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Instituto Nacional do Seguro Social

INSS
Técnico do Seguro Social
Volume I

A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com


base no Edital anterior, para que o aluno antecipe seus estudos.

JN001-A-2018
DADOS DA OBRA

Título da obra: Instituto Nacional do Seguro Social - INSS

Cargo: Técnico do Seguro Social

Atualizado até 01/2018

(Baseado no Edital Nº 1 – INSS, de 22 de Dezembro de 2015)

Volume I
• Língua Portuguesa
• Raciocínio Lógico
• Noções de Informática:
• Ética no Serviço Público
• Regime Jurídico Único
• Noções de Direito Constitucional
• Noções de Direito Administrativo

Volume II
• Conhecimentos Específicos

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Diagramação
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes

Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira

Capa
Joel Ferreira dos Santos

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

1 Compreensão e interpretação de textos..................................................................................................................................................... 83


2 Tipologia textual.................................................................................................................................................................................................... 85
3 Ortografia oficial................................................................................................................................................................................................... 44
4 Acentuação gráfica. ............................................................................................................................................................................................ 47
5 Emprego das classes de palavras. ................................................................................................................................................................. 07
6 Emprego do sinal indicativo de crase. ......................................................................................................................................................... 71
7 Sintaxe da oração e do período. .................................................................................................................................................................... 63
8 Pontuação. .............................................................................................................................................................................................................. 50
9 Concordância nominal e verbal. .................................................................................................................................................................... 52
10 Regências nominal e verbal. ......................................................................................................................................................................... 58
11 Significação das palavras. .............................................................................................................................................................................. 76
12 Redação de correspondências oficiais (conforme Manual de Redação da Presidência da República)............................ 91

Raciocínio Lógico

1 Conceitos básicos de raciocínio lógico: proposições; valores lógicos das proposições; sentenças abertas; número de
linhas da tabela verdade; conectivos; proposições simples; proposições compostas.................................................................. 01
2 Tautologia................................................................................................................................................................................................................ 01
3 Operação com conjuntos.................................................................................................................................................................................. 37
4 Cálculos com porcentagens.............................................................................................................................................................................. 63

Noções de Informática:
1 Conceitos de Internet e intranet. ................................................................................................................................................................... 01
2 Conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos de informática......10
3 Conceitos e modos de utilização de aplicativos para edição de textos, planilhas e apresentações utilizando-se a suíte
de escritório LibreOffice......................................................................................................................................................................................... 30
4 Conceitos e modos de utilização de sistemas operacionais Windows 7 e 10. ............................................................................ 53
5 Noções básicas de ferramentas e aplicativos de navegação e correio eletrônico. .................................................................... 80
6 Noções básicas de segurança e proteção: vírus, worms e derivados............................................................................................... 89

Ética no Serviço Público

1 Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal: Decreto nº 1.171/1994 e Decreto
nº 6.029/2007............................................................................................................................................................................................................. 04

Regime Jurídico Único

1 Lei 8.112/1990 e alterações, direitos e deveres do Servidor Público. ............................................................................................. 01


2 O servidor público como agente de desenvolvimento social. ........................................................................................................... 35
3 Saúde e qualidade de vida no serviço público......................................................................................................................................... 35

Noções de Direito Constitucional

1 Direitos e deveres fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade; direitos sociais; nacionalidade; cidadania; garantias constitucionais individuais; garantias
dos direitos coletivos, sociais e políticos. ...................................................................................................................................................... 08
2 Administração Pública (artigos de 37 a 41, capítulo VII, Constituição Federal de 1988 e atualizações)............................ 43
SUMÁRIO

Noções de Direito Administrativo

1 Estado, governo e Administração Pública: conceitos, elementos, poderes e organização; natureza, fins e
princípios. ...............................................................................................................................................................................................................01
2 Direito Administrativo: conceito, fontes e princípios. ............................................................................................................................ 02
3 Organização administrativa da União; administração direta e indireta. ........................................................................................ 06
4 Agentes públicos: espécies e classificação; poderes, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e função
públicos; regime jurídico único: provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; direitos e vantagens;
regime disciplinar; responsabilidade civil, criminal e administrativa. ................................................................................................. 08
5 Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia;
uso e abuso do poder. ........................................................................................................................................................................................... 15
6 Ato administrativo: validade, eficácia; atributos; extinção, desfazimento e sanatória; classificação,
espécies e exteriorização; vinculação e discricionariedade. ................................................................................................................... 18
7 Serviços Públicos: conceito, classificação, regulamentação e controle; forma, meios e requisitos;
delegação: concessão, permissão, autorização. .......................................................................................................................................... 23
8 Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle judicial; controle
legislativo; responsabilidade civil do Estado. ............................................................................................................................................... 27
Lei nº 8.429/1992 (sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no
exercício de mandato, cargo, emprego ou função da administração pública direta, indireta ou
fundacional e dá outras providências). ........................................................................................................................................................... 31
9 Lei n°9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo)................................................................................................................................. 43
LÍNGUA PORTUGUESA

Letra e Fonema.......................................................................................................................................................................................................... 01
Estrutura das Palavras............................................................................................................................................................................................. 04
Classes de Palavras e suas Flexões..................................................................................................................................................................... 07
Ortografia.................................................................................................................................................................................................................... 44
Acentuação................................................................................................................................................................................................................. 47
Pontuação.................................................................................................................................................................................................................... 50
Concordância Verbal e Nominal......................................................................................................................................................................... 52
Regência Verbal e Nominal................................................................................................................................................................................... 58
Frase, oração e período.......................................................................................................................................................................................... 63
Sintaxe da Oração e do Período......................................................................................................................................................................... 63
Termos da Oração.................................................................................................................................................................................................... 63
Coordenação e Subordinação............................................................................................................................................................................. 63
Crase.............................................................................................................................................................................................................................. 71
Colocação Pronominal............................................................................................................................................................................................ 74
Significado das Palavras......................................................................................................................................................................................... 76
Interpretação Textual............................................................................................................................................................................................... 83
Tipologia Textual....................................................................................................................................................................................................... 85
Gêneros Textuais....................................................................................................................................................................................................... 86
Coesão e Coerência................................................................................................................................................................................................. 86
Reescrita de textos/Equivalência de Estruturas............................................................................................................................................. 88
Estrutura Textual........................................................................................................................................................................................................ 90
Redação Oficial.......................................................................................................................................................................................................... 91
Funções do “que” e do “se”................................................................................................................................................................................100
Variação Linguística...............................................................................................................................................................................................101
O processo de comunicação e as funções da linguagem......................................................................................................................103
LÍNGUA PORTUGUESA

PROF. ZENAIDE AUXILIADORA PACHEGAS BRANCO

Graduada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Adamantina. Especialista pela Universidade Estadual Paulista
– Unesp

LETRA E FONEMA

A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimento”). Significa
literalmente “estudo dos sons” ou “estudo dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que estuda os sons da lín-
gua quanto à sua função no sistema de comunicação linguística, quanto à sua organização e classificação. Cuida, também,
de aspectos relacionados à divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da forma correta de pronunciar certas
palavras. Lembrando que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar estes sons no ato da fala. Particularidades na
pronúncia de cada falante são estudadas pela Fonética.
Na língua falada, as palavras se constituem de fonemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas por meio de
símbolos gráficos, chamados de letras ou grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de esta-
belecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção
entre os pares de palavras:
amor – ator / morro – corro / vento - cento

Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica que
você - como falante de português - guarda de cada um deles. É essa imagem acústica que constitui o fonema. Este forma
os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparece representado entre barras: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.

Fonema e Letra
- O fonema não deve ser confundido com a letra. Esta é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por
exemplo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/ (lê-se zê).
- Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que
pode ser representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio.

- Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar:
- o fonema /sê/: texto
- o fonema /zê/: exibir
- o fonema /che/: enxame
- o grupo de sons /ks/: táxi

- O número de letras nem sempre coincide com o número de fonemas.


Tóxico = fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: t ó x i c o
1 2 3 4 5 6 7 12 3 45 6

Galho = fonemas: /g/a/lh/o/ letras: ga lho


1 2 3 4 12345

- As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta. Nestas
palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema; dança: o
“n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.

- A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.


Hoje = fonemas: ho / j / e / letras: h o j e
1 2 3 1234

Classificação dos Fonemas


Os fonemas da língua portuguesa são classificados em:

1) Vogais
As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa língua,
desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única vogal.

1
LÍNGUA PORTUGUESA

Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entrea- 1) Ditongo


berta. As vogais podem ser:
É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-
- Orais: quando o ar sai apenas pela boca: /a/, /e/, /i/, versa) numa mesma sílaba. Pode ser:
/o/, /u/. - Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal:
sé-rie (i = semivogal, e = vogal)
- Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas na- - Decrescente: quando a vogal vem antes da semivo-
sais. gal: pai (a = vogal, i = semivogal)
/ã/: fã, canto, tampa - Oral: quando o ar sai apenas pela boca: pai
/ ẽ /: dente, tempero - Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas na-
/ ĩ/: lindo, mim sais: mãe
/õ/: bonde, tombo
/ ũ /: nunca, algum 2) Tritongo

- Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, É a sequência formada por uma semivogal, uma vo-
bola. gal e uma semivogal, sempre nesta ordem, numa só sílaba.
Pode ser oral ou nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tri-
- Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, tongo nasal.
bola.
3) Hiato
Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
- Abertas: pé, lata, pó É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que
- Fechadas: mês, luta, amor pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais
- Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das pa- de uma vogal numa mesma sílaba: saída (sa-í-da), poesia
lavras: dedo (“dedu”), ave (“avi”), gente (“genti”). (po-e-si-a).

2) Semivogais Encontros Consonantais

Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vo-
Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma gal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal.
só emissão de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas Existem basicamente dois tipos:
são chamados de semivogais. A diferença fundamental en- 1-) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r”
tre vogais e semivogais está no fato de que estas não de- e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no,
sempenham o papel de núcleo silábico. a-tle-ta, cri-se.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: 2-) os que resultam do contato de duas consoantes
pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.
é o “a”. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão Há ainda grupos consonantais que surgem no início
forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade, dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo,
história, série. psi-có-lo-go.

3) Consoantes Dígrafos

Para a produção das consoantes, a corrente de ar expi- De maneira geral, cada fonema é representado, na es-
rada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela ca- crita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas e
vidade bucal, fazendo com que as consoantes sejam verda- quatro letras.
deiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos silábicos.
Seu nome provém justamente desse fato, pois, em portu- Há, no entanto, fonemas que são representados, na es-
guês, sempre consoam (“soam com”) as vogais. Exemplos: crita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e cinco
/b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc. letras.

Encontros Vocálicos Na palavra acima, para representar o fonema /xe/ fo-


ram utilizadas duas letras: o “c” e o “h”.
Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas
semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante para representar um único fonema (di = dois + grafo = le-
reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em tra). Em nossa língua, há um número razoável de dígrafos
sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o triton- que convém conhecer. Podemos agrupá-los em dois tipos:
go e o hiato. consonantais e vocálicos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Dígrafos Consonantais

Letras Fonemas Exemplos


lh /lhe/ telhado
nh /nhe/ marinheiro
ch /xe/ chave
rr /re/ (no interior da palavra) carro
ss /se/ (no interior da palavra) passo
qu /k/ (qu seguido de e e i) queijo, quiabo
gu /g/ ( gu seguido de e e i) guerra, guia
sc /se/ crescer
sç /se/ desço
xc /se/ exceção

Dígrafos Vocálicos

Registram-se na representação das vogais nasais:

Fonemas Letras Exemplos


/ã/ am tampa
an canto
/ẽ/ em templo
en lenda
/ĩ/ im limpo
in lindo
õ/ om tombo
on tonto
/ũ/ um chumbo
un corcunda

* Observação: “gu” e “qu” são dígrafos somente quando seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/:
guitarra, aquilo. Nestes casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” repre-
senta um fonema - semivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Aqui, “gu” e “qu” não são dígrafos. Também não há
dígrafos quando são seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo) .
** Dica: Conseguimos ouvir o som da letra “u” também, por isso não há dígrafo! Veja outros exemplos: Água = /agua/ nós
pronunciamos a letra “u”, ou então teríamos /aga/. Temos, em “água”, 4 letras e 4 fonemas. Já em guitarra = /gitara/ - não
pronunciamos o “u”, então temos dígrafo [aliás, dois dígrafos: “gu” e “rr”]. Portanto: 8 letras e 6 fonemas).

Dífonos

Assim como existem duas letras que representam um só fonema (os dígrafos), existem letras que representam dois
fonemas. Sim! É o caso de “fixo”, por exemplo, em que o “x” representa o fonema /ks/; táxi e crucifixo também são exemplos
de dífonos. Quando uma letra representa dois fonemas temos um caso de dífono.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

3
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
1-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI-
BRAS – FAFIPA/2014) Em todas as palavras a seguir há um
dígrafo, EXCETO em
(A) prazo. As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vista
(B) cantor. de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividimos
(C) trabalho. em seus menores elementos (partes) possuidores de sen-
(D) professor. tido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituída por
três elementos significativos:
1-)
(A) prazo – “pr” é encontro consonantal In = elemento indicador de negação
(B) cantor – “an” é dígrafo Explic – elemento que contém o significado básico da
(C) trabalho – “tr” encontro consonantal / “lh” é dígrafo palavra
(D) professor – “pr” encontro consonantal q “ss” é dí- Ável = elemento indicador de possibilidade
grafo
RESPOSTA: “A”. Estes elementos formadores da palavra recebem o
nome de morfemas. Através da união das informações
2-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI- contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
BRAS – FAFIPA/2014) Assinale a alternativa em que os itens tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não
destacados possuem o mesmo fonema consonantal em to- tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tornar
das as palavras da sequência. claro”.
(A) Externo – precisa – som – usuário.
MORFEMAS = são as menores unidades significativas
(B) Gente – segurança – adjunto – Japão.
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido.
(C) Chefe – caixas – deixo – exatamente.
(D) Cozinha – pesada – lesão – exemplo.
Classificação dos morfemas:
2-) Coloquei entre barras ( / / ) o fonema representado
Radical, lexema ou semantema – é o elemento por-
pela letra destacada:
tador de significado. É através do radical que podemos for-
(A) Externo /s/ – precisa /s/ – som /s/ – usuário /z/
mar outras palavras comuns a um grupo de palavras da
(B) Gente /j/ – segurança /g/ – adjunto /j/ – Japão /j/ mesma família. Exemplo: pequeno, pequenininho, pequenez.
(C) Chefe /x/ – caixas /x/ – deixo /x/ – exatamente O conjunto de palavras que se agrupam em torno de um
/z/ mesmo radical denomina-se família de palavras.
(D) cozinha /z/ – pesada /z/ – lesão /z/– exemplo /z/
RESPOSTA: “D”. Afixos – elementos que se juntam ao radical antes (os
prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: beleza (sufi-
3-) (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/PI – CURSO DE xo), prever (prefixo), infiel.
FORMAÇÃO DE SOLDADOS – UESPI/2014) “Seja Sangue
Bom!” Na sílaba final da palavra “sangue”, encontramos Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, ob-
duas letras representando um único fonema. Esse fenôme- têm-se formas como amava, amavas, amava, amávamos,
no também está presente em: amáveis, amavam. Estas modificações ocorrem à medida
A) cartola. que o verbo vai sendo flexionado em número (singular e
B) problema. plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Também
C) guaraná. ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo
D) água. (amava, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos
E) nascimento. concluir que existem morfemas que indicam as flexões das
palavras. Estes morfemas sempre surgem no fim das pala-
3-) Duas letras representando um único fonema = dí- vras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desi-
grafo nências nominais e desinências verbais.
A) cartola = não há dígrafo
B) problema = não há dígrafo • Desinências nominais: indicam o gênero e o número
C) guaraná = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) dos nomes. Para a indicação de gênero, o português cos-
D) água = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) tuma opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/
E) nascimento = dígrafo: sc menina. Para a indicação de número, costuma-se utilizar
RESPOSTA: “E”. o morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência
de morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/
garotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso dos
nomes terminados em –r e –z, a desinência de plural assu-
me a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes.

4
LÍNGUA PORTUGUESA

• Desinências verbais: em nossa língua, as desinências Palavras primitivas: aquelas que, na língua portugue-
verbais pertencem a dois tipos distintos. Há desinências sa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
que indicam o modo e o tempo (desinências modo-tem-
porais) e outras que indicam o número e a pessoa dos ver- Palavras derivadas: aquelas que, na língua portugue-
bos (desinência número-pessoais): sa, provêm de outra palavra: pedreiro, floricultura.

cant-á-va-mos: Palavras simples: aquelas que possuem um só radical:


cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência mo- azeite, cavalo.
do-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do indicati-
vo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primei- Palavras compostas: aquelas que possuem mais de
ra pessoa do plural) um radical: couve-flor, planalto.
* As palavras compostas podem ou não ter seus ele-
cant-á-sse-is: mentos ligados por hífen.
cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência mo-
do-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do subjunti- Processos de Formação de Palavras
vo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda
pessoa do plural) Na Língua Portuguesa há muitos processos de forma-
ção de palavras. Entre eles, os mais comuns são a derivação,
Vogal temática a composição, a onomatopeia, a abreviação e o hibridismo.
Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge Derivação por Acréscimo de Afixos
sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o radical
às desinências, é chamado de vogal temática. Sua função É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (deri-
é ligar-se ao radical, constituindo o chamado tema. É ao vadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A deri-
tema (radical + vogal temática) que se acrescentam as de- vação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.
sinências. Tanto os verbos como os nomes apresentam vo-
gais temáticas. No caso dos verbos, a vogal temática indica
Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por
as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e (da 2.ª
acréscimo de prefixo.
conjugação = escrever) e –i (3.ªconjugação = partir).
In feliz des leal
• Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando
Prefixo radical prefixo radical
átonas finais, como em mesa, artista, perda, escola, base,
combate. Nestes casos, não poderíamos pensar que essas
terminações são desinências indicadoras de gênero, pois Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por
mesa e escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. acréscimo de sufixo.
A estas vogais temáticas se liga a desinência indicadora
de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados Feliz mente leal dade
em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não Radical sufixo radical sufixo
apresentam vogal temática.
Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
• Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que ca- simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassíntese formam-
racterizam três grupos de verbos a que se dá o nome de se principalmente verbos.
conjugações. Assim, os verbos cuja vogal temática é -a per-
tencem à primeira conjugação; aqueles cuja vogal temática En trist ecer
é -e pertencem à segunda conjugação e os que têm vogal Prefixo radical sufixo
temática -i pertencem à terceira conjugação.
Em tard ecer
Interfixos prefixo radical sufixo

São os elementos (vogais ou consoantes) que se in- Outros Tipos de Derivação


tercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou mes-
mo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Por Há dois casos em que a palavra derivada é formada
exemplo: sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro. regressiva e a derivação imprópria.
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento.
Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por re-
Formação das Palavras dução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação
de substantivos derivados de verbos.
Há em Português palavras primitivas, palavras deriva- janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca
das, palavras simples, palavras compostas. (substantivo) – deriva de pescar (verbo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é ob- Fontes de pesquisa:


tida pela mudança de categoria gramatical da palavra pri-
mitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas somente http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-
na classe gramatical. formacao-de-palavras-i.htm
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “porquê” SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
deriva da conjunção porque) coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
do verbo olhar). ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
** Dica: A derivação regressiva “mexe” na estrutura da Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
palavra e geralmente transforma verbos em substantivos: ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
caça = deriva de caçar, saque = deriva de sacar.
A derivação imprópria não “mexe” com a palavra,
apenas faz com que ela pertença a uma classe gramatical Questões sobre Estrutura das Palavras
“imprópria” da qual ela realmente, ou melhor, costumeira-
mente faz parte. A alteração acontece devido à presença de 1-) (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊN-
outros termos, como artigos, por exemplo: CIA SOCIAL – CEPERJ/2014) A palavra “infraestrutura” é for-
O verde das matas! (o adjetivo “verde” passou a fun- mada pelo seguinte processo:
cionar como substantivo devido à presença do artigo “o”) A) sufixação
Composição B) prefixação
C) parassíntese
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais D) justaposição
radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de E) aglutinação
composição: justaposição e aglutinação.
1-) Infra = prefixo + estrutura – temos a junção de um
Justaposição: ocorre quando os elementos que for- prefixo com um radical, portanto: derivação prefixal (ou
mam o composto são postos lado a lado, ou seja, justapos-
prefixação).
tos: para-raios, corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira,
girassol.
RESPOSTA: “B”.
Composição por aglutinação: ocorre quando os ele-
mentos que formam o composto aglutinam-se e pelo me-
2-) (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG –
nos um deles perde sua integridade sonora: aguardente
AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – IBFC/2014)
(água + ardente), planalto (plano + alto), pernalta (perna +
alta), vinagre (vinho + acre). O vocábulo “entristecido”, presente na terceira estrofe, é
um exemplo de:
Outros processos de formação de palavras: a) palavra composta
b) palavra primitiva
Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir c) palavra derivada
certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom. d) neologismo

Abreviação – é a redução de palavras até o limite per- 2-) en + triste + ido (com consoante de ligação “c”) =
mitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu (pneu- ao radical “triste” foram acrescidos o prefixo “en” e o sufixo
mático), metrô (metropolitano), foto (fotografia). “ido”, ou seja, “entristecido” é palavra derivada do processo
de formação de palavras chamado de: prefixação e sufixa-
* Observação: ção. Para o exercício, basta “derivada”!
- Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini- RESPOSTA: “C”.
ciais: p. ou pág. (para página), sr. (para senhor).
- Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se
reduzem locuções substantivas próprias às suas letras ini-
ciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas impuras),
que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas puras);
DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (siglas impu-
ras).
- Hibridismo: é a palavra formada com elementos
oriundos de línguas diferentes.
automóvel (auto: grego; móvel: latim)
sociologia (socio: latim; logia: grego)
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)

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LÍNGUA PORTUGUESA

de lago lacustre
CLASSES DE PALAVRAS E SUAS FLEXÕES
de leão leonino
de lebre leporino
de lua lunar ou selênico
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
característica do ser e se relaciona com o substantivo, con- de madeira lígneo
cordando com este em gênero e número. de mestre magistral
de ouro áureo
As praias brasileiras estão poluídas.
de paixão passional
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de pâncreas pancreático
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
de porco suíno ou porcino
Locução adjetiva dos quadris ciático
de rio fluvial
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma de sonho onírico
coisa, tem-se uma locução. Às vezes, uma preposição + de velho senil
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locu- de vento eólico
ção Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). Por
exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio de vidro vítreo ou hialino
(paixão desenfreada). de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico
Observe outros exemplos:
* Observação: nem toda locução adjetiva possui um
de águia aquilino adjetivo correspondente, com o mesmo significado. Por
de aluno discente exemplo: Vi as alunas da 5ª série. / O muro de tijolos caiu.
de anjo angelical Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):
de ano anual
de aranha aracnídeo O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
de boi bovino como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
de cabelo capilar ou do objeto).
de cabra caprino
Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
de campo campestre ou rural
de chuva pluvial Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
Observe alguns deles:
de criança pueril
de dedo digital Estados e cidades brasileiras:
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo Alagoas alagoano
de farinha farináceo Amapá amapaense
de fera ferino Aracaju aracajuano ou aracajuense
de ferro férreo Amazonas amazonense ou baré
de fogo ígneo Belo Horizonte belo-horizontino
de garganta gutural Brasília brasiliense
de gelo glacial Cabo Frio cabo-friense
de guerra bélico Campinas campineiro ou campinense
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos subs-
tantivos, classificam-se em:

Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano, a
moça norte-americana.

* Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.

Número dos Adjetivos

Plural dos adjetivos simples

Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substan-
tivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que
estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra
cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, en-
tão, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.

Veja outros exemplos:


Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Composto Observe que:


a) As formas menor e pior são comparativos de supe-
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, res-
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas pectivamente.
o último elemento concorda com o substantivo a que se b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações fei-
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja tas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais grande
invariável. Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, e mais pequeno. Por exemplo:
um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemen- Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
to, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra pala- mentos.
vra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará duas qualidades de um mesmo elemento.
invariável. Veja:
Camisas rosa-claro. Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Infe-
Ternos rosa-claro.
rioridade
Olhos verde-claros.
Sou menos passivo (do) que tolerante.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Superlativo
* Observação:
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer O superlativo expressa qualidades num grau muito ele-
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre in- vado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou relativo e
variáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, vestidos apresenta as seguintes modalidades:
cor-de-rosa. Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de
- O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apre-
mentos flexionados: crianças surdas-mudas. senta-se nas formas:
1-) Analítica: a intensificação é feita com o auxílio
Grau do Adjetivo de palavras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por
exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a inten- 2-) Sintética: nesta, há o acréscimo de sufixos. Por
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
o comparativo e o superlativo.
Observe alguns superlativos sintéticos:
Comparativo
benéfico - beneficentíssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
buída a dois ou mais seres ou duas ou mais características bom - boníssimo ou ótimo
atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igual- comum - comuníssimo
dade, de superioridade ou de inferioridade.
cruel - crudelíssimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade difícil - dificílimo
No comparativo de igualdade, o segundo termo da doce - dulcíssimo
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou
quão. fácil - facílimo
fiel - fidelíssimo
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe-
rioridade Analítico Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de
No comparativo de superioridade analítico, entre os um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres.
dois substantivos comparados, um tem qualidade supe- Essa relação pode ser:
rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do 1-) De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
que” ou “mais...que”.
todas.
2-) De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe-
todas.
rioridade Sintético

Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de * Note bem:


superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São 1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, an-
grande/maior, baixo/inferior. tepostos ao adjetivo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2) O superlativo absoluto sintético se apresenta sob - de inferioridade: menos + advérbio + que (do que):
duas formas: uma erudita - de origem latina - outra po- Renato fala menos alto do que João.
pular - de origem vernácula. A forma erudita é constituída - de superioridade:
pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, 1-) Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
-imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma fala mais alto do que João.
popular é constituída do radical do adjetivo português + o 2-) Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala
sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. melhor que João.
3-) Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi- Grau Superlativo
nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
– cheíssimo. O superlativo pode ser analítico ou sintético:
- Analítico: acompanhado de outro advérbio: Renato
Fontes de pesquisa: fala muito alto.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf32. muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio de
php modo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: - Sintético: formado com sufixos: Renato fala altíssimo.
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- * Observação: as formas diminutivas (cedinho, perti-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. nho, etc.) são comuns na língua popular.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. A criança levantou cedinho. (muito cedo)

Advérbio Classificação dos Advérbios

Compare estes exemplos: De acordo com a circunstância que exprime, o advér-


bio pode ser de:
Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
O ônibus chegou.
além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo,
O ônibus chegou ontem.
aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro,
afora, alhures, aquém, embaixo, externamente, a distância,
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o sen-
à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à es-
tido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de tempo,
querda, ao lado, em volta.
de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e do próprio Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
advérbio. amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en-
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio fim, afinal, amiúde, breve, constantemente, entrementes,
(bem) imediatamente, primeiramente, provisoriamente, sucessiva-
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um adje- mente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de
tivo (claros) vez em quando, de quando em quando, a qualquer momen-
to, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia.
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acrescen- Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa,
tar ideia de: acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, às cegas, à
Tempo: Ela chegou tarde. toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse
Lugar: Ele mora aqui. modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado,
Modo: Eles agiram mal. a pé, de cor, em vão e a maior parte dos que terminam em
Negação: Ela não saiu de casa. “-mente”: calmamente, tristemente, propositadamente, pa-
Dúvida: Talvez ele volte. cientemente, amorosamente, docemente, escandalosamen-
te, bondosamente, generosamente.
Flexão do Advérbio Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efeti-
vamente, certo, decididamente, deveras, indubitavelmente.
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
porém, admitem a variação em grau. Observe: Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavel-
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe.
Grau Comparativo Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso,
bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, as-
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo modo saz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo,
que o comparativo do adjetivo: de muito, por completo, extremamente, intensamente, gran-
- de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re- demente, bem (quando aplicado a propriedades graduá-
nato fala tão alto quanto João. veis).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somen- Locução Adverbial


te, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Brando, o
vento apenas move a copa das árvores. Quando há duas ou mais palavras que exercem função
Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também. de advérbio, temos a locução adverbial, que pode expres-
Por exemplo: O indivíduo também amadurece durante a sar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordinaria-
adolescência. mente por uma preposição. Veja:
Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer aos meus dentro, por aqui, etc.
amigos por comparecerem à festa. afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em
* Saiba que: geral, frente a frente, etc.
- Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, hoje
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei em dia, nunca mais, etc.
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
tarde possível. * Observações:
- Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, - tanto a locução adverbial como o advérbio modifi-
em geral sufixamos apenas o último: Por exemplo: O aluno cam o verbo, o adjetivo e outro advérbio:
respondeu calma e respeitosamente. Chegou muito cedo. (advérbio)
Joana é muito bela. (adjetivo)
Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido De repente correram para a rua. (verbo)

Há palavras como muito, bastante, que podem apare- - Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
cer como advérbio e como pronome indefinido. mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo e - O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. bio: Cheguei primeiro.

* Dica: Como saber se a palavra bastante é advérbio - Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
(não varia, não se flexiona) ou pronome indefinido (varia, adverbial desempenham na oração a função de adjunto
sofre flexão)? Se der, na frase, para substituir o “bastante” adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
por “muito”, estamos diante de um advérbio; se der para cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advérbio.
substituir por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja: Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
1-) Estudei bastante para o concurso. (estudei muito, verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
pois “muitos” não dá!). = advérbio Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
dade e de tempo, respectivamente.
2-) Estudei bastantes capítulos para o concurso. (estudei
muitos capítulos) = pronome indefinido Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf75.
Advérbios Interrogativos php
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes Saraiva, 2010.
às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Interrogação Direta Interrogação Indireta SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
Onde mora? Indaguei onde morava. Artigo
Por que choras? Não sei por que choras.
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
Aonde vai? Perguntei aonde ia. se como o termo variável que serve para individualizar ou
Donde vens? Pergunto donde vens. generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero
Quando voltas? Pergunto quando voltas. (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns”).

11
LÍNGUA PORTUGUESA

Artigos definidos – São aqueles usados para indicar Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
seres determinados, expressos de forma individual: sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela
O concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam Roma.
muito.
- antes de pronomes de tratamento:
Artigos indefinidos – São aqueles usados para indicar Vossa Senhoria sairá agora?
seres de modo vago, impreciso: Exceção: O senhor vai à festa?
Uma candidata foi aprovada! Umas candidatas foram
aprovadas! - após o pronome relativo “cujo” e suas variações:
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: Este é o candidato cuja nota foi a mais alta.

* Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do Fontes de pesquisa:


numeral “ambos”: http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm
Ambos os concursos cobrarão tal conteúdo. Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
* Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso Saraiva, 2010.
do artigo, outros não: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia... ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SACCO-
NI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed.
* Quando indicado no singular, o artigo definido pode Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
indicar toda uma espécie: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho dignifica o homem. ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
* No caso de nomes próprios personativos, denotando
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso Conjunção
do artigo:
Marcela é a mais extrovertida das irmãs. Além da preposição, há outra palavra também invariá-
O Pedro é o xodó da família. vel que, na frase, é usada como elemento de ligação: a con-
junção. Ela serve para ligar duas orações ou duas palavras
* No caso de os nomes próprios personativos estarem de mesma função em uma oração:
no plural, são determinados pelo uso do artigo: O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
Os Maias, os Incas, Os Astecas... São Paulo.
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
* Usa-se o artigo depois do pronome indefinido to-
do(a) para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele Morfossintaxe da Conjunção
(o artigo), o pronome assume a noção de qualquer.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
dos. (qualquer classe)
Classificação da Conjunção
* Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é
facultativo: De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as
Preparei o meu curso. Preparei meu curso. conjunções podem ser classificadas em coordenativas e
subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados
* A utilização do artigo indefinido pode indicar uma pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse iso-
ideia de aproximação numérica: lamento, no entanto, não acarreta perda da unidade de
O máximo que ele deve ter é uns vinte anos. sentido que cada um dos elementos possui. Já no segundo
caso, cada um dos elementos ligados pela conjunção de-
* O artigo também é usado para substantivar palavras pende da existência do outro. Veja:
pertencentes a outras classes gramaticais:
Não sei o porquê de tudo isso. Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
Podemos separá-las por ponto:
* Há casos em que o artigo definido não pode ser Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
usado:
- antes de nomes de cidade e de pessoas conhecidas: Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
O professor visitará Roma. quentemente, orações coordenadas) coordenativa – “mas”.
Já em:

12
LÍNGUA PORTUGUESA

Espero que eu seja aprovada no concurso! As conjunções subordinativas subdividem-se em inte-


Não conseguimos separar uma oração da outra, pois a grantes e adverbiais:
segunda “completa” o sentido da primeira (da oração prin-
cipal): 1. Integrantes - Indicam que a oração subordinada por
Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período temos uma elas introduzida completa ou integra o sentido da principal.
oração subordinada substantiva objetiva direta (ela exerce Introduzem orações que equivalem a substantivos, ou seja,
a função de objeto direto do verbo da oração principal). as orações subordinadas substantivas. São elas: que, se.
Quero que você volte. (Quero sua volta)
Conjunções Coordenativas
2. Adverbiais - Indicam que a oração subordinada
São aquelas que ligam orações de sentido completo exerce a função de adjunto adverbial da principal. De acor-
e independente ou termos da oração que têm a mesma do com a circunstância que expressam, classificam-se em:
a) Causais: introduzem uma oração que é causa da
função gramatical. Subdividem-se em:
ocorrência da oração principal. São elas: porque, que, como
1) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
(= porque, no início da frase), pois que, visto que, uma vez
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e não),
que, porquanto, já que, desde que, etc.
não só... mas também, não só... como também, bem como, Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
não só... mas ainda.
A sua pesquisa é clara e objetiva. b) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
Não só dança, mas também canta. ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua
realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que, se
2) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex- bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquanto,
pressando ideia de contraste ou compensação. São elas: etc.
mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
obstante.
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. c) Condicionais: introduzem uma oração que indica a
hipótese ou a condição para ocorrência da principal. São
3) Alternativas: ligam orações ou palavras, expressan- elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde
do ideia de alternância ou escolha, indicando fatos que se que, a menos que, sem que, etc.
realizam separadamente. São elas: ou, ou... ou, ora... ora, já... Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez.
** Dica: você deve ter percebido que a conjunção con-
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
dicional “se” também é conjunção integrante. A diferença é
clara ao ler as orações que são introduzidas por ela. Acima,
4) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
ela nos dá a ideia da condição para que recebamos um
que expressa ideia de conclusão ou consequência. São elas: telefonema (se for preciso ajuda). Já na oração:
logo, pois (depois do verbo), portanto, por conseguinte, por Não sei se farei o concurso...
isso, assim. Não há ideia de condição alguma, há? Outra coisa: o
Marta estava bem preparada para o teste, portanto não verbo da oração principal (sei) pede complemento (objeto
ficou nervosa. direto, já que “quem não sabe, não sabe algo”). Portanto,
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. a oração em destaque exerce a função de objeto direto da
oração principal, sendo classificada como oração subordi-
5) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração nada substantiva objetiva direta.
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São elas: d) Conformativas: introduzem uma oração que expri-
que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. me a conformidade de um fato com outro. São elas: confor-
Não demore, que o filme já vai começar. me, como (= conforme), segundo, consoante, etc.
Falei muito, pois não gosto do silêncio! O passeio ocorreu como havíamos planejado.

Conjunções Subordinativas e) Finais: introduzem uma oração que expressa a fina-


lidade ou o objetivo com que se realiza a oração principal.
São elas: para que, a fim de que, que, porque (= para que),
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas
que, etc.
dependente da outra. A oração dependente, introduzida
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de ora-
ção subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha começado f) Proporcionais: introduzem uma oração que expres-
quando ela chegou. sa um fato relacionado proporcionalmente à ocorrência do
O baile já tinha começado: oração principal expresso na principal. São elas: à medida que, à proporção
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal) que, ao passo que e as combinações quanto mais... (mais),
ela chegou: oração subordinada quanto menos... (menos), quanto menos... (mais), quanto
menos... (menos), etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O preço fica mais caro à medida que os produtos escas- Fontes de pesquisa:
seiam. http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.
php
* Observação: são incorretas as locuções proporcio- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
nais à medida em que, na medida que e na medida em que. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
g) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
uma circunstância de tempo ao fato expresso na oração Saraiva, 2010.
principal. São elas: quando, enquanto, antes que, depois que, Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
logo que, todas as vezes que, desde que, sempre que, assim ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
que, agora que, mal (= assim que), etc. Interjeição
A briga começou assim que saímos da festa.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
h) Comparativas: introduzem uma oração que expres- ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
sa ideia de comparação com referência à oração principal. guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
São elas: como, assim como, tal como, como se, (tão)... como, maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim
a manifestação de um suspiro, um estado da alma decor-
tanto como, tanto quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual,
rente de uma situação particular, um momento ou um con-
que nem, que (combinado com menos ou mais), etc.
texto específico. Exemplos:
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
i) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
a consequência da principal. São elas: de sorte que, de modo hum: expressão de um pensamento súbito = interjei-
que, sem que (= que não), de forma que, de jeito que, que ção
(tendo como antecedente na oração principal uma palavra
como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc. O significado das interjeições está vinculado à maneira
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o senti-
exame. do que a expressão vai adquirir em cada contexto em que
for utilizada. Exemplos:
Atenção: Muitas conjunções não têm classificação úni- Psiu!
ca, imutável, devendo, portanto, ser classificadas de acor- contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua
do com o sentido que apresentam no contexto (grifo ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando!
da Zê!). Ei, espere!”

O bom relacionamento entre as conjunções de um Psiu!


texto garante a perfeita estruturação de suas frases e pa- contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
rágrafos, bem como a compreensão eficaz de seu conteú- nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silêncio!”
do. Interagindo com palavras de outras classes gramaticais
essenciais ao inter-relacionamento das partes de frases e Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
textos - como os pronomes, preposições, alguns advérbios puxa: interjeição; tom da fala: euforia
e numerais -, as conjunções fazem parte daquilo a que se
pode chamar de “a arquitetura textual”, isto é, o con- Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
junto das relações que garantem a coesão do enunciado. puxa: interjeição; tom da fala: decepção
O sucesso desse conjunto de relações depende do conhe-
cimento do valor relacional das conjunções, uma vez que As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
a) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
estas interferem semanticamente no enunciado.
tristeza, dor, etc.
Dessa forma, deve-se dedicar atenção especial às con-
Ah, deve ser muito interessante!
junções tanto na leitura como na produção de textos. Nos
textos narrativos, elas estão muitas vezes ligadas à expres-
b) Sintetizar uma frase apelativa.
são de circunstâncias fundamentais à condução da história, Cuidado! Saia da minha frente.
como as noções de tempo, finalidade, causa e consequên-
cia. Nos textos dissertativos, evidenciam muitas vezes a li- As interjeições podem ser formadas por:
nha expositiva ou argumentativa adotada - é o caso das a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
exposições e argumentações construídas por meio de con- b) palavras: Oba! Olá! Claro!
trastes e oposições, que implicam o uso das adversativas e c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!
concessivas. Ora bolas!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Interjeições 3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-


frase” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Por
Comumente, as interjeições expressam sentido de: exemplo:
Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! Aten- Socorro! Ajudem-me! Silêncio! Fique quieto!
ção! Olha! Alerta!
Afugentamento: Fora! Passa! Rua! 4) Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: Miau!
Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-
Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem! Âni- quá!, etc.
mo! Adiante!
Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva! 5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria,
Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente! tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do “oh!” exclamativo
Essa não! Chega! Basta! e não a fazemos depois do “ó” vocativo. Por exemplo:
Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Queira “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
Deus! Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
Desculpa: Perdão!
Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! Fontes de pesquisa:
Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.
Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! Quê! php
Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Puxa! Pô! coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Ora! Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade! – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa
Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Viva! Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Adeus! Olá! Alô! Ei! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus! Numeral
Silêncio: Psiu! Silêncio!
Numeral é a palavra variável que indica quantidade
Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa determi-
* Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis,
nada sequência.
isto é, não sofrem variação em gênero, número e grau
como os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo,
* Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
aspecto e voz como os verbos. No entanto, em uso espe-
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando
cífico, algumas interjeições sofrem variação em grau. Não
se trata de um processo natural desta classe de palavra, a expressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se
mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite. trata de numerais, mas sim de algarismos.
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala-
Locução Interjetiva vras consideradas numerais porque denotam quantidade,
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década,
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma dúzia, par, ambos(as), novena.
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! Classificação dos Numerais
Toda frase mais ou menos breve dita em tom exclama-
tivo torna-se uma locução interjetiva, dispensando análise - Cardinais: indicam quantidade exata ou determina-
dos termos que a compõem: Macacos me mordam!, Valha- da de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns cardinais têm
me Deus!, Quem me dera! sentido coletivo, como por exemplo: século, par, dúzia, dé-
cada, bimestre.
* Observações:
1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. - Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém ou
Por exemplo: alguma coisa ocupa numa determinada sequência: primei-
Ué! (= Eu não esperava por essa!) ro, segundo, centésimo, etc.
Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe.)
* Observação importante:
2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes final e penúltimo também indicam posição dos seres, mas
gramaticais podem aparecer como interjeições. Por exem- são classificadas como adjetivos, não ordinais.
plo:
Viva! Basta! (Verbos) - Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou
Fora! Francamente! (Advérbios) seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação - Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi au- tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
mentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc. décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral
venha depois do substantivo;
Flexão dos numerais
Ordinais Cardinais
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du- João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
zentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatro- D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam
em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
são invariáveis. Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
- Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
primeiro segundo milésimo como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeira segunda milésima
** Dica: Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
primeiros segundos milésimos associação. Ficará mais fácil!
primeiras segundas milésimas - Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o
ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
e conseguiram o triplo de produção. Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses tri- - Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se
plas do medicamento. refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empregados
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/ para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
duas terças partes. Sua utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O arti-
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros. go só é dispensado caso haja um pronome demonstrativo:
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau Ambos esses ministros falarão à imprensa.
nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como: Função sintática do Numeral
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade! O numeral tem mais de uma função sintática:
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= - se na oração analisada seu papel é de adjetivo, o
segunda divisão de futebol) numeral assumirá a função de adjunto adnominal; se fizer
papel de substantivo, pode ter a função de sujeito, objeto
Emprego e Leitura dos Numerais direto ou indireto.
- Os numerais são escritos em conjunto de três alga- Visitamos cinco casas, mas só gostamos de duas.
rismos, contados da direita para a esquerda, em forma de Objeto direto = cinco casas
centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma Núcleo do objeto direto = casas
separação através de ponto ou espaço correspondente a Adjunto adnominal = cinco
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456. Objeto indireto = de duas
- Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
Núcleo do objeto indireto = duas
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
- No português contemporâneo, não se usa a conjun-
ção “e” após “mil”, seguido de centena:
Nasci em mil novecentos e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

* Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por


dois zeros, usa-se o “e”:
Seu salário será de mil e quinhentos reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

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LÍNGUA PORTUGUESA

fontes de pesquisa: Dicas sobre preposição


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.
php - O “a” pode funcionar como preposição, pronome
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: nino.
Saraiva, 2010. A matéria que estudei é fácil!
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
Preposição termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Preposição é uma palavra invariável que serve para Irei à festa sozinha.
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, Entregamos a flor à professora!
normalmente há uma subordinação do segundo termo em *o primeiro “a” é artigo; o segundo, preposição.
relação ao primeiro. As preposições são muito importantes
na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
e possuem valores semânticos indispensáveis para a com- lugar e/ou a função de um substantivo.
preensão do texto. Nós trouxemos a apostila. = Nós a trouxemos.

Tipos de Preposição Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas


por meio das preposições:
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusi-
vamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, Destino = Irei a Salvador.
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, Modo = Saiu aos prantos.
Lugar = Sempre a seu lado.
atrás de, dentro de, para com.
Assunto = Falemos sobre futebol.
Tempo = Chegarei em instantes.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes
Causa = Chorei de saudade.
gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja,
Fim ou finalidade = Vim para ficar.
formadas por uma derivação imprópria: como, durante, ex-
Instrumento = Escreveu a lápis.
ceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
Posse = Vi as roupas da mamãe.
Autoria = livro de Machado de Assis
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va-
Companhia = Estarei com ele amanhã.
lendo como uma preposição, sendo que a última palavra é Matéria = copo de cristal.
uma (preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado Meio = passeio de barco.
de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, Origem = Nós somos do Nordeste.
em frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por Conteúdo = frascos de perfume.
causa de, por cima de, por trás de. Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a
outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gê- * Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas lo-
nero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela. cuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução pre-
positiva por trás de.
* Essa concordância não é característica da preposição,
mas das palavras às quais ela se une. Fontes de pesquisa:
Esse processo de junção de uma preposição com outra http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
palavra pode se dar a partir dos processos de: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1. Combinação: união da preposição “a” com o artigo Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
“o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocá- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
bulos não sofrem alteração. Saraiva, 2010.
2. Contração: união de uma preposição com outra pa- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
lavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
o = do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = da- Pronome
quele, em + isso = nisso. Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
3. Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” prepo- panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
sição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do forma.
pronome “aquilo”). O homem julga que é superior à natureza, por isso o
homem destrói a natureza...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Utilizando pronomes, teremos: Pronome Reto


O homem julga que é superior à natureza, por isso ele
a destrói... Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na senten-
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de termos ça, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos flores.
(homem e natureza).
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê-
Grande parte dos pronomes não possuem significados nero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso.
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên- Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim confi-
cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos gurado:
pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro-
nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes - 1.ª pessoa do singular: eu
têm por função principal apontar para as pessoas do dis- - 2.ª pessoa do singular: tu
curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação - 3.ª pessoa do singular: ele, ela
no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, - 1.ª pessoa do plural: nós
- 2.ª pessoa do plural: vós
os pronomes apresentam uma forma específica para cada
- 3.ª pessoa do plural: eles, elas
pessoa do discurso.
* Atenção: esses pronomes não costumam ser usa-
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. dos como complementos verbais na língua-padrão. Frases
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
fala] mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem me até aqui”.
se fala]
* Observação: frequentemente observamos a omissão
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras do pronome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- as próprias formas verbais marcam, através de suas desi-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência nências, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto:
através do pronome seja coerente em termos de gênero Fizemos boa viagem. (Nós)
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. Pronome Oblíquo

Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
sa escola neste ano. tença, exerce a função de complemento verbal (objeto
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
adequada]
[neste: pronome que determina “ano” = concordância * Observação: o pronome oblíquo é uma forma va-
adequada] riante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação in-
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- dica a função diversa que eles desempenham na oração:
dância inadequada] pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
marca o complemento da oração.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
tônicos.
Pronomes Pessoais Pronome Oblíquo Átono
São aqueles que substituem os substantivos, indicando São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os pronomes fraca: Ele me deu um presente.
“tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se di- Tabela dos pronomes oblíquos átonos
rige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à - 1.ª pessoa do singular (eu): me
pessoa ou às pessoas de quem se fala. - 2.ª pessoa do singular (tu): te
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- - 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto - 1.ª pessoa do plural (nós): nos
ou do caso oblíquo. - 2.ª pessoa do plural (vós): vos
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Observações: - As preposições essenciais introduzem sempre prono-


- O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união en- reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
tre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
acompanhar diretamente uma preposição, o pronome forma:
“lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na oração. Não há mais nada entre mim e ti.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
diretos como objetos indiretos. Não há nenhuma acusação contra mim.
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como Não vá sem mim.
objetos diretos.
* Atenção: Há construções em que a preposição, ape-
- Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem com- sar de surgir anteposta a um pronome, serve para introdu-
binar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a for- zir uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos,
mas como mo, mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um
lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. pronome, deverá ser do caso reto.
Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem: Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Trouxeste o pacote? Não vá sem eu mandar.
Sim, entreguei-to ainda há pouco.
Não contaram a novidade a vocês? * A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”
Não, no-la contaram. está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”.
A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil para
No Brasil, essas combinações não são usadas; até mes- mim!
mo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
- A combinação da preposição “com” e alguns prono-
* Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas mes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
especiais depois de certas terminações verbais.
conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos fre-
- Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome
quentemente exercem a função de adjunto adverbial de
assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a
companhia.
terminação verbal é suprimida. Por exemplo:
Ele carregava o documento consigo.
fiz + o = fi-lo
fazeis + o = fazei-lo
- A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
dizer + a = dizê-la
Ela veio até mim, mas nada falou.
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de)
- Quando o verbo termina em som nasal, o pronome
assume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: inclusão, usaremos as formas retas:
viram + o: viram-no Todos foram bem na prova, até eu! (=inclusive eu)
repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
tem + as = tem-nas por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
Pronome Oblíquo Tônico todos, ambos ou algum numeral.
Você terá de viajar com nós todos.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos Estávamos com vós outros quando chegaram as más
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. notícias.
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função Ele disse que iria com nós três.
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica
forte. Pronome Reflexivo
Quadro dos pronomes oblíquos tônicos:
- 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
- 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
- 1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco expressa pelo verbo.
- 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Quadro dos pronomes reflexivos:
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas - 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Eu não me lembro disso.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As - 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti.
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. Conhece a ti mesmo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo. * Observações:


Guilherme já se preparou. * Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
Ela deu a si um presente. tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados em
Antônio conversou consigo mesmo. relação à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Se-
nhor Ministro, compareça a este encontro.
- 1.ª pessoa do plural (nós): nos.
Lavamo-nos no rio. ** Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua
- 2.ª pessoa do plural (vós): vos. Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com pro-
Vós vos beneficiastes com esta conquista. priedade.

- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo. - Os pronomes de tratamento representam uma for-
Eles se conheceram. ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
Elas deram a si um dia de folga. tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
* O pronome é reflexivo quando se refere à mesma supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu me arrumei e saí.
** É pronome recíproco quando indica reciprocidade - 3.ª pessoa: embora os pronomes de tratamento diri-
de ação: jam-se à 2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita
Nós nos amamos. com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi-
Olhamo-nos calados. vos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles
devem ficar na 3.ª pessoa.
Pronomes de Tratamento Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro-
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (portan-
nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo
to, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pes-
do texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente.
soa. Alguns exemplos:
Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
“você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
sos em geral
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
teus cabelos. (errado)
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais, Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
governadores, secretários de Estado, presidente da Repú- seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
blica (sempre por extenso) ou
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universi-
dades Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de Pronomes Possessivos
igual categoria São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Meritíssima (sempre por extenso) = para juízes (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
de direito (coisa possuída).
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do
cerimonioso singular)
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
NÚMERO PESSOA PRONOME
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empre- singular primeira meu(s), minha(s)
gados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tra- singular segunda teu(s), tua(s)
tamento familiar. Você e vocês são largamente empregados
singular terceira seu(s), sua(s)
no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é
de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma plural primeira nosso(s), nossa(s)
vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou plural segunda vosso(s), vossa(s)
literária.
plural terceira seu(s), sua(s)

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Note que: A forma do possessivo depende da pessoa *Em relação ao tempo:


gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam - Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribui- relação à pessoa que fala:
ção naquele momento difícil. Esta manhã farei a prova do concurso!

* Observações: - Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po-


- A forma “seu” não é um possessivo quando resultar rém relativamente próximo à época em que se situa a pes-
da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, soa que fala:
seu José. Essa noite dormi mal; só pensava no concurso!

- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afasta-


- Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos-
mento no tempo, referido de modo vago ou como tempo
se. Podem ter outros empregos, como:
remoto:
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. Naquele tempo, os professores eram valorizados.
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 *Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se fala-
anos. rá ou escreverá):
- Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se falará:
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, or-
tografia, concordância.
- Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Excelência - Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende
trouxe sua mensagem? fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou:
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja-
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- mos!
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
anotações. - Este e aquele são empregados quando se quer fa-
zer referência a termos já mencionados; aquele se refere
ao termo referido em primeiro lugar e este para o referido
- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí-
por último:
quos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe
os passos. (= Vou seguir seus passos) Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
este está mais bem colocado que aquele. (= este [São Paulo],
- O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró- aquele [Palmeiras])
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, para ou
que não ocorra redundância: Coloque tudo nos respectivos
lugares. Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Paulo],
Pronomes Demonstrativos aquele [Palmeiras])

São utilizados para explicitar a posição de certa palavra - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ser invariáveis, observe:
de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
la(s).
*Em relação ao espaço: Invariáveis: isto, isso, aquilo.
- Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
* Também aparecem como pronomes demonstrativos:
pessoa que fala:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
Este material é meu.
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
- Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
pessoa com quem se fala: indiquei.)
Esse material em sua carteira é seu?
- mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam em
- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está dis- gênero quando têm caráter reforçativo:
tante tanto da pessoa que fala como da pessoa com quem Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
se fala: Eu mesma refiz os exercícios.
Aquele material não é nosso. Elas mesmas fizeram isso.
Vejam aquele prédio! Eles próprios cozinharam.
Os próprios alunos resolveram o problema.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
riáveis e invariáveis. Observe:
- tal, tais: Tal absurdo eu não comenteria.
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário,
* Note que: tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca,
- Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer*, alguns, ne-
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. (ou en- nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos,
tão: este solteiro, aquele casado) - este se refere à pessoa algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas,
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em outras, quantas.
primeiro lugar.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação algo, cada.
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
*
Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plu-
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, ral é feito em seu interior).
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
= naquilo) - Todo e toda no singular e junto de artigo significa
inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Pronomes Indefinidos Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso, Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quan- Trabalho todo dia. (= todos os dias)
tidade indeterminada.
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém São locuções pronominais indefinidas: cada qual,
-plantadas. cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que),
seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (=
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa
certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
Cada um escolheu o vinho desejado.
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu-
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des-
Indefinidos Sistemáticos
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu-
percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase.
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin- ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm
guém, outrem, quem, tudo. sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm
sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
Algo o incomoda? afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade
Quem avisa amigo é. negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser e qualquer, que generaliza.
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade Essas oposições de sentido são muito importantes na
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
Cada povo tem seus costumes. tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
Certas pessoas exercem várias profissões. pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
de que fazem parte:
* Note que: Ora são pronomes indefinidos substanti- Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
vos, ora pronomes indefinidos adjetivos: prático.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, pessoas quaisquer.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), *Nenhum é contração de nem um, forma mais enfática,
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. que se refere à unidade. Repare:
Nenhum candidato foi aprovado.
Menos palavras e mais ações. Nem um candidato foi aprovado. (um, nesse caso, é nu-
Alguns se contentam pouco. meral)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Relativos - O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com


o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o conse-
São aqueles que representam nomes já mencionados quente (o ser possuído, com o qual concorda em gênero
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo”
as orações subordinadas adjetivas. equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de Existem pessoas cujas ações são nobres.
um grupo racial sobre outros. (antecedente) (consequente)
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros
= oração subordinada adjetiva). *interpretação do pronome “cujo” na frase acima: ações
das pessoas. É como se lêssemos “de trás para frente”. Ou-
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” tro exemplo:
e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra Comprei o livro cujo autor é famoso. (= autor do livro)
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o prono- ** se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro-
me demonstrativo o, a, os, as. nome:
Não sei o que você está querendo dizer. O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem se a)
expresso.
Quem casa, quer casa. - “Quanto” é pronome relativo quando tem por an-
tecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e
Observe: tudo:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os Emprestei tantos quantos foram necessários.
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, (antecedente)
quantas. Ele fez tudo quanto havia falado.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. (antecedente)

Note que: - O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sem-


- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, pre precedido de preposição.
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs- É um professor a quem muito devemos.
tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu (preposição)
antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) - “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an-
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
qual) casa onde morava foi assaltada.
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quais) - Na indicação de tempo, deve-se empregar quando
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as ou em que.
quais) Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.
- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente - Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa-
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que lavras:
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. To- - como (= pelo qual) – desde que precedida das pala-
dos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por vras modo, maneira ou forma:
motivo de clareza ou depois de determinadas preposições: Não me parece correto o modo como você agiu semana
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual passada.
me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio - quando (= em que) – desde que tenha como antece-
de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou dente um nome que dê ideia de tempo:
encantado: o sítio ou minha tia?). Bons eram os tempos quando podíamos jogar videoga-
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas me.
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-
se o qual / a qual) - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase.
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste es-
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou porte.
de ser poeta, que era a sua vocação natural. = O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode -lugares: Alemanha, Portugal


ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de -sentimentos: amor, saudade
gente que conversava, (que) ria, observava. -estados: alegria, tristeza
-qualidades: honestidade, sinceridade...
Pronomes Interrogativos -ações: corrida, pescaria...

São usados na formulação de perguntas, sejam elas di- Morfossintaxe do substantivo


retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções
São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações), diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo
quanto (e variações). do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou
Com quem andas?
indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, funcio-
Qual seu nome?
nar como núcleo do complemento nominal ou do aposto,
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto ou como
Sobre os pronomes: núcleo do vocativo. Também encontramos substantivos
como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos ad-
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função verbiais - quando essas funções são desempenhadas por
de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo grupos de palavras.
quando desempenha função de complemento.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. Classificação dos Substantivos
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
lhe ajudar. Substantivos Comuns e Próprios

Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” Observe a definição:


exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função Cidade: s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas ca-
de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. sas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em
O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para oposição aos bairros).
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo
diferentemente dos segundos, que são sempre precedidos comum.
de preposição. Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
eu estava fazendo. homem, mulher, país, cachorro.
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim Estamos voando para Barcelona.
o que eu estava fazendo.
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
Fontes de pesquisa: pécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – aquele
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42. que designa os seres de uma mesma espécie de forma par-
php ticular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Substantivos Concretos e Abstratos
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que
Saraiva, 2010. existe, independentemente de outros seres.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observação: os substantivos concretos designam se-
res do mundo real e do mundo imaginário.
Substantivo
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Substantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, Brasília.
as quais denominam todos os seres que existem, sejam Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e fenôme- ma.
nos, os substantivos também nomeiam:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que enxoval roupas


dependem de outros para se manifestarem ou existirem.
Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode falange soldados, anjos
ser observada. Só podemos observar a beleza numa pes- fauna animais de uma região
soa ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser
feixe lenha, capim
para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um subs-
tantivo abstrato. flora vegetais de uma região
Os substantivos abstratos designam estados, qualida- frota navios mercantes, ônibus
des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
girândola fogos de artifício
abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado),
rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento). horda bandidos, invasores
médicos, bois, credores,
Substantivos Coletivos junta
examinadores

Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, ou- júri jurados
tra abelha, mais outra abelha. legião soldados, anjos, demônios
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
malta malfeitores ou desordeiros
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- manada búfalos, bois, elefantes,
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, matilha cães de raça
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substan- molho chaves, verduras
tivo no singular (enxame) para designar um conjunto de multidão pessoas em geral
seres da mesma espécie (abelhas).
insetos (gafanhotos,
nuvem
mosquitos, etc.)
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
penca bananas, chaves
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, pinacoteca pinturas, quadros
mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres
quadrilha ladrões, bandidos
da mesma espécie.
ramalhete flores
Substantivo coletivo Conjunto de: rebanho ovelhas
assembleia pessoas reunidas repertório peças teatrais, obras musicais
alcateia lobos réstia alhos ou cebolas
acervo livros romanceiro poesias narrativas
antologia trechos literários selecionados revoada pássaros
arquipélago ilhas sínodo párocos
banda músicos talha lenha
bando desordeiros ou malfeitores tropa muares, soldados
banca examinadores turma estudantes, trabalhadores
batalhão soldados vara porcos
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
cancioneiro canções, poesias líricas
colmeia abelhas
concílio bispos
congresso parlamentares, cientistas
elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação dos Substantivos Substantivos Uniformes: apresentam uma única forma,


Substantivos Simples e Compostos que serve tanto para o masculino quanto para o feminino.
Classificam-se em:
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
terra. - Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo se
O substantivo chuva é formado por um único elemento faz mediante a utilização das palavras “macho” e “fêmea”: a
ou radical. É um substantivo simples. cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
- Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes a
Substantivo Simples: é aquele formado por um único pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemunha, a víti-
elemento. ma, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja - Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: in-
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele- dicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o colega e a
colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados
mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo.
em ema ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sis-
tema, o sintoma, o teorema.
Substantivos Primitivos e Derivados
- Existem certos substantivos que, variando de gênero,
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de ne- variam em seu significado:
nhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O subs- o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz)
tantivo limoeiro, por exemplo, é derivado, pois se originou o cabeça (líder) e a cabeça (parte do corpo)
a partir da palavra limão. o capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de ou- o coma (sono mórbido) e a coma (cabeleira, juba)
tra palavra. o lente (professor) e a lente (vidro de aumento)
o moral (estado de espírito) e a moral (ética; conclusão)
Flexão dos substantivos o praça (soldado raso) e a praça (área pública)
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora)
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
exemplo, pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
meninão / Diminutivo: menininho - aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
Flexão de Gênero masculino: freguês - freguesa
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- de três formas:
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito 1- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram 2- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas 3- troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.
* Exceções: barão – baronesa, ladrão- ladra, sultão -
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
sultana
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos
que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja - Substantivos terminados em -or:
estes títulos de filmes: acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
O velho e o mar troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
Um Natal inesquecível
Os reis da praia - Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn-
sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que - duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
A história sem fim - Substantivos que formam o feminino trocando o -e
Uma cidade sem passado final por -a: elefante - elefanta
As tartarugas ninjas
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculi-
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca

Substantivos Biformes (= duas formas): apresentam - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
uma forma para cada gênero: gato – gata, homem – mulher, pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
poeta – poetisa, prefeito - prefeita czar – czarina, réu - ré

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
Epicenos: a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
- São geralmente masculinos os substantivos de ori-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
para indicar o masculino e o feminino. telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
ma, o hematoma.
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
macho e fêmea. * Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. Gênero dos Nomes de Cidades: Com raras exceções,
nomes de cidades são femininos.
Sobrecomuns: A histórica Ouro Preto.
Entregue as crianças à natureza. A dinâmica São Paulo.
A acolhedora Porto Alegre.
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo mas- Uma Londres imensa e triste.
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: Gênero e Significação
A criança chorona chamava-se João.
A criança chorona chamava-se Maria. Muitos substantivos têm uma significação no masculi-
no e outra no feminino. Observe:
Outros substantivos sobrecomuns: o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à
criatura.
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão), a
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
Marcela faleceu baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibi-
ção de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do cor-
Comuns de Dois Gêneros: po), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza
(resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capital (ci-
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? dade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração
A distinção de gênero pode ser feita através da análise da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sacramento
do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti- da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vege-
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran- tação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (documento,
cês - repórter francesa pena grande das asas das aves), o grama (unidade de peso),
a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (re-
- A palavra personagem é usada indistintamente nos cipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
dois gêneros. (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada
bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
os personagens dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini- a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
aceitam a personagem. ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga
(remador), a voga (moda).
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte. Flexão de Número do Substantivo

Observe o gênero dos substantivos seguintes: Em português, há dois números gramaticais: o singular,
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o do plural é o “s” final.
proclama, o pernoite, o púbis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Substantivos Simples - Flexionam-se os dois elementos, quando formados


de:
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon feitos
- cânones. adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
mens
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
em “ns”: homem - homens.
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu- formados de:
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e al-
to-falantes
* Atenção: O plural de caráter é caracteres.
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-re-
cos
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul formados de:
e cônsules. substantivo + preposição clara + substantivo = água-
de-colônia e águas-de-colônia
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de substantivo + preposição oculta + substantivo = cava-
duas maneiras: lo-vapor e cavalos-vapor
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis substantivo + substantivo que funciona como determi-
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do
termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba-re-
Observação: a palavra réptil pode formar seu plural de lógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, peixe-espa-
duas maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). da - peixes-espada.

- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de - Permanecem invariáveis, quando formados de:
duas maneiras: verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
1- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses ca-rolhas
2- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. * Casos Especiais

- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural o louva-a-deus e os louva-a-deus


de três maneiras.
o bem-te-vi e os bem-te-vis
1- substituindo o -ão por -ões: ação - ações
2- substituindo o -ão por -ães: cão - cães o bem-me-quer e os bem-me-queres
3- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos o joão-ninguém e os joões-ninguém.

- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: Plural das Palavras Substantivadas


o látex - os látex.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
Plural dos Substantivos Compostos classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
no plural, as flexões próprias dos substantivos.
- A formação do plural dos substantivos compostos Pese bem os prós e os contras.
depende da forma como são grafados, do tipo de palavras O aluno errou na prova dos noves.
que formam o composto e da relação que estabelecem en- Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
como os substantivos simples: aguardente/aguardentes, gi- * Observação: numerais substantivados terminados
rassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malmeque- em “s” ou “z” não variam no plural: Nas provas mensais con-
res. segui muitos seis e alguns dez.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Diminutivos Singular Plural


Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final Corpo (ô) corpos (ó)
e acrescenta-se o sufixo diminutivo. esforço esforços
fogo fogos
pãe(s) + zinhos = pãezinhos forno fornos
animai(s) + zinhos = animaizinhos fosso fossos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos imposto impostos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos olho olhos
farói(s) + zinhos = faroizinhos osso (ô) ossos (ó)
tren(s) + zinhos = trenzinhos ovo ovos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas poço poços
flore(s) + zinhas = florezinhas porto portos
mão(s) + zinhas = mãozinhas posto postos
papéi(s) + zinhos = papeizinhos tijolo tijolos
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
funi(s) + zinhos = funizinhos Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
pai(s) + zinhos = paizinhos * Observação: distinga-se molho (ô) = caldo (molho
pé(s) + zinhos = pezinhos de carne), de molho (ó) = feixe (molho de lenha).
pé(s) + zitos = pezitos
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
Plural dos Nomes Próprios Personativos
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
sempre que a terminação preste-se à flexão. - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
Os Napoleões também são derrotados. - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
As Raquéis e Esteres. singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade,
bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Plural dos Substantivos Estrangeiros - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas
com sentido de plural:
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es- Aqui morreu muito negro.
critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. improvisadas.

Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor- Flexão de Grau do Substantivo


do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os
jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os ré- Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
quiens. as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:

Observe o exemplo: - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera-


Este jogador faz gols toda vez que joga. do normal. Por exemplo: casa
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
Plural com Mudança de Timbre
do ser. Classifica-se em:
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje-
Certos substantivos formam o plural com mudança de
tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato
fonético chamado metafonia (plural metafônico). Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
cador de aumento. Por exemplo: casarão.

30
LÍNGUA PORTUGUESA

- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho Classificação dos Verbos


do ser. Pode ser:
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo Classificam-se em:
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi- - Regulares: são aqueles que apresentam o radical
cador de diminuição. Por exemplo: casinha. inalterado durante a conjugação e desinências idênticas às
de todos os verbos regulares da mesma conjugação. Por
Fontes de pesquisa: exemplo: comparemos os verbos “cantar” e “falar”, conju-
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php gados no presente do Modo Indicativo:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- canto falo
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: cantas falas
Saraiva, 2010.
canta falas
Verbo cantamos falamos
cantais falais
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, núme-
ro, tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o cantam falam
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre * Dica: Observe que, retirando os radicais, as desi-
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno nências modo-temporal e número-pessoal mantiveram-se
(choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer). idênticas. Tente fazer com outro verbo e perceberá que se
repetirá o fato (desde que o verbo seja da primeira conju-
Estrutura das Formas Verbais gação e regular!). Faça com o verbo “andar”, por exemplo.
Substitua o radical “cant” e coloque o “and” (radical do ver-
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar bo andar). Viu? Fácil!
os seguintes elementos:
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa- - Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera-
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. ções no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse.
(radical fal-) * Observação: alguns verbos sofrem alteração no ra-
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que in- dical apenas para que seja mantida a sonoridade. É o caso
dica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: de: corrigir/corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo.
fala-r. São três as conjugações: Tais alterações não caracterizam irregularidade, porque o
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática - fonema permanece inalterado.
E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
- Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-
signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
gação completa. Os principais são adequar, precaver, com-
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo)
/ falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) putar, reaver, abolir, falir.
- Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
signa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o número (sin- - Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, nor-
gular ou plural): malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam (in- principais verbos impessoais são:
dica a 3.ª pessoa do plural.)
* haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-
* Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados se ou fazer (em orações temporais).
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação, pois a Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia = Exis-
forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar tiam)
de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
formas do verbo: põe, pões, põem, etc. Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
* fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Faz invernos rigorosos na Europa.
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- Era primavera quando o conheci.
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento Estava frio naquele dia.
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, por
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
no radical, mas sim na terminação verbal (fora do radical):
opinei, aprenderão, amaríamos.

31
LÍNGUA PORTUGUESA

* Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qual-
quer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá conjugação
completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

* São impessoais, ainda:


- o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo: Já passa das seis.

- os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição “de”, indicando suficiência:


Basta de tolices.
Chega de promessas.

- os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência a
sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como hipotético,
tornando-se, tais verbos, pessoais.

- o verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?

- Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural. São
unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar,
miar, latir, piar).

* Observação: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

* Observação: todos os sujeitos apontados são oracionais.

- Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que, além
das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é em-
pregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso

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LÍNGUA PORTUGUESA

Eleger Elegido Eleito


Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

* Importante:
- estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escrever/
escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois, fui) e
ir (fui, ia, vades).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das
formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

* Observação: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

33
LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Modo Subjuntivo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo


Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.doPreté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

34
LÍNGUA PORTUGUESA

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo
ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais


Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio
haver haver havendo havido
haveres

haver

havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo


Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

35
LÍNGUA PORTUGUESA

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia refle-
xiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em
geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados,
formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: A garota
penteou-me.

* Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do
sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular

Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro. Existem
três modos:

Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.


Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo,
advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

36
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Infinitivo
1.1-) Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substan-
tivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

1.2-) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

2-) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

* Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1- Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2 – Sim, senhora! Vou estar verificando!

Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.

3-) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o resul-
tado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames, os candidatos
saíram.

Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de
adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)

Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Tempos do Modo Indicativo


- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

2. Tempos do Modo Subjuntivo


- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.

Observação: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou de-
sejo. Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

Observação: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se
ele vier à loja, levará as encomendas.
** Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Modo Indicativo

Presente do Indicativo
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

38
LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

39
LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de nú-
mero e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

40
LÍNGUA PORTUGUESA

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

* Observações:
- o verbo parecer admite duas construções:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

- o verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

41
LÍNGUA PORTUGUESA

fontes de pesquisa: 3-) (POLÍCIA MILITAR/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54. – VUNESP/2014) Considere o trecho a seguir.
php Já __________ alguns anos que estudos a respeito da
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- utilização abusiva dos smartphones estão sendo desen-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. volvidos. Os especialistas acreditam _________ motivos para
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- associar alguns comportamentos dos adolescentes ao uso
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: prolongado desses aparelhos, e _________ alertado os pais
Saraiva, 2010. para que avaliem a necessidade de estabelecer limites aos
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- seus filhos.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res-
pectivamente, com:
Questões sobre Verbo (A) faz … haver … têm
(B) fazem … haver … tem
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – (C) faz … haverem … têm
2014) A assertiva correta quanto à conjugação verbal é: (D) fazem … haverem … têm
A) Houveram eleições em outros países este ano. (E) faz … haverem … tem
B) Se eu vir você por aí, acabou.
C) Tinha chego atrasado vinte minutos. 3-) Já FAZ (sentido de tempo: não sofre flexão) alguns
D) Fazem três anos que não tiro férias. anos que estudos a respeito da utilização abusiva dos
E) Esse homem possue muitos bens. smartphones estão sendo desenvolvidos. Os especialistas
acreditam HAVER (sentido de existir: não varia) motivos
1-) Correções à frente: para associar alguns comportamentos dos adolescentes ao
A) Houveram eleições em outros países este ano = uso prolongado desses aparelhos, e TÊM (concorda com o
houve termo “os especialistas”) alertado os pais para que avaliem
C) Tinha chego atrasado vinte minutos = tinha chegado a necessidade de estabelecer limites aos seus filhos.
D) Fazem três anos que não tiro férias = faz três anos Temos: faz, haver, têm.
RESPOSTA: “A”.
E) Esse homem possue muitos bens = possui
RESPOSTA: “B”.
Vozes do Verbo
2-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a
FE/2014) Complete as lacunas com os verbos, tempos e
ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
modos indicados entre parênteses, fazendo a devida con-
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar
cordância.
que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três
• O juiz agrário ainda não _________ no conflito porque
as vozes verbais:
surgiram fatos novos de ontem para hoje. (intervir - preté-
rito perfeito do indicativo) - Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
• Uns poucos convidados ___________-se com os vídeos ação expressa pelo verbo:
postados no facebook. (entreter - pretérito imperfeito do
indicativo) Ele fez o tra-
• Representantes do PCRT somente serão aceitos na balho.
composição da chapa quando se _________ de criticar a sujeito agente ação objeto
atual diretoria do clube, (abster-se - futuro do subjuntivo) (paciente)
A sequência correta, de cima para baixo, é:
A-) interveio - entretinham - abstiverem - Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a
B-) interviu - entretiveram - absterem ação expressa pelo verbo:
C-) intervém - entreteram - abstêm
D-) interviera - entretêm - abstiverem O trabalho foi feito p o r
E-) intervirá - entretenham - abstiveram ele.
sujeito paciente ação agente
da passiva
2-) O verbo “intervir” deve ser conjugado como o ver-
bo “vir”. Este, no pretérito perfeito do Indicativo fica “veio”, - Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo,
portanto, “interveio” (não existe “interviu”, já que ele não agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
deriva do verbo “ver”). Descartemos a alternativa B. Como
não há outro item com a mesma opção, chegamos à res-
posta rapidamente!
RESPOSTA: “A”.

42
LÍNGUA PORTUGUESA

O menino feriu-se. Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

* Observação: não confundir o emprego reflexivo do Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
verbo com a noção de reciprocidade: tancialmente o sentido da frase.
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro) O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
Formação da Voz Passiva
A apostila foi comprada pelo concurseiro.
A voz passiva pode ser formada por dois processos: (Voz Passiva)
analítico e sintético. Sujeito da Passiva Agente da Passi-
va
1- Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte ma-
neira: Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o
sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ativo
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo: assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os Observe:
alunos pintarão a escola) - Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho) nos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
* Observação: o agente da passiva geralmente é acom- mestres.
panhado da preposição por, mas pode ocorrer a constru-
ção com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada - Eu o acompanharei.
de soldados. Ele será acompanhado por mim.
- Pode acontecer de o agente da passiva não estar ex- * Observação: quando o sujeito da voz ativa for inde-
plícito na frase: A exposição será aberta amanhã. terminado, não haverá complemento agente na passiva.
Por exemplo: Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma-
** Saiba que:
ção das frases seguintes:
- com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
porque o sujeito não pode ser visto como agente, paciente
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per-
ou agente-paciente.
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz
ativa)
Fontes de pesquisa:
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indica- php
tivo) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Questões

2- Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou 1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/GO – ANALISTA JUDICIÁ-
pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, segui- RIO – FGV/2014 - adaptada) A frase “que foi trazida pelo
do do pronome apassivador “se”. Por exemplo: instituto Endeavor” equivale, na voz ativa, a:
Abriram-se as inscrições para o concurso. (A) que o instituto Endeavor traz;
Destruiu-se o velho prédio da escola. (B) que o instituto Endeavor trouxe;
(C) trazida pelo instituto Endeavor;
* Observação: o agente não costuma vir expresso na (D) que é trazida pelo instituto Endeavor;
voz passiva sintética. (E) que traz o instituto Endeavor.

43
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Se na voz passiva temos dois verbos, na ativa tere- Regras ortográficas
mos um: “que o instituto Endeavor trouxe” (manter o tem-
po verbal no pretérito – assim como na passiva). O fonema s
RESPOSTA: “B”.
S e não C/Ç

2-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014 - palavras substantivadas derivadas de verbos com radi-
adaptada) Ao passarmos a frase “...e É CONSIDERADO por cais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender - pretensão /
muitos o maior maratonista de todos os tempos” para a expandir - expansão / ascender - ascensão / inverter - inver-
voz ativa, encontramos a seguinte forma verbal: são / aspergir - aspersão / submergir - submersão / divertir
A) consideravam. - diversão / impelir - impulsivo / compelir - compulsório /
B) consideram. repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
C) considerem. sentir - sensível / consentir – consensual.
D) considerarão.
E) considerariam.
SS e não C e Ç
2-) É CONSIDERADO por muitos o maior maratonista
nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem
de todos os tempos = dois verbos na voz passiva, então na
em gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou
ativa teremos UM: muitos o consideram o maior marato-
nista de todos os tempos. -meter: agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir
RESPOSTA: “B”. - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir -
percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão / com-
prometer - compromisso / submeter – submissão.
3-) (TRT-16ª REGIÃO/MA - ANALISTA JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC/2014) *quando o prefixo termina com vogal que se junta com
Transpondo-se para a voz passiva a frase “vou glosar a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé-
uma observação de Machado de Assis”, a forma verbal re- trico / re + surgir – ressurgir.
sultante deverá ser *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem-
(A) terei glosado plos: ficasse, falasse.
(B) seria glosada
(C) haverá de ser glosada C ou Ç e não S e SS
(D) será glosada
(E) terá sido glosada vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Ju-
3-) “vou glosar uma observação de Machado de Assis” çara, caçula, cachaça, cacique.
– “vou glosar” expressa “glosarei”, então teremos na pas- sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
siva: uma observação de Machado de Assis será glosada uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,
por mim. esperança, carapuça, dentuço.
RESPOSTA: “D”. nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / de-
ter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
após ditongos: foice, coice, traição.
palavras derivadas de outras terminadas em -te, to(r):
ORTOGRAFIA marte - marciano / infrator - infração / absorto – absorção.

O fonema z
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da correta
S e não Z
grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem
ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são
grafados segundo acordos ortográficos. sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês,
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren- freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamor-
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras é fose.
necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções e, formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, qui-
em alguns casos, há necessidade de conhecimento de eti- seste.
mologia (origem da palavra). nomes derivados de verbos com radicais terminados
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
empresa / difundir – difusão.

44
LÍNGUA PORTUGUESA

diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - Lui- CH e não X


sinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi,
verbos derivados de nomes cujo radical termina com mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
“s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar – pesquisar.
As letras “e” e “i”
Z e não S
Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com
sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo: “i”, só o ditongo interno cãibra.
macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza. verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escrevemos com
gem não termine com s): final - finalizar / concreto – con- “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói,
cretizar. possui, contribui.
consoante de ligação se o radical não terminar com “s”:
pé + inho - pezinho / café + al - cafezal * Atenção para as palavras que mudam de sentido
quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (super-
Exceção: lápis + inho – lapisinho. fície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir)
/ emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estân-
O fonema j cia, que anda a pé), pião (brinquedo).

G e não J * Dica:
- Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto-
palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, ges- grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar o
so. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), ela-
estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. borado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra de
terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com pou- referência até mesmo para a criação de dicionários, pois
cas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. traz a grafia atualizada das palavras (sem o significado). Na
Internet, o endereço é www.academia.org.br.
Exceção: pajem.
Informações importantes
terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, - Formas variantes são formas duplas ou múltiplas,
litígio, relógio, refúgio. equivalentes: aluguel/aluguer, relampejar/relampear/re-
verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, lampar/relampadar.
mugir. - Os símbolos das unidades de medida são escritos
depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur- sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar plu-
gir. ral, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, 20km,
depois da letra “a”, desde que não seja radical termina- 120km/h.
do com j: ágil, agente. Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
- Na indicação de horas, minutos e segundos, não deve
J e não G haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, 22h30min,
14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três minutos e trinta e
palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. quatro segundos).
palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, - O símbolo do real antecede o número sem espaço:
manjerona. R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra
palavras terminadas com aje: ultraje. vertical ($).

O fonema ch Fontes de pesquisa:


http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
X e não CH tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
xucro. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, lagar- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
tixa. Saraiva, 2010.
depois de ditongo: frouxo, feixe. Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Exceção: quando a palavra de origem não derive de


outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Hífen ** O hífen é suprimido quando para formar outros ter-


mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para
ligar os elementos de palavras compostas (como ex-presi- Lembrete da Zê!
dente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a verbos Ao separar palavras na translineação (mudança de li-
(ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer a nha), caso a última palavra a ser escrita seja formada por
translineação de palavras, isto é, no fim de uma linha, se- hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei anti
parar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro). -inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na próxima
linha escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas as linhas).
Uso do hífen que continua depois da Reforma Or-
tográfica: Não se emprega o hífen:

1. Em palavras compostas por justaposição que formam 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
para formarem um novo significado: tio-avô, porto-ale- “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antir-
grense, luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda- -fei- religioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia,
ra, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, primeiro-ministro, microrradiografia, etc.
azul-escuro.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora- vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoes-
-menina, erva-doce, feijão-verde. trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoes-
cola, infraestrutura, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
-casado. “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” inicial: de-
sumano, inábil, desabilitar, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o
uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de- segundo elemento começar com “o”: cooperação, coobriga-
meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará. ção, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc.

5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis-
históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, ta, etc.
etc.
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- to, benquerer, benquerido, etc.
per- quando associados com outro termo que é iniciado
por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc. - Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas corres-
pondentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado,
ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. pressuposto, propor.
- Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. -humano, super-realista, alto-mar.
- Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra- antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, Fontes de pesquisa:
geo--história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
super-homem. tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
termina com a mesma vogal do segundo elemento: micro
-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões Armandinho, personagem do cartunista Alexandre


Beck, sabe perfeitamente empregar os parônimos “cestas”
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) “sestas” e “sextas”. Quanto ao emprego de parônimos, da-
De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que das as frases abaixo,
todas as palavras estão corretas: I. O cidadão se dirigia para sua _____________ eleitoral.
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial. II. A zona eleitoral ficava ___________ 200 metros de um
B) supracitado – semi-novo – telesserviço. posto policial.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som. III. O condutor do automóvel __________ a lei seca.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto. IV. Foi encontrada uma __________ soma de dinheiro no
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor. carro.
V. O policial anunciou o __________ delito.
1-) Correção:
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta Assinale a alternativa cujos vocábulos preenchem cor-
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo retamente as lacunas das frases.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi- A) seção, acerca de, infligiu, vultosa, fragrante.
droelétrica, ultrassom B) seção, acerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto C) sessão, a cerca de, infringiu, vultosa, fragrante.
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraes- D) seção, a cerca de, infringiu, vultosa, flagrante.
trutura E) sessão, a cerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
RESPOSTA: “A”.
3-) Questão que envolve ortografia.
I. O cidadão se dirigia para sua SEÇÃO eleitoral. (setor)
2-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) II. A zona eleitoral ficava A CERCA DE 200 metros de um
De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que
posto policial. (= aproximadamente)
todas as palavras estão corretas:
III. O condutor do automóvel INFRINGIU a lei seca. (re-
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.
lacione com infrator)
B) supracitado – semi-novo – telesserviço.
IV. Foi encontrada uma VULTOSA soma de dinheiro no
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
carro. (de grande vulto, volumoso)
D) contrarregra – autopista – semi-aberto.
V. O policial anunciou o FLAGRANTE delito. (relacione
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.
com “pego no flagra”)
2-) Correção: Seção / a cerca de / infringiu / vultosa / flagrante
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta RESPOSTA: “D”.
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi-
droelétrica, ultrassom
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto ACENTUAÇÃO
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraes-
trutura
RESPOSTA: “A”.
Quanto à acentuação, observamos que algumas pala-
vras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora se
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. Por
UFAL/2014) isso, vamos às regras!

Regras básicas – Acentuação tônica

A acentuação tônica está relacionada à intensidade


com que são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela
que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se como sí-
laba tônica. As demais, como são pronunciadas com menos
intensidade, são denominadas de átonas.
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifica-
das como:
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
a última sílaba. Ex.: café – coração – Belém – atum – caju –
papel

Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai


na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – sapato
– passível

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LÍNGUA PORTUGUESA

Proparoxítonas - São aquelas cuja sílaba tônica está ** Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos abertos esti-
na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano verem em uma palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu)
– médico – ônibus ainda são acentuados: dói, escarcéu.

Há vocábulos que possuem mais de uma sílaba, mas Antes Agora


em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente:
são os chamados monossílabos. assembléia assembleia
idéia ideia
Os acentos
geléia geleia
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e “i”, jibóia jiboia
“u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras represen- apóia (verbo apoiar) apoia
tam as vogais tônicas de palavras como pá, caí, público.
paranóico paranoico
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre
aberto: herói – médico – céu (ditongos abertos).
Acento Diferencial
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”,
“e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: tâma-
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
ra – Atlântico – pêsames – supôs .
acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a”
diferenciar classes gramaticais entre determinadas palavras
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
e/ou tempos verbais. Por exemplo:
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmen-
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito perfeito
te abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em
de Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do Indica-
palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: mülle-
tivo do mesmo verbo).
riano (de Müller)
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vo-
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
gais nasais: oração – melão – órgão – ímã
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
Regras fundamentais
Os demais casos de acento diferencial não são mais
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti-
Palavras oxítonas:
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes gramati-
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”,
cais são definidos pelo contexto.
“o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – ci-
Polícia para o trânsito para realizar blitz. = o primeiro
pó(s) – Belém.
“para” é verbo; o segundo, preposição (com relação de fi-
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
nalidade).
- Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
** Quando, na frase, der para substituir o “por” por
guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
“colocar”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto:
- Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
“pôr”; nos outros casos, “por” preposição. Ex: Faço isso por
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
você. / Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
Paroxítonas:
Regra do Hiato:
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
- i, is: táxi – lápis – júri
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, for a se-
- us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
gunda vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
- l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
acento. Ex.: saída – faísca – baú – país – Luís
fórceps
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan-
- ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, Lu-iz,
- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
sa-ir, ju-iz
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
verem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
** Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Re-
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
pare que esta palavra apresenta as terminações das paro-
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
xítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM =
fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização!
Observação importante:
Regras especiais:
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxítonas):
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
palavras paroxítonas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Antes Agora Questões

bocaiúva bocaiuva 1-) (PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP – AUDITOR FISCAL


feiúra feiura TRIBUTÁRIO MUNICIPAL – CETRO/2014 - adaptada) Assi-
nale a alternativa que contém duas palavras acentuadas
Sauípe Sauipe
conforme a mesma regra.
(A) “Hambúrgueres” e “repórter”.
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
(B) “Inacreditáveis” e “repórter”.
abolido:
(C) “Índice” e “dólares”.
(D) “Inacreditáveis” e “atribuídos”.
Antes Agora (E) “Atribuídos” e “índice”.
crêem creem
1-)
lêem leem
(A) “Hambúrgueres” = proparoxítona / “repórter” = pa-
vôo voo roxítona
enjôo enjoo (B) “Inacreditáveis” = paroxítona / “repórter” = paro-
xítona
** Dica: Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos (C) “Índice” = proparoxítona / “dólares” = proparoxí-
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais tona
acento como antes: CRER, DAR, LER e VER. (D) “Inacreditáveis” = paroxítona / “atribuídos” = regra
Repare: do hiato
1-) O menino crê em você. / Os meninos creem em você. (E) “Atribuídos” = regra do hiato / “índice” = proparo-
2-) Elza lê bem! / Todas leem bem! xítona
3-) Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que RESPOSTA: “B”.
os garotos deem o recado!
4-) Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! 2-) (SEFAZ/RS – AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm à – FUNDATEC/2014 - adaptada)
tarde! Analise as afirmações que são feitas sobre acentuação
As formas verbais que possuíam o acento tônico na gráfica.
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
“e” ou “i” não serão mais acentuadas: seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
portuguesa.
II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
Antes Depois rios’ e ‘país’ não é a mesma.
apazigúe (apaziguar) apazigue III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente.
averigúe (averiguar) averigue IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em si-
tuação de uso, quanto à flexão de número.
argúi (arguir) argui Quais estão corretas?
A) Apenas I e III.
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pessoa B) Apenas II e IV.
do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo C) Apenas I, II e IV.
vir) D) Apenas II, III e IV.
E) I, II, III e IV.
A regra prevalece também para os verbos conter, obter,
reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele obtém – eles 2-)
obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém – eles convêm. I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
Fontes de pesquisa: portuguesa = teremos “transito” e “especifico” – serão ver-
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao. bos (correta)
htm II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- rios’ e ‘país’ não é a mesma = vários é paroxítona terminada
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. em ditongo; país é a regra do hiato (correta)
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente = há um
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: hiato, por isso a acentuação (da - í) = incorreta.
Saraiva, 2010. IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em
situação de uso, quanto à flexão de número = “vêm” é uti-
lizado para a terceira pessoa do plural (correta)
RESPOSTA: “C”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Dois pontos (:)


PONTUAÇÃO
1- Antes de uma citação
Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que 2- Antes de um aposto


servem para compor a coesão e a coerência textual, além Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. tarde e calor à noite.
Um texto escrito adquire diferentes significados quando
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação 3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
depende, em certos momentos, da intenção do autor do Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente a rotina de sempre.
relacionados ao contexto e ao interlocutor.
4- Em frases de estilo direto
Principais funções dos sinais de pontuação
Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?
Ponto (.)

1- Indica o término do discurso ou de parte dele, en- Ponto de Exclamação (!)


cerrando o período.
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
2- Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com- susto, súplica, etc.
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final de pe- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
ríodo, este não receberá outro ponto; neste caso, o ponto
de abreviatura marca, também, o fim de período. Exemplo: 2- Depois de interjeições ou vocativos
Estudei português, matemática, constitucional, etc. (e não Ai! Que susto!
“etc..”) João! Há quanto tempo!

3- Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do Ponto de Interrogação (?)


ponto, assim como após o nome do autor de uma citação:
Haverá eleições em outubro Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
Mendes de Almeida) (ou: Almeida.) vedo)

4- Os números que identificam o ano não utilizam pon- Reticências (...)


to nem devem ter espaço a separá-los, bem como os nú-
meros de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250. 1- Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis,
canetas, cadernos...
Ponto e Vírgula ( ; )
2- Indica interrupção violenta da frase.
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos
dão pelo pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
pão a vida; os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...”
mal... pega doutor?
(VIEIRA)

2- Separa partes de frases que já estão separadas por 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa,
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, mon- depois, o coração falar...
tanhas, frio e cobertor.
Vírgula (,)
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
tivos, decreto de lei, etc. Não se usa vírgula
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola; * separando termos que, do ponto de vista sintático,
Caminhada na praia; ligam-se diretamente entre si:
Reunião com amigos. - entre sujeito e predicado:
Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado

50
LÍNGUA PORTUGUESA

- entre o verbo e seus objetos: Fontes de pesquisa:


O trabalho custou sacrifício aos http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
realizadores. http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgu-
V.T.D.I. O.D. O.I. la.htm
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere-
Usa-se a vírgula: ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Para marcar intercalação: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun- coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
dância, vem caindo de preço.
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão Questões
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús- 1-) (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014)
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não
querem abrir mão dos lucros altos.

- Para marcar inversão:


a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fe-
chadas.
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
maio de 1982.

- Para separar entre si elementos coordenados (dis-


postos em enumeração):
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

- Para marcar elipse (omissão) do verbo:


Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.

- Para isolar: (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014) Se-


- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasilei- gundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pontuação
ra, possui um trânsito caótico. está correta em:
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. A) Hagar disse, que não iria.
B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir, bi-
Observações: fes e lagostas, aos vizinhos.
- Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres- C) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas:
são latina et cetera, que significa “e outras coisas”, seria dis- para Hagar e Helga
pensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo D) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse, Ha-
ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc. gar à Helga.
precedido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc. E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pe-
los Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
- As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
binados o ponto de interrogação e o de exclamação: Você 1-) Correções realizadas:
falou isso para ela?! A) Hagar disse que não iria. = não há vírgula entre ver-
bo e seu complemento (objeto)
- Temos, ainda, sinais distintivos: B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir bi-
1-) a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa- fes e lagostas aos vizinhos. = não há vírgula entre verbo e
ração de siglas (IOF/UPC); seu complemento (objeto)
2-) os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas C) Chegou o convite dos Stevensens: bife e lagostas
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira opção para Hagar e Helga.
aos parênteses, principalmente na matemática; D) “Eles são chatos e nunca param de falar”, disse Ha-
3-) o asterisco ( * ) = usado para remeter o leitor a gar à Helga.
uma nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir um E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pe-
nome que não se quer mencionar. los Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
RESPOSTA: “E”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO TRA- Concordância Verbal


BALHO – CESPE/2014 - adaptada)
A correção gramatical do trecho “Entre as bebidas al- É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
coólicas, cervejas e vinhos são as mais comuns em todo seu sujeito.
o mundo” seria prejudicada, caso se inserisse uma vírgula
logo após a palavra “vinhos”. a) Sujeito Simples - Regra Geral
( ) CERTO ( ) ERRADO O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
em número e pessoa. Veja os exemplos:
2-) Não se deve colocar vírgula entre sujeito e predi- A prova para ambos os cargos será aplicada
cado, a não ser que se trate de um aposto (1), predicativo às 13h.
do sujeito (2), ou algum termo que requeira estar separado 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
entre pontuações. Exemplos:
O Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa! Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
Os meninos, ansiosos (2), chegaram! 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
RESPOSTA: “CERTO”.
Casos Particulares
3-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014) Em
apenas uma das opções a vírgula foi corretamente empre- 1) Quando o sujeito é formado por uma expressão par-
gada. Assinale-a. titiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas. um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas per- no singular ou no plural.
plexas. A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram
fundamental. proposta.
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque-
na parte do território. Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vânda-
3-) los destruiu / destruíram o monumento.
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. = correta
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas = não se Observação: nesses casos, o uso do verbo no singular
separa sujeito do predicado (o sujeito está no final). enfatiza a unidade do conjunto; já a forma plural confere
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas per- destaque aos elementos que formam esse conjunto.
plexas = não se separa sujeito do predicado.
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e fun- 2) Quando o sujeito é formado por expressão que in-
damental = não se separa sujeito do predicado. dica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de,
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque- perto de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo con-
na parte do território. = não se separa sujeito do predicado corda com o substantivo.
RESPOSTA: “A”. Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas
Olimpíadas.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
Observação: quando a expressão “mais de um” asso-
ciar-se a verbos que exprimem reciprocidade, o plural é
obrigatório: Mais de um colega se ofenderam na discussão.
Os concurseiros estão apreensivos. (ofenderam um ao outro)
Concurseiros apreensivos.
3) Quando se trata de nomes que só existem no plu-
No primeiro exemplo, o verbo estar encontra-se na ral, a concordância deve ser feita levando-se em conta a
terceira pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve
os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo “apreen- ficar no singular; com artigo no plural, o verbo deve ficar
sivos” está concordando em gênero (masculino) e núme- o plural.
ro (plural) com o substantivo a que se refere: concurseiros. Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, número e gê- Estados Unidos possui grandes universidades.
nero correspondem-se. Alagoas impressiona pela beleza das praias.
A correspondência de flexão entre dois termos é a con- As Minas Gerais são inesquecíveis.
cordância, que pode ser verbal ou nominal. Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.

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LÍNGUA PORTUGUESA

4) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou *Quando “um dos que” vem entremeada de substanti-
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos, vo, o verbo pode:
quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de vós”, o verbo a) ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa
pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pes- o Estado de São Paulo. ( já que não há outro rio que faça o
soa do plural) ou com o pronome pessoal. mesmo).
Quais de nós são / somos capazes? b) ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? poluídos (noção de que existem outros rios na mesma con-
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- dição).
vadoras.
8) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
Observação: veja que a opção por uma ou outra forma verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém Vossa Excelência está cansado?
diz ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- Vossas Excelências renunciarão?
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não
ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e 9) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de
nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. acordo com o numeral.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver Deu uma hora no relógio da sala.
no singular, o verbo ficará no singular. Deram cinco horas no relógio da sala.
Qual de nós é capaz? Soam dezenove horas no relógio da praça.
Algum de vós fez isso. Baterão doze horas daqui a pouco.

5) Quando o sujeito é formado por uma expressão que Observação: caso o sujeito da oração seja a palavra re-
indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo deve lógio, sino, torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
concordar com o substantivo. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
25% do orçamento do país será destinado à Educação. Soa quinze horas o relógio da matriz.
85% dos entrevistados não aprovam a administração do
prefeito. 10) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
1% do eleitorado aceita a mudança. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do singular. São
1% dos alunos faltaram à prova. verbos impessoais: Haver no sentido de existir; Fazer indi-
cando tempo; Aqueles que indicam fenômenos da nature-
Quando a expressão que indica porcentagem não é za. Exemplos:
seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o nú- Havia muitas garotas na festa.
mero. Faz dois meses que não vejo meu pai.
25% querem a mudança. Chovia ontem à tarde.
1% conhece o assunto.
b) Sujeito Composto
Se o número percentual estiver determinado por artigo
ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á com eles: 1) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo,
Os 30% da produção de soja serão exportados. a concordância se faz no plural:
Esses 2% da prova serão questionados. Pai e filho conversavam longamente.
Sujeito
6) O pronome “que” não interfere na concordância; já o
“quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do singular. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Fui eu que paguei a conta. Sujeito
Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida. 2) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gra-
Sou eu quem faz a prova. maticais diferentes, a concordância ocorre da seguinte ma-
Não serão eles quem será aprovado. neira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece sobre a
segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece sobre a
7) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu- terceira (eles). Veja:
mir a forma plural. Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- Primeira Pessoa do Plural (Nós)
taram os poetas.
Este candidato é um dos que mais estudaram! Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)
Se a expressão for de sentido contrário – nenhum dos
que, nem um dos que -, não aceita o verbo no singular: Pais e filhos precisam respeitar-se.
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Terceira Pessoa do Plural (Eles)
Nem uma das que me escreveram mora aqui.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observação: quando o sujeito é composto, formado 5) Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”,
por um elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos recebem um
(ele), é possível empregar o verbo na terceira pessoa do mesmo grau de importância e a palavra “com” tem sentido
plural (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no muito próximo ao de “e”.
lugar de “tomaríeis”. O pai com o filho montaram o brinquedo.
O governador com o secretariado traçaram os planos
3) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, para o próximo semestre.
passa a existir uma nova possibilidade de concordância: em O professor com o aluno questionaram as regras.
vez de concordar no plural com a totalidade do sujeito, o
verbo pode estabelecer concordância com o núcleo do su- Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a
jeito mais próximo. ideia é enfatizar o primeiro elemento.
Faltaram coragem e competência. O pai com o filho montou o brinquedo.
Faltou coragem e competência. O governador com o secretariado traçou os planos para
o próximo semestre.
Compareceram todos os candidatos e o banca.
O professor com o aluno questionou as regras.
Compareceu o banca e todos os candidatos.
Observação: com o verbo no singular, não se pode
4) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordân-
falar em sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez
cia é feita no plural. Observe: que as expressões “com o filho” e “com o secretariado” são
Abraçaram-se vencedor e vencido. adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é como se
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. houvesse uma inversão da ordem. Veja:
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
Casos Particulares “O governador traçou os planos para o próximo semes-
tre com o secretariado.”
1) Quando o sujeito composto é formado por núcleos “O professor questionou as regras com o aluno.”
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no singular.
Descaso e desprezo marca seu comportamento. *Casos em que se usa o verbo no singular:
A coragem e o destemor fez dele um herói. Café com leite é uma delícia!
O frango com quiabo foi receita da vovó.
2) Quando o sujeito composto é formado por núcleos
dispostos em gradação, verbo no singular: 6) Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segun- pressões correlativas como: “não só...mas ainda”, “não so-
do me satisfaz. mente”..., “não apenas...mas também”, “tanto...quanto”, o
verbo ficará no plural.
3) Quando os núcleos do sujeito composto são unidos Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de acor- Nordeste.
do com o valor semântico das conjunções: Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a no-
Drummond ou Bandeira representam a essência da poe- tícia.
sia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. 7) Quando os elementos de um sujeito composto são
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância é
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi- feita com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
ção”. Já em:
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
Juca ou Pedro será contratado.
na vida das pessoas.
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim-
píada.
Outros Casos
* Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam no 1) O Verbo e a Palavra “SE”
singular. Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas
de particular interesse para a concordância verbal:
4) Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem a) quando é índice de indeterminação do sujeito;
outro”, a concordância costuma ser feita no singular. b) quando é partícula apassivadora.
Um ou outro compareceu à festa. Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
Nem um nem outro saiu do colégio. acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e
de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na ter-
Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou no ceira pessoa do singular:
singular: Um e outro farão/fará a prova. Precisa-se de funcionários.
Confia-se em teses absurdas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver- c) Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade e
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos for seguido de palavras ou expressões como pouco, muito,
(VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no singular:
verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos: Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Construiu-se um posto de saúde. Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Construíram-se novos postos de saúde. Duas semanas de férias é muito para mim.
Aqui não se cometem equívocos
Alugam-se casas. d) Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
for pronome pessoal do caso reto, com este concordará o
** Dica: Para saber se o “se” é partícula apassivadora verbo.
ou índice de indeterminação do sujeito, tente transformar No meu setor, eu sou a única mulher.
a frase para a voz passiva. Se a frase construída for “com- Aqui os adultos somos nós.
preensível”, estaremos diante de uma partícula apassivado-
ra; se não, o “se” será índice de indeterminação. Veja: Observação: sendo ambos os termos (sujeito e pre-
Precisa-se de funcionários qualificados. dicativo) representados por pronomes pessoais, o verbo
Tentemos a voz passiva: concorda com o pronome sujeito.
Funcionários qualificados são precisados (ou precisos)? Eu não sou ela.
Não há lógica. Portanto, o “se” destacado é índice de inde- Ela não é eu.
terminação do sujeito.
Agora: e) Quando o sujeito for uma expressão de sentido par-
Vendem-se casas. titivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção correta! SER concordará com o predicativo.
Então, aqui, o “se” é partícula apassivadora. (Dá para eu A grande maioria no protesto eram jovens.
passar para a voz passiva. Repare em meu destaque. Per- O resto foram atitudes imaturas.
cebeu semelhança? Agora é só memorizar!).
2) O Verbo “Ser” 3) O Verbo “Parecer”
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias:
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- a) Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.
sujeito.
b) A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo
Quando o sujeito ou o predicativo for: sofre flexão:
As crianças parece gostarem do desenho.
a)Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho as
concorda com a pessoa gramatical: crianças)
Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas. Atenção: Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
A esperança dos pais são eles, os filhos. CER fica no singular. Por Exemplo: As paredes parece que
têm ouvidos. (Parece que as paredes têm ouvidos = oração
b)nome de coisa e um estiver no singular e o outro no subordinada substantiva subjetiva).
plural, o verbo SER concordará, preferencialmente, com o
que estiver no plural: Concordância Nominal
Os livros são minha paixão!
Minha paixão são os livros! A concordância nominal se baseia na relação entre
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
Quando o verbo SER indicar ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
a) horas e distâncias, concordará com a expressão normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um
numérica: termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
É uma hora. A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
São quatro horas. seguintes regras gerais:
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilôme- 1) O adjetivo concorda em gênero e número quando
tros. se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas denun-
ciavam o que sentia.
b) datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
estar expressa ou subentendida: 2) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a
Hoje é dia 26 de agosto. concordância pode variar. Podemos sistematizar essa fle-
Hoje são 26 de agosto. xão nos seguintes casos:

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LÍNGUA PORTUGUESA

a) Adjetivo anteposto aos substantivos: ** Dica: Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se
- O adjetivo concorda em gênero e número com o a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se de advérbio,
substantivo mais próximo. portanto, invariável; se houver coerência com o segundo,
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. função de adjetivo, então varia:
Encontramos caída a roupa e os prendedores. Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
Encontramos caído o prendedor e a roupa. Ele está só descansando. (apenas descansando) - ad-
vérbio
- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de pa-
rentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. ** Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. “só”, haverá, novamente, um adjetivo:
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. Ele está só, descansando. (ele está sozinho e descansan-
do)
b) Adjetivo posposto aos substantivos: 7) Quando um único substantivo é modificado por dois
- O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as cons-
ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural se truções:
houver substantivo feminino e masculino). a) O substantivo permanece no singular e coloca-se o
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura espanhola
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. e a portuguesa.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e portu-
Observação: os dois últimos exemplos apresentam guesa.
maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente se
refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi Casos Particulares
flexionado no plural masculino, que é o gênero predomi-
nante quando há substantivos de gêneros diferentes. É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
mitido
- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
jetivo fica no singular ou plural. a) Estas expressões, formadas por um verbo mais um
A beleza e a inteligência feminina(s). adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se referem
O carro e o iate novo(s). possuir sentido genérico (não vier precedido de artigo).
É proibido entrada de crianças.
3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: Em certos momentos, é necessário atenção.
a) O adjetivo fica no masculino singular, se o substan- No verão, melancia é bom.
tivo não for acompanhado de nenhum modificador: Água É preciso cidadania.
é bom para saúde. Não é permitido saída pelas portas laterais.

b) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for b) Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
modificado por um artigo ou qualquer outro determinati- minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o verbo
vo: Esta água é boa para saúde. como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças.
4) O adjetivo concorda em gênero e número com os Esta salada é ótima.
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encontrou-as A educação é necessária.
muito felizes. São precisas várias medidas na educação.

5) Nas expressões formadas por pronome indefinido Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Qui-
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + te
adjetivo, este último geralmente é usado no masculino sin-
gular: Os jovens tinham algo de misterioso. Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
6) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem fun- Seguem anexas as documentações requeridas.
ção adjetiva e concorda normalmente com o nome a que A menina agradeceu: - Muito obrigada.
se refere: Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Cristina saiu só. Seguem inclusos os papéis solicitados.
Cristina e Débora saíram sós. Estamos quites com nossos credores.

Observação: quando a palavra “só” equivale a “somen-


te” ou “apenas”, tem função adverbial, ficando, portanto,
invariável: Eles só desejam ganhar presentes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Bastante - Caro - Barato - Longe Questões

Estas palavras são invariáveis quando funcionam como 1-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA
advérbios. Concordam com o nome a que se referem quan- E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO ADMINIS-
do funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos, ou nu- TRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa Excelência deve estar
merais. satisfeita com os resultados das negociações”, o adjetivo
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) estará corretamente empregado se dirigido a ministro de
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (pro- Estado do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve
nome adjetivo) concordar com a locução pronominal de tratamento “Vossa
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) Excelência”.
As casas estão caras. (adjetivo) ( ) CERTO ( ) ERRADO
Achei barato este casaco. (advérbio)
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) 1-) Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femi-
nino (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo
Meio - Meia masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O
pronome de tratamento é apenas a maneira de como tratar
a) A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, a autoridade, não concordando com o gênero (o pronome
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi de tratamento, apenas).
meia porção de polentas. RESPOSTA: “ERRADO”.
b) Quando empregada como advérbio permanece in- 2-) (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO
variável: A candidata está meio nervosa. RESERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR - IA-
DES/2014 - adaptada) Se, no lugar dos verbos destacados
** Dica! Dá para eu substituir por “um pouco”, assim no verso “Escolho os filmes que eu não vejo no elevador”,
saberei que se trata de um advérbio, não de adjetivo: “A
fossem empregados, respectivamente, Esquecer e gostar, a
candidata está um pouco nervosa”.
nova redação, de acordo com as regras sobre regência ver-
bal e concordância nominal prescritas pela norma-padrão,
Alerta - Menos
deveria ser
(A) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador.
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
(B) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador.
sempre invariáveis.
(C) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no eleva-
Os concurseiros estão sempre alerta.
dor.
Não queira menos matéria!
(D) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no eleva-
* Tome nota! dor.
Não variam os substantivos que funcionam como ad- (E) Esqueço os filmes dos quais não gosto no elevador.
jetivos:
Bomba – notícias bomba 2-) O verbo “esquecer” pede objeto direto; “gostar”, in-
Chave – elementos chave direto (com preposição): Esqueço os filmes dos quais não
Monstro – construções monstro gosto.
Padrão – escola padrão RESPOSTA: “E”.

Fontes de pesquisa: 3-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) Considerada a


http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49. substituição do segmento grifado pelo que está entre pa-
php rênteses ao final da transcrição, o verbo que deverá perma-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- necer no singular está em:
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: (A) ... disse o pesquisador à Folha de S. Paulo. (os pes-
Saraiva, 2010. quisadores)
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- (B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu para a
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. ruína dessa sociedade... (as mudanças do clima)
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- (C) No sistema havia também uma estação... (várias es-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. tações)
(D) ... a civilização maia da América Central tinha um
método sustentável de gerenciamento da água. (os povos
que habitavam a América Central)
(E) Um estudo publicado recentemente mostra que a
civilização maia... (Estudos como o que acabou de ser pu-
blicado).

57
LÍNGUA PORTUGUESA

3-) 1-) Verbos Intransitivos


(A) ... disse (disseram) (os pesquisadores)
(B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu (con- Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
tribuíram) (as mudanças do clima) importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
(C) No sistema havia (várias estações) = permanecerá aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
no singular - Chegar, Ir
(D) ... a civilização maia da América Central tinha (ti- Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
nham) (os povos que habitavam a América Central) biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
(E) Um estudo publicado recentemente mostra (mos- indicar destino ou direção são: a, para.
tram) (Estudos como o que acabou de ser publicado). Fui ao teatro.
RESPOSTA: “C”. Adjunto Adverbial de Lugar

Ricardo foi para a Espanha.


Adjunto Adverbial de Lugar
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
- Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por
em ou a.
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome último jogo.
(regência nominal) e seus complementos.
2-) Verbos Transitivos Diretos
Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
Os verbos transitivos diretos são complementados por
A regência verbal estuda a relação que se estabelece objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
entre os verbos e os termos que os complementam (obje- para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre-
tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos gar esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos
adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma regência, o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes
o que corresponde à diversidade de significados que estes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas ver-
verbos podem adquirir dependendo do contexto em que bais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após
forem empregados. formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, con- lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
tentar. São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar agra- donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
do ou prazer”, satisfazer. admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar,
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra- castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, defender,
dar a alguém”. eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Saiba que: Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
O conhecimento do uso adequado das preposições é como o verbo amar:
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver- Amo aquele rapaz. / Amo-o.
bal (e também nominal). As preposições são capazes de Amo aquela moça. / Amo-a.
modificar completamente o sentido daquilo que está sen- Amam aquele rapaz. / Amam-no.
do dito. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Observação: os pronomes lhe, lhes só acompanham
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- esses verbos para indicar posse (caso em que atuam como
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. adjuntos adnominais):
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
A voluntária distribuía leite às crianças. Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
A voluntária distribuía leite com as crianças. reira)
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (obje- mor)
to indireto: às crianças); na segunda, como transitivo direto
(objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto adverbial). 3-) Verbos Transitivos Indiretos

Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos Os verbos transitivos indiretos são complementados
de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes gem uma preposição para o estabelecimento da relação de
formas em frases distintas. regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter-

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LÍNGUA PORTUGUESA

ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são Informar
o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re- Informe os novos preços aos clientes.
presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos preços)
lhe, lhes.
- Na utilização de pronomes como complementos, veja
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: as construções:
- Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
iguais para todos.
bre eles)
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complemen-
Observação: a mesma regência do verbo informar é
tos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientifi-
Eles desobedeceram às leis do trânsito. car, prevenir.

- Responder - Tem complemento introduzido pela pre- Comparar


posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
quem” ou “ao que” se responde. preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
Respondi ao meu patrão. indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de
Respondemos às perguntas. uma criança.
Respondeu-lhe à altura.
Pedir
Observação: o verbo responder, apesar de transitivo Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na
indireto quando exprime aquilo a que se responde, admite forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
voz passiva analítica: pessoa.
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamen- Pedi-lhe favores.
te.
Objeto Indireto Objeto Direto
- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
tos introduzidos pela preposição “com”.
Antipatizo com aquela apresentadora. Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
Simpatizo com os que condenam os políticos que gover- tantiva Objetiva Direta
nam para uma minoria privilegiada.
Saiba que:
4-) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos - A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa- culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra
nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta- licença estiver subentendida.
que, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São verbos Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto
indireto relacionado a pessoas. Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
uma oração subordinada adverbial final reduzida de infiniti-
Agradeço aos ouvintes a audiência. vo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Objeto Indireto Objeto Direto
Preferir
Paguei o débito ao cobrador.
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in-
Objeto Direto Objeto Indireto
direto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
com particular cuidado: Prefiro trem a ônibus.
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Observação: na língua culta, o verbo “preferir” deve
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. ser usado sem termos intensificadores, tais como: muito,
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. antes, mil vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é
Paguei minhas contas. / Paguei-as. dada pelo prefixo existente no próprio verbo (pre).
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Mudança de Transitividade - Mudança de Signifi- CHAMAR


cado - Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
solicitar a atenção ou a presença de.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi- Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha-
dade, apresentam mudança de significado. O conhecimen- má-la.
to das diferentes regências desses verbos é um recurso lin- Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
guístico muito importante, pois além de permitir a correta
interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades - Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predi-
estão: cativo preposicionado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário.
AGRADAR A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
nhos, acariciar, fazer as vontades de.
Sempre agrada o filho quando.
- Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
Aquele comerciante agrada os clientes.
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar CUSTAR
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento in- - Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
troduzido pela preposição “a”. valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial:
O cantor não agradou aos presentes. Frutas e verduras não deveriam custar muito.
O cantor não lhes agradou.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
*O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto: ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração re-
O cantor desagradou à plateia. duzida de infinitivo.

ASPIRAR Muito custa viver tão longe da família.


- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi- Verbo Intransitivo Oração Subordinada
rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter Custou-me (a mim) crer nisso.
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspi- Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
rávamos a ele) tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

* Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes- *A Gramática Normativa condena as construções que
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. pessoa: Custei para entender o problema. = Forma
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= As- correta: Custou-me entender o problema.
piravam a ela)
IMPLICAR
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
ASSISTIR
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
implicavam um firme propósito.
tar assistência a, auxiliar.
b) ter como consequência, trazer como consequência,
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
- Como transitivo direto e indireto, significa compro-
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
ciar, estar presente, caber, pertencer. econômicas.
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões. * No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
Essa lei assiste ao inquilino. indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
não trabalhasse arduamente.
*No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de NAMORAR
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa - Sempre transitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
conturbada cidade. anos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

OBEDECER - DESOBEDECER Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-


- Sempre transitivo indireto: brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
Todos obedeceram às regras. alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
Ninguém desobedece às leis. gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de
*Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
“lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas. Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
PROCEDER Não lhe lembram os bons momentos da infância? (=
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter momentos é sujeito)
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto SIMPATIZAR - ANTIPATIZAR
adverbial de modo. - São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
As afirmações da testemunha procediam, não havia Não simpatizei com os jurados.
como refutá-las. Simpatizei com os alunos.
Você procede muito mal.
Importante: A norma culta exige que os verbos e ex-
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo- pressões que dão ideia de movimento sejam usados com
sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido a preposição “a”:
pela preposição “a”) é transitivo indireto. Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
O avião procede de Maceió. Cláudia desceu ao segundo andar.
Procedeu-se aos exames. Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.
O delegado procederá ao inquérito.
Regência Nominal
QUERER
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter É o nome da relação existente entre um nome (subs-
vontade de, cobiçar. tantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
Querem melhor atendimento. nome. Essa relação é sempre intermediada por uma prepo-
Queremos um país melhor. sição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo
- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
estimar, amar: Quero muito aos meus amigos. um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos
nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
VISAR nomes correspondentes: todos regem complementos in-
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi- troduzidos pela preposição a. Veja:
rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo. Obedecer a algo/ a alguém.
O gerente não quis visar o cheque. Obediente a algo/ a alguém.

- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como Se uma oração completar o sentido de um nome, ou
objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”. seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
O ensino deve sempre visar ao progresso social. completiva nominal (subordinada substantiva).
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
público.

ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi-
nal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,


exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e
exigem complemento com a preposição “de”. São, portan-
to, transitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: para-
lela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Questões

1-) (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUNCAB/2014) Assinale a alternativa em que a frase segue a norma culta da
língua quanto à regência verbal.
A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir.
B) Eu esqueci do seu nome.
C) Você assistiu à cena toda?
D) Ele chegou na oficina pela manhã.
E) Sempre obedeço as leis de trânsito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo


A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir. = prefiro viajar (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
de ônibus a dirigir sujeito e predicado.
B) Eu esqueci do seu nome. = Eu me esqueci do seu O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
nome em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o
C) Você assistiu à cena toda? = correta tema do que se vai comunicar”; o predicado é a parte da
D) Ele chegou na oficina pela manhã. = Ele chegou à frase que contém “a informação nova para o ouvinte”, é o
oficina pela manhã que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, constituindo
E) Sempre obedeço as leis de trânsito. = Sempre obe- a declaração do que se atribui ao sujeito.
deço às leis de trânsito Quando o núcleo da declaração está no verbo (que in-
RESPOSTA: “C”. dique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo signi-
ficativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver
2-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO/SP – em um nome (geralmente um adjetivo), teremos um predi-
MÉDICO LEGISTA – VUNESP/2014 - adaptada) Leia o se- cado nominal (os verbos deste tipo de predicado são os
guinte trecho para responder à questão. que indicam estado, conhecidos como verbos de ligação):
A pesquisa encontrou um dado curioso: homens com O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
baixos níveis de testosterona tiveram uma resposta imuno- (predicado verbal)
lógica melhor a essa medida, similar _______________ . A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
A alternativa que completa, corretamente, o texto é: cleo é “fácil” (predicado nominal)
(A) das mulheres
(B) às mulheres Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
(C) com das mulheres por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido
(D) à das mulheres completo. O período pode ser simples ou composto.
(E) ao das mulheres
Período simples é aquele constituído por apenas uma
oração, que recebe o nome de oração absoluta.
2-) Similar significa igual; sua regência equivale à da
Chove.
palavra “igual”: igual a quê? Similar a quem? Similar à (su-
A existência é frágil.
bentendido: resposta imunológica) das mulheres.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.
RESPOSTA: “D”.
Período composto é aquele constituído por duas ou
mais orações:
Cantei, dancei e depois dormi.
Quero que você estude mais.
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO Termos essenciais da oração
TERMOS DA ORAÇÃO
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO O sujeito e o predicado são considerados termos
essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
para a formação das orações. No entanto, existem orações
formadas exclusivamente pelo predicado. O que define a
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para oração é a presença do verbo. O sujeito é o termo que es-
estabelecer comunicação. Normalmente é composta por tabelece concordância com o verbo.
dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigato- O candidato está preparado.
riamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou Os candidatos estão preparados.
muito ontem à noite.
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nominais minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
(sem a presença de verbos), feita a partir de seus elementos estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
constituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu no singular: candidato = está).
sentido global: A função do sujeito é basicamente desempenhada por
- frases interrogativas = o emissor da mensagem for- substantivos, o que a torna uma função substantiva da ora-
mula uma pergunta: Que dia é hoje? ção. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer outras
- frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou faz palavras substantivadas (derivação imprópria) também po-
um pedido: Dê-me uma luz! dem exercer a função de sujeito.
- frases exclamativas = o emissor exterioriza um estado Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs-
afetivo: Que dia abençoado! tantivo)
- frases declarativas = o emissor constata um fato: A Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
prova será amanhã. plo: substantivo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: 1-) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
sujeito. Bateram à porta;
Um sujeito é determinado quando é facilmente iden- Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado nistro.
pode ser simples ou composto.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é * Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
possível identificar claramente a que se refere a concor- ou composto:
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não inte- Os meninos bateram à porta. (simples)
ressa indicar precisamente o sujeito de uma oração. Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
Estão gritando seu nome lá fora.
Trabalha-se demais neste lugar. 2-) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- verbos que não apresentam complemento direto:
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Precisa-se de mentes criativas.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abaixo, Vivia-se bem naqueles tempos.
sublinhei os núcleos dos sujeitos: Trata-se de casos delicados.
Nós estudaremos juntos. Sempre se está sujeito a erros.
A humanidade é frágil.
Ninguém se move. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice de
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma indeterminação do sujeito.
derivação imprópria, transformando-o em substantivo)
As crianças precisam de alimentos saudáveis. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predi-
cado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A men-
O sujeito composto é o sujeito determinado que apre- sagem está centrada no processo verbal. Os principais ca-
sos de orações sem sujeito com:
senta mais de um núcleo.
Alimentos e roupas custam caro.
1-) os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Ela e eu sabemos o conteúdo.
Amanheceu.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
Está trovejando.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
2-) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do
geral:
sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido pela Está tarde.
desinência verbal ou pelo contexto. Já são dez horas.
Abolimos todas as regras. = (nós) Faz frio nesta época do ano.
Falaste o recado à sala? = (tu) Há muitos concursos com inscrições abertas.
* Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na segun- informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
da do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os prono- orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
mes não estejam explícitos. um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado é
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com exceção
na desinência verbal “-mos” do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que difere
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na desi- do sujeito numa oração é o seu predicado.
nência verbal “-ais” Chove muito nesta época do ano.
Houve problemas na reunião.
Mas:
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós * Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós cado.

O sujeito indeterminado surge quando não se quer - As questões estavam fáceis!


ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Sujeito simples = as questões
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso Predicado = estavam fáceis
contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermina- Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
do de duas maneiras: Sujeito = uma ideia estranha
Predicado = passou-me pelo pensamento

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LÍNGUA PORTUGUESA

Para o estudo do predicado, é necessário verificar se No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
seu núcleo é um nome (então teremos um predicado no- duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de liga-
minal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se considerar ção. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: um
também se as palavras que formam o predicado referem- verbal e outro nominal.
se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração. O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
de opinião. o complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
Predicado
Termos integrantes da oração
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que
se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
direta ou indiretamente ao verbo. complemento nominal são chamados termos integrantes da
A cidade está deserta. oração.
Os complementos verbais integram o sentido dos ver-
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-se bos transitivos, com eles formando unidades significativas.
ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como elemento Estes verbos podem se relacionar com seus complementos
de ligação (por isso verbo de ligação) entre o sujeito e a diretamente, sem a presença de preposição, ou indireta-
palavra a ele relacionada (no caso: deserta = predicativo mente, por intermédio de preposição.
do sujeito).
O objeto direto é o complemento que se liga direta-
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo mente ao verbo.
significativo um verbo: Houve muita confusão na partida final.
Chove muito nesta época do ano. Queremos sua ajuda.
Estudei muito hoje!
O objeto direto preposicionado ocorre principalmen-
Compraste a apostila?
te:
- com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
referentes a pessoas:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam pro-
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
cessos.
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
na-se: objeto direto preposicionado)
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou esta- - com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
do ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujei- de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero cansar a
to. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da Vossa Senhoria.
oração por meio de um verbo (o verbo de ligação).
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, - para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre- (sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do a crise)
sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, an- O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
dar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como ele- retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
mento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele rela- Gosto de música popular brasileira.
cionadas. Necessito de ajuda.
* A função de predicativo é exercida, normalmente, por
um adjetivo ou substantivo. O termo que integra o sentido de um nome chama-se
complemento nominal, que se liga ao nome que comple-
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen- ta por intermédio de preposição:
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a palavra
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao “necessária”
sujeito ou ao complemento verbal (objeto). Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
nificativo, indicando processos. É também sempre por in- Termos acessórios da oração e vocativo
termédio do verbo que o predicativo se relaciona com o
termo a que se refere. Os termos acessórios recebem este nome por serem
1- O dia amanheceu ensolarado; explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
2- As mulheres julgam os homens inconstantes. junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo
– este, sem relação sintática com outros temos da oração.

65
LÍNGUA PORTUGUESA

O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- O aposto pode ser classificado, de acordo com seu va-
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o lor na oração, em:
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função a) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei a mundo.
pé àquela velha praça. b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
coisas: amor, arte, ação.
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho,
adverbial são: tudo forma o carnaval.
- assunto: Falavam sobre futebol. d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixa-
- causa: As folhas caíram com o vento. ram-se por muito tempo na baía anoitecida.
- companhia: Ficarei com meus pais.
- concessão: Apesar de você, serei feliz. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não mantendo
- dúvida: Talvez ainda chova. relação sintática com outro termo da oração. A função de
- fim: Estudou para o exame. vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes
- instrumento: Fez o corte com a faca. substantivos, numerais e palavras substantivadas esse pa-
- intensidade: Falava bastante.
pel na linguagem.
- lugar: Vou à cidade.
João, venha comigo!
- matéria: Este prato é feito de porcelana.
Traga-me doces, minha menina!
- meio: Viajarei de trem.
- modo: Foram recrutados a dedo.
- negação: Não há ninguém que mereça.
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo. Questões

O adjunto adnominal é o termo acessório que deter- 1-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/
mina, especifica ou explica um substantivo. É uma função UFAL/2014 - adaptada)
adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que
exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também
atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais
e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
amigo de infância.

O adjunto adnominal se liga diretamente ao substan-


tivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o predi-
cativo do objeto se liga ao objeto por meio de um verbo.
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
O poeta deixou-a.
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: ad-
junto adnominal)

O poeta português deixou uma obra inacabada. O cartaz acima divulga a peça de teatro “Quem tem
O poeta deixou-a inacabada. medo de Virginia Woolf?” escrita pelo norte-americano
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do Edward Albee. O termo “de Virginia Woolf”, do título em
objeto)
português da peça, funciona como:
A) objeto indireto.
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
B) complemento nominal.
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto adnominal se
relaciona apenas ao substantivo. C) adjunto adnominal.
D) adjunto adverbial.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, E) agente da passiva.
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um ter-
mo que exerça qualquer função sintática: Ontem, segunda- 1-) O termo complementa a palavra “medo”, que é
feira, passei o dia mal-humorado. substantivo (nome – nominal). Portanto é um complemen-
to nominal. O verbo “ter” tem como complemento verbal
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo (objeto) a palavra “medo”, que exerce a função sintática de
“ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao termo objeto direto.
que se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira RESPOSTA: “B”.
passei o dia mal-humorado.

66
LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014) Coordenadas Assindéticas


... que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas...
O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com- São orações coordenadas entre si e que não são liga-
plemento que o da frase acima está em: das através de nenhum conectivo. Estão apenas justapos-
(A) A Rota da Seda nunca foi uma rota única... tas.
(B) Esses caminhos floresceram durante os primórdios Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
da Idade Média.
(C) ... viajavam por cordilheiras... Coordenadas Sindéticas
(D) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
(E) O maquinista empurra a manopla do acelerador. Ao contrário da anterior, são orações coordenadas en-
tre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coor-
2-) Acompanhar é transitivo direto (acompanhar quem denativa, que dará à oração uma classificação. As orações
ou o quê - não há preposição): coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos:
A = foi = verbo de ligação (ser) – não há complemento, aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicati-
mas sim, predicativo do sujeito (rota única); vas.
B = floresceram = intransitivo (durante os primórdios =
adjunto adverbial); ** Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
C = viajavam = intransitivo (por cordilheiras = adjunto Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas prin-
adverbial); cipais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não
D = cair = intransitivo; só... como, assim... como.
E = empurra = transitivo direto (empurrar quem ou o Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
quê?) Comprei o protetor solar e fui à praia.
RESPOSTA: “E”.
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas
Período Composto por Coordenação principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretan-
to, porém, no entanto, ainda, assim, senão.
O período composto se caracteriza por possuir mais de Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
uma oração em sua composição. Sendo assim: Li tudo, porém não entendi!
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
oração) Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer;
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas seja...seja.
orações) Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar
um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
orações). principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por con-
seguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo).
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer Passei no concurso, portanto comemorarei!
entre as orações de um período composto: uma relação de A situação é delicada; devemos, pois, agir.
coordenação ou uma relação de subordinação.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verda-
informações, marcado pela pontuação final), mas têm, am- de, pois (anteposto ao verbo).
bas, estruturas individuais, como é o exemplo de: Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. mingo.
(Período Composto) Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
Podemos dizer:
1. Estou comprando um protetor solar. Período Composto Por Subordinação
2. Irei à praia.
Separando as duas, vemos que elas são independen- Quero que você seja aprovado!
tes. Tal período é classificado como Período Composto Oração principal oração subordinada
por Coordenação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- Observe que na oração subordinada temos o verbo
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular
Sindéticas. do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por
conjunção. As orações subordinadas que apresentam ver-
bo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do
indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por con-
junção, chamam-se orações desenvolvidas ou explícitas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Podemos modificar o período acima. Veja: * Atenção: Observe que a oração subordinada subs-
tantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim,
Quero ser aprovado. temos um período simples:
Oração Principal Oração Subordinada É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá
A análise das orações continua sendo a mesma: “Que- a função de sujeito.
ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração su- Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
bordinada “ser aprovado”. Observe que a oração subordi- principal:
nada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além disso,
a conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações, - Verbos de ligação + predicativo, em construções do
desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É
numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particí- claro - Está evidente - Está comprovado
pio) chamamos orações reduzidas ou implícitas. É bom que você compareça à minha festa.
* Observação: as orações reduzidas não são introdu-
- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se,
zidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser,
Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado, Ficou
eventualmente, introduzidas por preposição.
provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
1-) Orações Subordinadas Substantivas

A oração subordinada substantiva tem valor de subs- - Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção inte- importar - ocorrer - acontecer
grante (que, se). Convém que não se atrase na entrevista.

Não sei se sairemos hoje. Observação: quando a oração subordinada substanti-


Oração Subordinada Substantiva va é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na
3.ª pessoa do singular.
Temos medo de que não sejamos aprovados.
Oração Subordinada Substantiva b) Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
do verbo da oração principal:
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem Todos querem sua aprovação no concurso.
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, Objeto Direto
como).
Todos querem que você seja aprovado. (Todos
O garoto perguntou qual seu nome. querem isso)
Oração Subordinada Subs- Oração Principal oração Subordinada Substantiva
tantiva Objetiva Direta

Não sabemos quando ele virá. As orações subordinadas substantivas objetivas diretas
Oração Subordinada Substan- (desenvolvidas) são iniciadas por:
tiva - Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
“se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
Classificação das Orações Subordinadas Substanti-
vas
- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O
Conforme a função que exerce no período, a oração
pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
subordinada substantiva pode ser:
a) Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
verbo da oração principal: - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu
É fundamental o seu comparecimento à reu- não sei por que ela fez isso.
nião.
Sujeito c) Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
É fundamental que você compareça à
reunião. Meu pai insiste em meu estudo.
Oração Principal Oração Subordinada Substan- Objeto Indireto
tiva Subjetiva

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LÍNGUA PORTUGUESA

Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste 2-) Orações Subordinadas Adjetivas
nisso)
Oração Subordinada Substantiva Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
Objetiva Indireta valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem
Observação: em alguns casos, a preposição pode estar a função de adjunto adnominal do antecedente.
elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Esta foi uma redação bem-sucedida.
Oração Subordinada Substantiva Substantivo Adjetivo (Adjunto Adno-
Objetiva Indireta minal)

d) Completiva Nominal = completa um nome que O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo
pertence à oração principal e também vem marcada por “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
preposição. construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:

Sentimos orgulho de seu comportamento. Esta foi uma redação que fez sucesso.
Complemento Nominal Oração Principal Oração Subordinada
Adjetiva
Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sen-
timos orgulho disso.) Perceba que a conexão entre a oração subordinada
Oração Subordinada Substantiva adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
Completiva Nominal feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha
Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob- uma função sintática na oração subordinada: ocupa o pa-
jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto pel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso,
que orações subordinadas substantivas completivas nomi- “redação” é sujeito, então o “que” também funciona como
nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma sujeito).
da outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
Observação: para que dois períodos se unam num
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o
período composto, altera-se o modo verbal da segunda
segundo, um nome.
oração.
e) Predicativa = exerce papel de predicativo do sujei-
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para re-
to do verbo da oração principal e vem sempre depois do
conhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser
verbo ser.
substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Nosso desejo era sua desistência. Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é
Predicativo do Sujeito equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.

Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
era isso)
Oração Subordinada Substantiva Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Predicativa apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
Observação: em certos casos, usa-se a preposição ex- das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
pletiva “de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo
que não fui bem na prova. (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
f) Apositiva = exerce função de aposto de algum ter- particípio).
mo da oração principal.
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade! Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Aposto
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz! jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome re-
Oração subordinada lativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito per-
substantiva apositiva reduzida de infinitivo feito do indicativo. No segundo, há uma oração subordina-
(Fernanda tinha um grande sonho: isso) da adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo
e seu verbo está no infinitivo.
* Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! (:)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
minha vida.
Na relação que estabelecem com o termo que caracteri- Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
zam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas minha vida.
maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especifi-
cam o sentido do termo a que se referem, individualizando-o. No primeiro período, “naquele momento” é um adjun-
Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas to adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “sen-
subordinadas adjetivas restritivas. Existem também orações ti”. No segundo período, este papel é exercido pela oração
que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o ante-
“Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração subordi-
cedente, que já se encontra suficientemente definido. Estas
nada adverbial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois
orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.
Exemplo 1: é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando)
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do
passava naquele momento. pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la,
Oração obtendo-se:
Subordinada Adjetiva Restritiva Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha
vida.
No período acima, observe que a oração em destaque
restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: tra- A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
ta-se de um homem específico, único. A oração limita o uni- das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens, introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma
mas sim àquele que estava passando naquele momento. preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).

Exemplo 2: Observação: a classificação das orações subordinadas


O homem, que se considera racional, muitas vezes age adverbiais é feita do mesmo modo que a classificação dos
animalescamente. adjuntos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa pela oração.
Agora, a oração em destaque não tem sentido restritivo
Orações Subordinadas Adverbiais
em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas explici-
ta uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de
“homem”. a) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do
** Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicati- que se declara na oração principal. Principal conjunção su-
va é separada da oração principal por uma pausa que, na bordinativa causal: porque. Outras conjunções e locuções
escrita, é representada pela vírgula. É comum, por isso, que causais: como (sempre introduzido na oração anteposta à
a pontuação seja indicada como forma de diferenciar as ora- oração principal), pois, pois que, já que, uma vez que, visto
ções explicativas das restritivas; de fato, as explicativas vêm que.
sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não. As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Já que você não vai, eu também não vou.
3-) Orações Subordinadas Adverbiais
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce sindética explicativa é que esta “explica” o fato que aconte-
a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. ceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apresenta
Assim, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, a “causa” do acontecimento expresso na oração à qual ela
causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem se subordina. Repare:
introduzida por uma das conjunções subordinativas (com
1-) Faltei à aula porque estava doente.
exclusão das integrantes, que introduzem orações subor-
2-) Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
dinadas substantivas). Classifica-se de acordo com a con-
junção ou locução conjuntiva que a introduz (assim como Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro que o
acontece com as coordenadas sindéticas). fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de estar
doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a oração
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. sublinhada relata um fato que aconteceu depois, já que
Oração Subordinada Adverbial primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram vermelhos.
b) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
A oração em destaque agrega uma circunstância de cia, é efeito do que se declara na oração principal. São in-
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adver- troduzidas pelas conjunções e locuções: que, de forma que,
bial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão...que, tan-
que indicam uma circunstância referente, via de regra, a to...que, tamanho...que.
um verbo. A classificação do adjunto adverbial depende da Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
exata compreensão da circunstância que exprime. (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con- g) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
cretizando-os. se declara na oração principal. Principal conjunção subordi-
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzi- nativa final: a fim de. Outras conjunções finais: que, porque
da de Infinitivo) (= para que) e a locução conjuntiva para que.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
c) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
como necessário para a realização ou não de um fato. As
orações subordinadas adverbiais condicionais exprimem o h) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
que deve ou não ocorrer para que se realize - ou deixe de seja, um fato simultâneo ao expresso na oração principal.
se realizar - o fato expresso na oração principal. Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: à
Principal conjunção subordinativa condicional: se. Ou- proporção que. Outras locuções conjuntivas proporcio-
tras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que, nais: à medida que, ao passo que. Há ainda as estruturas:
salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, quanto maior...(maior), quanto maior...(menor), quanto me-
uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). nor...(maior), quanto menor...(menor), quanto mais...(mais),
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, quanto mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto me-
certamente o melhor time será campeão. nos...(menos).
Caso você saia, convide-me. À proporção que estudávamos mais questões acertáva-
mos.
d) Concessiva = indica concessão às ações do verbo À medida que lia mais culto ficava.
da oração principal, isto é, admitem uma contradição ou
um fato inesperado. A ideia de concessão está diretamente i) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
ligada ao contraste, à quebra de expectativa. Principal con- expresso na oração principal, podendo exprimir noções de
junção subordinativa concessiva: embora. Utiliza-se tam- simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Principal
bém a conjunção: conquanto e as locuções ainda que, ainda conjunção subordinativa temporal: quando. Outras con-
quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que. junções subordinativas temporais: enquanto, mal e locu-
Só irei se ele for. ções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que,
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu”
antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Compare agora com:
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
Irei mesmo que ele não vá.
nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
Fontes de pesquisa:
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/fra-
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con-
se-periodo-e-oracao
cessiva.
Observe outros exemplos: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Embora fizesse calor, levei agasalho. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)

e) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais CRASE


comparativas estabelecem uma comparação com a ação
indicada pelo verbo da oração principal. Principal conjun-
ção subordinativa comparativa: como.
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
Você age como criança. (age como uma criança age) idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” com
o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos pro-
*geralmente há omissão do verbo. nomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo e com
o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as quais).
f) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou Casos estes em que tal fusão encontra-se demarcada pelo
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado para a acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à qual, às
execução do que se declara na oração principal. Principal quais.
conjunção subordinativa conformativa: conforme. Outras O uso do acento indicativo de crase está condicionado
conjunções conformativas: como, consoante e segundo (to- aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e no-
das com o mesmo valor de conforme). minal, mais precisamente ao termo regente e termo regido.
Fiz o bolo conforme ensina a receita. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - que exige
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm complemento regido pela preposição “a”, e o termo regido
direitos iguais. é aquele que completa o sentido do termo regente, admi-
tindo a anteposição do artigo a(s).

71
LÍNGUA PORTUGUESA

Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela con- * A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
tratada recentemente. verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o acento grave:
Após a junção da preposição com o artigo (destacados - locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às pres-
entre parênteses), temos: sas, à vontade...
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contratada - locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura
recentemente. de...
- locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, clas-
sifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos referi- * Cuidado: quando as expressões acima não exerce-
mos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição a + o rem a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o pronome Eu adoro a noite!
demonstrativo aquela (àquela). Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
Observação importante: Alguns recursos servem de preposição.
ajuda para que possamos confirmar a ocorrência ou não da
crase. Eis alguns: Casos passíveis de nota:
a) Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a crase *a crase é facultativa diante de nomes próprios femini-
está confirmada. nos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
Os dados foram solicitados à diretora.
Os dados foram solicitados ao diretor. *também é facultativa diante de pronomes possessivos
femininos: O diretor fez referência a (à) sua empresa.
b) No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se
o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na expres- *facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja ficará
são “voltar da”, há a confirmação da crase. aberta até as (às) dezoito horas.
Faremos uma visita à Bahia.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) * Constata-se o uso da crase se as locuções preposi-
tivas à moda de, à maneira de apresentarem-se implícitas,
Não me esqueço da viagem a Roma.
mesmo diante de nomes masculinos: Tenho compulsão por
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
comprar sapatos à Luis XV. (à moda de Luís XV)
mais vividos.
* Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
Atenção: Nas situações em que o nome geográfico se
verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, observamos
apresentar modificado por um adjunto adnominal, a crase
a queima de fogos a distância.
está confirmada.
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
praias. Entretanto, se o termo vier determinado, teremos uma
locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedestre foi
** Dica: Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou arremessado à distância de cem metros.
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a Campinas. =
Volto de Campinas. (crase pra quê?) - De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade -,
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) faz-se necessário o emprego da crase.
ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especifica- Ensino à distância.
do, ocorrerá crase. Veja: Ensino a distância.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” * Em locuções adverbiais formadas por palavras repeti-
Irei à Salvador de Jorge Amado. das, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor.
* A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Eu o seguirei passo a passo.
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo re-
gente exigir complemento regido da preposição “a”. Casos em que não se admite o emprego da crase:
Entregamos a encomenda àquela menina.
(preposição + pronome demonstrativo) * Antes de vocábulos masculinos.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Iremos àquela reunião. Esta caneta pertence a Pedro.
(preposição + pronome demonstrativo)
* Antes de verbos no infinitivo.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando crian- Ele estava a cantar.
ça. (àquelas que eu ouvia quando criança) Começou a chover.
(preposição + pronome demonstrativo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Antes de numeral. Questões


O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países. 1-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
FE/2014) Assinale a alternativa que preenche corretamente
Observação: as lacunas da frase a seguir.
- Nos casos em que o numeral indicar horas – funcio- Quando________ três meses disse-me que iria _________
nando como uma locução adverbial feminina – ocorrerá Grécia para visitar ___ sua tia, vi-me na obrigação de ajudá
crase: Os passageiros partirão às dezenove horas. -la _______ resgatar as milhas _________ quais tinha direito.
A-) a - há - à - à - às
- Diante de numerais ordinais femininos a crase está B-) há - à - a - a – às
confirmada, visto que estes não podem ser empregados C-) há - a - há - à - as
sem o artigo: As saudações foram direcionadas à primeira D-) a - à - a - à - às
aluna da classe. E-) a - a - à - há – as
- Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quan- 1-) Quando HÁ (sentido de tempo) três meses disse-
do essa não se apresentar determinada: Chegamos todos
me que iria À (“vou a, volto da, crase há!”) Grécia para vi-
exaustos a casa.
sitar A (artigo) sua tia, vi-me na obrigação de ajudá-la A
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto ad-
(ajudar “ela” a fazer algo) resgatar as milhas ÀS quais tinha
nominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos exaus-
direito (tinha direito a quê? às milhas – regência nominal).
tos à casa de Marcela.
Teremos: há, à, a, a, às.
- não há crase antes da palavra “terra”, quando essa RESPOSTA: “B”.
indicar chão firme: Quando os navegantes regressaram a
terra, já era noite. 2-) (EMPLASA/SP – ANALISTA JURÍDICO – DIREITO –
Contudo, se o termo estiver precedido por um deter- VUNESP/2014)
minante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de tra-
Paulo viajou rumo à sua terra natal. balho para proceder _____ medidas necessárias _____ exu-
O astronauta voltou à Terra. mação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart,
sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exumação de
- não ocorre crase antes de pronomes que requerem o Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presidente morreu
uso do artigo. de causas naturais, ou seja, devido ____ uma parada cardía-
Os livros foram entregues a mim. ca – que tem sido a versão considerada oficial até hoje –, ou
Dei a ela a merecida recompensa. se sua morte se deve ______ envenenamento.
(http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,-
Observação: Pelo fato de os pronomes de tratamento governo-cria-grupo-exumar--restos-mortais-de- jan-
relativos à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, go,1094178,0.htm 07. 11.2013. Adaptado)
o uso da crase está confirmado no “a” que os antecede, no
caso de o termo regente exigir a preposição. Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, as la-
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia. cunas da frase devem ser completadas, correta e respecti-
vamente, por
*não ocorre crase antes de nome feminino utilizado em (A) a ... à ... a ... a
sentido genérico ou indeterminado: (B) as ... à ... a ... à
Estamos sujeitos a críticas. (C) às ... a ... à ... a
Refiro-me a conversas paralelas. (D) à ... à ... à ... a
(E) a ... a ... a ... à
Fontes de pesquisa:
http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-crase-.
2-) A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de
html
trabalho para proceder a medidas (palavra no plural, ge-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. neralizando) necessárias à (regência nominal pede prepo-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- sição) exumação dos restos mortais do ex-presidente João
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Goulart, sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exu-
Saraiva, 2010. mação de Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presi-
dente morreu de causas naturais, ou seja, devido a uma
(artigo indefinido) parada cardíaca – que tem sido a versão
considerada oficial até hoje –, ou se sua morte se deve a
(regência verbal) envenenamento. A / à / a / a
RESPOSTA: “A”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3-) (SABESP/SP – ADVOGADO – FCC/2014) 2) Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores fizeram lhe disse isso?
uma escavação arqueológica nas ruínas da antiga cidade
de Tikal, na Guatemala. 3) Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
O a empregado na frase acima, imediatamente depois se ofendem!
de chegar, deverá receber o sinal indicativo de crase caso o
segmento grifado seja substituído por: 4) Orações que exprimem desejo (orações optativas):
(A) Uma tal ilação. Que Deus o ajude.
(B) Afirmações como essa.
(C) Comprovação dessa assertiva. 5) A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome
(D) Emitir uma opinião desse tipo. reto ou sujeito expresso:
(E) Semelhante resultado. Eu lhe entregarei o material amanhã.
Tu sabes cantar?
3-)
(A) Uma tal ilação – chegar a uma (não há acento grave Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
antes de artigo) verbo. A mesóclise é usada:
(B) Afirmações como essa – chegar a afirmações (antes
de palavra no plural e o “a” no singular) Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
(C) Comprovação dessa assertiva – chegar à compro- turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
vação precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
(D) Emitir uma opinião desse tipo – chegar a emitir Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento
(verbo no infinitivo) em prol da paz no mundo.
(E) Semelhante resultado – chegar a semelhante (pala- Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
vra masculina) lizará”:
RESPOSTA: “C”. realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma palavra
que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria. Veja:
Não se realizará...
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL (com presença de palavra que justifique o uso de pró-
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompanha-
ria nessa viagem).
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. A
pronomes oblíquos átonos na frase. ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não forem
possíveis:
* Dica: Pronome Oblíquo é aquele que exerce a função
de complemento verbal (objeto). Por isso, memorize: 1) Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
OBlíquo = OBjeto! Quando eu avisar, silenciem-se todos.
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- 2) Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas de- era minha intenção machucá-la.
vem ser observadas na linguagem escrita.
3) Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. A inicia período com pronome oblíquo).
próclise é usada: Vou-me embora agora mesmo.
Levanto-me às 6h.
1) Quando o verbo estiver precedido de palavras que
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: 4) Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
a) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, no concurso, mudo-me hoje mesmo!
jamais, etc.: Não se desespere!
b) Advérbios: Agora se negam a depor. 5-) Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a pro-
c) Conjunções subordinativas: Espero que me expliquem posta fazendo-se de desentendida.
tudo!
d) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se es- Colocação pronominal nas locuções verbais
forçou. - após verbo no particípio = pronome depois do verbo
e) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportuni- auxiliar (e não depois do particípio):
dade. Tenho me deliciado com a leitura!
Eu tenho me deliciado com a leitura!
f) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. Eu me tenho deliciado com a leitura!

74
LÍNGUA PORTUGUESA

- não convém usar hífen nos tempos compostos e nas 1-) Primeiramente identifiquemos se temos objeto di-
locuções verbais: reto ou indireto. Reconhece o quê? Resposta: a informali-
Vamos nos unir! dade. Pergunta e resposta sem preposição, então: objeto
Iremos nos manifestar. direto. Não utilizaremos “lhe” – que é para objeto indireto.
Como temos a presença do “que” – independente de sua
- quando há um fator para próclise nos tempos com- função no período (pronome relativo, no caso!) – a regra
postos ou locuções verbais: opção pelo uso do pronome pede próclise (pronome oblíquo antes do verbo): que a re-
oblíquo “solto” entre os verbos = Não vamos nos preocupar conhecem.
(e não: “não nos vamos preocupar”). RESPOSTA: “A”.

Observações importantes: 2-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) A substitui-


ção do elemento grifado pelo pronome correspondente foi
Emprego de o, a, os, as realizada de modo INCORRETO em:
1) Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu
pronomes: o, a, os, as não se alteram. (B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os
Chame-o agora. (C) para fazer a dragagem = para fazê-la
Deixei-a mais tranquila. (D) que desviava a água = que lhe desviava
(E) supriam a necessidade = supriam-na
2) Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes
finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos: 2-)
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho. (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu = cor-
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa. reta
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os = correta
3) Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em, (C) para fazer a dragagem = para fazê-la = correta
ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para no, na, (D) que desviava a água = que lhe desviava = que a
nos, nas. desviava
Chamem-no agora. (E) supriam a necessidade = supriam-na = correta
Põe-na sobre a mesa. RESPOSTA: “D”.

* Dica: 3-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)


Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que significa cruzando os desertos do oeste da China − que con-
“antes”! Pronome antes do verbo! tornam a Índia − adotam complexas providências
Ênclise – “en”... lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, em In- Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
glês – que significa “fim, final!). Pronome depois do verbo! grifados acima foram corretamente substituídos por um
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do verbo pronome, respectivamente, em:
Pronome Oblíquo – função de objeto (A) os cruzando - que contornam-lhe - adotam-as
(B) cruzando-lhes - que contornam-na - as adotam
Fontes de pesquisa: (C) cruzando-os - que lhe contornam - adotam-lhes
http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao (D) cruzando-os - que a contornam - adotam-nas
-pronominal-.html (E) lhes cruzando - que contornam-a - as adotam
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 3-) Não podemos utilizar “lhes”, que corresponde ao
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- objeto indireto (verbo “cruzar” pede objeto direto: cruzar
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: o quê?), portanto já desconsideramos as alternativas “B”
Saraiva, 2010. e “D”. Ao iniciarmos um parágrafo ( já que no enunciado
temos uma oração assim) devemos usar ênclise: (cruzan-
Questões do-os); na segunda oração temos um pronome relativo (dá
para substituirmos por “o qual”), o que nos obriga a usar
1-) (IBGE - SUPERVISOR DE PESQUISAS – ADMINIS- a próclise (que a contorna); “adotam” exige objeto direto
TRAÇÃO - CESGRANRIO/2014) Em “Há políticas que reco- (adotam quem ou o quê?), chegando à resposta: adotam-
nhecem a informalidade”, ao substituir o termo destacado nas (quando o verbo terminar em “m” e usarmos um pro-
por um pronome, de acordo com a norma-padrão da lín- nome oblíquo direto, lembre-se do alfabeto: jklM – N!).
gua, o trecho assume a formulação apresentada em: RESPOSTA: “D”.
A) Há políticas que a reconhecem.
B) Há políticas que reconhecem-a.
C) Há políticas que reconhecem-na.
D) Há políticas que reconhecem ela.
E) Há políticas que lhe reconhecem.

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou


SIGNIFICADO DAS PALAVRAS perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia:
caminho (subst.) e caminho (verbo);
cedo (verbo) e cedo (adv.);
livre (adj.) e livre (verbo).
Semântica é o estudo da significação das palavras e
das suas mudanças de significação através do tempo ou - Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po-
em determinada época. A maior importância está em dis- rém de formas relativamente próximas. São palavras pa-
tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e recidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de
homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após o
almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está para ocor-
Sinônimos rer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/
ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto (medida) e cumprimento (saudação), autuar (processar) e
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir (violar), deferir
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são (atender a) e diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emi-
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara tir som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar; apro-
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quando, priar-se de), tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a
ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela outra, movimento, trânsito), mandato (procuração) e mandado
em determinado enunciado (aguardar e esperar). (ordem), emergir (subir à superfície) e imergir (mergulhar,
afundar).
Observação: A contribuição greco-latina é responsá-
vel pela existência de numerosos pares de sinônimos: ad- Hiperonímia e Hiponímia
versário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e
Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem
hemiciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e
a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o hipô-
diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese.
nimo uma palavra de sentido mais específico; o hiperôni-
mo, mais abrangente.
Antônimos
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipôni-
mo, criando, assim, uma relação de dependência semânti-
São palavras que se opõem através de seu significado:
ca. Por exemplo: Veículos está numa relação de hiperoní-
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; mia com carros, já que veículos é uma palavra de significa-
mal - bem. do genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. Veículos é
um hiperônimo de carros.
Observação: A antonímia pode se originar de um pre- Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili-
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e dis- zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita a
córdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e an- repetição desnecessária de termos.
ticomunista; simétrico e assimétrico.
Fontes de pesquisa:
Homônimos e Parônimos http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an-
tonimos,-homonimos-e-paronimos
- Homônimos = palavras que possuem a mesma grafia SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes. Podem coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ser Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
a) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife- Saraiva, 2010.
rentes na pronúncia: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
rego (subst.) e rego (verbo); ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
colher (verbo) e colher (subst.); XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua Por-
jogo (subst.) e jogo (verbo); tuguesa – 2ªed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
providência (subst.) e providencia (verbo). Denotação e Conotação

b) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di- Exemplos de variação no significado das palavras:
ferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido li-
concertar (harmonizar) e consertar (reparar); teral)
cela (compartimento) e sela (arreio); Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
censo (recenseamento) e senso ( juízo); figurado)
paço (palácio) e passo (andar). Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)

76
LÍNGUA PORTUGUESA

As variações nos significados das palavras ocasionam Polissemia


o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
(conotação) das palavras. Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
Denotação um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
mas que abarca um grande número de significados dentro
Uma palavra é usada no sentido denotativo quando de seu próprio campo semântico.
apresenta seu significado original, independentemente Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
mais objetivo e comum, aquele imediatamente reconheci- algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em
do e muitas vezes associado ao primeiro significado que consideração as situações de aplicabilidade. Há uma infini-
aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da dade de exemplos em que podemos verificar a ocorrência
palavra. da polissemia:
A denotação tem como finalidade informar o receptor O rapaz é um tremendo gato.
da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um ca- O gato do vizinho é peralta.
ráter prático. É utilizada em textos informativos, como jor- Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
nais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medi- Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
camentos, textos científicos, entre outros. A palavra “pau”, sobrevivência
por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas um pe- O passarinho foi atingido no bico.
daço de madeira. Outros exemplos:
O elefante é um mamífero. Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
As estrelas deixam o céu mais bonito! computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em
comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido
Conotação de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” ou
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões é o
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes in- formato quadriculado que têm.
terpretações, dependendo do contexto em que esteja inse-
rida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que vão Polissemia e homonímia
além do sentido original da palavra, ampliando sua signifi-
cação mediante a circunstância em que a mesma é utiliza- A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
da, assumindo um sentido figurado e simbólico. Como no comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signifi-
exemplo da palavra “pau”: em seu sentido conotativo ela cados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
pode significar castigo (dar-lhe um pau), reprovação (tomei quando duas ou mais palavras com origens e significados
pau no concurso). distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho-
A conotação tem como finalidade provocar sentimen- monímia.
tos no receptor da mensagem, através da expressividade e A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
afetividade que transmite. É utilizada principalmente numa significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em polissemia porque os diferentes significados para a pala-
conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios pu- vra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra
blicitários, entre outros. Exemplos: polissêmica: pode significar o elemento básico do alfabeto,
Você é o meu sol! o texto de uma canção ou a caligrafia de um determinado
Minha vida é um mar de tristezas. indivíduo. Neste caso, os diferentes significados estão in-
Você tem um coração de pedra! terligados porque remetem para o mesmo conceito, o da
escrita.
* Dica: Procure associar Denotação com Dicionário:
trata-se de definição literal, quando o termo é utilizado Polissemia e ambiguidade
com o sentido que consta no dicionário.
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na
Fontes de pesquisa: interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota- ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpreta-
cao/ ção. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. uma frase. Vejamos a seguinte frase:
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequen-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: temente são felizes.
Saraiva, 2010. Neste caso podem existir duas interpretações diferen-
tes:

77
LÍNGUA PORTUGUESA

As pessoas têm alimentação equilibrada porque são feli- Observação: toda metáfora é uma espécie de compa-
zes ou são felizes porque têm uma alimentação equilibrada. ração implícita, em que o elemento comparativo não apa-
rece.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela Seus olhos são como luzes brilhantes.
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpre- O exemplo acima mostra uma comparação evidente,
tação. Para fazer a interpretação correta é muito importan- através do emprego da palavra como.
te saber qual o contexto em que a frase é proferida. Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes.
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção Neste exemplo não há mais uma comparação (note a
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, co- ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja,
micidade. Repare na figura abaixo: qualidade do que é semelhante.
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me.
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta
é a verdadeira metáfora.

Observe outros exemplos:


1) “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando
Pessoa)
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a
fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).

2) Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar


(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto- algum.
cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014). Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na frase
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão que
indica uma alma rústica e abandonada (e angustiadamente
mas duas seriam:
inútil), há uma comparação subentendida: Minha alma é
Corte e coloração capilar
tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma estrada de
ou
terra que leva a lugar algum.
Faço corte e pintura capilar
A Amazônia é o pulmão do mundo.
Fontes de pesquisa:
Em sua mente povoa só inveja.
http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.
htm Metonímia
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: É a substituição de um nome por outro, em virtude de
Saraiva, 2010. existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pode acontecer dos seguintes modos:
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (=
Figura de Linguagem, Pensamento e Construção Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis).
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (=
Figura de Palavra As lâmpadas iluminam o mundo).
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes
A figura de palavra consiste na substituição de uma da cruz. (= Não te afastes da religião).
palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, 4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso
seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja Havana. (= Fumei um saboroso charuto).
por uma associação, uma comparação, uma similaridade. 5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Só-
Estes dois conceitos básicos - contiguidade e similaridade - crates tomou veneno).
permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de palavras: 6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu
a metáfora e a metonímia. trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro-
duzo).
Metáfora 7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (=
Bebeu todo o líquido que estava no cálice).
Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em 8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfo-
lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em vir- nes foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás
tude da circunstância de que o nosso espírito as associa dos jogadores).
e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da 9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apres-
palavra fora de seu sentido normal. sadamente. (= Várias pessoas passavam apressadamente).

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LÍNGUA PORTUGUESA

10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e so- Fontes de pesquisa:


frem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.
mundo). php
11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
chamadas, não apenas uma mulher). Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
(= Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone). Saraiva, 2010.
13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (=
Alguns astronautas foram à Lua). Antítese
14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança pen-
derá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado). Consiste no emprego de palavras que se opõem quan-
to ao sentido. O contraste que se estabelece serve, essen-
Saiba que: Sinédoque se relaciona com o conceito de cialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos
extensão (como nos exemplos 9, 10 e 11, acima), enquanto que não se conseguiria com a exposição isolada dos mes-
que a metonímia abrange apenas os casos de analogia ou mos. Observe os exemplos:
de relação. Não há necessidade, atualmente, de se fazer “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
distinção entre ambas as figuras. O corpo é grande e a alma é pequena.
“Quando um muro separa, uma ponte une.”
Catacrese Não há gosto sem desgosto.

Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, Paradoxo ou oximoro
cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por
falta de um termo específico para designar um conceito, É a associação de ideias, além de contrastantes, contra-
toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a empregar ditórias. Seria a antítese ao extremo.
algumas palavras fora de seu sentido original. Exemplos: Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
“asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do rosto”, “pé da Ouvimos as vozes do silêncio.
mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do abacaxi”.
Eufemismo
Perífrase ou Antonomásia
É o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre
ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa áspera,
Trata-se de uma expressão que designa um ser através
desagradável ou chocante.
de alguma de suas características ou atributos, ou de um
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor.
fato que o celebrizou. É a substituição de um nome por
(= morreu)
outro ou por uma expressão que facilmente o identifique: O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)
atraindo visitantes do mundo todo. Faltar à verdade. (= mentir)
A Cidade-Luz (=Paris)
O rei das selvas (=o leão) Ironia
Observação: quando a perífrase indica uma pessoa, É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do que
recebe o nome de antonomásia. Exemplos: as palavras ou frases expressam, geralmente apresentando
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida pratican- intenção sarcástica. A ironia deve ser muito bem construí-
do o bem. da para que cumpra a sua finalidade; mal construída, pode
O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jo- passar uma ideia exatamente oposta à desejada pelo emis-
vem. sor.
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota mí-
nima.
Sinestesia Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que
estão por perto.
Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen- O governador foi sutil como um elefante.
sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
cruzamento de sensações distintas. Hipérbole
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = au-
ditivo; áspero = tátil) É a expressão intencionalmente exagerada com o intui-
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte- to de realçar uma ideia.
cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual) Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil) “Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac)
O concurseiro quase morre de tanto estudar!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Prosopopeia ou Personificação Elipse

É a atribuição de ações ou qualidades de seres anima- Consiste na omissão de um ou mais termos numa ora-
dos a seres inanimados, ou características humanas a seres ção e que podem ser facilmente identificados, tanto por
não humanos. Observe os exemplos: elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto
As pedras andam vagarosamente. pelo contexto.
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um A catedral da Sé. (a igreja catedral)
cego que guia. Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao está-
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. dio)
Chora, violão.
Zeugma
Apóstrofe
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coisa a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
personificada, de acordo com o objetivo do discurso, que Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo português)
chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginá- Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só mo-
rio ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de dernos. (só havia móveis)
pensamento do discurso, destacando-se assim a entidade Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
a que se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidên-
cia com tal invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Silepse
Exemplos:
Moça, que fazes aí parada? A silepse é a concordância que se faz com o termo que
“Pai Nosso, que estais no céu” não está expresso no texto, mas, sim, subentendido. É uma
Deus, ó Deus! Onde estás? concordância anormal, psicológica, porque se faz com um
termo oculto, facilmente identificado. Há três tipos de si-
Gradação lepse: de gênero, número e pessoa.

Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e femi-


Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-
nino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se
mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descenden-
faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
te (anticlímax). Observe este exemplo:
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
1) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor
com seus olhos claros e brincalhões...
intenso.
Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
O objetivo do narrador é mostrar a expressividade dos
com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se refere ao
ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a
céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e seus olhos. cidade de Porto Velho).
Nota-se que o pensamento foi expresso em ordem decres-
cente de intensidade. Outros exemplos: 2) Vossa Excelência está preocupado.
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes-
amor”. (Olavo Bilac) soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa
“O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu- Excelência.
se.” (Padre Antônio Vieira)
Silepse de Número - Os números são singular e plural.
Fontes de pesquisa: A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil5. concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas
php com a ideia que nele está contida. Exemplos:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. de Salvador.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010. Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e
gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei-
As figuras de construção (ou sintática, de sintaxe) tos das orações (que se encontram no singular, procissão
ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está
ao significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por
maior expressividade que se dá ao sentido. isso que os verbos estão no plural.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Observação: o pleonasmo só tem razão de ser quan-
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles (as do confere mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um
três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há um pleonasmo vicioso:
desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não con- Vi aquela cena com meus próprios olhos.
corda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que Vamos subir para cima.
está inscrita no sujeito. Exemplos: Ele desceu pra baixo.
O que não compreendo é como os brasileiros persista-
mos em aceitar essa situação. Anáfora
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins É a repetição de uma ou mais palavras no início de vá-
públicos.” (Machado de Assis) rias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de coe-
rência. Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é
Observe que os verbos persistamos, temos e somos não posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar de-
concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasilei- terminado elemento textual. Os termos anafóricos podem
ros, agricultores e cariocas, que estão na terceira pessoa), muitas vezes ser substituídos por pronomes.
mas com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te conhe-
os agricultores e os cariocas). cia.
“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
Polissíndeto / Assíndeto ba.” (Padre Vieira)
Para estudarmos as duas figuras de construção é ne- Anacoluto
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre
período composto. No período composto por coordena- Consiste na mudança da construção sintática no meio
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A da frase, ficando alguns termos desligados do resto do pe-
oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo)
ríodo. É a quebra da estrutura normal da frase para a intro-
é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assin-
dução de uma palavra ou expressão sem nenhuma ligação
dética. Recordado esse conceito, podemos definir as duas
sintática com as demais.
figuras de construção:
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
Morrer, todo haveremos de morrer.
1) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela repe-
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
tição enfática dos conectivos. Observe o exemplo: O meni-
no resmunga, e chora, e grita, e ninguém faz nada.
A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
2) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela ausên- deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
cia, pela omissão das conjunções coordenativas, resultando interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não exer-
no uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplos: cendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. chamado de “frase quebrada”, pois corresponde a uma in-
“Vim, vi, venci.” (Júlio César) terrupção na sequência lógica do pensamento.

Pleonasmo Observação: o anacoluto deve ser usado com finalida-


de expressiva em casos muito especiais. Em geral, evite-o.
Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é real- Hipérbato / Inversão
çar a ideia, torná-la mais expressiva.
O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo. É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da
ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o
Nesta oração, os termos “o problema da violência” e sujeito venha depois do predicado:
“lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto. As- Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O amor
sim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o pro- venceu ao ódio)
nome “lo” classificado como objeto direto pleonástico. Ou- Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
tro exemplo: Eu cuido dos meus problemas)
Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto * Observação da Zê!
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato, já
que, na ordem direta, teríamos:
Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado re-
pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo- tumbante de um povo heroico”.
nástico.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Figuras de Som

Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.

Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos:


“Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.”

Onomatopéia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade:


Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil8.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

Questões
1-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIOTECO-
NOMIA – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de um tipo de linguagem
figurada denominada
(A) metonímia.
(B) eufemismo.
(C) hipérbole.
(D) metáfora.
(E) catacrese.

1-) A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e transportá-la para um novo
campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma similaridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)
RESPOSTA: “D”.

2-) (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – CONPASS/2014) Identifique a


figura de linguagem presente na tira seguinte:

A) metonímia
B) prosopopeia
C) hipérbole
D) eufemismo
E) onomatopeia

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais Normalmente, numa prova, o candidato deve:
suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar al-
guma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da 1- Identificar os elementos fundamentais de uma ar-
tirinha, é utilizada a expressão “deram suas vidas por nós” gumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
no lugar de “que morreram por nós”. procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o
RESPOSTA: “D”. tempo).
2- Comparar as relações de semelhança ou de diferen-
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ ças entre as situações do texto.
UFAL/2014) 3- Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com
Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto. uma realidade.
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de 4- Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, 5- Parafrasear = reescrever o texto com outras pala-
horário do dia em que o calor é mais intenso, a tempera- vras.
tura do asfalto, medida com um termômetro de contato,
chegou a 65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local Condições básicas para interpretar
alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso Fazem-se necessários:
em: 22 jan. 2014. - Conhecimento histórico-literário (escolas e gêneros
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
O texto cita que o dito popular “está tão quente que - Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de texto) e semântico;
linguagem. O autor do texto refere-se a qual figura de lin-
guagem? Observação – na semântica (significado das palavras)
A) Eufemismo. incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conota-
B) Hipérbole. ção, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
C) Paradoxo. gem, entre outros.
D) Metonímia.
E) Hipérbato. - Capacidade de observação e de síntese;
- Capacidade de raciocínio.
3-) A expressão é um exagero! Ela serve apenas para
representar o calor excessivo que está fazendo. A figura
Interpretar / Compreender
que é utilizada “mil vezes” (!) para atingir tal objetivo é a
hipérbole.
Interpretar significa:
RESPOSTA: “B”.
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...

