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HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICANÁLISE E SAÚDE

NATALIA RAMOS

HUMOR NO HOSPITAL

Uma porta se abre através do riso

São Paulo SP

Agosto de 2015

1
HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICANÁLISE E SAÚDE

NATALIA RAMOS

HUMOR NO HOSPITAL

Uma porta se abre através do riso

Trabalho de Conclusão de Curso, em formato de artigo


científico, apresentado como exigência parcial para
obtenção do título de especialista em Saúde e Psicanálise
à Unidade de Ensino e pesquisa do Hospital Israelita
Albert Einstein, sob a orientação da Professora Ms. Sueli
Pinto Minatti.

São Paulo SP

Agosto de 2015

2
Resumo: O desamparo e o medo da morte são vividos acentuadamente no ambiente
hospitalar desenvolvendo uma constelação de acontecimentos. O presente trabalho se propôs
a investigar a possibilidade do desamparo ser sublimado com o fenômeno humorístico como
um recurso se este fizer parte do ambiente hospitalar. Abrindo assim um lugar de reconstrução
ativa, criação de laço social para o paciente e questionamento de sua posição. Ao investigar o
fenômeno humorístico como recurso de intervenções em saúde agregamos autores
contemporâneos em psicanalise freudiana e suas relevantes contribuições, pesquisando
registros destes psicanalistas que debatam sobre o tema hospital, saúde e humor. Os
articulamos entre si no contexto social afim de buscar uma correlação entre a tríade. A teoria
freudiana fundamenta e explica o recurso humorístico como um mecanismo de intervenções
salutares.

Palavras-chave: luto; humor; morte; psicanálise; desamparo.

3
Índice

Introdução ..................................................................... 4
1 Hospital, um ambiente asséptico .............................. 6
1.1 Desamparo e psicanálise no hospital ........................7
1.2 Witz e o fenômeno humorístico .............................9
2 Humor ............. .........................................................11
2.1 Humor Lúdico e luto ..............................................13
2.2 Desidealização e sublimação ..................................15
2.3 Humor na clínica ...................................................16
3 Conclusão ................................................................. 17
Citações ...................................................................... 19

4
Introdução
Este pequeno recorte sobre um estudo do humor nasceu da curiosidade de uma
pergunta feita pela autora ao seu professor de psicologia, no ano de 2006 em uma disciplina
chamada Humor na psicanálise. Na qual a autora disse ao professor: - Mas Aristóteles não
auferiu que a única diferença entre a tragédia e a comédia é o riso? Seu dito professor na
época, muito afetuoso e complacente lhe disse espirituosamente “Nunca saberemos, o livro
que Aristóteles escreveu sobre a comédia foi perdido, temos somente o registro.” Portanto
partiremos deste ponto: não há conclusões absolutas sobre o humor assim como não há
verdades absolutas sobre a dor.
Em 2014, no 41º Internacional Exhibition of Humor -apresentado no Brasil- os países
campeões de expressões humorísticas eram o Brasil, Irã, Iraque e Ucrânia. Países
ultrapassando momentos de violência, segregação, sendo alvos de empoderamento político.
Era o momento para furtar-se pensando: o que é o humor? E por que as pessoas humoradas
estão dispostas com maior facilidade a uma nova criação frente a estas diversas adversidades?
“O humor é um dom precioso e raro!” 1 assim Freud diz em seus estudos sobre o
humor. É o humor que capta a fragilidade humana, seus conflitos, sua finitude, sua dor e seu
sofrimento e dali sai com um dito espirituoso que faz rir de si mesmos, ou com o outro. Ele
revela nossas contradições, nossas falhas, nossas imperfeições com graça. Através do humor,
todo poder constituído é engraçado, as teorias perdem sua pomposidade, as religiões, as
ideologias mostram sua face frágil e nua. 2
O humor tem múltiplas concepções atuais, o que traz seu traço indelével de
incompreensão, porém ao afunilar o conceito na perspectiva freudiana o humor tem uma
dimensão trágica. Desta perspectiva humor é negro - de sofrimento, morte ou angústia
iminente. Se nesta concepção o humor implica a morte, haveria lugar e fundamento para ele
agir no hospital?
A investigação do presente trabalho é buscar um consenso teórico por uma
comparação entre tragédias presentes em um ambiente (o hospitalar) que suscita o desamparo
e a morte, conjugado com um mecanismo sublimatório de angústias: o humor.
Aproximando o que não sabemos sobre a morte e o que sabemos sobre o ambiente
hospitalar, será que um lugar que amplifica as angústias do psiquismo humano, e o desespero
frente ao desconhecido, pode se valer de recursos humorísticos sob a perspectiva freudiana?
Uma criança de 10 anos, passando sua infância em diversos episódios hospitalizada,
era estudante de um colégio católico e foi visitada por suas professoras freiras enquanto
estava no leito. Após ter rezado com elas, se vira para os pais e diz sorrindo em tom maroto:

