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MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
- O Código de 1916 era um código elitista, e estruturou o direito de família muito mais
preocupado com a manutenção do patrimônio do que com as relações interpessoais. A
primeira grande característica do direito de família nesse código é a patrimonialização das
relações interpessoais.
Filhos
Legítimos
Ilegítimos
Naturais
Espúrios
Adulterinos
Incestuosos
- O código também estabelecia uma hierarquia entre os filhos. Eles eram divididos em
legítimos (nascidos de uma relação de casamento civil) e os ilegítimos. Os ilegítimos ainda
eram divididos entre naturais (nascidos de relações entre pessoas que poderiam casar, mas
simplesmente não o faziam) e os espúrios. Os espúrios poderiam ser também adulterinos
(impedimento em razão de haver um casamento civil de um dos genitores) ou incestuosos
(impedimento perene – parentes próximos entre si).
- O filho adulterino até poderia ser reconhecido, mas somente por testamento cerrado. O
incestuoso, jamais.
- O código também se caracteriza por uma forte hierarquia sexual e geracional. A lei deixa
claro que o marido é o chefe da família e lhe competem as decisões referentes à esposa e aos
filhos.
- Quando a mulher atingia 21 anos passava a ser capaz, mas ao casar-se, abria mão de uma
parcela de sua capacidade ao marido. Ela se tornava relativamente capaz para os atos da vida
civil e, então, dependia de autorização do marido para realizar muitos deles. Isso mudou com
o Estatuto da Mulher Casada, de 1962, que lhe devolveu a plena capacidade civil, mas ainda
assim, não a equiparou ao marido.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
- A mulher que tivesse abandonado o lar sem justo motivo poderia ter seus rendimentos
sequestrados pelo marido, impedindo que ela tivesse qualquer autonomia e forçando-a a
voltar pra casa.
- A adoção era feita por escritura pública e podia ser revogada. Ela era pensada
exclusivamente como um mecanismo de dar um filho a um casal infértil. O vínculo existe
somente entre o adotante e o adotado, não a toda a família.
- À época do Código, a família sustentada pela lei já tinha entrado em colapso em razão de
transformações sociais. As mulheres já tinham ingressado no mercado de trabalho,
- Esses artigos são um divisor de águas, pois tornavam o Código Civil completamente
incompatível com a Constituição. Na prática, era difícil equacionar esses direitos e se fazia
necessário um novo código.
- O Código Civil de “2002” era resultado de um projeto da década de 70, que ficou tramitando
por mais de 30 anos, e por isso traz algumas contrariedades com a Constituição. Em direito de
família, ele é extremamente preconceituoso.
Escalada do afeto
- As consequências de uma “ficada” ou de um “namoro desqualificado”* só existem caso deles
decorra uma gravidez.
- Lei 11804/08 (Lei dos Alimentos Gravídicos): o legislador encontrava uma saída para “fugir”
da discussão sobre o início da personalidade jurídica, justificando que os alimentos seriam para
a grávida. Entretanto, no parágrafo 6°, os alimentos gravídicos transformam-se em pensão
alimentícia após o nascimento com vida do nascituro, e sendo a pensão alimentícia
intransmissível, confirma que o principal tutelado da lei é sim o bebê.
*O “namoro qualificado” é uma categoria criada pela jurisprudência do STJ, a partir do caso de
um casal que fora para a Polônia. É um namoro que tem todas as características de uma união
estável (durabilidade, continuidade, publicidade) e as pessoas estão juntas não para constituir
família, mas para cada uma perseguir seus objetivos particulares.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
- Esse precedente é constitucional? Há controvérsia em razão da parte final do art. 226, §3°,
que diz que a lei deve facilitar a conversão da união estável em casamento.
- O que dá outro caráter ao noivado é a escolha da data de casamento, quando se cria o que se
conhece por “promessa de casamento”. Quanto mais próximo da data é o rompimento, mais
chance há de dano moral e material.