Compreender significa
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - o texto diz que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - é sugerido pelo autor que...
e decodificar). - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. ção...
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com - o narrador afirma...
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interli- Erros de interpretação
gação dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre
as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu - Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
contexto original e analisada separadamente, poderá ter contexto, acrescentando ideias que não estão no texto,
um significado diferente daquele inicial. quer por conhecimento prévio do tema quer pela imagi-
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- nação.
rências diretas ou indiretas a outros autores através de cita- - Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
ções. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. ção apenas a um aspecto (esquecendo que um texto é um
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente para o en-
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir tendimento do tema desenvolvido.
daí, localizam-se as ideias secundárias - ou fundamenta- - Contradição = às vezes o texto apresenta ideias con-
ções -, as argumentações - ou explicações -, que levam ao trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
esclarecimento das questões apresentadas na prova. cadas e, consequentemente, errar a questão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observação - Muitos pensam que existem a ótica do - Observe as relações interparágrafos. Um parágrafo
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa geralmente mantém com outro uma relação de continua-
prova de concurso, o que deve ser levado em consideração ção, conclusão ou falsa oposição. Identifique muito bem
é o que o autor diz e nada mais. essas relações.
- Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja,
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que a ideia mais importante.
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. - Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou
Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora da
pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono- resposta – o que vale não somente para Interpretação de
me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se Texto, mas para todas as demais questões!
vai dizer e o que já foi dito. - Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia princi-
pal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão.
Observação – São muitos os erros de coesão no dia - Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc., cha-
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do mados vocábulos relatores, porque remetem a outros vo-
verbo; aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer cábulos do texto.
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- Fontes de pesquisa:
cedente. http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu-
Os pronomes relativos são muito importantes na in- gues/como-interpretar-textos
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-me-
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que lhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-pa-
a saber: ra-voce-interpretar-melhor-um.html
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
te, mas depende das condições da frase. tao-117-portugues.htm
- qual (neutro) idem ao anterior.
- quem (pessoa) Questões
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído. 1-) (SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-
- como (modo) BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM ELETRÔ-
- onde (lugar) NICA – IADES/2014)
- quando (tempo)
- quanto (montante) Gratuidades
Exemplo: Crianças com até cinco anos de idade e adultos com
Falou tudo QUANTO queria (correto) mais de 65 anos de idade têm acesso livre ao Metrô-DF.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Para os menores, é exigida a certidão de nascimento e, para
aparecer o demonstrativo O). os idosos, a carteira de identidade. Basta apresentar um
documento de identificação aos funcionários posicionados
Dicas para melhorar a interpretação de textos no bloqueio de acesso.
Disponível em: <http://www.metro.df.gov.br/estacoes/
- Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do gratuidades.html> Acesso em: 3/3/2014, com adaptações.
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos candidatos
na disputa, portanto, quanto mais informação você absorver Conforme a mensagem do primeiro período do texto,
com a leitura, mais chances terá de resolver as questões. assinale a alternativa correta.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa (A) Apenas as crianças com até cinco anos de idade
a leitura. e os adultos com 65 anos em diante têm acesso livre ao
- Leia, leia bem, leia profundamente, ou seja, leia o tex- Metrô-DF.
to, pelo menos, duas vezes – ou quantas forem necessárias. (B) Apenas as crianças de cinco anos de idade e os
- Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma adultos com mais de 65 anos têm acesso livre ao Metrô-DF.
conclusão). (C) Somente crianças com, no máximo, cinco anos de
- Volte ao texto quantas vezes precisar. idade e adultos com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre
- Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as ao Metrô-DF.
do autor. (D) Somente crianças e adultos, respectivamente, com
- Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor cinco anos de idade e com 66 anos em diante, têm acesso
compreensão. livre ao Metrô-DF.
- Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de (E) Apenas crianças e adultos, respectivamente, com
cada questão. até cinco anos de idade e com 65 anos em diante, têm
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. acesso livre ao Metrô-DF.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Dentre as alternativas apresentadas, a única que 3-) Recorramos ao texto: “Localizada às margens do
condiz com as informações expostas no texto é “Somente Lago Paranoá, no Setor de Clubes Esportivos Norte (ao
crianças com, no máximo, cinco anos de idade e adultos lado do Museu de Arte de Brasília – MAB), está a Concha
com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre ao Metrô-DF”. Acústica do DF. Projetada por Oscar Niemeyer”. As infor-
RESPOSTA: “C”. mações contidas nas demais alternativas são incoerentes
com o texto.
2-) (SUSAM/AM – TÉCNICO (DIREITO) – FGV/2014 - RESPOSTA: “A”.
adaptada) “Se alguém que é gay procura Deus e tem boa
vontade, quem sou eu para julgá‐lo?” a declaração do
Papa Francisco, pronunciada durante uma entrevista à im-
prensa no final de sua visita ao Brasil, ecoou como um TIPOLOGIA TEXTUAL
trovão mundo afora. Nela existe mais forma que substância
– mas a forma conta”. (...)
(Axé Silva, O Mundo, setembro 2013)
A todo o momento nos deparamos com vários textos,
O texto nos diz que a declaração do Papa ecoou como sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
um trovão mundo afora. Essa comparação traz em si mes- do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
ma dois sentidos, que são que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
(A) o barulho e a propagação. interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
(B) a propagação e o perigo. em um texto escrito.
(C) o perigo e o poder. É de fundamental importância sabermos classificar os
(D) o poder e a energia.  textos com os quais travamos convivência no nosso dia a
(E)  a energia e o barulho.   dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais
e gêneros textuais.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
2-) Ao comparar a declaração do Papa Francisco a um
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opi-
trovão, provavelmente a intenção do autor foi a de mostrar
nião sobre determinado assunto, descrevemos algum lugar
o “barulho” que ela causou e sua propagação mundo afora.
que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre alguém
Você pode responder à questão por eliminação: a segun-
que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas
da opção das alternativas relaciona-se a “mundo afora”, ou
situações corriqueiras que classificamos os nossos textos
seja, que se propaga, espalha. Assim, sobraria apenas a al- naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e Dis-
ternativa A! sertação.
RESPOSTA: “A”.
As tipologias textuais caracterizam-se pelos aspec-
3-) (SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PÚ- tos de ordem linguística
BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM CONTABI-
LIDADE – IADES/2014 - adaptada) Os tipos textuais designam uma sequência definida
Concha Acústica pela natureza linguística de sua composição. São observa-
Localizada às margens do Lago Paranoá, no Setor de dos aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações
Clubes Esportivos Norte (ao lado do Museu de Arte de lógicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argu-
Brasília – MAB), está a Concha Acústica do DF. Projetada mentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
por Oscar Niemeyer, foi inaugurada oficialmente em 1969
e doada pela Terracap à Fundação Cultural de Brasília (hoje - Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação
Secretaria de Cultura), destinada a espetáculos ao ar livre. demarcados no tempo do universo narrado, como também
Foi o primeiro grande palco da cidade. de advérbios, como é o caso de antes, agora, depois, entre
Disponível em: <http://www.cultura.df.gov.br/nossa- outros: Ela entrava em seu carro quando ele apareceu. De-
cultura/concha- acustica.html>. Acesso em: 21/3/2014, pois de muita conversa, resolveram...
com adaptações.
- Textos descritivos – como o próprio nome indica,
Assinale a alternativa que apresenta uma mensagem descrevem características tanto físicas quanto psicológicas
compatível com o texto. acerca de um determinado indivíduo ou objeto. Os tempos
(A) A Concha Acústica do DF, que foi projetada por Os- verbais aparecem demarcados no presente ou no pretérito
car Niemeyer, está localizada às margens do Lago Paranoá, imperfeito: “Tinha os cabelos mais negros como a asa da
no Setor de Clubes Esportivos Norte. graúna...”
(B) Oscar Niemeyer projetou a Concha Acústica do DF
em 1969. - Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
(C) Oscar Niemeyer doou a Concha Acústica ao que assunto ou uma determinada situação que se almeje de-
hoje é a Secretaria de Cultura do DF. senvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela aconte-
(D) A Terracap transformou-se na Secretaria de Cultura cer, como em: O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02
do DF. de dezembro, portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena
(E) A Concha Acústica foi o primeiro palco de Brasília. de perder o benefício.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma


modalidade na qual as ações são prescritas de forma se- COESÃO E COERÊNCIA
quencial, utilizando-se de verbos expressos no imperativo,
infinitivo ou futuro do presente: Misture todos os ingredien-
te e bata no liquidificador até criar uma massa homogênea.
Na construção de um texto, assim como na fala, usamos
- Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam- mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão
se pelo predomínio de operadores argumentativos, revela- do que é dito, ou lido. Estes mecanismos linguísticos que
dos por uma carga ideológica constituída de argumentos estabelecem a coesão e retomada do que foi escrito - ou
e contra-argumentos que justificam a posição assumida falado - são os referentes textuais, que buscam garantir
acerca de um determinado assunto: A mulher do mundo a coesão textual para que haja coerência, não só entre os
contemporâneo luta cada vez mais para conquistar seu es- elementos que compõem a oração, como também entre a
paço no mercado de trabalho, o que significa que os gêneros sequência de orações dentro do texto. Essa coesão tam-
estão em complementação, não em disputa. bém pode muitas vezes se dar de modo implícito, baseado
em conhecimentos anteriores que os participantes do pro-
cesso têm com o tema.
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima-
ginária - composta de termos e expressões - que une os
diversos elementos do texto e busca estabelecer relações
GÊNEROS TEXTUAIS de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego de di-
ferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, substi-
tuição, associação), sejam gramaticais (emprego de prono-
mes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se frases,
São os textos materializados que encontramos em orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decor-
nosso cotidiano; tais textos apresentam características só- re daí a coerência textual.
cio-comunicativas definidas por seu estilo, função, com- Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o
posição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: receita apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa incoe-
culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, editorial, rência é resultado do mau uso dos elementos de coesão
piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, blog, etc. textual. Na organização de períodos e de parágrafos, um
erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais
A escolha de um determinado gênero discursivo de- prejudica o entendimento do texto. Construído com os ele-
pende, em grande parte, da situação de produção, ou seja, mentos corretos, confere-se a ele uma unidade formal.
a finalidade do texto a ser produzido, quem são os locu- Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enunciado
tores e os interlocutores, o meio disponível para veicular o não se constrói com um amontoado de palavras e orações.
texto, etc. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência
e independência sintática e semântica, recobertos por unida-
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a es- des melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios”.
feras de circulação. Assim, na esfera jornalística, por exem- Não se deve escrever frases ou textos desconexos – é
plo, são comuns gêneros como notícias, reportagens, edito- imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as frases
riais, entrevistas e outros; na esfera de divulgação científica estejam coesas e coerentes formando o texto. Relembre-se
são comuns gêneros como verbete de dicionário ou de enci- de que, por coesão, entende-se ligação, relação, nexo entre
clopédia, artigo ou ensaio científico, seminário, conferência. os elementos que compõem a estrutura textual.

Fontes de pesquisa: Formas de se garantir a coesão entre os elementos


de uma frase ou de um texto:
http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-tex-
tual.htm
1. Substituição de palavras com o emprego de sinôni-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
mos - palavras ou expressões do mesmo campo associa-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: tivo.
Saraiva, 2010. 2. Nominalização – emprego alternativo entre um ver-
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática bo, o substantivo ou o adjetivo correspondente (desgastar
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa / desgaste / desgastante).
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. 3. Emprego adequado de tempos e modos verbais:
Embora não gostassem de estudar, participaram da aula.
4. Emprego adequado de pronomes, conjunções, pre-
posições, artigos:
O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,
Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden-
te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as
pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito
por elas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

5. Uso de hipônimos – relação que se estabelece com Questões


base na maior especificidade do significado de um deles.
Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel (mais gené- * As questões abaixo também envolvem o conteúdo
rico). “Conjunção”. Eu as coloquei neste tópico porque abordam
6. Emprego de hiperônimos - relações de um termo de - inclusive - coesão e coerência.
sentido mais amplo com outros de sentido mais específico.
Por exemplo, felino está numa relação de hiperonímia com 1-) (SEDUC/AM – ASSISTENTE SOCIAL – FGV/2014) As-
gato. sinale a opção que indica o segmento em que a conjunção
7. Substitutos universais, como os verbos vicários.
e tem valor adversativo e não aditivo.
* Ajuda da Zê: verbo vicário é aquele que substitui (A) “Em termos de escala, assiduidade e participação
outro já utilizado no período, evitando repetições. Geral- da população na escolha dos governantes,...”.
mente é o verbo fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. (B) “... o Brasil de 1985 a 2014 parece outro país, mo-
Faço porque preciso. O “faço” foi empregado no lugar de derno e dinâmico, no cotejo com a restrita experiência elei-
“estudo”, evitando repetição desnecessária. toral anterior”.
(C) “A hipótese de ruptura com o passado se fortalece
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de conec- quando avaliamos a extensão dos mecanismos de distri-
tivos, como pronomes, advérbios e expressões adverbiais, buição de oportunidades e de mitigação de desigualdades
conjunções, elipses, entre outros. A elipse justifica-se quan- de hoje”.
do, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida (D) “A democracia brasileira contemporânea, e apenas
é facilmente identificável (Exemplo.: O jovem recolheu-se ela na história nacional, inventou o que mais perto se pode
cedo. Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. O ter- chegar de um Estado de Bem-Estar num país de renda mé-
mo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a
dia”.
relação entre as duas orações).
(E) “A baixa qualidade dos serviços governamentais
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro- está ligada sobretudo à limitação do PIB, e não à falta de
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou ao políticas públicas social-democratas”.
próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função de
progressão textual, dada sua característica: são elementos 1-)
que não significam, apenas indicam, remetem aos compo- (A) “Em termos de escala, assiduidade e participação
nentes da situação comunicativa. = adição
Já os componentes concentram em si a significação. (B) “... o Brasil de 1985 a 2014 parece outro país, mo-
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito: derno e dinâmico”. = adição
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais indi- (C) “A hipótese de ruptura com o passado se fortalece
cam os participantes do ato do discurso. Os pronomes de- quando avaliamos a extensão dos mecanismos de distri-
monstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem buição de oportunidades e de mitigação de desigualdades
como os advérbios de tempo, referenciam o momento da de hoje”. = adição
enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade
(D) “A democracia brasileira contemporânea, e apenas
ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento
(presente); ultimamente, recentemente, ontem, há alguns ela na história nacional”. = adição
dias, antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo (E) “A baixa qualidade dos serviços governamentais
ano, depois de (futuro).” está ligada sobretudo à limitação do PIB, e não à falta =
adversativa (dá para substituirmos por “mas”)
A coerência de um texto está ligada: RESPOSTA: “E”.
- à sua organização como um todo, em que devem es-
tar assegurados o início, o meio e o fim;
- à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um texto 2-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL/
técnico, por exemplo, tem a sua coerência fundamentada DF – ANALISTA DE APOIO À ASSISTÊNCIA JURÍDICA –
em comprovações, apresentação de estatísticas, relato de FGV/2014) A alternativa em que os elementos unidos pela
experiências; um texto informativo apresenta coerência se conjunção E não estão em adição, mas sim em oposição, é:
trabalhar com linguagem objetiva, denotativa; textos poé- (A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e
ticos, por outro lado, trabalham com a linguagem figurada,
fazer justiça com as próprias mãos...”
livre associação de ideias, palavras conotativas.
(B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas
Fontes de pesquisa: instituições:...”
http://www.mundovestibular.com.br/articles/2586/1/ (C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos
COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/Paacutegina1.html anarquistas e mais nos fascistas italianos...”
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática (D) “...desprezando o passado e a tradição...”
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa (E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. velocidade e do progresso...”

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) A Ordem dos Termos na Frase


(A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e
fazer justiça com as próprias mãos”. = adição Leia novamente a frase contida no item 2. Note que
(B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas ela é organizada de maneira clara para produzir sentido.
instituições”. = adição Todavia, há diferentes maneiras de se organizar gramatical-
(C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos mente tal frase, tudo depende da necessidade ou da von-
anarquistas e mais nos fascistas italianos”. = ideia de opo- tade do redator em manter o sentido, ou mantê-lo, porém,
sição acrescentado ênfase a algum dos seus termos. Significa di-
(D) “...desprezando o passado e a tradição”. = adição zer que, ao escrever, podemos fazer uma série de inversões
(E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da e intercalações em nossas frases, conforme a nossa von-
velocidade e do progresso”. = adição tade e estilo. Tudo depende da maneira como queremos
RESPOSTA: “C”. transmitir uma ideia, do nosso estilo. Por exemplo, pode-
mos expressar a mensagem da frase 2 da seguinte maneira:

No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-


sando desemprego.
REESCRITA DE TEXTOS/EQUIVALÊNCIA DE
ESTRUTURAS Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma,
apenas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase a
alguns termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repare que,
para obter a clareza tivemos que fazer o uso de vírgulas.
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e
leva-nos a refletir sobre a organização das ideias em um o que mais nos auxilia na organização de um período, pois
texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmen- facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula
te devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando produzimos
e, posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo, frases complexas. Com isto, “entregamos” frases bem orga-
do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem nizadas aos nossos leitores.
acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e a
experiência de vida antecedem o ato de escrever. O básico para a organização sintática das frases é a or-
Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos dem direta dos termos da oração. Os gramáticos estrutu-
escrever, feito o esquema de exposição da matéria, é ne- ram tal ordem da seguinte maneira:
cessário saber ordenar as ideias em frases bem estrutura-
das. Logo, não basta conhecer bem um determinado as- SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO VERBAL + CIR-
sunto, temos que o transmitir de maneira clara aos leitores. CUNSTÂNCIAS
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso alia- A globalização + está causando + desemprego + no
do para organizarmos as ideias de maneira clara em frases. Brasil nos dias de hoje.
Para tanto, é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sin-
taxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a “parte da gramá- Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem to-
tica que estuda a disposição das palavras na frase e a das das contêm todos estes elementos, portanto cabem algu-
frases no discurso, bem como a relação lógica das frases mas observações:
entre si”; ou em outras palavras, sintaxe quer dizer “mistu-
ra”, isto é, saber misturar as palavras de maneira a produ- 1) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.)
zirem um sentido evidente para os receptores das nossas normalmente são representadas por adjuntos adverbiais
mensagens. Observe: de tempo, lugar, etc. Note que, no mais das vezes, quan-
do queremos recordar algo ou narrar uma história, existe
1)A desemprego globalização no Brasil e no na está La- a tendência a colocar os adjuntos nos começos das frases:
tina América causando.
2) A globalização está causando desemprego no Brasil e “No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas mi-
na América Latina. nhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos e ou-
tros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil existe…”
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma
frase, as palavras estão amontoadas sem a realização de Observações:
“uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem relação a) tais construções não estão erradas, mas rompem
inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe ocorreu de com a ordem direta;
maneira perfeita e o sentido está claro para receptores de b) é preciso notar que em Língua Portuguesa, há mui-
língua portuguesa inteirados da situação econômica e cul- tas frases que não têm sujeito, somente predicado. Por
tural do mundo atual. exemplo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Fri-
burgo. São quatro horas agora;

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) Outras frases são construídas com verbos intransiti- Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
vos, que não têm complemento: As orações adjetivas explicativas desempenham fre-
O menino morreu na Alemanha. (sujeito + verbo + ad- quentemente um papel semelhante ao do aposto explicati-
junto adverbial) vo, por isto são também isoladas por vírgula.
A globalização nasceu no século XX. (idem)
d) Há ainda frases nominais que não possuem verbos: A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil…
cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu
direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os termos complemento.
existentes nelas.
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável,
Levando em consideração a ordem direta, podemos no Brasil…
estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula: Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não per-
1)Se os termos estão colocados na ordem direta não tence ao assunto: globalização, da frase principal, tal ora-
haverá a necessidade de vírgulas. A frase (2) é um exemplo ção é apenas um comentário à parte entre o complemento
disto: verbal e os adjuntos).
A globalização está causando desemprego no Brasil e na
América Latina. Observação: a simples negação em uma frase não exi-
ge vírgula: A globalização não causou desemprego no Brasil
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração e na América Latina.
por três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula,
mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a re- 3)Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a,
gra básica nº1 para a colocação da vírgula. Veja: tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra nº3 da
A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” colocação da vírgula.
causam desemprego…
(três núcleos do sujeito) No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
sando desemprego…
A globalização causa desemprego no Brasil, na América No fim do século XX, a globalização causou desemprego
Latina e na África. no Brasil…
(três adjuntos adverbiais)
Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente
A globalização está causando desemprego, insatisfação se dá com a colocação das circunstâncias antes do sujeito.
e sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. Trata-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramá-
(três complementos verbais) tica, são representadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas
vezes, elas são colocadas em orações chamadas adverbiais
2)Em princípio, não devemos, na ordem direta, sepa- que têm uma função semelhante a dos adjuntos adverbiais,
rar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu isto é, denotam tempo, lugar, etc. Exemplos:
complemento, nem o complemento e as circunstâncias, ou
seja, não devemos separar com vírgula os termos da ora- Quando o século XX estava terminando, a globalização
ção. Veja exemplos de tal incorreção: começou a causar desemprego.
Enquanto os países portadores de alta tecnologia de-
O Brasil, será feliz. A globalização causa, o desemprego. senvolvem-se, a globalização causa desemprego nos países
pobres.
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre Durante o século XX, a Globalização causou desempre-
os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, go no Brasil.
assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é
a regra básica nº 2 para a colocação da vírgula. Dito em Observação: quanto à equivalência e transformação de
outras palavras: quando intercalamos expressões e frases estruturas, um exemplo muito comum cobrado em provas
entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos com é o enunciado trazer uma frase no singular e pedir a passa-
vírgulas. Vejamos: gem para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a
A globalização, fenômeno econômico deste fim de sécu- mudança de tempos verbais.
lo XX, causa desemprego no Brasil.
Fonte de pesquisa:
Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o http://ricardovigna.wordpress.com/2009/02/02/estu-
sujeito e o verbo. dos-de-linguagem-1-estrutura-frasal-e-pontuacao/

Outros exemplos:
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultu-
ral, está causando desemprego no Brasil e na América Lati-
na.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões
ESTRUTURA TEXTUAL
1-) (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014
- adaptada)
Reunir-se para ouvir alguém ler tornou-se uma prática
necessária e comum no mundo laico da Idade Média. Até Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a ca-
a invenção da imprensa, a alfabetização era rara e os livros, pacidade que temos de pensar. Por meio do pensamento,
propriedade dos ricos, privilégio de um pequeno punhado elaboramos todas as informações que recebemos e orien-
de leitores. tamos as ações que interferem na realidade e organização
Embora alguns desses senhores afortunados ocasional- de nossos escritos. O que lemos é produto de um pensa-
mente emprestassem seus livros, eles o faziam para um nú- mento transformado em texto.
mero limitado de pessoas da própria classe ou família. Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
(Adaptado de: MANGUEL, Alberto, op.cit.) sar, quando escrevemos sempre procuramos uma maneira
organizada do leitor compreender as nossas ideias. A fina-
Mantêm-se a correção e as relações de sentido estabe- lidade da escrita é direcionar totalmente o que você quer
lecidas no texto, substituindo-se Embora (2.º parágrafo) por dizer, por meio da comunicação.
(A) Contudo. Para isso, os elementos que compõem o texto se sub-
(B) Desde que. dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. To-
(C) Porquanto. dos eles devem ser organizados de maneira equilibrada.
(D) Uma vez que.
(E) Conquanto. Introdução

1-) “Embora” é uma conjunção concessiva (apresenta Caracterizada pela entrada no assunto e a argumenta-
uma exceção à regra). A outra conjunção concessiva é “con- ção inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa eta-
quanto”. pa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios. O seu
RESPOSTA: “E”. tamanho raramente excede a 1/5 de todo o texto. Porém,
em textos mais curtos, essa proporção não é equivalente.
2-) (PRODEST/ES – ASSISTENTE ORGANIZACIONAL – Neles, a introdução pode ser o próprio título. Já nos textos
VUNESP/2014 - adaptada) Considere o trecho: “Se o senhor mais longos, em que o assunto é exposto em várias pági-
não se importa, vou levar minha sobrinha ao dentista, mas nas, ela pode ter o tamanho de um capítulo ou de uma par-
posso quebrar o galho e fazer sua corrida”. Esse trecho está te precedida por subtítulo. Nessa situação, pode ter vários
corretamente reescrito e mantém o sentido em: parágrafos. Em redações mais comuns, que em média têm
(A) Uma vez que o senhor não se importe, vou levar mi- de 25 a 80 linhas, a introdução será o primeiro parágrafo.
nha sobrinha ao dentista, assim que possa quebrar o galho
e fazer sua corrida. Desenvolvimento
(B) Já que o senhor não se importa, vou levar minha so-
brinha ao dentista, porque posso quebrar o galho e fazer A maior parte do texto está inserida no desenvol-
sua corrida. vimento, que é responsável por estabelecer uma ligação
(C) À medida que o senhor não se importe, vou levar entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são
minha sobrinha ao dentista, logo que possa quebrar o galho elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus-
e fazer sua corrida. tentam e dão base às explicações e posições do autor. É ca-
(D) Caso o senhor não se importe, vou levar minha so- racterizado por uma “ponte” formada pela organização das
brinha ao dentista, no entanto posso quebrar o galho e fazer ideias em uma sequência que permite formar uma relação
sua corrida. equilibrada entre os dois lados.
(E) Para que o senhor não se importe, vou levar minha O autor do texto revela sua capacidade de discutir um
sobrinha ao dentista, todavia posso quebrar o galho e fazer determinado tema no desenvolvimento, e é através desse
sua corrida. que o autor mostra sua capacidade de defender seus pon-
tos de vista, além de dirigir a atenção do leitor para a con-
2-) “Se o senhor não se importa, vou levar minha so- clusão. As conclusões são fundamentadas a partir daqui.
brinha ao dentista, mas posso quebrar o galho e fazer sua Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o es-
corrida” critor já deve ter uma ideia clara de como será a conclusão.
O primeiro período é introduzido por uma conjunção Daí a importância em planejar o texto.
condicional (“se”); o segundo, conjunção adversativa. As Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no
conjunções apresentadas que têm a mesma classificação, mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido em
respectivamente, e que, por isso, poderiam substituir ade- capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apresentar-
quadamente as destacadas no enunciado são “caso” e “no se-á no formato de parágrafos medianos e curtos.
entanto”. Acredito que, mesmo que você não saiba a clas- Os principais erros cometidos no desenvolvimento são
sificação das conjunções, conseguiria responder à questão o desvio e a desconexão da argumentação. O primeiro está
apenas utilizando a coerência: as demais alternativas não relacionado ao autor tomar um argumento secundário que
a têm. se distancia da discussão inicial, ou quando se concentra
RESPOSTA: “D”. em apenas um aspecto do tema e esquece o seu todo. O

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LÍNGUA PORTUGUESA

segundo caso acontece quando quem redige tem muitas


ideias ou informações sobre o que está sendo discutido, REDAÇÃO OFICIAL
não conseguindo estruturá-las. Surge também a dificul-
dade de organizar seus pensamentos e definir uma linha
lógica de raciocínio.
Pronomes de tratamento na redação oficial
Conclusão
A redação oficial é a maneira utilizada pelo poder públi-
Considerada como a parte mais importante do texto, co para redigir atos normativos. Para redigi-los, muitas regras
é o ponto de chegada de todas as argumentações elabo- fazem-se necessárias. Entre elas, escrever de forma clara, con-
radas. As ideias e os dados utilizados convergem para essa cisa, sem muito comprometimento, bem como um uso ade-
parte, em que a exposição ou discussão se fecha. quado das formas de tratamento. Tais regras, acompanhadas
Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma de uma boa redação, com um bom uso da linguagem, asse-
brecha para uma possível continuidade do assunto; ou seja, guram que os atos normativos sejam bem executados.
possui atributos de síntese. A discussão não deve ser en- No Poder Público, nós nos deparamos com situações em
cerrada com argumentos repetitivos, como por exemplo: que precisamos escrever – ou falar – com pessoas com as
“Portanto, como já dissemos antes...”, “Concluindo...”, “Em quais não temos familiaridade. Nestes casos, os pronomes de
conclusão...”. tratamento assumem uma condição e precisam estar adequa-
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve dos à categoria hierárquica da pessoa a quem nos dirigimos.
ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das E mais, exige-se, em discurso falado ou escrito, uma homoge-
características de textos bem redigidos. neidade na forma de tratamento, não só nos pronomes como
Os seguintes erros aparecem quando as conclusões fi- também nos verbos. No entanto, as formas de tratamento
cam muito longas: não são do conhecimento de todos.
Abaixo, seguem as discriminações de usos dos pronomes
- O problema aparece quando não ocorre uma explo- de tratamento, com base no Manual da Presidência da Repú-
ração devida do desenvolvimento, o que gera uma invasão blica.
das ideias de desenvolvimento na conclusão.
- Outro fator consequente da insuficiência de funda- São de uso consagrado:
mentação do desenvolvimento está na conclusão precisar
de maiores explicações, ficando bastante vazia. Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
- Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no tex- a) do Poder Executivo
to em que o autor fica girando em torno de ideias redun- Presidente da República, Vice-Presidente da República, Mi-
dantes ou paralelas. nistro de Estado, Secretário-Geral da Presidência da República,
- Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeitamen- Consultor-Geral da República, Chefe do Estado-Maior das For-
te dispensáveis. ças Armadas, Chefe do Gabinete Militar da Presidência da Re-
- Quando não tem clareza de qual é a melhor conclu- pública, Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República,
são, o autor acaba se perdendo na argumentação final. Secretários da Presidência da República, Procurador – Geral da
República, Governadores e Vice-Governadores de Estado e do
Em relação à abertura para novas discussões, a con- Distrito Federal, Chefes de Estado – Maior das Três Armas, Ofi-
clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguintes ciais Generais das Forças Armadas, Embaixadores, Secretário
fatores: Executivo e Secretário Nacional de Ministérios, Secretários de
- Para não influenciar a conclusão do leitor sobre temas Estado dos Governos Estaduais, Prefeitos Municipais.
polêmicos, o autor deixa a conclusão em aberto.
- Para estimular o leitor a ler uma possível continuidade b) do Poder Legislativo:
do texto, o autor não fecha a discussão de propósito. Presidente, Vice–Presidente e Membros da Câmara dos
- Por apenas apresentar dados e informações sobre o Deputados e do Senado Federal, Presidente e Membros do Tri-
tema a ser desenvolvido, o autor não deseja concluir o as- bunal de Contas da União, Presidente e Membros dos Tribunais
sunto. de Contas Estaduais, Presidente e Membros das Assembleias
- Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o autor Legislativas Estaduais, Presidente das Câmaras Municipais.
enumera algumas perguntas no final do texto.
c) do Poder Judiciário:
A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o au- Presidente e Membros do Supremo Tribunal Federal, Presi-
tor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técnica dente e Membros do Superior Tribunal de Justiça, Presidente e
é um roteiro, em que estão presentes os planejamentos. Membros do Superior Tribunal Militar, Presidente e Membros do
Naquele devem estar indicadas as melhores sequências a Tribunal Superior Eleitoral, Presidente e Membros do Tribunal
serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais enxuto Superior do Trabalho, Presidente e Membros dos Tribunais de
possível. Justiça, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Fede-
rais, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais,
Fonte de pesquisa: Presidente e Membros dos Tribunais Regionais do Trabalho,
http://producao-de-textos.info/mos/view/Caracter%- Juízes e Desembargadores, Auditores da Justiça Militar.
C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/

91
LÍNGUA PORTUGUESA

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas A Impessoalidade


aos Chefes do Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do car- A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer
go respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a)
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional; Ex- alguém que comunique; b) algo a ser comunicado; c) alguém
celentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. que receba essa comunicação. No caso da redação oficial,
E mais: As demais autoridades serão tratadas com o vo- quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou aquele
cativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Senador, Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção);
Senhor Juiz, Senhor Ministro, Senhor Governador. o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atri-
O Manual ainda preceitua que a forma de tratamento buições do órgão que comunica; o destinatário dessa comu-
“Digníssimo” fica abolida para as autoridades descritas acima, nicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro
afinal, a dignidade é condição primordial para que tais cargos órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União.
públicos sejam ocupados. Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve
Fica ainda dito que doutor não é forma de tratamento, ser dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais
mas titulação acadêmica de quem defende tese de douto- decorre:
rado. Portanto, é aconselhável que não se use discriminada- a) da ausência de impressões individuais de quem comu-
mente tal termo. nica: embora se trate, por exemplo, de um expediente assina-
do por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do
As Comunicações Oficiais Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim,
uma desejável padronização, que permite que comunicações
1. Aspectos Gerais da Redação Oficial elaboradas em diferentes setores da Administração guardem
entre si certa uniformidade;
O que é Redação Oficial b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação,
com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão,
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a ma- sempre concebido como público, ou a outro órgão público.
neira pela qual o Poder Público redige atos normativos Nos dois casos, temos um destinatário concebido de forma
e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do homogênea e impessoal;
Poder Executivo. c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalida- universo temático das comunicações oficiais restringe-se a
de, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, for- questões que dizem respeito ao interesse público, é natural
malidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos que não caiba qualquer tom particular ou pessoal.
decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A admi- Desta forma, não há lugar na redação oficial para impres-
nistração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer sões pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoali- mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta
dade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publi- da interferência da individualidade que a elabora.
cidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de
administração pública, claro que devem igualmente nortear a que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais con-
elaboração dos atos e comunicações oficiais. tribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária impes-
Não se concebe que um ato normativo de qualquer na- soalidade.
tureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou im-
possibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos A necessidade de empregar determinado nível de lingua-
do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto le- gem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do
gal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, próprio caráter público desses atos e comunicações; de outro,
pois, necessariamente, clareza e concisão. de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos
Fica claro também que as comunicações oficiais são ne- de caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta
cessariamente uniformes, pois há sempre um único comuni- dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públi-
cador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações cos, o que só é alcançado se em sua elaboração for empre-
ou é o próprio Serviço Público (no caso de expedientes dirigi- gada a linguagem adequada. O mesmo se dá com os expe-
dos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou dientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com
instituições tratados de forma homogênea (o público). clareza e objetividade.
A redação oficial não é necessariamente árida e infensa à As comunicações que partem dos órgãos públicos fede-
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar rais devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão
com impessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâ- brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de
metros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa da- uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há dú-
quele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência vida de que um texto marcado por expressões de circulação
particular, etc. restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jar-
Apresentadas essas características fundamentais da re- gão técnico, tem sua compreensão dificultada.
dação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada Ressalte-se que há necessariamente uma distância en-
uma delas. tre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâ-
mica, reflete de forma imediata qualquer alteração de cos-

92
LÍNGUA PORTUGUESA

tumes, e pode eventualmente contar com outros elementos Concisão e Clareza


que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, A concisão é antes uma qualidade do que uma caracte-
etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis rística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue trans-
por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lenta- mitir o máximo de informações com um mínimo de palavras.
mente as transformações, tem maior vocação para a perma- Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se
nência e vale-se apenas de si mesma para comunicar. tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se es-
Os textos oficiais, devido ao seu caráter impessoal e sua creve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pron-
finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, to. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais
requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias.
que o padrão culto é aquele em que se observam as regras O esforço de sermos concisos atende, basicamente, ao
da gramática formal e se emprega um vocabulário comum princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de
ao conjunto dos usuários do idioma. É importante ressaltar empregar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não
que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na redação se deve, de forma alguma, entendê-la como economia de
oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens subs-
lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos tanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se
vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, pas-
essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos sagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
os cidadãos. A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto ofi-
Lembre-se de que o padrão culto nada tem contra a sim- cial. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita
plicidade de expressão, desde que não seja confundida com imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a clareza não
pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das
culto implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos demais características da redação oficial. Para ela concorrem:
contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios - a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpre-
da língua literária. tações que poderia decorrer de um tratamento personalista
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um dado ao texto;
“padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão - o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de
culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá pre- entendimento geral e por definição avesso a vocábulos de
ferência pelo uso de determinadas expressões, ou será obe- circulação restrita, como a gíria e o jargão;
decida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas - a formalidade e a padronização, que possibilitam a im-
isso não implica, necessariamente, que se consagre a utiliza- prescindível uniformidade dos textos;
ção de uma forma de linguagem burocrática. O jargão buro- - a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos
crático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre linguísticos que nada lhe acrescentam.
sua compreensão limitada. É pela correta observação dessas características que se
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável relei-
situações que a exijam, evitando o seu uso indiscriminado. tura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais,
Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário de trechos obscuros e de erros gramaticais provém, principal-
próprio à determinada área, são de difícil entendimento por mente, da falta da releitura que torna possível sua correção.
quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cui- A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa
dado, portanto, de explicitá-los em comunicações encami- com que são elaboradas certas comunicações quase sempre
nhadas a outros órgãos da administração e em expedientes compromete sua clareza. Não se deve proceder à redação de
dirigidos aos cidadãos. um texto que não seja seguida por sua revisão. “Não há as-
suntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se,
Formalidade e Padronização pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir.
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto
é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencio- Pronomes de Tratamento
nadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto Concordância com os Pronomes de Tratamento
de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tra- Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indi-
tamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao reta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordân-
correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento cia verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segun-
para uma autoridade de certo nível; mais do que isso, a for- da pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem
malidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfo- se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira
que dado ao assunto do qual cuida a comunicação. pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que in-
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à ne- tegra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria
cessária uniformidade das comunicações. Ora, se a administra- nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”.
ção federal é una, é natural que as comunicações que expede Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a
sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa:
exige que se atente para todas as características da redação “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vos-
oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. so...”).
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o
o texto definitivo e a correta diagramação do texto são in- gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que
dispensáveis para a padronização. se refere, e não com o substantivo que compõe a locução.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa - deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satis- corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas
feito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa de rodapé;
Senhoria deve estar satisfeita”. - para símbolos não existentes na fonte Times New Ro-
No envelope, o endereçamento das comunicações diri- man poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
gidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a se- - é obrigatório constar a partir da segunda página o
guinte forma: número da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
A Sua Excelência o Senhor impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar-
Fulano de Tal gens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas
Ministro de Estado da Justiça páginas pares (“margem espelho”);
70.064-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral esquerda terá,
no mínimo, 3,0 cm de largura;
A Sua Excelência o Senhor
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
Senador Fulano de Tal
distância da margem esquerda;
Senado Federal
70.165-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5
cm;
Senhor Ministro, - deve ser utilizado espaçamento simples entre as li-
Submeto a Vossa Excelência projeto (...) nhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha
Fechos para Comunicações em branco;
O fecho das comunicações oficiais possui, além da fina- - não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sub-
lidade de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os linhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bor-
modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram re- das ou qualquer outra forma de formatação que afete a
gulados pela Portaria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, elegância e a sobriedade do documento;
que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los - a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em
e uniformiza-los, este Manual estabelece o emprego de so- papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas
mente dois fechos diferentes para todas as modalidades de para gráficos e ilustrações;
comunicação oficial: - todos os tipos de documentos do Padrão Ofício de-
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente vem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7
da República: Respeitosamente, x 21,0 cm;
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- - deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de
rarquia inferior: Atenciosamente, arquivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elabora-
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas dos devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró- posterior ou aproveitamento de trechos para casos análo-
prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do gos;
Ministério das Relações Exteriores. - para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de-
vem ser formados da seguinte maneira:
Identificação do Signatário
tipo do documento + número do documento + pala-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da
vras-chaves do conteúdo
República, todas as demais comunicações oficiais devem trazer
Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”
o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local
de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
Aviso e Ofício
(espaço para assinatura)
Nome Definição e Finalidade
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que
(espaço para assinatura) o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado,
Nome para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofí-
Ministro de Estado da Justiça cio é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos ór-
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi- gãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício,
natura em página isolada do expediente. Transfira para essa também com particulares.
página ao menos a última frase anterior ao fecho.
Forma e Estrutura
Forma de diagramação Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o
seguinte forma de apresentação: destinatário, seguido de vírgula.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos: Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente


Excelentíssimo Senhor Presidente da República da República por um Ministro de Estado.
Senhora Ministra Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um
Senhor Chefe de Gabinete Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por to-
dos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as de interministerial.
seguintes informações do remetente:
– nome do órgão ou setor; Forma e Estrutura - Formalmente, a exposição de mo-
– endereço postal; tivos tem a apresentação do padrão ofício. A exposição de
– telefone e e-mail. motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas for-
mas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter
Observação: Estas informações estão ausentes no exclusivamente informativo e outra para a que proponha al-
guma medida ou submeta projeto de ato normativo.
memorando, pois se trata de comunicação interna - des-
No primeiro caso, o da exposição de motivos que sim-
tinatário e remetente possuem o mesmo endereço. Se o
plesmente leva algum assunto ao conhecimento do Presiden-
Aviso é de um Ministério para outro Ministério, também
te da República, sua estrutura segue o modelo antes referido
não precisa especificar o endereço. O Ofício é enviado para para o padrão ofício.
outras instituições, logo, são necessárias as informações do
remetente e o endereço do destinatário para que o ofício Mensagem
possa ser entregue e o remetente possa receber resposta.
Definição e Finalidade - É o instrumento de comunica-
Memorando ção oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente
as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder
Definição e Finalidade Legislativo para informar sobre fato da Administração Pública,
O memorando é a modalidade de comunicação entre expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão
unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem legislativa, submeter ao Congresso Nacional matérias que de-
estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível dife- pendem de deliberação de suas Casas, apresentar veto, enfim,
rente. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de inte-
eminentemente interna. resse dos poderes públicos e da Nação.
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser em- Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Mi-
pregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, nistérios à Presidência da República, a cujas assessorias caberá
etc. a serem adotados por determinado setor do serviço a redação final.
público. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Con-
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação gresso Nacional têm as seguintes finalidades:
do memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela ra- - encaminhamento de projeto de lei ordinária, comple-
pidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. mentar ou financeira;
Para evitar desnecessário aumento do número de comu- - encaminhamento de medida provisória;
nicações, os despachos ao memorando devem ser dados - indicação de autoridades;
no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em - pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Pre-
folha de continuação. Este procedimento permite formar sidente da República ausentarem-se do País por mais de 15
dias;
uma espécie de processo simplificado, assegurando maior
- encaminhamento de atos de concessão e renovação de
transparência à tomada de decisões e permitindo que se
concessão de emissoras de rádio e TV;
historie o andamento da matéria tratada no memorando.
- encaminhamento das contas referentes ao exercício an-
terior;
Forma e Estrutura - mensagem de abertura da sessão legislativa;
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do - comunicação de sanção (com restituição de autógrafos);
padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário - comunicação de veto;
deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Ex: - outras mensagens.

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Forma e Estrutura - As mensagens contêm:


Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos a) a indicação do tipo de expediente e de seu número,
horizontalmente, no início da margem esquerda;
Exposição de Motivos b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o
cargo do destinatário, horizontalmente, no início da margem
Definição e Finalidade - Exposição de motivos é o ex- esquerda (Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Fede-
pediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Pre- ral);
sidente para: c) o texto, iniciando a 2,0 cm do vocativo;
a) informá-lo de determinado assunto; b) propor algu- d) o local e a data, verticalmente a 2,0 cm do final do
ma medida; ou c) submeter a sua consideração projeto de texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com a
ato normativo. margem direita.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A mensagem, como os demais atos assinados pelo Pre- Forma e Estrutura - Um dos atrativos de comunica-
sidente da República, não traz identificação de seu signa- ção por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não
tário. interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto,
deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma
Telegrama comunicação oficial.
O campo “assunto” do formulário de correio eletrôni-
Definição e Finalidade - Com o fito de uniformizar a co mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a
terminologia e simplificar os procedimentos burocráticos, organização documental tanto do destinatário quanto do
passa a receber o título de telegrama toda comunicação remetente.
oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Para os arquivos anexados à mensagem, deve ser utili-
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos zado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem
cofres públicos e tecnologicamente superada, deve restringir- que encaminha algum arquivo deve trazer informações mí-
se o uso do telegrama apenas àquelas situações que não seja nimas sobre seu conteúdo.
possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de con-
justifique sua utilização. Em razão de seu custo elevado, esta firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar
forma de comunicação deve pautar-se pela concisão. na mensagem o pedido de confirmação de recebimento.
Forma e Estrutura - Não há padrão rígido, devendo- Valor documental - Nos termos da legislação em vi-
se seguir a forma e a estrutura dos formulários disponíveis gor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor
nas agências dos Correios e em seu sítio na Internet. documental, e para que possa ser aceito como documento
original, é necessário existir certificação digital que ateste
Fax a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.

Definição e Finalidade - O fax (forma abreviada já Elementos de Ortografia e Gramática


consagrada de fac-símile) é uma forma de comunicação
que está sendo menos usada devido ao desenvolvimento Problemas de Construção de Frases
da Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens
urgentes e para o envio antecipado de documentos, de A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas,
cujo conhecimento há premência, quando não há condi- principalmente, pela construção adequada da frase, “a me-
ções de envio do documento por meio eletrônico. Quando nor unidade autônoma da comunicação”, na definição de
necessário o original, ele segue posteriormente pela via e Celso Pedro Luft.
na forma de praxe. A função essencial da frase é desempenhada pelo pre-
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com có-
dicado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser entendi-
pia do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos
do como “a enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre
modelos, deteriora-se rapidamente.
que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome
de período, que terá tantas orações quantos forem os ver-
Forma e Estrutura - Os documentos enviados por fax
bos não auxiliares que o constituem.
mantêm a forma e a estrutura que lhes são inerentes.
Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis-
É conveniente o envio, juntamente com o documento
pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –,
principal, de folha de rosto e de pequeno formulário com
os dados de identificação da mensagem a ser enviada, con- de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substantivo.
forme exemplo a seguir: Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações substan-
tivos (nomes ou pronomes) que desempenham a função
[Órgão Expedidor] de complementos (objetos direto e indireto, predicativo e
[setor do órgão expedidor] complemento adverbial). Função acessória desempenham
[endereço do órgão expedidor] os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final da
Destinatário:____________________________________ oração, mas que podem ser ou intercalados aos elementos
No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___ que desempenham as outras funções, ou deslocados para
Remetente: ____________________________________ o início da oração.
Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____ Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos ele-
No de páginas: ________ No do documento:____________ mentos que compõem uma oração (Observação: os parên-
teses indicam os elementos que podem não ocorrer):
Observações:___________________________________
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).
Correio Eletrônico
Podem ser identificados seis padrões básicos para as
Definição e finalidade - O correio eletrônico (“e-mail”), orações pessoais (isto é, com sujeito) na língua portuguesa
por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na princi- (a função que vem entre parênteses é facultativa e pode
pal forma de comunicação para transmissão de documen- ocorrer em ordem diversa):
tos.
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)

96
LÍNGUA PORTUGUESA

O Presidente - regressou - (ontem). Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.

2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (ad- Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
junto adverbial) Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na
manhã de terça-feira). Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...).
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...).
3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto -
(adjunto adverbial). Frases Fragmentadas
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os se- A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma
tores). oração subordinada ou uma simples locução como se fosse
uma frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma
frase simples. Embora seja usada como recurso estilístico na
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. dire-
literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos
to - obj. indireto - (adj. Adv.)
textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão.
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações -
Exemplo:
ao Deputado - (no Congresso). Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento ad- Nacional. Depois de ser longamente debatido.
verbial - (adjunto adverbial) Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos Nacional, depois de ser longamente debatido.
Aires - (na próxima semana). Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa re-
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira) cebeu a aprovação do Congresso Nacional.

6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad- Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub-
verbial) metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consultadas
O problema - será - resolvido - prontamente. as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente subme-
Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou seja, tido ao Presidente da República, que o aprovou, consultadas as
as frases que possuem apenas um verbo conjugado. Na cons- áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
trução de períodos, as várias funções podem ocorrer em or-
dem inversa à mencionada, misturando-se e confundindo-se. Erros de Paralelismo
Não interessa aqui análise exaustiva de todos os padrões exis- Uma das convenções estabelecidas na linguagem escrita
tentes na língua portuguesa. O que importa é fixar a ordem “consiste em apresentar ideias similares numa forma gramati-
normal dos elementos nesses seis padrões básicos. Acrescen- cal idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim, incorre-se
te-se que períodos mais complexos, compostos por duas ou em erro ao conferir forma não paralela a elementos paralelos.
mais orações, em geral podem ser reduzidos aos padrões bá- Vejamos alguns exemplos:
sicos (de que derivam).
Os problemas mais frequentemente encontrados na Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministérios eco-
construção de frases dizem respeito à má pontuação, à am- nomizar energia e que elaborassem planos de redução de despesas.
biguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos paralelis-
Na frase temos, nas duas orações subordinadas que com-
mos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral, do des-
pletam o sentido da principal, duas estruturas diferentes para
conhecimento da ordem das palavras na frase. Indicam-se, a
ideias equivalentes: a primeira oração (economizar energia) é
seguir, alguns desses defeitos mais comuns e recorrentes na
reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem
construção de frases, registrados em documentos oficiais. planos de redução de despesas) é uma oração desenvolvida
introduzida pela conjunção integrante que. Há mais de uma
Sujeito possibilidade de escrevê-la com clareza e correção; uma seria
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que exe- a de apresentar as duas orações subordinadas como desen-
cuta a ação enunciada na oração. Ele pode ter complemen- volvidas, introduzidas pela conjunção integrante que:
to, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto,
construções como: Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
que economizassem energia e (que) elaborassem planos para
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. redução de despesas.
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda.
Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas
Errado: Apesar das relações entre os países estarem cor- como reduzidas de infinitivo:
tadas, (...). Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cor- economizar energia e elaborar planos para redução de despesas.
tadas, (...).
Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim. coordenação de orações subordinadas.

97
LÍNGUA PORTUGUESA

Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita culta: Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não um médico.
ser inseguro, inteligência e ter ambição.
Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.
O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs- Novamente, a não repetição dos termos comparados
tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo). confunde. Alternativas para correção:
Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Por-
transformá-la em frase simples, substituindo as orações redu- taria.
zidas por substantivos: Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segu- Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
rança, inteligência e ambição. do que os Ministérios do Governo.
No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso pa- “demais”) acarretou imprecisão:
ralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, que os outros Ministérios do Governo.
de forma paralela, estruturas sintáticas distintas: Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa. que os demais Ministérios do Governo.
Ambiguidade
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Pa-
ris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibilidade Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em
de correção é transformá-la em duas frases simples, com o mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de
cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar): todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta últi- possam gerar equívocos de compreensão.
ma capital, encontrou-se com o Papa. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar a qual palavra se refere um pronome que possui
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer
pelo uso inadequado da expressão “e que” num período que com:
não contém nenhum “que” anterior.
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem - pronomes pessoais:
sólida formação acadêmica. Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que
ele seria exonerado.
Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo: Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu se-
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida cretariado.
formação acadêmica. Ou então, caso o entendimento seja outro:
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exo-
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”: neração deste.
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o pro- - pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
grama. Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repúbli-
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo anterior, ca, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Esta-
aqui podemos suprimir a conjunção: do, mas isso não o surpreendeu.
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas pre- Observe a multiplicidade de ambiguidade no exemplo
cipitadas, que comprometam o andamento de todo o progra- acima, a qual torna incompreensível o sentido da frase.
ma. Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente
da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção
Erros de Comparação
federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente
da República.
A omissão de certos termos ao fazermos uma compara-
ção, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na lín-
- pronome relativo:
gua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem sempre
Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu
é possível identificar, pelo contexto, qual o termo omitido. A
costumava trabalhar.
ausência indevida de um termo pode impossibilitar o enten-
dimento do sentido que se quer dar a uma frase: Não fica claro se o pronome relativo da segunda ora-
ção faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambigui-
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que um dade se deve ao pronome relativo “que”, sem marca de gê-
médico. nero. A solução é recorrer às formas o qual, a qual, os quais,
A omissão de termos provocou uma comparação indevi- as quais, que marcam gênero e número.
da: “o salário de um professor” com “um médico”. Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costu-
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o mava trabalhar.
salário de um médico. Se o entendimento é outro, então:

98
LÍNGUA PORTUGUESA

Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costu- dos pronomes de tratamento apresentados nas alternati-
mava trabalhar. vas, o pronome demonstrativo será “sua”. Descartamos, en-
tão, os itens A, C e E. Agora recorramos ao pronome ade-
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da quado a ser utilizado para deputados. Segundo o Manual
dúvida sobre a que se refere a oração reduzida: de Redação Oficial, temos:
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
funcionário. b) do Poder Legislativo: Presidente, Vice–Presidente e
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida. (...).
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este RESPOSTA: “D”.
indisciplinado.
2-) (ANTAQ – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE SER-
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora VIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – CESPE/2014)
chamou o médico. Considerando aspectos estruturais e linguísticos das cor-
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi respondências oficiais, julgue os itens que se seguem, de
chamado por uma senhora. acordo com o Manual de Redação da Presidência da Re-
pública.
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to-
Fontes de pesquisa:
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig-
http://www.redacaooficial.com.br/redacao_oficial_pu-
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de
blicacoes_ver.php?id=2
cargos públicos.
http://portuguesxconcursos.blogspot.com.br/p/reda-
( ) CERTO ( ) ERRADO
cao-oficial-para-concursos.html
2-) Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a
Questões forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, a
dignidade é condição primordial para que tais cargos públi-
1-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP - 2014) cos sejam ocupados.
Leia o seguinte fragmento de um ofício, citado do Manual Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
de Redação da Presidência da República, no qual expres- cial_publicacoes_ver.php?id=2
sões foram substituídas por lacunas. RESPOSTA: “ERRADO”.

Senhor Deputado 3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO


Em complemento às informações transmitidas pelo te- – CESPE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas di-
legrama n.º 154, de 24 de abril último, informo _____ de que recionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer uso
as medidas mencionadas em ______ carta n.º 6708, dirigida dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamente, de acor-
ao Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo do com as hierarquias do destinatário e do remetente.
procedimento administrativo de demarcação de terras in- ( ) CERTO (
dígenas instituído pelo Decreto n.º 22, de 4 de fevereiro de ) ERRADO
1991 (cópia anexa).
(http://www.planalto.gov.br. Adaptado) 3-) Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual
estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes
A alternativa que completa, correta e respectivamen- para todas as modalidades de comunicação oficial:
te, as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente
da língua portuguesa e atendendo às orientações oficiais da República: Respeitosamente,
a respeito do uso de formas de tratamento em correspon- b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar-
quia inferior: Atenciosamente,
dências públicas, é:
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
A) Vossa Senhoria … tua.
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tra-
B) Vossa Magnificência … sua.
dição próprios, devidamente disciplinados no Manual de
C) Vossa Eminência … vossa.
Redação do Ministério das Relações Exteriores.
D) Vossa Excelência … sua. RESPOSTA: “CERTO”.
E) Sua Senhoria … vossa.

1-) Podemos começar pelo pronome demonstrativo.


Mesmo utilizando pronomes de tratamento “Vossa” (mui-
tas vezes confundido com “vós” e seu respectivo “vosso”),
os pronomes que os acompanham deverão ficar sempre na
terceira pessoa (do plural ou do singular, de acordo com o
número do pronome de tratamento). Então, em quaisquer

99
LÍNGUA PORTUGUESA

Não encontramos as pessoas que saíram.


FUNÇÕES DO “QUE” E DO “SE” • pronome indefinido: nesse caso, pode funcionar
como pronome substantivo ou pronome adjetivo.
• pronome substantivo: equivale a que coisa. Quando
for pronome substantivo, a palavra que exercerá as fun-
A palavra que em português pode ser: ções próprias do substantivo (sujeito, objeto direto, objeto
Interjeição: exprime espanto, admiração, surpresa. indireto, etc.)
Nesse caso, será acentuada e seguida de ponto de Que aconteceu com você?
exclamação. Usa-se também a variação  o quê! A pala-
vra que não exerce função sintática quando funciona como • pronome adjetivo: determina um substantivo. Nesse
interjeição. caso, exerce a função sintática de adjunto adnominal.

Quê! Você ainda não está pronto? Que vida é essa?


O quê! Quem sumiu?
Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse
Substantivo: equivale a alguma coisa. caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a pala-
Nesse caso, virá sempre antecedida de artigo ou outro vra que pode relacionar tanto orações coordenadas quan-
determinante, e receberá acento por ser monossílabo tô- to subordinadas, daí classificar-se como conjunção coorde-
nativa ou conjunção subordinativa. Quando funciona como
nico terminado em e. Como substantivo, designa também
conjunção coordenativa ou subordinativa, a palavra que
a 16ª letra de nosso alfabeto. Quando a palavra que for
recebe o nome da oração que introduz. Por exemplo:
substantivo, exercerá as funções sintáticas próprias dessa
Venha logo, que é tarde. (conjunção coordenativa ex-
classe de palavra (sujeito, objeto direto, objeto indireto,
plicativa)
predicativo, etc.) Falou tanto que ficou rouco. (conjunção subordinativa
consecutiva)
Ele tem certo quê misterioso. (substantivo na função
de núcleo do objeto direto) Quando inicia uma oração subordinada substantiva, a
palavra que recebe o nome de conjunção subordinativa
Preposição: liga dois verbos de uma locução verbal integrante.
em que o auxiliar é o verboter.
Equivale a de. Quando é preposição, a palavra que não Desejo que você venha logo.
exerce função sintática.

Tenho que sair agora. A palavra se 


Ele tem que dar o dinheiro hoje.
A palavra se, em português, pode ser:
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
frase, sem prejuízo algum para o sentido. Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse
Nesse caso, a palavra que  não exerce função sintáti- caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a pala-
ca; como o próprio nome indica, é usada apenas para dar vra se pode ser:
realce. Como partícula expletiva, aparece também na ex- * conjunção subordinativa integrante: inicia uma ora-
pressão é que. ção subordinada substantiva.
Perguntei se ele estava feliz.
Quase que não consigo chegar a tempo. * conjunção subordinativa condicional: inicia uma ora-
Elas é que conseguiram chegar. ção adverbial condicional (equivale a caso).
Advérbio:  modifica um adjetivo ou um advérbio. Se todos tivessem estudado, as notas seriam boas.
Equivale a quão. Quando funciona como advérbio, a pala-
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
vra que exerce a função sintática de adjunto adverbial; no
frase sem prejuízo algum para o sentido. Nesse caso, a pa-
caso, de intensidade.
lavra se não exerce função sintática. Como o próprio nome
indica, é usada apenas para dar realce.
Que lindas flores!
Passavam-se os dias e nada acontecia.
Que barato!
Parte integrante do verbo: faz parte integrante dos
Pronome: como pronome, a palavra que pode ser: verbos pronominais. Nesse caso, o se não exerce função
• pronome relativo: retoma um termo da oração an- sintática.
tecedente, projetando-o na oração consequente. Equivale Ele arrependeu-se do que fez.
a o qual e flexões.

100
LÍNGUA PORTUGUESA

Partícula apassivadora: ligada a verbo que pede ob- Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o es-
jeto direto, caracteriza as orações que estão na voz passi- tilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado
va sintética. É também chamada de pronome apassivador. controvérsias entre os estudos da língua, uma vez que, para
Nesse caso, não exerce função sintática, seu papel é apenas a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve de maneira
apassivar o verbo. errônea é considerada “inculta”, tornando-se desta forma
um estigma.
Vendem-se casas. Compondo o quadro do padrão informal da lingua-
Aluga-se carro. gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais
Compram-se joias. representam as variações de acordo com as condições so-
Índice de indeterminação do sujeito: vem ligando a ciais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
um verbo que não é transitivo direto, tornando o sujeito Dentre elas destacam-se:
indeterminado. Não exerce propriamente uma função sin-
tática, seu papel é o de indeterminar o sujeito. Lembre-se Variações históricas: Dado o dinamismo que a lín-
de que, nesse caso, o verbo deverá estar na terceira pessoa gua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do
do singular. tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão
da ortografia, se levarmos em consideração a palavra far-
Trabalha-se de dia. mácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, con-
Precisa-se de vendedores. trapondo-se à linguagem dos internautas, a qual se fun-
damenta pela supressão do vocábulos. Analisemos, pois, o
Pronome reflexivo: quando a palavra se é pronome fragmento exposto:
pessoal, ela deverá estar sempre na mesma pessoa do su-
jeito da oração de que faz parte. Por isso o pronome oblí-
quo se sempre será reflexivo (equivalendo a a si mesmo), Antigamente
podendo assumir as seguintes funções sintáticas:
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e
eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos:
* objeto direto
completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas,
Ele cortou-se com o facão.
mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arras-
* objeto indireto
tando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.”
Ele se atribui muito valor.
Carlos Drummond de Andrade
* sujeito de um infinitivo
Comparando-o à modernidade, percebemos um voca-
“Sofia deixou-se estar à janela.”
bulário antiquado.
* Texto adaptado por Por Marina Cabral Variações regionais: São os chamados dialetos, que
são as marcas determinantes referentes a diferentes re-
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/classi- giões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que,
ficacao-das-palavras-que-e-se.htm em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como:
macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade es-
tão os sotaques, ligados às características orais da lingua-
gem.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA. Variações sociais ou culturais: Estão diretamente li-


gadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também
ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como
exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira.
A linguagem é a característica que nos difere dos de- As gírias pertencem ao vocabulário específico de cer-
mais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar tos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores,
sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião entre outros. Os jargões estão relacionados ao profissiona-
frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano e, so- lismo, caracterizando um linguajar técnico. Representando
bretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social. a classe, podemos citar os médicos, advogados, profissio-
Dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se os nais da área de informática, dentre outros.
níveis da fala, que são basicamente dois: o nível de formali-
dade e o de informalidade. Vejamos um poema sobre o assunto:
O padrão formal está diretamente ligado à linguagem
escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um modo Vício na fala
geral. Razão pela qual nunca escrevemos da mesma ma- Para dizerem milho dizem mio
neira que falamos. Este fator foi determinante para a que Para melhor dizem mió
a mesma pudesse exercer total soberania sobre as demais. Para pior pió

101
LÍNGUA PORTUGUESA

Para telha dizem teia Releva considerar, assim, o momento do discurso, que
Para telhado dizem teiado pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é o
E vão fazendo telhados. das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre ami-
Oswald de Andrade gos, parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas
perfeitamente normais construções do tipo:
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/varia- Eu não vi ela hoje.
coes-linguisticas.htm Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Níveis de linguagem Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
A língua é um código de que se serve o homem para
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica- Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas norma culta, deixando mais livres os interlocutores.
funcionais: O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que
1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se
ou língua-padrão, que compreende a língua literária, tem por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou
por base a norma culta, forma linguística utilizada pelo seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se
segmento mais culto e influente de uma sociedade. Cons- alteram:
titui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de comu- Eu não a vi hoje.
nicação de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais, Ninguém o deixou falar.
revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem Deixe-me ver isso!
aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colabo- Eu te amo, sim, mas não abuses!
rando na educação; Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
2) a língua funcional de modalidade popular; língua po-
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
pular ou língua cotidiana, que apresenta gradações as mais
diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.
Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos
Norma culta:
de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista,
etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgres-
A norma culta, forma linguística que todo povo civiliza-
sões da norma culta na pena ou na boca de jornalistas,
do possui, é a que assegura a unidade da língua nacional.
quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço
E justamente em nome dessa unidade, tão importante do
à causa do ensino.
ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas esco-
las e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontânea e O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva e dinâ- poética, caracterizado por construções de rara beleza.
mica. Temos, assim, à guisa de exemplificação: Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
Estou preocupado. (norma culta) Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
Tô preocupado. (língua popular) de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o co-
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) mete, passando, assim, a constituir fato linguístico registro
de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda
Não basta conhecer apenas uma modalidade de lín- que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
gua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a es- Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
pontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)
viver; urge conhecer a língua culta para conviver. Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das nor- dispersar e Não vamos dispersar-nos.)
mas da língua culta. Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de
sair daqui bem depressa.)
O conceito de erro em língua: O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
seu posto.)
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos
casos de ortografia. O que normalmente se comete são As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos im-
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num pedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele fa- também de transgressões ou “erros” que se tornaram fatos
lar”, não comete propriamente erro; na verdade, transgride linguísticos, já que só correm hoje porque a maioria viu
a norma culta. tais verbos como derivados de pedir, que tem início, na sua
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, conjugação, com peço. Tanto bastou para se arcaizarem as
transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um formas então legítimas impido, despido e desimpido, que
banquete trajando xortes ou quanto um banhista, numa hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de
praia, vestido de fraque e cartola. usar.

102
LÍNGUA PORTUGUESA

Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário


escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe- O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO E AS
rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que FUNÇÕES DA LINGUAGEM.
deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
da língua popular para a língua culta”.
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada con- Comunicação
forme as normas gramaticais; em suma, conforme a norma
culta. A comunicação constitui uma das ferramentas mais im-
portantes que os líderes têm à sua disposição para desem-
Língua escrita e língua falada. Nível de linguagem: penhar as suas funções de influência. A sua importância é
tal que alguns autores a consideram mesmo como o “san-
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos eco- gue” que dá vida à organização. Esta importância deve-se
nômica, não dispõe dos recursos próprios da língua falada. essencialmente ao fato de apenas através de uma comuni-
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação cação efetiva ser possível:
(melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, - Estabelecer e dar a conhecer, com a participação de
olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a modalidade membros de todos os níveis hierárquicos da organização,
mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e natural, os objetivos organizacionais por forma a que contemplem,
estando, por isso mesmo, mais sujeita a transformações e não apenas os interesses da organização, mas também os
a evoluções. interesses de todos os seus membros.
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em importân-
cia. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar a lín- - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
gua falada com base na língua escrita, considerada supe- bros de todos os níveis hierárquicos da organização, a es-
rior. Decorrem daí as correções, as retificações, as emendas, trutura organizacional, quer ao nível do desenho organiza-
a que os professores sempre estão atentos. cional, quer ao nível da distribuição de autoridade, respon-
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- sabilidade e tarefas.
trando as características e as vantagens de uma e outra,
sem deixar transparecer nenhum caráter de superioridade - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
ou inferioridade, que em verdade inexiste. bros de todos os níveis hierárquicos da organização, de-
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na lín- cisões, planos, políticas, procedimentos e regras aceites e
gua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação de respeitadas por todos os membros da organização.
línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de diale-
tos, consequência natural do enorme distanciamento entre - Coordenar, dar apoio e controlar as atividades de to-
uma modalidade e outra. dos os membros da organização.
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
borada que a língua falada, porque é a modalidade que - Efetuar a integração dos diferentes departamentos e
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser a permitir a ajuda e cooperação interdepartamental.
que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. Ne-
nhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será possível - Desempenhar eficazmente o papel de influência atra-
sem a língua escrita, cujas transformações, por isso mesmo, vés da compreensão e atuação em conformidade satisfa-
processam-se lentamente e em número consideravelmente ção das necessidades e sentimentos das pessoas por forma
menor, quando cotejada com a modalidade falada. a aumentar a sua motivação.
Importante é fazer o educando perceber que o nível da
linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo com Elementos do Processo de Comunicação
a situação em que se desenvolve o discurso.
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua- Para perceber desenvolver políticas de comunicação
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia eficazes é necessário analisar antes cada um dos elemen-
e até a entoação variam segundo esse nível. Um padre não tos que fazem parte do processo de comunicação. Assim,
fala com uma criança como se estivesse em uma missa, as- fazem parte do processo de comunicação o emissor, um
sim como uma criança não fala como um adulto. Um enge- canal de transmissão, geralmente influenciado por ruídos,
nheiro não usará um mesmo discurso, ou um mesmo nível um receptor e ainda o feedback do receptor.
de fala, para colegas e para pedreiros, assim como nenhum
professor utiliza o mesmo nível de fala no recesso do lar e - Emissor (ou fonte da mensagem da comunicação):
na sala de aula. representa quem pensa, codifica e envia a mensagem, ou
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre seja, quem inicia o processo de comunicação. A codificação
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o coti- da mensagem pode ser feita transformando o pensamento
diano, a que já fizemos referência. que se pretende transmitir em palavras, gestos ou símbolos
que sejam compreensíveis por quem recebe a mensagem.

103
LÍNGUA PORTUGUESA

- Canal de transmissão da mensagem: faz a ligação parte do emissor, nomeadamente com o fato de se tor-
entre o emissor e o receptor e representa o meio através narem impossíveis ou pelo menos difíceis as retificações e
do qual é transmitida a mensagem. Existe uma grande as novas explicações para melhor compreensão após a sua
variedade de canais de transmissão, cada um deles com transmissão. Assim, os principais cuidados a ter para que
vantagens e inconvenientes: destacam-se o ar (no caso do a mensagem seja perfeitamente recebida e compreendida
emissor e receptor estarem frente a frente), o telefone, os pelo(s) receptor(es) são o uso de caligrafia legível e unifor-
meios eletrônicos e informáticos, os memorandos, a rádio, me (se manuscrita), a apresentação cuidada, a pontuação
a televisão, entre outros. e ortografia corretas, a organização lógica das ideias, a ri-
queza vocabular e a correção frásica. O emissor deve ainda
- Receptor da mensagem: representa quem recebe e possuir um perfeito conhecimento dos temas e deve tentar
descodifica a mensagem. Aqui é necessário ter em atenção prever as reações/feedback à sua mensagem.
que a descodificação da mensagem resulta naquilo que Como principais vantagens da comunicação escrita,
efetivamente o emissor pretendia enviar (por exemplo, em podemos destacar o fato de ser duradoura e permitir um
diferentes culturas, um mesmo gesto pode ter significados registro e de permitir uma maior atenção à organização
diferentes). Podem existir apenas um ou numerosos recep- da mensagem sendo, por isso, adequada para a transmitir
tores para a mesma mensagem. políticas, procedimentos, normas e regras. Adequa-se tam-
bém a mensagens longas e que requeiram uma maior aten-
- Ruídos: representam obstruções mais ou menos in- ção e tempo por parte do receptor tais como relatórios e
tensas ao processo de comunicação e podem ocorrer em análises diversas. Como principais desvantagens destacam-
qualquer uma das suas fases. Denominam-se ruídos inter- se a já referida ausência do receptor o que impossibilita o
nos se ocorrem durante as fases de codificação ou desco- feedback imediato, não permite correções ou explicações
dificação e externos se ocorrerem no canal de transmissão. adicionais e obriga ao uso exclusivo da linguagem verbal.
Obviamente estes ruídos variam consoante o tipo de canal
de transmissão utilizado e consoante as características do Comunicação Oral
emissor e do(s) receptor(es), sendo, por isso, um dos crité-
rios utilizados na escolha do canal de transmissão quer do No caso da comunicação oral, a sua principal caracte-
tipo de codificação. rística é a presença do receptor (exclui-se, obviamente, a
comunicação oral que utilize a televisão, a rádio, ou as gra-
- Retro-informação (feedback): representa a resposta vações). Esta característica explica diversas das suas prin-
do(s) receptor(es) ao emissor da mensagem e pode ser cipais vantagens, nomeadamente o fato de permitir o fee-
utilizada como uma medida do resultado da comunicação. dback imediato, permitir a passagem imediata do receptor
Pode ou não ser transmitida pelo mesmo canal de trans- a emissor e vice-versa, permitir a utilização de comunica-
missão. ção não verbal como os gestos a mímica e a entoação, por
  exemplo, facilitar as retificações e explicações adicionais,
Embora os tipos de comunicação sejam inúmeros, po- permitir observar as reações do receptor, e ainda a grande
dem ser agrupados em comunicação verbal e comunica- rapidez de transmissão. Contudo, e para que estas vanta-
ção não verbal. Como comunicação não verbal podemos gens sejam aproveitadas é necessário o conhecimento dos
considerar os gestos, os sons, a mímica, a expressão facial, temas, a clareza, a presença e naturalidade, a voz agradável
as imagens, entre outros. É frequentemente utilizada em e a boa dicção, a linguagem adaptada, a segurança e auto-
locais onde o ruído ou a situação impede a comunicação domínio, e ainda a disponibilidade para ouvir.
oral ou escrita como por exemplo as comunicações entre Como principais desvantagens da comunicação oral
“dealers” nas bolsas de valores. É também muito utilizada destacam-se o fato de ser efêmera, não permitindo qual-
como suporte e apoio à comunicação oral. quer registro e, consequentemente, não se adequando a
Quanto à comunicação verbal, que inclui a comunica- mensagens longas e que exijam análise cuidada por parte
ção escrita e a comunicação oral, por ser a mais utilizada na do receptor.
sociedade em geral e nas organizações em particular, por
ser a única que permite a transmissão de ideias complexas Gêneros Escritos e Orais
e por ser um exclusivo da espécie humana, é aquela que
mais atenção tem merecido dos investigadores, caracteri- Gêneros textuais são tipos específicos de textos de
zando-a e estudando quando e como deve ser utilizada. qualquer natureza, literários ou não. Modalidades discur-
sivas constituem as estruturas e as funções sociais (narra-
Comunicação Escrita tivas, discursivas, argumentativas) utilizadas como formas
de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser consi-
A comunicação escrita teve o seu auge, e ainda hoje derados exemplos de gêneros textuais: anúncios, convites,
predomina, nas organizações burocráticas que seguem atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comé-
os princípios da Teoria da Burocracia enunciados por Max dias, contos de fadas, crônicas, editoriais, ensaios, entrevis-
Weber. A principal característica é o fato do receptor estar tas, contratos, decretos, discursos políticos, histórias, ins-
ausente tornando-a, por isso, num monólogo permanente truções de uso, letras de música, leis, mensagens, notícias.
do emissor. Esta característica obriga a alguns cuidados por São textos que circulam no mundo, que têm uma função

104
LÍNGUA PORTUGUESA

específica, para um público específico e com características Exemplo de gêneros orais e escritos: Texto expositivo,
próprias. Aliás, essas características peculiares de um gêne- exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral,
ro discursivo nos permitem abordar aspectos da textualida- palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclo-
de, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, pédico, texto explicativo, tomada de notas, resumo de tex-
técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes tos expositivos e explicativos, resenha, relatório científico,
ao gênero em questão. relatório oral de experiência.
Gênero de texto então, refere-se às diferentes formas
de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por Domínios sociais de comunicação: Instruções e prescri-
exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, etc. ções.
Para a linguística, os gêneros textuais englobam estes Aspectos tipológicos: Descrever ações.
e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Capacidade de linguagem dominante: Regulação mú-
Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também iden- tua de comportamentos.
tificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tan- Exemplo de gêneros orais e escritos: Instruções de mon-
tos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa tagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de
sociedade. uso, comandos diversos, textos prescritivos.
Quanto à forma ou estrutura das sequências linguís-
ticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los
dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e esti-
los composicionais. Funções da Linguagem
Domínios sociais de comunicação: Cultura Literária Fic-
cional. Quando se pergunta a alguém para que serve a lingua-
Aspectos tipológicos: Narrar. gem, a resposta mais comum é que ela serve para comuni-
Capacidade de linguagem dominante: Mimeses de ação car. Isso está correto. No entanto, comunicar não é apenas
através da criação da intriga no domínio do verossímil. transmitir informações. É também exprimir emoções, dar
Exemplo de gêneros orais e escritos: Conto de Fadas, fá- ordens, falar apenas para não haver silêncio. Para que serve
bula, lenda,narrativa de aventura, narrativa de ficção cien- a linguagem?
tífica, narrativa de enigma, narrativa mítica, sketch ou his- - A linguagem serve para informar: Função Referencial.
tória engraçada, biografia romanceada, romance, romance
histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivi- “Estados Unidos invadem o Iraque”
nha, piada.
Domínios sociais de comunicação: Documentação e Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos so-
memorização das ações humana. bre um acontecimento do mundo.
Aspectos tipológicos: Relatar. Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na
Capacidade de linguagem dominante: Representação memória, transmitimos esses conhecimentos a outras pes-
pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo. soas, ficamos sabendo de experiências bem-sucedidas, so-
Exemplo de gêneros orais e escritos: Relato de expe- mos prevenidos contra as tentativas mal sucedidas de fazer
riência vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho, alguma coisa. Graças à linguagem, um ser humano recebe
anedota ou caso, autobiografia, curriculum vitae, notícia, de outro conhecimentos, aperfeiçoa-os e transmite-os.
reportagem, crônica social, crônica esportiva, histórico, re- Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender
lato histórico, ensaio ou perfil biográfico, biografia. ciências com facilidade? Começai a aprender vossa própria
língua!” Com efeito, a linguagem é a maneira como apren-
Domínios sociais de comunicação: Discussão de proble- demos desde as mais banais informações do dia a dia até
mas sociais controversos. as teorias científicas, as expressões artísticas e os sistemas
Aspectos tipológicos: Argumentar. filosóficos mais avançados.
Capacidade de linguagem dominante: Sustentação, re- A função informativa da linguagem tem importância
futação e negociação de tomadas de posição. central na vida das pessoas, consideradas individualmente
Exemplo de gêneros orais e escritos: Textos de opinião, ou como grupo social. Para cada indivíduo, ela permite co-
diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação, nhecer o mundo; para o grupo social, possibilita o acúmulo
deliberação informal, debate regrado, assembleia, discurso de conhecimentos e a transferência de experiências. Por
de defesa (advocacia), discurso de acusação (advocacia), meio dessa função, a linguagem modela o intelecto.
resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial, É a função informativa que permite a realização do
ensaio. trabalho coletivo. Operar bem essa função da linguagem
possibilita que cada indivíduo continue sempre a aprender.
Domínios sociais de comunicação: Transmissão e cons- A função informativa costuma ser chamada também de
trução de saberes. função referencial, pois seu principal propósito é fazer com
Aspectos tipológicos: Expor. que as palavras revelem da maneira mais clara possível as
Capacidade de linguagem dominante: Apresentação coisas ou os eventos a que fazem referência.
textual de diferentes formas dos saberes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- A linguagem serve para influenciar e ser influenciado: insinuarem intimidade com ele e, portanto, de exprimirem
Função Conativa. a importância que lhes seria atribuída pela proximidade
com o poder. Inúmeras vezes, contamos coisas que fizemos
“Vem pra Caixa você também.” para afirmarmo-nos perante o grupo, para mostrar nossa
valentia ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual ou
Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a nossa competência na conquista amorosa.
aumentar o número de correntistas da Caixa Econômica Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom
Federal. Para persuadir o público alvo da propaganda a de voz que empregamos, etc., transmitimos uma imagem
adotar esse comportamento, formulou-se um convite com nossa, não raro inconscientemente.
uma linguagem bastante coloquial, usando, por exemplo, a Emprega-se a expressão função emotiva para designar
forma vem, de segunda pessoa do imperativo, em lugar de a utilização da linguagem para a manifestação do enuncia-
venha, forma de terceira pessoa prescrita pela norma culta dor, isto é, daquele que fala.
quando se usa você.
Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer de- - A linguagem serve para criar e manter laços sociais:
terminadas coisas, a crer em determinadas ideias, a sen- Função Fática.
tir determinadas emoções, a ter determinados estados de
alma (amor, desprezo, desdém, raiva, etc.). Por isso, pode- __Que calorão, hein?
se dizer que ela modela atitudes, convicções, sentimentos, __Também, tem chovido tão pouco.
emoções, paixões. Quem ouve desavisada e reiteradamente __Acho que este ano tem feito mais calor do que nos
a palavra negro pronunciada em tom desdenhoso aprende outros.
a ter sentimentos racistas; se a todo momento nos dizem, __Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor.
num tom pejorativo, “Isso é coisa de mulher”, aprendemos
os preconceitos contra a mulher. Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram
Não se interfere no comportamento das pessoas ape- num elevador e devem manter uma conversa nos poucos
nas com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos instantes em que estão juntas. Falam para nada dizer, ape-
influenciam de maneira bastante sutil, com tentações e nas porque o silêncio poderia ser constrangedor ou pare-
seduções, como os anúncios publicitários que nos dizem cer hostil.
como seremos bem sucedidos, atraentes e charmosos se Quando estamos num grupo, numa festa, não pode-
usarmos determinadas marcas, se consumirmos certos mos manter-nos em silêncio, olhando uns para os outros.
produtos. Por outro lado, a provocação e a ameaça expres- Nessas ocasiões, a conversação é obrigatória. Por isso,
sas pela linguagem também servem para fazer fazer. quando não se tem assunto, fala-se do tempo, repetem-se
Com essa função, a linguagem modela tanto bons ci- histórias que todos conhecem, contam-se anedotas velhas.
dadãos, que colocam o respeito ao outro acima de tudo, A linguagem, nesse caso, não tem nenhuma função que
quanto espertalhões, que só pensam em levar vantagem, não seja manter os laços sociais. Quando encontramos al-
e indivíduos atemorizados, que se deixam conduzir sem guém e lhe perguntamos “Tudo bem?”, em geral não que-
questionar. remos, de fato, saber se nosso interlocutor está bem, se
Emprega-se a expressão função conativa da linguagem está doente, se está com problemas.
quando esta é usada para interferir no comportamento A fórmula é uma maneira de estabelecer um vínculo
das pessoas por meio de uma ordem, um pedido ou uma social.
sugestão. A palavra conativo é proveniente de um verbo Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja
latino (conari) que significa “esforçar-se” (para obter algo). entre alunos de uma escola, entre torcedores de um time
de futebol ou entre os habitantes de um país. Não importa
- A linguagem serve para expressar a subjetividade: que as pessoas não entendam bem o significado da letra
Função Emotiva. do Hino Nacional, pois ele não tem função informativa: o
importante é que, ao cantá-lo, sentimo-nos participantes
“Eu fico possesso com isso!” da comunidade de brasileiros.
Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão
Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação função fática para indicar a utilização da linguagem para
com alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetiva- estabelecer ou manter aberta a comunicação entre um fa-
mos e expressamos nossos sentimentos e nossas emoções. lante e seu interlocutor.
Exprimimos a revolta e a alegria, sussurramos palavras de
amor e explodimos de raiva, manifestamos desespero, - A linguagem serve para falar sobre a própria lingua-
desdém, desprezo, admiração, dor, tristeza. Muitas ve- gem: Função Metalinguística.
zes, falamos para exprimir poder ou para afirmarmo-nos
socialmente. Durante o governo do presidente Fernando Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um
Henrique Cardoso, ouvíamos certos políticos dizerem “A substantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”; “Estou usan-
intenção do Fernando é levar o país à prosperidade” ou “O do o termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegan-
Fernando tem mudado o país”. Essa maneira informal de se te usar palavrões”, não estamos falando de acontecimen-
referirem ao presidente era, na verdade, uma maneira de tos do mundo, mas estamos tecendo comentários sobre a

106
LÍNGUA PORTUGUESA

própria linguagem. É o que chama função metalinguística. Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitaria-
A atividade metalinguística é inseparável da fala. Falamos mente ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada
sobre o mundo exterior e o mundo interior e ao mesmo para informar, para influenciar, para manter os laços sociais,
tempo, fazemos comentários sobre a nossa fala e a dos etc. No segundo, para produzir um efeito prazeroso de des-
outros. Quando afirmamos como diz o outro, estamos co- coberta de sentidos. Em função estética, o mais importante
mentando o que declaramos: é um modo de esclarecer que é como se diz, pois o sentido também é criado pelo ritmo,
não temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial como a pelo arranjo dos sons, pela disposição das palavras, etc.
que estamos enunciando; inversamente, podemos usar a Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de
metalinguagem como recurso para valorizar nosso modo Raimundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/,
de dizer. É o que se dá quando dizemos, por exemplo, Paro-
/k/, /b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos:
diando o padre Vieira ou Para usar uma expressão clássica,
vou dizer que “peixes se pescam, homens é que se não
E o bosque estala, move-se, estremece...
podem pescar”.
Da cavalgada o estrépito que aumenta
- A linguagem serve para criar outros universos. Perde-se após no centro da montanha...

A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed.
também do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássi-
mundos, outras realidades. Essa é a grande função da arte: cos.
mostrar que outros modos de ser são possíveis, que outros
universos podem existir. O filme de Woody Allen “A rosa Observe-se que a maior concentração de sons oclu-
púrpura do Cairo” (1985) mostra isso de maneira bem ex- sivos ocorre no segundo verso, quando se afirma que o
pressiva. Nele, conta-se a história de uma mulher que, para barulho dos cavalos aumenta.
consolar-se do cotidiano sofrido e dos maus-tratos infligi- Quando se usam recursos da própria língua para acres-
dos pelo marido, refugia-se no cinema, assistindo inúmeras centar sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se
vezes a um filme de amor em que a vida é glamorosa, e o que estamos usando a linguagem em sua função poética.
galã é carinhoso e romântico. Um dia, ele sai da tela e am-
bos vão viver juntos uma série de aventuras. Nessa outra Para melhor compreensão das funções de linguagem,
realidade, os homens são gentis, a vida não é monótona, o torna-se necessário o estudo dos elementos da comuni-
amor nunca diminui e assim por diante.
cação.
Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era de-
- A linguagem serve como fonte de prazer: Função
Poética. senvolvido de maneira “sistematizada” (alguém pergunta
- alguém espera ouvir a pergunta, daí responde, enquanto
Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido outro escuta em silêncio, etc).
e os sons são formas de tornar a linguagem um lugar de Exemplo:
prazer. Divertimo-nos com eles. Manipulamos as palavras
para delas extrairmos satisfação. Elementos da comunicação
Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”,
diz “Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase sha- - Emissor - emite, codifica a mensagem;
kespeariana “To be or not to be”. Conta-se que o poeta Emí- - Receptor - recebe, decodifica a mensagem;
lio de Menezes, quando soube que uma mulher muito gor- - Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor;
da se sentara no banco de um ônibus e este quebrara, fez - Código - conjunto de signos usado na transmissão e
o seguinte trocadilho: “É a primeira vez que vejo um banco recepção da mensagem;
quebrar por excesso de fundos”. - Referente - contexto relacionado a emissor e recep-
A palavra banco está usada em dois sentidos: “móvel tor;
comprido para sentar-se” e “casa bancária”. Também está - Canal - meio pelo qual circula a mensagem.
empregado em dois sentidos o termo fundos: “nádegas” e Porém, com os estudos recentes dos linguistas, essa
“capital”, “dinheiro”.
teoria sofreu uma modificação, pois, chegou-se a conclu-
são que quando se trata da parole, entende-se que é um
Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diver-
veículo democrático (observe a função fática), assim, admi-
sas, com significados diferentes, nesta frase do deputado
Virgílio Guimarães: te-se um novo formato de locução, ou, interlocução (diá-
logo interativo):
“ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu
continência para os militares, bateu palmas para o Collor e - locutor - quem fala (e responde);
quer bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata - locutário - quem ouve e responde;
uma dor de consciência e bata em retirada.” - interlocução - diálogo
(Folha de S. Paulo)

107
LÍNGUA PORTUGUESA

As respostas, dos “interlocutores” podem ser gestuais, EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


faciais etc. por isso a mudança (aprimoração) na teoria. SOBRE: LÍNGUA PORTUGUESA
As atitudes e reações dos comunicantes são também
referentes e exercem influência sobre a comunicação 1-) (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC/
SP – ADMINISTRADOR - VUNESP/2013) Assinale a al-
Lembramo-nos: ternativa correta quanto à concordância, de acordo
com a norma-padrão da língua portuguesa.
- Emotiva (ou expressiva): a mensagem centra-se no (A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade
“eu” do emissor, é carregada de subjetividade. Ligada a esta social está no centro dos debates atuais.
função está, por norma, a poesia lírica. (B) Políticos, economistas e teóricos diverge em re-
- Função apelativa (imperativa): com este tipo de men- lação aos efeitos da desigualdade social.
sagem, o emissor atua sobre o receptor, afim de que este (C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
assuma determinado comportamento; há frequente uso mais pobres é um fenômeno crescente.
do vocativo e do imperativo. Esta função da linguagem é (D) A má distribuição de riquezas tem sido muito
frequentemente usada por oradores e agentes de publici- criticado por alguns teóricos.
dade. (E) Os debates relacionado à distribuição de rique-
- Função metalinguística: função usada quando a lín- zas não são de exclusividade dos economistas.
gua explica a própria linguagem (exemplo: quando, na aná-
Realizei a correção nos itens:
lise de um texto, investigamos os seus aspectos morfossin-
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade so-
táticos e/ou semânticos).
cial está = estão
- Função informativa (ou referencial): função usada
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge = diver-
quando o emissor informa objetivamente o receptor de
gem
uma realidade, ou acontecimento.
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
- Função fática: pretende conseguir e manter a atenção
mais pobres é um fenômeno crescente.
dos interlocutores, muito usada em discursos políticos e
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criti-
textos publicitários (centra-se no canal de comunicação). cado = criticada
- Função poética: embeleza, enriquecendo a mensa- (E) Os debates relacionado = relacionados
gem com figuras de estilo, palavras belas, expressivas, rit-
mos agradáveis, etc. RESPOSTA: “C”.
Também podemos pensar que as primeiras falas cons- 2-) (COREN/SP – ADVOGADO – VUNESP/2013) Se-
cientes da raça humana ocorreu quando os sons emitidos guindo a norma-padrão da língua portuguesa, a frase
evoluíram para o que podemos reconhecer como “interjei- – Um levantamento mostrou que os adolescentes ame-
ções”. As primeiras ferramentas da fala humana. ricanos consomem em média 357 calorias diárias dessa
fonte. – recebe o acréscimo correto das vírgulas em:
A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo (A) Um levantamento mostrou, que os adolescentes
que mais profundamente distingue o homem dos outros americanos consomem em média 357 calorias, diárias
animais. dessa fonte.
(B) Um levantamento mostrou que, os adolescentes
Podemos considerar que o desenvolvimento desta fun- americanos consomem, em média 357 calorias diárias
ção cerebral ocorre em estreita ligação com a bipedia e a dessa fonte.
libertação da mão, que permitiram o aumento do volume (C) Um levantamento mostrou que os adolescentes
do cérebro, a par do desenvolvimento de órgãos fonadores americanos consomem, em média, 357 calorias diárias
e da mímica facial dessa fonte.
(D) Um levantamento, mostrou que os adolescentes
Devido a estas capacidades, para além da linguagem americanos, consomem em média 357 calorias diárias
falada e escrita, o homem, aprendendo pela observação de dessa fonte.
animais, desenvolveu a língua de sinais adaptada pelos sur- (E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
dos em diferentes países, não só para melhorar a comuni- americanos, consomem em média 357 calorias diárias,
cação entre surdos, mas também para utilizar em situações dessa fonte.
especiais, como no teatro e entre navios ou pessoas e não
animais que se encontram fora do alcance do ouvido, mas Assinalei com um “X” onde há pontuação inadequada
que se podem observar entre si. ou faltante:
(A) Um levantamento mostrou, (X) que os adolescentes
americanos consomem (X) em média (X) 357 calorias, (X)
diárias dessa fonte.
(B) Um levantamento mostrou que, (X) os adolescentes
americanos consomem, em média (X) 357 calorias diárias
dessa fonte.

108
LÍNGUA PORTUGUESA

(C) Um levantamento mostrou que os adolescentes Distribuímos = regra do hiato


americanos consomem, em média, 357 calorias diárias des- (A) sócio = paroxítona terminada em ditongo
sa fonte. (B) sofrê-lo = oxítona (não se considera o pronome
(D) Um levantamento, (X) mostrou que os adolescentes oblíquo. Nunca!)
americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias (C) lúcidos = proparoxítona
diárias dessa fonte. (D) constituí = regra do hiato (diferente de “constitui”
(E) Um levantamento mostrou que os adolescentes – oxítona: cons-ti-tui)
americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias (E) órfãos = paroxítona terminada em “ão”
diárias, (X) dessa fonte.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “C”.
5-) (TRT/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012)
3-) (TRT/RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO – A concordância verbal está plenamente observada na
FCC/2011) Estão plenamente observadas as normas de frase:
concordância verbal na frase: (A) Provocam muitas polêmicas, entre crentes e
a) Destinam-se aos homens-placa um lugar visível materialistas, o posicionamento de alguns religiosos e
nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a parlamentares acerca da educação religiosa nas escolas
visibilidade social. públicas.
b) As duas tábuas em que se comprimem o famige- (B) Sempre deverão haver bons motivos, junto
rado homem-placa carregam ditos que soam irônicos, àqueles que são contra a obrigatoriedade do ensino
como “compro ouro”. religioso, para se reservar essa prática a setores da ini-
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa ciativa privada.
a exposição pública a que se submetem os guardadores (C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do tex-
de carros. to, contra os que votam a favor do ensino religioso na
d) Ao se revogarem o emprego de carros-placa na escola pública, consistem nos altos custos econômicos
propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma de- que acarretarão tal medida.
monstração de mau gosto. (D) O número de templos em atividade na cidade
e) Não sensibilizavam aos possíveis interessados de São Paulo vêm gradativamente aumentando, em
em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles ve- proporção maior do que ocorrem com o número de es-
lhos carros-placa. colas públicas.
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Fiz as correções entre parênteses: como a regulação natural do mercado sinalizam para
a) Destinam-se (destina-se) aos homens-placa um lu- as inconveniências que adviriam da adoção do ensino
gar visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é supri- religioso nas escolas públicas.
mida a visibilidade social.
b) As duas tábuas em que se comprimem (comprime) (A) Provocam = provoca (o posicionamento)
o famigerado homem-placa carregam ditos que soam irô- (B) Sempre deverão haver bons motivos = deverá haver
nicos, como “compro ouro”. (C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto,
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a contra os que votam a favor do ensino religioso na escola
exposição pública a que se submetem os guardadores de pública, consistem = consiste.
carros. (D) O número de templos em atividade na cidade de
d) Ao se revogarem (revogar) o emprego de carros- São Paulo vêm gradativamente aumentando, em propor-
-placa na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma ção maior do que ocorrem = ocorre
demonstração de mau gosto. (E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como
e) Não sensibilizavam (sensibilizava) aos possíveis in- a regulação natural do mercado sinalizam para as inconve-
teressados em apartamentos de luxo a visão grotesca da- niências que adviriam da adoção do ensino religioso nas
queles velhos carros-placa. escolas públicas.

RESPOSTA: “C”. RESPOSTA: “E”.

4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) 6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo a Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú-
mesma regra que distribuídos. blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para
(A) sócio (A) embaixadores.
(B) sofrê-lo (B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais.
(C) lúcidos (C) prefeitos municipais.
(D) constituí (D) presidentes das Câmaras de Vereadores.
(E) órfãos (E) vereadores.

109
LÍNGUA PORTUGUESA

(...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
(abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa crático não pode (podem) estar subordinado (subordina-
Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu das) às ordens indiscriminadas de um único poder central.
presidente, de acordo com o Manual de Redação da Presi- (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol-
dência da República (1991). tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex-
(Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece- põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade.
-detail.php?id=393)
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “E”.
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010)
A frase que admite transposição para a voz passiva é:
7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa-
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
grado.
ciedade como tais. (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo grande diversidade de fenômenos.
passará a ser, corretamente, (C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da so-
(A) perceba. ciedade, a própria sociedade e seu instrumento de uni-
(B) foi percebido. ficação.
(C) tenham percebido. (D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto
(D) devam perceber. da vida (...).
(E) estava percebendo. (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar ilu-
dido e da falsa consciência.
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te- (A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagra-
remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e do.
princípios... (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
grande diversidade de fenômenos.
RESPOSTA: “A” - Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e
explicada pelo conceito...
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda-
8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
concordância verbal e nominal está inteiramente corre-
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da
ta na frase: vida (...).
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido
valores que determinam as escolhas dos governantes, e da falsa consciência.
para conferir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes RESPOSTA: “B”.
devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
cípios que regem a prática política. 10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA-
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda- TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias,
deiro regime democrático, em que se respeita tanto as vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista
liberdades individuais quanto as coletivas. ambiental Geraldo Motta.
(D) As instituições fundamentais de um regime de- Substituindo-se Quando por Se, os verbos subli-
mocrático não pode estar subordinado às ordens indis- nhados devem sofrer as seguintes alterações:
criminadas de um único poder central. (A) entrar − vira
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados (B) entrava − tinha visto
para o momento eleitoral, que expõem as diferentes (C) entrasse − veria
opiniões existentes na sociedade. (D) entraria − veria
(E) entrava − teria visto
Fiz os acertos entre parênteses:
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve-
que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
ria = entrasse / veria.
rir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de- RESPOSTA: “C”.
vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
valores e princípios que regem a prática política.
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.

110
RACIOCÍNIO LÓGICO

1 Conceitos básicos de raciocínio lógico: proposições; valores lógicos das proposições; sentenças abertas; número de
linhas da tabela verdade; conectivos; proposições simples; proposições compostas. 2 Tautologia....................................... 01
Lógica de argumentação....................................................................................................................................................................................... 09
Diagramas lógicos e lógica de primeira ordem............................................................................................................................................ 13
Equivalências.............................................................................................................................................................................................................. 19
Leis de demorgan..................................................................................................................................................................................................... 23
Sequëncia lógica....................................................................................................................................................................................................... 26
Princípios de contagem e probabilidade........................................................................................................................................................ 30
Operações com conjunto...................................................................................................................................................................................... 37
Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais............................................................................ 42
Porcentagem.............................................................................................................................................................................................................. 63
RACIOCÍNIO LÓGICO

PROF. EVELISE LEIKO UYEDA AKASHI Vamos ver alguns princípios da lógica:
Especialista em Lean Manufacturing pela Pontifícia
Universidade Católica- PUC Engenheira de Alimentos pela
I. Princípio da não Contradição: uma proposição não
Universidade Estadual de Maringá – UEM. Graduanda em
pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
Matemática pelo Claretiano.
II. Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição
“ou” é verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se
sempre um desses casos e nunca um terceiro caso.
1 CONCEITOS BÁSICOS DE RACIOCÍNIO
LÓGICO: PROPOSIÇÕES; VALORES LÓ- Valor Lógico das Proposições
GICOS DAS PROPOSIÇÕES; Definição: Chama-se valor lógico de uma proposição a
SENTENÇAS ABERTAS; NÚMERO DE verdade, se a proposição é verdadeira (V), e a falsidade, se
LINHAS DA TABELA VERDADE; CONECTIVOS; a proposição é falsa (F).
PROPOSIÇÕES SIMPLES; PROPOSIÇÕES
COMPOSTAS. 2 TAUTOLOGIA. Exemplo
p: Thiago é nutricionista.
V(p)= V essa é a simbologia para indicar que o valor
lógico de p é verdadeira, ou
Proposição V(p)= F
Definição: Todo o conjunto de palavras ou símbolos
que exprimem um pensamento de sentido completo. Basicamente, ao invés de falarmos, é verdadeiro ou fal-
so, devemos falar tem o valor lógico verdadeiro, tem valor
Nossa professora, bela definição! lógico falso.
Não entendi nada!
Classificação
Vamos pensar que para ser proposição a frase tem que
fazer sentido, mas não só sentido no nosso dia a dia, mas Proposição simples: não contém nenhuma outra pro-
também no sentido lógico. posição como parte integrante de si mesma. São geral-
Para uma melhor definição dentro da lógica, para ser mente designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r,s...
proposição, temos que conseguir julgar se a frase é verda- E depois da letra colocamos “:”
deira ou falsa.
Exemplo:
Exemplos: p: Marcelo é engenheiro
(A) A Terra é azul. q: Ricardo é estudante
Conseguimos falar se é verdadeiro ou falso? Então é
uma proposição. Proposição composta: combinação de duas ou mais
(B) >2 proposições. Geralmente designadas pelas letras maiúscu-
las P, Q, R, S,...
Como ≈1,41, então a proposição tem valor lógico
falso. Exemplo:
P: Marcelo é engenheiro e Ricardo é estudante.
Todas elas exprimem um fato. Q: Marcelo é engenheiro ou Ricardo é estudante.

Agora, vamos pensar em uma outra frase: Se quisermos indicar quais proposições simples fazem
O dobro de 1 é 2? parte da proposição composta:
Sim, correto?
Correto. Mas é uma proposição? P(p,q)
Não! Porque sentenças interrogativas, não podemos
declarar se é falso ou verdadeiro. Se pensarmos em gramática, teremos uma proposição
composta quando tiver mais de um verbo e proposição
Bruno, vá estudar. simples, quando tiver apenas 1. Mas, lembrando que para
É uma declaração imperativa, e da mesma forma, não ser proposição, temos que conseguir definir o valor lógico.
conseguimos definir se é verdadeiro ou falso, portanto, não
é proposição. Conectivos
Agora vamos entrar no assunto mais interessante: o
Passei! que liga as proposições.
Ahh isso é muito bom, mas infelizmente, não podemos Antes, estávamos vendo mais a teoria, a partir dos co-
de qualquer forma definir se é verdadeiro ou falso, porque nectivos vem a parte prática.
é uma sentença exclamativa.

1
RACIOCÍNIO LÓGICO

Definição - Disjunção Exclusiva


Palavras que se usam para formar novas proposições,
a partir de outras. Extensa: Ou...ou...
Símbolo: ∨
Vamos pensar assim: conectivos? Conectam alguma
coisa? p: Vitor gosta de estudar.
Sim, vão conectar as proposições, mas cada conetivo q: Vitor gosta de trabalhar
terá um nome, vamos ver?
p∨q Ou Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de tra-
-Negação
balhar.

-Condicional
Extenso: Se...,então..., É necessário que, Condição ne-
Exemplo cessária
p: Lívia é estudante. Símbolo: →
~p: Lívia não é estudante.
Exemplos
q: Pedro é loiro. p→q: Se chove, então faz frio.
¬q: É falso que Pedro é loiro. p→q: É suficiente que chova para que faça frio.
p→q: Chover é condição suficiente para fazer frio.
r: Érica lê muitos livros. p→q: É necessário que faça frio para que chova.
~r: Não é verdade que Érica lê muitos livros. p→q: Fazer frio é condição necessária para chover.

s: Cecilia é dentista. -Bicondicional


¬s: É mentira que Cecilia é dentista. Extenso: se, e somente se, ...
Símbolo:↔
-Conjunção
p: Lucas vai ao cinema
q: Danilo vai ao cinema.

p↔q: Lucas vai ao cinema se, e somente se, Danilo vai


ao cinema.
Nossa, são muitas formas de se escrever com a con-
junção. Referências
Não precisa decorar todos, alguns são mais usuais: “e”, ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica mate-
“mas”, “porém” mática – São Paulo: Nobel – 2002.

Exemplos
p: Vinícius é professor.
q: Camila é médica. Questões
p∧q: Vinícius é professor e Camila é médica.
p∧q: Vinícius é professor, mas Camila é médica. 01. (IFBAIANO – Assistente em Administração –
p∧q: Vinícius é professor, porém Camila é médica. FCM/2017) Considere que os valores lógicos de p e q são
V e F, respectivamente, e avalie as proposições abaixo.
- Disjunção I- p → ~(p ∨ ~q) é verdadeiro
II- ~p → ~p ∧ q é verdadeiro
III- p → q é falso
IV- ~(~p ∨ q) → p ∧ ~q é falso
p: Vitor gosta de estudar.
q: Vitor gosta de trabalhar Está correto apenas o que se afirma em:

p∨q: Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de traba- (A) I e III.


lhar. (B) I, II e III.
(C) I e IV.
(D) II e III.
(E) III e IV.

2
RACIOCÍNIO LÓGICO

02. (TERRACAP – Técnico Administrativo – QUA- 05. (EBSERH – Médico – IBFC/2017) Sabe-se que p,
DRIX/2017) Sabendo-se que uma proposição da forma q e r são proposições compostas e o valor lógico das pro-
“P→Q” — que se lê “Se P, então Q”, em que P e Q são pro- posições p e q são falsos. Nessas condições, o valor lógico
posições lógicas — é Falsa quando P é Verdadeira e Q é Fal- da proposição r na proposição composta {[q v (q ^ ~p)] v r}
sa, e é Verdadeira nos demais casos, assinale a alternativa cujo valor lógico é verdade, é:
que apresenta a única proposição Falsa.
(A) falso
(A) Se 4 é um número par, então 42 + 1 é um número (B) inconclusivo
primo. (C) verdade e falso
(B) Se 2 é ímpar, então 22 é par. (D) depende do valor lógico de p
(C) Se 7 × 7 é primo, então 7 é primo. (E) verdade
(D) Se 3 é um divisor de 8, então 8 é um divisor de 15.
(E) Se 25 é um quadrado perfeito, então 5 > 7. 06. (PREF. DE TANGUÁ/RJ – Fiscal de Tributos – MS-
CONCURSOS/2017) Qual das seguintes sentenças é clas-
03. (IFBAIANO – Assistente Social – FCM/2017) sificada como uma proposição simples?
Segundo reportagem divulgada pela Globo, no dia
17/05/2017, menos de 40% dos brasileiros dizem praticar (A) Será que vou ser aprovado no concurso?
esporte ou atividade física, segundo dados da Pesquisa Na- (B) Ele é goleiro do Bangu.
cional por Amostra de Domicílios (Pnad)/2015. Além disso, (C) João fez 18 anos e não tirou carta de motorista.
concluiu-se que o número de praticantes de esporte ou de (D) Bashar al-Assad é presidente dos Estados Unidos.
atividade física cresce quanto maior é a escolaridade.
(Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/menos-
07.(EBSERH – Assistente Administrativo –
de-40-dos-brasileiros-dizem-praticar-esporte-ou-ativida-
IBFC/2017) Assinale a alternativa incorreta com relação
de-fisica-futebol-e-caminhada-lideram-praticas.ghtml.
aos conectivos lógicos:
Acesso em: 23 abr. 2017).
Com base nessa informação, considere as proposições
p e q abaixo: (A) Se os valores lógicos de duas proposições forem
falsos, então a conjunção entre elas têm valor lógico falso.
p: Menos de 40% dos brasileiros dizem praticar esporte (B) Se os valores lógicos de duas proposições forem
ou atividade física falsos, então a disjunção entre elas têm valor lógico falso.
q: O número de praticantes de esporte ou de atividade (C) Se os valores lógicos de duas proposições forem
física cresce quanto maior é a escolaridade falsos, então o condicional entre elas têm valor lógico ver-
dadeiro.
Considerando as proposições p e q como verdadeiras, (D) Se os valores lógicos de duas proposições forem
avalie as afirmações feitas a partir delas. falsos, então o bicondicional entre elas têm valor lógico
falso.
I- p ∧ q é verdadeiro (E) Se os valores lógicos de duas proposições forem
II- ~p ∨ ~q é falso falsos, então o bicondicional entre elas têm valor lógico
III- p ∨ q é falso verdadeiro.
IV- ~p ∧ q é verdadeiro
08. (DPU – Analista – CESPE/2016) Um estudante de
Está correto apenas o que se afirma em: direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou
sua própria legenda, na qual identificava, por letras, algu-
(A) I e II. mas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e
(B) II e III. as vinculava por meio de sentenças (proposições). No seu
(C) III e IV. vocabulário particular constava, por exemplo:
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV. P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
04. (UFSBA - Administrador – UFMT /2017) Assinale R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclu-
a alternativa que NÃO apresenta uma proposição.
são no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.
(A) Jorge Amado nasceu em Itabuna-BA.
(B) Antônio é produtor de cacau.
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não re-
(C) Jorge Amado não foi um grande escritor baiano.
(D) Queimem os seus livros. cordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue
o item que se segue.

3
RACIOCÍNIO LÓGICO

A proposição “Caso tenha cometido os crimes A e B, 02. Resposta:.E.


não será necessariamente encarcerado nem poderá pagar Vamos fazer por alternativa:
fiança” pode ser corretamente simbolizada na forma (P∧- (A) V→V
Q)→((~R)∨(~S)). V
( )Certo ( )Errado
(B) F→V
09. (PREF. DE RIO DE JANEIRO/RJ – Administrador - V
PREF. DE RIO DE JANEIRO/2016) Considere-se a seguinte
proposição: “Se chove, então Mariana não vai ao deserto”. (C)V→V
Com base nela é logicamente correto afirmar que: V
(A) Chover é condição necessária e suficiente para Ma-
riana ir ao deserto. (D) F→F
V
(B) Mariana não ir ao deserto é condição suficiente
para chover.
(E) V→F
(C) Mariana ir ao deserto é condição suficiente para
F
chover.
(D) Não chover é condição necessária para Mariana ir
03. Resposta: A.
ao deserto.
p∧q é verdadeiro
~p∨~q
10. (PREF. DO RIO DE JANEIRO – Agente de Admi-
nistração – PREF. DE RIO DE JANEIRO/2016) Considere- F∨F
se a seguinte proposição: F
p∨q
P: João é alto ou José está doente. V∨V
V
O conectivo utilizado na proposição composta P cha-
ma-se: ~p∧q
(A) disjunção F∧V
(B) conjunção F
(C) condicional
(D) bicondicional 04. Resposta: D.
As frases que você não consegue colocar valor lógico
(V ou F) não são proposições.
RESPOSTAS Sentenças abertas, frases interrogativas, exclamativas,
imperativas
01. Resposta: D.
I- p → ~(p ∨ ~q) 05. Resposta: E.
(V) →~(V∨V) Sabemos que p e q são falsas.
V→F q∧~p =F
F q∨( q∧~p)
F∨F
II- ~p → ~p ∧ q F
F→F∧V Como a proposição é verdadeira, R deve ser verdadeira
F→F para a disjunção ser verdadeira.
V
06. Resposta: D.
III- p → q A única que conseguimos colocar um valor lógico.
V→F A C é uma proposição composta.
F
07. Resposta: D.
IV- ~(~p ∨ q) → p ∧ ~q Observe que as alternativas D e E são contraditórias,
~(F∨F) →V∧V portanto uma delas é falsa.
V→V Se as duas proposições têm o mesmo valor lógico, a
→V bicondicional é verdadeira.

4
RACIOCÍNIO LÓGICO

08. Resposta: Errado. -Negação


“...encarcerado nem poderá pagar fiança”. p ~p
“Nem” é uma conjunção(∧) V F
F V
09. Resposta: D.
Não pode chover para Mariana ir ao deserto. Se estamos negando uma coisa, ela terá valor lógico
oposto, faz sentido, não?
10. Resposta: A. - Conjunção
O conectivo ou chama-se disjunção e também é repre-
sentado simbolicamente por ∨ Eu comprei bala e chocolate, só vou me contentar se
eu tiver as duas coisas, certo?
Se eu tiver só bala não ficarei feliz, e nem se tiver só
Tabela-verdade
chocolate.
Com a tabela-verdade, conseguimos definir o valor
E muito menos se eu não tiver nenhum dos dois.
lógico de proposições compostas facilmente, analisando
cada coluna.
p q p ∧q
Se tivermos uma proposição p, ela pode ter V(p)=V ou V V V
V(p)=F V F F
F V F
p F F F
V
F -Disjunção

Quando temos duas proposições, não basta colocar só Vamos pensar na mesma frase anterior, mas com o co-
nectivo “ou”.
VF, será mais que duas linhas.
Eu comprei bala ou chocolate.
p q Eu comprei bala e também comprei o chocolate, está
V V certo pois poderia ser um dos dois ou os dois.
V F Se eu comprei só bala, ainda estou certa, da mesma
F V forma se eu comprei apenas chocolate.
F F Agora se eu não comprar nenhum dos dois, não dará
certo.
Observe, a primeira proposição ficou VVFF
E a segunda intercalou VFVF.
Vamos raciocinar, com uma proposição temos 2 possi- p q p ∨q
bilidades, com 2 proposições temos 4, tem que haver um V V V
padrão para se tornar mais fácil! V F V
As possibilidades serão 2n,
F V V
Onde:
n=número de proposições F F F
p q r -Disjunção Exclusiva
V V V
V F V Na disjunção exclusiva é diferente, pois OU comprei
chocolate OU comprei bala.
V V F
Ou seja, um ou outro, não posso ter os dois ao mesmo
V F F tempo.
F V V
F F V p q p∨q
V V F
F V F
V F V
F F F F V V
F F F
A primeira proposição, será metade verdadeira e me-
tade falsa.
A segunda, vamos sempre intercalar VFVFVF.
E a terceira VVFFVVFF.
Agora, vamos ver a tabela verdade de cada um dos
operadores lógicos?

5
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Condicional A proposição ~(p∧p) é tautologia, pelo Princípio da


não contradição. Está lembrado?
Se chove, então faz frio.
Princípio da não Contradição: uma proposição não
Se choveu, e fez frio pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
Estamos dentro da possibilidade.(V)
P ~p p∧~p ~(p∧p)
Choveu e não fez frio V F F V
Não está dentro do que disse. (F) F V F V
Não choveu e fez frio.. A proposição p∨ ~p é tautológica, pelo princípio do
Ahh tudo bem, porque pode fazer frio se não chover, Terceiro excluído.
certo?(V)
Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição “ou” é
Não choveu, e não fez frio verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se sempre um desses
Ora, se não choveu, não precisa fazer frio. (V) casos e nunca um terceiro caso.
p q p →q
V V V P ~p p∨~p
V F F V F V
F V V F V V
F F V
Esses são os exemplos mais simples, mas normalmente
-Bicondicional conseguiremos resolver as questões com base na tabela
verdade, por isso insisto que a tabela verdade dos opera-
Ficarei em casa, se e somente se, chover. dores, têm que estar na “ponta da língua”, quase como a
tabuada da matemática.
Estou em casa e está chovendo.
A ideia era exatamente essa. (V) Veremos outros exemplos

Estou em casa, mas não está chovendo. Exemplo 1


Você não fez certo, era só pra ficar em casa se choves- Vamos pensar nas proposições
se. (F) P: João é estudante
Q: Mateus é professor
Eu sai e está chovendo. Se João é estudante, então João é estudante ou Ma-
Aiaiai não era pra sair se está chovendo. (F) teus é professor.
Não estou em casa e não está chovendo. Em simbologia: p→p∨q
Sem chuva, você pode sair, ta? (V)
P Q pVq p→p∨q
p q p ↔q V V V V
V V V V F V V
V F F F V V V
F V F F F F V
F F V
A coluna inteira da proposição composta deu verda-
Tentei deixar de uma forma mais simples, para enten- deiro, então é uma tautologia.
der a tabela verdade de cada conectivo, pois sei que será
difícil para decorar, mas se você lembrar das frases, talvez Exemplo 2
fique mais fácil. Bons estudos! Vamos às questões!
Com as mesmas proposições anteriores:
Tautologia João é estudante ou não é verdade que João é estu-
dante e Mateus é professor.
Definição: Chama-se tautologia, toda proposição com- p∨~(p∧q)
posta que terá a coluna inteira de valor lógico V.
Podemos ter proposições SIMPLES que são falsas e se P Q p∧q ~(p∧q) p∨~(p∧q)
a coluna da proposição composta for verdadeira é tauto- V V V F V
logia. V F F V V
Vamos ver alguns exemplos. F V F V V
F F F V V

6
RACIOCÍNIO LÓGICO

Novamente, coluna deu inteira com valor lógico verda-


deiro, é tautologia.

Exemplo 3
Se João é estudante ou não é estudante, então Mateus
é professor.

P Q ~p p∨~p p∨~p→q
V V F V V
V F F V F
F V V V V
F F V V V

Deu uma falsa e agora?


Não é tautologia.
Completando a tabela, se necessário, assinale a opção
que mostra, na ordem em que aparecem, os valores lógi-
cos na coluna correspondente à proposição S, de cima para
Referências baixo.
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemá- (A) V / V / F / F / F / F / F / F
tica – São Paulo: Nobel – 2002. (B) V / V / F / V / V / F / F / V
(C) V / V / F / V / F / F / F / V
(D) V / V / V / V / V / V / V / V
Questões (E) V / V / V / F / V / V / V / F

01. (TRT 7ªREGIÃO – Conhecimentos Básicos – CES- 03. (UTFPR – pedagogo – UTFPR/2017) A operação
PE/2017) Texto CB1A5AAA – Proposição P lógica descrita pela tabela verdade da função Z, cujos ope-
A empresa alegou ter pago suas obrigações previden- randos são p e q, é:
ciárias, mas não apresentou os comprovantes de paga-
mento; o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo
ex-empregado.
A quantidade mínima de linhas necessárias na tabela-
verdade para representar todas as combinações possíveis
para os valores lógicos das proposições simples que com-
põem a proposição P do texto CB1A5AAA é igual a:

(A) 32.
(A) Conjunção.
(B) 4.
(B) Disjunção.
(C) 8.
(C) Disjunção exclusiva.
(D) 16. (D) Implicação.
(E) Bicondicional.
02. (SERES/PE – Agente de Segurança Penitenciária 04. (POLITEC/MT – Papiloscopista – UFMT/2017)
– CESPE/2017) A partir das proposições simples P: “Sandra Considere a tabela-verdade abaixo, em que nas duas pri-
foi passear no centro comercial Bom Preço”, Q: “As lojas meiras colunas encontram-se os valores-verdade de duas
do centro comercial Bom Preço estavam realizando liquida- proposições A e B. Considere que V é usado para proposi-
ção” e R: “Sandra comprou roupas nas lojas do Bom Preço” ção verdadeira e F para proposição falsa.
é possível formar a proposição composta S: “Se Sandra foi
passear no centro comercial Bom Preço e se as lojas desse
centro estavam realizando liquidação, então Sandra com-
prou roupas nas lojas do Bom Preço ou Sandra foi passear
no centro comercial Bom Preço”. Considerando todas as
possibilidades de as proposições P, Q e R serem verdadei-
ras (V) ou falsas (F), é possível construir a tabela-verdade da
proposição S, que está iniciada na tabela mostrada a seguir.

7
RACIOCÍNIO LÓGICO

Assinale a sequência que completa correta e respecti- 08. A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre ver-
vamente a tabela com os valores-verdade de x, y, z, t. dadeira, independentemente das valorações de P e Q como
verdadeiras ou falsas.
(A) V, F, V, V ( )certo ( )errado
(B) V, F, F, F
(C) F, V, V, F
(D) F, V, F, V 09. Tendo como referência essa situação hipotética,
julgue o item que se segue.
05. (AGREBRA – Técnico em Regulação – IBFC/2017)
A sentença P→S é verdadeira.
Assinale a alternativa correta. O valor lógico do bicondicio-
nal entre duas proposições é falso se:
( )certo ( )errado
(A) os valores lógicos das duas proposições forem fal-
sos .
(B) o valor lógico de cada uma das proposições for ver- 10. Tendo como referência essa situação hipotética,
dade. julgue o item que se segue.
(C) o valor lógico da primeira proposição for falso.
(D) o valor lógico da segunda proposição for falso. A sentença Q→R é falsa.
(E) somente uma das proposições tiver valor lógico fal- ( )certo ( )errado
so.

06. (PREF. DE SÃO JOSÉ DO CERRITO/SC – Assitente 11. (UTFPR – Pedagogo – UTFPR/2017) Considere as
Social – IESES/2017) Assinale a alternativa INCORRETA so- seguintes proposições:
bre lógica proposicional:
I) p ∧ ~p
(A) A disjunção inclusiva é falsa apenas quando ambas II) p → ~p
as proposições são falsas. III) p ∨ ~p
(B) A negação de uma proposição é falsa se ela for ver-
IV) p →~q
dadeira, e vice-versa.
(C) A conjunção é verdadeira apenas quando ambas as
proposições são verdadeiras. Assinale a alternativa correta.
(D) A implicação ou condicional é falsa quando ambas
as proposições são falsas. (A) Somente I e II são tautologias.
(B) Somente II é tautologia.
07. (PREF. DE TANGUÁ/RJ – Fiscal de Tributos – MS- (C) Somente III é tautologia.
CONCURSOS/2017) A tabela-verdade da proposição (p (D) Somente III e a IV são tautologias.
->q) ^r <->(p^~r) possui: (E) Somente a IV é tautologia.

(A) 4 linhas
(B) 8 linhas 12 (FUNDAÇÃO HEMOCENTRO DE BRASILIA/DF – Ad-
(C) 16 linhas ministração – IADES/2017) Assinale a alternativa que apre-
(D) 32 linhas senta uma tautologia.

(DPU – Analista – CESPE/2016) Um estudante de di- (A) p∨(q∨~p)


reito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou (B) (q→p) →(p→q)
sua própria legenda, na qual identificava, por letras, algu- (C) p→(p→q∧~q)
mas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e (D) p∨~q→(p→~q)
as vinculava por meio de sentenças (proposições). No seu (E) p∨q→p∧q
vocabulário particular constava, por exemplo:

P: Cometeu o crime A.
Respostas
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclu-
são no regime fechado. 01. Resposta: C.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança. P: A empresa alegou ter pago suas obrigações previ-
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não denciárias.
recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafian- Q: apresentou os comprovantes de pagamento.
çável. R: o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo
ex-empregado.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue Número de linhas: 2³=8.
os itens que se seguem.

8
RACIOCÍNIO LÓGICO

02. Resposta: D. -Bicondicional


A proposição S é composta por: (p∧q)→(r∨p) p q p ↔q
V V V
P Q R p∧q r∨p S(p∧q)→(r∨p) V F F
V V V V V V F V F
F F V
V V F V V V
V F V F V V 09. Resposta: Errado
Apesar da tendência de falar que é verdadeira, pois fala
V F F F V V que o crime B é inafiançável, logo A é pode optar por pagar
F V V F V V a fiança, não é correto, pois não sabemos sobre o crime A,
F V F F F V se ele é inafiançável ou não.
F F V F V V
10. Resposta: Errado.
F F F F F V Se temos V(Q)=V
Para a proposição Q→R ser falsa, R deve ser falso.
03. Resposta: A. Mas, se o crime B é inafiançável, então R é verdadeiro,
É uma conjunção, pois só é verdadeira quando as duas tornando Q→R verdadeira, por isso está errado.
proposições são verdadeiras.
11. Resposta: C.
04. Resposta:A. P ou a própria negação é tautologia.
A B ¬A ¬A ou B
V V F V 12. Resposta: A.
V F F F Antes de entrar em desespero que tenha que fazer to-
F V V V das as tabela verdade, vamos analisar:
F F V V Provavelmente terá uma alternativa que tenha uma
proposição com conectivo de disjunção e a negação:
05. Resposta: E. p∨~p
p q p ↔q Logo na alternativa A, percebemos que temos algo pa-
V V V recido.
V F F Para confirmar, podemos fazer a tabela verdade:
F V F P Q ~p q∨~p p∨(q∨~p)
F F V V V F V V
V F F F V
06. Resposta: D. F V V V V
A condicional é falsa, apenas quando a primeira for F F V V V
verdadeira e a segunda falsa.

07. Resposta: B.
São três proposições: 2³=8 LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
08. Resposta: Certo.
Analisando as duas tabelas, qualquer valor lógico que
colocarmos dará verdadeiro. Argumentos
Exemplo:
V(P)=V Um argumento é um conjunto finito de premissas (pro-
V(Q)=V posições ), sendo uma delas a consequência das demais.
V(~P)=F Tal premissa (proposição), que é o resultado dedutivo ou
V(~Q)=F consequência lógica das demais, é chamada conclusão. Um
V(P→Q)=V argumento é uma fórmula: P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn → Q
V(~Q→~P)=V OBSERVAÇÃO: A fórmula argumentativa P1 ∧ P2 ∧ ...
V((P→Q)↔((~Q→(~P))==V ∧ Pn → Q, também poderá ser representada pela seguinte
forma:
-Condicional
p q p →q
V V V
V F F
F V V
F F V

9
RACIOCÍNIO LÓGICO

Argumentos válidos Se Antônio é inocente então Carlos é inocente


Carlos é inocente, pois sendo a primeira verdadeira, a
Um argumento é válido quando a conclusão é verda- condicional só será verdadeira se a segunda proposição
deira (V), sempre que as premissas forem todas verdadeiras também for.
(V). Dizemos, também, que um argumento é válido quando
a conclusão é uma consequência obrigatória das verdades Então, temos:
de suas premissas. Pedro é inocente, João é culpado, Antônio é inocente
e Carlos é inocente.
Argumentos inválidos

Um argumento é dito inválido (ou falácia, ou ilegítimo Questões


ou mal construído), quando as verdades das premissas são
insuficientes para sustentar a verdade da conclusão. Caso a
01. (PREF. DE SALVADOR – Técnico de Nível Supe-
conclusão seja falsa, decorrente das insuficiências geradas
rior – FGV/2017) Carlos fez quatro afirmações verdadeiras
pelas verdades de suas premissas, tem-se como conclusão
sobre algumas de suas atividades diárias:
uma contradição (F).
▪ De manhã, ou visto calça, ou visto bermuda.
Métodos para testar a validade dos argumentos
(IFBA – Administrador – FUNRIO/2016) Ou João é cul- ▪ Almoço, ou vou à academia.
pado ou Antônio é culpado. Se Antônio é inocente então ▪ Vou ao restaurante, ou não almoço.
Carlos é inocente. João é culpado se e somente se Pedro é ▪ Visto bermuda, ou não vou à academia.
inocente. Ora, Pedro é inocente. Logo:
Certo dia, Carlos vestiu uma calça pela manhã.
(A) Pedro e Antônio são inocentes e Carlos e João são
culpados. É correto concluir que Carlos:
(B) Pedro e Carlos são inocentes e Antônio e João são
culpados. (A) almoçou e foi à academia.
(C) Pedro e João são inocentes e Antônio e Carlos são (B) foi ao restaurante e não foi à academia.
culpados. (C) não foi à academia e não almoçou.
(D) Antônio e Carlos são inocentes e Pedro e João são (D) almoçou e não foi ao restaurante.
culpados. (E) não foi à academia e não almoçou.
(E) Antônio, Carlos e Pedro são inocentes e João é cul-
pado. 02. (TRT 12ª REGIÃO – Analista Judiciário-
FGV/2017) Sabe-se que:
Resposta: E.
Vamos começar de baixo pra cima. • Se X é vermelho, então Y não é verde.
• Se X não é vermelho, então Z não é azul.
Ou João é culpado ou Antônio é culpado. • Se Y é verde, então Z é azul.
Se Antônio é inocente então Carlos é inocente
João é culpado se e somente se Pedro é inocente Logo, deduz-se que:
Ora, Pedro é inocente
(V) (A) X é vermelho;
(B) X não é vermelho;
Sabendo que Pedro é inocente,
(C) Y é verde;
João é culpado se e somente se Pedro é inocente
(D) Y não é verde;
João é culpado, pois a bicondicional só é verdadeira se
(E) Z não é azul.
ambas forem verdadeiras ou ambas falsas.

João é culpado se e somente se Pedro é inocente 03. (PC/AC – Agente de Polícia Civil – IBADE/2017)
(V) (V) Sabe-se que se Zeca comprou um apontador de lápis azul,
Ora, Pedro é inocente então João gosta de suco de laranja. Se João gosta de suco
de laranja, então Emílio vai ao cinema. Considerando que
(V)
Emílio não foi ao cinema, pode-se afirmar que:
Sabendo que João é culpado, vamos analisar a primeira
(A) Zeca não comprou um apontador de lápis azul.
premissa
(B) Emílio não comprou um apontador de lápis azul.
Ou João é culpado ou Antônio é culpado.
(C) Zeca não gosta de suco de laranja.
Então, Antônio é inocente, pois a disjunção exclusiva só
(D) João não comprou um apontador de lápis azul.
é verdadeira se apenas uma das proposições for.
(E) Zeca não foi ao cinema.

10
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. (UFSBA – Administrador – UFMT/2017) São da- É correto concluir que, nesse dia, Carlos:
dos os seguintes argumentos:
ARGUMENTO 1 (A) correu e andou;
(B) não correu e não andou;
P1: Iracema não gosta de acarajé ou Iracema não é so- (C) andou e não teve companhia;
teropolitana. (D) teve companhia e andou;
P2: Iracema é soteropolitana. (E) não correu e não teve companhia.
C:
07. (PREF. DE SÃO PAULO – Assistente de Gestão de
Políticas Públicas – CESPE/2016) As proposições seguin-
ARGUMENTO 2
tes constituem as premissas de um argumento.
P1: Se Aurélia não é ilheense, então Aurélia não é pro-
dutora de cacau. • Bianca não é professora.
P2: Aurélia não é ilheense. • Se Paulo é técnico de contabilidade, então Bianca é
C: professora.
• Se Ana não trabalha na área de informática, então
ARGUMENTO 3 Paulo é técnico de contabilidade.
P1: Lucíola é bailarina ou Lucíola é turista. • Carlos é especialista em recursos humanos, ou Ana
P2: Lucíola não é bailarina. não trabalha na área de informática, ou Bianca é professora.
C:
Assinale a opção correspondente à conclusão que tor-
ARGUMENTO 4 na esse argumento um argumento válido.
P1: Se Cecília é baiana, então Cecília gosta de vatapá.
P2: Cecília não gosta de vatapá. (A) Carlos não é especialista em recursos humanos e
C: Paulo não é técnico de contabilidade.
(B) Ana não trabalha na área de informática e Paulo é
Pode-se inferir que técnico de contabilidade.
(C) Carlos é especialista em recursos humanos e Ana
(A) Lucíola é turista.
trabalha na área de informática.
(B) Cecília é baiana.
(D) Bianca não é professora e Paulo é técnico de con-
(C) Aurélia é produtora de cacau. tabilidade.
(D) Iracema gosta de acarajé. (E) Paulo não é técnico de contabilidade e Ana não tra-
balha na área de informática.
05. (COPERGAS/PE – Auxiliar Administrativo –
FCC/2016) Considere verdadeiras as afirmações a seguir: 08. (PREF. DE SÃO GONÇALO – Analista de Contabi-
lidade – BIORIO/2016) Se Ana gosta de Beto, então Beto
I. Laura é economista ou João é contador. ama Carla. Se Beto ama Carla, então Débora não ama Luiz.
II. Se Dinorá é programadora, então João não é con- Se Débora não ama Luiz, então Luiz briga com Débora. Mas
tador. Luiz não briga com Débora. Assim:
III. Beatriz é digitadora ou Roberto é engenheiro.
IV. Roberto é engenheiro e Laura não é economista. (A) Ana gosta de Beto e Beto ama Carla.
(B) Débora não ama Luiz e Ana não gosta de Beto.
A partir dessas informações é possível concluir, corre- (C) Débora ama Luiz e Ana gosta de Beto.
tamente, que : (D) Ana não gosta de Beto e Beto não ama Carla.
(E) Débora não ama Luiz e Ana gosta de Beto.
(A) Beatriz é digitadora.
09. (PREF. DE RIO DE JANEIRO – Administrador –
(B) João é contador.
PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Considerem-se verda-
(C) Dinorá é programadora.
deiras as seguintes proposições:
(D) Beatriz não é digitadora.
(E) João não é contador. P1: André não gosta de chuchu ou Bruno gosta de be-
terraba.
06. (MPE/RJ – Analista do Ministério Público – P2: Se Bruno gosta de beterraba, então Carlos não gos-
FGV/2016) Sobre as atividades fora de casa no domingo, ta de jiló.
Carlos segue fielmente as seguintes regras: P3: Carlos gosta de jiló e Daniel não gosta de cenoura.
- Ando ou corro.
Assim, uma conclusão necessariamente verdadeira é a
- Tenho companhia ou não ando.
- Calço tênis ou não corro. seguinte:
Domingo passado Carlos saiu de casa de sandálias.

11
RACIOCÍNIO LÓGICO

(A) André não gosta de chuchu se, e somente se, Daniel 03. Resposta: A.
gosta de cenoura. Considerando que Emílio não foi ao cinema:
(B) Se André não gosta de chuchu, então Daniel gosta
de cenoura. Se João gosta de suco de laranja, então Emílio vai ao
(C) Ou André gosta de chuchu ou Daniel não gosta de cinema.
cenoura. F F
(D) André gosta de chuchu ou Daniel gosta de cenou- Zeca comprou um apontador de lápis azul, então João
ra. gosta de suco de laranja.
F F
10. (DPU – Agente Administrativo – CESPE/2016)
Considere que as seguintes proposições sejam verdadeiras. 04. Resposta: A.
Vamos analisar por alternativa, pois fica mais fácil que
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. analisar cada argumento.
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. OBS: Como a alternativa certa é a A, analisarei todas as
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. alternativas, para mostrar o porquê de ser essa a correta.
• Quando Fernando está estudando, não chove.
• Durante a noite, faz frio. (A) Lucíola é turista.
Eu acho mais fácil fazer sempre com as premissas ver-
Tendo como referência as proposições apresentadas, dadeiras.
julgue o item subsecutivo. ARGUMENTO 3
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estu- P1: Lucíola é bailarina ou Lucíola é turista.
dando. F V
certo errado P2: Lucíola não é bailarina.(V)

Respostas (B) Cecília é baiana


P1: Se Cecília é baiana, então Cecília gosta de vatapá.
V F
01. Resposta: B.
P2: Cecília não gosta de vatapá.
▪ De manhã, ou visto calça, ou visto bermuda.
▪ Almoço, ou vou à academia.
Mas se Cecília não gosta de vatapá a P2 seria incorreta,
V f
por isso não é essa alternativa.
▪ Vou ao restaurante, ou não almoço.
V F
(C) Aurélia é produtora de cacau
▪ Visto bermuda, ou não vou à academia. P1: Se Aurélia não é ilheense, então Aurélia não é pro-
F V dutora de cacau.
F F
02. Resposta: D. P2: Aurélia não é ilheense.
Vamos tentar fazendo que X é vermelho para ver se Aurélia seria ilheense.
todos vão ter valor lógico correto.
(D) Iracema gosta de acarajé.
• Se X é vermelho, então Y não é verde. P1: Iracema não gosta de acarajé ou Iracema não é so-
V V teropolitana.
• Se Y é verde, então Z é azul. F V
F F/V P2: Iracema é soteropolitana.(F)
• Se X não é vermelho, então Z não é azul. Também entrou em contradição.
F F/V
05. Resposta: B.
Se x não é vermelho: Começamos sempre pela conjunção.
• Se X é vermelho, então Y não é verde. IV. Roberto é engenheiro e Laura não é economista.
F V V V
• Se Y é verde, então Z é azul.
F F I. Laura é economista ou João é contador.
F V
• Se X não é vermelho, então Z não é azul.
V V II. Se Dinorá é programadora, então João não é con-
tador.
F F

III. Beatriz é digitadora ou Roberto é engenheiro.


V/F V

12
RACIOCÍNIO LÓGICO

06. Resposta: D. (A) na bicondicional, as duas deveriam ser verdadeiras,


- Calço tênis ou não corro. ou as duas falsas
F V (B) como a primeira proposição é verdadeira, a segun-
da também deveria ser.
- Ando ou corro. (D) Como a primeira é falsa, a segunda deveria ser ver-
V F dadeira.
- Tenho companhia ou não ando.
V F 10.Resposta: Errado
Resumindo: ele calçou sandálias, andou e teve com-
panhia. • Durante a noite, faz frio.
V
07. Resposta: C.
• Bianca não é professora.(V) • Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
• Se Paulo é técnico de contabilidade, então Bianca é F F
professora.
F F • Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.
• Se Ana não trabalha na área de informática, então V V
Paulo é técnico de contabilidade.
F F • Quando chove, Maria não vai ao cinema.
• Carlos é especialista em recursos humanos, F F
V
ou Ana não trabalha na área de informática, ou Bianca • Quando Fernando está estudando, não chove.
é professora. V/F V
F F Portanto, Se Maria foi ao cinema, então Fernando es-
tava estudando.
08. Resposta: D. Não tem como ser julgado.
Sabendo que Luiz não briga com Débora
Se Débora não ama Luiz, então Luiz briga com Débora.
F F DIAGRAMAS LÓGICOS E LÓGICA DE
. Se Beto ama Carla, então Débora não ama Luiz PRIMEIRA ORDEM
F F
Se Ana gosta de Beto, então Beto ama Carla.
F V
As questões de Diagramas lógicos envolvem as pro-
09 Resposta: C. posições categóricas (todo, algum, nenhum), cuja solução
Vamos começar pela P3, pois é uma conjunção, assim requer que desenhemos figuras, os chamados diagramas.
é mais fácil definirmos o valor lógico de cada proposição.
Para a conjunção ser verdadeira, as duas proposições Definição das proposições
devem ser verdadeiras.
Portanto: Todo A é B.
Carlos gosta de jiló.
Daniel não gosta de cenoura. O conjunto A está contido no conjunto B, assim todo
P2: Se Bruno gosta de beterraba, então Carlos não gos- elemento de A também é elemento de B.
ta de jiló.
Carlos não gosta de jiló. (F) Podemos representar de duas maneiras:
e par a condicional ser verdadeira a primeira também deve
ser falsa.
Bruno gosta de beterraba. (F)

P1: André não gosta de chuchu ou Bruno gosta de be-


terraba.
A segunda é falsa, e para a disjunção ser verdadeira, a
primeira é verdadeira.
André não gosta de chuchu. (V).
Vamos enumerar as verdadeiras:
1- Carlos gosta de jiló.
2-Daniel não gosta de cenoura.
3-Bruno não gosta de beterraba Quando “todo A é B” é verdadeira, vamos ver como
4-André não gosta de chuchu ficam os valores lógicos das outras?

13
RACIOCÍNIO LÓGICO

Pensemos nessa frase: Toda criança é linda. a) os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen-
tos em comum.
Nenhum A é B é necessariamente falsa.
Nenhuma criança é linda, mas eu não acabei de falar
que TODA criança é linda? Por isso é falsa.

Algum A é B é necessariamente verdadeira


Alguma Criança é linda, sim, se todas são 1, 2, 3...são
lindas.

Algum A não é B necessariamente falsa, pois A está


contido em B.
Alguma criança não é linda, bem como já vimos impos-
sível, pois todas são.
b) Todos os elementos de A estão em B.
Nenhum A é B.

A e B não terão elementos em comum.

c) Todos os elementos de B estão em A.

Quando “nenhum A é B” é verdadeira, vamos ver como


ficam os valores lógicos das outras?

Frase: Nenhum cachorro é gato. (sim, eu sei. Frase ex-


trema, mas assim é bom para entendermos..hehe)

Todo A é B é necessariamente falsa.


Todo cachorro é gato, faz sentido? Nenhum, não é?

Algum A é B é necessariamente falsa.


Algum cachorro é gato, ainda não faz sentido.

Algum A não é B necessariamente verdadeira.


Algum cachorro não é gato, ah sim espero que todos
d) O conjunto A é igual ao conjunto B.
não sejam mas, se já está dizendo algum vou concordar.

Algum A é B.

Quer dizer que há pelo menos 1 elemento de A em


comum com o conjunto B.

Temos 4 representações possíveis:

14
RACIOCÍNIO LÓGICO

Quando “algum A é B” é verdadeira, vamos ver como c) Não há elementos em comum entre os dois conjun-
ficam os valores lógicos das outras? tos
Frase: Algum copo é de vidro.

Nenhum A é B é necessariamente falsa


Nenhum copo é de vidro, com frase fica mais fácil né?
Porque assim, conseguimos ver que é falsa, pois acabei de
falar que algum copo é de vidro, ou seja, tenho pelo menos
1 copo de vidro.

Todo A é B , não conseguimos determinar, podendo ser


verdadeira ou falsa (podemos analisar também os diagra-
mas mostrados nas figuras a e c)
Todo copo é de vidro.
Pode ser que sim, ou não.
Quando “algum A não é B” é verdadeira, vamos ver
Algum A não é B não conseguimos determinar, poden- como ficam os valores lógicos das outras?
do ser verdadeira ou falsa(contradiz com as figuras b e d) Vamos fazer a frase contrária do exemplo anterior
Algum copo não é de vidro, como não sabemos se to- Frase: Algum copo não é de vidro.
dos os copos são de vidros, pode ser verdadeira.
Nenhum A é B é indeterminada (contradição com as
Algum A não é B. figuras a e b)
O conjunto A tem pelo menos um elemento que não Nenhum copo é de vidro, algum não é, mas não sei se
pertence ao conjunto B. todos não são de vidro.

Aqui teremos 3 modos de representar: Todo A é B , é necessariamente falsa


Todo copo é de vidro, mas eu disse que algum copo
a) Os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen- não era.
tos em comum
Algum A é B é indeterminada
Algum copo é de vidro, não consigo determinar se tem
algum de vidro ou não.

Quantificadores são elementos que, quando associa-


dos às sentenças abertas, permitem que as mesmas sejam
avaliadas como verdadeiras ou falsas, ou seja, passam a ser
qualificadas como sentenças fechadas.

O quantificador universal

O quantificador universal, usado para transformar sen-


tenças (proposições) abertas em proposições fechadas, é
indicado pelo símbolo “∀”, que se lê: “qualquer que seja”,
“para todo”, “para cada”.
b) Todos os elementos de B estão em A.
Exemplo:
(∀x)(x + 2 = 6)
Lê-se: “Qualquer que seja x, temos que x + 2 = 6” (fal-
sa).
É falso, pois não podemos colocar qualquer x para a
afirmação ser verdadeira.

O quantificador existencial

O quantificador existencial é indicado pelo símbolo


“∃” que se lê: “existe”, “existe pelo menos um” e “existe
um”.

15
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplos: 02. (TRT - 20ª REGIÃO /SE - Técnico Judiciário –


(∃x)(x + 5 = 9) FCC/2016) que todo técnico sabe digitar. Alguns desses
Lê-se: “Existe um número x, tal que x + 5 = 9” (verda- técnicos sabem atender ao público externo e outros desses
deira). técnicos não sabem atender ao público externo. A partir
Nesse caso, existe um número, ahh tudo bem...claro dessas afirmações é correto concluir que:
que existe algum número que essa afirmação será verda-
deira. (A) os técnicos que sabem atender ao público externo
não sabem digitar.
Ok?? Sem maiores problemas, certo? (B) os técnicos que não sabem atender ao público ex-
terno não sabem digitar.
Representação de uma proposição quantificada (C) qualquer pessoa que sabe digitar também sabe
atender ao público externo.
(∀x)(x ∈ N)(x + 3 > 15) (D) os técnicos que não sabem atender ao público ex-
Quantificador: ∀ terno sabem digitar.
Condição de existência da variável: x ∈ N . (E) os técnicos que sabem digitar não atendem ao pú-
Predicado: x + 3 > 15. blico externo.

(∃x)[(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)] 03. (COPERGAS – Auxiliar Administrativo –


Quantificador: ∃ FCC/2016) É verdade que existem programadores que não
Condição de existência da variável: não há. gostam de computadores. A partir dessa afirmação é cor-
Predicado: “(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)”. reto concluir que:

Negações de proposições quantificadas ou funcionais (A) qualquer pessoa que não gosta de computadores é
Seja uma sentença (∀x)(A(x)). um programador.
Negação: (∃x)(~A(x)) (B) todas as pessoas que gostam de computadores não
são programadores.
Exemplo (C) dentre aqueles que não gostam de computadores,
(∀x)(2x-1=3) alguns são programadores.
Negação: (∃x)(2x-1≠3) (D) para ser programador é necessário gostar de com-
putador.
(E) qualquer pessoa que gosta de computador será um
bom programador.
Seja uma sentença (∃x)(Q(x)).
Negação: (∀x)(~Q(x)).
04. (COPERGAS/PE - Analista Tecnologia da Infor-
(∃x)(2x-1=3)
mação
Negação: (∀x)(2x-1≠3)
- FCC/2016) É verdade que todo engenheiro sabe ma-
temática. É verdade que há pessoas que sabem matemática
Questões e não são engenheiros. É verdade que existem administra-
dores que sabem matemática. A partir dessas afirmações é
01. (UFES - Assistente em Administração – possível concluir corretamente que:
UFES/2017) Em um determinado grupo de pessoas:
(A) qualquer engenheiro é administrador.
• todas as pessoas que praticam futebol também pra- (B) todos os administradores sabem matemática.
ticam natação, (C) alguns engenheiros não sabem matemática.
• algumas pessoas que praticam tênis também prati- (D) o administrador que sabe matemática é engenhei-
cam futebol, ro.
• algumas pessoas que praticam tênis não praticam (E) o administrador que é engenheiro sabe matemática.
natação.
05. (CRECI 1ª REGIÃO/RJ – Advogado – MSCON-
É CORRETO afirmar que no grupo CURSOS/2016) Considere como verdadeiras as duas pre-
missas seguintes:
(A) todas as pessoas que praticam natação também
praticam tênis. I – Nenhum professor é veterinário;
(B) todas as pessoas que praticam futebol também pra- II – Alguns agrônomos são veterinários.
ticam tênis.
(C) algumas pessoas que praticam natação não prati- A partir dessas premissas, é correto afirmar que, neces-
cam futebol. sariamente:
(D) algumas pessoas que praticam natação não prati- (A) Nenhum professor é agrônomo.
cam tênis. (B) Alguns agrônomos não são professores.
(E) algumas pessoas que praticam tênis não praticam (C) Alguns professores são agrônomos.
futebol. (D) Alguns agrônomos são professores.

16
RACIOCÍNIO LÓGICO

06. (EMSERH - Auxiliar Administrativo – FUN- (C) Mirian é escrevente


CAB/2016) Considere que as seguintes afirmações são (D) Mirian não é escrevente.
verdadeiras: (E) se Arnaldo é escrevente, então Arnaldo é primo de
Mirian
“Algum maranhense é pescador.”
“Todo maranhense é trabalhador.”
10. (DPE/MT – Assistente Administrativo –
Assim pode-se afirmar, do ponto de vista lógico, que: FGV/2015) Considere verdadeiras as afirmações a seguir.
(A) Algum maranhense pescador não é trabalhador • Existem advogados que são poetas.
(B) Algum maranhense não pescar não é trabalhador • Todos os poetas escrevem bem.
(C) Todo maranhense trabalhadoré pescador
(D) Algum maranhense trabalhador é pescador
Com base nas afirmações, é correto concluir que
(E) Todo maranhense pescador não é trabalhador.
(A) se um advogado não escreve bem então não é poe-
07. (PREF. DE RIO DE JANEIRO/RJ – Assistente Ad- ta.
ministrativo – PREF. DO RIO DE JANEIRO/2015) Em certa (B) todos os advogados escrevem bem.
comunidade, é verdade que: (C) quem não é advogado não é poeta.
(D) quem escreve bem é poeta.
- todo professor de matemática possui grau de mestre; (E) quem não é poeta não escreve bem.
- algumas pessoas que possuem grau de mestre gos-
tam de empadão de camarão;
- algumas pessoas que gostam de empadão de cama- Respostas
rão não possuem grau de mestre.
01. Resposta: E.
Uma conclusão necessariamente verdadeira é:

(A) algum professor de matemática gosta de empadão


de camarão.
(B) nenhum professor de matemática gosta de empa-
dão de camarão.
(C) alguma pessoa que gosta de empadão de camarão
gosta de matemática.
(D) alguma pessoa que gosta de empadão de camarão
não é professor de matemática.

08. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-


NESP/2015) Se todo estudante de uma disciplina A é tam-
bém estudante de uma disciplina B e todo estudante de
uma disciplina C não é estudante da disciplina B, e ntão é 02. Resposta: D.
verdade que: Podemos excluir as alternativas que falam que não sa-
bem digitar, pois todos os técnicos sabem digitar.
(A) algum estudante da disciplina A é estudante da dis-
ciplina C.
(B) algum estudante da disciplina B é estudante da dis-
ciplina C.
(C) nenhum estudante da disciplina A é estudante da
disciplina C.
(D) nenhum estudante da disciplina B é estudante da
disciplina A.
(E) nenhum estudante da disciplina A é estudante da
disciplina B.

09. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-


NESP/2015) Considere verdadeira a seguinte afirmação:
“Todos os primos de Mirian são escreventes”.

Dessa afirmação, conclui­se corretamente que


(A) se Pâmela não é escrevente, então Pâmela não é
prima de Mirian.
(B) se Jair é primo de Mirian, então Jair não é escre-
vente.

17
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. Resposta: C. 07. Resposta: D.

Podemos ter esses dois modelos de diagramas:

(A) não está claro se os mestres que gostam de empa-


dão são professores ou não.
(B) podemos ter o primeiro diagrama
04. Resposta: E. (C) pode ser o segundo diagrama.

08. Resposta: C.
O diagrama C deve ficar para fora, pois todo estudante
de C não é da disciplina B, ou seja, não tem ligação nenhuma.

05. Resposta: B.
Alguns agrônomos são veterinários e podem ser só
agrônomos.
Assim, os estudantes da disciplina A, também não fa-
zem disciplina C e vice-versa.

09. Resposta: A.

06. Resposta: D.

Como Pâmela não é escrevente, ela está em um diagra-


ma a parte, então não é prima de Mirian.
Analisando as alternativas erradas:

(B) Todos os primos de primo são escrevente.


(C) e (D) Não sabemos se Mirian é escrevente ou não.
(E) Não necessariamente, pois há pessoas que são es-
creventes, mas não primos de Mirian.

18
RACIOCÍNIO LÓGICO

10. Resposta: A. Regra de Absorção


Se o advogado não escreve bem, ele faz parte da área p→p∧q⇔p→q
hachurada, portanto ele não é poeta.
p q p∧q p→p∧q p→q
V V V V V
V F F F F
F V F V V
F F F V V

Condicional

Gostaria da sua atenção aqui, pois as condicionais são


as mais pedidas nos concursos
A condicional p→q e a disjunção ~p∨q, têm tabelas-
verdades idênticas

p ~p q p∧q p→q ~p∨q


V F V V V V
V F F F F F
Referências
F V V F V V
Carvalho, S. Raciocínio Lógico Simplificado. Série Pro-
F V F F V V
vas e Concursos, 2010.
Exemplo
p: Coelho gosta de cenoura
q: Coelho é herbívoro.
EQUIVALÊNCIAS
p→q: Se coelho gosta de cenoura, então coelho é her-
bívoro.
~p∨q: Coelha não gosta de cenoura ou coelho é her-
bívoro
EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS
A condicional ~p→~q é equivalente a disjunção p∨~q
Diz-se que uma proposição P(p,q,r..) é logicamente
equivalente ou equivalente a uma proposição Q(p,r,s..) se
as tabelas-verdade dessas duas proposições são IDÊNTI- p q ~p ~q ~p→~q p∨~q
CAS. V V F F V V
Para indicar que são equivalentes, usaremos a seguinte V F F V V V
notação: F V V F F F
P(p,q,r..) ⇔ Q(p,r,s..) F F V V V V

Essa parte de equivalência é um pouco mais chatinha, Equivalência fundamentais (Propriedades Funda-
mas conforme estudamos, vou falando algumas dicas. mentais): a equivalência lógica entre as proposições goza
das propriedades simétrica, reflexiva e transitiva.
Regra da Dupla negação
~~p⇔p 1 – Simetria (equivalência por simetria)
a) p ∧ q ⇔ q ∧ p
p q p∧q q∧p
p ~p ~~p
V F V V V V V
F V F V F F F
F V F F
São iguais, então ~~p⇔p F F F F

Regra de Clavius b) p ∨ q ⇔ q ∨ p
~p→p⇔p p q p∨q q∨ p
V V V V
p ~p ~p→p V F V V
V F V F V V V
F V F F F F F

19
RACIOCÍNIO LÓGICO

c) p ∨ q ⇔ q p b) p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r)
p q p∨q q∨p
V V F F q p ∨ (q p∨ p (p ∨ q) ∨ (p
p q r
V F V V ∨r ∨ r) q ∨r ∨ r)
F V V V V V V V V V V V
F F F F V V F V V V V V
V F V V V V V V
d) p ↔ q ⇔ q ↔ p V F F F V V V V
p q p↔q q↔p F V V V V V V V
V V V V F V F V V V F V
V F F F F F V V V F V V
F V F F F F F F F F F F
F F V V
3 – Idempotência
Equivalências notáveis: a) p ⇔ (p ∧ p)
Para ficar mais fácil o entendimento, vamos fazer duas
1 - Distribuição (equivalência pela distributiva) colunas com p:
a) p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
p p p∧ p
V V V
q p ∧ (q p∧ p (p ∧ q) ∨ (p
p q r F F F
∨r ∨ r) q ∧r ∧ r)
V V V V V V V V b) p ⇔ (p ∨ p)
V V F V V V F V
V F V V V F V V p p p∨ p
V F F F F F F F V V V
F V V V F F F F F F F
F V F V F F F F
F F V V F F F F 4 - Pela contraposição: de uma condicional gera-se
F F F F F F F F outra condicional equivalente à primeira, apenas inverten-
do-se e negando-se as proposições simples que as com-
b) p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r) põem.

q p ∨ (q p∨ p (p ∨ q) ∧ (p Da mesma forma que vimos na condicional mais acima,


p q r
∧r ∧ r) q ∨r ∨ r) temos outros modos de definir a equivalência da condicio-
V V V V V V V V nal que são de igual importância
V V F F V V V V
V F V F V V V V 1º caso – (p → q) ⇔ (~q → ~p)
V F F F V V V V p q ~p ~q p → q ~q → ~p
F V V V V V V V V V F F V V
F V F F F V F F V F F V F F
F F V F F F V F F V V F V V
F F F F F F F F F F V V V V
2 - Associação (equivalência pela associativa) 2º caso: (~p → q) ⇔ (~q → p)
a) p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r)
p q ~p ~p → q ~q ~q → p
V V F V F V
q p ∧ (q p (p ∧ q) ∧ (p
p q r p∧q V F F V V V
∧r ∧ r) ∧r ∧ r)
V V V V V V V V F V V V F V
V V F F F V F F F F V F V F
V F V F F F V F
3º caso: (p → ~q) ⇔ (q → ~p)
V F F F F F F F
F V V V F F F F p q ~q p → ~q ~p q → ~p
F V F F F F F F V V F F F F
F F V F F F F F V F V V F V
F F F F F F F F F V F V V V
F F V V V V

20
RACIOCÍNIO LÓGICO

5 - Pela bicondicional Questões


a) (p ↔ q) ⇔ (p → q) ∧ (q → p), por definição
p q p ↔ q p → q q → p (p → q) ∧ (q → p) 01. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VU-
V V V V V V NESP/2017) Uma afirmação equivalente para “Se estou fe-
liz, então passei no concurso” é:
V F F F V F
F V F V F F (A) Se passei no concurso, então estou feliz.
F F V V V V (B) Se não passei no concurso, então não estou feliz.
(C) Não passei no concurso e não estou feliz.
b) (p ↔ q) ⇔ (~q → ~p) ∧ (~p → ~q) (D) Estou feliz e passei no concurso.
p (E) Passei no concurso e não estou feliz.
~q → ~p → (~q → ~p) ∧
p q ↔ ~q ~p
~p ~q (~p → ~q)
q 02. (UTFPR – Pedagogo – UTFPR/2017) Considere a
V V V F F V V V frase:
V F F V F F V F Se Marco treina, então ele vence a competição.
F V F F V V F F A frase equivalente a ela é:
F F V V V V V V
(A) Se Marco não treina, então vence a competição.
c) (p ↔ q) ⇔ (p ∧ q) ∨ (~p ∧ ~q) (B) Se Marco não treina, então não vence a competição.
p p (C) Marco treina ou não vence a competição.
~p ∧ (p ∧ q) ∨ (~p (D) Marco treina se e somente se vence a competição.
p q ↔ ∧ ~p ~q
~q ∧ ~q) (E) Marco não treina ou vence a competição.
q q
V V V V F F F V
V F F F F V F F 03. (TRF 1ª REGIÃO – Cargos de nível médio – CES-
F V F F V F F F PE/2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, cho-
ra menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue o
F F V F V V V V
próximo item.
Do ponto de vista da lógica sentencial, a proposição P é
6 - Pela exportação-importação
equivalente a “Se pode mais, o indivíduo chora menos”.
[(p ∧ q) → r] ⇔ [p → (q → r)]
( ) Certo
p q r p ∧ q (p ∧ q) → r q → r p → (q → r) ( ) Errado
V V V V V V V
V V F V F F F 04. (TRT 12ª REGIÃO – Analista Judiciário – FGV/2017)
V F V F V V V Considere a sentença: “Se Pedro é torcedor do Avaí e Marce-
V F F F V V V la não é torcedora do Figueirense, então Joana é torcedora
F V V F V V V da Chapecoense”.
F V F F V F V Uma sentença logicamente equivalente à sentença dada é:
F F V F V V V
(A) Se Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
F F F F V V V
dora do Figueirense, então Joana não é torcedora da Cha-
pecoense.
Proposições Associadas a uma Condicional (se, então)
(B) Se Pedro não é torcedor do Avaí e Marcela é torce-
dora do Figueirense, então Joana não é torcedora da Cha-
Chama-se proposições associadas a p → q as três pro- pecoense.
posições condicionadas que contêm p e q: (C) Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora
– Proposições recíprocas: p → q: q → p do Figueirense ou Joana é torcedora da Chapecoense.
– Proposição contrária: p → q: ~p → ~q (D) Se Joana não é torcedora da Chapecoense, então
– Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p Pedro não é torcedor do Avaí e Marcela é torcedora do Fi-
gueirense.
Observe a tabela verdade dessas quatro proposições: (E) Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora
q do Figueirense e Joana é torcedora da Chapecoense.
p→ ~p → ~q →
p q ~p ~q →
q ~q ~p 05. (IBGE – Analista Censitário – FGV/2017) Considere
p
V V F F V V V V como verdadeira a seguinte sentença: “Se todas as flores são
V F F V F V V F vermelhas, então o jardim é bonito”.
F V V F V F F V É correto concluir que:
F F V V V V V V
(A) se todas as flores não são vermelhas, então o jardim
Observamos ainda que a condicional p → q e a sua não é bonito;
recíproca q → p ou a sua contrária ~p → ~q NÃO SÃO (B) se uma flor é amarela, então o jardim não é bonito;
(C) se o jardim é bonito, então todas as flores são ver-
EQUIVALENTES.
melhas;

21
RACIOCÍNIO LÓGICO

(D) se o jardim não é bonito, então todas as flores não Respostas


são vermelhas;
(E) se o jardim não é bonito, então pelo menos uma flor 01. Resposta: B.
não é vermelha. p→q⇔~q→~p
p: Estou feliz
06. (POLITEC/MT – Papiloscopista – UFMT/2017) q: passei no concurso
Uma proposição equivalente a Se há fumaça, há fogo, é: A equivalência ficaria:
Se não passei no concurso, então não estou feliz.
(A) Se não há fumaça, não há fogo.
(B) Se há fumaça, não há fogo. 02. Resposta: E.
(C) Se não há fogo, não há fumaça. Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou
(D) Se há fogo, há fumaça. “~p∨q”
P: Marcos treina
07. (DPE/RR – Técnico em Informática – INAZ DO Q: ele vence a competição
PARÁ/2017) Diz-se que duas preposições são equivalen- Marcos não treina ou ele vence a competição
tes entre si quando elas possuem o mesmo valor lógico. A
sentença logicamente equivalente a: “ Se Maria é médica, 03. Resposta: Certo.
então Victor é professor” é: Uma dica é que normalmente quando tem vírgula é
condicional, não é regra, mas acontece quando você não
(A) Se Victor não é professor então Maria não é médica acha o conectivo.
(B) Se Maria não é médica então Victor não é professor
(C) Se Victor é professor, Maria é médica 04. Resposta: C.
(D) Se Maria é médica ou Victor é professor Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou
(E) Se Maria é médica ou Victor não é professor “~p∨q”
~p: Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
08. (PREF. DE RIO DE JANEIRO – Administrador – dora do Figueirense
PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Uma proposição lo- ~q→~p: Se Joana não é torcedora da Chapecoense,
então Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora
gicamente equivalente a “se eu não posso pagar um táxi,
do Figueirense
então vou de ônibus” é a seguinte:
~p∨q: Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
dora do Figueirense ou Joana é torcedora da Chapecoense.
(A) se eu não vou de ônibus, então posso pagar um táxi
(B) se eu posso pagar um táxi, então não vou de ônibus
05. Resposta: E.
(C) se eu vou de ônibus, então não posso pagar um táxi
Equivalência: p→q⇔~q→~p
(D) se eu não vou de ônibus, então não posso pagar
Para negar Todos:
um táxi Pelo menos faz o contrário, ou seja, no nosso caso,
pelo menos uma flor não é vermelha
09. (PREF. DO RIO DE JANEIRO – Agente de Admi- ~p: Pelo menos uma flor não é vermelha
nistração – PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Uma pro- Se o jardim não é bonito, então pelo menos uma flor
posição logicamente equivalente a “todo ato desonesto é não é vermelha.
passível de punição” é a seguinte:
06. Resposta: C.
(A) todo ato passível de punição é desonesto. Nega as duas e troca de lado.
(B) todo ato não passível de punição é desonesto. Se não há fogo, então não há fumaça.
(C) se um ato não é passível de punição, então não é
desonesto. 07. Resposta: A.
(D) se um ato não é desonesto, então não é passível Nega as duas e troca de lado.
de punição. Se Victor não é professor, então Maria não é medica.

10. (TJ/PI – Analista Judiciário – FGV/2015) Conside- 08. Resposta: A.


re a sentença: “Se gosto de capivara, então gosto de javali”. Temos p→q e a equivalência pode ser ~q→~p
~p∨q
Uma sentença logicamente equivalente à sentença Nesse caso, como temos apenas condicional nas alter-
dada é: nativas.
Nega as duas e troca
(A) Se não gosto de capivara, então não gosto de javali. p: não posso pagar um táxi
(B) Gosto de capivara e gosto de javali. q: vou de ônibus
(C) Não gosto de capivara ou gosto de javali. ~p: Posso pagar um táxi
(D) Gosto de capivara ou não gosto de javali. ~q: Não vou de ônibus
(E) Gosto de capivara e não gosto de javali. Se não vou de ônibus, então posso pagar um táxi

22
RACIOCÍNIO LÓGICO

09. Resposta: C.
Vamos pensar da seguinte maneira:
Se todo ato é desonesto, então é passível de punição
Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou “~p∨q”
Nesse caso, as alternativas nos mostram condicional.
Se um ato não é passível de punição, então não é desonesto.

10. Resposta: C.
Lembra da tabela da teoria??
p q p→q ~p ~p∨q
V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F V V V

Então
p: Gosto de capivara
q: Gosto de javali

Temos p→q e a equivalência pode ser ~q→~p, mas não temos essa opção.
Portanto, deve ser ~p∨q
Não gosto de capivara ou gosto de javali.

Referências
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo: Nobel – 2002.
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier,
2013.

LEIS DE DEMORGAN

Negação de uma proposição composta


Definição: Quando se nega uma proposição composta primitiva, gera-se outra proposição também composta e equi-
valente à negação de sua primitiva.
Ou seja, muitas vezes para os exercícios teremos que saber qual a equivalência da negação para compor uma frase, por
exemplo.

Negação de uma conjunção (Lei de Morgan)


Para negar uma conjunção, basta negar as partes e trocar o conectivo conjunção pelo conectivo disjunção.
~(p ∧ q) ⇔ (~p ∨ ~q)
p q ~p ~q p∧q ~(p ∧ q) ~p ∨ ~q
V V F F V F F
V F F V F V V
F V V F F V V
F F V V F V V

Negação de uma disjunção (Lei de Morgan)


Para negar uma disjunção, basta negar as partes e trocar o conectivo-disjunção pelo conectivo-conjunção.
~(p ∨ q) ⇔ (~p ∧ ~q)

p q ~p ~q p∨q ~(p ∨ q) ~p ∧ ~q
V V F F V F F
V F F V V F F
F V V F V F F
F F V V F V V

23
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resumindo as negações, quando é conjunção nega as duas e troca por “ou”


Quando for disjunção, nega tudo e troca por “e”.
Negação de uma disjunção exclusiva
~(p ∨ q) ⇔ (p ↔ q)
p q p∨q ~( p∨q) p↔q
V V F V V
V F V F F
F V V F F
F F F V V

Negação de uma condicional


Famoso MANE
Mantém a primeira e nega a segunda.
~(p → q) ⇔ (p ∧ ~q)
p q p→q ~q ~(p → q) p ∧ ~q
V V V F F F
V F F V V V
F V V F F V
F F V V F F

Negação de uma bicondicional


~(p ↔ q) = ~[(p → q) ∧ (q → p)] ⇔ [(p ∧ ~q) ∨ (q ∧ ~p)]
~[(p → q) ∧ [(p ∧ ~q) ∨
P Q p ↔ q p → q q → p p → q) ∧ (q → p)] p ∧ ~q q ∧ ~p
(q → p)] (q ∧ ~p)]
V V V V V V F F F F
V F F F V F V V F V
F V F V F F V F V V
F F V V V V F F F F

Dupla negação (Teoria da Involução)


De uma proposição simples: p ⇔ ~ (~p)
P ~P ~ (~p)
V F V
F V F

b) De uma condicional: Definição: A dupla negação de uma condicional dá-se da seguinte forma: nega-se a 1ª parte da
condicional, troca-se o conectivo-condicional pela disjunção e mantém-se a 2a parte.
Demonstração: Seja a proposição primitiva: p → q nega-se pela 1a vez: ~(p → q) ⇔ p ∧ ~q nega-se pela 2a vez: ~(p
∧ ~q) ⇔ ~p ∨ q
Conclusão: Ao negarmos uma proposição primitiva duas vezes consecutivas, a proposição resultante será equivalente
à sua proposição primitiva. Logo, p → q ⇔ ~p ∨ q

Questões
01. (CORREIOS – Engenheiro de Segurança do Trabalho Júnior – IADES/2017) Qual é a negação da proposição
“Engenheiros gostam de biológicas e médicos gostam de exatas.”?
(A) Engenheiros não gostam de biológicas ou médicos não gostam de exatas.
(B) Engenheiros não gostam de biológicas e médicos gostam de exatas.
(C) Engenheiros não gostam de biológicas ou médicos gostam de exatas.
(D) Engenheiros gostam de biológicas ou médicos não gostam de exatas.
(E) Engenheiros não gostam de biológicas e médicos não gostam de exatas.

02. (ARTES - Agente de Fiscalização à Regulação de Transporte - Tecnologia de Informação - FCC/2017) A afirma-
ção que corresponde à negação lógica da frase ‘Vendedores falam muito e nenhum estudioso fala alto’ é:
(A) ‘Nenhum vendedor fala muito e todos os estudiosos falam alto’.
(B) ‘Vendedores não falam muito e todos os estudiosos falam alto’.
(C) ‘Se os vendedores não falam muito, então os estudiosos não falam alto’.
(D) ‘Pelo menos um vendedor não fala muito ou todo estudioso fala alto’.
(E) ‘Vendedores não falam muito ou pelo menos um estudioso fala alto’

24
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. (IGP/RS – Perito Criminal 0 FUNDATEC/2017) A Proposição Q: A empresa alegou ter pago suas obriga-
negação da proposição “Todos os homens são afetuosos” ções previdenciárias, mas não apresentou os comprovantes
é: de pagamento.
(A) Toda criança é afetuosa. A proposição Q, anteriormente apresentada, está pre-
(B) Nenhum homem é afetuoso. sente na proposição P do texto CB1A5AAA.
(C) Todos os homens carecem de afeto. A negação da proposição Q pode ser expressa por:
(D) Pelo menos um homem não é afetuoso.
(E) Todas as mulheres não são afetuosas.
(A) A empresa não alegou ter pago suas obrigações
04. (TRT – Analista Judiciário – FCC/2017) Uma afir- previdenciárias ou apresentou os comprovantes de paga-
mação que corresponda à negação lógica da afirmação: mento.
todos os programas foram limpos e nenhum vírus perma- (B) A empresa alegou ter pago suas obrigações previ-
neceu, é: denciárias ou não apresentou os comprovantes de paga-
mento.
(A) Se pelo menos um programa não foi limpo, então (C)A empresa alegou ter pago suas obrigações previ-
algum vírus não permaneceu. denciárias e apresentou os comprovantes de pagamento.
(B) Existe um programa que não foi limpo ou pelo me-
(D) A empresa não alegou ter pago suas obrigações
nos um vírus permaneceu.
(C) Nenhum programa foi limpo e todos os vírus per- previdenciárias nem apresentou os comprovantes de pa-
maneceram. gamento.
(D) Alguns programas foram limpos ou algum vírus
não permaneceu.
(E) Se algum vírus permaneceu, então nenhum progra- 09. (DPE/RS – Analista – FCC/2017) Considere a afir-
ma foi limpos. mação:
Ontem trovejou e não choveu.
05. (TRF 1ª REGIÃO – cargos de nível superior – CES- Uma afirmação que corresponde à negação lógica des-
PE/2017) Em uma reunião de colegiado, após a aprovação
de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos a favor e 5 ta afirmação é
contra, um dos 11 presentes fez a seguinte afirmação: “Bas- (A) se ontem não trovejou, então não choveu.
ta um de nós mudar de ideia e a decisão será totalmente (B) ontem trovejou e choveu.
modificada.” (C) ontem não trovejou ou não choveu.
Considerando a situação apresentada e a proposição (D) ontem não trovejou ou choveu.
correspondente à afirmação feita, julgue o próximo item. (E) se ontem choveu, então trovejou.
A negação da proposição pode ser corretamente ex-
pressa por “Basta um de nós não mudar de ideia ou a deci-
são não será totalmente modificada”. 10. (DPE/RS – Analista – FCC/2017) Considere a afir-
Certo Errado mação:
Se sou descendente de italiano, então gosto de macar-
06. (TRF 1ª REGIÃO – Cargos de nível médio – CES- rão e gosto de parmesão.
PE/2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, cho-
Uma afirmação que corresponde à negação lógica des-
ra menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue o
ta afirmação é
próximo item.
A negação da proposição P pode ser expressa por (A) Sou descendente de italiano e, não gosto de macar-
“Quem não pode mais, não chora menos” rão ou não gosto de parmesão.
Certo Errado (B) Se não sou descendente de italiano, então não gos-
to de macarrão e não gosto de parmesão.
07. (CFF – Analista de Sistema – INAZ DO PARÁ/2017) (C) Se gosto de macarrão e gosto de parmesão, então
Dizer que não é verdade que “Todas as farmácias estão não sou descendente de italiano.
abertas” é logicamente equivalente a dizer que: (D) Não sou descendente de italiano e, gosto de ma-
carrão e não gosto de parmesão.
(A) “Toda farmácia está aberta”. (E) Se não gosto de macarrão e não gosto de parme-
(B) “Nenhuma farmácia está aberta”. são, então não sou descendente de italiano.
(C) “Todas as farmácias não estão abertas”.
(D) “Alguma farmácia não está aberta”.
(E) “Alguma farmácia está aberta”. Respostas
08. (TRT 7ª REGIÃO – Conhecimentos básicos cargos 01. Resposta: A.
1, 2, 7 e 8 – CESPE/2017) Texto CB1A5AAA – Proposição P Nega as duas e muda o conectivo para ou
A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-
|Engenheiros não gostam de biológicas OU médicos
ciárias, mas não apresentou os comprovantes de paga-
não gostam de exatas.
mento; o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo
ex-empregado.

25
RACIOCÍNIO LÓGICO

02. Resposta: E.
Nega as duas e coloca ou. SEQUËNCIA LÓGICA
Vendedores não falam muito
Para negar nenhum, devemos colocar pelo menos e a
afirmativa
Pelo menos um estudioso fala muito. As sequências lógicas aparecem com frequências nas
provas de concurso. São vários tipos: números, letras, figu-
OBS: Se fosse Todos a negação seria pelo menos 1 es- ras, baralhos, dominós e como é um assunto muito abran-
tudioso não fala muito. gente, e pode ser pedido de qualquer forma, o que ajudará
nos estudos serão as práticas de exercícios e algumas dicas
03. Resposta: D. que darei. Em cada exemplo, darei algumas dicas para toda
Para negar todos, colocamos pelo menos um... vez que você visualizar esse tipo de questão já ajude a ana-
E negamos a frase. lisar que tipo será. Vamos lá?
Pelo menos um homem não é afetuoso.
Sequência de Números
04. Resposta:B.
Pode ser feita por soma, subtração, divisão, multipli-
Negação de Todos: Pelo menos um (existe um, alguns)
e a negação: cação.
Pelo menos um programa não foi limpo. Mas lembre-se, se estamos falando de SEQUÊNCIA, ela
Negação de nenhum : pelo menos um e a afirmação. vai seguir um padrão, basta você achar esse padrão, alguns
Pelo menos um vírus permaneceu. serão mais difíceis, outro beeem fácil e não se assuste se
Ou achar rápido, não terá uma “PEGADINHA”, será isso e pon-
Alguns vírus permaneceram. to.
Vamos ver alguns tipos de sequências:
05. Resposta: Errado.
CUIDADO! -Progressão Aritmética
O basta traz sentido de condicional. 2 5 8 11
Se um de nós mudar de ideia, então a decisão será
totalmente modificada. Progressão aritmética sempre terá a mesma razão.
Portanto, mantém a primeira e nega a segunda (MANÈ) No nosso exemplo, a razão é 3, pois para cada número
Basta um de nós mudar de ideia e a decisão não será seguinte, temos que somar 3.
totalmente modificada.
-Progressão Geométrica
06. Resposta: Errado. 9 18 36 72
Negação de uma condicional: mantém a primeira e
nega a segunda. E agora para essa nova sequência?
Se somarmos 9, não teremos uma sequência, então
07. Resposta: D. não é soma.
Para negar todos: pelo menos uma, alguma, existe uma O próximo que tentamos é a multiplicação,9x2=18
Alguma farmácia não está aberta. 18x2=36
36x2=72
08. Resposta: A.
Opa, deu certo?
Nega as duas e troca por “e” por “ou”
Progressão geométrica de razão 2.
A empresa não alegou ter pago suas obrigações previ-
denciárias ou apresentou os comprovantes de pagamento.
-Incremento em Progressão
09. Resposta: D. 1 2 4 7
Negação de ontem trovejou: ontem não trovejou
Negação de não choveu: choveu Observe que estamos somando 1 a mais para cada nú-
Ontem não trovejou ou choveu. mero.
1=1=2
10. Resposta: A. 2+2=4
Negação de condicional: mantém a primeira e nega a 4+3=7
segunda.
Negação de conjunção: nega as duas e troca “e” por “ou” -Série de Fibonacci
Vamos fazer primeiro a negação da conjunção: gosto 1 1 2 3 5 8 13
de macarrão e gosto de parmesão. Cada termo é igual à soma dos dois anteriores.
Não gosto de macarrão ou não gosto de parmesão.
-Números Primos
Sou descendente de italiano e não gosto de macarrão 2 3 5 7 11 13 17
ou não gosto de parmesão. Naturais que possuem apenas dois divisores naturais.