5
“eu sou ateu – rindo de lado- mas rezo pra fazer uma social” e sente uma gargalhada invadir o
quarto que estava lhe acolhendo. A criança a intermédio do humor, assim como do lúdico,
destruiu com graça o medo de estar em um hospital e cerceado por uma religião a qual não
acredita. Ele estava rindo com a vida e não rindo da vida. Pois rir da vida seria uma ironia,
tema para outra investigação.
Observamos que o trabalho clínico hospitalar traz reflexões pessoais, profissionais e
institucionais de especial relevância, devido à relação próxima com a sexualidade, o
adoecimento e a morte. O humor enquanto desconstrução de poder está exemplificado através
de uma desmontagem social promovida pela aplicação deste, propiciando a circulação e a
abertura de novas vias de discurso. 3
Neste trabalho lembramos de Bebel Gil interpretando “Samba da Benção” de Vinícius
de Moraes. “Alegria é a melhor coisa que existe, é melhor ser alegre que ser triste (...) fazer
samba não é como contar piada.” Vamos saber o por quê. Vale a pena lembrar que a palavra
alemã Freude significa alegria; o pai da psicanálise prescindia graça no nome. Mas isto ainda
é um assunto para outro trabalho.

1 Hospital, um ambiente asséptico


O hospital é um ambiente característico pela assepsia de afetos, corroborando sua
práxis estéril contra as contaminações ao corpo biológico. O ambiente também suscita e
amplifica todos os temores humanos; extremada dor, luto, morte, finitude do corpo todos os
temores inflam em um ambiente que é amparo para os adoecidos em busca de socorro
imediato com o corpo biológico.

O lugar acentua no paciente doenças idealizadas e que lhe impactam ameaçando sua
existência. Tornando difícil o manejo para uma equipe devolver o poder reconstrutivo
individual e conduzir o caso entre si nas internações hospitalares “Em sua forma mais
extremada, a angústia de separação é sentida como um estado de solidão total, acompanhado
pela ameaça de aniquilamento e desintegração”.4

O que nos faz buscar o hospital é a decadência de nosso corpo, o desamparo frente ao
desconhecido no ser humano 5. Ao buscar o atendimento hospitalar, não é só corpo que será
tratado, a angústia por extensão atinge a família, que participa do adoecer, de suas internações
e de seu restabelecimento. A situação também envolve a equipe no difícil processo de manejo
da angústia, que ao atuar no seu restabelecimento, pode absorver as dificuldades do paciente.

6
A hospitalização do paciente é um momento crítico e extremo, envolvendo uma constelação
de acontecimentos.

A perspectiva da psicanalise no hospital é de difícil manejo profissional, pois são


campos que articulam e que apreendem o paciente de formas diferentes. Enquanto a medicina
oferece e assiste socorro imediato ao corpo biológico, a psicanálise apreende o corpo como
erógeno. Ambas buscam conciliar saberes diferentes para melhor compreensão de
manifestações e rupturas na saúde de nosso corpo.

Em nossa investigação o maior obstáculo que observamos em estudos sobre a situação


psíquica do paciente foi o recebimento de diagnósticos pejorativos, pois é vivenciado como
um ataque interno e externo que invade sua identidade. Antes da doença sua identidade estava
preservada, ao receber a notícia, produz uma ruptura, uma desorganização em suas convicções
e certezas levando-o a um estado de desamparo característico. “Não existe morte no
inconsciente só existe para nossa consciência a morte biológica” 6
Demonstrando que o
grande desafio do psicanalista no campo de psicologia hospitalar é manejar a angústia
considerando o sofrimento sem querer eliminá-lo ou ignorá-lo.7
Entre as significações que os pacientes guardam de hospitais encontramos atributos e
qualidades do ambiente que se polarizam e se articulam nas falas dos pacientes da seguinte
forma: lugar onde morre muita gente, mas também se salva muita gente; você vê muita
doença, mas também vê muita melhora; de uma parte é divertido, mas de outra tem muito
sofrimento; um lugar onde pode ser tratado, mas no qual não queria estar; tem muita coisa
boa, mas tem muita coisa ruim; lugar de encontro com os amigos e de recebimento de notícias
desagradáveis.4,2
Podemos ver que o paciente vive o limite, a perda no próprio corpo, confrontando-se
de forma radical com a fragilidade de sua condição humana. Frente à impossibilidade de
representação da própria morte no inconsciente, apontada por Freud, é somente a partir da
perda que o homem se vê confrontado com a própria finitude. A partir da perda, o paciente vê
vacilar todo seu investimento na vida. E no hospital, isso se faz presente de forma intensa e
radical.

1.1 Desamparo e psicanálise no hospital


O médico psicanalista Sigmund Freud formulou seu método após suas observações, a
teoria metapsicológica do psiquismo humano.

7
Explicando a teoria brevemente, partimos de 3 vertentes: a tópica, teoria dos lugares
psíquicos – a qual giram em torno os conceitos fundamentais da psicanálise freudiana; que
são o consciente, o inconsciente; id, ego e superego; a dinâmica, que diz respeito aos conflitos
psíquicos, como a que observaremos ao contar piadas e a concepção econômica, que diz
respeito às despesas aos gastos e afetos, as energias em jogo na sua própria constituição.
Falaremos dos conceitos inerentes, fundamentais ao trabalho, subjetivos, mas ditos de forma
objetiva.
O inconsciente é o horizonte do método psicanalítico. Inconsciente é aquilo que nos
habita sem que saibamos que nos habita, o que motiva nossos comportamentos e ações sem
que saibamos o que está efetivamente nos motivando. A pulsão é visto como um conceito
situado entre psíquico e o somático designando um impulso energético interno que direciona
o comportamento do indivíduo 8
Consideremos pelo estudo de Freud, que o homem é cindido por uma moral
civilizatória que consiste em suprimir pulsões agressivas e sexuais. Esta é a primeira
repressão da pulsão. A primeira barreira repressiva da pulsão deixa o ser humano em estado
de desamparo inicial, Freud chama de Hilflosigkeit 9. Esta repressão transmite para o
inconsciente um recorte do que precisou ser restrito para a vida em sociedade.