- Mas desistir do casamento não é um direito? Sim, porém a desistência não pode ser abusiva.
Configura o abuso do direito de romper toda vez que o rompimento é público, vexatório,
violento, quando invade a privacidade e a honra da pessoa; ou mesmo que seja feito “com
jeitinho”, mas às vésperas do casamento.
- O noivo companheiro (Categoria da Prof.): pessoas que vivem uma união estável, mas
oficialmente têm um noivado. Esse caso tem duas saídas, caso não se torne um casamento: o
companheiro pode pedir o reconhecimento da união estável ou a indenização por rompimento
de noivado.
- Contrato de simples namoro: tem validade jurídica para afastar o reconhecimento de uma
união estável? Não.
União Estável
- A diferença da união estável para o casamento é que ela é fática, não é “cerimonial”. Ela,
geralmente, decorre da evolução de um relacionamento.
- Mas as mulheres trabalhavam em casa durante anos, sem ter algum rendimento, e, portanto,
não contribuíam financeiramente à relação. Era mais comum, devido ao preconceito da época,
que as esposas entrassem na vara trabalhista pedindo o reconhecimento de vínculo
empregatício, e, normalmente, conseguia mais do que se tivesse entrado na vara cível, quando
receberia apenas indenização por serviços prestados.
- Com o passar do tempo, houve uma diferenciação entre sociedade de fato empresarial e
sociedade de fato afetiva. Passamos a ter a presunção de contribuição igualitária de ambos
em bens adquiridos onerosamente.
- Uma corrente entende que a CF equipara os dois institutos (casamento e união estável) e que
qualquer lei infraconstitucional que os diferenciasse deveria ser considerada inconstitucional.
- Outra corrente acredita que a Constituição hierarquiza os institutos, vez que a conversão em
casamento deve ser facilitada.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
- Há ainda outra corrente que admite que são dois institutos semelhantes, sem hierarquização.
A diversidade de tratamento só seria constitucional quando faticamente eles não estiverem em
uma mesma situação (diferença prática).
- Ex.: STF considerou inconstitucional o art. 1725 que diferenciava a sucessão entre cônjuges e
companheiros.
- O que ocorre é que cada vez menos temos situações em que na prática a união estável se
difere do casamento. As formalidades incrementadas juridicamente à união estável a tornaram
cada vez mais semelhante ao casamento.
- Contrato de convivência pode ser registrado em registro imobiliário, assim como o contrato
nupcial, e podem fazê-lo valer contra terceiros. (Entendimento do CNJ)
- Lei 8971/94:
*Esse prazo de 5 anos acabou virando um prazo cabalístico, que continua no imaginário de
advogados e juízes em geral, ainda que só tenha vigorado entre 1994 e 1996. O atual Código
Civil não estabelece nenhum tempo mínimo de convivência.
- Lei 9278/96
A comunhão parcial estabelece que cada parte tem direito à metade ideal (ideia abstrata) do
patrimônio, portanto, tanto faz quais bens específicos ficaria com cada um, desde que
correspondessem à metade. Ela perdura enquanto perdurar a relação, para concretizá-la, a
relação deve ser dissolvida.
→ Art. 8° - Conversão da União Estável em Casamento em Registro Civil: NUNCA FOI APLICADO.
- A primeira diferença é que o Casamento Civil e a União Estável são tratados em partes
distantes do Código.
- Art. 1723: É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher,
configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família.
§1° Impedimentos: Não caracteriza união estável os impedimentos do art. 1521, menos o fato
de ser casado se a pessoa já é separada de fato ou judicialmente.
§2° Causas suspensivas: As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da
união estável.
- Art. 1727: As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar,
constituem concubinato.
- Art. 1725: Salvo contrato escrito em contrário, a regra geral é a comunhão parcial de bens. O
regime legal da união estável é, então, o mesmo do casamento. Ou seja, os bens adquiridos
onerosamente na constância da união pertencem aos dois.