26
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Quadrados Perfeitos Resolução


1 4 9 16 25 36 49 Primeiro tentamos número de sílabas ou letras.
Números naturais cujas raízes são naturais. Letras já não deu certo.

Exemplo 1 Galo=4
Pato=4
(UFPB – Administrador – IDECAN/2016) Considere a Carneiro=8
sequência numérica a seguir: Cobra=4
3, 6, 3, 3, 2, 5/3, 11/9. . . Jacaré=6
Não tem um padrão
Sabendo-se que essa sequência obedece uma regra de
formação a partir do terceiro termo, então o denominador Número de sílabas
do próximo termo da sequência é: Está dividido em 2 e 3 e sem padrões
(A) 9.
(B) 11. Começadas com as letras dos meses?não...
(C) 26. Difícil...
(D) 27. São animais, então:

Resolução Galo e pato são aves


Quando há uma sequência que não parece progressão Cobra e jacaré são répteis
aritmética ou geométrica, devemos “apelar” para soma os O carneiro é mamífero, se estão aos pares, devemos
dois anteriores, soma 1, e assim por diante. procurar outro mamífero que no caso é o boi
No caso se somarmos os dois primeiros para dar o ter- Resposta: A.
ceiro: 3+6=9
Para dar 3, devemos dividir por 3: 9/3=3 Exemplo 2
Vamos ver se ficará certo com o restante (IBGE - Técnico em Informações Geográficas e Esta-
6+3=9 tísticas – FGV/2016) Considere a sequência infinita
9/3=3
3+2=5 IBGEGBIBGEGBIBGEG...
5/3
Opa...parece que deu certo A 2016ª e a 2017ª letras dessa sequência são, respec-
Então: tivamente:
(A) BG;
(B) GE;
(C) EG;
(D) GB;
(E) BI.

Resposta: E.
Resposta: D.
É uma sequência com 6
Sequência de Letras Cada letra equivale a sequência
Sobre a sequência de Letras, fica um pouco mais difícil I=1
de falar, pois podem ser de vários tipos. B=2
Às vezes temos que substituir por números, outras ana- G=3
lisar o padrão de como aparecem. Vamos ver uns exemplos? E=4
G=5
Exemplo 1 B=0
(AGERIO – Analista de Desenvolvimento – FDC/2015)
Considerando a sequência de vocábulos: 2016/6=336 resta 0
galo - pato - carneiro - X - cobra – jacaré 2017/6=336 resta 1
Portanto, 2016 será a letra B, pois resta 0, será equiva-
A alternativa lógica que substitui X é: lente a última letra

(A) boi E 2017 será a letra I, pois resta 1 e é igual a primeira


(B) siri letra.
(C) sapo
(D) besouro
(E) gaivota

27
RACIOCÍNIO LÓGICO

Sequência de Figuras 02. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário - INSTITU-


Do mesmo modo que a sequência de letras, é um tema TO AOCP/2017) Uma máquina foi programada para dis-
abrangente, pois a banca pode pedir a figura que convém. tribuir senhas para atendimento em uma agência bancária
alternando algarismos e letras do alfabeto latino, no qual
(FACEPE – Assistente em Gestão de Ciência e Tecno- estão inclusas as letras K, W e Y, sendo a primeira senha
logia – UPENET/2015) Assinale a alternativa que contém o número 2, a segunda a letra A, e sucessivamente na se-
a próxima figura da sequência. guinte forma: (2; A; 5; B; 8; C; ...). Com base nas informações
mencionadas, é correto afirmar que a 51ª e a 52ª senhas,
respectivamente, são:
(A) 69 e Z.
(B) 90 e Y.
(C) T e 88.
(A) (D) 77 e Z.
(E) Y e 100.

03. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)  Na


(B) figura abaixo, encontram-se representadas três etapas da
construção de uma sequência elaborada a partir de um
triângulo equilátero.

(C)

(D)

Na etapa 1, marcam-se os pontos médios dos lados


(E) do triângulo equilátero e retira-se o triângulo com vértices
nesses pontos médios, obtendo-se os triângulos pretos. Na
etapa 2, marcam-se os pontos médios dos lados dos triân-
gulos pretos obtidos na etapa 1 e retiram-se os triângulos
com vértices nesses pontos médios, obtendo-se um novo
Resposta: B. conjunto de triângulos pretos. A etapa 3 e as seguintes
Primeiro risco vai na parte de baixo, depois do lado mantêm esse padrão de construção.
E depois 2 riscos e assim por diante.
Então nossa figura terá que ter 3 riscos, mas a B ou D? Mantido o padrão de construção acima descrito, o nú-
É a B, pois o risco de cima, tem que ser o maior de mero de triângulos pretos existentes na etapa 7 é
todos.
(A) 729.
Questões (B) 1.024.
01. ( TRE/RJ - Técnico Judiciário - Operação de (C) 2.187.
Computadores – CONSULPLAN/2017) Os termos de uma (D) 4.096.
determinada sequência foram sucessivamente obtidos se- (E) 6.561.
guindo um determinado padrão:
04. (SESAU/RO – Enfermeiro – FUNRIO/2017) Ob-
(5, 9, 17, 33, 65, 129...) serve a sequência: 43, 46, 50, 55, 61, ...

O décimo segundo termo da sequência anterior é um O próximo termo é o:


número (A) 65.
(B) 66.
(A) menor que 8.000. (C) 67.
(B) maior que 10.000. (D) 68.
(C) compreendido entre 8.100 e 9.000. (E) 69.
(D) compreendido entre 9.000 e 10.000.

28
RACIOCÍNIO LÓGICO

05. (TRT 24ª REGIÃO – Analista Judiciário – (A) 5.


FCC/2017) Na sequência 1A3E; 5I7O; 9U11A; 13E15I; (B) 4.
17O19U; 21A23E; . . ., o 12° termo é formado por algaris- (C) 6.
mos e pelas letras (D) 7.
(A) EI. (E) 8.
(B) UA.
(C) OA. 10. (CODAR – Recepcionista – EXATUS/2016) A se-
(D) IO. quência numérica (99; 103; 96; 100; 93; 97; ...) possui deter-
(E) AE. minada lógica em sua formação. O número corresponden-
te ao décimo elemento dessa sequência é:
06. (EBSERH – Assistente Administrativo –
IBFC/2017) Considerando a sequência de figuras @, % , &, (A) 91
(B) 88.
# , @, %, &, #,..., podemos dizer que a figura que estará na
(C) 87
117ª posição será:
(D) 84
(A) @
(B) %
(C) & Respostas
(D) #
(E) $ 01. Resposta: C.
Os termos tem uma sequência começando por 2²+1
07. (IF/PE – Técnico em Eletrotécnica – IFPE/0217) Portanto, para sabermos o 12º termo, fazemos
Considere a seguinte sequência de figuras formadas por 213+1=8193
círculos:
02. Resposta: D.
A 51ª senha segue a sequência ímpar que são: (2, 5,
8,...)
51/2=25 e somamos 1, para saber qual posição ocupa-
rá na sequência. Portanto será a 26
A26=a1+25r
Continuando a sequência de maneira a manter o mes- A26=2+25⋅3
mo padrão geométrico, o número de círculos da Figura 18 é: A26=2+75=77
(A) 334.
(B) 314. A 52ª senha ocupará a posição 26 também, mas na se-
(C) 342. quência par, ou seja, a 26ª letra do alfabeto que é a letra Z.
(D) 324.
(E) 316. 03 Resposta:C
É uma PG de razão 3 e o a1 também é 3.
08. (CODEBA – Guarda Portuário – FGV/2016) Para
passar o tempo, um candidato do concurso escreveu a si-
gla CODEBA por sucessivas vezes, uma após a outra, for-
mando a sequência:
C O D E B A C O D E B A C O D E B A C O D ... 04. Resposta: D.
Observe que de 43 para 46 são 3
A 500ª letra que esse candidato escreveu foi: 50-46=4
55-50=5
(A) O 61-55=6
(B) D Portanto, o próximo será somando 7
(C) E 61+7=68
(D) B
(E) A 05. Resposta: D.
A partir do 5º termo começa a repetir as letras, por-
09. (MPE/SP – Oficial de Promotoria I – VU- tanto:
NESP/2016) A sequência ((3, 5); (3, 3, 3); (5; 5); (3, 3, 5); 12/5=2 e resta 2
...) tem como termos sequências contendo apenas os nú- Assim, será igual ao segundo termo, IO.
meros 3 ou 5. Dentro da lógica de formação da sequência,
cada termo, que também é uma sequência, deve ter o me- 06. Resposta: A.
nor número de elementos possível. Dessa forma, o número 117/4=29 e resta 1
de elementos contidos no décimo oitavo termo é igual a: Portanto, é igual a figura 1 @

29
RACIOCÍNIO LÓGICO

07. Resposta: D.
Figura 1:1 PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E
Figura 2:4 PROBABILIDADE
Figura 3:9
Figura 4:16
O número de círculos é o quadrado da posição
Figura 18: 18²=324
Análise Combinatória
08. Resposta: A.
É uma sequência com 6 letras: A Análise Combinatória é a área da Matemática que
500/6=83 e resta 2 trata dos problemas de contagem.
C=1
O=2 Princípio Fundamental da Contagem
D=3
E=4 Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrên-
B=5 cia de um evento composto de duas ou mais etapas.
A=0 Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a
decisão E2 pode ser tomada de n2 modos, então o número
Como restaram 2, então será igual a O. de maneiras de se tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2.
09. Resposta: A. Exemplo
Vamos somar os números:
3+5=8
3+3+3=9
5+5=10
3+3+5=11
Observe que
os termos formam uma PA de razão 1.
a18=?
a18=a1+17r
a18=8+17
a18=25
O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(cal-
Para dar 25, com o menor número de elementos possí-
veis, devemos ter (5,5,5,5,5) ças). 3(blusas)=6 maneiras

10. Resposta: A. Fatorial


A princípio, queremos ver a sequência com os termos
seguidos mesmo, o que seria: É comum nos problemas de contagem, calcularmos o
99+4=103 produto de uma multiplicação cujos fatores são números
103-7=96 naturais consecutivos. Para facilitar adotamos o fatorial.
96+4=100
100-7=93
Alternando essa sequência, mas se conseguirmos vi-
sualizar uma outra maneira, ficará mais fácil.
Arranjo Simples
Observe que os termos ímpares (a1,a3,a5...)formam
uma PA de razão r=-3 Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a
Os termos pares (a2,a4,a6..) formam uma PA de razão p, toda sequência de p elementos distintos de E.
também r=-3

Como a10 é par, devemos tomar como base a sequên-


cia par, mas para isso, vamos lembrar que se estamos tra-
tando apenas dela, a10=a5
Pois, devemos transformar o a2 em a1 e assim por
diante.
A5=a1+4r
A5=103-12
A5=31

30
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo Exemplo
Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números Quantos anagramas tem a palavra PARALELEPÍPEDO?
de 2 algarismos distintos podemos formar? Solução
Se todos as letras fossem distintas, teríamos 14! Per-
mutações. Como temos uma letra repetida, esse número
será menor.
Temos 3P, 2A, 2L e 3 E

Combinação Simples
Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos,
podemos formar subconjuntos com p elementos. Cada sub-
conjunto com i elementos é chamado combinação simples.

Exemplo
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos
que podemos formar a partir de um grupo de 5 alunos.
Solução
Observe que os números obtidos diferem entre si:
Pela ordem dos elementos: 56 e 65
Pelos elementos componentes: 56 e 67
Cada número assim obtido é denominado arranjo sim-
ples dos 3 elementos tomados 2 a 2. Números Binomiais
O número de combinações de n elementos, tomados
Indica-se p a p, também é representado pelo número binomial .

Binomiais Complementares
Permutação Simples Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma
Chama-se permutação simples dos n elementos, qual- dos denominadores é igual ao numerador são iguais:
quer agrupamento(sequência) de n elementos distintos de
E.
O número de permutações simples de n elementos é
indicado por Pn.
Relação de Stifel

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra CHUVEIRO?
Solução Triângulo de Pascal
A palavra tem 8 letras, portanto:

Permutação com elementos repetidos


De modo geral, o número de permutações de n ob-
jetos, dos quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são
iguais a C etc.

31
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. (IF/ES – Administrador – IFES/2017) Seis livros


diferentes estão distribuídos em uma estante de vidro, con-
forme a figura abaixo:

Binômio de Newton
Denomina-se binômio de Newton todo binômio da Considerando-se essa mesma forma de distribuição,
forma , com n∈N. Vamos desenvolver alguns bi- de quantas maneiras distintas esses livros podem ser orga-
nômios: nizados na estante?
(A) 30 maneiras
(B) 60 maneiras
(C) 120 maneiras
(D) 360 maneiras
(E) 720 maneiras

04. (UTFPR - Técnico de Tecnologia da Informação


– UTFPR/2017) Em um carro que possui 5 assentos, irão
Observe que os coeficientes dos termos formam o viajar 4 passageiros e 1 motorista. Assinale a alternativa
triângulo de Pascal. que indica de quantas maneiras distintas os 4 passageiros
podem ocupar os assentos do carro.
(A) 13.
(B) 26.
(C) 17.
(D) 20.
(E) 24.

Questões 05. (UTFPR - Técnico de Tecnologia da Informação –


UTFPR/2017) A senha criada para acessar um site da inter-
01. (UFES - Assistente em Administração – net é formada por 5 dígitos. Trata-se de uma senha alfanu-
UFES/2017) Uma determinada família é composta por pai, mérica. André tem algumas informações sobre os números
por mãe e por seis filhos. Eles possuem um automóvel de e letras que a compõem conforme a figura.
oito lugares, sendo que dois lugares estão em dois ban-
cos dianteiros, um do motorista e o outro do carona, e os
demais lugares em dois bancos traseiros. Eles viajarão no
automóvel, e o pai e a mãe necessariamente ocuparão um
dos dois bancos dianteiros. O número de maneiras de dis-
por os membros da família nos lugares do automóvel é
igual a:
Sabendo que nesta senha as vogais não se repetem e
(A) 1440 também não se repetem os números ímpares, assinale a
(B) 1480 alternativa que indica o número máximo de possibilidades
(C) 1520 que existem para a composição da senha.
(D) 1560 (A) 3125.
(E) 1600 (B) 1200.
(C) 1600.
02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) To- (D) 1500.
mando os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, quantos números (E) 625.
pares de 4 algarismos distintos podem ser formados?
06. (CELG/GT/GO – Analista de Gestão – CSUF-
(A) 120. GO/2017) Uma empresa de limpeza conta com dez faxi-
(B) 210. neiras em seu quadro. Para atender três eventos em dias
(C) 360. diferentes, a empresa deve formar três equipes distintas,
(D) 630. com seis faxineiras em cada uma delas. De quantas manei-
(E) 840. ras a empresa pode montar essas equipes?

32
RACIOCÍNIO LÓGICO

(A) 210 04. Resposta: E.


(B) 630 P4=4!= 4⋅3⋅2⋅1=24
(C) 15.120
(D) 9.129.120 05. Resposta: B.
Vogais: a, e, i, o, u
07. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/ Números ímpares: 1,3,5,7,9
IAUPE – 2017) No carro de João, tem vaga apenas para
3 dos seus 8 colegas. De quantas formas diferentes, João
pode escolher os colegas aos quais dá carona?
(A) 56
(B) 84
(C) 126 5⋅5⋅4⋅4⋅3=1200
(D) 210
(E) 120 06. Resposta: D.

08. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/


IAUPE – 2017) Num grupo de 15 homens e 9 mulheres,
quantos são os modos diferentes de formar uma comissão Como para os três dias têm que ser diferentes:
composta por 2 homens e 3 mulheres? __ __ __
(A) 4725 210⋅209⋅208=9129120
(B) 12600
(C) 3780 07. Resposta: A.
(D) 13600
(E) 8820

09. (SESAU/RO – Enfermeiro – FUNRIO/2017) Um


torneio de futebol de várzea reunirá 50 equipes e cada
equipe jogará apenas uma vez com cada uma das outras. 08. Resposta: E.
Esse torneio terá a seguinte quantidade de jogos:
(A) 320.
(B) 460.
(C) 620.
(D) 1.225.
(E) 2.450.

10. (IFAP – Engenheiro de Segurança do Trabalho 09. Resposta: D.


– FUNIVERSA/2016) Considerando-se que uma sala de
aula tenha trinta alunos, incluindo Roberto e Tatiana, e que
a comissão para organizar a festa de formatura deva ser
composta por cinco desses alunos, incluindo Roberto e Ta-
tiana, a quantidade de maneiras distintas de se formar essa 10. Resposta: D.
comissão será igual a:
(A) 3.272. Roberto Tatiana __ ___ ___
(B) 3.274.
(C) 3.276. São 30 alunos, mas vamos tirar Roberto e Tatiana que
(D) 3.278. terão que fazer parte da comissão.
(E) 3.280. 30-2=28

Respostas

01. Resposta: A.
P2⋅P6=2!⋅6!=2⋅720=1440
Experimento Aleatório
02. Resposta: C.
__ ___ __ __ Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é im-
6⋅ 5⋅ 4⋅ 3=360 previsível, por depender exclusivamente do acaso, por
exemplo, o lançamento de um dado.
03. Resposta: E.
P6=6!=6⋅5⋅4⋅3⋅2⋅1=720

33
RACIOCÍNIO LÓGICO

Espaço Amostral Note que


Num experimento aleatório, o conjunto de todos os
resultados possíveis é chamado espaço amostral, que se
indica por E.
No lançamento de um dado, observando a face volta- Exemplo
da para cima, tem-se: Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas
E={1,2,3,4,5,6} coloridas. Sabe-se que a probabilidade de ter sido retira-
No lançamento de uma moeda, observando a face vol- da uma bola vermelha é Calcular a probabilidade de ter
tada para cima: sido retirada uma bola que não seja vermelha.
E={Ca,Co}
Solução
Evento
É qualquer subconjunto de um espaço amostral.
No lançamento de um dado, vimos que são complementares.
E={1,2,3,4,5,6}
Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento {5}:
Ocorrer um número par, tem-se {2,4,6}.

Exemplo Adição de probabilidades


Considere o seguinte experimento: registrar as faces Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E,
voltadas para cima em três lançamentos de uma moeda. finito e não vazio. Tem-se:

a) Quantos elementos tem o espaço amostral?


b) Descreva o espaço amostral. Exemplo
No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de
Solução se obter um número par ou menor que 5, na face superior?
a) O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lan-
çamento, há duas possibilidades. Solução
E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6
2x2x2=8 Sejam os eventos
b) E={(C,C,C), (C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(- A={2,4,6} n(A)=3
C,R,R),(R,R,R)} B={1,2,3,4} n(B)=4

Probabilidade
Considere um experimento aleatório de espaço amos-
tral E com n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento
com n(A) amostras.

Probabilidade Condicional
Eventos complementares É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que
Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A ocorreu o evento B, definido por:
um evento de E. Chama-se complementar de A, e indica-se
por , o evento formado por todos os elementos de E que
não pertencem a A.
E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6
B={2,4,6} n(B)=3
A={2}

34
RACIOCÍNIO LÓGICO

Eventos Simultâneos 06. (PREF. DE PIRAUBA/MG – Assistente Social –


Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espa- MSCONCURSOS/2017) A probabilidade de qualquer uma
ço amostral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por: das 3 crianças de um grupo soletrar, individualmente, a pa-
lavra PIRAÚBA de forma correta é 70%. Qual a probabili-
dade das três crianças soletrarem essa palavra de maneira
errada?
Questões (A) 2,7%
(B) 9%
01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Em (C) 30%
cada um de dois dados cúbicos idênticos, as faces são nu- (D) 35,7%
meradas de 1 a 6. Lançando os dois dados simultaneamen-
te, cuja ocorrência de cada face é igualmente provável, a 07. (UFTM – Tecnólogo – UFTM/2016) Lançam-se si-
probabilidade de que o produto dos números obtidos seja multaneamente dois dados não viciados, a probabilidade
um número ímpar é de:
de que a soma dos resultados obtidos seja nove é:
(A) 1/4.
(A) 1/36
(B) 1/3.
(B) 2/36
(C) 1/2.
(D) 2/3. (C) 3/36
(E) 3/4. (D) 4/36

02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária 08. (CASAN – Técnico de Laboratório – INSTITUTO
- MSCONCURSOS/2017) A uma excursão, foram 48 pes- AOCP/2016) Um empresário, para evitar ser roubado, es-
soas, entre homens e mulheres. Numa escolha ao acaso, a condia seu dinheiro no interior de um dos 4 pneus de um
probabilidade de se sortear um homem é de 5/12 . Quan- carro velho fora de uso, que mantinha no fundo de sua
tas mulheres foram à excursão? casa. Certo dia, o empresário se gabava de sua inteligência
(A) 20 ao contar o fato para um de seus amigos, enquanto um
(B) 24 ladrão que passava pelo local ouvia tudo. O ladrão tinha
(C) 28 tempo suficiente para escolher aleatoriamente apenas um
(D) 32 dos pneus, retirar do veículo e levar consigo. Qual é a pro-
babilidade de ele ter roubado o pneu certo?
03. (UPE – Técnico em Administração – UPE- (A) 0,20.
NET/2017) Qual a probabilidade de, lançados simulta- (B) 0,23.
neamente dois dados honestos, a soma dos resultados ser (C) 0,25.
igual ou maior que 10? (D) 0,27.
(A) 1/18 (E) 0,30.
(B) 1/36
(C) 1/6 09. (MRE – Oficial de Chancelaria – FGV/2016) Em
(D) 1/12 uma urna há quinze bolas iguais numeradas de 1 a 15. Re-
(E) ¼ tiram-se aleatoriamente, em sequência e sem reposição,
duas bolas da urna.
04. (UPE – Técnico em Administração – UPE-
NET/2017) Uma pesquisa feita com 200 frequentadores
A probabilidade de que o número da segunda bola re-
de um parque, em que 50 não praticavam corrida nem ca-
tirada da urna seja par é:
minhada, 30 faziam caminhada e corrida, e 80 exercitavam
(A) 1/2;
corrida, qual a probabilidade de encontrar no parque um
entrevistado que pratique apenas caminhada? (B) 3/7;
(A) 7/20 (C) 4/7;
(B) 1/2 (D) 7/15;
(C)1/4 (E) 8/15.
(D) 3/20
(E) 1/5 10. (CASAN – Advogado – INSTITUTO AOCP/2016)
Lançando uma moeda não viciada por três vezes consecu-
05. (POLÍCIA CIENTÍFICA/PR – Perito Criminal – tivas e anotando seus resultados, a probabilidade de que a
IBFC/2017) A probabilidade de se sortear um número face voltada para cima tenha apresentado ao menos uma
múltiplo de 5 de uma urna que contém 40 bolas numera- cara e ao menos uma coroa é:
das de 1 a 40, é: (A) 0,66.
(A) 0,2 (B) 0,75.
(B) 0,4 (C) 0,80.
(C) 0,6 (D) 0,98.
(D) 0,7 (E) 0,50.
(E) 0,8

35
RACIOCÍNIO LÓGICO

Respostas 09. Resposta: D.


Temos duas possibilidades
01. Resposta: A. As bolas serem par/par ou ímpar/par
Para o produto ser ímpar, a única possibilidade, é que Ser par/par:
os dois dados tenham ímpar:
Os números pares são: 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14

02. Resposta: C.
Como para homens é de 5/12, a probabilidade de es- Ímpar/par:
colher uma mulher é de 7/12
Os números ímpares são: 1, 3, 5, 7, 9, 11 ,13, 15

12x=336
X=28
A probabilida de é par/par OU ímpar/par
03. Resposta: C.
P=6x6=36
Pra ser maior ou igual a 10:
4+6
5+5
5+6 10. Resposta: B.
6+4
São seis possibilidades:
6+5
Cara, coroa, cara
6+6

Cara, coroa, coroa


04. Resposta: A.
Praticam apenas corrida: 80-30=50
Apenas caminhada:x
X+50+30+50=200
70
P=70/200=7/20 Cara, cara, coroa

05. Resposta: A.
M5={5,10,15,20,25,30,35,40}
P=8/40=1/5=0.2
Coroa, cara, cara
06. Resposta:A.
A probabilidade de uma soletrar errado: 0,3
__ __ __
0,3⋅0,3⋅0,3=0,027=2,7%
Coroa, coroa, cara
07. Resposta: D. Coroa, cara, coroa
Para dar 9, temos 4 possibilidades
3+6
6+3
4+5
5+4

P=4/36

08. Resposta: C.
A probabilidade é de 1/4, pois o carro tem 4 pneus e o
dinheiro está em 1.
1/4=0,25

36
RACIOCÍNIO LÓGICO

A Relação de inclusão possui 3 propriedades:


OPERAÇÕES COM CONJUNTO Exemplo:
{1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
{0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}
Representação
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina,
2, 3, 4, 5} boca aberta para o maior conjunto.
-Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando es-
ses elementos temos: Subconjunto
B={3,4,5,6,7} O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de
- por meio de diagrama: A é também elemento de B.
Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}

Operações

União
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro
formado pelos elementos que pertencem pelo menos um
dos conjuntos a que chamamos conjunto união e represen-
tamos por: A∪B.
Formalmente temos: A∪B={x|x∈A ou x B}
Exemplo:
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6}

Quando um conjunto não possuir elementos chama-se


de conjunto vazio: S=∅ ou S={ }.

Igualdade
Interseção
Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado
exatamente os mesmos elementos. Em símbolo: pelos elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é
representada por : A∩B.
Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e x∈B}

Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisa-


mos saber apenas quais são os elementos.
Não importa ordem:
A={1,2,3} e B={2,1,3}
Não importa se há repetição:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Relação de Pertinência

Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação


que o elemento pertence (∈) ou não pertence (∉) Exemplo:
Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5} A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
0∈A A∩B={d,e}
2∉A
Diferença
Relações de Inclusão Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que
Relacionam um conjunto com outro conjunto. a cada par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido), definido por:
⊃(contém), (não contém) A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o
complementar de B em relação a A.

37
RACIOCÍNIO LÓGICO

A este conjunto pertencem os elementos de A que não mens que são altos e não são barbados nem carecas. Sa-
pertencem a B. be-se que existem 5 homens que são barbados e não são
altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são
A\B = {x : x∈A e x∉B}. carecas e não são altos e nem barbados. Dentre todos es-
ses homens, o número de barbados que não são altos, mas
são carecas é igual a
(A) 4.
(B) 7.
(C) 13.
(D) 5.
(E) 8.

B-A = {x : x∈B e x∉A}. Primeiro, quando temos 3 diagramas, sempre come-


çamos pela interseção dos 3, depois interseção a cada 2 e
por fim, cada um

Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
Então os elementos de A – B serão os elementos do
conjunto A menos os elementos que pertencerem ao con-
junto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.

Complementar
O complementar do conjunto A( ) é o conjunto for-
mado pelos elementos do conjunto universo que não per-
tencem a A.

Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas


homens carecas e altos.
Homens altos e barbados são 6

Fórmulas da união
n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
n(A ∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)
-n(A∩C)-n(B C)

Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés


de fazer todo o diagrama, se colocarmos nessa fórmula,
o resultado é mais rápido, o que na prova de concurso é
interessante devido ao tempo.
Mas, faremos exercícios dos dois modos para você en-
tender melhor e perceber que, dependendo do exercício é
melhor fazer de uma forma ou outra.

(MANAUSPREV – Analista Previdenciário –


FCC/2015) Em um grupo de 32 homens, 18 são altos, 22
são barbados e 16 são carecas. Homens altos e barbados
que não são carecas são seis. Todos homens altos que são Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e
carecas, são também barbados. Sabe-se que existem 5 ho- não são altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens
que são carecas e não são altos e nem barbados

38
RACIOCÍNIO LÓGICO

Então o número de barbados que não são altos, mas


são carecas são 4.
Nesse exercício ficará difícil se pensarmos na fórmula,
ficou grande devido as explicações, mas se você fizer tudo
no mesmo diagrama, mas seguindo os passos, o resultado
sairá fácil.

(SEGPLAN/GO – Perito Criminal – FUNIVERSA/2015)


Suponha que, dos 250 candidatos selecionados ao cargo
de perito criminal:

1) 80 sejam formados em Física;


2) 90 sejam formados em Biologia;
3) 55 sejam formados em Química;
4) 32 sejam formados em Biologia e Física;
5) 23 sejam formados em Química e Física;
6) 16 sejam formados em Biologia e Química;
Sabemos que 18 são altos 7) 8 sejam formados em Física, em Química e em Bio-
logia.

Considerando essa situação, assinale a alternativa cor-


reta.

(A) Mais de 80 dos candidatos selecionados não são


físicos nem biólogos nem químicos.
(B) Mais de 40 dos candidatos selecionados são forma-
dos apenas em Física.
(C) Menos de 20 dos candidatos selecionados são for-
mados apenas em Física e em Biologia.
(D) Mais de 30 dos candidatos selecionados são forma-
dos apenas em Química.
(E) Escolhendo-se ao acaso um dos candidatos selecio-
nados, a probabilidade de ele ter apenas as duas forma-
ções, Física e Química, é inferior a 0,05.
Quando somarmos 5+x+6=18
X=18-11=7 Resolução
Carecas são 16
A nossa primeira conta, deve ser achar o número de
candidatos que não são físicos, biólogos e nem químicos.
n(F ∪B∪Q)=n(F)+n(B)+n(Q)+n(F∩B∩Q)-n(F∩B)-n(F∩-
Q)-n(B∩Q)
n(F ∪B∪Q)=80+90+55+8-32-23-16=162
Temos um total de 250 candidatos
250-162=88

Resposta: A.

7+y+5=16
Y=16-12
Y=4

39
RACIOCÍNIO LÓGICO

Questões 05. (SAP/SP – Agente de Segurança Penitenciária –


MSCONCURSOS/2017) Numa sala de 45 alunos, foi feita
01. (CRF/MT - Agente Administrativo – QUA- uma votação para escolher a cor da camiseta de formatura.
DRIX/2017) Num grupo de 150 jovens, 32 gostam de mú- Dentre eles, 30 votaram na cor preta, 21 votaram na cor
sica, esporte e leitura; 48 gostam de música e esporte; 60 cinza e 8 não votaram em nenhuma delas, uma vez que não
gostam de música e leitura; 44 gostam de esporte e leitu- farão as camisetas. Quantos alunos votaram nas duas cores?
(A) 6
ra; 12 gostam somente de música; 18 gostam somente de
(B) 10
esporte; e 10 gostam somente de leitura. Ao escolher ao
(C) 14
acaso um desses jovens, qual é a probabilidade de ele não (D) 18
gostar de nenhuma dessas atividades?
06. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-
(A) 1/75 sor – FGV/2017) Na assembleia de um condomínio, duas
(B) 39/75 questões independentes foram colocadas em votação para
(C) 11/75 aprovação. Dos 200 condôminos presentes, 125 votaram a
(D) 40/75 favor da primeira questão, 110 votaram a favor da segunda
(E) 76/75 questão e 45 votaram contra as duas questões.

02. (CRMV/SC – Recepcionista – IESES/2017) Sabe- Não houve votos em branco ou anulados.
se que 17% dos moradores de um condomínio tem gatos,
22% tem cachorros e 8% tem ambos (gatos e cachorros). O número de condôminos que votaram a favor das
duas questões foi:
Qual é o percentual de condôminos que não tem nem ga-
(A) 80;
tos e nem cachorros? (B) 75;
(C) 70;
(A) 53 (D) 65;
(B) 69 (E) 60.
(C) 72
(D) 47 07. (IFBAIANO – Assistente em Administração –
FCM/2017) Em meio a uma crescente evolução da taxa de
03. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPEGO/2017) obesidade infantil, um estudioso fez uma pesquisa com um
Em uma pesquisa sobre a preferência entre dois candida- grupo de 1000 crianças para entender o comportamento
tos, 48 pessoas votariam no candidato A, 63 votariam no das mesmas em relação à prática de atividades físicas e aos
candidato B, 24 pessoas votariam nos dois; e, 30 pessoas hábitos alimentares.
não votariam nesses dois candidatos. Se todas as pessoas Ao final desse estudo, concluiu-se que apenas 200
crianças praticavam alguma atividade física de forma regu-
responderam uma única vez, então o total de pessoas en-
lar, como natação, futebol, entre outras, e apenas 400 crian-
trevistadas foi: ças tinham uma alimentação adequada. Além disso, apenas
100 delas praticavam atividade física e tinham uma alimen-
(A) 141. tação adequada ao mesmo tempo.
(B) 117. Considerando essas informações, a probabilidade de
(C) 87. encontrar nesse grupo uma criança que não tenha alimen-
(D) 105. tação adequada nem pratique atividade física de forma re-
(E) 112. gular é de:
(A) 30%.
04. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário – INSTITU- (B) 40%.
TO AOCP/2017) Para realização de uma pesquisa sobre a (C) 50%.
preferência de algumas pessoas entre dois canais de TV, (D) 60%.
canal A e Canal B, os entrevistadores colheram as seguintes (E) 70%.
informações: 17 pessoas preferem o canal A, 13 pessoas
08. (TRF 2ª REGIÃO – Analista Judiciário – CONSUL-
assistem o canal B e 10 pessoas gostam dos canais A e
PLAN/2017) Uma papelaria fez uma pesquisa de mercado
B. Assinale a alternativa que apresenta o total de pessoas entre 500 de seus clientes. Nessa pesquisa encontrou os se-
entrevistadas. guintes resultados:

(A) 20 • 160 clientes compraram materiais para seus filhos que


(B) 23 cursam o Ensino Médio;
(C) 27 • 180 clientes compraram materiais para seus filhos que
(D) 30 cursam o Ensino Fundamental II;
(E) 40 • 190 clientes compraram materiais para seus filhos
que cursam o Ensino Fundamental I;

40
RACIOCÍNIO LÓGICO

• 20 clientes compraram materiais para seus filhos que Respostas


cursam o Ensino Médio e Fundamental I;
• 40 clientes compraram materiais para seus filhos que 01. Resposta: C.
cursam o Ensino Médio e Fundamental II;
• 30 clientes compraram materiais para seus filhos que
cursam o Ensino Fundamental I e II; e,
• 10 clientes compraram materiais para seus filhos que
cursam o Ensino Médio, Fundamental I e II.
Quantos clientes da papelaria compraram materiais,
mas os filhos NÃO cursam nem o Ensino Médio e nem o
Ensino Fundamental I e II?

(A) 50.
(B) 55.
(C) 60.
(D) 65.

09. (ANS - Técnico em Regulação de Saúde Suple-


mentar – FUNCAB/2016) Foram visitadas algumas resi-
dências de uma rua e em todas foram encontrados pelo
menos um criadouro com larvas do mosquito Aedes ae- 32+10+12+18+16+28+12+x=150
gypti. Os criadouros encontrados foram listados na tabela X=22 que não gostam de nenhuma dessas atividades
a seguir: P=22/150=11/75

P. pratinhos com água embaixo de vasos de planta. 02. Resposta: B.


R. ralos entupidos com água acumulada.
K. caixas de água destampadas

Número de criadouros
P 103
R 124
K 98
PeR 47
PeK 43
ReK 60
P, R e K 25
9+8+14+x=100
De acordo com a tabela, o número de residências vi- X=100-31
sitadas foi: X=69%
(A) 200.
(B) 150. 03. Resposta: B.
(C) 325.
(D) 500.
(E) 455.

10. (DPU – Agente Administrativo – CESPE/2016) Na


zona rural de um município, 50% dos agricultores cultivam
soja; 30%, arroz; 40%, milho; e 10% não cultivam nenhum
desses grãos. Os agricultores que produzem milho não cul-
tivam arroz e 15% deles cultivam milho e soja.
Considerando essa situação, julgue o item que se se-
gue.
Em exatamente 30% das propriedades, cultiva-se ape-
nas milho.
( )Certo ( )Errado 24+24+39+30=117

41
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. Resposta: A. 10. Resposta: errado


N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
N(A∪B)=17+13-10=20

05. Resposta: C.
Como 8 não votaram, tiramos do total: 45-8=37
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
37=30+21- n(A∩B)
n(A∩B)=14

06. Resposta: A.
N(A ∪B)==200-45=155
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
155=125+110- n(A∩B)
n(A∩B)=80

07. Resposta: C.
Sendo x o número de crianças que não praticam ativi-
dade física e tem uma alimentação adequada
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
1000-x=200+400-100
X=500 O número de pacientes que apresentaram pelo menos
P=500/1000=0,5=50% dois desses sintomas é:
Pois pode ter 2 sintomas ou três.
08. Resposta:A. 6+14+26+32=78
Sendo A=ensino médio
B fundamental I
C=fundamental II
X=quem comprou material e os filhos não cursam en-
sino médio e nem ensino fundamental RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO
n(A∪B∪C) =n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B) PROBLEMAS ARITMÉTICOS,
-n(A∩C)-n(B∩C) GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS.
500-x=160+190+180+10-20-40-30
X=50

09. Resposta: A. Números Naturais


Os números naturais são o modelo mate-
mático necessário para efetuar uma contagem.
Começando por zero e acrescentando sempre uma unida-
de, obtemos o conjunto infinito dos números naturais.

- Todo número natural dado tem um sucessor


a) O sucessor de 0 é 1.
b) O sucessor de 1000 é 1001.
c) O sucessor de 19 é 20.

Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero.

- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um


antecessor (número que vem antes do número dado).
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente
de zero.
38+20+42+18+25+22+35=200 residências a) O antecessor do número m é m-1.
Ou fazer direto pela tabela: b) O antecessor de 2 é 1.
P+R+K+(P∩R∩K)-( P∩R)- (R∩K)-(P∩K) c) O antecessor de 56 é 55.
103+124+98+25-60-43-47=200 d) O antecessor de 10 é 9.

42
RACIOCÍNIO LÓGICO

Expressões Numéricas 1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o núme-


Nas expressões numéricas aparecem adições, subtra- ro decimal terá um número finito de algarismos após a vírgula.
ções, multiplicações e divisões. Todas as operações podem
acontecer em uma única expressão. Para resolver as ex-
pressões numéricas utilizamos alguns procedimentos:

Se em uma expressão numérica aparecer as quatro


operações, devemos resolver a multiplicação ou a divisão
primeiramente, na ordem em que elas aparecerem e so-
mente depois a adição e a subtração, também na ordem
em que aparecerem e os parênteses são resolvidos primei-
ro.
2º) Terá um número infinito de algarismos após a vír-
Exemplo 1 gula, mas lembrando que a dízima deve ser periódica para
10 + 12 – 6 + 7 ser número racional.
22 – 6 + 7 OBS: período da dízima são os números que se repe-
16 + 7 tem, se não repetir não é dízima periódica, e sim números
23 irracionais, que trataremos mais a frente.

Exemplo 2
40 – 9 x 4 + 23
40 – 36 + 23
4 + 23
27

Exemplo 3
25-(50-30)+4x5
25-20+20=25 Representação Fracionária dos Números Decimais
1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar
Números Inteiros com o denominador seguido de zeros.
 Podemos dizer que este conjunto é composto pelos O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa,
números naturais, o conjunto dos opostos dos números um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante.
naturais e o zero. Este conjunto pode ser representado por:

Z-{...,-3,-2,-1,0,1,2,3...}
Subconjuntos do conjunto  :
1)Z*={...-3,-2,-1, 1, 1, 2, 3...}
2) Z+={0,1,2,3,...}
3) Z-={...,-3,-2,-1}

Números Racionais
Chama-se de número racional a todo número que
pode ser expresso na forma , onde a e b são inteiros
quaisquer, com b≠0 2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, en-
São exemplos de números racionais: tão como podemos transformar em fração?
-12/51 Exemplo 1
-3 Transforme a dízima 0, 333... em fração.
-(-3) Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízi-
-2,333... ma dada de x, ou seja
X=0,333...
As dízimas periódicas podem ser representadas por Se o período da dízima é de um algarismo, multiplica-
fração, portanto são consideradas números racionais. mos por 10.
Como representar esses números? 10x=3,333...
E então subtraímos:
Representação Decimal das Frações 10x-x=3,333...-0,333...
9x=3
Temos 2 possíveis casos para transformar frações em X=3/9
decimais X=1/3

43
RACIOCÍNIO LÓGICO

Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de Representação na reta


período.

Exemplo 2
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212...
100x = 112,1212... .
Subtraindo:
100x-x=112,1212...-1,1212...
99x=111
X=111/99 INTERVALOS LIMITADOS
Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou
Números Irracionais iguais a e menores do que b ou iguais a b.
Identificação de números irracionais
- Todas as dízimas periódicas são números racionais.
- Todos os números inteiros são racionais.
- Todas as frações ordinárias são números racionais.
- Todas as dízimas não periódicas são números irra- Intervalo:[a,b]
cionais. Conjunto: {x∈R|a≤x≤b}
- Todas as raízes inexatas são números irracionais.
- A soma de um número racional com um número irra- Intervalo aberto – números reais maiores que a e me-
cional é sempre um número irracional. nores que b.
- A diferença de dois números irracionais, pode ser um
número racional.
-Os números irracionais não podem ser expressos na
forma , com a e b inteiros e b≠0.
Intervalo:]a,b[
Exemplo:  -  = 0 e 0 é um número racional. Conjunto:{x∈R|a<x<b}
- O quociente de dois números irracionais, pode ser
um número racional. Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores
que a ou iguais a a e menores do que b.
Exemplo:  :  =  = 2  e 2 é um número racional.
- O produto de dois números irracionais, pode ser um
número racional.

Exemplo:  .  =  = 7 é um número racional. Intervalo:{a,b[


Conjunto {x∈R|a≤x<b}
Exemplo:radicais( a raiz quadrada de um nú- Intervalo fechado à direita – números reais maiores
mero natural, se não inteira, é irracional. que a e menores ou iguais a b.

Números Reais

Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x∈R|a<x≤b}

INTERVALOS IIMITADOS

Semirreta esquerda, fechada de origem b- números


reais menores ou iguais a b.

Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x∈R|x≤b}

Fonte: www.estudokids.com.br

44
RACIOCÍNIO LÓGICO

Semirreta esquerda, aberta de origem b – números 4) Todo número negativo, elevado ao expoente ím-
reais menores que b par, resulta em um número negativo.
.

Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x∈R|x<b}
5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos pas-
Semirreta direita, fechada de origem a – números reais sar o sinal para positivo e inverter o número que está na
maiores ou iguais a a. base. 

Intervalo:[a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x≥a}

Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais


maiores que a. 6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o
valor do expoente, o resultado será igual a zero. 

Intervalo:]a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x>a}

Potenciação Propriedades
Multiplicação de fatores iguais 1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de
2³=2.2.2=8 mesma base, repete-se a base e  soma os expoentes.

Casos Exemplos:
24 . 23 = 24+3= 27
1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1. (2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27

2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma


base. Conserva-se a base e subtraem os expoentes.

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio Exemplos:


número. 96 : 92 = 96-2 = 94

3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multi-


plica-se os expoentes.
Exemplos:
3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, (52)3 = 52.3 = 56
resulta em um número positivo.

4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores eleva-


dos a um expoente, podemos elevar cada um a esse mes-
mo expoente.

(4.3)²=4².3²

45
RACIOCÍNIO LÓGICO

5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente,


podemos elevar separados. De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R *+ , n ∈ N * , então:

a na
n =
b nb
Radiciação
Radiciação é a operação inversa a potenciação O radical de índice inteiro e positivo de um quociente
indicado é igual ao quociente dos radicais de mesmo índi-
ce dos termos do radicando.

Raiz quadrada números decimais

Técnica de Cálculo Operações


A determinação da raiz quadrada de um número torna-
se mais fácil quando o algarismo se encontra fatorado em
números primos. Veja: 

Operações

Multiplicação

Exemplo

Divisão
64=2.2.2.2.2.2=26

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-


se” um e multiplica.

Exemplo

1 1 1
Observe: 3.5 = (3.5) = 3 .5 = 3. 5
2 2 2

Adição e subtração
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * , então:

n
a.b = n a .n b Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20.

O radical de índice inteiro e positivo de um produto


indicado é igual ao produto dos radicais de mesmo índice
dos fatores do radicando.

Raiz quadrada de frações ordinárias


1 1
2  2 2 22 2
=  = 1 =
Observe: 3 3 3
32

46
RACIOCÍNIO LÓGICO

Caso tenha: (A) José


(B) Isabella
(C) Maria Eduarda
(D) Raoni
Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo.
03. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária -
Racionalização de Denominadores MSCONCURSOS/2017) O valor de √0,444... é:
Normalmente não se apresentam números irracionais (A) 0,2222...
com radicais no denominador. Ao processo que leva à eli- (B) 0,6666...
minação dos radicais do denominador chama-se racionali- (C) 0,1616...
zação do denominador. (D) 0,8888...
1º Caso:Denominador composto por uma só parcela
04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-
NESP/2017) Se, numa divisão, o divisor e o quociente são
iguais, e o resto é 10, sendo esse resto o maior possível,
então o dividendo é:
(A) 131.
(B) 121.
2º Caso: Denominador composto por duas parcelas. (C) 120.
(D) 110.
(E) 101.

05. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) As expres-


Devemos multiplicar de forma que obtenha uma dife- sões numéricas abaixo apresentam resultados que seguem
rença de quadrados no denominador: um padrão específico:

1ª expressão: 1 x 9 + 2

2ª expressão: 12 x 9 + 3
Questões
3ª expressão: 123 x 9 + 4
01. (Prefeitura de Salvador /BA - Técnico de Nível
Superior II - Direito – FGV/2017) Em um concurso, há ...
150 candidatos em apenas duas categorias: nível superior
e nível médio. 7ª expressão: █ x 9 + ▲

Sabe-se que: Seguindo esse padrão e colocando os números ade-


quados no lugar dos símbolos █ e ▲, o resultado da 7ª
• dentre os candidatos, 82 são homens; expressão será
• o número de candidatos homens de nível superior é (A) 1 111 111.
igual ao de mulheres de nível médio; (B) 11 111.
• dentre os candidatos de nível superior, 31 são mu-
(C) 1 111.
lheres.
(D) 111 111.
(E) 11 111 111.
O número de candidatos homens de nível médio é:
(A) 42.
(B) 45. 06. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Durante um
(C) 48. treinamento, o chefe da brigada de incêndio de um prédio
(D) 50. comercial informou que, nos cinquenta anos de existência
(E) 52. do prédio, nunca houve um incêndio, mas existiram muitas
situações de risco, felizmente controladas a tempo. Segun-
02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária do ele, 1/13 dessas situações deveu-se a ações criminosas,
- MSCONCURSOS/2017) Raoni, Ingrid, Maria Eduarda, enquanto as demais situações haviam sido geradas por di-
Isabella e José foram a uma prova de hipismo, na qual ga- ferentes tipos de displicência. Dentre as situações de risco
nharia o competidor que obtivesse o menor tempo final. geradas por displicência,
A cada 1 falta seriam incrementados 6 segundos em seu − 1/5 deveu-se a pontas de cigarro descartadas inade-
tempo final. Ingrid fez 1’10” com 1 falta, Maria Eduarda fez quadamente;
1’12” sem faltas, Isabella fez 1’07” com 2 faltas, Raoni fez − 1/4 deveu-se a instalações elétricas inadequadas;
1’10” sem faltas e José fez 1’05” com 1 falta. Verificando a − 1/3 deveu-se a vazamentos de gás; e
colocação, é correto afirmar que o vencedor foi: − as demais foram geradas por descuidos ao cozinhar.

47
RACIOCÍNIO LÓGICO

De acordo com esses dados, ao longo da existência 02. Resposta: D.


desse prédio comercial, a fração do total de situações de Como o tempo de Raoni foi 1´10” sem faltas, ele foi o
risco de incêndio geradas por descuidos ao cozinhar cor- vencedor.
responde à
(A) 3/20. 03. Resposta: B.
(B) 1/4. Primeiramente, vamos transformar a dízima em fração
(C) 13/60. X=0,4444....
(D) 1/5. 10x=4,444...
(E) 1/60. 9x=4

07. (ITAIPU BINACIONAL - Profissional Nível Técnico


I - Técnico em Eletrônica – NCUFPR/2017) Assinale a al-
ternativa que apresenta o valor da expressão

(A) 1.
(B) 2.
(C) 4.
(D) 8. 04. Resposta: A.
(E) 16. Como o maior resto possível é 10, o divisor é o número
11 que é igua o quociente.
08. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRV- 11x11=121+10=131
GO/2017) Qual o resultado de ?
05. Resposta: E.
(A) 3 A 7ª expressão será: 1234567x9+8=11111111
(B) 3/2
(C) 5 06. Resposta: D.
(D) 5/2

09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-


Gerado por descuidos ao cozinhar:
sor – FGV/2017) Suponha que a # b signifique a - 2b .

Se 2#(1#N)=12 , então N é igual a:


(A) 1;
(B) 2;
Mas, que foram gerados por displicência é 12/13(1-
(C) 3;
(D) 4; 1/13)
(E) 6.

10. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-


sor – FGV/2017) Uma equipe de trabalhadores de deter-
minada empresa tem o mesmo número de mulheres e de 07.Resposta: C.
homens. Certa manhã, 3/4 das mulheres e 2/3 dos homens
dessa equipe saíram para um atendimento externo.

Desses que foram para o atendimento externo, a fração


de mulheres é

(A) 3/4;
(B) 8/9;
(C) 5/7; 08. Resposta: D.
(D) 8/13;
(E) 9/17.
Respostas

01.Resposta: B.
150-82=68 mulheres 09. Resposta: C.
Como 31 mulheres são candidatas de nível superior, 37 2-2(1-2N)=12
são de nível médio. 2-2+4N=12
Portanto, há 37 homens de nível superior. 4N=12
82-37=45 homens de nível médio. N=3

48
RACIOCÍNIO LÓGICO

10. Resposta: E. Ângulo Raso:


Como tem o mesmo número de homens e mulheres:
- É o ângulo cuja medida é 180º;
- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

Dos homens que saíram:

Saíram no total

Ângulo Reto:
- É o ângulo cuja medida é 90º;
- É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendi-
culares.

Ângulos
Denominamos ângulo a região do plano limitada por duas
semirretas de mesma origem. As semirretas recebem o nome
de lados do ângulo e a origem delas, de vértice do ângulo.

Triângulo

Elementos

Mediana
Mediana de um triângulo é um segmento de reta que
liga um vértice ao ponto médio do lado oposto.
Na figura, é uma mediana do ABC.
Um triângulo tem três medianas.

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do


que 90º.

A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo in-


tercepta o lado oposto

Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da


bissetriz de um ângulo do triângulo que liga um vértice a
um ponto do lado oposto.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Um triângulo tem três bissetrizes internas.
Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do
que 90º.

49
RACIOCÍNIO LÓGICO

Altura de um triângulo é o segmento que liga um vér- Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais.
tice a um ponto da reta suporte do lado oposto e é perpen-
dicular a esse lado.
Na figura, é uma altura do .

Um triângulo tem três alturas.

Triângulo equilátero: três lados iguais.

Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpen-


dicular a esse segmento pelo seu ponto médio.
Na figura, a reta m é a mediatriz de .

Quanto aos ângulos

Triângulo acutângulo: tem os três ângulos agudos

Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do


triângulo que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do .
Um triângulo tem três mediatrizes.
Triângulo retângulo: tem um ângulo reto.

Classificação
Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso.
Quanto aos lados
Triângulo escaleno:três lados desiguais.

50
RACIOCÍNIO LÓGICO

Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos Polígono


Chama-se polígono a união de segmentos que são
Num triângulo o comprimento de qualquer lado é me- chamados lados do polígono, enquanto os pontos são cha-
nor que a soma dos outros dois. Em qualquer triângulo, ao mados vértices do polígono.
maior ângulo opõe-se o maior lado, e vice-versa.

QUADRILÁTEROS

Quadrilátero é todo polígono com as seguintes pro-


priedades:

- Tem 4 lados.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º

Trapézio: É todo quadrilátero que tem dois paralelos. Diagonal de um polígono é um segmento cujas extre-
midades são vértices não-consecutivos desse polígono.

- é paralelo a

- Losango: 4 lados congruentes


- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

Número de Diagonais

Ângulos Internos
A soma das medidas dos ângulos internos de um polí-
- Observações: gono convexo de n lados é (n-2).180
Unindo um dos vértices aos outros n-3, conveniente-
- No retângulo e no quadrado as diagonais são con- mente escolhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das
gruentes (iguais) medidas dos ângulos internos do polígono é igual a soma
- No losango e no quadrado as diagonais são per- das medidas dos ângulos internos dos n-2 triângulos.
pendiculares entre si (formam ângulo de 90°) e são bisse-
trizes dos ângulos internos (dividem os ângulos ao meio).

Áreas

1- Trapézio: , onde B é a medida da base


maior, b é a medida da base menor e h é medida da altura.
2- Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da
base e h é a medida da altura.
3- Retângulo: A = b.h

4- Losango: , onde D é a medida da diagonal


maior e d é a medida da diagonal menor.
5- Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado.

51
RACIOCÍNIO LÓGICO

Ângulos Externos Casos de Semelhança


1º Caso:AA(ângulo-ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de
vértices correspondentes, então esses triângulos são con-
gruentes.

A soma dos ângulos externos=360°

Teorema de Tales
Se um feixe de retas paralelas tem duas transversais,
então a razão de dois segmentos quaisquer de uma trans-
versal é igual à razão dos segmentos correspondentes da
outra.
Dada a figura anterior, O Teorema de Tales afirma que
são válidas as seguintes proporções:
2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)
Se dois triângulos têm dois lados correspondentes
proporcionais e os ângulos compreendidos entre eles con-
gruentes, então esses dois triângulos são semelhantes.

Exemplo

3º Caso: LLL(lado-lado-lado)
Se dois triângulos têm os três lado correspondentes
proporcionais, então esses dois triângulos são semelhan-
tes.

Semelhança de Triângulos
Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os
seus ângulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas
medidas, e os lados correspondentes forem proporcionais.

52
RACIOCÍNIO LÓGICO

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo

Considerando o triângulo retângulo ABC.

Neste triângulo, temos que: c²=a²+b²


Dividindo os membros por c²

Como

Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado


triangulo retângulo.
O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos
Temos: são:

a: hipotenusa
b e c: catetos
h:altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipo-
tenusa

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


Chamamos relações métricas as relações existentes en-
tre os diversos segmentos desse triângulo. Assim:
Fórmulas Trigonométricas
1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da
Relação Fundamental hipotenusa pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.
Existe uma outra importante relação entre seno e cos-
seno de um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.

53
RACIOCÍNIO LÓGICO

2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipo-


tenusa pela altura relativa à hipotenusa.

3. O quadrado da altura é igual ao produto das pro-


jeções dos catetos sobre a hipotenusa.

4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos


quadrados dos catetos (Teorema de Pitágoras).

Posições Relativas de Duas Retas


Duas retas no espaço podem pertencer a um mesmo
plano. Nesse caso são chamadas retas coplanares. Podem
também não estar no mesmo plano. Nesse caso, são deno-
minadas retas reversas. Questões
Retas Coplanares 01. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previden-
ciários- VUNESP/2017) Um terreno retangular ABCD,
a) Concorrentes: r e s têm um único ponto comum com 40 m de largura por 60 m de comprimento, foi dividi-
do em três lotes, conforme mostra a figura.

-Duas retas concorrentes podem ser:

1. Perpendiculares: r e s formam ângulo reto.

Sabendo-se que EF = 36 m e que a área do lote 1 é


864 m², o perímetro do lote 2 é
(A) 100 m.
(B) 108 m.
(C) 112 m.
(D) 116 m.
2. Oblíquas:r e s não são perpendiculares. (E) 120 m.

02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)


Considere um triângulo retângulo de catetos medindo
3m e 5m. Um segundo triângulo retângulo, semelhante
ao primeiro, cuja área é o dobro da área do primeiro, terá
como medidas dos catetos, em metros:
(A) 3 e 10.
(B) 3√2 e 5√2 .
(C) 3√2 e 10√2 .
b) Paralelas: r e s não têm ponto comum ou r e s são (D) 5 e 6.
coincidentes. (E) 6 e 10.

54
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na


figura abaixo, encontra-se representada uma cinta estica-
da passando em torno de três discos de mesmo diâmetro
e tangentes entre si.

A área do quadrilátero BCQP, da figura acima, é

(A) 25√5.
(B) 50√2.
(C) 50√5.
Considerando que o diâmetro de cada disco é 8, o (D) 100√2 .
comprimento da cinta acima representada é (E) 100√5.

(A) 8/3 π + 8 . 06. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária


(B) 8/3 π + 24. - MSCONCURSOS/2017) O triângulo retângulo em B, a
(C) 8π + 8 . seguir, de vértices A, B e C, representa uma praça de uma
(D) 8π + 24. cidade. Qual é a área dessa praça?
(E) 16π + 24.

04. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na


figura abaixo, ABCD é um quadrado de lado 10; E, F, G e H
são pontos médios dos lados do quadrado ABCD e são os
centros de quatro círculos tangentes entre si.

(A) 120 m²
(B) 90 m²
(C) 60 m²
(D) 30 m²

07. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU-


NESP/2017) A figura, com dimensões indicadas em cen-
tímetros, mostra um painel informativo ABCD, de formato
retangular, no qual se destaca a região retangular R, onde
x > y.

A área da região sombreada, da figura acima apresen-


tada, é

(A) 100 - 5π .
(B) 100 - 10π .
(C) 100 - 15π .
(D) 100 - 20π .
(E) 100 - 25π .

05. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)  No


cubo de aresta 10, da figura abaixo, encontra-se represen-
tado um plano passando pelos vértices B e C e pelos pon-
tos P e Q, pontos médios, respectivamente, das arestas EF
e HG, gerando o quadrilátero BCQP. 

55
RACIOCÍNIO LÓGICO

Sabendo-se que a razão entre as medidas dos lados Se a área de R1 é 54 m², então o perímetro de R2 é,
correspondentes do retângulo ABCD e da região R é igual em metros, igual a
a 5/2 , é correto afirmar que as medidas, em centímetros, (A) 54.
dos lados da região R, indicadas por x e y na figura, são, (B) 48.
respectivamente, (C) 36.
(D) 40.
(A) 80 e 64. (E) 42.
(B) 80 e 62.
(C) 62 e 80. Respostas
(D) 60 e 80.
(E) 60 e 78. 01. Resposta: D.

08. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU-


NESP/2017) O piso de um salão retangular, de 6 m de
comprimento, foi totalmente coberto por 108 placas qua-
dradas de porcelanato, todas inteiras. Sabe-se que quatro
placas desse porcelanato cobrem exatamente 1 m2 de
piso. Nessas condições, é correto afirmar que o perímetro
desse piso é, em metros, igual a
(A) 20.
(B) 21.
(C) 24.
(D) 27.
(E) 30.

09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-


sor – FGV/2017) O proprietário de um terreno retangular
resolveu cercá-lo e, para isso, comprou 26 estacas de ma-
deira. Colocou uma estaca em cada um dos quatro cantos
do terreno e as demais igualmente espaçadas, de 3 em 3
metros, ao longo dos quatro lados do terreno.
O número de estacas em cada um dos lados maiores
do terreno, incluindo os dois dos cantos, é o dobro do nú-
mero de estacas em cada um dos lados menores, também
incluindo os dois dos cantos.
A área do terreno em metros quadrados é: 96h=1728
(A) 240; H=18
(B) 256;
(C) 324; Como I é um triângulo:
(D) 330; 60-36=24
(E) 372. X²=24²+18²
X²=576+324
10. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário- VU- X²=900
NESP/2017) A figura seguinte, cujas dimensões estão X=30
indicadas em metros, mostra as regiões R1 e R2 , ambas Como h=18 e AD é 40, EG=22
com formato de triângulos retângulos, situadas em uma Perímetro lote 2: 40+22+24+30=116
praça e destinadas a atividades de recreação infantil para
faixas etárias distintas. 02. Resposta: B.

56
RACIOCÍNIO LÓGICO

06. Resposta: C
Para saber a área, primeiro precisamos descobrir o x.

17²=x²+8²
Lado=3√2 289=x²+64
Outro lado =5√2 X²=225
X=15
03. Resposta: D.
Observe o triângulo do meio, cada lado é exatamente
a mesma medida da parte reta da cinta. 07. Resposta: A.
Que é igual a 2 raios, ou um diâmetro, portanto o lado
esticado tem 8x3=24 m
A parte do círculo é igual a 120°, pois é 1/3 do círculo,
como são três partes, é a mesma medida de um círculo. 5y=320
O comprimento do círculo é dado por: 2πr=8π
Y=64
Portanto, a cinta tem 8π+24

04. Resposta: E.
Como o quadrado tem lado 10,a área é 100.
5x=400
X=80

08. Resposta: B.
108/4=27m²
6x=27
X=27/6
O perímetro seria

O ladao AF e AE medem 5, cada um, pois F e E é o


ponto Médio
09. Resposta: C.
X²=5²+5² Número de estacas: x
X²=25+25 X+x+2x+2x-4=26 obs: -4 é porque estamos contan-
X²=50 do duas vezes o canto
X=5√2 6x=30
X é o diâmetro do círculo, como temos 4 semi círculos, X=5
temos 2 círculos inteiros.
Temos 5 estacas no lado menor, como são espaçadas
A área de um círculo é
a cada 3m
4 espaços de 3m=12m
Lado maior 10 estacas
9 espaços de 3 metros=27m
A=12⋅27=324 m²

A sombreada=100-25π 10. Resposta: B.

05. Resposta: C.
CQ é hipotenusa do triângulo GQC.
01. CQ²=10²+5²
CQ²=100+25
CQ²=125
CQ=5√5 9x=108
A área do quadrilátero seria CQ⋅BC X=12
A=5√5⋅10=50√5 Para encontrar o perímetro do triângulo R2:

57
RACIOCÍNIO LÓGICO

Volume

Cones
Na figura, temos um plano α, um círculo contido em α,
Y²=16²+12² um ponto V que não pertence ao plano.
Y²=256+144=400 A figura geométrica formada pela reunião de todos os
Y=20 segmentos de reta que tem uma extremidade no ponto V
Perímetro: 16+12+20=48 e a outra num ponto do círculo denomina-se cone circular.

Cilindros
Considere dois planos, α e β, paralelos, um círculo de
centro O contido num deles, e uma reta s concorrente com
os dois.
Chamamos cilindro o sólido determinado pela reunião
de todos os segmentos paralelos a s, com extremidades no
círculo e no outro plano.

Classificação

-Reto:eixo VO perpendicular à base;


Pode ser obtido pela rotação de um triângulo retângu-
lo em torno de um de seus catetos. Por isso o cone reto é
também chamado de cone de revolução.
Quando a geratriz de um cone reto é 2R, esse cone é
denominado cone equilátero.

Classificação
Reto: Um cilindro se diz reto ou de revolução quando
as geratrizes são perpendiculares às bases.
Quando a altura é igual a 2R(raio da base) o cilindro é
equilátero.
Oblíquo: faces laterais oblíquas ao plano da base.

-Oblíquo: eixo não é perpendicular

Área
Área da base: Sb=πr²

58
RACIOCÍNIO LÓGICO

Área Chamamos prisma o sólido determinado pela reunião


de todos os segmentos paralelos a r, com extremidades no
Área lateral: polígono R e no plano β.

Área da base:

Área total:

Volume

Pirâmides
As pirâmides são também classificadas quanto ao nú-
mero de lados da base.

Assim, um prisma é um poliedro com duas faces con-


gruentes e paralelas cujas outras faces são paralelogramos
obtidos ligando-se os vértices correspondentes das duas
Área e Volume faces paralelas.

Área lateral: Classificação


Reto: Quando as arestas laterais são perpendiculares
Onde n= quantidade de lados às bases
Oblíquo: quando as faces laterais são oblíquas à base.

Prismas
Considere dois planos α e β paralelos, um polígono R
contido em α e uma reta r concorrente aos dois.

Classificação pelo polígono da base

-Triangular

59
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Quadrangular Volume
Paralelepípedo:V=a.b.c
Cubo:V=a³

Demais:

01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)  Um


cilindro reto de altura h tem volume V. Para que um cone
reto com base igual a desse cilindro tenha volume V, sua
altura deve ser igual a
(A) 1/3h.
(B) 1/2h.
(C) 2/3h.
(D) 2h.
E assim por diante... (E) 3h.

Paralelepípedos 02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária –


Os prismas cujas bases são paralelogramos denomi- MSCONCURSOS/2017) Qual é o volume de uma lata de
nam-se paralelepípedos. óleo perfeitamente cilíndrica, cujo diâmetro é 8 cm e a al-
tura é 20 cm? (use π=3)
(A) 3,84 l
(B) 96 ml
(C) 384 ml
(D) 960 ml

03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-


NESP/2017) Inicialmente, um reservatório com formato
de paralelepípedo reto retângulo deveria ter as medidas
indicadas na figura.

Cubo é todo paralelepípedo retângulo com seis faces


quadradas.

Em uma revisão do projeto, foi necessário aumentar


em 1 m a medida da largura, indicada por x na figura, man-
Prisma Regular tendo-se inalteradas as demais medidas. Desse modo, o
Se o prisma for reto e as bases forem polígonos regu- volume inicialmente previsto para esse reservatório foi au-
lares, o prisma é dito regular. mentado em
As faces laterais são retângulos congruentes e as bases
são congruentes (triângulo equilátero, hexágono regular,...) (A) 1 m³ .
(B) 3 m³ .
Área (C) 4 m³ .
Área cubo: (D) 5 m³ .
Área paralelepípedo: (E) 6 m³ .
A área de um prisma:
Onde: St=área total 04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-
Sb=área da base NESP/2017) A figura mostra cubinhos de madeira, todos
Sl=área lateral, soma-se todas as áreas das faces late- de mesmo volume, posicionados em uma caixa com a for-
rais. ma de paralelepípedo reto retângulo.

60
RACIOCÍNIO LÓGICO

07. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPEGO/2017)


Um recipiente na forma de um prisma reto de base quadra-
da, com dimensões internas de 10 cm de aresta da base e
25 cm de altura, está com 20% de seu volume total preen-
chido com água, conforme mostra a figura. (Figura fora de
escala)

Se cada cubinho tem aresta igual a 5 cm, então o volu-


me interno dessa caixa é, em cm³ , igual a
(A) 3000.
(B) 4500.
(C) 6000.
(D) 7500. Para completar o volume total desse recipiente, serão
(E) 9000. despejados dentro dele vários copos de água, com 200 mL
cada um. O número de copos totalmente cheios necessá-
05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE- rios para completar o volume total do prisma será:
GO/2017) Frederico comprou um aquário em formato de (A) 8 copos
paralelepípedo, contendo as seguintes dimensões: (B) 9 copos
(C) 10 copos
(D) 12 copos
(E) 15 copos

08. (CELG/GT/GO – Analista de Gestão – CSU-


FG/2017) figura a seguir representa um cubo de aresta a.

Estando o referido aquário completamente cheio, a sua


capacidade em litros é de:
(A) 0,06 litros.
(B) 0,6 litros.
(C) 6 litros.
(D) 0,08 litros.
(E) 0,8 litros.

06. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU- Considerando a pirâmide de base triangular cujos vér-
NESP/2017) As figuras seguintes mostram os blocos de tices são os pontos B, C, D e G do cubo, o seu volume é
madeira A, B e C, sendo A e B de formato cúbico e C com dado por
formato de paralelepípedo reto retângulo, cujos respecti- (A) a³/6
vos volumes, em cm³, são representados por VA, VB e VC. (B) a³/3
(C) a³/3√3
(D) a³/6√6

09. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VUNESP/2017)


De um reservatório com formato de paralelepípedo reto re-
tângulo, totalmente cheio, foram retirados 3 m³ de água.
Após a retirada, o nível da água restante no reservatório fi-
cou com altura igual a 1 m, conforme mostra a figura.

Se VA + VB = 1/2 VC , então a medida da altura do


bloco C, indicada por h na figura, é, em centímetros, igual a
(A) 15,5.
(B) 11.
(C) 12,5.
(D) 14.
(E) 16

61
RACIOCÍNIO LÓGICO

Desse modo, é correto afirmar que a medida da altura


total do reservatório, indicada por h na figura, é, em me-
tros, igual a
(A) 1,8. 180h=2250
(B) 1,75. H=12,5
(C) 1,7.
(D) 1,65.
(E) 1,6. 07. Resposta: C.

10. (PREF. DE ITAPEMA/SC – Técnico Contábil – MS- V=10⋅10⋅25=2500 cm³


CONCURSOS/2016) O volume de um cone circular reto, 2500⋅0,2=500cm³ preenchidos.
cuja altura é 39 cm, é 30% maior do que o volume de um Para terminar de completar o volume:
cilindro circular reto. Sabendo que o raio da base do cone 2500-500=2000 cm³
é o triplo do raio da base do cilindro, a altura do cilindro é: 2000/200=10 copos
(A) 9 cm
(B) 30 cm
(C) 60 cm 08. Resposta: A.
(D) 90 cm A base é um triângulo de base a e altura a

Respostas

01. Resposta:
Volume cilindro=πr²h

Para que seja igual a V, a altura tem que ser igual a 3h

09. Resposta: E.
V=2,5⋅2⋅1=5m³
02. Resposta: D Como foi retirado 3m³
V= πr²h 5+3=2,5⋅2⋅h
V=3⋅4²⋅20=960 cm³=960 ml 8=5h
H=1,6m
03. Resposta:E.
V=2⋅3⋅x=6x
Aumentando 1 na largura 10. Resposta: D.
V=2⋅3⋅(x+1)=6x+6 Cone
Portanto, o volume aumentou em 6.

04. Resposta:E.
São 6 cubos no comprimento: 6⋅5=30
São 4 cubos na largura: 4⋅5=20
3 cubos na altura: 3⋅5=15
V=30⋅20⋅15=9000
Cilindro
05. Resposta: C. V=Ab⋅h
V=20⋅15⋅20=6000cm³=6000ml==6 litros V=πr²h
Como o volume do cone é 30% maior:
06. Resposta:C. 117πr²=1,3 πr²h
VA=125cm³ H=117/1,3=90
VB=1000cm³

62
RACIOCÍNIO LÓGICO

(DPE/RR – Analista de Sistemas – FCC/2015) Em sala


PORCENTAGEM de aula com 25 alunos e 20 alunas, 60% desse total está
com gripe. Se x% das meninas dessa sala estão com gripe,
o menor valor possível para x é igual a
(A) 8.
Porcentagem é uma fração cujo denominador é 100, (B) 15.
seu símbolo é (%). Sua utilização está tão disseminada que (C) 10.
a encontramos nos meios de comunicação, nas estatísticas, (D) 6.
em máquinas de calcular, etc. (E) 12.
Os acréscimos e os descontos é importante saber por-
que ajuda muito na resolução do exercício. Resolução
45------100%
Acréscimo X-------60%
Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um deter- X=27
minado valor, podemos calcular o novo valor apenas multi- O menor número de meninas possíveis para ter gripe
plicando esse valor por 1,10, que é o fator de multiplicação. é se todos os meninos estiverem gripados, assim apenas 2
Se o acréscimo for de 20%, multiplicamos por 1,20, e assim meninas estão.
por diante. Veja a tabela abaixo:
Fator de
Acréscimo ou Lucro
Multiplicação
10% 1,10 Resposta: C.
15% 1,15
20% 1,20 Questões
47% 1,47
67% 1,67 01. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária
  - MSCONCURSOS/2017) Um aparelho de televisão que
    Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 te- custa R$1600,00 estava sendo vendido, numa liquidação,
mos:  com um desconto de 40%. Marta queria comprar essa te-
levisão, porém não tinha condições de pagar à vista, e o
vendedor propôs que ela desse um cheque para 15 dias,
Desconto pagando 10% de juros sobre o valor da venda na liquida-
No caso de haver um decréscimo, o fator de multipli- ção. Ela aceitou e pagou pela televisão o valor de:
cação será: (A) R$1120,00
Fator de Multiplicação =  1 - taxa de desconto (na for- (B) R$1056,00
ma decimal) (C) R$960,00
Veja a tabela abaixo: (D) R$864,00
Fator de
Desconto 02. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) A equipe
Multiplicação
10% 0,90 de segurança de um Tribunal conseguia resolver mensal-
25% 0,75 mente cerca de 35% das ocorrências de dano ao patrimô-
34% 0,66 nio nas cercanias desse prédio, identificando os criminosos
60% 0,40 e os encaminhando às autoridades competentes. Após uma
90% 0,10 reestruturação dos procedimentos de segurança, a mesma
equipe conseguiu aumentar o percentual de resolução
Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 temos:  mensal de ocorrências desse tipo de crime para cerca de
63%. De acordo com esses dados, com tal reestruturação,
a equipe de segurança aumentou sua eficácia no combate
Chamamos de lucro em uma transação comercial de ao dano ao patrimônio em
compra e venda a diferença entre o preço de venda e o (A) 35%.
preço de custo. (B) 28%.
Lucro=preço de venda -preço de custo (C) 63%.
(D) 41%.
Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem (E) 80%.
de duas formas:
03. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Três ir-
mãos, André, Beatriz e Clarice, receberam de uma tia he-
rança constituída pelas seguintes joias: um bracelete de
ouro, um colar de pérolas e um par de brincos de diamante.
A tia especificou em testamento que as joias não deveriam

63
RACIOCÍNIO LÓGICO

ser vendidas antes da partilha e que cada um deveria ficar (A) R$ 4,20.
com uma delas, mas não especificou qual deveria ser dada (B) R$ 5,46.
a quem. O justo, pensaram os irmãos, seria que cada um (C) R$ 10,70.
recebesse cerca de 33,3% da herança, mas eles achavam (D) R$ 12,60.
que as joias tinham valores diferentes entre si e, além disso, (E) R$ 18,00.
tinham diferentes opiniões sobre seus valores. Então, deci-
diram fazer a partilha do seguinte modo: 06. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE-
GO/2017) Joana foi fazer compras. Encontrou um vestido
− Inicialmente, sem que os demais vissem, cada um de R$ 150,00 reais. Descobriu que se pagasse à vista teria
deveria escrever em um papel três porcentagens, indican- um desconto de 35%. Depois de muito pensar, Joana pa-
do sua avaliação sobre o valor de cada joia com relação ao gou à vista o tal vestido. Quanto ela pagou?
valor total da herança. (A) R$ 120,00 reais
(B) R$ 112,50 reais
− A seguir, todos deveriam mostrar aos demais suas (C) R$ 127,50 reais
(D) R$ 97,50 reais
avaliações.
(E) R$ 90 reais
− Uma partilha seria considerada boa se cada um deles
07. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-
recebesse uma joia que avaliou como valendo 33,3% da
NESP/2017) A empresa Alfa Sigma elaborou uma previsão
herança toda ou mais. de receitas trimestrais para 2018. A receita prevista para o
primeiro trimestre é de 180 milhões de reais, valor que é
As avaliações de cada um dos irmãos a respeito das 10% inferior ao da receita prevista para o trimestre seguin-
joias foi a seguinte: te. A receita prevista para o primeiro semestre é 5% inferior
à prevista para o segundo semestre. Nessas condições, é
correto afirmar que a receita média trimestral prevista para
2018 é, em milhões de reais, igual a
(A) 200.
(B) 203.
(C) 195.
Assim, uma partilha boa seria se André, Beatriz e Clari- (D) 190.
ce recebessem, respectivamente, (E) 198.
(A) o bracelete, os brincos e o colar.
(B) os brincos, o colar e o bracelete. 08. (CRM/MG – Técnico em Informática- FUN-
(C) o colar, o bracelete e os brincos. DEP/2017) Veja, a seguir, a oferta da loja Magazine Bom
(D) o bracelete, o colar e os brincos. Preço:
(E) o colar, os brincos e o bracelete. Aproveite a Promoção!
Forno Micro-ondas
04. (UTFPR – Técnico de Tecnologia da Informação De R$ 720,00
– UTFPR/2017) Um retângulo de medidas desconhecidas Por apenas R$ 504,00
foi alterado. Seu comprimento foi reduzido e passou a ser
2/ 3 do comprimento original e sua largura foi reduzida e Nessa oferta, o desconto é de:
passou a ser 3/ 4 da largura original. (A) 70%.
Pode-se afirmar que, em relação à área do retângulo (B) 50%.
(C) 30%.
original, a área do novo retângulo:
(D) 10%.
(A) foi aumentada em 50%.
(B) foi reduzida em 50%.
09 (CODAR – Recepcionista – EXATUS/2016) Consi-
(C) aumentou em 25%.
dere que uma caixa de bombom custava, em novembro, R$
(D) diminuiu 25%. 8,60 e passou a custar, em dezembro, R$ 10,75. O aumento
(E) foi reduzida a 15%. no preço dessa caixa de bombom foi de:
(A) 30%.
05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE- (B) 25%.
GO/2017) Paulo, dono de uma livraria, adquiriu em uma (C) 20%.
editora um lote de apostilas para concursos, cujo valor uni- (D) 15%
tário original é de R$ 60,00. Por ter cadastro no referido
estabelecimento, ele recebeu 30% de desconto na compra. 10. (ANP – Técnico em Regulação de Petróleo e De-
Para revender os materiais, Paulo decidiu acrescentar 30% rivados – CESGRANRIO/2016) Um grande tanque estava
sobre o valor que pagou por cada apostila. Nestas condi- vazio e foi cheio de óleo após receber todo o conteúdo de
ções, qual será o lucro obtido por unidade? 12 tanques menores, idênticos e cheios.

64
RACIOCÍNIO LÓGICO

Se a capacidade de cada tanque menor fosse 50% 200+180=380 milhões para o primeiro semestre
maior do que a sua capacidade original, o grande tanque 380----95
seria cheio, sem excessos, após receber todo o conteúdo de x----100
(A) 4 tanques menores x=400 milhões
(B) 6 tanques menores
(C) 7 tanques menores Somando os dois semestres: 380+400=780 milhões
(D) 8 tanques menores 780/4trimestres=195 milhões
(E) 10 tanques menores

Respostas 08. Resposta: C.

01. Resposta:B.
Como teve um desconto de 40%, pagou 60% do pro-
duto. Ou seja, ele pagou 70% do produto, o desconto foi de
1600⋅0,6=960 30%.
Como vai pagar 10% a mais:
960⋅1,1=1056 OBS: muito cuidado nesse tipo de questão, para não
errar conforme a pergunta feita.

02. Resposta: E.
63/35=1,80 09. Resposta: B.
Portanto teve um aumento de 80%. 8,6(1+x)=10,75
8,6+8,6x=10,75
8,6x=10,75-8,6
03. Resposta: D. 8,6x=2,15
Clarice obviamente recebeu o brinco. X=0,25=25%
Beatriz recebeu o colar porque foi o único que ficou
acima de 30% e André recebeu o bracelete.
10. Resposta: D.
50% maior quer dizer que ficou 1,5
04. Resposta: B. Quantidade de tanque: x
A=b⋅h A quantidade que aumentaria deve ficar igual a 12 tan-
ques
1,5x=12
X=8
Portanto foi reduzida em 50%

05. Resposta: D.
Como ele obteve um desconto de 30%, pagou 70% do
valor:
60⋅0,7=42
Ele revendeu por:
42⋅1,3=54,60
Teve um lucro de: 54,60-42=12,60

06. Resposta: D.
Como teve um desconto de 35%. Pagou 65%do vestido
150⋅0,65=97,50

07. Resposta: C.
Como a previsão para o primeiro trimestre é de 180
milhões e é 10% inferior, no segundo trimestre temos uma
previsão de
180-----90%
x---------100
x=200

65
RACIOCÍNIO LÓGICO

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES A probabilidade de sair um múltiplo de 8 é a probabi-


SOBRE: RACIOCÍNIO LÓGICO lidade de ocorrer o evento B ={8; 16; 24; 32; 40; 48; 56; 64;
72; 80; 88; 96}.
01. (Banco do Brasil - Assistente Técnico-Adminis-
trativo - FCC/2014) Como: n(B) = 12 múltiplos de 8 entre 1 e 100 e n(S) =
Considere que há três formas de Ana ir para o tra- 100 números naturais, então, tem-se:
balho: de carro, de ônibus e de bicicleta. Em 20% das
vezes ela vai de carro, em 30% das vezes de ônibus e em
50% das vezes de bicicleta. Do total das idas de carro,
Ana chega atrasada em 15% delas, das idas de ônibus,
chega atrasada em 10% delas e, quando vai de bicicle-
ta, chega atrasada em 8% delas. Sabendo-se que um Sendo A = {3; 6; 9; 12; 15; 18; 21; 24; 27; 30; 33; 36; 39;
determinado dia Ana chegou atrasada ao trabalho, a 42; 45; 48; 51; 54; 57; 60; 63; 66; 69; 72; 75; 78; 81; 84; 87; 90;
probabilidade de ter ido de carro é igual a
93; 96; 99}, e B = {8; 16; 24; 32; 40; 48; 56; 64; 72; 80; 88; 96},
A) 20%.
então AB será dado por: A∩B = {24, 48, 72, 96}
B) 40%.
C) 60%.
Portanto, a probabilidade de P (A∩B) será de:
D) 50%.
E) 30%.

Imagine que Ana vá ao trabalho 100 vezes. Como são


20% de carro, 30% de ônibus e 50% de bicicleta então temos:
20 idas de carro.
30 idas de ônibus
50 idas de bicicleta Onde n(A∩B) representa os 3 múltiplos simultâneos de
Das 20 idas de carro Ana chega atrasada em 15% das 3 e 8, compreendidos entre 1 e 100.
vezes (3 idas).
Das 30 idas de ônibus Ana chega atrasada em 10% das Então, P(A∩B)=P(A)+P(B)-P(A∩B) =
vezes (3 idas).
33 12 4 41
Das 50 idas de bicicleta Ana chega atrasada em 8% das + − = = 41%!
vezes (4 idas). 100 100 100 100
Assim, Ana chega atrasa da em 3+3+4 = 10 vezes.
Sabendo que Ana chegou atrasada a probabilidade de RESPOSTA: “A”.
ela ter ido de carro é:
P = 3/10 = 30% que é a divisão das idades de carro (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces-
atrasada pelo total de atrasos. pe/2014) Em geral, empresas públicas ou privadas uti-
lizam códigos para protocolar a entrada e a saída de
RESPOSTA: “E”. documentos e processos. Considere que se deseja gerar
códigos cujos caracteres pertençam ao conjunto das
02. (Ministério da Fazenda - MI - Assistente Técni- 26 letras de um alfabeto, que possui apenas 5 vogais.
co administrativo - Cespe/UnB/2013) Sorteando-se um Com base nessas informações, julgue os itens que se
número de uma lista de 1 a 100, qual a probabilidade seguem.
de o número ser divisível por 3 ou por 8?
A) 41%
03. (TCU – Analista de controle externo - UNB/CES-
B) 44%
PE/2014) Se os protocolos de uma empresa devem con-
C) 42%
ter 4 letras, sendo permitida a repetição de caracteres,
D) 45%
E) 43% então podem ser gerados menos de 400.000 protocolos
A probabilidade de sair um número divisível por 3 (ou distintos.
múltiplo de 3) é a probabilidade de ocorrer o evento A = ( ) CERTA ( ) ERRADA
{3; 6; 9; 12; 15; 18; 21; 24; 27; 30; 33; 36; 39; 42; 45; 48; 51; Se os protocolos de uma empresa devem conter 4 le-
54; 57; 60; 63; 66; 69; 72; 75; 78; 81; 84; 87; 90; 93; 96; 99}. tras, sendo permitida a repetição de caracteres, então po-
Como: n(A) = 33 múltiplos de 3 entre 1 e 100 e n(S) = dem ser gerados menos de 400.000 protocolos distintos.
100 números naturais, então, tem-se: Para cada “casa” citada anteriormente, podemos locar
26 letras, pois e permitida a repetição das letras, formando,
assim:
26 x 26 x 26 x 26 = 456.976 códigos distintos

RESPOSTA: “ERRADA”.

66
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces- 07. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
pe/2014) Se uma empresa decide não usar as 5 vogais A quantidade de maneiras distintas para se formar a câ-
em seus códigos, que poderão ter 1, 2 ou 3 letras, sen- mara de vereadores dessa cidade é igual a 30!/(9!×21!).
do permitida a repetição de caracteres, então e possível ( ) CERTA ( ) ERRADA
obter mais de 1000 códigos distintos.
( ) CERTA ( ) ERRADA Para a escolha dos 9 vereadores dos 30 candidatos, fa-
remos uma combinação simples dos 30 candidatos escolhi-
Se uma empresa decide não usar as 5 vogais em seus dos 9 a 9, pois aqui, a ordem de escolha não altera o agru-
códigos, que poderão ter 1, 2 ou 3 letras, sendo permitida pamento formado, já que, ao ser escolhidos, por exemplo,
a repetição de caracteres, então e possível obter mais de um agrupamento de 9 pessoas, essas mesmas pessoas não
1000 códigos distintos. poderão ser escolhidas novamente, mesmo em outra or-
Como não serão permitidas as vogais, então teremos dem.
21 letras para obtenção dos códigos.
Observação: será permitida a REPETIÇÃO das letras, ex- ! !! 30! 30!
cluindo as vogais. !! = = = !
!! ! − ! ! 9! 30 − 9 ! 9! 21!
21 letras (código formado por uma letra)=21 códigos
21 x 21 (código formado por duas letras)=441 códigos
RESPOSTA: “CERTA”.
21 x 21 x 21 = 9.261 códigos
Assim sendo, serão obtidos:
21 + 441 + 9.261 = 08. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
Sabendo-se que um eleitor vota em apenas um candi-
RESPOSTA: “ERRADA”. dato a vereador, é correto afirmar que a quantidade de
maneiras distintas de um cidadão escolher um candida-
05. (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces- to é superior a 50.
pe/2014) O número total de códigos diferentes forma- ( ) CERTA ( ) ERRADA
dos por 3 letras distintas e superior a 15000.
( ) CERTA ( ) ERRADA Só existem 30 candidatos, logo não tem como haver 50
formas distintas de escolher um candidato.
O número total de códigos diferentes formados por 3
letras distintas e superior a 15000. RESPOSTA: “ERRADA”.
26x25x24=15600 códigos
09. (VALEC - Assistente Administrativo – FEM-
RESPOSTA: “CERTA”. PERJ/2012) Uma “capicua” é um número que escrito
de trás para a frente é igual ao número original. Por
(TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012) Nas exemplo: 232 e 1345431 são “capicuas”. A quantidade
eleições municipais de uma pequena cidade, 30 candi- de “capicuas” de sete algarismos que começam com o
datos disputam 9 vagas para a câmara de vereadores. algarismo 1 é igual a:
Na sessão de posse, os nove eleitos escolhem a mesa A) 400
diretora, que será composta por presidente, primeiro e B) 520
segundo secretários, sendo proibido a um mesmo par- C) 640
lamentar ocupar mais de um desses cargos. Acerca des- D) 1000
sa situação hipotética, julgue os itens seguintes. E) 1200
06. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
Considerando-se os algarismos de 0 a 9 (0; 1; 2; 3; 4; 5;
A quantidade de maneiras distintas de se formar a mesa
6; 7; 8; 9), podemos formar a seguinte quantidade de “capi-
diretora da câmara municipal é superior a 500.
cuas” de sete algarismos, que inicia-se com o algarismo 1.
( ) CERTA ( ) ERRADA
Após serem escolhidos os 9 candidatos, esses forma- 1 x 10 x 10 x 10 x 1 x 1 x 1=10x10x10=1000 capicuas
rão a mesa diretora, que será composta por um presiden-
te, primeiro e segundo secretários, ou seja, por 3 desses RESPOSTA: “D”.
integrantes. A escolha será feita pelo arranjo simples de
9 pessoas escolhidas 3 a 3, já que a ordem dos elementos 10. (VALEC – Assistente Administrativo - FEM-
escolhidos altera a formação da mesa diretora. PERJ/2012) Uma rodovia tem 320 km. A concessionária
da rodovia resolveu instalar painéis interativos a cada
!!! = 9.8.7 = 504!!"#$%&!!"#$"%$&#!!"!!"#$!!"!!"#$%&#'! 10 km, nos dois sentidos da rodovia. Em cada sentido,
o primeiro painel será instalado exatamente no início
da rodovia, e o último, exatamente ao final da rodo-
RESPOSTA: “CERTA”. via. Assim, a concessionária terá de instalar a seguinte
quantidade total de painéis:

67
RACIOCÍNIO LÓGICO

A) 32 3º ano: foram desmatados 10% da floresta remanes-


B) 64 cente (72%), logo, sobraram 72% – 10% de 72%.
C) 65 72% – 10% de 72%. = 72% – 7,2% = 64,8% de floresta
D) 66 não desmatada.
E) 72 Portanto, foram desmatados 100% – 64,8% = 35,2%
Tem-se a seguinte sequência numérica:
marco zero: 1º painel. RESPOSTA: “A”.
marco 10 km: 2º painel.
marco 20 km: 3º painel. 12. (BRDE – Analista de sistemas - AOCP/2012)
... Quantos subconjuntos podemos formar com 3 bolas
Marco 320 km : n-ésimo painel. azuis e 2 vermelhas, de um conjunto contendo 7 bolas
azuis e 5 vermelhas?
Obtendo-se a seguinte sequência numérica dada pela A) 250
progressão aritmética (PA): B) 5040
C) 210
!! = 0 D) 350
!"(0; !10; !20;!. . . ; !320) ! = 10 ! E) 270
!! = 320 Podemos interpretar esse enunciado da seguinte for-
ma: “de um conjunto de 7 bolas azuis e 5 bolas vermelhas,
Sendo a fórmula que define o termo geral de uma PA quantos agrupamentos de 3 bolas azuis e 2 bolas verme-
dada por an= a1+(n – 1).r, teremos: lhas podemos formar”?
Nesse caso tem-se uma combinação simples de 7 bo-

320 las azuis escolhidas 3 a 3 permutando-se com a combina-


ção simples de 5 bolas vermelhas escolhidas 2 a 2.
320=0+ !−1 .10→ =!−1→! =1+32=33! Lembramos que, formamos agrupamentos por com-
10 binação, quando a ordem dos elementos escolhidos não
altera o agrupamento formado. Por exemplo, um agru-
pamento formado pelas bolas vermelhas V1 V2 V3 será
n = 33 painéis, em apenas um dos sentidos da rodovia. idêntico a qualquer outro agrupamento formado por essas
Para o sentido inverso têm-se mais 33 painéis o que mesmas bolas, porém e outra ordem. Logo, a ordem desses
totaliza: elementos escolhidos não altera o próprio agrupamento.
33 + 33 = 66 painéis, ao todo.
76554
RESPOSTA: “D”. !!!.!!! = . . . . = 35.10 = 350!!"#$%!&'()*+!
32121
11. (VALEC – Assistente Administrativo - FEM-
PERJ/2012) Num certo ano, 10% de uma floresta foram RESPOSTA: “D”.
desmatados. No ano seguinte, 20% da floresta rema- (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
nescente foi desmatada e, no ano seguinte, a floresta UnB/2013) Conta-se na mitologia grega que Hércules,
remanescente perdeu mais 10% de sua área. Assim, a em um acesso de loucura, matou sua família. Para ex-
floresta perdeu, nesse período, a seguinte porcenta- piar seu crime, foi enviado a presença do rei Euristeu,
gem de sua área original: que lhe apresentou uma serie de provas a serem cum-
A) 35,2% pridas por ele, conhecidas como Os doze trabalhos de
B) 36,4% Hércules. Entre esses trabalhos, encontram-se: matar o
C) 37,4% leão de Neméia, capturar a corça de Cerinéia e captu-
D) 38,6% rar o javali de Erimanto. Considere que a Hércules seja
E) 40,0% dada a escolha de preparar uma lista colocando em or-
dem os doze trabalhos a serem executados, e que a es-
Considerando-se o total inicial da floresta, antes do 1º colha dessa ordem seja totalmente aleatória. Além dis-
desmatamento, igual a 100% teremos, após os desmata- so, considere que somente um trabalho seja executado
mentos sucessivos, o seguinte percentual de floresta des- de cada vez. Com relação ao número de possíveis listas
matado: que Hércules poderia preparar, julgue os itens subse-
1º ano: foram desmatados 10% do total (100%), logo, quentes.
sobraram 90% de floresta não desmatada.
2º ano: foram desmatados 20% da floresta remanes- 13. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
cente (90%), logo, sobraram 90% – 20% de 90%. UnB/2013) O número máximo de possíveis listas que
90% – 20% de 90%. = 90% – 18% = 72% de floresta Hercules poderia preparar e superior a 12x10!
não desmatada. ( ) CERTA ( ) ERRADA

68
RACIOCÍNIO LÓGICO

O número máximo de possíveis listas que Hercules po- Sendo “X” as posições já ocupadas pelas tarefas “cap-
deria preparar e superior a 12x10!. turar a corça de Cerinéia” e “capturar o javali de Erimanto”,
“Considere que a Hercules seja dada a escolha de pre- ainda sobram 10 posições a serem permutadas.
parar uma lista colocando em ordem os doze trabalhos a Ou seja:
serem executados, e que a escolha dessa ordem seja total- 10 x 72 x 42 x 20 x 6
mente aleatória”. Portanto, teremos 10 x 72 x 42 x 20 x 6, um valor supe-
Seja a lista de tarefas dada a Hercules contendo as 12 rior e diferente de 72x42 x 20 x 6
tarefas representada a seguir. Lembrando que a ordem de
escolha ficara a critério de Hercules. RESPOSTA: “ERRADA”.
Então, permutando (trocando) as tarefas de posição,
vai gerar uma nova sequencia, ou seja, uma nova ordem da 16. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
realização de suas tarefas, assim, o numero de possibilida- UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con-
des de Hercules começar e terminar suas tarefas será dada tendo os trabalhos “ capturar a corça de Cerineia” e “
pela permutação dessas tarefas. capturar o javali de Erimanto” nas ultimas duas posi-
12x11x10x9x8x7x6x5x4x3x2x1 ou simplesmente: ções, em qualquer ordem, e inferior a 6! x 8!.
12! = 12 x 11 x 10! ( ) CERTA ( ) ERRADA
Como 12x11x10! e diferente de 12x10!.
O número máximo de possíveis listas contendo os tra-
RESPOSTA: “ERRADA”. balhos “ capturar a corça de Cerinéia” e “ capturar o javali
de Erimanto” nas ultimas duas posições, em qualquer or-
14. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/ dem, e inferior a 6! x 8!.
UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con- Fixando as tarefas “capturar a corça de Cerinéia” e
tendo o trabalho “matar o leão de Neméia” na primeira “capturar o javali de Erimanto” nas duas ultimas posições, e
posição é inferior a 240 x 990 x 56 x 30. lembrando que essas tarefas podem ser permutadas entre
( ) CERTA ( ) ERRADA si, pois são colocadas em qualquer ordem, assim, restaram
10 posições a serem permutadas.
O número máximo de possíveis listas contendo o tra- 10.9.8.7.6.5.4.3.2.1.x.x
balho “matar o leão de Neméia” na primeira posição é infe- Sendo “X” as posições já ocupadas pelas tarefas “cap-
rior a 240 x 990 x 56 x 30. turar a corça de Cerinéia” e “capturar o javali de Erimanto”,
Fixando a tarefa “matar leão de Neméia” na primeira podendo ser permutadas entre si, ainda, sobram 10 posi-
posição, vão sobrar 11 tarefas para serem permutadas nas ções a serem permutadas.
demais casas: Ou seja:
x._._._._._._._._._._._=x.11! 90 x 8! x 2 que equivale a 180 x 8!
Sendo X a posição já ocupada pela tarefa “matar leão Sendo 180 um valor inferior a 6! (6! = 6 x 5 x 4 x 3 x 2 x
de Nemeia”. 1 = 720), logo o valor
Reagrupando os valores, temos: 180 x 8! será inferior a 6! x 8!, tornando este item CER-
24 x 990 x 56 x 30. TO.
Portanto, inferior a 240 x 990 x 56 x 30, tornando este
item ERRADO. RESPOSTA: “CERTA”.

RESPOSTA: “ERRADA”. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/


UnB/2013) Considere que em um escritório trabalham
15. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/ 11 pessoas: 3 possuem nível superior, 6 tem o nível mé-
UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con- dio e 2 são de nível fundamental. Será formada, com
tendo os trabalhos “capturar a corça de Cerinéia” na esses empregados, uma equipe de 4 elementos para
primeira posição e “ capturar o javali de Erimanto” na realizar um trabalho de pesquisa. Com base nessas in-
terceira posição e inferior a 72 x 42 x 20 x 6. formações, julgue os itens seguintes, acerca dessa equi-
( ) CERTA ( ) ERRADA pe.

O número máximo de possíveis listas contendo os tra- 17. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
balhos “capturar a corça de Cerinéia” na primeira posição e UnB/2013) Se essa equipe for formada somente com
“ capturar o javali de Erimanto” na terceira posição e infe- empregados de nível médio e fundamental, então ela
rior a 72 x 42 x 20 x 6. poderá ser formada de mais de 60 maneiras distintas.
Fixando as tarefas “capturar a corça de Cerinéia” na pri- ( ) CERTA ( ) ERRADA
meira posição e “capturar o javali de Erimanto” na terceira
posição, restam 10 tarefas a serem permutadas nas demais Se essa equipe for formada somente com empregados
posições, assim, temos que: de nível médio e fundamental, então ela poderá ser forma-
X . 1 . x . 2 . 3 . 4 . 5 . 6 . 7 . 8 . 9 . 10 da de mais de 60 maneiras distintas.

69
RACIOCÍNIO LÓGICO

Das 11 pessoas, 3 são de nível superior(S), 3 nível mé- Como o afirmado neste item, diz que existirão mais de
dio(M), e 2 são de nível fundamental(F) 40 maneiras distintas para a formação das equipes.

Sendo a equipe formada apenas pelos funcionários de RESPOSTA: “ERRADA”.


escolaridade de nível Médio e Fundamental teremos ape-
nas 3 possibilidades de formação das equipes: 19. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
UnB/2013) Formando-se a equipe com dois emprega-
1ª POSSIBILIDADE: Somente 1 funcionário de nível dos de nível médio, e dois de nível superior, então essa
Fundamental e os demais de nível médio. equipe poderá ser formada de, no máximo, 40 manei-
ras distintas.
!!! .!!! = 2!/1!(2-1)!.6!/3!(6-3)!=40 equipes distintas ( ) CERTA ( ) ERRADA
!
2ª POSSIBILIDADE: com 2 funcionários de nível Funda- Formando-se a equipe com dois empregados de nível
mental e os demais de nível médio. médio, e dois de nível superior, então essa equipe poderá
ser formada de, no máximo, 40 maneiras distintas.
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.6!/2!(6-2)!=15 equipes distintas Formando-se as equipes com 2 empregados de nível
Médio e 2 de Nível Superior, então teremos apenas 1 pos-
3ª POSSIBILIDADE: Uma equipe formada por funcioná- sibilidade de formação de equipes, já que excluímos todos
rios apenas de Nível Médio. os funcionários de nível Fundamental.
!!! .!!! ! = 3!/2!(3-2)!.6!/2!(6-2)!=45 equipes distintas
!!! !. = 6!/4!(6-4)!=15 equipes distintas
De acordo com a afirmativa do item seriam de, no má-
Somando-se os resultados obtidos nas 3 possibilida- ximo, 40 equipes distintas.
des anteriores, encontramos:
40 + 15 + 15= 70 equipes distintas RESPOSTA: “ERRADA”.
Como o item afirma que a equipe poderá ser formada
20. (USP – VESTIBULAR - FUVEST/2012) Considere
por mais de 60 maneiras distintas.
todas as trinta e duas sequências, com cinco elementos
cada uma, que podem ser formadas com os algarismos
RESPOSTA: “CERTA”.
0 e 1. Quantas dessas sequências possuem pelo menos
três zeros em posições consecutivas?
18. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
a) 3
UnB/2013) Se essa equipe incluir todos os empregados
b) 5
de nível fundamental, então ela poderá ser formada de
c) 8
mais de 40 maneiras distintas. d) 12
( ) CERTA ( ) ERRADA e) 16
Se essa equipe incluir todos os empregados de nível Utilizando os algarismos 0 e 1 e, considerando as se-
fundamental, então ela poderá ser formada de mais de 40 quências com 5 elementos, temos:
maneiras distintas. I) 5 sequências com exatamente 3 zeros em posições
consecutivas (00010, 00011, 01000 e 11000)
1ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários de II) 2 sequências com exatamente 4 zeros em posições
nível fundamental e os demais de nível Superior. consecutivas (00001 e 10000)
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.3!/2!(3-2)!=3 equipes distintas III) 1 sequência com 5 zeros (00000)
Portanto, o número de sequências com pelo menos
três zeros em posições consecutivas é 5 + 2 + 1 = 8
2ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários RESPOSTA: “C”.
nível fundamental e os demais de nível médio.
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.6!/2!(6-2)!=15 equipes distintas 21. (PC/SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2012) De
uma urna contendo 10 bolas coloridas, sendo 4 bran-
cas, 3 pretas, 2 vermelhas e 1 verde, retiram-se de uma
3ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários de vez 4 bolas .Quantos são os casos possíveis em que apa-
nível fundamental e os demais de nível médio ou superior. recem exatamente uma bola de cada cor?
Como a urna contém 4 bolas brancas, existem 4 maneiras
!!! .!!! .!!! !1
= 2!/2!(2-2)!.6!/1!(6-1)!.3!/1!(3-1)!=18 possíveis de retirar uma bola branca; analogamente, 3 pretas,
equipes distintas 2 vermelhas e 1 verde. Assim, pelo Princípio Fundamental da
Somando-se os resultados obtidos nas 3 possibilida- Contagem, o número de casos possíveis em que aparecem
des, teremos: exatamente uma bola de cada cor é 4 . 3 . 2 . 1 = 24
3 + 15 + 18 = 36 equipes distintas RESPOSTA: “C”.

70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1 Conceitos de Internet e intranet. ................................................................................................................................................................... 01


2 Conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos de informática......10
3 Conceitos e modos de utilização de aplicativos para edição de textos, planilhas e apresentações utilizando-se a suíte
de escritório LibreOffice......................................................................................................................................................................................... 30
4 Conceitos e modos de utilização de sistemas operacionais Windows 7 e 10. ............................................................................ 53
5 Noções básicas de ferramentas e aplicativos de navegação e correio eletrônico. .................................................................... 80
6 Noções básicas de segurança e proteção: vírus, worms e derivados.............................................................................................. 89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Provedores de Acesso: São instituições que se conec-


1 CONCEITOS DE INTERNET tam à Internet via um ou mais acessos dedicados e disponi-
E INTRANET. bilizam acesso à terceiros a partir de suas instalações;
• Provedores de Informação: São instituições que dis-
ponibilizam informação através da Internet.
INTERNET
Endereço Eletrônico ou URL
“Imagine que fosse descoberto um continente tão
vasto que suas dimensões não tivessem fim. Imagine Para se localizar um recurso na rede mundial, deve-se
um mundo novo, com tantos recursos que a ganância conhecer o seu endereço.
do futuro não seria capaz de esgotar; com tantas oportuni- Este endereço, que é único, também é considerado sua
dades que os empreendedores seriam poucos para apro- URL (Uniform Resource Locator), ou Localizador de Recur-
veitá-las; e com um tipo peculiar de imóvel que se sos Universal. Boa parte dos endereços apresenta-se assim:
expandiria com o desenvolvimento.” www.xxxx.com.br
John P. Barlow
Os Estados Unidos temiam que em um ataque nuclear Onde:
ficassem sem comunicação entre a Casa Branca e o Pentá- www = protocolo da World Wide Web
gono. xxx = domínio
Este meio de comunicação “infalível”, até o fim da dé- com = comercial
cada de 60, ficou em poder exclusivo do governo conec- br = brasil
tando bases militares, em quatro localidades. WWW = World Wide Web ou Grande Teia Mundial
Nos anos 70, seu uso foi liberado para instituições
norte-americanas de pesquisa que desejassem aprimorar É um serviço disponível na Internet que possui um con-
a tecnologia, logo vinte e três computadores foram conec- junto de documentos espalhados por toda rede e disponi-
tados, porém o padrão de conversação entre as máquinas bilizados a qualquer um.
se tornou impróprio pela quantidade de equipamentos. Estes documentos são escritos em hipertexto, que uti-
Era necessário criar um modelo padrão e univer- liza uma linguagem especial, chamada HTML.
sal para que as máquinas continuassem trocando da-
dos, surgiu então o Protocolo Padrão TCP/IP, que permi- Domínio
tiria portanto que mais outras máquinas fossem inseridas
àquela rede. Designa o dono do endereço eletrônico em ques-
Com esses avanços, em 1972 é criado o correio eletrô- tão, e onde os hipertextos deste empreendimento estão
nico, o E-mail, permitindo a troca de mensagens entre as localizados. Quanto ao tipo do domínio, existem:
máquinas que compunham aquela rede de pesquisa, as- .com = Instituição comercial ou provedor de serviço
sim, no ano seguinte a rede se torna internacional. .edu = Instituição acadêmica
Na década de 80, a Fundação Nacional de Ciência do .gov = Instituição governamental
Brasil conectou sua grande rede à ARPANET, gerando aqui- .mil = Instituição militar norte-americana
lo que conhecemos hoje como internet, auxiliando portan- .net = Provedor de serviços em redes
to o processo de pesquisa em tecnologia e outras áreas a .org = Organização sem fins lucrativos
nível mundial, além de alimentar as forças armadas brasi-
leiras de informação de todos os tipos, até que em 1990
HTTP, Hyper Texto Transfer Protocol ou Protocolo de
caísse no domínio público.
Trasferência em Hipertexto
Com esta popularidade e o surgimento de softwares
de navegação de interface amigável, no fim da década de
É um protocolo ou língua específica da internet, res-
90, pessoas que não tinham conhecimentos profundos de
ponsável pela comunicação entre computadores.
informática começaram a utilizar a rede internacional.
Um hipertexto é um texto em formato digital, e
Acesso à Internet pode levar a outros, fazendo o uso de elementos espe-
ciais (palavras, frases, ícones, gráficos) ou ainda um Mapa
O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Serviço Sensitivo o qual leva a outros conjuntos de informação na
de Internet, oferece principalmente serviço de acesso à In- forma de blocos de textos, imagens ou sons.
ternet, adicionando serviços como e-mail, hospedagem de Assim, um link ou hiperlink, quando acionado com o
sites ou blogs, ou seja, são instituições que se conectam mouse, remete o usuário à outra parte do documento ou
à Internet com o objetivo de fornecer serviços a ela outro documento.
relacionados, e em função do serviço classificam-se em:
• Provedores de Backbone: São instituições que cons-
troem e administram backbones de longo alcance, ou seja,
estrutura física de conexão, com o objetivo de fornecer
acesso à Internet para redes locais;

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Home Page

Sendo assim, home page designa a página inicial, prin-


cipal do site ou web page. É muito comum os usuários confun-
direm um Blog ou Perfil no Orkut com uma Home Page, porém
são coisas distintas, aonde um Blog é um diário e um Perfil no
Orkut é um Profile, ou seja um hipertexto que possui informa-
ções de um usuário dentro de uma comunidade virtual.
HTML, Hyper Text Markut language ou Linguagem de Mar-
cação de Hipertexto

É a linguagem com a qual se cria as páginas para a web.


Suas principais características são:
• Portabilidade (Os documentos escritos em HTML devem
ter aparência semelhante nas diversas plataformas de trabalho);
• Flexibilidade (O usuário deve ter a liberdade de “customi-
zar” diversos elementos do documento, como o tamanho pa- Entre cada par de camadas adjacentes há uma interface. A
drão da letra, as cores, etc); interface define quais operações primitivas e serviços a cama-
• Tamanho Reduzido (Os documentos devem ter um da inferior oferece à camada superior. Quando os projetistas
tamanho reduzido, a fim de economizar tempo na transmis- decidem quantas camadas incluir em uma rede e o que cada
são através da Internet, evitando longos períodos de espera camada deve fazer, uma das considerações mais importantes é
e congestionamento na rede). definir interfaces limpas entre as camadas. Isso requer, por sua
vez, que cada camada desempenhe um conjunto específico de
Browser ou Navegador funções bem compreendidas. Além de minimizar a quantidade
de informações que deve ser passada de camada em camada,
É o programa específico para visualizar as páginas da web. interfaces bem definidas também tornam fácil a troca da imple-
O Browser lê e interpreta os documentos escritos em HTML, mentação de uma camada por outra implementação completa-
apresentando as páginas formatadas para os usuários. mente diferente (por exemplo, trocar todas as linhas telefônicas
por canais de satélite), pois tudo o que é exigido da nova imple-
ARQUITETURAS DE REDES mentação é que ela ofereça à camada superior exatamente os
mesmos serviços que a implementação antiga oferecia.
As modernas redes de computadores são projetadas de O conjunto de camadas e protocolos é chamado de arqui-
forma altamente estruturada. Nas seções seguintes examinare- tetura de rede. A especificação de arquitetura deve conter infor-
mos com algum detalhe a técnica de estruturação. mações suficientes para que um implementador possa escrever
o programa ou construir o hardware de cada camada de tal for-
HIERARQUIAS DE PROTOCOLOS ma que obedeça corretamente ao protocolo apropriado. Nem
os detalhes de implementação nem a especificação das interfa-
Para reduzir a complexidade de projeto, a maioria das redes ces são parte da arquitetura, pois esses detalhes estão escondi-
é organizada em camadas ou níveis, cada uma construída sobre dos dentro da máquina e não são visíveis externamente. Não é
sua predecessora. O número de camadas, o nome, o conteúdo nem mesmo necessário que as interfaces em todas as máquinas
e a função de cada camada diferem de uma rede para outra. em uma rede sejam as mesmas, desde que cada máquina possa
No entanto, em todas as redes, o propósito de cada camada usar corretamente todos os protocolos.
é oferecer certos serviços às camadas superiores, protegendo
essas camadas dos detalhes de como os serviços oferecidos são O endereço IP
de fato implementados.
A camada n em uma máquina estabelece uma conversão Quando você quer enviar uma carta a alguém, você... Ok, você
com a camada n em outra máquina. As regras e convenções uti- não envia mais cartas; prefere e-mail ou deixar um recado no Fa-
lizadas nesta conversação são chamadas coletivamente de pro- cebook. Vamos então melhorar este exemplo: quando você quer
tocolo da camada n, conforme ilustrado na Figura abaixo para enviar um presente a alguém, você obtém o endereço da pessoa
uma rede com sete camadas. As entidades que compõem as ca- e contrata os Correios ou uma transportadora para entregar. É gra-
madas correspondentes em máquinas diferentes são chamadas ças ao endereço que é possível encontrar exatamente a pessoa a ser
de processos parceiros. Em outras palavras, são os processos presenteada. Também é graças ao seu endereço - único para cada
parceiros que se comúnicam utilizando o protocolo. residência ou estabelecimento - que você recebe suas contas de
Na verdade, nenhum dado é transferido diretamente da água, aquele produto que você comprou em uma loja on-line, enfim.
camada n em uma máquina para a camada n em outra máqui- Na internet, o princípio é o mesmo. Para que o seu computa-
na. Em vez disso, cada camada passa dados e informações de dor seja encontrado e possa fazer parte da rede mundial de com-
controle para a camada imediatamente abaixo, até que o nível putadores, necessita ter um endereço único. O mesmo vale para
mais baixo seja alcançado. Abaixo do nível 1 está o meio físico websites: este fica em um servidor, que por sua vez precisa ter um
de comunicação, através do qual a comunicação ocorre. Na Fi- endereço para ser localizado na internet. Isto é feito pelo endereço
gura abaixo, a comunicação virtual é mostrada através de linhas IP (IP Address), recurso que também é utilizado para redes locais,
pontilhadas e a comunicação física através de linhas sólidas. como a existente na empresa que você trabalha, por exemplo.

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O endereço IP é uma sequência de números composta - Os endereços IP da classe B são usados nos casos onde a
de 32 bits. Esse valor consiste em um conjunto de quatro quantidade de redes é equivalente ou semelhante à quantidade de
sequências de 8 bits. Cada uma destas é separada por um dispositivos. Para isso, usam-se os dois primeiros bytes do endereço
ponto e recebe o nome de octeto ou simplesmente byte, já IP para identificar a rede e os restantes para identificar os dispositivos.
que um byte é formado por 8 bits. O número 172.31.110.10 - Os endereços IP da classe C são usados em locais que reque-
é um exemplo. Repare que cada octeto é formado por nú- rem grande quantidade de redes, mas com poucos dispositivos em
meros que podem ir de 0 a 255, não mais do que isso. cada uma. Assim, os três primeiros bytes são usados para identifi-
car a rede e o último é utilizado para identificar as máquinas.
Quanto às classes D e E, elas existem por motivos especiais:
a primeira é usada para a propagação de pacotes especiais para
a comunicação entre os computadores, enquanto que a segun-
da está reservada para aplicações futuras ou experimentais.
A divisão de um IP em quatro partes facilita a organi- Vale frisar que há vários blocos de endereços reservados
zação da rede, da mesma forma que a divisão do seu en- para fins especiais. Por exemplo, quando o endereço começa
dereço em cidade, bairro, CEP, número, etc, torna possível com 127, geralmente indica uma rede “falsa”, isto é, inexisten-
a organização das casas da região onde você mora. Neste te, utilizada para testes. No caso do endereço 127.0.0.1, este
sentido, os dois primeiros octetos de um endereço IP po- sempre se refere à própria máquina, ou seja, ao próprio host,
dem ser utilizados para identificar a rede, por exemplo. Em razão esta que o leva a ser chamado de localhost. Já o endereço
uma escola que tem, por exemplo, uma rede para alunos e 255.255.255.255 é utilizado para propagar mensagens para to-
outra para professores, pode-se ter 172.31.x.x para uma rede dos os hosts de uma rede de maneira simultânea.
e 172.32.x.x para a outra, sendo que os dois últimos octetos
são usados na identificação de computadores. Endereços IP privados
Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são
Classes de endereços IP privados. Isto significa que eles não podem ser utilizados na in-
Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem ser ternet, sendo reservados para aplicações locais. São, essencial-
utilizados tanto para identificar o seu computador dentro de mente, estes:
uma rede, quanto para identificá-lo na internet. -Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255;
Se na rede da empresa onde você trabalha o seu compu- -Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255;
tador tem, como exemplo, IP 172.31.100.10, uma máquina em -Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255.
outra rede pode ter este mesmo número, afinal, ambas as redes
são distintas e não se comúnicam, sequer sabem da existência Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede
da outra. Mas, como a internet é uma rede global, cada dispo- com cerca de 50 computadores. Você pode alocar para estas
sitivo conectado nela precisa ter um endereço único. O mesmo máquinas endereços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50, por exem-
vale para uma rede local: nesta, cada dispositivo conectado deve plo. Todas elas precisam de acesso à internet. O que fazer? Adi-
receber um endereço único. Se duas ou mais máquinas tiverem cionar mais um IP para cada uma delas? Não. Na verdade, basta
o mesmo IP, tem-se então um problema chamado “conflito de conectá-las a um servidor ou equipamento de rede - como um
IP”, que dificulta a comunicação destes dispositivos e pode in- roteador - que receba a conexão à internet e a compartilhe com
clusive atrapalhar toda a rede. todos os dispositivos conectados a ele. Com isso, somente este
Para que seja possível termos tanto IPs para uso em redes equipamento precisará de um endereço IP para acesso à rede
locais quanto para utilização na internet, contamos com um mundial de computadores.
esquema de distribuição estabelecido pelas entidades IANA
(Internet Assigned Numbers Authority) e ICANN (Internet Cor- Máscara de sub-rede
poration for Assigned Names and Numbers) que, basicamente, As classes IP ajudam na organização deste tipo de en-
divide os endereços em três classes principais e mais duas com- dereçamento, mas podem também representar desperdício.
plementares. São elas: Uma solução bastante interessante para isso atende pelo
Classe A: 0.0.0.0 até 127.255.255.255 - permite até 128 re- nome de máscara de sub-rede, recurso onde parte dos nú-
des, cada uma com até 16.777.214 dispositivos conectados; meros que um octeto destinado a identificar dispositivos co-
Classe B: 128.0.0.0 até 191.255.255.255 - permite até 16.384 nectados (hosts) é “trocado” para aumentar a capacidade da
redes, cada uma com até 65.536 dispositivos; rede. Para compreender melhor, vamos enxergar as classes A,
Classe C: 192.0.0.0 até 223.255.255.255 - permite até B e C da seguinte forma:
2.097.152 redes, cada uma com até 254 dispositivos; - A: N.H.H.H;
Classe D: 224.0.0.0 até 239.255.255.255 - multicast; - B: N.N.H.H;
Classe E: 240.0.0.0 até 255.255.255.255 - multicast reservado. - C: N.N.N.H.
As três primeiras classes são assim divididas para atender às
seguintes necessidades: N significa Network (rede) e H indica Host. Com o uso
- Os endereços IP da classe A são usados em locais onde de máscaras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se “trans-
são necessárias poucas redes, mas uma grande quantidade formar” em N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras de
de máquinas nelas. Para isso, o primeiro byte é utilizado como sub-rede permitem determinar quantos octetos e bits são
identificador da rede e os demais servem como identificador destinados para a identificação da rede e quantos são utili-
dos dispositivos conectados (PCs, impressoras, etc); zados para identificar os dispositivos.

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema: se um O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é dado a
octeto é usado para identificação da rede, este receberá a másca- um computador quando este se conecta à rede, mas que muda
ra de sub-rede 255. Mas, se um octeto é aplicado para os dispo- toda vez que há conexão. Por exemplo, suponha que você co-
sitivos, seu valor na máscara de sub-rede será 0 (zero). A tabela a nectou seu computador à internet hoje. Quando você conectá
seguir mostra um exemplo desta relação: -lo amanhã, lhe será dado outro IP. Para entender melhor, ima-
gine a seguinte situação: uma empresa tem 80 computadores
Identi- ligados em rede. Usando IPs dinâmicos, a empresa disponibili-
Identifi- za 90 endereços IP para tais máquinas. Como nenhum IP é fixo,
Endereço ficador Máscara de
Classe cador da um computador receberá, quando se conectar, um endereço
IP do com- sub-rede
rede IP destes 90 que não estiver sendo utilizado. É mais ou menos
putador
A 10.2.68.12 10 2.68.12 255.0.0.0 assim que os provedores de internet trabalham.
B 172.31.101.25 172.31 101.25 255.255.0.0 O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâmicos é
C 192.168.0.10 192.168.0 10 255.255.255.0 o protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol).

Você percebe então que podemos ter redes com máscara IP nos sites
255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indicando uma
classe. Mas, como já informado, ainda pode haver situações onde Você já sabe que os sites na Web também necessitam de
há desperdício. Por exemplo, suponha que uma faculdade tenha um IP. Mas, se você digitar em seu navegador www.infowester.
que criar uma rede para cada um de seus cinco cursos. Cada cur- com, por exemplo, como é que o seu computador sabe qual o
so possui 20 computadores. A solução seria então criar cinco re- IP deste site ao ponto de conseguir encontrá-lo?
des classe C? Pode ser melhor do que utilizar classes B, mas ainda Quando você digitar um endereço qualquer de um site,
haverá desperdício. Uma forma de contornar este problema é um servidor de DNS (Domain Name System) é consultado. Ele
criar uma rede classe C dividida em cinco sub-redes. Para isso, as é quem informa qual IP está associado a cada site. O sistema
máscaras novamente entram em ação. DNS possui uma hierarquia interessante, semelhante a uma ár-
Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas estes, vore (termo conhecido por programadores). Se, por exemplo,
na verdade, representam bytes (linguagem binária). 255 em biná- o site www.infowester.com é requisitado, o sistema envia a soli-
rio é 11111111. O número zero, por sua vez, é 00000000. Assim, a citação a um servidor responsável por terminações “.com”. Esse
máscara de um endereço classe C, 255.255.255.0, é: servidor localizará qual o IP do endereço e responderá à soli-
11111111.11111111.11111111.00000000 citação. Se o site solicitado termina com “.br”, um servidor res-
Perceba então que, aqui, temos uma máscara formada por ponsável por esta terminação é consultado e assim por diante.
24 bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para criarmos as
nossas sub-redes, temos que ter um esquema com 25, 26 ou IPv6
mais bits, conforme a necessidade e as possibilidades. Em outras
palavras, precisamos trocar alguns zeros do último octeto por 1. O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um pas-
Suponha que trocamos os três primeiros bits do último octe- sado não muito distante, você conectava apenas o PC da sua
to (sempre trocamos da esquerda para a direita), resultando em: casa à internet, hoje o faz com o celular, com o seu notebook
11111111.11111111.11111111.11100000 em um serviço de acesso Wi-Fi no aeroporto e assim por dian-
Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de bits “tro- te. Somando este aspecto ao fato de cada vez mais pessoas
cados”, teremos a quantidade possível de sub-redes. Em nosso acessarem a internet no mundo inteiro, nos deparamos com
caso, temos 2^3 = 8. Temos então a possibilidade de criar até oito um grande problema: o número de IPs disponíveis deixa de ser
sub-redes. Sobrou cinco bits para o endereçamento dos host. Fa- suficiente para todas as (futuras) aplicações.
zemos a mesma conta: 2^5 = 32. Assim, temos 32 dispositivos em A solução para este grande problema (grande mesmo, afi-
cada sub-rede (estamos fazendo estes cálculos sem considerar limi- nal, a internet não pode parar de crescer!) atende pelo nome
tações que possam impedir o uso de todos os hosts e sub-redes). de IPv6, uma nova especificação capaz de suportar até - respire
11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resultante é fundo - 340.282.366.920.938.463.463.374.607.431.768.211.456
255.255.255.224. de endereços, um número absurdamente alto!
Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser empre-
gado também em endereços classes A e B, conforme a necessi-
dade. Vale ressaltar também que não é possível utilizar 0.0.0.0 ou
255.255.255.255 como máscara.

IP estático e IP dinâmico

IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado permanentemen-


te a um dispositivo, ou seja, seu número não muda, exceto se tal
ação for executada manualmente. Como exemplo, há casos de
assinaturas de acesso à internet via ADSL onde o provedor atribui O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no au-
um IP estático aos seus assinantes. Assim, sempre que um cliente mento da quantidade de octetos. Um endereço do tipo
se conectar, usará o mesmo IP. pode ser, por exemplo:
FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Finalizando URL - Uniform Resource Locator


Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que a
especificação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do mapa. Tudo na Internet tem um endereço, ou seja, uma identifi-
Isso até deve acontecer, mas vai demorar bastante. Durante cação de onde está localizado o computador e quais recursos
essa fase, que podemos considerar de transição, o que ve- este computador oferece. Por exemplo, a URL:
remos é a “convivência” entre ambos os padrões. Não por http://www.novaconcursos.com.br
menos, praticamente todos os sistemas operacionais atuais Será mais bem explicado adiante.
e a maioria dos dispositivos de rede estão aptos a lidar tanto
com um quanto com o outro. Por isso, se você é ou pretende Como descobrir um endereço na Internet?
ser um profissional que trabalha com redes ou simplesmen-
te quer conhecer mais o assunto, procure se aprofundar nas Para que possamos entender melhor, vamos exemplificar.
duas especificações. Você estuda em uma universidade e precisa fazer algumas
A esta altura, você também deve estar querendo desco- pesquisas para um trabalho. Onde procurar as informações
brir qual o seu IP. Cada sistema operacional tem uma forma que preciso?
de mostrar isso. Se você é usuário de Windows, por exem- Para isso, existem na Internet os “famosos” sites de procura,
plo, pode fazê-lo digitando cmd em um campo do Menu que são sites que possuem um enorme banco de dados (que
Iniciar e, na janela que surgir, informar ipconfig /all e apertar contém o cadastro de milhares de Home Pages), que permitem
Enter. Em ambientes Linux, o comando é ifconfig. a procura por um determinado assunto. Caso a palavra ou o
assunto que foi procurado exista em alguma dessas páginas,
será listado toda esta relação de páginas encontradas.
A pesquisa pode ser realizada com uma palavra, referente
ao assunto desejado. Por exemplo, você quer pesquisar sobre
amortecedores, caso não encontre nada como amortecedores,
procure como autopeças, e assim sucessivamente.

Barra de endereços

A Barra de Endereços possibilita que se possa navegar em


páginas da internet, bastando para isto digitar o endereço da
página.
Alguns sites interessantes:
Perceba, no entanto, que se você estiver conectado a • www.diariopopular.com.br (Jornal Diário Popular)
partir de uma rede local - tal como uma rede wireless - vi- • www.ufpel.tche.br (Ufpel)
sualizará o IP que esta disponibiliza à sua conexão. Para sa- • www.cefetrs.tche.br (Cefet)
ber o endereço IP do acesso à internet em uso pela rede, • www.servidor.gov.br (Informações sobre servidor públi-
você pode visitar sites como whatsmyip.org. co)
• www.siapenet.gog.br (contracheque)
Provedor • www.pelotas.com.br (Site Oficial de Pelotas)
• www.mec.gov.br (Ministério da Educação)
O provedor é uma empresa prestadora de serviços que
oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é necessá- Identificação de endereços de um site
rio conectar-se com um computador que já esteja na Inter-
net (no caso, o provedor) e esse computador deve permitir Exemplo: http://www.pelotas.com.br
que seus usuários também tenham acesso a Internet. http:// -> (Hiper Text Tranfer Protocol) protocolo de comu-
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada à nicação
Embratel, que por sua vez, está conectada com outros com- WWW -> (World Wide Web) Grande rede mundial
putadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link, que é a pelotas -> empresa ou organização que mantém o site
conexão física que interliga o provedor de acesso com a Em- .com -> tipo de organização
bratel. Neste caso, a Embratel é conhecida como backbone, ......br -> identifica o país
ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet no Brasil. Pode-se
imaginar o backbone como se fosse uma avenida de três Tipos de Organizações:
pistas e os links como se fossem as ruas que estão interliga-
das nesta avenida. .edu -> instituições educacionais. Exemplo: michigam.edu
Tanto o link como o backbone possui uma velocidade .com -> instituções comerciais. Exemplo: microsoft.com
de transmissão, ou seja, com qual velocidade ele transmite .gov -> governamental. Exemplo: fazenda.gov
os dados. Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo). .mil -> instalação militar. Exemplo: af.mil
Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso, que .net -> computadores com funções de administrar redes.
fornecerá um nome de usuário, uma senha de acesso e um Exemplo: embratel.net
endereço eletrônico na Internet. .org -> organizações não governamentais. Exemplo: care.org

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Home Page Como copiar e colar para um editor de textos

Pela definição técnica temos que uma Home Page é um Selecionar o conteúdo ou figura da página. Clicar com o
arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de computado- botão direito do mouse e escolha a opção Copiar.
res rodando um Navegador (Browser), que permite o acesso
às informações em um ambiente gráfico e multimídia. Todo
em hipertexto, facilitando a busca de informações dentro das
Home Pages.
O endereço de Home Pages tem o seguinte formato:
http://www.endereço.com/página.html
Por exemplo, a página principal da Pronag:
http://www.pronag.com.br/index.html

PLUG-INS
Abra o editor de texto clique em colar
Os plug-ins são programas que expandem a capacidade
do Browser em recursos específicos - permitindo, por exem- Navegadores
plo, que você toque arquivos de som ou veja filmes em vídeo O navegador de WWW é a ferramenta mais importante para
dentro de uma Home Page. As empresas de software vêm o usuário de Internet. É com ele que se podem visitar museus, ler
desenvolvendo plug-ins a uma velocidade impressionante. revistas eletrônicas, fazer compras e até participar de novelas inte-
Maiores informações e endereços sobre plug-ins são encon- rativas. As informações na Web são organizadas na forma de pági-
tradas na página: nas de hipertexto, cada um com seu endereço próprio, conhecido
http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Soft- como URL. Para começar a navegar, é preciso digitar um desses en-
ware/Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indices/ dereços no campo chamado Endereço no navegador. O software
Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo te- estabelece a conexão e traz, para a tela, a página correspondente.
mos uma relação de alguns deles: O navegador não precisa de nenhuma configuração especial
- 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime, etc.). para exibir uma página da Web, mas é necessário ajustar alguns pa-
- Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.). râmetros para que ele seja capaz de enviar e receber algumas men-
- Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP, sagens de correio eletrônico e acessar grupos de discussão (news).
PCX, etc.). O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no Cen-
- Negócios e Utilitários tro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la Recherche
- Apresentações Nucleaire), Suíça. Originalmente, o WWW era um meio para fí-
sicos da CERN trocar experiências sobre suas pesquisas através
FTP - Transferência de Arquivos da exibição de páginas de texto. Ficou claro, desde o início, o
imenso potencial que o WWW possuía para diversos tipos de
Permite copiar arquivos de um computador da Internet aplicações, inclusive não científicas.
para o seu computador. O WWW não dispunha de gráficos em seus primórdios,
Os programas disponíveis na Internet podem ser: apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto WWW
• Freeware: Programa livre que pode ser distribuído e ganhou força extra com a inserção de um visualizador (tam-
utilizado livremente, não requer nenhuma taxa para sua utili- bém conhecido como browser) de páginas capaz não apenas
de formatar texto, mas também de exibir gráficos, som e vídeo.
zação, e não é considerado “pirataria” a cópia deste programa.
Este browser chamava-se Mosaic e foi desenvolvido dentro da
• Shareware: Programa demonstração que pode ser
NCSA, por um time chefiado por Mark Andreesen. O sucesso
utilizado por um determinado prazo ou que contém alguns li-
do Mosaic foi espetacular.
mites, para ser utilizado apenas como um teste do programa.
Depois disto, várias outras companhias passaram a produ-
Se o usuário gostar ele compra, caso contrário, não usa mais o
zir browsers que deveriam fazer concorrência ao Mosaic. Mark
programa. Na maioria das vezes, esses programas exibem, de
Andreesen partiu para a criação da Netscape Commúnications,
tempos em tempos, uma mensagem avisando que ele deve criadora do browser Netscape.
ser registrado. Outros tipos de shareware têm tempo de uso Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic, o
limitado. Depois de expirado este tempo de teste, é necessá- Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos outros
rio que seja feita a compra deste programa. browsers.
Navegar nas páginas Busca e pesquisa na web
Consiste percorrer as páginas na internet a partir de um Os sites de busca servem para procurar por um determina-
documento normal e de links das próprias páginas. do assunto ou informação na internet.
Alguns sites interessantes:
Como salvar documentos, arquivos e sites • www.google.com.br
• http://br.altavista.com
Clique no menu Arquivo e na opção Salvar como. • http://cade.search.yahoo.com
• http://br.bing.com/

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Como fazer a pesquisa Diretórios: pesquisa o conteúdo da internet organizados


Digite na barra de endereço o endereço do site de pesqui- por assunto em categorias. Exemplo:
sa. Por exemplo:
www.google.com.br

Como escolher palavra-chave

• Busca com uma palavra: retorna páginas que in-


cluam a palavra digitada.
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas
que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a
sequência de termos que foram digitadas.
• Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna pá-
ginas que incluam todas
Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pes- • as palavras aleatoriamente na página.
quisa. • Busca com sinal de menos (-): as palavras que ficam
antes do sinal de menos são excluídas da pesquisa.
• Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um cál-
culo em um site de pesquisa.

Por exemplo: 3+4


Irá retornar:
Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na
pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem palavras
com ou sem acento.

Opções de pesquisa
O resultado da pesquisa
O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte forma:
Web: pesquisa em todos os sites
Imagens: pesquisa por imagens anexadas nas páginas.
Exemplo do resultado se uma pesquisa.

INTRANET

A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de


uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes de
Grupos: pesquisa nos grupos de discussão da Usenet. comunicação internas baseadas na tecnologia usada na In-
Exemplo: ternet. Como um jornal editado internamente, e que pode
ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e
departamentos, mesclando (com segurança) as suas infor-
mações particulares dentro da estrutura de comúnicações
da empresa.
O grande sucesso da Internet, é particularmente da
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na
evolução da informática nos últimos anos.

7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos interliga- Para acessar as informações disponíveis na Web corporati-
dos através de vínculos, ou links) e a enorme facilidade de se criar, va, o funcionário praticamente não precisa ser treinado. Afinal,
interligar e disponibilizar documentos multimídia (texto, gráficos, o esforço de operação desses programas se resume quase so-
animações, etc.), democratizaram o acesso à informação através de mente em clicar nos links que remetem às novas páginas. No
redes de computadores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca entanto, a simplicidade de uma intranet termina aí. Projetar e
base de usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos de implantar uma rede desse tipo é uma tarefa complexa e exige
informática e de navegação na Internet. Finalmente, surgiram muitas a presença de profissionais especializados. Essa dificuldade au-
ferramentas de software de custo zero ou pequeno, que permitem menta com o tamanho da intranet, sua diversidade de funções
a qualquer organização ou empresa, sem muito esforço, “entrar na e a quantidade de informações nela armazenadas.
rede” e começar a acessar e colocar informação. O resultado inevitá- A intranet é baseada em quatro conceitos:
vel foi a impressionante explosão na informação disponível na Inter- • Conectividade - A base de conexão dos computa-
net que, segundo consta, está dobrando de tamanho a cada mês. dores ligados através de uma rede, e que podem transferir
Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito, que qualquer tipo de informação digital entre si;
tem interessado um número cada vez maior de empresas, hos- • Heterogeneidade - Diferentes tipos de computado-
pitais, faculdades e outras organizações interessadas em integrar res e sistemas operacionais podem ser conectados de forma
informações e usuários: a intranet. Seu advento e disseminação transparente;
promete operar uma revolução tão profunda para a vida orga- • Navegação - É possível passar de um documento a
nizacional, quanto o aparecimento das primeiras redes locais de outro através de referências ou vínculos de hipertexto, que
computadores, no final da década de 80. facilitam o acesso não linear aos documentos;
• Execução Distribuída - Determinadas tarefas de
O que é Intranet? acesso ou manipulação na intranet só podem ocorrer gra-
ças à execução de programas aplicativos, que podem estar
O termo “intranet” começou a ser usado em meados de no servidor, ou nos microcomputadores que acessam a rede
1995 por fornecedores de produtos de rede para se referirem (também chamados de clientes, daí surgiu a expressão que
ao uso dentro das empresas privadas de tecnologias projetadas
caracteriza a arquitetura da intranet: cliente-servidor). A van-
para a comunicação por computador entre empresas. Em outras
tagem da intranet é que esses programas são ativados atra-
palavras, uma intranet consiste em uma rede privativa de com-
vés da WWW, permitindo grande flexibilidade. Determinadas
putadores que se baseia nos padrões de comunicação de dados
linguagens, como Java, assumiram grande importância no
da Internet pública, baseadas na tecnologia usada na Internet
desenvolvimento de softwares aplicativos que obedeçam aos
(páginas HTML, e-mail, FTP, etc.) que vêm, atualmente fazendo
três conceitos anteriores.
muito sucesso. Entre as razões para este sucesso, estão o custo
de implantação relativamente baixo e a facilidade de uso propi-
ciada pelos programas de navegação na Web, os browsers. Como montar uma Intranet

Objetivo de construir uma Intranet Basicamente a montagem de uma intranet consiste em


usar as estruturas de redes locais existentes na maioria das
Organizações constroem uma intranet porque ela é uma empresas, e em instalar um servidor Web.
ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente para econo-
mizar tempo, diminuir as desvantagens da distância e alavancar Servidor Web - É a máquina que faz o papel de repositó-
sobre o seu maior patrimônio de capital-funcionários com co- rio das informações contidas na intranet. É lá que os clientes
nhecimentos das operações e produtos da empresa. vão buscar as páginas HTML, mensagens de e-mail ou qual-
quer outro tipo de arquivo.
Aplicações da Intranet
Protocolos - São os diferentes idiomas de comunicação
Já é ponto pacífico que se apoiarmos a estrutura de co- utilizados. O servidor deve abrigar quatro protocolos. O pri-
múnicações corporativas em uma intranet dá para simplificar o meiro é o HTTP, responsável pela comunicação do browser
trabalho, pois estamos virtualmente todos na mesma sala. De com o servidor, em seguida vem o SMTP ligado ao envio de
qualquer modo, é cedo para se afirmar onde a intranet vai ser mensagens pelo e-mail, e o FTP usado na transferência de
mais efetiva para unir (no sentido operacional) os diversos pro- arquivos. Independentemente das aplicações utilizadas na in-
fissionais de uma empresa. Mas em algumas áreas já se vislum- tranet, todas as máquinas nela ligadas devem falar um idioma
bram benefícios, por exemplo: comum: o TCP/IP, protocolo da Internet.
• Marketing e Vendas - Informações sobre produtos, lis- Identificação do Servidor e das Estações - Depois de de-
tas de preços, promoções, planejamento de eventos; finidos os protocolos, o sistema já sabe onde achar as infor-
• Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de Tra- mações e como requisitá-las. Falta apenas saber o nome de
balho), planejamentos, listas de responsabilidades de membros quem pede e de quem solicita. Para isso existem dois progra-
das equipes, situações de projetos; mas: o DNS que identifica o servidor e o DHCP (Dinamic Host
• Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sistemas de Configuration Protocol) que atribui nome às estações clientes.
melhoria contínua (Sistema de Sugestões), manuais de qualidade; Estações da Rede - Nas estações da rede, os funcionários
• Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apostilas, acessam as informações colocadas à sua disposição no ser-
políticas da companhia, organograma, oportunidades de traba- vidor. Para isso usam o Web browser, software que permite
lho, programas de desenvolvimento pessoal, benefícios. folhear os documentos.

8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Comparando Intranet com Internet • Número Limitado de Ferramentas - Há um número limi-


tado de ferramentas para conectar um servidor Web a bancos
Na verdade as diferenças entre uma intranet e a Internet, é uma de dados ou outros aplicativos back-end. As intranets exigem
questão de semântica e de escala. Ambas utilizam as mesmas téc- uma rede TCP/IP, ao contrário de outras soluções de software
nicas e ferramentas, os mesmos protocolos de rede e os mesmos para grupo de trabalho que funcionam com os protocolos de
produtos servidores. O conteúdo na Internet, por definição, fica dis- transmissão de redes local existentes;
ponível em escala mundial e inclui tudo, desde uma home-page de • Ausência de Replicação Embutida – As intranets não apresentam
alguém com seis anos de idade até as previsões do tempo. A maior nenhuma replicação embutida para usuários remotos. A HMTL não é
parte dos dados de uma empresa não se destina ao consumo exter- poderosa o suficiente para desenvolver aplicativos cliente/servidor.
no, na verdade, alguns dados, tais como as cifras das vendas, clien- Como a Intranet é ligada à Internet
tes e correspondências legais, devem ser protegidos com cuidado.
E, do ponto de vista da escala, a Internet é global, uma intranet está
contida dentro de um pequeno grupo, departamento ou organiza-
ção corporativa. No extremo, há uma intranet global, mas ela ainda
conserva a natureza privada de uma Internet menor. A Internet e
a Web ficaram famosas, com justa razão, por serem uma mistura
caótica de informações úteis e irrelevantes, o meteórico aumento da
popularidade de sites da Web dedicados a índices e mecanismos de
busca é uma medida da necessidade de uma abordagem organi-
zada. Uma intranet aproveita a utilidade da Internet e da Web num
ambiente controlado e seguro.

Vantagens e Desvantagens da Intranet

Alguns dos benefícios são:


Segurança da Intranet
• Redução de custos de impressão, papel, distribuição de
software, e-mail e processamento de pedidos; Três tecnologias fornecem segurança ao armazenamento e
• Redução de despesas com telefonemas e pessoal no su- à troca de dados em uma rede: autenticação, controle de acesso
porte telefônico; e criptografia.
• Maior facilidade e rapidez no acesso as informações téc- Autenticação - É o processo que consiste em verificar se um
nicas e de marketing; usuário é realmente quem alega ser. Os documentos e dados po-
• Maior rapidez e facilidade no acesso a localizações remotas; dem ser protegidos através da solicitação de uma combinação de
• Incrementa o acesso a informações da concorrência; nome do usuário/senha, ou da verificação do endereço IP do so-
• Uma base de pesquisa mais compreensiva; licitante, ou de ambas. Os usuários autenticados têm o acesso au-
• Facilidade de acesso a consumidores (clientes) e parceiros torizado ou negado a recursos específicos de uma intranet, com
(revendas); base em uma ACL (Access Control List) mantida no servidor Web;
• Aumento da precisão e redução de tempo no acesso à Criptografia - É a conversão dos dados para um formato
informação; que pode ser lido por alguém que tenha uma chave secreta de
• Uma única interface amigável e consistente para aprender descriptografia. Um método de criptografia amplamente utiliza-
e usar; do para a segurança de transações Web é a tecnologia de cha-
• Informação e treinamento imediato (Just in Time); ve pública, que constitui a base do HTTPS - um protocolo Web
• As informações disponíveis são visualizadas com clareza; seguro;
• Redução de tempo na pesquisa a informações; Firewall - Você pode proporcionar uma comunicação segu-
• Compartilhamento e reutilização de ferramentas e infor- ra entre uma intranet e a Internet através de servidores proxy,
mação; que são programas que residem no firewall e permitem (ou não)
• Redução no tempo de configuração e atualização dos a transmissão de pacotes com base no serviço que está sendo
sistemas; solicitado. Um proxy HTTP, por exemplo, pode permitir que na-
• Simplificação e/ou redução das licenças de software e outros; vegadores Webs internos da empresa acessem servidores Web
• Redução de custos de documentação; externos, mas não o contrário.
• Redução de custos de suporte;
• Redução de redundância na criação e manutenção de páginas; Dispositivos para realização de Cópias de Segurança
• Redução de custos de arquivamento;
• Compartilhamento de recursos e habilidade. Os dispositivos para a realização de cópias de seguran-
ça do(s) servidor(es) constituem uma das peças de especial
Alguns dos empecilhos são: importância. Por exemplo, unidades de disco amovíveis com
• Aplicativos de Colaboração - Os aplicativos de colaboração, grande capacidade de armazenamento, tapes...
não são tão poderosos quanto os oferecidos pelos programas Queremos ainda referir que para o funcionamento de
para grupos de trabalho tradicionais. É necessário configurar e uma rede existem outros conceitos como topologias/configu-
manter aplicativos separados, como e-mail e servidores Web, em rações (rede linear, rede em estrela, rede em anel, rede em
vez de usar um sistema unificado, como faria com um pacote de árvore, rede em malha …), métodos de acesso, tipos de cabos,
software para grupo de trabalho; protocolos de comunicação, velocidade de transmissão …

9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MAINFRAMES
2 CONCEITOS BÁSICOS E MODOS
DE UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS,
FERRAMENTAS, APLICATIVOS E
PROCEDIMENTOS DE INFORMÁTICA.

HISTÓRICO

Os primeiros computadores construídos pelo homem


foram idealizados como máquinas para processar números
(o que conhecemos hoje como calculadoras), porém, tudo
era feito fisicamente.
Existia ainda um problema, porque as máquinas pro-
cessavam os números, faziam operações aritméticas, mas
depois não sabiam o que fazer com o resultado, ou seja, Os computadores podem ser classificados pelo porte. Basi-
eram simplesmente máquinas de calcular, não recebiam camente, existem os de grande porte ― mainframes ― e os de
instruções diferentes e nem possuíam uma memória. Até pequeno porte ― microcomputadores ― sendo estes últimos
então, os computadores eram utilizados para pouquíssimas divididos em duas categorias: desktops ou torres e portáteis
funções, como calcular impostos e outras operações. Os (notebooks, laptops, handhelds e smartphones).
computadores de uso mais abrangente apareceram logo Conceitualmente, todos eles realizam funções internas
depois da Segunda Guerra Mundial. Os EUA desenvolveram idênticas, mas em escalas diferentes. Os mainframes se desta-
― secretamente, durante o período ― o primeiro grande cam por ter alto poder de processamento, muita capacidade
de memória e por controlar atividades com grande volume de
computador que calculava trajetórias balísticas. A partir daí,
dados. Seu custo é bastante elevado. São encontrados, geral-
o computador começou a evoluir num ritmo cada vez mais
mente, em bancos, grandes empresas e centros de pesquisa.
acelerado, até chegar aos dias de hoje.
CLASSIFICAÇÃO DOS COMPUTADORES
Código Binário, Bit e Byte
A classificação de um computador pode ser feita de diver-
O sistema binário (ou código binário) é uma representa- sas maneiras. Podem ser avaliados:
ção numérica na qual qualquer unidade pode ser demons- • Capacidade de processamento;
trada usando-se apenas dois dígitos: 0 e 1. Esta é a única • Velocidade de processamento;
linguagem que os computadores entendem. Cada um dos • Capacidade de armazenamento das informações;
dígitos utilizados no sistema binário é chamado de Binary • Sofisticação do software disponível e compatibilidade;
Digit (Bit), em português, dígito binário e representa a me- • Tamanho da memória e tipo de CPU (Central Proces-
nor unidade de informação do computador. sing Uni), Unidade Central de Processamento.
Os computadores geralmente operam com grupos de
bits. Um grupo de oito bits é denominado Byte. Este pode TIPOS DE MICROCOMPUTADORES
ser usado na representação de caracteres, como uma letra
(A-Z), um número (0-9) ou outro símbolo qualquer (#, %, *,?, Os microcomputadores atendem a uma infinidade de apli-
@), entre outros. cações. São divididos em duas plataformas: PC (computadores
Assim como podemos medir distâncias, quilos, tama- pessoais) e Macintosh (Apple).
nhos etc., também podemos medir o tamanho das informa- Os dois padrões têm diversos modelos, configurações e opcio-
ções e a velocidade de processamento dos computadores. A nais. Além disso, podemos dividir os microcomputadores em desk-
medida padrão utilizada é o byte e seus múltiplos, conforme tops, que são os computadores de mesa, com uma torre, teclado,
demonstramos na tabela abaixo: mouse e monitor e portáteis, que podem ser levados a qualquer lugar.

DESKTOPS

São os computadores mais comuns. Geralmente dispõem


de teclado, mouse, monitor e gabinete separados fisicamente
e não são movidos de lugar frequentemente, uma vez que têm
todos os componentes ligados por cabos.
São compostos por:
• Monitor (vídeo)
• Teclado
• Mouse
• Gabinete: Placa-mãe, CPU (processador), memórias,
drives, disco rígido (HD), modem, portas USB etc.

10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

PORTÁTEIS Hardware

Os computadores portáteis possuem todas as partes in- Hardware é toda a parte física que compõe o sistema de
tegradas num só conjunto. Mouse, teclado, monitor e gabi- processamento de dados: equipamentos e suprimentos tais
nete em uma única peça. Os computadores portáteis come- como: CPU, disquetes, formulários, impressoras.
çaram a aparecer no início dos anos 80, nos Estados Unidos e
hoje podem ser encontrados nos mais diferentes formatos e Software
tamanhos, destinados a diferentes tipos de operações.
É toda a parte lógica do sistema de processamento de
LAPTOPS dados. Desde os dados que armazenamos no hardware, até
os programas que os processam.
Também chamados de notebooks, são computadores
portáteis, leves e produzidos para serem transportados facil- Peopleware
mente. Os laptops possuem tela, geralmente de Liquid Crystal
Display (LCD), teclado, mouse (touchpad), disco rígido, drive Esta é a parte humana do sistema: usuários (aqueles que
de CD/DVD e portas de conexão. Seu nome vem da junção usam a informática como um meio para a sua atividade fim),
das palavras em inglês lap (colo) e top (em cima), significan- programadores e analistas de sistemas (aqueles que usam a
do “computador que cabe no colo de qualquer pessoa”. informática como uma atividade fim).
Embora não pareça, a parte mais complexa de um siste-
NETBOOKS ma de processamento de dados é, sem dúvida o Peoplewa-
re, pois por mais moderna que sejam os equipamentos, por
São computadores portáteis muito parecidos com o no- mais fartos que sejam os suprimentos, e por mais inteligente
tebook, porém, em tamanho reduzido, mais leves, mais bara- que se apresente o software, de nada adiantará se as pessoas
tos e não possuem drives de CD/ DVD. (peopleware) não estiverem devidamente treinadas a fazer e
usar a informática.
O alto e acelerado crescimento tecnológico vem aprimo-
PDA
rando o hardware, seguido de perto pelo software. Equipa-
mentos que cabem na palma da mão, softwares que transfor-
É a abreviação do inglês Personal Digital Assistant e tam-
mam fantasia em realidade virtual não são mais novidades.
bém são conhecidos como palmtops. São computadores pe-
Entretanto, ainda temos em nossas empresas pessoas que
quenos e, geralmente, não possuem teclado. Para a entrada
sequer tocaram algum dia em um teclado de computador.
de dados, sua tela é sensível ao toque. É um assistente pes- Mesmo nas mais arrojadas organizações, o relaciona-
soal com boa quantidade de memória e diversos programas mento entre as pessoas dificulta o trâmite e consequente
para uso específico. processamento da informação, sucateando e subutilizando
equipamentos e softwares. Isto pode ser vislumbrado, sobre-
SMARTPHONES tudo nas instituições públicas.
São telefones celulares de última geração. Possuem alta POR DENTRO DO GABINETE
capacidade de processamento, grande potencial de armaze-
namento, acesso à Internet, reproduzem músicas, vídeos e
têm outras funcionalidades.

Sistema de Processamento de Dados

Quando falamos em “Processamento de Dados” trata-


mos de uma grande variedade de atividades que ocorre tan-
to nas organizações industriais e comerciais, quanto na vida
diária de cada um de nós.
Para tentarmos definir o que seja processamento de da-
dos temos de ver o que existe em comum em todas estas
atividades. Ao analisarmos, podemos perceber que em to-
das elas são dadas certas informações iniciais, as quais cha- Identificaremos as partes internas do computador, loca-
mamos de dados. E que estes dados foram sujeitos a certas lizadas no gabinete ou torre:
transformações, com as quais foram obtidas as informações.
O processamento de dados sempre envolve três fases • Motherboard (placa-mãe)
essenciais: Entrada de Dados, Processamento e Saída da In- • Processador
formação. • Memórias
Para que um sistema de processamento de dados fun- • Fonte de Energia
cione ao contento, faz-se necessário que três elementos fun- • Cabos
cionem em perfeita harmonia, são eles: • Drivers
• Portas de Entrada/Saída

11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MOTHERBOARD (PLACA-MÃE)

É uma das partes mais importantes do computador. A O BIOS é gravado em um chip de memória do tipo
motherboard é uma placa de circuitos integrados que serve EPROM (Erased Programmable Read Only Memory). É um tipo
de suporte para todas as partes do computador. de memória “não volátil”, isto é, desligando o computador não
Praticamente tudo fica conectado à placa-mãe de algu- há a perda das informações (programas) nela contida. O BIOS
ma maneira, seja por cabos ou por meio de barramentos. contém 2 programas: POST (Power On Self Test) e SETUP para
A placa mãe é desenvolvida para atender às característi- teste do sistema e configuração dos parâmetros de inicializa-
cas especificas de famílias de processadores, incluindo até a ção, respectivamente, e de funções básicas para manipulação
possibilidade de uso de processadores ainda não lançados, do hardware utilizadas pelo Sistema Operacional.
mas que apresentem as mesmas características previstas na Quando inicializamos o sistema, um programa chamado
placa. POST conta a memória disponível, identifica dispositivos plu-
A placa mãe é determinante quanto aos componentes g-and-play e realiza uma checagem geral dos componentes
que podem ser utilizados no micro e sobre as possibilidades instalados, verificando se existe algo de errado com algum
de upgrade, influenciando diretamente na performance do componente. Após o término desses testes, é emitido um re-
micro. latório com várias informações sobre o hardware instalado no
micro. Este relatório é uma maneira fácil e rápida de verificar
Diversos componentes integram a placa-mãe, como: a configuração de um computador. Para paralisar a imagem
• Chipset tempo suficiente para conseguir ler as informações, basta
Denomina-se chipset os circuitos de apoio ao micro- pressionar a tecla “pause/break” do teclado.
computador que gerenciam praticamente todo o funciona- Caso seja constatado algum problema durante o POST,
mento da placa-mãe (controle de memória cache, DRAM, serão emitidos sinais sonoros indicando o tipo de erro encon-
controle do buffer de dados, interface com a CPU, etc.). trado. Por isso, é fundamental a existência de um alto-falante
O chipset é composto internamente de vários outros conectado à placa mãe.
pequenos chips, um para cada função que ele executa. Há Atualmente algumas motherboards já utilizam chips de
um chip controlador das interfaces IDE, outro controlador memória com tecnologia flash. Memórias que podem ser
das memórias, etc. Existem diversos modelos de chipsets, atualizadas por software e também não perdem seus dados
cada um com recursos bem diferentes. quando o computador é desligado, sem necessidade de ali-
Devido à complexidade das motherboards, da sofistica- mentação permanente.
ção dos sistemas operacionais e do crescente aumento do As BIOS mais conhecidas são: AMI, Award e Phoenix. 50%
clock, o chipset é o conjunto de CIs (circuitos integrados) dos micros utilizam BIOS AMI.
mais importante do microcomputador. Fazendo uma analo-
gia com uma orquestra, enquanto o processador é o maes- • Memória CMOS
tro, o chipset seria o resto!
CMOS (Complementary Metal-Oxide Semicondutor) é
• BIOS uma memória formada por circuitos integrados de baixíssimo
consumo de energia, onde ficam armazenadas as informações
O BIOS (Basic Input Output System), ou sistema básico do sistema (setup), acessados no momento do BOOT. Estes
de entrada e saída, é a primeira camada de software do mi- dados são atribuídos na montagem do microcomputador re-
cro, um pequeno programa que tem a função de “iniciar” fletindo sua configuração (tipo de winchester, números e tipo
o microcomputador. Durante o processo de inicialização, o de drives, data e hora, configurações gerais, velocidade de me-
BIOS é o responsável pelo reconhecimento dos componen- mória, etc.) permanecendo armazenados na CMOS enquanto
tes de hardware instalados, dar o boot, e prover informações houver alimentação da bateria interna. Algumas alterações no
básicas para o funcionamento do sistema. hardware (troca e/ou inclusão de novos componentes) podem
O BIOS é a camada (vide diagrama 1.1) que viabiliza a implicar na alteração de alguns desses parâmetros.
utilização de Sistemas Operacionais diferentes (Linux, Unix, Muitos desses itens estão diretamente relacionados com
Hurd, BSD, Windows, etc.) no microcomputador. É no BIOS o processador e seu chipset e, portanto, é recomendável usar
que estão descritos os elementos necessários para operacio- os valores default sugerido pelo fabricante da BIOS. Mudanças
nalizar o Hardware, possibilitando aos diversos S.O. acesso nesses parâmetros pode ocasionar o travamento da máquina,
aos recursos independe de suas características específicas. intermitência na operação, mau funcionamento dos drives e
até perda de dados do HD.

12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Slots para módulos de memória Assim como a velocidade de clock, a arquitetura inter-
Na época dos micros XT e 286, os chips de memória eram na de um microprocessador tem influência na sua performance.
encaixados (ou até soldados) diretamente na placa mãe, um a Dessa forma, 2 CPUs com a mesma velocidade de clock não ne-
um. O agrupamento dos chips de memória em módulos (pen- cessariamente trabalham igualmente. Enquanto um processador
tes), inicialmente de 30 vias, e depois com 72 e 168 vias, permi- Intel 80286 requer 20 ciclos para multiplicar 2 números, um Intel
tiu maior versatilidade na composição dos bancos de memória 80486 (ou superior) pode fazer o mesmo cálculo em um simples
de acordo com as necessidades das aplicações e dos recursos ciclo. Por essa razão, estes novos processadores poderiam ser 20
financeiros disponíveis. vezes mais rápido que os antigos mesmo se a velocidade de clock
Durante o período de transição para uma nova tecnologia fosse a mesma. Além disso, alguns microprocessadores são supe-
é comum encontrar placas mãe com slots para mais de um rescalares, o que significa que eles podem executar mais de uma
modelo. Atualmente as placas estão sendo produzidas apenas instrução por ciclo.
com módulos de 168 vias, mas algumas comportam memórias Como as CPUs, os barramentos de expansão também têm a
de mais de um tipo (não simultaneamente): SDRAM, Rambus sua velocidade de clock. Seria ideal que as velocidades de clock
ou DDR-SDRAM. da CPU e dos barramentos fossem a mesma para que um com-
• Clock ponente não deixe o outro mais lento. Na prática, a velocidade
Relógio interno baseado num cristal de Quartzo que gera de clock dos barramentos é mais lenta que a velocidade da CPU.
um pulso elétrico. A função do clock é sincronizar todos os • Overclock
circuitos da placa mãe e também os circuitos internos do pro- Overclock é o aumento da frequência do processador para
cessador para que o sistema trabalhe harmonicamente. que ele trabalhe mais rapidamente.
Estes pulsos elétricos em intervalos regulares são medidos A frequência de operação dos computadores domésticos é
pela sua frequência cuja unidade é dada em hertz (Hz). 1 MHz determinada por dois fatores:
é igual a 1 milhão de ciclos por segundo. Normalmente os • A velocidade de operação da placa-mãe, conhecida tam-
processadores são referenciados pelo clock ou frequência de bém como velocidade de barramento, que nos computadores
operação: Pentium IV 2.8 MHz. Pentium pode ser de 50, 60 e 66 MHz.
• Um multiplicador de clock, criado a partir dos 486 que per-
PROCESSADOR mite ao processador trabalhar internamente a uma velocidade
maior que a da placa-mãe. Vale lembrar que os outros periféricos
do computador (memória RAM, cache L2, placa de vídeo, etc.)
continuam trabalhando na velocidade de barramento.
Como exemplo, um computador Pentium 166 trabalha com
velocidade de barramento de 66 MHz e multiplicador de 2,5x. Fa-
zendo o cálculo, 66 x 2,5 = 166, ou seja, o processador trabalha
a 166 MHz, mas se comúnica com os demais componentes do
micro a 66 MHz.
Tendo um processador Pentium 166 (como o do exemplo
acima), pode-se fazê-lo trabalhar a 200 MHz, simplesmente au-
mentando o multiplicador de clock de 2,5x para 3x. Caso a placa-
mãe permita, pode-se usar um barramento de 75 ou até mesmo
O microprocessador, também conhecido como proces- 83 MHz (algumas placas mais modernas suportam essa veloci-
sador, consiste num circuito integrado construído para reali- dade de barramento). Neste caso, mantendo o multiplicador de
zar cálculos e operações. Ele é a parte principal do computa- clock de 2,5x, o Pentium 166 poderia trabalhar a 187 MHz (2,5 x
dor, mas está longe de ser uma máquina completa por si só: 75) ou a 208 MHz (2,5 x 83). As frequências de barramento e do
para interagir com o usuário é necessário memória, disposi- multiplicador podem ser alteradas simplesmente através de jum-
tivos de entrada e saída, conversores de sinais, entre outros. pers de configuração da placa-mãe, o que torna indispensável
É o processador quem determina a velocidade de pro- o manual da mesma. O aumento da velocidade de barramento
cessamento dos dados na máquina. Os primeiros modelos da placa-mãe pode criar problemas caso algum periférico (como
comerciais começaram a surgir no início dos anos 80. memória RAM, cache L2, etc.) não suporte essa velocidade.
• Clock Speed ou Clock Rate Quando se faz um overclock, o processador passa a trabalhar
É a velocidade pela qual um microprocessador executa a uma velocidade maior do que ele foi projetado, fazendo com
instruções. Quanto mais rápido o clock, mais instruções uma que haja um maior aquecimento do mesmo. Com isto, reduz-se
CPU pode executar por segundo. a vida útil do processador de cerca de 20 para 10 anos (o que não
Usualmente, a taxa de clock é uma característica fixa do chega a ser um problema já que os processadores rapidamente
processador. Porém, alguns computadores têm uma “chave” se tornam obsoletos). Esse aquecimento excessivo pode causar
que permite 2 ou mais diferentes velocidades de clock. Isto é também frequentes “crashes” (travamento) do sistema operacio-
útil porque programas desenvolvidos para trabalhar em uma nal durante o seu uso, obrigando o usuário a reiniciar a máquina.
máquina com alta velocidade de clock podem não trabalhar Ao fazer o overclock, é indispensável a utilização de um
corretamente em uma máquina com velocidade de clock cooler (ventilador que fica sobre o processador para redu-
mais lenta, e vice versa. Além disso, alguns componentes de zir seu aquecimento) de qualidade e, em alguns casos, uma
expansão podem não ser capazes de trabalhar a alta veloci- pasta térmica especial que é passada diretamente sobre a
dade de clock. superfície do processador.

13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Atualmente fala-se muito em CORE, seja dual, duo ou É um aparelho que transforma a corrente de eletricidade alter-
quad, essa denominação refere-se na verdade ao núcleo do nada (que vem da rua), em corrente contínua, para ser usada nos
processador, onde fica a ULA (Unidade Aritmética e Lógica). computadores. Sua função é alimentar todas as partes do com-
Nos modelos DUAL ou DUO, esse núcleo é duplicado, o que putador com energia elétrica apropriada para seu funcionamento.
proporciona uma execução de duas instruções efetivamen- Fica ligada à placa-mãe e aos outros dispositivos por
te ao mesmo tempo, embora isto não aconteça o tempo meio de cabos coloridos com conectores nas pontas.
todo. Basta uma instrução precisar de um dado gerado por
sua “concorrente” que a execução paralela torna-se inviável, CABOS
tendo uma instrução que esperar pelo término da outra. Os
modelos QUAD CORE possuem o núcleo quadruplicado.
Esses são os processadores fabricados pela INTEL, em-
presa que foi pioneira nesse tipo de produto. Temos tam-
bém alguns concorrentes famosos dessa marca, tais como
NEC, Cyrix e AMD; sendo que atualmente apenas essa última
marca mantém-se fazendo frente aos lançamentos da IN-
TEL no mercado. Por exemplo, um modelo muito popular
de 386 foi o de 40 MHz, que nunca foi feito pela INTEL, cujo
386 mais veloz era de 33 MHz, esse processador foi obra da Podemos encontrar diferentes tipos de cabos dentro do
AMD. Desde o lançamento da linha Pentium, a AMD foi obri- gabinete: podem ser de energia ou de dados e conectam
gada a criar também novas denominações para seus proces- dispositivos, como discos rígidos, drives de CDs e DVDs,
sadores, sendo lançados modelos como K5, K6-2, K7, Duron LEDs (luzes), botão liga/desliga, entre outros, à placa-mãe.
(fazendo concorrência direta à ideia do Celeron) e os mais Os tipos de cabos encontrados dentro do PC são: IDE,
atuais como: Athlon, Turion, Opteron e Phenom. SATA, SATA2, energia e som.
MEMÓRIAS
DRIVERS

São dispositivos de suporte para mídias - fixas ou remo-


Vamos chamar de memória o que muitos autores de- víveis - de armazenamento de dados, nos quais a informação
nominam memória primária, que é a memória interna do é gravada por meio digital, ótico, magnético ou mecânico.
computador, sem a qual ele não funciona. A memória é for- Hoje, os tipos mais comuns são o disco rígido ou HD, os
mada, geralmente, por chips e é utilizada para guardar a in- drives de CD/DVD e o pen drive. Os computadores mais anti-
formação para o processador num determinado momento, gos ainda apresentam drives de disquetes, que são bem pou-
por exemplo, quando um programa está sendo executado. co usados devido à baixa capacidade de armazenamento. To-
As memórias ROM (Read Only Memory - Memória So- dos os drives são ligados ao computador por meio de cabos.
mente de Leitura) e RAM (Random Access Memory - Memó-
ria de Acesso Randômico) ficam localizadas junto à placa- PORTAS DE ENTRADA/SAÍDA
mãe. A ROM são chips soldados à placa-mãe, enquanto a
RAM são “pentes” de memória.

FONTE DE ENERGIA

São as portas do computador nas quais se conectam


todos os periféricos. São utilizadas para entrada e saída de
dados. Os computadores de hoje apresentam normalmente
as portas USB, VGA, FireWire, HDMI, Ethernet e Modem.

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Veja alguns exemplos de dispositivos ligados ao compu- Memoria RAM


tador por meio dessas Portas: modem, monitor, pen drive, HD
externo, scanner, impressora, microfone, Caixas de som, mou-
se, teclado etc.

Obs.: são dignas de citação portas ainda bastante usa-


das, como as portas paralelas (impressoras e scanners) e as
portas PS/2(mouses e teclados).

MEMÓRIAS E DISPOSITIVOS
DE ARMAZENAMENTO Random Access Memory (RAM) - Memória de acesso
aleatório onde são armazenados dados em tempo de pro-
Memórias cessamento, isto é, enquanto o computador está ligado e,
também, todas as informações que estiverem sendo exe-
Memória ROM cutadas, pois essa memória é mantida por pulsos elétricos.
Todo conteúdo dela é apagado ao desligar-se a máquina,
por isso é chamada também de volátil.
O módulo de memória é um componente adicionado à
placa-mãe. É composto de uma série de pequenos circuitos
integrados, chamados chip de RAM. A memória pode ser
aumentada, de acordo com o tipo de equipamento ou das
necessidades do usuário. O local onde os chips de memória
são instalados chama-se SLOT de memória.
A memória ganhou melhor desempenho com versões
mais poderosas, como DRAM (Dynamic RAM - RAM dinâmi-
No microcomputador também se encontram as memó-
ca), EDO (Extended Data Out - Saída Estendida Dados), entre
rias definidas como dispositivos eletrônicos responsáveis pelo
outras, que proporcionam um aumento no desempenho de
armazenamento de informações e instruções utilizadas pelo
10% a 30% em comparação à RAM tradicional. Hoje, as me-
computador.
mórias mais utilizadas são do tipo DDR2 e DDR3.
Read Only Memory (ROM) é um tipo de memória em que
os dados não se perdem quando o computador é desligado. Memória Cache
Este tipo de memória é ideal para guardar dados da BIOS (Ba-
sic Input/Output System - Sistema Básico de Entrada/Saída) da
placa-mãe e outros dispositivos.
Os tipos de ROM usados atualmente são:

• Electrically-Erasable Programmable Read-Only Me-


mory (Eeprom)
É um tipo de PROM que pode ser apagada simplesmente
com uma carga elétrica, podendo ser, posteriormente, grava-
da com novos dados. Depois da NVRAM é o tipo de memória
ROM mais utilizado atualmente.

• Non-Volatile Random Access Memory (Nvram)


Também conhecida como flash RAM ou memória flash, A memória cache é um tipo de memória de acesso rápi-
a NVRAM é um tipo de memória RAM que não perde os da- do utilizada, exclusivamente, para armazenamento de dados
dos quando desligada. Este tipo de memória é o mais usa- que provavelmente serão usados novamente.
do atualmente para armazenar os dados da BIOS, não só da Quando executamos algum programa, por exemplo,
placa-mãe, mas de vários outros dispositivos, como modems, parte das instruções fica guardada nesta memória para que,
gravadores de CD-ROM etc. caso posteriormente seja necessário abrir o programa nova-
É justamente o fato do BIOS da placa-mãe ser gravado mente, sua execução seja mais rápida.
em memória flash que permite realizarmos upgrades de BIOS. Atualmente, a memória cache já é estendida a outros
Na verdade essa não é exatamente uma memória ROM, já que dispositivos, a fim de acelerar o processo de acesso aos da-
pode ser reescrita, mas a substitui com vantagens. dos. Os processadores e os HDs, por exemplo, já utilizam
este tipo de armazenamento.
• Programmable Read-Only Memory (Prom)
É um tipo de memória ROM, fabricada em branco, sen-
do programada posteriormente. Uma vez gravados os dados,
eles não podem ser alterados. Este tipo de memória é usado
em vários dispositivos, assim como em placas-mãe antigas.

15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

DISPOSITIVOS DE ARMAZENAMENTO Na camada de gravação existe uma grande espiral que tem
um relevo de partes planas e partes baixas que representam os
Disco Rígido (HD) bits. Um feixe de laser “lê” o relevo e converte a informação.
Temos hoje, no mercado, três tipos principais de CDs:
1. CD comercial
(que já vem gravado com música ou dados)

2. CD-R
(que vem vazio e pode ser gravado uma única vez)

3. CD-RW
(que pode ter seus dados apagados e regravados)
Atualmente, a capacidade dos CDs é armazenar cerca de
700 MB ou 80 minutos de música.

O disco rígido é popularmente conhecido como HD DVD, DVD-R e DVD-RW


(Hard Disk Drive - HDD) e é comum ser chamado, também, O Digital Vídeo Disc ou Digital Versatille Disc (DVD) é hoje
de memória, mas ao contrário da memória RAM, quando o o formato mais comum para armazenamento de vídeo digital.
computador é desligado, não perde as informações. Foi inventado no final dos anos 90, mas só se popularizou de-
O disco rígido é, na verdade, o único dispositivo para pois do ano 2000. Assim como o CD, é composto por quatro
armazenamento de informações indispensável ao funciona- camadas, com a diferença de que o feixe de laser que lê e grava
mento do computador. É nele que ficam guardados todos as informações é menor, possibilitando uma espiral maior no
os dados e arquivos, incluindo o sistema operacional. Geral- disco, o que proporciona maior capacidade de armazenamento.
mente é ligado à placa-mãe por meio de um cabo, que pode Também possui as versões DVD-R e DVD-RW, sendo R de grava-
ção única e RW que possibilita a regravação de dados. A capacidade
ser padrão IDE, SATA ou SATA2.
dos DVDs é de 120 minutos de vídeo ou 4,7 GB de dados, existindo
ainda um tipo de DVD chamado Dual Layer, que contém duas cama-
HD Externo
das de gravação, cuja capacidade de armazenamento chega a 8,5 GB.

Blu-Ray
O Blu-Ray é o sucessor do DVD. Sua capacidade varia entre 25 e
50 GB. O de maior capacidade contém duas camadas de gravação.
Seu processo de fabricação segue os padrões do CD e DVD
comuns, com a diferença de que o feixe de laser usado para
leitura é ainda menor que o do DVD, o que possibilita armaze-
nagem maior de dados no disco.
O nome do disco refere-se à cor do feixe de luz do lei-
tor ótico que, na verdade, para o olho humano, apresenta uma
Os HDs externos são discos rígidos portáteis com alta cor violeta azulada. O “e” da palavra blue (azul) foi retirado do
capacidade de armazenamento, chegando facilmente à casa nome por fins jurídicos, já que muitos países não permitem que
dos Terabytes. Eles, normalmente, funcionam a partir de se registre comercialmente uma palavra comum. O Blu-Ray foi
qualquer entrada USB do computador. introduzido no mercado no ano de 2006.