É possível notar que a concepção psicanalítica freudiana do ser humano anda na


contramão do estatuto médico e de seu funcionamento. As duas formas, medicina e
psicanálise, apreendem o paciente de formas diferentes de acordo com seu saber.

O Hospital de Salpétriére e o Hospital Geral de Viena foram cenários para as


observações do médico Sigmund Freud e que impulsionaram seus estudos acerca do
psiquismo humano. Inicialmente Freud questionava um saber médico que marginalizava a
histeria, mas não é inerente ao trabalho falar sobre a histeria. Quanto a isto é relevante
questionar quais outras possíveis margilinizações (como o humor) o hospital pôde ter
promovido devido seu estatuto e que ainda não descobrimos os lugares de existência que ele
pode possibilitar.

Uma pessoa adoecida, pela visão da medicina ou psicanálise, regride a um estado de


desamparo revivido acentuadamente. No desenvolvimento da vida a Instituição física que
primeiro se procura diante da ameaça biológica da finitude do corpo é o hospital.

O que esta visão pretende compartilhar é que o hospital ocupando esse lugar, logo
promove a regressão infantil do estado de desamparo inicial, importante ver conceito de

8
Hilflosigkeit no fim do trabalho, “o efeito de desterritorialização promovida pelas pulsões no
psiquismo tendem a ser experimentadas como produtores do estado de desamparo
traumatizante para a subjetividade sendo que o paradoxo reside no fato de que esse mesmo
estado seria a condição para novos territórios existenciais (...) remeter ao seu estado de
desamparo constitucional é condição sine qua non para a criação”. 10

Dentro do hospital, nota-se que os pacientes sentem-se invadidos, com sua


subjetividade manipulada e com a identidade desfragmentada. Pode ser que situação
hospitalar em que o paciente é submetido possibilite usar o humor como forma de lidar com o
discurso hospitalar?

1.2 Witz e o fenômeno humorístico


Witz significa espirituosidade, graça e é encontrada na obra de Freud, que o
define como uma espécie de válvula de escape sublimatória de farpas do nosso recorte
recalcado no inconsciente, utilizado para dizer, em tom humorístico, aquilo que se quer,
áquilo que está doendo e que precisa ser destruído. 12-5
Remetendo para o verbo wissen que significa saber na língua alemã, o humor pode
ser um gaio saber, um saber alegre. Consideraremos tanto as piadas quanto o humor
apresentações privilegiadas de espirituosidade, porém elegeremos o humor com o papel de
destaque que lhe é dado por Freud.

O chiste na obra freudiana é traduzido como piada, que revela parte do conteúdo
recalcado; com sentido ou nonsense.16 A piada é vista como uma leve elevação do recalcado
sexual e agressivo, de origem na moral civilizatória. Consideremos que há uma diferenciação
com gracejos, trocadilhos et cétera que diferenciam de humor.

O pai da psicanálise também era conhecido pelo humor em suas vivências. Em 1038 a
Aústria foi invadida pelo regime Nazista e Freud foi chamado pela GESTAPO para declarar
que não sofrera maus tratos. Freud concordou em assinar e acrescentou “ps.: Recomendo
altamente a Gestapo á todos.”

Os soldados não entregaram o documento, a ruptura pode ter sido promovida ou não
pelo bom senso, talvez senso do humor?

O fenômeno humorístico visa renunciar o lugar ideal e onipotente. No filme “Grande


Ditador” 13
Chaplin desidealiza um temor ajudando a acreditar que ninguém pode ser tão
onipotente como Hitler em querer dominar o mundo – representado pela bola- levou o público

9
ao riso do que eles queriam fazer, criticar ou alterar na sociedade mas não podiam . Essa
mesma subversão feita por Chaplin é feita por Roberto Benigni, no filme “A Vida é Bela”.14
Quando o personagem judeu de Benigni é capturado junto com sua família para o
campo de concentração nazista, o jovem Judeu faz uma brincadeira com o filho. Para
amenizar o sofrimento daquele contexto, ele faz com que seu filho acredite que tudo é uma
grande brincadeira que se acumulam pontos para ganhar um troféu no final. Em uma das
cenas em que aparece com seu filho, o exilado judeu escuta a rádio nazista falando da
superioridade dos arianos e mimetiza rindo disto para e com o filho, como ele sendo um
ariano onipotente, brincando com o braço fazendo voltas ao redor do umbigo (o próprio
mundo).
O cineasta Roberto Benigni, produtor, coautor, diretor e ator do filme, ressalta “ O riso
nos salva. Ver o outro lado das coisas, o lado surrealista e divertido, ajuda quem não quer ser
pisado e esmigalhado como um graveto, ajuda a resistir à noite, mesmo que longa,
longuíssima."
Reparamos que todos os símbolos analisados em um fenômeno humorístico são os
mesmo que Freud aponta em seu artigo “A interpretação dos sonhos”.15-3 Para uma análise
mais profunda, este ponto mereceria maior atenção, deveríamos ter um estudo mais
elaborativo para esta correlação. Pois relevaríamos os símbolos oníricos representados nos
sonhos em analogia com as mensagens sexuais que o alvo de poder envia a pessoa que
manifesta o humor. Logo, isso seria um estudo mais abrangente que esta brevidade escrita
sobre a graça.15
Neste recorte, é de especial relevância lembrar que “Os Chistes e sua relação com
inconsciente” foi escrito por Freud em 1900, em paralelo com “A interpretação os sonhos”,
mas lançado em 1905. Pois com temor de perder o rigor científico exigido pela época, o pai
da psicanálise publicou a interpretação dos sonhos primeiro. 17.
Freud comenta sobre o riso como um dos efeitos regulares da intervenção salutar:
”Muitos de meus pacientes neuróticos, sob tratamento psicanalítico, demonstram
regularmente o hábito de confirmar algum fato pelo riso quando consigo dar-lhes um quadro
fiel de seu inconsciente, ocultado à percepção consciente; riem mesmo quando o conteúdo
desvelado não justifica absolutamente o riso. Tal fato sujeita-se, naturalmente, a uma
aproximação do material inconsciente, íntima bastante para captá-lo, depois que o médico o
detecta e o apresenta a ele. 12-1