- Durante a vigência da Lei de 96 ele não valia contra terceiros, então era muito livre (?)
- Já o Código de 2002 altera essa situação: existe a ideia de mutabilidade do regime num
casamento, porém é necessária autorização judicial, explicação das razões da mudança e
comprovação de que a alteração não prejudicará nenhum terceiro. Entretanto, os cônjuges
deveriam ter a mesma liberdade dos companheiros em contratar, a necessidade de autorização
judicial deveria ser suprimida.
- Pacto Antenupcial:
- Contrato de Convivência:
- Nem o contrato de convivência nem o pacto antenupcial não são meios adequados para
dispor de direito sucessório. Até o presente momento, não podem ser inseridas cláusulas que
valham para após a morte, isso deve estar no testamento. De resto, tudo pode ser ajustado
nesses documentos.
- Deveria sim ser retroativamente à data do início da relação, senão bastaria casar-se. É claro
que existem casos especiais, como o das pessoas separadas de fato.
- Qual a diferença entre pedir a conversão judicial ou ir ao registro civil e se habilitar para
casar?
- O art. 1790, declarado inconstitucional pelo STF, tratava de forma diferenciada cônjuges e
companheiros em matéria de direito sucessório, pois usava a mesma regra tanto para regular
meação quanto sucessão em uniões estáveis.
O Casamento
Civil
Religioso
Com efeito civil
Habilitação prévia
Habilitação posterior
Sem efeito civil
- As pessoas casadas exclusivamente perante a sua religião serão tratadas, no máximo, como
em uma união estável, se cumpridos seus requisitos.
- O casamento civil deve respeitar uma liturgia para que seja válido:
- O ato jurídico torna-se perfeito e acabado quando os contraentes são declarados casados
pelo celebrante (art. 1514), quem tem papel homologatório e fiscalizatório. O celebrante pode
suspender a celebração do casamento caso acredite que um dos nubentes está coagido ou em
dúvida.
- Desde a década de 50, é possível aproveitar a celebração religiosa para inscrever no registro
civil e ter efeitos civis, desde que tenha sido homologada previamente a habilitação (art. 1515).
- A habilitação é o processo para comprovar que os nubentes não têm nenhum impedimento
ao casamento.
Idade núbil – 16 anos a 18 anos: a) autorização de ambos os pais (mesmo que a guarda seja
unilateral); b) autorização do representante legal; c) suprimento judicial
A única forma de que um relativamente incapaz case sem a autorização de um dos genitores
é por meio de suprimento judicial.
A autorização judicial obriga que a esse casamento incida o regime de separação de bens.
- A análise da inexistência precede a análise da invalidade. Um casamento pode ser menos que
nulo e ser inexistente.
Pressupostos de fato:
1. Celebração
2. Consentimento
3. Diversidade de sexos*
*Em nenhum momento o Código Civil (mesmo o de 1916) consta como impedimento a
diversidade de sexo.
Pressupostos jurídicos:
Nulidade x Anulabilidade
Anulabilidade:
Parentesco
2. Linha lateral:
é aquele que liga pessoas que não descendem diretamente uma das outras, mas que
tem um ancestral comum;
irmãos são os parentes em linha colateral mais próximos (parentesco em segundo
grau) - parentesco consanguíneo em linha colateral em segundo grau;
não existe parentesco em primeiro grau;
“primo irmão” - parentesco colateral em quarto grau;
parentesco colateral em quarto grau;
tia-avó também é colateral em quarto grau;
**Socioafetividade
b. Afinidade:
“Se minha mulher morrer, caso com a irmã dela e economizo uma sogra.”
Hipóteses de nulidade:
* Este inciso foi baseado na anterior regra, do Código de 16, que vinculava o adotado apenas
ao adotante, e não a toda sua família. Na prática, o que este inciso pode acabar impedindo é o
casamento entre o adotado e um ex cônjuge do adotante, de um casamento anterior à adoção.