As grandes vantagens destes dispositivos são: Pen Drive


• Alta capacidade de armazenamento;
• Facilidade de instalação;
• Mobilidade, ou seja, pode-se levá-lo para qualquer
lugar sem necessidade de abrir o computador.

CD, CD-R e CD-RW

O Compact Disc (CD) foi criado no começo da década


de 80 e é hoje um dos meios mais populares de armazenar É um dispositivo de armazenamento de dados em memória
dados digitalmente. flash e conecta-se ao computador por uma porta USB. Ele com-
Sua composição é geralmente formada por quatro camadas: bina diversas tecnologias antigas com baixo custo, baixo consumo
• Uma camada de policarbonato (espécie de plásti- de energia e tamanho reduzido, graças aos avanços nos micro-
co), onde ficam armazenados os dados processadores. Funciona, basicamente, como um HD externo e
• Uma camada refletiva metálica, com a finalidade de quando conectado ao computador pode ser visualizado como
refletir o laser um drive. O pen drive também é conhecido como thumbdrive
• Uma camada de acrílico, para proteger os dados (por ter o tamanho aproximado de um dedo polegar - thumb),
• Uma camada superficial, onde são impressos os rótulos flashdrive (por usar uma memória flash) ou, ainda, disco removível.

16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ele tem a mesma função dos antigos disquetes e dos Touchpad


CDs, ou seja, armazenar dados para serem transportados,
porém, com uma capacidade maior, chegando a 256 GB.

Cartão de Memória

Existem alguns modelos diferentes de mouse para notebooks,


Assim como o pen drive, o cartão de memória é um tipo como o touchpad, que é um item de fábrica na maioria deles.
de dispositivo de armazenamento de dados com memória É uma pequena superfície sensível ao toque e tem a mesma
flash, muito encontrado em máquinas fotográficas digitais e funcionalidade do mouse. Para movimentar o cursor na tela, pas-
aparelhos celulares smartphones. sa-se o dedo levemente sobre a área do touchpad.
Nas máquinas digitais registra as imagens capturadas e
nos telefones é utilizado para armazenar vídeos, fotos, ring- Teclado
tones, endereços, números de telefone etc.
O cartão de memória funciona, basicamente, como o
pen drive, mas, ao contrário dele, nem sempre fica aparente
no dispositivo e é bem mais compacto.
Os formatos mais conhecidos são:
• Memory Stick Duo
• SD (Secure Digital Card)
• Mini SD
• Micro SD

OS PERIFÉRICOS
É o periférico mais conhecido e utilizado para entrada
Os periféricos são partes extremamente importantes de dados no computador.
dos computadores. São eles que, muitas vezes, definem sua Acompanha o PC desde suas primeiras versões e foi
aplicação. pouco alterado. Possui teclas representando letras, números
e símbolos, bem como teclas com funções específicas (F1...
Entrada F12, ESC etc.).

São dispositivos que possuem a função de inserir dados Câmera Digital


ao computador, por exemplo: teclado, scanner, caneta óp-
tica, leitor de código de barras, mesa digitalizadora, mouse,
microfone, joystick, CD-ROM, DVD-ROM, câmera fotográfica
digital, câmera de vídeo, webcam etc.

Mouse

Câmera fotográfica moderna que não usa mais filmes


É utilizado para selecionar operações dentro de uma fotográficos. As imagens são capturadas e gravadas numa
tela apresentada. Seu movimento controla a posição do memória interna ou, ainda, mais comumente, em cartões de
cursor na tela e apenas clicando (pressionando) um dos memória.
botões sobre o que você precisa, rapidamente a operação O formato de arquivo padrão para armazenar as fotos
estará definida. é o JPEG (.jpg) e elas podem ser transferidas ao computa-
O mouse surgiu com o ambiente gráfico das famílias dor por meio de um cabo ou, nos computadores mais mo-
Macintosh e Windows, tornando-se indispensável para a dernos, colocando-se o cartão de memória diretamente no
utilização do microcomputador. leitor.

17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Câmeras de Vídeo Existem scanners que funcionam apenas em preto e branco


e outros, que reproduzem cores. No primeiro caso, os senso-
res passam apenas uma vez por cada ponto da imagem. Os
aparelhos de fax possuem um scanner desse tipo para captar
o documento. Para capturar as cores é preciso varrer a imagem
três vezes: uma registra o verde, outra o vermelho e outra o azul.
Há aparelhos que produzem imagens com maior ou me-
nor definição. Isso é determinado pelo número de pontos por
polegada (ppp) que os sensores fotoelétricos podem ler. As ca-
As câmeras de vídeo, além de utilizadas no lazer, são pacidades variam de 300 a 4800 ppp. Alguns modelos contam,
também aplicadas no trabalho de multimídia. As câmeras ainda, com softwares de reconhecimento de escrita, denomina-
de vídeo digitais ligam-se ao microcomputador por meio de dos OCR.
cabos de conexão e permitem levar a ele as imagens em Hoje em dia, existem diversos tipos de utilização para os
movimento e alterá-las utilizando um programa de edição scanners, que podem ser encontrados até nos caixas de super-
de imagens. Existe, ainda, a possibilidade de transmitir as mercados, para ler os códigos de barras dos produtos vendidos.
imagens por meio de placas de captura de vídeo, que po-
dem funcionar interna ou externamente no computador. Webcam

É uma câmera de vídeo que capta imagens e as transfe-


re instantaneamente para o computador. A maioria delas não
tem alta resolução, já que as imagens têm a finalidade de se-
rem transmitidas a outro computador via Internet, ou seja, não
podem gerar um arquivo muito grande, para que possam ser
transmitidas mais rapidamente.
Hoje, muitos sites e programas possuem chats (bate-papo)
com suporte para webcam. Os participantes podem conversar
Scanner e visualizar a imagem um do outro enquanto conversam. Nos
laptops e notebooks mais modernos, a câmera já vem integrada
ao computador.

Saída

São dispositivos utilizados para saída de dados do compu-


tador, por exemplo: monitor, impressora, projetor, caixa de som
etc.
Monitor

É um dispositivo físico (semelhante a uma televisão) que


É um dispositivo utilizado para interpretar e enviar à me- tem a função de exibir a saída de dados.
mória do computador uma imagem desenhada, pintada ou A qualidade do que é mostrado na tela depende da reso-
fotografada. Ele é formado por minúsculos sensores fotoelé- lução do monitor, designada pelos pontos (pixels - Picture Ele-
tricos, geralmente distribuídos de forma linear. Cada linha da ments), que podem ser representados na sua superfície.
imagem é percorrida por um feixe de luz. Ao mesmo tempo, Todas as imagens que você vê na tela são compostas de
os sensores varrem (percorrem) esse espaço e armazenam a centenas (ou milhares) de pontos gráficos (ou pixels). Quanto
quantidade de luz refletida por cada um dos pontos da linha. mais pixels, maior a resolução e mais detalhada será a imagem
A princípio, essas informações são convertidas em cargas na tela. Uma resolução de 640 x 480 significa 640 pixels por
elétricas que, depois, ainda no scanner, são transformadas em linha e 480 linhas na tela, resultando em 307.200 pixels.
valores numéricos. O computador decodifica esses números, A placa gráfica permite que as informações saiam do com-
armazena-os e pode transformá-los novamente em imagem. putador e sejam apresentadas no monitor. A placa determina
Após a imagem ser convertida para a tela, pode ser gravada e quantas cores você verá e qual a qualidade dos gráficos e ima-
impressa como qualquer outro arquivo. gens apresentadas.

18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os primeiros monitores eram monocromáticos, ou seja, apre- Atualmente, as impressoras a jato de tinta ou inkjet (como
sentavam apenas uma cor e suas tonalidades, mostrando os textos também são chamadas), são as mais populares do mercado.
em branco ou verde sobre um fundo preto. Depois, surgiram os Silenciosas, elas oferecem qualidade de impressão e eficiência.
policromáticos, trabalhando com várias cores e suas tonalidades. A impressora jato de tinta forma imagens lançando a tinta direta-
A tecnologia utilizada nos monitores também tem acompa- mente sobre o papel, produzindo os caracteres como se fossem contí-
nhado o mercado de informática. Procurou-se reduzir o consumo nuos. Imprime sobre papéis especiais e transparências e são bastante
de energia e a emissão de radiação eletromagnética. Outras ino- versáteis. Possuem fontes (tipos de letras) internas e aceitam fontes via
vações, como controles digitais, tela plana e recursos multimídia software. Também preparam documentos em preto e branco e pos-
contribuíram nas mudanças. suem cartuchos de tinta independentes, um preto e outro colorido.
Nos desktops mais antigos, utilizava-se a Catodic Rays Tube
(CRT), que usava o tubo de cinescópio (o mesmo princípio da TV), Impressora Laser
em que um canhão dispara por trás o feixe de luz e a imagem é
mostrada no vídeo. Uma grande evolução foi o surgimento de
uma tela especial, a Liquid Crystal Display (LCD) - Tela de Cristal
Líquido.
A tecnologia LCD troca o tubo de cinescópio por minúsculos
cristais líquidos na formação dos feixes de luz até a montagem
dos pixels. Com este recurso, pode-se aumentar a área útil da tela.
Os monitores LCD permitem qualidade na visibilidade da
imagem - dependendo do tipo de tela ― que pode ser: As impressoras a laser apresentam elevada qualidade de
• Matriz ativa: maior contraste, nitidez e amplo campo de visão impressão, aliada a uma velocidade muito superior. Utilizam
• Matriz passiva: menor tempo de resposta nos movimen- folhas avulsas e são bastante silenciosas.
tos de vídeo Possuem fontes internas e também aceitam fontes via
Além do CRT e do LCD, uma nova tecnologia está ganhando software (dependendo da quantidade de memória). Algu-
mas possuem um recurso que ajusta automaticamente as
força no mercado, o LED. A principal diferença entre LED x LCD
configurações de cor, eliminando a falta de precisão na im-
está diretamente ligado à tela. Em vez de células de cristal líquido,
pressão colorida, podendo atingir uma resolução de 1.200
os LED possuem diodos emissores de luz (Light Emitting Diode)
dpi (dots per inch - pontos por polegada).
que fornecem o conjunto de luzes básicas (verde, vermelho e azul).
Eles não aquecem para emitir luz e não precisam de uma luz bran-
Impressora a Cera
ca por trás, o que permite iluminar apenas os pontos necessários
na tela. Como resultado, ele consume até 40% menos energia. Categoria de impressora criada para ter cor no impresso
A definição de cores também é superior, principalmente do com qualidade de laser, porém o custo elevado de manu-
preto, que possui fidelidade não encontrada em nenhuma das tenção aliado ao surgimento da laser colorida fizeram essa
demais tecnologias disponíveis no mercado. tecnologia ser esquecida. A ideia aqui é usar uma sublima-
Sem todo o aparato que o LCD precisa por trás, o LED tam- ção de cera (aquela do lápis de cera) para fazer impressão.
bém pode ser mais fino, podendo chegar a apenas uma polegada
de espessura. Isso resulta em um monitor de design mais agradá- Plotters
vel e bem mais leve.
Ainda é possível encontrar monitores CRT (que usavam o tubo
de cinescópio), mas os fabricantes, no entanto, não deram conti-
nuidade à produção dos equipamentos com tubo de imagem.
Os primeiros monitores tinham um tamanho de, geralmente,
13 ou 14 polegadas. Com profissionais trabalhando com ima-
gens, cores, movimentos e animações multimídia, sentiu-se a ne-
cessidade de produzir telas maiores.
Hoje, os monitores são vendidos nos mais diferentes formatos
e tamanhos. As televisões mais modernas apresentam uma entrada
VGA ou HDMI, para que computadores sejam conectados a elas. Outro dispositivo utilizado para impressão é a plotter,
que é uma impressora destinada a imprimir desenhos em
Impressora Jato de Tinta grandes dimensões, com elevada qualidade e rigor, como
plantas arquitetônicas, mapas cartográficos, projetos de en-
genharia e grafismo, ou seja, a impressora plotter é destinada
às artes gráficas, editoração eletrônica e áreas de CAD/CAM.
Vários modelos de impressora plotter têm resolução de
300 dpi, mas alguns podem chegar a 1.200 pontos por pole-
gada, permitindo imprimir, aproximadamente, 20 páginas por
minuto (no padrão de papel utilizado em impressoras a laser).
Existe a plotter que imprime materiais coloridos com lar-
gura de até três metros (são usadas em empresas que impri-
mem grandes volumes e utilizam vários formatos de papel).

19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Projetor • Reset - Inicializa todos os módulos


Todo barramento é implementado seguindo um conjunto de
É um equipamento muito utilizado em apresentações regras de comunicação entre dispositivos conhecido como BUS
multimídia. STANDARD, ou simplesmente PROTOCOLO DE BARRAMENTO,
Antigamente, as informações de uma apresentação eram que vem a ser um padrão que qualquer dispositivo que queira ser
impressas em transparências e ampliadas num retroprojetor, compatível com este barramento deva compreender e respeitar.
mas, com o avanço tecnológico, os projetores têm auxiliado Porém, um ponto sempre é certeza: todo dispositivo deve ser único
muito nesta área. no acesso ao barramento, porque os dados trafegam por toda a
Quando conectados ao computador, esses equipamentos extensão da placa-mãe ou de qualquer outra placa e uma mistura
reproduzem o que está na tela do computador em dimensões de dados seria o caos para o funcionamento do computador.
ampliadas, para que várias pessoas vejam ao mesmo tempo. Os barramentos têm como principais vantagens o fato de ser
o mesmo conjunto de fios que é usado para todos os periféricos,
Entrada/Saída o que barateia o projeto do computador. Outro ponto positivo é
a versatilidade, tendo em vista que toda placa sempre tem alguns
São dispositivos que possuem tanto a função de inserir
slots livres para a conexão de novas placas que expandem as pos-
dados, quanto de servir de saída de dados. Exemplos: pen
sibilidades do sistema.
drive, modem, CD-RW, DVD-RW, tela sensível ao toque, im-
A grande desvantagem dessa idéia é o surgimento de engar-
pressora multifuncional, etc. rafamentos pelo uso da mesma via por muitos periféricos, o que
IMPORTANTE: A impressora multifuncional pode ser vem a prejudicar a vazão de dados (troughput).
classificada como periférico de Entrada/Saída, pois sua prin-
cipal característica é a de realizar os papéis de impressora Dispositivos conectados ao barramento
(Saída) e scanner (Entrada) no mesmo dispositivo. • Ativos ou Mestres - dispositivos que comandam o aces-
so ao barramento para leitura ou escrita de dados
BARRAMENTOS – CONCEITOS GERAIS • Passivos ou Escravos - dispositivos que simplesmente
obedecem à requisição do mestre.
Os barramentos, conhecidos como BUS em inglês, são Exemplo:
conjuntos de fios que normalmente estão presentes em to- - CPU ordena que o controlador de disco leia ou escreva
das as placas do computador. um bloco de dados.
Na verdade, existe barramento em todas as placas de A CPU é o mestre e o controlador de disco é o escravo.
produtos eletrônicos, porém em outros aparelhos os técni-
cos referem-se aos barramentos simplesmente como o “im- Barramentos Comerciais
presso da placa”.
Barramento é um conjunto de 50 a 100 fios que fazem Serão listados aqui alguns barramentos que foram e al-
a comunicação entre todos os dispositivos do computador: guns que ainda são bastante usados comercialmente.
UCP, memória, dispositivos de entrada e saída e outros. Os
sinais típicos encontrados no barramento são: dados, clock, ISA – Industry Standard Architeture
endereços e controle.
Os dados trafegam por motivos claros de necessidade
de serem levados às mais diversas porções do computador.
Os endereços estão presentes para indicar a localização
para onde os dados vão ou vêm.
O clock trafega nos barramentos conhecidos como sín-
cronos, pois os dispositivos são obrigados a seguir uma sin-
cronia de tempo para se comunicarem. Foi lançado em 1984 pela IBM para suportar o novo PC-AT.
O controle existe para informar aos dispositivos envolvi- Tornou-se, de imediato, o padrão de todos os PC-compatíveis.
dos na transmissão do barramento se a operação em curso Era um barramento único para todos os componentes do com-
é de escrita, leitura, reset ou outra qualquer. Alguns sinais de putador, operando com largura de 16 bits e com clock de 8 MHz.
controle são bastante comuns:
• Memory Write - Causa a escrita de dados do barra- PCI – Peripheral Components Interconnect
mento de dados no endereço especificado no barramento
de endereços.
• Memory Read - Causa dados de um dado endereço
especificado pelo barramento de endereço a ser posto no
barramento de dados.
• I/O Write - Causa dados no barramento de dados se-
rem enviados para uma porta de saída (dispositivo de I/O).
• I/O Read - Causa a leitura de dados de um dispositivo
de I/O, os quais serão colocados no barramento de dados.
• Bus request - Indica que um módulo pede controle do
barramento do sistema.

20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

PCI é um barramento síncrono de alta performance, indi- PCI Express


cado como mecanismo entre controladores altamente integra-
dos, plug-in placas, sistemas de processadores/memória.
Foi o primeiro barramento a incorporar o conceito plug
-and-play.
Seu lançamento foi em 1993, em conjunto com o proces-
sador PENTIUM da Intel. Assim, o novo processador realmente
foi revolucionário, pois chegou com uma série de inovações e
um novo barramento. O PCI foi definido com o objetivo primá-
rio de estabelecer um padrão da indústria e uma arquitetura de
barramento que ofereça baixo custo e permita diferenciações
na implementação.
Componente PCI ou PCI master Na busca de uma solução para algumas limitações dos bar-
Funciona como uma ponte entre processador e barramen- ramentos AGP e PCI, a indústria de tecnologia trabalha no bar-
to PCI, no qual dispositivos add-in com interface PCI estão co- ramento PCI Express, cujo nome inicial era 3GIO. Trata-se de um
nectados. padrão que proporciona altas taxas de transferência de dados
entre o computador em si e um dispositivo, por exemplo, entre
- Add-in cards interface a placa-mãe e uma placa de vídeo 3D.
Possuem dispositivos que usam o protocolo PCI. São ge- A tecnologia PCI Express conta com um recurso que permi-
renciados pelo PCI master e são totalmente programáveis. te o uso de uma ou mais conexões seriais, também chamados
de lanes para transferência de dados. Se um determinado dis-
AGP – Advanced Graphics Port positivo usa um caminho, então diz-se que esse utiliza o barra-
mento PCI Express 1X; se utiliza 4 lanes , sua denominação é PCI
Express 4X e assim por diante. Cada lane pode ser bidirecional,
ou seja, recebe e envia dados. Cada conexão usada no PCI Ex-
press trabalha com 8 bits por vez, sendo 4 em cada direção.
A freqüência usada é de 2,5 GHz, mas esse valor pode variar.
Assim sendo, o PCI Express 1X consegue trabalhar com taxas de
250 MB por segundo, um valor bem maior que os 132 MB do
padrão PCI. Esse barramento trabalha com até 16X, o equivalen-
te a 4000 MB por segundo. A tabela abaixo mostra os valores
das taxas do PCI Express comparadas às taxas do padrão AGP:

AGP PCI Express


AGP 1X: 266 MB por PCI Express 1X: 250 MB por
segundo segundo
Esse barramento permite que uma placa controladora grá- AGP 4X: 1064 MB por PCI Express 2X: 500 MB por
fica AGP substitua a placa gráfica no barramento PCI. O Chip segundo segundo
controlador AGP substitui o controlador de E/S do barramento AGP 8X: 2128 MB por PCI Express 8X: 2000 MB por
PCI. O novo conjunto AGP continua com funções herdadas do segundo segundo
PCI. O conjunto faz a transferência de dados entre memória, o PCI Express 16X: 4000 MB
processador e o controlador ISA, tudo simultaneamente.  
por segundo
Permite acesso direto mais rápido à memória. Pela porta
gráfica aceleradora, a placa tem acesso direto à RAM, elimi- É importante frisar que o padrão 1X foi pouco utilizado e, de-
nando a necessidade de uma VRAM (vídeo RAM) na própria vido a isso, há empresas que chamam o PC I Express 2X de PCI Ex-
placa para armazenar grandes arquivos de bits como mapas press 1X. Assim sendo, o padrão PCI Express 1X pode representar
e textura. também taxas de transferência de dados de 500 MB por segundo.
O uso desse barramento iniciou-se através de placas-mãe A Intel é uma das grandes precursoras de inovações tecnológi-
que usavam o chipset i440LX, da Intel, já que esse chipset foi o cas. No início de 2001, em um evento próprio, a empresa mostrou a
primeiro a ter suporte ao AGP. A principal vantagem desse bar- necessidade de criação de uma tecnologia capaz de substituir o pa-
ramento é o uso de uma maior quantidade de memória para ar- drão PCI: tratava-se do 3GIO (Third Generation I/O – 3ª geração de
mazenamento de texturas para objetos tridimensionais, além da Entrada e Saída). Em agosto desse mesmo ano, um grupo de em-
alta velocidade no acesso a essas texturas para aplicação na tela. presas chamado de PCI-SIG (composto por companhias como IBM,
O primeiro AGP (1X) trabalhava a 133 MHz, o que propor- AMD e Microsoft) aprovou as primeiras especificações do 3GIO.
ciona uma velocidade 4 vezes maior que o PCI. Além disso, sua Entre os quesitos levantados nessas especificações, estão
taxa de transferência chegava a 266 MB por segundo quando os que se seguem: suporte ao barramento PCI, possibilidade de
operando no esquema de velocidade X1, e a 532 MB quando uso de mais de uma lane, suporte a outros tipos de conexão de
no esquema de velocidade 2X. Existem também as versões 4X, plataformas, melhor gerenciamento de energia, melhor prote-
8X e 16X. Geralmente, só se encontra um único slot nas placas- ção contra erros, entre outros. Esse barramento é fortemente
mãe, visto que o AGP só interessa às placas de vídeo. voltado para uso em subsistemas de vídeo.

21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Interfaces – Barramentos Externos USB – Universal Serial Bus


A tecnologia USB surgiu no ano de 1994 e, desde então, foi
Os barramentos circulam dentro do computador, co- passando por várias revisões. As mais populares são as versões
brem toda a extensão da placa-mãe e servem para conectar 1.1 e 2.0, sendo esta última ainda bastante utilizada. A primeira
as placas menores especializadas em determinadas tarefas é capaz de alcançar, no máximo, taxas de transmissão de 12
do computador. Mas os dispositivos periféricos precisam se Mb/s (megabits por segundo), enquanto que a segunda pode
comunicar com a UCP, para isso, historicamente foram de- oferecer até 480 Mb/s.
senvolvidas algumas soluções de conexão tais como: serial, Como se percebe, o USB 2.0 consegue ser bem rápido,
paralela, USB e Firewire. Passando ainda por algumas solu- afinal, 480 Mb/s correspondem a cerca de 60 megabytes por
ções proprietárias, ou seja, que somente funcionavam com segundo. No entanto, acredite, a evolução da tecnologia acaba
determinado periférico e de determinado fabricante. fazendo com que velocidades muito maiores sejam necessárias.
Não é difícil entender o porquê: o número de conexões à
Interface Serial internet de alta velocidade cresce rapidamente, o que faz com
que as pessoas queiram consumir, por exemplo, vídeos, mú-
Conhecida por seu uso em mouse e modems, esta inter-
sicas, fotos e jogos em alta definição. Some a isso ao fato de
face no passado já conectou até impressoras. Sua característica
ser cada vez mais comum o surgimento de dispositivos como
fundamental é que os bits trafegam em fila, um por vez, isso
smartphones e câmeras digitais que atendem a essas necessi-
torna a comunicação mais lenta, porém o cabo do dispositi- dades. A consequência não poderia ser outra: grandes volumes
vo pode ser mais longo, alguns chegam até a 10 metros de de dados nas mãos de um número cada vez maior de pessoas.
comprimento. Isso é útil para usar uma barulhenta impressora Com suas especificações finais anunciadas em novembro
matricial em uma sala separada daquela onde o trabalho acon- de 2008, o USB 3.0 surgiu para dar conta desta e da deman-
tece. da que está por vir. É isso ou é perder espaço para tecnologias
As velocidades de comunicação dessa interface variam como o FireWire ou Thunderbolt, por exemplo. Para isso, o USB
de 25 bps até 57.700 bps (modems mais recentes). Na parte 3.0 tem como principal característica a capacidade de oferecer
externa do gabinete, essas interfaces são representadas por taxas de transferência de dados de até 4,8 Gb/s (gigabits por
conectores DB-9 ou DB-25 machos. segundo). Mas não é só isso...

O que é USB 3.0?

Como você viu no tópico acima, o USB 3.0 surgiu porque o


padrão precisou evoluir para atender novas necessidades. Mas,
no que consiste exatamente esta evolução? O que o USB 3.0
tem de diferente do USB 2.0? A principal característica você já
sabe: a velocidade de até 4,8 Gb/s (5 Gb/s, arredondando), que
corresponde a cerca de 600 megabytes por segundo, dez vezes
mais que a velocidade do USB 2.0. Nada mal, não?
Interface Paralela

Criada para ser uma opção ágil em relação à serial, essa


interface transmite um byte de cada vez. Devido aos 8 bits
em paralelo existe um RISCo de interferência na corrente
elétrica dos condutores que formam o cabo. Por esse moti-
Símbolo para dispositivos USB 3.0
vo os cabos de comunicação desta interface são mais curtos,
normalmente funcionam muito bem até a distância de 1,5 Mas o USB 3.0 também se destaca pelo fator “alimentação
metro, embora exista no mercado cabos paralelos de até 3 elétrica”: o USB 2.0 fornece até 500 miliampéres, enquanto que
metros de comprimento. A velocidade de transmissão desta o novo padrão pode suportar 900 miliampéres. Isso significa
porta chega até a 1,2 MB por segundo. que as portas USB 3.0 podem alimentar dispositivos que con-
Nos gabinetes dos computadores essa porta é encon- somem mais energia (como determinados HDs externos, por
trada na forma de conectores DB-25 fêmeas. Nas impresso- exemplo, cenário quase impossível com o USB 2.0).
ras, normalmente, os conectores paralelos são conhecidos É claro que o USB 3.0 também possui as características que
como interface centronics. fizeram as versões anteriores tão bem aceitas, como Plug and
Play (plugar e usar), possibilidade de conexão de mais de um
dispositivo na mesma porta, hot-swappable (capacidade de co-
nectar e desconectar dispositivos sem a necessidade de desligá
-los) e compatibilidade com dispositivos nos padrões anteriores.

Conectores USB 3.0

Outro aspecto no qual o padrão USB 3.0 difere do 2.0


diz respeito ao conector. Os conectores de ambos são bas-
tante parecidos, mas não são iguais.

22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Conector USB 3.0 A Micro-USB 3.0

Como você verá mais adiante, os cabos da tecnologia USB O conector micro-USB, utilizado em smartphones, por
3.0 são compostos por nove fios, enquanto que os cabos USB exemplo, também sofreu modificações: no padrão USB 3.0
2.0 utilizam apenas 4. Isso acontece para que o padrão novo - com nome de micro-USB B -, passou a contar com uma
possa suportar maiores taxas de transmissão de dados. Assim, área de contatos adicional na lateral, o que, de certa forma,
os conectores do USB 3.0 possuem contatos para estes fios adi- diminui a sua praticidade, mas foi a solução encontrada para
cionais na parte do fundo. Caso um dispositivo USB 2.0 seja utili- dar conta dos contatos adicionais:
zado, este usará apenas os contatos da parte frontal do conector.
As imagens a seguir mostram um conector USB 3.0 do tipo A:

Conector micro-USB 3.0 B - imagem por USB.org

Para facilitar a diferenciação, fabricantes estão adotando


a cor azul na parte interna dos conectores USB 3.0 e, algumas
vezes, nos cabos destes. Note, no entanto, que é essa não é
Estrutura interna de um conector USB 3.0 A uma regra obrigatória, portanto, é sempre conveniente pres-
tar atenção nas especificações do produto antes de adquiri-lo.

Sobre o funcionamento do USB 3.0

Como você já sabe, cabos USB 3.0 trabalham com 9 fios, en-
quanto que o padrão anterior utiliza 4: VBus (VCC), D+, D- e GND.
O primeiro é o responsável pela alimentação elétrica, o segundo e
o terceiro são utilizados na transmissão de dados, enquanto que o
quarto atua como “fio terra”.
Conector USB 3.0 A No padrão USB 3.0, a necessidade de transmissão de dados em
alta velocidade fez com que, no início, fosse considerado o uso de
Você deve ter percebido que é possível conectar dispositivos fibra óptica para este fim, mas tal característica tornaria a tecnolo-
USB 2.0 ou 1.1 em portas USB 3.0. Este último é compatível com gia cara e de fabricação mais complexa. A solução encontrada para
as versões anteriores. Fabricantes também podem fazer dispositi- dar viabilidade ao padrão foi a adoção de mais fios. Além daqueles
vos USB 3.0 compatíveis com o padrão 2.0, mas neste caso a ve- utilizados no USB 2.0, há também os seguintes: StdA_SSRX- e StdA_
locidade será a deste último. E é claro: se você quer interconectar SSRX+ para recebimento de dados, StdA_SSTX- e StdA_SSTX+ para
dois dispositivos por USB 3.0 e aproveitar a sua alta velocidade, o
envio, e GND_DRAIN como “fio terra” para o sinal.
cabo precisa ser deste padrão.
O conector USB 3.0 B pode contar ainda com uma variação
(USB 3.0 B Powered) que utiliza um contato a mais para alimentação
Conector USB 3.0 B
elétrica e outro associado a este que serve como “fio terra”, per-
Tal como acontece na versão anterior, o USB 3.0 também con- mitindo o fornecimento de até 1000 miliampéres a um dispositivo.
ta com conectores diferenciados para se adequar a determinados Quanto ao tamanho dos cabos, não há um limite definido,
dispositivos. Um deles é o conector do tipo B, utilizado em apare- no entanto, testes efetuados por algumas entidades especialistas
lhos de porte maior, como impressoras ou scanners, por exemplo. (como a empresa Cable Wholesale) recomendam, no máximo,
Em relação ao tipo B do padrão USB 2.0, a porta USB 3.0 até 3 metros para total aproveitamento da tecnologia, mas esta
possui uma área de contatos adicional na parte superior. Isso sig- medida pode variar de acordo com as técnicas empregadas na
nifica que nela podem ser conectados tantos dispositivos USB 2.0 fabricação.
(que aproveitam só a parte inferior) quanto USB 3.0. No entanto, No que se refere à transmissão de dados em si, o USB 3.0 faz
dispositivos 3.0 não poderão ser conectados em portas B 2.0: esse trabalho de maneira bidirecional, ou seja, entre dispositivos
conectados, é possível o envio e o recebimento simultâneo de da-
dos. No USB 2.0, é possível apenas um tipo de atividade por vez.
O USB 3.0 também consegue ser mais eficiente no controle
do consumo de energia. Para isso, o host, isto é, a máquina na qual
os dispositivos são conectados, se comúnica com os aparelhos de
maneira assíncrona, aguardando estes indicarem a necessidade
de transmissão de dados. No USB 2.0, há uma espécie de “pesqui-
sa contínua”, onde o host necessita enviar sinais constantemente
Conector USB 3.0 B - imagem por USB.org para saber qual deles necessita trafegar informações.

23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ainda no que se refere ao consumo de energia, tanto o Tamanha evolução tem um preço: o conector tipo C não será
host quanto os dispositivos conectados podem entrar em um compatível com as portas dos padrões anteriores, exceto pelo
estado de economia em momentos de ociosidade. Além disso, uso de adaptadores. É importante relembrar, no entanto, que
no USB 2.0, os dados transmitidos acabam indo do host para será possível utilizar os conectores já existentes com o USB 3.1.
todos os dispositivos conectados. No USB 3.0, essa comunica- A USB.org promete liberar mais informações sobre esta novi-
ção ocorre somente com o dispositivo de destino. dade em meados de 2014.

Como saber rapidamente se uma porta é USB 3.0 Firewire

Em determinados equipamentos, especialmente laptops, é O barramento firewire, também conhecido como IEEE 1394
comum encontrar, por exemplo, duas portas USB 2.0 e uma ou como i.Link, é um barramento de grande volume de transfe-
USB 3.0. Quando não houver nenhuma descrição identifican- rência de dados entre computadores, periféricos e alguns produ-
do-as, como saber qual é qual? Pela cor existente no conector. tos eletrônicos de consumo. Foi desenvolvido inicialmente pela
Pode haver exceções, é claro, mas pelo menos boa parte Apple como um barramento serial de alta velocidade, mas eles
dos fabricantes segue a recomendação de identificar os co- estavam muito à frente da realidade, ainda mais com, na época, a
nectores USB 3.0 com a sua parte plástica em azul, tal como alternativa do barramento USB que já possuía boa velocidade, era
informado anteriormente. Nas portas USB 2.0, por sua vez, os barato e rapidamente integrado no mercado. Com isso, a Apple,
conectores são pretos ou, menos frequentemente, brancos. mesmo incluindo esse tipo de conexão/portas no Mac por algum
tempo, a realidade “de fato”, era a não existência de utilidade para
USB 3.1: até 10 Gb/s elas devido à falta de periféricos para seu uso. Porém, o desen-
volvimento continuou, sendo focado principalmente pela área de
Em agosto de 2013, a USB.org anunciou as especificações vídeo, que poderia tirar grandes proveitos da maior velocidade
finais do  USB 3.1  (também chamado deSuperSpeed USB 10 que ele oferecia.
Gbps), uma variação do USB 3.0 que se propõe a oferecer taxas
de transferência de dados de até 10 Gb/s (ou seja, o dobro).
Suas principais vantagens:
Na teoria, isso significa que conexões 3.1 podem alcançar
• São similares ao padrão USB;
taxas de até 1,2 gigabyte por segundo! E não é exagero, afinal,
• Conexões sem necessidade de desligamento/boot do mi-
há aplicações que podem usufruir desta velocidade. É o caso
cro (hot-plugable);
de monitores de vídeo que são conectados ao computador via
• Capacidade de conectar muitos dispositivos (até 63 por
porta USB, por exemplo.
porta);
Para conseguir taxas tão elevadas, o USB 3.1 não faz uso
de nenhum artefato físico mais elaborado. O “segredo”, essen- • Permite até 1023 barramentos conectados entre si;
cialmente, está no uso de um método de codificação de dados • Transmite diferentes tipos de sinais digitais:
mais eficiente e que, ao mesmo tempo, não torna a tecnologia vídeo, áudio, MIDI, comandos de controle de dispositivo, etc;
significantemente mais cara. • Totalmente Digital (sem a necessidade de conversores ana-
Vale ressaltar que o USB 3.1 é compatível com conectores lógico-digital, e portanto mais seguro e rápido);
e cabos das especificações anteriores, assim como com dispo- • Devido a ser digital, fisicamente é um cabo fino, flexível,
sitivos baseados nestas versões. barato e simples;
Merece destaque ainda o aspecto da alimentação elétrica: o • Como é um barramento serial, permite conexão bem fa-
USB 3.1 poderá suportar até de 100 watts na transferência de energia, cilitada, ligando um dispositivo ao outro, sem a necessidade de
indicando que dispositivos mais exigentes poderão ser alimentados conexão ao micro (somente uma ponta é conectada no micro).
por portas do tipo. Monitores de vídeo e HDs externos são exem-
plos: não seria ótimo ter um único cabo saindo destes dispositivos? A distância do cabo é limitada a 4.5 metros antes de haver
A indústria trabalha com a possiblidade de os primeiros distorções no sinal, porém, restringindo a velocidade do barra-
equipamentos baseados em USB 3.1 começarem a chegar ao mento podem-se alcançar maiores distâncias de cabo (até 14
mercado no final de 2014. Até lá, mais detalhes serão revelados. metros). Lembrando que esses valores são para distâncias “EN-
Novo conector “tipo C”: uso dos dois lados TRE PERIFÉRICOS”, e SEM A UTILIZAÇÃO DE TRANSCEIVERS
Em dezembro de 2013, a USB.org anunciou outra novida- (com transceivers a previsão é chegar a até 70 metros usando
de para a versão 3.1 da tecnologia: um conector chamado (até fibra ótica).
agora, pelos menos) de tipo C que permitirá que você conecte O barramento firewire permite a utilização de dispositivos de
um cabo à entrada a partir de qualquer lado. diferentes velocidades (100, 200, 400, 800, 1200 Mb/s) no mesmo
Sabe aquelas situações onde você encaixa um cabo ou barramento.
pendrive de um jeito, nota que o dispositivo não funcionou e O suporte a esse barramento está nativamente em Macs, e
somente então percebe que o conectou incorretamente? Com em PCs através de placas de expansão específicas ou integradas
o novo conector, este problema será coisa do passado: qual- com placas de captura de vídeo ou de som.
quer lado fará o dispositivo funcionar. Os principais usos que estão sendo direcionados a essa inter-
Trata-se de um plugue reversível, portanto, semelhante face, devido às características listadas, são na área de multimídia,
aos conectores Lightning existentes nos produtos da Apple. especialmente na conexão de dispositivos de vídeo (placas de
Tal como estes, o conector tipo C deverá ter também dimen- captura, câmeras, TVs digitais, setup boxes, home theather, etc).
sões reduzidas, o que facilitará a sua adoção em smartpho-
nes, tablets e outros dispositivos móveis.

24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

INTERFACE DE VIDEO

Conector VGA (Video Graphics Array) Conector DVI-D

Os conectores  VGA  são bastante conhecidos, pois estão Quando, por exemplo, um monitor LCD trabalha com co-
presentes na maioria absoluta dos “grandalhões” monitores nectores VGA, precisa converter o sinal que recebe para digital.
CRT (Cathode Ray Tube) e também em alguns modelos que Esse processo faz com que a qualidade da imagem diminua.
usam a tecnologia LCD, além de não ser raro encontrá-los Como o DVI trabalha diretamente com sinais digitais, não é ne-
em placas de vídeos (como não poderia deixar de ser). O co- cessário fazer a conversão, portanto, a qualidade da imagem é
nector desse padrão, cujo nome é D-Sub, é composto por três mantida. Por essa razão, a saída DVI é ótima para ser usada em
“fileiras” de cinco pinos. Esses pinos são conectados a um cabo monitores LCD, DVDs, TVs de plasma, entre outros.
cujos fios transmitem, de maneira independente, informações É necessário frisar que existe mais de um tipo de conector DVI:
sobre as cores vermelha (red), verde (green) e azul (blue) - isto DVI-A: é um tipo que utiliza sinal analógico, porém oferece
é, o conhecido esquema RGB - e sobre as frequências verticais qualidade de imagem superior ao padrão VGA;
e horizontais. Em relação a estes últimos aspectos: frequência DVI-D: é um tipo similar ao DVI-A, mas utiliza sinal digital. É
horizontal consiste no número de linhas da tela que o moni- também mais comum que seu similar, justamente por ser usa-
tor consegue “preencher” por segundo. Assim, se um monitor do em placas de vídeo;
consegue varrer 60 mil linhas, dizemos que sua frequência ho- DVI-I:  esse padrão consegue trabalhar tanto com DVI-A
rizontal é de 60 KHz. Frequência vertical, por sua vez, consiste como com DVI-D. É o tipo mais encontrado atualmente.
no tempo em que o monitor leva para ir do canto superior es- Há ainda conectores DVI que trabalham com as especifica-
querdo da tela para o canto inferior direito. Assim, se a frequên- ções Single Link e Dual Link. O primeiro suporta resoluções de
cia horizontal indica a quantidade de vezes que o canhão con- até 1920x1080 e, o segundo, resoluções de até 2048x1536, em
segue varrer linhas por segundo, a frequência vertical indica a ambos os casos usando uma frequência de 60 Hz.
quantidade de vezes que a tela toda é percorrida por segundo. O cabo dos dispositivos que utilizam a tecnologia DVI é com-
Se é percorrida, por exemplo, 56 vezes por segundo, dizemos posto, basicamente, por quatro pares de fios trançados, sendo um
que a frequência vertical do monitor é de 56 Hz. par para cada cor primária (vermelho, verde e azul) e um para o sin-
É comum encontrar monitores cujo cabo VGA possui pinos cronismo. Os conectores, por sua vez, variam conforme o tipo do
faltantes. Não se trata de um defeito: embora os conectores DVI, mas são parecidos entre si, como mostra a imagem a seguir:
VGA utilizem um encaixe com 15 pinos, nem todos são usados.

Atualmente, praticamente todas as placas de vídeo e


monitores são compatíveis com DVI. A tendência é a de que
o padrão VGA caia, cada vez mais, em desuso.
Conector e placa de vídeo com conexão VGA Conector S-Video (Separated Video)

Conector DVI (Digital Video Interface)

Os conectores DVI  são bem mais recentes e proporcio-


nam qualidade de imagem superior, portanto, são conside-
rados substitutos do padrão VGA. Isso ocorre porque, con-
forme indica seu nome, as informações das imagens podem
ser tratadas de maneira totalmente digital, o que não ocorre
com o padrão VGA.

25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Padrão S-Video A conexão do Component Video é feita através de um


cabo com três fios, sendo que, geralmente, um é indicado
Para entender o  S-Video, é melhor compreender, pri- pela cor verde, outro é indicado pela cor azul e o terceiro
meiramente, outro padrão: o Compost Video, mais conhe- é indicado pela cor vermelha, em um esquema conhecido
cido como Vídeo Composto. Esse tipo utiliza conectores do como Y-Pb-Pr (ou Y-Cb-Cr). O primeiro (de cor verde), é res-
tipo RCA e é comumente encontrado em TVs, aparelhos de ponsável pela transmissão do vídeo em preto e branco, isto
DVD, filmadoras, entre outros. é, pela “estrutura” da imagem. Os demais conectores traba-
Geralmente, equipamentos com Vídeo Composto fazem lham com os dados das cores e com o sincronismo.
uso de três cabos, sendo dois para áudio (canal esquerdo Como dito anteriormente, o padrão S-Video é cada vez
e canal direito) e o terceiro para o vídeo, sendo este o que mais comum em placas de vídeo. No entanto, alguns mode-
realmente faz parte do padrão. Esse cabo é constituído de los são também compatíveis com Vídeo Componente. Nes-
dois fios, um para a transmissão da imagem e outro que tes casos, o encaixe que fica na placa pode ser do tipo que
atua como “terra”. aceita sete pinos (pode haver mais). Mas, para ter certeza
O S-Video, por sua vez, tem seu cabo formado com três dessa compatibilidade, é necessário consultar o manual do
fios: um transmite imagem em preto e branco; outro trans- dispositivo.
mite imagens em cores; o terceiro atua como terra. É essa Para fazer a conexão de um dispositivo ao computador
distinção que faz com que o S-Video receba essa denomina- usando o Component Video, é necessário utilizar um cabo
ção, assim como é essa uma das características que faz esse especial (geralmente disponível em lojas especializadas):
padrão ser melhor que o Vídeo Composto. uma de suas extremidades contém os conectores Y-Pb-Pr,
O conector do padrão S-Video usado atualmente é co- enquanto a outra possui um encaixe único, que deve ser in-
nhecido como Mini-Din de quatro pinos (é semelhante ao serido na placa de vídeo.
usado em mouses do tipo PS/2). Também é possível en-
contrar conexões S-Video de sete pinos, o que indica que MONITOR DE VÍDEO
o dispositivo também pode contar com Vídeo Componente O monitor é um dispositivo de saída do computador,
(visto adiante). cuja função é transmitir informação ao utilizador através da
Muitas placas de vídeo oferecem conexão VGA ou DVI imagem.
com S-Video. Dependendo do caso, é possível encontrar os
Os monitores são classificados de acordo com a
três tipos na mesma placa. Assim, se você quiser assistir na
tecnologia de amostragem de vídeo utilizada na for-
TV um vídeo armazenado em seu computador, basta usar a
mação da imagem. Atualmente, essas tecnologias são
conexão S-Video, desde que a televisão seja compatível com
três: CRT , LCD e plasma. À superfície do monitor sobre a
esse conector, é claro.
qual se projecta a imagem chamamos tela, ecrã ou écran.

Tecnologias
CRT

Placa de vídeo com conectores S-Video, DVI e VGA

Component Video (Vídeo Componente) Monitor CRT da marca LG.


O padrão  Component Video  é, na maioria das vezes, CRT (Cathodic Ray Tube), em inglês, sigla de (Tubo de
usado em computadores para trabalhos profissionais - por raios catódicos) é o monitor “tradicional”, em que a tela é
exemplo, para atividades de edição de vídeo. Seu uso mais repetidamente atingida por um feixe de elétrons, que atuam
comum é em aparelhos de DVD e em televisores de alta de- no material fosforescente que a reveste, assim formando as
finição (HDTV - High-Definition Television), sendo um dos imagens.
preferidos para sistemas de home theater. Isso ocorre justa-
mente pelo fato de o Vídeo Componente oferecer excelente Este tipo de monitor tem como principais vantagens:
qualidade de imagem. • longa vida útil;
• baixo custo de fabricação;
• grande banda dinâmica de cores e contrastes; e
• grande versatilidade (uma vez que pode funcionar
em diversas resoluções, sem que ocorram grandes distor-
ções na imagem).

Component Video

26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As maiores desvantagens deste tipo de monitor são: • um fato não-divulgado pelos fabricantes: se o cristal


• suas dimensões (um monitor CRT de 20 polega- líquido da tela do monitor for danificado e ficar exposto ao ar,
das pode ter até 50 cm de profundidade e pesar mais de 20 kg); pode emitir alguns compostos tóxicos, tais como o óxido de zin-
• o consumo elevado de energia; co e o sulfeto de zinco; este será um problema quando alguns
• seu efeito de cintilação (flicker); e dos monitores fabricados hoje em dia chegarem ao fim de sua
• a possibilidade de emitir radiação que está fora do vida útil (estimada em 20 anos).
espectro luminoso (raios x), danosa à saúde no caso de longos • ângulo de visão inferiores: Um monitor LCD, diferente de
períodos de exposição. Este último problema é mais frequen- um monitor CRT, apresenta limitação com relação ao ângulo em
temente constatado em monitores e televisores antigos e des- que a imagem pode ser vista sem distorção. Isto era mais sensível
regulados, já que atualmente a composição do vidro que re- tempos atrás quando os monitores LCDs eram de tecnologia passi-
veste a tela dos monitores detém a emissão dessas radiações. va, mas atualmente apresentam valores melhores em torno de 160º.
• Distorção geométrica. Apesar das desvantagens supra mencionadas, a venda de
monitores e televisores LCD vem crescendo bastante.
LCD
Principais características técnicas
Para a especificação de um monitor de vídeo, as característi-
cas técnicas mais relevantes são:
• Luminância;
• Tamanho da tela;
• Tamanho do ponto;
• Temperatura da cor;
• Relação de contraste;
• Interface (DVI ou VGA, usualmente);
• Frequência de sincronismo horizontal;
• Frequência de sincronismo vertical;
• Tempo de resposta; e
Um monitor de cristal líquido. • Frequência de atualização da imagem.

LCD (Liquid Cristal Display, em inglês, sigla de tela de LED


cristal líquido) é um tipo mais moderno de monitor. Nele, a Painéis LCD com retro iluminação LED, ou LED TVs, o mesmo
tela é composta por cristais que são polarizados para gerar mecanismo básico de um LCD, mas com iluminação LED. Ao in-
as cores. vés de uma única luz branca que incide sobre toda a superfície da
tela, encontra-se um painel com milhares de pequenas luzes co-
Tem como vantagens: loridas que acendem de forma independente. Em outras palavras,
• O baixo consumo de energia; aplica-se uma tecnologia similar ao plasma a uma tela de LCD.
• As dimensões e peso reduzidas;
• A não-emissão de radiações nocivas; KIT MULTIMÍDIA
• A capacidade de formar uma imagem praticamente Multimídia nada mais é do que a combinação de textos, sons
perfeita, estável, sem cintilação, que cansa menos a visão - e vídeos utilizados para apresentar informações de maneira que,
desde que esteja operando na resolução nativa; antes somente imaginávamos, praticamente dando vida às suas
As maiores desvantagens são: apresentação comerciais e pessoais. A multimídia mudou comple-
• o maior custo de fabricação (o que, porém, tenderá tamente a maneira como as pessoas utilizam seus computadores.
a impactar cada vez menos no custo final do produto, à me- Kit multimídia nada mais é do que o conjunto que compõem
dida que o mesmo se for popularizando); a parte física (hardwares) do computador relacionados a áudio e
• o fato de que, ao trabalhar em uma resolução dife- som do sistema operacional.
rente daquela para a qual foi projetado, o monitor LCD uti- Podemos citar como exemplo de Kit Multimídia, uma placa de
liza vários artifícios de composição de imagem que acabam som, um drive de CD-ROM, microfone e um par de caixas acústicas.
degradando a qualidade final da mesma; e
• o “preto” que ele cria emite um pouco de luz, o que
confere ao preto um aspecto acinzentado ou azulado, não
apresentando desta forma um preto real similar aos ofereci-
dos nos monitores CRTs;
• o contraste não é muito bom como nos monitores
CRT ou de Plasma, assim a imagem fica com menos defini-
ção, este aspecto vem sendo atenuado com os novos pai-
néis com iluminação por  leds  e a fidelidade de cores nos
monitores que usam painéis do tipo TN (monitores comuns)
são bem ruins, os monitores com painéis IPS, mais raros e
bem mais caros, tem melhor fidelidade de cores, chegando
mais próximo da qualidade de imagem dos CRTs;

27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As portas são, por definição, locais onde se entra e sai. Em Porta USB (Universal Serial Bus)
termos de tecnologia informática não é excepção. As portas são Desenvolvida por 7 empresas (Compaq, DEC, IBM, Intel,
tomadas existentes na face posterior da caixa do computador, às Microsoft, NEC e Northern Telecom), vai permitir conectar
quais se ligam dispositivos de entrada e de saída, e que são direc- periféricos por fora da caixa do computador, sem a neces-
tamente ligados à motherboard . sidade de instalar placas e reconfigurar o sistema. Compu-
Estas portas ou canais de comunicação podem ser: tadores equipados com USB vão permitir que os periféricos
* Porta Dim sejam automaticamente configurados assim que estejam
* Porta PS/2 conectados fisicamente, sem a necessidade de reboot ou
* Porta série programas de setup. O número de acessórios ligados à por-
* Porta Paralela ta USB pode chegar a 127, usando para isso um periférico
* Porta USB de expansão.
* Porta FireWire A conexão é Plug & Play e pode ser feita com o com-
putador ligado. O barramento USB promete acabar com os
Porta DIM problemas de IRQs e DMAs.
É uma porta em desuso, com 5 pinos, e a ela eram ligados O padrão suportará acessórios como controles de mo-
os teclados dos computadores da geração da Intel 80486, por nitor, acessórios de áudio, telefones, modems, teclados,
exemplo. Como se tratava apenas de ligação para teclados, existia mouses, drives de CD ROM, joysticks, drives de fitas e dis-
só uma porta destas nas motherboards. Nos equipamentos mais quetes, acessórios de imagem como scanners e impressoras.
recentes, os teclados são ligados às portas PS/2. A taxa de dados de 12 megabits/s da USB vai acomodar uma
série de periféricos avançados, incluindo produtos baseados
em Vídeo MPEG-2, digitalizadores e interfaces de baixo cus-
to para ISDN (Integrated Services Digital Network) e PBXs
digital.

Porta PS/2
Surgiram com os IBM PS/2 e nos respectivos teclados. Tam-
bém são designadas por mini-DIM de 6 pinos. Os teclados e ratos
dos computadores actuais são, na maior parte dos casos, ligados
através destes conectores. Nas motherboards actuais existem
duas portas deste tipo.
Porta Série Porta FireWire
A saída série de um computador geralmente está localiza- A porta FireWire assenta no barramento com o mesmo
da na placa MULTI-IDE e é utilizada para diversos fins como, por nome, que representa um padrão de comúnicações recen-
exemplo, ligar um fax modem externo, ligar um rato série, uma te e que tem várias características em comum como o USB,
plotter, uma impressora e outros periféricos. As portas cujas fichas mas traz a vantagem de ser muito mais rápido, permitindo
têm 9 ou 25 pinos são também designadas de COM1 e COM2. As transferências a 400 Mbps e, pela norma IEEE 1394b, irá per-
motherboards possuem uma ou duas portas deste tipo. mitir a transferência de dados a velocidades a partir de 800
Mbps.
As ligações FireWire são utilizadas para ligar discos
amovíveis, Flash drives (Pen-Disks), Câmaras digitais, televi-
sões, impressoras, scanners, dispositivos de som, etc. .
Assim como na ligação USB, os dispositivos FireWire po-
dem ser conectados e desconectados com o computador
ligado.

FAX/MODEM

Porta Paralela
A porta paralela obedece à norma Centronics. Nas portas pa-
ralelas o sinal eléctrico é enviado em simultâneo e, como tal, tem
um desempenho superior em relação às portas série. No caso desta Placa utilizada para conecção internet pela linha disca-
norma, são enviados 8 bits de cada vez, o que faz com que a sua da (DIAL UP) geralmente opera com 56 Kbps(velocidade de
capacidade de transmisssão atinja os 100 Kbps. Esta porta é utilizada transmissão dos dados 56.000 bits por segundo( 1 byte = 8
para ligar impressoras e scanners e possui 25 pinos em duas filas. bits). Usa interface PCI.

28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O SISTEMA OPERACIONAL E OS OUTROS SOFTWA- Controle do hardware: o sistema operacional está situa-
RES do entre os programas e o BIOS (Basic Input/Output System
- Sistema Básico de Entrada/Saída).
Um sistema operacional (SO) é um programa (software) que O BIOS faz o controle real do hardware. Todos os programas
controla milhares de operações, faz a interface entre o usuário e o que necessitam de recursos do hardware devem, primeiramente,
computador e executa aplicações. Basicamente, o sistema opera- passar pelo sistema operacional que, por sua vez, pode alcançar
cional é executado quando ligamos o computador. Atualmente, o hardware por meio do BIOS ou dos drivers de dispositivos.
os computadores já são vendidos com o SO pré-instalado. Todos os programas são escritos para um sistema ope-
Os computadores destinados aos usuários individuais, cha- racional específico, o que os torna únicos para cada um. Ex-
mados de PCs (Personal Computer), vêm com o sistema opera- plicando: um programa feito para funcionar no Windows não
cional projetado para pequenos trabalhos. Um SO é projetado funcionará no Linux e vice-versa.
para controlar as operações dos programas, como navegado-
res, processadores de texto e programas de e-mail. Termos Básicos
Com o desenvolvimento dos processadores, os computa-
dores tornaram-se capazes de executar mais e mais instruções Para compreender do que um sistema operacional é ca-
por segundo. Estes avanços possibilitaram aos sistemas opera- paz, é importante conhecer alguns termos básicos. Os termos
cionais executar várias tarefas ao mesmo tempo. Quando um abaixo são usados frequentemente ao comparar ou descrever
computador necessita permitir usuários simultâneos e trabalhos sistemas operacionais:
múltiplos, os profissionais da tecnologia de informação (TI) pro- • Multiusuário: dois ou mais usuários executando
curam utilizar computadores mais rápidos e que tenham siste- programas e compartilhando, ao mesmo tempo, dispositivos,
mas operacionais robustos, um pouco diferente daqueles que como a impressora.
os usuários comuns usam. • Multitarefa: capacidade do sistema operacional em
executar mais de um programa ao mesmo tempo.
Os Arquivos • Multiprocessamento: permite que um computador
tenha duas ou mais unidades centrais de processamento
O gerenciador do sistema de arquivos é utilizado pelo siste- (CPU) que compartilhem programas.
ma operacional para organizar e controlar os arquivos. Um ar- • Multithreading: capacidade de um programa ser
quivo é uma coleção de dados gravados com um nome lógico quebrado em pequenas partes podendo ser carregadas con-
chamado “nomedoarquivo” (filename). Toda informação que o forme necessidade do sistema operacional. Multithreading
computador armazena está na forma de arquivos. permite que os programas individuais sejam multitarefa.
Há muitos tipos de arquivos, incluindo arquivos de progra-
mas, dados, texto, imagens e assim por diante. A maneira que Tipos de Sistemas Operacionais
um sistema operacional organiza as informações em arquivos é
chamada sistema de arquivos. A maioria dos sistemas operacio- Atualmente, quase todos os sistemas operacionais são
nais usa um sistema de arquivo hierárquico em que os arquivos multiusuário, multitarefa e suportam multithreading. Os mais
são organizados em diretórios sob a estrutura de uma árvore. O utilizados são o Microsoft Windows, Mac OSX e o Linux.
início do sistema de diretório é chamado diretório raiz. O Windows é hoje o sistema operacional mais popular que
existe e é projetado para funcionar em PCs e para ser usado em
Funções do Sistema Operacional CPUs compatíveis com processadores Intel e AMD. Quase todos
os sistemas operacionais voltados ao consumidor doméstico
Não importa o tamanho ou a complexidade do computador: to- utilizam interfaces gráficas para realizar a ponte máquina-homem.
dos os sistemas operacionais executam as mesmas funções básicas. As primeiras versões dos sistemas operacionais foram
- Gerenciador de arquivos e diretórios (pastas): um sistema construídas para serem utilizadas por somente uma pes-
operacional cria uma estrutura de arquivos no disco rígido (hard soa em um único computador. Com o decorrer do tem-
disk), de forma que os dados dos usuários possam ser arma- po, os fabricantes atenderam às necessidades dos usuários e
zenados e recuperados. Quando um arquivo é armazenado, o permitiram que seus softwares operassem múltiplas funções
sistema operacional o salva, atribuindo a ele um nome e local, com (e para) múltiplos usuários.
para usá-lo no futuro.
- Gerenciador de aplicações: quando um usuário requisita Sistemas Proprietários e Sistemas Livres
um programa (aplicação), o sistema operacional localiza-o e o
carrega na memória RAM. O Windows, o UNIX e o Macintosh são sistemas ope-
Quando muitos programas são carregados, é trabalho do sistema racionais proprietários. Isto significa que é necessário com-
operacional alocar recursos do computador e gerenciar a memória. prá-los ou pagar uma taxa por seu uso às companhias que
registraram o produto em seu nome e cobram pelo seu uso.
Programas Utilitários do Sistema Operacional O Linux, por exemplo, pode ser distribuído livremente e tem
grande aceitação por parte dos profissionais da área, uma vez que,
Suporte para programas internos (vulto-in): os progra- por possuir o código aberto, qualquer pessoa que entenda de
mas utilitários são os programas que o sistema operacional programação pode contribuir com o processo de melhoria dele.
usa para se manter e se reparar. Estes programas ajudam a Sistemas operacionais estão em constante evolução
identificar problemas, encontram arquivos perdidos, reparam e hoje não são mais restritos aos computadores. Eles são
arquivos danificados e criam cópias de segurança (backup). usados em PDAs, celulares, laptops etc.

29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 3. Tela inicial do LibreOffice.


3 CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO
DE APLICATIVOS PARA EDIÇÃO DE TEXTOS,
PLANILHAS E APRESENTAÇÕES UTILIZANDO-
SE A SUÍTE DE ESCRITÓRIO
LIBREOFFICE VERSÃO 4

A partir dessa tela, pode-se abrir um arquivo existente, um


O LibreOffice é uma potente suite office; sua interface limpa modelo ou um novo arquivo de um dos aplicativos da suíte
e suas poderosas ferramentas libertam sua criatividade e melho- (Writer, Calc, Impress, Draw ou Math).
ram sua produtividade. Incorpora várias aplicações que a tornam As janelas dos aplicativos do LibreOffice são semelhantes,
a mais avançada suite office livre e de código aberto do mercado. entre as funções comuns incluem a barra de menu, a barra de
O processador de textos Writer, a planilha de cálculos Calc, o edi- ferramentas padrão e a barra de ferramentas de formatação no
tor de apresentações Impress, a aplicação de desenho e fluxogra- topo da janela e a barra de estado na parte de baixo.
mas Draw, o banco de dados Base e o editor de equações Math
são os componentes do LibreOffice.
Barra de menu
O LibreOffice é compatível com vários formatos de docu-
mentos, tais como o Microsoft Word, Excel, PowerPoint e Publi- A Barra de menu está localizada no alto da janela do Li-
sher. Mas o LibreOffice vai além permitindo usar um padrão mo- breOffice, logo abaixo da Barra de título.
derno e aberto de documentos: o OpenDocument Format (ODF). Quando se clica em um dos menus listados abaixo, um sub-
O software pode ser baixado no site https://pt-br.libreoffice. menu abre para baixo e mostra vários comandos.
org/baixe-ja/, que abrirá na página exata da última versão do Li- • Arquivo contém os comandos que se aplicam a todo o
breOffice. Em janeiro de 2016, a versão para download é a 4.4.7, documento, tais como Abrir, Salvar, e Exportar como PDF.
que será usada como exemplo nessa apostila. • Editar contém os comandos para a edição do docu-
Para abrir o LibreOffice, basta dar um duplo clique no ícone mento, tais como Desfazer: xxx (onde xxx e o comando a ser des-
na área do trabalho (Figura 1) ou Botão Iniciar  Todos os apli- feito) e Localizar & Substituir Ele também contém comandos para
cativos  Libre Office  LibreOffice, como mostra a Figura 2. cortar, copiar e colar partes selecionadas do seu documento.
Figura 1. Ícone do LibreOffice. • Exibir contém os comandos para controlar a exibição
do documento, tais como Zoom e Layout da Web.
• Inserir contém os comandos para inserir elementos den-
tro do seu documento, tais como Cabeçalho, Rodapé e Imagens.
• Formatar contém comandos, como Estilos e Formata-
ção e Autocorreção, para a formatação do layout do seu docu-
Figura 2. Menu LibreOffice do Menu Iniciar. mento.
• Tabela mostra todos os comandos para inserir e editar
uma tabela em um documento de texto.
• Ferramentas contém funções como Ortografia e Gra-
mática, Personalizar e Opções.
• Janela contém comandos para exibir janelas.
• Ajuda contém atalhos para os arquivos de Ajuda do Li-
breOffice, O que é isso?, e informações sobre o programa. Veja
“Como obter ajuda“ na página 16.

Barra de ferramentas
O LibreOffice possui vários tipos de barras de ferramentas:
encaixada, flutuante e destacada. As barras de ferramentas en-
caixadas podem ser movidas para posições diferentes ou colo-
cadas flutuando e vice-versa.
A barra de ferramentas encaixada superior (na posição pa-
drão) e chamada de Barra de ferramentas padrão. A Barra de ferra-
A tela que se abre é a seguinte (Figura 3): mentas padrão é a mesma em todas as aplicações do LibreOffice.

30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A segunda barra de ferramentas no topo (na posição pa- • Barras de ferramentas flutuantes
drão) e a Barra de formatação. É uma barra sensível ao contexto O LibreOffice inclui várias barras de ferramentas sensíveis
que mostra as ferramentas mais importantes, de acordo com a ao contexto, cujo padrão de exibição e de barras de ferramentas
posição do cursor ou da seleção. Por exemplo, quando o cursor flutuantes, que respondem a posição do cursor ou da seleção.
está sobre um gráfico, a Barra de formatação oferece ferramen- Por exemplo, quando o cursor está em uma tabela, a barra de
tas para a formatação de gráficos; quando o cursor está em um ferramentas flutuante Tabela aparece, e quando o cursor está
texto, as ferramentas são as de formatação de texto. em uma lista numerada ou marcada, a barra de ferramentas de
• Exibindo e escondendo barras de ferramentas Marcadores e Numeração aparece. Pode-se encaixar essas bar-
Para exibir ou esconder barras de ferramentas, selecione Exi- ras de ferramentas no alto, no fundo ou nas laterais da janela,
bir → Barras de ferramentas, e clique sobre o nome de uma barra se desejar (veja “Movendo barras de ferramentas” acima).
de ferramentas da lista. Uma barra de ferramentas ativa exibe • Encaixando/flutuando janelas e barras de ferramentas
uma marca de seleção ao lado do nome. As barras ferramentas As Barras de ferramentas e algumas janelas, como a do Na-
destacadas não são listadas no menu Exibir. vegador e a de Estilos e Formatações, são encaixáveis, podendo
• Submenus e barras de ferramentas destacadas ser movidas, redimensionadas ou encaixadas a uma borda.
Os ícones das barras de ferramentas que possuem um pe- Para encaixar uma janela ou barra de ferramentas, segu-
queno triângulo à direita, exibirão submenus, barras de ferra- re a tecla Control e de um clique duplo na moldura da janela
mentas destacadas, e outras maneiras de selecionar coisas, de- flutuante (ou em uma área livre próxima dos ícones no alto da
pendendo do ícone. janela flutuante) para encaixa-la na sua última posição.
Para desencaixar uma janela, segure a tecla Control e de
A Figura 4 mostra uma barra de ferramentas destacada da um clique duplo sobre a moldura (ou em uma área livre próxi-
Barra de ferramentas de desenho. ma dos ícones no alto) da janela encaixada.
• Personalizando barras de ferramentas
Pode-se personalizar as barras de ferramentas de várias ma-
neiras, incluindo a escolha de quais ícones estarão visíveis e a
travar a posição de uma barra de ferramentas encaixada, poden-
do também adicionar ícones e criar novas barras de ferramentas.
Para acessar as opções de personalização da barra de ferramen-
tas, utilize a seta para baixo no final dela ou em sua barra de título.
Figura 7. Personalizando barras de ferramentas.

Figura 4. Exemplo de uma barra de ferramentas destacada.

• Movendo barras de ferramentas Para exibir ou esconder ícones definidos para uma barra
Para mover uma barra de ferramentas encaixada, po- de ferramentas selecionada, escolha a opção Botões Visíveis
sicione o ponteiro do mouse sobre a sua alça (a pequena no menu de contexto. Os ícones visíveis são identificados
barra vertical a esquerda da barra de ferramentas), segure por uma marca ao redor deles. Clique neles para marca-los
o botão esquerdo do mouse, arraste a barra de ferramentas ou desmarca-los.
para a nova posição e solte o botão do mouse (Figura 5). Figura 8. Seleção de ícones visíveis.
Figura 5. Movendo uma barra de ferramentas encaixada.

Para mover uma barra de ferramenta flutuante, clique


sobre sua barra de título e arraste-a para a nova posição
(Figura 6). Menus do botão direito do mouse (Menus de contexto)
Figura 6. Movendo uma barra de ferramentas flutuante. Pode-se acessar rapidamente muitas funções do menu
clicando com o botão direito do mouse em um parágrafo,
imagem, ou outro objeto. Um menu de contexto aparecera.
Normalmente, o menu de contexto e a maneira mais rápida
e fácil para encontrar uma função. Se não sabe onde uma
função está localizada nos menus ou nas barras de ferra-
mentas, pode encontra-la com o botão direito do mouse.

31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Barra de status Elementos de uma janela


A barra de status e localizada na parte de baixo da sua
área de trabalho. Ela mostra algumas informações sobre o Uma janela do LibreOffice contém alguns elementos,
documento e maneiras convenientes de alterar algumas como mostra a Figura 11 descrita.
funcionalidades. Ela é parecida, tanto no Writer, como no
Calc, Impress e Draw, mas cada componente inclui alguns
itens específicos.

Figura 9. Canto esquerdo da barra de status no Writer.

Figura 10. Canto direito da barra de status do Writer.

Os itens da barra de status em comum estão descritos


abaixo:
• Página, planilha, ou número do slide
Mostra a página atual, planilha ou número do slide, e o Figura 11. Elementos de uma janela.
número total deles no documento.
Clique duas vezes nesse campo para abrir o Navegador. 1=Abas (não são exatamente controles)
Outros usos deste campo dependem de cada componente. 2=Botões de seleção (apenas um pode ser selecionado
por vez)
• Estilo da página ou do slide 3=Caixa de verificação (mais de uma podem ser sele-
Mostra o estilo atual da página ou do slide. Para edita cionadas)
-lo, clique duas vezes nesse campo. 4=Caixa de rolagem (muda o valor através das setas)
5=Miniatura ou previa
• Alterações não salvas 6=Lista de seleção
Um ícone aparece aqui se alterações feitas no docu- 7=Botões
mento não foram salvas.
WRITER
• Assinatura digital
Se o documento foi assinado digitalmente, um ícone Writer e o componente de processamento de textos do
é mostrado aqui. Você pode clicar duas vezes sobre ele LibreOffice. Além dos recursos usuais de um processador de
para ver o certificado. textos (verificação ortográfica, dicionário de sinônimos, hi-
fenização, autocorreção, localizar e substituir, geração auto-
• Informação do objeto mática de sumários e índices, mala direta e outros), o Writer
Mostra informações importantes relativas a posição do fornece essas características importantes:
cursor ou do elemento selecionado no documento. Clicar • Modelos e estilos;
duas vezes nessa área normalmente abre uma caixa de diá- • Métodos de layout de página, incluindo quadros,
logo. colunas e tabelas
• Incorporação ou vinculação de gráficos, planilhas e
• Zoom e proporção outros objetos;
Para alterar a visualização para mais perto ou mais lon- • Ferramentas de desenho incluídas;
ge, arraste o botão de Zoom, ou clique nos botões + e –, ou • Documentos mestre para agrupar uma coleção de
clique com o botão direito do mouse no marcador de nível documentos em um único documento;
de zoom para mostrar uma lista de valores que se podem • Controle de alterações durante as revisões;
escolher para a exibição. • Integração de banco de dados, incluindo bancos de
Clicando duas vezes sobre o Zoom e proporção, apare- dados bibliográficos;
ce a caixa de diálogo Zoom & Visualização do Layout. • Exportação para PDF, incluindo marcadores.

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Janela do Writer Figura 16. Visão da barra de Zoom.

Figura 12. Tela principal do Writer.

Alterando a visualização de Documentos

O Writer possui várias maneiras de visualizar um docu-


mento: Layout de impressão, Layout da Web e Tela inteira.
Para acessar estas e outras opções vá até o menu Exibir e
clique na visualização desejada. (Quando estiver em modo
de Tela inteira, pressione a tecla Esc para retornar ao modo
de exibição de impressão ou Web).
No layout de impressão pode-se usar o Zoom deslizante
e os ícones do modo de exibição na Barra de Status. No la-
yout da Web pode-se usar o Zoom deslizante.
A Barra de Status do Writer oferece informações sobre o Pode-se também escolher Exibir → Zoom... através da
documento e atalhos convenientes para rapidamente alterar barra de menus para exibir a caixa de diálogo Zoom e vi-
alguns recursos, como mostram as Figuras 13 e 14. sualização do layout, onde pode-se ter acesso as mesmas
configurações da barra de status. No modo Layout da Web
Figura 13. Canto esquerdo da Barra de Status. a maioria das opções não está disponível.
Figura 17. Escolhendo opções de Zoom e visualização
do layout.

Figura 14. Canto direito da Barra de Status.

Exibir layout
Clique em um dos ícones para alternar entre página úni-
ca, lado a lado ou modo livreto. Você pode editar o docu-
mento em qualquer modo de exibição. Movendo-se rapidamente pelo documento
Além dos recursos de navegação da Barra de status
Figura 15. Visão de layout: página única, lado a lado, livreto. (descritos acima) pode-se também exibir a barra de Nave-
gação clicando no pequeno ícone Navegação próximo ao
canto inferior direito da janela, logo abaixo da barra de rola-
gem vertical, como mostrado na figura 18.
Figura 18. Ícones de navegação.

A barra de Navegação (Figura 19) exibe ícones para to-


dos os tipos de objetos mostrados no Navegador, além de
alguns extras (por exemplo o comando Repetir pesquisa).
Zoom
Para alterar o tamanho de exibição, deslize a barra de
Zoom, clique nos sinais de + ou – ou clique com o botão di-
reito no percentual para abrir uma lista de valores de Zoom
para serem escolhidos, como mostra a Figura 16. A ferra-
menta Zoom interage com o layout de exibição selecionado
para determinar quantas páginas estarão visíveis na janela
de documento.

33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 19. Barra de Navegação. Trabalhando com texto


Trabalhar com texto (selecionar, copiar, colar, mover) no
Clique em um ícone para selecionar um tipo de objeto. Writer e similar a trabalhar com texto em qualquer outro
Agora, os ícones Próximo e Anterior (no próprio Navegador, programa. O LibreOffice também tem algumas maneiras
na Barra de Ferramentas Navegação e na barra de rolagem) convenientes de selecionar itens que não estão próximos
pularão para o próximo objeto do tipo selecionado. Isto e um do outro, selecionar um bloco de texto vertical, e colar
particularmente útil para encontrar itens como entradas de texto não formatado.
índice, as quais podem ser difíceis de ver no texto. Os no-
mes dos ícones (mostrados na dica de contexto) muda para Selecionando itens não consecutivos
corresponder a categoria selecionada; por exemplo, Próxi- Para selecionar itens não consecutivos (como mostrado
mo gráfico, Próximo marcador, ou Continuar pesquisa para na Figura 9) usando o mouse:
frente. 1) Selecione o primeiro pedaço do texto.
2) Pressione a tecla Control e use o mouse para sele-
Salvando como arquivo do Microsoft Word cionar o próximo pedaço de texto.
Se for preciso trocar arquivos com usuários do Microsoft 3) Repita tantas vezes quanto necessário.
Word, talvez eles não saibam como abrir e salvar arquivos
.odt. O Microsoft Word 2007 com Service Pack 2 (SP2) é ca- Para selecionar itens não consecutivos usando o teclado:
paz de fazer isso. Usuários do Word 2003, XP, e 2000 podem 1) Selecione o primeiro pedaço de texto.
comprar um plug-in da Oracle Corp ou pesquisar na Web 2) Pressione Shift+F8. Isto coloca o Writer no modo
pelo plug-in gratuito para OpenDocument Format (ODF), da “Adicionar”. A palavra ADIC aparece na barra de status.
Sun Microsystems. 3) Use as teclas de direção para mover para o início do
Alguns usuários do Microsoft Word podem não dese- próximo pedaço de texto a ser selecionado. Pressione a tecla
jar ou não serem capazes de receber arquivos *.odt (Seus Shift e selecione o próximo pedaço de texto.
empregadores podem não permitir que eles instalem o plu- 4) Repita tantas vezes quanto necessário.
g-in). Nesse caso, pode-se salvar um documento como um
arquivo Microsoft Word. Pressione Esc para sair desse modo.
1) Importante: Primeiro salve o documento no formato
de arquivo usado pelo LibreOffice (.odt). Sem isso, qualquer Selecionando um bloco de texto vertical
mudança que tenha feito desde a última vez que se salvou Pode-se selecionar um bloco vertical ou “coluna” do tex-
o documento, somente aparecerá na versão Microsoft Word to que está separada por espaços ou marcas de tabulação
do documento. (como se pode ver no texto colado de e-mails, listas de pro-
2) Então escolha Arquivo - Salvar como. Na caixa de diá- gramas, ou outras fontes), usando o modo de seleção de
logo Salvar como, no menu da lista suspensa Tipo de arqui- bloco do LibreOffice. Para mudar para o modo de seleção
vo (ou Salvar como tipo), selecionar o tipo de formato Word de bloco, use Editar - Modo de seleção - Bloco, ou clique
desejado. Clicar em Salvar, como mostra a Figura 20. algumas vezes na barra de status em PADRÃO até que este
Figura 20. Salvando um arquivo no formato Microsoft mude para BLOCO, como mostra a Figura 21.
Word.
Figura 21. Barra de status - Modo de seleção.

Agora ressalte a seleção, usando o mouse ou o teclado,


como mostrado abaixo.

Figura 22. Selecionando um bloco de texto vertical.

Cortando, copiando e colando texto


Cortar e copiar texto no Writer e semelhante a cortar e
copiar texto em outras aplicações. Pode-se usar o mouse ou
Desse ponto em diante, todas as mudanças feitas no o teclado para copiar ou mover texto dentro de um docu-
documento ocorrerão somente no novo documento. Mu- mento, ou entre documentos, arrastando o texto ou usando
dou-se o nome e tipo de arquivo do documento. Se quiser seleções de menu, ícones, ou atalhos de teclados, pode-se
voltar atrás para trabalhar com a versão .odt do documento, também copiar texto de outras fontes como páginas Web e
é preciso abri-lo novamente. colar em um documento do Writer.

34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para mover (cortar e colar) o texto selecionado usando Verificando ortografia e gramática
o mouse, arraste-o para o novo local e solte. Para copiar o O Writer fornece um verificador ortográfico, que pode ser
texto selecionado, segure pressionada a tecla Control en- usado de duas maneiras.
quanto arrasta. O texto retém a formatação dada antes de Verificação automática verifica cada palavra como ela
arrastá-lo. foi digitada e mostra uma linha ondulada vermelha sob qual-
Quando se cola um texto, o resultado depende da fonte quer palavra com erros ortográficos. Quando a palavra é cor-
do texto e como colou. Se clicar no ícone Colar, toda forma- rigida, a linha desparece.
tação que o texto tem (tal como negrito ou itálico) é man- Para efetuar uma verificação ortográfica separada no
tida. Texto colado de páginas Web e outras fontes podem documento (ou numa seleção de texto) clique no botão Or-
também ser colocados em quadros ou tabelas. Se não gos- tografia e gramática. Isto verifica o documento ou seleção e
tou dos resultados, clique no ícone Desfazer ou pressione abre o dialogo Ortografia e gramática se alguma palavra com
Control+Z. erro de ortografia é encontrada.
Para fazer o texto colado assumir o formato do texto em Eis aqui mais algumas características do verificador orto-
volta do ponto onde está sendo colado, escolha uma dessas gráfico:
opções: • Pode-se clicar com o botão direito em uma palavra
• Editar - Colar especial, ou com uma onda sublinhada para abrir o menu de contexto. Se
• Clique no triângulo a direita do ícone Colar, ou selecionar palavras sugeridas no menu, a seleção substituirá
• Clique no ícone Colar sem soltar o botão esquerdo a palavra com erro de ortografia no texto. Outras opções de
do mouse. menu são discutidas abaixo.
Então selecione Texto sem formatação do menu que • Pode-se mudar o idioma do dicionário (por exemplo,
aparece. espanhol, francês ou alemão) no dialogo Ortografia e gramá-
A variedade de escolhas no menu Colar especial muda tica.
dependendo da origem e formatação do texto (ou outro ob- • Pode-se adicionar uma palavra ao dicionário. Clique
jeto) a ser colado. Veja Figura 23 para um exemplo com texto em Adicionar no diálogo Ortografia e gramática e selecione o
na Área de transferência. dicionário para o qual adicionar a palavra.
• Clique no botão Opções no diálogo Ortografia e
Figura 23. Menu Colar Especial. gramática para abrir um diálogo semelhante aquele em Ferra-
mentas - Opções - Configurações de idioma - Recursos para
redação, onde escolherá se verifica palavras com letras maiús-
culas e palavras com números, e poderá gerenciar dicionários
customizados, ou seja, adicionar ou apagar dicionários e adi-
cionar ou apagar palavras em um dicionário.
• Na aba Fonte no diálogo Estilos de parágrafo, pode-
se configurar parágrafos para serem verificados em um idio-
ma especifico (diferente do idioma do resto do documento).
O Writer não inclui um verificador gramátical, mas po-
Inserindo caracteres especiais de-se instalar uma extensão como a Ferramenta de idioma e
Um caractere especial é aquele que não é encontrado acessá-la de Ferramentas - Ortografia e gramática, que adi-
em um teclado padrão. Por exemplo, © ⅓ æ ñ ö ø ȼ são to- cionará um novo item de menu e submenu ao menu de Fer-
dos caracteres especiais. Para inserir um caractere especial: ramentas, a partir do qual pode-se configurar a ferramenta e
1) Posicione o cursor onde quer que o caractere apareça. verificar/reverificar o documento.
2) Selecione Inserir - Caractere especial para abrir a
Caixa de diálogo Caracteres especiais. Usando ferramentas de idioma embutidas
3) Selecione os caracteres (de qualquer fonte ou com- O Writer fornece algumas ferramentas que tornam seu
binação de fontes) que se deseja inserir, em ordem, então trabalho mais fácil se misturar múltiplos idiomas no mesmo
clique em OK. Os caracteres selecionados são mostrados no documento ou se escrever documentos em várias línguas.
canto inferior esquerdo da caixa de diálogo. Enquanto o ca- A principal vantagem de mudar de idioma é que se pode
ractere é selecionado, é mostrado no lado direito, junto com usar os dicionários corretos para verificar a ortografia e apli-
seu código numérico. car as versões locais das regras de autocorreção para tabelas,
Figura 24. O diálogo Caracteres especiais, onde você léxico, e hifenização.
pode inserir caracteres especiais. Pode-se também configurar o idioma para um parágrafo
ou grupo de caracteres como Nenhum.
Esta opção é especialmente útil quando se insere textos tais
como endereços web ou fragmentos de linguagens de progra-
mação que não quer que sejam verificados quanto a ortografia.
Especificar o idioma nos estilos de parágrafo e caractere e
o método preferido, porque estilos permitem um alto nível de
controle e tornam as mudanças de idioma muito mais fáceis.
Na aba Fonte, do diálogo Estilos de parágrafo, pode-se espe-
cificar que certos parágrafos sejam verificados em um idioma
diferente do idioma do resto do documento.

35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Pode-se estabelecer o idioma para todo o documento, Usando Autotexto


para parágrafos individuais, ou mesmo para palavras ou ca- Use Autotexto para armazenar textos, tabelas, gráficos e ou-
racteres individuais, tudo a partir de Ferramentas - Idioma na tros itens para reuso e atribua-os a uma combinação de teclas
barra de menu. fácil de lembrar. Por exemplo, ao invés de digitar “Gerenciamen-
Outra forma de mudar o idioma de todo um documento e to sênior” toda vez que usar esta frase, pode-se configurar uma
usar Ferramentas - Opções - Configurações de idioma - Idio- entrada de Autotexto para inserir aquelas palavras quando se
mas. Na seção Idiomas padrão para documentos no diálogo digitar “gs” e pressiona F3.
Opções pode-se escolher um idioma diferente para todo o
texto. Criando Autotexto
O verificador ortográfico funciona somente para aquelas Para armazenar um texto como Autotexto:
linguagens da lista que tem o símbolo próximo a elas. Se não 1) Digite o texto no seu documento.
observar este símbolo perto da sua linguagem preferida, po- 2) Selecione o texto.
de-se instalar o novo dicionário usando Ferramentas - Idioma 3) Selecione Editar - Autotexto (ou pressione Control+F3).
- Mais dicionários online. 4) Na caixa de dialogo Autotexto, digite um nome para o
O idioma usado para verificação ortográfica e também Autotexto na caixa Nome. O Writer sugerira um atalho de uma
mostrado na barra de status, próximo do estilo de página em letra, o qual se pode mudar.
uso. 5) Na caixa maior a esquerda, selecione a categoria para a
entrada de Autotexto, por exemplo Meu Autotexto.
Usando a Autocorreção 6) Clique no botão Autotexto localizado a direita e sele-
A função Autocorreção do Writer possui uma longa lista cione Novo (somente texto) no menu.
de erros de ortografia e de digitação, que são corrigidos au- 7) Clique em Fechar para voltar ao seu documento.
tomaticamente. Por exemplo, “qeu” será mudado para “que”.
Selecione Ferramentas - Opções da autocorreção para Autotexto é especialmente eficaz quando atribuído a campos.
abrir o diálogo Autocorreção, onde definirá quais sequências Inserindo Autotexto
de caracteres de texto são corrigidas e como. Na maioria dos
Para inserir Autotexto, digite a tecla de atalho e pressione F3.
casos, as definições padrão são adequadas.
A Autocorreção é ligada quando o Writer e instalado. Para
Formatando o texto
desliga-la, desmarque Formatar - Autocorreção - Ao digitar.
Para fazer o Writer parar de substituir um trecho especifi-
Usar estilos e recomendável
co de texto, abra a aba Substituir, ilumine a(s) palavra(s) dese-
O uso de Estilos é um aspecto central no Writer. Estilos pos-
jada(s), e clique em Excluir.
Para adicionar uma nova grafia para a lista, digite-a dentro sibilitam formatar facilmente um documento de forma consis-
das caixas Substituir e Por na aba Substituir, e clique em Novo. tente, e mudar o formato com um mínimo de esforço. Um estilo
As diferentes abas do dialogo incorporam grande varie- e um conjunto nomeado de opções de formatação. O Writer
dade de opções disponíveis para ajustar as opções de Auto- define vários tipos de estilos, para diferentes tipos de elementos:
correção. caracteres, parágrafos, páginas, quadros e listas.

Usando Completar palavras Formatando parágrafos


Se Completar palavras estiver habilitado, o Writer tenta Pode-se aplicar vários formatos para parágrafos usando os
adivinhar qual palavra está sendo digitada e se oferece para botões na barra de ferramentas Formatação. A Figura 25 mostra
completar. Para aceitar a sugestão, pressione Enter. Caso con- a barra de Formatação como uma barra de ferramentas flutuan-
trário, continue digitando. te, customizada para mostrar apenas os ícones de formatação de
Para desligar Completar palavras, selecione Ferramentas parágrafos. A aparência dos ícones pode variar com seu sistema
 Opções de autocorreção  Completar palavras e desmar- operacional e a seleção do tamanho do ícone e o estilo em Fer-
que Ativar recurso de completar palavra. ramentas Opções  BrOffice  Exibir.
Pode-se customizar a opção de completar palavras da pá-
gina Completar palavras a partir do dialogo Autocorreção: Figura 25. Barra de Formatação, mostrando Ícones para
• Acrescente (adicione) um espaço automaticamente formatação de parágrafos.
depois de uma palavra aceita;
• Mostre a palavra sugerida como uma dica (pairando
sobre a palavra) ao invés de completar o texto enquanto digi-
ta;
• Mude o número máximo de palavras lembradas no
completamento de palavras e o tamanho das menores pala-
vras a serem lembradas
• Apague entradas especificas da lista de completa-
mento de palavras Formatando caracteres
• Mude a tecla que aceita uma entrada sugerida – as Pode-se aplicar vários formatos de caracteres usando
opções são Seta para direita, a tecla End, Return (Enter), uma os botões da barra de ferramentas Formatação. A Figura
tabulação e barra de espaço 26 mostra a barra de ferramentas Formatação, customizada
para incluir apenas os ícones de formatação de caracteres.

36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A aparência dos ícones pode variar com seu sistema Figura 27. Barra de ferramentas Marcadores e numeração.
operacional e a seleção do tamanho dos ícones e estilo em
Ferramentas - Opções - BrOffice - Exibir.

Figura 26. Barra de Formatação, mostrando ícones para


formatação de caracteres.

Hifenização de palavras
Tem-se várias opções para fazer hifenização: deixar o
Autoformatacao Writer faze-lo automaticamente (usando seus dicionários de
Pode-se configurar o Writer para automaticamente for- hifenização), inserir hifens condicionais manualmente quan-
matar partes do documento de acordo com escolhas feitas do necessário, ou não hifenizar nada.
na página de Opções do diálogo Autocorreção (Ferramentas
- Opções da autocorreção). Hifenização automática
Algumas mudanças de formatação não desejadas e Para ligar ou desligar a hifenização automática:
inesperadas incluem: 1) Pressione F11 (z+T no Mac) para abrir a janela de
• Linhas horizontais. Se digitar três ou mais hifens (-- Estilos e formatação.
-), sublinhados (___) ou sinais de igual (===) em uma linha 2) Na página de Estilos de Paragrafo (Figura 19), clique
e pressionar Enter, o parágrafo é substituído por uma linha com o botão direito em
horizontal do tamanho da página. A linha é na realidade a 3) Padrão e selecione Modificar.
borda mais baixa do parágrafo precedente. 4) No dialogo Estilo de parágrafo (Figura 20), vá para
• Listas de marcadores e listas numeradas. Uma lista a página.
de marcadores é criada quando se digita um hífen (-), as- 5) Em Hifenização, marque ou desmarque a opção
terisco (*), ou sinal de mais (+), seguido por um espaço ou Automaticamente. Pressione OK para salvar.
tabulação no começo do parágrafo. Uma lista numerada e
criada quando se digita um número seguido por um ponto
final (.), seguido de um espaço ou tabulação no início do pa-
rágrafo. Numeração automática só é aplicada em parágrafos
formatados com os estilos de parágrafo Padrão, Corpo de
texto ou Corpo de texto recuado.
Para ligar ou desligar a autoformatação, selecione For-
matar - Autocorreção e marque ou desmarque os itens na
lista.

Criando listas de marcadores e listas numeradas


Há várias maneiras de criar listas de marcadores e listas
numeradas:
• Usando autoformatação, como descrito acima.
• Use estilos de lista (numerada).
• Use os ícones de marcadores e numeração na bar-
ra de ferramentas de formatação de parágrafo (veja Figura
25): selecione os parágrafos na lista, e então clique no ícone
apropriado na barra de ferramentas.

Usando a barra de ferramentas Marcadores e numera-


ção Figura 29. Habilitando a hifenização automática.
Pode-se criar listas aninhadas (onde um ou mais itens
da lista tem uma sub-lista abaixo dele, como em um suma- Pode-se também configurar escolhas de hifenização
rio) usando os botões na barra de ferramentas Marcadores através de Ferramentas - Opções - Configurações de idio-
e numeração (Figura 27). Pode-se mover itens para cima e ma - Recursos para redação. Em Opções, perto do fundo do
para baixo, ou criar sub-pontos, e mesmo mudar o estilo dos diálogo, role para baixo para encontrar as configurações de
marcadores. Utilize Exibir - Barras de ferramentas - Marca- hifenização.
dores e numeração para ver a barra de ferramentas.
A aparência dos ícones pode variar com seu sistema
operacional e a seleção do tamanho do ícone e estilo em
Ferramentas - Opções - BrOffice - Exibir.

37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 30. Configurando as opções de hifenização. CALC

O Calc e o componente de Planilha de Cálculo do Li-


breOffice. Pode-se fornecer dados (em geral, numéricos) em
uma planilha e manipula-los para produzir determinados
resultados.
Alternativamente pode-se fornecer dados e utilizar o
Para mudar o número mínimo de caracteres para hifeni- Calc no modo “E se...”, alterando alguns dados e observando
zação, o número mínimo de caracteres antes da quebra de os resultados sem precisar redigitar a planilha inteira.
linha, ou o número mínimo de caracteres depois da quebra Outras funcionalidades oferecidas pelo Calc:
de linha, selecione o item, depois clique no botão Editar na • Funções, que podem ser utilizadas para criar fór-
seção Opções. mulas para executar cálculos complexos
As opções de Hifenização configuradas no diálogo Re- • Funções de banco de dados, para organizar, arma-
cursos para redação são efetivas somente se a hifenização zenas e filtrar dados
estiver ligada nos estilos de parágrafo. • Gráficos dinâmicos; um grande número de opções
de gráficos em 2D e 3D
Hifenização manual • Macros, para a gravação e execução de tarefas re-
Para hifenizar palavras manualmente não use um hífen petitivas
normal, que permanecera visível mesmo se a palavra não • Capacidade de abrir, editar e salvar planilhas no for-
está mais no fim da linha depois de se adicionar ou apagar mato Microsoft Excel
um texto ou mudar as margens ou o tamanho da fonte. Ao • Importação e exportação de planilhas em vários
invés disso, use a hifenização condicional, que é visível so- formatos, incluindo HTML, CSV, PDF e PostScript.
mente quando requerida.
Para inserir um hífen condicional dentro de uma palavra, Planilhas, folhas e células
clique onde se quer que o hífen apareça e pressione Con- O Calc trabalha com documentos chamados de plani-
trol+hífen. A palavra será hifenizada nesta posição quando lhas. As planilhas consistem de várias folhas individuais, cada
ela estiver no fim da linha, mesmo se a hifenização automá- uma delas contendo células em linhas e colunas. Uma célula
tica para aquele parágrafo estiver desligada. particular e identificada pelo número da sua linha e a letra
da sua coluna.
Formatando páginas As células guardam elementos individuais – texto, nú-
O Writer fornece várias maneiras de controlar layouts de meros, fórmulas, e assim por diante – que mascaram os da-
página: estilos de página, colunas, quadros, tabelas e seções. dos que exibem e manipulam.
Cada planilha pode ter muitas folhas, e cada folha pode
Criando cabeçalhos e rodapés conter muitas células individuais. No Calc, cada folha pode
Um cabeçalho e uma área que aparece no topo de uma conter um máximo de 1.048.576 linhas e 1024 colunas.
página. Um rodapé aparece no fim da página. Informações
como números de pagina inseridos dentro de um cabeçalho Elementos da tela principal do Calc
ou rodapé são mostradas em todas as páginas do documen-
to com aquele estilo de página. Ao abrir um novo documento do Calc, a tela principal do
Para inserir um cabeçalho, selecione Inserir - Cabeçalho Calc será aberta, como mostra a Figura 31.
- Padrão (ou o estilo de página, se não for Padrão).
Outras informações como títulos de documento e tí- Figura 31. Tela principal do Calc.
tulos de capitulo são frequentemente colocados dentro do
cabeçalho ou rodapé. Estes itens são melhor adicionados
como campos.
Dessa forma, se alguma coisa mudar, os cabeçalhos e
rodapés são automaticamente atualizados.
Aqui está um exemplo comum.
Para inserir o título do documento dentro do cabeçalho:
1) Selecione Arquivo - Propriedades - Descrição e digite
um título para seu documento.
2) Adicione um cabeçalho (Inserir - Cabeçalho - Padrão).
3) Posicione o cursor na parte do cabeçalho da página.
4) Selecione Inserir - Campos - título. O título deveria
aparecer em um plano de fundo cinza (que não e mostrado
quando impresso e pode ser desabilitado). Barra de título
5) Para mudar o título do documento todo, volte em A barra de título, localizada no alto da tela, mostra o
Arquivo - Propriedades - Descrição. nome da planilha atual. Quando a planilha for recém criada,
seu nome e Sem título X, onde X é um número. Quando a
planilha é salva pela primeira vez, será solicitado um nome.

38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Barra de menu Clicando no botão Soma insere-se uma fórmula na célula


Abaixo da barra de título, está a Barra de menu. Ao esco- selecionada que soma os valores numéricos das células acima
lher um dos menus, um submenu aparece com outras opções. dela. Se não houver números acima da célula selecionada, a
soma será feita pelos valores das células a esquerda.
Barra de ferramentas Clicando no botão Função insere-se um sinal de igual (=)
Três barras de ferramentas estão localizadas abaixo da na célula selecionada e na Linha de Entrada de dados, ativan-
Barra de menus, por padrão: A Barra de ferramentas padrão, do a célula para aceitar fórmulas.
a Barra de ferramentas de formatação, e a Barra de fórmulas. Quando se digita novos dados numa célula, os botões de
Os ícones (botões) nessas barras de ferramentas ofere- Soma e de Função mudam para os botões Cancelar e Aceitar.
cem um amplo leque de comandos e funções comuns, que O conteúdo da célula selecionada (dados, fórmula ou
podem ser alterados. função) são exibidos na Linha de Entrada de Dados, que é um
Na Barra de formatação, as três caixas a esquerda são as lembrete da Barra de Fórmulas. Pode-se editar o seu conteú-
listas de Aplicar Estilo, Nome da Fonte e Tamanho da Fonte. do na própria Linha de Entrada de Dados. Para edita-la, clique
Elas mostram as configurações atuais da célula, ou da área na Linha de Entrada de Dados e digite suas alterações. Para
selecionada. (A lista de Aplicar Estilo pode não estar visível editar dentro da célula selecionada, clique duas vezes nela.
por padrão). Clique na seta para baixo, a direita de cada cai-
xa, para abrir a lista. Células individuais
A seção principal da tela exibe as células na forma de uma
Figura 32. Listas Aplicar Estilo, Nome da Fonte e Tama- tabela, onde cada célula fica na interseção de uma coluna
nho da Fonte. com uma linha.
No alto de cada coluna, e a esquerda de cada linha, há
uma célula cinza, contendo letras (colunas) e números (linhas).
Esses são os cabeçalhos das colunas e linhas. As colunas co-
meçam em A e seguem para a direita, e as linhas começam
em 1 e seguem para baixo.
Os cabeçalhos das colunas e linhas formam a referência
da célula que aparece na Caixa de
Nome na Barra de Fórmulas (Figura 33). Pode-se desligar
esses cabeçalhos em Exibir Cabeçalhos de Linhas e Colunas.

Abas de folhas
Barra de fórmulas Abaixo da tabela com as células estão as abas das folhas.
Do lado esquerdo da barra de fórmulas existe uma pe- Essas abas permitem que se acesse cada folha da planilha in-
quena caixa de texto chamada de Caixa de nome, com uma dividualmente, com a folha visível (ativa) estando na cor bran-
combinação de uma letra e um número dentro, por exem- ca. Pode-se escolher cores diferentes para cada folha.
plo, D7. Esta combinação, chamada de referência de célula, e Clicando em outra aba de folha exibe-se outra folha e sua
a letra da coluna e o número da linha da célula selecionada. aba fica branca. Pode-se selecionar várias folhas de uma só
vez, pressionando a tecla Control ao mesmo tempo que clica
Figura 33. Barra de fórmulas. nas abas.

Barra de Status
Na parte inferior da janela do Calc está a barra de status,
que mostra informações sobre a planilha e maneiras con-
venientes de alterar algumas das suas funcionalidades. A
maioria dos campos e semelhante aos outros componentes
do LibreOffice.

Figura 34. Canto esquerdo da Barra de Status.

A direita da Caixa de nome estão os botões do Assisten-


te de Funções, de Soma, e de Função.
Clicando no botão do Assistente de Funções abre-se Figura 35. Canto direito da Barra de Status.
uma caixa de diálogo onde pode-se pesquisar em uma lista
de funções disponíveis. Isso pode ser muito útil porque tam-
bém mostra como as funções são formatadas.
O termo função, em uma planilha, abrange muito mais
do que funções matemáticas.

39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Navegando dentro das planilhas Movendo-se de uma célula para outra


O Calc oferece várias maneiras para navegar dentro de Em uma planilha, normalmente, uma célula possui uma
uma planilha de uma célula para outra, e de uma folha para borda preta. Essa borda preta indica onde o foco está (veja a
outra. Você pode utilizar a maneira que preferir. Figura 37). Se um grupo de células estiver selecionado, elas
são destacadas com a cor azul, enquanto a célula que possui o
Indo para uma célula especifica foco terá uma borda preta.

Utilizando o mouse Utilizando o mouse


Posicione o ponteiro do mouse sobre a célula e clique. Para mover o foco utilizando o mouse, simplesmente co-
loque o ponteiro dele sobre a célula que deseja e clique com o
Utilizando uma referência de célula botão esquerdo. Isso muda o foco para a nova célula. Esse méto-
Clique no pequeno triângulo invertido bem ao lado da do é mais útil quando duas células estão distantes uma da outra.
Caixa de nome (Figura 33). A referencia da célula selecionada
ficara destacada. Digite a referência da célula que desejar e Figura 37. À esquerda, uma célula selecionada e à direita,
pressione a tecla Enter. Ou, apenas clique na Caixa de nome, um grupo de células.
pressione a tecla backspace para apagar a referência da cé-
lula selecionada, digite a referência de célula que desejar e
pressione Enter.

Utilizando o Navegador
Para abrir o Navegador, clique nesse ícone na Barra
de ferramentas padrão, ou pressione a tecla F5, ou clique em
Exibir - Navegador na Barra de menu, ou clique dias vezes no
Número Sequencial das Folhas na Barra de estado. Digite a
referência da célula nos dois campos na parte superior, iden-
tificados como Coluna e Linha, e pressione Enter. Na Figura
36 o Navegador selecionaria a célula A7.

Figura 36. Janela do Navegador. Utilizando as teclas de Tabulação e Enter


• Pressionando Enter ou Shift+Enter move-se o foco
para baixo ou para cima, respectivamente.
• Pressionando Tab ou Shift+Tab move-se o foco para
a esquerda ou para a direita, respectivamente.

Utilizando as teclas de seta


Pressionando as teclas de seta do teclado move-se o foco
na direção das teclas.

Utilizando as teclas Home, End, Page Up e Page Down


• A tecla Home move o foco para o início de uma linha.
• A tecla End move o foco para a última célula a direita
que contenha dados.
• A tecla Page Down move uma tela completa para
baixo e a tecla Page Up move uma tela completa para cima.
• Combinações da tecla Control e da tecla Alt com as
teclas Home, End, Page Down, Page Up, e as teclas de seta
Pode-se embutir o Navegador em qualquer lado da ja- movem o foco da célula selecionada de outras maneiras.
nela principal do Calc, ou deixá-lo flutuando. (Para embutir
ou fazer flutuar o navegador, pressione e segure a tecla Con- Personalizando a tecla Enter
trol e clique duas vezes em uma área vazia perto dos ícones Pode-se personalizar a direção para onde a tecla Enter
dentro da caixa de diálogo do Navegador). move o foco, selecionando Ferramentas - Opcoes - LibreOf-
O Navegador exibe listas de todos os objetos em um fice Calc - Geral.
documento, agrupados em categorias. As quatro opções de direção da tecla Enter são exibidas
Se um indicador (sinal de mais (+) ou seta) aparece pró- no lado direito da Figura 38. Ela pode mover o foco para baixo,
ximo a uma categoria, pelo menos um objeto daquele tipo para a direita, para a esquerda, ou para cima. Dependendo do
existe. Para abrir uma categoria e visualizar a lista de itens, arquivo utilizado, ou do tipo de dados que são digitados. Con-
clique no indicador. figurar uma direção diferente pode ser util.
Para esconder a lista de categorias e exibir apenas os íco- A tecla Enter também pode ser utilizada para entrar e sair
nes, clique no ícone de Conteúdo . Clique neste ícone de do modo de edição. Utilize as duas primeiras opções abaixo de
novo para exibir a lista. Configurações da entrada de dados na Figura 38 para alterar
as configurações da tecla Enter.

40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 38. Personalizando o efeito da tecla Enter. Grupo de células contíguas


Pode-se selecionar um grupo de células contíguas utili-
zando o teclado ou o mouse.

Para selecionar um grupo de células arrastando o mouse:


1) Clique em uma célula.
2) Pressione e segure o botão esquerdo do mouse.
3) Mova o mouse através da tela.
4) Uma vez selecionado o bloco de células desejado,
solte o botão do mouse.

Movendo-se de uma folha para outra Para selecionar um grupo de células sem arrastar o
Cada folha de uma planilha e independente das outras, mouse:
ainda que seja possível fazer referências de uma para outra. Há 1) Clique na célula que será um dos cantos do grupo a
três maneiras de navegar entre diferentes folhas numa planilha. ser selecionado.
2) Mova o mouse para o canto oposto do grupo a ser
Utilizando o Navegador selecionado.
Quando o navegador estiver aberto (Figura 36), clicar duas 3) Pressione e mantenha a tecla Shift e clique.
vezes em qualquer uma das folhas listadas seleciona a folha.
Para selecionar um grupo de células sem utilizar o
Utilizando o teclado mouse:
Pressionando as teclas Control+Page Down move-se a fo- 1) Selecione a célula que será um dos cantos do grupo
lha para a direita, e Control+Page Up move-se a folha para a a ser selecionado.
esquerda. 2) Enquanto segura a tecla Shift, utilize as teclas de
seta para selecionar o restante do grupo.
Utilizando o mouse
Clicando em uma das abas das folhas na parte de baixo da O resultado de qualquer um desses métodos será pare-
planilha, seleciona a folha. cido com o lado direito da Figura 37.
Se tiver muitas folhas, algumas delas podem estar escon-
didas atrás da barra de rolagem horizontal na parte de baixo Grupo de células não contíguas
da tela. Se for o caso, os quatro botões a esquerda das abas 1) Selecione a célula, ou grupo de células utilizando
das folhas podem colocar as folhas a vista. A Figura 39 mostra um dos métodos acima.
como fazer isso. 2) Mova o ponteiro do mouse para o início do próximo
grupo de células, ou célula única.
Figura 39. Setas das abas das folhas. 3) Pressione e segura a tecla Control e clique ou clique
e arraste para selecionar um grupo de células.
4) Repita, caso necessário.

Selecionando colunas e linhas


Colunas e linhas inteiras podem ser selecionadas de ma-
neira muito rápida no LibreOffice.

Coluna ou Linha única


Para selecionar uma única coluna, clique na letra do
identificador da coluna (veja a Figura 31).
Note que as folhas não estão numeradas em ordem. A nu- Para selecionar uma única linha, clique no identificador
meração das folhas e arbitrária; pode dar o nome que desejar do número da linha.
para cada folha.
Múltiplas colunas ou linhas
Para selecionar múltiplas colunas ou linhas contíguas:
Selecionando itens em uma folha ou planilha 1) Clique na primeira coluna ou linha do grupo.
2) Pressione e segure a tecla Shift.
Selecionando células 3) Clique na última coluna ou linha do grupo.
As células podem ser selecionadas de várias maneiras e
combinações. Para selecionar múltiplas colunas ou linhas não contí-
guas:
Célula única 1) Clique na primeira coluna ou linha do grupo.
Clique com o botão esquerdo do mouse sobre a célula. 2) Pressione e segure a tecla Control.
O resultado será parecido com o lado esquerdo da Figura 37. 3) Clique em todas as colunas ou linhas subsequentes,
Pode-se confirmar a seleção na Caixa de nome. enquanto segura a tecla Control.

41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Folha inteira 1) Selecione a célula, coluna ou linha onde se quer inserir


Para selecionar uma folha inteira, clique na pequena caixa a nova coluna ou linha.
entre a o identificador da coluna A e o identificador da linha 1. 2) Clique com o botão direito do mouse no cabeçalho
Figura 40. Caixa de seleção de todas as células. da coluna ou da linha.
3) Clique em Inserir Linhas ou Inserir Colunas.

Múltiplas colunas ou linhas


Pode inserir várias colunas ou linhas de uma só vez, ao in-
vés de inseri-las uma por uma.
1) Selecione o número de colunas ou de linhas pressio-
nando e segurando o botão esquerdo do mouse na primeira e
arraste o número necessário de identificadores.
Pode-se também pressionar Control+A para selecionar fo- 2) Proceda da mesma forma, como fosse inserir uma
lhas inteiras. única linha ou coluna, descrito acima.

Selecionando folhas Apagando colunas e linhas


Pode-se selecionar uma ou várias folhas. Pode ser vantajoso Colunas e linhas podem ser apagadas individualmente ou
selecionar várias folhas quando precisar fazer alterações em vá- em grupos.
rias folhas de uma vez.

Folha única Coluna ou linha única
Clique na aba da folha que deseja selecionar. A folha ativa Uma única coluna ou linha pode ser apagada utilizando-se
fica na cor branca (veja a Figura 39). o mouse:
1) Selecione a coluna ou linha a ser apagada.
Múltiplas folhas contíguas 2) Clique com o botão direito do mouse no identificador
Para selecionar várias folhas contíguas: da coluna ou linha.
1) Clique na aba da primeira folha desejada. 3) Selecione Excluir Colunas ou Excluir Linhas no menu
2) Mova o ponteiro do mouse para a aba da última folha de contexto.
desejada.
3) Pressione e segure a tecla Shift e clique na aba da folha. Múltiplas colunas e linhas
Todas as abas entre as duas folhas ficarão na cor branca. Pode apagar várias colunas ou linhas de uma vez ao invés
Qualquer ação que se faça agora afetará todas as planilhas se- de apagá-las uma por uma.
lecionadas. 1) Selecione as colunas que deseja apagar, pressionando
o botão esquerdo do mouse na primeira e arraste o número
Múltiplas folhas não contíguas necessário de identificadores.
Para selecionar várias folhas não contíguas: 2) Proceda como fosse apagar uma única coluna ou li-
1) Clique na aba da primeira folha. nha acima.
2) Mova o ponteiro do mouse para a aba da segunda fo-
lha. Inserindo novas folhas
3) Pressione e segure a tecla Control e clique na aba da Ha várias maneiras de inserir uma folha. A mais rápida, e
folha. clicar com o botão Adicionar folha.
4) Repita, se necessário. Isso insere uma nova folha naquele ponto, sem abrir a cai-
As abas folhas selecionadas ficarão na cor branca. Qualquer xa de diálogo de Inserir planilha.
ação que se faça agora afetara todas as planilhas selecionadas. Utilize um dos outros métodos para inserir mais de uma
planilha, para renomeá-las de uma só vez, ou para inserir a fo-
Todas as folhas lha em outro lugar da sequência. O primeiro passo para esses
Clique com o botão direito do mouse em qualquer uma métodos e selecionar a folha, próxima da qual, a nova folha
das abas das folhas e clique em Selecionar todas as planilhas no será inserida. Depois, utilize as seguintes opções.
menu de contexto. • Clique em Inserir - Planilha na Barra de menu.
• Clique com o botão direito do mouse e escolha a op-
Trabalhando com colunas e linhas ção Inserir Planilha no menu de contexto.
• Clique em um espaço vazio no final da fila de abas de folhas.
Inserindo colunas e linhas
Pode-se inserir colunas e linhas individualmente ou em gru- Figura 41. Criando uma nova folha.
pos.
Coluna ou linha única
Utilizando o menu Inserir:
1) Selecione a célula, coluna ou linha onde se quer inserir
a nova coluna ou linha.
2) Clique em Inserir  Colunas ou Inserir  Linhas.
Utilizando o mouse:

42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cada método abrirá a caixa de diálogo Inserir Planilha (Figu- Figura 43. Utilizando a ferramenta de Preenchimento.
ra 42). Aqui se pode escolher se as novas folhas serão inseridas
antes ou depois da folha selecionada, e quantas folhas quer in-
serir.
Se for inserir apenas uma folha, existe a opção de dar-lhe
um nome.

Figura 42. Caixa de diálogo Inserir Planilha.

Utilizando uma sequência de preenchimento


Um uso mais complexo da ferramenta de Preenchimen-
to e utilizar o preenchimento sequencial.
As listas padrão contém dias da semana inteiros e abre-
viados, e os meses do ano, mas pode-se criar outras listas,
também.
Para adicionar uma sequência de preenchimento em
uma planilha, selecione as células a serem preenchidas, cli-
que em Editar - Preencher - Series.
Apagando folhas Na caixa de diálogo (Figura 45), selecione Autopreen-
As folhas podem ser apagadas individualmente ou em gru- chimento no Tipo de série, e entre como Valor inicial um
pos. item de qualquer uma das sequências definidas. As células
selecionadas serão preenchidas com os outros itens da lista
Folha única sequencialmente, repetindo a sequência a partir do primeiro
Clique com o botão direito na aba da folha que quer apagar item quando chegar ao final da lista.
e clique em Excluir Planilha no menu de contexto, ou clique em
Editar - Planilha - Excluir na barra de menu.

Múltiplas folhas
Para apagar múltiplas folhas, selecione-as como descrito an-
teriormente, e clique com o botão direito do mouse sobre uma
das abas e escolha a opção Excluir Planilha no menu de contexto,
ou clique em Editar - Planilha - Excluir na barra de menu.

Renomeando folhas
O nome padrão para uma folha nova é PlanilhaX, onde X
e um número. Apesar disso funcionar para pequenas planilhas
com poucas folhas, pode tornar-se complicado quando temos
muitas folhas.
Para colocar um nome mais conveniente a uma folha, pode:
• Digitar o nome na caixa Nome, quando criar a folha, ou Figura 45. Especificando o início de uma sequência de
• Clicar com o botão direito do mouse e escolher a op- preenchimento (resultado na Figura 44)
ção Renomear Planilha no menu de contexto e trocar o nome
atual por um de sua escolha.
• Clicar duas vezes na aba da folha para abrir a caixa de
diálogo Renomear Planilha.

Utilizando a ferramenta de preenchimento nas células


Da maneira mais simples, a ferramenta de Preenchimento e
uma maneira de duplicar conteúdos já existentes. Comece sele-
cionando a célula que será copiada, depois arraste o mouse em
qualquer direção (ou pressione e segure a tecla Shift e clique na Pode-se também utilizar a opção Editar - Preencher -
última célula que queira preencher), e clique em Editar - Preen- Séries para criar um preenchimento automático de uma
cher e escolha a direção para a qual queira copiar: Para cima, sequência de números, digitando o valor inicial, o final e o
Para baixo, Para a esquerda ou Para a direita. incremento. Por exemplo, Se entrar com o valor inicial 1 e o
valor final 7, com um incremento de 2, terá a sequência 1,
3, 5, 7.

43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em todos os casos, a ferramenta de Preenchimento cria


apenas uma conexão momentânea entre as células. Uma vez
preenchidas, elas perdem a conexão entre si.
Definindo uma sequência de preenchimento
Para definir uma sequência de preenchimento: Figura 49: ícones de formatação numérica. Da esquerda
1) Va para Ferramentas - Opções - LibreOffice Calc - Lis- para a direita: moeda, porcentagem, data, exponencial, pa-
tas de classificação. Essa caixa de diálogo exibe listas pré-defi- drão, adiciona casa decimal, retira casa decimal.
nidas na caixa Listas a esquerda, e o conteúdo da lista selecio-
nada na caixa Entradas. Para um controle melhor ou para selecionar outros for-
matos numéricos, utilize a aba Números da caixa de diálogo
Figura 46. Sequências de preenchimento pré-definidas. Formatar Células:
• Aplique qualquer um dos tipos de dados na lista
Categoria aos dados.
• Controle o número de casas decimais e de zeros a
esquerda.
• Entre um formato numérico personalizado.
A configuração do Idioma controla as configurações de
2) Clique em Novo. A caixa Entradas e limpa. local para diversos formatos como a ordenação da data e o
3) Digite a serie para a nova lista na caixa Entradas (uma identificador monetário.
entrada por linha). Clique em Adicionar. A nova lista aparecera
na caixa Listas.
4) Clique em OK na parte de baixo da caixa de diálogo
para salvar a nova lista.

Figura 47. Definindo uma nova sequência de preenchi-


mento.

Utilizando listas de seleção


Listas de seleção estão disponíveis somente para texto, e
estão limitadas a utilização apenas com texto que já existe na
mesma coluna. Figura 50. Formatar Células → Números
Para utilizar uma lista de seleção, selecione uma célula va-
zia e clique com o botão direito do mouse, selecionando a Classificando registros
opção Lista de seleção. Uma lista de opções aparece com o A classificação organiza as células visíveis na folha. No
conteúdo de todas as células na mesma coluna que contenha, Calc, pode-se classificar células utilizando até três critérios,
pelo menos, um caractere, ou cujo formato esteja definido que são aplicados, um após o outro. Classificações são uteis
como Texto. Clique na entrada que desejar. quando há a necessidade de procurar por um item especi-
fico, e torna-se ainda mais poderosa quando os dados são
filtrados.
Além disso, a classificação é sempre útil quando adicio-
namos novas informações. Quando uma lista é extensa, nor-
malmente é mais fácil adicionar novas informações no final
da folha, ao invés de incluir linhas nos locais apropriados.
Uma vez inseridas as informações, é possível classifica-las
para atualizar a folha.
Selecione as células a serem classificadas, depois clique
em Dados - Classificar para abrir a caixa de diálogo Clas-
sificar (ou clique nos botões Classificar em Ordem Ascen-
dente, ou Classificar em Ordem Descendente, na Barra de
ferramentas). Na caixa de diálogo, pode-se classificar células
Figura 48. Lista de seleção. selecionadas utilizando até três colunas, tanto em ordem as-
cendente (A-Z, 1-9), quanto em ordem descendente (Z-A,
Formatando números 9-1).
Vários formatos diferentes de números podem ser apli- Na aba Opções da caixa de diálogo Classificar, pode-se
cados as células através dos ícones da Barra de ferramentas escolher entre as seguintes opções:
de formatação. Selecione a célula, e clique no ícone desejado.

44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Diferenciar maiúsculas e minúsculas Partes da janela do Impress


Se duas entradas são quase idênticas, uma com uma
letra maiúscula no início, outra com uma letra minúscula A janela principal do Impress (Figura 51) tem três par-
na mesma posição. tes: o Painel de Slides, Área de Trabalho, e Painel de Tarefas.
A faixa contém rótulos de colunas Adicionalmente, diversas barras de ferramentas podem ser
Não inclui os rótulos das colunas na classificação. mostradas ou ocultas durante a criação de uma apresentação.

Inclui formatos Figura 52. Tela inicial do Impress.


A formatação da célula e movida junto com seu conteúdo.
Se a formatação é utilizada para diferenciar entre vários tipos de
células, utilize essa opção.
Copiar resultados da classificação para
Configura um endereço na planilha para onde o resulta-
do da classificação será copiado. Se uma faixa for especificada,
e não contiver o número necessário de células, então células
serão adicionadas. Se uma faixa contiver células com dados, a
classificação falhara.

Ordem de classificação personalizada


Selecione essa opção, depois escolha uma das ordens de
classificação definidas em Ferramentas - Opções - Planilha - Lis-
tas de classificação na lista de opções. Painel de slides
O Painel de Slides contém imagens em miniaturas dos
Direção slides de sua apresentação, na ordem em que serão mostra-
Ajusta se a classificação será por linhas ou por colunas. O dos (a menos que se mude a ordem de apresentação dos
valor padrão é por colunas a menos que as células selecionadas slides). Clicando em um slide deste painel, o seleciona e o
estejam em uma única coluna. coloca na Área de Trabalho. Quando um slide está na Área
de Trabalho, pode-se aplicar nele as alterações desejadas.
IMPRESS Várias operações adicionais podem ser aplicadas em um
ou mais slides simultaneamente no Painel de slides:
Impress é o programa de apresentação do LibreOffice. • Adicionar novos slides para a apresentação.
Pode-se criar slides que contenham deferentes elementos, in- • Marcar um slide como oculto para que ele não seja
cluindo texto, marcadores e listas numeradas, tabelas, gráficos, mostrado como parte da apresentação.
clipart e uma ampla gama de objetos gráficos. O Impress inclui • Excluir um slide da apresentação, se ele não e mais
corretor ortográfico, dicionário, estilos de textos predefinidos e necessário.
atrativos estilos de fundo. • Renomear um slide.
Slides incluem o uso de estilos de texto, que determinam a • Duplicar um slide (copiar e colar) ou move-lo para
aparência do texto. uma posição diferente na apresentação (cortar e colar).
Também é possível realizar as seguintes operações, ape-
Iniciando o Impress sar de existirem métodos mais eficientes do que usando o
Pode-se iniciar o Impress de várias formas: Painel de slides:
• A partir da Suite de aplicações do LibreOffice, se não • Alterar a transição de slides para o slide seguinte ou
houver nenhum aplicativo aberto; após cada slide em um grupo de slides.
• Do menu principal do sistema ou da Inicialização rápi- • Alterar a sequência de slides na apresentação.
da do Libre. • Alterar o modelo do slide.
• De qualquer componente aberto do LibreOffice. Cli- • Alterar a disposição do slide ou para um grupo de
que no triângulo do lado direito do ícone Novo na barra de fer- slides simultaneamente.
ramenta principal e selecione Apresentação no menu suspenso
ou escolha Arquivo - Novo - Apresentação na barra de menu. Painel de tarefas
Quando iniciar o Impress pela primeira vez, o Assisten- O Painel de Tarefas tem cinco seções. Para expandir a
te de Apresentação será exibido. Nele pode-se escolher as seção que se deseja, clique no triângulo apontando para a
seguintes opções: esquerda da legenda, conforme a Figura abaixo. Somente
• Apresentação vazia, que lhe fornece um documento uma seção por vez pode ser expandida.
em branco.
• A partir do modelo, que é uma apresentação projeta- Páginas mestre
da com um modelo de sua escolha. Aqui e definido o estilo de página para sua apresenta-
• Abrir uma apresentação existente. Se desejar não usar ção. O Impress contém Paginas Mestre pré-preparadas (sli-
o assistente no futuro, pode-se selecionar Não mostrar este As- des mestres). Um deles, o padrão, e branco, e os restantes
sistente novamente. Clique em Criar para abrir a janela principal possuem um plano fundo.
do Impress.

45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Layout O Navegador e mais útil se se der aos slides e objetos


Os layouts pré-preparados são mostrados aqui. Você pode (figuras, planilhas, e assim por diante) nomes significativos,
escolher aquele que se deseja, usa-lo como esta ou modifica-lo ao invés de deixa-los como o padrão “Slide 1” e “Slide 2”
conforme suas próprias necessidades. Atualmente não e possí- mostrado na Figura 35.
vel criar layouts personalizados.

Modelos de tabela
Os estilos de tabela padrão são fornecidos neste painel.
Pode-se ainda modificar a aparência de uma tabela com as se-
leções para mostrar ou ocultar linhas e colunas especificas, ou
aplicar uma aparência única as linhas ou colunas.
Animação personalizada
Uma variedade de animações/efeitos para elementos se-
lecionados de um slide são listadas. A animação pode ser adi-
cionada a um slide, e também pode ser alterada ou removida
posteriormente.

Transição de slide
Muitas transições estão disponíveis, incluindo Sem transi-
ção. Pode-se selecionar a velocidade de transição (lenta, media, Exibições da área de trabalho
rápida), escolher entre uma transição automática ou manual, e Cada uma das exibições da área de trabalho é projetada
escolher por quanto tempo o slide selecionado será mostrado. para facilitar a realização de determinadas tarefas; portanto,
é útil se familiarizar com elas, a fim de se realizar rapidamen-
Área de trabalho te estas tarefas.
A Área de Trabalho tem cinco guias: Normal, Estrutura de
A exibição Normal é a principal exibição para trabalhar-
tópicos, Notas, Folheto, Classificador de slide. Estas cinco guias
mos com slides individuais. Use esta exibição para projetar
são chamadas botões de Visualização. A Área de Trabalho abai-
e formatar e adicionar texto, gráficos, e efeitos de animação.
xo dos botões muda dependendo da visualização escolhida.
Para colocar um slide na área de projeto (Exibição nor-
mal), clique a miniatura do slide no Painel de slides ou clique
Figura 53: Guias da Área de Trabalho
duas vezes no Navegador.

Exibição estrutura de tópicos


Barras de ferramentas A visualização Estrutura de tópicos contém todos os sli-
Muitas Barras de ferramentas podem ser usadas durante des da apresentação em sua sequência numerada. Mostra
a criação de slides, uma vez que elas podem ser mostradas ou tópico dos títulos, lista de marcadores e lista de numeração
ocultadas clicando em Exibir - Barras de ferramentas e selecio- para cada slide no formato estrutura de tópicos. Apenas o
nar no menu. texto contido na caixa de texto padrão em cada slide e mos-
Pode-se também selecionar os ícones que se deseja que trado, portanto, se o seu slide inclui outras caixas de texto ou
apareçam em cada barra de ferramenta. objetos de desenho, o texto nesses objetos não é exibido.
Nome de slides também não são incluídos.
Barra de status
A Barra de status, localizada na parte inferior da janela do
Impress, contém informações que podem ser uteis quando tra-
balhamos com uma apresentação. Para detalhes sobre o con-
teúdo e uso destes campos.
Figura 54. Canto esquerdo da Barra de Status.
Figura 57: Exibição Estrutura de tópicos

Use a exibição Estrutura de tópicos para as seguintes


Figura 55. Canto direito da Barra de Status. finalidades:
1) Fazer alterações no texto de um slide:
• Adicione e exclua o texto em um slide assim como
no modo de exibição Normal.
• Mova os parágrafos do texto no slide selecionado
Navegador para cima ou para baixo usando as teclas de seta para cima
O Navegador exibe todos os objetos contidos em um do- e para baixo (Move para cima ou Move para baixo) na barra
cumento. Ele fornece outra forma conveniente de se mover em de ferramenta Formatação de Texto.
um documento e encontrar itens neste. Para exibir o Navegador, • Altere o nível da Estrutura de tópicos para qualquer
clique no ícone na barra de ferramentas Padrão, ou escolha Exi- um dos parágrafos em um slide usando as teclas seta es-
bir  Navegador na barra de menu, ou pressione Ctrl+Shift+F5. querda e direita (Promover ou Rebaixar).

46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Move um parágrafo e altera o seu nível de estrutura


de tópicos usando a combinação destas quatro teclas de seta

2) Comparar os slides com sua estrutura (se tiver prepa-


rado uma antecipadamente). Observe a partir do seu esquema
que outros slides são necessários, pode-se criá-los diretamente
na exibição Estrutura de tópicos ou pode-se voltar ao modo de
exibição normal para criá-lo.
Exibição Notas
Use a exibição Notas para adicionar notas para um slide.
1) Clique na guia Notas na Área de trabalho.
2) Selecione o slide ao qual se deseja adicionar notas. Figura 60: Caixa de diálogo para definir a informação da
• Clique o slide no painel Slides, ou página de folhetos e notas
• Duplo clique no nome do slide no Navegador.
3) Na caixa de texto abaixo do slide, clique sobre as pa- Exibição classificador de slides
lavras Clique para adicionar notas e comece a digitar. A exibição Classificador de slides contém todas as mi-
Pode-se redimensionar a caixa de texto de Notas utilizando niaturas dos slides. Use esta exibição para trabalhar com um
as alças de redimensionamento verdes que aparecem quando grupo de slides ou com apenas um slide.
se clica na borda da caixa. Pode-se também mover a caixa colo-
cando o cursor na borda, então clicando a arrastando. Para fazer
alterações no estilo de texto, pressione a tecla F11 para abrir a
janela Estilos e formatação.

Figura 58. Exibição Notas. Figura 61: Exibição Classificador de slides

Exibicao folheto Personalizando a exibição classificador de slides


A exibição Folheto é para configurar o layout de seu slide Para alterar o número de slides por linha:
para uma impressão em folheto. Clique na guia Folheto na Área 1) Escolha Exibir → Barra de ferramentas → Exibição
de trabalho, então escolha Layouts no painel de Tarefas. Pode- de slides para fazer a barra de ferramenta Exibição de slide
se então optar por imprimir 1,2,3,4,6 ou 9 slides por pagina visível.

Figura 62: Barra de ferramenta Classificador de slide e


Exibição de slides

2) Ajuste o número de slides (até um máximo de 15).

Movendo um slide usando o Classificador de slide


Figura 59: Layouts de Folheto Para mover um slide em uma apresentação no Classifi-
cador de slides:
Use esta exibição também para personalizar as informa- 1) Clique no slide. Uma borda grossa e preta e dese-
ções impressas no folheto. nhada em torno dele.
Selecione a partir do menu Inserir - Número da página ou 2) Arraste-o e solte-o no local desejado.
Inserir - Data e hora e na caixa de diálogo que abre, e clique na • Conforme o slide se move, uma linha vertical preta
guia Notas e Folheto (veja Figura 58). Use esta caixa de diálogo aparece para um lado do slide.
para selecionar os elementos que se deseja para aparecer em • Arraste o slide até que esta linha vertical preta este-
cada página do folheto e seus conteúdos. ja localizada onde deseja-se que o slide seja movido.

47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Selecionando e movendo grupos de slides


Para selecionar um grupo de slides, use um destes mé-
todos:
• Use a tecla Ctrl: Clique no primeiro slide e, manten-
do a tecla Ctrl pressionada, selecione os outros slides dese-
jados.
• Use a tecla Shift: Clique no primeiro slide e, en-
quanto pressiona a tecla Shift, clique no slide final do grupo.
Isto seleciona todos os slides entre o primeiro e o último.
• Use o mouse: Clique ligeiramente a esquerda do
primeiro slide a ser selecionado.
Mantenha pressionado o botão esquerdo do mouse e
arraste o ponteiro do mouse para o ponto um pouco a di-
reita do último slide a ser incluído. (Pode-se também fazer
isto da direita para a esquerda). Um contorno tracejado re- Figura 63. Escolhendo o tipo de apresentação.
tangular se forma enquanto arrasta-se o cursor através das
miniaturas dos slides e uma borda e desenhada em torno 1) Selecione Apresentação vazia em Tipo. Ele cria uma
de cada slide selecionado. Certifique-se de que o retângulo apresentação a partir do zero.
incluiu todos os slides desdados para a seleção. • A partir do modelo usa um modelo já criado como
base para uma nova apresentação.
O Assistente muda para mostrar uma lista de modelos dis-
Para mover um grupo de slides:
poníveis. Escolha o modelo que se deseja.
1) Selecione o grupo. • Abrir uma apresentação existente continua traba-
2) Arraste e solte o grupo para sua nova localização. lhando em uma apresentação criada anteriormente. O Assis-
Um linha vertical preta aparece para mostrar para onde o tente muda para mostrar uma lista de apresentações existen-
grupo de slides será movido. tes. Escolha a apresentação que se deseja.
2) Clique em Próximo. A Figura 64 mostra o passo 2 do
Trabalhando na exibição Classificador de slides Assistente de Apresentação como aparece ao selecionar Apre-
Pode-se trabalhar com slides na exibição Classificador sentação vazia no passo 1. Se selecionar A partir do modelo,
de slides assim como se trabalha no Painel de slides. um slide de exemplo e mostrado na caixa de visualização.
Para fazer alterações, clique com o botão direito do
mouse em um slide e escolha qualquer uma das seguintes
opções do menu suspenso:
• Adicionar um novo slide após o slide selecionado.
• Renomear ou excluir o slide selecionado.
• Alterar o layout do slide.
• Alterar a transição do slide.
o Para um slide, clique o slide para seleciona-lo e en-
tão adicione a transição desejada.
o Para mais de um slide, selecione o grupo de slides e
adicione a transição desejada.
• Marcar um slide como oculto. Slides ocultos não
serão mostrados na exibição de slides.
• Copiar ou cortar e colar um slide.
Figura 64. Selecionando um modelo de slide.
Renomeando slides
3) Escolha um modelo em Selecione um modelo de slide.
Clique com o botão direito do mouse em uma miniatura
A seção modelo de slide oferece duas escolhas principais: Planos
no Painel de slides ou o Classificador de slides e escolha Re-
de fundo para apresentação e Apresentações.
nomear slide no menu suspenso. No campo Nome, apague Cada uma tem uma lista de escolhas para modelos de slide.
o nome antigo do slide e digite o novo nome. Clique OK. Se quiser usar um desses que não <Original>, clique nele para
selecioná-lo.
Criando uma nova apresentação • Os tipos de Planos de fundo para apresentação são
Esta seção descreve como iniciar uma nova apresenta- mostrados na Figura 57. Clicando em um ítem, teremos uma vi-
ção usando o Assistente de apresentação. sualização do modelo de slide na janela Visualização. O Impress
Quando se inicia o Impress, o Assistente de apresenta- contém três opções para Apresentações: <Original>, Apresente
ção aparece. um Novo Produto, e Recomendação de uma Estratégia.
• <Original> e para um projeto em branco na apresenta-
ção de slides.
• Apresente um Novo Produto e Recomendação de uma
Estratégia tem os seus próprios modelos de slide. Cada modelo
aparece na janela Visualização quando o seu nome é clicado.

48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

4) Selecione como a apresentação será usada em Se-


lecione uma mídia de saída. Na maioria das vezes, as apre-
sentações são criadas para exibição na tela do computador.
Selecione Tela. Pode-se alterar o formato da página a qual-
quer momento.
5) Clique em Próximo e o passo 3 do Assistente de
apresentação e aberto.

Figura 66. Layouts de slide disponíveis.

O Slide de título (que também contém uma seção para


um subtítulo) ou Somente título são layouts adequados para
Figura 65. Selecionando um modelo de slide o primeiro slide, enquanto que para a maioria dos slides se
usará provavelmente o layout Título, conteúdo.
• Escolha a transição de slides no menu suspenso Vários layouts contém uma ou mais caixas de conteúdo.
Efeito. Cada uma dessas caixas pode ser configurada para conter um
• Selecione a velocidade desejada para a transição dos seguintes elementos: Texto, Filme, Imagem, Gráfico ou Tabela.
entre os diferentes slides na apresentação no menu suspen- Pode-se escolher o tipo de conteúdo clicando no ícone
so. Velocidade. Média e uma boa escolha no momento. correspondente que é exibido no meio da caixa de conteú-
6) Clique Criar. Uma nova apresentação é criada. do, como mostrado na Figura 53. Para texto, basta clicar no
local indicado na caixa para se obter o cursor.
Formatando uma apresentação
A nova apresentação contém somente um slide em
branco. Nesta seção vamos iniciar a adição de novos slides e
prepara-los para o conteúdo pretendido.

Inserindo slides
Isto pode ser feito de várias maneiras; faça a sua escolha:
• Inserir → Slide.
• Botão direito do mouse no slide atual e selecione
Slide → Novo slide no menu suspenso. Figura 67: Selecionando o tipo de conteúdo desejado
• Clique no ícone Slide na barra de ferramenta Apre- para uma caixa de conteúdo
sentação.
Para selecionar ou alterar o layout, coloque o slide na
Área de trabalho e selecione o layout desejado da gaveta de
layout no Painel de tarefas.
Se tivermos selecionado um layout com uma ou mais
caixas de conteúdo, este é um bom momento para decidir
qual tipo de conteúdo se deseja inserir.
Às vezes, ao invés de partir de um novo slide se deseja
duplicar um slide que já está inserido. Modificando os elementos de slide
Para fazer isso, selecione o slide que se deseja duplicar Atualmente cada slide irá conter os elementos que estão
no painel de Slides e escolha Inserir → Duplicar slide. presentes no slide mestre que se está usando, como ima-
gens de fundo, logos, cabeçalho, rodapé, e assim por diante.
Selecionando um layout No entanto, e improvável que o layout pré-definido irá aten-
No painel de Tarefas, selecione a aba Layouts para exibir der todas as suas necessidades. Embora o Impress não tenha
os layouts disponíveis. O Layout difere no número de ele- a funcionalidade para criar novos layouts, ele nos permite
mentos que um slide irá conter, que vai desde o slide vazio redimensionar e mover os elementos do layout. Também é
(slide branco) ao slide com 6 caixas de conteúdo e um título possível adicionar elementos de slides sem ser limitado ao
(Titulo, 6 conteúdos). tamanho e posição das caixas de layout.

49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para redimensionar uma caixa de conteúdo, clique sobre Estilos


o quadro externo para que as 8 alças de redimensionamento Todas as características de slide mestre são controladas por
sejam mostradas. Para move-la coloque o cursor do mouse estilos. Os estilos de qualquer novo slide que se crie são herdados
no quadro para que o cursor mude de forma. Pode-se agora do slide mestre do qual ele foi criado. Em outras palavras, o estilo
clicar com o botão esquerdo do mouse e arrastar a caixa de do slide mestre estão disponíveis e aplicados a todos os slides
conteúdos para uma nova posição no slide. criados a partir desse slide mestre.
Nesta etapa pode-se também querer remover quadros Alterando um estilo em um slide mestre resulta em mudança
indesejados. Para fazer isto: para todos os slides com base nesse slide mestre, mas pode-se
• Clique no elemento para realçá-lo. (As alças de redi- modificar slides individualmente sem afetar o slide mestre.
mensionamento verdes mostram o que é realçado). O slide mestre tem dois tipos de estilos associados a ele: esti-
• Pressione a tecla Delete para removê-lo. los de apresentação e estilos gráficos. Os estilos de apresentação
pré-configurados não podem ser modificados, mas novos estilos
Adicionando texto a um slide de apresentação podem ser criados. No caso de estilos gráficos,
Se o slide contém texto, clique em Clique aqui para adi- pode-se modificar os preconfigurados e também criar novos.
cionar um texto no quadro de texto e então digite o texto. O Estilos de apresentação afetam três elementos de um slide
estilo Estrutura de esboço 1:10 é automaticamente aplicado ao mestre: o plano de fundo, fundo dos objetos (como ícones, li-
texto conforme o insere. Pode-se alterar o nível da Estrutura nhas decorativas e quadro de texto) e o texto colocado no slide.
de cada parágrafo assim como sua posição dentro do texto Estilos de texto são subdivididos em Notas, Alinhamento 1 até
usando os botões de seta na barra de ferramenta Formatação Alinhamento 9, Subtítulo, e Título. Os estilos de alinhamento sao
de texto. usados para os diferentes níveis de alinhamento a que perten-
cem. Por exemplo, Alinhamento 2 e usado para os subpontos do
Modificando a aparência de todos os slides Alinhamento 1, e Alinhamento 3 e usado para os subpontos do
Para alterar o fundo e outras características de todos os Alinhamento 2.
slides em uma apresentação, é melhor modificar o slide mes- Estilos gráficos afetam muitos dos elementos de um slide.
tre ou escolher um slide mestre diferente. Repare que estilos de texto existem tanto na seleção do estilo de
Se tudo que se necessita fazer é alterar o fundo, pode-se apresentação como no estilo gráfico.
tomar um atalho:
1) Selecione Formatar → Pagina e vá para a aba Plano Slides mestres
de fundo. O Impress vem com vários slides mestres pré-configurados.
2) Selecione o plano de fundo desejado entre cor solida,
Eles são mostrados na seção Páginas mestre no painel de Tarefas.
gradiente, hachura e bitmap.
Esta seção tem três subseções: Utilizadas nesta apresentação, Re-
3) Clique OK para aplicá-lo.
cém utilizadas e Disponível para utilização. Clique no sinal + ao
Uma caixa de diálogo se abrirá perguntando se o fundo
lado do nome de uma subseção para expandí-la para mostrar mi-
deve ser aplicado para todos os slides. Se clicar em sim, o Im-
niaturas dos slides, ou clique o sinal – para esconder as miniaturas.
press irá modificar automaticamente o slide mestre.
Cada um dos slides mestres mostrados na lista Disponível para
Modificando a apresentacao de slides utilização e de um modelo de mesmo nome. Se tivermos criado nos-
Por padrão a apresentação de slides irá mostrar todos os sos próprios modelos, ou adicionado modelos de outras fontes, os
slides na mesma ordem em que aparecem na apresentação, slides mestres a partir destes modelos também aparecem nesta lista.
sem qualquer transição entre os slides, e precisa-se do teclado
ou da interação com o mouse para mover de um slide para o
próximo.
Pode-se usar o menu apresentação de slides para alterar
a ordem dos slides, escolher quais serão mostrados, automati-
camente mover de um slide para outro e outras configurações.
Para alterar a transição, animação de slides, adicionar uma tri-
lha sonora na apresentação e fazer outras melhorias, neces-
sita-se o uso de funções do Painel de tarefas. Veja o Guia do
Impress para obter detalhes do uso de todos estes recursos.

Trabalhando com slide mestre e estilos


Um slide mestre e um slide que e usado como ponto de
partida para outros slides. É semelhante a página de estilos no
Writer: controla a formatação básica de todos os slides basea-
dos nele. Uma apresentação de slides pode ter mais de um
slide mestre.
Um slide mestre tem um conjunto definido de caracterís-
ticas, incluindo a cor de fundo, gráfico, ou gradiente; objetos
(como logotipos, linhas decorativas e outros gráficos) no fun-
do; cabeçalhos e rodapés; localização e tamanho dos quadros
de texto; e a formatação do texto. Figura 68. Páginas (slides) mestres disponíveis.

50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Criando um slide mestre


Criar um novo slide mestre e semelhante ao modificar o
slide mestre padrão.
Para começar, permita a edição de slides mestres em
Exibir → Mestre → Slide mestre.

Na barra de ferramenta Exibição mestre, clique no ícone


Novo mestre.
Um segundo slide mestre aparece no Painel de slides.
Modifique este slide mestre para atender suas necessidades.
Também é recomendável renomear este novo slide mestre:
clique com o botão direito do mouse no slide no Painel de
slides e selecione Renomear mestre no menu suspenso.
Quando terminar, feche a barra de ferramenta Exibição
mestre para retornar para o modo de edição de slide normal.
Figura 69: Carregamento de slides mestres a partir de
Aplicando um slide mestre um modelo de apresentação.
No Painel de tarefas, certifique-se de que a seção Pági-
nas mestre e mostrada. Modificando um slide mestre
Para aplicar um dos slides mestre para todos os slides de Os seguintes itens podem ser alterados em um slide mestre:
sua apresentação, clique sobre ele na lista. • Plano de fundo (cor, gradiente, hachura ou bitmap)
Para aplicar um slide mestre diferente para um ou mais • Objetos de fundo (por exemplo, adicionar um logotipo
slides selecionados: ou gráficos decorativos)
1) No Painel de slides, selecione o slide que se deseja • Tamanho, colocação e elementos de conteúdo de ca-
alterar. beçalho e rodapé que aparecem em cada slide
2) No Painel de tarefas, com o botão direito do mouse • Tamanho e colocação de quadros padrão para títulos
no slide mestre que se deseja aplicar aos slides selecionados, de slide e conteúdo.
e clique Aplicar aos slides selecionados no menu suspenso. Antes de trabalhar no slide mestre, certifique-se de que a
janela Estilos e formatação está aberta.
Carregando slides mestres adicionais Para selecionar o slide mestre para modificação:
Às vezes, no mesmo conjunto de slides, pode-se pre- 1) Selecione Exibir → Mestre → Slide mestre da barra de
cisar misturar vários slides mestres que podem pertencer a menu. Isto desbloqueia as propriedades do slide mestre para
diferentes modelos. Por exemplo, pode-se precisar de uma que se possa edita-lo.
disposição completamente diferente no primeiro slide da 2) Clique em Páginas mestre no Painel de tarefas. Isto dará
apresentação, ou pode-se querer adicionar para a apresen- acesso aos slides mestres preconfigurados.
tação um slide de uma apresentação diferente (baseado em 3) Clique no slide mestre que se deseja modificar dentre
um modelo disponível no disco rígido). os disponíveis (Figura 29).
A caixa de diálogo Modelos de slide torna isto possí- 4) Faca as alterações necessárias, então clique no ícone
vel. Acesse esta caixa de diálogo a partir da barra de menu Fechar exibição mestre na barra de ferramentas Exibição mestre.
(Formatar → Modelos de slide) ou com o botão direito do 5) Salve o arquivo antes de continuar.
mouse em um slide no Painel de slides.
A janela principal na caixa de diálogo mostra os slides As alterações feitas em um dos slides em exibição normal (por
mestres já disponíveis para uso. Para adicionar mais: exemplo alterar o estilo de ponto do marcador ou a cor da área do
1) Clique no botão Carregar. titulo, etc...) nao será substituída por mudanças subsequentes no
2) Selecione na nova caixa de diálogo o modelo que slide mestre. Há casos, no entanto, onde e desejável se reverter um
contém o slide mestre. Clique OK. elemento modificado manualmente no slide para o estilo definido
3) Clique OK novamente para fechar a caixa de diálo- no slide mestre: para fazer isto, selecione esse elemento e escolha
go modelos de slide. Formatar → Formatação padrão na barra de menu.
Os slides mestres no modelo que se selecionou são ago-
ra mostrados na seção Páginas mestre no painel de Tarefas Usando um slide mestre para adicionar texto para todos os slides
na subseção Disponível para utilização. Alguns dos slides mestre fornecidos tem objetos de texto no
rodapé. Pode-se adicionar outros objetos de texto para a página
mestre nos slides para atuar como um cabeçalho ou um rodapé.
1) Escolha Exibir → Mestre → Slide mestre na barra de menu.
2) Na barra de ferramentas Desenho selecione o ícone
Texto.

51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

3) Clique e arraste uma vez na página mestre para de- Se se deseja reordenar a apresentação, escolha Apresen-
senhar um objeto de texto, e então digite ou cole seu texto tação de slides → Apresentação de slides personalizada. Clique
no objeto ou adicione campos como descrito abaixo. no botão Nova para criar uma nova sequência de slides e sal-
4) Escolha Exibir → Normal quando tiver terminado. va-lo.
O slide mestre Impress vem com três áreas pré-configu- Pode-se ter muitas apresentação de slides como se quer
radas para data, rodapé e número de página. a partir de um conjunto de slides.
Selecione Inserir → Número de página ou Inserir → Data
e hora para abrir a caixa de dialogo onde se pode configurar Transições de slide
estas três áreas. Transição de slide e a animação que e reproduzida quan-
do um slide for alterado. Pode-se configurar a transição de
slide a partir da aba Transição de slides no painel de Tarefas.
Selecione a transição desejada, a velocidade da animação, e
se a transição deve acontecer quando se clica com o mouse
(de preferência) ou automaticamente depois de um determi-
nado número de segundos. Clique Aplicar a todos os slides, a
menos que prefira ter diferentes transições na apresentação.

Avançar slides automaticamente


Pode-se configurar a apresentação para avancar automa-
ticamente para o próximo slide após um determinado perío-
do de tempo (por exemplo na forma de quiosque ou carros-
sel) a partir do menu Apresentação de slide → Configurações
da apresentação de slides ou para avançar automaticamente
Figura 70. Configurando as áreas de rodapé do slide apos um período pré-estabelecido de tempo diferente para
cada slide. Para configurar este ultimo, escolha Apresentacao
de slide → Cronometrar. Quando usamos esta ferramenta, um
Para adicionar outras informações, como o Autor da apre-
temporizador de pequeno porte e exibido no canto inferior
sentação ou o nome do arquivo, escolha Inserir → Campos e
esquerdo. Quando estiver pronto para avançar para o próxi-
selecione o campo necessário no submenu. Se quiser editar um
mo slide, clique no temporizador. O Impress vai memorizar
campo em seu slide, selecione-o e escolha Editar → Campos.
os intervalos e na próxima apresentação dos slides, estes irão
Os campos que se pode usar no Impress são:
avançar automaticamente após o tempo expirar.
• Data (fixa)
• Data (variável) – Atualiza automaticamente quando Executando a apresentação de slides
recarregamos o arquivo Para executar a apresentação de slides, execute um dos
• Tempo (fixo) seguintes comandos:
• Tempo (variável) – Atualiza automaticamente quan- • Clique Apresentação de slides → Apresentação de slides.
do recarregamos o arquivo • Clique no botão Apresentação de slides na barra de
• Autor – Primeiro e último nome listado no Dados ferramenta Apresentação.
do usuário do LibreOffice.
• Página número (número do slide).
• Nome do arquivo.

Configurando a apresentação de slide


A maioria das tarefas são melhor realizadas tendo em
exibição classificador de slide onde pode-se ver a maioria • Pressione F5 ou F9 no teclado.
dos slides simultaneamente. Escolha Exibir → Classificador Se a transição de slides e Automaticamente após x se-
de slide na barra de menu ou clique na guia Classificador de gundos. Deixe a apresentação de slides executar por si só.
slide na parte superior da área de trabalho. Se a transição de slides e Ao clique do mouse, escolha
uma das seguintes opções para se mover de um slide para
Um conjunto de slides – várias apresentações o outro:
Em muitas situações, pode-se achar que se tenha slides • Use as teclas setas do teclado para ir para o próxi-
mais do que o tempo disponível para apresentá-los ou po- mo slide ou voltar ao anterior.
de-se querer dar uma visão rápida sem se deter em detalhes. • Clique com o mouse para mover para o próximo
Ao invés de ter que criar uma nova apresentação; pode-se slide.
usar duas ferramentas que o Impress oferece: slides escon- • Pressione a barra de espaço para avançar para o
didos e apresentação de slide personalizada. próximo slide.
Para ocultar um slide, clique com o botão direito do Use o botão direito do mouse em qualquer lugar na tela
mouse sobre a miniatura do slide senão na área de traba- para abrir um menu a partir do qual se pode navegar os
lho se se estiver usando a exibição classificador de slide e slides e definir outras opções.
escolha Ocultar slide no menu suspenso. Slides ocultos são Para sair da apresentação de slide a qualquer momento,
marcados por hachuras no slide. inclusive no final, pressione a tecla Esc.

52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fixar navegador de internet e cliente de e-mail padrão no


4 CONCEITOS E MODOS DE menu Iniciar e na área de trabalho (programas podem ser fixa-
UTILIZAÇÃO DE SISTEMAS OPERACIONAIS dos manualmente).
WINDOWS 7 E 10.
Windows Photo Gallery, Windows Movie Maker, Windows
Mail e Windows
Calendar foram substituídos pelas suas respectivas contra-
WINDOWS 7
partes do Windows Live, com a perda de algumas funcionali-
dades.
O Windows é um sistema operacional produzido pela
O Windows 7, assim como o Windows Vista, estará dispo-
Microsoft para uso em computadores. O Windows 7 foi lan-
nível em cinco diferentes edições, porém apenas o Home Pre-
çado para empresas no dia 22 de julho de 2009, e começou
mium, Professional e Ultimate serão vendidos na maioria dos
a ser vendido livremente para usuários comuns dia 22 de
países, restando outras duas edições que se concentram em ou-
outubro de 2009.
tros mercados, como mercados de empresas ou só para países
Diferente do Windows Vista, que introduziu muitas no-
em desenvolvimento. Cada edição inclui recursos e limitações,
vidades, o Windows 7 é uma atualização mais modesta e di-
sendo que só o Ultimate não tem limitações de uso. Segundo a
recionada para a linha Windows, tem a intenção de torná-lo
Microsoft, os recursos para todas as edições do Windows 7 são
totalmente compatível com aplicações e hardwares com os
armazenadas no computador.
quais o Windows Vista já era compatível.
Um dos principais objetivos da Microsoft com este novo
Apresentações dadas pela companhia no começo de
Windows é proporcionar uma melhor interação e integração do
2008 mostraram que o Windows 7 apresenta algumas va-
sistema com o usuário, tendo uma maior otimização dos recur-
riações como uma barra de tarefas diferente, um sistema de
sos do Windows 7, como maior autonomia e menor consumo
“network” chamada de “HomeGroup”, e aumento na perfor-
de energia, voltado a profissionais ou usuários de internet que
mance.
precisam interagir com clientes e familiares com facilidade, sin-
· Interface gráfica aprimorada, com nova barra de tarefas
cronizando e compartilhando facilmente arquivos e diretórios.
e suporte para telas touch screen e multi-táctil (multi-touch)
Comparando as edições
· Internet Explorer 8;
· Novo menu Iniciar;
O Windows 7 tem três edições diferentes de um mesmo
· Nova barra de ferramentas totalmente refórmulada;
sistema operacional, que se adequam às necessidades diárias
· Comando de voz (inglês);
de cada usuário. Essas edições são o Home Premium, o Profes-
· Gadgets sobre o desktop;
sional e Ultimate.
· Novos papéis de parede, ícones, temas etc.;
Essas edições apresentam variações de uma para outra,
· Conceito de Bibliotecas (Libraries), como no Windows
como o Home Premium, que é uma edição básica, mas de
Media Player, integrado ao Windows Explorer;
grande uso para usuários que não apresentam grandes neces-
· Arquitetura modular, como no Windows Server 2008;
sidades.
· Faixas (ribbons) nos programas incluídos com o Win-
Os seus recursos são a facilidade para suas atividades diá-
dows (Paint e WordPad, por exemplo), como no Office 2007;
rias. Com a nova navegação na área de trabalho, o usuário pode
· Aceleradores no Internet Explorer 8;
abrir os programas mais rápida e facilmente e encontrar os do-
· Aperfeiçoamento no uso da placa de vídeo e memória
cumentos que mais usa em instantes.
RAM;
Tornar sua experiência na Web mais rápida, fácil e segura
· Home Groups;
do que nunca com o Internet Explorer 8, assistir a muitos dos
· Melhor desempenho;
seus programas de TV favoritos de graça e onde quiser, com a
· Windows Media Player 12;
TV na Internet e criar facilmente uma rede doméstica e conectar
· Nova versão do Windows Media Center;
seus computadores a uma impressora com o Grupo Doméstico.
· Gerenciador de Credenciais;
Já o Professional apresenta todos esses recursos adiciona-
· Instalação do sistema em VHDs;
dos de outros que o deixam mais completo como o usuário
· Nova Calculadora, com interface aprimorada e com
pode executar vários programas de produtividade do Windows
mais funções;
XP no Modo Windows XP, conectar-se a redes corporativas fa-
· Reedição de antigos jogos, como Espadas Internet, Ga-
cilmente e com mais segurança com o Ingresso no Domínio e
mão Internet e Internet Damas;
além do Backup e Restauração de todo o sistema encontrado
· Windows XP Mode;
em todas as edições, é possível fazer backup em uma rede do-
· Aero Shake;
méstica ou corporativa.
O Ultimate também apresenta todos esses recursos acres-
Apesar do Windows 7 conter muitos novos recursos o
cidos de outros que tornam sua funcionalidade completa com
número de capacidades e certos programas que faziam par-
todos os recursos disponíveis nessa versão do sistema opera-
te do Windows Vista não estão mais presentes ou mudaram,
cional como ajuda para proteger os dados do seu computador
resultando na remoção de certas funcionalidades. Mesmo
e de dispositivos de armazenamento portáteis contra perda ou
assim, devido ao fato de ainda ser um sistema operacional
roubo com o BitLocker e poder trabalhar no idioma de sua es-
em desenvolvimento, nem todos os recursos podem ser de-
colha ou alternar entre 35 idiomas.
finitivamente considerados excluídos.

53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Recursos Lista de Atalhos

Segundo o site da própria Microsoft, os recursos encon- Novidade desta nova versão, agora você pode abrir di-
trados no Windows 7 são fruto das novas necessidades encon- retamente um arquivo recente, sem nem ao menos abrir o
tradas pelos usuários. Muitos vêm de seu antecessor, Windows programa que você utilizou. Digamos que você estava edi-
Vista, mas existem novas funcionalidades exclusivas, feitas para tando um relatório em seu editor de texto e precisou fechá
facilitar a utilização e melhorar o desempenho do SO (Sistema -lo por algum motivo.
Operacional) no computador. Quando quiser voltar a trabalhar nele, basta clicar com o
Vale notar que, se você tem conhecimentos em outras botão direito sob o ícone do editor e o arquivo estará entre
versões do Windows, não terá que jogar todo o conhecimen- os recentes.
to fora. Apenas vai se adaptar aos novos caminhos e aprender Ao invés de ter que abrir o editor e somente depois se
“novos truques” enquanto isso. preocupar em procurar o arquivo, você pula uma etapa e vai
diretamente para a informação, ganhando tempo.
Tarefas Cotidianas

Já faz tempo que utilizar um computador no dia a dia se


tornou comum. Não precisamos mais estar em alguma empre-
sa enorme para precisar sempre de um computador perto de
nós. O Windows 7 vem com ferramentas e funções para te aju-
dar em tarefas comuns do cotidiano.

Grupo Doméstico

Ao invés de um, digamos que você tenha dois ou mais com-


putadores em sua casa. Permitir a comunicação entre várias esta-
ções vai te poupar de ter que ir fisicamente onde a outra máqui-
na está para recuperar uma foto digital armazenada apenas nele.
Com o Grupo Doméstico, a troca de arquivos fica simplifi-
cada e segura. Você decide o que compartilhar e qual os privi-
légios que os outros terão ao acessar a informação, se é apenas
de visualização, de edição e etc.

Tela sensível ao toque

O Windows 7 está preparado para a tecnologia sensível ao Exemplo de arquivos recentes no Paint.
toque com opção a multitoque, recurso difundido pelo iPhone.
O recurso multitoque percebe o toque em diversos pontos Pode, inclusive, fixar conteúdo que você considere im-
da tela ao mesmo tempo, assim tornando possível dimensionar portante. Se a edição de um determinado documento é
uma imagem arrastando simultaneamente duas pontas da ima- constante, vale a pena deixá-lo entre os “favoritos”, visto que
gem na tela. a lista de recentes se modifica conforme você abre e fecha
O Touch Pack para Windows 7 é um conjunto de aplicativos novos documentos.
e jogos para telas sensíveis ao toque. O Surface Collage é um
aplicativo para organizar e redimensionar fotos. Nele é possível Snap
montar slide show de fotos e criar papéis de parede personali-
zados. Essas funções não são novidades, mas por serem feitas Ao se utilizar o Windows por muito tempo, é comum ver
para usar uma tela sensível a múltiplos toques as tornam novi- várias janelas abertas pelo seu monitor. Com o recurso de
dades. Snap, você pode posicioná-las de um jeito prático e diverti-
do. Basta apenas clicar e arrastá-las pelas bordas da tela para
obter diferentes posicionamentos.
O Snap é útil tanto para a distribuição como para a com-
paração de janelas. Por exemplo, jogue uma para a esquerda
e a outra na direita. Ambas ficarão abertas e dividindo igual-
mente o espaço pela tela, permitindo que você as veja ao
mesmo tempo.

Windows Search

O sistema de buscas no Windows 7 está refinado e es-


tendido. Podemos fazer buscas mais simples e específicas
Microsoft Surface Collage, desenvolvido para usar tela diretamente do menu iniciar, mas foi mantida e melhorada a
sensível ao toque. busca enquanto você navega pelas pastas.

54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Menu iniciar

As pesquisas agora podem ser feitas diretamente do


menu iniciar. É útil quando você necessita procurar, por
exemplo, pelo atalho de inicialização de algum programa ou
arquivo de modo rápido.
“Diferente de buscas com as tecnologias anteriores do
Windows Search, a pesquisa do menu início não olha apenas
aos nomes de pastas e arquivos.
Considera-se o conteúdo do arquivo, tags e proprieda-
des também” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 770).
Os resultados são mostrados enquanto você digita e são Windows Explorer com a caixa de busca (Jim Boyce; Win-
divididos em categorias, para facilitar sua visualização. dows 7 Bible, pg 774).
Abaixo as categorias nas quais o resultado de sua busca
pode ser dividido. A busca não se limita a digitação de palavras. Você pode
· Programas aplicar filtros, por exemplo, buscar, na pasta músicas, todas as
· Painel de Controle canções do gênero Rock. Existem outros, como data, tamanho
· Documentos e tipo. Dependendo do arquivo que você procura, podem exis-
· Música tir outras classificações disponíveis.
· Arquivos Imagine que todo arquivo de texto sem seu computador
possui um autor. Se você está buscando por arquivos de texto,
pode ter a opção de filtrar por autores.

Controle dos pais

Não é uma tarefa fácil proteger os mais novos do que vi-


sualizam por meio do computador. O Windows 7 ajuda a limi-
tar o que pode ser visualizado ou não. Para que essa funciona-
lidade fique disponível, é importante que o computador tenha
uma conta de administrador, protegida por senha, registrada.
Além disso, o usuário que se deseja restringir deve ter sua pró-
pria conta.

As restrições básicas que o Seven disponibiliza:


· Limite de Tempo: Permite especificar quais horas do dia
que o PC pode ser utilizado.
· Jogos: Bloqueia ou permite jogar, se baseando pelo horá-
rio e também pela classificação do jogo. Vale notar que a clas-
sificação já vem com o próprio game.
· Bloquear programas: É possível selecionar quais aplicati-
vos estão autorizados a serem executados.
Fazendo download de add-on’s é possível aumentar a
quantidade de restrições, como controlar as páginas que são
acessadas, e até mesmo manter um histórico das atividades
online do usuário.
Ao digitar “pai” temos os itens que contêm essas letras
em seu nome. Central de ações

Windows Explorer A central de ações consolida todas as mensagens de se-


gurança e manutenção do Windows. Elas são classificadas em
O que você encontra pelo menu iniciar é uma pequena vermelho (importante – deve ser resolvido rapidamente) e
parte do total disponível. amarelas (tarefas recomendadas).
Fazendo a busca pelo Windows Explorer – que é aciona- O painel também é útil caso você sinta algo de estranho no
do automaticamente quando você navega pelas pastas do computador. Basta checar o painel e ver se o Windows detec-
seu computador – você encontrará uma busca mais abran- tou algo de errado.
gente.
Em versões anteriores, como no Windows XP, antes de
se fazer uma busca é necessário abrir a ferramenta de busca.
No Seven, precisamos apenas digitar os termos na caixa
de busca, que fica no canto superior direito.

55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Gadgets de calendário e relógio.

Temas
A central de ações e suas opções.
Como nem sempre há tempo de modificar e deixar todas
- Do seu jeito as configurações exatamente do seu gosto, o Windows 7 dis-
O ambiente que nos cerca faz diferença, tanto para nossa ponibiliza temas, que mudam consideravelmente os aspectos
qualidade de vida quanto para o desempenho no trabalho. O gráficos, como em papéis de parede e cores.
computador é uma extensão desse ambiente. O Windows 7
permite uma alta personalização de ícones, cores e muitas ou- ClearType
tras opções, deixando um ambiente mais confortável, não im-
porta se utilizado no ambiente profissional ou no doméstico. “Clear Type é uma tecnologia que faz as fontes parece-
Muitas opções para personalizar o Windows 7 estão na rem mais claras e suaves no monitor. É particularmente efe-
página de Personalização1, que pode ser acessada por um tivo para monitores LCD, mas também tem algum efeito nos
clique com o botão direito na área de trabalho e em seguida antigos modelos CRT(monitores de tubo). O Windows 7 dá
um clique em Personalizar. suporte a esta tecnologia” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg
É importante notar que algumas configurações podem 163, tradução nossa).
deixar seu computador mais lento, especialmente efeitos de
transparência. Abaixo estão algumas das opções de persona- Novas possibilidades
lização mais interessantes.
Os novos recursos do Windows Seven abrem, por si só,
Papéis de Parede novas possibilidades de configuração, maior facilidade na na-
vega, dentre outros pontos. Por enquanto, essas novidades
Os papéis de parede não são tamanha novidade, virou foram diretamente aplicadas no computador em uso, mas no
praticamente uma rotina entre as pessoas colocarem fotos Seven podemos também interagir com outros dispositivos.
de ídolos, paisagens ou qualquer outra figura que as agra-
de. Uma das novidades fica por conta das fotos que você Reproduzir em
encontra no próprio SO. Variam de uma foto focando uma
única folha numa floresta até uma montanha. Permitindo acessando de outros equipamentos a um
A outra é a possibilidade de criar um slide show com computador com o Windows Seven, é possível que eles se co-
várias fotos. Elas ficaram mudando em sequência, dando a muniquem e seja possível tocar, por exemplo, num aparelho
impressão que sua área de trabalho está mais viva. de som as músicas que você tem no HD de seu computador.
É apenas necessário que o aparelho seja compatível com
Gadgets o Windows Seven – geralmente indicado com um logotipo
“Compatível com o Windows 7».
As “bugigangas” já são conhecidas do Windows Vista,
mas eram travadas no canto direito. Agora elas podem ficar Streaming de mídia remoto
em qualquer local do desktop.
Servem para deixar sua área de trabalho com elementos Com o Reproduzir em é possível levar o conteúdo do
sortidos, desde coisas úteis – como uma pequena agenda computador para outros lugares da casa. Se quiser levar para
– até as de gosto mais duvidosas – como uma que mostra fora dela, uma opção é o Streaming de mídia remoto.
o símbolo do Corinthians. Fica a critério do usuário o que e Com este novo recurso, dois computadores rodando
como utilizar. Windows 7 podem compartilhar músicas através do Windows
O próprio sistema já vem com algumas, mas se sentir Media Player 12. É necessário que ambos estejam associados
necessidade, pode baixar ainda mais opções da internet. com um ID online, como a do Windows Live.

56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Personalização No Math Input Center, utilizando recursos multitoque,


equações matemáticas escritas na tela são convertidas em
Você pode adicionar recursos ao seu computador alte- texto, para poder adicioná-la em um processador de texto.
rando o tema, a cor, os sons, o plano de fundo da área de O print screen agora tem um aplicativo que permite cap-
trabalho, a proteção de tela, o tamanho da fonte e a imagem turar de formas diferentes a tela, como por exemplo, a tela
da conta de usuário. Você pode também selecionar “gad- inteira, partes ou áreas desenhadas da tela com o mouse.
gets” específicos para sua área de trabalho.
Ao alterar o tema você inclui um plano de fundo na área
de trabalho, uma proteção de tela, a cor da borda da janela
sons e, às vezes, ícones e ponteiros de mouse.
Você pode escolher entre vários temas do Aero, que é
um visual premium dessa versão do Windows, apresentando
um design como o vidro transparente com animações de
janela, um novo menu Iniciar, uma nova barra de tarefas e
novas cores de borda de janela.
Use o tema inteiro ou crie seu próprio tema persona-
lizado alterando as imagens, cores e sons individualmente.
Você também pode localizar mais temas online no site do
Windows. Você também pode alterar os sons emitidos pelo
computador quando, por exemplo, você recebe um e-mail,
inicia o Windows ou desliga o computador.
O plano de fundo da área de trabalho, chamado de pa-
pel de parede, é uma imagem, cor ou design na área de
trabalho que cria um fundo para as janelas abertas. Você
pode escolher uma imagem para ser seu plano de fundo de
área de trabalho ou pode exibir uma apresentação de slides Aplicativo de copiar tela (botão print screen).
de imagens. Também pode ser usada uma proteção de tela
onde uma imagem ou animação aparece em sua tela quan- O Paint foi refórmulado, agora conta com novas ferra-
do você não utiliza o mouse ou o teclado por determinado mentas e design melhorado, ganhou menus e ferramentas
período de tempo. Você pode escolher uma variedade de que parecem do Office 2007.
proteções de tela do Windows.
Aumentando o tamanho da fonte você pode tornar o
texto, os ícones e outros itens da tela mais fáceis de ver.
Também é possível reduzir a escala DPI, escala de pontos por
polegada, para diminuir o tamanho do texto e outros itens
na tela para que caibam mais informações na tela.
Outro recurso de personalização é colocar imagem de
conta de usuário que ajuda a identificar a sua conta em um
computador. A imagem é exibida na tela de boas vindas e
no menu Iniciar. Você pode alterar a imagem da sua conta
de usuário para uma das imagens incluídas no Windows ou
usar sua própria imagem.
E para finalizar você pode adicionar “gadgets” de área
de trabalho, que são miniprogramas personalizáveis que po-
dem exibir continuamente informações atualizadas como a
apresentação de slides de imagens ou contatos, sem a ne-
cessidade de abrir uma nova janela.

Aplicativos novos Paint com novos recursos.

Uma das principais características do mundo Linux é O WordPad também foi reformulado, recebeu novo vi-
suas versões virem com muitos aplicativos, assim o usuário sual mais próximo ao Word 2007, também ganhou novas
não precisa ficar baixando arquivos após instalar o sistema, ferramentas, assim se tornando um bom editor para quem
o que não ocorre com as versões Windows. não tem o Word 2007.
O Windows 7 começa a mudar essa questão, agora exis- A calculadora também sofreu mudanças, agora conta
te uma série de aplicativos juntos com o Windows 7, para com 2 novos modos, programador e estatístico.
que o usuário não precisa baixar programas para atividades No modo programador ela faz cálculos binários e tem
básicas. opção de álgebra booleana. A estatística tem funções de cál-
Com o Sticky Notes pode-se deixar lembretes no desk- culos básicos.
top e também suportar entrada por caneta e toque.

57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Também foi adicionado recurso de conversão de unida- · Memória (RAM) de 2 GB


des como de pés para metros. · Espaço requerido de disco rígido: 16 GB
· Placa de vídeo com suporte a elementos gráficos Di-
rectX 9 com 256 MB de memória (para habilitar o tema do
Windows Aero)
· Unidade de DVD-R/W
· Conexão com a Internet (para obter atualizações)

Atualizar de um SO antigo

O melhor cenário possível para a instalação do Windows


7 é com uma máquina nova, com os requisitos apropriados.
Entretanto, é possível utilizá-lo num computador antigo,
desde que atenda as especificações mínimas.
Se o aparelho em questão possuir o Windows Vista ins-
talado, você terá a opção de atualizar o sistema operacional.
Caso sua máquina utilize Windows XP, você deverá fazer a
re-instalação do sistema operacional.
Utilizando uma versão anterior a do XP, muito provavel-
Calculadora: 2 novos modos. mente seu computador não atende aos requisitos mínimos.
Entretanto, nada impede que você tente fazer a reinstalação.

Atualização

“Atualizar é a forma mais conveniente de ter o Windows


7 em seu computador, pois mantém os arquivos, as configu-
rações e os programas do Windows Vista no lugar” (Site da
Microsoft, http://windows.microsoft.com/pt-
BR/windows7/help/upgrading-from-windows-vista-to-
windows-7).
É o método mais adequado, se o usuário não possui co-
nhecimento ou tempo para fazer uma instalação do método
tradicional. Optando por essa opção, ainda devesse tomar
cuidado com a compatibilidade dos programas, o que fun-
ciona no Vista nem sempre funcionará no 7.

WordPad remodelado Instalação

Requisitos Por qualquer motivo que a atualização não possa ser


efetuada, a instalação completa se torna a opção mais viável.
Apesar desta nova versão do Windows estar mais leve Neste caso, é necessário fazer backup de dados que se
em relação ao Vista, ainda é exigido uma configuração de deseja utilizar, como drivers e documentos de texto, pois to-
hardware (peças) relativamente boa, para que seja utilizado das as informações no computador serão perdidas. Quan-
sem problemas de desempenho. do iniciar o Windows 7, ele vai estar sem os programas que
você havia instalado e com as configurações padrão.
Esta é a configuração mínima:
· Processador de 1 GHz (32-bit) Desempenho
· Memória (RAM) de 1 GB
· Placa de Vídeo compatível com DirectX 9.0 e 32 MB de De nada adiantariam os novos recursos do Windows 7
memória (sem Windows Aero) se ele mantivesse a fama de lento e paranóico, adquirida por
· Espaço requerido de 16GB seu antecessor. Testes indicam que a nova versão também
· DVD-ROM ganhou alguns pontos na velocidade.
· Saída de Áudio O Seven te ajuda automaticamente com o desempenho:
“Seu sistema operacional toma conta do gerenciamento do
Se for desejado rodar o sistema sem problemas de len- processador e memória para você” (Jim Boyce; Windows 7
tidão e ainda usufruir derecursos como o Aero, o recomen- Bible, pg 1041, tradução nossa).
dado é a seguinte configuração. Além disso, as tarefas recebem prioridades. Apesar de
não ajudar efetivamente no desempenho, o Windows 7 prio-
Configuração Recomendada: riza o que o usuário está interagindo (tarefas “foreground”).
· Processador de 2 GHz (32 ou 64 bits)

58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Outras, como uma impressão, tem baixa prioridade pois são


naturalmente lentas e podem ser executadas “longe da visão” do
usuário, dando a impressão que o computador não está lento.
Essa característica permite que o usuário não sinta uma
lentidão desnecessária no computador.
Entretanto, não se pode ignorar o fato que, com cada vez
mais recursos e “efeitos gráficos”, a tendência é que o sistema
operacional se torne um forte consumidor de memória e pro-
cessamento. O Seven disponibiliza vários recursos de ponta e
mantêm uma performance satisfatória.

