante o casamento os
bens móveis.

4. Dissolução Casamento:
● A dissolução de um casamento dar-se-á: morte de um dos cônjuges, divórcio, anulação
do casamento - art. 1571.
● Lembrar: separação judicial apenas termina a sociedade conjugal, permanecendo o
vínculo matrimonial. EC n.66/2010: baniu o instituto da separação - STJ diz não ter sido
abolida a separação judicial consensual. De qualquer modo, é tratada no CC/2002 e
CPC/2015.

4.1. Separação Judicial:

● Qualquer dos cônjuges poderá propor ação de separação judicial imputando ao outro
qualquer ato que importe grave violação aos deveres do casamento e torne
insuportável a vida em comum - art. 1572. Importa na separação de corpos e partilha -
art. 1575.
● Podem restabelecer a qualquer tempo a sociedade conjugal. A reconciliação deve ser
levado a juízo para ser homologado - art. 1577. Pode ser feita administrativamente -
Resolução n.35 do CNJ.
● Causas de separação judicial:
○ Separação-falência - art. 1572 §1.
○ Separação-remédio - art. 1572 §2.
■ Relação de 2 anos e descoberta de cura improvável.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
■ Punição ao cônjuge que pede separação quanto aos bens particulares
do enfermo e meação dos adquiridos na constância do casamento -
art. 1572 §3.
○ Adultério - art. 1573, I;
○ Tentativa de morte - art. 1573, II;
○ Injúria grave - art. 1573, III;
○ Abandono voluntário do lar durante 1 ano - art. 1573, IV;
○ Condenação por crime infamante - art. 1573, V;
○ Conduta desonrosa - art. 1573, VI;
○ Outros fatos que o juiz reconhecer - art. 1573, PU.
● Efeitos para o "culpado":
○ Se requerido pelo "inocente", perde o sobrenome do outro. Lembrar exceções
do art. 1578. Lembrar: nome é reconhecido como direito de personalidade.
○ O cônjuge culpado ainda mantém direito de alimentos - art. 1.704.

● Separação judicial consensual possui requisito de 1 ano de casados - art. 1574.

● Para a conversão em divórcio é exigido requisito de 1 ano transitado em julgado a


sentença de separação judicial ou separação de corpos. No caso de separação de fato
por mais de 2 anos, o divórcio também poderá ser requerido.

4.2. Separação de Fato e de Corpos:

● A separação de fato põe fim aos efeitos jurídicos do casamento ainda que possuam o
"status" de casados: põe fim aos deveres matrimoniais, fim ao regime de bens e
direitos sucessórios.
● É possível a separação de fato ainda que o casal viva em uma mesma casa.
● Já na separação de corpos, por meio de chancela judicial, obtém-se os mesmos efeitos
da separação de fato.
● Cautelar satisfativa.
● Pode ser feito consensualmente via escritura pública.
● Lembrar: ambos os casos não dissolvem o casamento.

4.3. Divórcio:

● Dissolve o vínculo conjugal. Pode ser requerido a qualquer tempo e constitui direito
potestativo (na ação, não é preciso apresentar causa de pedir).
● Dispensa a partilha de bens - art. 1581.

a) Divórcio Judicial:
● Legitimados: ato personalíssimo - art. 1582. Lembrar: caso de incapazes: curador,
ascendente ou irmão.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
● No divórcio consensual, para a homologação do acordo, precisam constar os seguintes
pontos - art. 731, CPC:
○ Partilha (pode ocorrer posteriormente);
○ Pensão entre cônjuges;
○ Guarda e visita dos filhos;
○ Alimentos dos filhos.
● Não é possível renúncia à meação!!! (apenas no regime de participação final nos
aquestos).

● No divórcio contencioso não há acordo. O procedimento é estabelecido no art. 693 e


ss. do CPC:
○ Petição inicial com pedidos de tutelas e outros (alimentos e guarda, por ex.);
○ Audiência de conciliação obrigatória;
○ Contestação a partir da conciliação inexitosa;
○ Processo pode ser "fatiado" em partes consensuais.

b) Divórcio Extrajudicial:
● Requisitos: ausência de nascituros ou incapazes.
● Feito mediante escritura pública pelo tabelião (jurisdição voluntária).
● Lembrar: se um dos divorciados desejar se casar com outrem antes da partilha = causa
suspensiva = imposição do regime de separação obrigatória de bens.

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