Ex.: Maria era casada com Paulo e eles são divorciados. Muitos anos depois, Maria decide ter
uma produção independente e adota Rita. Anos depos, Rita conhece Paulo, mas eles são
impedidos de casar pela letra deste inciso.
- Irmãos:
Bilaterais (germanos – mesmo pai e mesma mãe)
Unilaterais:
Uterinos (mesma mãe, pais diferentes)
Consanguíneos (mesmo pai, mães diferentes)
- Só é permitido casar quem tiver o estado civil de solteiro, divorciado ou viúvo. Só o divórcio e
a morte é que rompem o vínculo entre cônjuges, nem a separação judicial tem esse poder.
- Se alguém contrai um segundo casamento, estando casado, por mais que consiga o divórcio
do primeiro casamento depois, o segundo casamento não será convalidado, será nulo, pois foi
contraído de forma nula.
Hipóteses de anulabilidade:
*Cada um deve nomear um procurador diferente para que não haja conflito de interesses.
Coabitação não significa morar junto, mas sim, consumar o casamento.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
- A maior diferença entre o casamento nulo e anulável é que o nulo pode ser assim declarado
a qualquer tempo, enquanto que o anulável se convalida retroativamente por um certo
decurso de tempo.
- Autoridade celebrante:
- O exemplo possível é aquele em que numa pequena comarca que não possui juiz de paz, um
juiz de direito celebra um casamento, e que se trata de uma incompetência em razão de
matéria. Isso é comprovado pelo Art. 1554 (Subsiste o casamento celebrado por aquele que,
sem possuir a competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de
casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil).
Art. 1551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez. > Ou
seja, a gravidez convalida o casamento de menor!! (absurdo!!!)
Art. 1555. O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu
representante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em 180 dias, por iniciativa do
incapaz (180 dias a contar da maioridade), ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais
(180 dias a contar do casamento) ou de seus herdeiros necessários (180 dias a contar da
morte, se ainda na condição de incapacidade).
Art. 1556 O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos
nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
- Era muito usado como subterfúgio na época em que não existia o divórcio no Brasil (1977).
Se praticava a remessa necessária, para que a anulação fosse confirmada em segunda
instância. Era também nomeado um curador ao vínculo, cuja função era fazer a defesa da
manutenção do casamento.
- O erro deve versar sobre qualidades essenciais do ser humano. Não se considera a
fertilidade, por exemplo.
- O erro essencial deve ser anterior ao casamento, e não algo que se desenvolve depois.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
- Deve haver desconhecimento do cônjuge anterior ao casamento.
- O erro deve ser de tamanha gravidade que torne a vida a dois insuportável.
- Erro essencial:
a. Essencialidade do defeito
b. Anterioridade ao casamento
c. Desconhecimento prévio
d. Insuportabilidade da vida conjugal
I. o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o
seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II. a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne
insuportável a vida conjugal;
III. a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize
deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de
pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
física
civil (estado civil, idade, nome de família, escolaridade, profissão...)
psicológica
sexual
- Enquanto que o erro quanto à identidade civil é mais difícil de justificar/enquadrar, o erro
quanto à identidade psicológica é muito amplo.
- No caso da boa fama, não importa se as acusações são verdadeiras ou não. Basta que a
reputação do cônjuge seja tão baixa que atinja o outro e torne a vida em comum insuportável.
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes,
companheiros e responsáveis pelos encargos da família.
→ Não prevalece a vontade de um sobre a do outro; diferente de antigamente, quando
prevalecia a vontade do marido/pai.
§1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.
→ Em 1916 - direito romano (pater famílias da mulher antes era o pai e, com o casamento,
torna-se o marido o responsável por ela);
Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela
mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos.
Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz,
que decidirá tendo em consideração aqueles interesses.
Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos
rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja
o regime patrimonial.