Monitor de desempenho

Apesar de não ser uma exclusividade do Seven, é uma fer-


ramenta poderosa para verificar como o sistema está se por-
tando. Podem-se adicionar contadores (além do que já existe) Esta edição será colocada à venda em lojas de varejo e
para colher ainda mais informações e gerar relatórios. também poderá ser encontrada em computadores novos.
Windows 7 Professional, voltado às pequenas empresas
Monitor de recursos Mais voltada para as pequenas empresas, a versão Pro-
fessional do Windows 7 possuirá diversos recursos que vi-
Com o monitor de recursos, uma série de abas mostra in- sam facilitar a comunicação entre computadores e até mes-
formações sobre o uso do processador, da memória, disco e mo impressoras de uma rede corporativa.
conexão à rede.
Para isso foram desenvolvidos aplicativos como o Do-
PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS VERSÕES
main Join, que ajuda os computadores de uma rede a “se
enxergarem” e conseguirem se comunicar. O Location Awa-
Windows 7 Starter
re Printing, por sua vez, tem como objetivo tornar muito
mais fácil o compartilhamento de impressoras.
Como o próprio título acima sugere, esta versão do Win-
Como empresas sempre estão procurando maneiras
dows é a mais simples e básica de todas. A Barra de Tarefas foi
completamente redesenhada e não possui suporte ao famoso para se proteger de fraudes, o Windows 7 Professional traz
Aero Glass. Uma limitação da versão é que o usuário não pode o Encrypting File System, que dificulta a violação de dados.
abrir mais do que três aplicativos ao mesmo tempo. Esta versão também será encontrada em lojas de varejo ou
Esta versão será instalada em computadores novo apenas computadores novos.
nos países em desenvolvimento, como Índia, Rússia e Brasil.
Disponível apenas na versão de 32 bits. Windows 7 Enterprise, apenas para vários

Windows 7 Home Basic Sim, é “apenas para vários” mesmo. Como esta é uma
Esta é uma versão intermediária entre as edições Starter e versão mais voltada para empresas de médio e grande por-
Home Premium (que será mostrada logo abaixo). Terá também te, só poderá ser adquirida com licenciamento para diver-
a versão de 64 bits e permitirá a execução de mais de três apli- sas máquinas. Acumula todas as funcionalidades citadas na
cativos ao mesmo tempo. edição Professional e possui recursos mais sofisticados de
Assim como a anterior, não terá suporte para o Aero Glass segurança.
nem para as funcionalidades sensíveis ao toque, fugindo um Dentre esses recursos estão o BitLocker, responsável
pouco da principal novidade do Windows 7. Computadores pela criptografia de dados e o AppLocker, que impede a
novos poderão contar também com a instalação desta edição, execução de programas não-autorizados. Além disso, há
mas sua venda será proibida nos Estados Unidos. ainda o BrachCache, para turbinar transferência de arquivos
grandes e também o DirectAccess, que dá uma super ajuda
Windows 7 Home Premium com a configuração de redes corporativas.

Edição que os usuários domésticos podem chamar de Windows 7 Ultimate, o mais completo e mais caro
“completa”, a Home Premium acumula todas as funcionalida-
des das edições citadas anteriormente e soma mais algumas Esta será, provavelmente, a versão mais cara de todas,
ao pacote. pois contém todas as funcionalidades já citadas neste artigo
Dentre as funções adicionadas, as principais são o suporte e mais algumas. Apesar de sua venda não ser restrita às em-
à interface Aero Glass e também aos recursos Touch Windows presas, o Microsoft disponibilizará uma quantidade limitada
(tela sensível ao toque) e Aero Background, que troca seu papel desta versão do sistema.
de parede automaticamente no intervalo de tempo determina- Isso porque grande parte dos aplicativos e recursos pre-
do. Haverá ainda um aplicativo nativo para auxiliar no geren- sentes na Ultimate são dedicados às corporações, não inte-
ciamento de redes wireless, conhecido como Mobility Center. ressando muito aos usuários comuns.

59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows 10 Home
Edição do sistema operacional voltada para os consu-
midores domésticos que utilizam PCs (desktop e notebook),
tablets e os dispositivos “2 em 1”. O Windows 10 Home vai
contar com a maioria das funcionalidades já apresentadas:
Cortana como assistente pessoal, navegador Microsoft Edge,
o recurso Continuum para os aparelhos compatíveis, Win-
dows Hello (reconhecimento facial, de íris e de digitais para
autenticação), stream de jogos do Xbox One e os apps uni-
versais, como Photos, Maps, Mail, Calendar, Music e Video.

Windows 10 Pro:
Assim como a Home, essa versão também é destinada
para os PCs, notebooks, tablets e dispositivos 2 em 1. A ver-
WINDOWS 10 são Pro difere-se do Home em relação à certas funcionalida-
des que não estão presentes na versão mais básica. Essa é
O Microsoft Windows é um sistema operacional, isto é, a versão recomendada para pequenas empresas, graças aos
um conjunto de programas (software) que permite adminis- seus recursos para segurança digital, suporte remoto, produ-
trar os recursos de um computador. tividade e uso de sistemas baseados na nuvem. Disponível
É importante ter em conta que os sistemas operacionais gratuitamente para atualização (durante o primeiro ano de
funcionam tanto nos computadores como em outros dispo- lançamento) para clientes licenciados do Windows 7 e do
sitivos eletrônicos que usam microprocessadores (Smartpho- Windows 8.1. A versão para varejo ainda não teve seu preço
nes, leitores de DVD, etc.). No caso do Windows, a sua versão revelado.
padrão funciona com computadores embora também exis-
tam versões para smartphones (Windows Mobile). Windows 10 Enterprise
A Microsoft domina comodamente o mercado dos siste- Construído sobre o Windows 10 Pro, o Windows 10
mas operacionais, tendo em conta que o Windows está ins- Enterprise é voltado para o mercado corporativo. Os alvos
talado em mais de 90% dos computadores ligados à Internet dessa edição são as empresas de médio e grande porte, e
em todo o mundo. o SO apresenta capacidades que focam especialmente em
Entre as suas principais aplicações (as quais podem ser tecnologias desenvolvidas no campo da segurança digital e
desinstaladas pelos usuários ou substituídas por outras se- produtividade. A proteção dos dispositivos, aplicações e in-
melhantes sem que o sistema operacional deixe de funcio- formações sensíveis às empresas é o foco dessa variante.
nar), destacaremos o navegador Internet Explorer (a partir do A edição vai estar disponível através do programa de
Windows 10, o novíssimo Edge), o leitor multimídia Windows
Licenciamento por Volume, facilitando a vida dos consumi-
Media Player, o editor de imagens Paint e o processador de
dores que têm acesso a essa ferramenta. O Windows Update
texto WordPad.
for Business também estará presente aqui, juntamente com
A principal novidade que o Windows trouxe desde as
o Long Term Servicing Branch, como uma opção de distri-
suas origens foi o seu atrativo visual e a sua facilidade de uti-
lização. Aliás, o seu nome (traduzido da língua inglesa como buição de updates de segurança para situações e ambientes
“janelas”) deve-se precisamente à forma sob a qual o sistema críticos.
apresenta ao usuário os recursos do seu computador, o que
facilita as tarefas diárias. Windows 10 Education:
Uma janela é uma área visual contendo algum tipo de in- Construído sobre o Windows 10 Enterprise, a versão Edu-
terface do usuário, exibindo a saída do sistema ou permitindo cation é destinada a atender as necessidades do meio educa-
a entrada de dados. Uma interface gráfica do usuário que use cional. Os funcionários, administradores, professores e estu-
janelas como uma de suas principais metáforas é chamada dantes poderão aproveitar os recursos desse sistema opera-
sistema de janelas, como um gerenciador de janela. cional que terá seu método de distribuição baseado através
As janelas são geralmente apresentadas como objetos da versão acadêmica de licenciamento de volume.
bidimensionais e retangulares, organizados em uma área de
trabalho. Normalmente um programa de computador assu- Windows 10 Mobile
me a forma de uma janela para facilitar a assimilação pelo O Windows 10 Mobile é voltado para os dispositivos
usuário. Entretanto, o programa pode ser apresentado em de tela pequena cujo uso é centrado no touchscreen, como
mais de uma janela, ou até mesmo sem uma respectiva janela. smartphones e tablets. Essa edição vai contar com os mes-
mos apps incluídos na versão Home, além de uma versão
Sobre as diferentes versões do Office otimizada para o toque. O Continuum também
O Windows apresenta diversas versões através dos anos vai marcar presença nos dispositivos que forem compatíveis
e diferentes opções para o lar, empresa, dispositivos móveis e com a funcionalidade.
de acordo com a variação no processador.

60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows 10 Mobile Enterprise: A Cortana permitirá que os usuários façam chamadas


Projetado para smartphones e tablets do setor corpo- no Skype, verifiquem o calendário, agendem e verifiquem
rativo. Essa edição também estará disponível através do compromissos agendados, definam lembretes, configurem
Licenciamento por Volume, oferecendo as mesmas vanta- o alarme, tomem notas e muito mais.
gens do Windows 10 Mobile com funcionalidades direcio- Infelizmente, sua disponibilidade no lançamento do
nadas para o mercado corporativo. Windows 10 em 29 de julho de 2015 deve variar depen-
Windows 10 IoT Core dendo da região.
Além dos “sabores” já mencionados, a Microsoft pro-
mete que haverá edições para dispositivos como caixas
eletrônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de
atendimento para o varejo e robôs industriais – todas ba-
seadas no Windows 10 Enterprise e Windows 10 Mobile
Enterprise. O Windows 10 IoT Core – que contém em seu
nome a sigla em inglês para Internet das Coisas – vai ser
destinado para dispositivos pequenos e de baixo custo.

Windows 10
Windows 10 é a mais recente versão do sistema ope-
racional da Microsoft. Multiplataforma, o download do
software pode ser instalado em PCs (via ISO ou Windows
Update) e dispositivos móveis (Windows 10 mobile) como
smartphones e tablets. A versão liberada para computado-
res (Windows 10 e Windows 10 Pro) une a interface clássica
do Windows 7 com o design renovado do Windows 8 e 8.1,
criando um ambiente versátil capaz de se adaptar a telas Microsoft Edge
de todos os tamanhos e perfeito para uso com teclado e A terceira das 10 novidades no Windows 10 listadas
mouse, como o tradicional desktop. neste artigo é o navegador Microsoft Edge. O navegador
substituirá o Internet Explorer como o navegador padrão
Podemos citar, dentre outras, as seguintes novidades: do Windows.
O novo navegador foi desenvolvido como um app Uni-
Menu Iniciar versal e receberá novas atualizações através da Windows
O Windows 8 introduziu uma tela inicial que ocupava Store. Ele utiliza um novo mecanismo de renderização de
toda a área do monitor. Muitos usuários não conseguiram páginas conhecido também pelo nome Edge, inclui supor-
se adaptar muito bem e isto fez com que a Microsoft trou- te para HTML5, Dolby Audio e sua interface se ajusta me-
xesse o menu Iniciar de volta no Windows 10. lhor a diferentes tamanhos de tela.
Nesta nova versão do menu Iniciar, os usuários podem Com ele os usuários também poderão fazer anotações
fixar tanto os aplicativos tradicionais como os aplicativos em sites da Web (imagem abaixo) e até mesmo usar a Cor-
disponibilizados através da Windows Store. tana. Basicamente a ideia é permitir que a Cortana navegue
O menu também pode ser expandido automaticamen- na Web com você e assim encontre informações úteis que
te no modo Tablet para se comportar como a tela inicial do podem te ajudar.
Windows 8 e 8.1.

Cortana Por exemplo, se você visita o site de um restaurante, a


A assistente pessoal Cortana foi introduzida pela Mi- Cortana encontrará informações como horários de funcio-
crosoft no Windows Phone 8.1. Com o Windows 10, ela namento, telefone, endereço e até mesmo reviews.
também estará presente nos PCs. Você também poderá fazer perguntas para a Cortana
durante a navegação.

61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Áreas de trabalho virtuais Outra novidade é a nova “Windows Store for Busi-
O suporte para áreas de trabalho virtuais é uma das ness”, que oferecerá aplicativos para usuários finais e apli-
10 novidades no Windows 10 listadas neste artigo. Com cativos privados voltados para ambientes corporativos e
este recurso, os usuários podem manter múltiplas áreas organizações.
de trabalho com programas específicos abertos em cada Por exemplo, uma escola poderá definir um conjunto
uma delas. Por exemplo, você pode deixar uma janela do específico de aplicativos que serão instalados nos compu-
Internet Explorer visível em uma área de trabalho enquan- tadores disponíveis para os alunos.
to trabalha no Word em outra.
Vale lembrar que este recurso já foi oferecido no Win- 08 – Central de Ações
dows XP através de um Power Toy chamado Virtual Desk- A Central de Ações é a nova central de notificações
top Manager. Um detalhe é que este PowerToy suporta do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central de
no máximo de quatro áreas de trabalho virtuais, enquanto Ações do Windows Phone 8.1 e também oferece acesso
que no Windows 10 é possível criar muitas (20+). rápido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Rotação
e VPN.
Continuum
O modo Continuum foi criado para uso em apare-
lhos híbridos que combinam tablet e notebook. Com
este modo o usuário pode alternar facilmente entre o
uso do híbrido como tablet e como notebook, basica-
mente combinando a simplicidade do tablet com a ex-
periência de uso tradicional.

Novos aplicativos Email e Calendário


Os novos aplicativos Email e Calendário trazem uma
interface melhorada e oferecem mais recursos do que as
atuais versões para Windows 8.1.
No caso do aplicativo Email, ele conta com um editor
de texto mais rico baseado no app Universal do Word para
Windows 10 e também permite que o usuário utilize um
plano de fundo personalizado para o app.

Quando o usuário usa um híbrido como o HP Pavil-


lion x360 ou o Lenovo YOGA, por exemplo, o Windows 10
pode ser configurado para que entre no modo Tablet au-
tomaticamente. Com isso não é necessário perder tempo
mexendo nas configurações quando for necessário usar o
híbrido como tablet ou como notebook.
O modo Continuum também estará presente no Win-
dows 10 Mobile, a versão do novo sistema operacional da
Microsoft para smartphones e tablets pequenos.
Durante uma demonstração em abril, a Microsoft co-
nectou um smartphone Lumia a um monitor e a um te-
clado Bluetooth para usar o aparelho em um modo que
oferece mais produtividade. Com isso o smartphone basi-
camente se transformou em um PC com área de trabalho
e tudo.

Nova Windows Store Já o app Calendário ganhou uma interface bem mais
Além de oferecer aplicativos Universais e jogos, a intuitiva que a da versão para Windows 8.1, permitindo que
nova Windows Store inclui a nova seção Filmes & TV. A o usuário crie compromissos e alterne entre modos dia/
Microsoft também já confirmou que ela também oferece- semana/mês mais facilmente.
rá aplicativos Win32 tradicionais.

62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Comece abrindo o Explorador de Arquivos através do


atalho na barra de tarefas. Ele é sinalizado por um ícone de
pastinha, próximo à ferramenta de Pesquisa do Windows
10. A janela que vai se abrir é dividida em duas áreas. A área
da esquerda permite navegar entre várias pastas, como do-
wnloads, fotos ou músicas do seu sistema operacional. A
pasta Documentos é onde a maioria dos seus arquivos es-
tará gravado.

Novo Painel de Controle moderno


A última das 10 novidades no Windows 10 listadas nes-
te artigo é o novo Painel de Controle moderno do sistema
operacional. Ele oferece bem mais opções que a versão
moderna presente no Windows 8.1, o que é uma boa notí-
cia para os usuários.

Para chegar lá, clique em “Este PC” - que é o novo


nome do Meu Computador. Então, uma lista de subpastas
vai se abrir. Selecione Documentos. Para selecionar qual-
quer pasta na área de navegação, basta clicar uma vez. Para
abrir pastas e arquivos na área principal, clique duas vezes.

O Explorador de Arquivos é um recurso do Windows


que permite gerenciar arquivos e pastas. Nesse tutorial,
você vai descobrir como usar esse recurso dentro do Win-
dows 10, a versão mais recente do sistema operacional,
vendo o que mudou e o que permaneceu o mesmo no
mais novo sistema operacional da Microsoft.

File Explorer - Explorando Arquivos no Windows 10

No topo da janela do Explorador de Arquivos há vá-


rios menus e controles úteis. Os controles avançar e voltar,
representados por uma seta para a frente ou para trás, po-
dem levá-lo de volta para a tela anterior ou seguinte.
Próximo a eles, logo antes da barra de endereço do
Explorador de Arquivos, há uma seta para cima. Essa opção
vai levá-lo um nível acima. Vamos supor que você esteja
na pasta de Trabalho, dentro da pasta Documentos. Clicar
nesse botão vai levá-lo à pasta Documentos, mesmo que
não estivesse nela antes.
Nessa mesma área há um campo de busca. Digite nele
para procurar arquivos em qualquer lugar do seu compu-
tador ou dentro das pastas que você estiver explorando.

63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A visualização em detalhes permite enxergar facilmen-


te diversas informações sobre os arquivos e partas – por
Você irá notar que alguns comandos mudam, depen- exemplo, data de modificação, tipo de arquivo, tamanho
dendo do conteúdo da pasta. Por exemplo, quando você e outros.
abre a pasta Música, o menu se adapta para trazer as op- Quando estiver usando a visualização em detalhes,
ções de reproduzir um arquivo ou reproduzir todos. você pode personalizar as informações que são exibidas.
Na barra de endereços também há atalhos para mudar Clique com o botão direito sobre uma coluna para exibir
de uma pasta para outras. Na frente de cada “passo” do um menu suspenso com diversas opções de dados; para
endereço você poderá ver uma setinha. Clique nela para acrescentar ou retirar um, clique sobre ele. A opção “More”,
abrir um menu suspenso com outras pastas que você pode no final da lista, traz centenas de outros metadados. É claro
abrir diretamente. que alguns podem não estar disponíveis, dependendo do
tipo de conteúdo.
Quando uma pasta tiver muitos arquivos, você pode
organizar os dados para tornar mais fácil localizar algum
item específico. Uma maneira de fazer isso é escolhendo
qual vai ser o critério de organização; por exemplo, data
de criação. Então, clique sobre o título da coluna de dados
correspondente, e todos os itens serão organizados. Ao
lado do título da coluna surgirá uma seta: se ela apontar
para cima, a organização será crescente, e se apontar para
baixo, será decrescente.
Ainda no menu Exibir. você tem duas opções de pre-
visualização. Elas permitem abrir uma área na lateral direi-
ta do Explorador de Arquivos para ver prévias de arquivos
antes de abri-los. Essa opção funciona principalmente para
imagens ou arquivos em PDF.
A opção Painel de Visualização permite ver apenas
uma miniatura do arquivo. Enquanto isso, a opção Painel
de Detalhes inclui também muitas informações sobre os
arquivos. Clique em cima de alguns desses detalhes, como
autor ou artista, para editar as informações diretamente.
Você pode controlar a maneira como os ícones são
exibidos na área principal do Explorador de Arquivos. Essa
opção fica no menu Exibir. As  formas de visualização in-
cluem ícones extra-grandes, grandes, médios, pequenos,
lista, conteúdos e detalhes. Basta colocar o mouse sobre
cada uma para ver um preview.

64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Onde ficam os documentos? 1. Dispositivos


Qualquer coisa que exista no seu computador está ar-
mazenada em algum lugar e de maneira hierárquica. Em
cima de tudo, estão os dispositivos que são, basicamente,
qualquer peça física passível de armazenar alguma coisa.
Os principais dispositivos são o disco rígido; CD; DVD; car-
tões de memória e pendrives.
Tais dispositivos têm uma quantidade de espaço dispo-
nível limitada, que pode ser dividida em pedaços chama-
dos partições. Assim, cada uma destas divisões é exibida
como umaunidade diferente no sistema. Para que a ideia
fique clara, o HD é um armário e aspartições são as gave-
tas: não aumentam o tamanho do armário, mas permitem
guardar coisas de forma independente e/ou organizada.
Em cada unidade estão as pastas que, por sua vez, con-
tém arquivos ou outras pastas que, por sua vez, podem ter
mais arquivos... e assim, sucessivamente. A organização de São todos os meios físicos possíveis de gravar ou salvar
tudo isso é assim: dados. Existem dezenas deles e os principais são:
HD ou Disco Rígido: é o cérebro da máquina. Nele está
tudo: o sistema operacional, seus documentos, programas
e etc.
DVD: Um DVD permite que você leia o conteúdo que
está gravado nele. Há programas gravadores de DVD que
permitem criar DVDs de dados ou conteúdo multimídia.
CD: Como um DVD, mas sem a possibilidade de gravar
vídeos e com um espaço disponível menor.
Pendrive: São portáteis e conectados ao PC por meio
de entradas USB. Têm como vantagem principal o tamanho
reduzido e, em alguns casos, a enorme capacidade de ar-
mazenamento.
Cartões de Memória: como o próprio nome diz, são
pequenos cartões em que você grava dados e são prati-
camente iguais aos Pendrives. São muito usados em note-
books, câmeras digitais, celulares, MP3 players e ebooks.
Para acessar o seu conteúdo é preciso ter um leitor insta-
lado na máquina. Os principais são os cartões SD, Memory
Stick, CF ou XD.
HD Externo ou Portátil: são discos rígidos portáteis,
que se conectam ao PC por meio de entrada USB (geral-
mente) e têm uma grande capacidade de armazenamento.
Disquete: se você ainda tem um deles, parabéns! O
disquete faz parte da “pré-história” no que diz respeito a
armazenamento de dados. Eram São pouco potentes e de
curta durabilidade.

65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

2. Unidades e Partições 4. Arquivos


Para acessar tudo o que armazenado nos dispositivos Os arquivos são o computador. Sem mais, nem menos.
acima, o Windows usa unidades que, no computador, são Qualquer dado é salvo em seu arquivo correspondente.
identificadas por letras. Assim, o HD corresponde ao C:; o Existem arquivos que são fotos, vídeos, imagens, progra-
leitor de CD ou DVD é D: e assim por diante. Tais letras po- mas, músicas e etc.
dem variar de um computador para outro. Também há arquivos que não nos dizem muito como,
Você acessa cada uma destas unidades em “Este Com- por exemplo, as bibliotecas DLL ou outros arquivos, mas
putador”, como na figura abaixo: que são muito importantes porque fazem com que o Win-
dows funcione. Neste caso, são como as peças do motor de
um carro: elas estão lá para que o carango funcione bem.

5. Atalhos

A conta não fecha? Aparecem mais unidades do que O conceito é fácil de entender: uma maneira rápida de
você realmente tem? Então, provavelmente, o seu HD está abrir um arquivo, pasta ou programa. Mas, como assim?
particionado: o armário e as gavetas, lembra? Uma parti- Um atalho não tem conteúdo algum e sua única função é
ção são unidades criadas a partir de pedaços de espaço de “chamar o arquivo” que realmente queremos e que está
um disco. Para que você tenha uma ideia, o gráfico abaixo armazenado em outro lugar.
mostra a divisão de espaço entre três partições diferentes: Podemos distinguir um atalho porque, além de estar na
área de trabalho, seu ícone tem uma flecha que indicativa
se tratar de um “caminho mais curto”. Para que você tenha
uma ideia, o menu “Iniciar” nada mais é do que um aglo-
merado de atalhos.
Se você apagar um atalho, não se preocupe: o arquivo
original fica intacto.

6. Bibliotecas do Windows 7
O Windows 7 trouxe um novo elemento para a lista bá-
sica de arquivos e pastas: as bibliotecas. Elas servem ape-
nas para colocar no mesmo lugar arquivos de várias pastas.
3. Pastas Por exemplo, se você tiver arquivos de músicas em “C:\
As pastas - que, há “séculos” eram conhecidas por di- Minha Música” e “D:\MP3”, poderá exibir todos eles na bi-
retórios - não contém informação propriamente dita e sim blioteca de música.
arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é organi-
zar tudo o que está dentro de cada unidade.

66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Acessórios do Windows são aplicativos Vantagens dos Acessórios do Windows


Como pôde ver, computadores necessitam de Sistema Algumas pessoas desprezam esses programas por
Operacional para funcionar. Porém, sem softwares aplicati- acharem que são muito simples. Na verdade, trata-se de
vos de nada serviriam. Se você adquirisse um computador preconceito por falta de capacitação adequada.
com Windows, mas não adquirisse nenhum software apli- São fáceis de aprender
cativo (processador de textos, planilha eletrônica, ....), seu Rápidos para carregar
computador seria totalmente inútil. De excelente qualidade
Assim, para que um consumidor não fique decepcio- Tão úteis quanto a calculadora, bloco de papel, postits
nado ao abrir seu novo computador, a Microsoft incluiu e outros itens que você encontra numa mesa de escritório.
alguns softwares aplicativos no pacote Windows. Eles não São encontrados em quaisquer computadores com
são “o Windows”, mas acompanham o Sistema Operacio- Windows.
nal Windows e, a esse conjunto de aplicativos, foi dado o
nome de Acessórios do Windows. Bloco de Notas

Como acessar os Acessórios do Windows


Através do botão Iniciar do Windows, clicando a se-
quência:
Botão Iniciar > Todos os Programas > Acessórios (ver-
sões anteriores ao Windows 10)
No Windows 10, após clicar no Botão Iniciar você loca-
lizará na ordem alfabética (veja imagem).
O navegador Internet Explorer é um exemplo. Além
dele, a Microsoft vem mantendo e atualizando uma lista
de aplicativos.

Principais Acessórios do Windows 10


O Bloco de Notas é um editor de textos simples, sem
Existem outros, outros poderão ser lançados e incre- formatação (significa que você não poderá sublinhar, inse-
mentados, mas os relacionados a seguir são os mais po- rir imagens e outros recursos).
pulares: Pela simplicidade, é rápido para carregar e usar, tor-
- Assistência Rápida nando-se ideal para tomar notas ou salvar conversas em
- Bloco de Notas chats, usando Ctrl+C e Ctrl+V (a maioria dos chats não dis-
- Calculadora ponibiliza um recurso para salvar).
- Ferramenta de Captura Também funciona para editar programas de computa-
- Internet Explorer dor, como códigos emHTML, ASP, PHP, etc.
- Mapa de Caracteres
- Paint
- Windows Explorer
- WordPad

67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

WordPad Área de transferência


Área de transferência (conhecida popularmente
como copiar e colar) é um recurso utilizado por um sis-
tema operacional para o armazenamento de pequenas
quantidades de dados para transferência entre docu-
mentos ou aplicativos, através das operações de cor-
tar, copiar e colar bastando apenas clicar com o botão
direito do mouse e selecionar uma das opções. O uso
mais comum é como parte de uma interface gráfica, e
geralmente é implementado como blocos temporários
de memória que podem ser acessados pela maioria ou
todos os programas do ambiente. Implementações an-
tigas armazenavam dados como texto plano, sem meta
informações como tipo de fonte, estilo ou cor. As mais
recentes implementações suportam múltiplos formatos
de dados, que variam entre RTF e HTML, passando por
Diferente do Bloco de Notas, o WordPad (substituto do uma variedade de formatos de imagens como bitmap e
Write) é um editor de textos mais sofisticado. Podemos di- vetor até chegar a tipos mais complexos como planilhas
zer, uma “miniatura do Word”, inclusive, com muitas com- e registros de banco de dados.
patibilidades. Ctrl+C para copiar informação para a Área de Trans-
É uma alternativa gratuita para criar e/ou editar docu- ferência
mentos, como contratos, por exemplo, mesmo que tenha Ctrl+X para cortar informação para a Área de Trans-
sido criado originalmente no Word. ferência
Muitos concursos e exames de progressão exigem o Ctrl+V para colar informação da Área de Transfe-
conhecimento do WordPad
rência
Ferramenta de Captura
Integração do office 2016 com Windows 10
O Office 2016 é a primeira versão do programa des-
de o lançamento do Windows 10, com alguns truques
incorporados a ele como o Windows Hello que é um acu-
mulado de identificadores biométricos que podem ou
não estar presentes na máquina, como leitores digitais
e íris. O outro é o assistente digital da Microsoft (Corta-
na), porem ainda não está disponível no Brasil.

O Office 2016 (que também é compatível com as


versões 7 e 8 do Windows), está completamente oti-
Para você ter uma idéia, a Ferramenta de Captura (Sni- mizado para extrair o máximo do Windows 10, criando
pping Tool), é de uma simplicidade incrível, mas extrema- uma solução ideal de produtividade. Uma das possibi-
mente útil. lidades está com o novo recurso Windows Hello, que
Com a Ferramenta de Captura você copia e salva facilita o processo de login no computador por meio de
qualquer parte da sua tela, transformando num arqui- reconhecimento facial, da íris ou da impressão digital.
vo png ou jpg, por exemplo. Ele pode ser usado também para acessar o Office de
forma segura e simples (mas exige uma câmera especial
para isso).

68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Graças ao Windows 10, os novos aplicativos do Of- Todo comando no Linux é uma sequência de letras, nú-
fice para mobile contam com uma interface ótima para meros e caracteres. Alguns comandos válidos são “mail”,
telas de toque e são universais, o que os torna excelen- “cat”, “ls”. Além disso o Linux tem a característica conheci-
tes para o recurso Continuum do sistema operacional. A da como “case-sensitive”, i.e., ele difere letras minúsculas de
função permite que novos smartphones com o sistema maiúsculas. Portanto os comando Cat, CAT, cat e CaT são co-
da Microsoft possam ser utilizados como PCs por meio de mandos diferentes. Na prática, é difícil encontrar comandos
um dock específico para conectá-lo a um monitor, permi- como estes, usando tal característica.
tindo a liberdade que o teclado e mouse proporcionam Vamos começar a usar os comandos?
– mas ainda não foi oficialmente lançado. Digite “ct”. Você provavelmente verá algo parecido com
a seguinte mensagem:
LINUX /home/fulano$ ct
ct: comando não encontrado
Um pouco de História /home/fulano$
Você foi informado que não há programa com o nome
No início da década de 70, fruto de necessidade origi- “ct”. Agora digite “cat”. Surgirá uma linha em branco. Digite
nal dos Laboratórios Bell, surgiu um sistema operacional algo, e tecle enter. O que acontece? A linha é repetida logo
chamado UNIX. Em 1973, após o surgimento da lingua- abaixo. Simples, não? Você usou seu primeiro comando.
gem de programação “C”, o UNIX foi reescrito nessa lin- Para finalizar o “cat”, tecle “Ctrl + D” e volte para o prompt.
guagem. Logo, embora sem tanta empolgação no campo
Páginas de Manual
acadêmico, ganhou força no mundo dos negócios.
Quer aprender melhor sobre o comando “cat” (ou qual-
Já o Linux foi escrito por Linus Torvalds, e muitas são
quer outro comando)? Digite “man cat”. Você verá algo que
as pessoas que vêm colaborando com o seu desenvol-
começa mais ou menos assim:
vimento desde então. Está sob a licença de uso da GNU
General Public License (GPL). Esta é uma licença escrita
CAT(1) User Commands CAT(1)
pela Free Software Foundation (FSF). Falando em termos
simples, você tem o direito de cobrar o quanto quiser por
NAME
sua cópia, mas não pode impedir a outra pessoa de dis- cat - concatenate files and print on the standard output
tribuir gratuitamente. A licença também diz que qualquer
um que modificar o programa também deve lançar esta SYNOPSIS
sua versão sob a mesma licença. cat [OPTION] [FILE]...
Graças à legião de colaboradores ao redor do mundo,
os bugs que porventura surgem no Linux são rapidamen- DESCRIPTION
te eliminados. Pessoas de todas as áreas colaboram, algu- Concatenate FILE(s), or standard input, to standard
mas com larga experiência em programação e hardware. output.
Saiba que há softwares comerciais para Linux. Em
grande parte, são programas que já existem para o am- (...)
biente Windows migrando para o Linux.
Você entrou na página de manual do comando cat. É
Dando início uma página completa sobre como usar este comando. É cla-
Logo após ligar o computador e todo o início se der ro, não espere entender tudo. Esta página assume que você
normalmente, basta você digitar seu “Login” (sua identifi- possui algum conhecimento sobre o Linux. Mas tudo bem!
cação no sistema) e senha. Haverá um diretório com “seu Quanto mais ler, mais você aprende.
nome”. Este diretório conterá seus arquivos pessoais, que Tente usar este comando, o “man”, com os outros que
fica em /home/usuário, onde “usuário” é o seu “Login”. você aprenderá com o tempo. Certamente será muito útil no
Na verdade este início será apenas um pouco diferen- decorrer do seu aprendizado.
te dependendo da distribuição que você estiver usando. Antes de continuar, digite o comando “clear”. Este co-
Mas no geral, é como dito acima: Login + Senha, e pronto! mando “limpará” o terminal. Estamos apenas limpando a
bagunça :). Aproveite este comando e veja como o “man”
O terminal pode ser útil. Digamos que você esteja aprendendo sobre
Vamos falar sobre como usar algumas coisas no ter- um comando, o clear por exemplo. Se você digitar “man -k
minal. Ao acessamos o sistema, veremos algo parecido clear” você verá uma lista de todos os comandos onde a pa-
com isso: lavra “clear” aparece em sua descrição ou nome. Isto é muito
/home/fulano$ útil, principalmente quando você está procurando por algo,
Isto é o que chamamos de “prompt”. Em inglês, mas não lembra exatamente seu nome. Você deve ter nota-
“prompt” é a “deixa” para fazer algo, como em teatro do o “-k” na frente do comando man. É isto mesmo: alguns
quando um ator recebe uma “deixa”. É realmente assim comandos permitem que você tenha opções de como ele
aqui, pois você está recebendo a “deixa” para digitar um trabalhará. Isto é, de fato, muito comum.
comando para o sistema realizar algo.

69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Organizando as coisas Antes de estudar como usá-lo, vejamos quais são as


Como tudo em nossa vida, nossos arquivos no compu- permissões que existem no Linux. Cada arquivo tem um gru-
tador devem ser organizados. E organizamos isso em diretó- po de permissões associado a ele. Estas permissões dizem
rios. Como ver o que há neles? Com o comando “ls”. ao Linux se um arquivo pode ou não ser lido, modificado ou
O comando “ls” é um dos mais importantes. Ele lista os executado como um programa. Isso é bom, pois previne que
arquivos e diretórios. Digite “ls” no terminal e veja o que indivíduos maliciosos façam o que não se deve, e indivíduos
ocorre. Agora digite “ls -F”. A opção “-F” faz você ver quais desavisados façam bobagens.
itens são diretórios (terão uma barra invertida no final), quais Portanto o Linux reconhece três tipos de pessoas: pri-
são arquivos, quais são arquivos especiais, etc. meiro, o dono ou proprietário do arquivo. O segundo é o
Do terminal você também pode criar diretórios. Basta ‘grupo’, que na maioria dos casos será ‘users’, que são os
usar o comando “mkdir”. Como exemplo, digite “ls -F” e veja usuários normais do sistema (para ver o grupo de um arqui-
o conteúdo do diretório atual. Agora digite: vo, use ‘ls -l arquivo’). E depois, há todos os outros além do
$ mkdir diretorio-teste proprietário e dos membros do grupo.
Digite novamente “ls -F”. O que aconteceu? Apareceu Um arquivo pode ter permissões de leitura ou modifica-
um novo diretório chamado “diretorio-teste”. Simples assim. ção para o dono, leitura para o grupo, e nenhuma permissão
Para remover um diretório, use um comando similar ao para os outros. Ou, por alguma razão, um arquivo pode ter
mkdir: o rmdir. Faça similar ao mkdir: “rmdir diretorio-teste” permissões de leitura/modificação para o grupo e para os
removerá o diretório anteriormente criado. Para usá-lo desta outros, mas não ter permissões para o dono!
forma, só um lembrete: o diretório deve estar vazio. Vamos usar o chmod para aprender algo sobre permis-
sões. Crie um arquivo qualquer para teste. Por padrão, você
Lidando com Arquivos tem permissão para ler e modificar este arquivo (as per-
Veja o caso de comandos básicos como cd, mv, e rm. missões dadas a outros dependem de como o sistema - e
Há outros comandos que agem sobre os arquivos, mas não também sua conta - está configurada). Teste sua permissão,
agem sobre os dados nesses arquivos. Aqui estão incluídos abrindo o arquivo usando cat. Agora, vamos tirar sua per-
missão de ler o arquivo! Digite:
os comandos touch, chmod, du, e df. Todos esses coman-
chmod u-r arquivo
dos não alteram os arquivos, mas mudam coisas que o Linux
O parâmetro u-r diz ‘usuário menos leitura’. Agora, se
‘lembra’ sobre os arquivos. Algumas dessas são:
você tentar ler o arquivo, receberá a mensagem ‘Permission
As datas relacionadas com os arquivos: cada arquivo
denied error!’. Adicione a permissão de leitura, simplesmen-
possui três datas associadas a ele. São: a data de criação
te fazendo
(quando o arquivo foi criado), a última modificação (quando
chmod u+r arquivo
o arquivo foi modificado pela última vez), e o último acesso Permissões para diretórios seguem as mesmas ideias:
(quando o arquivo foi lido pela última vez). ler, escrever e executar, mas de forma um pouco diferente.
O proprietário: todo arquivo tem um ‘dono’, ou proprie- A permissão de leitura permite ao usuário (ou o grupo ou
tário. todos) ler o diretório, ou seja, listar os arquivos, vendo seus
O grupo: todo arquivo tem um grupo de usuários as- nomes. A permissão de escrita permite adicionar ou remover
sociado a ele. O grupo mais comum é chamado ‘users’, que arquivos. A permissão de execução permite acessar os arqui-
normalmente é compartilhado por todos os usuários do sis- vos no diretório ou subdiretórios.
tema. Para usar o comando chmod, troque ‘mode’ pelo alvo
As permissões: todo arquivo possui permissões (tam- da mudança: o usuário, o grupo, etc, e o que fazer com ele.
bém chamadas ‘privilégios’) associadas a ele. Essas permis- Trocando em miúdos, faça similar ao lidar com arquivos: use
sões dizem quem pode acessar o arquivo, modificá-lo ou, o símbolo ‘+’ para adicionar um privilégio, e o símbolo ‘ - ‘
no caso de programas, executá-lo. Cada uma dessas permis- para tirá-lo.
sões pode ser imposta separadamente ao dono, ao grupo, A opção R mudará a permissão do diretório, e de todos
ou a todos os usuários. os arquivos e diretórios dentro dele, e assim sucessivamente
Veja o exemplo abaixo: (o ‘R’ vem de recursivo). Usando ‘v’, você faz o chmod relatar
touch arquivo1 arquivo2 ... arquivoN o que está acontecendo.
O comando touch irá ‘atualizar’ as datas relacionadas
com os arquivos listados para a data atual. Se o arquivo não Estatísticas do sistema
existir, ele será criado. Também é possível colocar uma data Agora, veremos comandos que mostram estatísticas so-
específica, basta usar a opção -t. Você pode alterar apenas bre o sistema operacional, ou sobre partes do sistema.
a data de acesso (use a opção -a), ou apenas a data de mo- du [-abs] [path1 path2 ...pathN]
dificação (use a opção -m). Para usar a opção -t, faça como ‘du’ vem de ‘disk usage’, uso do disco. Determina quan-
segue: to do espaço em disco é usado por um diretório. Ele mostra
[[CC]YY]MMDDhhmm[.SS] o espaço usado por cada subdiretório e, no final, o total - a
Na linha acima, se CC não for utilizado, o touch enten- soma de todos eles.
derá que o ano CCYY está no intervalo 1969-2068. SE SS não O ‘a’ no início fará surgir os arquivos, além dos diretó-
for indicado, será considerado como 0. rios. A opção ‘b’ mostrará o espaço em bytes, em vez de
O comando chmod altera as permissões de um arquivo. kilobytes. Um byte é o equivalente a uma letra em um do-
Segue a forma abaixo. cumento de texto. A opção ‘s’ mostrará apenas o diretórios,
chmod [-Rv] mode arquivo1 arquivo2 ... arquivoN sem os subdiretórios.

70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

uptime usar para processar textos, navegar na internet, trocar arquivos


O comando uptime faz exatamente o que ele mesmo diz: e jogar games off e on-line. Isto é possível por meio de paco-
exibe o tempo decorrido desde que o sistema foi ‘ligado’, o tes incluídos na distribuição ou em pacotes baixados da net.
tempo desde o último boot. Surpreendentemente, uptime é Isto além do fato de estar disponível em diversas arquiteturas.
um dos poucos comandos que não possuem opções. Instalar o Linux para um usuário comum é agora (quase)
who tão fácil como qualquer outro sistema operacional. A maio-
O comando who exibe os usuários atuais do sistema, e ria das distros já oferecem conjuntos de softwares totalmente
quando eles logaram. Se for dado o parâmetro ‘am i’, mostra funcionais, como processadores de textos, e-mail, navegador
o usuário atual. da internet, transferência de arquivos, suporte à impressão,
w [username] apresentações, e quase todos os tipos de programas ofereci-
Este comando mostra os usuários atuais e o que eles estão dos por sistemas concorrentes. Linux e usuário comum: cada
fazendo. O ‘cabeçalho’ do comando w é exatamente o mesmo vez mais próximos.
do comando uptime, e cada linha mostra um usuário, quando
ele logou, e o que está fazendo. Processador de texto e planilhas
Lembrando que não estou explicando todas as opções de Um PC com um sistema da Microsoft pode usar o Micro-
cada comando. A listagem completa, com as outras opções, soft Word como processador de texto, enquanto um sistema
consulte as páginas de manual de cada comando (comando Linux pode usar o LibreOffice - ou uma grande quantidade
‘man’). de outros programas equivalentes. Usando Linux em vez de
O que há no arquivo? Windows, alguns problemas podem surgir quando usar o pro-
Vejamos mais dois comandos importantes. cessador de texto e precisar transferir de uma máquina para
cat [-nA] [arquivo1 arquivo2 ...arquivoN] outra com Windows, tendo em vista a incompatibilidade de
O comando ‘cat’ não é um comando muito amigável. Ele tais softwares. Mas os incansáveis trabalhadores open source
não espera por você para ler o arquivo, e é normalmente usa- têm vencido essa barreira, gerando programas cada vez mais
do em conjunto com pipes (‘ | ‘). No entanto, cat tem algumas compatíveis, à revelia dos sistemas concorrentes.
opções úteis. Por exemplo, ‘n’ contará todas as linhas de um Em algumas empresas, as planilhas têm papel central no
arquivo, ‘A’ mostrará os caracteres de controle como caracte- ambiente de trabalho. Com o Linux, os usuários podem criar
res normais - e isso meio que afastará coisas estranhas de sua planilhas profissionais de alta qualidade, com programas como
tela. Claro, use ‘man cat’ para saber muito mais. LibreOffice Calc, Kspread, ou tantos outros disponíveis. Com
tais programas, o Linux é capaz de prover a compatibilidade
more [-l] [+numero_da_linha] [arquivo1 arquivo2 ...arqui-
necessária com outros programas usados em outros sistemas.
voN]
Mais uma vez, o Linux tem vantagens no uso empresarial.
O comando more é muito útil, e é o comando que usamos
quando queremos ver arquivos de texto em em ASCII. A única
Web e e-mail
opção interessante é ‘ l ‘.
Usuários Linux podem navegar na net tão facilmente
Usando ‘+5’, por exemplo, ele começará da linha 5. Usan- como ‘navegam’ por seus arquivos pessoais em suas próprias
do ‘+num’, ele começará da linha ‘num’. máquinas. Mas alguns problemas podem surgir, tendo em vis-
Como more é um comando interativo, veja as situações ta que alguns sites são projetados tirando proveito de caracte-
mais frequentes: rísticas específicas de determinado navegador.
Ctrl + L : move para a próxima tela (de texto) Se um determinado browser não compreende uma de-
Barra de espaço: sai do ambiente de comando ‘more’ terminada informação, ele provavelmente não exibirá a pá-
/ : pesquisa pela próxima ocorrência de uma expressão. gina de maneira correta, pelo menos em parte. Mas com a
O próximo comando é ‘head’ popularidade do Linux em crescimento, é esperado que os
head [-linhas] [arquivo1 arquivo2 ...arquivoN] desenvolvedores para a web projetem os sites cada vez mais
‘head’ mostra a primeira linha dos arquivos listados. Qual- ‘universais’, afastando-se de especificações para determinado
quer opção numérica mostrará essa quantidade de linhas. Por navegador.
exemplo: Muitos programas gerenciadores de e-mail estão disponí-
head -10 arquivo veis, como o Kmail. Embora eles funcionem bem para a maio-
mostrará as 10 primeiras linhas de ‘arquivo’ ria dos usuários, talvez ocorram os mesmos problemas rela-
Da mesma forma que head, ‘tail’ mostra uma parte do ar- cionados com os navegadores web. No entanto, os programas
quivo - a parte final. Use similarmente a ‘head’: disponíveis em Linux já são robustos o suficiente para lidarem
tail [-linhas] [arquivo1 arquivo2 ...arquivoN] com a grande maioria das operações, tornando relativamente
O comando ‘file’ tenta identificar o formato de um arqui- suave as atividades na área.
vo. Já que nem todos os arquivos possuem extensões, ‘file’ faz
uma checagem rudimentar para saber qual é o formato. Nos servidores
file [arquivo1 arquivo2 ...arquivoN] DNS e servidores
O Linux é tipicamente usado como servidor no ambiente
Linux - e agora? empresarial, em vista de sua grande estabilidade e inteireza
A grande vantagem do Linux frente a outros sistemas está como sistema operacional. Como o Linux é um sistema ‘deri-
no fato de poder usá-lo desde os desktops até o servidor em vado’ do UNIX, pode realizar quase todas as atividades de um
todo o ambiente de trabalho. E como isso é possível? Linux servidor UNIX. E como o MS Windows provê muitos serviços
suporta quase todos os serviços que um usuário necessita. Por similares, pode-se usar o Linux para realizar tais tarefas em vez
exemplo, um administrador pode instalar Linux em um PC e de sistemas Microsoft.

71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Além disso, como o Linux é bastante estável, é bastante fossem locais. O Linux usa um pacote de softwares NFS,
útil para clusters de companhias maiores e de serviços críti- que inclui comandos e daemons (programas auxiliares)
cos. É especialmente usado para aplicações da net serviços para NFS, Network Information Service (NIS), e vários ou-
tais como DNS, firewall, e-mail, proxy, FTP, servidor de im- tros serviços.
pressão, dentre muitos outros. Trabalhar com NFS normalmente exige que cada sis-
Quando você instala um servidor Linux, o DNS (Domain tema seja configurado para acessar cada recurso com um
Name System) é uma das muitas opções disponíveis. DNS arquivo de configuração. A inclusão de NIS no Linux per-
‘resolve’ nomes de sistemas para endereços IP. Isso é um mite que o servidor mantenha os arquivos de configuração
serviço importante, porque permite que usuários conectem para a rede inteira. Isto torna a administração dos recursos
máquinas usando nomes em vez de um estranho código IP, da rede mais fácil, porque apenas os arquivos NIS devem
que pode facilmente ser esquecido. ser atualizados, e não todo o cliente. É natural esperar que
Este serviço consiste em dados DNS, servidores DNS, e o Linux ofereça serviços para outros clientes Linux ou UNIX,
protocolos de internet para retornar dados dos servidores. mas e o que dizer de clientes Windows?
Arquivos fontes são disponibilizados para cada host pelo A Microsoft criou o protocolo Server Message Block
diretório DNS, usando arquivos-texto especiais, organiza- (SMB) , que oferece a condição de trocar arquivos e re-
dos em zonas. Zonas são mantidas em servidores autori- cursos. SMB foi criado para ser usado em uma pequena
zados que distribuem por toda a net, que respondem às rede local (LAN), não oferecendo sustentação para grandes
solicitações de acordo com protocolos de rede DNS. redes. Em vista disso, a Microsoft criou o Common Internet
A maioria dos servidores possui autoridade para algu- File System (CIFS), baseado em SMB e também em Network
mas zonas, e a maioria dos servidores apenas para algu- Basic Input Output System (NetBIOS).
mas poucas zonas. Mas grandes servidores têm autorida- Para que o Linux trabalhe junto a clientes Microsoft, é
de para dezenas de milhares de zonas. Por quebrar o DNS preciso ou que um software ‘tradutor’ esteja rodando em
em zonas menores e então em domínios, o ‘peso’ sobre as cada cliente ou que o software Linux para rede compreen-
máquinas é diminuído. Isto também facilita a organização da os protocolos Microsoft. Surge então o Samba, um pro-
da internet, pois não há necessidade de concentrar toda grama criado por Andrew Tridgell, que permite a clientes
informação em um único servidor. Linux se comunicar com recursos Microsoft usando o pro-
Tendo em vista a configuração hierárquica, uma orga- tocolo SMB. Samba é open source, e pode ser encontrado
nização pode estabelecer um servidor DNS para controlar em www.samba.org.
o acesso à rede organizacional, o que pode ser feito com
um servidor Linux. Firewall
Um firewall protege os recursos de uma rede privada
Linux web server de um acesso não-autorizado de uma rede externa. Um
Enquanto DNS resolve um nome para um endereço firewall típico é geralmente criado em um roteador, ou um
IP, permitindo que usuários se conectem à net, um servi- computador colocado especialmente para isso, que age
dor web provê a página web. O software mais popular que como uma porta de entrada-saída para separar a rede ex-
usuários Linux para oferecer as páginas web é o Apache terna da rede interna.
Web server. Apache existe para prover um software de ní- Isto cria um caminho seguro, onde apenas requisições
vel comercial capaz de prover HTTP, um padrão para cria- autorizadas são permitidas para a entrada na rede interna.
ção de documentos serem visto na net. Uma máquina barata usando Linux com uma conexão com
uma rede externa e outra com a rede interna pode ser usa-
Linux servidor de e-mail da como um firewall.
E-mail é um dos serviços mais importantes para o O Linux oferece muitos recursos para criar firewall, com
usuário final. Existem vários softwares para auxiliar nesta ipchains, Netfilter. Firewalls são muito importantes, e de-
tarefa, como o Sendmail. O Linux também suporta produ- vem ser constantemente atualizados e testados. Claro, a
tos comerciais. qualidade do serviço de um firewall é tão boa quanto a
habilidade de quem o administra.
Servidor de arquivos
O Linux é uma plataforma excelente para prover aces- Linux vs. Outros
so a sistemas de arquivos, podendo ser locais ou remotos. Como já sabemos, o Linux é um sistema multiusuário
Servidores de arquivos são uma necessidade nos nossos real e possui capacidade de multiprocessamento. Portan-
dias para ambientes empresariais, tendo em vista a facili- to, sai-se bem quando comparado com outros sistemas. A
dade dos usuários comuns acessarem com segurança seus prova maior é seu uso crescente ao redor do mundo, como
dados em um ambiente centralizado. Este servidor de ar- visto nos casos abaixo.
quivos podem ser solicitados por outro Linux, UNIX, Micro-
soft, Apples, etc. Uso na Web: O Google é um ótimo exemplo da habili-
A possibilidade de usar o Linux como um servidor de dade do Linux de competir com outros sistemas. O Google
arquivos em rede é comparável ao UNIX. UNIX usa o Net- é um sistema de busca que ‘domina’ a net, e roda sob um
work File System (NFS) para montar um sistema de arqui- cluster Linux. Cerca de 60 por cento dos servidores Web
vos remoto e tratá-los como se tais arquivos ou diretórios rodam Apache, que é completamente suportado por Linux,

72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

oferecendo toda a eficiência e confiabilidade de um servi- http://www.apache.org


dor UNIX. Suas habilidades são tantas, que é usado tanto http://www.abiword.org
como servidor como desktop. http://www.konqueror.org
Instalação: A instalação de um sistema Linux é com- http://www.linux.org
parável a outros sistemas Mac, Windows, etc. Todos esses http://www.linuxdoc.org
sistemas oferecem uma interface amigável, que permite a http://koffice.kde.org
instalação do sistema operacional com muito pouca inter- http://www.opera.com
venção do usuário. O fato da Microsoft incluir um número http://www.sourceforge.net
relativamente grande de drivers para suporte inicial já na
instalação torna o Windows mais atrativo para usuários não Preparação para Instalação
-especialistas, dando uma certa vantagem nesta área. Po- Preparação
rém a distância não é lá tão grande, e aqueles já iniciados Temos algumas coisas a fazer antes de começar a ins-
podem inclusive realizar pela linha de comando, recebendo talação. Uma das mais importantes é saber que tipo de
uma variedade de opções deveras interessante. instalação você deseja usar. O usuário deseja ter apenas
Estabilidade: Após a configuração, a estabilidade do uma máquina básica, tipo estação de trabalho? Ou um ser-
sistema operacional é uma questão claramente relevante. vidor uma escolha melhor? Isto é importantíssimo, pois os
Como o Linux é ‘tipo-UNIX’, recebe muitos benefícios ad- serviços podem ser radicalmente diferentes. Por exemplo,
vindos de tal sistema. O UNIX sempre foi considerado um o usuário talvez pense em usar um desktop simples, mas
dos mais estáveis sistemas operacionais, e o Linux é evi- deseja compartilhar documentos em uma intranet ou in-
dentemente do mesmo nível esperado. Os sistemas Micro- ternet. Nesse caso, uma servidor web talvez seja uma boa
soft são normalmente considerados menos estáveis; mas opção. Ou seja, é necessário analisar cada caso, mesmo de
vem avançando em busca de conquistar confiabilidade. É maneira básica e simples.
evidente, porém, que UNIX e Linux são considerados a me-
lhor escolha para serviços que exijam estabilidade. Verificação
Novas tecnologias: Como o Linux é suportado por uma Se você verificar os serviços que o usuário deseja para
gigantesca comunidade de voluntários, novos drivers e no- sua máquina antes da instalação, certamente existe a alta
vas tecnologias têm sido rapidamente absorvidos, embora possibilidade de reconfigurar o sistema mais tarde. A maio-
nem sempre esta regra seja seguida. Por exemplo, em al- ria das opções usadas na instalação podem ser verificadas
guns dispositivos ‘made for Windows’, problemas podem seguindo uma lista de verificação. A lista abaixo é apenas
realmente surgir. No entanto, a comunidade sempre corre uma sugestão e foi adaptada do livro “Linux- Bible”.
por fora, buscando o melhor suporte possível. E enquan- Serviços de Desktop -> *Solução escolhida
to outros sistemas frequentemente abandonam o suporte Processador de texto
para hardware antigo, o Linux continua a prover aplicações Planilha
úteis para tais. Banco de dados
Custo: Finalmente, e talvez o caso mais importante, o
Tratamento de imagem
custo de ‘todos’ os sistemas operacionais é um ponto vi-
Cliente de e-mail
tal. O Linux é livremente distribuído, e pode ser instalado
Navegador web
em muitos desktops ou servidores da forma que o usuário
Linguagens de programação
desejar. A Microsoft de forma perene tem usado uma li-
Ferramentas de desenvolvimento
cença unitária para licenciar seus sistemas, cujos usuários
Players de mídia
são ‘forçados’ rotineiramente a re-licenciar para adquirir
Jogos
novas versões. Claramente, o Linux é o forte vencedor nes-
Emuladores
te ponto, pois mesmo com distribuições suportadas por
Aplicações comerciais
profissionais remunerados, o custo é absurdamente menor
quando comparado com outros sistemas.
É claro que o custo da licença não é o único: há o su- Serviços de servidor -> *Solução escolhida
porte, treinamento, etc. Mas, a longo prazo, todos os siste- Servidor web
mas são mais ou menos ‹dispendiosos›, enquanto o Linux Servidor de arquivos
leva a uma economia interessante. Quando somado ao seu Servidor de banco de dados
desempenho, Linux é o primeiríssimo lugar. Servidor de e-mail
Servidor de aplicações
Distribuições e pacotes Servidor DNS
Nem todo serviço ou aplicação estão disponíveis em Servidor DHCP
todas as distribuições. Se o programa não está disponível Servidor de notícias
em uma, é normalmente oferecido na internet. Os paco- Servidor FTP
tes de softwares são necessários e úteis para todo usuário. Firewall
Abaixo segue uma lista com alguns sites que oferecem tais
pacotes.

73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Aplicações comerciais
Esta tabela, adaptada do livro Linux-Bible, pode ser considerada como uma lista parcial de opções disponíveis. Cada
caso deve ser visto individualmente, afim de tornar o processo de instalação o mais suave possível. Assim, a lista ajudará
você a determinar se o usuário precisa de uma instalação como servidor ou apenas como estação de trabalho.
No entanto, de maneira geral, os usuários nem sempre sabem quais os serviços que eles mesmos precisam. Nestes
casos você deve questionar o uso da máquina por parte dos usuários, como por exemplo se eles desejam ofertar serviços
e quais são. Algumas perguntas podem ser as seguintes:
Você irá compartilhar arquivos com outras pessoas por meio de intranet ou internet?
O que você acha mais importante: compartilhar arquivos e recursos, evitar o acesso externo para a rede enquanto sua
máquina está ‘ligada’, ou controlar o acesso à(às) máquina(s)?
Você deseja usar programas do tipo utilitários (para o usuário final) ou usará serviços como a Web e FTP?
Por meio dessas e de outras perguntas você poderá enquadrar a instalação do sistema em um dos seguintes quatro
tipos:
Instalação de estação de trabalho: geralmente usado apenas pelo ‘dono’ da máquina.
Instalação de servidor: fornece serviços para usuários em qualquer lugar da intranet ou internet.
Serviço direcionado: usado apenas para prover serviços de rede especiais, como roteamento, proxy, firewall. Frequen-
temente possuem configuração mínima de hardware, fortemente direcionado para o serviço alvo.
Servidor ‘singular’: uma máquina especialmente direcionada para fornecer um único serviço. Pode ser configurada fa-
cilmente e normalmente é voltada para oferecer o melhor serviço possível em uma determinada tarefa.

Pacotes e hardware
Seleção de pacotes:
Não importa qual o tipo de instalação você fará, ainda precisa configurá-la com os programas necessários para as tare-
fas desejadas. Obviamente um dos seus objetivos ao realizar uma instalação é torná-la a mais fácil possível. É interessante,
portanto, fazer outra lista com os pacotes necessários para a instalação. Abaixo, mais um exemplo.
Serviço ---> pacote
Servidor web: Apache
Servidor de arquivos: Samba, NFS
Servidor de banco de dados: MySQL, Oracle
Servidor de e-mail: Sendmail, Exim

É claro que você deve aumentar, e bastante, a lista acima. Ela fica apenas como exemplo do que você mesmo deve
fazer. Uma lista como essa tem objetivo duplo: organiza seu trabalho e oferece alternativas ao seu cliente.
Pense: talvez algum cliente use outro sistema para oferecer serviços de rede, e não sabem, portanto, que o Linux ofe-
rece o mesmo serviço, possivelmente com maior qualidade e liberdade. Informá-los sobre isso pode ser uma ótima forma
de convencê-los a mudar de seu sistema fraquinho :> para um Linux.

Verificação do hardware
Mais um item na preparação para a instalação: verificar a compatibilidade do hardware disponível.

Particionamento
Planejando o particionamento:
Um último item em nosso planejamento: planejar o particionamento da nossa instalação. Novamente, uma lista pode
ser de ajuda. Nas distros atuais é comum a opção de auto-particionamento ou você pode optar também por ter apenas
duas partições: uma root e uma swap. Mas você certamente será muito beneficiado por fazer mais que o mínimo. Veja um
exemplo:

Partição Tipos Motivo para tal partição


/ ReiserFS, ext3, outro diretório raiz (root)
/bin ReiserFS, ext3, outro executáveis
/boot ReiserFS, ext3, outro arquivos para o boot do sistema
/etc ReiserFS, ext3, outro arquivos de configuração do sistema
/home ReiserFS, ext3, outro arquivos dos usuários
/sbin ReiserFS, ext3, outro executáveis para superusuário (root)
/usr ReiserFS, ext3, outro arquivos do sistema
Swap Área de troca espaço para memória swap

74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A tabela acima é geral, com alguns tipos de partição Sem ‘esconde-esconde’


que você pode usar. Obviamente existem outras, mas você Acabou a ‘brincadeira’ de esconde-esconde: a partir do
deve seguir certas regras gerais para o particionamento: momento que você começa a aprender a usar o Linux, verá
A partição swap deveria ter o mesmo tamanho da me- que nada está proibido. Tudo que quiser personalizar para
mória instalada para máquinas com pouca memória. as suas necessidades está aberto. Até o código fonte está
Alguns preferem aumentar bastante a partição swap, disponível. Não é incrível?!
mas isso não é necessário, principalmente para máquinas
mais atuais, com grande quantidade de memória. Desktop maduro
A partição / (ou root) é a única partição absolutamente As interfaces gráficas KDE e GNOME rivalizam fortemen-
necessária para a inicialização do sistema. te com os sistemas Windows. Além de serem altamente per-
As outras partições, como /home e /bin, são usadas sonalizáveis. Você certamente ficará impressionado com a
para organizar os arquivos do sistema e criar pontos de beleza de tais interfaces.
montagem padrão que são pré-configurados quando o sis-
tema é instalado. Lembre-se: quanto mais organizado o sis- Liberdade!
tema, mais fácil será para administrá-lo, fazer atualizações e É quase lugar comum. Você tem a liberdade de escolher
reparar eventuais danos. Por planejar bem o software, har- a distribuição Linux que mais lhe convier, instalar e remover
dware e as partições, a instalação do sistema ocorrerá sem os programas que você quiser. Linux roda praticamente em
grandes surpresas e ocorrerá de forma bem organizada. tudo, desde celulares até supercomputadores. Muitos países
já descobriram as vantagens de usufruir a liberdade ofere-
Linux - por que tão fantástico?! cida pelo Linux. Isto ocorre inclusive em alguns estados do
Seguindo a sequência de artigos introdutórios, já ‘instala- Brasil.
mos’ o sistema em nosso computador, após uma preparação Alguns aspectos podem tornar o Linux um pouco difícil
para novos usuários. Geralmente ele é configurado com al-
minuciosa, levando ao uso racional da máquina-sistema. Com
guns pontos de segurança que os iniciantes não estão habi-
o uso do Linux você notará alguns aspectos interessantes, que
tuados, e é necessário fazer algumas mudanças se você de-
tornam o Linux um sistema fantástico. Veja alguns deles.
sejar fazer alterações que afetem aspectos mais relevantes
do sistema. Embora pareça incômodo no início, isto garante
Sem reboot
a segurança e a estabilidade do sistema. Você pode, inclu-
Vale lembrar que o Linux, sendo um UNIX-like (expres-
sive, configurar logins para cada usuário de sua máquina, e
são que mais ou menos significa ‘baseado em UNIX’), é
cada um pode adaptar seu ambiente de trabalho da forma
‘idealmente’ um sistema para trabalhar como servidor. As- que desejar, sem afetar os outros usuários.
sim, espera-se que permaneça funcionando 24 horas por
dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano!! Após a instalação, Importantes questões
você poderá instalar ou desinstalar programas sem ter que Veja algumas questões que você deve lembrar durante
reiniciar o computador. o uso do Linux.
Posso esquecer os vírus?
Começar/interromper serviços Você pode, e deve, sempre estar preocupado com a
Você pode iniciar ou interromper serviços, como e-mail, questão da segurança enquanto estiver conectado à inter-
sem reiniciar o sistema ou até mesmo interromper a ativi- net. Porém, muito provavelmente você está menos vulnerá-
dade de outros usuários e serviços da máquina. A péssima vel de ter intrusos enquanto usa Linux do que quando usa
obrigação de reiniciar vindo ‘daquele’ sistema... você estará Windows. Lembre como é comum os alertas sobre vulnera-
livre aqui. É, meu amigo: viva o linux!! bilidades no MS Internet Explorer.
Você está por sua conta e risco se usar o Linux?
Portabilidade de software Se você usa Linux apenas recentemente e está interessa-
Você pode mudar para outra distribuição Linux, como do em suporte, muitas empresas oferecem tal suporte para
Debian, SuSE, Fedora, etc, e continuar usando o mesmo versões do Linux. Por exemplo, Red Hat Enterprise Linux,
software! Uma boa parte dos projetos de software open Ubuntu Linux e várias outras distribuições menores. além do
source são criados para rodar em qualquer sistema UNIX-li- mais, a comunidade de usuários é gigantesca, e você sempre
ke, e muitos também funcionam no Windows. E mesmo que encontra ‘suporte’ entre seus membros.
não esteja disponível, é possível que você mesmo consiga Linux é só para os ‘iniciados’?
portar o programa para rodar onde você quer, ou desco- Se você desejar explorar o máximo que o Linux oferece,
brir alguém que faça isso (afinal, o espírito cooperador na realmente é preciso estudar, ler e ir mais a fundo. No en-
comunidade é intenso). Lembrando que ‘portar’ significa tanto, se você deseja apenas usá-lo como já vinha usando
modificar uma aplicação, ou driver, para funcionar em um o Windows, como uma máquina para realizar seus traba-
sistema ou arquitetura diferente. lhos de escritório, assistir vídeos e ouvir músicas, não há a
mínima necessidade de ser um expert. O fantástico aqui é
Download disponível justamente isso: você pode usar o Linux para suas atividades
Se o programa que você deseja não estiver disponível do dia-a-dia, sem a preocupação de aprofundamento; mas
na distribuição que está usando, não há problema: use fer- se você desejar, a oportunidade está aqui.
ramentas como apt, yum, e outros para realizar o download.

75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Quão diferentes são as distribuições entre si? Pressione Ctrl+Alt+F1 e você estará no primeiro termi-
Embora as distros acrescentem imagens diferentes, es- nal virtual. Pressione Ctrl+Alt+F2 e estará no segundo ter-
colham softwares específicos para incluir, e usem diferentes minal virtual e assim por diante até Ctrl+Alt+F6. Para voltar
meios para instalação, não há grandes dificuldades para um para o ambiente gráfico, pressione Ctrl+Alt+F7.
usuário migrar de uma distro para outra. Quando você ‘entrar’ no sistema, estará no seu diretório
Muitas distros incluem os mesmos projetos open source /home, ou seja, /home/usuário. Se pedir para abrir algum
(os mesmos programas abertos). Assim, por exemplo, os co- arquivo ou salvá-lo, a shell usará o diretório atual como re-
mandos básicos, os arquivos de configuração, e outros, para ferência. Qualquer opção diferente disto, deve ser explicita-
um servidor Apache, Samba, etc, serão os mesmos se você mente indicada.
usar Fedora, Debian, e uma boa parte das distros. E embora Para ver em qual o diretório você está trabalhando
alterem as cores ou alguns elementos do desktop, a maioria atualmente, tecle o comando pwd:
usa o GNOME ou KDE da mesma forma. $ pwd
Rodando comandos /etc
Você não terá dificuldade com o uso básico do Linux. Em nosso exemplo acima, o diretório atual é ‘/etc’. Para
Usando o GNOME ou KDE, terá as mesmas facilidades que saber o seu diretório home, tecle o comando echo, seguido
encontra, por exemplo, no Windows. ‘Mexa’ nos programas, da variável $HOME:
olhe os menus e use as ferramentas disponíveis. Não nos $ echo $HOME
alongaremos sobre tal ponto, pois se você está migrando /home/bart
para Linux, provavelmente será fácil. A saída indica que o diretório home é /home/bart. Se
você quiser mudar do diretório atual para outro, use o co-
Vamos falar sobre algo mais importante. Antes de sur- mando cd. Para mudar do diretório atual para um subdire-
girem os ícones e as janelas nos monitores de nossos com- tório ‘outro’ (ou seja, um diretório dentro do diretório atual),
putadores, era preciso digitar comandos para fazer qualquer digite
coisa. Em sistemas UNIX, de onde vem o Linux, os progra- $ cd /outro
mas usados para interpretar e gerenciar os comandos eram Para mudar do diretório atual para o diretório home,
conhecidos como a ‘shell’. basta digitar o comando cd sem nenhuma outra opção:
Não importa qual distro Linux você usa, sempre terá $ cd
disponível a shell. A shell oferece uma forma de rodar pro- Pronto! Não interessa o diretório atual, você será levado
gramas, trabalhar com arquivos, compilar programas, operar ao seu diretório home.
o sistema e gerenciar a máquina. Embora a shell seja me- E para saber o que há no diretório atual? Use o coman-
nos intuitiva que uma interface gráfica (GUI), a maioria dos do “ls”. Ele lista os arquivos, e você ainda pode usar algumas
usuários experientes em Linux considera a shell como mais opções úteis. A opção -l inclui um conjunto detalhado de
poderosa que GUI. Existem diferentes tipos de shell. A que informações de cada arquivo, a opção -s inclui o tamanho
trabalharemos aqui é chamada bash shell, muito comum no do arquivo - mas é melhor acrescentar a opção h para tornar
mundo Linux. o tamanho compreensível:
Há muitas formas de usar a shell. As três mais comuns $ ls -sh
são o prompt, a janela do terminal e o terminal virtual. No exemplo acima os arquivos serão listados e será
Se o seu Linux não tiver interface gráfica ou se ela não dado o tamanho de cada arquivo no formato normal: Kby-
estiver funcionando no momento, você verá o prompt após tes e Mbytes.
o login. Se você já usou o DOS, parece com isso. E teclar Algo importante a lembrar sobre Linux é que além
comandos no prompt é a forma de interagir com a máquina. de ser um sistema multiusuário ele também é multitarefa.
O prompt padrão para um usuário ‘normal’ é um sím- Quando falamos ‘multitarefa’ significa que vários programas
bolo de moeda: podem estar rodando ao mesmo tempo. Cada exemplar de
$ um programa que está rodando é chamado de ‘processo’.
O prompt padrão para um super-usuário (root, aque- Você pode listar os processos que estão rodando, assim mo-
le com permissão para ‘tudo’ no sistema) é uma cerquilha nitorando o sistema e parando processos, se necessário.
(jogo da velha): Para saber quais processos estão rodando, os recursos
# utilizados e qual o usuário ‘dono’ do processo, use o coman-
Na maioria dos sistemas Linux os símbolos $ e # são an- do ps:
tecedidos pelo username do usuário, o nome da máquina e $ ps -ax
o diretório onde você se encontra. Pode-se mudar o prompt Para sair da shell, simplesmente digite exit e tecle ENTER:
para mostrar o que você quiser. $ exit
Há uma infinidade de coisas a fazer no prompt, mas co- Lembre também que a grande maioria dos comandos
meçaremos com apenas alguns comandos simples. possuem opções, as quais alteram o comportamento do co-
Usando uma janela de terminal mando (por exemplo, temos o caso visto acima do comando
A maioria das distros incluem um painel no botão que ‘ls’). Você encontrará muitos comandos no diretório ‘/bin’.
inicia um terminal virtual, onde você pode usar a shell. Ter- Use o comando ls para ver uma lista de tais comandos:
minal virtual é uma forma de ter shells fora do ambiente $ ls /bin
gráfico. Você tem a ‘sensação’ que está usando uma outra Depois disso, use o comando ‘man’ para ver o que cada
máquina, sem ambiente gráfico. E a maioria das distros dis- comando realiza. O comando man mostra a página de ma-
ponibiliza tais terminais virtuais. nual do comando desejado:

76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

$ man comando Veja o PATH:


No exemplo acima, você seria levado para a página ma- Digite ‘echo $PATH’. Você verá uma lista dos diretórios
nual do comando ‘comando’. contendo comandos que estão acessíveis a você. Listando
É claro que aqui falamos apenas de alguns comandos os comandos nesses diretórios (usando o comando ls, por
muito simples que você pode usar. Existem centenas de co- exemplo), veremos os comandos mais comuns no Linux.
mandos disponíveis, alguns mais úteis ou comuns, outros Use o comando ‘help’:
nem tão conhecidos. Aqui, apenas buscamos familiarizá-lo Alguns comandos estão ‘dentro’ da Shell, assim você
com o uso dos comandos. não o verá nos diretórios quando fizer como acima. O co-
Usando o shell no Linux mando “help” lista esses comando e mostra opções dispo-
Existem algumas coisas que podem ser ‘acrescentadas’ níveis para cada um deles. Digite ‘help | less’ para ver com
aos comandos para alterar sua funcionalidade. Na shell, mais calma.
além dos comandos você pode utilizar: Use --help:
Opções Muitos comandos incluem a opção ‘--help’ para dispo-
Muitos comandos possuem (geralmente várias) opções nibilizar informação sobre o uso do comando. Por exemplo,
disponíveis. Tais opções normalmente são indicadas por le- digite ‘cp --help | less’, e verá informações sobre o comando
tras. Podemos inclusive combinar diversas opções ao usar ‘cp’.
um comando. Já vimos isso no artigo anterior desta série, Use o comando ‘man’:
quando usamos o comando ls: Para aprender sobre um comando específico, digite:
$ ls -sh $ man comando
O comando acima exibirá o conteúdo do diretório atual No acima, substitua ‘comando’ pelo comando que dese-
juntamente com o tamanho em forma ‘humanamente com- ja obter informações.
preensível’ (daí a opção ‘h’, que indica ‘human’). Use o comando ‘info’:
Quando a opção é indicada por uma palavra e não uma O comando ‘info’ é outra forma para obter informação
letra, é comum ser precedida por dois ‘traços’ em vez de um. sobre comandos da shell. Este comando mode ‘mover-se’
Por exemplo, a opção “help” disponível em muitos coman- entre uma hierarquia de nós para encontrar informação so-
dos deve ser usada assim: bre comandos e outros itens. Só um lembrete: nem todos os
$ comando --help comandos possuem informação sob o comando ‘info’.
Argumentos Se você logar como usuário root, outros comandos es-
Muitos comandos também aceitam argumentos. Um ar- tarão disponíveis. Portanto, se usar ‘echo $PATH’, mais al-
gumento é uma informação extra, como o nome de um ar- guns outros diretórios surgirão como resultado.
Para saber ‘onde’ se encontra um comando, faça:
quivo a ser usado pelo comando, por exemplo, se você usar:
$ type comando
$ cat /home/fulano/agenda
O comando ‘type’ mostrará a localização do comando
verá na tela o conteúdo arquivo ‘agenda’, que está no
‘comando’.
diretório /home/fulano. Neste exemplo, ‘/home/fulano/
Veja um exemplo simples, mas interessante, do uso da-
agenda’ é o argumento.
quilo que já aprendemos até agora.
Variáveis locais
Digite na shell conforme abaixo (e tecle ENTER no fim):
A shell pode guardar informações a fim de serem usadas
$ ls /home/usuário/musicas | sort -f | less
pelo usuário naquela sessão. Chamamos a tais de ‘variáveis A linha de comando acima lista o conteúdo do diretó-
de ambiente’. Mais a frente falaremos com mais profundida- rio /home/usuário/musicas (ls), ordena em ordem alfabética
de sobre este tema. (sort -f), e envia tal saída para o comando ‘less’. O comando
Metacarateres ‘less’ mostra a primeira página da saída, e depois você pode
Estes são caracteres com significado especial para a ver o restante linha por linha (pressionando ENTER) ou uma
shell. Eles podem ser usados para direcionar a saída de um página por vez (pressionando a BARRA DE ESPAÇO).
comando para um arquivo (>), enviar a saída de um coman- Mas e se você agora quiser ver o conteúdo do diretório
do para outro comando (|), e rodar um comando no back- /home/usuário? Não é preciso digitar tudo novamente. A
ground (&), entre outros. shell possui o recurso de histórico dos comandos usados. O
Outra característica interessante da shell é a capacida- que você precisa fazer é:
de de guardar um ‘histórico’ dos últimos comandos listados. Usar as teclas de direção (para cima ou para baixo) para
Isto facilita o nosso trabalho, pois comandos que usamos ver as linhas digitadas e que estão na lista de histórico da
freqüentemente não precisam ser digitados. shell. Quando chegar na linha desejada, use novamente as
Rodando comandos teclas de direção (direita e esquerda) até alcançar a posição
Quando você usa a shell pela primeira vez, talvez fique da terceira ‘/’. Então é só deletar a expressão ‘músicas’. Tecle
um pouco intimidado se havia o hábito 100% com o ambien- ENTER, e verá uma nova saída, porém agora mostrando o
te gráfico do Windows. Afinal, tudo que vemos é o prompt. conteúdo do diretório ‘/home/usuário’.
Como saber quais os comandos disponíveis e úteis? E como Edição e conexão de comandos
usá-los? Na verdade, a situação é melhor do que parece. Para acelerar o uso, a shell possui uma característica muito
Há muita ajuda disponível e abaixo seguem alguns ‘lo- útil: ela completa expressões parcialmente digitadas. Para usar
cais’ onde procurar adicionais ao que veremos aqui. tal recurso, digite as primeiras letras e então pressione Tab. Al-
guns termos que a shell completa para você são:

77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Variáveis de ambiente: Se um texto que você digitou $ cat /home/usuário/livros | sort | less
começa com o símbolo $, a shell completa o texto com a Este comando lista o conteúdo do arquivo ‘/home/usuá-
variável de ambiente da shell atual. rio/livros’ e conecta/envia sua saída para o comando ‘sort’. O
Username: Se o texto digitado começa com um ~, a comando sort toma a lista de livros deste arquivo e analisa cada
shell completa com um username (nome de usuário). linha, passando a organizar alfabeticamente pelo início de cada
Comando ou função: Se o texto começa com com ca- linha. Então tal saída é conectada/enviada para o comando
racteres regulares, a shell tenta completar o texto com um ‘less’ (como já vimos em artigos anteriores, permite lermos o
nome de comando, alias ou função (falaremos sobre alias resultado uma página por vez).
mais à frente).
Host name: Se o texto que você digitou inicia com @, a Comandos em sequência
shell completa o texto com um host name vindo do arquivo Algumas vezes você vai desejar que uma seqüência de co-
/etc/host. mandos sejam executados, um por vez, numa determinada or-
É claro que haverá ocasiões que várias opções estão dis- dem. Pode-se fazer isso por digitar os diversos comandos na mes-
poníveis para completar o texto parcial. Se você quiser ver as ma linha e separando-os por ponto e vírgula (;). Veja um exemplo:
opções antes de tentar expandí-lo, use a combinação ESC+? $ date ; ls -sh | less
(ou seja, a tecla ESC e a tecla ? ao mesmo tempo). Tente o No exemplo acima, primeiro é impresso na tela a data (date),
seguinte e veja o resultado: depois é listado o conteúdo do diretório atual, juntamente com
$ echo $P (tecle ESC+? agora) o tamanho de cada item (-sh), e a saída de tal listagem é enviada
para o comando ‘less’, para ser vista uma página por vez.
Usando o histórico da shell
Já vimos o recurso de histórico da shell. Vamos aprender Comandos no background
um pouco mais sobre ele agora. Alguns comandos podem demorar para realizar a tarefa
Depois de digitar uma linha com comandos, toda essa que você pediu. Nestes casos você possivelmente não vai que-
linha é salva no histórico de sua shell. A lista é guardada em rer ficar sentado em frente ao computador, esperando. Então
podemos ter nossos comandos rodando no ‘background’, ro-
um arquivo de histórico, de onde qualquer comando pode
dando ‘por trás’, sem vermos seus efeitos diretamente na tela.
ser chamado novamente para o uso. Depois que é chamado
Fazemos isso por usar o símbolo ‘&’.
novamente, a linha pode ser modificada à vontade.
Comandos para formatar texto são exemplos comuns dos
Para ver a lista de histórico, use o comando ‘history’.
casos onde você vai querer rodar em background. Também é
Digite este comando sem opções, ou pode também ser se-
possível criar scripts, algo como mini-programas para rodar em
guido por um número - isto determina quantas linhas mais
background e checar continuamente certos eventos, como se
recentes serão listadas. o HD está lotado, ou se um usuário em particular está logado.
Existem várias formas de trabalhar com tal histórico. Eis um exemplo de execução de uma linha de comando em
Uma delas é usar o comando ‘fc’. Digite fc seguido pela linha background:
do histórico visto quando se efetua a ação descrita acima - $ latex principal.tex &
164 por exemplo. Então, a linha de comando é aberta em um Explicando a linha acima: latex é uma linguagem poderosa
editor de texto. Faça as mudanças que achar necessário, e para editoração; ‘principal.tex’ é o arquivo usado no exemplo
quando fechar o editor de texto, o comando rodará. para gerar um longo livro de centenas e centenas de páginas,
Você também pode usar um intervalo de linhas com o tomando certo tempo, dependendo da configuração da máqui-
comando ‘fc’. Por exemplo, ‘fc 251 260’. Fazendo isso, todas na. No fim da sentença, ‘&’ é usado para indicar que a linha de
as linhas aparecerão no editor, e após as alterações, feche o comando deve ser executada em background. Pronto! Após cli-
editor e veja todas as linhas serão executadas uma a uma. car ENTER, o prompt já estará disponível para você novamente,
enquanto a linha de comando está sendo executado no back-
Conectando comandos ground.
Uma característica poderosa da shell é a capacidade de Usando expressões aritméticas
redirecionar a saída e entrada de dados de um comando Pode acontecer de você desejar passar resultados de ex-
para outros comandos ou arquivos. Para permitir que co- pressões numéricas para um comando. Há duas formas para
mandos sejam ‘enviados’ para outros comandos, a shell usa isso:
os metacaracteres. $ [expressão]
Falamos sobre eles no artigo anterior desta série. Qual- ou então:
quer coisa, dê uma olhada no Guia Introdutório V. Como $(expressão)
dito anteriormente, um metacaracter é um caracter digita- Como exemplo, veja:
do normalmente, mas que possui significado especial para $ echo “O Brasil foi descoberto há $[2007-1500] anos.”
a shell. O Brasil foi descoberto há 507 anos.
Note que a shell inicialmente calcula a expressão e após
Conectando comandos passa o resultado para o comando ‘echo’.
O metacaracter pipe (|) conecta a saída de um comando Veja outro exemplo:
para a entrada de outro. Isto permite que você tenha um $ echo “Nessa escola há (ls | wc -w) alunos”
comando trabalhando com dados e então tenha outro co- Nesse exemplo, o conteúdo do diretório é listado, conta-se
mando trabalhando com os resultados desta atividade. Veja quantos termos surgem e o resultado é enviado para o coman-
um exemplo de uma linha de comando usando pipe: do ‘echo’.

78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Expandindo variáveis de ambiente Agora, para ir para o o diretório mencionado, basta digi-
Variáveis de ambiente que guardam informação na shell tar ‘cd $B’. Para rodar um programa chamado ‘resumo’ neste
podem ser expandidas usando o metacaracter ‘$’. Quando ex- diretório, basta digitar $B/resumo.
pandimos uma variável de ambiente em uma linha de coman-
do, é usado o conteúdo da variável e não o nome da variável O que é o Ubuntu?
em si. Por exemplo: Ubuntu é um sistema operacional baseado em Linux de-
$ ls -l $PATH senvolvido pela  comunidade  e é perfeito para notebooks,
Por usar $PATH como argumento, a saída do comando desktops e servidores. Ele contém todos os aplicativos que
usa o conteúdo da variável PATH. você precisa - um navegador web, programas de apresen-
Alterando seu shell tação, edição de texto, planilha eletrônica, comúnicador ins-
Podemos alterar a shell de modo que trabalhe para nós tantâneo e muito mais.
mais eficientemente. O prompt, por exemplo, pode dar infor-
mações importantes cada vez que teclamos ENTER. Para as
alterações funcionarem todas as vezes que iniciamos a shell,
vamos adicionar as informações para os arquivos de configu-
ração da shell.
Muitos arquivos se referem ao comportamento da shell.
Alguns destes são executados por todos os usuários e por
todas as shells, enquanto outros são criados especificamente
para determinado usuário.
Veja a seguir alguns itens para adicionar aos seus arquivos
de configuração. Em vários casos iremos adicionar certos valo-
res ao arquivo ‘.bashrc’ em nosso diretório home. No entanto,
se você é o administrador do sistema, pode querer alterar cer-
tos comportamentos para todos os usuários Linux.

Alterando o prompt
O prompt é um conjunto de caracteres que aparece todas
as vezes que a shell está disponível para aceitar uma linha de
comando. A variável de ambiente PS1 determina o que con-
tém o prompt. Se a sua shell requerer entradas adicionais, usa-
rá os valores PS2, PS3 e PS4.
Podemos usar vários caracteres especiais para incluir dife- Ubuntu é um sistema operacional desenvolvido pela co-
rentes informações no prompt. Veja alguns exemplos (se você munidade, e é perfeito para laptops, desktops e servidores.
estiver usando a shell bash, veja ‘man bash’). Seja para uso em casa, escola ou no trabalho, o Ubuntu con-
\! Mostra o número do comando no histórico da shell tém todas as ferramentas que você necessita, desde proces-
\$ Mostra o prompt de usuário ($) ou o prompt de root(#), sador de texto e leitor de emails a servidores web e ferra-
dependendo do usuário atual mentas de programação.
\w Mostra o caminho completo do diretório de trabalho O Ubuntu é e sempre será gratuito. Você não paga por
atual. nenhum encargo de licença. Você pode baixar, usar e com-
\W Mostra APENAS o diretório de trabalho atual. Por partilhar com seus amigos e familiares, na escola ou no tra-
exemplo, se você estiver no diretório /home/pedro/musicas, balho, sem pagar nada por isto.
mostrará apenas ‘musicas’ Nós lançamos uma nova versão para desktops e servi-
\d Mostra o dia da semana, o mês e o dia do mês. Por dores a cada seis meses. O que significa que você sempre
exemplo: Mon Fev 8. terá as últimas versões dos maiores e melhores aplicativos
\t Mostra a hora no formato ‘hora:minuto:segundo’. de código aberto que o mundo tem a oferecer.
\u Mostra o username do usuário atual. O Ubuntu é desenvolvido visando segurança. Você
Para tornar as mudanças permanentes devemos adicionar tem atualizações de segurança gratuitas por pelo menos 18
o valor da variável PS1 ao arquivo ‘.bashrc’ no nosso diretório meses para desktops e servidores. Com a versão de Longo
home. Note que haverá um valor já estabelecido para a variá- Tempo de Suporte (LTS) você tem três anos de suporte para
vel PS1, e você deve alterá-lo. Muitas outras alterações podem desktops, e cinco anos para servidores. Não é cobrado ne-
ser feitas. Para aprender mais sobre isso, veja o HOWTO em: nhum valor pela versão LTS, bem como qualquer outra, nós
http://www.tldp.org/HOWTO/Bash-Prompt-HOWTO disponibilizamos livremente o melhor que podemos ofere-
(mudar cores, comandos e muitos outros itens).pt cer para todos sob os mesmos termos. Atualizações para
novas versões do Ubuntu são e sempre serão gratuitas.
Criar variáveis Tudo o que você precisa em apenas um CD, que lhe
Podemos criar variáveis de ambiente para diminuir nos- proporciona um ambiente completo e funcional. Programas
so trabalho. Escolha qualquer nome que não seja usado ainda adicionais são disponibilizados através da Internet.
como variável. Por exemplo, se você usa muito os arquivos no O instalador gráfico lhe permite ter um sistema funcio-
diretório /graduacao/exatas/arquivos/info/bio, poderia fazer: nal de forma rápida e fácil. Uma instalação padrão deve levar
$ B=/graduacao/exatas/arquivos/info/bio ; export B menos de 30 minutos.

79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Uma vez instalado, seu sistema está imediatamen-


te pronto para o uso. Na versão desktop você tem um con-
junto completo de aplicativos para produtividade, internet,
imagens, jogos, entre outras ferramentas.
Na versão servidor você tem tudo o que precisa para ter
seu servidor funcional sem coisas desnecessárias.
O que a palavra Ubuntu significa?
Ubuntu é uma antiga palavra africana que significa algo
como “Humanidade para os outros” ou ainda “Sou o que
sou pelo que nós somos”. A distribuição Ubuntu traz o espí-
rito desta palavra para o mundo do software livre.

Ao tratar arquivos e pastas, o gerenciador possui funcio-


nalidades básicas, presentes em qualquer software da linha,
como recortar, copiar, colar, criar atalhos e exibir proprieda-
des de arquivos.  Nautilus também apresenta aplicação de
emblemas, como arquivo favorito, perigoso, novo, impor-
tante, compartilhado e muito mais.
Esta aplicação também suporta FTP, compartilhamento
SMB Windows, transferência de arquivos via protocolo shell,
servidores WebDAV e servidores SFTP via GNOME.

5 NOÇÕES BÁSICAS DE
FERRAMENTAS E APLICATIVOS DE
NAVEGAÇÃO E CORREIO ELETRÔNICO.
Nautilus
Gerenciador de arquivos padrão do ambiente gráfico
GNOME, Nautilus é um software simples e de código aberto Correio Eletrônico
que permite acesso a diretórios e arquivos, sendo eles locais
ou remotos. Um Pouco de História
Jeito GNOME Foi em 1971 que tudo começou (na realidade começou
Seguindo a linha dos softwares desenvolvidos pelo pro- antes, com pesquisas), com um engenheiro de computação
jeto GNOME, este gerenciador possui uma interface limpa, da BBN (Bolt Beranek e Newman), chamado Ray Tomlinson.
com barras de ferramentas, de localização de arquivos, de Utilizando um programa chamado SNDMSG, abreviação do
status e uma barra lateral, para acesso às principais pastas inglês “Send Message”, e o ReadMail, Ray conseguiu en-
do sistema. viar mensagem de um computador para outro. Depois de
A exibição de arquivos pode ser feita por meio de lis- alguns testes mandando mensagens para ele mesmo, Ray
tas ou ícones. Nas opções do programa permite-se escolher tinha criado o maior e mais utilizado meio de comunicação
quais informações serão exibidas na listagem de arquivos, da Internet, o correio eletrônico do inglês “eletronic mail” ou
com organização a partir de dados como nome, tamanho, simplesmente como todos conhecem e-mail.
tipo, data de modificação, etc. O símbolo @ foi utilizado por Tomlinson para separar o
Nautilus ainda possui visualização de prévia de arqui- nome do computador do nome do usuário, esta convenção
vos como textos, imagens ou vídeos, opção de exibição de é utilizada até hoje. Como não poderia deixar de ser, o pri-
arquivos ocultos, controle de zoom, alteração de cor e ima- meiro endereço de e-mail foi criado por Tomlinson, tomlin-
gem de fundo da janela, entre outras coisas. son@bbn-tenexa. O símbolo @ (arroba) é lido no inglês com
Recursos e funcionalidades “at”, que significa em, algo como: o endereço tomlinson está
Com o Nautilus é possível gravar CDs e DVDs de dados no computador bbn-tenexa.
muito rapidamente. Ao escolher a ferramenta “Criador de Durante um bom tempo, o e-mail foi usado, quase que
CD/DVD”, uma pasta temporária é criada onde devem ser exclusivamente, por pesquisadores da área de computação
colocados os arquivos a serem gravados. Quando todos os e militares. Foi com o desenvolvimento e o aumento de
arquivos forem colocados na pasta, é só clicar em “Gravar usuários da Internet, que o e-mail se popularizou e passou
no disco”, escolher a mídia, o nome e a velocidade e mandar a ser a aplicação mais utilizada na internet. Hoje, até mesmo
ver. pessoas que usam a Internet muito pouco, tem um e-mail.

80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O correio eletrônico se parece muito com o correio tra- Alguns nomes podem mudar de servidor para servidor,
dicional. Todo usuário tem um endereço próprio e uma caixa porém representando as mesmas funções. Além dos destes
postal, o carteiro é a Internet. Você escreve sua mensagem, diz campos tem ainda os botões para EVIAR, ENCAMINHAR e EX-
pra quem que mandar e a Internet cuida do resto. Mas por que CLUIR as mensagens, este botões bem como suas funcionali-
o e-mail se popularizou tão depressa? A primeira coisa é pelo dades veremos em detalhes, mais a frente.
custo. Você não paga nada por uma comunicação via e-mail, Para receber seus e-mails você não precisa está conectado à
apenas os custos de conexão com a Internet. Outro fator é a ra- Internet, pois o e-mail funciona com provedores. Mesmo você não
pidez, enquanto o correio tradicional levaria dias para entregar estado com seu computador ligado, seus e-mail são recebidos e ar-
uma mensagem, o eletrônico faz isso quase que instantanea- mazenados na sua caixa postal, localizada no seu provedor. Quando
mente e não utiliza papel. Por último, a mensagem vai direto ao você acessa sua caixa postal, pode ler seus e-mail on-line (direta-
destinatário, não precisa passar de mão-em-mão (funcionário mente na Internet, pelo WebMail) ou baixar todos para seu com-
do correio, carteiro, etc.), fica na sua caixa postal onde somente putador através de programas de correio eletrônico. Um programa
o dono tem acesso e, apesar de cada pessoa ter seu endereço muito conhecido é o Outlook Express, o qual detalhar mais a frente.
próprio, você pode acessar seu e-mail de qualquer computa- A sua caixa postal é identificada pelo seu endereço de
dor conectado à Internet. e-mail e qualquer pessoa que souber esse endereço, pode en-
Bem, o e-mail mesclou a facilidade de uso do correio con- viar mensagens para você. Também é possível enviar mensa-
vencional com a velocidade do telefone, se tornando um dos gens para várias pessoas ao mesmo tempo, para isto basta usar
melhores e mais utilizado meio de comunicação. os campos “Cc” e “Cco” descritos acima.
Atualmente, devido a grande facilidade de uso, a maioria
Estrutura e Funcionalidade do e-mail das pessoas acessa seu e-mail diretamente na Internet através
do navegador. Este tipo de correio é chamado de WebMail. O
Como no primeiro e-mail criado por Tomlinson, todos os WebMail é responsável pela grande popularização do e-mail,
endereços eletrônicos seguem uma estrutura padrão, nome do pois mesmo as pessoas que não tem computador, podem
usuário + @ + host, onde: acessar sua caixa postal de qualquer lugar (um cyber, casa de
um amigo, etc.). Para ter um endereço eletrônico basta que-
» Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo
rer e acessar a Internet, é claro. Existe quase que uma guerra
usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: sergiodecastro.
por usuários. Os provedores, também, disputam quem oferece
» @ - é o símbolo, definido por Tomlinson, que separa o
maior espaço em suas caixas postais. Há pouco tempo encon-
nome do usuário do seu provedor.
trar um e-mail com mais de 10 Mb, grátis, não era fácil. Lembro
» Host – é o nome do provedor onde foi criado o endereço
que, quando a Embratel ofereceu o Click21 com 30 Mb, achei
eletrônico. Exemplo: click21.com.br .
que era muito espaço, mas logo o iBest ofereceu 120 Mb e não
» Provedor – é o host, um computador dedicado ao serviço parou por ai, a “guerra” continuo culminando com o anúncio de
24 horas por dia. que o Google iria oferecer 1 Gb (1024 Mb). A ultima campanha
Vejamos um exemplo real: sergiodecastro@click21.com.br do GMail, e-mail do Google, é de aumentar sua caixa postal
constantemente, a ultima vez que acessei estava em 2663 Mb.
A caixa postal é composta pelos seguintes itens:
» Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensa- WebMail
gens recebidas. O WebMail, como descrito acima, é uma aplicação aces-
» Caixa de Saída – Armazena as mensagens ainda não en- sada diretamente na Internet, sem a necessidade de usar pro-
viadas. grama de correio eletrônico. Praticamente todos os e-mails
» E-mails Enviados – Como o nome diz, ficam os e-mails possuem aplicações para acesso direto na Internet. É grande
que foram enviados. o número de provedores que oferecem correio eletrônico gra-
» Rascunho – Guarda as mensagens que você ainda não tuitamente, logo abaixo segue uma lista dos mais populares.
terminou de redigir. » Hotmail – http://www.hotmail.com
» Lixeira – Armazena as mensagens excluídas. » GMail – http://www.gmail.com
» iBest Mail – http://www.ibestmail.com.br
Ao redigir mensagem, os seguintes campos estão presen- » iG Mail – http://www.ig.com.br
tes: » Yahoo – http://www.yahoo.com.br
» Para – é o campo onde será inserido o endereço do des- » Click21 – http://www.click21.com.br
tinatário.
» Cc – este campo é utilizado para mandar cópias da mes- Para criar seu e-mail basta visitar o endereço acima e seguir
ma mensagem, ao usar este campo os endereços aparecerão as instruções do site. Outro importante fator a ser observado é
para todos os destinatários. o tamanho máximo permitido por anexo, este foi outro fator
» Cco – sua funcionalidade é igual ao campo anterior, no que aumentou muito de tamanho, há pouco tempo a maioria
entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos. dos provedores permitiam em torno de 2 Mb, mas atualmente a
» Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem. maioria já ofereceu em média 10 Mb. Porém tem alguns mais ge-
» Anexos – são dados que são anexados à mensagem nerosos que chegam a oferecer mais que isso, é o caso do Click21
(imagens, programas, música, arquivos de texto, etc.). que oferece 21 Mb, claro que essas limitações são preocupantes
» Corpo da Mensagem – espaço onde será redigida a quando se trata de e-mail grátis, pois a final de contas quando
mensagem. pagamos o bolso é quem manda. Além de caixa postal os prove-
dores costumam oferecer serviços de agenda e contatos.

81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Todos os WebMail acima são ótimos, então fica a critério 4. Configurações – Este botão abre (como o próprio nome
de cada um escolher o seu, ou até mesmo os seus, eu, por já diz) a janela de configurações. Nesta janela podem ser feitas
exemplo, procuro aqueles que oferecem uma interface com o diversas configurações, tais como: mudar senha, definir núme-
menor propaganda possível. ro de e-mail por página, assinatura, resposta automática, etc.
5. Ajuda – Abre, em outra janela do navegador, uma seção
» Criando seu e-mail com vários tópicos de ajuda.
Fazer sua conta de e-mail é uma tarefa extremamente 6. Sair – Este botão é muito importante, pois é através
simples, eu escolhi o iBestMail, pois a interface deste WebMail dele que você vai fechar sua caixa postal, muito recomenda-
não tem propagandas e isso ajudar muito os entendimentos, do quando o uso de seu e-mail ocorrer em computadores de
no entanto você pode acessar qualquer dos endereços infor- terceiros.
mados acima ou ainda qualquer outro que você conheça. O 7. Espaço – Esta seção é apenas informativa, exibe seu en-
processo de cadastro é muito simples, basta preencher um for- dereço de e-mail; quantidade total de sua caixa posta; parte
mulário e depois você terá sua conta de e-mail pronta para utilizada em porcentagem e um pequeno gráfico.
ser usada. Alguns provedores exigem CPF para o cadastro, o 8. Seção atual – Mostra o nome da seção na qual você
iBest e o iG são exemplos, já outros você informa apenas dados está, no exemplo a Caixa de Entrada.
pessoais, o Yahoo e o Gmail são exemplos, este último é preciso 9. Número de Mensagens – Exibe o intervalo de mensa-
ter um convite. gens que estão na tela e também o total da seção selecionada.
10. Caixa de Comandos – Neste menu suspenso estão to-
Vamos aos passos: dos os comandos relacionados com as mensagens exibidas.
1. Acesse a pagina do provedor (www.ibestmail.com.br) ou Para usar estes comandos, selecione uma ou mais mensagens
qualquer outro de sua preferência. o comando desejado e clique no botão “OK”. O botão “Blo-
2. Clique no botão “CADASTRE-SE JÁ”, será aberto um for- quear”, bloqueia o endereço de e-mail da mensagem, útil para
mulário, preencha-o observando todos os campos. Os campos bloquear e-mails indesejados. Já o botão “Contas externas”
do formulário têm suas particularidades de provedor para pro- abre uma seção para configurar outras contas de e-mails que
vedor, no entanto todos trazem a mesma ideia, colher infor- enviarão as mensagens a sua caixa postal. Para o correto fun-
mações do usuário. Este será a primeira parte do seu e-mail e é cionamento desta opção é preciso que a conta a ser acessada
igual a este em qualquer cadastro, no exemplo temos “@ibest. tenha serviço POP3 e SMTP.
com.br”. A junção do nome de usuário com o nome do prove- 11. Lista de Páginas – Este menu suspenso exibe a lista de
dor é que será seu endereço eletrônico. No exemplo ficaria o página, que aumenta conforme a quantidade de e-mails na
seguinte: seunome@ibest.com.br. seção. Para acessar selecione a página desejada e clique no
3. Após preencher todo o formulário clique no botão botão “OK”. Veja que todos os comandos estão disponíveis
“Aceito”, pronto seu cadastro estará efetivado. também na parte inferior, isto para facilitar o uso de sua caixa
Pelo fato de ser gratuito e ter muitos usuários é comum que postal.
muitos nomes já tenham sido cadastrados por outros usuários, 12. Pastas do Sistema – Exibe as pastas padrões de um
neste caso será exibida uma mensagem lhe informando do correio eletrônico. Caixa de Entrada; Mensagens Enviadas; Ras-
problema. Isso acontece porque dentro de um mesmo prove- cunho e Lixeira. Um detalhe importante é o estilo do nome,
dor não pode ter dois nomes de usuários iguais. A solução é quando está normal significa que todas as mensagens foram
procurar outro nome que ainda esteja livre, alguns provedores abertas, porém quando estão em negrito, acusam que há uma
mostram sugestões como: seunome2005; seunome28, etc. Se ou mais mensagens que não foram lidas, o número entre pa-
ocorrer isso com você (o que é bem provável que acontecerá) rêntese indica a quantidade. Este detalhe funciona para todas
escolha uma das sugestões ou informe outro nome (não desis- as pastas e mensagens do correio.
ta, você vai conseguir), finalize seu cadastro que seu e-mail vai 13. Painel de Visualização – Espaço destinado a exibir as
está pronto para ser usado. mensagens. Por padrão, ao abrir sua caixa postal, é exibido o
conteúdo da Caixa de Entrada, mas este painel exibe também
» Entendendo a Interface do WebMail as mensagens das diversas pastas existentes na sua caixa pos-
A interface é a parte gráfica do aplicativo de e-mail que tal. A observação feita no item anterior, sobre negrito, também
nos liga do mundo externo aos comandos do programa. Estes é válida para esta seção. Observe as caixas de seleção localiza-
conhecimentos vão lhe servir para qualquer WebMail que você das do lado esquerdo de cada mensagem, é através delas que
tiver e também para o Outlook Express que é um programa as mensagens são selecionadas. A seleção de todos os itens ao
de gerenciamento de e-mails, vamos ver este programa mais mesmo tempo, também pode ser feito pela caixa de seleção
adiante. do lado esquerdo do título da coluna “Remetente”. O título das
1. Chegou e-mail? – Este botão serve para atualizar sua cai- colunas, além de nomeá-las, também serve para classificar as
xa de entrar, verificando se há novas mensagens no servidor. mensagens que por padrão estão classificadas através da co-
2. Escrever – Ao clicar neste botão a janela de edição de luna “Data”, para usar outra coluna na classificação basta clicar
e-mail será aberta. A janela de edição é o espaço no qual você sobre nome dela.
vai redigir, responder e encaminhar mensagens. Semelhante à 14. Gerenciador de Pastas – Nesta seção é possível adi-
função novo e-mail do Outlook. cionar, renomear e apagar as suas pastas. As pastas são um
3. Contatos – Abre a seção de contatos. Aqui os seus en- modo de organizar seu conteúdo, armazenando suas men-
dereços de e-mail são previamente guardados para utilização sagens por temas. Quando seu e-mail é criado não existem
futura, nesta seção também é possível criar grupos para facilitar pastas nesta seção, isso deve ser feito pelo usuário de acordo
o gerenciamento dos seus contatos. com suas necessidades.

82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

15. Contas Externas – Este item é um link que abrirá a se- Adicionar uma conta de email ao iniciar o Outlook 2010
ção onde pode ser feita uma configuração que permitirá você pela primeira vez
acessar outras caixas postais diretamente da sua. O próximo Se você ainda não tem experiência com o Outlook ou se
link, como o nome já diz, abre a janela de configuração dos estiver instalando o Outlook 2010 em um computador novo,
e-mails bloqueados e mais abaixo o link para baixar um plu- o recurso Configuração Automática de Conta será iniciado
g-in que lhe permite fazer uma configuração automática do automaticamente e o ajudará a definir as configurações
Outlook Express. Estes dois primeiros links são os mesmos das suas contas de email. Esse processo exige somente seu
apresentados no item 10. nome, endereço de email e senha. Se não for possível confi-
gurar a sua conta de email automaticamente, você precisará
MS OUTLOOK 2010 inserir as informações adicionais obrigatórias manualmente.
O Microsoft Outlook 2010 oferece excelentes ferramentas 1. Inicie o Outlook.
de gerenciamento de emails profissionais e pessoais para mais 2. Quando solicitado a configurar uma conta de email,
de 500 milhões de usuários do Microsoft Office no mundo clique em Avançar.
todo. Com o lançamento do Outlook 2010, você terá uma série
de experiências mais ricas para atender às suas necessidades
de comunicação no trabalho, em casa e na escola.
Do visual redesenhado aos avançados recursos de orga-
nização de emails, pesquisa, comunicação e redes sociais, o
Outlook 2010 proporciona uma experiência fantástica para
você se manter produtivo e em contato com suas redes pes-
soais e profissionais.

Adicionar uma conta de email


Antes de poder enviar e receber emails no Outlook 2010,
você precisa adicionar e configurar uma conta de email. Se
tiver usado uma versão anterior do Microsoft Outlook no mes-
mo computador em que instalou o Outlook 2010, suas confi-
gurações de conta serão importadas automaticamente.
Se você não tem experiência com o Outlook ou se esti-
ver instalando o Outlook 2010 em um computador novo, o
recurso Configuração Automática de Conta será iniciado au-
tomaticamente e o ajudará a configurar as definições de suas
contas de email. Essa configuração exige somente seu nome, 3. Para adicionar uma conta de email, clique em Sim e
endereço de email e senha. Se não for possível configurar sua depois em Avançar.
conta de email automaticamente, será necessário digitar as in- 4. Insira seu nome, endereço de email e senha e clique
formações adicionais obrigatórias manualmente. em Avançar.
1. Clique na guia Arquivo.
2. Em Dados da Conta e clique em Adicionar Conta.

Sobre contas de email


O Outlook dá suporte a contas do Microsoft Exchange,
POP3 e IMAP. Seu ISP (provedor de serviços de Internet) ou
administrador de emails pode lhe fornecer as informações
necessárias para a configuração da sua conta de email no Observação: Quando o seu computador está conecta-
Outlook. do a um domínio de rede de uma organização que usa o
Contas de email estão contidas em um perfil. Um perfil é Microsoft Exchange Server, suas informações de email são
composto de contas, arquivos de dados e configurações que automaticamente inseridas. A senha não aparece porque a
especificam onde as suas mensagens de email são salvas. Um sua senha de rede é usada. Um indicador de progresso é
novo perfil é criado automaticamente quando o Outlook é exibido à medida que a sua conta está sendo configurada. O
executando pela primeira vez. processo de configuração pode levar vários minutos.

83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

5. Para sair da caixa de diálogo Adicionar Nova Conta,


clique em Concluir.
Se você tiver adicionado uma conta do Exchange Server,
deverá sair e reiniciar o Outlook para que essa conta apareça
e possa ser usada no Outlook.
 Observação: Se o seu perfil já tiver uma conta do Mi-
crosoft Exchange Server e você quiser adicionar outra, será
necessário usar a Configuração Automática de Conta. Para
configurar manualmente uma conta adicional do Exchange
Server, você deve sair do Outlook e depois usar o módulo
Email no Painel de Controle.

Adicionar uma conta de email manualmente


Existem três maneiras de adicionar manualmente sua
conta de email. A maioria das pessoas só possui um perfil e
deverá usar a seção Adicionar ao perfil em execução.
Se a tentativa inicial de configurar a conta falhar, uma  Observação: A configuração manual de contas do Mi-
segunda tentativa poderá ser feita com o uso de uma co- crosoft Exchange não pode ser feita enquanto o Outlook es-
nexão não criptografada com o servidor de email. Se você tiver em execução. Use as etapas das seções Adicionar a um
vir essa mensagem, clique em Avançar para continuar. Se a perfil existente ou Adicionar a um novo perfil.
conexão não criptografada também falhar, não será possível Adicionar ao perfil em execução
configurar a sua conta de email automaticamente. 1. Clique na guia Arquivo.
2. Na guia Info, em Informações da Conta, clique em
Configurações de Conta.
3. Clique em Configurações de Conta.
4. Clique em Adicionar Conta.
Adicionar a um perfil existente
1. Feche o Outlook.
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes
em Email.
A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email
contém o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil
diferente já existente, clique em Mostrar Perfis, selecione o
nome do perfil e, em seguida, clique em Propriedades.
3. Clique em Contas de Email.

Adicionar a um novo perfil


1. Feche o Outlook.
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes
no módulo Email.
Clique em Repetir ou marque a caixa de seleção Confi- 3. Em Perfis, clique em Mostrar Perfis.
gurar servidor manualmente. 4. Clique em Adicionar.
Depois que a conta for adicionada com êxito, você po- 5. Na caixa de diálogo Novo Perfil, digite um nome
derá adicionar mais contas clicando em Adicionar outra con- para o perfil e, em seguida, clique em OK.
ta. Trata-se do nome que você vê ao iniciar o Outlook caso
configure o Outlook para solicitar o perfil a ser usado.
6. Clique em Contas de Email.

Configurar manualmente uma conta POP3 ou IMAP


Uma conta POP3 é o tipo mais comum de conta de
email.
Uma conta IMAP é um tipo avançado de conta de email
que oferece várias pastas de email em um servidor de emails.
As contas do Google GMail e da AOL podem ser usadas no
Outlook 2010 como contas IMAP.
Se não souber ao certo qual é o tipo da sua conta, entre
em contato com o seu provedor de serviços de Internet (ISP)
ou administrador de email.
1. Clique em Definir manualmente as configurações
do servidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar.
2. Clique em Email da Internet e em Avançar.

84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

3. Em Informações do Usuário, faça o seguinte: • Criptografia de IMAP    Para contas IMAP, clique em


• Na caixa Nome, digite seu nome da forma que apare- Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números das por-
cerá para as outras pessoas. tas do servidor, em Servidor de entrada (IMAP), para a opção
• Na caixa Endereço de Email, digite o endereço de Usar o seguinte tipo de conexão criptografada, clique em Ne-
email completo atribuído por seu administrador de email ou nhuma, SSL, TLS ou Automática, caso o provedor de serviços de
ISP. Não se esqueça de incluir o nome de usuário, o símbolo @ Internet instrua você a usar uma dessas configurações.
e o nome do domínio como, por exemplo, pat@contoso.com. • Criptografia de SMTP    Clique em Mais Configura-
• Nas caixas Senha e Confirmar Senha, digite a senha ções. Na guia Avançada, em Números das portas do servidor,
atribuída ou criada por você. em Servidor de saída (SMTP), para a opção Usar o seguinte tipo
 Dica: A senha poderá diferenciar maiúsculas de minúscu- de conexão criptografada, clique em Nenhuma, SSL, TLS ou Au-
las. Verifique se a tecla CAPS LOCK foi pressionada durante a tomática, caso o provedor de serviços de internet instrua você a
inserção da sua senha. usar uma dessas configurações.
4. Em Informações do Servidor, faça o seguinte: Opcionalmente, clique em Testar Configurações da Conta
• Na caixa de listagem Tipo de Conta, escolha POP3 ou para verificar se a conta está funcionando. Se houver informa-
IMAP. ções ausentes ou incorretas, como a senha, será solicitado que
• Na caixa Servidor de entrada de emails, digite o nome sejam fornecidas ou corrigidas. Verifique se o computador está
completo do servidor fornecido pelo provedor de serviços de conectado com a Internet.
Internet ou pelo administrador de email. Geralmente, é mail. Clique em Avançar.
seguido do nome de domínio, por exemplo, mail.contoso.com. Clique em Concluir.
• Na caixa Servidor de saída de emails (SMTP), digite o
nome completo do servidor fornecido pelo provedor de servi- Configurar manualmente uma conta do Microsoft Ex-
ços de Internet ou pelo administrador de email. Geralmente, é change
mail. seguido do nome do domínio, por exemplo, mail.contoso. As contas do Microsoft Exchange são usadas por organiza-
com. ções como parte de um pacote de ferramentas de colaboração
incluindo mensagens de email, calendário e agendamento de
5. Em Informações de Logon, faça o seguinte:
reuniões e controle de tarefas. Alguns provedores de serviços
• Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do usuário
de Internet (ISPs) também oferecem contas do Exchange hos-
fornecido pelo provedor ou pelo administrador de email. Ele
pedadas. Se não estiver certo sobre o tipo de conta que utiliza,
pode fazer parte do seu endereço de email antes do símbolo
entre em contato com o seu ISP ou administrador de email.
@, como pat, ou pode ser o seu endereço de email completo,
A configuração manual de contas do Microsoft Exchange
como pat@contoso.com.
não pode ser feita enquanto o Outlook estiver em execução.
• Na caixa Senha, digite a senha fornecida pelo prove- Para adicionar uma conta do Microsoft Exchange, siga as eta-
dor ou pelo administrador de email ou uma senha que tenha pas de Adicionar a um perfil existente ou Adicionar a um novo
sido criada por você. perfil e siga um destes procedimentos:
• Marque a caixa de seleção Lembrar senha. 1. Clique em Definir manualmente as configurações do
 Observação: Você tem a opção de salvar sua senha digi- servidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar.
tando-a na caixa Senha e marcando a caixa de seleção Lem- 2. Clique em Microsoft Exchange e, em seguida, clique
brar senha. Se você escolheu essa opção, não precisará digitar em Avançar.
a senha sempre que acessar a conta. No entanto, isso também 3. Digite o nome atribuído pelo administrador de email
torna a conta vulnerável a qualquer pessoa que tenha acesso para o servidor executando o Exchange.
ao seu computador. 4. Para usar as Configurações do Modo Cache do Ex-
Opcionalmente, você poderá denominar sua conta de change, marque a caixa de seleção Usar o Modo Cache do Ex-
email como ela aparece no Outlook. Isso será útil caso você es- change.
teja usando mais de uma conta de email. Clique em Mais Con- 5. Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do usuário
figurações. Na guia Geral, em Conta de Email, digite um nome atribuído ao administrador de email. Ele não costuma ser seu
que ajudará a identificar a conta, por exemplo, Meu Email de nome completo.
Provedor de Serviços de Internet Residencial. 6. Opcionalmente, siga um destes procedimentos:
A sua conta de email pode exigir uma ou mais das confi- • Clique em Mais Configurações. Na guia Geral em
gurações adicionais a seguir. Entre em contato com o seu ISP Conta de Email, digite o nome que ajudará a identificar a conta,
se tiver dúvidas sobre quais configurações usar para sua conta por exemplo, Meu Email de Trabalho.
de email. • Clique em Mais Configurações. Em qualquer uma das
• Autenticação de SMTP:     Clique em Mais Configura- guias, configure as opções desejadas.
ções. Na guia Saída, marque a caixa de seleção Meu servidor • Clique em Verificar Nomes para confirmar se o servi-
de saída de emails requer autenticação, caso isso seja exigido dor reconhece o seu nome e se o computador está conectado
pela conta. com a rede. Os nomes de conta e de servidor especificados nas
• Criptografia de POP3    Para contas POP3, clique em etapas 3 e 5 devem se tornar sublinhados. Se isso não aconte-
Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números das por- cer, entre em contato com o administrador do Exchange.
tas do servidor, em Servidor de entrada (POP3), marque a caixa 7. Se você clicou em Mais Configurações e abriu a caixa
de seleção O servidor requer uma conexão criptografada (SSL), de diálogo Microsoft Exchange Server, clique em OK.
caso o provedor de serviços de Internet instrua você a usar essa 8. Clique em Avançar.
configuração. 9. Clique em Concluir.

85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Remover uma conta de email Para selecionar os nomes dos destinatários em uma lista
1. Clique na guia Arquivo. no Catálogo de Endereços, clique em Para, Cc ou Cco e clique
2. Em Informações da Conta, clique em Configurações nos nomes desejados.
de Conta e depois em Configurações de Conta. 4. Depois de redigir a mensagem, clique em Enviar.

Responder ou encaminhar uma mensagem de email


Quando você responde a uma mensagem de email, o
remetente da mensagem original é automaticamente adicio-
nado à caixa Para. De modo semelhante, quando você usa
Responder a Todos, uma mensagem é criada e endereçada
ao remetente e a todos os destinatários adicionais da men-
sagem original. Seja qual for sua escolha, você poderá alterar
os destinatários nas caixas Para, Cc e Cco.

Ao encaminhar uma mensagem, as caixas Para, Cc e Cco


3. Selecione a conta de email que você deseja remo- ficam vazias e é preciso fornecer pelo menos um destinatário.
ver e clique em Remover.
4. Para confirmar a remoção da conta, clique em Sim. Responder ao remetente ou a outros destinatários
Para remover uma conta de email de um perfil diferen- Você poder responder apenas ao remetente de uma
te, encerre e reinicie o Outlook com o outro perfil e siga mensagem ou a qualquer combinação de pessoas existente
as etapas anteriores. Você também pode remover contas de nas linhas Para e Cc. Pode também adicionar novos destina-
outros perfis da seguinte forma: tários.
1. Saia do Outlook. 1. Na guia Página Inicial ou na guia Mensagem, no
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes grupo Responder, clique em Responder ou em Responder
em Email. a Todos.
 Observação: O nome da guia depende da condição da
A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email mensagem, se está selecionada na lista de mensagens ou se
contém o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil está aberta na respectiva janela.
diferente já existente, clique em Mostrar Perfis, selecione o Para remover o nome das linhas Para e Cc, clique no
nome do perfil e, em seguida, clique em Propriedades. nome e pressione DELETE. Para adicionar um destinatário,
3. Clique em Contas de Email. clique na caixa Para, Cc ou Cco e especifique o destinatário.
4. Selecione a conta e clique em Remover. 2. Escreva sua mensagem.
5. Para confirmar a remoção da conta, clique em Sim. 3. Clique em Enviar.
 Observações   Dica   Seja cuidadoso ao clicar em Responder a Todos,
• A remoção de uma conta de email POP3 ou IMAP principalmente quando houver listas de distribuição ou um
não exclui os itens enviados e recebidos com o uso dessa grande número de destinatários em sua resposta. Geral-
conta. Se você estiver usando uma conta POP3, ainda pode- mente, o melhor é usar Responder e adicionar somente os
rá usar o Arquivo de Dados do Outlook (.pst) para trabalhar destinatários necessários, ou então usar Responder a Todos,
com os seus itens. mas remover os destinatários desnecessários e as listas de
• Se estiver usando uma conta do Exchange, seus da- distribuição.
dos permanecerão no servidor de email, a não ser que eles
sejam movidos para um Arquivo de Dados do Outlook (.pst). Encaminhar uma mensagem
Ao encaminhar uma mensagem, ela incluirá todos os
Criar uma mensagem de email anexos que estavam incluídos na mensagem original. Para
1. Na guia Página Inicial, no grupo Novo, clique em incluir mais anexos, consulte Anexar um arquivo ou outro
Novo Email. item a uma mensagem de email.
1. Na guia Página Inicial ou Mensagem, no grupo Res-
ponder, clique em Encaminhar.
Observação: O nome da guia depende da condição da
mensagem, se está selecionada na lista de mensagens ou se
está aberta na respectiva janela.
2. Especifique destinatários nas caixas Para, Cc ou Cco.
3. Escreva sua mensagem.
4. Clique em Enviar.
Atalho do teclado  Para criar uma mensagem de email a Dica: Se quiser encaminhar duas ou mais mensagens
partir de qualquer pasta do Outlook, pressione CTRL+SHIFT+M para os mesmos destinatários, como se fossem uma só, em
2. Na caixa Assunto, digite o assunto da mensagem. Email, clique em uma das mensagens, pressione CTRL e cli-
3. Insira os endereços de email ou os nomes dos des- que em cada mensagem adicional. Na guia Página Inicial, no
tinatários na caixa Para, Cc ou Cco. Separe vários destinatá- grupo Responder, clique em Encaminhar. Cada mensagem
rios por ponto-e-vírgula. será encaminhada como anexo de uma nova mensagem.

86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adicionar um anexo a uma mensagem de email Salvar um anexo


Arquivos podem ser anexados a uma mensagem de email. Após abrir e exibir um anexo, você pode preferir salvá-lo
Além disso, outros itens do Outlook, como mensagens, conta- em uma unidade de disco. Se a mensagem tiver mais de um
tos ou tarefas, podem ser incluídos com as mensagens enviadas. anexo, você poderá salvar os vários anexos como um grupo ou
1. Crie uma mensagem ou, para uma mensagem exis- um de cada vez.
tente, clique em Responder, Responder a Todos ou Encaminhar. Salvar um único anexo de mensagem
2. Na janela da mensagem, na guia Mensagem, no gru- Execute um dos seguintes procedimentos:
po Incluir, clique em Anexar Arquivo. • Se a mensagem estiver no formato HTML ou de texto
sem formatação     Clique no anexo, no Painel de Leitura, ou
abra a mensagem. Na guia Anexos, no grupo Ações, clique em
Salvar como. É possível clicar com o botão direito do mouse no
anexo e então clicar em Salvar como.
• Se a mensagem estiver no formato RTF     No Painel
de Leitura ou na mensagem aberta, clique com o botão direito
do mouse no anexo e clique em Salvar como.
Escolha um local de pasta e clique em Salvar.
Abrir e salvar anexos Salvar vários anexos de uma mensagem
Anexos são arquivos ou itens que podem ser incluídos em 1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, sele-
uma mensagem de email. As mensagens com anexos são iden- cione os anexos a serem salvos. Para selecionar vários anexos,
tificadas por um ícone de clipe de papel   na lista de men- clique neles mantendo pressionada a tecla CTRL.
sagens. Dependendo do formato da mensagem recebida, os 2. Execute um dos seguintes procedimentos:
anexos são exibidos em um de dois locais na mensagem. • Se a mensagem estiver no formato HTML ou de texto
• Se o formato da mensagem for HTML ou texto sem sem formatação     Na guia Anexos, no grupo Ações, clique em
formatação, os anexos serão exibidos na caixa de anexo, sob a Salvar como.
• Se a mensagem estiver no formato RTF     Clique com
linha Assunto.
o botão direito do mouse em uma das mensagens seleciona-
• Se o formato da mensagem for o formato menos co-
das e depois clique em Salvar como.
mum RTF (Rich Text Format), os anexos serão exibidos no cor-
3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
po da mensagem. Mesmo que o arquivo apareça no corpo da
Salvar todos os anexos de uma mensagem
mensagem, ele continua sendo um anexo separado.
1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, clique
Observação   O formato utilizado na criação da mensagem
em um anexo.
é indicado na barra de título, na parte superior da mensagem. 2. Siga um destes procedimentos:
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de texto
Abrir um anexo sem formatação     Na guia Anexos, no grupo Ações, clique em
Um anexo pode ser aberto no Painel de Leitura ou em uma Salvar Todos os Anexos.
mensagem aberta. Em qualquer um dos casos, clique duas ve- • Se a mensagem estiver no formato RTF     Clique na
zes no anexo para abri-lo. guia Arquivo para abrir o modo de exibição Backstage. Em se-
Para abrir um anexo na lista de mensagens, clique com o guida, clique em Salvar anexos e depois em OK.
botão direito do mouse na mensagem que contém o anexo, 3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
clique em Exibir Anexos e clique no nome do anexo.
 Observações  Adicionar uma assinatura de email às mensagens
• Você pode visualizar anexos de mensagens HTML ou Você pode criar assinaturas personalizadas para suas men-
com texto sem formatação no Painel de Leitura e em mensagens sagens de email que incluem texto, imagens, seu Cartão de Vi-
abertas. Clique no anexo a ser visualizado e ele será exibido no cor- sita Eletrônico, um logotipo ou até mesmo uma imagem da sua
po da mensagem. Para voltar à mensagem, na guia Ferramentas assinatura manuscrita.
de Anexo, no grupo Mensagem, clique em Mostrar Mensagem. O Criar uma assinatura
recurso de visualização não está disponível para mensagens RTF. • Abra uma nova mensagem. Na guia Mensagem, no
• Por padrão, o Microsoft Outlook bloqueia arquivos de grupo Incluir, clique em Assinatura e em Assinaturas.
anexo potencialmente perigosos (inclusive os arquivos .bat, .exe,
.vbs e .js), os quais possam conter vírus. Se o Outlook bloquear
algum arquivo de anexo em uma mensagem, uma lista dos ti-
pos de arquivos bloqueados será exibida na Barra de Informa-
ções, na parte superior da mensagem.

• Na guia Assinatura de Email, clique em Novo.


Adicionar uma assinatura
• Em uma nova mensagem, na guia Mensagem, no gru-
po Incluir, clique em Assinatura e clique na assinatura desejada.

87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para mensagens de email, contatos e tarefas


• Na guia Página Inicial, no grupo Marcas, clique em
Acompanhar e em Adicionar Lembrete.

Criar um compromisso de calendário


Compromissos são atividades que você agenda no seu
calendário e que não envolvem convites a outras pessoas
nem reserva de recursos.
• Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo
Novo, clique em Novo Compromisso. Como alternativa,
você pode clicar com o botão direito do mouse em um blo-
co de tempo em sua grade de calendário e clicar em Novo
Compromisso.

  Dica: Você pode sinalizar rapidamente mensagens de


email como itens de tarefas pendentes usando lembretes. Cli-
que com o botão direito do mouse na coluna Status do Sinali-
zador na lista de mensagens. Ou, se a mensagem estiver aber-
ta, na guia Mensagem, no grupo Controle, clique em Acompa-
nhamento e, em seguida, clique em Adicionar Lembrete.

Atalho do teclado: Para criar um compromisso, pressio- Criar um contato


ne CTRL+SHIFT+A. Contatos podem ser tão simples quanto um nome e ende-
Agendar uma reunião com outras pessoas reço de email ou incluir outras informações detalhadas, como en-
Uma reunião é um compromisso que inclui outras pes- dereço físico, vários telefones, uma imagem, datas de aniversário
soas e pode incluir recursos como salas de conferência. As e quaisquer outras informações que se relacionem ao contato.
respostas às suas solicitações de reunião são exibidas na • Em Contatos, na guia Página Inicial, no grupo Novo,
Caixa de Entrada. clique em Novo Contato.
• Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo
Novo, clique em Nova Reunião.

Atalho do teclado: Para criar um contato de qualquer pas-


ta no Outlook, pressione CTRL+SHIFT+C.
Atalho do teclado: Para criar uma nova solicitação de re-
união de qualquer pasta no Outlook, pressione CTRL+SHIF- Criar uma tarefa
T+Q.  Muitas pessoas mantêm uma lista de coisas a fazer  — em
papel, em uma planilha ou com uma combinação de papel e
Definir um lembrete métodos eletrônicos. No Microsoft Outlook, você pode com-
Você pode definir ou remover lembretes para vários binar várias listas em uma só, receber lembretes e controlar o
itens, incluindo mensagens de email, compromissos e con- andamento das tarefas.
tatos. • Em Tarefas, na guia Página Inicial, no grupo Novo, cli-
Para compromissos ou reuniões que em Nova Tarefa.
Em um item aberto, na guia Compromisso ou Reunião,
no grupo Opções, na lista suspensa Lembrete, selecione o
período de tempo antes do compromisso ou da reunião
para que o lembrete apareça. Para desativar um lembrete,
selecione Nenhum.

Atalho do teclado: Para criar uma nova tarefa, pressione


CTRL+SHIFT+K.

88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Criar uma anotação Antes de proteger, devemos saber:


Anotações são o equivalente eletrônico de notas adesi- • O que proteger.
vas em papel. Use-as para rascunhar dúvidas, ideias, lembre- • De quem proteger.
tes e qualquer coisa que você escreveria em papel. • Pontos vulneráveis.
• Em Anotações, no grupo Novo, clique em Nova • Processos a serem seguidos.
Anotação.
MECANISMOS DE SEGURANÇA

O suporte para as recomendações de segurança pode ser


encontrado em:
• CONTROLES FÍSICOS: são barreiras que limitam o
contato ou acesso direto a informação ou a infraestrutura
(que garante a existência da informação) que a suporta.
Devemos atentar para ameaças sempre presentes, mas
Atalho do teclado: Para criar uma anotação, pressione nem sempre lembradas; incêndios, desabamentos, relâmpa-
CTRL+SHIFT+N. gos, alagamentos, problemas na rede elétrica, acesso inde-
vido de pessoas aos servidores ou equipamentos de rede,
treinamento inadequado de funcionários, etc.
Medidas de proteção física, tais como serviços de guar-
6 NOÇÕES BÁSICAS DE da, uso de nobreaks, alarmes e fechaduras, circuito interno de
SEGURANÇA E PROTEÇÃO: VÍRUS, televisão e sistemas de escuta são realmente uma parte da
WORMS E DERIVADOS. segurança da informação. As medidas de proteção física são
frequentemente citadas como “segurança computacional”,
visto que têm um importante papel também na prevenção
dos itens citados no parágrafo acima.
Segurança de Informação O ponto-chave é que as técnicas de proteção de dados
por mais sofisticadas que sejam, não têm serventia nenhuma
Segurança de Informação está relacionada com a prote- se a segurança física não for garantida.
ção existente ou necessária sobre dados que possuem valor
para alguém ou uma organização. Possui aspectos básicos Instalação e Atualização
como confidencialidade, integridade e disponibilidade da
informação que nos ajuda a entender as necessidades de A maioria dos sistemas operacionais, principalmente as
sua proteção e que não se aplica ou está restrita a sistemas distribuições Linux, vem acompanhada de muitos aplicativos
computacionais, nem a informações eletrônicas ou qualquer que são instalados opcionalmente no processo de instalação
outra forma mecânica de armazenamento. Ela se aplica a to- do sistema.
dos os aspectos de proteção e armazenamento de informa- Sendo assim, torna-se necessário que vários pontos se-
ções e dados, em qualquer forma. O nível de segurança de jam observados para garantir a segurança desde a instalação
um sistema operacional de computador pode ser tipificado do sistema, dos quais podemos destacar:
pela configuração de seus componentes. • Seja minimalista: Instale somente os aplicativos neces-
sários, aplicativos com problemas podem facilitar o acesso de
CONCEITOS DE SEGURANÇA um atacante;
• Devem ser desativados todos os serviços de sistema
A Segurança da Informação refere-se à proteção exis- que não serão utilizados: Muitas vezes o sistema inicia auto-
tente sobre as informações de uma determinada empresa, maticamente diversos aplicativos que não são necessários, es-
instituição governamental ou pessoa, isto é, aplica-se tanto ses aplicativos também podem facilitar a vida de um atacante;
as informações corporativas quanto as pessoais. • Deve-se tomar um grande cuidado com as aplicações
Entende-se por informação todo e qualquer conteúdo de rede: problemas nesse tipo de aplicação podem deixar o
ou dado que tenha valor para alguma organização ou pes- sistema vulnerável a ataques remotos que podem ser realiza-
soa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou exposta ao dos através da rede ou Internet;
público para consulta ou aquisição. • Use partições diferentes para os diferentes tipos de da-
Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não de dos: a divisão física dos dados facilita a manutenção da se-
ferramentas) para a definição do nível de segurança existen- gurança;
te e, com isto, serem estabelecidas as bases para análise da • Remova todas as contas de usuários não utilizadas:
melhoria ou piora da situação de segurança existente. Contas de usuários sem senha, ou com a senha original de
A segurança de uma determinada informação pode ser instalação, podem ser facilmente exploradas para obter-se
afetada por fatores comportamentais e de uso de quem se acesso ao sistema.
utiliza dela, pelo ambiente ou infraestrutura que a cerca ou Grande parte das invasões na Internet acontece devido a
por pessoas mal intencionadas que tem o objetivo de furtar, falhas conhecidas em aplicações de rede, as quais os adminis-
destruir ou modificar a informação. tradores de sistemas não foram capazes de corrigir a tempo.
Essa afirmação pode ser confirmada facilmente pelo simples

89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

fato de que quando uma nova vulnerabilidade é descoberta, - Stateful Firewalls


um grande número de ataques é realizado com sucesso. Por
isso, é extremamente importante que os administradores de Outro tipo de firewall é conhecido como Stateful Fire-
sistemas se mantenham atualizados sobre os principais pro- wall. Ele utiliza uma técnica chamada Stateful Packet Inspec-
blemas encontrados nos aplicativos utilizados, através dos si- tion, que é um tipo avançado de filtragem de pacotes. Esse
tes dos desenvolvedores ou específicos sobre segurança da tipo de firewall examina todo o conteúdo de um pacote, não
Informação. As principais empresas comerciais desenvolve- apenas seu cabeçalho, que contém apenas os endereços de
doras de software e as principais distribuições Linux possuem origem e destino da informação. Ele é chamado de ‘stateful’
boletins periódicos informando sobre as últimas vulnerabili- porque examina os conteúdos dos pacotes para determinar
dades encontradas e suas devidas correções. Alguns sistemas qual é o estado da conexão, Ex: Ele garante que o computa-
chegam até a possuir o recurso de atualização automática, dor destino de uma informação tenha realmente solicitado
facilitando ainda mais o processo. anteriormente a informação através da conexão atual.
Além de serem mais rigorosos na inspeção dos pacotes,
Firewalls os stateful firewalls podem ainda manter as portas fechadas
até que uma conexão para a porta específica seja requisi-
Definimos o firewall como sendo uma barreira inteligen- tada. Isso permite uma maior proteção contra a ameaça de
te entre duas redes, geralmente a rede local e a Internet, port scanning.
através da qual só passa tráfego autorizado. Este tráfego é
examinado pelo firewall em tempo real e a seleção é feita - Firewalls em Nível de Aplicação
de acordo com um conjunto de regras de acesso Ele é tipi- Nesse tipo de firewall o controle é executado por apli-
camente um roteador (equipamento que liga as redes com cações específicas, denominadas proxies, para cada tipo de
a Internet), um computador rodando filtragens de pacotes, serviço a ser controlado. Essas aplicações interceptam todo
um software Proxy, um firewall-in-a-box (um hardware pro- o tráfego recebido e o envia para as aplicações correspon-
prietário específico para função de firewall), ou um conjunto dentes; assim, cada aplicação pode controlar o uso de um
desses sistemas. serviço.
Pode-se dizer que firewall é um conceito ao invés de um Apesar desse tipo de firewall ter uma perda maior de
produto. Ele é a soma de todas as regras aplicadas a rede. performance, já que ele analisa toda a comunicação utilizan-
Geralmente, essas regras são elaboradas considerando as do proxies, ele permite uma maior auditoria sobre o controle
políticas de acesso da organização. no tráfego, já que as aplicações específicas podem detalhar
Podemos observar que o firewall é único ponto de en- melhor os eventos associados a um dado serviço.
trada da rede, quando isso acontece o firewall também pode A maior dificuldade na sua implementação é a necessi-
ser designado como check point. dade de instalação e configuração de um proxy para cada
De acordo com os mecanismos de funcionamentos dos aplicação, sendo que algumas aplicações não trabalham
firewalls podemos destacar três tipos principais: corretamente com esses mecanismos.
• Filtros de pacotes
• Stateful Firewalls Considerações sobre o uso de Firewalls
• Firewalls em Nível de Aplicação
Embora os firewalls garantam uma maior proteção, e
- Filtros de Pacotes são inestimáveis para segurança da informação, existem al-
guns ataques que os firewalls não podem proteger, como a
Esse é o tipo de firewall mais conhecido e utilizado. Ele interceptação de tráfego não criptografado, ex: Intercepta-
controla a origem e o destino dos pacotes de mensagens da ção de e-mail. Além disso, embora os firewalls possam pro-
Internet. Quando uma informação é recebida, o firewall veri- ver um único ponto de segurança e auditoria, eles também
fica as informações sobre o endereço IP de origem e destino podem se tornar um único ponto de falha – o que quer dizer
do pacote e compara com uma lista de regras de acesso que os firewalls são a última linha de defesa. Significa que se
para determinar se pacote está autorizado ou não a ser re- um atacante conseguir quebrar a segurança de um firewall,
passado através dele. ele vai ter acesso ao sistema, e pode ter a oportunidade de
Atualmente, a filtragem de pacotes é implementada na roubar ou destruir informações. Além disso, os firewalls pro-
maioria dos roteadores e é transparente aos usuários, porém tegem a rede contra os ataques externos, mas não contra os
pode ser facilmente contornada com IP Spoofers. Por isto, o ataques internos. No caso de funcionários mal intenciona-
uso de roteadores como única defesa para uma rede corpo- dos, os firewalls não garantem muita proteção. Finalmente,
rativa não é aconselhável. como mencionado os firewalls de filtros de pacotes são fa-
Mesmo que filtragem de pacotes possa ser feita dire- lhos em alguns pontos. - As técnicas de Spoofing podem ser
tamente no roteador, para uma maior performance e con- um meio efetivo de anular a sua proteção.
trole, é necessária a utilização de um sistema específico de Para uma proteção eficiente contra as ameaças de segu-
firewall. Quando um grande número de regras é aplicado rança existentes, os firewalls devem ser usados em conjunto
diretamente no roteador, ele acaba perdendo performance. com diversas outras medidas de segurança.
Além disso, Firewall mais avançados podem defender a rede Existem, claro, outros mecanismos de segurança que
contra spoofing e ataques do tipo DoS/DDoS. apoiam os controles físicos: Portas / trancas / paredes / blin-
dagem / guardas / etc.

90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• CONTROLES LÓGICOS: são barreiras que impedem Mecanismos de controle de acesso


ou limitam o acesso à informação, que está em ambiente
controlado, geralmente eletrônico, e que, de outro modo, Palavras-chave, sistemas biométricos, firewalls, cartões
ficaria exposta a alteração não autorizada por elemento mal inteligentes.
intencionado. Mecanismos de certificação
Existem mecanismos de segurança que apoiam os con-
troles lógicos: Atesta a validade de um documento. O Certificado Digi-
tal, também conhecido como Certificado de Identidade Di-
Mecanismos de encriptação gital associa a identidade de um titular a um par de chaves
eletrônicas (uma pública e outra privada) que, usadas em
A criptografia vem, na sua origem, da fusão de duas pa- conjunto, fornecem a comprovação da identidade. É uma
lavras gregas: versão eletrônica (digital) de algo parecido a uma Cédula de
• CRIPTO = ocultar, esconder. Identidade - serve como prova de identidade, reconhecida
• GRAFIA = escrever diante de qualquer situação onde seja necessária a compro-
Criptografia é arte ou ciência de escrever em cifra ou em vação de identidade.
códigos. É então um conjunto de técnicas que tornam uma O Certificado Digital pode ser usado em uma grande va-
mensagem incompreensível permitindo apenas que o desti- riedade de aplicações, como comércio eletrônico, groupwa-
natário que conheça a chave de encriptação possa decriptar re (Intranets e Internet) e transferência eletrônica de fundos.
e ler a mensagem com clareza. Dessa forma, um cliente que compre em um shopping
Permitem a transformação reversível da informação de virtual, utilizando um Servidor Seguro, solicitará o Certifi-
forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se para tal, cado de Identidade Digital deste Servidor para verificar: a
algoritmos determinados e uma chave secreta para, a partir identidade do vendedor e o conteúdo do Certificado por
de um conjunto de dados não encriptados, produzir uma ele apresentado. Da mesma forma, o servidor poderá solici-
sequência de dados encriptados. A operação inversa é a de- tar ao comprador seu Certificado de Identidade Digital, para
identificá-lo com segurança e precisão.
sencriptação.
Caso qualquer um dos dois apresente um Certificado de
Identidade Digital adulterado, ele será avisado do fato, e a
Assinatura digital
comunicação com segurança não será estabelecida.
O Certificado de Identidade Digital é emitido e assinado
Um conjunto de dados encriptados, associados a um
por uma Autoridade Certificadora Digital (Certificate Autho-
documento do qual são função, garantindo a integridade do
rity). Para tanto, esta autoridade usa as mais avançadas téc-
documento associado, mas não a sua confidencialidade. nicas de criptografia disponíveis e de padrões internacionais
A assinatura digital, portanto, busca resolver dois pro- (norma ISO X.509 para Certificados Digitais), para a emissão
blemas não garantidos apenas com uso da criptografia para e chancela digital dos Certificados de Identidade Digital.
codificar as informações: a Integridade e a Procedência. Podemos destacar três elementos principais:
Ela utiliza uma função chamada one-way hash function, - Informação de atributo: É a informação sobre o objeto
também conhecida como: compression function, cryptogra- que é certificado. No caso de uma pessoa, isto pode incluir
phic checksum, message digest ou fingerprint. Essa função seu nome, nacionalidade e endereço e-mail, sua organiza-
gera uma string única sobre uma informação, se esse valor ção e o departamento da organização onde trabalha.
for o mesmo tanto no remetente quanto destinatário, signi- - Chave de informação pública: É a chave pública da en-
fica que essa informação não foi alterada. tidade certificada. O certificado atua para associar a chave
Mesmo assim isso ainda não garante total integridade, pública à informação de atributo, descrita acima. A chave
pois a informação pode ter sido alterada no seu envio e um pública pode ser qualquer chave assimétrica, mas usualmen-
novo hash pode ter sido calculado. te é uma chave RSA.
Para solucionar esse problema, é utilizada a criptografia - Assinatura da Autoridade em Certificação (CA): A CA
assimétrica com a função das chaves num sentido inverso, assina os dois primeiros elementos e, então, adiciona cre-
onde o hash é criptografado usando a chave privada do re- dibilidade ao certificado. Quem recebe o certificado verifica
metente, sendo assim o destinatário de posse da chave pú- a assinatura e acreditará na informação de atributo e chave
blica do remetente poderá decriptar o hash. Dessa maneira pública associadas se acreditar na Autoridade em Certifica-
garantimos a procedência, pois somente o remetente possui ção.
a chave privada para codificar o hash que será aberto pela Existem diversos protocolos que usam os certificados
sua chave pública. Já o hash, gerado a partir da informação digitais para comúnicações seguras na Internet:
original, protegido pela criptografia, garantirá a integridade • Secure Socket Layer ou SSL;
da informação. • Secured Multipurpose Mail Extensions - S/MIME;
• Form Signing;
Mecanismos de garantia da integridade da informação • Authenticode / Objectsigning.
O SSL é talvez a mais difundida aplicação para os cer-
Usando funções de “Hashing” ou de checagem, consis- tificados digitais e é usado em praticamente todos os sites
tindo na adição. que fazem comércio eletrônico na rede (livrarias, lojas de CD,
bancos etc.). O SSL teve uma primeira fase de adoção onde
apenas os servidores estavam identificados com certificados

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

digitais, e assim tínhamos garantido, além da identidade do Falsificação


servidor, o sigilo na sessão. Entretanto, apenas com a chega-
da dos certificados para os browsers é que pudemos contar Falsificação de Identidade é quando se usa nome de
também com a identificação na ponta cliente, eliminando, usuário e senha de outra pessoa para acessar recursos ou
assim, a necessidade do uso de senhas e logins. executar tarefas. Seguem dois exemplos:
O S/Mime é também um protocolo muito popular, pois • Falsificar mensagem de e-mail;
permite que as mensagens de correio eletrônico trafeguem • Executar pacotes de autenticação.
encriptadas e/ou assinadas digitalmente. Desta forma os Um ataque de Falsificação pode ter início em um PostIt
e-mails não podem ser lidos ou adulterados por terceiros com sua senha, grudado no seu monitor.
durante o seu trânsito entre a máquina do remetente e a
do destinatário. Além disso, o destinatário tem a garantia da Violação
identidade de quem enviou o e-mail.
O Form Signing é uma tecnologia que permite que os A Violação ocorre quando os dados são alterados:
usuários emitam recibos online com seus certificados digi- • Alterar dados durante a transmissão;
tais. Por exemplo: o usuário acessa o seu Internet Banking e • Alterar dados em arquivos.
solicita uma transferência de fundos. O sistema do banco,
antes de fazer a operação, pede que o usuário assine com Repudiação
seu certificado digital um recibo confirmando a operação. A Repudiação talvez seja uma das últimas etapas de um
Esse recibo pode ser guardado pelo banco para servir como ataque bem sucedido, pois é o ato de negar algo que foi
prova, caso o cliente posteriormente negue ter efetuado a feito. Isso pode ser feito apagando as entradas do Log após
transação. um acesso indevido. Exemplos:
O Authenticode e o Object Signing são tecnologias que
permitem que um desenvolvedor de programas de compu- • Excluir um arquivo crítico e negar que excluiu;
tador assine digitalmente seu software. Assim, ao baixar um • Comprar um produto e mais tarde negar que comprou.
software pela Internet, o usuário tem certeza da identida-
de do fabricante do programa e que o software se manteve Divulgação
íntegro durante o processo de download. Os certificados
digitais se dividem em basicamente dois formatos: os certi- A Divulgação das Informações pode ser tão grave e/ou
ficados de uso geral (que seriam equivalentes a uma carteira custar tão caro quanto um ataque de “Negação de Serviço”,
de identidade) e os de uso restrito (equivalentes a cartões de pois informações que não podiam ser acessadas por tercei-
banco, carteiras de clube etc.). Os certificados de uso geral ros, agora estão sendo divulgadas ou usadas para obter van-
são emitidos diretamente para o usuário final, enquanto que tagem em negócios.
os de uso restrito são voltados basicamente para empresas Dependendo da informação ela pode ser usada como
objeto de chantagem. Abaixo exemplos de Divulgação:
ou governo.
• Expor informações em mensagens de erro;
• Expor código em sites.
Integridade: Medida em que um serviço/informação é
genuino, isto é, esta protegido contra a personificação por
Negação de Serviço (DoS) (Denial of Service, DoS)
intrusos.
A forma mais conhecida de ataque que consiste na per-
Honeypot: É o nome dado a um software, cuja função é turbação de um serviço, devido a danos físicos ou lógicos
detectar ou de impedir a ação de um cracker, de um spam- causados no sistema que o suportam. Para provocar um
mer, ou de qualquer agente externo estranho ao sistema, DoS, os atacantes disseminam vírus, geram grandes volumes
enganando-o, fazendo-o pensar que esteja de fato explo- de tráfego de forma artificial, ou muitos pedidos aos servi-
rando uma vulnerabilidade daquele sistema. dores que causam subcarga e estes últimos ficam impedidos
de processar os pedidos normais.
AMEAÇAS À SEGURANÇA O objetivo deste ataque é parar algum serviço. Exemplo:
• “Inundar” uma rede com pacotes SYN (Syn-Flood);
Ameaça é algo que oferece um risco e tem como foco • “Inundar” uma rede com pacotes ICPM forçados.
algum ativo. Uma ameaça também pode aproveitar-se de O alvo deste tipo de ataque pode ser um Web Server
alguma vulnerabilidade do ambiente. contendo o site da empresa, ou até mesmo “inundar” o
Identificar Ameaças de Segurança – Identificar os Tipos DHCP Server Local com solicitações de IP, fazendo com que
de Ataques é a base para chegar aos Riscos. Lembre-se que nenhuma estação com IP dinâmico obtenha endereço IP.
existem as prioridades; essas prioridades são os pontos que
podem comprometer o “Negócio da Empresa”, ou seja, o Elevação de Privilégios
que é crucial para a sobrevivência da Empresa é crucial no
seu projeto de Segurança. Acontece quando o usuário mal-intencionado quer exe-
Abaixo temos um conjunto de ameaças, chamado de cutar uma ação da qual não possui privilégios administrati-
FVRDNE: vos suficientes:
• Explorar saturações do buffer para obter privilégios do
sistema;

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Obter privilégios de administrador de forma ilegítima. Identifique, entenda como explorá-las e mesmo que não
Este usuário pode aproveitar-se que o Administrador da seja possível eliminá-las, monitore e gerencie o risco de suas
Rede efetuou logon numa máquina e a deixou desbloqueada, e vulnerabilidades.
com isso adicionar a sua própria conta aos grupos Domain Ad- Nem todos os problemas de segurança possuem uma
mins, e Remote Desktop Users. Com isso ele faz o que quiser com solução definitiva, a partir disso inicia-se o Gerenciamento de
a rede da empresa, mesmo que esteja em casa. Risco, analisando e balanceando todas as informações sobre
Ativos, Ameaças, Vulnerabilidades, probabilidade e impacto.
Quem pode ser uma ameaça?
NÍVEL DE SEGURANÇA
Quem ataca a rede/sistema são agentes maliciosos, muitas
vezes conhecidos como crackers, (hackers não são agentes mali- Depois de identificado o potencial de ataque, as orga-
ciosos, tentam ajudar a encontrar possíveis falhas). Estas pessoas nizações têm que decidir o nível de segurança a estabele-
são motivadas para fazer esta ilegalidade por vários motivos. Os cer para um rede ou sistema os recursos físicos e lógicos
principais motivos são: notoriedade, autoestima, vingança e o di- a necessitar de proteção. No nível de segurança devem ser
nheiro. É sabido que mais de 70% dos ataques partem de usuá- quantificados os custos associados aos ataques e os asso-
rios legítimos de sistemas de informação (Insiders) -- o que moti- ciados à implementação de mecanismos de proteção para
va corporações a investir largamente em controles de segurança minimizar a probabilidade de ocorrência de um ataque .
para seus ambientes corporativos (intranet).
É necessário identificar quem pode atacar a minha rede, e POLÍTICAS DE SEGURANÇA
qual a capacidade e/ou objetivo desta pessoa.
• Principiante – não tem nenhuma experiência em progra- De acordo com o RFC 2196 (The Site Security Han-
mação e usa ferramentas de terceiros. Geralmente não tem no- dbook), uma política de segurança consiste num conjunto
ção do que está fazendo ou das consequências daquele ato. formal de regras que devem ser seguidas pelos usuários dos
• Intermediário – tem algum conhecimento de programação recursos de uma organização.
e utiliza ferramentas usadas por terceiros. Esta pessoa pode que- As políticas de segurança devem ter implementação
rer algo além de testar um “Programinha Hacker”. realista, e definir claramente as áreas de responsabilidade
• Avançado – Programadores experientes, possuem conhe- dos usuários, do pessoal de gestão de sistemas e redes e da
cimento de Infraestrutura e Protocolos. Podem realizar ataques direção. Deve também adaptar-se a alterações na organiza-
estruturados. Certamente não estão só testando os seus progra- ção. As políticas de segurança fornecem um enquadramento
mas. para a implementação de mecanismos de segurança, defi-
Estas duas primeiras pessoas podem ser funcionários da em- nem procedimentos de segurança adequados, processos de
presa, e provavelmente estão se aproveitando de alguma vulne- auditoria à segurança e estabelecem uma base para proce-
rabilidade do seu ambiente. dimentos legais na sequência de ataques.
O documento que define a política de segurança deve
VULNERABILIDADES deixar de fora todos os aspetos técnicos de implementação
dos mecanismos de segurança, pois essa implementação
Os ataques com mais chances de dar certo são aqueles que pode variar ao longo do tempo. Deve ser também um do-
exploram vulnerabilidades, seja ela uma vulnerabilidade do siste- cumento de fácil leitura e compreensão, além de resumido.
ma operacional, aplicativos ou políticas internas. Algumas normas definem aspectos que devem ser le-
Veja algumas vulnerabilidades: vados em consideração ao elaborar políticas de segurança.
• Roubo de senhas – Uso de senhas em branco, senhas pre- Entre essas normas estão a BS 7799 (elaborada pela British
visíveis ou que não usam requisitos mínimos de complexidade. Standards Institution) e a NBR ISO/IEC 17799 (a versão bra-
Deixar um Postit com a sua senha grudada no monitor é uma sileira desta primeira).
vulnerabilidade. Existem duas filosofias por trás de qualquer política de
• Software sem Patches – Um gerenciamento de Service segurança: a proibitiva (tudo que não é expressamente per-
Packs e HotFixes mal feito é uma vulnerabilidade comum. Veja mitido é proibido) e a permissiva (tudo que não é proibido
casos como os ataques do Slammer e do Blaster, sendo que suas é permitido).
respectivas correções já estavam disponíveis bem antes dos ata- Enfim, implantar Segurança em um ambiente não de-
ques serem realizados. pende só da Tecnologia usada, mas também dos Processos
• Configuração Incorreta – Aplicativos executados com con- utilizados na sua implementação e da responsabilidade que
tas de Sistema Local, e usuários que possuem permissões acima as Pessoas têm neste conjunto. Estar atento ao surgimento
do necessário. de novas tecnologias não basta, é necessário entender as
• Engenharia Social – O Administrador pode alterar uma se- necessidades do ambiente, e implantar políticas que cons-
nha sem verificar a identidade da chamada. cientizem as pessoas a trabalhar de modo seguro.
• Segurança fraca no Perímetro – Serviços desnecessários, Seu ambiente nunca estará seguro, não imagine que
portas não seguras. Firewall e Roteadores usados incorretamente. instalando um bom Antivírus você elimina as suas vulnera-
• Transporte de Dados sem Criptografia – Pacotes de bilidades ou diminui a quantidade de ameaças. É extrema-
autenticação usando protocolos de texto simples, dados im- mente necessário conhecer o ambiente e fazer um estudo,
portantes enviados em texto simples pela Internet. para depois poder implementar ferramentas e soluções de
segurança.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

NOÇÕES BÁSICAS A RESPEITO DE É preciso executar o arquivo contaminado. O vírus se


VÍRUS DE COMPUTADOR anexa, geralmente, em uma parte do arquivo onde não
interfira no seu funcionamento (do arquivo), pois assim o
DEFINIÇÃO E PROGRAMAS ANTIVÍRUS usuário não vai perceber nenhuma alteração e vai continuar
usando o programa infectado.
O que são vírus de computador? O vírus, após ter sido executado, fica escondido agora
na memória do computador, e imediatamente infecta todos
Os vírus representam um dos maiores problemas para os discos que estão ligados ao computador, colocando uma
usuários de computador. cópia de si mesmo no tal setor que é lido primeiro (chamado
Consistem em pequenos programas criados para cau- setor de boot), e quando o disco for transferido para outro
sar algum dano ao computador infectado, seja apagando computador, este ao acessar o disco contaminado (lendo o
dados, seja capturando informações, seja alterando o fun- setor de boot), executará o vírus e o alocará na sua memória,
cionamento normal da máquina. Os usuários dos sistemas o que por sua vez irá infectar todos os discos utilizados neste
operacionais Windows são vítimas quase que exclusivas de computador, e assim o vírus vai se alastrando.
vírus, já que os sistemas da Microsoft são largamente usados Os vírus que se anexam a arquivos infectam também to-
no mundo todo. Existem vírus para sistemas operacionais dos os arquivos que estão sendo ou e serão executados. Al-
Mac e os baseados em Unix, mas estes são extremamente guns às vezes re-contaminam o mesmo arquivo tantas vezes
raros e costumam ser bastante limitados. Esses “programas e ele fica tão grande que passa a ocupar um espaço consi-
maliciosos” receberam o nome vírus porque possuem a ca- derável (que é sempre muito precioso) em seu disco. Outros,
racterística de se multiplicar facilmente, assim como ocorre mais inteligentes, se escondem entre os espaços do progra-
com os vírus reais, ou seja, os vírus biológicos. Eles se disse- ma original, para não dar a menor pista de sua existência.
minam ou agem por meio de falhas ou limitações de deter- Cada vírus possui um critério para começar o ataque
minados programas, se espalhando como em uma infecção. propriamente dito, onde os arquivos começam a ser apa-
Para contaminarem os computadores, os vírus antiga- gados, o micro começa a travar, documentos que não são
mente usavam disquetes ou arquivos infectados. Hoje, os salvos e várias outras tragédias. Alguns apenas mostram
vírus podem atingir em poucos minutos milhares de com- mensagens chatas, outros mais elaborados fazem estragos
putadores em todo mundo. Isso tudo graças à Internet. O
muitos grandes.
método de propagação mais comum é o uso de e-mails,
onde o vírus usa um texto que tenta convencer o internauta
TIPOS
a clicar no arquivo em anexo. É nesse anexo que se encontra
o vírus. Os meios de convencimento são muitos e costumam
Cavalo-de-Troia
ser bastante criativos. O e-mail (e até o campo assunto da
mensagem) costuma ter textos que despertam a curiosidade
do internauta. Muitos exploram assuntos eróticos ou abor- A denominação “Cavalo de Tróia” (Trojan Horse) foi
dam questões atuais. Alguns vírus podem até usar um reme- atribuída aos programas que permitem a invasão de um
tente falso, fazendo o destinatário do e-mail acreditar que computador alheio com espantosa facilidade. Nesse caso, o
se trata de uma mensagem verdadeira. Muitos internautas termo é análogo ao famoso artefato militar fabricado pelos
costumam identificar e-mails de vírus, mas os criadores des- gregos espartanos. Um “amigo” virtual presenteia o outro
tas “pragas digitais” podem usar artifícios inéditos que não com um “presente de grego”, que seria um aplicativo qual-
poupam nem o usuário mais experiente. quer. Quando o leigo o executa, o programa atua de forma
O computador (ou, melhor dizendo, o sistema opera- diferente do que era esperado.
cional), por si só, não tem como detectar a existência des- Ao contrário do que é erroneamente informado na mí-
te programinha. Ele não é referenciado em nenhuma parte dia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele não
dos seus arquivos, ninguém sabe dele, e ele não costuma se se reproduz e não tem nenhuma comparação com vírus de
mostrar antes do ataque fatal. computador, sendo que seu objetivo é totalmente diverso.
Em linhas gerais, um vírus completo (entenda-se por Deve-se levar em consideração, também, que a maioria dos
completo o vírus que usa todas as formas possíveis de con- antivírus faz a sua detecção e os classificam como tal. A ex-
taminar e se ocultar) chega até a memória do computador pressão “Trojan” deve ser usada, exclusivamente, como defi-
de duas formas. nição para programas que capturam dados sem o conheci-
A primeira e a mais simples é a seguinte: em qualquer mento do usuário.
disco (tanto disquete quanto HD) existe um setor que é lido O Cavalo de Troia é um programa que se aloca como um
primeiro pelo sistema operacional quando o computador o arquivo no computador da vítima. Ele tem o intuito de rou-
acessa. Este setor identifica o disco e informa como o siste- bar informações como passwords, logins e quaisquer dados,
ma operacional (SO) deve agir. O vírus se aloja exatamente sigilosos ou não, mantidos no micro da vítima. Quando a
neste setor, e espera que o computador o acesse. máquina contaminada por um Trojan conectar-se à Internet,
A partir daí ele passa para a memória do computador e poderá ter todas as informações contidas no HD visualizadas
entra na segunda fase da infecção. Mas antes de falarmos e capturadas por um intruso qualquer. Estas visitas são feitas
da segunda fase, vamos analisar o segundo método de in- imperceptivelmente. Só quem já esteve dentro de um com-
fecção: o vírus se agrega a um arquivo executável (fica pen- putador alheio sabe as possibilidades oferecidas.
durado mesmo nesse arquivo). Acessar o disco onde este
arquivo está não é o suficiente para se contaminar.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Worm FIREWALL

Os worms (vermes) podem ser interpretados como um Firewall é um programa que monitora as conexões feitas
tipo de vírus mais inteligente que os demais. A principal di- pelo seu computador para garantir que nenhum recurso do seu
ferença entre eles está na forma de propagação: os worms computador esteja sendo usado indevidamente. São úteis para
podem se propagar rapidamente para outros computado- a prevenção de worms e trojans.
res, seja pela Internet, seja por meio de uma rede local. Ge-
ralmente, a contaminação ocorre de maneira discreta e o ANTIVÍRUS
usuário só nota o problema quando o computador apresen-
ta alguma anormalidade. O que faz destes vírus inteligentes Existe uma variedade enorme de softwares antivírus no
é a gama de possibilidades de propagação. O worm pode mercado. Independente de qual você usa, mantenha-o sempre
capturar endereços de e-mail em arquivos do usuário, usar atualizado. Isso porque surgem vírus novos todos os dias e seu
serviços de SMTP (sistema de envio de e-mails) próprios ou antivírus precisa saber da existência deles para proteger seu sis-
qualquer outro meio que permita a contaminação de com- tema operacional.
putadores (normalmente milhares) em pouco tempo. A maioria dos softwares antivírus possuem serviços de atua-
lização automática. Abaixo há uma lista com os antivírus mais
Spywares, keyloggers e hijackers conhecidos:
Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br - Pos-
Apesar de não serem necessariamente vírus, estes três sui versão de teste.
nomes também representam perigo. Spywares são progra- McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Possui ver-
mas que ficam “espionando” as atividades dos internautas são de teste.
ou capturam informações sobre eles. Para contaminar um AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga e outra
computador, os spywares podem vir embutidos em soft- gratuita para uso não comercial (com menos funcionalidades).
wares desconhecidos ou serem baixados automaticamente Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoftware.
com.br - Possui versão de teste.
quando o internauta visita sites de conteúdo duvidoso.
É importante frisar que a maioria destes desenvolvedores
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem vir
possuem ferramentas gratuitas destinadas a remover vírus es-
embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos, desti-
pecíficos. Geralmente, tais softwares são criados para combater
nados a capturar tudo o que é digitado no teclado. O obje-
vírus perigosos ou com alto grau de propagação.
tivo principal, nestes casos, é capturar senhas.
Hijackers são programas ou scripts que “sequestram”
PROTEÇÃO
navegadores de Internet, principalmente o Internet Explo-
rer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página inicial do A melhor política com relação à proteção do seu computador
browser e impede o usuário de mudá-la, exibe propagandas contra vírus é possuir um bom software antivírus original instalado
em pop-ups ou janelas novas, instala barras de ferramentas e atualizá-lo com frequência, pois surgem vírus novos a cada dia.
no navegador e podem impedir acesso a determinados sites Portanto, a regra básica com relação a vírus (e outras infecções) é:
(como sites de software antivírus, por exemplo). Jamais execute programas que não tenham sido obtidos de fontes
Os spywares e os keyloggers podem ser identificados absolutamente confiáveis. O tema dos vírus é muito extenso e não
por programas anti-spywares. Porém, algumas destas pra- se pode pretender abordá-lo aqui senão superficialmente, para
gas são tão perigosas que alguns antivírus podem ser pre- dar orientações essenciais. Vamos a algumas recomendações.
parados para identificá-las, como se fossem vírus. No caso Os processos mais comuns de se receber arquivos são como
de hijackers, muitas vezes é necessário usar uma ferramenta anexos de mensagens de e-mail, através de programas de FTP,
desenvolvida especialmente para combater aquela praga. ou por meio de programas de comunicação, como o ICQ, o Net-
Isso porque os hijackers podem se infiltrar no sistema ope- Meeting, etc.
racional de uma forma que nem antivírus nem anti-spywares Note que:
conseguem “pegar”. Não existem vírus de e-mail. O que existem são vírus es-
condidos em programas anexados ao e-mail. Você não infecta
Hoaxes, o que são? seu computador só de ler uma mensagem de correio eletrônico
escrita em formato texto (.txt). Mas evite ler o conteúdo de arqui-
São boatos espalhados por mensagens de correio ele- vos anexados sem antes certificar-se de que eles estão livres de
trônico, que servem para assustar o usuário de computador. vírus. Salve-os em um diretório e passe um programa antivírus
Uma mensagem no e-mail alerta para um novo vírus total- atualizado. Só depois abra o arquivo.
mente destrutivo que está circulando na rede e que infec- Cuidados que se deve tomar com mensagens de correio
tará o micro do destinatário enquanto a mensagem estiver eletrônico – Como já foi falado, simplesmente ler a mensagem
sendo lida ou quando o usuário clicar em determinada tecla não causa qualquer problema. No entanto, se a mensagem con-
ou link. Quem cria a mensagem hoax normalmente costu- tém anexos (ou attachments, em Inglês), é preciso cuidado. O
ma dizer que a informação partiu de uma empresa confiável, anexo pode ser um arquivo executável (programa) e, portanto,
como IBM e Microsoft, e que tal vírus poderá danificar a má- pode estar contaminado. A não ser que você tenha certeza ab-
quina do usuário. Desconsidere a mensagem. soluta da integridade do arquivo, é melhor ser precavido e sus-
peitar. Não abra o arquivo sem antes passá-lo por uma análise
do antivírus atualizado

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Mas se o anexo não for um programa, for um arquivo Questões


apenas de texto, é possível relaxar os cuidados?
Não. Infelizmente, os criadores de vírus são muito ati- 1- Com relação ao sistema operacional Windows, assi-
vos, e existem hoje, disseminando-se rapidamente, vírus que nale a opção correta.
contaminam arquivos do MS Word ou do MS Excel. São os (A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deve
chamados vírus de macro, que infectam os macros (executá- ser feita a partir de opção equivalente do Painel de Controle,
veis) destes arquivos. Assim, não abra anexos deste tipo sem de modo a garantir a correta remoção dos arquivos rela-
prévia verificação. cionados ao aplicativo, sem prejuízo ao sistema operacional.
É possível clicar no indicador de anexo para ver do que (B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT e
se trata? E como fazer em seguida? DELETE constitui ferramenta poderosa de acesso direto aos
Apenas clicar no indicador (que no MS Outlook Express diretórios de programas instalados na máquina em uso.
é uma imagem de um clip), sim. Mas cuidado para não dar (C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários de
um clique duplo, ou clicar no nome do arquivo, pois se o um computador, pois bastam o nome do usuário e a senha
anexo for um programa, será executado. Faça assim: da máquina para se ter acesso às contas dos demais usuá-
1- Abra a janela da mensagem (em que o anexo aparece rios possivelmente cadastrados nessa máquina.
como um ícone no rodapé); (D) O Windows oferece um conjunto de acessórios dis-
2- Salve o anexo em um diretório à sua escolha, o que poníveis por meio da instalação do pacote Office, entre eles,
pode ser feito de dois modos: calculadora, bloco de notas, WordPad e Paint.
a) clicar o anexo com o botão direito do mouse e em (E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do bo-
seguida clicar em “Salvar como...”; tão Iniciar do Windows, oferece a opção de se encerrar o
b) sequência de comandos: Arquivo / Salvar anexos... Windows, dar saída no usuário correntemente em uso na
3- Passe um antivírus atualizado no anexo salvo para se máquina e, em seguida, desligar o computador.
certificar de que este não está infectado. Comentários: Para desinstalar um programa de forma
Riscos dos “downloads”- Simplesmente baixar o progra- segura deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou re-
ma para o seu computador não causa infecção, seja por FTP, mover programas
ICQ, ou o que for. Mas de modo algum execute o programa Resposta – Letra A
(de qualquer tipo, joguinhos, utilitários, protetores de tela,
etc.) sem antes submetê-lo a um bom antivírus. 2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as infor-
mações estão contidas em arquivos de vários formatos, que
O que acontece se ocorrer uma infecção? são armazenados no disco fixo ou em outros tipos de mídias
Você ficará à mercê de pessoas inescrupulosas quando removíveis do computador, organizados em:
estiver conectado à Internet. Elas poderão invadir seu com- (A) telas.
putador e realizar atividades nocivas desde apenas ler seus (B) pastas.
arquivos, até causar danos como apagar arquivos, e até mes- (C) janelas.
mo roubar suas senhas, causando todo o tipo de prejuízos. (D) imagens.
(E) programas.
Como me proteger? Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma
Em primeiro lugar, voltemos a enfatizar a atitude básica bem clara a organização por meio de PASTAS, que nada mais
de evitar executar programas desconhecidos ou de origem são do que compartimentos que ajudam a organizar os ar-
duvidosa. Portanto, mais uma vez, Jamais execute progra- quivos em endereços específicos, como se fosse um sistema
mas que não tenham sido obtidos de fontes absolutamente de armário e gavetas.
confiáveis. Resposta: Letra B
Além disto, há a questão das senhas. Se o seu micro
estiver infectado outras pessoas poderiam acessar as suas 3- Um item selecionado do Windows XP pode ser ex-
senhas. E troca-las não seria uma solução definitiva, pois os cluído permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pressio-
invasores poderiam entrar no seu micro outra vez e rouba-la nando-se simultaneamente as teclas
novamente. Portanto, como medida extrema de prevenção, (A) Ctrl + Delete.
o melhor mesmo é NÃO DEIXAR AS SENHAS NO COMPU- (B) Shift + End.
TADOR. Isto quer dizer que você não deve usar, ou deve (C) Shift + Delete.
desabilitar, se já usa, os recursos do tipo “lembrar senha”. (D) Ctrl + End.
Eles gravam sua senha para evitar a necessidade de digitá (E) Ctrl + X.
-la novamente. Só que, se a sua senha está gravada no seu
computador, ela pode ser lida por um invasor. Atualmente, Comentário: Quando desejamos excluir permanente-
é altamente recomendável que você prefira digitar a senha mente um arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes
a cada vez que faz uma conexão. Abra mão do conforto em para a lixeira, basta pressionarmos a tecla Shift em conjunto
favor da sua segurança. com a tecla Delete. O Windows exibirá uma mensagem do
tipo “Você tem certeza que deseja excluir permanentemente
este arquivo?” ao invés de “Você tem certeza que deseja en-
viar este arquivo para a lixeira?”.
Resposta: C

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de ar- Comentários: Podemos citar vários gerenciadores de e-mail
quivos, sem que haja perda de informação? (eletronic mail ou correio eletrônico), mas devemos memorizar
(A) Compactação que os sistemas que trabalham o correio eletrônico podem fun-
(B) Deleção cionar por meio de um software instalado em nosso computador
(C) Criptografia local ou por meio de um programa que funciona dentro de um
(D) Minimização navegador, via acesso por Internet. Este programa da Internet, que
(E) Encolhimento adaptativo não precisa ser instalado, e é chamado de WEBMAIL, enquanto o
software local é o gerenciador de e-mail citado pela questão.
Comentários: A compactação de arquivos é uma técnica Principais Vantagens do Gerenciador de e-mail:
amplamente utilizada. Alguns arquivos compactados podem • Pode ler e escrever mensagens mesmo quando está
conter extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exemplos de pro- desconectado da Internet;
gramas compactadores são o WinZip, WinRar, SolusZip, etc. • Permite armazenar as mensagens localmente (no
Resposta: A computador local);
• Permite utilizar várias caixas de e-mail ao mesmo tempo;
5- A figura a seguir foi extraída do MS-Excel: Maiores Desvantagens:
• Ocupam espaço em disco;
• Compatibilidade com os servidores de e-mail (nem
sempre são compatíveis).
A seguir, uma lista de gerenciadores de e-mail (em negrito
os mais conhecidos e utilizados atualmente):
Microsoft Office Outlook
Microsoft Outlook Express;
Mozilla Thunderbird;
Se o conteúdo da célula D1 for copiado (Ctrl+C) e colado IcrediMail
(Ctrl+V) na célula D3, seu valor será: Eudora
(A) 7 Pegasus Mail
(B) 56 Apple Mail (Apple)
(C) 448 Kmail (Linux)
(D) 511 Windows Mail
(E) uma mensagem de erro A questão cita o Yahoo Mail, mas este é um WEBMAIL, ou seja,
  não é instalado no computador local. Logo, é o gabarito da questão.
Comentários: temos que D1=SOMA(A1:C1). Quando co- Resposta: B.
piamos uma célula que contém uma fórmula e colamos em
outra célula, a fórmula mudará ajustando-se à nova posição. 7- Sobre os conceitos de utilização da Internet e correio
Veja como saber como ficará a nova fórmula ao ser copiada eletrônico, analise:
de D1 para D3: I. A URL digitada na barra de Endereço é usada pelos nave-
gadores da Web (Internet Explorer, Mozilla e Google Chrome)
para localizar recursos e páginas da Internet (Exemplo: http://
www.google.com.br).
II. Download significa descarregar ou baixar; é a transferên-
cia de dados de um servidor ou computador remoto para um
computador local.
III. Upload é a transferência de dados de um computador
local para um servidor ou computador remoto.
IV. Anexar um arquivo em mensagem de e-mail significa
movê-lo definitivamente da máquina local, para envio a um
destinatário, com endereço eletrônico.
Agora é só substituir os valores: A fórmula diz para so- Estão corretas apenas as afirmativas:
mar todas as células de A3 até C3(dois pontos significam A) I, II, III, IV
‘até’), sendo assim teremos que somar A3,  , B3, C3 obtendo- B) I, II
se o resultado 448. C) I, II, III
Resposta: C. D) I, II, IV
E) I, III, IV
6- “O correio eletrônico é um método que permite compor,
enviar e receber mensagens através de sistemas eletrônicos de Comentários: O URL é o endereço (único) de um recurso
comunicação”. São softwares gerenciadores de email, EXCETO: na Internet. A questão parece diferenciar um recurso de página,
A) Mozilla Thunderbird. mas na verdade uma página é um recurso (o mais conhecido,
B) Yahoo Messenger. creio) da Web. Item verdadeiro.
C) Outlook Express. É comum confundir os itens II e III, por isso memorize:
D) IncrediMail. down = baixo = baixar para sua máquina, descarregar. II e III
E) Microsoft Office Outlook 2003. são verdadeiros.