10
Atualmente, na diáspora de psicanalistas contemporâneos discutindo o fenômeno
humorístico, as abordagens seguem diferentes concepções e aplicações tanto quanto que “para
uma abordagem mais exaustiva do fenômeno do ponto de vista de Freud dentre as inúmeras
obras de valor remeto à Kupermann” diz Marcus André Vieira. 18

A psicanálise estuda Witz e o fenômeno humorístico compreendido como um


fenômeno que abarca todos os elementos que implicam graça na desconstrução de ideais que
não permitam viver. Um fenômeno que faz brotar da falta de sentido um novo estado de ser.

Pode inferir que o humor requer um exercício intelectual de compreensão. Piada está
ligada ao riso direto pela suspensão de pulsões agressivas ou sexuais com alvo sendo minorias
segregadas. Por exemplo piadas sexistas, piadas de Português, piadas racistas et cétera.

O humor não quer suspender a moral civilizatório, ele quer destruir com graça e
despercebido. Um dos principais influentes na obra cômica de Freud, Henri Bergson, diz “O
humorista é um moralista disfarçado de sábio”.

2 Humor
Em 1905, Freud tece alguns comentários sobre o que ele considerava humor
preliminarmente: “é um meio de obter prazer, apesar dos afetos dolorosos que interferem com
ele; atua como um substitutivo para a liberação destes afetos, coloca-se no lugar deles [...] O
prazer do humor[...] procede de uma economia na despesa do afeto, ao custo de uma liberação
de afeto que não ocorre”[…] Freud considerava neste momento somente o aspecto econômico
da teoria da metapsicologia do psiquismo no humor. 12-3

Em 1927 ele retoma sobre o assunto e escreve reificando que humor tem uma
1-2
dimensão trágica, portanto o humor é negro (patibular) e neste trabalho aproximamos esta
trágica dimensão também encontrada em hospitais.

Entre múltiplos autores buscaremos uma definição e parâmetros abrangentes do


fenômeno humorístico entre os psicanalistas para a conclusão desse trabalho. Prescindindo de
que ‘O humor é uma sabedoria trágica sobre a própria finitude. Sabemos que não podemos
tudo, que somos impotentes para muitas coisas, mas não permitimos que os medos, inclusive
o da morte, nos paralisem’. 15

Cada autor busca explicar o motivo de risos diferentes, entrando em consenso


somente que o humor existe se tiver público e o riso diz algo de si para o outro. Este trabalho

11
quer abarcar o fenômeno humorístico pela perspectiva psicanalítica freudiana como uma
referência à recursos de atuação e intervenção humorísticas para a saúde. Considerando todas
as obras de igual valor para melhor compreensão do psiquismo humano atribuída a Freud.

Na proposta do esclarecimento do humor em ambiente de saúde, este instrumento se


torna uma ferramenta útil para o profissional da saúde, incluindo para o psicanalista. Por que o
humor destrói medos com graça, conseguindo extrair o riso a despeito da própria resistência
do paciente.

As 3 pessoas implicadas no fenômeno do humor são:

Quem faz a graça, o alvo da onipotência e o público. São as mesmas implicações da


piada, a diferença é que na piada o alvo são minorias segregadas e no humor o alvo são
figuras idealizadas de empoderamento.

O riso produzido é transgressor porque inclui uma liberação de angústia extraídos


contra sua repressão, uma maneira de apossar do objeto que o amedronta através riso.

Ao fazer uma ruptura com os imperativos médico e representações de doenças


cristalizadas, o humr abre para um novo laço, um novo investimento afetuoso “no fenômeno
humorístico as pessoas se aproximam por que cria laços onde elas sentem-se estranhas umas
as outras” 15-1

23
Por exemplo, o Dr Peter Doherty Adams se autoriza em dizer que em seu método
não é o termo banalizado de rir é o melhor remédio, mas sim o laço que se constrói com o
outro a intermédio do humor. Por isto a ONG Doutores da Alegria promove um humor que
faz uma contribuição na qual o palhaço promove ser alvo dessas pulsões agressivas,
recalcadas do paciente, e rindo de si próprio, dá um consentimento para a agressividade do
paciente poder ser liberada. Rir na terceira pessoa pode ser um contato possível.