Quando um dos cônjuges assume uma dívida comprovadamente feita para o
sustento da família, o outro cônjuge também estará por ela obrigado, mesmo que
seu regime de bens seja o da separação total de bens.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas um e outro podem
ausentar-se do domicílio conjugal para atender a encargos públicos, ao exercício de sua
profissão, ou a interesses particulares relevantes.
Art. 1.570 Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não sabido, encarcerado por
mais de cento e oitenta dias, interditado judicialmente ou privado, episodicamente, de
consciência, em virtude de enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com exclusividade a
direção da família, cabendo-lhe a administração dos bens.
→ Se o cônjuge voltar, o outro deve prestar contas.
Pacto antenupcial
- Antes o regime de bens era imutável. Pessoas forjavam divórcio, para depois casarem de novo
sob o outro regime desejado.
- Inclusive, logo após a promulgação do Código de 2002, houve uma grande polêmica, pois
juízes decidiam que aqueles casados sob a égide do código antigo não podiam alterar seu
regime, enquanto os casados a partir de 2003 podiam.
- O regime legal é o da separação parcial de bens, e não é necessário fazer um pacto
antenupcial para estabelece-la, mas, ainda assim, ele pode ser feito para dispor de outros
assuntos, determinados bens por ex.
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus
bens, o que lhes aprouver.
§1o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento.
§2o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido
motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os
direitos de terceiros.
- O legislador não deixa claro se a alteração do regime valeria para a relação desde a data do
casamento ou somente a partir da autorização judicial. Compete ao casal solicitar isso em seu
pedido ao juiz.
- Art. 2039 – Regime dotal
- Art. 1.640 – REGIME LEGAL OU SUPLETIVO: Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou
ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
- A CPB é considerada um regime supletivo, pois apoia as lacunas dos outros regimes.
- Aquestos: bem adquiridos onerosamente na constância do casamento.
Art. 1.523. Não devem casar:
I. o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos
bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II. a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez
meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; (evitar
que um filho do primeiro marido seja atribuído ao segundo?)
III. o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens
do casal;
IV. o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou
sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou
curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
- Mancomunhão (patrimônio de mão comum); composse
- O art. 1641 possuía um parágrafo único que pregava que não se comunicavam os aquestos.
- Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa entende-
se distribuída entre elas por igual.
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na
totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo. (Direito de Acrescer)
Separação e Divórcio
- Até 1977 o vínculo matrimonial era indissolúvel, só existia o desquite. A única forma de
romper tal vínculo era a morte.
- Vinculado formalmente ao ex cônjuge, era impossível casar-se novamente.
Vínculo matrimonial ≠ sociedade conjugal
- Direitos e deveres, regras patrimoniais, regime de bens, etc. compõem um núcleo que seria
sociedade conjugal. O vínculo matrimonial seria uma espécie de capa protetora desse núcleo,
sem conteúdo, formalidade...
- O desquite hoje corresponde à separação judicial: implode a sociedade conjugal, mas não o
vínculo matrimonial.
- Emenda constitucional n.09
- Teoria do divórcio uno
- Lei n. 6515/77
Divórcio
Direto – 5 anos de separação de fato
Indireto – 2 anos após sentença da separação judicial
Separação judicial
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
Consensual
Litigioso
Quebra dos deveres do casamento
Conduta desonrosa
- Constituição de 1988: o divórcio direto poderia ser requerido quando as partes conseguissem
comprovar 2 anos de separação de fato e o indireto, após 1 ano da homologação da sentença
da separação judicial
- Lei n. 11441/2007: divórcio extrajudicial, no cartório, desde que não envolva interesse de
filho incapaz. Não pode haver nascituros tampouco.
- Emenda Constitucional n.66/2010: “O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio”,
desaparecendo toda e qualquer restrição para a concessão do divórcio, que cabe ser
concedido sem prévia separação e sem a exigência de prazos.