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Comentários: O modelo cliente/servidor é questionado


em termos de internet pois não é tão robusto quanto redes
P2P pois, enquanto no primeiro modelo uma queda do servi-
dor central impede o acesso aos usuários clientes, no segundo
mesmo que um servidor “caia” outros servidores ainda darão
acesso ao mesmo conteúdo permitindo que o download con-
No item IV encontramos o item falso da questão, o que tinue. Ex: programas torrent, Emule, Limeware, etc.
nos leva ao gabarito – letra C. Anexar um arquivo em men- Em relação às outras letras:
sagem de e-mail significa copiar e não mover! letra A – Incorreto – Domínio é um nome que serve para
Resposta: C. localizar e identificar conjuntos de computadores na Internet
e corresponde ao endereço que digitamos no navegador.
8- A respeito dos modos de utilização de aplicativos do letra B – Incorreto – A intranet é acessada da mesma
ambiente MS Office, assinale a opção correta. forma que a internet, contudo, o ambiente de acesso a rede
(A) Ao se clicar no nome de um documento gravado com é restrito a uma rede local e não a internet como um todo.
a extensão .xls a partir do Meu Computador, o Windows ativa o letra C – Incorreto – O modem ADSL conecta o compu-
MS Access para a abertura do documento em tela. tador a internet, como o acesso a intranet se faz da mesma
(B) As opções Copiar e Colar, que podem ser obtidas ao forma só que de maneira local, o acesso via ADSL pode sim
se acionar simultaneamente as teclas CTRL + C e CTRL + V,res- acessar redes locais.
pectivamente, estão disponíveis no menu Editar de todos os letra E – Incorreto – Um servidor é um sistema de com-
aplicativos da suíte MS Office. putação que fornece serviços a uma rede de computadores.
(C) A opção Salvar Como, disponível no menu das aplicações do E não necessariamente armazena nomes de usuários e/ou
MS Office, permite que o usuário salve o documento correntemente restringe acessos.
aberto com outro nome. Nesse caso, a versão antiga do documento é Resposta: D
apagada e só a nova versão permanece armazenada no computador.
(D) O menu Exibir permite a visualização do documento
10- Com relação à Internet, assinale a opção correta.
aberto correntemente, por exemplo, no formato do MS Word
(A) A URL é o endereço físico de uma máquina na In-
para ser aberto no MS PowerPoint.
ternet, pois, por esse endereço, determina-se a cidade onde
(E) Uma das vantagens de se utilizar o MS Word é a ela-
está localizada tal máquina.
boração de apresentações de slides que utilizem conteúdo e
(B) O SMTP é um serviço que permite a vários usuários
imagens de maneira estruturada e organizada.
se conectarem a uma mesma máquina simultaneamente,
Comentários: O menu editar geralmente contém os co- como no caso de salas de bate-papo.
mandos universais dos programas da Microsoft como é o caso (C) O servidor Pop é o responsável pelo envio e recebi-
dos atalhos CTRL + C, CTRL + V, CTRL + X, além do localizar. mento de arquivos na Internet.
Em relação às outras letras: (D) Quando se digita o endereço de uma página web,
Letra A – Incorreto – A extensão .xls abre o aplicativo Excel o termo http significa o protocolo de acesso a páginas em
e não o Access formato HTML, por exemplo.
Letra C – Incorreto – A opção salvar como, cria uma cópia (E) O protocolo FTP é utilizado quando um usuário de
do arquivo corrente e não apaga a sua versão antiga. correio eletrônico envia uma mensagem com anexo para
Letra D – Incorreto – O menu exibir mostra formas de exi- outro destinatário de correio eletrônico.
bição do documento dentro do contexto de cada programa e
não de um programa para o outro como é o caso da afirmativa. Comentários: Os itens apresentados nessa questão es-
Letra E – Incorreto – O Ms Word não faz apresentação de tão relacionados a protocolos de acesso. Segue abaixo os
slides e sim o Ms Power Point. protocolos mais comuns:
Resposta: B - HTTP(Hypertext Transfer Protocol) – Protocole de car-
regamento de páginas de Hipertexto –  HTML
9- Com relação a conceitos de Internet e  intranet, assinale - IP (Internet Protocol) – Identificação lógica de uma má-
a opção correta. quina na rede
(A) Domínio é o nome dado a um servidor que controla a en- - POP (Post Office Protocol) – Protocolo de recebimento
trada e a saída de conteúdo em uma rede, como ocorre na Internet. de emails direto no PC via gerenciador de emails
(B) A intranet só pode ser acessada por usuários da Inter- - SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – Protocolo pa-
net que possuam uma conexão http, ao digitarem na barra de drão de envio de emails
endereços do navegador: http://intranet.com. - IMAP(Internet Message Access Protocol) – Semelhante
(C) Um modem ADSL não pode ser utilizado em uma rede local, ao POP, no entanto, possui mais recursos e dá ao usuário
pois sua função é conectar um computador à rede de telefonia fixa. a possibilidade de armazenamento e acesso a suas mensa-
(D) O modelo cliente/servidor, em que uma máquina de- gens de email direto no servidor.
nominada cliente requisita serviços a outra, denominada servi- - FTP(File Transfer Protocol) – Protocolo para transferên-
dor, ainda é o atual paradigma de acesso à Internet. cia de arquivos
(E) Um servidor de páginas web é a máquina que armaze- Resposta: D
na os nomes dos usuários que possuem permissão de acesso a
uma quantidade restrita de páginas da Internet.

98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

11- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção correta. Comentários: Sempre que se copia células de uma planilha eletrô-
(A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar pastas e ar- nica e cola-se no Word, estas se apresentam como uma tabela simples,
quivos e por seu intermédio não é possível acessar o Painel de Con- onde as fórmulas são esquecidas e só os números são colados.
trole, o qual só pode ser acessado pelo botão Iniciar do Windows. Resposta: E
(B) Para se obter a listagem completa dos arquivos salvos em
um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e data de modificação, 13- O envio do arquivo que contém o texto, por meio do
deve-se selecionar Detalhes nas opções de Modos de Exibição. correio eletrônico, deve considerar as operações de
(C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de Rede oferece (A) anexação de arquivos e de inserção dos endereços ele-
um histórico de páginas visitadas na Internet para acesso direto a elas. trônicos dos destinatários no campo “Cco”.
(D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows e a op- (B) de desanexação de arquivos e de inserção dos endereços
ção Renomear for acionada no Windows Explorer com o botão eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
direito do mouse,será salva uma nova versão do arquivo e a an- (C) de anexação de arquivos e de inserção dos endereços
terior continuará aberta com o nome antigo. eletrônicos dos destinatários no campo “Cc”.
(E) Para se encontrar arquivos armazenados na estrutura de (D) de desanexação de arquivos e de inserção dos endere-
diretórios do Windows, deve-se utilizar o sítio de busca Google, ços eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
pois é ele que dá acesso a todos os diretórios de máquinas liga- (E) de anexação de arquivos e de inserção dos endereços
das à Internet. eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.

Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arquivos Comentários: Claro que, para se enviar arquivos pelo correio
são mostrados de várias formas como Listas, Miniaturas e eletrônico deve-se recorrer ao uso de anexação, ou seja, anexar o
Detalhes. arquivo à mensagem. Quando colocamos os endereços dos des-
Resposta: B tinatários no campo Cco, ou seja, no campo “com cópia oculta”,
um destinatário não ficará sabendo quem mais recebeu aquela
Atenção: Para responder às questões de números 12 mensagem, o que atende a segurança solicitada no enunciado.
e 13, considere integralmente o texto abaixo: Resposta: A

Todos os textos produzidos no editor de textos padrão 14. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Novo -
deverão ser publicados em rede interna de uso exclusivo do CESGRANRIO/2012) Usado para o manuseio de arquivos em
órgão, com tecnologia semelhante à usada na rede mundial lotes, também denominados scripts, o shell de comando é um
de computadores. programa que fornece comunicação entre o usuário e o siste-
Antes da impressão e/ou da publicação os textos deverão ma operacional de forma direta e independente. Nos sistemas
ser verificados para que não contenham erros. Alguns artigos operacionais Windows XP, esse programa pode ser acessado
digitados deverão conter a imagem dos resultados obtidos em por meio de um comando da pasta Acessórios denominado
planilhas eletrônicas, ou seja, linhas, colunas, valores e totais. (A) Prompt de Comando
Todo trabalho produzido deverá ser salvo e cuidados (B) Comandos de Sistema
devem ser tomados para a recuperação em caso de perda e (C) Agendador de Tarefas
também para evitar o acesso por pessoas não autorizadas às (D) Acesso Independente
informações guardadas. (E) Acesso Direto
Os funcionários serão estimulados a realizar pesquisas na
internet visando o atendimento do nível de qualidade da in- Resposta: “A”
formação prestada à sociedade, pelo órgão. Comentários
O ambiente operacional de computação disponível para Prompt de Comando é um recurso do Windows que oferece
realizar estas operações envolve o uso do MS-Windows, do um ponto de entrada para a digitação de comandos do MSDOS
MS-Office, das ferramentas Internet Explorer e de correio ele- (Microsoft Disk Operating System) e outros comandos do compu-
trônico, em português e em suas versões padrões mais utili- tador. O mais importante é o fato de que, ao digitar comandos,
zadas atualmente. você pode executar tarefas no computador sem usar a interface
Observação: Entenda-se por mídia removível disquetes, gráfica do Windows. O Prompt de Comando é normalmente usa-
CD’s e DVD’s graváveis, Pen Drives (mídia removível acoplada do apenas por usuários avançados.
em portas do tipo USB) e outras funcionalmente semelhantes.
15. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário
12- As células que contêm cálculos feitos na planilha Novo - CESGRANRIO/2012) Seja o texto a seguir digita-
eletrônica, do no aplicativo Word. Aplicativos para edição de textos.
(A) quando “coladas” no editor de textos, apresentarão Aplicando-se a esse texto o efeito de fonte Tachado, o
resultados diferentes do original. resultado obtido será
(B) não podem ser “coladas” no editor de textos.
(C) somente podem ser copiadas para o editor de textos
dentro de um limite máximo de dez linhas e cinco colunas.
(D) só podem ser copiadas para o editor de texto uma a uma.
(E) quando integralmente selecionadas, copiadas e “co-
ladas” no editor de textos, serão exibidas na forma de tabela.

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resposta: “C” Resposta: “C”


Comentários: Comentário:
Temos 3 itens com a formatação taxado aplicada: c, d, e. En- Expressão =MÉDIA(A1:A3)
tretanto, temos que observar que na questão os itens d, e, além de São somadas as celular A1, A2 e A3, sendo uma média é
receberem taxado, também ficaram em caixa alta. O único que re- dividido por 3 (pois tem 3 células): (8+3+4)/3 = 5
cebe apenas o taxada, sem alterar outras formatações foi o item c. Expressão =MENOR(B1:B3;2)
Da célula B1 até a B3, deve mostrar o 2º menor número,
16. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Novo - que seria o número 1. Para facilitar coloque esses números em
CESGRANRIO/2012) O envio e o recebimento de um arquivo ordem crescente.
de textos ou de imagens na internet, entre um servidor e um Expressão =MAIOR(C1:C3;3)
cliente, constituem, em relação ao cliente, respectivamente, um Da célula C1 até a C3, deve mostrar o 3º maior número,
(A) download e um upload que seria o número 2. Para facilitar coloque esses números em
(B) downgrade e um upgrade ordem decrescente.
(C) downfile e um upfile
(D) upgrade e um downgrade 19- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 – II)
(E) upload e um download

Resposta: “E”.
Comentários:
 Up – Cima / Down – baixo  / Load – Carregar;
Upload – Carregar para cima (enviar).
Download – Carregar para baixo (receber ou “baixar”)

17- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011) Assinale


a alternativa que contém os nomes dos menus do programa
Microsoft Word XP, em sua configuração padrão, que, res-
a) 1
pectivamente, permitem aos usuários: (I) numerar as páginas
b) 2
do documento, (II) contar as palavras de um parágrafo e (III)
c) 3
adicionar um cabeçalho ao texto em edição.
d) 4
a) Janela, Ferramentas e Inserir.
e) 5
b) Inserir, Ferramentas e Exibir.
c) Formatar, Editar e Janela.
d) Arquivo, Exibir e Formatar. Resposta: “D”
e) Arquivo, Ferramentas e Tabela. Comentário:
Passo 1
Resposta: “B” A célula A1 contém a fórmula =B$1+C1
Comentário:
• Ação numerar - “INSERIR”
• Ação contar paginas - “FERRAMENTAS”
• Ação adicionar cabeçalho - “EXIBIR”

18- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011)

Passo 2
Que foi propagada pela alça de preenchimento para A2 e A3

a) 3, 0 e 7.
b) 5, 0 e 7.
c) 5, 1 e 2.
d) 7, 5 e 2.
e) 8, 3 e 4. Click na imagem para melhor visualizar

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Passo 3 22. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012)


Assim, a célula com interrogação (A3) apresenta, após a Analise a régua horizontal do Microsoft Word, na sua
propagação, o resultado configuração padrão, exibida na figura.

Assinale a alternativa que contém apenas os indica-


dores de tabulação.
(A) II, III, IV e V.
(B) III e VI.
(C) I, IV e V.
(D) III, IV e V.
(E) I, II e VI.
Resposta: D
20- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No Power- Comentário:
Point 2007, a inserção de um novo comentário pode ser
feita na guia
a) Geral.
b) Inserir.
c) Animações.
d) Apresentação de slides.
e) Revisão.

Resposta: “E”
Comentário:

Você pode usar a régua para definir tabulações manuais


no lado esquerdo, no meio e no lado direito do documento.
Obs.: Se a régua horizontal localizada no topo do do-
cumento não estiver sendo exibida, clique no botão Exibir
Régua no topo da barra de rolagem vertical.
É possível definir tabulações rapidamente clicando no
seletor de tabulação na extremidade esquerda da régua
até que ela exiba o tipo de tabulação que você deseja. Em
21- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No âmbi- seguida, clique na régua no local desejado.
to das URLs, considere o exemplo: protocolo://xxx.yyy. Uma tabulação Direita define a extremidade do texto
zzz.br. O domínio de topo (ou TLD, conforme sigla em à direita. Conforme você digita, o texto é movido para a es-
inglês) utilizado para classificar o tipo de instituição, no querda.
exemplo dado acima, é o Uma tabulação Decimal alinha números ao redor de
a) protocolo. um ponto decimal. Independentemente do numero de dígi-
b) xxx. tos, o ponto decimal ficará na mesma posição.
c) zzz. Uma tabulação Barra não posiciona o texto. Ela insere
d) yyy. uma barra vertical na posição de tabulação.
e) br.
23. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012)
Resposta: “C” Uma planilha do Microsoft Excel, na sua configuração
Comentários: padrão, possui os seguintes valores nas células: B1=4,
a) protocolo. protocolo HTTP B2=1 e B3=3. A fórmula =ARRED(MÍNIMO(SOMA
b) xxx. O nome do domínio (B1:B3)/3;2,7);2) inserida na célula B5 apresentará o se-
c) zzz. O tipo de domínio guinte resultado:
d) yyy. Subdomínios (A) 2
e) br. indicação do país ao qual pertence o domínio (B) 1,66
(C) 2,667
(D) 2,7
(E) 2,67

101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resposta: E
Comentário: ANOTAÇÕES

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___________________________________________________
Nesta questão, foram colocadas várias funções, destrin- ___________________________________________________
chadas no exemplo acima (arredondamento, mínimo e so-
matório) em uma única questão. A função ARRED é para ___________________________________________________
arredondamento e pertence a mesma família de INT(parte
inteira) e TRUNCAR (parte do valor sem arredondamento). ___________________________________________________
A resposta está no item 2 que indica a quantidade de casas ___________________________________________________
decimais. Sendo duas casas decimais, não poderia ser letra
A, C ou D. A função SOMA efetua a soma das três células ___________________________________________________
(B1:B3->B1 até B3). A função MÍNIMO descobre o menor
entre os dois valores informados (2,66666 - dízima periódi- ___________________________________________________
ca - e 2,7). A função ARRED arredonda o número com duas
___________________________________________________
casas decimais.
___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

102
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

1 Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal: Decreto nº 1.171/1994
e Decreto nº 6.029/2007....................................................................................................................................................................................... 04
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Se a Ética, num sentido amplo, é composta por ao menos Alguns cidadãos recebem poderes e funções específi-
dois elementos - a Moral e o Direito (justo); no caso da disciplina cas dentro da administração pública, passando a desem-
da Ética no Setor Público a expressão é adotada num sentido penhar um papel de fundamental interesse para o Estado.
estrito. Ética corresponde ao valor do justo, previsto no Direito Quando estiver nesta condição, mais ainda, será exigido o
vigente, o qual é estabelecido com um olhar atento às prescri- respeito à ética. Afinal, o Estado é responsável pela manu-
ções da Moral para a vida social. Em outras palavras, quando se tenção da sociedade, que espera dele uma conduta ilibada
fala em ética no âmbito do Estado não se deve pensar apenas na e transparente.
Moral, mas sim em efetivas normas jurídicas que a regulamen- Quando uma pessoa é nomeada como servidor públi-
tam, o que permite a aplicação de sanções. Veja o organograma: co, passa a ser uma extensão daquilo que o Estado repre-
senta na sociedade, devendo, por isso, respeitar ao máximo
todos os consagrados preceitos éticos.
Todas as profissões reclamam um agir ético dos que a
exercem, o qual geralmente se encontra consubstanciado
em Códigos de Ética diversos atribuídos a cada categoria
profissional. No caso das profissões na esfera pública, esta
exigência se amplia.
Não se trata do simples respeito à moral social: a obri-
gação ética no setor público vai além e encontra-se disci-
plinada em detalhes na legislação, tanto na esfera constitu-
cional (notadamente no artigo 37) quanto na ordinária (em
que se destacam o Decreto n° 1.171/94 - Código de Ética
- a Lei n° 8.429/92 - Lei de Improbidade Administrativa - e
a Lei n° 8.112/90 - regime jurídico dos servidores públicos
civis na esfera federal).
As regras éticas do setor público são mais do que re- Em verdade, “[...] a profissão, como exercício habitual
gulamentos morais, são normas jurídicas e, como tais, passí- de uma tarefa, a serviço de outras pessoas, insere-se no
veis de coação. A desobediência ao princípio da moralidade complexo da sociedade como uma atividade específica.
caracteriza ato de improbidade administrativa, sujeitando o Trazendo tal prática benefícios recíprocos a quem a pratica
servidor às penas previstas em lei. Da mesma forma, o seu e a quem recebe o fruto do trabalho, também exige, nessas
comportamento em relação ao Código de Ética pode gerar relações, a preservação de uma conduta condizente com
benefícios, como promoções, e prejuízos, como censura e os princípios éticos específicos. O grupamento de profis-
outras penas administrativas. A disciplina constitucional é sionais que exercem o mesmo ofício termina por criar as
expressa no sentido de prescrever a moralidade como um distintas classes profissionais e também a conduta perti-
dos princípios fundadores da atuação da administração pú- nente. Existem aspectos claros de observação do compor-
blica direta e indireta, bem como outros princípios correlatos. tamento, nas diversas esferas em que ele se processa: pe-
Logo, o Estado brasileiro deve se conduzir moralmente por rante o conhecimento, perante o cliente, perante o colega,
vontade expressa do constituinte, sendo que à imoralidade perante a classe, perante a sociedade, perante a pátria, pe-
administrativa aplicam-se sanções. rante a própria humanidade como conceito global”2. Todos
Assim, tem-se que a obediência à ética não deve se dar estes aspectos serão considerados em termos de conduta
somente no âmbito da vida particular, mas também na atua- ética esperada.
ção profissional, principalmente se tal atuação se der no âm- Em geral, as diretivas a respeito do comportamento
bito estatal, caso em que haverá coação. O Estado é a forma profissional ético podem ser bem resumidas em alguns
social mais abrangente, a sociedade de fins gerais que per- princípios basilares.
mite o desenvolvimento, em seu seio, das individualidades Segundo Nalini3, o princípio fundamental seria o de
e das demais sociedades, chamadas de fins particulares. O agir de acordo com a ciência, se mantendo sempre atuali-
Estado, como pessoa, é uma ficção, é um arranjo formula- zado, e de acordo com a consciência, sabendo de seu dever
do pelos homens para organizar a sociedade de disciplinar ético; tomando-se como princípios específicos:
o poder visando que todos possam se realizar em plenitude, - Princípio da conduta ilibada - conduta irrepreensível
atingindo suas finalidades particulares.1 na vida pública e na vida particular.
O Estado tem um valor ético, de modo que sua atuação - Princípio da dignidade e do decoro profissional - agir
deve se guiar pela moral idônea. Mas não é propriamente da melhor maneira esperada em sua profissão e fora dela,
o Estado que é aético, porque ele é composto por homens. com técnica, justiça e discrição.
Assim, falta ética ou não aos homens que o compõe. Ou seja, - Princípio da incompatibilidade - não se deve acumular
o bom comportamento profissional do funcionário público é funções incompatíveis.
uma questão ligada à ética no serviço público, pois se os ho- - Princípio da correção profissional - atuação com trans-
mens que compõe a estrutura do Estado tomam uma atitude parência e em prol da justiça.
correta perante os ditames éticos há uma ampliação e uma
consolidação do valor ético do Estado. 2 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
1 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: 3 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São Paulo: Revista
Método, 2011. dos Tribunais, 2011.

1
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

- Princípio do coleguismo - ciência de que você e todos SEGUNDO: “Respeitar a dignidade da pessoa humana”.
os demais operadores do Direito querem a mesma coisa, A expressão “dignidade da pessoa humana” está estabele-
realizar a justiça. cida na Constituição Federal Brasileira, em seu art. 3º, III, como
- Princípio da diligência - agir com zelo e escrúpulo em um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. Ao
todas funções. adotar um significado mínimo apreendido no discurso antro-
- Princípio do desinteresse - relegar a ambição pessoal pocentrista do humanismo, a expressão valoriza o ser humano,
para buscar o interesse da justiça. considerando este o centro da criação, o ser mais elevado que
- Princípio da confiança - cada profissional de Direito é habita o planeta, o que justifica a grande consideração pelo
dotado de atributos personalíssimos e intransferíveis, sen- Estado e pelos outros seres humanos na sua generalidade em
do escolhido por causa deles, de forma que a relação esta- relação a ele. Respeitar a dignidade da pessoa humana significa
belecida entre aquele que busca o serviço e o profissional tomar o homem como valor-fonte para todas as ações e esco-
é de confiança. lhas, inclusive na atuação empresarial.
- Princípio da fidelidade - Fidelidade à causa da justiça,
TERCEIRO: “Ser justo e imparcial no julgamento dos atos e
aos valores constitucionais, à verdade, à transparência.
na apreciação do mérito dos subordinados”.
- Princípio da independência profissional - a maior au-
Retoma-se a questão dos planos de carreira, que exterio-
tonomia no exercício da profissão do operador do Direito
rizam a imparcialidade e a impessoalidade na escolha dos que
não deve impedir o caráter ético. deverão ser promovidos, a qual se fará exclusivamente com
- Princípio da reserva - deve-se guardar segredo sobre base no mérito. Não se pode tomar questões pessoais, como
as informações que acessa no exercício da profissão. desavenças ou afinidades, quando o julgamento se faz sobre a
- Princípio da lealdade e da verdade - agir com boa-fé e ação de um funcionário - se agiu bem, merece ser recompen-
de forma correta, com lealdade processual. sado; se agiu mal, deve ser punido.
- Princípio da discricionariedade - geralmente, o profis-
sional do Direito é liberal, exercendo com boa autonomia QUARTO: “Zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e,
sua profissão. também, pelo dos subordinados, tendo em vista o cumprimento
- Outros princípios éticos, como informação, solidarie- da missão institucional”.
dade, cidadania, residência, localização, continuidade da A missão institucional envolve a obtenção de lucros, em re-
profissão, liberdade profissional, função social da profissão, gra, mas sempre aliada à promoção da ética. Na missão institu-
severidade consigo mesmo, defesa das prerrogativas, mo- cional serão estabelecidas determinadas metas para a empresa,
deração e tolerância. que deverão ser buscadas pelos funcionários. Para tanto, cada
O rol acima é apenas um pequeno exemplo de atitudes um deve se preocupar com o aperfeiçoamento de suas capa-
que podem ser esperadas do profissional, mas assim como cidades, tornando-se paulatinamente um melhor funcionário,
é difícil delimitar um conceito de ética, é complicado es- por exemplo, buscando cursos e estudando técnicas.
tabelecer exatamente quais as condutas esperadas de um
servidor: melhor mesmo é observar o caso concreto e pon- QUINTO: “Acatar as ordens legais, não ser negligente e tra-
derar com razoabilidade. balhar em harmonia com a estrutura do órgão, respeitando a
Em linhas gerais, respeitar a ética profissional é ter em hierarquia, seus colegas e cada concidadão, colaborando e acei-
mente os princípios éticos consagrados em sociedade, fa- tando colaboração”.
zendo com que cada atividade desempenhada no exercício Existe uma hierarquia para que as funções sejam desempe-
da profissão exteriorize tais postulados, inclusive direcio- nhadas da melhor maneira possível, pois a desordem não permite
que as atividades se encadeiem e se enlacem, gerando perda de
nando os rumos da ética empresarial na escolha de diretri-
tempo e desperdício de recursos. Não significa que ordens contrá-
zes e políticas institucionais.
rias à ética devam ser obedecidas, caso em que a medida cabível
O funcionário que busca efetuar uma gestão ética se
é levar a questão para as autoridades responsáveis pelo controle
guia por determinados mandamentos de ação, os quais
da ética da instituição. Cada atividade deve ser desempenhada da
valem tanto para a esfera pública quanto para a privada, melhor maneira possível, isto é, não se pode deixar de praticá-la
embora a punição dos que violam ditames éticos no âmbi- corretamente por ser mais trabalhoso (por negligência entende-se
to do interesse estatal seja mais rigorosa. uma omissão perigosa). No tratamento dos demais colegas e do
Neste sentido, destacam-se os dez mandamentos da público, o funcionário deve ser cordial e ético, embora somente
gestão ética nas empresas públicas: assim estará contribuindo para a gestão ética da empresa.

PRIMEIRO: “Amar a verdade, a lealdade, a probidade e a SEXTO: “Agir, na vida pessoal e funcional, com dignidade,
responsabilidade como fundamentos de dignidade pessoal”. decoro, zelo, eficácia e moralidade”.
Significa desempenhar suas funções com transparên- O bom comportamento não deve se fazer presente so-
cia, de forma honesta e responsável, sendo leal à institui- mente no exercício das funções. Cabe ao funcionário se portar
ção. O funcionário deve se portar de forma digna, exterio- bem quando estiver em sua vida privada, na convivência com
rizando virtudes em suas ações. seus amigos e familiares, bem como nos momentos de lazer.
Por melhor que seja como funcionário, não será aceito aquele
que, por exemplo, for visto frequentemente embriagado ou for
sempre denunciado por violência doméstica.

2
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Dignidade é a característica que incorpora todas as de- A Ética Pública pode ser vista sob o aspecto da mo-
mais, significando o bom comportamento enquanto pes- ralidade crítica e sob o aspecto da moralidade legalizada:
soa humana, tratando os outros como gosta de ser tratado. quando estuda-se a lei posta ou a ausência de lei e ques-
Decoro significa discrição, aparecer o mínimo possível, não tiona-se a falta de justiça, há uma moralidade crítica; quan-
se vangloriar com base em feitos institucionais. Zelo quer do a regra justa é incorporada ao Direito, há moralidade
dizer cuidado, cautela, para que as atividades sempre se- legalizada ou positivada.
jam desempenhadas do melhor modo. Eficácia remete ao Sobre a Ética Pública, explica Nalini5: “Ética é sempre
dever de fazer com que suas atividades atinjam o fim para ética, poder-se-ia afirmar. Ser ético é obrigação de todos.
o qual foram praticadas, isto é, que não sejam abandona- Seja no exercício de alguma atividade estatal, seja no com-
das pela metade. Moralidade significa respeitar os ditames portamento individual. Mas pode-se falar em ética realçada
morais, mais que jurídicos, que exteriorizam os valores tra- quando se atua num universo mais amplo, de interesse de
dicionais consolidados na sociedade através dos tempos. todos. Existe, pois, uma Ética Pública, e apura-se o seu sen-
tido em contraposição com o de Ética Privada. Um nome
SÉTIMO: “Jamais tratar mal ou deixar à espera de solu- pelo qual a Ética Pública tem sido conhecida é o da justiça”.
ção uma pessoa que busca perante a Administração Pública Deste modo, ética pública seria a moral incorporada ao
satisfazer um direito que acredita ser legítimo”. Direito, consolidando o valor do justo. Diante da relevân-
O bom atendimento do público é necessário para que cia social de que a Ética se faça presente no exercício das
uma gestão possa ser considerada ética. Aquele que tem atividades públicas, as regras éticas para a vida pública são
um direito merece ser ouvido, não pode ser deixado de mais do que regras morais, são regras jurídicas estabeleci-
lado pelo funcionário, esperando por horas uma solução. das em diversos diplomas do ordenamento, possibilitando
Mesmo que a pessoa esteja errada, isto deve ser esclareci- a coação em caso de infração por parte daqueles que de-
do, de forma que a confiabilidade na instituição não fique sempenham a função pública.
abalada. Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permi-
tem que ele consolide o bem comum e garanta a preser-
OITAVO: “Cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamen- vação dos interesses da coletividade, se encontram exte-
tos, as instruções e as ordens das autoridades a que estiver riorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, são
subordinado”. estabelecidos na Constituição Federal e em legislações in-
O Direito é uma das facetas mais relevantes da Ética fraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas nes-
porque exterioriza o valor do justo e o seu cumprimento é te tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90
essencial para que a gestão ética seja efetiva. e Lei n° 8.429/92.
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no
NONO: “Agir dentro da lei e da sua competência, atento setor público partem da Constituição Federal, que estabe-
à finalidade do serviço público”. lece alguns princípios fundamentais para a ética no setor
Não basta cumprir o Direito, é preciso respeitar a divi- público. Em outras palavras, é o texto constitucional do ar-
são de funções feitas com o objetivo de otimizar as ativida- tigo 37, especialmente o caput, que permite a compreen-
des desempenhadas. são de boa parte do conteúdo das leis específicas, porque
possui um caráter amplo ao preconizar os princípios fun-
DÉCIMO: “Buscar o bem-comum, extraído do equilíbrio damentais da administração pública. Estabelece a Consti-
entre a legalidade e finalidade do ato administrativo a ser tuição Federal:
praticado”.
Bem comum é o bem de toda a coletividade e não de Art. 37. A administração pública direta e indireta de
um só indivíduo. Este conceito exterioriza a dimensão cole- qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe-
tiva da ética. Maritain4 apontou as características essenciais deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalida-
do bem comum: redistribuição, pela qual o bem comum de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
deve ser redistribuído às pessoas e colaborar para o de- também, ao seguinte: [...]
senvolvimento delas; respeito à autoridade na sociedade, São princípios da administração pública, nesta ordem:
pois a autoridade é necessária para conduzir a comunidade Legalidade
de pessoas humanas para o bem comum; moralidade, que Impessoalidade
constitui a retidão de vida, sendo a justiça e a retidão moral Moralidade
elementos essenciais do bem comum. Publicidade
Eficiência
O paradigma da Ética Pública parte da noção de liber-
dade social, envolta nos valores da segurança, igualdade e
solidariedade. Neste sentido, cada pessoa deve ter espaço
para exercer individualmente sua liberdade moral, cabendo
à ética pública garantir que os indivíduos que vivem em
sociedade realizem projetos morais individuais.
4 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. 3. ed. Rio de 5 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São Paulo: Revista
Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967. dos Tribunais, 2011.

3
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

“Para que um Código de Ética Profissional seja organi-


1 CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO zado, é preciso, preliminarmente, que se trace a sua base
SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER filosófica. Tal base deve estribar-se nas virtudes exigíveis
a serem respeitadas no exercício da profissão, e em geral
EXECUTIVO FEDERAL: DECRETO Nº
abrange as relações com os utentes dos serviços, os cole-
1.171/1994 E DECRETO Nº 6.029/2007.
gas, a classe e a nação. As virtudes básicas são comuns a
todos os códigos. As virtudes específicas de cada profissão
representam as variações entre os diversos estatutos éti-
Com efeito, dentre os diplomas jurídicos específicos cos. O zelo, por exemplo, é exigível em qualquer profissão,
que regulamentam a Ética no Serviço Público, destaca-se pois representa uma qualidade imprescindível a qualquer
o Decreto nº 1.171/1994 (Código de Ética Profissional execução de trabalho, em qualquer lugar. O sigilo, toda-
do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal), via, deixa de ser necessário em profissões que não lidam
que serve de norte para a consolidação de um padrão de com confidências e resguardos de direitos”7. Por exemplo,
comportamento ético no setor público. o servidor público tem o dever de zelo, genérico, e o dever
Considerados os princípios administrativos basilares de sigilo, específico, já que tem acesso a informações privi-
do art. 37 da CF (legalidade, impessoalidade, moralidade, legiadas no exercício do cargo.
publicidade e eficiência), destaca-se a existência deste di-
ploma específico que estabelece a ação ética esperada dos DECRETO N° 1.171 DE 22 DE JUNHO DE 1994
servidores públicos, qual seja o Decreto n° 1.171/94. Tra-
ta-se do chamado Código de Ética do Servidor Público, o Código de Ética Profissional do Servidor Público
qual disciplina normas éticas aplicáveis a esta categoria de Civil do Poder Executivo Federal
profissionais, assemelhando-se no formato aos Códigos de
Ética que costumam ser adotados para variadas categorias CAPÍTULO I
profissionais (médicos, contadores...), mas diferenciando- Seção I
-se destes por possuir o caráter jurídico, logo, coativo.
Das Regras Deontológicas
A respeito dos motivos que ensejam a criação de um
Código de Ética, tem-se que “as relações de valor que exis-
O Direito como valor do justo é estudado pela Filosofia
tem entre o ideal moral traçado e os diversos campos da
do Direito na parte denominada Deontologia Jurídica, ou,
conduta humana podem ser reunidas em um instrumento
no plano empírico e pragmático, pela Política do Direito8.
regulador. Tal conjunto racional, com o propósito de esta-
Deontologia é uma das teorias normativas segundo as
belecer linhas ideais éticas, já é uma aplicação desta ciência
quais as escolhas são moralmente necessárias, proibidas
que se consubstancia em uma peça magna, como se uma
ou permitidas. Portanto inclui-se entre as teorias morais
lei fosse entre partes pertencentes a grupamentos sociais.
Uma espécie de contrato de classe gera o Código de Ética que orientam nossas escolhas sobre o que deve ser feito,
Profissional e os órgãos de fiscalização do exercício pas- considerada a moral vigente. Por sua vez, a deontologia
sam a controlar a execução de tal peça magna. Tudo deriva, jurídica é a ciência que cuida dos deveres e dos direitos
pois, de critérios de condutas de um indivíduo perante seu dos operadores do Direito, bem como de seus fundamen-
grupo e o todo social. O interesse no cumprimento do alu- tos éticos e legais, conoslidando o valor do justo. Por isso,
dido código passa, entretanto, a ser de todos. O exercício os incisos que se seguem traduzem o comportamento mo-
de uma virtude obrigatória torna-se exigível de cada pro- ral esperado do servidor público não só enquanto desem-
fissional [...], mas com proveito geral. Cria-se a necessidade penha suas funções, mas também em sua vida social.
de uma mentalidade ética e de uma educação pertinente Deontologia é, assim, a teoria do dever no que diz
que conduza à vontade de agir, de acordo com o estabele- respeito à moral; conjunto de deveres que impõe a certos
cido. Essa disciplina da atividade é antiga, já encontrada nas profissionais o cumprimento da sua função. Pode-se dizer
provas históricas mais remotas, e é uma tendência natural ainda que a deontologia consiste no conjunto de regras e
na vida das comunidades. É inequívoco que o ser tenha princípios que regem a conduta de um profissional, uma
sua individualidade, sua forma de realizar seu trabalho, mas ciência que estuda os deveres de uma determinada profis-
também o é que uma norma comportamental deva reger são. O profissional brasileiro está sujeito a uma deontolo-
a prática profissional no que concerne a sua conduta, em gia própria a regular o exercício de sua profissão conforme
relação a seus semelhantes”6. Logo, embora se reconheça o Código de Ética de sua classe. O Direito é o mínimo de
que o indivíduo tem particularidades no desempenho de moral para que o homem viva em sociedade e a deontolo-
suas funções, isto é, que emprega algo de sua personali- gia dele decorre posto que trata de direitos e deveres dos
dade no exercício delas, cabe o estabelecimento de um rol profissionais que estejam sujeitos a especificidade destas
de condutas padronizadas genericamente, as quais corres- normas.
pondem ao melhor desempenho profissional que se pode
ter, um desempenho ético.

7 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
6 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 8 REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

4
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

O Código de Ética cria regras deontológicas de éti- Não basta que o funcionário aja desta forma no exer-
ca, isto é, cria um sistema de princípios e fundamentos da cício de suas funções, porque ele participa da sociedade e
moral, o que traz como consequencia o porque de não se fica conhecido nela. O desempenho de cargo público, por
preocupar com a previsão de punição e processo disciplinar sua vez, faz com que ele seja visto de outra forma pela
contra o servidor antiético, apesar de, na maioria das vezes, sociedade, que espera dele uma conduta ilibada, ou seja,
haver coincidência entre a conduta antiética e a necessidade livre de vícios e compulsões. Discrição é a palavra-chave
de punição administrativa. A verdadeira intenção do Código para a vida particular do servidor público, preservando a
de Ética foi estimular os órgãos e entidades públicas federais instituição da qual faz parte. Por exemplo, quem se sentiria
a promoverem o debate sobre a ética, para que ela, e as dis- bem em ser atendido por um funcionário que é sempre
cussões que dela se extrai, permeie amiúde as repartições, visto embriagado em bares ou provocando confusões fa-
até com naturalidade. miliares, por mais que os serviços por ele desempenhados
“Muitas são as virtudes que um profissional precisa ter sejam de qualidade?
para que desenvolva com eficácia seu trabalho. Em verdade, O comportamento ético do servidor público na sua vida
múltiplas exigências existem, mas entre elas, destacam-se particular só é exigível se, pela natureza do cargo, houver
algumas, básicas, sem as quais se impossibilita a consecução uma razoável exigência do servidor se comportar moral-
do êxito moral. Quase sempre, na maioria dos casos, o suces- mente, como invariavelmente ocorre nas carreiras típicas
so profissional se az acompanhar de condutas fundamentais de Estado. O que dizer então do Decreto nº 1.171, de 1994,
corretas. Tais virtudes básicas são comuns a quase todas as que impõe o comportamento ético e moral de todo e qual-
profissões [...]. Virtudes básicas profissionais são aquelas in- quer servidor, na sua vida particular, independentemente
dispensáveis, sem as quais não se consegue a realização de da natureza do seu cargo? Quando tal Código estabelece,
um exercício ético competente, seja qual for a natureza do logo no Capítulo I do Anexo, algumas “Regras Deontoló-
serviço prestado. Tais virtudes devem formar a consciência gicas”, quer dizer que o servidor público está envolto em
ética estrutural, os alicerces do caráter e, em conjunto, habi- um sistema onde a moral tem forte influência no desen-
litarem o profissional ao êxito em seu desempenho”9. volvimento da sua carreira pública. Para tanto, quem passa
Para bem compreender o conteúdo dos incisos que se
pelo serviço público sabe ou deveria saber que a promoção
seguem, é importante pensar: se eu fosse a pessoa buscando
profissional e o adequado cumprimento das atribuições do
atendimento no órgão público em questão, como eu gosta-
cargo estão condicionados também pela ética e, assim,
ria de ser tratado? Qual o tipo de funcionário que eu gos-
pelo comportamento particular do servidor.
taria que fosse responsável pela solução do meu problema?
Enfim, basta lembrar da regra de ouro da moralidade, pela
II - O servidor público não poderá jamais desprezar o
qual eu somente devo fazer algo se racionalmente desejar
elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir
que todas as pessoas ajam da mesma forma - inclusive em
relação a mim, ou seja, “age de tal modo que a máxima de somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o con-
tua vontade possa valer-te sempre como princípio de uma veniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas
legislação universal”10. principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as
regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Fe-
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência deral.
dos princípios morais são primados maiores que devem nor- Este inciso traz alguns binômios abrangidos pelo con-
tear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ceito de ética que se contrapõem. Com efeito, o servidor
ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio deve sempre escolher o conveniente, o oportuno, o justo
poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão di- e o honesto. No caso, parte-se das escolhas de menor re-
recionados para a preservação da honra e da tradição dos levância para aquelas fundamentais, que envolvem a opção
serviços públicos. pelo justo e honesto. Estes são os principais valores morais
Primeiramente, vale compreender o sentido de algumas exigidos pelo inciso. Quando se fala que é preciso escolher
palavras do inciso: por dignidade, deve-se entender autori- acima de tudo entre honesto e desonesto, evidencia-se
dade moral; por decoro, compostura e decência; por zelo, que o Código busca mais do que o respeito à lei, e sim a
cuidado e atenção; por eficácia, a produção do efeito es- efetiva ação conforme a moralidade.
perado. Vale destacar o artigo 37 da Constituição Federal, ao
Na verdade, tudo isto abrange o que o inciso chama de qual o inciso em estudo faz remissão.
consciência dos princípios morais: sei que devo agir de modo
que inspire os demais que me rodeiam, isto é, exatamente Art. 37. A administração pública direta e indireta de
como o melhor cidadão de bem; no desempenho das minhas qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe-
funções, devo me manter sério e comprometido, desempe- deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalida-
nhando cada uma das atribuições recebidas com o maior de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
cuidado e atenção possível, evitando erros, de modo que o também, ao seguinte: [...]
serviço que eu preste seja o melhor que eu puder prestar. § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função públi-
9 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ca, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
10 KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. Tradução Paulo Barrera. na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
São Paulo: Ícone, 2005, p. 32. penal cabível.

5
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Nota-se que o inciso faz referência ao §4°, que traz as uma classe, de toda uma sociedade, é preciso que se aco-
consequências dos atos de improbidade administrativa, mode às normas, porque estas devem estar apoiadas em
que poderão variar conforme o grau de gravidade (uma princípios de virtude. Como só a atitude virtuosa tem con-
das sanções possíveis é a de obrigar o servidor a devolver o dições de garantir o bem comum, a Ética tem sido o cami-
dinheiro aos cofres públicos, o que se entende por ressarcir nho justo, adequado, para o benefício geral” 11.
o erário).
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público pe-
III - A moralidade da Administração Pública não se limi- rante a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao
ta à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da
ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como
a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, seu maior patrimônio.
é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo. O cidadão paga impostos e demais tributos apenas
Bem e mal são conceitos que transcendem a esfera para que o Estado garanta a ele a prestação do melhor
particular. O servidor público não deve pensar por uma serviço público possível, isto é, a manutenção de uma so-
pessoa, mas por toda a sociedade. Assim, não se deve agir ciedade justa e bem estruturada. O mesmo dinheiro que
de uma forma para beneficiar um particular - ainda que sai dos bolsos do cidadão, inclusive do próprio servidor pú-
isso possa ser um bem para ele, é injusto para com a socie- blico, é o que remunera os serviços por ele prestados. Por
dade que uma pessoa seja tratada melhor que a outra. O isso, agir contra a moral é insultante, mais que um aprovei-
fim da atitude do servidor é o bem comum, ou seja, o bem tamento da máquina estatal, é um desrespeito ao cidadão
da coletividade. O coletivo sempre deve prevalecer sobre honesto que paga parte do que recebe ao Estado.
o particular. Assim, para bem aplicar o Direito é preciso agir confor-
Por isso, o servidor deve equilibrar a legalidade, que me a moralidade administrativa, sob pena de mais que vio-
é o respeito ao que a lei determina, e a finalidade, que é lar a lei, também desrespeitar o bem comum e prejudicar a
a busca do fim da preservação do bem comum. Assim, o sociedade como um todo – inclusive a si próprio.
respeito à lei é fundamental, mas a atitude do servidor No mais, chama-se atenção à vedação de que o ser-
não pode cair numa burocratização sem sentido, ou seja, vidor receba do particular qualquer verba extra: sua
o respeito às minúcias da lei não pode prejudicar o bem remuneração já é paga pelo particular, por meio dos im-
comum, sob pena de violar a moralidade. postos, não devendo pretender mais do que aquilo. Isto
não significa que o patrimônio do servidor seja apenas o
IV - A remuneração do servidor público é custeada pelos seu salário – há um patrimônio inerente à boa prestação
tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele do serviço, proporcionando a melhoria da sociedade em
próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a mora- que vive.
lidade administrativa se integre no Direito, como elemento
indissociável de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo- VI - A função pública deve ser tida como exercício pro-
-se, como consequência, em fator de legalidade. fissional e, portanto, se integra na vida particular de cada
O servidor público deve colocar de lado seus interesses servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na con-
egoísticos e buscar a aplicação da moralidade no Direito, duta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou
lembrando que quem paga pelos seus serviços é a socie- diminuir o seu bom conceito na vida funcional.
dade como um todo. “Parece ser uma tendência do ser hu- Reiterando o que foi dito no inciso I, o Código de Éti-
mano, como tem sido objeto de referência de muitos es- ca lembra que um funcionário público carrega consigo a
tudiosos, a de defender, em primeiro lugar, seus interesses imagem da administração pública, ou seja, não é servidor
próprios, quando, entretanto, esses são de natureza pouco público apenas quando está desempenhando suas fun-
recomendável, ocorrem seriíssimos problemas. Quando o ções, mas o tempo todo. Por isso, não importa ser o me-
trabalho é executado só para auferir renda, em geral, tem lhor funcionário público da repartição se a vida particular
seu valor restrito. Por outro lado, nos serviços realizados estiver devassada, isto é, se não agir com discrição, coerên-
com amor, visando ao benefício de terceiros, dentro de cia, compostura e moralidade também na vida particular.
vasto raio de ação, com consciência do bem comum, passa Isso implica em ser um bom pai/mãe, uma pessoa livre de
a existir a expressão social do mesmo. O valor ético do es- vícios, um cidadão reservado e cumpridor de seus deveres
forço é, pois, variável de acordo com seu alcance em face sociais.
da comunidade. Aquele que só se preocupa com os lucros,
geralmente, tende a ter menor consciência de grupo. Fas- VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações
cinado pela preocupação monetária, a ele pouco importa policiais ou interesse superior do Estado e da Administração
o que ocorre com a sua comunidade e muito menos com Pública, a serem preservados em processo previamente de-
a sociedade. [...] O egoísmo desenfreado pode atingir um clarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer
número expressivo de pessoas e até, através delas, influen- ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralida-
ciar o destino de nações, partindo da ausência de conduta de, ensejando sua omissão comprometimento ético contra o
virtuosa de minorias poderosas, preocupadas apenas com bem comum, imputável a quem a negar.
seus lucros. [...] Sabemos que a conduta do ser humano
tende ao egoísmo, repetimos, mas, para os interesses de 11 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

6
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Como visto, a publicidade é um princípio basilar da admi- A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po-
nistração pública, ao lado da moralidade. Como tal, caminha dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os
lado a lado com ela. Não cabe ao servidor público negar o limites da herança, embora existam reflexos na ação que
acesso à informação por parte do cidadão, salvo em situações apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es-
especiais. Nota-se que “quando benefícios morais se fazem exi- fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de
gíveis, especificamente, para um desempenho de labor, forçoso autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que
é cumpri-los; só podemos justificar o não cumprimento quan- uma absolvição por falta de provas não o faz).
do fatores de ordem muito superior o possam impedir, pois o Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
descumprimento será sempre uma lesão à consciência ética” 12. se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele que, por
ATENÇÃO: O dispositivo autoriza que os atos administra- ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
tivos não sejam públicos em situações excepcionais, quais violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusiva-
sejam segurança nacional, investigações policiais e interesse mente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo central do
superior do Estado e da Administração Pública. instituto da responsabilidade civil, que tem como elemen-
tos: ação ou omissão voluntária (agir como não se deve ou
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do agente (dolo
pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses é a vontade de cometer uma violação de direito e culpa é
da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. Ne- a falta de diligência), nexo causal (relação de causa e efeito
nhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder cor- entre a ação/omissão e o dano causado) e dano (dano é
ruptivo do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que sem- o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser individual ou
pre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto mais a coletivo, moral ou material, econômico e não econômico).
de uma Nação. Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: “As
Mentir é uma atitude contrária à moralidade esperada do pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
servidor público, ainda mais se tal mentira se referir à função prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos
desempenhada, por exemplo, negando a prática de um ato ou que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
informando erroneamente um cidadão. Não existe uma hipó-
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
tese em que mentir é aceito: não importa se dizer a verdade
casos de dolo ou culpa”. Este artigo deixa clara a formação
implicará em prejuízo à Administração Pública.
de uma relação jurídica autônoma entre o Estado e o agen-
Se o Estado errar, e isso pode acontecer, não deverá se
te público que causou o dano no desempenho de suas fun-
eximir de seu erro com base em uma mentira, pois isto ofende
ções. Nesta relação, a responsabilidade civil será subjetiva,
a integridade dos cidadãos e da própria Nação. Para ser um
ou seja, caberá ao Estado provar a culpa do agente pelo
bom país, não é preciso se fundar em erros ou mentiras, mas
dano causado, ao qual foi anteriormente condenado a re-
sim se esforçar ao máximo para evitá-los e corrigi-los.
parar. Direito de regresso é justamente o direito de acionar
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedi- o causador direto do dano para obter de volta aquilo que
cados ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. pagou à vítima, considerada a existência de uma relação
Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indireta- obrigacional que se forma entre a vítima e a instituição que
mente significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar o agente compõe.
dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio público, dete- Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
riorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas te causar aos membros da sociedade, mas se este agente
uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que foi
a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligên- pago à vítima. O agente causará danos ao praticar condutas
cia, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los. incompatíveis com o comportamento ético dele esperado.14
Quem nunca chegou a uma repartição pública ou cartório A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
e recebeu um tratamento ruim por parte de um funcionário? cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
Infelizmente, esta é uma atitude comum no serviço público. contraditório e ampla defesa.
Contudo, o esperado do servidor é que ele atenda aos cida- Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com
dãos com atenção e boa vontade, fazendo tudo o possível culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor
para ajudá-lo, despendendo o tempo necessário e tomando que gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro (ad-
as devidas cautelas. ministrado), o servidor terá o dever de indenizar.
O instituto da responsabilidade civil é parte integran- Mais do que incômodo, maltratar um cidadão que bus-
te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse- ca atendimento pode caracterizar dano moral, isto é, gerar
quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera tamanho abalo emocional e psicológico que implique num
para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen- dano. Apesar deste dano não ser econômico, isto é, de a
to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal, dor causada não ter meio de compensação financeiro que
quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano a repare, o juiz estabelecerá um valor que a compense ra-
deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res- zoavelmente.
taurando-se o equilíbrio social.13
12 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
13 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São 14 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo:
Paulo: Saraiva, 2005. Método, 2011.

7
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Por sua vez, deteriorar o patrimônio público caracteriza XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local
dano material. No caso, há um correspondente financei- de trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o
ro direto, de modo que a condenação será no sentido de que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas.
pagar ao Estado o equivalente ao bem destruído ou dete- O servidor público tem obrigação de comparecer reli-
riorado. giosamente em seu local de trabalho no horário determi-
nado. Todas as ausências devem ser evitadas e, quando
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera inevitáveis, devem ser justificadas.
de solução que compete ao setor em que exerça suas fun- Os demais funcionários e a sociedade sempre ficam
ções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer atentos às atitudes do servidor público e qualquer percep-
outra espécie de atraso na prestação do serviço, não carac- ção de relaxo no desempenho das funções será observada,
teriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanida- notadamente no que tange a ausências frequentes.
de, mas principalmente grave dano moral aos usuários dos
serviços públicos. XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estru-
Este inciso é um desdobramento do inciso anterior, tura organizacional, respeitando seus colegas e cada conci-
descrevendo um tipo específico de conduta imoral com re- dadão, colabora e de todos pode receber colaboração, pois
lação ao usuário do serviço público, qual seja a de deixá-lo sua atividade pública é a grande oportunidade para o cres-
esperando por atendimento que seja de sua competência. cimento e o engrandecimento da Nação.
Claro, a espera é algo natural, notadamente quando o aten- O bom desempenho das funções a o agir conforme
dimento estiver sobrecarregado. O que o inciso pretende o esperado pela sociedade implica numa boa imagem do
vetar é que as filas se alonguem quando o servidor enrola servidor público, o que permite que ele receba apoio dos
no atendimento, enfim, age com preguiça e desânimo. demais quando realmente precisar.
“É inequívoco que o trabalho individual influencia e re-
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às or- cebe influências do meio onde é praticado. Não é, pois, so-
dens legais de seus superiores, velando atentamente por seu mente em seu grupo que o profissional dá sua contribuição
ou a sonega. Quando adquire a consciência do valor social
cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os
de sua ação, da vontade volvida ao geral, pode realizar im-
repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam-se,
portantes feitos que alcançam repercussão ampla”16.
às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo im-
prudência no desempenho da função pública.
Seção II
Dentro do serviço público há uma hierarquia, que
Dos Principais Deveres do Servidor Público
deve ser obedecida para a boa execução das atividades.
Seria uma desordem se todos mandassem e se cada qual
XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
decidisse que função iria desempenhar. Por isso, cabe o
Embora se trate de outra seção do Código de Ética,
respeito ao que o superior determina, executando as fun- há continuidade no tratamento do agir moral esperado do
ções da melhor forma possível. servidor público. No caso, são elencados alguns deveres
“A razão pela qual se exige uma disciplina do homem essenciais que devem ser obedecidos.
em seu grupo repousa no fato de que as associações pos- “Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para o
suem, por suas naturezas, uma necessidade de equilíbrio desempenho eficaz da profissão são deveres éticos. Sendo
que só se encontra quando a autonomia dos seres se coor- o propósito do exercício profissional a prestação de uma
dena na finalidade do todo. É a lei dos sistemas que se tor- utilidade a terceiros, todas as qualidades pertinentes à sa-
na imperiosa, do átomo às galáxias, de cada indivíduo até tisfação da necessidade, de quem requer a tarefa, passam
sua sociedade. [...] Cada ser, assim como a somatória deles a ser uma obrigação perante o desempenho. Logo, um
em classe profissional, tem seu comportamento específi- complexo de deveres envolve a vida profissional, sob os
co, guiado pela característica do trabalho executado. Cada ângulos da conduta a ser seguida para a execução de um
conjunto de profissionais deve seguir uma ordem que per- trabalho”17.
mita a evolução harmônica do trabalho de todos, a partir a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, fun-
da conduta de cada um, através de uma tutela no trabalho ção ou emprego público de que seja titular;
que conduza a regularização do individualismo perante o Cabe ao servidor público desempenhar todas as atri-
coletivo” 15. buições inerentes à posição de que seja titular.
Negligência é a omissão no agir como se deve, isto é, b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e ren-
é deixar de fazer aquilo que lhe foi atribuído. As condutas dimento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver
negligentes devem ser evitadas, de modo que os erros se- situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou
jam minimizados, a atenção seja uma marca do serviço e a de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos servi-
retidão algo sempre presente. Imprudência, por sua vez, é ços pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de
o agir sem cuidado, sem zelo, causando prejuízo ao serviço evitar dano moral ao usuário;
público.

16 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
15 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 17 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

8
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

O desempenho de funções deve se dar de forma efi- i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos,
ciente. Situações procrastinatórias são aquelas que adiam a de contratantes, interessados e outros que visem obter quais-
prestação do serviço público. Procrastinar significa enrolar, quer favores, benesses ou vantagens indevidas em decorrên-
adiar, fugir ao dever de prestar o serviço, lerdear. Cabe ao cia de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las;
servidor público não deixar para amanhã o que pode fazer O respeito à hierarquia é algo necessário ao setor pú-
no dia e agilizar ainda mais o seu serviço quando houver blico, pois se ele não existisse as atividades seriam desem-
acúmulo de trabalho ou de filas, inclusive para evitar dano penhadas de forma desorganizada, logo, ineficiente. Isso
moral ao cidadão. não significa, contudo, que o servidor deva obedecer a
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a in- todas as ordens sem questioná-las, notadamente quando
tegridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver perceber que a atitude de seu superior contraria os interes-
diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o ses do bem comum, nem que deva ter medo de denunciar
bem comum; atitudes antiéticas de seus superiores ou colegas.
Honestidade, retidão, lealdade e justiça são valores São atitudes que não podem ser aceitas por parte dos
morais consolidados na sociedade, refletindo o caráter da superiores ou de pessoas que contratem ou busquem ser-
pessoa. O servidor público deve erigir tais valores, sempre viços do poder público: obtenção de favores, benefícios ou
fazendo a melhor escolha para a coletividade. vantagens indevidas, imorais, ilegais ou antiéticas. Ao se
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condi- deparar com estas atitudes, deverá denunciá-las.
ção essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da cole- j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências
tividade a seu cargo; específicas da defesa da vida e da segurança coletiva;
Prestar contas é uma atitude obrigatória por parte de O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores
todos aqueles que cuidam de algo que não lhe pertence. públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar
No caso, o servidor público cuida do patrimônio do Esta- pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquan-
do. Por isso, sempre deverá prestar contas a respeito deste to não for elaborada uma legislação específica para os fun-
patrimônio, relatando a sua situação e garantindo que ele cionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de gre-
seja preservado. ve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aper- (Mandado de Injunção nº 20).
feiçoando o processo de comunicação e contato com o pú- l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que
blico; sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletin-
A atitude ética esperada do servidor público consiste do negativamente em todo o sistema;
em exercer suas funções de forma adequada, sempre aten- m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e
dendo da melhor forma possível os usuários. qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por prin- as providências cabíveis;
cípios éticos que se materializam na adequada prestação n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho,
dos serviços públicos; seguindo os métodos mais adequados à sua organização e
Os funcionários públicos nunca podem perder de vista distribuição;
o dever ético que eles possuem com relação à sociedade Os três incisos acima reiteram deveres constantemente
como um todo, que é o de respeito à moralidade insculpi- enumerados pelo Código de Ética como o de compareci-
da no texto constitucional. “A consciência ética busca ser mento assíduo e pontual no local de trabalho, o de comu-
cidadã e, por isso, faz da honestidade pessoal um caminho nicação de atos contrários ao interesse público (inclusive os
certo para a ética pública. Vivendo numa República, esta- praticados por seus superiores) e o de preservação do local
mos tratando da ‘coisa pública’, do que é de todos; isso de trabalho (mantendo-o limpo e organizado).
requer vida administrativa e política transparente, numa o) participar dos movimentos e estudos que se relacio-
disposição a colocar-se a serviço de toda a coletividade”18. nem com a melhoria do exercício de suas funções, tendo por
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, escopo a realização do bem comum;
respeitando a capacidade e as limitações individuais de to- Frequentemente, são promovidos cursos de aper-
dos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de feiçoamento pela própria instituição, sem contar aqueles
preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, disponibilizados por faculdades e cursos técnicos. Cabe ao
idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, servidor público participar sempre que for benéfico à me-
dessa forma, de causar-lhes dano moral; lhoria de suas funções.
Para bem atender os usuários, é preciso tratá-los com “O valor do exercício profissional tende a aumentar à
igualdade, sem preconceitos de qualquer natureza. Vale medida que o profissional também aumentar sua cultura,
lembrar que o tratamento preconceituoso e mal-educado especialmente em ramos do saber aplicáveis a todos os
caracteriza dano moral, cabendo reparação. demais, como são os relativos às culturas filosóficas, mate-
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor máticas e históricas. Uma classe que se sustenta em elites
de representar contra qualquer comprometimento indevido cultas te garantida sua posição social, porque se habilita às
da estrutura em que se funda o Poder Estatal; lideranças e aos postos de comando no poder. A especiali-
zação tem sua utilidade, seu valor, sendo impossível negar
18 AGOSTINI, Frei Nilo. Ética: diálogo e compromisso. São Paulo: FTD, tal evidência [...]”19.
2010. 19 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

9
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequa- Seção III


das ao exercício da função; Das Vedações ao Servidor Público
A roupa vestida pelo servidor público também reflete
sua autoridade moral no exercício das funções. Por exem- XV - É vedado ao servidor público;
plo, é absurdo chegar ao local de trabalho utilizando ber- Nesta seção, são descritas algumas atitudes que con-
muda e chinelo, refletindo uma imagem de descaso do trariam as diretrizes do Código de Ética. Trata-se de um rol
serviço público. As roupas devem ser sóbrias, compatíveis exemplificativo, ou seja, que pode ser ampliado por um juí-
com a seriedade esperada da Administração Pública e de zo de interpretação das regras éticas até então estudadas.
seus funcionários. ATENÇÃO: não será necessário gravar todas estas re-
q) manter-se atualizado com as instruções, as normas gras se o candidato se atentar ao fato de que elas se con-
de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce trapõem às atitudes corretas até então estudadas. Por ób-
suas funções; vio, não agir da forma estabelecida caracteriza violação dos
A regulamentação das funções exercidas pelos órgãos deveres éticos, o que é proibido.
administrativos está sempre mudando, cabendo ao servi- a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tem-
dor público se manter atualizado. po, posição e influências, para obter qualquer favorecimen-
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as ins- to, para si ou para outrem;
truções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto O cargo público é para a sociedade, não para o indiví-
quanto possível, com critério, segurança e rapidez, manten- duo. Por isso, ele não pode se beneficiar dele indevidamen-
do tudo sempre em boa ordem. te. A esta descrição corresponde o tipo criminal da corrup-
A alínea reflete uma síntese do agir moral esperado ção passiva, prescrito no Código Penal em seu artigo 317
do servidor público, refletindo a prestação do serviço com nos seguintes termos:
eficiência e respeito à lei, atendendo ao bem comum.
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por Corrupção passiva
quem de direito; Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou an-
As atividades de fiscalização são usuais no serviço pú-
tes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida,
blico e, por isso, os ficais devem ser bem atendidos, ca-
ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena - reclusão, de 2
bendo ao servidor demonstrar que as atividades atribuídas
(dois) a 12 (doze) anos, e multa.
estão sendo prestadas conforme a lei determina.
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas fun-
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros
cionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo con-
servidores ou de cidadãos que deles dependam;
trariamente aos legítimos interesses dos usuários do serviço
Causar intrigas no trabalho, fazer fofocas e se negar a
público e dos jurisdicionados administrativos;
ajudar os demais cidadãos que busquem atendimento é
Prerrogativas funcionais são garantias atribuídas pela
uma clara violação ao dever ético.
lei ao servidor público para que ele possa bem desempe- c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, co-
nhar suas funções. Não cabe exercê-las a torto e direito, é nivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao
preciso ter razoabilidade, moderação. Assim, quando invo- Código de Ética de sua profissão;
cá-las, o servidor público será levado a sério. Como visto, é dever do servidor público denunciar
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, aqueles que desrespeitem o Código de Ética, bem como
poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse obedecê-lo estritamente. Não deve pensar que cobrir o
público, mesmo que observando as formalidades legais e erro do outro é algo solidário, porque todos os erros co-
não cometendo qualquer violação expressa à lei; metidos numa função pública são prejudiciais à sociedade.
O servidor público deve agir conforme a lei determina, d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o
observando-a estritamente, preservando assim os interes- exercício regular de direito por qualquer pessoa, causando-
ses da sociedade. -lhe dano moral ou material;
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua clas- O trabalho não deve ser adiado, mas sim prestado de
se sobre a existência deste Código de Ética, estimulando o forma rápida e eficaz, sob pena de causar dano moral ou
seu integral cumprimento. material aos usuários e ao Estado.
O Código de Ética é o principal instrumento jurídico Na esfera penal, pode incidir no crime de prevaricação
que trata das atitudes do servidor público esperadas e ve- (art. 319, CP):
dadas. É preciso obedecer suas diretrizes e aconselhar a
sua leitura àqueles que o desconheçam. Prevaricação
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente,
ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei,
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

10
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente au-
seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do torizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao
seu mister; patrimônio público;
A incorporação da tecnologia aos serviços públicos, Os bens que se encontram no local de trabalho perten-
aproximando-o da sociedade, é chamada de governança cem à máquina estatal e devem ser utilizados exclusivamente
eletrônica. Cabe ao servidor público saber lidar bem com para a prestação do serviço público, não podendo o funcioná-
tais tecnologias, pois elas melhoram a qualidade do serviço rio retirá-los de lá. Se o fizer, responde civil e administrativa-
prestado. mente, bem como criminalmente por peculato (art. 312, CP).
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, ca- Peculato
prichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,
trato com o público, com os jurisdicionados administrativos valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de
ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores; que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito
O funcionário público deve agir com impessoalidade próprio ou alheio:
na prestação do serviço, tratando todas as pessoas igual- Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
mente, tanto os usuários quanto os colegas de trabalho. § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público,
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual- embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai,
quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou
doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualida-
ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou de de funcionário.
para influenciar outro servidor para o mesmo fim;
A remuneração do servidor público já é paga pelo Es- Peculato caracteriza-se pela subtração ou desvio, por
tado, fomentada pelos tributos do contribuinte. Não cabe abuso de confiança, de dinheiro ou de coisa móvel apreciável
ao servidor buscar bônus indevidos pela prestação de seus economicamente, para proveito próprio ou alheio, por servi-
serviços, seja solicitando (caso que caracteriza crime de dor público que o administra ou guarda.
corrupção - art. 317, CP), seja exigindo (restando presente
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbi-
o crime de concussão - art. 316, CP). Caso o faça, se sujei-
to interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de
tará às penas cíveis, penais e administrativas.
amigos ou de terceiros;
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva
As informações que são acessadas pelo funcionário públi-
encaminhar para providências;
co somente devem ser aproveitadas para o bom desempenho
Caso o faça, além das sanções cíveis e administrativas,
das funções. Não cabe fazer fofocas, ainda que sem nenhum
incorre na prática do crime de alterar ou deturpar (modifi-
interesse de obter privilégio econômico, ou seja, apenas para
car, alterar para pior; desfigurar; corromper; adulterar) da-
aparentar importância por mera vaidade pessoal. É possível
dos de documentos pode configurar o crime previsto no que caracterize crime de violação de sigilo funcional pois uti-
artigo 313-A, do Código Penal: lizar-se de informações obtidas no âmbito interno da admi-
nistração, nos casos em que deva ser guardado sigilo pode
Inserção de dados falsos em sistema de informações caracterizar crime, previsto no artigo 325, do Código Penal:
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado,
a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamen- Violação de sigilo funcional
te dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do
dados da Administração Pública com o fim de obter vanta- cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a re-
gem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: velação:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o
fato não constitui crime mais grave.
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do
atendimento em serviços públicos; n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habi-
Como visto, o funcionário público deve atender com tualmente;
eficiência o usuário do serviço, prestando todas as infor- Trata-se de ato típico de falta de decoro e retidão, valore
mações da maneira mais correta e verdadeira possível, sem morais inerentes à boa prestação do serviço público.
mentiras ou ilusões. o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente
j) desviar servidor público para atendimento a interesse contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa hu-
particular; mana;
Todos os servidores públicos são contratados pelo Es- p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome
tado, devendo prestar serviços que atendam ao seu inte- a empreendimentos de cunho duvidoso.
resse. Por isso, um servidor não pode pedir ao seu subor- O servidor público, seja na vida privada, seja no exercí-
dinado que lhe preste serviços particulares, por exemplo, cio das funções, não deve se filiar a instituições que contra-
pagar uma conta pessoal em agência bancária, telefonar riem a moral, por exemplo, que incitem o preconceito e a
para consultórios para agendar consultas, fazer compras desordem pública. Afinal, o servidor público é um espelho
num supermercado. para a sociedade, devendo refletir seus valores tradicionais.

11
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

CAPÍTULO II XIX a XXI - Revogados pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25).


DAS COMISSÕES DE ÉTICA
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração de Ética é a de censura e sua fundamentação constará do res-
Pública Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou pectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com
em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições dele- ciência do faltoso.
gadas pelo poder público, deverá ser criada uma Comissão A única sanção que pode ser aplicada diretamente pela
de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a éti- Comissão de Ética é a de censura, que é a pena mais branda
ca profissional do servidor, no tratamento com as pessoas pela prática de uma conduta inadequada que seja praticada
e com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer con- no exercício das funções. Nos demais casos, caberá sindi-
cretamente de imputação ou de procedimento suscetível de cância ou processo administrativo disciplinar, sendo que a
censura. Comissão de Ética fornecerá elementos para instrução.
“Estabelecido um código de ética, para uma classe, Censura é o poder do Estado de interditar ou restringir
cada indivíduo a ele passa a subordinar-se, sob pena de a livre manifestação de pensamento, oral ou escrito, quando
incorrer em transgressão, punível pelo órgão competente, se considera que tal pode ameaçar a ordem pública vigente.
incumbido de fiscalizar o exercício profissional. [...] A fis- XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético,
calização do exercício da profissão pelos órgãos de classe entende-se por servidor público todo aquele que, por força
compreende as fases preventiva (ou educacional) e exe- de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços
cutiva (ou de direta verificação da qualidade das práticas). de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda
Grande parte dos erros cometidos derivam-se em parte do que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou
pouco conhecimento sobre a conduta, ou seja, da educa- indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as
ção insuficiente, e outra parte, bem menor, deriva-se de autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais,
atos propositadamente praticados. Os órgãos de fiscaliza- as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou
ção assumem, por conseguinte, um papel relevante de ga- em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.
Este último inciso do Código de Ética é de fundamen-
rantia sobre a qualidade dos serviços prestados e da con-
tal importância para fins de concurso público, pois define
duta humana dos profissionais” 20.
quem é o servidor público que se sujeita a ele.
Com efeito, as Comissões de Ética possuem função de
“Uma classe profissional caracteriza-se pela homoge-
orientação e aconselhamento, devendo se fazer presen-
neidade do trabalho executado, pela natureza do conheci-
tes em todo órgão ou entidade da administração direta ou
mento exigido preferencialmente para tal execução e pela
indireta.
identidade de habilitação para o exercício da mesma. A
A Comissão de Ética não tem por finalidade aplicar
classe profissional é, pois, um grupo dentro da sociedade,
sanções disciplinares contra os servidores Civis. Muito pelo específico, definido por sua especialidade de desempenho
contrário: a sua atuação tem por princípio evitar a instau- de tarefa” 21.
ração desses processos, mediante trabalho de orientação e Elementos do conceito de servidor público:
aconselhamento. A finalidade do código de ética consiste a) Instrumento de vinculação: por força de lei (por
em produzir na pessoa do servidor público a consciência exemplo, prestação de serviços como jurado ou mesário),
de sua adesão às normas ético-profissionais preexistentes contrato (contratação direta, sem concurso público, para
à luz de um espírito crítico, para efeito de facilitar a prática atender a uma urgência ou emergência) ou qualquer ou-
do cumprimento dos deveres legais por parte de cada um tro ato jurídico (é o caso da nomeação por aprovação em
e, em consequência, o resgate do respeito ao serviço públi- concurso público) - enfim, não importa o instrumento da
co e à dignidade social de cada servidor. O objetivo deste vinculação à administração pública, desde que esteja real-
código é a divulgação ampla dos deveres e das vedações mente vinculado;
previstas, através de um trabalho de cunho educativo com b) Serviço prestado: permanente, temporário ou ex-
os servidores públicos federais. cepcional - isto é, ainda que preste o serviço só por um dia,
como no caso do mesário de eleição, é servidor público, da
XVII - Revogado pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25). mesma forma que aquele que foi aprovado em concurso
público e tomou posse; com ou sem retribuição finan-
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos orga- ceira - por exemplo, o jurado não recebe por seus serviços,
nismos encarregados da execução do quadro de carreira dos mas não deixa de ser servidor público;
servidores, os registros sobre sua conduta ética, para o efeito c) Instituição ou órgão de prestação: ligado à admi-
de instruir e fundamentar promoções e para todos os demais nistração direta ou indireta, isto é, a qualquer órgão que
procedimentos próprios da carreira do servidor público. tenha algum vínculo com o poder estatal. O conceito é
Além de orientar e aconselhar, a Comissão de Ética for- o mais amplo possível, abrangendo autarquias, fundações
necerá as informações sobre os funcionários a ela subme- públicas, empresas públicas, sociedades de economia mis-
tidos, tanto para instruir promoções, quanto para alimentar ta, enfim, qualquer entidade ou setor que vise atender o
processo administrativo disciplinar. interesse do Estado.

20 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 21 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

12
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Já o Decreto nº 6.029/2007 (Institui Sistema de Ges- Art. 3o A CEP será integrada por sete brasileiros que
tão da Ética do Poder Executivo Federal) institui Sistema preencham os requisitos de idoneidade moral, reputação
de Gestão da Ética do Poder executivo Federal, revogando ilibada e notória experiência em administração pública,
algumas disciplinas do Decreto n° 1.171/94 e complemen- designados pelo Presidente da República, para mandatos de
tando-o de uma maneira geral. Logo, são decretos interli- três anos, não coincidentes, permitida uma única recondução. 
gados. § 1o A atuação no âmbito da CEP não enseja qualquer re-
muneração para seus membros e os trabalhos nela desenvol-
Decreto n° 6.029/2007 vidos são considerados prestação de relevante serviço público. 
Institui Sistema de Gestão da Ética do Poder Execu- § 2o O Presidente terá o voto de qualidade nas delibera-
tivo Federal, e dá outras providências. ções da Comissão. 
§ 3o Os mandatos dos primeiros membros serão de um,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que dois e três anos, estabelecidos no decreto de designação.
lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,  A Comissão de Ética Pública - CEP é o órgão de cúpula
DECRETA:  do Sistema de Gestão da Ética no Poder Executivo Federal.
Será composta por 7 brasileiros, que possuam idoneidade
Art. 1o Fica instituído o Sistema de Gestão da Ética do moral e reputação ilibada (significa possuir uma clareza
Poder Executivo Federal com a finalidade de promover de caráter perante toda a sociedade que seja por ela reco-
atividades que dispõem sobre a conduta ética no âmbi- nhecida), além de notória experiência em administração
to do Executivo Federal, competindo-lhe:  pública (deve ser evidente para a sociedade que aquele
I - integrar os órgãos, programas e ações relacionadas membro possua uma vasta atuação no âmbito da adminis-
com a ética pública; tração pública). Serão indicados para um único mandato
II - contribuir para a implementação de políticas públi- (não podem exercer dois mandatos ao mesmo tempo) pelo
cas tendo a transparência e o acesso à informação como Presidente da República, sendo possível ser reconduzido e
instrumentos fundamentais para o exercício de gestão da exercer 2 mandatos seguidos.
Obs.: O Decreto nº 6.029 data de 01 de fevereiro de
ética pública;
2007, além de ser um ato emanado pelo Presidente da Re-
III - promover, com apoio dos segmentos pertinentes, a
pública. Por sua vez, a Resolução nº 04 da Comissão de Ética
compatibilização e interação de normas, procedimentos téc-
Pública parte da própria Comissão e é datada de 07 de junho
nicos e de gestão relativos à ética pública;
de 2001. Nota-se que não só o Decreto é hierarquicamente
IV - articular ações com vistas a estabelecer e efetivar
superior, como a Resolução é mais antiga que o Decreto, o
procedimentos de incentivo e incremento ao desempenho
que significa que foi derrogada parcialmente no que com
institucional na gestão da ética pública do Estado brasileiro. 
ele for incompatível. É o caso do número de membros. Mes-
Pelo que se denota do artigo 1°, o Sistema de Gestão
mo que a Resolução fale em 6, predomina o que o Decre-
Ética do Poder Executivo Federal não tem cunho exclusiva- to diz, isto é, 7. O ideal seria alterar a Resolução para ficar
mente punitivo, mas evidentemente preventivo, ao esta- compatível com o Decreto, mas aparentemente o erro tem
belecer o desenvolvimento de políticas e programas para passado despercebido.
assegurar a ética e a transparência do Poder Público.
Compete ao Sistema promover uma interação entre os Art. 4o  À CEP compete:
órgãos e campanhas que perpassem sobre a questão da I - atuar como instância consultiva do Presidente da
ética pública, contribuir para que políticas públicas sejam República e Ministros de Estado em matéria de ética pública;
implementadas para que o Poder Público fique mais ético Atividade de consultoria para o executivo, esclarecendo
e transparente, promover a compatibilização entre as nor- dúvidas e proferindo sugestões.
mas e regulamentos que tratem da questão, enfim, articu- II - administrar a aplicação do Código de Conduta da
lar ações como um todo. Alta Administração Federal, devendo:
a) submeter ao Presidente da República medidas para seu 
Art. 2o  Integram o Sistema de Gestão da Ética do Poder aprimoramento;
Executivo Federal: b) dirimir dúvidas a respeito de interpretação de suas nor-
I - a Comissão de Ética Pública - CEP, instituída mas, deliberando sobre casos omissos;
pelo Decreto de 26 de maio de 1999; c) apurar, mediante denúncia, ou de ofício, condutas em
II - as Comissões de Ética de que trata o Decreto desacordo com as normas nele previstas, quando praticadas
no 1.171, de 22 de junho de 1994; e pelas autoridades a ele submetidas;
III - as demais Comissões de Ética e equivalentes nas O Código de Conduta da Administração Federal é ela-
entidades e órgãos do Poder Executivo Federal.  borado com base nos trabalhos da CEP e por ela direciona-
Como visto no Decreto n° 1.171, cada órgão vinculado do através de sugestões de alterações, valendo como um
à administração pública deverá instituir uma Comissão de Código de Ética específico para o alto escalão do Poder
Ética. O Decreto n° 6.029 não exclui tais comissões éticas Executivo Federal, ora composto por Ministros e Secretá-
do sistema, apenas propicia a criação de um único sistema rios de Estados, Presidentes de Agências Reguladoras e ti-
de gestão ao qual todas estão vinculadas. tulares de cargos de natureza especial com elevado grau
de poder e liderança.

13
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

III - dirimir dúvidas de interpretação sobre as normas III - representar a respectiva entidade ou órgão na Rede
do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do de Ética do Poder Executivo Federal a que se refere o art. 9o; e
Poder Executivo Federal de que trata o Decreto n° 1.171, de IV - supervisionar a observância do Código de Con-
1994; duta da Alta Administração Federal e comunicar à CEP
Espécie de função consultiva, no sentido de esclareci- situações que possam configurar descumprimento de suas
mento de dúvidas de interpretação do Decreto n° 1.171/94. normas. 
IV - coordenar, avaliar e supervisionar o Sistema de Em resumo, as atividades desempenhadas pelas Co-
Gestão da Ética Pública do Poder Executivo Federal; missões de Ética envolvem: a) prestar consultoria aos ser-
Como dito, a CEP é o órgão de cúpula deste Sistema, vidores e dirigentes do órgão a que esteja vinculado, b)
devendo fiscalizá-lo, avaliá-lo e supervisioná-lo. aplicar o Decreto n° 1.171/94 submetendo propostas para
V - aprovar o seu regimento interno; e aperfeiçoamento, dirimindo dúvidas de interpretação, apu-
VI - escolher o seu Presidente.  rando condutas antiéticas e recomendando/avaliando o
Parágrafo  único. A CEP contará com uma Secretaria- desenvolvimento de ações, c) representar a entidade na
-Executiva, vinculada à Casa Civil da Presidência da Repúbli- Rede Ética do Poder Executivo Federal.
ca, à qual competirá prestar o apoio técnico e administrativo § 1o Cada Comissão de Ética contará com uma Secre-
aos trabalhos da Comissão.  taria-Executiva, vinculada administrativamente à instância
máxima da entidade ou órgão, para cumprir plano de tra-
Art. 5° Cada Comissão de Ética de que trata o Decreto n° balho por ela aprovado e prover o apoio técnico e material
1171, de 1994, será integrada por três membros titulares necessário ao cumprimento das suas atribuições. 
e três suplentes, escolhidos entre servidores e empregados § 2o As Secretarias-Executivas das Comissões de Ética
do seu quadro permanente, e designados pelo dirigente má- serão chefiadas por servidor ou empregado do quadro per-
ximo da respectiva entidade ou órgão, para mandatos não manente da entidade ou órgão, ocupante de cargo de dire-
coincidentes de três anos.  ção compatível com sua estrutura, alocado sem aumento de
Complementa o artigo 2° do Decreto n° 1.171/94, di- despesas. 
zendo quem é responsável pela designação dos três mem- Os parágrafos tratam do modo como se estruturará a
bros que comporão a Comissão de Ética (dirigente máximo Comissão de Ética, pois ela não tem como funcionar sem o
do órgão) e delimitando o prazo de duração do mandato respectivo aparato material e pessoal.
(3 anos, possível 1 recondução).
Art. 6o É dever do titular de entidade ou órgão da Admi- Art. 8o Compete às instâncias superiores dos órgãos
nistração Pública Federal, direta e indireta: e entidades do Poder Executivo Federal, abrangendo a
I - assegurar as condições de trabalho para que as Co- administração direta e indireta:
missões de Ética cumpram suas funções, inclusive para que I - observar e fazer observar as normas de ética e disci-
do exercício das atribuições de seus integrantes não lhes re- plina;
sulte qualquer prejuízo ou dano;   II - constituir Comissão de Ética;
II - conduzir em seu âmbito a avaliação da gestão da III - garantir os recursos humanos, materiais e financei-
ética conforme processo coordenado pela Comissão de Ética ros para que a Comissão cumpra com suas atribuições; e
Pública.  IV - atender com prioridade às solicitações da CEP. 
Ao titular da entidade ou órgão da Administração pú- Este artigo delimita a conduta esperada por parte das
blica não cabe impedir que a Comissão de Ética exerça suas instituições públicas nas quais deva existir uma Comissão
funções, pelo contrário, cabe assegurar o bom desempe- de Ética. Caberá a esta instituição criar a Comissão de Éti-
nho dela. ca e garantir o seu funcionamento, bem como fazer com
que seus funcionários obedeçam as diretivas éticas deles
Art. 7o Compete às Comissões de Ética de que tratam os esperadas.
incisos II e III do art. 2o:
I - atuar como instância consultiva de dirigentes e ser- Art. 9o Fica constituída a Rede de Ética do Poder Exe-
vidores no âmbito de seu respectivo órgão ou entidade; cutivo Federal, integrada pelos representantes das Comis-
II  -  aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor sões de Ética de que tratam os incisos I, II e III do art. 2o, com
Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo De- o objetivo de promover a cooperação técnica e a avaliação
creto n° 1.171, de 1994, devendo: em gestão da ética. 
a) submeter à Comissão de Ética Pública propostas para Parágrafo único. Os integrantes da Rede de Ética se reu-
seu aperfeiçoamento; nirão sob a coordenação da Comissão de Ética Pública, pelo
b) dirimir dúvidas a respeito da interpretação de suas menos uma vez por ano, em fórum específico, para avaliar
normas e deliberar sobre casos omissos; o programa e as ações para a promoção da ética na admi-
c) apurar, mediante denúncia ou de ofício, conduta em nistração pública. 
desacordo com as normas éticas pertinentes; e Um representante de cada Comissão de Ética comporá
d) recomendar, acompanhar e avaliar, no âmbito do ór- a Rede de Ética que se reunirão coordenados pela CEP, ao
gão ou entidade a que estiver vinculada, o desenvolvimento menos uma vez por ano, avaliando os programas e ações
de ações objetivando a disseminação, capacitação e treina- para a promoção da ética no serviço público.
mento sobre as normas de ética e disciplina;

14
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 10. Os trabalhos da CEP e das demais Comissões de § 5o Se a conclusão for pela existência de falta ética,
Ética devem ser desenvolvidos com celeridade e observância além das providências previstas no Código de Conduta da
dos seguintes princípios: Alta Administração Federal e no Código de Ética Profissio-
I - proteção à honra e à imagem da pessoa investigada; nal do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal,  as
II - proteção à  identidade  do  denunciante, que deverá Comissões de Ética tomarão as seguintes providências, no
ser mantida sob reserva, se este assim o desejar; e que couber:
III - independência e imparcialidade dos seus membros I - encaminhamento de sugestão de exoneração de car-
na apuração dos fatos, com as garantias asseguradas neste go ou função de confiança à autoridade hierarquicamente
Decreto.  superior ou devolução ao órgão de origem, conforme o caso;
A CEP e as demais Comissões de Ética devem desem- II - encaminhamento, conforme o caso, para a Contro-
penhar seus trabalhos de forma rápida e eficaz, garantindo ladoria-Geral da União ou unidade específica do Sistema de
que não seja revelada a identidade do denunciante e que Correição do Poder Executivo Federal de que trata o Decreto
seja preservada a honra e a imagem da pessoa investiga- n° 5.480, de 30 de junho de 2005, para exame de eventuais
da. No mais, seus membros deverão der independentes e transgressões disciplinares; e
imparciais. III - recomendação de abertura de procedimento admi-
nistrativo, se a gravidade da conduta assim o exigir. 
Art. 11. Qualquer cidadão, agente público, pessoa O artigo 12 delimita o procedimento que será seguido
jurídica de direito privado, associação ou entidade de em caso de denúncia por violação ao Código de Ética por
classe poderá provocar a atuação da CEP ou de Comissão um agente público.
de Ética, visando à apuração de infração ética imputada a
agente público, órgão ou setor específico de ente estatal.  Art. 13. Será mantido com a chancela de “reservado”,
Parágrafo único. Entende-se por agente público, para os até que esteja concluído, qualquer procedimento instaurado
fins deste Decreto, todo aquele que, por força de lei, contrato para apuração de prática em desrespeito às normas éticas. 
ou qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza perma- § 1o Concluída a investigação e após a deliberação da
nente, temporária, excepcional ou eventual, ainda que sem
CEP ou da Comissão de Ética do órgão ou entidade, os autos
retribuição financeira, a órgão ou entidade da administração
do procedimento deixarão de ser reservados. 
pública federal, direta e indireta. 
Trata-se de observância ao dever de proteção à honra
A sociedade tem o direito de denunciar condutas de
e à imagem da pessoa investigada.
violação ao Código de Ética perante a CEP ou a respectiva
§ 2o Na hipótese de os autos estarem instruídos com
Comissão de Ética. Será denunciado todo agente público
documento acobertado por sigilo legal, o acesso a esse tipo
que violar o Código de Ética, sendo agente público aquele
de documento somente será permitido a quem detiver igual
que por qualquer ato jurídico, independente da força do
direito perante o órgão ou entidade originariamente encar-
vínculo sob o aspecto temporal e da existência de retribui-
ção financeira, desempenhe funções em órgão ou entidade regado da sua guarda. 
da administração pública federal, direta ou indireta. Determinados documentos serão sigilosos não pela re-
gra deste decreto, mas por alguma legislação específica de
Art. 12. O processo de apuração de prática de ato em maior força. No caso, será preciso que aquele que pretenda
desrespeito ao preceituado no Código de Conduta da Alta o acesso tenha igual direito de guarda do órgão inicial-
Administração Federal e no Código de Ética Profissional do mente encarregado.
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal será ins- § 3o Para resguardar o sigilo de documentos que assim
taurado, de ofício ou em razão de denúncia fundamentada, devam ser mantidos, as Comissões de Ética, depois de con-
respeitando-se, sempre, as garantias do contraditório e da cluído o processo de investigação, providenciarão para que
ampla defesa, pela Comissão de Ética Pública ou Comissões tais documentos sejam desentranhados dos autos, lacrados
de Ética de que tratam o incisos II e III do art. 2º, conforme e acautelados. 
o caso, que notificará o investigado para manifestar-se, por Visa manter o sigilo de documentos que devam conti-
escrito, no prazo de dez dias.  nuar sigilosos após o término da investigação.
§ 1o O investigado poderá produzir prova documental
necessária à sua defesa.  Art. 14. A qualquer pessoa que esteja sendo investigada
§ 2o As Comissões de Ética poderão requisitar os docu- é assegurado o direito de saber o que lhe está sendo im-
mentos que entenderem necessários à instrução probatória putado, de conhecer o teor da acusação e de ter vista dos
e, também, promover diligências e solicitar parecer de espe- autos, no recinto das Comissões de Ética, mesmo que ainda
cialista.  não tenha sido notificada da existência do procedimento in-
§ 3o Na hipótese de serem juntados aos autos da inves- vestigatório. 
tigação, após a manifestação referida no caput deste artigo, Parágrafo único. O direito assegurado neste artigo inclui
novos elementos de prova, o investigado será notificado para o de obter cópia dos autos e de certidão do seu teor. 
nova manifestação, no prazo de dez dias.  Trata-se de especificação do modo de exercício do di-
§ 4o Concluída a instrução processual, as Comissões de reito ao contraditório e à ampla defesa, ou seja, do direito
Ética proferirão decisão conclusiva e fundamentada.  do devido processo legal.

15
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 15. Todo ato de posse, investidura em função pública Art. 18. As decisões das Comissões de Ética, na análise de
ou celebração de contrato de trabalho, dos agentes públicos qualquer fato ou ato submetido à sua apreciação ou por ela
referidos no parágrafo único do art. 11, deverá ser acom- levantado, serão resumidas em ementa e, com a omissão
panhado da prestação de compromisso solene de acata- dos nomes dos investigados, divulgadas no sítio do próprio
mento e observância das regras estabelecidas pelo Código órgão, bem como remetidas à Comissão de Ética Pública. 
de Conduta da Alta Administração Federal, pelo Código de
Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Execu- Art. 19. Os trabalhos nas Comissões  de Ética de que tra-
tivo Federal e pelo Código de Ética do órgão ou entidade, tam os incisos II e III do art. 2o são considerados relevantes e
conforme o caso.  têm prioridade sobre as atribuições próprias dos cargos
Parágrafo  único.  A posse em cargo ou função pública dos seus membros, quando estes não atuarem com exclusi-
que submeta a autoridade às normas do Código de Conduta vidade na Comissão. 
da Alta Administração Federal deve ser precedida de con- Se os membros atuarem em outra função além da de-
sulta da autoridade à Comissão de Ética Pública, acerca de sempenhada na Comissão, sempre terá prioridade a função
situação que possa suscitar conflito de interesses.  da Comissão.
Sempre que um agente público assumir o compromis-
so de exercer determinada função pública deverá prestar Art. 20. Os órgãos e entidades da Administração Públi-
outro compromisso, qual seja o de respeitar o Código de ca Federal darão tratamento prioritário às solicitações de
Ética vigente para a instituição a qual esteja vinculado. documentos necessários à instrução dos procedimentos
A CEP deverá ser consultada a respeito de possíveis de investigação instaurados pelas Comissões de Ética. 
conflitos de interesses quando da posse em cargo ou fun- § 1o Na hipótese de haver inobservância do dever funcio-
ção pública perante a alta administração federal, sujeita a nal previsto no caput, a Comissão de Ética adotará as provi-
Código de Ética específico. dências previstas no inciso III do § 5o do art. 12. 
§ 2o As autoridades competentes não poderão alegar si-
Art. 16. As Comissões de Ética não poderão escusar-se gilo para deixar de prestar informação solicitada pelas Co-
de proferir decisão sobre matéria de sua competência missões de Ética. 
alegando omissão do Código de Conduta da Alta Adminis- O artigo 20 especifica o dever de prestar informações
tração Federal, do Código de Ética Profissional do Servidor às Comissões de Ética quando elas solicitarem. É preciso
Público Civil do Poder Executivo Federal ou do Código de priorizar o fornecimento de informações e não é possível
Ética do órgão ou entidade, que, se existente, será suprida se esquivar deste dever sob o argumento do sigilo.
pela analogia e invocação aos princípios da legalidade, im-
pessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.  Art. 21. A infração de natureza ética cometida por
Artigo importante porque deixa claro que a omissão membro de Comissão de Ética de que tratam os incisos II e
dos Códigos de Ética não significa que a prática seja auto- III do art. 2o será apurada pela Comissão de Ética Pública. 
rizada, cabendo decidir conforme analogia e princípios da A CEP apurará infrações ao Código de Ética cometida
administração pública (artigo 37, caput). pelos membros de Comissões de Ética. A razão do dispo-
§ 1o Havendo dúvida quanto à legalidade, a Comissão sitivo é evitar a impunidade destes que desempenham a
de Ética competente deverá  ouvir previamente a área jurídi- função de fiscalizar o cumprimento do Código de Ética no
ca do órgão ou entidade. âmbito da instituição a que esteja vinculado.
§ 2o Cumpre à CEP responder a consultas sobre aspectos
éticos que lhe forem dirigidas pelas demais Comissões de Art. 22. A Comissão de Ética Pública manterá banco de
Ética e pelos órgãos e entidades que integram o Executivo dados de sanções aplicadas pelas Comissões de Ética de
Federal, bem como pelos cidadãos e servidores que venham que tratam os incisos II e III do art. 2o e de suas próprias
a ser indicados para ocupar cargo ou função abrangida pelo sanções, para fins de consulta pelos órgãos ou entidades da
Código de Conduta da Alta Administração Federal.  administração pública federal, em casos de nomeação para
O §2° especifica uma função de consultoria da CEP pe- cargo em comissão ou de alta relevância pública. 
rante as demais Comissões de Ética, os órgãos do Executivo Parágrafo único. O banco de dados referido neste artigo
federal e os servidores que venham a ocupar cargo na alta engloba as sanções aplicadas a qualquer dos agentes públicos
administração. mencionados no parágrafo único do art. 11 deste Decreto. 
Art. 17. As Comissões de Ética, sempre que constatarem O banco de dados visa evitar que alguém que tenha co-
a possível ocorrência de ilícitos penais, civis, de improbida- metido violação ao Código de Ética seja nomeado para car-
de administrativa ou de infração disciplinar, encaminharão go em comissão ou de alta relevância pública.
cópia dos autos às autoridades competentes para apu-
ração de tais fatos, sem prejuízo das medidas de sua com- Art. 23. Os representantes das Comissões de Ética de que
petência.  tratam os incisos II e III do art. 2o atuarão como elementos
A competência das Comissões de Ética é limitada, in- de ligação com a CEP, que disporá em Resolução própria
clusive sob o aspecto da aplicação de sanções: somente sobre as atividades que deverão desenvolver para o cumpri-
podem advertir o servidor. Caso a prática seja mais grave, mento desse mister. 
cabe o encaminhamento de cópias à autoridade compe- Art. 24. As normas do Código de Conduta da Alta Ad-
tente para apuração. ministração Federal, do Código de Ética Profissional do Ser-

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

vidor Público Civil do Poder Executivo Federal e do Código I. Fernanda, servidora pública civil do Poder Executivo Fe-
de Ética do órgão ou entidade aplicam-se, no que couber, deral, tem sido vista embriagada, habitualmente, em diversos
às autoridades e agentes públicos neles referidos, mesmo locais públicos, como eventos, festas e reuniões.
quando em gozo de licença.  II. Maria, também servidora pública civil do Poder Execu-
tivo Federal, alterou o teor de documentos que deveria enca-
Art. 25. Ficam revogados os incisos XVII, XIX, XX, XXI, minhar para providências.
XXIII e XXV do Código de Ética Profissional do Servidor Pú- Nos termos do Decreto n° 1.171/1994,
blico Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto a) ambas as servidoras públicas não se sujeitam às dispo-
no 1.171, de 22 de junho de 1994, os arts. 2o e 3o do Decreto sições previstas no Decreto n° 1.171/1994.
de 26 de maio de 1999, que cria a Comissão de Ética Pública, b) apenas o fato descrito no item II constitui vedação ao
e os Decretos de 30 de agosto de 2000 e de 18 de maio de servidor público; o fato narrado no item I não implica veda-
2001, que dispõem sobre a Comissão de Ética Pública.  ção, vez que a lei veda embriaguez apenas no local do serviço.
Como o Decreto n° 6.029/07 especifica o tratamento c) apenas o fato descrito no item I constitui vedação ao
das violações aos Códigos de Ética, alguns dispositivos do servidor público, desde que ele seja efetivo.
Decreto n° 1.171/94 se tornaram desnecessários, sendo as- d) ambos os fatos não constituem vedações ao servidor
sim revogados. público, embora possam ter implicações em outras searas do
Direito.
EXERCÍCIOS e) ambos os fatos constituem vedações ao servidor pú-
blico.
1. (UERN - Agente Técnico Administrativo - CES-
PE/2010) Carlos, servidor público, excede-se na bebida 4. (INSS - Perito Médico Previdenciário - FCC/2012)
aos fins de semana, quando costuma frequentar bares e Nos termos do Decreto n° 1.171/1994, a pena aplicável ao
casas noturnas de sua localidade. Nessas ocasiões, Carlos servidor público pela Comissão de Ética é a de censura e sua
costuma falar palavras de baixo calão, fazer gestos obsce- fundamentação
nos e dirigir impropérios contra a vida conjugal de seus a) não é necessária para a aplicação da pena; no entanto,
colegas de trabalho. Diante da situação hipotética acima e exige-se ciência do faltoso.
considerando a regulamentação ética do serviço público, b) constará do respectivo parecer, assinado por todos os
assinale a opção correta. seus integrantes, com ciência do faltoso.
a) Os excessos cometidos por Carlos referem-se aos c) constará do respectivo parecer, assinado apenas pelo
períodos de folga e fora de seu local de trabalho, portanto Presidente da Comissão, com ciência do faltoso.
não afetam o serviço público. d) não é necessária para a aplicação da pena, sendo dis-
b) Embora não haja nenhuma disposição no Código de pensável também a ciência do faltoso.
Ética do Servidor Público quanto aos excessos cometidos e) constará do respectivo parecer, assinado apenas pelo
por Carlos, ele praticou o crime de difamação contra seus Presidente da Comissão, sendo dispensável a ciência do fal-
colegas, podendo, em razão, disso, ser por estes processado. toso.
c) O problema de Carlos é a propensão ao alcoolismo.
Isso não é crime nem imoralidade, pois se trata de um dis- 5. (ANP - Técnico Administrativo - CESGRAN-
túrbio que deve ser devidamente tratado no Sistema Único RIO/2008) Qual das afirmações a seguir está em DESACOR-
de Saúde. DO, com o Código de Ética, Decreto nº 1.171, de 22 de junho
d) Ao prejudicar deliberadamente a reputação de seus de 1994, incluídas suas alterações posteriores, e com a Cons-
colegas e apresentar-se embriagado com habitualidade, tituição Federal de 1988?
Carlos viola as disposições do Código de Ética do Servidor a) O trabalho de uma comissão de ética pública deve ser
Público. pautado pelos princípios constitucionais da administração
e) Carlos poderá ser exonerado do serviço público pe- pública, pelos princípios legais atinentes aos processos admi-
las práticas dos crimes de atentado violento ao pudor e nistrativos e pelos princípios específicos de sua norma regula-
calúnia. mentar constituitiva, dentre outros.
b) O Código de Ética dispõe que deve haver tratamento
2. (DPE-SP - Agente de Defensoria - FCC/2010) O cortês e com boa vontade aos administrados.
servidor público quando instado pela legislação a atuar de c) O Código de Ética é aplicável não somente aos servido-
forma ética, não tem que decidir somente entre o que é res públicos, mas também àqueles que sejam, de alguma for-
legal e ilegal, mas, acima de tudo entre o que é ma, ligados ao órgão federal, mesmo que excepcionalmente.
a) oportuno e inoportuno. d) Uma comissão de ética pública, após a devida instru-
b) conveniente e inconveniente. ção preliminar, pode decidir pela pena de suspensão de um
c) honesto e desonesto. servidor, por falta de urbanidade.
d) público e privado. e) Um cidadão pode dirigir uma petição, com reclama-
e) bom e ruim. ção sobre falta de urbanidade no tratamento recebido em
3. (INSS - Perito Médico Previdenciário - FCC/2012) órgão federal
Considere duas hipóteses: 6. (CGU - Analista de Finanças e Controle - Área
Correição - ESAF/2006) Para os fins do Código de Con-

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

duta do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do
entende-se por servidor público: Poder Executivo Federal.
I. os servidores públicos titulares de cargo efetivo. a) As ações de ética não devem guardar correlação
II. os titulares de cargo em comissão. com outros procedimentos administrativos da organiza-
III. os empregados de sociedades de economia mista. ção, como, por exemplo, a promoção de servidores.
IV. os que, temporariamente, prestam serviços à Admi- b) Para fins de apuração de comprometimento ético
nistração Pública Federal, desde que mediante retribuição entende-se como servidor apenas o concursado, mesmo
financeira. que ainda não estável.
Estão corretos os itens: c) A comissão de ética deve ser formada, preferencial-
a) I, II, III e IV mente, pelos dirigentes da organização.
b) II, III e IV d) À comissão de ética é vedado fornecer informações
c) I, III e IV acerca dos registros da conduta ética dos servidores.
d) I, II e IV e) Qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições
e) I, II e III delegadas pelo poder público deverá criar uma comissão
de ética.
7. (CGU - Analista de Finanças e Controle - Área
Correição - ESAF/2006) De acordo com o Código de Ética 10. (INSS - Perito Médico Previdenciário - FCC/2012)
Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Manoel, servidor público civil do Poder Executivo Federal,
Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171, de 22.6.1994, é está sendo investigado para apuração de eventual infração
vedado ao servidor público: ética. Nos termos do Decreto no 6.029/2007, Manoel tem o
I. receber gratificação financeira para o cumprimento direito de saber o que lhe está sendo imputado, de conhe-
de sua missão. cer o teor da acusação e de ter vista dos autos,
II. ser sócio de empresa que explore jogos de azar não- a) no recinto da Comissão de Ética, mesmo que ainda
-autorizados. não tenha sido notificado da existência do procedimento
investigatório.
III. informar, a um seu amigo de muitos anos, do co-
b) no recinto da Comissão de Ética, porém, apenas se
nhecimento que teve, em razão das funções, de uma mi-
tiver sido devidamente notificado da existência do proce-
nuta de medida provisória que, quando publicada, afetará
dimento investigatório.
substancialmente as aplicações financeiras desse amigo.
c) dentro ou fora da Comissão de Ética, mesmo que
IV. permitir que simpatias ou antipatias interfiram no
ainda não tenha sido notificado da existência do procedi-
trato com o público.
mento investigatório.
V. ser, em função do seu espírito de solidariedade, co-
d) dentro ou fora da Comissão de Ética, porém, apenas
nivente com seu colega de trabalho que cometeu infração
se tiver sido devidamente notificado da existência do pro-
de natureza ética. cedimento investigatório.
Estão corretas: e) no recinto da Comissão de Ética, não estando, no
a) apenas as afirmativas I, II, IV e V entanto, incluído em tal direito o de obter cópia dos autos.
b) as afirmativas I, II, III, IV e V.
c) apenas as afirmativas I, II, III, e V. 11. (INSS - Perito Médico Previdenciário - FCC/2012)
d) apenas as afirmativas I, II e V. No que concerne à Comissão de Ética Pública – CEP, con-
e) apenas as afirmativas I e II. soante as disposições previstas no Decreto nº 6.029/2007,
pode-se afirmar que
8. (ADASA - Advogado - FUNIVERSA/2009) O De- a) contará com uma Secretaria-Executiva, vinculada ao
creto nº 1.171/1994, que cria o Código de Ética do Servi- Ministério da Justiça, à qual competirá prestar o apoio téc-
dor Público Civil, prevê a constituição de uma comissão de nico e administrativo aos trabalhos da Comissão.
ética a fim de implementar as novas disposições a serem b) seus integrantes serão designados para mandatos
observadas. Acerca dessa comissão, assinale a alternativa de três anos, não coincidentes, sendo vedada recondução.
correta. c) a atuação no âmbito da CEP enseja remuneração a
a) Será integrada apenas por servidores públicos. seus membros e os trabalhos nela desenvolvidos são con-
b) Será integrada por servidores de carreira. siderados prestação de relevante serviço público.
c) Será integrada por três servidores ou empregados d) compete-lhe, dentre outras atribuições, dirimir dúvi-
titulares de cargo efetivo. das a respeito de interpretação das normas do Código de
d) Será integrada por três empregados com mais cinco Conduta da Alta Administração Federal, deliberando sobre
anos no cargo. casos omissos.
e) Será integrada por três servidores com mais de cinco e) deve observar, dentre outros princípios, a proteção
anos no cargo. à identidade do denunciante, que deverá sempre ser man-
tida sob reserva.

9. (DPU - Agente Administrativo - CESPE/2010) As- 12. (INSS - Perito Médico Previdenciário - FCC/2012)
sinale a opção correta acerca da comissão de ética prevista Nos termos do Decreto no 6.029/2007, o procedimento

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

para a apuração de infração ética deve ser mantido com RESPOSTAS


a chancela de “reservado”. Sobre o prazo em que deve ser
mantida tal chancela, pode-se afirmar que 1. Resposta: “D”.
a) após a apresentação da defesa pelo investigado, é Nos termos do inciso VI do Decreto n° 1.171/94, “a
possível a supressão da chancela de “reservado”. função pública deve ser tida como exercício profissional
b) é possível que, a qualquer momento, ainda que antes e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor
da conclusão do procedimento, seja retirada tal chancela. público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do
c) a condição de reservado deve ser mantida até a con- dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou dimi-
clusão do procedimento e deliberação da respectiva Comis- nuir o seu bom conceito na vida funcional”. Embriagar-se,
são de Ética do órgão ou entidade ou da CEP. comportar-se de maneira inadequada, independentemen-
d) tal condição deve ser mantida até a conclusão do te do horário, é algo que compromete a instituição, sen-
procedimento, independentemente de qualquer delibera- do assim uma atitude antiética. Tanto é que as atitudes de
ção da respectiva Comissão de Ética do órgão ou entidade Carlos se encontram entre as proibições estabelecidas pelo
ou da CEP. Código de Ética no inciso XV: “f) permitir que persegui-
e) após concluída a fase probatória, é possível a supres- ções, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses
são da chancela de “reservado”. de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com
os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierar-
13. (FINEP - Técnico - Suporte Técnico - CESGRAN- quicamente superiores ou inferiores; [...] n) apresentar-se
RIO/2011) O Sistema de Gestão da Ética do Poder Executi- embriagado no serviço ou fora dele habitualmente; o) dar
vo Federal, instituído pelo Decreto n° 6.029, de 2007, o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a
a) tem por finalidade promover atividades que dispõem moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana”.
sobre a conduta ética no âmbito do Poder Executivo Fede-
ral, Estadual e Municipal. 2. Resposta: “C”.
b) visa a contribuir para a implementação de políticas É o que destaca o inciso II do Decreto n° 1.171/94: “O
públicas na área da ética e da moralidade, no âmbito dos servidor público não poderá jamais desprezar o elemento
três poderes. ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente
c) é constituído pela Comissão de Ética Pública (CEP) entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente
e pelas Comissões de Ética e equivalentes dos respectivos e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas prin-
órgãos do Poder Executivo Federal. cipalmente entre o honesto e o desonesto, consoante
d) busca implementar a integração de normas e proce- as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição
dimentos técnicos de gestão relativos à ética pública, de- Federal”.
vendo reunir-se duas vezes por ano para apreciar processos
controversos. 3. Resposta: “E”.
e) encontra-se vinculado à Comissão de Ética do Poder Nos termos do inciso I do Decreto, “a dignidade, o
Legislativo, que detém a competência para fiscalizar a mo- decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios
ralidade administrativa dos atos do Poder Executivo Federal. morais são primados maiores que devem nortear o ser-
vidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou
14. (MTur - Agente Administrativo - FUNIVER- fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio
SA/2010) Em relação ao Código de Ética Profissional do poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, de que direcionados para a preservação da honra e da tradição
tratam o Decreto n.º 1.171/1994 e o Decreto n.º 6.029/2007, dos serviços públicos”. Ambas condutas violam estes prin-
assinale a alternativa correta. cípios, uma dentro do espaço de trabalho e outra fora dele,
a) Se um servidor houver de avaliar a prática de ato ine- de forma que ambas se sujeitam ao Decreto n° 1.171/92.
rente à sua função e verificar que se trata de ato legal e
oportuno, saberá que, automaticamente, terá sido atendido 4. Resposta: “B”.
o elemento ético do ato. Neste sentido, o inciso XXII: “a pena aplicável ao ser-
b) Apesar de relevante, o componente da moralidade vidor público pela Comissão de Ética é a de censura e sua
do ato administrativo está fora do universo da legalidade; é fundamentação constará do respectivo parecer, assinado
aspecto extralegal do ato. por todos os seus integrantes, com ciência do faltoso”.
c) Para que um ato atenda aos princípios éticos, não
basta levar em conta o aspecto da economicidade. 5. Resposta: “D”.
d) Em virtude da proteção constitucional à privacidade, A única pena que pode ser aplicada pela Comissão de
os atos da vida particular do servidor público não devem ser Ética é a de censura (inciso XXII).
considerados para nenhum efeito funcional.
e) A fim de preservar as pessoas envolvidas e os legí- 6. Resposta: “E”.
timos interesses do poder público, os atos administrativos, Neste sentido: “XXIV - Para fins de apuração do com-
em princípio, não devem ser divulgados. prometimento ético, entende-se por servidor público todo
aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato
jurídico, preste serviços de natureza permanente, tempo-

19
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

rária ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira, 11. Resposta: “D”.
desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão Estabelece o artigo 4º: “À CEP compete: [...] II - admi-
do poder estatal, como as autarquias, as fundações públi- nistrar a aplicação do Código de Conduta da Alta Adminis-
cas, as entidades paraestatais, as empresas públicas e as tração Federal, devendo: [...] b) dirimir dúvidas a respeito
sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde de interpretação de suas normas, deliberando sobre casos
prevaleça o interesse do Estado”. O erro quanto ao IV é que omissos [...]”.
a retribuição financeira é dispensável.
12. Resposta: “C”.
7. Resposta: “B”. Prevê o artigo 13: “Será mantido com a chancela de ‘re-
São todas vedações previstas no inciso XV, respectiva- servado’, até que esteja concluído, qualquer procedimen-
mente, nas alíneas g, o, m, f e c: “g) pleitear, solicitar, pro- to instaurado para apuração de prática em desrespeito às
vocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, normas éticas”.
gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de
qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, 13. Resposta: “C”.
para o cumprimento da sua missão ou para influenciar ou- Estabelece o artigo 2º: “Integram o Sistema de Gestão
tro servidor para o mesmo fim; o) dar o seu concurso a da Ética do Poder Executivo Federal: I - a Comissão de Ética
qualquer instituição que atente contra a moral, a hones- Pública - CEP, instituída pelo Decreto de 26 de maio de
tidade ou a dignidade da pessoa humana; m) fazer uso de 1999; II - as Comissões de Ética de que trata o Decreto nº
informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de 1.171, de 22 de junho de 1994; e III - as demais Comissões
seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos de Ética e equivalentes nas entidades e órgãos do Poder
ou de terceiros; f) permitir que perseguições, simpatias, Executivo Federal”.
antipatias, caprichos, paixões ou interesses de ordem pes-
soal interfiram no trato com o público, com os jurisdicio- 14. Resposta: “C”.
nados administrativos ou com colegas hierarquicamente A economicidade é apenas um dos aspectos do ato ad-
superiores ou inferiores; c) ser, em função de seu espírito ministrativo, ora associada ao princípio da eficiência. Por tal
de solidariedade, conivente com erro ou infração a este princípio, a eficiência do serviço deve estar associada não
Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão”. só à economicidade, mas também à produtividade.

8. Resposta: “C”.
Destaca-se o artigo 2º do Decreto: “Os órgãos e enti-
dades da Administração Pública Federal direta e indireta
implementarão, em sessenta dias, as providências necessá-
rias à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante
a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integrada
por três servidores ou empregados titulares de cargo
efetivo ou emprego permanente”.

9. Resposta: “E”.
Trata-se da previsão do artigo 2º, caput, do Decreto
nº 1.171/94: “Os órgãos e entidades da Administração
Pública Federal direta e indireta implementarão, em ses-
senta dias, as providências necessárias à plena vigência do
Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da res-
pectiva Comissão de Ética, integrada por três servidores ou
empregados titulares de cargo efetivo ou emprego perma-
nente”. Assim, em todos os órgãos e entidades vinculadas
ao poder público, mesmo que façam parte da administra-
ção indireta, deve ser instituída uma Comissão de Ética.

10. Resposta: “A”.


Nos termos do art. 14, “a qualquer pessoa que esteja
sendo investigada é assegurado o direito de saber o que
lhe está sendo imputado, de conhecer o teor da acusação
e de ter vista dos autos, no recinto das Comissões de Ética,
mesmo que ainda não tenha sido notificada da existência
do procedimento investigatório. Parágrafo único. O direito
assegurado neste artigo inclui o de obter cópia dos autos e
de certidão do seu teor”.

20
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

ANOTAÇÕES

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REGIME JURÍDICO ÚNICO

1 Lei 8.112/1990 e alterações, direitos e deveres do Servidor Público. ............................................................................................. 01


2 O servidor público como agente de desenvolvimento social. ........................................................................................................... 35
3 Saúde e qualidade de vida no serviço público.......................................................................................................................................... 35
REGIME JURÍDICO ÚNICO

Capítulo I
1 LEI 8.112/1990 E Do Provimento
ALTERAÇÕES, DIREITOS E DEVERES DO
SERVIDOR PÚBLICO. Segundo Hely Lopes Meirelles1, provimento “é o
ato pelo qual se efetua o preenchimento do cargo pú-
blico, com a designação de seu titular”, podendo ser
REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CI- originário ou inicial se o agente não possui vinculação
VIS DA UNIÃO (LEI Nº 8.112/1990 E SUAS ALTERAÇÕES) anterior com a Administração Pública; ou derivado, que
pressupõe a existência de um vínculo com a Adminis-
Das Disposições Preliminares tração, o qual pode ser horizontal, sem ascensão na car-
reira, ou vertical, com ascensão na carreira.
Título I
Capítulo Único Seção I
Das Disposições Preliminares Disposições Gerais

Art. 1o  Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Art. 5o  São requisitos básicos para investidura em car-
Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime go público:
especial, e das fundações públicas federais. I - a nacionalidade brasileira;
Nacional é o que possui vínculo político-jurídico com
Art. 2o  Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legal- um Estado, fazendo parte de seu povo na qualidade de ci-
mente investida em cargo público. dadão.
Art. 3o  Cargo público é o conjunto de atribuições e respon- II - o gozo dos direitos políticos;
sabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser Direitos políticos são os direitos garantidos ao cida-
cometidas a um servidor. dão que envolvem sua participação direta ou indireta nas
Parágrafo único.  Os cargos públicos, acessíveis a todos os
decisões políticas do Estado. No Brasil, se encontram nos
brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e ven-
artigos 14 e 15 da Constituição Federal.
cimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter
efetivo ou em comissão.
III - a quitação com as obrigações militares e eleito-
rais;
Art. 4o  É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do
casos previstos em lei.
cargo;
Por regime jurídico dos servidores deve-se entender o con-
junto de regras referentes a todos os aspectos da relação entre Ensino fundamental, ensino médio ou ensino superior,
o servidor público e a Administração. Envolve tanto questões conforme a complexidade das funções do cargo.
inerentes à ocupação do cargo quanto direitos e deveres, entre
outras. V - a idade mínima de dezoito anos;
Aplica-se na esfera federal, tanto para a Administração dire- VI - aptidão física e mental.
ta quanto para a indireta. § 1o  As atribuições do cargo podem justificar a exigên-
A lei criará o cargo público, que poderá ser efetivo, caso em cia de outros requisitos estabelecidos em lei.
que o ingresso se dará mediante concurso, ou em comissão, P. ex., 3 anos de atividade jurídica para cargos de mem-
quando por uma relação de confiança o superior puder nomear bros do Ministério Público ou da Magistratura.
seus funcionários enquanto estiver ocupando aquela posição de
chefia. § 2o  Às pessoas portadoras de deficiência é assegu-
Todo serviço público será remunerado pelos cofres públicos. rado o direito de se inscrever em concurso público para pro-
vimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão
Substituição reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas
no concurso.
Título II Cotas para deficientes.
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e
Substituição § 3o  As universidades e instituições de pesquisa cientí-
fica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com
Basicamente, provimento é a ocupação do cargo por professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo
uma pessoa, transformando-a em servidora pública; en- com as normas e os procedimentos desta Lei.
quanto vacância é o que se dá quando um cargo fica livre;
remoção é o deslocamento do servidor; redistribuição é o Exceção ao inciso I do art. 5°.
deslocamento de um cargo para outro órgão; substituição
é a mudança de uma pessoa que está ocupando cargo de 1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasi-
chefia ou direção por outra. leiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

1
REGIME JURÍDICO ÚNICO

Art. 6o  O provimento dos cargos públicos far-se-á me- Art. 12.  O concurso público terá validade de até 2
diante ato da autoridade competente de cada Poder. (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por
igual período.
Art. 7o  A investidura em cargo público ocorrerá com a § 1o  O prazo de validade do concurso e as condições
posse. de sua realização serão fixados em edital, que será publica-
Por investidura entende-se a instalação formal em um do no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande
cargo público, o que se dará quando a pessoa for empos- circulação.
sada. § 2o  Não se abrirá novo concurso enquanto houver
candidato aprovado em concurso anterior com prazo de va-
Art. 8o  São formas de provimento de cargo público: lidade não expirado.
I - nomeação; No concurso de provas o candidato é avaliado ape-
II - promoção; nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
III e IV - (Revogados) concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
V - readaptação; atividade profissional também é considerado.
VI - reversão; O edital delimita questões como valor da taxa de ins-
VII - aproveitamento; crição, casos de isenção, número de vagas e prazo de va-
VIII - reintegração; lidade.
IX - recondução.
Detalhes adiante. Seção IV
Da Posse e do Exercício
Seção II
Da Nomeação Art. 13.  A posse dar-se-á pela assinatura do respecti-
vo termo, no qual deverão constar as atribuições, os deve-
Art. 9o  A nomeação far-se-á: res, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado
ocupado, que não poderão ser alterados unilateralmente,
de provimento efetivo ou de carreira;
por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício pre-
II - em comissão, inclusive na condição de interino, para
vistos em lei.
cargos de confiança vagos. 
§ 1o  A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados
Parágrafo único.  O servidor ocupante de cargo em co-
da publicação do ato de provimento.
missão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter
§ 2o  Em se tratando de servidor, que esteja na data de
exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem
publicação do ato de provimento, em licença prevista nos
prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese
em que deverá optar pela remuneração de um deles duran- incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos
te o período da interinidade. incisos I, IV, VI, VIII, alíneas «a», «b», «d», «e» e «f», IX e X do
O cargo em comissão é temporário e não depende de art. 102, o prazo será contado do término do impedimento.
concurso público. Se o servidor for nomeado para outro car- § 3o  A posse poderá dar-se mediante procuração es-
go em comissão poderá exercer ambos de maneira interina pecífica.
(temporária), mas somente poderá receber remuneração § 4o  Só haverá posse nos casos de provimento de car-
por um deles, o que optar. go por nomeação.
§ 5o  No ato da posse, o servidor apresentará decla-
Art. 10.  A nomeação para cargo de carreira ou cargo ração de bens e valores que constituem seu patrimônio e
isolado de provimento efetivo depende de prévia habilitação declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, em-
em concurso público de provas ou de provas e títulos, obe- prego ou função pública.
decidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade. § 6o  Será tornado sem efeito o ato de provimento se
Parágrafo único.  Os demais requisitos para o ingresso a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo.
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante pro- O termo de posse é dotado de conteúdo específico. É
moção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do possível tomar posse mediante procuração específica. Não
sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus há posse nos cargos em comissão. A declaração de bens e
regulamentos. valores visa permitir a verificação da situação financeira do
servidor, de forma a perceber se ele enriqueceu despropor-
Seção III cionalmente durante o exercício do cargo.
Do Concurso Público
Art. 14.  A posse em cargo público dependerá de prévia
Art. 11.  O concurso será de provas ou de provas e títu- inspeção médica oficial.
los, podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispu- Parágrafo único.  Só poderá ser empossado aquele que
serem a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira, for julgado apto física e mentalmente para o exercício do
condicionada a inscrição do candidato ao pagamento do va- cargo.
lor fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio, e
ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente pre- Art. 15.  Exercício é o efetivo desempenho das atribui-
vistas. ções do cargo público ou da função de confiança.

2
REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 1o  É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em Art. 20.  Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
cargo público entrar em exercício, contados da data da posse.  para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio
§ 2o  O servidor será exonerado do cargo ou será tornado probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, duran-
sem efeito o ato de sua designação para função de confiança, se te o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de ava-
não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observa- liação para o desempenho do cargo, observados os seguinte
do o disposto no art. 18.  fatores: 
§ 3o  À autoridade competente do órgão ou entidade para I - assiduidade;
onde for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe II - disciplina;
exercício.  III - capacidade de iniciativa;
§ 4o  O início do exercício de função de confiança coincidirá IV - produtividade;
com a data de publicação do ato de designação, salvo quan- V - responsabilidade.
do o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro § 1o  4 (quatro) meses antes de findo o período do es-
motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o tágio probatório, será submetida à homologação da autori-
término do impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da dade competente a avaliação do desempenho do servidor,
publicação.  realizada por comissão constituída para essa finalidade, de
Nota-se que para as funções em confiança não há prazo de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da res-
15 dias da posse, até mesmo porque ela não existe nestas fun- pectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de
ções. Então, o prazo para exercício será o do dia da publicação do apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do caput
ato de designação. deste artigo.
§ 2o   O servidor não aprovado no estágio probatório
Art. 16.  O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo an-
exercício serão registrados no assentamento individual do servidor. teriormente ocupado, observado o disposto no parágra-
Parágrafo único.  Ao entrar em exercício, o servidor apresenta- fo único do art. 29.
rá ao órgão competente os elementos necessários ao seu assenta- § 3o  O servidor em estágio probatório poderá exercer
mento individual. quaisquer cargos de provimento em comissão ou fun-
ções de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou
Art. 17.  A promoção não interrompe o tempo de exercício, entidade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro
que é contado no novo posicionamento na carreira a partir da órgão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Espe-
data de publicação do ato que promover o servidor. cial, cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção
Na promoção não há nova posse. Então, o servidor não tem e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou
15 dias para entrar em exercício, o fazendo no dia da publicação equivalentes. 
do ato. § 4o  Ao servidor em estágio probatório somente pode-
rão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos
Art. 18.  O servidor que deva ter exercício em outro município nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afasta-
em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, ce- mento para participar de curso de formação decorrente de
dido ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, aprovação em concurso para outro cargo na Administração
no máximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, Pública Federal.
para a retomada do efetivo desempenho das atribuições do cargo, § 5o  O estágio probatório ficará suspenso durante as
incluído nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86
a nova sede. e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de
§ 1o  Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou formação, e será retomado a partir do término do impedi-
afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será con- mento. 
tado a partir do término do impedimento.
§ 2o  É facultado ao servidor declinar dos prazos estabeleci- Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci-
dos no caput. plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen-
Se o servidor estava em exercício em outro município e é tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a
convocado por publicação para retomar a posição superior tem norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo
um prazo entre 10 e 30 dias, dos quais pode desistir, se quiser. que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos-
to no artigo 41 da Constituição Federal:
Art. 19.  Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada
em razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respei- Art. 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo exer-
tada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas cício os servidores nomeados para cargo de provimento
e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito efetivo em virtude de concurso público.
horas diárias, respectivamente.  § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
§ 1o  O ocupante de cargo em comissão ou função de con- I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
fiança submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, ob- II - mediante processo administrativo em que lhe seja
servado o disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que assegurada ampla defesa;
houver interesse da Administração. III - mediante procedimento de avaliação periódica de
§ 2o  O disposto neste artigo não se aplica a duração de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
trabalho estabelecida em leis especiais. ampla defesa.

3
REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser- Seção VIII


vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante Da Reversão
da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem
direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou pos- Art. 25.  Reversão é o retorno à atividade de servidor apo-
to em disponibilidade com remuneração proporcional ao sentado: 
tempo de serviço. I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar in-
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, subsistentes os motivos da aposentadoria; ou 
o servidor estável ficará em disponibilidade, com remune- II - no interesse da administração, desde que: 
ração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado a) tenha solicitado a reversão; 
aproveitamento em outro cargo. b) a aposentadoria tenha sido voluntária; 
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, c) estável quando na atividade;
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co- d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos ante-
missão instituída para essa finalidade. riores à solicitação; 
e) haja cargo vago.
Seção V § 1o  A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo re-
Da Estabilidade sultante de sua transformação.
§ 2o  O tempo em que o servidor estiver em exercício será
Art. 21.  O servidor habilitado em concurso público e considerado para concessão da aposentadoria.
empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá esta- § 3o  No caso do inciso I, encontrando-se provido o car-
bilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de go, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a
efetivo exercício.  ocorrência de vaga. 
ATENÇÃO: Vale o prazo de 3 anos, conforme Constitui- § 4o  O servidor que retornar à atividade por interesse da
ção Federal (artigo 41 retrocitado). administração perceberá, em substituição aos proventos da
aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer,
inclusive com as vantagens de natureza pessoal que percebia
Art. 22.  O servidor estável só perderá o cargo em
anteriormente à aposentadoria. 
virtude de sentença judicial transitada em julgado ou
§ 5o  O servidor de que trata o inciso II somente terá os pro-
de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
ventos calculados com base nas regras atuais se permanecer
assegurada ampla defesa.
pelo menos cinco anos no cargo. 
§ 6o  O Poder Executivo regulamentará o disposto neste
Seção VI
artigo. 
Da Transferência
Art. 26. (Revogado)
Art. 23. (Execução suspensa)
Art. 27.  Não poderá reverter o aposentado que já tiver com-
Seção VII pletado 70 (setenta) anos de idade.
Da Readaptação Merece destaque a impossibilidade de cumulação da apo-
sentadoria com a remuneração caso o servidor retorne às funções.
Art. 24.  Readaptação é a investidura do servidor em
cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis Seção IX
com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade Da Reintegração
física ou mental verificada em inspeção médica.
§ 1o  Se julgado incapaz para o serviço público, o rea- Art. 28.  A reintegração é a reinvestidura do servidor estável
daptando será aposentado. no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua
§ 2o  A readaptação será efetivada em cargo de atribui- transformação, quando invalidada a sua demissão por deci-
ções afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escola- são administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas
ridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese de ine- as vantagens.
xistência de cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições § 1o  Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor fi-
como excedente, até a ocorrência de vaga. cará em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31.
Se o funcionário deixa de ter condições físicas ou psi- § 2o  Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocu-
cológicas para ocupar seu cargo, deverá ser readaptado pante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à in-
para cargo semelhante que não exija tais aptidões. Ex: fun- denização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em
cionário trabalhava como atendente numa repartição, se disponibilidade.
movimentando o tempo todo e sofre um acidente, fican- Se um servidor for injustamente demitido e a sua demis-
do paraplégico. Sua capacidade mental não ficou prejudi- são for invalidada, será reinvestido no cargo, sendo totalmente
cada, embora seja inconveniente ele ter que fazer tantos ressarcido (por exemplo, recebendo os salários do período em
movimentos no exercício das funções. Por isso, pode ser que foi afastado). Caso o cargo esteja extinto, será posto em
reconduzido para outro cargo técnico na repartição que disponibilidade; caso o cargo exista e alguém o estiver ocupan-
seja mais burocrático e exija menos movimentação física, do, este será retirado do cargo, devolvendo-o ao seu legítimo
como o de assistente de um superior. titular.

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REGIME JURÍDICO ÚNICO

Seção X Art. 34.  A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido


Da Recondução do servidor, ou de ofício.
Parágrafo único.  A exoneração de ofício dar-se-á:
Art. 29.  Recondução é o retorno do servidor estável I - quando não satisfeitas as condições do estágio pro-
ao cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: batório;
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em
cargo; exercício no prazo estabelecido.
II - reintegração do anterior ocupante. Sendo o cargo efetivo, somente será exonerado de ofício
Parágrafo único.  Encontrando-se provido o cargo de se não for habilitado no estágio probatório e se não entrar em
origem, o servidor será aproveitado em outro, observado o exercício no prazo legal.
disposto no art. 30.
Como visto, quando um servidor é promovido ele se Art. 35.  A exoneração de cargo em comissão e a dispensa
sujeita a novo estágio probatório e, caso seja inabilitado, de função de confiança dar-se-á: 
voltará ao cargo que antes ocupava. Ainda, se alguém esti- I - a juízo da autoridade competente;
ver ocupando o cargo de um servidor que tenha sido injus- II - a pedido do próprio servidor.
tamente demitido, quando este voltar deverá desocupar o Como o cargo em comissão refere-se a uma relação de
cargo. Se a posição antes ocupada não estiver livre, deverá confiança para com a autoridade competente, esta poderá
ser reaproveitado em outro cargo semelhante. exonerar o servidor.

Seção XI Capítulo III


Da Disponibilidade e do Aproveitamento Da Remoção e da Redistribuição

Art. 30.  O retorno à atividade de servidor em disponibi- Seção I


lidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em Da Remoção
cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedi-
anteriormente ocupado.
do ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem
mudança de sede.
Art. 31.  O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, enten-
determinará o imediato aproveitamento de servidor em dis-
de-se por modalidades de remoção:
ponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou enti-
I - de ofício, no interesse da Administração;
dades da Administração Pública Federal.
II - a pedido, a critério da Administração;
Parágrafo único.  Na hipótese prevista no § 3o  do art. III - a pedido, para outra localidade, independentemente do
37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido interesse da Administração:
sob responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também
Civil da Administração Federal - SIPEC, até o seu adequado servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da
aproveitamento em outro órgão ou entidade. União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi
deslocado no interesse da Administração;
Art. 32.  Será tornado sem efeito o aproveitamento e b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro
cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu as-
exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por sentamento funcional, condicionada à comprovação por junta
junta médica oficial. médica oficial;
Servidor posto em disponibilidade não é servidor apo- c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese
sentado. É apenas um servidor aguardando que surja um em que o número de interessados for superior ao número de
posto adequado para que ocupe. Quando ele surgir, deve- vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou
rá entrar em exercício, sob pena de ter revogada a disponi- entidade em que aqueles estejam lotados.
bilidade, deixando de ser servidor público.
Seção II
Capítulo II Da Redistribuição
Da Vacância
Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de
Art. 33.  A vacância do cargo público decorrerá de: provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro
I - exoneração; geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo
II - demissão; Poder, com prévia apreciação do órgão central do SIPEC,
III - promoção; observados os seguintes preceitos:
IV e V - (Revogados) I - interesse da administração;
VI - readaptação; II - equivalência de vencimentos;
VII - aposentadoria; III - manutenção da essência das atribuições do cargo;
VIII - posse em outro cargo inacumulável; IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e com-
IX - falecimento. plexidade das atividades;

5
REGIME JURÍDICO ÚNICO

V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilita- o décimo terceiro salário (art. 7°, VIII); o repouso semanal
ção profissional; remunerado (art. 7°, XV); o salário-família (art. 7°, XII; o de
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as fina- férias anuais (art. 7°, XVII); o de licença à gestante (art. 7°,
lidades institucionais do órgão ou entidade. XVIII) e outros mencionados no dispositivo constitucional.
§ 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento [...] Além disso, há vários direitos de natureza social rela-
de lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, cionados nos diversos estatutos funcionais das pessoas
inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de ór- federativas. É nas leis estatutárias que se encontram tais
gão ou entidade. direitos, como o direito às licenças, à pensão, aos auxílios
§ 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará me- pecuniários, como o auxílio-funeral e o auxílio-reclusão, à
diante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos assistência, à saúde etc.”
e entidades da Administração Pública Federal envolvidos.
§ 3º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão Capítulo I
ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade Do Vencimento e da Remuneração
no órgão ou entidade, o servidor estável que não for redistri-
buído será colocado em disponibilidade, até seu aproveita- Art. 40.  Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
mento na forma dos arts. 30 e 31. exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
§ 4º O servidor que não for redistribuído ou colocado em
disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do ór- Art. 41.  Remuneração é o vencimento do cargo efe-
gão central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão tivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes es-
ou entidade, até seu adequado aproveitamento. tabelecidas em lei.
§ 1o  A remuneração do servidor investido em função
Capítulo IV ou cargo em comissão será paga na forma prevista no art.
Da Substituição 62.
Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de dire- exige concurso público. Ver art. 62 adiante.
ção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão
substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de § 2o  O servidor investido em cargo em comissão de
omissão, previamente designados pelo dirigente máximo órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a
do órgão ou entidade. remuneração de acordo com o estabelecido no § 1o do art.
§ 1º O substituto assumirá automática e cumulativamente, 93.
sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função O funcionário é servidor público, mas foi concursado
de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos, para cargo diverso, em outro órgão ou entidade, sendo no-
impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância meado para outro cargo, que é de comissão.
do cargo, hipóteses em que deverá optar pela remuneração de
um deles durante o respectivo período. § 3o  O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van-
§ 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo
tagens de caráter permanente, é irredutível.
ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza Especial,
Irredutibilidade de vencimentos: não podem ser dimi-
nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular,
nuídos.
superiores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias
de efetiva substituição, que excederem o referido período.
§ 4o  É assegurada a isonomia de vencimentos para
cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares
Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as
de unidades administrativas organizadas em nível de assessoria.
vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou
Dos Direitos e Vantagens ao local de trabalho.
Mesmo cargo ou semelhante = mesmo vencimento.
Título III
Dos Direitos e Vantagens § 5o  Nenhum servidor receberá remuneração inferior
ao salário mínimo. 
Em sete capítulos, o terceiro título da legislação em es- Direito ao salário mínimo.
tudo estabelece os direitos e vantagens do servidor públi-
co, para em seguida trazer seus deveres e proibições. Art. 42.  Nenhum servidor poderá perceber, mensalmen-
Resume Carvalho Filho2: “os direitos sociais constitu- te, a título de remuneração, importância superior à soma
cionais são objeto da referência do art. 39, §3°, CF, o qual dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a
determina que dezesseis dos direitos sociais outorgados qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos
aos empregados sejam estendidos aos servidores públicos. Ministros de Estado, por membros do Congresso Nacional e
Dentre esses direitos estão o do salário mínimo (art. 7°, IV); Ministros do Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único.  Excluem-se do teto de remuneração as
2 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61.
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

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REGIME JURÍDICO ÚNICO

Estabelece o teto de remuneração, ou seja, o máximo que § 2o  Quando o pagamento indevido houver ocorrido no
um funcionário pode receber. Neste sentido, o art. 37, XI, CF: mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será
“XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun- feita imediatamente, em uma única parcela.
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e § 3o  Na hipótese de valores recebidos em decorrência de
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a senten-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos deten- ça que venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualiza-
tores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os dos até a data da reposição. 
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou Art. 47.  O servidor em débito com o erário, que for demitido,
de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cas-
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Fede- sada, terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito. 
ral, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Parágrafo único.  A não quitação do débito no prazo previsto
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal implicará sua inscrição em dívida ativa. 
do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Débito com o erário = dívida com o Estado.
Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislati-
vo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, Art. 48.  O vencimento, a remuneração e o provento não se-
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cen- rão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de
to do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
Tri-bunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este
limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e Capítulo II
aos Defensores Públicos”. Das Vantagens

Art. 44.  O servidor perderá: Art. 49.  Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor


I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem mo- as seguintes vantagens:
tivo justificado;  I - indenizações;
II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos atra- II - gratificações;
sos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata III - adicionais.
o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação § 1o  As indenizações não se incorporam ao vencimento ou
de horário, até o mês subsequente ao da ocorrência, a ser estabe- provento para qualquer efeito.
lecida pela chefia imediata.  § 2o  As gratificações e os adicionais incorporam-se ao ven-
Parágrafo único.  As faltas justificadas decorrentes de caso cimento ou provento, nos casos e condições indicados em lei.
fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério da
chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício.  Art. 50.  As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem
Somente não geram perda de remuneração as faltas justifi- acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros acréscimos
cadas e devidamente compensadas. pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento.
De acordo com Hely Lopes Meirelles3, “o que caracte-
Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, ne- riza o adicional e o distingue da gratificação é ser aquele
nhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento. que recompensa ao tempo de serviço do servidor, ou uma
§ 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver con- retribuição pelo desempenho de funções especiais que fo-
signação em folha de pagamento em favor de terceiros, a crité- gem da rotina burocrática, e esta, uma compensação por
rio da administração e com reposição de custos, na forma defi- serviços comuns executados em condições anormais para
nida em regulamento. o servidor, ou uma ajuda pessoal em face de certas situa-
§ 2º O total de consignações facultativas de que trata o § 1o ções que agravam o orçamento do servidor”.
não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da remuneração
mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados exclusivamente Seção I
para: I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão Das Indenizações
de crédito; ou
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão Art. 51.  Constituem indenizações ao servidor:
de crédito. I - ajuda de custo;
Para descontos em folha, é preciso ordem judicial ou auto- II - diárias;
rização do servidor. III - transporte.
IV - auxílio-moradia.
Art. 46.  As reposições e indenizações ao erário, atualizadas A leitura da legislação seca permite conceituar e diferenciar
até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao ser- cada modalidade de indenização.
vidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no
prazo máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido Art. 52.  Os valores das indenizações estabelecidas nos inci-
do interessado.  sos I a III do art. 51, assim como as condições para a sua conces-
§ 1o  O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao são, serão estabelecidos em regulamento.
correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou 3 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasi-
pensão.  leiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

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REGIME JURÍDICO ÚNICO

Subseção I Art. 59.  O servidor que receber diárias e não se afastar


Da Ajuda de Custo da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las in-
tegralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 53.  A ajuda de custo destina-se a compensar as des- Parágrafo único.  Na hipótese de o servidor retornar à
pesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço, sede em prazo menor do que o previsto para o seu afasta-
passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio mento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo
em caráter permanente, vedado o duplo pagamento de indeni- previsto no caput.
zação, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro
que detenha também a condição de servidor, vier a ter exercício Subseção III
na mesma sede.  Da Indenização de Transporte
§ 1o  Correm por conta da administração as despesas de
transporte do servidor e de sua família, compreendendo passa- Art. 60.  Conceder-se-á indenização de transporte ao
gem, bagagem e bens pessoais. servidor que realizar despesas com a utilização de meio
§ 2o  À família do servidor que falecer na nova sede são asse- próprio de locomoção para a execução de serviços externos,
gurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem, por força das atribuições próprias do cargo, conforme se dis-
dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito. puser em regulamento.
§ 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de re-
moção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 36. Subseção IV
Do Auxílio-Moradia
Art. 54.  A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração
do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo Art. 60-A.  O auxílio-moradia consiste no ressarcimento
exceder a importância correspondente a 3 (três) meses. das despesas comprovadamente realizadas pelo servi-
dor com aluguel de moradia ou com meio de hospeda-
Art. 55.  Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se gem administrado por empresa hoteleira, no prazo de um
afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo. mês após a comprovação da despesa pelo servidor. 

Art. 56.  Será concedida ajuda de custo àquele que, não sen- Art. 60-B.  Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se
do servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com atendidos os seguintes requisitos: 
mudança de domicílio. I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo
Parágrafo único.  No afastamento previsto no inciso I do art. 93, servidor; 
a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando cabível. II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe
imóvel funcional; 
Art. 57.  O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja
quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no ou tenha sido proprietário, promitente comprador, cessioná-
prazo de 30 (trinta) dias. rio ou promitente cessionário de imóvel no Município aonde
for exercer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem
Subseção II averbação de construção, nos doze meses que antecederem
Das Diárias a sua nomeação;
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
Art. 58.  O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em receba auxílio-moradia; 
caráter eventual ou transitório para outro ponto do território V  -  o servidor tenha se mudado do local de residência
nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias des- para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do
tinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinária com Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4,
pousada, alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equi-
regulamento.  valentes; 
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão
§ 1o  A diária será concedida por dia de afastamento, sendo ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses do
devida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou domicílio
fora da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as do servidor; 
despesas extraordinárias cobertas por diárias. VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha resi-
§ 2o  Nos casos em que o deslocamento da sede constituir dido no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer
exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias. o cargo em comissão ou função de confiança, desconsideran-
§ 3o  Também não fará jus a diárias o servidor que se deslocar do-se prazo inferior a sessenta dias dentro desse período; e 
dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou VIII - o deslocamento não tenha sido por força de altera-
microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regularmen- ção de lotação ou nomeação para cargo efetivo. 
te instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de
países limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, entida- 2006. 
des e servidores brasileiros considera-se estendida, salvo se houver Parágrafo único.  Para fins do inciso VII, não será con-
pernoite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sem- siderado o prazo no qual o servidor estava ocupando outro
pre as fixadas para os afastamentos dentro do território nacional.  cargo em comissão relacionado no inciso V. 

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REGIME JURÍDICO ÚNICO

Art. 60-C.  (Revogado). Subseção I


Da Retribuição pelo Exercício de Função de Dire-
Art. 60-D.  O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a ção, Chefia e Assessoramento
25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão,
função comissionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado.  Art. 62.  Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido
§ 1o  O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de
(vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Es- provimento em comissão ou de Natureza Especial é devida
tado.  retribuição pelo seu exercício.
§ 2o  Independentemente do valor do cargo em comis- Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remunera-
são ou função comissionada, fica garantido a todos os que ção dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o. 
preencherem os requisitos o ressarcimento até o valor de R$
1.800,00 (mil e oitocentos reais).  Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal No-
minalmente Identificada - VPNI a incorporação da retribui-
Art. 60-E.  No caso de falecimento, exoneração, colocação ção pelo exercício de função de direção, chefia ou assesso-
de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de ramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza
imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês.  Especial a que se referem os arts. 3º e 10 da Lei no 8.911, de
11 de julho de 1994, e o art. 3o da Lei no9.624, de 2 de abril
A subseção IV trabalha com o auxílio-moradia, bene- de 1998. 
fício que é concedido a alguns servidores. Ele serve para Parágrafo único.  A VPNI de que trata o caput deste arti-
ajudar o servidor a arcar com despesas de moradia, seja go somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração
locando um imóvel, seja ficando em hotéis. O auxílio é dos servidores públicos federais. 
pago 1 mês depois que o servidor comprovar a despesa
que teve. No entanto, não é qualquer servidor e não é em Subseção II
qualquer situação que se tem o auxílio-moradia. Da Gratificação Natalina
Nos termos do artigo 60-B, são colacionadas restri-
ções: não haver disponibilidade de imóvel funcional (al- Art. 63.  A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um
gum imóvel do poder público com tal finalidade de mo- doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês
radia, dispensando gastos particulares), não se ter ten- de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.
tado vender ou vendido um imóvel na cidade (evitando Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quin-
que tente utilizar o auxílio-moradia como um modo de ze) dias será considerada como mês integral.
se obter vantagem patrimonial), um cônjuge ou pessoa
com quem more não receber auxílio da mesma natureza Art. 64.  A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do
(cumulando indevidamente), além do exercício de cargos mês de dezembro de cada ano.
de determinada natureza (perceba-se, cargos de relevan-
te direção). Art. 65.  O servidor exonerado perceberá sua gratifica-
O auxílio-moradia é pago proporcionalmente aos ção natalina, proporcionalmente aos meses de exercício, cal-
vencimentos, não excedendo 25%. Destaca-se que o arti- culada sobre a remuneração do mês da exoneração.
go 60-C está revogado desde 2013.
Art.  66.   A gratificação natalina não será considerada
Seção II para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
Das Gratificações e Adicionais
Subseção III
Art. 61.  Além do vencimento e das vantagens previstas Do Adicional por Tempo de Serviço
nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retribui-
ções, gratificações e adicionais:  Regulamentação na Medida Provisória nº 2.225-45/01.
I - retribuição pelo exercício de função de direção, che-
fia e assessoramento;  Subseção IV
II - gratificação natalina; Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou
IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, Atividades Penosas
perigosas ou penosas;
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário; Art. 68.  Os servidores que trabalhem com habitualidade
VI - adicional noturno; em locais insalubres ou em contato permanente com subs-
VII - adicional de férias; tâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do tra- um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo.
balho. § 1o  O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubri-
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso.  dade e de periculosidade deverá optar por um deles.
Gratificações e adicionais descritos em detalhes na § 2o  O direito ao adicional de insalubridade ou peri-
própria legislação, conforme se denota abaixo. culosidade cessa com a eliminação das condições ou dos
riscos que deram causa a sua concessão.

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REGIME JURÍDICO ÚNICO

Art. 69.  Haverá permanente controle da atividade de Subseção VIII


servidores em operações ou locais considerados penosos, in- Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
salubres ou perigosos.
Parágrafo único.  A servidora gestante ou lactante será Art. 76-A.  A Gratificação por Encargo de Curso ou Con-
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das ope- curso é devida ao servidor que, em caráter eventual: 
rações e locais previstos neste artigo, exercendo suas ativida- I - atuar como instrutor em curso de formação, de de-
des em local salubre e em serviço não penoso e não perigoso. senvolvimento ou de treinamento regularmente instituído
no âmbito da administração pública federal; 
Art. 70.  Na concessão dos adicionais de atividades pe- II - participar de banca examinadora ou de comissão
nosas, de insalubridade e de periculosidade, serão observa- para exames orais, para análise curricular, para correção de
das as situações estabelecidas em legislação específica. provas discursivas, para elaboração de questões de provas
ou para julgamento de recursos intentados por candidatos; 
Art. 71.  O adicional de atividade penosa será devido III - participar da logística de preparação e de realização
aos servidores em exercício em zonas de fronteira ou em lo- de concurso público envolvendo atividades de planejamento,
calidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado,
condições e limites fixados em regulamento. quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas
atribuições permanentes; 
Art. 72.  Os locais de trabalho e os servidores que ope- IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas
ram com Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos de exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar
sob controle permanente, de modo que as doses de radiação essas atividades.
ionizante não ultrapassem o nível máximo previsto na legis- § 1o  Os critérios de concessão e os limites da gratifica-
lação própria. ção de que trata este artigo serão fixados em regulamento,
Parágrafo único.  Os servidores a que se refere este arti- observados os seguintes parâmetros: 
go serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses. I - o valor da gratificação será calculado em horas, ob-
servadas a natureza e a complexidade da atividade exercida; 
II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente
Subseção V
a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada
Do Adicional por Serviço Extraordinário
situação de excepcionalidade, devidamente justificada e pre-
viamente aprovada pela autoridade máxima do órgão ou
Art. 73.  O serviço extraordinário será remunerado com
entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120 (cen-
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora
to e vinte) horas de trabalho anuais; 
normal de trabalho.
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá
aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior venci-
Art. 74.  Somente será permitido serviço extraordinário mento básico da administração pública federal: 
para atender a situações excepcionais e temporárias, respei- a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se
tado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada. tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput
deste artigo; 
Subseção VI b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se
Do Adicional Noturno tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do caput
deste artigo. 
Art. 75.  O serviço noturno, prestado em horário com- § 2o  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
preendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) somente será paga se as atividades referidas nos incisos
horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% do caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo das atri-
(vinte e cinco por cento), computando-se cada hora como buições do cargo de que o servidor for titular, devendo ser
cinquenta e dois minutos e trinta segundos. objeto de compensação de carga horária quando desempe-
Parágrafo único.  Em se tratando de serviço extraordi- nhadas durante a jornada de trabalho, na forma do § 4odo
nário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a art. 98 desta Lei. 
remuneração prevista no art. 73. § 3o  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para
Subseção VII qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de
Do Adicional de Férias cálculo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins
de cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões. 
Art. 76.  Independentemente de solicitação, será pago ao
servidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente Capítulo III
a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias. Das Férias
Parágrafo único.  No caso de o servidor exercer função
de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em Art. 77.  O servidor fará jus a trinta dias de férias, que
comissão, a respectiva vantagem será considerada no cálcu- podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no
lo do adicional de que trata este artigo. caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em
que haja legislação específica. 

10
REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 1o  Para o primeiro período aquisitivo de férias serão § 1o  A licença prevista no inciso I do caput deste artigo
exigidos 12 (doze) meses de exercício. bem como cada uma de suas prorrogações serão precedi-
§ 2o  É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao das de exame por perícia médica oficial, observado o dis-
serviço. posto no art. 204 desta Lei.
§ 3o  As férias poderão ser parceladas em até três eta- § 3o  É vedado o exercício de atividade remunerada du-
pas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no inte- rante o período da licença prevista no inciso I deste artigo.
resse da administração pública. 
É possível impedir que o servidor tire férias por até 2 Art. 82.  A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias
períodos se o seu serviço for altamente necessário. do término de outra da mesma espécie será considerada
como prorrogação.
Art. 78.  O pagamento da remuneração das férias será
efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo perío- Seção II
do, observando-se o disposto no § 1o deste artigo. Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da
§1° e §2°. Revogados. Família
§ 3o  O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em
comissão, perceberá indenização relativa ao período das Art. 83.  Poderá ser concedida licença ao servidor por
férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos
um doze avos por mês de efetivo exercício, ou fração supe- filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependen-
rior a quatorze dias.  te que viva a suas expensas e conste do seu assentamento
§ 4o  A indenização será calculada com base na remu- funcional, mediante comprovação por perícia médica oficial. 
neração do mês em que for publicado o ato exoneratório.  § 1o  A licença somente será deferida se a assistência
§ 5o  Em caso de parcelamento, o servidor receberá o direta do servidor for indispensável e não puder ser presta-
valor adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constitui- da simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante
ção Federal quando da utilização do primeiro período. compensação de horário, na forma do disposto no inciso
II do art. 44. 
Art. 79.  O servidor que opera direta e permanentemen- § 2o  A licença de que trata o caput, incluídas as pror-
te com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) rogações, poderá ser concedida a cada período de doze
dias consecutivos de férias, por semestre de atividade profis- meses nas seguintes condições: 
sional, proibida em qualquer hipótese a acumulação. I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, man-
Manutenção da saúde do servidor. tida a remuneração do servidor; e 
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem
Art. 80.  As férias somente poderão ser interrompidas por remuneração.  
motivo de calamidade pública, comoção interna, convoca- § 3o  O início do interstício de 12 (doze) meses será
ção para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade contado a partir da data do deferimento da primeira licen-
do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou ça concedida. 
entidade. § 4o  A soma das licenças remuneradas e das licenças
Parágrafo único.  O restante do período interrompido não remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações,
será gozado de uma só vez, observado o disposto no art. 77.  concedidas em um mesmo período de 12 (doze) meses,
O direito individual às férias pode ser mitigado pelo observado o disposto no § 3o, não poderá ultrapassar os
direito da coletividade de manutenção da paz e da ordem limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2o. 
social.
Seção III
Capítulo IV Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge
Das Licenças
Art. 84.  Poderá ser concedida licença ao servidor para
Seção I acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado
Disposições Gerais para outro ponto do território nacional, para o exterior ou
para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo
Art. 81.  Conceder-se-á ao servidor licença: e Legislativo.
I - por motivo de doença em pessoa da família; § 1o  A licença será por prazo indeterminado e sem re-
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou com- muneração.
panheiro; § 2o  No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou
III - para o serviço militar; companheiro também seja servidor público, civil ou militar,
IV - para atividade política; de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
V - para capacitação;  Federal e dos Municípios, poderá haver exercício provisó-
VI - para tratar de interesses particulares; rio em órgão ou entidade da Administração Federal direta,
VII - para desempenho de mandato classista. autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de
Atenção aos motivos que autorizam licença, detalha- atividade compatível com o seu cargo. 
dos a seguir na legislação.

11
REGIME JURÍDICO ÚNICO

Seção IV Seção VIII


Da Licença para o Serviço Militar Da Licença para o Desempenho de Mandato Clas-
sista
Art. 85.  Ao servidor convocado para o serviço militar
será concedida licença, na forma e condições previstas na Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem
legislação específica. remuneração para o desempenho de mandato em confede-
Parágrafo único.  Concluído o serviço militar, o servidor ração, federação, associação de classe de âmbito nacional,
terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o sindicato representativo da categoria ou entidade fiscali-
exercício do cargo. zadora da profissão ou, ainda, para participar de gerência
ou administração em sociedade cooperativa constituída por
Seção V servidores públicos para prestar serviços a seus membros,
Da Licença para Atividade Política observado o disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102
desta Lei, conforme disposto em regulamento e observados
Art. 86.  O servidor terá direito a licença, sem remune- os seguintes limites:
ração, durante o período que mediar entre a sua escolha I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados,
em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, 2 (dois) servidores;
e a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000
Eleitoral. (trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores;
§ 1o  O servidor candidato a cargo eletivo na localidade III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) asso-
onde desempenha suas funções e que exerça cargo de di- ciados, 8 (oito) servidores.
reção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, § 1º Somente poderão ser licenciados os servidores
dele será afastado, a partir do dia imediato ao do registro de eleitos para cargos de direção ou de representação nas
sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia referidas entidades, desde que cadastradas no órgão com-
seguinte ao do pleito.  petente.
§ 2º A licença terá duração igual à do mandato, poden-
§ 2o  A partir do registro da candidatura e até o décimo
do ser renovada, no caso de reeleição.
dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, as-
segurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo
Capítulo V
período de três meses. 
Dos Afastamentos
Seção VI
Seção I
Da Licença para Capacitação
Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou En-
tidade
Art.  87.   Após cada quinquênio de efetivo exercício, o
servidor poderá, no interesse da Administração, afastar-se Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercí-
do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, cio em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos
por até três meses, para participar de curso de capacitação Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou em serviço
profissional.  social autônomo instituído pela União que exerça ativida-
Parágrafo único.  Os períodos de licença de que trata des de cooperação com a administração pública federal, nas
o caput não são acumuláveis. seguintes hipóteses:
I - para exercício de cargo em comissão, função de con-
Art. 90. (Vetado) fiança ou, no caso de serviço social autônomo, para o exercí-
cio de cargo de direção ou de gerência;
Seção VII II - em casos previstos em leis específicas.
Da Licença para Tratar de Interesses Particulares § 1º Na hipótese de que trata o inciso I do caput, sendo
a cessão para órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito
Art. 91.  A critério da Administração, poderão ser conce- Federal, dos Municípios ou para serviço social autônomo, o
didas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não ônus da remuneração será do órgão ou da entidade cessio-
esteja em estágio probatório, licenças para o trato de as- nária, mantido o ônus para o cedente nos demais casos.
suntos particulares pelo prazo de até três anos consecutivos, § 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública,
sem remuneração.  sociedade de economia mista ou serviço social autônomo,
Parágrafo único.  A licença poderá ser interrompida, a nos termos de suas respectivas normas, optar pela remune-
qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do ser- ração do cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo
viço.  acrescida de percentual da retribuição do cargo em comis-
são, de direção ou de gerência, a entidade cessionária ou o
serviço social autônomo efetuará o reembolso das despesas
realizadas pelo órgão ou pela entidade de origem.
§ 3o  A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no
Diário Oficial da União. 

12
REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 4o  Mediante autorização expressa do Presidente da § 2o  Ao servidor beneficiado pelo disposto neste arti-
República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exer- go não será concedida exoneração ou licença para tratar
cício em outro órgão da Administração Federal direta que de interesse particular antes de decorrido período igual ao
não tenha quadro próprio de pessoal, para fim determina- do afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da
do e a prazo certo.  despesa havida com seu afastamento.
§ 5° Aplica-se à União, em se tratando de empregado § 3o  O disposto neste artigo não se aplica aos servido-
ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e res da carreira diplomática.
2º deste artigo.  § 4o   As hipóteses, condições e formas para a autori-
§ 6° As cessões de empregados de empresa pública zação de que trata este artigo, inclusive no que se refere
ou de sociedade de economia mista, que receba recursos à remuneração do servidor, serão disciplinadas em regu-
de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da sua lamento. 
folha de pagamento de pessoal, independem das dispo-
sições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste artigo, Art. 96.  O afastamento de servidor para servir em orga-
ficando o exercício do empregado cedido condicionado a nismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual
autorização específica do Ministério do Planejamento, Orça- coopere dar-se-á com perda total da remuneração.
mento e Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo em
comissão ou função gratificada.  Seção IV
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- Do Afastamento para Participação em Programa
tão, com a finalidade de promover a composição da força de Pós-Graduação Stricto Sensu no País
de trabalho dos órgãos e entidades da Administração Pú-
blica Federal, poderá determinar a lotação ou o exercício de Art. 96-A.  O servidor poderá, no interesse da Adminis-
empregado ou servidor, independentemente da observância tração, e desde que a participação não possa ocorrer simul-
do constante no inciso I e nos §§ 1° e 2° deste artigo.  taneamente com o exercício do cargo ou mediante compen-
sação de horário, afastar-se do exercício do cargo efetivo,
com a respectiva remuneração, para participar em pro-
Seção II
grama de pós-graduação stricto sensu em instituição de en-
Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo
sino superior no País. 
§ 1o  Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade
Art. 94.  Ao servidor investido em mandato eletivo apli-
definirá, em conformidade com a legislação vigente, os
cam-se as seguintes disposições:
programas de capacitação e os critérios para participação
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital,
em programas de pós-graduação no País, com ou sem
ficará afastado do cargo;
afastamento do servidor, que serão avaliados por um co-
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
mitê constituído para este fim. 
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; § 2o Os afastamentos para realização de programas de
III - investido no mandato de vereador: mestrado e doutorado somente serão concedidos aos ser-
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vidores titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4
cargo eletivo; (quatro) anos para doutorado, incluído o período de está-
b) não havendo compatibilidade de horário, será afas- gio probatório, que não tenham se afastado por licença para
tado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remu- tratar de assuntos particulares para gozo de licença capa-
neração. citação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos
§ 1o  No caso de afastamento do cargo, o servidor con- anteriores à data da solicitação de afastamento.
tribuirá para a seguridade social como se em exercício es- § 3o Os afastamentos para realização de programas de
tivesse. pós-doutorado somente serão concedidos aos servidores ti-
§ 2o  O servidor investido em mandato eletivo ou clas- tulares de cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade há
sista não poderá ser removido ou redistribuído de ofício pelo menos quatro anos, incluído o período de estágio proba-
para localidade diversa daquela onde exerce o mandato. tório, e que não tenham se afastado por licença para tratar de
assuntos particulares ou com fundamento neste artigo, nos
Seção III quatro anos anteriores à data da solicitação de afastamento. 
Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior § 4o  Os servidores beneficiados pelos afastamentos
previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permane-
Art. 95.  O servidor não poderá ausentar-se do País para cer no exercício de suas funções após o seu retorno por um
estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente da período igual ao do afastamento concedido. 
República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Pre- § 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do
sidente do Supremo Tribunal Federal. cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período de
§ 1o  A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda permanência previsto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir
a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será o órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Lei no 8.112,
permitida nova ausência. de 11 de dezembro de 1990, dos gastos com seu aperfei-
çoamento. 

13
REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que Capítulo VII


justificou seu afastamento no período previsto, aplica-se o Do Tempo de Serviço
disposto no § 5o deste artigo, salvo na hipótese comprova-
da de força maior ou de caso fortuito, a critério do dirigen- Art. 100.  É contado para todos os efeitos o tempo de ser-
te máximo do órgão ou entidade.  viço público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas.
§ 7o Aplica-se à participação em programa de pós-gra-
duação no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta Art. 101.  A apuração do tempo de serviço será feita
Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o deste artigo.  em dias, que serão convertidos em anos, considerado o
ano como de trezentos e sessenta e cinco dias.
Capítulo VI
Das Concessões Art. 102.  Além das ausências ao serviço previstas no art.
97, são considerados como de efetivo exercício os afasta-
Art. 97.  Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor au- mentos em virtude de:
sentar-se do serviço: I - férias;
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue; II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em
II - pelo período comprovadamente necessário para órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Muni-
alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em cípios e Distrito Federal;
qualquer caso, a dois dias; e (Redação dada pela Medida III - exercício de cargo ou função de governo ou adminis-
Provisória nº 632, de 2013) tração, em qualquer parte do território nacional, por nomea-
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de : ção do Presidente da República;
a) casamento; IV - participação em programa de treinamento regular-
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madras- mente instituído ou em programa de pós-graduação stricto
ta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela sensu no País, conforme dispuser o regulamento;
e irmãos. V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por
merecimento;
Art. 98.  Será concedido horário especial ao servidor
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o
o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício
afastamento, conforme dispuser o regulamento; 
do cargo.
VIII - licença:
§ 1o  Para efeito do disposto neste artigo, será exigida
a) à gestante, à adotante e à paternidade;
a compensação de horário no órgão ou entidade que tiver
b)  para tratamento da própria saúde, até o limite de
exercício, respeitada a duração semanal do trabalho.
vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de
§ 2o  Também será concedido horário especial ao ser- serviço público prestado à União, em cargo de provimento
vidor portador de deficiência, quando comprovada a ne- efetivo; 
cessidade por junta médica oficial, independentemente de c) para o desempenho de mandato classista ou partici-
compensação de horário.  pação de gerência ou administração em sociedade coopera-
§ 3º As disposições constantes do § 2o são extensivas tiva constituída por servidores para prestar serviços a seus
ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com membros, exceto para efeito de promoção por merecimento; 
deficiência. d) por motivo de acidente em serviço ou doença pro-
§ 4o  Será igualmente concedido horário especial, vin- fissional;
culado à compensação de horário a ser efetivada no prazo e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; 
de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe atividade f) por convocação para o serviço militar;
prevista nos incisos I e II do caput do art. 76-A desta Lei.  IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art.
18;
Art. 99.  Ao servidor estudante que mudar de sede no X - participação em competição desportiva nacional ou
interesse da administração é assegurada, na localidade da convocação para integrar representação desportiva nacio-
nova residência ou na mais próxima, matrícula em institui- nal, no País ou no exterior, conforme disposto em lei espe-
ção de ensino congênere, em qualquer época, independen- cífica;
temente de vaga. XI - afastamento para servir em organismo internacio-
Parágrafo único.  O disposto neste artigo estende-se ao nal de que o Brasil participe ou com o qual coopere. 
cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor
que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob Art. 103.  Contar-se-á apenas para efeito de aposenta-
sua guarda, com autorização judicial. doria e disponibilidade:
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Mu-
nicípios e Distrito Federal;
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da fa-
mília do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trin-
ta) dias em período de 12 (doze) meses. 

14
REGIME JURÍDICO ÚNICO

III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2o; Art. 110.  O direito de requerer prescreve:
IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de
eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao in- cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afe-
gresso no serviço público federal; tem interesse patrimonial e créditos resultantes das relações
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à de trabalho;
Previdência Social; II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra; quando outro prazo for fixado em lei.
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde Parágrafo único.  O prazo de prescrição será contado da
que exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso VIII do data da publicação do ato impugnado ou da data da
art. 102.  ciência pelo interessado, quando o ato não for publicado.
§ 1o  O tempo em que o servidor esteve aposentado será
contado apenas para nova aposentadoria. Art. 111.  O pedido de reconsideração e o recurso,
§ 2o  Será contado em dobro o tempo de serviço prestado quando cabíveis, interrompem a prescrição.
às Forças Armadas em operações de guerra.
§ 3o  É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço Art. 112.  A prescrição é de ordem pública, não poden-
prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função do ser relevada pela administração.
de órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito
Federal e Município, autarquia, fundação pública, sociedade Art. 113.  Para o exercício do direito de petição, é asse-
de economia mista e empresa pública. gurada vista do processo ou documento, na repartição,
ao servidor ou a procurador por ele constituído.
Capítulo VIII
Do Direito de Petição Art. 114.  A administração deverá rever seus atos, a
qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.
Art. 104.  É assegurado ao servidor o direito de requerer
aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse le- Art. 115.  São fatais e improrrogáveis os prazos esta-
gítimo. belecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
Estabelece a CF, no art. 5°, XXIV, a) o direito de petição,
Art. 105.  O requerimento será dirigido à autoridade com- assegurado a todos: “são a todos assegurados, indepen-
petente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daque- dentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição
la a que estiver imediatamente subordinado o requerente. aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ile-
galidade ou abuso de poder;”. Os artigos acima descrevem
Art. 106.  Cabe pedido de reconsideração à autoridade o direito de petição específico dos servidores públicos.
que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não
podendo ser renovado.  Do Regime Disciplinar
Parágrafo único.  O requerimento e o pedido de reconside-
ração de que tratam os artigos anteriores deverão ser despa- Título IV
chados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 Do Regime Disciplinar
(trinta) dias.
O regime disciplinar do servidor público civil federal
Art. 107.  Caberá recurso:  está estabelecido basicamente de duas maneiras: deveres
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; e proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa: ambos
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente inter- deveres e proibições são normas protetivas da boa Admi-
postos. nistração. Nas duas hipóteses, violado o preceito, cabível é
§ 1o  O recurso será dirigido à autoridade imediatamente uma punição. Deve-se notar, porém, que os deveres cons-
superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, tam da lei como ações, como conduta positiva; as proibi-
sucessivamente, em escala ascendente, às demais autoridades. ções, ao contrário, são descritas como condutas vedadas
§ 2o  O recurso será encaminhado por intermédio da auto- ao servidor, de modo que ele deve abster-se de praticá-
ridade a que estiver imediatamente subordinado o requerente. -las. Os deveres estão inscritos no artigo 116, não de modo
exaustivo, porque o servidor deve obediência a todas as
Art. 108.  O prazo para interposição de pedido de reconside- normas legais ou infralegais, e o próprio inciso III do refe-
ração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publica- rido dispositivo é, de certa maneira, uma norma disciplinar
ção ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida.  em branco4.

Art. 109.  O recurso poderá ser recebido com efeito suspen-


sivo, a juízo da autoridade competente.
Parágrafo único.  Em caso de provimento do pedido de re- 4 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime discipli-
consideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à nar dos servidores federais. Disponível em: <http://www.
data do ato impugnado. sato.adm.br/artigos/o_regime_disciplinar_dos_servido-
res_federais.htm>. Acesso em: 11 ago. 2013.