Os palhaços subvertem a ordem fingindo atuar como os médicos, invertem os papéis


de médico e paciente; esse tipo de situação parece funcionar. Transforma o medo em graça “o
cômico grotesco (o palhaço) em espantalho cômico” 24 uma figura amedrontadora em uma
figura risível.

O espectro maior do humor e de um hospital é a morte, mas transformam as


autoridades e o poder das autoridades que manejam seu corpo e, aquilo que se tem medo,
transformando em risível o espantalho cômico.

12
O palhaço além de ser uma figura controversa dentro de um hospital e um espelho
caricatural da sociedade, nos faz rir por que é com o outro, o outro gasta a energia em uma
situação que não precisaria gastar. Por contraste o palhaço traz alívio por que é contra
intuitivo. Rimos por que experimentamos a economia de despesa. O humor é sempre
atravessado por uma concepção econômica. O outro está subvertendo a ordem com gasto de
energia, o que torna o ato engraçado para o público.
A dependência do público é ligado a suspensão do recalcado, esse é o paradoxo da
expressão humorística: nem todos acham graça do mesmo fenômeno por que não alcança os
recalques civilizatório de cada um. Por exemplo, contaram uma história que aconteceu em um
hospital um eletricista que foi até à UTI, olhou para os pacientes ligados a diversos tipos de
aparelhos, e diz-lhes : - Todo mundo respira fundo que vou mudar o fusível!”
Todo humor implica raciocínio. Na perspectiva freudiana ele é negro, depende do
público e tem como alvo desidealização frente às adversidades. Toca cada um de forma
diferente e desconstrói com graça esse estranho que incomoda, se manifestando em último
estágio da sublimação pelo riso

2.1 Humor Lúdico e luto


No sentido daquilo que merece atenção, cuidado e investimento “o humor, assim como
o brincar infantil, não se contrapõe ao que é sério” 15-2
. O que está em jogo no humor é a
experiência da orfandade, a experiência de morte. A experiência da primeira pessoa que
manifesta o ato humorístico é de se colocar no lugar sem garantias.
Ao compararmos o humor com a ludicidade, pudemos observar que no legado
freudiano, este faz uma brincadeira com seu neto, conhecida como Fort-Da. Ele observa que a
criança deixa o carretel ir embora mesmo que esta ausência seja dolorosa. Mas ele consegue
transformar uma experiência passiva, dolorosa e traumática em uma experiência lúdica, ativa
e divertida com a volta do carretel. Freud comenta que o seu próprio neto, então com dezoito
meses, supera um momento de dificuldade para a maioria das crianças – o momento da
ausência, ainda que momentânea. À medida que a criança joga o carretel “para lá” fala “Lááá”
“Fort” (“o-o-o-o”), quando o carretel retorna, o neto fala “um alegre aí” (Da) . O movimento
de “aparecimento e desaparecimento” é tomado, pelo criador da psicanálise, como uma
maneira de superar a ausência que o remete ao desamparo. 19
Para Freud, pessoas espirituosas em seu estado de ser, tiveram maior poder de triunfar
sobre experiências dolorosas vividas na infância através da ludicidade.

13
Vamos considerar o lado oposto desse estudo, como agir com o humor sem garantias
que todos tenham predisposição intuitivamente para estar humorado e um ambiente hospitalar.
Situação comum de se encontrar em um ambiente interdito com angústias.
É verossímil dizer que Freud infere dizendo que ”muitas pessoas sequer dispõem da
capacidade de fruir o prazer humorístico que lhes é apresentado.” 1,7.
Porém o edificador da
psicanálise também abre a possibilidade em seus estudos para a analogia do lúdico e do
humor negro, fazendo compreender o humor como um brincar adulto. Também relacionando a
brincadeira da criança ao humor do adulto, pois por meio do humor o adulto volta a um estado
que consegue apenas na infância, se desvinculando das obrigações trazidas pela realidade.20
Portanto a aplicação do humor como recurso despertaria no paciente a surpresa e
ambiguidade necessária para a fugacidade de afetos dolorosos frente ao desconhecido.
Nesse contexto, podemos dizer que o humor é o brincar dos adultos. Freud descreve
algo semelhante na brincadeira da criança, quando questiona se por meio dessa atividade ela
reajusta os elementos de seu mundo de uma nova forma que lhe agrade. Ou quando a respeito
do fort-da diz que “em suas brincadeiras as crianças repetem tudo que lhes causou uma grande
impressão na vida real, e assim procedendo, tornam-se senhoras da situação”. 19(20)
Na brincadeira no Fort-Da a criança joga, mas tem o poder de trazer de volta, triunfar
sobre o doloroso. Acredita-se que o humor negro (patibular) também passa do doloroso
impotente vivido de forma passiva para uma experiência ativa com o poder igual de triunfar.
Assim como outros psicanalistas enfatizaram o brincar da passagem de passividade
para experiência ativa, buscaram no lúdico a mesma concepção vista no humor : brincar com
uma figura de poder de modo a se proteger dela. Dessa forma podemos destacar que brincar é
15-5
uma forma lúdica de reza
Segundo Freud, o prazer do riso tem origem no desvio da possibilidade de sofrimento
e nas defesas do psiquismo contra o que pode causar desprazer. Em linhas gerais, o rir é
situado como um processo defensivo que, diante da emergência de angústia ou diante de uma
realidade penosa, protege o psiquismo do sofrimento. 15
O que o humor transmite significa: “Olhem! Aqui está o mundo, que parece tão
perigoso! Não passa de um jogo de crianças, digno apenas de que sobre ele se faça uma
pilhéria!”. 1,3