>>> ATUALMENTE, NÃO SE EXIGEM PRAZOS OU SEPARAÇÃO PRÉVIA PARA O DIVÓRCIO! <<<
>>>>>> NÃO SE DISCUTE CULPA EM DIVÓRCIO! <<<<<<
- Divórcio é direito potestativo: é uma sujeição do outro ao poder que tenho; não são precisos
requisitos, basta estar casado para pedi-lo.
- Separação:
De fato
De corpos
o Consensual
o Tutela Cautelar
Judicial
o Consensual
o Litigiosa
Extrajudicial
o Sem filho incapaz
o Consenso
- Art. 1708/CC: Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de
prestar alimentos.
Guarda Compartilhada:
- O importante é o compartilhamento de responsabilidade e não o compartilhamento físico;
- Enunciado 605 do CJF: A guarda compartilhada não exclui a fixação do regime de convivência;
- Enunciado 607 do CJF: A guarda compartilhada não implica ausência de pagamento de
pensão alimentícia
Guarda alternada:
É unilateral, mas que se alterna depois de um determinado tempo.
→ Importante mencionar a questão do nome.
Separação litigiosa:
Art. 1.572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação judicial, imputando ao
outro qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torne insuportável
a vida em comum.
- Na separação litigiosa com culpa, o cônjuge culpado pode perder o direito ao sobrenome do
outro.
- Na prática, é difícil que o juiz indique um cônjuge culpado e outro inocente. Já não ocorria
antes mesmo da EC 66/2010.
- Parte da doutrina defende a manutenção da separação com base na culpa porque poderia
cumular o pedido de danos morais;
* Prof. acredita que os danos morais deveriam ser analisados pela vara cível.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
Divórcio contencioso
- A diferença entre o ....... é que não há acordo. Neste caso, não é uma jurisdição voluntária, é
um dos cônjuges que entrará com a ação contra o outro.
1. Partilha – se não há consenso quanto à partilha, o juiz geralmente decidirá por condomínio
igualitário.
Alimentos ad eternum – natureza alimentar, subsistência e educação; sem prazo
Alimentos transitórios – natureza alimentar; sem prazo
Alimentos compensatórios – natureza de compensação, ressarcimento, não alimentar
2. Casamento:
● Pacto antenupcial - art. 1653 e ss.
● Produz emancipação - art. 5, II, PU. Caso anulado, os efeitos da emancipação são
extintos.
● Espécies:
○ Civil - arts. 1512-1514;
○ Religioso com efeitos civis (habilitação pode ser anterior ou posterior) - arts.
1515 e 1516;
○ Procuração - art. 1542;
○ Nuncupativo - arts. 1540-1542;
○ Putativo - art. 1561. ("Ex nunc".)
● Impedimentos matrimoniais:
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
Adotante com quem foi cônjuge do adotado e Tutor ou curador com ascendentes,
vice-versa; descendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos
antes de prestado contas
Pessoas casadas;
Conluio homicídio.
● As ações referentes aos impedimentos absolutos podem ser propostas por qualquer
capaz anteriormente ao casamento. Depois, por MP ou interessado.
● As ações referentes aos impedimentos relativos podem ser arguidas pelos parentes em
linha reta ou colaterais até 2 grau.
● Efeitos do casamento nulo = anulável. "Ex tunc" e não podem ser declarados de ofício
(caso de inexistência pode ser declarado de ofício). A maior diferença concerne à
imprescritibilidade do ato nulo; e o prazo decadencial e possibilidade de convalidação
do ato anulável.
● Casamento Inexistente:
○ Autoridade celebrante;
○ Existência de declaração de vontade.
3. Regime de Bens:
Direitos dos Cônjuges - art. 1642 e 1643: Vedações aos Cônjuges - art. 1647:
*Salvo regime de separação absoluta dos
bens.
Rescisão de contrato de fiança ou aval sem seu Doação não remuneratória de bens
consentimento; comuns.
Bens que se comunicam - art. 1660: Bens que se excluem - art. 1659 e 1661:
Frutos dos bens particulares e comuns. Bens uso pessoal, livros e profissão;
Proventos do trabalho;
●
Fusão daquilo particulares (ativos e passivos) + adquiridos na constância do casamento
(oneroso, doação ou herança).