15
REGIME JURÍDICO ÚNICO

“Estes dispositivos preveem, basicamente, um conjunto I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
de normas de conduta e de proibições impostas pela lei “O primeiro dos deveres insculpidos no regime estatutá-
aos servidores por ela abrangidos, tendo em vista a pre- rio é o dever de zelo. O zelo diz respeito às atribuições fun-
venção, a apuração e a possível punição de atos e omissões cionais e também ao cuidado com a economia do material,
que possam por em risco o funcionamento adequado da os bens da repartição e o patrimônio público. Sob o prisma
administração pública, do posto de vista ético, do ponto da disciplina e da conservação dos bens e materiais da re-
de vista da eficiência e do ponto de vista da legalidade. De- partição, o servidor deve sempre agir com dedicação no de-
correm, estes dispositivos, do denominado Poder Discipli- sempenho das funções do cargo que ocupa, e que lhe foram
nar que é aquele conferido à Administração com o objetivo atribuídas desde o termo de posse. O servidor não é o dono
de manter sua disciplina interna, na medida em que lhe do cargo. Dono do cargo é o Estado que o remunera. Se o
atribui instrumentos para punir seus servidores (e também referido cargo não lhe pertence, o servidor deve exercer suas
àqueles que estejam a ela vinculados por um instrumento funções com o máximo de zelo que estiver ao seu alcance.
Sua eventual menor capacidade de desempenho, para não
jurídico determinado - particulares contratados pela Ad-
configurar desídia ou insuficiência de desempenho, deverá
ministração). [...]“O disposto no Título IV da lei nº 8.112/90
ser compensada com um maior esforço e dedicação de sua
prevê basicamente um conjunto de obrigações impostas
parte. Se um servidor altamente preparado e capaz, vem a
aos servidores por ela regidos. Tais obrigações, ora positi-
praticar atos que configurem desídia ou mesmo falta mais
vas (os denominados Deveres – art. 116), ora negativas (as grave, poderá vir a ser punido. Porque o que se julgará não é
denominadas Proibições – art. 117) uma vez inadimplidas a pessoa do servidor, mas a conduta a ele imputável. O zelo
ensejam sua imediata apuração (art. 143) e uma vez com- não deve se limitar apenas às atribuições específicas de sua
provadas importam na responsabilização administrativa, atividade. O servidor deve ter zelo não somente com os bens
a desafiar, então, a aplicação de uma das sanções admi- e interesses imateriais (a imagem, os símbolos, a moralidade,
nistrativas (art. 127). Não é por outra razão que o art. 124 a pontualidade, o sigilo, a hierarquia) como também para
declara que a responsabilidade administrativa resulta da com os bens e interesses patrimoniais do Estado”.
prática de ato omissivo (quando o servidor deixa de cum-
prir os deveres a ele impostos) ou comissivo (quando viola II - ser leal às instituições a que servir;
proibição) praticado no desempenho do cargo ou função”5. “O servidor que cumprir todos os deveres e normas ad-
ministrativas já positivadas, consequentemente, é leal à ins-
Capítulo I tituição que lhe remunera. Sob o prisma constitucional é que
Dos Deveres devemos entender a norma hoje. Sendo assim, o dever de
lealdade está inserido no Estatuto como norma programáti-
Art. 116.  São deveres do servidor: ca, orientadora da conduta dos servidores”.
Os deveres do servidor previstos na Lei n° 8.112/90 são
em muito compatíveis com os previstos no Código de Éti- III - observar as normas legais e regulamentares;
ca profissional do Servidor Público Civil do Poder Executi- “A função desta norma é de não deixar sem resposta
vo Federal (Decreto n° 1.171/94). Descrevem algumas das qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a necessá-
condutas esperadas do servidor público quando do de- ria correlação nesses casos que temos de fazer do art. 116,
sempenho de suas funções. Em resumo, o servidor público inciso III, com a norma violada, e já prevista em outra lei,
deve desempenhar suas funções com cuidado, rapidez e decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”.
pontualidade, sendo leal à instituição que compõe, respei-
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando mani-
tando as ordens de seus superiores que sejam adequadas
festamente ilegais;
às funções que desempenhe e buscando conservar o patri-
“O servidor integra a estrutura organizacional do órgão
mônio do Estado. No tratamento do público, deve ser pres-
em que presta suas atribuições funcionais. O Estado se mo-
tativo e não negar o acesso a informações que não sejam
vimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro dos ór-
sigilosas. Caso presencie alguma ilegalidade ou abuso de gãos públicos, há um escalonamento de cargos e funções
poder, deve denunciar. Tomam-se como base os ensina- que servem ao cumprimento da vontade do ente estatal.
mentos de Lima6 a respeito destes deveres: Este escalonamento, posto em movimento, é o que vimos
até agora chamando de hierarquia. A hierarquia existe para
que do alto escalão até a prática dos administrados as coi-
sas funcionem. Disso decorre que quando é emitida uma
ordem para o servidor subordinado, este deve dar cumpri-
5 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servido- mento ao comando. Porém quando a ordem é visivelmente
res Públicos da União. Disponível em: <http://www.canal- ilegal, arbitrária, inconstitucional ou absurda, o servidor não
dosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. é obrigado a dar seguimento ao que lhe é ordenado. Quan-
Acesso em: 11 ago. 2013. do a ordem é manifestamente ilegal? Há uma margem de
6 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime discipli- interpretação, principalmente se o servidor subordinado não
nar dos servidores federais. Disponível em: <http://www. tiver nenhuma formação de ordem jurídica. Logo, é o bom
sato.adm.br/artigos/o_regime_disciplinar_dos_servido- senso que irá margear o que é flagrantemente inconstitu-
res_federais.htm>. Acesso em: 11 ago. 2013. cional”.

16
REGIME JURÍDICO ÚNICO

V - atender com presteza:a) ao público em geral, pres- ma transparente e com respeito à intimidade, à vida privada,
tando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas à honra e à imagem das pessoas, bem como às liberdades e
por sigilo; garantias individuais, segundo o artigo 31, da Lei nº 21.527,
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de 2011. A exceção para o sigilo existe, pois, não devemos
direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; tratar a questão em termos de cláusula jurídica de caráter
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. absoluto, podendo ter autorizada a divulgação ou o acesso
por terceiros quando houver previsão legal. Outra exceção é
“Este dever foi insculpido na lei para que o servidor quando há o consentimento expresso da pessoa a que elas
público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a se referirem. No caso de cumprimento de ordem judicial,
imagem desagradável que o mesmo possui perante a so- para a defesa de direitos humanos, e quando a proteção do
ciedade. Exige-se que atue com presteza no atendimento interesse público e geral preponderante o exigir, também
a informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta englo- devem ser fornecidas as informações. Portanto, o servidor há
ba o fisco federal, estadual, municipal e distrital. O servidor que ter reserva no seu comportamento e fala, esquivando-
público tem que ser expedito, diligente, laborioso. Não há -se de revelar o conteúdo do que se passa no seu trabalho.
mais lugar para o burocrata que se afasta do administrado, Se o assunto pululante é uma irregularidade absurda, deve
dificultando a vida de quem necessita de atendimento rápi- então reduzir a escrito e representar para que se apure o
do e escorreito. Entretanto, há um longo caminho a ser per- caso. Deveriam diminuir as conversas de corredor e se efeti-
corrido até que se atinja um mínimo ideal de atendimento e var a apuração dos fatos através do processo administrativo
de funcionamento dos órgãos públicos, o que deve neces- disciplinar. Os assuntos objeto do serviço merecem reserva.
sariamente passar por critérios de valorização dos servido- Devem ficar circunscritos aos servidores designados para o
res bons e de treinamento e qualificação permanente dos respectivo trabalho interno, não devendo sair da seção ou
quadros de pessoal”. setor de trabalho, sem o trâmite hierárquico do chefe ime-
diato. Se o assunto ou o trabalho, enfim, merecer divulgação
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em mais ampla, deve ser contatado o órgão de assessoria de
razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, comunicação social, que saberá proceder de forma oficial,
quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conheci- obedecendo ao bom senso e às leis vigentes”.
mento de outra autoridade competente para apuração; 
IX - manter conduta compatível com a moralidade ad-
“Todo servidor público é obrigado a dar conhecimento ao ministrativa;
chefe da repartição acerca das irregularidades de que toma “O ato administrativo não se satisfaz somente com o
conhecimento no exercício de suas atribuições. Deve levar ser legal. Para ser válido o ato administrativo tem que ser
ao conhecimento da chefia imediata pelo sistema hierárqui- compatível com a moralidade administrativa. O agente
co. Supõe-se que os titulares das chefias ou divisões detêm deve se comportar em seus atos de maneira proba, escor-
um conhecimento maior de como corrigir o erro ou comuni- reita, séria, não atuando com intenções escusas e desvir-
car aos órgãos de controle para a devida apuração. De nada tuadas. Seu poder-dever não pode ser utilizado, por exem-
adiantaria o servidor, ciente de um ato irregular, ir comunicar plo, para satisfação de interesses menores, como realizar a
ao público ou a terceiros. Além do dever de sigilo, há assuntos prática de determinado ato para beneficiar uma amante ou
que exigem certas reservas, visando ao bem do serviço públi- um parente. Se o agente viola o dever de agir com com-
co, da segurança nacional e mesmo da sociedade”. portamento incompatível com a moralidade administrativa,
poderá estar sujeito a sanção disciplinar. Seu ato ímprobo
VII - zelar pela economia do material e a conservação ou imoral configura o chamado desvio de poder, que é to-
do patrimônio público; talmente abominável no Direito Administrativo e poderá
“Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela econo- ser anulado interna corporis ou judicialmente através da
mia e pela conservação dos bens públicos presta um des- ação popular, ação de ressarcimento ao erário e ação civil
serviço à nação que lhe remunera. E como se verá adiante pública se o ato violar direito coletivo ou transindividual”.
poderá ser causa inclusive de demissão, se não cumprir o
presente dever, quando por descumprimento dele a gravi- X - ser assíduo e pontual ao serviço;
dade do fato implicar a infração a normas mais graves”.
“Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assí-
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; duo significa ser presente dentro do horário do expedien-
“O agente público deve guardar sigilo sobre o que se te. O oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é
passa na repartição, principalmente quanto aos assuntos aquele servidor que não atrasa seus compromissos. É o que
oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, comparece no horário para as reuniões de trabalho e de-
hoje está regulamentado o acesso às informações. Porém, o mais atividades relacionadas com o exercício do cargo que
servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o fornecimento ocupa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui o dever
ou divulgação das informações exigem um procedimento. violado, seja por impontualidade, seja por inassiduidade
Maior cuidado há que se ter, quando a informação possa (que ainda não aquela inassiduidade habitual de 60 dias
expor a intimidade da pessoa humana. As informações pes- ensejadora de demissão), merece reprimenda de advertên-
soais dos administrados em geral devem ser tratadas de for- cia, com fins educativos e de correção do servidor”.

17
REGIME JURÍDICO ÚNICO

XI - tratar com urbanidade as pessoas; “Nas Proibições – art. 117, constata-se, desde logo, sua ob-
jetividade e taxatividade, o que veda sua ampliação e o uso de
“No mundo moderno, e máxime em nossa civilização interpretações analógicas ou sistemáticas visto serem condutas
ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Ur- restritivas de direitos, sujeitas, portanto, ao princípio da reserva
bano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo legal. O descumprimento dessas proibições podem, inclusive,
da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e ensejar o enquadramento penal do servidor, pois muitas das
que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços condutas ali descritas, configuram prática de delito penal”7.
públicos”.
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso autorização do chefe imediato;
de poder. Violação do dever de assiduidade.
Parágrafo único.  A representação de que trata o inciso
XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
autoridade superior àquela contra a qual é formulada, qualquer documento ou objeto da repartição;
assegurando-se ao representando ampla defesa. Violação do dever de zelo com o patrimônio público.

Caso o funcionário público denuncie outro servidor, III - recusar fé a documentos públicos;


esta representação será encaminhada a alguém que seja É dever do servidor público conferir fé aos documentos
superior hierarquicamente ao denunciado, que terá direito públicos, revestindo-lhes da autoridade e confiança que seu
à ampla defesa. cargo possui. Violação do dever de transparência.
“O servidor tem obrigação legal de dar conhecimento às
autoridades de qualquer irregularidade de que tiver ciência IV - opor resistência injustificada ao andamento de docu-
em razão do cargo, principalmente no processo em que está mento e processo ou execução de serviço;
atuando ou quando o fato aconteceu sob as suas vistas. Não Não cabe impedir que o trâmite da administração seja al-
terado por um capricho pessoal. Violação ao dever de celerida-
é concebível que o servidor se defronte com uma irregulari-
de e eficiência, bem como de impessoalidade.
dade administrativa e fique inerte. Deve provocar quem de
direito para que a irregularidade seja sanada de imediato.
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no re-
Caso haja indiferença no seu círculo de atuação, i.e., no seu
cinto da repartição;
setor ou seção, deverá representar aos órgãos superiores.
Violação do dever de discrição.
Assim é que o dever de informar acerca de irregularidades
anda de braço dado com o dever de representar. Não sur-
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos ca-
tindo efeito a notícia da irregularidade, não corrigida esta,
sos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua
sobrevém o dever de representar. O dever de representa- responsabilidade ou de seu subordinado;
ção não deixa de ser uma prerrogativa legal, investindo o Quem é designado para o desempenho de uma função
servidor de um múnus público importante, constituindo o pública deve desempenhá-la, não podendo designar outra
servidor em um curador legal do ente público. O mais humil- pessoa para prestar seus serviços ou de seu subordinado.
de servidor passa a ser um agente promotor de legalidade.
É claro o inciso XII do art. 116 quando diz que é dever do VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filia-
servidor “representar contra ilegalidade, omissão ou abuso rem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político;
de poder”. De modo que também a omissão pode ensejar O direito de associação é livre, não podendo um funcio-
a representação. A omissão do agente que ilegalmente não nário forçar o seu subordinado a associar-se sindical ou poli-
pratica ato a que se acha vinculado pode até configurar o ticamente.
ilícito penal de prevaricação. O dever de representação deve
ser privilegiado, mas deve ser usado com o devido equilí- VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função
brio, não podendo servir a finalidades egoísticas, político- de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo
-partidárias, induzido por inimizades de cunho pessoal, o grau civil;
que de pronto trespassará o representante de autor a réu É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos, neto
por prática de abuso de poder ou denunciação caluniosa”. ou descendente, é o termo utilizado para designar o favoreci-
mento de parentes (ou amigos próximos) em detrimento de
Capítulo II pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz respeito
Das Proibições à nomeação ou elevação de cargos. O Decreto nº 7.203, de 4
de junho de 2010 dispõe sobre a vedação do nepotismo no
Art. 117.  Ao servidor é proibido:  âmbito da administração pública federal.
Em contraposição aos deveres do servidor público,
existem diversas proibições, que também estão em boa 7 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servido-
parte abrangidas pelo Decreto n° 1.171/94. A violação dos res Públicos da União. Disponível em: <http://www.canal-
deveres ou a prática de alguma das violações abaixo des- dosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>.
critas caracterizam infração administrativa disciplinar. Acesso em: 11 ago. 2013.

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REGIME JURÍDICO ÚNICO

Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge, Trata-se de indício da intenção de praticar atos contrá-
companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por rios ao interesse do Estado ao qual esteja vinculado.
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade no-
meante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investi- XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
do em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o Usura significa agiotagem, que é o empréstimo de di-
exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, nheiro a particulares obtendo juros abusivos em troca. As
de função gratificada na Administração Pública direta e in- atividades de empréstimo somente podem ser desempe-
direta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do nhadas com fim lucrativo por instituições credenciadas.
Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Fe- XV - proceder de forma desidiosa;
deral.” Obs.: se o concurso pedir pelo entendimento juris- Desídia é desleixo, descuido, preguiça, indolência.
prudencial, vá pela súmula, mas se não mencionar nada
se atenha ao texto da lei, visto que há pequenas variações XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição
entre o texto da súmula e o da lei. em serviços ou atividades particulares;
O aparato da administração pública pertence ao Esta-
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou do, não cabendo ao servidor utilizá-lo em atividades par-
de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; ticulares.
O cargo público serve apenas aos interesses da admi-
nistração pública, ou seja, da coletividade, não aos interes- XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas
ses pessoais do servidor. ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e
transitórias;
X - participar de gerência ou administração de socie- Cada servidor público tem sua atribuição legal, não
dade privada, personificada ou não personificada, exercer o cabendo designá-lo para desempenhar funções diversas
comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou co- salvo em caso de extrema necessidade.
manditário;
Não cabe ao servidor público administrar sociedade pri-
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom-
vada, o que pode comprometer sua eficiência e imparcialida-
patíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário
de no exercício da função pública. No princípio, ou seja, na re-
de trabalho;
dação original do Estatuto era proibida apenas a participação
O exercício de atividades incompatíveis propicia uma
do servidor como sócio gerente ou administrador de empresa
violação ao princípio da imparcialidade.
privada, exceto na qualidade de mero cotista, acionário ou
comanditário. Atualmente, a empresa pode até não estar per-
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
sonificada, por exemplo, não estar devidamente constituída e
registrada nos órgãos competentes (Junta Comercial, fisco es- quando solicitado.
tadual, municipal, distrital e federal, e órgãos de controle: am- A atualização de dados cadastrais é necessária para
biental, trabalhista etc.). Comprovada detidamente a gerência manter a administração ciente da situação de seu servidor.
ou administração da sociedade particular em concomitância
com a pretensa carga horária da repartição pública, deve ser Parágrafo único.  A vedação de que trata o inciso X do
aplicada a penalidade de demissão. caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: 
I - participação nos conselhos de administração e fiscal
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto de empresas ou entidades em que a União detenha, direta
a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios ou indiretamente, participação no capital social ou em so-
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo ciedade cooperativa constituída para prestar serviços a seus
grau, e de cônjuge ou companheiro; membros; e 
II - gozo de licença para o trato de interesses particu-
Não cabe atuar como procurador perante repartições lares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação
públicas de forma profissional. Daí a limitação à atuação sobre conflito de interesses. 
como representante de parente até segundo grau (irmãos, Nestes casos, é possível participar diretamente da ad-
ascendentes e descendentes, cônjuges e companheiros). ministração de sociedade privada, pois o interesse estatal
não será comprometido.
XII - receber propina, comissão, presente ou vanta-
gem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; Capítulo III
A percepção de vantagem indevida gerando enrique- Da Acumulação
cimento ilícito também caracteriza ato de improbidade ad-
ministrativa de maior gravidade, bem como crime de cor- Art. 118.  Ressalvados os casos previstos na Constituição,
rupção passiva. é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
Estabelece o artigo 37, XVI da Constituição Federal:
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
estrangeiro;

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REGIME JURÍDICO ÚNICO

É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, O exercício de função em determinados conselhos de


exceto, quando houver compatibilidade de horários, observa- administração e fiscais aceita remuneração. Trata-se de ex-
do em qualquer caso o disposto no inciso XI.  ceção ao caput.
a) a de dois cargos de professor; 
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou Art. 120.  O servidor vinculado ao regime desta Lei, que
científico; acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissio- em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de
nais de saúde, com profissões regulamentadas; ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver
compatibilidade de horário e local com o exercício de um
Segundo Carvalho Filho8, “o fundamento da proibição é deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou
impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o ser- entidades envolvidos.
vidor não execute qualquer delas com a necessária eficiência. Se o servidor já cumular dois cargos efetivos e for in-
Além disso, porém, pode-se observar que o Constituinte quis vestido de um cargo em comissão, ficará afastado dos car-
também impedir a cumulação de ganhos em detrimento da gos efetivos a não ser que exista compatibilidade de ho-
boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-se que a vedação rários e local com um deles, caso em que se afastará de
se refere à acumulação remunerada. Em consequência, se a somente um cargo efetivo.
acumulação só encerra a percepção de vencimentos por uma “Os artigos 118 a 120 da lei nº 8.112/90 ao tratarem da
das fontes, não incide a regra constitucional proibitiva”. acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam,
no âmbito do serviço público federal a vedação genérica
§ 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, empre- constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da
gos e funções em autarquias, fundações públicas, empresas República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos
públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito constitui uma das infrações mais comuns praticadas por
Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios. servidores públicos, o que se constata observando o eleva-
A proibição vale tanto para a administração direta quanto do número de processos administrativos instaurados com
para a indireta.
esse objeto. O sistema adotado pela lei nº 8.112/90 é rela-
tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos
§ 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condi-
de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso
cionada à comprovação da compatibilidade de horários.
nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua
Se o Estado pretende que o desempenho de atividade
situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a
cumulada não gere prejuízo à função pública, correto que exija
lei em comentário, um processo administrativo simplifica-
a comprovação de compatibilidade de horários;
do (processo disciplinar de rito sumário) para a apuração
§ 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção de dessa infração – art. 133” 9.
vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos
da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas Capítulo IV
remunerações forem acumuláveis na atividade. Das Responsabilidades
Exterioriza-se, por exemplo, a proibição de que o agente
se aposente do serviço público e continue o exercendo, rece- Art. 121.  O servidor responde civil, penal e adminis-
bendo aposentadoria e salário. trativamente pelo exercício irregular de suas atribuições.
Segundo Carvalho Filho10, “a responsabilidade se origi-
Art. 119.  O servidor não poderá exercer mais de um na de uma conduta ilícita ou da ocorrência de determinada
cargo em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo úni- situação fática prevista em lei e se caracteriza pela natureza
co do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em órgão do campo jurídico em que se consuma. Desse modo, a res-
de deliberação coletiva.  ponsabilidade pode ser civil, penal e administrativa. Cada
Cargo em comissão é aquele que não exige aprovação em responsabilidade é, em princípio, independente da outra”.
concurso público, sendo designado para o exercício por pos- É possível que o mesmo fato gere responsabilidade ci-
suir um vínculo de confiança com o superior. Somente é possí- vil, penal e administrativa, mas também é possível que este
vel exercer 1, salvo interinamente. Da mesma forma, não cabe gere apenas uma ou outra espécie de responsabilidade.
remuneração por participar de órgão de deliberação coletiva. Daí o fato das responsabilidades serem independentes: o
mesmo fato pode gerar a aplicação de qualquer uma delas,
Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica à cumulada ou isoladamente.
remuneração devida pela participação em conselhos de admi-
nistração e fiscal das empresas públicas e sociedades de econo-
mia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer 9 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servido-
empresas ou entidades em que a União, direta ou indiretamen- res Públicos da União. Disponível em: <http://www.canal-
te, detenha participação no capital social, observado o que, a dosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>.
respeito, dispuser legislação específica.  Acesso em: 11 ago. 2013.
10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de di-
8 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito reito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. 2010.

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REGIME JURÍDICO ÚNICO

Art. 122.  A responsabilidade civil decorre de ato omissivo Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo te causar aos membros da sociedade, mas se este agen-
ao erário ou a terceiros. te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do
§ 1o  A indenização de prejuízo dolosamente causado ao que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
erário somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na condutas incompatíveis com o comportamento ético dele
falta de outros bens que assegurem a execução do débito pela esperado.12
via judicial. A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
§ 2o  Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. contraditório e ampla defesa.
§ 3o  A obrigação de reparar o dano estende-se aos su- Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com
cessores e contra eles será executada, até o limite do valor da culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor
herança recebida. que gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro (ad-
ministrado), o servidor terá o dever de indenizar.
O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do
direito obrigacional, uma vez que a principal consequência da Art. 123.  A responsabilidade penal abrange os crimes
prática de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
de reparar o dano, mediante o pagamento de indenização que A responsabilidade penal do servidor decorre de uma
se refere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou in- conduta que a lei penal tipifique como infração penal, ou
corre em omissão que gere dano deve suportar as consequên- seja, como crime ou contravenção penal.
cias jurídicas decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.11 O servidor poderá ser responsabilizado apenas penal-
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, poden- mente, uma vez que somente caberá responsabilização civil
do recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os limites se o ato tiver causado prejuízo ao erário (elemento dano).
da herança, embora existam reflexos na ação que apure a res- Os crimes contra a Administração Pública se encon-
ponsabilidade civil conforme o resultado na esfera penal (por tram nos artigos 312 a 326 do Código Penal, mas existem
exemplo, uma absolvição por negativa de autoria impede a
outros crimes espalhados pela legislação específica.
condenação na esfera cível, ao passo que uma absolvição por
falta de provas não o faz).
Art. 124.  A responsabilidade civil-administrativa re-
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
sulta de ato omissivo ou comissivo praticado no desem-
se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele que, por
penho do cargo ou função.
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, vio-
lar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
Quando o servidor pratica um ilícito administrativo, a
moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo central do instituto
da responsabilidade civil, que tem como elementos: ação ou ele é atribuída responsabilidade administrativa. O ilícito
omissão voluntária (agir como não se deve ou deixar de agir pode verificar-se por conduta comissiva ou omissiva e os
como se deve), culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de fatos que o configuram são os previstos na legislação es-
cometer uma violação de direito e culpa é a falta de diligência), tatutária. Por exemplo, as sanções aplicadas pela Comissão
nexo causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e de Ética por violação ao Decreto n° 1.171/94 são adminis-
o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agen- trativas.
te, que pode ser individual ou coletivo, moral ou material, eco-
nômico e não econômico). Art. 125.  As sanções civis, penais e administrativas po-
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: derão cumular-se, sendo independentes entre si.

As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado Se as responsabilidades se cumularem, também as


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus sanções serão cumuladas. Daí afirmar-se que tais respon-
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o di- sabilidades são independentes, ou seja, não dependem
reito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. uma da outra.

Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídica Art. 126.  A responsabilidade administrativa do servidor
autônoma entre o Estado e o agente público que causou o será afastada no caso de absolvição criminal que negue
dano no desempenho de suas funções. Nesta relação, a res- a existência do fato ou sua autoria.
ponsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado Determinadas decisões na esfera penal geram exclusão
provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual foi an- da responsabilidade nas esferas civil e administrativa, quais
teriormente condenado a reparar. Direito de regresso é jus- sejam: absolvição por inexistência do fato ou negativa de
tamente o direito de acionar o causador direto do dano para autoria. A absolvição criminal por falta de provas não gera
obter de volta aquilo que pagou à vítima, considerada a exis- exclusão da responsabilidade civil e administrativa.
tência de uma relação obrigacional que se forma entre a vítima A absolvição proferida na ação penal, em regra, nada
e a instituição que o agente compõe. prejudica a pretensão de reparação civil do dano ex delicto,
conforme artigos 65, 66 e 386, IV do CPP: “art. 65. Faz coisa
11 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade 12 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed.
Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. São Paulo: Método, 2011.

21
REGIME JURÍDICO ÚNICO

julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o Art. 128.  Na aplicação das penalidades serão conside-
ato praticado em estado de necessidade, em legítima defe- radas a natureza e a gravidade da infração cometida,
sa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício os danos que dela provierem para o serviço público, as cir-
regular de direito” (excludentes de antijuridicidade); “art. cunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes
66. não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, funcionais.
a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, ca- Parágrafo único.  O ato de imposição da penalidade
tegoricamente, reconhecida a inexistência material do mencionará sempre o fundamento legal e a causa da san-
fato”; “art. 386, IV –  estar provado que o réu não concor- ção disciplinar. 
reu para a infração penal”. De forma fundamentada, justificada, se escolherá por
Entendem Fuller, Junqueira e Machado13: “a absolvição uma ou outra sanção, conforme a gravidade do ato praticado.
dubitativa (motivada por juízo de dúvida), ou seja, por falta de
provas, (art. 386, II, V e VII, na nova redação conferida ao CPP), Art. 129.  A advertência será aplicada por escrito, nos
não empresta qualquer certeza ao âmbito da jurisdição civil, casos de violação de proibição constante do art. 117, inci-
restando intocada a possibilidade de, na ação civil de conhe- sos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional
cimento, ser provada e reconhecida a existência do direito ao previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não
ressarcimento, de acordo com o grau de cognição e convicção justifique imposição de penalidade mais grave.
próprios da seara civil (na esfera penal, a decisão de condena- Vide comentários aos incisos I a VII e XIX do art. 117.
ção somente pode ser lastreada em juízo de certeza, tendo em A norma é genérica, envolvendo ainda qualquer outra vio-
vista o princípio constitucional do estado de inocência)”. lação de dever funcional que não exija sanção mais grave.

Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili- Art. 130.  A suspensão será aplicada em caso de reinci-
zado civil, penal ou administrativamente por dar ciência à dência das faltas punidas com advertência e de violação
autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvi- das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita
mento desta, a outra autoridade competente para apuração a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90
de informação concernente à prática de crimes ou improbi- (noventa) dias.
dade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência A suspensão é uma sanção administrativa intermediá-
do exercício de cargo, emprego ou função pública. ria, aplicável se as práticas sujeitas a advertência se repe-
tirem ou em caso de infração grave que ainda assim não
Este dispositivo visa garantir que os servidores públi- gere pena de demissão.
cos denunciem os servidores hierarquicamente superiores. § 1o  Será punido com suspensão de até 15 (quin-
Afinal, todos teriam receio de denunciar se pudessem ser ze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser
responsabilizados civil, penal ou administrativamente por submetido a inspeção médica determinada pela autorida-
tal denúncia caso no curso da apuração se verificasse que de competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez
ela não procedia. cumprida a determinação.
Trata-se de hipótese específica em que será aplicada
suspensão.
Capítulo V
§ 2o  Quando houver conveniência para o serviço, a pe-
Das Penalidades
nalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na
base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento
Art. 127.  São penalidades disciplinares:
ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permane-
I - advertência;
cer em serviço.
II - suspensão;
Se for inconveniente para a administração pública abrir
III - demissão;
mão do servidor, poderá multá-lo em 50% de seu vencimen-
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; to/remuneração diário pelo número de dias de suspensão.
V - destituição de cargo em comissão; O servidor não poderá se recusar a permanecer em serviço.
VI - destituição de função comissionada.
A advertência é a pena mais leve, um aviso de que o Art.  131.   As penalidades de advertência e de suspen-
funcionário se portou de forma inadequada e de que isso são terão seus registros cancelados, após o decurso de 3
não deve se repetir. A suspensão é uma sanção intermediá- (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente,
ria, fazendo com que o funcionário deixe de desempenhar se o servidor não houver, nesse período, praticado nova in-
o cargo por certo período. Na demissão, o funcionário não fração disciplinar.
mais exercerá o cargo, sendo assim sanção mais grave. Ou- Parágrafo único.  O cancelamento da penalidade não
tras sanções são cassação da aposentadoria ou disponibi- surtirá efeitos retroativos.
lidade, destituição do cargo em comissão, destituição da
função comissionada. O bom comportamento posterior do servidor faz com
13 FULLER, Paulo Henrique Aranda; JUNQUEIRA, Gus- que o registro de advertência (após 3 anos) ou suspensão
tavo Octaviano Diniz; MACHADO, Angela C. Cangiano. (após 5 anos) seja apagado de seu registro, o que não sig-
Processo Penal. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, nifica que o servidor poderá requerer, por exemplo, o pa-
2010. (Coleção Elementos do Direito) gamento referente aos dias que ficou suspenso.

22
REGIME JURÍDICO ÚNICO

Art. 132.  A demissão será aplicada nos seguintes casos: § 2o  A comissão lavrará, até três dias após a publicação
I - crime contra a administração pública; do ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão
Artigos 312 a 326 do Código Penal. transcritas as informações de que trata o parágrafo anterior,
bem como promoverá a citação pessoal do servidor indicia-
II - abandono de cargo; do, ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no prazo
III - inassiduidade habitual; de cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe
Deixar totalmente de exercer o cargo ou faltar em ex- vista do processo na repartição, observado o disposto nos
cesso. arts. 163 e 164.
§ 3o  Apresentada a defesa, a comissão elaborará rela-
IV - improbidade administrativa; tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade
Atos descritos na Lei n° 8.429/92. do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos,
opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à au-
repartição; toridade instauradora, para julgamento.
Ausência de discrição no exercício das funções. § 4o  No prazo de cinco dias, contados do recebimento
do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão,
VI - insubordinação grave em serviço; aplicando-se, quando for o caso, o disposto no § 3o do art.
Violação grave do dever de obediência hierárquica. 167.
§ 5o  A opção pelo servidor até o último dia de prazo
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se con-
salvo em legítima defesa própria ou de outrem; verterá automaticamente em pedido de exoneração do outro
Ofensa física a servidor ou administrado que não para cargo.
se defender. § 6o  Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-
-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassa-
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; ção de aposentadoria ou disponibilidade em relação aos
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão cargos, empregos ou funções públicas em regime de acu-
do cargo; mulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimô- vinculação serão comunicados. 
nio nacional; § 7o  O prazo para a conclusão do processo adminis-
XI - corrupção; trativo disciplinar submetido ao rito sumário não excede-
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções rá trinta dias, contados da data de publicação do ato que
públicas; constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por até
Na verdade, são atos de improbidade administrativa, quinze dias, quando as circunstâncias o exigirem.
então nem precisariam ser mencionados. § 8o  O procedimento sumário rege-se pelas disposi-
ções deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável,
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei.
Vide comentários aos incisos IX a XVI do art. 117.
O artigo descreve o procedimento em caso de violação
Art. 133.  Detectada a qualquer tempo a acumulação do dever de não acumular cargos ilicitamente. No início,
ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade o servidor será notificado para se manifestar optando por
a que se refere o art. 143 notificará o servidor, por intermé- um cargo. Se ficar omisso ou se recusar fazer a opção, será
dio de sua chefia imediata, para apresentar opção no prazo instaurado processo administrativo disciplinar. Nele, o ser-
improrrogável de dez dias, contados da data da ciência e, na vidor poderá apresentar defesa no sentido de ser lícita a
hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a cumulação. Mas até o último dia do prazo para defesa o
sua apuração e regularização imediata, cujo processo admi- servidor poderá optar por um caso, caso em que o proce-
nistrativo disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases: dimento se converterá em pedido de exoneração do cargo
I - instauração, com a publicação do ato que consti- não escolhido, presumindo-se a boa-fé do servidor.
tuir a comissão, a ser composta por dois servidores estáveis,
e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da Art. 134.  Será cassada a aposentadoria ou a dispo-
transgressão objeto da apuração; nibilidade do inativo que houver praticado, na atividade,
II - instrução sumária, que compreende indiciação, de- falta punível com a demissão.
fesa e relatório; 
III - julgamento. Supondo que o servidor tenha praticado ato punível
§ 1o  A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se- com demissão e, sabendo disso, se demita. Isso não evitará
-á pelo nome e matrícula do servidor, e a materialidade que sua aposentadoria seja cassada, assim como ele seria
pela descrição dos cargos, empregos ou funções públicas demitido se no exercício das funções.
em situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou entida-
des de vinculação, das datas de ingresso, do horário de Art. 135.  A destituição de cargo em comissão exer-
trabalho e do correspondente regime jurídico. cido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos

23
REGIME JURÍDICO ÚNICO

casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos
de demissão. dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período
Parágrafo único.  Constatada a hipótese de que trata este igual ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante
artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será con- o período de doze meses;
vertida em destituição de cargo em comissão. II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará
relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilida-
Logo, a destituição do cargo em comissão por quem de do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos,
não ocupe um cargo efetivo é aplicável quando o comis- indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de
sionado aplicar não só os atos sujeitos à pena de demissão, abandono de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao
mas também os sujeitos à pena de suspensão. serviço superior a trinta dias e remeterá o processo à autorida-
de instauradora para julgamento.
Art. 136.  A demissão ou a destituição de cargo em co- Por indicação de materialidade, entenda-se demonstra-
missão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, im- ção do fato. É preciso indicar especificamente os dias faltados.
plica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao Adota-se o procedimento do art. 133.
erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
Art. 141.  As penalidades disciplinares serão aplicadas:
Nos casos de demissão e destituição do cargo em comis-
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Ca-
são, os bens ficarão indisponíveis para o ressarcimento do pre-
sas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Pro-
juízo sofrido pelo Estado, cabendo ainda ação penal própria.
curador-Geral da República, quando se tratar de demissão e
Art. 137.  A demissão ou a destituição de cargo em cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor vin-
comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incom- culado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;
patibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo II - pelas autoridades administrativas de hierarquia ime-
público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. diatamente inferior àquelas mencionadas no inciso ante-
rior  quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
O ex-servidor que tenha se valido do cargo para lograr III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma
proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignida- dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de ad-
de da função pública ou que tenha  atuado como procura- vertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
dor ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo em IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando
hipóteses específicas, não poderá ser investido em cargo se tratar de destituição de cargo em comissão.
público federal pelo prazo de 5 anos.
Presidente da República/Presidentes da Câmara dos
Parágrafo único.  Não poderá retornar ao serviço público Deputados ou do Senado Federal/Presidentes dos Tribunais
federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em Federais - TRF, TRE, TRT, TSE, TST, STJ e STF/Procurador-Ge-
comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI. ral da República - demissão ou cassação de aposentadoria/
Vide incisos I, IV, VIII, X e XI do artigo 132. Nestes casos, disponibilidade do servidor vinculado ao órgão (sanções mais
não caberá jamais retorno ao serviço público federal, diante graves).
da gravidade dos atos praticados. Autoridade administrativa de hierarquia imediatamente
inferior às do inciso I - suspensão por mais de 30 dias (sanção
Art. 138.  Configura abandono de cargo a ausência in- de suspensão, de gravidade intermediária, por maior perío-
tencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias do).
consecutivos. Chefe da repartição e outras autoridades previstas no re-
Conceito de abandono de cargo: ausência intencional gulamento - advertência e suspensão inferior a 30 dias (san-
por mais de 30 dias seguidos. Gera pena de demissão. ção de suspensão, de gravidade intermediária, por menor
período).
Art. 139.  Entende-se por inassiduidade habitual a fal-
Autoridade que houver feito a nomeação, em qualquer
ta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias,
cargo de comissão, independente da pena.
interpoladamente, durante o período de doze meses.

Conceito de inassiduidade habitual, que também gera Art. 142.  A ação disciplinar prescreverá:
demissão: ausência por 60 dias num período de 12 meses I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
de forma injustificada. demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e des-
tituição de cargo em comissão;
Art. 140.  Na apuração de abandono de cargo ou inassidui- II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
dade habitual, também será adotado o procedimento sumá- III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
rio a que se refere o art. 133, observando-se especialmente que:  § 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em
I - a indicação da materialidade dar-se-á:  que o fato se tornou conhecido.
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação pre- § 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal apli-
cisa do período de ausência intencional do servidor ao serviço cam-se às infrações disciplinares capituladas também como
superior a trinta dias;  crime.

24
REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de pro- III - instauração de processo disciplinar.


cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicân-
proferida por autoridade competente. cia não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado
§ 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo começa- por igual período, a critério da autoridade superior.
rá a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
direito de acionar judicialmente. ensejar a imposição de penalidade de suspensão por
No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de apo-
graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena de sus- sentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo
pensão) e 180 dias para as menos graves (pena de adver- em comissão, será obrigatória a instauração de proces-
tência) - Contados da data em que o fato se tornou conhe- so disciplinar.
cido pela administração pública.
Se a infração disciplinar for crime, valerão os prazos A sindicância é uma modalidade mais branda de apu-
prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos ração da infração administrativa porque, ou gerará a apli-
favoráveis ao servidor. cação de uma sanção mais branda, ou apenas antecederá
Interrupção da prescrição significa parar a contagem o processo administrativo disciplinar que aplique a sanção
do prazo para que, retornando, comece do zero. Da aber- mais grave, entendendo-se por sanções mais graves qual-
tura da sindicância ou processo administrativo disciplinar quer uma pior do que suspensão por menos de 30 dias
até a decisão final proferida por autoridade competente (suspensão por mais de 30 dias, além de todas as outras
não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa que geram perda do cargo ou da aposentadoria).
a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais propor
ação disciplinar. Capítulo II
Do Afastamento Preventivo
Processo administrativo disciplinar
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servi-
Título V dor não venha a influir na apuração da irregularidade,
Do Processo Administrativo Disciplinar a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá de-
terminar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo
Capítulo I de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração.
Disposições Gerais Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado
por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularida- que não concluído o processo.
de no serviço público é obrigada a promover a sua apuração O afastamento preventivo é uma medida cautelar que
imediata, mediante sindicância ou processo administrativo
impede que o servidor tente influenciar na decisão da apu-
disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.
ração de sua infração, podendo ocorrer por no máximo 60
§§ 1º e 2º (Revogados)
dias, prorrogáveis até 120 dias, sem perda de remuneração
§ 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação da
(afinal, ainda não foi condenado).
autoridade a que se refere, poderá ser promovida por au-
toridade de órgão ou entidade diverso daquele em que
tenha ocorrido a irregularidade, mediante competência
específica para tal finalidade, delegada em caráter perma-
Capítulo III
nente ou temporário pelo Presidente da República, pelos
presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Do Processo Disciplinar
Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do
respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as compe- Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento desti-
tências para o julgamento que se seguir à apuração. nado a apurar responsabilidade de servidor por infração
praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha rela-
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão ob- ção com as atribuições do cargo em que se encontre investido.
jeto de apuração, desde que contenham a identificação e o
endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito, Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por co-
confirmada a autenticidade. missão composta de três servidores estáveis designados
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar pela autoridade competente, observado o disposto no § 3o
evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que
arquivada, por falta de objeto. deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo
nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do
Art. 145. Da sindicância poderá resultar: indiciado.
I - arquivamento do processo; § 1º A Comissão terá como secretário servidor desig-
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspen- nado pelo seu presidente, podendo a indicação recair em
são de até 30 (trinta) dias; um de seus membros.

25
REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 2º Não poderá participar de comissão de sindicân- Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá
cia ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do a tomada de depoimentos, acareações, investigações e
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou cola- diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recor-
teral, até o terceiro grau. rendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a
permitir a completa elucidação dos fatos.

Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com in- Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar
dependência e imparcialidade, assegurado o sigilo ne- o processo pessoalmente ou por intermédio de procurador,
cessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e contrapro-
administração. vas e formular quesitos, quando se tratar de prova pericial.
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comis- § 1º O presidente da comissão poderá denegar pedi-
sões terão caráter reservado. dos considerados impertinentes, meramente protelatórios,
ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas se- § 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quan-
guintes fases: do a comprovação do fato independer de conhecimento
I - instauração, com a publicação do ato que constituir especial de perito.
a comissão;
II - inquérito administrativo, que compreende instru- Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor
mediante mandado expedido pelo presidente da comissão,
ção, defesa e relatório;
devendo a segunda via, com o ciente do interessado, ser ane-
III - julgamento.
xado aos autos.
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público,
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo discipli-
a expedição do mandado será imediatamente comunicada
nar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do dia e
publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua hora marcados para inquirição.
prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o
exigirem. Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e re-
§ 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tem- duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por
po integral aos seus trabalhos, ficando seus membros dis- escrito.
pensados do ponto, até a entrega do relatório final. § 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente.
§ 2º As reuniões da comissão serão registradas em § 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou
atas que deverão detalhar as deliberações adotadas. que se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os de-
Este capítulo introduz aspectos sobre o processo admi- poentes.
nistrativo que serão aprofundados adiante e na própria lei
nº 9.784/99. Em suma, tem-se que o processo administra- Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a co-
tivo deve garantir a ampla defesa, será conduzido por uma missão promoverá o interrogatório do acusado, observa-
comissão de 3 membros funcionários estáveis que decidi- dos os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158.
rão com independência e imparcialidade, divide-se em 3 § 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles
fases e possui prazo limite de duração (60, eventualmente será ouvido separadamente, e sempre que divergirem em
+60). suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será pro-
movida a acareação entre eles.
Seção I § 2º O procurador do acusado poderá assistir ao inter-
Do Inquérito rogatório, bem como à inquirição das testemunhas, sendo-
-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, facultan-
Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao prin- do-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio do presidente
cípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla de- da comissão.
fesa, com a utilização dos meios e recursos admitidos em
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade
direito.
mental do acusado, a comissão proporá à autoridade com-
petente que ele seja submetido a exame por junta médica
Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o pro-
oficial, da qual participe pelo menos um médico psiquiatra.
cesso disciplinar, como peça informativa da instrução.
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicân- processado em auto apartado e apenso ao processo princi-
cia concluir que a infração está capitulada como ilícito pe- pal, após a expedição do laudo pericial.
nal, a autoridade competente encaminhará cópia dos au-
tos ao Ministério Público, independentemente da imediata Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será for-
instauração do processo disciplinar. mulada a indiciação do servidor, com a especificação dos
fatos a ele imputados e das respectivas provas.

26
REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido § 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada
pelo presidente da comissão para apresentar defesa escri- da autoridade instauradora do processo, este será encami-
ta, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do nhado à autoridade competente, que decidirá em igual
processo na repartição. prazo.
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será co- § 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de
mum e de 20 (vinte) dias. sanções, o julgamento caberá à autoridade competente para
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo a imposição da pena mais grave.
dobro, para diligências reputadas indispensáveis. § 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às autori-
na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data dades de que trata o inciso I do art. 141.
declarada, em termo próprio, pelo membro da comissão § 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servidor,
que fez a citação, com a assinatura de (2) duas testemunhas. a autoridade instauradora do processo determinará o seu arqui-
vamento, salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos.
Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obri-
gado a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão,
encontrado. salvo quando contrário às provas dos autos.
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar
as provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivada-
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e
mente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o
não sabido, será citado por edital, publicado no Diário Ofi-
servidor de responsabilidade.
cial da União e em jornal de grande circulação na localidade
do último domicílio conhecido, para apresentar defesa.
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a au-
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para toridade que determinou a instauração do processo ou outra de
defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação hierarquia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e
do edital. ordenará, no mesmo ato, a constituição de outra comissão para
instauração de novo processo.
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regular- § 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade
mente citado, não apresentar defesa no prazo legal. do processo.
§ 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do § 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição de
processo e devolverá o prazo para a defesa. que trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma do
§ 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade ins- Capítulo IV do Título IV.
tauradora do processo designará um servidor como defen-
sor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo supe- Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autori-
rior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual dade julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos
ou superior ao do indiciado. individuais do servidor.

Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime,
relatório minucioso, onde resumirá as peças principais dos o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para
autos e mencionará as provas em que se baseou para formar instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
a sua convicção.
§ 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à ino- Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só
cência ou à responsabilidade do servidor. poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntaria-
§ 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a co- mente, após a conclusão do processo e o cumprimento da
missão indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgre- penalidade, acaso aplicada.
dido, bem como as circunstâncias agravantes ou atenuantes. Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o pará-
grafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em demissão,
se for o caso.
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da co-
missão, será remetido à autoridade que determinou a
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
sua instauração, para julgamento.
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da
O inquérito é uma das fases do processo administrati- sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado
vo disciplinar, obedecendo às regras descritas nesta seção, ou indiciado;
destacando-se as que tratam da produção de provas. II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obri-
gados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de
Seção II missão essencial ao esclarecimento dos fatos.
Do Julgamento
Nesta seção, trata-se do julgamento do processo adminis-
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do trativo disciplinar, que não será feito pela comissão, mas pela
recebimento do processo, a autoridade julgadora profe- autoridade competente para aplicar a sanção. Afinal, a comissão
rirá a sua decisão. apenas indica qual o ato praticado pelo indiciamento. Se houver

27
REGIME JURÍDICO ÚNICO

mais de um indiciado e as sanções forem diversas, julga a autori- dos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição
dade de maior nível hierárquico. Ex: autoridade que pode aplicar do cargo em comissão, que será convertida em exoneração.
suspensão não pode aplicar demissão, de forma que se a um dos Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá re-
indiciados couber demissão será a autoridade que pode aplicar sultar agravamento de penalidade.
esta pena que aplicará também a suspensão ao outro indiciado.
A revisão do processo consiste na possibilidade do ser-
Seção III vidor condenado requerer que sua condenação seja revista
Da Revisão do Processo se surgirem novos fatos ou circunstâncias que justifiquem
sua absolvição ou a aplicação de uma pena mais leve. Po-
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a derá ser requerida ao ministro de Estado ou autoridade de
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzi- mesma hierarquia e será apensada ao processo adminis-
rem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justifi- trativo originário. O julgamento será feito pela mesma au-
car a inocência do punido ou a inadequação da penali- toridade que aplicou a pena. Se apurado que na verdade
dade aplicada. a pena deveria ser maior, não cabe agravar a situação do
§ 1º Em caso de falecimento, ausência ou desapareci- servidor.
mento do servidor, qualquer pessoa da família poderá re-
querer a revisão do processo. Da Seguridade Social do Servidor
§ 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a
revisão será requerida pelo respectivo curador. Título VI
Da Seguridade Social do Servidor
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe
ao requerente. Capítulo I
Disposições Gerais
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalida-
de não constitui fundamento para a revisão, que requer Art. 183.  A União manterá Plano de Seguridade Social
elementos novos, ainda não apreciados no processo origi- para o servidor e sua família.
nário. § 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que
não seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou em-
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será prego efetivo na administração pública direta, autár-
dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equiva- quica e fundacional não terá direito aos benefícios do Pla-
lente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao no de Seguridade Social, com exceção da assistência à saúde. 
dirigente do órgão ou entidade onde se originou o processo § 2º O servidor afastado ou licenciado do cargo efe-
disciplinar. tivo, sem direito à remuneração, inclusive para servir
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade com- em organismo oficial internacional do qual o Brasil seja
petente providenciará a constituição de comissão, na forma membro efetivo ou com o qual coopere, ainda que con-
tribua para regime de previdência social no exterior,
do art. 149.
terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de
Seguridade Social do Servidor Público enquanto durar
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo ori-
o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, neste
ginário.
período, os benefícios do mencionado regime de pre-
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá
vidência.
dia e hora para a produção de provas e inquirição das teste-
§ 3º Será assegurada ao servidor licenciado ou afas-
munhas que arrolar.
tado sem remuneração a manutenção da vinculação
ao regime do Plano de Seguridade Social do Servidor
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias Público, mediante o recolhimento mensal da respectiva
para a conclusão dos trabalhos. contribuição, no mesmo percentual devido pelos ser-
vidores em atividade, incidente sobre a remuneração
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, total do cargo a que faz jus no exercício de suas atri-
no que couber, as normas e procedimentos próprios da buições, computando-se, para esse efeito, inclusive, as
comissão do processo disciplinar. vantagens pessoais.
§ 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efe-
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que tuado até o segundo dia útil após a data do pagamento
aplicou a penalidade, nos termos do art. 141. das remunerações dos servidores públicos, aplicando-
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 -se os procedimentos de cobrança e execução dos tri-
(vinte) dias, contados do recebimento do processo, no curso butos federais quando não recolhidas na data de ven-
do qual a autoridade julgadora poderá determinar diligências. cimento.

Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada Art. 184.  O Plano de Seguridade Social visa a dar cober-
sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se to- tura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família,

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REGIME JURÍDICO ÚNICO

e compreende um conjunto de benefícios e ações que aten- d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se ho-
dam às seguintes finalidades: mem, e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos
I - garantir meios de subsistência nos eventos de doen- proporcionais ao tempo de serviço.
ça, invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, fale-
cimento e reclusão; § 1o  Consideram-se doenças graves, contagiosas
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade; ou incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo,
III - assistência à saúde. tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla,
Parágrafo único.  Os benefícios serão concedidos nos neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no
termos e condições definidos em regulamento, observadas serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doen-
as disposições desta Lei. ça de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante,
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados
Art. 185.  Os benefícios do Plano de Seguridade Social do avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome
servidor compreendem: de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras que a lei in-
I - quanto ao servidor: dicar, com base na medicina especializada.
a) aposentadoria; § 2o  Nos casos de exercício de atividades conside-
b) auxílio-natalidade; radas insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses
c) salário-família; previstas no art. 71, a aposentadoria de que trata o inci-
d) licença para tratamento de saúde; so III, «a» e «c», observará o disposto em lei específica.
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade; § 3o  Na hipótese do inciso I o servidor será sub-
f) licença por acidente em serviço; metido à junta médica oficial, que atestará a invalidez
g) assistência à saúde; quando caracterizada a incapacidade para o desempe-
h) garantia de condições individuais e ambientais nho das atribuições do cargo ou a impossibilidade de se
de trabalho satisfatórias; aplicar o disposto no art. 24. 
II - quanto ao dependente:
a) pensão vitalícia e temporária;
Art. 187.  A aposentadoria compulsória será automática,
b) auxílio-funeral;
e declarada por ato, com vigência a partir do dia imediato
c) auxílio-reclusão;
àquele em que o servidor atingir a idade-limite de perma-
d) assistência à saúde.
nência no serviço ativo.
§ 1o  As aposentadorias e pensões serão concedidas
e mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se encon-
Art. 188.  A aposentadoria voluntária ou por invalidez
tram vinculados os servidores, observado o disposto nos arts.
vigorará a partir da data da publicação do respectivo ato.
189 e 224.
§ 1o  A aposentadoria por invalidez será precedida
§ 2o  O recebimento indevido de benefícios havidos
de licença para tratamento de saúde, por período não
por fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário
do total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível. excedente a 24 (vinte e quatro) meses.
§ 2o  Expirado o período de licença e não estando
Capítulo II em condições de reassumir o cargo ou de ser readapta-
Dos Benefícios do, o servidor será aposentado.
§ 3o  O lapso de tempo compreendido entre o tér-
Seção I mino da licença e a publicação do ato da aposentadoria
Da Aposentadoria será considerado como de prorrogação da licença.
§ 4o  Para os fins do disposto no § 1o deste artigo,
Art. 186.  O servidor será aposentado:   serão consideradas apenas as licenças motivadas pela
I - por invalidez permanente, sendo os proventos inte- enfermidade ensejadora da invalidez ou doenças cor-
grais quando decorrente de acidente em serviço, moléstia relacionadas.
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, espe- § 5o  A critério da Administração, o servidor em
cificada em lei, e proporcionais nos demais casos; licença para tratamento de saúde ou aposentado por
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com invalidez poderá ser convocado a qualquer momento,
proventos proporcionais ao tempo de serviço; para avaliação das condições que ensejaram o afasta-
III - voluntariamente: mento ou a aposentadoria. 
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e
aos 30 (trinta) se mulher, com proventos integrais; Art. 189.  O provento da aposentadoria será calculado
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em fun- com observância do disposto no § 3o do art. 41, e revisto
ções de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se na mesma data e proporção, sempre que se modificar a
professora, com proventos integrais; remuneração dos servidores em atividade.
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos Parágrafo único.  São estendidos aos inativos quaisquer
25 (vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcio- benefícios ou vantagens posteriormente concedidas aos ser-
nais a esse tempo; vidores em atividade, inclusive quando decorrentes de trans-

29
REGIME JURÍDICO ÚNICO

formação ou reclassificação do cargo ou função em que se III - a mãe e o pai sem economia própria.
deu a aposentadoria.

Art.  198.   Não se configura a dependência econômica


Art. 190.  O servidor aposentado com provento propor- quando o beneficiário do salário-família perceber rendimen-
cional ao tempo de serviço se acometido de qualquer das to do trabalho ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão
moléstias especificadas no § 1o do art. 186 desta Lei e, por ou provento da aposentadoria, em valor igual ou superior ao
esse motivo, for considerado inválido por junta médica salário-mínimo.
oficial passará a perceber provento integral, calculado
com base no fundamento legal de concessão da apo- Art. 199.  Quando o pai e mãe forem servidores públi-
sentadoria. cos e viverem em comum, o salário-família será pago a um
deles; quando separados, será pago a um e outro, de acordo
Art. 191.  Quando proporcional ao tempo de serviço, o com a distribuição dos dependentes.
provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração Parágrafo único.  Ao pai e à mãe equiparam-se o pa-
da atividade. drasto, a madrasta e, na falta destes, os representantes le-
gais dos incapazes.
Art. 192. (Vetado).
Art. 200.  O salário-família não está sujeito a qualquer
Art. 193. (Revogado). tributo, nem servirá de base para qualquer contribuição, in-
clusive para a Previdência Social.
Art. 194.  Ao servidor aposentado será paga a gratifica-
ção natalina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor Art. 201.  O afastamento do cargo efetivo, sem remunera-
equivalente ao respectivo provento, deduzido o adiantamen- ção, não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.
to recebido.
Seção IV
Art. 195.  Ao ex-combatente que tenha efetivamente Da Licença para Tratamento de Saúde
participado de operações bélicas, durante a Segunda Guerra
Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de Art. 202.  Será concedida ao servidor licença para trata-
1967, será concedida aposentadoria com provento integral, mento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia
aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço efetivo. médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.

Seção II Art. 203.  A licença de que trata o art. 202 desta Lei será
Do Auxílio-Natalidade concedida com base em perícia oficial. 
§ 1o  Sempre que necessário, a inspeção médica será
Art. 196.  O auxílio-natalidade é devido à servidora por realizada na residência do servidor ou no estabeleci-
motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao mento hospitalar onde se encontrar internado.
menor vencimento do serviço público, inclusive no caso de § 2o  Inexistindo médico no órgão ou entidade no
natimorto. local onde se encontra ou tenha exercício em caráter
§ 1o  Na hipótese de parto múltiplo, o valor será permanente o servidor, e não se configurando as hipó-
acrescido de 50% (cinquenta por cento), por nascituro. teses previstas nos parágrafos do art. 230, será aceito
§ 2o  O auxílio será pago ao cônjuge ou companhei- atestado passado por médico particular.
ro servidor público, quando a parturiente não for ser- § 3o  No caso do § 2o deste artigo, o atestado so-
vidora. mente produzirá efeitos depois de recepcionado pela
unidade de recursos humanos do órgão ou entidade. 
Seção III § 4o  A licença que exceder o prazo de 120 (cento e
Do Salário-Família vinte) dias no período de 12 (doze) meses a contar do
primeiro dia de afastamento será concedida mediante
Art. 197.  O salário-família é devido ao servidor ativo ou avaliação por junta médica oficial. 
ao inativo, por dependente econômico. § 5o  A perícia oficial para concessão da licença de
Parágrafo único.  Consideram-se dependentes econômi- que trata o caput deste artigo, bem como nos demais
cos para efeito de percepção do salário-família: casos de perícia oficial previstos nesta Lei, será efe-
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os en- tuada por cirurgiões-dentistas, nas hipóteses em que
teados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até abranger o campo de atuação da odontologia. 
24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante au- Art. 204.  A licença para tratamento de saúde inferior a
torização judicial, viver na companhia e às expensas do 15 (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispen-
servidor, ou do inativo; sada de perícia oficial, na forma definida em regulamento. 

30
REGIME JURÍDICO ÚNICO

Art. 205.  O atestado e o laudo da junta médica não se re- Parágrafo único.  No caso de adoção ou guarda judicial de
ferirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata
de lesões produzidas por acidente em serviço, doença profis- este artigo será de 30 (trinta) dias.
sional ou qualquer das doenças especificadas no art. 186, § 1o. Seção VI
Da Licença por Acidente em Serviço
Art. 206.  O servidor que apresentar indícios de lesões or-
gânicas ou funcionais será submetido a inspeção médica. Art. 211.  Será licenciado, com remuneração integral, o ser-
vidor acidentado em serviço.
Art. 206-A.  O servidor será submetido a exames médicos
periódicos, nos termos e condições definidos em regulamento.  Art.  212.   Configura acidente em serviço o dano físico ou
Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a União mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou ime-
e suas entidades autárquicas e fundacionais poderão: diatamente, com as atribuições do cargo exercido.
I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo Parágrafo único.  Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
órgão ou entidade à qual se encontra vinculado o servidor; I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo ser-
II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou vidor no exercício do cargo;
parceria com os órgãos e entidades da administração direta, II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vi-
suas autarquias e fundações; ce-versa.
III - celebrar convênios com operadoras de plano de as-
sistência à saúde, organizadas na modalidade de autogestão, Art. 213.  O servidor acidentado em serviço que necessite
que possuam autorização de funcionamento do órgão regula- de tratamento especializado poderá ser tratado em instituição
dor, na forma do art. 230; ou privada, à conta de recursos públicos.
IV - prestar os exames médicos periódicos mediante con- Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta mé-
trato administrativo, observado o disposto na Lei no 8.666, de dica oficial constitui medida de exceção e somente será admissí-
21 de junho de 1993, e demais normas pertinentes. vel quando inexistirem meios e recursos adequados em institui-
ção pública.

Art. 214.  A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez)


dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.
Seção V
Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-Pa- Seção VII
ternidade Da Pensão

Art. 207.  Será concedida licença à servidora gestante por Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas hipó-
120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remu- teses legais, fazem jus à pensão a partir da data de óbito, ob-
neração. servado o limite estabelecido no inciso XI do caput do art. 37 da
§ 1o  A licença poderá ter início no primeiro dia do Constituição Federal e no art. 2º da Lei nº 10.887, de 18 de junho
nono mês de gestação, salvo antecipação por prescrição de 2004.
médica.
§ 2o  No caso de nascimento prematuro, a licença terá Art. 216. (Revogado)
início a partir do parto.
§ 3o  No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias Art. 217. São beneficiários das pensões:
do evento, a servidora será submetida a exame médico, e I - o cônjuge;
se julgada apta, reassumirá o exercício. II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de
§ 4o  No caso de aborto atestado por médico oficial, fato, com percepção de pensão alimentícia estabelecida judicial-
a servidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso re- mente;
munerado. III - o companheiro ou companheira que comprove união
estável como entidade familiar;
Art. 208.  Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos se-
terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecuti- guintes requisitos:
vos. a) seja menor de 21 (vinte e um) anos;
b) seja inválido;
Art. 209.  Para amamentar o próprio filho, até a idade de c)
seis meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do
de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcela- regulamento;
da em dois períodos de meia hora. V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica
do servidor; e
Art. 210.  À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial VI - o irmão de qualquer condição que comprove depen-
de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (no- dência econômica do servidor e atenda a um dos requisitos
venta) dias de licença remunerada.  previstos no inciso IV.

31
REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 1º A concessão de pensão aos beneficiários de que tra- VI - a renúncia expressa; e


tam os incisos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos VII - em relação aos beneficiários de que tratam os incisos
nos incisos V e VI. I a III do caput do art. 217:
§ 2º A concessão de pensão aos beneficiários de que trata a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem
o inciso V do caput exclui o beneficiário referido no inciso VI. que o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais
§ 3º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em
mediante declaração do servidor e desde que comprovada de- menos de 2 (dois) anos antes do óbito do servidor;
pendência econômica, na forma estabelecida em regulamento. b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de acor-
do com a idade do pensionista na data de óbito do servidor, de-
Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à pen- pois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos
são, o seu valor será distribuído em partes iguais entre os bene- 2 (dois) anos após o início do casamento ou da união estável:
ficiários habilitados. 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de
idade;
Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo, 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos
prescrevendo tão-somente as prestações exigíveis há mais de 5 de idade;
(cinco) anos. 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove)
Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova pos- anos de idade;
terior ou habilitação tardia que implique exclusão de beneficiá- 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos
rio ou redução de pensão só produzirá efeitos a partir da data de idade;
em que for oferecida. 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta
e três) anos de idade;
Art. 220. Perde o direito à pensão por morte: 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado idade.
pela prática de crime de que tenha dolosamente resultado a § 1º A critério da administração, o beneficiário de pen-
morte do servidor; são cuja preservação seja motivada por invalidez, por inca-
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se com- pacidade ou por deficiência poderá ser convocado a qual-
provada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento quer momento para avaliação das referidas condições.
ou na união estável, ou a formalização desses com o fim exclu- § 2º Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida no
sivo de constituir benefício previdenciário, apuradas em proces- inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” do inciso VII, am-
so judicial no qual será assegurado o direito ao contraditório e bos do caput, se o óbito do servidor decorrer de acidente de
à ampla defesa. qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho,
independentemente do recolhimento de 18 (dezoito) contribui-
Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte pre- ções mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamen-
sumida do servidor, nos seguintes casos: to ou de união estável.
I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária com- § 3º Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e
petente; desde que nesse período se verifique o incremento mínimo de
II - desaparecimento em desabamento, inundação, incên- um ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos,
dio ou acidente não caracterizado como em serviço; correspondente à expectativa de sobrevida da população brasi-
III - desaparecimento no desempenho das atribuições do leira ao nascer, poderão ser fixadas, em números inteiros, novas
cargo ou em missão de segurança. idades para os fins previstos na alínea “b” do inciso VII do caput,
Parágrafo único. A pensão provisória será transformada em ato do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e
em vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cin- Gestão, limitado o acréscimo na comparação com as idades
co) anos de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento anteriores ao referido incremento.
do servidor, hipótese em que o benefício será automaticamente § 4º O tempo de contribuição a Regime Próprio de
cancelado. Previdência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previ-
dência Social (RGPS) será considerado na contagem das
Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário: 18 (dezoito) contribuições mensais referidas nas alíneas
I - o seu falecimento; “a” e “b” do inciso VII do caput.
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer
após a concessão da pensão ao cônjuge; Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiário,
III - a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário a respectiva cota reverterá para os cobeneficiários.
inválido, o afastamento da deficiência, em se tratando de bene-
ficiário com deficiência, ou o levantamento da interdição, em se Art. 224. As pensões serão automaticamente atualizadas
tratando de beneficiário com deficiência intelectual ou mental na mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos ven-
que o torne absoluta ou relativamente incapaz, respeitados os cimentos dos servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo
períodos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “a” e único do art. 189.
“b” do inciso VII;
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a percep-
filho ou irmão; ção cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge ou
V - a acumulação de pensão na forma do art. 225; companheiro ou companheira e de mais de 2 (duas) pensões.

32
REGIME JURÍDICO ÚNICO

Seção VIII § 1o  Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja


Do Auxílio-Funeral exigida perícia, avaliação ou inspeção médica, na au-
sência de médico ou junta médica oficial, para a sua
Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor realização o órgão ou entidade celebrará, preferencial-
falecido na atividade ou aposentado, em valor equivalente a mente, convênio com unidades de atendimento do sis-
um mês da remuneração ou provento. tema público de saúde, entidades sem fins lucrativos
§ 1º No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio declaradas de utilidade pública, ou com o Instituto Na-
será pago somente em razão do cargo de maior remuneração. cional do Seguro Social - INSS. 
§ 2º (VETADO). § 2o   Na impossibilidade, devidamente justificada,
§ 3º O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e da aplicação do disposto no parágrafo anterior, o ór-
oito) horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à gão ou entidade promoverá a contratação da prestação
pessoa da família que houver custeado o funeral. de serviços por pessoa jurídica, que constituirá junta
médica especificamente para esses fins, indicando os
Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será
nomes e especialidades dos seus integrantes, com a
indenizado, observado o disposto no artigo anterior.
comprovação de suas habilitações e de que não este-
jam respondendo a processo disciplinar junto à entida-
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em servi-
ço fora do local de trabalho, inclusive no exterior, as despe- de fiscalizadora da profissão. 
sas de transporte do corpo correrão à conta de recursos da § 3o  Para os fins do disposto no caput deste artigo,
União, autarquia ou fundação pública. ficam a União e suas entidades autárquicas e fundacio-
nais autorizadas a: 
I - celebrar convênios exclusivamente para a  prestação
de serviços de assistência à saúde para os seus servidores
Seção IX ou empregados ativos, aposentados, pensionistas, bem como
Do Auxílio-Reclusão para seus respectivos grupos familiares definidos, com en-
tidades de autogestão por elas patrocinadas por meio de
Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio- instrumentos jurídicos efetivamente celebrados e publicados
-reclusão, nos seguintes valores: até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam autorização de
I - dois terços da remuneração, quando afastado por funcionamento do órgão regulador, sendo certo que os con-
motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada vênios celebrados depois dessa data somente poderão sê-lo
pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão; na forma da regulamentação específica sobre patrocínio de
II - metade da remuneração, durante o afastamento, em autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador,
virtude de condenação, por sentença definitiva, a pena que no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei,
não determine a perda de cargo. normas essas também aplicáveis aos convênios existentes
§ 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servi- até 12 de fevereiro de 2006; 
dor terá direito à integralização da remuneração, desde que II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei
absolvido. no 8.666, de 21 de junho de 1993, operadoras de planos
§ 2º O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir e seguros privados de assistência à saúde que possuam
do dia imediato àquele em que o servidor for posto em liber- autorização de funcionamento do órgão regulador; 
dade, ainda que condicional. III -  (VETADO)  
§ 3º Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclu- § 4o  (VETADO) 
são será devido, nas mesmas condições da pensão por mor-
§ 5o  O valor do ressarcimento fica limitado ao total
te, aos dependentes do segurado recolhido à prisão.
despendido pelo servidor ou pensionista civil com pla-
no ou seguro privado de assistência à saúde. 
Capítulo III
Da Assistência à Saúde
Capítulo IV
Art. 230.  A assistência à saúde do servidor, ativo ou ina- Do Custeio
tivo, e de sua família compreende assistência médica, hos-
pitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como Art. 231. (Revogado).
diretriz básica o implemento de ações preventivas voltadas
para a promoção da saúde e será prestada pelo Sistema Úni-
co de Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou entidade ao
qual estiver vinculado o servidor, ou mediante convênio ou
contrato, ou ainda na forma de auxílio, mediante ressarci-
mento parcial do valor despendido pelo servidor, ativo ou
inativo, e seus dependentes ou  pensionistas com planos ou
seguros privados de assistência à saúde, na forma estabele-
cida em regulamento. 

33
REGIME JURÍDICO ÚNICO

Disposições finais, gerais e transitórias Art. 241.  Consideram-se da família do servidor, além do


cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expen-
Título VII sas e constem do seu assentamento individual.
Parágrafo único.  Equipara-se ao cônjuge a companhei-
Capítulo Único ra ou companheiro, que comprove união estável como enti-
Da Contratação Temporária de Excepcional Interes- dade familiar.
se Público
Art. 242.  Para os fins desta Lei, considera-se sede o mu-
Art. 232. (Revogado). nicípio onde a repartição estiver instalada e onde o servidor
tiver exercício, em caráter permanente.
Art. 233. (Revogado).
Título IX
Art. 234. (Revogado).
Capítulo Único
Art. 235. (Revogado). Das Disposições Transitórias e Finais

Título VIII Art. 243.  Ficam submetidos ao regime jurídico instituído


por esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servido-
Capítulo Único res dos Poderes da União, dos ex-Territórios, das autarquias,
Das Disposições Gerais inclusive as em regime especial, e das fundações públicas,
regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 - Esta-
Art. 236.  O Dia do Servidor Público será comemorado a tuto dos Funcionários Públicos Civis da União, ou pela Con-
vinte e oito de outubro. solidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo  Decreto-Lei
nº 5.452, de 1o de maio de 1943, exceto os contratados
Art. 237.  Poderão ser instituídos, no âmbito dos Pode- por prazo determinado, cujos contratos não poderão
res Executivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos ser prorrogados após o vencimento do prazo de pror-
funcionais, além daqueles já previstos nos respectivos planos rogação.
de carreira: § 1o  Os empregos ocupados pelos servidores incluí-
I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou tra- dos no regime instituído por esta Lei ficam transforma-
balhos que favoreçam o aumento de produtividade e a redu- dos em cargos, na data de sua publicação.
ção dos custos operacionais; § 2o  As funções de confiança exercidas por pessoas
II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao méri- não integrantes de tabela permanente do órgão ou
to, condecoração e elogio. entidade onde têm exercício ficam transformadas em
cargos em comissão, e mantidas enquanto não for im-
Art. 238.  Os prazos previstos nesta Lei serão contados plantado o plano de cargos dos órgãos ou entidades na
em dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo- forma da lei.
-se o do vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro § 3o  As Funções de Assessoramento Superior - FAS,
dia útil seguinte, o prazo vencido em dia em que não haja exercidas por servidor integrante de quadro ou tabela
expediente. de pessoal, ficam extintas na data da vigência desta Lei.
§ 4o  (VETADO).
Art. 239.  Por motivo de crença religiosa ou de convicção § 5o  O regime jurídico desta Lei é extensivo aos ser-
filosófica ou política, o servidor não poderá ser privado de ventuários da Justiça, remunerados com recursos da
quaisquer dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida União, no que couber.
funcional, nem eximir-se do cumprimento de seus deveres. § 6o  Os empregos dos servidores estrangeiros com
estabilidade no serviço público, enquanto não adquiri-
Art. 240.  Ao servidor público civil é assegurado, nos ter- rem a nacionalidade brasileira, passarão a integrar tabela
mos da Constituição Federal, o direito à livre associação sin- em extinção, do respectivo órgão ou entidade, sem prejuízo
dical e os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes: dos direitos inerentes aos planos de carreira aos quais se en-
a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como contrem vinculados os empregos.
substituto processual; § 7o  Os servidores públicos de que trata o caput des-
b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um te artigo, não amparados pelo art. 19 do Ato das Dispo-
ano após o final do mandato, exceto se a pedido; sições Constitucionais Transitórias, poderão, no interes-
c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade se da Administração e conforme critérios estabelecidos
sindical a que for filiado, o valor das mensalidades e em regulamento, ser exonerados mediante indenização
contribuições definidas em assembleia geral da catego- de um mês de remuneração por ano de efetivo exercí-
ria. cio no serviço público federal. 
d) e e) (Revogados).

34
REGIME JURÍDICO ÚNICO

§ 8o  Para fins de incidência do imposto de renda na


fonte e na declaração de rendimentos, serão considera- 2 O SERVIDOR PÚBLICO COMO AGENTE DE
dos como indenizações isentas os pagamentos efetuados a DESENVOLVIMENTO SOCIAL;
título de indenização prevista no parágrafo anterior. 3 SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA
 § 9o  Os cargos vagos em decorrência da aplica-
NO SERVIÇO PÚBLICO.
ção do disposto no § 7o poderão ser extintos pelo Poder
Executivo quando considerados desnecessários.

Art. 244.  Os adicionais por tempo de serviço, já conce- A Lei n° 8.112/90 que estabelece o regime jurídico úni-
didos aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam transfor- co dos servidores públicos federais possui diversos aspec-
mados em anuênio. tos relacionados à ética no serviço público, notadamente
ao estabelecer quais são as atitudes esperadas dos servi-
dores públicos e ao trazer direitos para que estes desem-
Art. 245.  A licença especial disciplinada pelo art. 116
penhem suas funções sem que se prejudique sua saúde e
da Lei nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica    
seu bem-estar.
transformada em licença-prêmio por assiduidade, na
A ética está presente em todas as esferas da vida de
forma prevista nos arts. 87 a 90.
um indivíduo e da sociedade que ele compõe e é funda-
mental para a manutenção da paz social que todos os ci-
Art. 246. (VETADO). dadãos (ou ao menos grande parte deles) obedeçam os
ditames éticos consolidados. A obediência à ética não deve
Art. 247.  Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, se dar somente no âmbito da vida particular, mas também
haverá ajuste de contas com a Previdência Social, correspon- na atuação profissional, principalmente se tal atuação se
dente ao período de contribuição por parte dos servidores der no âmbito estatal.
celetistas abrangidos pelo art. 243. O Estado é a forma social mais abrangente, a socieda-
de de fins gerais que permite o desenvolvimento, em seu
Art. 248.  As pensões estatutárias, concedidas até a vi- seio, das individualidades e das demais sociedades, cha-
gência desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou enti- madas de fins particulares. O Estado, como pessoa, é uma
dade de origem do servidor. ficção, é um arranjo formulado pelos homens para organi-
zar a sociedade de disciplinar o poder visando que todos
Art. 249.  Até a edição da lei prevista no § 1o do art. possam se realizar em plenitude, atingindo suas finalidades
231, os servidores abrangidos por esta Lei contribuirão particulares.
na forma e nos percentuais atualmente estabelecidos O Estado tem um valor ético, de modo que sua atuação
para o servidor civil da União conforme regulamento deve se guiar pela moral idônea. Mas não é propriamente
próprio. o Estado que é aético, porque ele é composto por homens.
Assim, falta ética ou não aos homens que o compõem. Ou
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a sa- seja, o bom comportamento profissional do funcionário
tisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para público é uma questão ligada à ética no serviço público,
a aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do an- pois se os homens que compõem a estrutura do Estado
tigo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, Lei tomam uma atitude correta perante os ditames éticos há
n° 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-á com a uma ampliação e uma consolidação do valor ético do Es-
vantagem prevista naquele dispositivo. tado.
Alguns cidadãos recebem poderes e funções específi-
cas dentro da administração pública, passando a desem-
Art. 251. (Revogado).
penhar um papel de fundamental interesse para o Estado.
Quando estiver nesta condição, mais ainda, será exigido o
Art. 252.  Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
respeito à ética. Afinal, o Estado é responsável pela manu-
ção, com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês tenção da sociedade, que espera dele uma conduta ilibada
subsequente. e transparente. Quando uma pessoa é nomeada como ser-
vidor público, passa a ser uma extensão daquilo que o Es-
Art. 253.  Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de ou- tado representa na sociedade, devendo, por isso, respeitar
tubro de 1952, e respectiva legislação complementar, bem ao máximo todos os consagrados preceitos éticos.
como as demais disposições em contrário. Não obstante, todo o regramento estatal deve garan-
tir a estes funcionários públicos o bom desempenho de
Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Indepen- suas funções, preservando a qualidade de vida e a saúde
dência e 102o da República. dos funcionários que atuam representando o ente estatal.
Logo, ao lado de deveres devem aparecer direitos, sendo
que estes direitos funcionam como incentivo para o melhor
desempenho dos deveres, garantindo uma otimização na
contribuição para o desenvolvimento social.

35
REGIME JURÍDICO ÚNICO

Percebe-se que os assuntos propostos para estudo O Suas organiza a oferta da assistência social em todo
neste tópico ligam-se diretamente ao conteúdo até aqui o Brasil, promovendo bem-estar e proteção social a famí-
estudado e também um com o outro. lias, crianças, adolescentes e jovens, pessoas com deficiência,
Aprofundando o estudo, desenvolvimento social idosos – enfim, a todos que dela necessitarem. As ações são
consiste na evolução dos componentes da sociedade (ca- baseadas nas orientações da nova Política Nacional de As-
pital humano) e na maneira como estes se relacionam (ca- sistência Social (PNAS), aprovada pelo Conselho Nacional de
pital social). Em outras palavras, é a melhoria da sociedade Assistência Social (CNAS) em 2004. 
em que vivemos para toda a população. A gestão das ações socioassistenciais segue o previsto
Todo o conceito de desenvolvimento social se relacio- na  Norma Operacional Básica do Suas (NOB/Suas), que
na com uma ideia consolidada nas premissas do Humanis- disciplina a descentralização administrativa do Sistema, a
mo que é a de preservação do bem comum social. Mari- relação entre as três esferas do Governo e as formas de apli-
tain14, tradicional filósofo humanista, ressaltou que o fim da cação dos recursos públicos. Entre outras determinações, a
sociedade é o seu bem comum e que esse bem comum é NOB reforça o papel dos fundos de assistência social como
o das pessoas humanas, que compõem a sociedade. Assim, as principais instâncias para o financiamento da PNAS.
ele apontou as características essenciais do bem comum: A gestão da assistência social brasileira é acompanhada
redistribuição, pela qual o bem comum deve ser redistri- e avaliada tanto pelo poder público quanto pela sociedade
buído às pessoas e colaborar para o desenvolvimento de- civil, igualmente representados nos conselhos nacionais do
las; respeito à autoridade na sociedade, pois a autorida- Distrito Federal, estaduais e municipais de assistência social.
de é necessária para conduzir a comunidade de pessoas Esse controle social consolida um modelo de gestão trans-
humanas para o bem comum; moralidade, que constitui a parente em relação às estratégias e à execução da política.
retidão de vida, sendo a justiça e a retidão moral elementos A transparência e a universalização dos acessos aos pro-
essenciais do bem comum. gramas, serviços e benefícios socioassistenciais, promovidas
Desenvolvimento social não se dá por si só, é preciso por esse modelo de gestão descentralizada e participativa,
que o Estado tome providências para que ele ocorra, no- vem consolidar, definitivamente, a responsabilidade do Es-
tadamente por políticas públicas que consolidem as pre- tado brasileiro no enfrentamento da pobreza e da desigual-
missas da igualdade material: tratando de maneira igual dade, com a participação complementar da sociedade civil
os que se encontram nas mesmas condições e de maneira organizada, através de movimentos sociais e entidades de
diversa os que não se encontram. assistência social”.
No âmbito do Poder Executivo há um ministério espe- A respeito da Assistência Social, explica Tavares16: “a
cífico que controla o desenvolvimento social, embora po- fim de atender à demanda por prestações materiais tra-
líticas voltadas a ele se encontrem espalhadas por toda a balhistas, de saúde, previdência e educação, as Constitui-
estrutura governamental. O Ministério de Desenvolvimen- ções passaram a atribuir ao Estado a responsabilidade pelo
to Social e Combate à Fome coordena inúmeras iniciativas fornecimento de serviços públicos, o que conduziu a uma
voltadas ao desenvolvimento social: acesso à informação, inflação normativa nem sempre acompanhada de meca-
Brasil sem miséria, segurança alimentar, bolsa família, entre nismos eficazes de garantia dos direitos sociais declarados,
outras.15 Contudo, a principal iniciativa voltada ao desen- além do inchaço da estrutura administrativa estatal”.
volvimento social para os fins do concurso em questão é a Nesta linha, afirma Couto17: “compõe o direito social
da assistência social, descrita pelo Ministério nos seguintes a ideia de que as dificuldades enfrentadas pelos homens
termos: para viver com dignidade serão assumidas coletivamente
“A assistência social, política pública não contributiva, é pela sociedade, com supremacia da responsabilidade de
dever do Estado e direto de todo cidadão que dela necessi- cobertura do Estado, que deverá criar um sistema institu-
tar. Entre os principais pilares da assistência social no Brasil cional capaz de dar conta dessas demandas”.
estão a Constituição Federal de 1988, que dá as diretrizes Logo, a assistência social é uma atividade tipicamente
para a gestão das políticas públicas, e a Lei Orgânica da As- voltada ao desenvolvimento social e à promoção do bem
sistência Social (Loas), de 1993, que estabelece os objetivos, comum em sociedade. Por isso, o funcionário público que
princípios e diretrizes das ações. se vincule ao serviço social desempenhará funções direta-
A Loas determina que a assistência social seja organiza- mente ligadas à promoção do desenvolvimento social.
da em um sistema descentralizado e participativo, composto Por outro lado, bem se sabe que há um inchaço na as-
pelo poder público e pela sociedade civil. A IV Conferência sistência social devido aos inúmeros pedidos de benefícios
Nacional de Assistência Social deliberou, então, a implanta- sociais, de tal forma que a previdência acaba pagando mui-
ção do Sistema Único de Assistência Social (Suas). Cumprin- to mais do que recebe. As situações de conflito que podem
do essa deliberação, o Ministério do Desenvolvimento Social surgir em meio a este impasse tendem a deixar o funcioná-
e Combate à Fome (MDS) implantou o Suas, que passou a rio público sem fé quanto ao papel social de suas funções.
articular meios, esforços e recursos para a execução dos pro-
gramas, serviços e benefícios socioassistenciais.
16 TAVARES, Marcelo Leonardo. Previdência e Assistência Social: Legiti-
mação e Fundamentação Constitucional Brasileira. Rio de Janeiro: Lumen
14 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. 3. ed. Rio de Juris, 2003.
Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967. 17 COUTO, Berenice Rojas. O Direito Social e a Assistência Social na So-
15 http://www.mds.gov.br/ ciedade Brasileira: Uma Equação Possível? 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

36
REGIME JURÍDICO ÚNICO

É preciso garantir ao funcionário público saúde e qualidade III. O servidor não aprovado no estágio probatório será
de vida no desempenho de suas atividades, posto que sem isto exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormen-
ele se verá desmotivado a fazê-lo de maneira efetiva, o que pre- te ocupado. 
judica diretamente sua contribuição para o desenvolvimento so- IV. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a
cial. Para tanto, a legislação anteriormente estudada garante um título de remuneração, importância superior à soma dos va-
rol de direitos a este servidor, os quais devem ser respeitados. lores percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer
título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de
EXERCÍCIOS Estado, por membros do Congresso Nacional e Ministros do
Supremo Tribunal Federal. 
01. (TRE/CE – Técnico Judiciários – FCC/2015) Bernar-
do, chefe de determinada repartição pública, concedeu licen- Analisando as proposições, pode-se afirmar:
ça ao seu subordinado, o servidor Joaquim, pelo período de
um mês. Transcorrido tal período, Bernardo decidiu revogar a) Somente as proposições I e II estão corretas.
o aludido ato administrativo por razões de conveniência e b) Somente as proposições III e IV estão corretas.
oportunidade. No caso narrado, a revogação: c) Somente as proposições I e IV estão corretas.
d) Somente as proposições II e III estão correta.
a) não é possível, em razão da incompetência de Ber-
nardo. 04. (FUB – Assistente em Administração – CES-
b) é possível, desde que seja com efeitos ex nunc.  PE/2015) Com referência às disposições do regime jurídico
c) não é possível, tendo em vista que ela não retroage. dos servidores públicos civis da União (Lei n.º 8.112/1990),
d) é possível, desde que seja com efeitos ex tunc.  julgue o item que se segue. 
e) é possível, desde que seja motivada por ilegalidade Mesmo em estágio probatório, o servidor público tem
no ato de licença direito a licença para tratar de interesses particulares, des-
de que sem remuneração.
02. (TRT-4ª REGIÃO/RS – Analista Judiciário –
FCC/2015) Considere as seguintes situações, relacionadas a ( ) CERTO
licenças tiradas por servidor federal:  ( ) ERRADO
I. Por motivo de doença do cônjuge, comprovada por pe- 05. (TRE/GO – Analista Judiciário – CESEP/2015)
rícia médica oficial e com a necessidade de sua assistência Acerca do regime jurídico dos servidores públicos civis da
direta, por trinta dias não consecutivos.  União, cada um do próximo item apresenta uma situação
II. Para acompanhar cônjuge que foi deslocado para ou- hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada. Pablo,
tro ponto do território nacional por tempo indeterminado.  técnico judiciário do TRE/GO, recebe mensalmente adicio-
III. Para atividade política, no período que mediou entre a
nal de qualificação por ter concluído curso de mestrado na
sua escolha em convenção partidária, como candidato a car-
sua área de atuação. Nessa situação, os valores recebidos
go eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura perante
por Pablo pela referida qualificação incorporam-se ao seu
a Justiça Eleitoral. 
vencimento.
IV. Para participar de curso de capacitação profissional
por sessenta dias, no interesse da Administração, após ter
( ) CERTO
completado um quinquênio de efetivo exercício. 
( ) ERRADO
Nos termos da Lei n° 8.112/90, será mantida a remunera-
ção do servidor APENAS em : 06. (PGE/PI – Procurador do Estado – CES-
PE/2014)   Um servidor, vinculado à administração pública
a) IV. unicamente por cargo em comissão, cometeu infração ad-
b) I e IV. ministrativa e, após regular processo administrativo disci-
c) II e III. plinar, a autoridade julgadora, concordando com o relató-
d) I e III. rio final da comissão processante, entendeu que a falta se
e) I, II e III. enquadrava nas hipóteses de suspensão.

03. (TRE-MA – Técnico Judiciário – IESES/2015) É certo Nesse caso, nos termos da Lei n.º 8.112/1990, a penali-
afirmar:  dade a ser aplicada ao servidor será
I. Além do vencimento, no âmbito do serviço público
poderão ser pagas ao servidor as seguintes vantagens: in- a) a exoneração de ofício.
denizações; gratificações; adicionais; jeton e auxílios. Destas, b) a destituição do cargo em comissão.
as indenizações, gratificações e adicionais incorporam-se ao c) a demissão.
vencimento ou provento.  d) a suspensão.
II. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo e) o desligamento.
quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede f)
no prazo de 60 (sessenta) dias. 

37
REGIME JURÍDICO ÚNICO

07. (ICMBIO – Analista – CESPE/2014) O servidor


beneficiado por afastamento para realizar programa de ANOTAÇÕES
mestrado ou de doutorado no país deverá permanecer no
exercício de suas funções após seu retorno por período
igual ao do afastamento concedido, ficando impedido de ___________________________________________________
solicitar exoneração ou aposentadoria antes de cumprido o
período de permanência no exercício de sua função. ___________________________________________________
( ) CERTO
( ) ERRADO ___________________________________________________

___________________________________________________
08. (CÂMARA DOS DEPUTADOS – Analista Legisla- ___________________________________________________
tivo – CESPE/2014) Com referência aos agentes públicos
e ao regime jurídico que regulamenta as relações entre os ___________________________________________________
servidores públicos e a administração, julgue o item que
___________________________________________________
segue.
O agente público está obrigado a declarar bens e valo- ___________________________________________________
res que componham o seu patrimônio privado — requisito
que condiciona a sua posse em cargo ou função pública ___________________________________________________
—, e poderá ser demitido a bem do serviço público caso
apresente falsa declaração. ___________________________________________________
( ) CERTO ___________________________________________________
( ) ERRADO
___________________________________________________
09. (CÂMARA DOS DEPUTADOS – Analista Legis-
lativo – CESPE/2014) Acerca da capacitação de pessoal, ___________________________________________________
julgue o próximo item. 
O servidor titular de cargo efetivo em seu órgão de ___________________________________________________
lotação há cinco anos poderá, no interesse da administra- ___________________________________________________
ção, afastar-se para realizar programa de pós-doutorado
no exterior, desde que não se tenha afastado por licença ___________________________________________________
para tratar de assuntos particulares ou para participar de
programa de pós-graduação stricto sensu, nos quatro anos ___________________________________________________
anteriores à data da solicitação de afastamento.
___________________________________________________
( ) CERTO
( ) ERRADO ___________________________________________________

___________________________________________________

GABARITO: ___________________________________________________

___________________________________________________
01 C
___________________________________________________
02 B
03 B ___________________________________________________

04 ERRADO ___________________________________________________
05 CERTO ___________________________________________________
06 B
___________________________________________________
07 ERRADO
___________________________________________________
08 CERTO
09 CERTO ___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

38
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1 Direitos e deveres fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade; direitos sociais; nacionalidade; cidadania; garantias
constitucionais individuais; garantias dos direitos coletivos, sociais e políticos. ........................................................................... 08
2 Administração Pública (artigos de 37 a 41, capítulo VII, Constituição Federal de 1988 e atualizações)............................ 43
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Noções basilares Constituição no sentido político


O Direito Constitucional é ramo complexo e essencial ao Carl Schmitt2 propõe que o conceito de Constituição
jurista no exercício de suas funções, afinal, a partir dele que se não está na Constituição em si, mas nas decisões políticas
delineia toda a estrutura do ordenamento jurídico nacional. tomadas antes de sua elaboração. Sendo assim, o conceito
Embora, para o operador do Direito brasileiro, a Constitui- de Constituição será estruturado por fatores como o regi-
ção Federal de 1988 seja o aspecto fundamental do estudo do me de governo e a forma de Estado vigentes no momento
Direito Constitucional, impossível compreendê-la sem antes de elaboração da lei maior. A Constituição é o produto de
situar a referida Carta Magna na teoria do constitucionalismo. uma decisão política e variará conforme o modelo político
A origem do direito constitucional está num movimento à época de sua elaboração.
denominado constitucionalismo.
Constitucionalismo é o movimento político-social pelo Constituição no sentido material
qual se delineia a noção de que o Poder Estatal deve ser limi- Pelo conceito material de Constituição, o que define
tado, que evoluiu para um movimento jurídico defensor da se uma norma será ou não constitucional é o seu conteú-
imposição de normas escritas de caráter hierárquico superior do e não a sua mera presença no texto da Carta Magna.
que deveriam regular esta limitação de poder. Em outras palavras, determinadas normas, por sua nature-
A ideologia de que o Poder Estatal não pode ser arbitrá- za, possuem caráter constitucional. Afinal, classicamente a
rio fundamenta a noção de norma no ápice do ordenamento Constituição serve para limitar e definir questões estrutu-
jurídico, regulamentando a atuação do Estado em todas as rais relativas ao Estado e aos seus governantes.
suas esferas. Sendo assim, inaceitável a ideia de que um ho- Pelo conceito material de Constituição, não importa a
mem, o governante, pode ser maior que o Estado. maneira como a norma foi inserida no ordenamento jurí-
O objeto do direito constitucional é a Constituição, no- dico, mas sim o seu conteúdo. Por exemplo, a lei da ficha
tadamente, a estruturação do Estado, o estabelecimento dos limpa – Lei Complementar nº 135/2010 – foi inserida no or-
limites de sua atuação, como os direitos fundamentais, e a denamento na forma de lei complementar, não de emenda
previsão de normas relacionadas à ideologia da ordem eco- constitucional, mas tem por finalidade regular questões de
inelegibilidade, decorrendo do §9º do artigo 14 da Consti-
nômica e social. Este objeto se relaciona ao conceito material
tuição Federal. A inelegibilidade de uma pessoa influencia
de Constituição. No entanto, há uma tendência pela amplia-
no fator sufrágio universal, que é um direito político, logo,
ção do objeto de estudo do Direito Constitucional, notada-
um direito fundamental. A Lei da Ficha Limpa, embora pre-
mente em países que adotam uma Constituição analítica
vista como lei complementar, na verdade regula o que na
como o Brasil.
Constituição seria chamado de elemento limitativo. Para o
conceito material de Constituição, trata-se de norma cons-
Conceito de Constituição
titucional.
É delicado definir o que é uma Constituição, pois de for-
Pelo conceito material de Constituição, não importa a
ma pacífica a doutrina compreende que este conceito pode maneira como a norma foi inserida no ordenamento jurí-
ser visto sob diversas perspectivas. Sendo assim, Constituição dico, mas sim o seu conteúdo. Por exemplo, a lei da ficha
é muito mais do que um documento escrito que fica no ápi- limpa – Lei Complementar nº 135/2010 – foi inserida no or-
ce do ordenamento jurídico nacional estabelecendo normas denamento na forma de lei complementar, não de emenda
de limitação e organização do Estado, mas é característico à constitucional, mas tem por finalidade regular questões de
ela um significado intrínseco sociológico, político, cultural e inelegibilidade, decorrendo do §9º do artigo 14 da Consti-
econômico. tuição Federal. A inelegibilidade de uma pessoa influencia
no fator sufrágio universal, que é um direito político, logo,
Constituição no sentido sociológico um direito fundamental. A Lei da Ficha Limpa, embora pre-
O sentido sociológico de Constituição foi definido por vista como lei complementar, na verdade regula o que na
Ferdinand Lassale, segundo o qual toda Constituição que é Constituição seria chamado de elemento limitativo. Para o
elaborada tem como perspectiva os fatores reais de poder na conceito material de Constituição, trata-se de norma cons-
sociedade. Neste sentido, aponta Lassale1: “Colhem-se estes titucional.
fatores reais de poder, registram-se em uma folha de papel,
[...] e, a partir desse momento, incorporados a um papel, já Constituição no sentido formal
não são simples fatores reais do poder, mas que se erigiram Como visto, o conceito de Constituição material pode
em direito, em instituições jurídicas, e quem atentar contra abranger normas que estejam fora do texto constitucional
eles atentará contra a lei e será castigado”. Logo, a Constitui- devido ao conteúdo delas. Por outro lado, Constituição no
ção, antes de ser norma positivada, tem seu conteúdo deli- sentido formal é definida exclusivamente pelo modo como
mitado por aqueles que possuem uma parcela real de poder a norma é inserida no ordenamento jurídico, isto é, tudo o
na sociedade. Claro que o texto constitucional não explicita- que constar na Constituição Federal em sua redação ori-
mente trará estes fatores reais de poder, mas eles podem ser ginária ou for inserido posteriormente por emenda cons-
depreendidos ao se observar favorecimentos implícitos no titucional é norma constitucional, independentemente do
texto constitucional. conteúdo.
1 LASSALLE, Ferdinand. A Essência da Constituição. 6. ed. Rio de Janei- 2 SCHMITT, Carl. Teoría de La Constitución. Presentación de Francisco
ro: Lumen Juris, 2001. Ayala. 1. ed. Madrid: Alianza Universidad Textos, 2003.

1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Neste sentido, é possível que uma norma sem caráter Elementos Orgânicos
materialmente constitucional, seja formalmente constitu- Referem-se ao cerne organizacional do Estado, notada-
cional, apenas por estar inserida no texto da Constituição mente no que tange a:
Federal. Por exemplo, o artigo 242, §2º da CF prevê que a) Forma de governo – Como se dá a relação de poder entre
“o Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janei- governantes e governados. Se há eletividade e temporariedade
ro, será mantido na órbita federal”. Ora, evidente que uma de mandato, tem-se a forma da República, se há vitaliciedade e
norma que trata de um colégio não se insere nem em ele- hereditariedade, tem-se Monarquia.
mentos organizacionais, nem limitativos e nem socioideo- b) Forma de Estado – delimita se o poder será exercido de
lógicos. Trata-se de norma constitucional no sentido for- forma centralizada numa unidade (União), o chamado Estado
mal, mas não no sentido material. Unitário, ou descentralizada entre demais entes federativos
Considerados os exemplos da Lei da Ficha Limpa e (União e Estados, classicamente), no denominado Estado Fede-
do Colégio Pedro II, pode-se afirmar que na Constituição ral. O Brasil adota a forma Federal de Estado.
Federal de 1988 e no sistema jurídico brasileiro como um c) Sistema de governo – delimita como se dá a relação en-
todo não há perfeita correspondência entre regras mate- tre Poder Executivo e Poder Legislativo no exercício das funções
rialmente constitucionais e formalmente constitucionais. do Estado, como maior ou menor independência e colaboração
entre eles. Pode ser Parlamentarismo ou Presidencialismo, sen-
Constituição no sentido jurídico do que o Brasil adota o Presidencialismo.
Hans Kelsen representa o sentido conceitual jurídico de d) Regime político – delimita como se dá a aquisição de
Constituição alocando-a no mundo do dever ser. poder, como o governante se ascende ao Poder. Se houver
Ao tratar do dever ser, Kelsen3 argumentou que so- legitimação popular, há Democracia, se houver imposição em
mente existe quando uma conduta é considerada objeti- detrimento do povo, há Autocracia.
vamente obrigatória e, caso este agir do dever ser se torne
subjetivamente obrigatório, surge o costume, que pode Elementos Limitativos
gerar a produção de normas morais ou jurídicas; contudo, A função primordial da Constituição não é apenas definir e
somente é possível impor objetivamente uma conduta por estruturar o Estado e o governo, mas também estabelecer limi-
meio do Direito, isto é, a lei que estabelece o dever ser. tes à atuação do Estado. Neste sentido, não poderá fazer tudo o
Sobre a validade objetiva desta norma de dever ser, Kel- que bem entender, se sujeitando a determinados limites.
sen4 entendeu que é preciso uma correspondência mínima As normas de direitos fundamentais – categoria que abran-
entre a conduta humana e a norma jurídica imposta, logo, ge direitos individuais, direitos políticos, direitos sociais e direi-
para ser vigente é preciso ser eficaz numa certa medida, tos coletivos – formam o principal fator limitador do Poder do
considerando eficaz a norma que é aceita pelos indivíduos Estado, afinal, estabelecem até onde e em que medida o Estado
de tal forma que seja pouco violada. Trata-se de noção re- poderá interferir na vida do indivíduo.
lacionada à de norma fundamental hipotética, presente no
plano lógico-jurídico, fundamento lógico-transcendental Elementos Socioideológicos
da validade da Constituição jurídico-positiva. Os elementos socioideológicos de uma Constituição são
No entanto, o que realmente confere validade é o po- aqueles que trazem a principiologia da ordem econômica e social.
sicionamento desta norma de dever ser na ordem jurídica
e a qualidade desta de, por sua posição hierarquicamente Classificação das Constituições
superior, estruturar todo o sistema jurídico, no qual não se
aceitam lacunas. Ressaltam-se as denominadas classificações das Constituições:
Kelsen5 definiu o Direito como ordem, ou seja, como
um sistema de normas com o mesmo fundamento de Quanto à forma
validade – a existência de uma norma fundamental. Não a) Escrita – É a Constituição estabelecida em um único texto
importa qual seja o conteúdo desta norma fundamental, escrito, formalmente aprovado pelo Legislativo com esta quali-
ainda assim ela conferirá validade à norma inferior com ela dade. Se o texto for resumido e apenas contiver normas básicas,
compatível. Esta norma fundamental que confere funda- a Constituição escrita é sintética; se o texto for extenso, delimi-
mento de validade a uma ordem jurídica é a Constituição. tando em detalhes questões que muitas vezes excedem mes-
Pelo conceito jurídico de Constituição, denota-se a mo o conceito material de Constituição, a Constituição escrita
presença de um escalonamento de normas no ordenamen- é analítica. Firma-se a adoção de um sistema conhecido como
to jurídico, sendo que a Constituição fica no ápice desta Civil Law. O Brasil adota uma Constituição escrita analítica.
pirâmide. b) Não escrita – Não significa que não existam normas
escritas que regulem questões constitucionais, mas que estas
Elementos da Constituição normas não estão concentradas num único texto e que nem
Outra noção relevante é a dos elementos da Constitui- ao menos dependem desta previsão expressa devido à possí-
ção. Basicamente, qualquer norma que se enquadre em um vel origem em outros fatores sociais, como costumes. Por isso,
dos seguintes elementos é constitucional: a Constituição não escrita é conhecida como costumeira. É
3 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução João Baptista adotada por países como Reino Unido, Israel e Nova Zelândia.
Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 08-10. Adotada esta Constituição, o sistema jurídico se estruturará no
4 Ibid., p. 12. chamado Common Law (Direito costumeiro), exteriorizado no
5 Ibid., p. 33. Case Law (sistema de precedentes).

2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Quanto ao modo de elaboração Princípios fundamentais


a) Dogmática –sempre escritas, estas Constituições são
elaboradas num só ato a partir de concepções pré-estabe- 1) Fundamentos da República
lecidas e ideologias já declaradas. A Constituição brasilei- O título I da Constituição Federal trata dos princípios
ra de 1988 é dogmática. fundamentais do Estado brasileiro e começa, em seu arti-
b) Histórica – aproxima-se da Constituição dogmática, go 1º, trabalhando com os fundamentos da República Fe-
eis que o seu processo de formação é lento e contínuo com derativa brasileira, ou seja, com as bases estruturantes do
o passar dos tempos. Estado nacional.
Neste sentido, disciplina:
Quanto à estabilidade
a) Rígida – exige, para sua alteração, um processo le- Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela
gislativo mais árduo. união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Fe-
Obs.: A Constituição super-rígida, classificação defen- deral, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
dida por parte da doutrina, além de ter um processo le- como fundamentos:
gislativo diferenciado para emendas constitucionais, tem I - a soberania;
certas normas que não podem nem ao menos ser alteradas II - a cidadania;
– denominadas cláusula pétreas. III - a dignidade da pessoa humana;
A Constituição brasileira de 1988 pode ser conside- IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
rada rígida. Pode ser também vista como super-rígida aos V - o pluralismo político.
que defendem esta subclassificação. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o
b) Flexível – Não é necessário um processo legislativo exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente,
mais árduo para a alteração das normas constitucionais, nos termos desta Constituição.
utilizando-se o mesmo processo das normas infraconsti-
tucionais. Vale estudar o significado e a abrangência de cada qual
c) Semiflexível ou semirrígida – Ela é tanto rígida quan- destes fundamentos.
to flexível, pois parte de suas normas precisam de processo
legislativo especial para serem alteradas e outra parte se- 1.1) Soberania
gue o processo legislativo comum. Soberania significa o poder supremo que cada nação
possui de se autogovernar e se autodeterminar. Este con-
Quanto à função ceito surgiu no Estado Moderno, com a ascensão do ab-
a) Garantia – busca garantir a liberdade e serve notada- solutismo, colocando o reina posição de soberano. Sendo
mente para limitar o poder do Estado. assim, poderia governar como bem entendesse, pois seu
b) Dirigente – vai além da garantia da liberdade e da poder era exclusivo, inabalável, ilimitado, atemporal e divi-
limitação do poder do Estado, definindo um projeto de Es- no, ou seja, absoluto.
tado a ser alcançado. A Constituição brasileira de 1988 é Neste sentido, Thomas Hobbes, na obra Leviatã, defen-
dirigente. de que quando os homens abrem mão do estado natural,
deixa de predominar a lei do mais forte, mas para a con-
Quanto à origem solidação deste tipo de sociedade é necessária a presença
a) Outorgada – é aquela imposta unilateralmente pelo de uma autoridade à qual todos os membros devem ren-
agente revolucionário. A Constituição outorgada é deno- der o suficiente da sua liberdade natural, permitindo que
minada como Carta. esta autoridade possa assegurar a paz interna e a defesa
b) Promulgada – é aquela que é votada, sendo tam- comum. Este soberano, que à época da escrita da obra de
bém conhecida como democrática ou popular. Decorre do Hobbes se consolidava no monarca, deveria ser o Leviatã,
trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita uma autoridade inquestionável.
pelo povo para em nome dele atuar (legitimação popular). No mesmo direcionamento se encontra a obra de Ma-
A Constituição promulgada é denominada Constituição, quiavel, que rejeitou a concepção de um soberano que
enquadrando-se nesta categoria a Constituição brasileira deveria ser justo e ético para com o seu povo, desde que
de 1988. sempre tivesse em vista a finalidade primordial de manter
Obs.: Constituição cesarista é aquela que não é outor- o Estado íntegro: “na conduta dos homens, especialmente
gada, mas também não é promulgada. Se dá quando um dos príncipes, contra a qual não há recurso, os fins justifi-
projeto do agente revolucionário é posto para votação do cam os meios. Portanto, se um príncipe pretende conquis-
povo, que meramente ratifica a vontade do detentor do tar e manter o poder, os meios que empregar serão sempre
poder. tidos como honrosos, e elogiados por todos, pois o vulgo
atenta sempre para as aparências e os resultados”.
Quanto à dogmática
a) Ortodoxa – formada por uma só ideologia. A concepção de soberania inerente ao monarca se que-
b) Eclética – atenta a fatores multiculturais, trazendo brou numa fase posterior, notadamente com a ascensão do
ideologias conciliatórias. A Constituição de 1988 é eclé- ideário iluminista. Com efeito, passou-se a enxergar a sobe-
tica. rania como um poder que repousa no povo. Logo, a auto-

3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ridade absoluta da qual emana o poder é o povo e a legiti- c) População: conjunto de pessoas residentes no Esta-
midade do exercício do poder no Estado emana deste povo. do, nacionais ou não.
Com efeito, no Estado Democrático se garante a so- Depreende-se que a cidadania é um atributo conferido
berania popular, que pode ser conceituada como “a qua- aos nacionais titulares de direitos políticos, permitindo a
lidade máxima do poder extraída da soma dos atributos consolidação do sistema democrático.
de cada membro da sociedade estatal, encarregado de
escolher os seus representantes no governo por meio do 1.3) Dignidade da pessoa humana
sufrágio universal e do voto direto, secreto e igualitário”. A dignidade da pessoa humana é o valor-base de in-
Neste sentido, liga-se diretamente ao parágrafo úni- terpretação de qualquer sistema jurídico, internacional ou
co do artigo 1º, CF, que prevê que “todo o poder emana nacional, que possa se considerar compatível com os valo-
do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos res éticos, notadamente da moral, da justiça e da democra-
ou diretamente, nos termos desta Constituição”. O povo cia. Pensar em dignidade da pessoa humana significa, aci-
é soberano em suas decisões e as autoridades eleitas que ma de tudo, colocar a pessoa humana como centro e norte
decidem em nome dele, representando-o, devem estar para qualquer processo de interpretação jurídico, seja na
devidamente legitimadas para tanto, o que acontece pelo elaboração da norma, seja na sua aplicação.
exercício do sufrágio universal. Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou
Por seu turno, a soberania nacional é princípio geral da plena, é possível conceituar dignidade da pessoa humana
atividade econômica (artigo 170, I, CF), restando demons- como o principal valor do ordenamento ético e, por con-
trado que não somente é guia da atuação política do Esta- sequência, jurídico que pretende colocar a pessoa humana
do, mas também de sua atuação econômica. Neste senti- como um sujeito pleno de direitos e obrigações na or-
do, deve-se preservar e incentivar a indústria e a economia dem internacional e nacional, cujo desrespeito acarreta a
nacionais. própria exclusão de sua personalidade.
Aponta Barroso6: “o princípio da dignidade da pessoa
1.2) Cidadania humana identifica um espaço de integridade moral a ser
Quando se afirma no caput do artigo 1º que a Repú- assegurado a todas as pessoas por sua só existência no
blica Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Di- mundo. É um respeito à criação, independente da crença
reito, remete-se à ideia de que o Brasil adota a democracia que se professe quanto à sua origem. A dignidade rela-
como regime político. ciona-se tanto com a liberdade e valores do espírito como
Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. as com as condições materiais de subsistência”.
comunidades de aldeias começaram a ceder lugar para O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do
unidades políticas maiores, surgindo as chamadas cidades- Tribunal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito
-estado ou polis, como Tebas, Esparta e Atenas. Inicialmen- numa das decisões que relatou: “a dignidade consiste na
te eram monarquias, transformaram-se em oligarquias e, percepção intrínseca de cada ser humano a respeito dos
por volta dos séculos V e VI a.C., tornaram-se democracias. direitos e obrigações, de modo a assegurar, sob o foco de
Com efeito, as origens da chamada democracia se encon- condições existenciais mínimas, a participação saudável e
tram na Grécia antiga, sendo permitida a participação dire- ativa nos destinos escolhidos, sem que isso importe des-
ta daqueles poucos que eram considerados cidadãos, por tilação dos valores soberanos da democracia e das liber-
meio da discussão na polis. dades individuais. O processo de valorização do indivíduo
Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime po- articula a promoção de escolhas, posturas e sonhos, sem
lítico em que o poder de tomar decisões políticas está com olvidar que o espectro de abrangência das liberdades in-
os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se reúne dividuais encontra limitação em outros direitos fundamen-
com os demais e, juntos, eles tomam a decisão política) ou tais, tais como a honra, a vida privada, a intimidade, a ima-
indireta (quando ao cidadão é dado o poder de eleger um gem. Sobreleva registrar que essas garantias, associadas ao
representante). princípio da dignidade da pessoa humana, subsistem como
Portanto, o conceito de democracia está diretamente conquista da humanidade, razão pela qual auferiram pro-
ligado ao de cidadania, notadamente porque apenas quem teção especial consistente em indenização por dano moral
possui cidadania está apto a participar das decisões políti- decorrente de sua violação”7.
cas a serem tomadas pelo Estado. Para Reale8,a evolução histórica demonstra o domínio
Cidadão é o nacional, isto é, aquele que possui o vín- de um valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma
culo político-jurídico da nacionalidade com o Estado, que ordem gradativa entre os valores; mas existem os valores
goza de direitos políticos, ou seja, que pode votar e ser fundamentais e os secundários, sendo que o valor fonte
votado (sufrágio universal).
Destacam-se os seguintes conceitos correlatos: 6 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. 7.
ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382.
a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele 7 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de Revista n. 259300-
59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira. Bra-
passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim sília, 05 de setembro de 2012j1. Disponível em: www.tst.gov.br. Acesso em:
de direitos e obrigações. 17 nov. 2012.
b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, 8 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2002,
unidas pelo vínculo da nacionalidade. p. 228.

4
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

é o da pessoa humana. Nesse sentido, são os dizeres de Por sua vez, são princípios instrumentais para a efetivação
Reale9: “partimos dessa ideia, a nosso ver básica, de que a deste fundamento, conforme previsão do artigo 1º e do artigo
pessoa humana é o valor-fonte de todos os valores. O ho- 170, ambos da Constituição, o princípio da livre concorrência
mem, como ser natural biopsíquico, é apenas um indivíduo (artigo 170, IV, CF), o princípio da busca do pleno emprego (ar-
entre outros indivíduos, um ente animal entre os demais tigo 170, VIII, CF) e o princípio do tratamento favorecido para
da mesma espécie. O homem, considerado na sua objeti- as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasi-
vidade espiritual, enquanto ser que só realiza no sentido leiras e que tenham sua sede e administração no País (artigo
de seu dever ser, é o que chamamos de pessoa. Só o ho- 170, IX, CF). Ainda, assegurando a livre iniciativa no exercício de
mem possui a dignidade originária de ser enquanto deve atividades econômicas, o parágrafo único do artigo 170 prevê:
ser, pondo-se essencialmente como razão determinante “é assegurado a todos o livre exercício de qualquer ativida-
do processo histórico”. de econômica, independentemente de autorização de órgãos
Quando a Constituição Federal assegura a dignidade públicos, salvo nos casos previstos em lei”.
da pessoa humana como um dos fundamentos da Repúbli-
1.5) Pluralismo político
ca, faz emergir uma nova concepção de proteção de cada
A expressão pluralismo remete ao reconhecimento da
membro do seu povo. Tal ideologia de forte fulcro huma-
multiplicidade de ideologias culturais, religiosas, econômicas
nista guia a afirmação de todos os direitos fundamentais e sociais no âmbito de uma nação. Quando se fala em plu-
e confere a eles posição hierárquica superior às normas ralismo político, afirma-se que mais do que incorporar esta
organizacionais do Estado, de modo que é o Estado que multiplicidade de ideologias cabe ao Estado nacional fornecer
está para o povo, devendo garantir a dignidade de seus espaço para a manifestação política delas.
membros, e não o inverso. Sendo assim, pluralismo político significa não só respeitar a
multiplicidade de opiniões e ideias, mas acima de tudo garantir a
1.4) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa existência dela, permitindo que os vários grupos que compõem os
Quando o constituinte coloca os valores sociais do tra- mais diversos setores sociais possam se fazer ouvir mediante a li-
balho em paridade com a livre iniciativa fica clara a percep- berdade de expressão, manifestação e opinião, bem como possam
ção de necessário equilíbrio entre estas duas concepções. exigir do Estado substrato para se fazerem subsistir na sociedade.
De um lado, é necessário garantir direitos aos trabalhado- Pluralismo político vai além do pluripartidarismo ou multipar-
res, notadamente consolidados nos direitos sociais enume- tidarismo, que é apenas uma de suas consequências e garante que
rados no artigo 7º da Constituição; por outro lado, estes mesmo os partidos menores e com poucos representantes sejam
direitos não devem ser óbice ao exercício da livre iniciativa, ouvidos na tomada de decisões políticas, porque abrange uma ver-
mas sim vetores que reforcem o exercício desta liberdade dadeira concepção de multiculturalidade no âmbito interno.
dentro dos limites da justiça social, evitando o predomínio
do mais forte sobre o mais fraco. 2) Separação dos Poderes
Por livre iniciativa entenda-se a liberdade de iniciar São três os Poderes do Estado, independentes e harmô-
a exploração de atividades econômicas no território bra- nicos entre si: Executivo, Legislativo e Judiciário. A separação
sileiro, coibindo-se práticas de truste (ex.: monopólio). O de Poderes é inerente ao modelo do Estado Democrático de
constituinte não tem a intenção de impedir a livre inicia- Direito, impedindo a monopolização do poder e, por conse-
tiva, até mesmo porque o Estado nacional necessita dela guinte, a tirania e a opressão. Resta garantida no artigo 2º da
para crescer economicamente e adequar sua estrutura ao Constituição Federal com o seguinte teor:
atendimento crescente das necessidades de todos os que
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos
nele vivem. Sem crescimento econômico, nem ao menos é
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
possível garantir os direitos econômicos, sociais e culturais
afirmados na Constituição Federal como direitos funda-
3) Objetivos fundamentais
mentais. O constituinte trabalha no artigo 3º da Constituição Fede-
No entanto, a exploração da livre iniciativa deve se dar ral com os objetivos da República Federativa do Brasil, nos
de maneira racional, tendo em vista os direitos inerentes seguintes termos:
aos trabalhadores, no que se consolida a expressão “valo-
res sociais do trabalho”. A pessoa que trabalha para aque- Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República
le que explora a livre iniciativa deve ter a sua dignidade Federativa do Brasil:
respeitada em todas as suas dimensões, não somente no I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
que tange aos direitos sociais, mas em relação a todos os II - garantir o desenvolvimento nacional; 
direitos fundamentais afirmados pelo constituinte. III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
A questão resta melhor delimitada no título VI do texto cons- desigualdades sociais e regionais;
titucional, que aborda a ordem econômica e financeira: “Art. 170. A IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência dig- 3.1) Construir uma sociedade livre, justa e solidária
na, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes O inciso I do artigo 3º merece destaque ao trazer a expressão
princípios [...]”. Nota-se no caput a repetição do fundamento repu- “livre, justa e solidária”, que corresponde à tríade liberdade, igual-
blicano dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. dade e fraternidade. Esta tríade consolida as três dimensões de di-
9 Ibid., p. 220. reitos humanos: a primeira dimensão, voltada à pessoa como indi-

5
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

víduo, refere-se aos direitos civis e políticos; a segunda dimensão, I - independência nacional;
focada na promoção da igualdade material, remete aos direitos II - prevalência dos direitos humanos;
econômicos, sociais e culturais; e a terceira dimensão se concentra III - autodeterminação dos povos;
numa perspectiva difusa e coletiva dos direitos fundamentais. IV - não-intervenção;
Deste modo, a República brasileira pretende garantir a V - igualdade entre os Estados;
preservação de direitos fundamentais inatos à pessoa huma- VI - defesa da paz;
na em todas as suas dimensões, indissociáveis e interconecta- VII - solução pacífica dos conflitos;
das. Sendo esta, a causa do texto constitucional guardar espa- VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
ço de destaque para cada uma destas perspectivas. IX - cooperação entre os povos para o progresso da hu-
manidade;
3.2) Garantir o desenvolvimento nacional X - concessão de asilo político.
Para que o governo possa prover todas as condições ne- Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus-
cessárias à implementação de todos os direitos fundamentais cará a integração econômica, política, social e cultural dos
da pessoa humana mostra-se essencial que o país se desen- povos da América Latina, visando à formação de uma comu-
volva, cresça economicamente, de modo que cada indivíduo nidade latino-americana de nações.
passe a ter condições de perseguir suas metas.
De maneira geral, percebe-se na Constituição Federal a
3.3) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir compreensão de que a soberania do Estado nacional bra-
as desigualdades sociais e regionais sileiro não permite a sobreposição em relação à soberania
Garantir o desenvolvimento econômico não basta para a dos demais Estados, bem como de que é necessário respei-
construção de uma sociedade justa e solidária. É necessário ir tar determinadas práticas inerentes ao direito internacional
além e nunca perder de vista a perspectiva da igualdade ma- dos direitos humanos.
terial. Logo, a injeção econômica deve permitir o investimento
nos setores menos favorecidos, diminuindo as desigualdades 4.1) Independência nacional
sociais e regionais e paulatinamente erradicando a pobreza.
A formação de uma comunidade internacional não sig-
O impacto econômico deste objetivo fundamental é tão
nifica a eliminação da soberania dos países, mas apenas uma
relevante que o artigo 170 da Constituição prevê em seu
relativização, limitando as atitudes por ele tomadas em liber-
inciso VII a “redução das desigualdades regionais e sociais”
dade prol da preservação do bem comum e da paz mundial.
como um princípio que deve reger a atividade econômica. A
Na verdade, o próprio compromisso de respeito aos direitos
menção deste princípio implica em afirmar que as políticas
humanos traduz a limitação das ações estatais, que sempre
públicas econômico-financeiras deverão se guiar pela busca
devem se guiar por eles. Logo, o Brasil é um país indepen-
da redução das desigualdades, fornecendo incentivos espe-
cíficos para a exploração da atividade econômica em zonas dente, que não responde a nenhum outro, mas que como
economicamente marginalizadas. qualquer outro possui um dever para com a humanidade e
os direitos inatos a cada um de seus membros.
3.4) Promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas 4.2) Prevalência dos direitos humanos
de discriminação O Estado existe para o homem e não o inverso. Portan-
Ainda no ideário de justiça social, coloca-se o princípio da to, toda normativa existe para a sua proteção como pessoa
igualdade como objetivo a ser alcançado pela República brasilei- humana e o Estado tem o dever de servir a este fim de pre-
ra. Sendo assim, a república deve promover o princípio da igual- servação. A única forma de fazer isso é adotando a pessoa
dade e consolidar o bem comum. Em verdade, a promoção do humana como valor-fonte de todo o ordenamento, o que
bem comum pressupõe a prevalência do princípio da igualdade. somente é possível com a compreensão de que os direitos
Sobre o bem de todos, isto é, o bem comum, o filósofo Ja- humanos possuem uma posição prioritária no ordenamen-
cques Maritain ressaltou que o fim da sociedade é o seu bem to jurídico-constitucional.
comum, mas esse bem comum é o das pessoas humanas, que Conceituar direitos humanos é uma tarefa complicada,
compõem a sociedade. Com base neste ideário, apontou as ca- mas, em síntese, pode-se afirmar que direitos humanos são
racterísticas essenciais do bem comum: redistribuição, pela qual aqueles inerentes ao homem enquanto condição para sua
o bem comum deve ser redistribuído às pessoas e colaborar para dignidade que usualmente são descritos em documentos
o desenvolvimento delas; respeito à autoridade na sociedade, internacionais para que sejam mais seguramente garanti-
pois a autoridade é necessária para conduzir a comunidade de dos. A conquista de direitos da pessoa humana é, na verda-
pessoas humanas para o bem comum; moralidade, que constitui de, uma busca da dignidade da pessoa humana.
a retidão de vida, sendo a justiça e a retidão moral elementos
essenciais do bem comum. 4.3) Autodeterminação dos povos
4) Princípios de relações internacionais (artigo 4º) A premissa dos direitos políticos é a autodeterminação dos
O último artigo do título I trabalha com os princípios povos. Neste sentido, embora cada Estado tenha obrigações de
que regem as relações internacionais da República brasileira: direito internacional que deve respeitar para a adequada conse-
cução dos fins da comunidade internacional, também tem o direi-
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas to de se autodeterminar, sendo que tal autodeterminação é feita
relações internacionais pelos seguintes princípios:  pelo seu povo.

6
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Se autodeterminar significa garantir a liberdade do povo na - “Sistema de Consultas constitui-se em meio diplomático de
tomada das decisões políticas, logo, o direito à autodeterminação solução de litígios em que os Estados ou organizações internacio-
pressupõe a exclusão do colonialismo. Não se aceita a ideia de nais sujeitam-se, sem qualquer interferência pessoal externa, a en-
que um Estado domine o outro, tirando a sua autodeterminação.. contros periódicos com o objetivo de compor suas divergências”.

4.4) Não-intervenção 4.8) Repúdio ao terrorismo e ao racismo


Por não-intervenção entenda-se que o Estado brasileiro Terrorismo é o uso de violência através de ataques localiza-
irá respeitar a soberania dos demais Estados nacionais. Sendo dos a elementos ou instalações de um governo ou da popula-
assim, adotará práticas diplomáticas e respeitará as decisões ção civil, de modo a incutir medo, terror, e assim obter efeitos
políticas tomadas no âmbito de cada Estado, eis que são pari- psicológicos que ultrapassem largamente o círculo das vítimas,
tários na ordem internacional. incluindo, antes, o resto da população do território.
Racismo é a prática de atos discriminatórios baseados em di-
4.5) Igualdade entre os Estados ferenças étnico-raciais, que podem consistir em violência física ou
Por este princípio se reconhece uma posição de paridade, psicológica direcionada a uma pessoa ou a um grupo de pessoas
ou seja, de igualdade hierárquica, na ordem internacional en- pela simples questão biológica herdada por sua raça ou etnia.
tre todos os Estados. Em razão disso, cada Estado possuirá di- Sendo o Brasil um país que prega o pacifismo e que é as-
reito de voz e voto na tomada de decisões políticas na ordem sumidamente pluralista, ambas práticas são consideradas vis e
internacional em cada organização da qual faça parte e deverá devem ser repudiadas pelo Estado nacional.
ter sua opinião respeitada.
4.9) Cooperação entre os povos para o progresso da
4.6) Defesa da paz humanidade
O direito à paz vai muito além do direito de viver num mun- A cooperação internacional deve ser especialmente econô-
do sem guerras, atingindo o direito de ter paz social, de ver seus mica e técnica, a fim de conseguir progressivamente a plena
direitos respeitados em sociedade. Os direitos e liberdades ga- efetividade dos direitos humanos fundamentais internacional-
rantidos internacionalmente não podem ser destruídos com fun- mente reconhecidos.
damento nas normas que surgiram para protegê-los, o que seria Os países devem colaborar uns com os outros, o que é pos-
controverso. Em termos de relações internacionais, depreende-se sível mediante a integração no âmbito de organizações interna-
que deve ser sempre priorizada a solução amistosa de conflitos. cionais específicas, regionais ou globais.
Em relação a este princípio, o artigo 4º se aprofunda em
4.7) Solução pacífica dos conflitos seu parágrafo único, destacando a importância da cooperação
Decorrendo da defesa da paz, este princípio remete à brasileira no âmbito regional: “A República Federativa do Brasil
necessidade de diplomacia nas relações internacionais. Caso buscará a integração econômica, política, social e cultural dos
surjam conflitos entre Estados nacionais, estes deverão ser di- povos da América Latina, visando à formação de uma comuni-
rimidos de forma amistosa. dade latino-americana de nações”. Neste sentido, o papel de-
Negociação diplomática, serviços amistosos, bons ofícios, sempenhado no MERCOSUL.
mediação, sistema de consultas, conciliação e inquérito são os
meios diplomáticos de solução de controvérsias internacio- 4.10) Concessão de asilo político
nais, não havendo hierarquia entre eles. Somente o inquérito é Direito de asilo é o direito de buscar abrigo em outro país
um procedimento preliminar e facultativo à apuração da ma- quando naquele do qual for nacional estiver sofrendo alguma
terialidade dos fatos, podendo servir de base para qualquer perseguição. Tal perseguição não pode ter motivos legítimos,
meio de solução de conflito10. Conceitua Neves11: como a prática de crimes comuns ou de atos atentatórios aos
- “Negociação diplomática é a forma de autocomposição princípios das Nações Unidas, o que subverteria a própria finali-
em que os Estados oponentes buscam resolver suas divergên- dade desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direito
cias de forma direta, por via diplomática”; de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos humanos
- “Serviços amistosos é um meio de solução pacífica de de uma pessoa por parte daqueles que deveriam protegê-los –
conflito, sem aspecto oficial, em que o governo designa um isto é, os governantes e os entes sociais como um todo –, e não
diplomada para sua conclusão”; proteger pessoas que justamente cometeram tais violações.
- “Bons ofícios constituem o meio diplomático de solução “Sendo direito humano da pessoa refugiada, é obrigação do
pacífica de controvérsia internacional, em que um Estado, uma Estado asilante conceder o asilo. Entretanto, prevalece o entendi-
organização internacional ou até mesmo um chefe de Estado mento que o Estado não tem esta obrigação, nem de fundamen-
apresenta-se como moderador entre os litigantes”; tar a recusa. A segunda parte deste artigo permite a interpretação
- “Mediação define-se como instituto por meio do qual no sentido de que é o Estado asilante que subjetivamente enqua-
uma terceira pessoa estranha à contenda, mas aceita pelos li- dra o refugiado como asilado político ou criminoso comum”12.
tigantes, de forma voluntária ou em razão de estipulação an-
terior, toma conhecimento da divergência e dos argumentos
sustentados pelas partes, e propõe uma solução pacífica sujeita
à aceitação destas”;
10 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público & Direito 12 SANTOS FILHO, Oswaldo de Souza. Comentários aos artigos XIII e
Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 123. XIV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
11 Ibid., p. 123-126. dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 83.

7
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

argumento para afastamento ou diminuição da responsabili-


1 DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS: dade por atos ilícitos, assim estes direitos não são ilimitados e
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS encontram seus limites nos demais direitos igualmente con-
E COLETIVOS; DIREITO À VIDA, À sagrados como humanos.
LIBERDADE, À IGUALDADE, À SEGURANÇA
Direitos individuais e coletivos.
E À PROPRIEDADE; DIREITOS SOCIAIS;
NACIONALIDADE; CIDADANIA; GARANTIAS O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres
CONSTITUCIONAIS INDIVIDUAIS; individuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capítulo
GARANTIAS DOS DIREITOS COLETIVOS, já se extrai que a proteção vai além dos direitos do indivíduo
SOCIAIS E POLÍTICOS. e também abrange direitos da coletividade. A maior parte dos
direitos enumerados no artigo 5º do texto constitucional é de
direitos individuais, mas são incluídos alguns direitos coletivos
O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos e e mesmo remédios constitucionais próprios para a tutela des-
Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguintes tes direitos coletivos (ex.: mandado de segurança coletivo).
espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e co-
letivos (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente previstos 1) Direitos e garantias
no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e 13, CF) Não obstante, o capítulo vai além da proteção dos di-
e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF). reitos e estabelece garantias em prol da preservação destes,
Em termos comparativos à clássica divisão tridimensio- bem como remédios constitucionais a serem utilizados caso
nal dos direitos humanos, os direitos individuais (maior parte estes direitos e garantias não sejam preservados. Neste senti-
do artigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os direitos do, dividem-se em direitos e garantias as previsões do artigo
políticos se encaixam na primeira dimensão (direitos civis e 5º: os direitos são as disposições declaratórias e as garantias
políticos); os direitos sociais se enquadram na segunda di- são as disposições assecuratórias.
mensão (direitos econômicos, sociais e culturais) e os direitos O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo o
coletivos na terceira dimensão. Contudo, a enumeração de direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX:
direitos humanos na Constituição vai além dos direitos que
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelec-
expressamente constam no título II do texto constitucional.
tual, artística, científica e de comunicação, independentemente
Os direitos fundamentais possuem as seguintes caracte-
de censura ou licença.
rísticas principais:
O direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem an- vedação de censura ou exigência de licença. Em outros casos,
tecedentes históricos relevantes e, através dos tempos, ad- o legislador traz o direito num dispositivo e a garantia em
quirem novas perspectivas. Nesta característica se enquadra outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada no artigo
a noção de dimensões de direitos. 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da prisão ilegal
b) Universalidade: os direitos fundamentais pertencem de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no artigo 5º, LXV13.
a todos, tanto que apesar da expressão restritiva do caput do Em caso de ineficácia da garantia, implicando em viola-
artigo 5º aos brasileiros e estrangeiros residentes no país tem ção de direito, cabe a utilização dos remédios constitucionais.
se entendido pela extensão destes direitos, na perspectiva de Atenção para o fato de o constituinte chamar os remé-
prevalência dos direitos humanos. dios constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas de
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não possuem direitos e garantias propriamente ditas apenas de direitos.
conteúdo econômico-patrimonial, logo, são intransferíveis, ine-
gociáveis e indisponíveis, estando fora do comércio, o que evi- 2) Brasileiros e estrangeiros
dencia uma limitação do princípio da autonomia privada. O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção con-
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não podem ferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamente, “aos
ser renunciados pelo seu titular devido à fundamentalidade brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”. No entan-
material destes direitos para a dignidade da pessoa humana. to, tal restrição é apenas aparente e tem sido interpretada no
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem sentido de que os direitos estarão protegidos com relação a
deixar de ser observados por disposições infraconstitucionais todas as pessoas nos limites da soberania do país.
ou por atos das autoridades públicas, sob pena de nulidades. Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in-
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou
um único conjunto de direitos porque não podem ser anali- então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel seu
sados de maneira isolada, separada. localizado no Brasil (ainda que não resida no país).
g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não Somente alguns direitos não são estendidos a todas as
se perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exi-
sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela ge a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais
falta de uso (prescrição). titulares de direitos políticos.
h) Relatividade: os direitos fundamentais não podem
ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas ou como
13 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em teleconferência.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

3) Relação direitos-deveres Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro


O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan- inciso:
tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação
direitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamen- Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi-
tais. Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a pre- tos e obrigações, nos termos desta Constituição.
missa reconhecida nos direitos fundamentais de que não
há direito que seja absoluto, correspondendo-se para cada Este inciso é especificamente voltado à necessidade de
direito um dever. Logo, o exercício de direitos fundamen- igualdade de gênero, afirmando que não deve haver ne-
tais é limitado pelo igual direito de mesmo exercício por nhuma distinção sexo feminino e o masculino, de modo
parte de outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre que o homem e a mulher possuem os mesmos direitos e
relativos. obrigações.
Explica Canotilho14 quanto aos direitos fundamentais: Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito
“a ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser enten- mais do que a igualdade de gêneros, envolve uma pers-
dida como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como pectiva mais ampla.
ao titular de um direito fundamental corresponde um de- O direito à igualdade é um dos direitos norteadores
ver por parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro
particular está vinculado aos direitos fundamentais como enfoque que foi dado a este direito foi o de direito civil,
destinatário de um dever fundamental. Neste sentido, um enquadrando-o na primeira dimensão, no sentido de que a
direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia um todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direi-
dever correspondente”. Com efeito, a um direito funda- tos e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igual-
mental conferido à pessoa corresponde o dever de respei- dade enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos
to ao arcabouço de direitos conferidos às outras pessoas. demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria se
falando na igualdade perante a lei.
4) Direitos e garantias em espécie No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu não bastava igualar todos os homens em direitos e deveres
caput: para torná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas
condições de exercer estes direitos e deveres. Logo, não
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem é suficiente garantir um direito à igualdade formal, mas
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- é preciso buscar progressivamente a igualdade material.
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade No sentido de igualdade material que aparece o direito à
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à igualdade num segundo momento, pretendendo-se do Es-
propriedade, nos termos seguintes [...]. tado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um executar a lei, uma postura de promoção de políticas go-
dos principais (senão o principal) artigos da Constituição vernamentais voltadas a grupos vulneráveis.
Federal, consagra o princípio da igualdade e delimita as Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá-
cinco esferas de direitos individuais e coletivos que mere- veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação
cem proteção, isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em socieda-
e propriedade. Os incisos deste artigos delimitam vários de; e o de igualdade material, correspondendo à necessi-
direitos e garantias que se enquadram em alguma destas dade de discriminações positivas com relação a grupos vul-
esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es- neráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal.
pecíficas que ganham também destaque no texto consti-
tucional, quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos Ações afirmativas
constitucionais-penais. Neste sentido, desponta a temática das ações afirmati-
vas,que são políticas públicas ou programas privados cria-
- Direito à igualdade dos temporariamente e desenvolvidos com a finalidade de
Abrangência reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o de uma hipossuficiência econômica ou física, por meio da
constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igual- concessão de algum tipo de vantagem compensatória de
dade: tais condições.
Quem é contra as ações afirmativas argumenta que,
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem em uma sociedade pluralista, a condição de membro de
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- um grupo específico não pode ser usada como critério de
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à elas desprivilegiam o critério republicano do mérito (se-
propriedade, nos termos seguintes [...]. gundo o qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo
público pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer
a determinada categoria); fomentariam o racismo e o ódio;
14 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma
constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479. discriminação reversa.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas de- Art. 1º Constitui crime de tortura:
fende que elas representam o ideal de justiça compensatória I - constranger alguém com emprego de violência ou
(o objetivo é compensar injustiças passadas, dívidas históricas, grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
como uma compensação aos negros por tê-los feito escravos, p. a) com o fim de obter informação, declaração ou confis-
ex.); representam o ideal de justiça distributiva (a preocupação, são da vítima ou de terceira pessoa;
aqui, é com o presente. Busca-se uma concretização do princí- b) para provocar ação ou omissão de natureza crimi-
pio da igualdade material); bem como promovem a diversidade. nosa;
Neste sentido, as discriminações legais asseguram a ver- c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
dadeira igualdade, por exemplo, com as ações afirmativas, a II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autori-
proteção especial ao trabalho da mulher e do menor, as ga- dade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
rantias aos portadores de deficiência, entre outras medidas sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
que atribuam a pessoas com diferentes condições, iguais pos- pessoal ou medida de caráter preventivo.
sibilidades, protegendo e respeitando suas diferenças15. Tem Pena - reclusão, de dois a oito anos.
predominado em doutrina e jurisprudência, inclusive no Su- § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
premo Tribunal Federal, que as ações afirmativas são válidas. presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico
ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
- Direito à vida em lei ou não resultante de medida legal.
Abrangência § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
direito à vida. A vida humana é o centro gravitacional em torno pena de detenção de um a quatro anos.
do qual orbitam todos os direitos da pessoa humana, possuindo § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
reflexos jurídicos, políticos, econômicos, morais e religiosos. Em gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
detrimento disto, que se dá a existência de uma certa dificulda- resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
de em conceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
pessoa possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a vida. I - se o crime é cometido por agente público;
Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa, é o II – se o crime é cometido contra criança, gestante, por-
primeiro valor moral inerente a todos os seres humanos16. tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de nas- anos; 
cer/permanecer vivo, o que envolve questões como pena III - se o crime é cometido mediante sequestro.
de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco e aborto; § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função
quanto o direito de viver com dignidade, o que engloba o ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
respeito à integridade física, psíquica e moral, incluindo neste dobro do prazo da pena aplicada.
aspecto a vedação da tortura, bem como a garantia de recur- § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
sos que permitam viver a vida com dignidade. graça ou anistia.
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado nos § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de um dos hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regi-
direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais e socio- me fechado.
lógicos. É no direito à vida que se encaixam polêmicas dis-
cussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com células - Direito à liberdade
tronco, pena de morte, eutanásia, etc. O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
teção do direito à liberdade, delimitada em alguns incisos
Vedação à tortura que o seguem.
De forma expressa no texto constitucional destaca-se a Liberdade e legalidade
vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme pre- Prevê o artigo 5º, II, CF:
visão no inciso III do artigo 5º:
Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou dei-
Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem a xar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
tratamento desumano ou degradante.
O princípio da legalidade se encontra delimitado nes-
A tortura é um dos piores meios de tratamento desuma- te inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a
no, expressamente vedada em âmbito internacional, como fazer ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei
visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina constitu- assim determine. Assim, salvo situações previstas em lei,
cional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define os crimes de a pessoa tem liberdade para agir como considerar conve-
tortura e dá outras providências, destacando-se o artigo 1º: niente.
Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela-
15 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e II. In: BA- ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo
LERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Direi-
tos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08. à pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expres-
16 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte. Comentá- samente estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer
rios aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De- tudo o que quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer
claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 15. maneira que a lei não proíba.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Liberdade de pensamento e de expressão Liberdade de crença/religiosa


O artigo 5º, IV, CF prevê: Dispõe o artigo 5º, VI, CF:

Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamen- Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciência e de
to, sendo vedado o anonimato. crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de suas liturgias.
pensamento e da liberdade de expressão.
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé como
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma crença ou
reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada religião que seja proibida, garantindo-se que a profissão desta fé
mais do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra possa se realizar em locais próprios.
constitucional, ao consagrar a livre manifestação do pensa- Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos distin-
mento, imprime a existência jurídica ao chamado direito de tos, porém intrinsecamente relacionados de liberdades: a liber-
opinião”17. Em outras palavras, primeiro existe o direito de dade de crença; a liberdade de culto; e a liberdade de organiza-
ter uma opinião, depois o de expressá-la. ção religiosa.
No mais, surge como corolário do direito à liberdade Consoante o magistério de José Afonso da Silva18, entra na
de pensamento e de expressão o direito à escusa por con- liberdade de crença a liberdade de escolha da religião, a liberda-
vicção filosófica ou política: de de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito)
de mudar de religião, além da liberdade de não aderir a religião
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por alguma, assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou ateu e de exprimir o agnosticismo, apenas excluída a liberdade
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação de embaraçar o livre exercício de qualquer religião, de qualquer
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al- crença. A liberdade de culto consiste na liberdade de orar e de
ternativa, fixada em lei. praticar os atos próprios das manifestações exteriores em casa
ou em público, bem como a de recebimento de contribuições
Trata-se de instrumento para a consecução do direito para tanto. Por fim, a liberdade de organização religiosa refere-se
assegurado na Constituição Federal – não basta permitir à possibilidade de estabelecimento e organização de igrejas e
que se pense diferente, é preciso respeitar tal posiciona- suas relações com o Estado.
mento. Como decorrência do direito à liberdade religiosa, assegu-
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é rando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
limitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na
garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria cer- Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a prestação
ta e determinada, permitindo eventuais responsabilizações de assistência religiosa nas entidades civis e militares de in-
por manifestações que contrariem a lei. ternação coletiva.
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF:
O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos prisio-
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte- nais civis e militares, mas também a hospitais.
lectual, artística, científica e de comunicação, indepen- Ainda, surge como corolário do direito à liberdade religiosa
dentemente de censura ou licença. o direito à escusa por convicção religiosa:

Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres- Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por moti-
são, referente de forma específica a atividades intelectuais, vo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo
artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
relação a estas, a exigência de licença para a manifestação recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.
do pensamento, bem como veda-se a censura prévia.
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impe- Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por exem-
dir a divulgação e o acesso a informações como modo de plo, a todos os homens maiores de 18 anos o alistamento militar,
controle do poder. A censura somente é cabível quando não cabe se escusar, a não ser que tenha fundado motivo em
necessária ao interesse público numa ordem democrática, crença religiosa ou convicção filosófica/política, caso em que
por exemplo, censurar a publicação de um conteúdo de será obrigado a cumprir uma prestação alternativa, isto é, uma
exploração sexual infantojuvenil é adequado. outra atividade que não contrarie tais preceitos.
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à in-
denização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapar- Liberdade de informação
tida para aquele que teve algum direito seu violado (no- O direito de acesso à informação também se liga a uma
tadamente inerentes à privacidade ou à personalidade) dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o
em decorrência dos excessos no exercício da liberdade de artigo 5º, XIV, CF:
expressão.
17 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso 18 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed.
de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. São Paulo: Malheiros, 2006.

11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à infor- Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
mação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
exercício profissional. cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez na
Trata-se da liberdade de informação, consistente na liber- intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públicos
dade de procurar e receber informações e ideias por quais- em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que gera
quer meios, independente de fronteiras, sem interferência. confusões conceituais no sentido do direito de obter certi-
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao dões ser dissociado do direito de petição.
passo que a liberdade de expressão tem uma característica Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, CF:
ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo e passi-
vo da exteriorização da liberdade de pensamento: não basta Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade
poder manifestar o seu próprio pensamento, é preciso que dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o in-
ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade de se garantir o teresse social o exigirem.
acesso ao pensamento manifestado para a sociedade.
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas o
todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a será quando a intimidade merecer preservação (ex: processo
respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente criminal de estupro ou causas de família em geral) ou quan-
pelos meios de comunicação imparciais e não monopolizados do o interesse social exigir (ex: investigações que possam ser
(artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível que a comprometidas pela publicidade). A publicidade é instru-
imprensa divulgue com quem obteve a informação divulgada, mento para a efetivação da liberdade de informação.
sem o que a segurança desta poderia ficar prejudicada e a
informação inevitavelmente não chegaria ao público. Liberdade de locomoção
Especificamente quanto à liberdade de informação no Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no artigo
âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas pre- 5º, XV, CF:
visões.
Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território na-
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF:
cional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter-
mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos ór-
gãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
A liberdade de locomoção é um aspecto básico do direi-
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei,
to à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o territó-
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
rio do país em tempos de paz (em tempos de guerra é possí-
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. vel limitar tal liberdade em prol da segurança). A liberdade de
sair do país não significa que existe um direito de ingressar
A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 em qualquer outro país, pois caberá à ele, no exercício de sua
regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. soberania, controlar tal entrada.
5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Informação. Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liberda-
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF: de. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser presa nos
casos autorizados pela própria Constituição Federal. A des-
Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, independen- peito da normativa específica de natureza penal, reforça-se
temente do pagamento de taxas: a impossibilidade de se restringir a liberdade de locomoção
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de pela prisão civil por dívida.
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívida,
pessoal. salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e ines-
cusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cumpre Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo
observar que o direito de petição deve resultar em uma ma- Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel,
nifestação do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a úni-
uma questão proposta, em um verdadeiro exercício contínuo ca exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento é a
de delimitação dos direitos e obrigações que regulam a vida que se refere à obrigação alimentícia.
social e, desta maneira, quando “dificulta a apreciação de um
pedido que um cidadão quer apresentar” (muitas vezes, em- Liberdade de trabalho
baraçando-lhe o acesso à Justiça); “demora para responder O direito à liberdade também é mencionado no artigo
aos pedidos formulados” (administrativa e, principalmente, 5º, XIII, CF:
judicialmente) ou “impõe restrições e/ou condições para a
formulação de petição”, traz a chamada insegurança jurídica, Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra-
que traz desesperança e faz proliferar as desigualdades e as balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
injustiças. profissionais que a lei estabelecer.

12
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O livre exercício profissional é garantido, respeitados os Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão de
advogado aquele que não se formou em Direito e não foi Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compulso-
aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil; não riamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci-
pode exercer a medicina aquele que não fez faculdade de me- são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado.
dicina reconhecida pelo MEC e obteve o cadastro no Conselho
Regional de Medicina. O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja, a
associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é pre-
Liberdade de reunião ciso o trânsito em julgado da decisão judicial que assim de-
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: termine, pois antes disso sempre há possibilidade de reverter
a decisão e permitir que a associação continue em funciona-
Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamente, mento. Contudo, a decisão judicial pode suspender atividades
sem armas, em locais abertos ao público, independentemen- até que o trânsito em julgado ocorra, ou seja, no curso de um
te de autorização, desde que não frustrem outra reunião ante- processo judicial.
riormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido Em destaque, a legitimidade representativa da associação
prévio aviso à autoridade competente. quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:

Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com demais na Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando expres-
defesa de uma causa, apenas possuindo o dever de informar samente autorizadas, têm legitimidade para representar seus
tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de segurança co- filiados judicial ou extrajudicialmente.
letiva. Imagine uma grande reunião de pessoas por uma cau-
sa, a exemplo da Parada Gay, que chega a aglomerar milhões Trata-se de caso de legitimidade processual extraordiná-
de pessoas em algumas capitais: seria absurdo tolerar tal tipo ria, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de outra(s)
de reunião sem o prévio aviso do poder público para que ele pessoa(s) porque a lei assim autoriza.
organize o policiamento e a assistência médica, evitando alga- A liberdade de associação envolve não somente o direito
zarras e socorrendo pessoas que tenham algum mal-estar no de criar associações e de fazer parte delas, mas também o de
local. Outro limite é o uso de armas, totalmente vedado, assim não associar-se e o de deixar a associação, conforme artigo
como de substâncias ilícitas (Ex: embora a Marcha da Maconha 5º, XX, CF:
tenha sido autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou-
-se que nela tal substância ilícita fosse utilizada). Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a asso-
ciar-se ou a permanecer associado.
Liberdade de associação
No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, XVII, CF: - Direitos à privacidade e à personalidade

Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação para Abrangência


fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. Prevê o artigo 5º, X, CF:

A liberdade de associação difere-se da de reunião por sua Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida priva-
perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é exerci- da, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a inde-
da de forma sazonal, eventual, a liberdade de associação im- nização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
plica na formação de um grupo organizado que se mantém
por um período de tempo considerável, dotado de estrutura e O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo
organização próprias. dispositivo legal os direitos à privacidade e à personalidade.
Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são associa- Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida-
ções ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas e o de, ao abordar a proteção da vida privada – que, em resumo,
ideal de realizar sua própria justiça paralelamente à estatal. é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio e de
O texto constitucional se estende na regulamentação da círculos de amigos –, Silva19 entende que “o segredo da vida
liberdade de associação. privada é condição de expansão da personalidade”, mas não
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza: caracteriza os direitos de personalidade em si.
A união da intimidade e da vida privada forma a privacidade,
Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na forma sendo que a primeira se localiza em esfera mais estrita. É possível
da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo ilustrar a vida social como se fosse um grande círculo no qual
vedada a interferência estatal em seu funcionamento. há um menor, o da vida privada, e dentro deste um ainda mais
restrito e impenetrável, o da intimidade. Com efeito, pela “Teoria
Neste sentido, associações são organizações resultantes das Esferas” (ou “Teoria dos Círculos Concêntricos”), importada do
da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem per- direito alemão, quanto mais próxima do indivíduo, maior a pro-
sonalidade jurídica, para a realização de um objetivo comum; teção a ser conferida à esfera (as esferas são representadas pela
já cooperativas são uma forma específica de associação, pois intimidade, pela vida privada, e pela publicidade).
visam a obtenção de vantagens comuns em suas atividades 19 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed.
econômicas. São Paulo: Malheiros, 2006.

13
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

“O direito à honra distancia-se levemente dos dois anterio- O reconhecimento do marco inicial e do marco final da
res, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem de si personalidade jurídica pelo registro é direito individual, não
(honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os outros dependendo de condições financeiras. Evidente, seria absurdo
(honra objetiva), conferindo-lhe respeitabilidade no meio social. cobrar de uma pessoa sem condições a elaboração de docu-
O direito à imagem também possui duas conotações, podendo mentos para que ela seja reconhecida como viva ou morta, o
ser entendido em sentido objetivo, com relação à reprodução que apenas incentivaria a indigência dos menos favorecidos.
gráfica da pessoa, por meio de fotografias, filmagens, desenhos,
ou em sentido subjetivo, significando o conjunto de qualidades Direito à indenização e direito de resposta
cultivadas pela pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo Com vistas à proteção do direito à privacidade, do direi-
social”20. to à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se dois
instrumentos, o direito à indenização e o direito de resposta,
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspondência conforme as necessidades do caso concreto.
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a inviolabi- Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
lidade do domicílio e o sigilo das correspondências e comuni-
cações. Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, pro-
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê: porcional ao agravo, além da indenização por dano material,
moral ou à imagem.
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, nin-
guém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, “A manifestação do pensamento é livre e garantida em
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar so- nível constitucional, não aludindo a censura prévia em diver-
corro, ou, durante o dia, por determinação judicial. sões e espetáculos públicos. Os abusos porventura ocorridos
no exercício indevido da manifestação do pensamento são
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode nele passíveis de exame e apreciação pelo Poder Judiciário com a
entrar sem o consentimento do morador, a não ser EM QUAL- consequente responsabilidade civil e penal de seus autores,
decorrentes inclusive de publicações injuriosas na imprensa,
QUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o morador foi fla-
que deve exercer vigilância e controle da matéria que divul-
grado na prática de crime e fugiu para seu domicílio) ou de-
ga”21.
sastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou para prestar socorro
O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem
(morador teve ataque do coração, está sufocado, desmaiado...),
de se defender de críticas públicas no mesmo meio em
e SOMENTE DURANTE O DIA por determinação judicial.
que foram publicadas garantida exatamente a mesma
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunicações,
repercussão. Mesmo quando for garantido o direito de
prevê o artigo 5º, XII, CF:
resposta não é possível reverter plenamente os danos cau-
sados pela manifestação ilícita de pensamento, razão pela
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência e qual a pessoa inda fará jus à indenização.
das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações te- A manifestação ilícita do pensamento geralmente causa
lefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que pode
e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ser individual ou coletivo, moral ou material, econômico e não
ou instrução processual penal. econômico.
Dano material é aquele que atinge o patrimônio (mate-
O sigilo de correspondência e das comunicações está me- rial ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado financei-
lhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996. ramente e indenizado.
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse que
Personalidade jurídica e gratuidade de registro visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial
Quando se fala em reconhecimento como pessoa perante contido nos direitos da personalidade (como a vida, a integri-
a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos direitos dade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, a intimidade, os
de personalidade, consistente na personalidade jurídica. Basi- sentimentos afetivos, a própria imagem) ou nos atributos da
camente, consiste no direito de ser reconhecido como pessoa pessoa (como o nome, a capacidade, o estado de família)”22.
perante a lei. Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Código Civil:
Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se necessá-
rio o registro. Por ser instrumento que serve como pressuposto Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à ad-
ao exercício de direitos fundamentais, assegura-se a sua gratui- ministração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a di-
dade aos que não tiverem condição de com ele arcar. vulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação,
Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF: a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão
ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização
Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconhecidamen- que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeita-
te pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a bilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
certidão de óbito. 21 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. ed. São Pau-
lo: Malheiros, 2011.
20 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitucional. 22 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil. Buenos Ai-
Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. res: Astrea, 1982.

14
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Direito à segurança os princípios da ordem econômica são preordenados à vista


O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção da realização de seu fim: assegurar a todos existência digna,
do direito à segurança. Na qualidade de direito individual liga- conforme os ditames da justiça social. Se é assim, então a pro-
-se à segurança do indivíduo como um todo, desde sua integri- priedade privada, que, ademais, tem que atender a sua função
dade física e mental, até a própria segurança jurídica. social, fica vinculada à consecução daquele princípio”.
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pessoal Com efeito, a proteção da propriedade privada está li-
é o direito de viver sem medo, protegido pela solidariedade e mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o
liberto de agressões, logo, é uma maneira de garantir o direito requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade da
à vida. pessoa humana. A propriedade de bens e valores em geral é
Nesta linha, para Silva23, “efetivamente, esse conjunto de um direito assegurado na Constituição Federal e, como to-
direitos aparelha situações, proibições, limitações e procedi- dos os outros, se encontra limitado pelos demais princípios
mentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de algum conforme melhor se atenda à dignidade do ser humano.
direito individual fundamental (intimidade, liberdade pessoal ou A Constituição Federal delimita o que se entende por
a incolumidade física ou moral)”. função social:
Especificamente no que tange à segurança jurídica, tem-se
o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urbano,
executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes
Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito adquiri- gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desen-
do, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. volvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-es-
tar de seus habitantes.
Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroatividade da lei.
Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do Di- Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ-
reito Brasileiro: mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte
mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen-
Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, res-
volvimento e de expansão urbana.
peitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segun-
Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua
do a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
função social quando atende às exigências fundamentais de
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu
ordenação da cidade expressas no plano diretor25.
titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo co-
meço do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-esta-
Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a proprie-
belecida inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judi- dade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de
cial de que já não caiba recurso. exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
- Direito à propriedade II - utilização adequada dos recursos naturais disponí-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção veis e preservação do meio ambiente;
do direito à propriedade, tanto material quanto intelectual, deli- III - observância das disposições que regulam as relações
mitada em alguns incisos que o seguem. de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprie-
Função social da propriedade material tários e dos trabalhadores.
O artigo 5º, XXII, CF estabelece:
Desapropriação
Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de propriedade. No caso de desrespeito à função social da propriedade
cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que po-
A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o princi- de-se depreender do texto constitucional duas possibilida-
pal fator limitador deste direito: des de desapropriação: por desrespeito à função social e por
necessidade ou utilidade pública.
Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua função A Constituição Federal prevê a possibilidade de desa-
social. propriação por desatendimento à função social:

A propriedade, segundo Silva24, “[...] não pode mais ser con- Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público muni-
siderada como um direito individual nem como instituição do cipal, mediante lei específica para área incluída no plano di-
direito privado. [...] embora prevista entre os direitos individuais, retor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo
ela não mais poderá ser considerada puro direito individual, re- urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que
lativizando-se seu conceito e significado, especialmente porque promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessiva-
23 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo... Op. mente, de:
Cit., p. 437. 25 Instrumento básico de um processo de planejamento municipal para a
24 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed. implantação da política de desenvolvimento urbano, norteando a ação dos
São Paulo: Malheiros, 2006. agentes públicos e privados (Lei n. 10.257/2001 - Estatuto da cidade).

15
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - parcelamento ou edificação compulsórios; Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se ca-


II - imposto sobre a propriedade predial e territorial ur- sos de utilidade pública:
bana progressivo no tempo; a) a segurança nacional;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos b) a defesa do Estado;
da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo c) o socorro público em caso de calamidade;
Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em d) a salubridade pública;
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real e) a criação e melhoramento de centros de população,
da indenização e os juros legais26. seu abastecimento regular de meios de subsistência;
f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas
Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por inte- minerais, das águas e da energia hidráulica;
resse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração,
não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia casas de saude, clínicas, estações de clima e fontes medicinais;
e justa indenização em títulos da dívida agrária, com h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou
de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e logradouros públicos; a execução de planos de urbanização;
cuja utilização será definida em lei27. o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua
melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a cons-
Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias trução ou ampliação de distritos industriais;
serão indenizadas em dinheiro. j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
k) a preservação e conservação dos monumentos históri-
No que tange à desapropriação por necessidade ou uti- cos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos
lidade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF: ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes
e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e,
Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente do-
para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou tados pela natureza;
por interesse social, mediante justa e prévia indenização em l) a preservação e a conservação adequada de arquivos,
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição. documentos e outros bens moveis de valor histórico ou ar-
tístico;
Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF: m) a construção de edifícios públicos, monumentos co-
memorativos e cemitérios;
Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urba- n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pou-
nos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. so para aeronaves;
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natu-
Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF: reza científica, artística ou literária;
p) os demais casos previstos por leis especiais.
Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel
como de interesse social, para fins de reforma agrária, auto- Um grande problema que faz com que processos que
riza a União a propor a ação de desapropriação. tenham a desapropriação por objeto se estendam é a in-
devida valorização do imóvel pelo Poder Público, que ge-
Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer ralmente pretende pagar valor muito abaixo do devido,
procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o necessitando o Judiciário intervir em prol da correta ava-
processo judicial de desapropriação. liação.
Outra questão reside na chamada tredestinação, pela
A desapropriação por utilidade ou necessidade pública qual há a destinação de um bem expropriado (desapro-
deve se dar mediante prévia e justa indenização em dinhei- priação) a finalidade diversa da que se planejou inicial-
ro. O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando mente. A tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilícita
o procedimento e conceituando utilidade pública, em seu quando resultante de desvio do propósito original; e será
artigo 5º: lícita quando a Administração Pública dê ao bem finalidade
26 Nota-se que antes de se promover a desapropriação de imóvel urbano diversa, porém preservando a razão do interesse público.
por desatendimento à função social é necessário tomar duas providências,
sucessivas: primeiro, o parcelamento ou edificação compulsórios; depois, o Política agrária e reforma agrária
estabelecimento de imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana Enquanto desdobramento do direito à propriedade
progressivo no tempo. Se ambas medidas restarem ineficazes, parte-se para a imóvel e da função social desta propriedade, tem-se ainda
desapropriação por desatendimento à função social. o artigo 5º, XXVI, CF:
27 A desapropriação em decorrência do desatendimento da função social é Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, as-
indenizada, mas não da mesma maneira que a desapropriação por necessi-
sim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não
dade ou utilidade pública, já que na primeira há violação do ordenamento
constitucional pelo proprietário, mas na segunda não. Por isso, indeniza-se
será objeto de penhora para pagamento de débitos decor-
em títulos da dívida agrária, que na prática não são tão valorizados quanto rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
o dinheiro. meios de financiar o seu desenvolvimento.

16
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pequena Os que forem favorecidos pela reforma agrária (ho-
propriedade será assegurado que permaneça com ela e a torne mens, mulheres, ambos, qualquer estado civil) não poderão
mais produtiva. negociar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189, CF).
A preservação da pequena propriedade em detrimento Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição
dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes- ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física
-guias da regulamentação da política agrária brasileira, que ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que depen-
tem como principal escopo a realização da reforma agrária. derão de autorização do Congresso Nacional” (artigo 190,
Parte da questão financeira atinente à reforma agrária se CF).
encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF:
Usucapião
Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente o volume Usucapião é o modo originário de aquisição da pro-
total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de re- priedade que decorre da posse prolongada por um longo
cursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício. tempo, preenchidos outros requisitos legais. Em outras pa-
lavras, usucapião é uma situação em que alguém tem a pos-
Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, esta- se de um bem por um tempo longo, sem ser incomodado,
duais e municipais as operações de transferência de imóveis de- a ponto de se tornar proprietário.
sapropriados para fins de reforma agrária. A Constituição regulamenta o acesso à propriedade
mediante posse prolongada no tempo – usucapião – em
Como a finalidade da reforma agrária é transformar terras casos específicos, denominados usucapião especial urbana
improdutivas e grandes propriedades em atinentes à função e usucapião especial rural.
social, alguns imóveis rurais não podem ser abrangidos pela O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião
reforma agrária: especial urbana:
Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para fins de Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urba-
reforma agrária:
na de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para
lei, desde que seu proprietário não possua outra;
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, des-
II - a propriedade produtiva.
de que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à pro-
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão
priedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos re-
conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, indepen-
quisitos relativos a sua função social.
dentemente do estado civil.
Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo 187: § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo pos-
suidor mais de uma vez.
Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e executada § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usu-
na forma da lei, com a participação efetiva do setor de produção, capião.
envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos se-
tores de comercialização, de armazenamento e de transportes, Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
levando em conta, especialmente: pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
I - os instrumentos creditícios e fiscais; seguintes requisitos específicos:
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da localiza-
garantia de comercialização; ção, área urbana é a que está dentro do perímetro urbano.
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; Pela teoria da destinação, mais importante que a localiza-
IV - a assistência técnica e extensão rural; ção é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários e
V - o seguro agrícola; estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para
VI - o cooperativismo; fins de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da
VII - a eletrificação rural e irrigação; localização.
VIII - a habitação para o trabalhador rural. b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris-
agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais. prudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve ter
de reforma agrária. 250m², não a área construída (a área de um sobrado, por
As terras devolutas e públicas serão destinadas conforme exemplo, pode ser maior que a de um terreno).
a política agrícola e o plano nacional de reforma agrária (artigo c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição
188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a concessão, a Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes de
qualquer título, de terras públicas com área superior a dois mil e 05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos dentro
quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por in- do limite da usucapião urbana? Predominou que só corria o
terposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso prazo a partir da criação do instituto, não só porque antes
Nacional”, salvo no caso de alienações ou concessões de terras não existia e o prazo não podia correr, como também não
públicas para fins de reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF). se poderia prejudicar o proprietário.

17
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse, Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangeiros
é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família, ao situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício
longo de todo o prazo (não só no início ou no final). Logo, do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja
não cabe acessio temporis por cessão da posse. mais favorável a lei pessoal do de cujus.
e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no
Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al- O direito à herança envolve o direito de receber – seja de-
guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este requi- vido a uma previsão legal, seja por testamento – bens de uma
sito é verificado no momento em que completa 5 anos. pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa para outra
Em relação à previsão da usucapião especial rural, des- pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou a lei determine.
taca-se o artigo 191, CF: A Constituição estabelece uma disciplina específica para bens
de estrangeiros situados no Brasil, assegurando que eles se-
Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel jam repassados ao cônjuge e filhos brasileiros nos termos da
rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterrup- lei mais benéfica (do Brasil ou do país estrangeiro).
tos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior
a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho Direito do consumidor
ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF:
propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiri- Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da lei,
dos por usucapião. a defesa do consumidor.

Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja pú- O direito do consumidor liga-se ao direito à propriedade
blica, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os se- a partir do momento em que garante à pessoa que irá ad-
guintes requisitos específicos: quirir bens e serviços que estes sejam entregues e prestados
a) Imóvel rural da forma adequada, impedindo que o fornecedor se enrique-
b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que ça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da posição
estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da menos favorável e de vulnerabilidade técnica do consumidor.
Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo ru- O Direito do Consumidor pode ser considerado um ramo
ral? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas é recente do Direito. No Brasil, a legislação que o regulamentou
assunto muito controverso. foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº 8.078, de 11 de
c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de setembro de 1990, conforme determinado pela Constituição
outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a área Federal de 1988, que também estabeleceu no artigo 48 do
é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibilidade antes Ato das Disposições Constitucionais Transitórias:
da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não.
d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento e
na área rural. vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código
e) Nenhum outro imóvel. de defesa do consumidor.
f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado a
área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro labo- A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi
re”. Dependerá do caso concreto. um grande passo para a proteção da pessoa nas relações de
consumo que estabeleça, respeitando-se a condição de hi-
Uso temporário possuficiente técnico daquele que adquire um bem ou faz
No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao direito uso de determinado serviço, enquanto consumidor.
de propriedade que não possui o caráter definitivo da desa-
propriação, mas é temporária, conforme artigo 5º, XXV, CF: Propriedade intelectual
Além da propriedade material, o constituinte protege
Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo públi- também a propriedade intelectual, notadamente no artigo 5º,
co, a autoridade competente poderá usar de propriedade XXVII, XXVIII e XXIX, CF:
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior,
se houver dano. Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito exclusi-
vo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
de perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar
uma base para capturar um fugitivo), pois o interesse da co- Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei:
letividade é maior que o do indivíduo proprietário. a) a proteção às participações individuais em obras co-
letivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive
Direito sucessório nas atividades desportivas;
O direito sucessório aparece como uma faceta do direi- b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô-
to à propriedade, encontrando disciplina constitucional no mico das obras que criarem ou de que participarem aos cria-
artigo 5º, XXX e XXXI, CF: dores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais
Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança; e associativas;

18
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de inven- Primeiro, Cappelletti e Garth29 entendem que surgiu
tos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem uma onda de concessão de assistência judiciária aos po-
como proteção às criações industriais, à propriedade das mar- bres, partindo-se da prestação sem interesse de remunera-
cas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo ção por parte dos advogados e, ao final, levando à criação
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e de um aparato estrutural para a prestação da assistência
econômico do País. pelo Estado.
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth30,
Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual que veio a onda de superação do problema na representação
deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto sob o dos interesses difusos, saindo da concepção tradicional de
patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, a Lei nº processo como algo restrito a apenas duas partes indivi-
9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os direitos au- dualizadas e ocasionando o surgimento de novas institui-
torais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes são conexos”. ções, como o Ministério Público.
O artigo 7° do referido diploma considera como obras Finalmente, Cappelletti e Garth31 apontam uma terceira
intelectuais que merecem a proteção do direito do autor os onda consistente no surgimento de uma concepção mais
textos de obras de natureza literária, artística ou científica; as ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins-
conferências, sermões e obras semelhantes; as obras cinema- tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados:
tográficas e televisivas; as composições musicais; fotografias; “[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla va-
ilustrações; programas de computador; coletâneas e enciclo- riedade de reformas, incluindo alterações nas formas de
pédias; entre outras. procedimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, ina- criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou pa-
lienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o direito de raprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores,
reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divulgado na uti- modificações no direito substantivo destinadas a evitar li-
lização desta, assegurar a integridade desta ou modificá-la e tígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos
retirá-la de circulação se esta passar a afrontar sua honra ou privados ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque,
imagem.
em suma, não receia inovações radicais e compreensivas,
Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos arti-
que vão muito além da esfera de representação judicial”.
gos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos conta-
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos
dos do primeiro ano seguinte à sua morte ou do falecimento
aspectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se
do último coautor, ou contados do primeiro ano seguinte à
o Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas
divulgação da obra se esta for de natureza audiovisual ou fo-
as pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta ga-
tográfica. Estes, por sua vez, abrangem, basicamente, o direito
rantir meios de acesso se estes forem insuficientes, já que
de dispor sobre a reprodução, edição, adaptação, tradução,
utilização, inclusão em bases de dados ou qualquer outra para que exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário
modalidade de utilização; sendo que estas modalidades de que se aplique o direito material de maneira justa e célere.
utilização podem se dar a título oneroso ou gratuito. Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça,
“Os direitos autorais, também conhecidos como copyright prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV:
(direito de cópia), são considerados bens móveis, podendo
ser alienados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-se que Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do
a permissão a terceiros de utilização de criações artísticas é Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
direito do autor. [...] A proteção constitucional abrange o plá-
gio e a contrafação. Enquanto que o primeiro caracteriza-se O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o prin-
pela difusão de obra criada ou produzida por terceiros, como cípio de Direito Processual Público subjetivo, também
se fosse própria, a segunda configura a reprodução de obra cunhado como Princípio da Ação, em que a Constituição
alheia sem a necessária permissão do autor”28. garante a necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes
na vida em sociedade. Sempre que uma controvérsia for
- Direitos de acesso à justiça levada ao Poder Judiciário, preenchidos os requisitos de
A formação de um conceito sistemático de acesso à jus- admissibilidade, ela será resolvida, independentemente de
tiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apontaram haver ou não previsão específica a respeito na legislação.
três ondas de acesso, isto é, três posicionamentos básicos Também se liga à primeira onda de acesso à justiça,
para a realização efetiva de tal acesso. Tais ondas foram per- no que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos
cebidas paulatinamente com a evolução do Direito moderno favorecidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
conforme implementadas as bases da onda anterior, quer di-
zer, ficou evidente aos autores a emergência de uma nova Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurí-
onda quando superada a afirmação das premissas da onda dica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiên-
anterior, restando parcialmente implementada (visto que até cia de recursos.
hoje enfrentam-se obstáculos ao pleno atendimento em to- 29 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Tradução
das as ondas). Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris Editor, 1998,
28 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, p. 31-32.
comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República Federativa do 30 Ibid., p. 49-52
Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997. 31 Ibid., p. 67-73

19
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O constituinte, ciente de que não basta garantir o acesso Sigilo das votações envolve a realização de votações
ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efetividade secretas, preservando a liberdade de voto dos que com-
processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº 45/2004 o põem o conselho que irá julgar o ato praticado.
inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição: A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo,
Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e admi- a soberania dos veredictos veda a alteração das decisões
nistrativo, são assegurados a razoável duração do processo dos jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do Tri-
e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. bunal do Júri para que seja procedido novo julgamento
  uma vez cassada a decisão recorrida, haja vista preservar
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir o o ordenamento jurídico pelo princípio do duplo grau de
acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não signi- jurisdição.
fica que se deve acelerar o processo em detrimento de di- Por fim, a competência para julgamento é dos crimes
reitos e garantias assegurados em lei, mas sim que é preciso dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o ris-
proporcionar um trâmite que dure nem mais e nem menos co de produção do resultado) contra a vida, que são: homi-
que o necessário para a efetiva realização da justiça no caso cídio, aborto, induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
concreto. e infanticídio. Sua competência não é absoluta e é mitiga-
da, por vezes, pela própria Constituição (artigos 29, X / 102,
- Direitos constitucionais-penais I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I).

Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de exceção Anterioridade e irretroatividade da lei


Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona: O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:

Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem senten- Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que
ciado senão pela autoridade competente”, consolida o prin- o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
cípio do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito de
conhecer previamente daquele que a julgará no processo em É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena
que seja parte, revestindo tal juízo em jurisdição competente sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio
para a matéria específica do caso antes mesmo do fato ocorrer. da legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há
crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia comina-
Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon- ção legal, e o princípio da anterioridade, posto que não há
tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF: crime sem lei anterior que o defina.
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem-
Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de ex- -se o artigo 5º, XL, CF:
ceção.
Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para
Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente beneficiar o réu.
criado para uma situação pretérita, bem como não reconhe-
cido como legítimo pela Constituição do país. O dispositivo consolida outra faceta do princípio da
anterioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha
Tribunal do júri definido um fato como crime e dado certo tratamento pe-
A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o nal a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo
artigo 5º, XXXVIII, CF: de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier
uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou
Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena
a organização que lhe der a lei, assegurados: ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela
a) a plenitude de defesa; será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da ir-
b) o sigilo das votações; retroatividade da lei penal in pejus quanto o da retroativi-
c) a soberania dos veredictos; dade da lei penal mais benéfica.
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
contra a vida. Menções específicas a crimes
O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que
julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental o Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação
de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e não atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.
magistrados, no caso de determinados crimes que por sua
natureza possuem fortes fatores de influência emocional. Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto a princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada am- qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No
pla defesa assegurada em todos os procedimentos judiciais entanto, o constituinte entendeu por bem prever trata-
e administrativos. mento específico a certas práticas criminosas.