Humor implica a experiência de perder e ter prazer em perder, de deixar o “carretel ir”
e depois se apoderar dele pelo riso. Assim como na piada, também se transforma aquilo que é
objeto de impotência em graça, uma experiência passiva como internação hospitalar numa
experiência ativa para o paciente pode ocorrer. O humor permite o movimento do Fort-Da de

14
modo que se realize, a um só tempo, uma confrontação com aquilo que insiste em se desviar
da possibilidade de ser reconhecido, e uma superação dos circuitos responsáveis por causar o
adoecimento.
Humor a priori não tem definição em comum á todos, mas provoca rupturas onde a
criação advirá, podendo frutificar um enlace com o outro. A criação existente do humor surge
de seu aspecto não ser resignado, mas rebelde teimando f rente a adversidades de conflitos
psíquicos inconscientes. Em que se recusa ser afligido pelas “provocações da realidade, a
permitir que seja compelido a sofrer. Insiste em não ser afetado pelos traumas do mundo
externo; demonstra, na verdade, que esses traumas não passam de ocasiões para obter prazer.
Esse último aspecto constitui um elemento inteiramente essencial do humor.” 1-4

A essência do humor é não acreditar em nenhuma figura que seja representada como
idealizada; requer um esforço intelectual, raciocínio; depende da natureza do público. Assim
como tira da doença o poder idealizador de imperativos médicos recolhidos em um nome e
resgata seu poder criativo.

2.2 Desidealização e sublimação


Há uma série televisiva norte-americana humorística chamada Scrubs, onde médicos
são satirizados por suas práticas. Não questionamos a natureza deste humor, mas é visível que
o humor implica o trabalho de desidealização; o objetivo do humor é efetivamente rebaixar
uma figura que não pode ser criticada nem contestada. No humor as figuras de poder são o
alvo.

Pudemos notar que estar doente remete ao desamparo inicial pela desterritorialização
psíquica, colocando o hospital como alvo de investimento, concomitante a ambivalência com
desamparo e temores do paciente.

A desidealização dos temores implica desapego. Estar apegado a verdades e


representações doentias é não ter poder de desconstrução. Desidealizar implica em ter o poder
de passar do luto da desconstrução de ideais do paciente e conseguir rir frente a uma situação
de angústia.
O humor abre para o novo, a sublimação. Sublimar como criar o novo, novos objetos
de nosso investimento afetivo; e para criar é preciso destruir humoristicamente. A sublimação
humorística destrói com graça.

Outro argumento que reforça o humor como recurso é a idéia da autorização. Os


enfermos começariam reconstituir seu potencial criativo ao autorizar a transgressão

15
promovida pelo gesto humorístico. O enfermo permitiria essa transgressão no ambiente
hospitalar fazendo uma cumplicidade, um laço social entre si. Esse laço social é a construção
de um vínculo inédito (ou a retificação de uma identidade previamente estabelecida
“paciente” e passiva que pode ser desconstruída).

Outras formas de humor promoveriam uma nova forma de se relacionar com


representantes e imperativos do discurso médico que amedrontam o paciente; deixando para
trás verdades e promovendo uma desterritorialização ao construir novos modelos de existir.

Se o humor implicará em desapossar o imperativo médico que se apodera do paciente


vulnerabilizado e o desresponsabilizado de si, ele promoverá uma abertura para o novo, para
nova reconstrução após a desconstrução desidealizadora. Promovendo assim abertura para
novas formas de existência. Esse trabalho de desconstrução de um ideal que não permite viver
junto com a construção do que permita novos investimentos, pode ser chamado de
desidealização.

2.3 Humor na clínica


Podemos considerar clínica no sentido lato sensu sob duas concepções. Assim como o
humor, clínica pode ser vista como intervenções, as intervenções que atuam clinicamente na
cultura. “Fazendo-nos observar que humor ajuda na formação de uma nova sensibilidade”. 15,8
No primeiro sentido de clínica, clinamen, o humor pode ser considerado uma clínica
da sociedade contaminada com verdades absolutas. Vendo isto, esse clínico pode ser
considerado artista. O artista também tem uma função clínica no sentido de promover desvios,
qualquer ator cultural que conseguir promover desvios com uma direção terapêutica é um
clínico. Como visto acima sobre os Doutores da alegria.
Outro sentido de clínica, clinikós, tem o sentido de debruçar para auxiliar a saúde do
paciente, é uma prerrogativa notória dos profissionais da saúde a qual demos maior atenção
neste trabalho. 26
Seria a prática do humor uma clínica para desidealizações? O humor se transmite
através de um sentido insólito, do paradoxo, do absurdo, ao qual se segue uma revelação de
sentido, que é surpreendente e fugaz, seguido da descarga do riso.
Por meio do atalho do humor, o paciente assiste, ao mesmo tempo em que tangencia a
sua própria divisão, sua condição sexuada e mortal. diante, da finitude de sua existência.