BENS EXCLUÍDOS DA COMUNHÃO:
Proventos do trabalho;
Separação de Bens:
4. Dissolução Casamento:
● A dissolução de um casamento dar-se-á: morte de um dos cônjuges, divórcio, anulação
do casamento - art. 1571.
● Lembrar: separação judicial apenas termina a sociedade conjugal, permanecendo o
vínculo matrimonial. EC n.66/2010: baniu o instituto da separação - STJ diz não ter sido
abolida a separação judicial consensual. De qualquer modo, é tratada no CC/2002 e
CPC/2015.
● Qualquer dos cônjuges poderá propor ação de separação judicial imputando ao outro
qualquer ato que importe grave violação aos deveres do casamento e torne
insuportável a vida em comum - art. 1572. Importa na separação de corpos e partilha -
art. 1575.
● Podem restabelecer a qualquer tempo a sociedade conjugal. A reconciliação deve ser
levado a juízo para ser homologado - art. 1577. Pode ser feita administrativamente -
Resolução n.35 do CNJ.
● Causas de separação judicial:
○ Separação-falência - art. 1572 §1.
○ Separação-remédio - art. 1572 §2.
■ Relação de 2 anos e descoberta de cura improvável.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
■ Punição ao cônjuge que pede separação quanto aos bens particulares
do enfermo e meação dos adquiridos na constância do casamento -
art. 1572 §3.
○ Adultério - art. 1573, I;
○ Tentativa de morte - art. 1573, II;
○ Injúria grave - art. 1573, III;
○ Abandono voluntário do lar durante 1 ano - art. 1573, IV;
○ Condenação por crime infamante - art. 1573, V;
○ Conduta desonrosa - art. 1573, VI;
○ Outros fatos que o juiz reconhecer - art. 1573, PU.
● Efeitos para o "culpado":
○ Se requerido pelo "inocente", perde o sobrenome do outro. Lembrar exceções
do art. 1578. Lembrar: nome é reconhecido como direito de personalidade.
○ O cônjuge culpado ainda mantém direito de alimentos - art. 1.704.
● A separação de fato põe fim aos efeitos jurídicos do casamento ainda que possuam o
"status" de casados: põe fim aos deveres matrimoniais, fim ao regime de bens e
direitos sucessórios.
● É possível a separação de fato ainda que o casal viva em uma mesma casa.
● Já na separação de corpos, por meio de chancela judicial, obtém-se os mesmos efeitos
da separação de fato.
● Cautelar satisfativa.
● Pode ser feito consensualmente via escritura pública.
● Lembrar: ambos os casos não dissolvem o casamento.
4.3. Divórcio:
● Dissolve o vínculo conjugal. Pode ser requerido a qualquer tempo e constitui direito
potestativo (na ação, não é preciso apresentar causa de pedir).
● Dispensa a partilha de bens - art. 1581.
a) Divórcio Judicial:
● Legitimados: ato personalíssimo - art. 1582. Lembrar: caso de incapazes: curador,
ascendente ou irmão.
ALICE F. MIOTTELLO
2018.2
CADERNO DE DIREITO CIVIL - FAMÍLIA
● No divórcio consensual, para a homologação do acordo, precisam constar os seguintes
pontos - art. 731, CPC:
○ Partilha (pode ocorrer posteriormente);
○ Pensão entre cônjuges;
○ Guarda e visita dos filhos;
○ Alimentos dos filhos.
● Não é possível renúncia à meação!!! (apenas no regime de participação final nos
aquestos).
b) Divórcio Extrajudicial:
● Requisitos: ausência de nascituros ou incapazes.
● Feito mediante escritura pública pelo tabelião (jurisdição voluntária).
● Lembrar: se um dos divorciados desejar se casar com outrem antes da partilha = causa
suspensiva = imposição do regime de separação obrigatória de bens.