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A atuação para o humor na clínica é sublimar angústias em um ambiente asséptico de
afeto, havendo uma solenidade na doença promovendo um desvio no modo como essa
instituição se formou e se constituiu entre em si e em nós.
No leito hospitalar o paciente sofre debruçado, os efeitos de alvo são a transformações
de uma experiência angustiante, uma experiência do medo da doença, da morte, das
autoridades que irão manipular enquanto doente, que os exige para que tenha que funcionar
em seus protocolos e modos de funcionamento.
Freud considerava o humor a forma privilegiada pela qual adultos mantêm a
capacidade de brincar e de não ser esmagados pelos imperativos da sociedade. 20-1
No processo de cura, o humor é um instrumento precioso para desidealizar e despojar
de onipotência o que tendemos a atribuir a figuras de poder na vida social.
Na práxis clínica psicanalítica vimos relatos de psicanalistas sobre seus analisandos
que os flagram na surpresa do humor no ato, a surpresa inesperada do humor que acaba por
preencher a ambiguidade de afetos. Por exemplo, em um consultório particular, uma paciente
muito severa com si começa a falar para sua psicanalista que um buraco em seu móvel. Seu
marceneiro disse “É de broca”. Ela respondeu muito bravamente como se suspeitassem de sua
percepção “Como é de broca? Uma broca não faz esse buraco tão liso, justinho!” Enquanto
ela contava isso na análise, no final a mesma disse: “ Ah, mas tem a broca bicho.” A
psicanalista ri e diz “ Que broca hein.” Dando uma 3ª acepção para broca, em dimensão
humorística mostrando a pluralidade de uma palavra. Novamente podemos notar 3 figuras
implicadas no humor efetivo da desconstrução.

Segundo Kupermann, considerava-se contraindicada a presença do humor entre


analista e paciente, em nome da neutralidade que deveria reger a relação. Entretanto o mesmo
não vê possibilidade que se estabeleça uma ligação afetiva, em que o humor seja parte
integrante da relação.
“Pode-se rir, o riso abre para ele novos canais de acesso à experiência.”12-7 Uma porta
se abre através do riso e quanto a essência do humor, o biógrafo de Freud, Peter Gay comenta
“ Me parece que isso é a essência do humor, uma espécie de triunfo frente às adversidades”22
que insiste frente aos extremos infortúnios.
Sustentamos que o humor negro cumpre funções psíquicas já aventadas por Freud, no
sentido defensivo, como a tentativa de enfrentar o medo idealizado, e como forma ímpar de
extrair prazer da própria dor.

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3 Conclusão
Se o humor consiste em um mecanismo de lidar com a dor e o sofrimento e tirar prazer
disto, considerar-se-ia o humor uma ferramenta efetiva de intervenção clínica, justamente por
promover esta subversão.
Quando o paciente ri de uma intervenção humorística, é ele próprio a terceira pessoa
que ri do medo, mas o alvo de seu riso é também uma parte de sua identidade sendo
reconstruída através do laço social pelo humor.
Em nossos achados vimos que existe uma aproximação entre a experiência e os efeitos
esperados do fenômeno humorístico; a intervenção humorística provoca uma surpresa e um
choque no paciente, uma sensação de desamparo e estranheza, seguidos liberação afetiva e
uma elaboração psíquica. Há uma aproximação entre o desamparo e o humor.
O humor no ambiente hospitalar desperta e preenche determinadas condições: a
surpresa, a ambiguidade, o afeto doloroso e suprimido.
Através de articulações teóricas contributivas sobre o efeito benéfico do humor
confirmada pelo desencadeamento da sublimação e do riso, o recurso humorístico não
pertence exclusivamente ao patrimônio psíquico da psicanálise, mas produz-se a partir de um
laço social que pode ser avaliado pelos efeitos reais no psiquismo do paciente.
O mesmo rigor, que deixou a psicanálise fora da medicina, se assemelha ao que torna
hoje o difícil espaço a ser construído pelo psicanalista na equipe multiprofissional em um
hospital. É o mesmo rigor que fez Freud ocultar o humor para que não despojasse do rigor
científico que a época exigia. Segundo estudos, os psicanalistas se afastaram do legado de
Freud sobre o humor pela mesma consideração. 21
Partindo do presente artigo, o humor pode ter considerações mais exploradas ao
benefício do Homem. Restaurando identidades invadidas, ou criando novas, com laços sociais
o humor pode destruir com graça a identificação de desamparo dos enfermos frente ao
desespero do desconhecido e criar um laço com o profissional de saúde ou vínculos entre si.

Podemos ver nas articulações que qualquer mecanismo sublimatório que possa
sublimar a angústia a intermédio da graça é um recurso ativo pessoal.
Desta forma, o humor em sua definição Freudiana teria espaço como recurso
hospitalar aos enfermos e ao ambiente institucional para ajudar lhes resgatando seu potencial
criativo, inibido pelo sofrimento, pela angústia e pelo medo excessivo. O riso e o humor
incentivam um novo olhar para as questões subjetivas, incentivando a capacidade de
transformação, construção e desenvolvimento da realidade.

18
Estudos desta natureza são pertinentes na medida em que a compreensão do processo
do riso pode ser considerada um instrumento privilegiado na investigação das emoções e
condutas. É possível, através de uma análise mais atenta sobre as manifestações do riso,
perceber como o paciente se relaciona, interpreta, expõe e seleciona as recorrências do
ambiente hospitalar. O riso e o humor incentivam um novo olhar para as questões subjetivas,
incentivando a capacidade de transformação, construção e desenvolvimento da realidade.
O trabalho de conclusão reforça a proposta feita no início do trabalho, com
fundamentação teórica elucidativas para substanciar a circulação do humor e do riso dentro do
hospital. Através da concepção contra intuitiva de quebra de ideais que o humor proporciona
para paciente. Quem sente dor não sabe se consegue rir com a vida.

Citações
1 Freud, Sigmund. 1927 “O humor”, p. 190. In:Edição standard brasileira das obras psicológicas
completas. Rio de Janeiro: Imago, 1980. v. XXI.

2 Freud, Sigmund. “Mal estar na civilização” In:Edição standard brasileira das obras psicológicas
completas. Rio de Janeiro: Imago, 1980. v. .III

3 Birman, Joel. Frente e verso. in: slavutzky, a.; kupermann, d. (Org.).Seria trágico... se não fosse
cômico. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. p. 95

4 “Sofrimento e Psicopatologia dos Vínculos na Atualidade: Um espaço de investigação e


intervenções”[Simpósio], Campinas, 8.11.2014, Unicamp. Prof. Dra. Vera Lúcia Rezende

5 Freud, Sigmund. O “estranho” 1919. In:Edição standard brasileira das obras psicológicas completas.
Rio de Janeiro: Imago, 1980. v.XVII.

6 Freud,Sigmund ,”Reflexões para os tempos de guerra e morte”.1915, vol. XIV. p. 327 In:Edição
standard brasileira das obras psicológicas completas. Rio de Janeiro: Imago, 1980. v. XXI.

7 Tourinho Moretto, Maria Lívia, O que pode um psicanalista no hospital? p78-127

8 Freud,Sigmund 1916 “Instinto e suas Vicissitudes”. Edição Standard Brasileira das Obras
Psicológicas Completas. Vol. XIV. Rio de Janeiro: Imago,1980

9 A Hilflosigkeit transita em Freud dando um sentido trágico à experiência humana. Na fragilidade


diante de sua incapacidade para sobreviver por seus próprios meios, na angústia diante da separação
do objeto de amor, no medo da finitude da vida, na fragilidade do corpo, na força da natureza, no mal-
estar na civilização e nas ilusões de proteção, a Hilflosigkeit apresenta um movimento crescente, uma
marcha trágica, na obra de Freud. Por fim, chega-se ao desenlace: a Hilflosigkeit aponta para a falta
absoluta de solução para a condição humana diante de sua fragilidade, para o lugar do vazio da
significação do próprio ser e de sua existência

10 Kupermann,Daniel, Presença sensível: cuidado e criação na clínica psicanalítica. Rio de Janeiro:


Civilização Brasileira, 2008 p.174

19
11 Da palavra alemã Witz supõem-se muitas concepções em torno do fenômeno humorístico. Witz é
um termo de difícil tradução para o português. O sentido mais amplo diria “espirituosidade”, categoria
na qual se poderia incluir os trocadilhos, as piadas, as várias manifestações do cômico e, finalmente, o
humor.

12 Freud,Sigmund; O chiste e sua relação com o inconscientes


__ op. cit., p. 195 [nota de rodapé]
__ op. cit., 257,

13 O Grande ditador The Great Ditactor [filme], EUA, 1940, 124 min, P&B, comédia; direção,
Charles Chaplin

14 Vida é Bela ,La Vita è Bella,[filme], Itália,1997,116min, colorido, comédia/drama ; direção,


Roberto Benigni.[adicional entrevista e bastidores.]

15 Kupermann, Daniel; Ousar rir – Humor e criação p.193-254.


__ op. cit., Daniel Sibony APUD Kupermann, p.147
__ op. cit., p.178

16 Abordando Adam Slavutstkzk e Renato Mezan que o traduzem como “Piadas e sua relação com o
inconsciente” in “Seria trágico se não fosse cômico”, in: slavutzky, a.; kupermann, d. (Org.).Seria
trágico... se não fosse cômico. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005

18 Vieira, Marcus André “Pequena introdução à abordagem lacaniana do riso na experiência. Notas
para uma discussão sobre o riso na experiência analítica; in Correio Revista da Escola Brasileira de
Psicanálise, Rio de Janeiro, v. 25, p. 18-20, 2000

19 Freud,Sigmund; “Além do principio do prazer”, 1920 p.141 vol XVIII

20 Freud,Sigmund , “Escritores criativos e devaneios”,1916 p.176 Vol

21 Birman Joel. Frente e verso, op. cit., p. 104 in: slavutzky, a.; kupermann, (Org.).Seria trágico... se
não fosse cômico. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005

23 Gay, Peter. Freud: uma vida para nosso tempo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

22 Dr Peter Doherty Adams [entrevista],Programa Roda Viva, TV cultura Brasil, 46 min, São Paulo,
Brazil,1998 .

24 Bakthin,Mikhail, A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François


Rabelais. Brasília: Universidade de Brasília, 1987. p.42

26 Christian I.L Dunker, Estrutura e Constituição da clínica psicanalítica – Uma arqueologia das
práticas de cura, psicoterapia e tratamento 2015, cap 11, O nascimento da clínica, p.389, São
Paulo,Annablume

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