20
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF: Individualização da pena


A individualização da pena tem por finalidade concre-
Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime tizar o princípio de que a responsabilização penal é sempre
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculiari-
termos da lei. dades do agente.
A primeira menção à individualização da pena se en-
A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes contra no artigo 5º, XLVI, CF:
resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles não
cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão provisó- Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da
ria) e não se aplica o instituto da prescrição (perda de pretensão pena e adotará, entre outras, as seguintes:
de se processar/punir uma pessoa pelo decurso do tempo). a) privação ou restrição da liberdade;
Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF: b) perda de bens;
c) multa;
Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafiançáveis e d) prestação social alternativa;
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfi- e) suspensão ou interdição de direitos.
co ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os de-
finidos como crimes hediondos, por eles respondendo os man- Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve
dantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e execu-
tório, evitando-se a padronização a sanção penal. A indivi-
Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes termos: a dualização da pena significa adaptar a pena ao condenado,
anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue totalmente consideradas as características do agente e do delito.
a punibilidade, a graça e o indulto apenas extinguem a punibilida- A pena privativa de liberdade é aquela que restringe,
de, podendo ser parciais; a anistia, em regra, atinge crimes políticos, com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena-
a graça e o indulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida do, consistente em permanecer em algum estabelecimento
pelo Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência ex-
prisional, por um determinado tempo.
clusiva do Presidente da República; a anistia pode ser concedida
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição
antes da sentença final ou depois da condenação irrecorrível, a gra-
do patrimônio do indivíduo delituoso.
ça e o indulto pressupõem o trânsito em julgado da sentença con-
A prestação social alternativa corresponde às penas
denatória; graça e o indulto apenas extinguem a punibilidade, per-
restritivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas
sistindo os efeitos do crime, apagados na anistia; graça é em regra
privativas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Có-
individual e solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo.
digo Penal.
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar que
o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra crimes de Por seu turno, a individualização da pena deve também
tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos (previstos na Lei se fazer presente na fase de sua execução, conforme se de-
nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além disso, são crimes que preende do artigo 5º, XLVIII, CF:
não aceitam fiança.
Por fim, prevê o artigo 5º, XLIV, CF: Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabele-
cimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a
Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e impres- idade e o sexo do apenado.
critível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra
a ordem constitucional e o Estado Democrático. A distinção do estabelecimento conforme a natureza
do delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade
Personalidade da pena do crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato sufi-
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo 5º, ciente para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo, o
XLV, CF: nível de segurança das prisões. Quanto à idade, destacam-
-se as Fundações Casas, para cumprimento de medida por
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa do menores infratores. Quanto ao sexo, prisões costumam ser
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre- exclusivamente para homens ou para mulheres.
tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas Também se denota o respeito à individualização da
aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do pena nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF:
patrimônio transferido.
Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas con-
O princípio da personalidade encerra o comando de o cri- dições para que possam permanecer com seus filhos durante
me ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu turno, o período de amamentação.
a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria flagrante a in-
justiça se fosse possível alguém responder pelos atos ilícitos de Preserva-se a individualização da pena porque é toma-
outrem: caso contrário, a reação, ao invés de restringir-se ao da a condição peculiar da presa que possui filho no período
malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se uma pessoa deixou de amamentação, mas também se preserva a dignidade da
patrimônio e faleceu, este patrimônio responderá pelas reper- criança, não a afastando do seio materno de maneira precá-
cussões financeiras do ilícito. ria e impedindo a formação de vínculo pela amamentação.

21
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Vedação de determinadas penas Se uma pessoa possui identificação civil, não há por-
O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de pe- que fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos,
nas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF: etc. Pensa-se que seria uma situação constrangedora des-
necessária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade
Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas: moral.
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
do art. 84, XIX; Devido processo legal, contraditório e ampla defesa
b) de caráter perpétuo; Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento; Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou
e) cruéis. de seus bens sem o devido processo legal.
Em resumo, o inciso consolida o princípio da humanidade, Pelo princípio do devido processo legal a legislação
pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar sanções deve ser respeitada quando o Estado pretender punir al-
que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a guém judicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre
constituição físico-psíquica dos condenados”32 . de vícios e seguir estritamente a legislação vigente, sob
Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o pena de nulidade processual.
constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizando-a Surgem como corolário do devido processo legal o
nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se respeitar o contraditório e a ampla defesa, pois somente um procedi-
princípio da anterioridade da lei, ou seja, a legislação deve pre- mento que os garanta estará livre dos vícios. Neste sentido,
ver a pena de morte ao fato antes dele ser praticado. No orde- o artigo 5º, LV, CF:
namento brasileiro, este papel é cumprido pelo Código Penal
Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969), que prevê a pena de morte Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou
a ser executada por fuzilamento nos casos tipificados em seu administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
Livro II, que aborda os crimes militares em tempo de guerra. contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quaisquer
ela inerentes.
circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de trabalhos força-
dos, de banimento e cruéis.
O devido processo legal possui a faceta formal, pela
No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar que o
qual se deve seguir o adequado procedimento na aplica-
trabalho obrigatório não é considerado um tratamento contrá-
ção da lei e, sendo assim, respeitar o contraditório e a am-
rio à dignidade do recluso, embora o trabalho forçado o seja.
pla defesa. Não obstante, o devido processo legal tem sua
O trabalho é obrigatório, dentro das condições do apenado,
faceta material que consiste na tomada de decisões justas,
não podendo ser cruel ou menosprezar a capacidade física e
intelectual do condenado; como o trabalho não existe indepen- que respeitem os parâmetros da razoabilidade e da pro-
dente da educação, cabe incentivar o aperfeiçoamento pessoal; porcionalidade.
até mesmo porque o trabalho deve se aproximar da realidade
do mundo externo, será remunerado; além disso, condições de Vedação de provas ilícitas
dignidade e segurança do trabalhador, como descanso semanal Conforme o artigo 5º, LVI, CF:
e equipamentos de proteção, deverão ser respeitados.
Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as pro-
Respeito à integridade do preso vas obtidas por meios ilícitos.
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF:
Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao arti-
Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito à go 157 do CPP, são as obtidas em violação a normas cons-
integridade física e moral. titucionais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra
de direito material, constitucional ou legal, no momento
Obviamente, o desrespeito à integridade física e moral do da sua obtenção. São vedadas porque não se pode aceitar
preso é uma violação do princípio da dignidade da pessoa hu- o descumprimento do ordenamento para fazê-lo cumprir:
mana. seria paradoxal.
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade es-
tão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição Federal. Presunção de inocência
Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e de tratamen- Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII:
tos desumanos e degradantes (artigo 5º, III, CF), o que vale na
execução da pena. Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF: até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.

Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será sub- Consolida-se o princípio da presunção de inocência,
metido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo,
em lei. o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e
32 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16. ed. São garantias constitucionais.
Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.

22
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Ação penal privada subsidiária da pública Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente rela-
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF: xada pela autoridade judiciária.

Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos crimes Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previsão
de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. do artigo 5º, LXVI, CF:

A chamada ação penal privada subsidiária da pública en- Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou nela
contra respaldo constitucional, assegurando que a omissão mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
do poder público na atividade de persecução criminal não sem fiança.
será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o interes-
sado a proponha. Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido ao
princípio da presunção de inocência, entende-se que ela não
Prisão e liberdade deve ser mantida presa quando não preencher os requisitos le-
O constituinte confere espaço bastante extenso no artigo gais para prisão preventiva ou temporária.
5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente por se
tratar de ato que vai contra o direito à liberdade. Obviamente, Indenização por erro judiciário
a prisão não é vedada em todos os casos, porque práticas A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciário en-
atentatórias a direitos fundamentais implicam na tipificação contra-se no artigo 5º, LXXV, CF:
penal, autorizando a restrição da liberdade daquele que assim Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado por
agiu. erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo
No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se: fixado na sentença.

Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em flagran- Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação e
te delito ou por ordem escrita e fundamentada de auto- julgamento de um processo criminal, resultando em condena-
ção de alguém inocente. Neste caso, o Estado indenizará. Ele
ridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
também indenizará uma pessoa que ficar presa além do tempo
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.
que foi condenada a cumprir.
Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante de-
5) Direitos fundamentais implícitos
lito (necessariamente antes do trânsito em julgado), ou em
Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Federal:
caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas primeiras
independente do trânsito em julgado, preenchidos requisitos
Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
legais e a última pela irreversibilidade da condenação). Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação ao princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso: que a República Federativa do Brasil seja parte.
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o local Daí se depreende que os direitos ou garantias podem estar
onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz expressos ou implícitos no texto constitucional. Sendo assim, o
competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. rol enumerado nos incisos do artigo 5º é apenas exemplificati-
vo, não taxativo.
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos os
seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo entrar 6) Tratados internacionais incorporados ao ordena-
em contato com sua família e com um advogado, conforme mento interno
artigo 5º, LXIII, CF: Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garantias
podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados interna-
Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus direi- cionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
tos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegu- Para o tratado internacional ingressar no ordenamento jurí-
rada a assistência da família e de advogado. dico brasileiro deve ser observado um procedimento complexo,
que exige o cumprimento de quatro fases: a negociação (bila-
Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF: teral ou multilateral, com posterior assinatura do Presidente da
República), submissão do tratado assinado ao Congresso Na-
Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação dos cional (que dará referendo por meio do decreto legislativo), rati-
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial. ficação do tratado (confirmação da obrigação perante a comu-
nidade internacional) e a promulgação e publicação do tratado
Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata do pelo Poder Executivo33. Notadamente, quando o constituinte
depoimento do interrogatório são assinados pelas autorida- menciona os tratados internacionais no §2º do artigo 5º refe-
des envolvidas nas práticas destes atos procedimentais. re-se àqueles que tenham por fulcro ampliar o rol de direitos
Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para do artigo 5º, ou seja, tratado internacional de direitos humanos.
que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, 33 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e Prisão Ci-
tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF: vil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008.

23
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originá- 7) Tribunal Penal Internacional


ria na Constituição Federal, conferindo o caráter de prima- Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:
zia dos direitos humanos, desde logo consagrando o prin-
cípio da primazia dos direitos humanos, como reconhecido Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de
pela doutrina e jurisprudência majoritários na época. “O Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes-
princípio da primazia dos direitos humanos nas relações tado adesão.
internacionais implica em que o Brasil deve incorporar os  
tratados quanto ao tema ao ordenamento interno brasilei- O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi
ro e respeitá-los. Implica, também em que as normas vol- promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de se-
tadas à proteção da dignidade em caráter universal devem tembro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em
ser aplicadas no Brasil em caráter prioritário em relação a Roma, no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência
outras normas”34. e o funcionamento deste Tribunal voltado às pessoas res-
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingres- ponsáveis por crimes de maior gravidade com repercussão
sam com força de lei ordinária no ordenamento jurídico internacional (artigo 1º, ETPI).
brasileiro porque somente existe previsão constitucional “Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju-
quanto à possibilidade da equiparação às emendas consti- risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional
tucionais se o tratado abranger matéria de direitos huma- compete o processo e julgamento de violações contra indi-
nos. Antes da emenda alterou o quadro quanto aos trata- víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra
dos de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso não da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes
significa que tais direitos eram menos importantes devido cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não está
ao princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos restrita a uma situação específica”35.
implícitos. Resume Mello36: “a Conferência das Nações Unidas so-
Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucio- bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida
nal nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Consti- em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma-
tuição Federal, de modo que os tratados internacionais de nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter-
direitos humanos foram equiparados às emendas consti- nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra
tucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão.
cada Casa do Congresso Nacional e obtivesse a votação Para o crime de genocídio usa a definição da convenção
em dois turnos e com três quintos dos votos dos respecti- de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados:
vos membros: assassinato, escravidão, prisão violando as normas inter-
nacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual,
Artigo 5º, §3º, CF. Os tratados e convenções interna- prostituição forçada, esterilização, etc. São crimes de guer-
cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em ra: homicídio internacional, destruição de bens não justifi-
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três cada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a servir
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalen- nas forças inimigas, etc.”.
tes às emendas constitucionais.
  8) Remédios constitucionais
Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados Remédios constitucionais são as espécies de ações ju-
de direitos humanos que ingressarem no ordenamento ju- diciárias que visam proteger os direitos fundamentais re-
rídico brasileiro, versando sobre matéria de direitos huma- conhecidos no texto constitucional quando a declaração e
nos, irão passar por um processo de aprovação semelhante a garantia destes não se mostrar suficiente. Assim, o Poder
ao da emenda constitucional. Judiciário será acionado para sanar o desrespeito a estes
Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à direitos fundamentais, servindo cada espécie de ação para
possibilidade de considerar como hierarquicamente cons- uma forma de violação.
titucional os tratados internacionais de direitos humanos
que ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro ante- 8.1) Habeas corpus
riormente ao advento da referida emenda. Tal discussão se No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a
deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista Constituição em seu artigo 5º, LXVIII:
como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José
da Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sem-
da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal pre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio-
firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de lência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega-
direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição lidade ou abuso de poder.
que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não
revogaria a Constituição no ponto controverso).
35 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público & Direito
Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
34 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e 36 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Pú-
Privado. Salvador: JusPodivm, 2009. blico. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXXVII, CF. c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o
a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa, de acesso a informações pessoais.
1215, foi o primeiro documento a mencionar este remédio e d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou estran-
o Habeas Corpus Act, de 1679, o regulamentou. geira, ou por pessoa jurídica, de direito público ou privado,
b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade de tratando-se de ação personalíssima – os dados devem ser a
locomoção. Antes de haver proteção no Brasil por outros re- respeito da pessoa que a propõe.
médios constitucionais de direitos que não este, o habeas- e) Legitimidade passiva: entidades governamentais da
-corpus foi utilizado para protegê-los. Hoje, apenas serve à Administração Pública Direta e Indireta nas três esferas, bem
lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir. como instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídicas priva-
c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho pre- das prestadores de serviços de interesse público que possuam
dominantemente penal, pois protege o direito de ir e vir e vai dados relativos à pessoa do impetrante.
contra a restrição arbitrária da liberdade. f) Competência: Conforme o caso, nos termos da Consti-
d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de vio- tuição, do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”), do Superior
lação ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo conduto”, Tribunal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribunais Regionais Fede-
ou repressivo, para quando ameaça já tiver se materializado. rais (art. 108, I, “c”), bem como dos juízes federais (art. 109, VIII).
e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá- g) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de no-
-lo, em próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministério vembro de 1997.
Público (artigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa com a h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997.
ação e paciente é aquele que está sendo vítima da restrição à
liberdade de locomoção. As duas figuras podem se concen- 8.3) Mandado de segurança individual
trar numa mesma pessoa. Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX:
f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público ou
privado. Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de seguran-
g) Competência: é determinada pela autoridade coatora, ça para proteger direito líquido e certo, não amparado por
sendo a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.: Delega- habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ile-
do de Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara Criminal galidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente
Estadual; Juiz de Direito de uma Vara Criminal é a autoridade de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
coatora, impetra no Tribunal de Justiça. a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacuna
h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo 648, decorrente da sistemática do habeas corpus e das liminares
CPP: possessórias.
Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com natu-
não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por reza subsidiária pelo qual se busca a invalidação de atos de au-
mais tempo do que determina a lei; III - quando quem ordenar toridade ou a suspensão dos efeitos da omissão administrati-
a coação não tiver competência para fazê-lo; IV - quando hou- va, geradores de lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade
ver cessado o motivo que autorizou a coação; V - quando não ou abuso de poder. São protegidos todos os direitos líquidos
for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a e certos à exceção da proteção de direitos humanos à liberda-
autoriza; VI - quando o processo for manifestamente nulo; VII - de de locomoção e ao acesso ou retificação de informações
quando extinta a punibilidade. relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou
bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a 667 público, ambos sujeitos a instrumentos específicos.
do Código de Processo Penal. c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil,
independente da natureza do ato impugnado (administrativo,
8.2) Habeas data jurisdicional, eleitoral, criminal, trabalhista).
O artigo 5º, LXXII, CF prevê: d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência
de violação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando já
Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para consumado o abuso/ilegalidade.
assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser de-
do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de monstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem a
entidades governamentais ou de caráter público; b) para a re- necessidade de dilação probatória, isto devido à natureza cé-
tificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo lere e sumária do procedimento.
sigiloso, judicial ou administrativo. f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abrangendo
não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou estrangeira,
Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (arti- residente ou não no Brasil, bem como órgãos públicos desperso-
go 5º, LXXVII, CF). nalizados e universalidades/pessoas formais reconhecidas por lei.
a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act, de g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve
1974. ser autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais exercício de atribuições do Poder Público. Neste viés, o art.
constantes de registros ou bancos de dados de entidades go- 6º, §3º, Lei nº 12.016/09, preceitua que “considera-se auto-
vernamentais ou de caráter público, para o conhecimento ou ridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugna-
retificação (correção). do ou da qual emane a ordem para a sua prática”.

25
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade 8.5) Mandado de injunção


coatora. Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF:
i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de
agosto de 2009. Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injun-
j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09. ção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais
8.4) Mandado de segurança coletivo e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e
A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingres- à cidadania.
so com mandado de segurança coletivo, consoante ao ar-
tigo 5º, LXX: a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que
seja proposto o mandado de injunção são a existência de
Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo norma constitucional de eficácia limitada que prescreva di-
pode ser impetrado por: a) partido político com representa- reitos, liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes
ção no Congresso Nacional; b) organização sindical, entida- à nacionalidade, à soberania e à cidadania; além da falta de
de de classe ou associação legalmente constituída e em fun- norma regulamentadores, impossibilitando o exercício dos
cionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses direitos, liberdades e prerrogativas em questão. Assim, visa
de seus membros ou associados. curar o hábito que se incutiu no legislador brasileiro de não
regulamentar as normas de eficácia limitada para que elas
a) Origem: Constituição Federal de 1988. não sejam aplicáveis.
b) Escopo: preservação ou reparação de direito líqui- b) Natureza jurídica: ação constitucional que objetiva
do e certo relacionado a interesses transindividuais (indi- a regulamentação de normas constitucionais de eficácia li-
viduais homogêneos ou coletivos), e devido à questão da mitada.
legitimidade ativa, pertencente a partidos políticos e deter- c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou
minadas associações. estrangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titula-
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza rize direito fundamental não materializável por omissão le-
civil, independente da natureza do ato, de caráter coletivo. gislativa do Poder público, bem como o Ministério Público
d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coleti- na defesa de seus interesses institucionais. Não se aceita a
vo são os direitos coletivos e os direitos individuais homo- legitimidade ativa de pessoas jurídicas de direito público.
gêneos. Tal instituto não se presta à proteção dos direitos d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a
difusos, conforme posicionamento amplamente majoritá- elaboração de norma regulamentadora for atribuição do
rio, já que, dada sua difícil individualização, fica improvável Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câma-
a verificação da ilegalidade ou do abuso do poder sobre tal ra dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma
direito (art. 21, parágrafo único, Lei nº 12.016/09). dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União,
e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disci- de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo
plina constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09, Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Tribunal de
é de partido político com representação no Congresso Na- Justiça, quando a elaboração da norma regulamentadora
cional, bem como de organização sindical, entidade de for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da
classe ou associação legalmente constituída e em funcio- administração direta ou indireta, excetuados os casos da
namento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da
líquidos e certos que atinjam diretamente seus interesses Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e
ou de seus membros. da Justiça Federal (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior
Eleitoral, quando as decisões dos Tribunais Regionais Elei-
f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09: torais denegarem habeas corpus, mandado de segurança,
habeas data ou mandado de injunção (art. 121, §4º, V, CF);
Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança e aos Tribunais de Justiça Estaduais, frente aos entes a ele
coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos vinculados.
membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetran- e) Procedimento: aplicação analógica da Lei nº
te. 12.016/09, não havendo lei específica.
§ 1º O mandado de segurança coletivo não induz li-
tispendência para as ações individuais, mas os efeitos da 8.6) Ação popular
coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título indi- Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF:
vidual se não requerer a desistência de seu mandado de
segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima
comprovada da impetração da segurança coletiva. para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao pa-
§ 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só trimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
poderá ser concedida após a audiência do representante moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô-
judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se nio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas. má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

26
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a) Origem: Constituição Federal de 1934. No que tange aos direitos sociais percebe-se que a igual-
b) Escopo: é instrumento de exercício direto da demo- dade material assume grande relevância. Afinal, esta catego-
cracia, permitindo ao cidadão que busque a proteção da ria de direitos pressupõe uma postura ativa do Estado em prol
coisa pública, ou seja, que vise assegurar a preservação dos da efetivação. Nem todos podem arcar com suas despesas de
interesses transindividuais. saúde, educação, cultura, alimentação e moradia, assim como
c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional, nem todos se encontram na posição de explorador da mão-
que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de enti- -de-obra, sendo a grande maioria da população de explora-
dade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, dos. Estas pessoas estão numa clara posição de desigualdade
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural e caberá ao Estado cuidar para que progressivamente atinjam
d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aquele uma posição de igualdade real, já que não é por conta desta
nacional que esteja no pleno gozo dos direitos políticos. posição desfavorável que se pode afirmar que são menos dig-
e) Legitimidade passiva: ente da Administração Públi- nos, menos titulares de direitos fundamentais.
ca, direta ou indireta, ou então pessoa jurídica que de algum Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser
modo lide com a coisa pública. alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igualdade
f) Competência: Será fixada de acordo com a origem material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente aper-
do ato ou omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº feiçoamento da oferta de serviços públicos com qualidade
4.717/65). para que todos os nacionais tenham garantidos seus direitos
g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de fundamentais de segunda dimensão da maneira mais plena
junho de 1965. possível.
h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65. Há se ressaltar também que o Estado não possui apenas
um papel direto na promoção dos direitos econômicos, so-
Direitos sociais. ciais e culturais, mas também um indireto, quando por meio
de sua gestão permite que os indivíduos adquiram condições
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no para sustentarem suas necessidades pertencentes a esta ca-
capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria tegoria de direitos.
normas programáticas e que necessitam de uma postura in-
terventiva estatal em prol da implementação. 2) Reserva do possível e mínimo existencial
Os direitos assegurados nesta categoria encontram Os direitos sociais serão concretizados gradualmente, no-
menção genérica no artigo 6º, CF: tadamente porque estão previstos em normas programáticas
e porque a implementação deles gera um ônus para o Estado.
Artigo 6º, CF. São direitos sociais a educação, a saúde, a Diferentemente dos direitos individuais, que dependem de uma
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a postura de abstenção estatal, os direitos sociais precisam que
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e o Estado assuma um papel ativo em prol da efetivação destes.
à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma
Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado de
90, de 2015)  palavras promovido pelo constituinte, pode levar à negativa,
paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequência de uma
Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado Carta Magna cujas finalidades não condigam com seus pró-
Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma- prios prescritos, fato que deslegitima o Poder Público como
nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direitos determinador de que particulares respeitem os direitos fun-
econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos sociais damentais, já que sequer eles próprios, os administradores,
envolvem prestações positivas do Estado (diferente dos de conseguem cumprir o que consta de seu Estatuto Máximo37.
liberdade, que referem-se à postura de abstenção estatal), Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar a
ou seja, políticas estatais que visem consolidar o princípio da cláusula da reserva do possível como argumento para a não
igualdade não apenas formalmente, mas materialmente (tra- implementação de determinado direito social – seja pela ab-
tando os desiguais de maneira desigual). soluta ausência de recursos (reserva do possível fática), seja
Por seu turno, embora no capítulo específico do Título pela ausência de previsão orçamentária nos termos do artigo
II que aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa 167, CF (reserva do possível jurídica).
regulamentação destes, à exceção dos direitos trabalhistas, O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que os
o Título VIII da Constituição Federal, que aborda a ordem direitos sociais “não pode converter-se em promessa consti-
social, se concentra em trazer normativas mais detalhadas a tucional inconsequente, sob pena de o Poder Público, frau-
respeitos de direitos indicados como sociais. dando justas expectativas nele depositadas pela coletividade,
substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu im-
1) Igualdade material e efetivação dos direitos sociais postergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade
Independentemente da categoria de direitos que esteja governamental ao que determina a própria Lei Fundamental
sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num sen- do Estado”38.
tido meramente formal, mas necessariamente material. Sig- 37 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mínimo existen-
nifica que discriminações indevidas são proibidas, mas exis- cial: a pretensão de eficácia da norma constitucional em face da realidade.
tem certas distinções que não só devem ser aceitas, como Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57.
também se mostram essenciais. 38 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

27
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de de-
possível, embora viável, não pode servir de muleta para semprego involuntário.
que o Estado não arque com obrigações básicas. Neste
viés, geralmente, quando invocada a cláusula é afastada, Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida
entendendo o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se do empregador, o trabalhador que fique involuntariamen-
eximir de garantir direitos sociais com o simples argumen- te desempregado – entendendo-se por desemprego invo-
to de que não há orçamento específico para isso – ele de- luntário o que tenha origem num acordo de cessação do
veria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para contrato de trabalho – tem direito ao seguro-desemprego,
atender esta demanda. a ser arcado pela previdência social, que tem o caráter de
Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, que assistência financeira temporária.
tem por fulcro limitar a discricionariedade político-adminis-
trativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a serem Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de serviço.
seguidas, sob pena de caber a intervenção do Poder Judiciário
em prol de sua efetivação. Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para pro-
teger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é
3) Princípio da proibição do retrocesso constituído de contas vinculadas, abertas em nome de
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que uma cada trabalhador, quando o empregador efetua o primeiro
conquista garantida na Constituição Federal sofra um retro- depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos de-
cesso, de modo que um direito social garantido não pode dei- pósitos mensais efetivados pelo empregador, equivalentes
xar de o ser. a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de atua-
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso deve lização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador tem
ser tomada com reservas, até mesmo porque segundo enten- a oportunidade de formar um patrimônio, que pode ser
dimento predominante as normas do artigo 7º, CF não são sacado em momentos especiais, como o da aquisição da
cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alteração. Se for al- casa própria ou da aposentadoria e em situações de dificul-
dades, que podem ocorrer com a demissão sem justa causa
terada normativa sobre direito trabalhista assegurado no re-
ou em caso de algumas doenças graves.
ferido dispositivo, não sendo o prejuízo evidente, entende-se
válida (por exemplo, houve alteração do prazo prescricional
Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio-
diferenciado para os trabalhadores agrícolas). O que, em hi-
nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades
pótese alguma, pode ser aceito é um retrocesso evidente, seja
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimenta-
excluindo uma categoria de direitos (ex.: abolir o Sistema Úni-
ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans-
co de Saúde), seja diminuindo sensivelmente a abrangência da
porte e previdência social, com reajustes periódicos que
proteção (ex.: excluindo o ensino médio gratuito). lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula-
Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso: ção para qualquer fim.
se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito
social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador al- Trata-se de uma visível norma programática da Cons-
terar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado, a tituição que tem por pretensão um salário mínimo que
proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito am- atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e
plo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro lado, de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o
a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma, o que preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo
somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito de prever do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47
que aquela decisão judicial não está incorporada na proibição em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e
do retrocesso. A questão é polêmica e não há entendimento da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07,
dominante. pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese)”39.
4) Direito individual do trabalho
O artigo 7º da Constituição enumera os direitos individuais Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e
dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos individuais à complexidade do trabalho.
tipicamente trabalhistas, mas que não excluem os demais di-
reitos fundamentais (ex.: honra é um direito no espaço de tra- Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre-
balho, sob pena de se incidir em prática de assédio moral). go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário,
Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, cha-
despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei mado de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento
complementar, que preverá indenização compensatória, dentre dentro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é
outros direitos. estabelecido em conformidade com a data base da cate-
goria, por isso ele é definido em conformidade com um
Significa que a demissão, se não for motivada por justa acordo, ou ainda com um entendimento entre patrão e
causa, assegura ao trabalhador direitos como indenização trabalhador.
compensatória, entre outros, a serem arcados pelo emprega- 39 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-minimo-deveria-ter-
dor. -sido-de-r-2-892-47-em-abril

28
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o dis- Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do
posto em convenção ou acordo coletivo. dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.

O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão re- Salário-família é o benefício pago na proporção do
dução implique num prejuízo maior, por exemplo, demissão respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer
em massa durante uma crise, situações que devem ser nego- condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qual-
ciadas em convenção ou acordo coletivo. quer idade, independente de carência e desde que o salá-
rio-de-contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior ao permitido. Para ter direito, o cidadão precisa enquadrar-se
mínimo, para os que percebem remuneração variável. no limite máximo de renda estipulado pelo governo fede-
ral. Quem possui remuneração mensal de até R$ 725,02
O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, recebe R$ 37,18 por dependente. Já quem possui remu-
mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.: neração mensal entre R$ 725,03 e R$ 1.089,72 recebe R$
baseada em comissões por venda e metas); 26,20 por dependente. (http://www.previdencia.gov.br/ser-
vicos-ao-cidadao/todos-os-servicos/salario-familia/ Acesso
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na em 17/11/2015)
remuneração integral ou no valor da aposentadoria.
Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su-
Também conhecido como gratificação natalina, foi instituída perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o trabalhador re- facultada a compensação de horários e a redução da jorna-
ceba o correspondente a 1/12 (um doze avos) da remuneração da, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
por mês trabalhado, ou seja, consiste no pagamento de um sa-
lário extra ao trabalhador e ao aposentado no final de cada ano. Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraor-
dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno su-
normal.
perior à do diurno.
A legislação trabalhista vigente estabelece que a du-
O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de
durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a redu-
8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais,
ção de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acréscimo
no máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho
de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se noturno,
dos empregados maiores ser acrescida de horas suple-
nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre as 22:00
horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas atividades mentares, em número não excedentes a duas, no máximo,
rurais, é considerado noturno o trabalho executado na lavou- para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo in-
ra entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; dividual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença
e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 horas do dia seguinte. normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade im-
periosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente
Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei, permitido. A remuneração do serviço extraordinário, des-
constituindo crime sua retenção dolosa. de a promulgação da Constituição Federal, deverá cons-
tar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença
Quanto ao possível crime de retenção de salário, não há normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento)
no Código Penal brasileiro uma norma que determina a ação superior à da hora normal.
de retenção de salário como crime. Apesar do artigo 7º, X, CF
dizer que é crime a retenção dolosa de salário, o dispositivo Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o traba-
é norma de eficácia limitada, pois depende de lei ordinária, lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento,
ainda mais porque qualquer norma penal incriminadora é re- salvo negociação coletiva.
gida pela legalidade estrita (artigo 5º, XXXIX, CF).
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho-
Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resultados, ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expres-
desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participa- samente ressalvando a hipótese de negociação coletiva,
ção na gestão da empresa, conforme definido em lei. objetivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entre-
tanto, a jurisprudência evoluiu para uma interpretação res-
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é co- tritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que
nhecida também por Programa de Participação nos Resulta- o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas-
dos (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do Trabalho tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisio-
(CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000. Ela lógica para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito
funciona como um bônus, que é ofertado pelo empregador e psicossocial já que dificulta o convívio em sociedade e com
negociado com uma comissão de trabalhadores da empresa. a própria família.
A CLT não obriga o empregador a fornecer o benefício, mas
propõe que ele seja utilizado.

29
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre- Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tempo
ferencialmente aos domingos. de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.

O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e Nas relações de emprego, quando uma das partes deseja
quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe- rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por prazo
rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba- indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar à outra
lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem por finalida-
de trabalho aos domingos, desde que previamente auto- de evitar a surpresa na ruptura do contrato de trabalho, pos-
rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é sibilitando ao empregador o preenchimento do cargo vago e
assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re- ao empregado uma nova colocação no mercado de trabalho,
munerado coincidente com um domingo a cada período, sendo que o aviso prévio pode ser trabalhado ou indenizado.
dependendo da atividade (artigo 67, CLT).
Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao tra-
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas balho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.
Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente
O salário das férias deve ser superior em pelo menos do trabalho salubre. Fiorillo40 destaca que o equilíbrio do meio
um terço ao valor da remuneração normal, com todos os ambiente do trabalho está sedimentado na salubridade e na
adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi- ausência de agentes que possam comprometer a incolumida-
to. A cada doze meses de trabalho – denominado período de físico-psíquica dos trabalhadores.
aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos
de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as ati-
cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias vidades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
serão diminuídos de acordo com o número de faltas).
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, moles-
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo
to, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que não
do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção e vigi-
dias.
lância acima do comum. Ainda não há na legislação específica
previsão sobre o adicional de penosidade.
O salário da trabalhadora em licença é chamado de
São consideradas atividades ou operações insalubres as
salário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele
que se desenvolvem excesso de limites de tolerância para:
descontado dos recolhimentos habituais devidos à Previ-
ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto, exposição
dência Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir
do último mês de gestação, sendo que o período de licen- ao calor e ao frio, radiações, certos agentes químicos e bio-
ça é de 120 dias. A Constituição também garante que, do lógicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de trabalho em
momento em que se confirma a gravidez até cinco meses condições de insalubridade assegura ao trabalhador a per-
após o parto, a mulher não pode ser demitida. cepção de adicional, incidente sobre o salário base do em-
pregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais benéfica em
Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi- Convenção Coletiva de Trabalho, equivalente a 40% (quarenta
xados em lei. por cento), para insalubridade de grau máximo; 20% (vinte
por cento), para insalubridade de grau médio; 10% (dez por
O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade cento), para insalubridade de grau mínimo.
para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a O adicional de periculosidade é um valor devido ao em-
mãe nos processos pós-operatórios. pregado exposto a atividades perigosas. São consideradas
atividades ou operações perigosas, aquelas que, por sua na-
Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da tureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado
mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei. em virtude de exposição permanente do trabalhador a infla-
máveis, explosivos ou energia elétrica; e a roubos ou outras
Embora as mulheres sejam maioria na população de espécies de violência física nas atividades profissionais de
10 anos ou mais de idade, elas são minoria na população segurança pessoal ou patrimonial. O valor do adicional de pe-
ocupada, mas estão em maioria entre os desocupados. riculosidade será o salário do empregado acrescido de 30%,
Acrescenta-se ainda, que elas são maioria também na po- sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
pulação não economicamente ativa. Além disso, ainda há participações nos lucros da empresa.
relevante diferença salarial entre homens e mulheres, sen- O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem entendi-
do que os homens recebem mais porque os empregadores mento unânime sobre a possibilidade de cumulação destes
entendem que eles necessitam de um salário maior para adicionais.
manter a família. Tais disparidades colocam em evidência
que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido 40 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental brasi-
de forma especial. leiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.

30
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contri-
buição com natureza de tributo que as empresas pagam
A aposentadoria é um benefício garantido a todo trabalha- para custear benefícios do INSS oriundos de acidente de
dor brasileiro que pode ser usufruído por aquele que tenha con- trabalho ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria
tribuído ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) pelos especial. A alíquota normal é de um, dois ou três por cen-
prazos estipulados nas regras da Previdência Social e tenha atin- to sobre a remuneração do empregado, mas as empresas
gido as idades mínimas previstas. Aliás, o direito à previdência que expõem os trabalhadores a agentes nocivos químicos,
social é considerado um direito social no próprio artigo 6º, CF. físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferencia-
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e de- dos. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas
pendentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em atualmente o Ministério da Previdência Social pode alterar
creches e pré-escolas. a alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho.
Neste sentido, nada impede que a empresa seja res-
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias com
ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando o
mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um espaço físi-
trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibilidade
co para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, enquan-
de cumulação do benefício previdenciário, assim compreen-
to elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço aos be-
bês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mulher para dido como prestação garantida pelo Estado ao trabalhador
que ela pague uma creche para o bebê de até 6 meses. O acidentado (responsabilidade objetiva) com a indenização
valor desse auxílio será determinado conforme negociação devida pelo empregador em caso de culpa (responsabilida-
coletiva na empresa (acordo da categoria ou convenção). A de subjetiva), é pacífica, estando amplamente difundida na
empresa que tiver menos de 30 funcionárias registradas não jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho;
tem obrigação de conceder o benefício. É facultativo (ela
pode oferecer ou não). Existe a possibilidade de o benefício Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultantes
ser estendido até os 6 anos de idade e incluir o trabalhador das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
homem. A duração do auxílio-creche e o valor envolvido va- anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de
riarão conforme negociação coletiva na empresa. dois anos após a extinção do contrato de trabalho.

Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela ju-
acordos coletivos de trabalho. risdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim, há
um período de tempo que o empregado tem para requerer
Neste dispositivo se funda o direito coletivo do trabalho, seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição trabalhista é
que encontra regulamentação constitucional nos artigo 8º sempre de 2 (dois) anos a partir do término do contrato de
a 11 da Constituição. Pelas convenções e acordos coletivos, trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5 (cinco) anos
entidades representativas da categoria dos trabalhadores anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a vigência do con-
entram em negociação com as empresas na defesa dos inte- trato de trabalho.
resses da classe, assegurando o respeito aos direitos sociais;
Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários,
Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, na de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
forma da lei. de sexo, idade, cor ou estado civil.
Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo ho-
Há uma tendência de se remunerar melhor homens
mem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o profis-
brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo pa-
sional para exercer trabalhos que não possam ser desempenha-
tente a diferença remuneratória para com pessoas de dife-
dos por uma máquina (ex.: se criada uma máquina que substitui
o trabalhador, deve ser ele qualificado para que possa operá-la). rente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta contra
o princípio da igualdade e não é aceita pelo constituinte,
Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de traba- sendo possível inclusive invocar a equiparação salarial ju-
lho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que dicialmente.
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimina-
Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar ção no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha-
do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a defi- dor portador de deficiência.
nição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de
legislação específica sobre o tema, mas sim de uma norma A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas limi-
que dispõe sobre as modalidades de benefícios da previ- tações, possui condições de ingressar no mercado de traba-
dência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua que lho e não pode ser preterida meramente por conta de sua
acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do traba- deficiência.
lho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho, pro-
vocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre traba-
a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, lho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
da capacidade para o trabalho. respectivos.

31
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual- IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se
mente relevantes e contribuem todos para a sociedade, não tratando de categoria profissional, será descontada em folha,
cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por se en- para custeio do sistema confederativo da representação sindical
quadrar numa ou outra categoria. respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se fi-
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, pe- liado a sindicato;
rigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas ne-
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de gociações coletivas de trabalho;
aprendiz, a partir de quatorze anos. VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele- nas organizações sindicais;
cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se o VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a
trabalho em condições desfavoráveis. partir do registro da candidatura a cargo de direção ou represen-
tação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o trabalha- final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
dor com vínculo empregatício permanente e o trabalhador Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à
avulso. organização de sindicatos rurais e de colônias de pescado-
res, atendidas as condições que a lei estabelecer.
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em-
presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores de O direito de greve, por seu turno, está previsto no artigo
mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um traba- 9º, CF:
lhador com vínculo empregatício permanente.
A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre
do artigo 7º: os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à categoria e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da
dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos comunidade.
IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às pe-
XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabele- nas da lei.
cidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das
obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre
relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos in- o exercício do direito de greve, define as atividades essen-
cisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à ciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da
previdência social.  comunidade, e dá outras providências. Enquanto não for dis-
ciplinado o direito de greve dos servidores públicos, esta é a
5) Direito coletivo do trabalho legislação que se aplica, segundo o STF.
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos dos O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalhadores, co-
letivamente ou no interesse de uma coletividade, quais sejam: Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos trabalha-
associação profissional ou sindical, greve, substituição pro- dores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos
cessual, participação e representação classista41. em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam
A liberdade de associação profissional ou sindical tem es- objeto de discussão e deliberação.
copo no artigo 8º, CF:
Por fim, aborda-se o direito de representação classista no
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindical, artigo 11, CF:
observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos empre-
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão compe- gados, é assegurada a eleição de um representante destes
tente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento
na organização sindical; direto com os empregadores.
II - é vedada a criação de mais de uma organização sin-
dical, em qualquer grau, representativa de categoria pro- Nacionalidade.
fissional ou econômica, na mesma base territorial, que será
definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, O Capítulo III, do Título II, aborda a nacionalidade, que
não podendo ser inferior à área de um Município; vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente um
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses nacional pode adquirir direitos políticos.
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um
judiciais ou administrativas; indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele pas-
41 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. ed. se a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de
São Paulo: Saraiva, 2011. direitos e obrigações.

32
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira tan-
não é a mesma coisa que população. População é o conjunto to por ter nascido no território brasileiro quanto por volunta-
de pessoas residentes no país – inclui o povo, os estrangeiros riamente se naturalizar como brasileiro, como se percebe no
residentes no país e os apátridas. teor do artigo 12, CF. O estrangeiro, num conceito tomado à
base de exclusão, é todo aquele que não é nacional brasileiro.
1) Nacionalidade como direito humano fundamental
Os direitos humanos internacionais são completamente a) Brasileiros natos
contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o in- Art. 12, CF. São brasileiros:
divíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com ne- I - natos:
nhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da pessoa a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
humana, o qual não pode ser privado de forma arbitrária. Não ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam
há privação arbitrária quando respeitados os critérios legais a serviço de seu país;
previstos no texto constitucional no que tange à perda da na- b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou
cionalidade. Em outras palavras, o constituinte brasileiro não mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
admite a figura do apátrida. da República Federativa do Brasil;
Contudo, é exatamente por ser um direito que a naciona- c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
lidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se à pessoa o mãe brasileira, desde que sejam registrados em reparti-
direito de deixar de ser nacional de um país e passar a sê-lo de ção brasileira competente ou venham a residir na Repú-
outro, mudando de nacionalidade, por um processo conheci- blica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo,
do como naturalização. depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra-
Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em sileira.
seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacionalida-
de. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionali- Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a
dade, nem do direito de mudar de nacionalidade”. atribuição da nacionalidade primária – nacional nato –,
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos apro- notadamente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido
funda-se em meios para garantir que toda pessoa tenha uma em território do país independentemente da nacionalidade
nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar o critério do dos pais; e ius sanguinis, direito de sangue, que não depen-
jus solis, explicitando que ao menos a pessoa terá a naciona- de do local de nascimento mas sim da descendência de um
lidade do território onde nasceu, quando não tiver direito a nacional do país (critério comum em países que tiveram
outra nacionalidade por previsões legais diversas. êxodo de imigrantes).
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa hu- O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce
mana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um indiví- no território brasileiro – critério do ius soli, ainda que fi-
duo não pode ficar ao mero capricho de um governo, de um lho de pais estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros
governante, de um poder despótico, de decisões unilaterais, que estejam a serviço de seu país ou de organismo inter-
concebidas sem regras prévias, sem o contraditório, a defe- nacional (o que geraria um conflito de normas). Contudo,
sa, que são princípios fundamentais de todo sistema jurídico também é possível ser brasileiro nato ainda que não se te-
que se pretenda democrático. A questão não pode ser tratada nha nascido no território brasileiro.
com relativismos, uma vez que é muito séria”42. No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato
Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e inter- também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais
nacional a previsão do direito de asilo, consistente no direito estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato,
de buscar abrigo em outro país quando naquele do qual for mesmo que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não
nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal persegui- estiverem a serviço do Brasil e a pessoa nascer no exte-
ção não pode ter motivos legítimos, como a prática de crimes rior é exigido que o nascido do exterior venha ao território
comuns ou de atos atentatórios aos princípios das Nações brasileiro e aqui resida ou que tenha sido registrado em
Unidas, o que subverteria a própria finalidade desta proteção. repartição competente, caso em que poderá, aos 18 anos,
Em suma, o que se pretende com o direito de asilo é evitar a manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionali-
consolidação de ameaças a direitos humanos de uma pessoa dade brasileira ou não.
por parte daqueles que deveriam protegê-los – isto é, os go-
vernantes e os entes sociais como um todo –, e não proteger b) Brasileiros naturalizados
pessoas que justamente cometeram tais violações.
Art. 12, CF. São brasileiros: [...]
2) Naturalidade e naturalização II - naturalizados:
O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem são a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida-
os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas categorias: na- de brasileira, exigidas aos originários de países de língua
tos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é diferente portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto
de nacionalidade – naturalidade é apenas o local de nasci- e idoneidade moral;
mento, nacionalidade é um efetivo vínculo com o Estado. b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi-
42 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos artigos XV e XVI. In: dentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze
BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Di- anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
reitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 87-88. requeiram a nacionalidade brasileira.

33
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A naturalização deve ser voluntária e expressa. Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato os
O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a cargos:
questão da naturalização em mais detalhes, prevendo no I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
artigo 112: II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a con- IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
cessão da naturalização: V - da carreira diplomática;
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; VI - de oficial das Forças Armadas;
II - ser registrado como permanente no Brasil; VII - de Ministro de Estado da Defesa.
III - residência contínua no território nacional, pelo
prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no
ao pedido de naturalização; exercício da presidência da República ou de cargo que pos-
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as sa levar a esta posição provisoriamente deve ser natural do
condições do naturalizando; país (ausente o Presidente da República, seu vice-presidente
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à desempenha o cargo; ausente este assume o Presidente da
manutenção própria e da família; Câmara; também este ausente, em seguida, exerce o cargo
VI - bom procedimento; o Presidente do Senado; e, por fim, o Presidente do Supre-
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação mo pode assumir a presidência na ausência dos anteriores – e
no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja comi- como o Presidente do Supremo é escolhido num critério de
nada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, revezamento nenhum membro pode ser naturalizado); ou a
superior a 1 (um) ano; e de que o cargo ocupado possui forte impacto em termos de
VIII - boa saúde. representação do país ou de segurança nacional.
Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasi-
Destaque vai para o requisito da residência contínua. leiro naturalizado como membro do Conselho da República
(artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário de
Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos
empresa jornalística, de radiodifusão sonora e imagens, salvo
contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No
se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, CF); possibilidade
entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se
de extradição do brasileiro naturalizado que tenha praticado
o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa
crime comum antes da naturalização ou, depois dela, crime
o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí
de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF).
se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização
ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordiná-
3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses
ria no artigo 12, II, “a”. Nos termos do artigo 12, § 1º, CF:
Outra diferença sensível é que à naturalização ordiná-
ria se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, se- Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência per-
gundo o qual “a satisfação das condições previstas nesta manente no País, se houver reciprocidade em favor de bra-
Lei não assegura ao estrangeiro direito à naturalização”. sileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro,
Logo, na naturalização ordinária não há direito subjetivo à salvo os casos previstos nesta Constituição.
naturalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos.
Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. O É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o
mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quan- mesmo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado de
do há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Federativa
Judiciário para fazê-lo valer43. do Brasil e a República Portuguesa, assinado em 22 de abril de
2000 (Decreto nº 3.927/2001).
c) Tratamento diferenciado As vantagens conferidas são: igualdade de direitos civis,
A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou não sendo considerado um estrangeiro; gozo de direitos polí-
naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste ticos se residir há 3 anos no país, autorizando-se o alistamen-
sentido, o artigo 12, § 2º, CF: to eleitoral. No caso de exercício dos direitos políticos nestes
moldes, os direitos desta natureza ficam suspensos no outro
Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distin- país, ou seja, não exerce simultaneamente direitos políticos
ção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos ca- nos dois países.
sos previstos nesta Constituição.
4) Perda da nacionalidade
Percebe-se que a Constituição simultaneamente esta- Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da naciona-
belece a não distinção e se reserva ao direito de estabele- lidade do brasileiro que:
cer as hipóteses de distinção. I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judi-
Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram cial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
enumeradas no parágrafo seguinte. II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
43 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em teleconferência. estrangeira;

34
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao Aplicam-se os seguintes princípios à extradição:


brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangeiro
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. só pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime obje-
to do pedido de extradição. O importante é que o extradita-
A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, de 18 do só seja submetido às penas relativas aos crimes que foram
de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e a reaquisição objeto do pedido de extradição.
da nacionalidade, e a perda dos direitos políticos. No processo b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado deve
deve ser respeitado o contraditório e a iniciativa de propositura ser punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, além do
é do Procurador da República. fato ser típico em ambos os países, deve ser punível em am-
No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, percebe-se bos (se houve prescrição em algum dos países, p. ex., não
a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea “a” aceita-se que a pode ocorrer a extradição).
pessoa tenha nacionalidade brasileira e outra se ao seu nascimento c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de um
tiver adquirido simultaneamente a nacionalidade do Brasil e outro tratado de extradição entre dois países ter sido celebrado
país; na alínea “b” é reconhecida a mesma situação se a aquisição após a ocorrência do crime não impede a extradição.
da nacionalidade do outro país for uma exigência para continuar lá d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): Se o
permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se assim não crime for apenado por qualquer das penas vedadas pelo artigo 5º,
o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma nacionalidade e, XLVII da CF, a extradição não será autorizada, salvo se houver a co-
provavelmente, se ver privado da nacionalidade brasileira. mutação da pena, transformação para uma pena aceita no Brasil.
Por ser tema incidente, vale observar a disciplina da Lei nº
5) Deportação, expulsão e entrega 6.815/1980 a respeito da extradição e de seu procedimento:
A deportação representa a devolução compulsória de um
estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma irregular no Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o go-
território nacional, estando prevista na Lei nº 6.815/1980, em verno requerente se fundamentar em tratado, ou quando
seus artigos 57 e 58. Neste caso, não houve prática de qualquer prometer ao Brasil a reciprocidade. 
ato nocivo ao Brasil, havendo, pois, mera irregularidade de visto.
A expulsão é a retirada “à força” do território brasileiro de
Art. 77. Não se concederá a extradição quando: 
um estrangeiro que tenha praticado atos tipificados no artigo
I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa na-
65 e seu parágrafo único, ambos da Lei nº 6.815/1980:
cionalidade verificar-se após o fato que motivar o pedido;
II - o fato que motivar o pedido não for considerado
Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o estrangei-
crime no Brasil ou no Estado requerente;
ro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para jul-
ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e
a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à con- gar o crime imputado ao extraditando;
veniência e aos interesses nacionais. IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estran- igual ou inferior a 1 (um) ano;
geiro que: V - o extraditando estiver a responder a processo ou já
a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou perma- houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo
nência no Brasil; fato em que se fundar o pedido;
b) havendo entrado no território nacional com infração à lei, VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição se-
dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo, gundo a lei brasileira ou a do Estado requerente;
não sendo aconselhável a deportação; VII - o fato constituir crime político; e
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou VIII - o extraditando houver de responder, no Estado re-
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para querente, perante Tribunal ou Juízo de exceção.
estrangeiro. § 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição
quando o fato constituir, principalmente, infração da lei pe-
A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um na- nal comum, ou quando o crime comum, conexo ao delito
cional a um tribunal internacional do qual o próprio país faz par- político, constituir o fato principal.
te. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil entregasse um bra- § 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Fe-
sileiro para julgamento pelo Tribunal Penal Internacional (com- deral, a apreciação do caráter da infração.
petência reconhecida na própria Constituição no artigo 5º, §4º). § 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de con-
siderar crimes políticos os atentados contra Chefes de Es-
6) Extradição tado ou quaisquer autoridades, bem assim os atos de anar-
A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão e da quismo, terrorismo, sabotagem, sequestro de pessoa, ou
entrega. Extradição é um ato de cooperação internacional que que importem propaganda de guerra ou de processos vio-
consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou condenada por lentos para subverter a ordem política ou social.
um ou mais crimes, ao país que a reclama. O Brasil, sob hipótese
alguma, extraditará brasileiros natos mas quanto aos naturaliza- Art. 78. São condições para concessão da extradição: 
dos assim permite caso tenham praticado crimes comuns (exce- I - ter sido o crime cometido no território do Estado
to crimes políticos e/ou de opinião) antes da naturalização, ou, requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis
mesmo depois da naturalização, em caso de envolvimento com penais desse Estado; e
o tráfico ilícito de entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF).

35
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

II - existir sentença final de privação de liberdade, ou § 2o  O pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado ao
estar a prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tribu- Ministério da Justiça por meio da Organização Internacional de
nal ou autoridade competente do Estado requerente, salvo Polícia Criminal (Interpol), devidamente instruído com a documen-
o disposto no artigo 82. tação comprobatória da existência de ordem de prisão proferida
por Estado estrangeiro.  (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição § 3o  O Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (no-
da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido venta) dias contado da data em que tiver sido cientificado da
daquele em cujo território a infração foi cometida. prisão do extraditando, formalizar o pedido de extradição. (Re-
§ 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferência, dação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
sucessivamente: § 4o  Caso o pedido não seja formalizado no prazo previsto
I - o Estado requerente em cujo território haja sido cometido no § 3o, o extraditando deverá ser posto em liberdade, não se
o crime mais grave, segundo a lei brasileira; admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato sem
II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega do que a extradição haja sido devidamente requerida. (Redação
extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do
extraditando, se os pedidos forem simultâneos. Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem prévio
§ 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência pronunciamento do Plenário do Supremo Tribunal Federal
o Governo brasileiro. sobre sua legalidade e procedência, não cabendo recurso da
§ 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos Es- decisão. 
tados requerentes, prevalecerão suas normas no que disserem
respeito à preferência de que trata este artigo.  Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81), o
pedido será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. 
Art. 80.  A extradição será requerida por via diplomática Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento
ou, quando previsto em tratado, diretamente ao Ministério da final do Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a
Justiça, devendo o pedido ser instruído com a cópia autêntica liberdade vigiada, a prisão domiciliar, nem a prisão albergue.
ou a certidão da sentença condenatória ou decisão penal
proferida por juiz ou autoridade competente.  Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e hora
§ 1o  O pedido deverá ser instruído com indicações preci- para o interrogatório do extraditando e, conforme o caso,
sas sobre o local, a data, a natureza e as circunstâncias do dar-lhe-á curador ou advogado, se não o tiver, correndo do
fato criminoso, a identidade do extraditando e, ainda, có- interrogatório o prazo de dez dias para a defesa. 
pia dos textos legais sobre o crime, a competência, a pena § 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa recla-
e sua prescrição.  mada, defeito de forma dos documentos apresentados ou ilega-
§ 2o  O encaminhamento do pedido pelo Ministério da Justiça lidade da extradição.
ou por via diplomática confere autenticidade aos documentos.  § 2º Não estando o processo devidamente instruído, o Tri-
§ 3o  Os documentos indicados neste artigo serão acompa- bunal, a requerimento do Procurador-Geral da República, po-
nhados de versão feita oficialmente para o idioma português.  derá converter o julgamento em diligência para suprir a falta
no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias, decorridos os
Art. 81.  O pedido, após exame da presença dos pressupos- quais o pedido será julgado independentemente da diligência.
tos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, § 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da
será encaminhado pelo Ministério da Justiça ao Supremo data da notificação que o Ministério das Relações Exteriores
Tribunal Federal.  fizer à Missão Diplomática do Estado requerente.
Parágrafo único.  Não preenchidos os pressupostos de que
trata o caput, o pedido será arquivado mediante decisão fun- Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comunicado
damentada do Ministro de Estado da Justiça, sem prejuízo de através do Ministério das Relações Exteriores à Missão Diplomá-
renovação do pedido, devidamente instruído, uma vez superado tica do Estado requerente que, no prazo de sessenta dias da co-
o óbice apontado.  municação, deverá retirar o extraditando do território nacional. 

Art. 82.  O Estado interessado na extradição poderá, em Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extraditando
caso de urgência e antes da formalização do pedido de extra- do território nacional no prazo do artigo anterior, será ele posto
dição, ou conjuntamente com este, requerer a prisão cautelar em liberdade, sem prejuízo de responder a processo de expul-
do extraditando por via diplomática ou, quando previsto em são, se o motivo da extradição o recomendar. 
tratado, ao Ministério da Justiça, que, após exame da presença
dos pressupostos formais de admissibilidade exigidos nesta Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo pe-
Lei ou em tratado, representará ao Supremo Tribunal Fede- dido baseado no mesmo fato. 
ral.  (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
§ 1o  O pedido de prisão cautelar noticiará o crime come- Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo processado,
tido e deverá ser fundamentado, podendo ser apresentado por ou tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível com pena
correio, fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio que privativa de liberdade, a extradição será executada somen-
assegure a comunicação por escrito.  (Redação dada pela Lei nº te depois da conclusão do processo ou do cumprimento da
12.878, de 2013) pena, ressalvado, entretanto, o disposto no artigo 67. 

36
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igual- Direitos políticos.


mente adiada se a efetivação da medida puser em risco a sua
vida por causa de enfermidade grave comprovada por laudo Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos di-
médico oficial. reitos políticos, já que somente um nacional pode adquirir
direitos políticos. No entanto, nem todo nacional é titular de
Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando ainda direitos políticos. Os nacionais que são titulares de direitos
que responda a processo ou esteja condenado por contra- políticos são denominados cidadãos. Significa afirmar que
venção.  nem todo nacional brasileiro é um cidadão brasileiro, mas so-
mente aquele que for titular do direito de sufrágio universal.
Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado 1) Sufrágio universal
requerente assuma o compromisso:  A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a soberania
I - de não ser o extraditando preso nem processado por fa- popular será exercida pelo sufrágio universal [...]”.
tos anteriores ao pedido; Sufrágio universal é a soma de duas capacidades eleito-
II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi rais, a capacidade ativa – votar e exercer a democracia direta
imposta por força da extradição; – e a capacidade passiva – ser eleito como representante no
III - de comutar em pena privativa de liberdade a pena modelo da democracia indireta. Ou ainda, sufrágio universal
corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos é o direito de todos cidadãos de votar e ser votado. O voto,
em que a lei brasileira permitir a sua aplicação; que é o ato pelo qual se exercita o sufrágio, deverá ser direto
IV - de não ser o extraditando entregue, sem consenti- e secreto.
mento do Brasil, a outro Estado que o reclame; e Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa, mas
V - de não considerar qualquer motivo político, para não apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim, nem
agravar a pena. toda pessoa que tem capacidade ativa tem também capa-
cidade passiva, embora toda pessoa que tenha capacidade
Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis passiva tenha necessariamente a ativa.
brasileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com os
objetos e instrumentos do crime encontrados em seu poder.  2) Democracia direta e indireta
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos neste Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrá-
artigo poderão ser entregues independentemente da entre- gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
ga do extraditando. todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao Esta- II - referendo;
do requerente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se no III - iniciativa popular.
Brasil, ou por ele transitar, será detido mediante pedido feito
diretamente por via diplomática, e de novo entregue sem ou- A democracia brasileira adota a modalidade semidireta,
tras formalidades.  porque possibilita a participação popular direta no poder por
intermédio de processos como o plebiscito, o referendo e
Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser permi- a iniciativa popular. Como são hipóteses restritas, pode-se
tido, pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no território nacional, afirmar que a democracia indireta é predominantemente
de pessoas extraditadas por Estados estrangeiros, bem assim o adotada no Brasil, por meio do sufrágio universal e do voto
da respectiva guarda, mediante apresentação de documentos direto e secreto com igual valor para todos. Quanto ao voto
comprobatórios de concessão da medida.  direto e secreto, trata-se do instrumento para o exercício da
capacidade ativa do sufrágio universal.
7) Idioma e símbolos Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do referen-
Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da do é o momento da consulta à população: no plebiscito, pri-
República Federativa do Brasil. meiro se consulta a população e depois se toma a decisão
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a ban- política; no referendo, primeiro se toma a decisão política e
deira, o hino, as armas e o selo nacionais. depois se consulta a população. Embora os dois partam do
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pode- Congresso Nacional, o plebiscito é convocado, ao passo que
rão ter símbolos próprios. o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), ambos por meio
de decreto legislativo. O que os assemelha é que os dois são
Idioma é a língua falada pela população, que confere ca- “formas de consulta ao povo para que delibere sobre matéria
ráter diferenciado em relação à população do resto do mundo. de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislati-
Sendo assim, é manifestação social e cultural de uma nação. va ou administrativa”44.
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da na- Na iniciativa popular confere-se à população o poder de
ção e permitem o seu reconhecimento nacional e internacio- apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados, median-
nalmente. te assinatura de 1% do eleitorado nacional, distribuído por 5
Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a previsão Estados no mínimo, com não menos de 0,3% dos eleitores de
é feito dentro do capítulo do texto constitucional que aborda cada um deles. Em complemento, prevê o artigo 61, §2°, CF:
o tema. 44 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. ed.
São Paulo: Saraiva, 2011.

37
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida afeto com o local (ex.: Presidente Dilma vota em Porto Alegre
pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei – RS, embora resida em Brasília – DF). Sendo assim, para se
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, candidatar a cargo no município, deve ter domicílio eleitoral
distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de nele; para se candidatar a cargo no estado, deve ter domicílio
três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. eleitoral em um de seus municípios; para se candidatar a car-
go nacional, deve ter domicílio eleitoral em uma das unida-
3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do voto des federadas do país. Aceita-se a transferência do domicílio
O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de de- eleitoral ao menos 1 ano antes das eleições.
zoito anos são, em regra, obrigatórios. Há facultatividade A filiação partidária implica no lançamento da candidatu-
para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores ra por um partido político, não se aceitando a filiação avulsa.
de dezesseis e menores de dezoito anos. Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisito
Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são: etário, com faixa etária mínima para o desempenho de cada
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; uma das funções, a qual deve ser auferida na data da posse.
II - facultativos para:
a) os analfabetos; 5) Inelegibilidade
b) os maiores de setenta anos; Atender às condições de elegibilidade é necessário para
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. poder ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso não
se enquadrar em nenhuma das hipóteses de inelegibilidade.
No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na abso-
brasileiros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF: luta, são atingidos todos os cargos; nas relativas, são atingi-
dos determinados cargos.
Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores os
estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os
os conscritos. analfabetos.

Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestando O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibili-
serviço militar obrigatório, pois são necessárias tropas dispo- dade, que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser
níveis para os dias da eleição. elegível é preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a fa-
culdade de votar, mas não podem ser votados) e é preciso
4) Elegibilidade possuir a capacidade eleitoral ativa – poder votar (inalistáveis
O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de são aqueles que não podem tirar o título de eleitor, portanto,
elegibilidade, ou seja, os requisitos que devem ser preenchi- não podem votar, notadamente: os estrangeiros e os conscri-
dos para que uma pessoa seja eleita, no exercício de sua ca- tos durante o serviço militar obrigatório).
pacidade passiva do sufrágio universal.
Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os Gover-
Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na nadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem
forma da lei: os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos
I - a nacionalidade brasileira; poderão ser reeleitos para um único período subsequente.
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral; Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibili-
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; dade relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer
V - a filiação partidária; das esferas for substituído por seu vice no curso do mandato,
VI - a idade mínima de: este vice somente poderá ser eleito para um período subse-
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da quente.
República e Senador; Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Es- último ano de governo para concorrer ao Senado Federal e é
tado e do Distrito Federal; substituído pelo seu vice-governador. Se este se candidatar e
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Esta- for eleito, não poderá ao final deste mandato se reeleger. Isto
dual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; é, se o mandato o candidato renuncia no início de 2010 o seu
d) dezoito anos para Vereador. mandato de 2007-2010, assumindo o vice em 2010, poderá
este se candidatar para o mandato 2011-2014, mas caso seja
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os eleito não poderá se reeleger para o mandato 2015-2018 no
analfabetos. mesmo cargo. Foi o que aconteceu com o ex-governador de
Minas Gerais, Antônio Anastasia, que assumiu em 2010 no
Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à na- lugar de Aécio Neves o governo do Estado de Minas Gerais
cionalidade e à titularidade de direitos políticos. Logo, para e foi eleito governador entre 2011 e 2014, mas não pode se
ser eleito é preciso ser cidadão. candidatar à reeleição, concorrendo por isso a uma vaga no
O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista Senado Federal.
como eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas
pode não o ser caso analisados aspectos como o vínculo de

38
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos, o Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis:
Presidente da República, os Governadores de Estado e do Dis- I - para qualquer cargo:
trito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos a) os inalistáveis e os analfabetos;
mandatos até seis meses antes do pleito. b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias
Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Munici-
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, os pais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infrin-
chefes do Executivo que não renunciarem aos seus mandatos gência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Consti-
até seis meses antes do pleito eleitoral, antes das eleições. tuição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de
Ex.: Se a eleição aconteceu em 05/10/2014, necessário que mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos
tivesse renunciado até 04/04/2014. Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se rea-
lizarem durante o período remanescente do mandato para o
Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de jurisdi- qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término
ção do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, da legislatura;
até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, c) o Governador e o Vice-Governador de Estado e do Dis-
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de trito Federal e o Prefeito e o Vice-Prefeito que perderem seus
Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses cargos eletivos por infringência a dispositivo da Constituição
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgâ-
candidato à reeleição. nica do Município, para as eleições que se realizarem duran-
te o período remanescente e nos 8 (oito) anos subsequentes
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos;
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segun- (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
do grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou de quem d) os que tenham contra sua pessoa representação jul-
os tenha substituído ao final do mandato, a não ser que seja gada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada
já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de
apuração de abuso do poder econômico ou político, para a
Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, atendi- eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem
das as seguintes condições: como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar- (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
-se da atividade; e) os que forem condenados, em decisão transitada em
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a
pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamen- condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após
te, no ato da diplomação, para a inatividade. o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela
Lei Complementar nº 135, de 2010)
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, os 1. contra a economia popular, a fé pública, a administra-
militares que não podem se alistar ou os que podem, mas ção pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Com-
não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF, ou seja, plementar nº 135, de 2010)
se não se afastar da atividade caso trabalhe há menos de 10 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o
anos, se não for agregado pela autoridade superior (suspen- mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falên-
so do exercício das funções por sua autoridade sem prejuízo cia; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
de remuneração) caso trabalhe há mais de 10 anos (sendo 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído
que a eleição passa à condição de inativo). pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de
Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá ou- liberdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
tros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver
fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exer-
exercício de mandato considerada vida pregressa do candida- cício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar nº
to, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a in- 135, de 2010)
fluência do poder econômico ou o abuso do exercício de fun- 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
ção, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo,
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos tortura, terrorismo e hediondos;
do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode es- 8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído
tabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolutas pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei Com- 9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei
plementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece casos de Complementar nº 135, de 2010)
inelegibilidade, prazos de cessação, e determina outras pro- 10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou
vidências. Esta lei foi alterada por aquela que ficou conhecida bando; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar nº 135, de 04 de f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou
junho de 2010, principalmente em seu artigo 1º, que segue. com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação
dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)

39
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de n) os que forem condenados, em decisão transitada em
cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade in- julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão
sanável que configure ato doloso de improbidade adminis- de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou
trativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo de união estável para evitar caracterização de inelegibilida-
se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judi- de, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer
ciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos a fraude; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o) os que forem demitidos do serviço público em decor-
o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a rência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de
todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de manda- 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido
tários que houverem agido nessa condição; (Redação dada suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) Complementar nº 135, de 2010)
h) os detentores de cargo na administração pública di- p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas res-
reta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a ter- ponsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão
ceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da
condenados em decisão transitada em julgado ou proferida Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão,
por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concor- observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído
rem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela q) os magistrados e os membros do Ministério Público
Lei Complementar nº 135, de 2010) que forem aposentados compulsoriamente por decisão san-
i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento cionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que
ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de pro- tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na
cesso de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo
nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, car- de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de
go ou função de direção, administração ou representação, 2010)
enquanto não forem exonerados de qualquer responsabili- II - para Presidente e Vice-Presidente da República:
dade;
a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente
j) os que forem condenados, em decisão transitada em
de seus cargos e funções:
julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral,
1. os Ministros de Estado:
por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por
2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e
doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha
militar, da Presidência da República;
ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas
3. o chefe do órgão de assessoramento de informações
eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diplo-
da Presidência da República;
ma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) 4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e 5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da
do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Na- República;
cional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, 6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e
das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos da Aeronáutica;
desde o oferecimento de representação ou petição capaz de 7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica;
autorizar a abertura de processo por infringência a dispositi- 8. os Magistrados;
vo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei 9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autar-
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Muni- quias, empresas públicas, sociedades de economia mista e
cípio, para as eleições que se realizarem durante o período fundações públicas e as mantidas pelo poder público;
remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de
(oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído Territórios;
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) 11. os Interventores Federais;
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos 12. os Secretários de Estado;
políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida 13. os Prefeitos Municipais;
por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade 14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos
administrativa que importe lesão ao patrimônio público e Estados e do Distrito Federal;
enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em 15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal;
julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o 16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os
cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº Secretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios
135, de 2010) e as pessoas que ocupem cargos equivalentes;
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores
decisão sancionatória do órgão profissional competente, em à eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em
decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 qualquer dos poderes da União, cargo ou função, de nomea-
(oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso ção pelo Presidente da República, sujeito à aprovação prévia
pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº do Senado Federal;
135, de 2010) c) (Vetado);

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem 1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador do
competência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no Estado ou do Distrito Federal;
lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas 2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e Zona
e contribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais, Aérea;
ou para aplicar multas relacionadas com essas atividades; 3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de assistên-
e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham cia aos Municípios;
exercido cargo ou função de direção, administração ou re- 4. os secretários da administração municipal ou membros de
presentação nas empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da órgãos congêneres;
Lei n° 4.137, de 10 de setembro de 1962, quando, pelo âm- IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:
bito e natureza de suas atividades, possam tais empresas a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os
influir na economia nacional; inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da Re-
f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de pública, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito
empresas que atuem no Brasil, nas condições monopolísti- Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para a desincom-
cas previstas no parágrafo único do art. 5° da lei citada na patibilização;
alínea anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 b) os membros do Ministério Público e Defensoria Pública em
(seis) meses antes do pleito, a prova de que fizeram cessar o exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito,
abuso apurado, do poder econômico, ou de que transferiram, sem prejuízo dos vencimentos integrais;
por força regular, o controle de referidas empresas ou grupo c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercício no
de empresas; Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito;
g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses ante- V - para o Senado Federal:
riores ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, ad- a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presi-
ministração ou representação em entidades representativas dente da República especificados na alínea a do inciso II deste
de classe, mantidas, total ou parcialmente, por contribuições artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tratar de repar-
impostas pelo poder Público ou com recursos arrecadados e tição pública, associação ou empresa que opere no território do
repassados pela Previdência Social; Estado, observados os mesmos prazos;
h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das fun- b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis para os
ções, tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Supe- cargos de Governador e Vice-Governador, nas mesmas condições
rintendente de sociedades com objetivos exclusivos de ope- estabelecidas, observados os mesmos prazos;
rações financeiras e façam publicamente apelo à poupança VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa
e ao crédito, inclusive através de cooperativas e da empresa e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por identidade
ou estabelecimentos que gozem, sob qualquer forma, de de situações, os inelegíveis para o Senado Federal, nas mesmas
vantagens asseguradas pelo poder público, salvo se decor- condições estabelecidas, observados os mesmos prazos;
rentes de contratos que obedeçam a cláusulas uniformes; VII - para a Câmara Municipal:
i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os
hajam exercido cargo ou função de direção, administração inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos Deputa-
ou representação em pessoa jurídica ou em empresa que dos, observado o prazo de 6 (seis) meses para a desincompatibi-
mantenha contrato de execução de obras, de prestação de lização;
serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de Pre-
Público ou sob seu controle, salvo no caso de contrato que feito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses para a
obedeça a cláusulas uniformes; desincompatibilização .
j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham § 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da Re-
afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao pública, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
pleito; Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 (seis)
I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos meses antes do pleito.
órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta § 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefei-
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e to poderão candidatar-se a outros cargos, preservando os seus
dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder mandatos respectivos, desde que, nos últimos 6 (seis) meses an-
Público, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao teriores ao pleito, não tenham sucedido ou substituído o titular.
pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos § 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
integrais; cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o segundo
III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governa-
Distrito Federal; dor de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice- quem os haja substituído dentro dos 6 (seis) meses anteriores
-Presidente da República especificados na alínea a do inciso ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se reeleição.
tratar de repartição pública, associação ou empresas que § 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I
operem no território do Estado ou do Distrito Federal, obser- deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles
vados os mesmos prazos; definidos em lei como de menor potencial ofensivo, nem
b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente aos crimes de ação penal privada. (Incluído pela Lei Com-
de seus cargos ou funções: plementar nº 135, de 2010)

41
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 5º A renúncia para atender à desincompatibilização com 8) Anterioridade anual da lei eleitoral


vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção de manda-
to não gerará a inelegibilidade prevista na alínea k, a menos que Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em
a Justiça Eleitoral reconheça fraude ao disposto nesta Lei Com- vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que
plementar. (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010). ocorra até um ano da data de sua vigência. 

6) Impugnação de mandato É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo menos
Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a impug- 1 ano antes da próxima eleição, sob pena de não se aplicar a
nação de mandato. ela, mas somente ao próximo pleito.

Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser impug- Partidos políticos.
nado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados
da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo polí-
econômico, corrupção ou fraude. tico e encontra respaldo enquanto direito fundamental, já que
regulamentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias Funda-
Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato mentais”, capítulo V, “Dos Partidos Políticos”.
tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma O caput do artigo 17 da Constituição prevê:
da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de
7) Perda e suspensão de direitos políticos partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
perda ou suspensão só se dará nos casos de: pessoa humana [...].
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada
em julgado; Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabele-
II - incapacidade civil absoluta; cendo a Constituição um limite de números de partidos po-
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto líticos que possam ser constituídos, permitindo também que
durarem seus efeitos; sejam extintos, fundidos e incorporados.
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou pres- Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os precei-
tação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; tos a serem observados na liberdade partidária: caráter nacio-
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. nal, ou seja, terem por objetivo o desempenho de atividade
política no âmbito interno do país; proibição de recebimento
O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, o de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros
que faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, portanto, ou de subordinação a estes, logo, o Poder Público não pode
deixe de ser titular de direitos políticos. financiar campanhas eleitorais; prestação de contas à Justiça
O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, da Eleitoral, notadamente para resguardar a mencionada veda-
interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil, entre ção; e funcionamento parlamentar de acordo com a lei. Ainda,
os quais obviamente se enquadra o sufrágio universal. a lei veda a utilização de organização paramilitar por parte
O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da conde- dos partidos políticos (artigo 17, §4º, CF).
nação criminal, que é a suspensão de direitos políticos. O respeito a estes ditames permite o exercício do partida-
O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação militar ou a rismo de forma autônoma em termos estruturais e organiza-
prestação substitutiva imposta em caso de escusa moral ou religiosa. cionais, conforme o §1º do artigo 17, CF:
O inciso V se refere à ação de improbidade administrati-
va, que tramita para apurar a prática dos atos de improbidade Art. 17, §1º, CF. É assegurada aos partidos políticos auto-
administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é a suspen- nomia para definir sua estrutura interna, organização e fun-
são dos direitos políticos. cionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de
Os direitos políticos somente são perdidos em dois ca- suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação
sos, quais sejam cancelamento de naturalização por sentença entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital
transitada em julgado (o indivíduo naturalizado volta à con- ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de
dição de estrangeiro) e perda da nacionalidade brasileira em disciplina e fidelidade partidária. 
virtude da aquisição de outra (brasileiro se naturaliza em outro
país e assim deixa de ser considerado um cidadão brasileiro, Os estatutos que tecem esta regulamentação devem ser
perdendo direitos políticos). Nos demais casos, há suspensão. registrados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º, CF).
Nota-se que não há perda de direitos políticos pela prática de Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à
atos atentatórios contra a Administração Pública por parte do mídia, prevê o §3º do artigo 17 da CF:
servidor, mas apenas suspensão.
A cassação de direitos políticos, consistente na retirada dos Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a recursos
direitos políticos por ato unilateral do poder público, sem obser- do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na
vância dos princípios elencados no artigo 5º, LV, CF (ampla defesa forma da lei.
e contraditório), é um procedimento que só existe nos governos
ditatoriais e que é absolutamente vedado pelo texto constitucional.

42
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes-


2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ses que representa, a administração pública está proibida
de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar
(ARTIGOS DE 37 A 41, CAPÍTULO VII,
alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú-
ATUALIZAÇÕES). blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon-
trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou
igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida-
1) Princípios da Administração Pública de no que tange à contratação de serviços. O princípio da
Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permi- impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade,
tem que ele consolide o bem comum e garanta a preser- pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi-
vação dos interesses da coletividade, se encontram exte- ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse
riorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, são particular não pode influenciar no tratamento das pessoas,
estabelecidos na Constituição Federal e em legislações in- já que deve-se buscar somente a preservação do interesse
fraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas nes- coletivo.
te tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90 c) Princípio da moralidade: A posição deste princí-
e Lei n° 8.429/92. pio no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no se- uma espécie de moralidade administrativa, intimamente
tor público partem da Constituição Federal, que estabelece relacionada ao poder público. A administração pública não
alguns princípios fundamentais para a ética no setor públi- atua como um particular, de modo que enquanto o des-
co. Em outras palavras, é o texto constitucional do artigo cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti-
37, especialmente o caput, que permite a compreensão de cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento
boa parte do conteúdo das leis específicas, porque possui jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento
um caráter amplo ao preconizar os princípios fundamentais imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio
da administração pública. Estabelece a Constituição Federal: da moralidade deve se fazer presente não só para com os
administrados, mas também no âmbito interno. Está indis-
Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali- princípios éticos regentes da função administrativa. TODO
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS
também, ao seguinte: [...] IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios
São princípios da administração pública, nesta ordem: anteriores.
Legalidade
d) Princípio da publicidade: A administração pública
Impessoalidade
é obrigada a manter transparência em relação a todos seus
Moralidade
atos e a todas informações armazenadas nos seus ban-
Publicidade
cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e
Eficiência
a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for-
todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da
Administração Pública. É de fundamental importância um servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne-
olhar atento ao significado de cada um destes princípios, gar indevidamente a fornecer informações ao administrado
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas caracteriza ato de improbidade administrativa.
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho45 e princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
Spitzcovsky46: político-eleitoral:
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali- Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei não obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
proíbe. Contudo, como a administração pública representa caráter educativo, informativo ou de orientação social,
os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex- caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servido-
pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso res públicos.
lei anterior editando a matéria para que seja preservado o
princípio da legalidade). A origem deste princípio está na Somente pela publicidade os indivíduos controlarão
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os
Estado deve respeitar as leis que dita. instrumentos para proteção são o direito de petição e as
45 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrati- certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - resi-
vo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. dualmente - do mandado de segurança. Neste viés, ainda,
46 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Mé- prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 
todo, 2011.

43
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par- Em relação à necessidade de motivação dos atos admi-
ticipação do usuário na administração pública direta e nistrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um único
indireta, regulando especialmente: comportamento possível) e dos atos discricionários (aqueles
I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta um ou
públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de mais comportamentos possíveis, de acordo com um juízo de
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e conveniência e oportunidade), a doutrina é uníssona na de-
interna, da qualidade dos serviços; terminação da obrigatoriedade de motivação com relação
II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e aos atos administrativos vinculados; todavia, diverge quanto
a informações sobre atos de governo, observado o disposto à referida necessidade quanto aos atos discricionários.
no art. 5º, X e XXXIII; Meirelles48 entende que o ato discricionário, editado sob
III -  a disciplina da representação contra o exercício ne- os limites da Lei, confere ao administrador uma margem de
gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na admi- liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportunida-
nistração pública. de, não sendo necessária a motivação. No entanto, se houver
tal fundamentação, o ato deverá condicionar-se a esta, em
e) Princípio da eficiência: A administração pública razão da necessidade de observância da Teoria dos Moti-
deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com vos Determinantes. O entendimento majoritário da doutrina,
controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar porém, é de que, mesmo no ato discricionário, é necessária
pessoas (o concurso público seleciona os mais qualifi- a motivação para que se saiba qual o caminho adotado pelo
cados ao exercício do cargo), ao manter tais pessoas em administrador. Gasparini49, com respaldo no art. 50 da Lei
seus cargos (pois é possível exonerar um servidor público n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de tais discussões
por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando o teto de doutrinárias, pois o referido artigo exige a motivação para
remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é a todos os atos nele elencados, compreendendo entre estes,
procura por produtividade e economicidade. Alcança os tanto os atos discricionários quanto os vinculados.
serviços públicos e os serviços administrativos internos, se
referindo diretamente à conduta dos agentes. 2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos ser-
Além destes cinco princípios administrativo-constitu- vidores
cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os princí-
ser apontados como princípios de natureza ética relaciona- pios da administração pública estudados no tópico anterior,
dos à função pública a probidade e a motivação: aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer dos Pode-
a) Princípio da probidade: um princípio constitucio- res em qualquer das esferas federativas, e, em seus incisos,
nal incluído dentro dos princípios específicos da licitação, regras mínimas sobre o serviço público:
é o dever de todo o administrador público, o dever de ho-
nestidade e fidelidade com o Estado, com a população, no Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas
desempenho de suas funções. Possui contornos mais defi- são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos
nidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini47 alerta que estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma
alguns autores tratam veem como distintos os princípios da lei.
da moralidade e da probidade administrativa, mas não há 
características que permitam tratar os mesmos como pro- Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº
cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar 8.112/1990, que prevê:
que a probidade administrativa é um aspecto particular da
moralidade administrativa. Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao investidura em cargo público:
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais I - a nacionalidade brasileira;
ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais II - o gozo dos direitos políticos;
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
motivação não há o devido processo legal, uma vez que a IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do
fundamentação surge como meio interpretativo da decisão cargo;
que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro V - a idade mínima de dezoito anos;
meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da VI - aptidão física e mental.
Administração. § 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá- de outros requisitos estabelecidos em lei. [...]
vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta- § 3º As universidades e instituições de pesquisa cientí-
mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos fica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com
os atos administrativos devem ser motivados para que o professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo
Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo com as normas e os procedimentos desta Lei.
quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem 48 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Pau-
ser observados os motivos dos atos administrativos. lo: Malheiros, 1993.
47 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: Sa- 49 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: Sa-
raiva, 2004. raiva, 2004.

44
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:
8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no arti-
go 207 da Constituição, permitindo que estrangeiros as- Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos in-
sumam cargos no ramo da pesquisa, ciência e tecnologia. cisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da
autoridade responsável, nos termos da lei.
Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego pú-
blico depende de aprovação prévia em concurso público Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabiliza-
de provas ou de provas e títulos, de acordo com a na- ção daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingres-
tureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma so no serviço público, que em regra se dá por concurso de
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em provas ou de provas e títulos.
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas ex-
Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990: clusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e
os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores
Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de di-
prévia habilitação em concurso público de provas ou de pro- reção, chefia e assessoramento.
vas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo
de sua validade. Observa-se o seguinte quadro comparativo50:
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante pro-
moção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do Função de Confiança Cargo em Comissão
sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus Qualquer pessoa, obser-
regulamentos. Exercidas exclusivamente
vado o percentual míni-
por servidores ocupantes
mo reservado ao servi-
No concurso de provas o candidato é avaliado ape- de cargo efetivo.
dor de carreira.
nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua Com concurso público, já
atividade profissional também é considerado. Cargo em que somente pode exercê- Sem concurso público,
comissão é o cargo de confiança, que não exige concurso -la o servidor de cargo efe- ressalvado o percentual
público, sendo exceção à regra geral. tivo, mas a função em si não mínimo reservado ao
prescindível de concurso servidor de carreira.
Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso públi- público.
co será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual É atribuído posto (lugar)
período. num dos quadros da
Somente são conferidas
Administração Pública,
Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável pre- atribuições e responsabili-
conferida atribuições e
visto no edital de convocação, aquele aprovado em concur- dade
responsabilidade àquele
so público de provas ou de provas e títulos será convocado que irá ocupá-lo
com prioridade sobre novos concursados para assumir car-
go ou emprego, na carreira. Destinam-se apenas às atri- Destinam-se apenas às
buições de direção, chefia e atribuições de direção,
Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990: assessoramento chefia e assessoramento
De livre nomeação e exo-
Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá neração no que se refere à De livre nomeação e
validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma função e não em relação ao exoneração
única vez, por igual período. cargo efetivo.
§1º O prazo de validade do concurso e as condições de
sua realização serão fixados em edital, que será publicado Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o
no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande cir- direito à livre associação sindical.
culação.
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver A liberdade de associação é garantida aos servidores
candidato aprovado em concurso anterior com prazo de públicos tal como é garantida a todos na condição de di-
validade não expirado. reito individual e de direito social.
O edital delimita questões como valor da taxa de ins-
Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos
crição, casos de isenção, número de vagas e prazo de vali-
termos e nos limites definidos em lei específica.
dade. Havendo candidatos aprovados na vigência do prazo
do concurso, ele deve ser chamado para assumir eventual 50 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparati-
vaga e não ser realizado novo concurso. vo-funcao-de-confianca.html

45
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos ocu-
públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar pantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis,
pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquan- ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e
to não for elaborada uma legislação específica para os fun- nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
cionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de gre-
ve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea
(Mandado de Injunção nº 20). de proventos de aposentadoria decorrentes do art.
40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo,
Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos car- emprego ou função pública, ressalvados os cargos acu-
gos e empregos públicos para as pessoas portadoras de muláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e
deficiência e definirá os critérios de sua admissão. os cargos em comissão declarados em lei de livre nomea-
ção e exoneração.
Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990:
Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos ar-
Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de de- tigos 40 e 41:
ficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso
público para provimento de cargo cujas atribuições sejam Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exer-
compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para cício de cargo público, com valor fixado em lei.
tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das
vagas oferecidas no concurso. Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabele-
Prossegue o artigo 37, CF: cidas em lei.
§ 1º A remuneração do servidor investido em função ou
Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contra- cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
tação por tempo determinado para atender a necessidade § 2º O servidor investido em cargo em comissão de ór-
temporária de excepcional interesse público. gão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remu-
neração de acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93.
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Cons- § 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van-
tituição, definindo a natureza da relação estabelecida en- tagens de caráter permanente, é irredutível.
tre o servidor contratado e a Administração Pública, para § 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para
atender à “necessidade temporária de excepcional interes- cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo
se público”. Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou
relação que comporta dependência jurídica do servidor ao local de trabalho.
perante o Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação § 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao
seria trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar salário mínimo.
das prerrogativas de Poder Público, ou institucional, esta-
tutária, preponderando o ius imperii do Estado. Melhor di- Ainda, o artigo 37 da Constituição:
zendo: o sistema preconizado pela Carta Política de 1988 é
o do contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos ocu-
na esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situan- pantes de cargos, funções e empregos públicos da ad-
do-se no campo do Direito Público). [...] Uma solução in- ministração direta, autárquica e fundacional, dos mem-
termediária não deixa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, bros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de man-
coexistam normas trabalhistas e estatutárias, pondo-se em dato eletivo e dos demais agentes políticos e os proven-
contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sen- tos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
tido de atender às exigências do Estado moderno, que pro- cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais
cura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o
empreendimentos não-governamentais”51. subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municí-
Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores pú- pios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
blicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somen- Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do
te poderão ser fixados ou alterados por lei específica, Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e
observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos
revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a no-
de índices. venta inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do
subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
51 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Dis-
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável
ponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Artigos/ este limite aos membros do Ministério Público, aos Pro-
Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014. curadores e aos Defensores Públicos.

46
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remunerada
Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio- de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilida-
res aos pagos pelo Poder Executivo. de de horários, observado em qualquer caso o disposto no in-
ciso XI: a)  a de dois cargos de professor; b)  a de um cargo
Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42: de professor com outro, técnico ou científico; c)  a de dois
cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde,
Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá per- com profissões regulamentadas.
ceber, mensalmente, a título de remuneração, importância
superior à soma dos valores percebidos como remuneração, Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se
em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Po- a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
deres, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Parágra- subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indireta-
fo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens mente, pelo poder público.
previstas nos incisos II a VII do art. 61. Segundo Carvalho Filho52, “o fundamento da proibição é
impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o
Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro- servidor não execute qualquer delas com a necessária eficiên-
fundamentos sobre o mencionado inciso XI: cia. Além disso, porém, pode-se observar que o Constituinte
quis também impedir a cumulação de ganhos em detrimento
Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efei- da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-se que a veda-
to dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do ção se refere à acumulação remunerada. Em consequência,
caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório se a acumulação só encerra a percepção de vencimentos por
previstas em lei. uma das fontes, não incide a regra constitucional proibitiva”.
A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a ques-
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso tão:
XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao
Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às Artigo 118, Lei nº 8.112/1990.  Ressalvados os casos pre-
respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite úni- vistos na Constituição, é vedada a acumulação remunerada
co, o subsídio mensal dos Desembargadores do respec- de cargos públicos. §
  1o  A proibição de acumular estende-se
tivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e a cargos, empregos e funções em autarquias, fundações pú-
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos blicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos
disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Esta- Municípios.
duais e Distritais e dos Vereadores. § 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con-
dicionada à comprovação da compatibilidade de horários.
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equi- § 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção de
paração salarial: vencimento de cargo ou emprego público efetivo com pro-
ventos da inatividade, salvo quando os cargos de que de-
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipara- corram essas remunerações forem acumuláveis na atividade.
ção de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
remuneração de pessoal do serviço público. Art.  119, Lei nº 8.112/1990.   O servidor não poderá
exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso pre-
Os padrões de vencimentos são fixados por conselho visto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela
de política de administração e remuneração de pessoal, participação em órgão de deliberação coletiva. 
integrado por servidores designados pelos respectivos Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica à
Poderes (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia remuneração devida pela participação em conselhos de ad-
constitucional de tratamento igualitário aos cargos que se ministração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
mostrem similares. economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi- indiretamente, detenha participação no capital social, obser-
dos por servidor público não serão computados nem acu- vado o que, a respeito, dispuser legislação específica.
mulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores.
Art.  120, Lei nº 8.112/1990.   O servidor vinculado ao
A preocupação do constituinte, ao implantar tal pre- regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efeti-
ceito, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório vos, quando investido em cargo de provimento em comissão,
dos servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vantagem ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipóte-
como base de cálculo de um outro benefício. Dessa forma, se em que houver compatibilidade de horário e local com o
qualquer gratificação que venha a ser concedida ao servi- exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas
dor só pode ter como base de cálculo o próprio vencimen- dos órgãos ou entidades envolvidos.
to básico. É inaceitável que se leve em consideração outra 52 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrati-
vantagem até então percebida. vo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

47
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da Órgãos da administração indireta somente podem ser
acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam, criados por lei específica e a criação de subsidiárias destes
no âmbito do serviço público federal a vedação genérica dependem de autorização legislativa (o Estado cria e contro-
constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da la diretamente determinada empresa pública ou sociedade
República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos de economia mista, e estas, por sua vez, passam a gerir uma
constitui uma das infrações mais comuns praticadas por nova empresa, denominada subsidiária. Ex.: Transpetro, sub-
servidores públicos, o que se constata observando o eleva- sidiária da Petrobrás). “Abrimos um parêntese para observar
do número de processos administrativos instaurados com que quase todos os autores que abordam o assunto afir-
esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é rela- mam categoricamente que, a despeito da referência no tex-
tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos to constitucional a ‘subsidiárias das entidades mencionadas
de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso no inciso anterior’, somente empresas públicas e sociedades
nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua de economia mista podem ter subsidiárias, pois a relação de
situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a controle que existe entre a pessoa jurídica matriz e a subsi-
lei em comentário, um processo administrativo simplificado diária seria própria de pessoas com estrutura empresarial, e
(processo disciplinar de rito sumário) para a apuração dessa inadequada a autarquias e fundações públicas. OUSAMOS
infração – art. 133” 53. DISCORDAR. Parece-nos que, se o legislador de um ente
federado pretendesse, por exemplo, autorizar a criação de
Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e seus uma subsidiária de uma fundação pública, NÃO haveria base
servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência constitucional para considerar inválida sua autorização”55.
e jurisdição, precedência sobre os demais setores admi- Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis-
nistrativos, na forma da lei. tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto
nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF:
Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamentária
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e
por servidores de carreiras específicas, terão recursos priori- indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser fir-
tários para a realização de suas atividades e atuarão de mado entre seus administradores e o poder público, que tenha
forma integrada, inclusive com o compartilhamento de ca- por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou
dastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I -  o prazo de duração do contrato;
“O Estado tem como finalidade essencial a garantia do II -  os controles e critérios de avaliação de desempenho,
bem-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços públi- direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
cos que disponibiliza, seja através de investimentos na área III -  a remuneração do pessoal.
social (educação, saúde, segurança pública). Para atingir
esses objetivos primários, deve desenvolver uma atividade Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às
financeira, com o intuito de obter recursos indispensáveis às empresas públicas e às sociedades de economia mista e
necessidades cuja satisfação se comprometeu quando esta- suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Es-
beleceu o “pacto” constitucional de 1988. [...] A importância tados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento
da Administração Tributária foi reconhecida expressamente de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
pelo constituinte que acrescentou, no artigo 37 da Carta
Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua precedência e de Continua o artigo 37, CF:
seus servidores sobre os demais setores da Administração
Pública, dentro de suas áreas de competência”54. Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados
na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica poderá contratados mediante processo de licitação pública que as-
ser criada autarquia e autorizada a instituição de em- segure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
presa pública, de sociedade de economia mista e de cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, man-
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, tidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o
definir as áreas de sua atuação. qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica
e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislativa, obrigações.
em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades men-
cionadas no inciso anterior, assim como a participação de A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o
qualquer delas em empresa privada. art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas
para licitações e contratos da Administração Pública e dá
53 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públicos
da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.br/artigos/ outras providências. Licitação nada mais é que o conjunto
almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013. de procedimentos administrativos (administrativos porque
54 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tributaria_sao_pau- 55 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descomplicado.
lo.htm São Paulo: GEN, 2014.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

parte da administração pública) para as compras ou serviços Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
contratados pelos governos Federal, Estadual ou Municipal,
ou seja todos os entes federativos. De forma mais simples, Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configu-
podemos dizer que o governo deve comprar e contratar ser- ram conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou
viços seguindo regras de lei, assim a licitação é um processo emprego no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos
formal onde há a competição entre os interessados. e restrições a ocupantes de cargo ou emprego que tenham
acesso a informações privilegiadas, os impedimentos poste-
Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres- riores ao exercício do cargo ou emprego e as competências
crição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor para fiscalização, avaliação e prevenção de conflitos de inte-
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as res- resses regulam-se pelo disposto nesta Lei.
pectivas ações de ressarcimento.
A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encon- 3) Responsabilidade civil do Estado e de seus servidores
tra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990: O instituto da responsabilidade civil é parte integrante
do direito obrigacional, uma vez que a principal consequência
Art. 142, Lei nº 8.112/1990.  A ação disciplinar pres- da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu
creverá: auto de reparar o dano, mediante o pagamento de indenização
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com que se refere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e incorre em omissão que gere dano deve suportar as consequên-
destituição de cargo em comissão; cias jurídicas decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.56
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po-
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os
§ 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em limites da herança, embora existam reflexos na ação que
que o fato se tornou conhecido. apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es-
§ 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que
como crime. uma absolvição por falta de provas não o faz).
§ 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de pro- A responsabilidade civil do Estado acompanha o raciocí-
cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão fi- nio de que a principal consequência da prática de um ato ilícito
nal proferida por autoridade competente. é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o dano,
§ 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo co- mediante o pagamento de indenização que se refere às per-
meçará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção. das e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às regras da res-
ponsabilidade civil, tanto podendo buscar o ressarcimento do
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do dano que sofreu quanto respondendo por aqueles danos que
direito de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 causar. Da mesma forma, o Estado tem o dever de indenizar os
anos para as infrações mais graves, 2 para as de gravidade membros da sociedade pelos danos que seus agentes causem
intermediária (pena de suspensão) e 180 dias para as me- durante a prestação do serviço, inclusive se tais danos carac-
nos graves (pena de advertência), contados da data em que terizarem uma violação aos direitos humanos reconhecidos.
o fato se tornou conhecido pela administração pública. Se Trata-se de responsabilidade extracontratual porque
a infração disciplinar for crime, valerão os prazos prescri- não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de ele-
cionais do direito penal, mais longos, logo, menos favorá- mentos genéricos pré-determinados, que perpassam pela
veis ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar a leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 e 927)
contagem do prazo para que, retornando, comece do zero. com a Constituição Federal (artigo 37, §6°).
Da abertura da sindicância ou processo administrativo dis- Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
ciplinar até a decisão final proferida por autoridade com- se encontram no art. 186 do Código Civil:
petente não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo
começa a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão volun-
propor ação disciplinar. tária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as
restrições ao ocupante de cargo ou emprego da adminis- Este é o artigo central do instituto da responsabilidade
tração direta e indireta que possibilite o acesso a informa- civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária
ções privilegiadas. (agir como não se deve ou deixar de agir como se deve),
culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo
o conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e
do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo
exercício do cargo ou emprego; e revoga dispositivos da agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou ma-
Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000, e das Medidas Provi- terial, econômico e não econômico).
sórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e 2.225-45, 56 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São Pau-
de 4 de setembro de 2001. lo: Saraiva, 2005.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
específico, individualizado, que atinge determinada ou deter- contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilida-
minadas pessoas. Anormal é o dano que ultrapassa os proble- de civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omis-
mas comuns da vida em sociedade (por exemplo, infelizmen- são com culpa do servidor que gere dano ao erário (Ad-
te os assaltos são comuns e o Estado não responde por todo ministração) ou a terceiro (administrado), o servidor terá o
assalto que ocorra, a não ser que na circunstância específica dever de indenizar.
possuía o dever de impedir o assalto, como no caso de uma Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos
viatura presente no local - muito embora o direito à seguran- violadores de direitos humanos se sujeitam à responsabi-
ça pessoal seja um direito humano reconhecido). lidade penal e à responsabilidade administrativa, todas
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe dentro autônomas uma com relação à outra e à já mencionada
da administração pública, tenha ingressado ou não por con- responsabilidade civil. Neste sentido, o artigo 125 da Lei
curso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os agen- nº 8.112/90:
tes políticos, os servidores públicos em geral (funcionários,
empregados ou temporários) e os particulares em colabora- Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais
ção (por exemplo, jurado ou mesário). e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta entre si.
qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão das
prerrogativas do cargo, não agindo como um particular. No caso da responsabilidade civil, o Estado é direta-
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o Es- mente acionado e responde pelos atos de seus servido-
tado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por mais res que violem direitos humanos, cabendo eventualmente
relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida. As- ação de regresso contra ele. Contudo, nos casos da res-
sim, não é qualquer dano que permite a responsabilização ponsabilidade penal e da responsabilidade administrativa
civil do Estado, mas somente aquele que é causado por um aciona-se o agente público que praticou o ato.
agente público no exercício de suas funções e que exceda as
São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser
expectativas do lesado quanto à atuação do Estado.
praticados pelo agente público no exercício de sua função
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os
que violam direitos humanos. A título de exemplo, pecula-
direitos humanos, porque o Estado é uma ficção formada
to, consistente em apropriação ou desvio de dinheiro pú-
por um grupo de pessoas que desempenham as atividades
blico (art. 312, CP), que viola o bem comum e o interesse
estatais diversas. Assim, viola direitos humanos não o Esta-
da coletividade; concussão, que é a exigência de vantagem
do em si, mas o agente que o representa, fazendo com que
indevida (art. 316, CP), expondo a vítima a uma situação de
o próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente,
pagando pela indenização (reparação dos danos materiais constrangimento e medo que viola diretamente sua digni-
e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de dade; tortura, a mais cruel forma de tratamento humano,
regresso se agiram com dolo ou culpa. cuja pena é agravada quando praticada por funcionário
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: público (art. 1º, §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc.
Quanto à responsabilidade administrativa, menciona-
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito público e -se, a título de exemplo, as penalidades cabíveis descritas
as de direito privado prestadoras de serviços públicos respon- no art. 127 da Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo
derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, funcionário que violar a ética do serviço público, como ad-
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso vertência, suspensão e demissão.
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Evidencia-se a independência entre as esferas civil, pe-
nal e administrativa no que tange à responsabilização do
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídi- agente público que cometa ato ilícito.
ca autônoma entre o Estado e o agente público que causou Tomadas as exigências de características dos danos
o dano no desempenho de suas funções. Nesta relação, a acima colacionadas, notadamente a anormalidade, con-
responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Es- sidera-se que para o Estado ser responsabilizado por um
tado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual dano, ele deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não
foi anteriormente condenado a reparar. Direito de regresso cabe exigir do Estado uma excepcional vigilância da socie-
é justamente o direito de acionar o causador direto do dano dade e a plena cobertura de todas as fatalidades que pos-
para obter de volta aquilo que pagou à vítima, considerada sam acontecer em território nacional.
a existência de uma relação obrigacional que se forma entre Diante de tal premissa, entende-se que a responsa-
a vítima e a instituição que o agente compõe. bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen- ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras pa-
te causar aos membros da sociedade, mas se este agente lavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas con-
agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que foi dições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir
pago à vítima. O agente causará danos ao praticar condutas quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando em
incompatíveis com o comportamento ético dele esperado.57 prejuízo dentro de sua previsibilidade.
57 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Mé-
todo, 2011.

50
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

São casos nos quais se reconheceu a responsabilida- § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche componentes do sistema remuneratório observará:
municipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa I -  a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade
de assalto a usuário do metrô resultando em morte, danos dos cargos componentes de cada carreira;
provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais II -  os requisitos para a investidura;
quando o Estado sabia da problemática e não tomou pro- III -  as peculiaridades dos cargos.
vidência para evitá-las, morte de detento em prisão, incên- § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
dio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc. escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos
Logo, não é sempre que o Estado será responsabili- servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos
zado. Há excludentes da responsabilidade estatal, nota- um dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para
damente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou força maior isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes
(fato da natureza) fora dos alcances da previsibilidade do federados.
dano; b) culpa exclusiva da vítima. § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo pú-
blico o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,XVI,
4) Exercício de mandato eletivo por servidores pú- XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer
blicos requisitos diferenciados de admissão quando a natureza
A questão do exercício de mandato eletivo pelo servi- do cargo o exigir.
dor público encontra previsão constitucional em seu artigo § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo,
38, que notadamente estabelece quais tipos de mandatos os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais
geram incompatibilidade ao serviço público e regulamenta serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em
a questão remuneratória: parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação,
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra es-
Artigo 38, CF.  Ao servidor público da administração pécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto
direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato no art. 37, X e XI.
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publica-
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
rão anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos
sua remuneração;
cargos e empregos públicos.
III - investido no mandato de Vereador, havendo compa-
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo provenientes da economia com despesas correntes em cada
eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvi-
norma do inciso anterior; mento de programas de qualidade e produtividade, treina-
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o mento e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será e racionalização do serviço público, inclusive sob a forma de
contado para todos os efeitos legais, exceto para promo- adicional ou prêmio de produtividade.
ção por merecimento; § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
de afastamento, os valores serão determinados como se no Artigo 40, CF.  Aos servidores titulares de cargos efetivos
exercício estivesse. da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime
5) Regime de remuneração e previdência dos servi- de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante
dores públicos contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos
Regulamenta-se o regime de remuneração e previdên- e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preser-
cia dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Constitui- vem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
ção Federal: § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência
de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus
Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17:
Municípios instituirão conselho de política de administra- I - por invalidez permanente, sendo os proventos propor-
ção e remuneração de pessoal, integrado por servidores cionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de
designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela acidente em serviço, moléstia profissional ou doença gra-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e aplicação suspensa ve, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se a redação anterior: “A II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui- tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou
rão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei
planos de carreira para os servidores da administração pú- complementar; (Redação dada pela Emenda Constitu-
blica direta, das autarquias e das fundações públicas”). cional nº 88, de 2015)

51
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III - voluntariamente, desde que cumprido tempo míni- § 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
mo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e total dos proventos de inatividade, inclusive quando de-
cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentado- correntes da acumulação de cargos ou empregos públicos,
ria, observadas as seguintes condições: bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para
a)  sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui- o regime geral de previdência social, e ao montante resul-
ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta tante da adição de proventos de inatividade com remunera-
de contribuição, se mulher; ção de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo
b)  sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses- em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera-
senta anos de idade, se mulher, com proventos propor- ção, e de cargo eletivo.
cionais ao tempo de contribuição. § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de pre-
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por vidência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remu- observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados
neração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que para o regime geral de previdência social.
se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a § 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
concessão da pensão. em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone-
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ração bem como de outro cargo temporário ou de emprego
ocasião da sua concessão, serão consideradas as remune- público, aplica-se o regime geral de previdência social.
rações utilizadas como base para as contribuições do servi- § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
dor aos regimes de previdência de que tratam este artigo e cípios, desde que instituam regime de previdência comple-
o art. 201, na forma da lei. mentar para os seus respectivos servidores titulares de car-
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios di- go efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e
ferenciados para a concessão de aposentadoria aos abran- pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este
gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios
termos definidos em leis complementares, os casos de servi- do regime geral de previdência social de que trata o art.
dores: 201.
I -  portadores de deficiência;
§ 15. O regime de previdência complementar de que
II -  que exerçam atividades de risco;
trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo
III -  cujas atividades sejam exercidas sob condições es-
Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus
peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fe-
§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribui-
chadas de previdência complementar, de natureza pública,
ção serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto
que oferecerão aos respectivos participantes planos de be-
no § 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamen-
nefícios somente na modalidade de contribuição definida.
te tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
educação infantil e no ensino fundamental e médio. § 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção,
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car- o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor
gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a que tiver ingressado no serviço público até a data da publi-
percepção de mais de uma aposentadoria à conta do re- cação do ato de instituição do correspondente regime de
gime de previdência previsto neste artigo. previdência complementar.
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de § 17. Todos os valores de remuneração considerados
pensão por morte, que será igual: para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida-
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa- mente atualizados, na forma da lei.
lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo-
do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que tra-
acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este ta este artigo que superem o limite máximo estabelecido
limite, caso aposentado à data do óbito; ou para os benefícios do regime geral de previdência social de
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido
no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite para os servidores titulares de cargos efetivos.
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha
previdência social de que trata o art. 201, acrescido de se- completado as exigências para aposentadoria voluntária
tenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em
atividade na data do óbito. atividade fará jus a um abono de permanência equivalente
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para ao valor da sua contribuição previdenciária até completar
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, confor- as exigências para aposentadoria compulsória contidas no
me critérios estabelecidos em lei. § 1º, II.
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou mu- § 20. Fica vedada a existência de mais de um regime
nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o próprio de previdência social para os servidores titula-
tempo de serviço correspondente para efeito de dispo- res de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gesto-
nibilidade. ra do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de disposto no art. 142, § 3º, X.
contagem de tempo de contribuição fictício.

52
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá § 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções
de pensão que superem o dobro do limite máximo estabeleci- de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou enti-
do para os benefícios do regime geral de previdência social de dade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro ór-
que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, gão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial,
na forma da lei, for portador de doença incapacitante. cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e
Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou
6) Estágio probatório e perda do cargo equivalentes.
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a § 4º Ao servidor em estágio probatório somente pode-
ser lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990: rão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos
nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afasta-
Artigo 41, CF.   São estáveis após três anos de efetivo mento para participar de curso de formação decorrente de
exercício os servidores nomeados para cargo de provi- aprovação em concurso para outro cargo na Administração
mento efetivo em virtude de concurso público. Pública Federal.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as
I -  em virtude de sentença judicial transitada em jul- licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o,
gado; 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso
II -  mediante processo administrativo em que lhe seja de formação, e será retomado a partir do término do im-
assegurada ampla defesa; pedimento.
III -  mediante procedimento de avaliação periódica
de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada O estágio probatório pode ser definido como um lapso
ampla defesa. de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser- avaliadas de acordo com critérios de assiduidade, discipli-
vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante na, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabili-
da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem dade. O servidor não aprovado no estágio probatório será
direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anterior-
em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo mente ocupado. Não existe vedação para um servidor em
de serviço. estágio probatório exercer quaisquer cargos de provimen-
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, to em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso-
o servidor estável ficará em disponibilidade, com remune- ramento no órgão ou entidade de lotação.
ração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci-
aproveitamento em outro cargo. plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen-
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comis- norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo
são instituída para essa finalidade. que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos-
to no artigo 41 da Constituição Federal.
Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o servi- Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató-
dor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito rio, o servidor público somente poderá ser exonerado nos
a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, nota-
durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de damente: em virtude de sentença judicial transitada em
avaliação para o desempenho do cargo, observados os se- julgado; mediante processo administrativo em que lhe
guinte fatores: (vide EMC nº 19) seja assegurada ampla defesa; ou mediante procedi-
I - assiduidade; mento de avaliação periódica de desempenho, na forma
II - disciplina; de lei complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta
III - capacidade de iniciativa; lei complementar ainda inexistente no âmbito federal.
IV - produtividade;
V - responsabilidade. 7) Atos de improbidade administrativa
§ 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do es- A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administra-
tágio probatório, será submetida à homologação da autori- tiva, que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinôni-
dade competente a avaliação do desempenho do servidor, mo de desonestidade administrativa. A improbidade é uma
realizada por comissão constituída para essa finalidade, de lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita-
acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da res- do estritamente pelo servidor público. O agente ímprobo
pectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de sempre será um violador do princípio da moralidade, pelo
apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do caput qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé, since-
deste artigo. ridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”58.
§ 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será
exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anterior-
mente ocupado, observado o disposto no parágrafo único 58 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. ed.
do art. 29. São Paulo: Saraiva, 2011.

53
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada Como fica difícil imaginar que alguém possa se enri-
devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes quecer ilicitamente por negligência, imprudência ou im-
do serviço público que se intensificavam com a ineficácia perícia, todas as condutas configuram atos dolosos (com
do diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. De- intenção). Não cabe prática por omissão.59
correu, assim, da necessidade de acabar com os atos aten-
tatórios à moralidade administrativa e causadores de pre- b) Ato de improbidade administrativa que importe
juízo ao erário público ou ensejadores de enriquecimento lesão ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992)
ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil. O grupo intermediário de atos de improbidade admi-
Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públi- nistrativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao
cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos erário ou aos cofres públicos + gerando perda patrimo-
atos de improbidade administrativa descritos nos artigos nial ou dilapidação do patrimônio público. Assim como
9º, 10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A exis- o artigo anterior, o caput descreve a fórmula genérica e
tência de esferas distintas de responsabilidade (civil, penal
os incisos algumas atitudes específicas que exemplificam
e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já que,
o seu conteúdo60.
ontologicamente, não se trata de punições idênticas, em-
Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies:
bora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização
desvio, que é o direcionamento indevido; apropriação, que
em esferas distintas do Direito.
Destaca-se um conceito mais amplo de agente públi- é a transferência indevida para a própria propriedade; mal-
co previsto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º baratamento, que significa desperdício; e dilapidação, que
porque o agente público pode ser ou não um servidor pú- se refere a destruição61.
blico. Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição ou O objeto da tutela é a preservação do patrimônio pú-
órgão que desempenhe diretamente o interesse do Estado. blico, em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível
Assim, estão incluídos todos os integrantes da administra- é a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
ção direta, indireta e fundacional, conforme o preâmbulo Este artigo admite expressamente a variante culpo-
da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade privada sa, o que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no
que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação REsp n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconsti-
ou custeio tenha sido ou seja pública em mais de 50% tucionalidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ
do patrimônio ou receita anual. Caso a verba pública que consolidou a tese de que é indispensável a existência de
tenha auxiliado uma entidade privada a qual o Estado não dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao menos
tenha concorrido para criação ou custeio, também have- de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais o dano ao
rá sujeição às penalidades da lei. Em caso de custeio/cria- erário precisa ser comprovado. De acordo com o ministro
ção pelo Estado que seja inferior a 50% do patrimônio ou Castro Meira, a conduta culposa ocorre quando o agente
receita anual, a legislação ainda se aplica. Entretanto, nes- não pretende atingir o resultado danoso, mas atua com ne-
tes dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que o gligência, imprudência ou imperícia (REsp n° 1.127.143)”62.
ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos. Para Carvalho Filho63, não há inconstitucionalidade na mo-
Significa que se o prejuízo causado for maior que a efetiva dalidade culposa, lembrando que é possível dosar a pena
contribuição por parte do poder público, o ressarcimento conforme o agente aja com dolo ou culpa.
terá que ser buscado por outra via que não a ação de im- O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi-
probidade administrativa. ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevi-
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de das, basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem
improbidade administrativa em três categorias: indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não per-
cepção da vantagem indevida, os tipos exemplificados se
a) Ato de improbidade administrativa que importe
aproximam muito dos previstos nos incisos do art. 9°.
enriquecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992)
O grupo mais grave de atos de improbidade adminis-
trativa se caracteriza pelos elementos: enriquecimento +
ilícito + resultante de uma vantagem patrimonial indevi-
da + em razão do exercício de cargo, mandato, emprego,
função ou outra atividade nas entidades do artigo 1° da
Lei nº 8.429/1992. 59 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Mé-
todo, 2011.
O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não
se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos 60 Ibid.
ditames morais, notadamente no desempenho de função 61 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrati-
vo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
de interesse estatal.
Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial 62 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade administrati-
va: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponível em: <http://
ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha ocor- www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.tex-
rido dano aos cofres públicos (por exemplo, quando um to=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013.
policial recebe propina pratica ato de improbidade admi- 63 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrati-
nistrativa, mas não atinge diretamente os cofres públicos). vo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

54
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

c) Ato de improbidade administrativa que atente em todos os casos há perda da função pública. Nas três
contra os princípios da administração pública (artigo categorias, são estabelecidas sanções de suspensão dos
11, Lei nº 8.429/1992) direitos políticos, multa e vedação de contratação ou per-
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “cons- cepção de vantagem, graduadas conforme a gravidade do
titui ato de improbidade administrativa que atenta contra ato. É o que se depreende da leitura do artigo 12 da Lei nº
os princípios da administração pública qualquer ação ou 8.929/1992 como §4º do artigo 37, CF, que prevê: “Os atos
omissão que viole os deveres de honestidade, imparcia- de improbidade administrativa importarão a suspensão
lidade, legalidade, e lealdade às instituições [...]”. O gru- dos direitos políticos, a perda da função pública, a in-
po mais ameno de atos de improbidade administrativa se disponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
caracteriza pela simples violação a princípios da admi- na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
nistração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do penal cabível”.
sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público. A única sanção que se encontra prevista na Lei nº
Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios 8.429/1992 mas não na Constituição Federal é a de mul-
gerais da administração pública64. ta. (art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade
O objeto de tutela são os princípios constitucionais. disto, pois nada impediria que o legislador infraconstitu-
Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis cional ampliasse a relação mínima de penalidades da Cons-
o enriquecimento ilícito e o dano ao erário. Somente é pos- tituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a
sível a prática de algum destes atos com dolo (intenção), lei é o instrumento adequado para tanto65.
embora caiba a prática por ação ou omissão. Carvalho Filho66 tece considerações a respeito de algu-
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalida- mas das sanções:
de para não permitir a caracterização de abuso de poder, - Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre
diante do conteúdo aberto do dispositivo. Na verdade, os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade.
trata-se de tipo subsidiário, ou seja, que se aplica quando Se alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria
o ato de improbidade administrativa não tiver gerado ob- sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve
tenção de vantagem derivar de origem ilícita”.
Com efeito, os atos de improbidade administrativa - Ressarcimento integral do dano: há quem entenda
não são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção mo-
na esfera cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure netária e juros de mora.
simultaneamente um ato de improbidade administrativa - Perda de função pública: “se o agente é titular de
desta lei e um crime previsto na legislação penal, o que mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassa-
é comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por ção. Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão
ambos, nas duas esferas. do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servido-
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte res trabalhistas e temporários), a perda da função pública
forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito pas- se consubstancia pela rescisão do contrato com culpa do
sivo) e daqueles que podem praticar os atos de improbida- empregado. No caso de exercer apenas uma função públi-
de administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação ca, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação
do dano ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio da designação”. Lembra-se que determinadas autoridades
público; após, traz a tipologia dos atos de improbidade ad- se sujeitam a procedimento especial para perda da função
ministrativa, isto é, enumera condutas de tal natureza; se- pública, ponto em que não se aplica a Lei de Improbidade
guindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, Administrativa.
descreve os procedimentos administrativo e judicial. - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo,
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente ob- mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julga-
tém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica inde- dos nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda
vida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato
não só reparar eventual dano causado mas também co- de improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou
locar nos cofres públicos tudo o que adquiriu indevida- o valor do dano ou o valor da remuneração do agente). A
mente. Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter
indevidamente ou este valor acrescido do valor do prejuízo indenizatório, mas punitivo.
causado aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou - Proibição de receber benefícios: não se incluem as
deixou de ganhar). No caso do artigo 10, não haverá en- imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao me-
riquecimento ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o nos sócio majoritário da instituição vitimada.
qual será reparado (eventualmente, ocorrerá o enriqueci- - Proibição de contratar: o agente punido não pode
mento ilícito, devendo o valor adquirido ser tomado pelo participar de processos licitatórios.
Estado). Já no artigo 11, o máximo que pode ocorrer é o
dano ao erário, com o devido ressarcimento. Além disso, 65 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrati-
64 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Mé- vo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
todo, 2011. 66 Ibid.

55
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

EXERCÍCIOS 3. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda


em relação aos outros remédios constitucionais analise as
1. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art. questões a seguir e assinale a alternativa correta.
5º da Constituição Federal trata dos direitos e deveres in- I - O habeas data assegura o conhecimento de infor-
dividuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garan- mações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
tias fundamentais (Título II). Assim, apesar de referir-se, registros ou banco de dados de entidades governamentais
de modo expresso, apenas a direitos e deveres, também ou de caráter público.
consagrou as garantias fundamentais. (LENZA, Pedro. Di- II - Será concedido habeas data para a retificação de
reito Constitucional Esquematizado, São Paulo: Saraiva, dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
2009,13ª. ed., p. 671). judicial ou administrativo.
Com base na afirmação acima, analise as questões a III - Em se tratando de registro ou banco de dados de
seguir e assinale a alternativa correta. entidade governamental, o sujeito passivo na ação de ha-
I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na nor- beas data será a pessoa jurídica componente da adminis-
ma constitucional, enquanto as garantias são os instrumen- tração direta e indireta do Estado.
tos através dos quais se assegura o exercício dos aludidos IV - O mandado de injunção serve para requerer à au-
direitos. toridade competente que faça uma lei para tornar viável o
II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e pa- exercício dos direitos e liberdades constitucionais.
rágrafos do art. 5º da Constituição Federal é meramente V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a
exemplificativo. demora legislativa que impede um direito de ser efetivado
III - Os direitos e garantias expressos na Constituição pela falta de complementação de uma lei.
Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos (A) Todas as afirmações estão corretas.
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais (B) Apenas I, II e III estão corretas.
em que o Brasil seja parte. (C) Apenas II, III e IV estão corretas.
IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra (D) Apenas II, III e V estão corretas.
(E) Apenas IV e V estão corretas.
e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indeniza-
ção pelo dano material ou moral decorrente de sua viola-
4. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O de-
ção.
vido processo legal estabelecido como direito do cidadão
V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença,
na Constituição Federal configura dupla proteção ao indi-
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
víduo, pois atua no âmbito material de proteção ao direito
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e
de liberdade e no âmbito formal, ao assegurar-lhe parida-
suas liturgias.
de de condições com o Estado para defender-se.
(A) Apenas I, II e III estão corretas. Com base na afirmação acima, analise as questões a
(B) Apenas II, III e IV estão corretas. seguir e assinale a alternativa correta.
(C) Apenas III e V estão corretas. I - Ninguém será processado nem sentenciado senão
(D) Apenas IV e V estão corretas. pela autoridade competente.
(E) Todas as questões estão corretas. II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
2. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os re- social o exigirem.
médios constitucionais são as formas estabelecidas pela III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por
Constituição Federal para concretizar e proteger os direitos meios ilícitos.
fundamentais a fim de que sejam assegurados os valores IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
essenciais e indisponíveis do ser humano. quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
Assim, é correto afirmar, exceto: fiança.
(A) O habeas corpus pode ser formulado sem advo- V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do
gado, não tendo de obedecer a qualquer formalidade pro- depositário infiel.
cessual, e o próprio cidadão prejudicado pode ser o autor. (A) Apenas I, II e IV estão corretas.
(B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém (B) Apenas I, III e V estão corretas.
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação (C) Apenas III e IV estão corretas.
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso (D) Apenas IV e V estão corretas.
de poder. (E) Todas as questões estão corretas.
(C) O autor da ação constitucional de habeas corpus
recebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual 5. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
se impetra, paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e Sobre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que
a autoridade que pratica a ilegalidade, autoridade coatora. (A) não retroage, salvo para beneficiar o réu.
(D) Caberá habeas corpus em relação a punições dis- (B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não
ciplinares militares. for conhecido.
(E) O habeas corpus será preventivo quando alguém (C) retroage, salvo disposição expressa em contrário.
se achar ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, (D) retroage, se ainda não houver processo penal ins-
quando for concreta a lesão. taurado.

56
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

6. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) (C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitu-
Sobre as garantias fundamentais estabelecidas na Constitui- cional, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacio-
ção Federal, é CORRETO afirmar que nal, se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável
(A) a Lei Penal é sempre irretroativa. de três quintos dos respectivos membros;
(B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e (D) podem ter a natureza jurídica de lei complementar,
imprescritível. desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los com
(C) não haverá pena de morte em nenhuma circuns- observância do processo legislativo ordinário;
tância. (E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito
(D) os templos religiosos, entendidos como casas de internacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à
Deus, possuem garantia de inviolabilidade domiciliar. ordem jurídica interna.

7. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) 11. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014)
NÃO figura entre as garantias expressas no artigo 5º da Pedro promoveu ação em face da União Federal e seu pedido
Constituição Federal: foi julgado procedente, com efeitos patrimoniais vencidos e
(A) a obtenção de certidões em repartições públicas. vincendos, não havendo mais recurso a ser interposto. Poste-
(B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto pró- riormente, o Congresso Nacional aprovou lei, que foi sancio-
prio. nada, extinguindo o direito reconhecido a Pedro. Após a publi-
(C) o respeito à integridade física dos presos, garantido cação da referida lei, a Administração Pública federal notificou
pela lei de execução penal. Pedro para devolver os valores recebidos, comunicando que
(D) a remuneração do trabalho noturno superior ao não mais ocorreriam os pagamentos futuros, em decorrência
diurno, posto que contido na legislação ordinária trabalhista. da norma em foco.
Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção correta
8. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) (A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa so-
A casa é asilo inviolável do indivíduo, podendo-se nela en- bre direitos indisponíveis de Pedro
trar, sem permissão do morador, EXCETO (B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa julga-
(A) em caso de desastre. da formada em favor de Pedro.
(B) em caso de flagrante delito. (C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido de
(C) para prestar socorro. Pedro diante de nova legislação.
(D) por determinação judicial, a qualquer hora. (D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico per-
feito em favor de Pedro diante de pagamentos pendentes.
9. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador -
FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamentais, 12. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Jurí-
o artigo 5º da Constituição da República estabelece que é: dico - VUNESP/2014) João apresenta requerimento junto à
(A) livre a manifestação do pensamento, sendo fomen- Prefeitura do Município de São Paulo, pleiteando que lhe seja
tado o anonimato; informado o número de licitações, na modalidade pregão, rea-
(B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao lizadas pela São Paulo Urbanismo desde 2010. O pleito de João
agravo, que substitui o direito à indenização por dano mate- (A) não encontra previsão expressa como direito funda-
rial, moral ou à imagem; mental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser aco-
(C) assegurado a todos o acesso à informação e res- lhido em virtude do texto constitucional prever que a lei não
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
profissional; direito
(D) livre a expressão da atividade intelectual, artística, (B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos asse-
científica e de comunicação, ressalvados os casos de censura gurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de petição
ou licença; aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegali-
(E) direito de todos receber dos órgãos públicos infor- dade ou abuso de poder
mações de seu interesse particular, sendo vedada a alegação (C) não encontra amparo constitucional, uma vez que a
de sigilo por imprescindibilidade à segurança da sociedade obtenção de certidões em repartições públicas será atendida
e do Estado. apenas se o objeto do pedido for para defesa de direitos ou
para esclarecimento de situações de interesse pessoal.
10. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - (D) encontra amparo constitucional, pois todos têm di-
FGV/2014) A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, reito a receber dos órgãos públicos informações de seu inte-
os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- resse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
manos: prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, res-
(A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a salvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, sociedade e do Estado.
na ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo; (E) é constitucionalmente previsto, devendo ser res-
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons- pondido em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no
titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo Con- âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoá-
gresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com o vel duração do processo e os meios que garantam a celeri-
voto favorável de dois terços dos respectivos membros; dade de sua tramitação.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

13. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria 16. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a al-
da reserva do possível ternativa correta.
(A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à (A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e se-
efetivação dos direitos sociais, econômicos e culturais. guintes é exaustivo.
(B) gira em torno da legitimidade constitucional do (B) É vedada a redução proporcional do salário do tra-
controle e da intervenção do poder judiciário em tema de balhador sob qualquer hipótese.
implementação de políticas públicas, quando caracterizada (C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias anuais remu-
hipótese de omissão governamental. neradas com, no mínimo, um terço a mais do que o salário normal.
(C) considera que as políticas públicas são reservadas (D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
discricionariamente à análise e intervenção do poder judi- não está constitucionalmente prevista, mas é determinada pela CLT.
ciário, que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso (E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do
concreto. emprego e do salário, não está constitucionalmente previsto,
mas é determinado pela CLT.
(D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do
mínimo existencial, examinado à luz da violação dos direi-
17. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
tos fundamentais sociais, culturais e econômicos, como o
FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasileiro
direito à saúde e à educação básica. no ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou cometendo
(E) defende a integridade e a intangibilidade dos di- um crime de roubo, cuja autoria foi apurada apenas no ano de
reitos fundamentais, independentemente das possibilida- 2013, sendo instaurada a competente ação penal, culminando
des financeiras e orçamentárias do estado. com a condenação de Pietro, pela Justiça Pública, ao cumpri-
mento da pena de 05 anos e 04 meses de reclusão, em regime
14. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador - inicial fechado, por sentença transitada em julgado. Neste caso,
FCC/2014) A Emenda Constitucional nº 72, promulgada nos termos estabelecidos pela Constituição federal, Pietro
em 2 de abril de 2013, tem por finalidade estabelecer a (A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quanti-
igualdade de direitos entre os trabalhadores domésticos e dade de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário.
os demais trabalhadores urbanos e rurais. Nos termos de (B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi cometi-
suas disposições, a Emenda do antes da sua naturalização.
(A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, (C) poderá ser extraditado.
dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex- (D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu crime
traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a hediondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afim.
do normal e à proteção do mercado de trabalho da mulher, (E) não poderá ser extraditado, pois a sentença conde-
mediante incentivos específicos. natória transitou em julgado após a naturalização.
(B) instituiu vedação ao legislador para conferir tra-
tamento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em 18. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É
relação aos trabalhadores urbanos e rurais. privativo de brasileiro nato o cargo de
(C) não determinou a extensão ao trabalhador do- (A) Ministro do Supremo Tribunal Federal.
méstico, dentre outros, dos direitos à proteção em face da (B) Senador.
automação e à proteção do mercado de trabalho da mu- (C) Juiz de Direito.
lher, mediante incentivos específicos. (D) Delegado de Polícia.
(D) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, (E) Deputado Federal.
dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa-
19. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) No
ção e ao piso salarial proporcional à extensão e à comple-
caso de condenação criminal transitada em julgado, enquanto
xidade do trabalho.
durarem seus efeitos, o condenado terá seus direitos políticos:
(E) não determinou a extensão ao trabalhador do- (A) mantidos.
méstico, dentre outros, dos direitos à remuneração do ser- (B) cassados.
viço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por (C) perdidos.
cento a do normal e ao piso salarial proporcional à exten- (D) suspensos.
são e à complexidade do trabalho.
20. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que con-
15. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) cerne às condições de elegibilidade para o cargo de prefeito
Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamen- previstas na CRFB/88, assinale a opção correta.
tais, à organização político-administrativa, à administração (A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias antes
pública e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos. da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo de prefeito.
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e (B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candidatar-
determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades -se, pela primeira vez, ao cargo de prefeito.
essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades (C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá can-
inadiáveis da comunidade. didatar-se ao cargo de prefeito.
Certo ( ) (D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, mas
Errado ( ) que não pretende e nem irá afastar-se das atividades milita-
res, poderá candidatar-se ao cargo de prefeito.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

21. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alternativa 24. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
correta a respeito dos partidos políticos. rando as regras constitucionais sobre a administração pública,
(A) É vedado a eles o recebimento de recursos financeiros analise as afirmativas.
por parte de empresas transnacionais. I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do
(B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propaganda Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
no rádio e na televisão, exceto aqueles que não possuam re- Poder Executivo.
presentação no Congresso Nacional. II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
(C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter na- funções e empregos públicos da administração direta, autár-
cional. quica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes
(D) Os partidos devem, após cada campanha, apresentar da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
ao Congresso Nacional a sua prestação de contas para apro- dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes po-
vação. líticos e os proventos, pensões ou outra espécie remunerató-
(E) Em razão de sua importante função institucional, os ria, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vanta-
partidos políticos possuem natureza jurídica de direito público. gens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão
exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Su-
22. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT premo Tribunal Federal.
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a alterna- III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer
tiva INCORRETA: espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de
(A) A administração pública direta e indireta de qualquer pessoal do serviço público.
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, moralida- (A) I, II e III.
de, publicidade, eficiência e impessoalidade. (B) I, apenas.
(B) É garantido ao servidor público civil o direito à livre (C) I e II, apenas.
associação sindical. (D) I e III, apenas.
(C) A administração fazendária e seus servidores fiscais
(E) II e III, apenas.
terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, prece-
dência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei.
25. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
(D) A proibição de acumulação remunerada de cargos
FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores
públicos se estende a emprego e funções, não abrangendo,
públicos civis da Administração direta
pois, sociedades de economia mista.
(A) deve ser considerado inconstitucional, até que seja
(E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente por
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comis- editada a lei definidora dos termos e limites em que possa ser
são, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, exercido, a fim de preservar a continuidade da prestação dos
condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se, serviços públicos.
apenas, às atribuições de direção, chefia e assessoramento. (B) deve ser considerado abusivo se exercido por servi-
dores públicos em estágio probatório.
23. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad- (C) é constitucional, visto que previsto em norma da
ministração pública pode ser definida objetivamente como a constituição federal com aplicabilidade imediata, não neces-
atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve para a sitando de regulamentação, nem de integração normativa,
consecução dos interesses coletivos e subjetivamente como o para que o direito nela previsto possa ser exercido.
conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atri- (D) é constitucional, devendo, no entanto, observar a re-
bui o exercício da função administrativa do Estado”. (MORAES, gulamentação legislativa da greve dos trabalhadores em ge-
Alexandre de, Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2007, 22. ral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores públicos
ed., p. 310) enquanto não for promulgada lei específica para o exercício
Com base no que determina a Constituição Federal a res- desse direito.
peito da administração pública é correto afirmar, exceto: (E) é constitucional e poderá ensejar convenção coletiva
(A) A investidura em cargo ou emprego público depende em que seja prevista a majoração dos vencimentos dos servi-
de aprovação prévia em concurso público de provas e títulos, dores públicos.
de acordo com a natureza e complexidade do cargo, ressalva-
das as nomeações para cargo em comissão. 26. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) Os
(B) A Administração pública direta e indireta obedecerá atos de improbidade administrativa importarão, nos termos
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, pu- da Constituição Federal, dentre outros,
blicidade e eficiência. (A) a prisão provisória, sem direito à fiança.
(C) O prazo de validade do concurso público será de até (B) a indisponibilidade dos bens.
dois anos, prorrogável uma vez, por igual período. (C) a impossibilidade de deixar o país.
(D) A Constituição Federal não veda a acumulação remu- (D) a suspensão dos direitos civis.
nerada de cargos públicos. (E) o pagamento de multa ao fundo de proteção social.
(E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos
praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem
prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressar-
cimento.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

RESPOSTAS 4. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF, “nin-
guém será processado nem sentenciado senão pela autori-
1. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal di- dade competente”, restando o item “I” correto; pelo artigo
ferença entre direitos e garantias é que os primeiros servem 5º, LX, CF, “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
para determinar os bens jurídicos tutelados e as segundas são processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
os instrumentos para assegurar estes (ex: direito de liberdade social o exigirem”, motivo pelo qual o item “II” está correto;
de locomoção – garantia do habeas corpus). “II” está correta, e prevê o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém será levado à
afinal, o próprio artigo 5º prevê em seu §2º que “os direitos prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros provisória, com ou sem fiança”, confirmando o item “IV”.
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou Por sua vez, o item “III” está incorreto porque “são inad-
dos tratados internacionais em que a República Federativa do missíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”
Brasil seja parte”, fundamento que também demonstra que (artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorreto porque a ju-
o item “III” está correto. O item IV traz cópia do artigo 5º, X, risprudência atual ainda aceita a prisão civil do devedor de
CF, que prevê que “são invioláveis a intimidade, a vida priva- alimentos, sendo que o texto constitucional autoriza tanto
da, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a esta quanto a do depositário infiel (artigo 5º, LXVII, CF).
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação”; o que faz também o item V com relação ao artigo 5. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL -
5º, VI, CF que diz que “é inviolável a liberdade de consciência a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.
e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos re- Assim, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do
ligiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (di-
culto e a suas liturgias”. Sendo assim, todas afirmativas estão minuindo a pena ou alterando o regime de cumprimento,
corretas. notadamente), ela será aplicada.
2. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia prevista 6. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII,
no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus sempre
CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançá-
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
vel e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade
da lei”, restando “B” correta. “A” é incorreta porque a lei pe-
ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei busca torná-lo o
nal retroage para beneficiar o réu; “C” é incorreta porque é
mais acessível possível, por ser diretamente relacionado a um
aceita a pena de morte para os crimes militares praticados
direito fundamental da pessoa humana. O objeto de tutela
em tempo de guerra; “D” é incorreta porque igrejas não
é a liberdade de locomoção; a propositura não depende de
possuem inviolabilidade domiciliar.
advogado; o que propõe a ação é denominado impetrante e
quem será por ela beneficiado é chamado paciente (podendo
a mesma pessoa ser os dois), contra quem é proposta a ação 7. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alter-
é a denominada autoridade coatora; e é possível utilizar ha- nativa “D” seja um direito fundamental, não é um direito
beas corpus repressivamente e preventivamente. Por sua vez, a individual, logo, não está previsto no artigo 5º, e sim no
Constituição Federal prevê no artigo 142, §2º que “não caberá artigo 7º, CF, em seu inciso IX (“remuneração do trabalho
habeas corpus em relação a punições disciplinares militares”. noturno superior à do diurno”).

3. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque para 8. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dis-
os seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conceder-se-á põe: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
mandado de injunção sempre que a falta de norma regula- podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
mentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar so-
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, corro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Sen-
à soberania e à cidadania; LXXII - conceder-se-á habeas data: do assim, não cabe o ingresso por determinação judicial a
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à qualquer hora, mas somente durante o dia.
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de
dados de entidades governamentais ou de caráter público; 9. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e res-
por processo sigiloso, judicial ou administrativo”. Os itens “I” guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
e “II” repetem o teor do artigo 5º, LXXII, CF. Já o item “III” profissional”.
decorre logicamente da previsão dos direitos fundamentais
como limitadores da atuação do Estado, logo, as informações 10. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF:
requeridas serão contra uma entidade governamental da ad- “Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
ministração direta ou indireta. Por sua vez, o item “IV” reflete humanos que forem aprovados, em cada Casa do Con-
o artigo 5º, LXXI, CF, do qual decorre logicamente o item “V”, gresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
posto que a demora do legislador em regulamentar uma nor- dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
ma constitucional de aplicabilidade mediata, que necessita do constitucionais”. Logo, é necessário o preenchimento de
preenchimento de seu conteúdo, evidencia-se em risco aos determinados requisitos para a incorporação.
direitos fundamentais garantidos pela Constituição Federal.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

11. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica, 17. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5º, LI, CF, “ne-
tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei não nhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou
julgada”. A coisa julgada se formou a favor de Pedro e não de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe-
pode ser quebrada por lei posterior que altere a situação fáti- centes e drogas afins, na forma da lei”. Embora a condenação
co-jurídica, sob pena de se atentar contra a segurança jurídica. tenha ocorrido após a naturalização, o crime comum foi pra-
ticado antes dela, permitindo a extradição de Pietro.
12. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucional pre-
vista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a receber dos 18. Resposta: “A”. Conforme disciplina o artigo 12, § 3º,
órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de CF, “São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Pre-
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Fede-
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”. ral; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da
carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas; VII
13. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível busca - de Ministro de Estado da Defesa”. O motivo da vedação é
impedir que se argumente por uma obrigação infinita do Es- que em determinadas circunstâncias o Ministro do Supremo
tado de atender direitos econômicos, sociais e culturais. No Tribunal Federal pode assumir substitutivamente a Presidên-
entanto, não pode ser invocada como muleta para impedir cia da República.
que estes direitos adquiram efetividade. Se a invocação da
reserva do possível não demonstrar cabalmente que o Estado 19. Resposta: “D”. Os direitos políticos nunca podem
não tem condições de arcar com as despesas, o Poder Judiciá- ser cassados ou perdidos, mas no máximo suspensos. A con-
rio irá intervir e sanar a omissão. denação criminal transitada em julgado justifica a suspensão
14. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº 72/2013, dos direitos políticos, o que é disposto no artigo 15, III, CF: “é
que ficou conhecida no curso de seu processo de votação vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou sus-
como PEC das domésticas, deu redação ao parágrafo único
pensão só se dará nos casos de: [...] III - condenação criminal
do artigo 7º, o qual estende alguns dos direitos enumerados
transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos”.
nos incisos do caput para a categoria dos trabalhadores do-
20. Resposta: “B”. Prevê o artigo 14, § 3º, CF: São con-
mésticos, quais sejam: “IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII,
dições de elegibilidade, na forma da lei: [...] VI - a idade míni-
XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as
ma de: c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz”, de
cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessó-
modo que João preenche o requisito etário para a candidatu-
rias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades,
os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como ra. “A” está errada porque a renúncia é exigida para cargo di-
a sua integração à previdência social”. Os direitos descritos na verso (artigo 14, §6º, CF); “C” está errada porque o analfabeto
alternativa “C” estão previstos nos incisos XXVII e XX do artigo não pode se eleger (artigo 14, §4º, CF); “D” está errada por-
7º da Constituição, não estendidos aos empregados domés- que o afastamento neste caso é exigido (artigo 14, §8º, I, CF).
ticos pela emenda.
21. Resposta: “C”. O artigo 17 da Constituição Federal
15. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o direi- regulamenta os partidos políticos e coloca o caráter nacional
to de greve: “É assegurado o direito de greve, competindo como preceito que deva necessariamente se observado: “É li-
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo vre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos polí-
e sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º ticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrá-
A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá tico, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comu- humana e observados os seguintes preceitos: I - caráter na-
nidade. § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às cional; II - proibição de recebimento de recursos financeiros
penas da lei”. de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a
estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcio-
16. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de di- namento parlamentar de acordo com a lei. § 1º É assegurada
reitos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não ex- aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura
cluindo outros que decorram das normas trabalhistas, dos interna, organização e funcionamento e para adotar os crité-
direitos humanos internacionais e das convenções e acordos rios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem
coletivos; “B” está incorreta porque a redução proporcional obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âm-
pode ser aceita se intermediada por negociação coletiva, evi- bito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus
tando cenário de demissão em massa; “D” está incorreta por- estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade par-
que a licença-gestante encontra arcabouço constitucional, tal tidária. § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personali-
como a licença-paternidade, restando “E” também incorreta dade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos
(artigo 7º, XVIII e XIX, CF. Sendo assim, “C” está correta, con- no Tribunal Superior Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm
forme disposto no artigo 7º: “gozo de férias anuais remu- direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao
neradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário rádio e à televisão, na forma da lei. § 4º É vedada a utilização
normal” (artigo 7º, XVII, CF). pelos partidos políticos de organização paramilitar”.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

22. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição 25. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor
Federal colaciona os cinco princípios descritos na alternativa público, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição
“A” como de necessária observância na Administração Pú- Federal de 1988, portanto, trata-se de um direito consti-
blica em todas suas esferas e em todos os seus Poderes. Já tucional. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de
a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37, VI, Justiça ao julgar o recurso no Mandado de Segurança nº
CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do artigo 37, 2.677, que, em suas razões, aduziu que “o servidor público,
XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no artigo 37, V, independente da lei complementar, tem o direito público,
CF. subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”. Esse di-
Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor do reito abrange o servidor público em estágio probatório,
artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-se a não podendo ser penalizado pelo exercício de um direito
empregos e funções e abrange autarquias, fundações, em- constitucionalmente garantido.
presas públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-
diárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente,
26. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF,
pelo poder público”. Com efeito, as sociedades de economia
“os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
mista não estão excluídas da proibição de acumulação remu-
pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
nerada de cargos, razão pela qual a alternativa é incorreta.
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
23. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exigên- na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
cia do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos prin- penal cabível”. Dentre as alternativas, somente “B” descreve
cípios da Administração Pública previstos no caput do artigo previsão do dispositivo retro.
37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um concurso
público e sua possibilidade de prorrogação nos moldes exa-
tos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do artigo 37, §5º,
CF. Por sua vez, a vedação de acumulações ao servidor públi-
co está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é vedada a acumula-
ção remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o
disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b) a
de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c)
a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
saúde, com profissões regulamentadas”.

24. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37, XII,


CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do
Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37, XI, CF:
“XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
funções e empregos públicos da administração direta, autár-
quica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remu-
neratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as
vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não po-
derão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros
do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Po-
der Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distri-
tais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desem-
bargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros
e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âm-
bito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros
do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Pú-
blicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é
vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas.

62
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1 Estado, governo e Administração Pública: conceitos, elementos, poderes e organização;


natureza, fins e princípios. ................................................................................................................................................................................... 01
2 Direito Administrativo: conceito, fontes e princípios. ........................................................................................................................... 02
3 Organização administrativa da União; administração direta e indireta. ........................................................................................ 06
4 Agentes públicos: espécies e classificação; poderes, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e função
públicos; regime jurídico único: provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; direitos e vantagens;
regime disciplinar; responsabilidade civil, criminal e administrativa. ................................................................................................. 08
5 Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia;
uso e abuso do poder. .......................................................................................................................................................................................... 15
6 Ato administrativo: validade, eficácia; atributos; extinção, desfazimento e sanatória; classificação,
espécies e exteriorização; vinculação e discricionariedade. ................................................................................................................... 18
7 Serviços Públicos: conceito, classificação, regulamentação e controle; forma, meios e requisitos;
delegação: concessão, permissão, autorização. .......................................................................................................................................... 23
8 Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle judicial; controle
legislativo; responsabilidade civil do Estado. ............................................................................................................................................... 27
Lei nº 8.429/1992 (sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no
exercício de mandato, cargo, emprego ou função da administração pública direta, indireta ou
fundacional e dá outras providências). .......................................................................................................................................................... 31
9 Lei n°9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo)................................................................................................................................. 43
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

PODER
1 ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA: CONCEITOS, ELEMENTOS, O poder estatal é o conjunto de prerrogativas públi-
PODERES E ORGANIZAÇÃO; NATUREZA, cas conferidas ao Estado, para que o mesmo possa atingir
FINS E PRINCÍPIOS. os seus objetivos e metas, é a manifestação do Estado, na
execução das atividades administrativas, que tem como
finalidade a proteção do próprio Estado, defendendo os
interesses coletivos contra aqueles de natureza exclusiva-
ESTADO: mente privada.
Os poderes da Administração Pública, sob a ótica do
O Estado constitui-se de um complexo harmônico de Direito Administrativo, dividem-se em: Poder Vinculado;
instituições por meio das quais uma ou mais Nações se or- Poder Discricionário; Poder Hierárquico; Poder Regulamen-
ganizam, dentro de um ou de vários territórios, em uma tar e Poder de Polícia. Os referidos poderes do Estado serão
unidade de governo tendente a promoção do desenvolvi- estudados em capítulo próprio.
mento social de maneira soberana. Importante é não confundir com a tripartição dos Po-
Para que possa existir, além da presença de elementos deres do Estado, previsto na Constituição Federal, que as-
que definem o Estado, é ainda necessário o reconhecimen- sim se dividem: Poder Executivo; Poder Legislativo; Poder
to de sua independência pelos demais Estados, de maneira
Judiciário.
soberana.
Elementos do Estado:
ORGANIZAÇÃO
São elementos do Estado, três dentre os mais relevan-
tes e fundamentais quais sejam: povo, território e soberania.
A organização do Estado na Constituição do brasileiro
Povo: A população de um Estado não encontra limites é o termo referente a um conjunto de dispositivos contidos
objetivamente definidos numericamente, sendo que a po- na Constituição Federal de 1988, destinados a determinar
pulação é a totalidade dos habitantes de um Estado e nela a organização político-administrativa, ou seja, das atribui-
se destacam os conceitos de povo e nação. ções de cada ente da federação.
Seguindo esse entendimento, povo é a população do O Brasil adotou a Federação como forma de organizar
Estado, em outras palavras, é o grupo de seres humanos o Estado, a Federação é uma aliança de Estados para a fi-
que habitam um mesmo território em comum, sujeito des- nalidade de formação de um único Estado, em que as uni-
sa maneira, as mesmas regras, mas que nem sempre tem dades federadas preservam parte da sua autonomia políti-
os mesmo objetivos. ca, entretanto a soberania é transferida ao Estado Federal.
Nação é um grupo de pessoas que se sentem juntos e Dentro da estrutura organizacional do Estado Federal Bra-
unidos por interesses comuns e ideais e aspirações coinci- sileiro temos as seguintes entidades federativas: A União,
dentes, cuja origem se dá do sentimento comum de nacio- os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
nalidade e de Pátria. Além de adotar a federação, institui-se a República que
é uma forma de organização política do Estado, na qual os
Território: Entende-se por território a base física do Es- principais agentes do poder político são escolhidos pelo
tado e é definido pela área geográfica que ocupa, assim, é povo através do voto.
o território que define o País. Dessa maneira, diante das disposições constitucionais,
Importante esclarecer que sem território não há Esta- o Estado Brasileiro integra a República Federativa do Brasil
do, mas, possa existir uma Nação forte e unida, isto ocorre em um orgânico único e indissoluvel, formado pelos Esta-
porque a noção jurídica de território é mais ampla que os dos, Municípios e distrito Federal, fundamentado na sobe-
limites físicos e geográficos que ele representa. rania, na cidadania, na dignidade da pessoa humana, nos
Como exemplos: os navios de guerra, as embaixadas e valores sociais e no pluralismo politico.
aeronaves, que são territórios dos países de origem sem ter
limites geográficos fixos e delimitados.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Soberania: A soberania Governamental é capacidade
do Estado de ditar as próprias regras. A soberania estatal A Administração Pública sob o aspecto material, obje-
manifesta-se através da sua auto-organização e da autode- tivo ou funcional representa nada mais do que o conjunto
terminação. Assim, cada Estado deve viver livre de ingerên- de atividades que costumam ser consideradas próprias da
cias de quaisquer outros Estados. função administrativa, Assim, temos que o conceito adota
como referência a atividade propriamente dita, o que é de
GOVERNO: fato realizado, e não quem as realizou.
De maneira usual, são apontadas como próprias da
Governo é o conjunto de poderes e órgãos adminis- administração pública em sentido material as seguintes
trativos, que se destina a gerencia e condução política dos atividades:
negócios públicos do Estado, através de um complexo de
funções legalmente definidas.

1
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- Serviço Público: prestações concretas que representem


utilidades ou comodidades materiais para a população em 2 DIREITO ADMINISTRATIVO: CONCEITO,
geral; FONTES E PRINCÍPIOS.
- Policia Administrativa: são as atividades de restrições
ou condicionamentos impostos ao exercício de atividades
privadas em benefício do interesse coletivo;
- Fomento: incentivo a iniciativa privada de utilidade pú- CONCEITO E EVOLUÇÃO DO DIREITO ADMINISTRA-
blica; TIVO
- Intervenção: é toda a atividade de intervenção do Es-
tado no setor privado. O direito é tradicionalmente dividido em dois grandes
grupos: o Direito Público e o Direito Privado.
Administração Pública sob o aspecto formal, subjeti- Em linhas gerais, o ramo do direito público tem como
vo ou orgânico é o conjunto de órgãos, pessoas jurídicas e objetivo principal a regulamentação dos interesses da co-
agentes que o nosso ordenamento jurídico identifica como letividade como um todo, visa disciplinar as relações entre
administração pública, não importando a atividade que
a sociedade e o Estado, bem como definir o regramento
exerça.
das relações das entidades e órgãos estatais entre si. Neste
Assim temos que, em regra, esses órgãos, entidades e
ramo do direito, temos a prevalência dos interesses públi-
agentes públicos desempenham função administrativa, in-
cos e coletivos sobre os interesses particulares.
ternamente na estrutura administrativa.
Portanto, somente considera-se Administração Públi- Dessa maneira, quando o Estado atua na defesa dos
ca, sob análise jurídica, a organização administrativa que o interesses públicos, coloca-se em grau de superioridade
ordenamento jurídico brasileiro vigente assim o considerar, diante dos interesses de privados, sempre devendo obe-
não importando a atividade que exercer. diência a lei e respeitadas às garantias individuais consa-
A administração pública é composta exclusivamente por gradas pelo ordenamento jurídico vigente.
órgãos integrantes da administração direta, e, pelas entida- Fazem parte desse grupo de direito público as seguin-
des da administração indireta. tes áreas: o direito constitucional, administrativo, tributário,
penal, entre outros.
O REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO Na outra ponta temos o grupo dos direitos privados,
tendo como objetivo principal a regulamentação dos in-
O regime jurídico-administrativo é um regramento de teresses entre particulares, como forma de possibilitar o
direito público, sendo aplicável aos órgãos e entidades vin- convívio das pessoas da sociedade de maneira harmoniosa
culadas e que compõe a administração pública e ainda à e com urbanidade. O direito privado tem a característica
atuação dos agentes administrativos em geral. de igualdade jurídica entre as partes envolvidas em uma
Tem seu embasamento na concepção de existência de mesma lide, não havendo possibilidade de prevalência de
poderes especiais passíveis de ser exercidos pela adminis- uma parte sobre outra. São exemplos de direito privado a
tração pública, por meio de seus órgãos e entidades, e ex- área de direito civil e comercial.
teriorizados por meio de seus agentes, que por sua vez é De acordo com os ensinamentos do jurista adminis-
controlado ou limitado por imposições também especiais à trativo Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, em sua obra
atuação da administração pública, não existentes nas rela- “Curso de direito administrativo”, assim ensina:
ções de direito privado.
“O Direito é um conjunto de normas – princípios e regras
PRINCÍPIOS -, dotadas de coercibilidade, que disciplinam a vida social.
Conquanto uno, o direito se bifurca em dois grandes ramos,
A Administração Pública é a atividade do Estado exer-
submetidos a técnicas jurídicas distintas: o Direito Público e
cida pelos seus órgãos encarregados do desempenho das
o Direito Privado. Este último se ocupa dos interesses priva-
atribuições públicas. Em outras palavras é o conjunto de ór-
dos, regulando relações entre particulares. É, então, gover-
gãos e funções instituídos e necessários para a obtenção dos
objetivos do governo, ou seja, o atendimento dos anseios nado pela autonomia de vontade, de tal sorte que nele vige
sociais. o princípio fundamental de que as partes elegem as finalida-
A atividade administrativa, em qualquer dos poderes ou des que desejam alcançar, prepõem-se (ou não) a isto con-
esferas, obedece aos princípios da legalidade, impessoalida- forme desejem e servem-se para tanto dos meios que elejam
de, moralidade, publicidade e eficiência, como impõe a nor- a seu alvedrio, conquanto tais finalidades ou meios não se-
ma fundamental do artigo 37 da Constituição da República jam proibidos pelo Direito. Inversamente, o Direito Público
Federativa do Brasil de 1988, que assim dispõe em seu caput: se ocupa de interesses da Sociedade com um todo, interesses
públicos, cujo atendimento não é um problema pessoal de
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de quem os esteja a curar, mais um dever jurídico inescusável.
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe- Assim não há espaço para autonomia da vontade, que é
deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, substituída pela ideia de função, de dever de atendimento
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, tam- do interesse público”
bém, ao seguinte”.

2
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A origem do modelo atual de Direito Administrativo Assim, adotamos o que a doutrina aponta como sendo
é originário do Direito Francês. Mais do que leis que re- majoritária, mas não exclusiva, a conceituação de direito
gulassem as relações entre o Poder Público e os cidadãos, administrativo: é o conjunto de regulamentos e princípios
foi construído ao longo do tempo por obras e repertórios norteadores aplicáveis à estruturação e ao funcionamento
jurisprudenciais de um órgão (Conselho de Estado) devida- das pessoas e órgãos integrantes da administração pública,
mente encarregado de resolver as lides e contendas exis- às relações entre o Poder Público e seus agentes, ao exer-
tentes entre as duas partes. cício da função administrativa e gerencial, e principalmente
Com a devida “vênia”, novamente nos remetendo aos as relações com os seus administrados, e ainda a gestão
ensinamento do Professor Celso Antonio Bandeira de Mel- dos bens públicos, levando em consideração a finalidade
lo, temos: única de bem atender aos anseios da coletividade.

“A origem do Direito Administrativo e do órgão referido CODIFICAÇÃO


advém de eventos que assim se podem resumir. Sobrevindo a
Revolução Francesa, como o período histórico precedente era O Direito Administrativo é um dos ramos do Direito
o da Monarquia Absoluta, inexistiam disposições que subju- que não possui codificação expressa em somente um Di-
gassem ao Direito a conduta soberana do Estado em suas ploma Legal, ou seja, o Direito Administrativo diferente-
relações com os administrados. Daí que era preciso aplicar mente do que ocorre com o Direito Penal, Direito Civil, Di-
um Direito ‘novo’, ainda não legislado (ou que mal iniciava reito Tributário, não está compilado e expresso em Código
a sê-lo). É que as normas do Direito até então existente dis- propriamente dito.
ciplinavam as relações entre particulares, inadaptadas, pois, Dessa maneira, o Direito Administrativo possui sua
para reger vínculos de outra índole, ou seja: os intercorrentes base fundamentada no Direito Positivo por meio da Cons-
ente o Poder Público e os administrados, já agora submis- tituição Federal, e Leis Federais, Estaduais e Municipais, de
sos todos a uma ordem jurídica. Tais vínculos, consoante se forma esparsa.
entendia, demandavam uma disciplina específica, animada Além de sua fundamentação disposta nas diversas leis
por outros princípios, que teriam que se traduzir em normas que estabelecem normas de Direito Administrativo, é ainda
que viriam a ser qualificadas com ‘exorbitantes’ – porque necessário levar em consideração a existência de diretrizes
exorbitavam dos quadros do Direito até então conhecido, o e princípios que norteiam toda a atividade administrativa,
‘Direito Comum’. Foi o referido Conselho de Estado – insti- que também não vem expresso em um único texto legal,
tuído pelo art. 52 da Constituição de 22 Frimário do Ano VIII, constando Princípios de Direito Administrativo tanto na
isto é, de 15 de dezembro de 1799 – que, com suas decisões, Constituição Federal (artigo 37 caput), bem como nas Leis
forjou estes princípios e as concepções que se converteram Federais, Estaduais e Municipais.
no que se chama de ‘Direito Administrativo’”.
Diante de tal introdução, temos que o direito adminis- FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO
trativo é um dos ramos do Direito Público, tendo em vista
que a organização e o exercício das atividades do Estado As fontes do direito administrativo são:
são voltados para a satisfação dos interesses exclusivamen-
te públicos. - Lei;
O Direito Administrativo é, portanto, o ramo do Direito - Doutrina;
Público que disciplina o exercício da função administrativa, - Jurisprudência;
bem como das pessoas e órgãos que a desempenham. - Costumes;
Em suma, o objeto do direito administrativo abrange - Regulamentos Administrativos,
todas as relações internas da Administração Pública, entre - Estatuto;
os órgãos e entidades administrativas, uns com os outros, - Regimento;
entre a Administração e seus agentes, estatutários e cele- - Instruções;
- Tratados Internacionais.
tistas, e ainda todas as relações que envolvem a Adminis-
tração e seus Administrados, regidas principalmente pelo
A lei é norma imposta pelo Estado, é a fonte primordial
direito público, e, subsidiariamente pelo direito privado,
do direito administrativo brasileiro, tem em vista a rigidez
bem como as atividades de administração pública em sen-
de nosso ordenamento jurídico, e a necessidade da codi-
tido material devidamente exercidas por particulares sob o
ficação de maneira expressa. Importante esclarecer que o
regime de direito público.
direito administrativo brasileiro não se encontra codifica-
Cumpre esclarecer que não há definição pacífica sobre
do em somente um corpo de lei, como ocorre em outras
o conceito apresentados pela doutrina para o direito ad-
facetas do direito brasileiro, como o Código Civil, Código
ministrativo, tendo em vista que são distintos os critérios
Tributário, entre outros, o que temos sobre regras adminis-
adotados por diversos autores para a determinação do al- trativas estão articuladas, em regra gerais, na Constituição
cance desse importante ramo do direito. Federal de 1988, e ainda em uma infinidade de leis espar-
sas, o que, por consequência, resulta em certa dificuldade

3
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de uma sistematização deste importante ramo do direito federativa (federal, estadual, distrital, municipal e territorial,
brasileiro. e também quanto à finalidade, com alcance em amplo.
A doutrina é a lição dos mestres e estudiosos do di- A regra é o regulamento restrito ou de execução, en-
reito, podendo ser entendida como um conjunto de teses, quanto as demais modalidades são exceções, pois nos sis-
construções teóricas, opiniões dos doutores e dos estudio- temas constitucionais contemporâneos prevalece o princí-
sos do Direito Administrativo, resultante de atividade inte- pio da legalidade (a lei é o principal comando normativo,
lectual, formulando princípios norteadores para a continui- cabendo aos decretos regulamentares a tarefa de detalhá-
dade e aprofundamento dos estudos e teorias do Direito -las).
Administrativo, constituindo-se como fonte secundária, Assim, os regulamentos de execução são editados para
com a atribuição de influenciar a elaboração de novas leis e fiel cumprimento da lei. Já os regulamentos delegados ou
também o julgamento das lides de natureza administrativa. autorizados também dão cumprimento à à lei, mas a Cons-
A Jurisprudência é a interpretação da legislação vigen- tituição dá maior liberdade em certas matérias que normal-
te dada pelos Tribunais, verificadas a partir de reiteradas mente seriam reservadas à lei.
decisões judiciais em um mesmo sentido, solidificando o Os Estatutos são conjuntos de normas jurídicas, cujo
entendimento majoritário dos tribunais superiores. objetivo é regulamentar determinado segmento da socie-
Os costumes são o conjunto de regras e comportamen- dade. Para o Direito Administrativo, os Estatutos são di-
tos sociais não escritas, observadas e obedecidas de modo ferentes de contratos sociais, pois se referem a uma va-
semelhante e uniforme pela sociedade, são as práticas ha- riedade de normas jurídicas cuja caracteristica comum é a
bituais consideradas obrigatórias, que o juiz pode aplicar de regular as relações entre certas e determinadas pessoas
na falta de lei regulamentando determinado assunto, e os que se inter-relacionam por meio de afinidades ou carac-
Princípios Gerais do Direito são critérios maiores, às vezes teísticas peculiares. Ex. Estatuto dos Servidores Públicos
até não escritos percebidos pela lógica ou pela indução. Civis da União; Estatuto da Criança e do Adolescente, etc.
Regulamentos são atos normativos do Poder Executi- Os Regimentos são conjuntos de regras estabelecidas
vo, dotados de generalidade, impessoalidade, imperativi- para regulamentar o funcionamento de órgãos e entida-
dade e inovação. Produzidos mediante exercício do poder des administrativas. Sua principal característica é que sua
regulamentar (ou função estatal regulamentar), as formas aplicabilidade não se estende a todos os cidadãos, mas tão
mais comuns de regulamentos são os decretos regulamen- somente de forma interna.
tares, mas também podem tomar forma de resolução e Nos órgãos e entidades administrativas, os regimentos
outras modalidades, podendo desdobrar preceitos cons- são de suma importância para regulamentar as atividades ad-
titucionais de eficácia plena e de eficácia contida e atos ministrativas, determinando como se dará o funcionamento,
legislativos primários (leis complementares, leis ordinárias, os horários, os intervalos, os critérios de escalas de trabalhos,
leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e as metas a serem atingidas, objetivando principalmente o
resoluções). cumprimento da sua função pública instituída em Lei.
De acordo com os ensinamentos do Jurista Administra- As Instruções são atos administrativos expressos e
tivo Celso Antônio Bandeira de Mello, sobre os regulamen- editados por meio de ordem ou orientação expedida pelo
tos administrativos, assim conceitua: Chefe do Serviço, ou autoridade administrativa destina a
“Ato geral e (de regra) abstrato, de competência privati- boa execução das atividades administrativas para seus su-
va do Chefe do Poder Executivo, expedido com a estrita fina- bordinados, dispondo de normas disciplinares que deverão
lidade de produzir as disposições operacionais uniformiza- ser adotadas durante o funcionamento do serviço público.
doras necessárias à execução de lei cuja aplicação demande São ordens expressas com o objetivo principal de atin-
atuação da Administração Pública.” gir internamente os agentes públicos visando orientar e
Regulamentos diferenciam-se dos atos legislativos instruir a execução da atividade administrativa, de acordo
produzidos pelo Executivo, não pela matéria, mas porque com as vontades estatais.
para os legislativos exige-se ordinariamente a participação Os Tratados Internacionais nada mais é do que um
prévia ou posterior do Poder Legislativo. Embora os regu- acordo de vontades e interesses de dois ou mais sujeitos
lamentos sejam atos da Administração Pública, não se con- ou organismos de direito internacional, formalizada por
fundem com os atos administrativos propriamente ditos, meio de um texto expresso, visando a produção de seus
pois esses têm conteúdo concreto, específico e normal- efeitos jurídicos na esfera internacional. Assim, o Tratado
mente individual. Os regulamentos sempre são limitados Internacional é um instrumento jurídico pelo qual sujeitos
pelo ato normativo em face do qual são editados (especial- de direitos internacionais estipulam direitos e obrigações
mente pela Constituição e pelas leis). recíprocas entre si.
Com relação aos limites, os regulamentos podem ser
classificados em regulamento de execução ou restrito, re- PRINCÍPIOS
gulamento delegado ou autorizado, regulamento autôno-
mo, e regulamento independente. Além dos Princípios da Administração Pública previs-
Podem ainda ser classificados quanto à previsão nor- to na Constituição Federal, a doutrina administrativa adota
mativa para sua edição (espontâneo e provocado ou vin- diversos outros princípios que norteiam o Direito Adminis-
culado), quanto ao âmbito de seus efeitos (interno ou trativo e a atividade administrativa, assim elencaremos os
administrativo e externo ou geral), quanto à competência principais, senão vejamos:

4
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Princípio da Supremacia do Interesse Público: Tal Prin- te, a sua natureza e extensão são regulamentados por ato
cípio, muito embora não se encontre expresso no enuncia- unilateral do Estado, jamais criadas por disposições criadas
do do texto constitucional é de suma importância para a pelas partes. Ocorrem, através de processos técnicos de im-
atividade administrativa, tendo em vista que, em decorrên- posição autoritária da sua vontade, nos quais se estabele-
cia do regime democrático adotado pelo Brasil, bem como cem as normas adequadas e se conferem os poderes próprios
o seu sistema representativo, temos que toda a atuação do para atingir o fim estatal que é a realização do bem comum.
Poder Público seja consubstanciada pelo interesse público É a ordem natural do direito interno, nas relações com outras
e coletivo. entidades menores ou com particulares.”
Assim, para que o Estado possa atingir a finalidade
principal que lhe foi imposta pelo ordenamento jurídico, Dessa forma, pelo princípio da Supremacia do Inte-
qual seja o interesse público, é assegurada a administra- resse Público, os direitos e interesses coletivos devem se
ção pública uma série de prerrogativas, não existente no sobressair sobre os direitos particulares dos administrados,
direito privado, para que se alcance a vontade comum da pois decorre deste princípio que, na hipótese de haver um
coletividade. conflito entre o interesse público e os interesses de parti-
Neste sentido, importante salientar breve conceito ela- culares, é evidente e lógico que a vontade comum e o in-
borado pelo Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello: teresse coletivo devem prevalecer respeitados os princípios
do devido processo legal, e do direito adquirido.
“Esta posição privilegiada encarna os benefícios que a
ordem jurídica confere a fim de assegurar conveniente prote- Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público: Em
ção aos interesses públicos instrumentando os órgãos que os decorrência do princípio da indisponibilidade do interes-
representam para um bom, fácil, expedito e resguardado de- se público é vedado ao administrador da coisa pública, ao
sempenho de sua missão. Traduz-se em privilégios que lhes responsável pelo gerenciamento da máquina administrati-
são atribuídos. Os efeitos desta posição são de diversa ordem va, qualquer ato que implique em renúncia aos direitos da
e manifestam-se em diferentes campos.” administração, ou que de maneira injustificada e excessiva
onerem a sociedade.
Celso Antônio Bandeira de Mello, afirma ainda que, no A indisponibilidade dos interesses públicos sugere que
campo da Administra Pública, deste princípio do Direito sendo o interesse qualificado como sendo próprio da cole-
Administrativo decorrem os seguintes sub-princípios su- tividade, não se encontram a livre disposição de quem quer
bordinados:
que seja inclusive chefes do Poder Executivo, em qualquer
das esferas.
- Posição privilegiada do órgão encarregado de zelar
Para Celso Antônio Bandeira de Mello: “é encarecer
pelo interesse público e de exprimi-lo, nas relações com os
que na administração os bens e os interesses não se acham
particulares;
entregues à livre disposição da vontade do administrador.
Antes, para este, coloca-se a obrigação, o dever de curá-lo
- Posição de supremacia do órgão nas mesmas relações;
nos termos da finalidade a que estão adstritos. É a ordem
legal que dispõe sobre ela. Relembre-se que a Administração
- Restrições ou sujeições especiais no desempenho da
não titulariza interesses púbicos. O titular deles é o Estado,
atividade de natureza pública.
que, em certa esfera, os protege e exercita através da função
Por tal Princípio do Direito administrativo, temos que administrativa, mediante o conjunto de órgãos (chamados
o Poder Público se encontra em franca situação de autori- administração , em sentido subjetivo ou orgânico), veículos
dade, superioridade e de comando perante os particulares, da vontade estatal consagrada em lei”.
prerrogativa esta que possibilita e instrumentaliza a geren-
cia do interesse coletivo, quando postos em confronto. Dessa maneira, a administração pública deve ter sua
Esta posição de supremacia é bem explanada pelo re- ação controlada pelo povo, por meios de mecanismos cria-
nomado Jurista Oswaldo Aranha Bandeira Mello: dos pelo Estado para esta finalidade, visto que o interesse
público não pode ser disponível livremente pelo gestor da
“A manifestação da vontade do Estado, internamente, coisa pública.
se faz, de regra, de forma unilateral, tendo em vista o in-
teresse Estatal, como expressão do interesse do todo social, Princípio da Autotutela: O direito Administrativo, dian-
em contraposição a outra pessoa por ela atingida ou com te de suas prerrogativas confere à Administração Pública o
ela relacionada. E, mesmo quando as situações jurídicas se poder de corrigir de ofício seus próprios atos, revogando
formam acaso por acordo entre partes de posição hierárqui- os irregulares e inoportunos e anulando os manifestamen-
ca diferente, isto é, entre o Estado e outras entidades admi- te ilegais, respeitado o direito adquirido e indenizando os
nistrativas menores e particulares, o regime jurídico a que prejudicados, cuja atuação tem a característica de autocon-
se sujeitam é de caráter estatutário. Portanto, a autonomia trole de seus atos, verificando o mérito do ato administrati-
da vontade só existe na formação do ato jurídico. Porém, os vo e ainda sua legalidade;
direitos e deveres relativos à situação jurídica dela resultan-

5
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade: A Ad- ta desenvolvida pelo Estado para o alcance dos interesses
ministração deve agir com bom senso, de modo razoável e públicos.
proporcional à situação fática que se apresenta. De maneira subjetiva, podemos afirmar que trata-se do
A legislação proporciona ao Administrador Público conjunto de órgãos e de agentes públicos aos quais a lei
margem de liberdade para atuar durante a execução da atribui o exercício da função administrativa do Estado.
atividade administrativa, ficando limitada pelo Princípio da
Razoabilidade e Proporcionalidade a arbitrariedade admi- CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO, CONCEN-
nistrativa, sendo certo que a carência de observância a tal TRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO.
Princípio configura em abuso de poder.
Ocorre a centralização administrativa quando o Esta-
Princípio da Continuidade: Os serviços públicos não po- do exerce suas funções diretamente, por meio de seus ór-
dem parar, devendo manter-se sempre em funcionamento, gãos e agentes públicos integrantes, assim, dizemos que a
dentro das formas e períodos próprios de sua regular pres- atividade administrativa do estado é centralizada quando é
tação à coletividade, diante da importância que a execução
exercida pelo próprio Estado, ou seja, pelo conjunto orgâ-
de tais serviços públicos representa a coletividade.
nico que lhe compõe.
Assim a prestação da atividade administrativa deve ser
Ocorre a chamada descentralização administrativa
executada de forma contínua, sendo que tal Princípio in-
fluencia fortemente na determinação e limitação legal im- quando o Estado desempenha algumas de suas atribuições
posta aos servidores públicos a realização de greves, visto por meio de outras pessoas, e não pela sua administração
que os serviços públicos considerados essenciais para a co- direta. Assim, dizemos que a atividade administrativa do
letividade não poderá sofrer prejuízos em razão de greves Estado é descentralizada quando é exercida por pessoas
ou paralisações de seus agentes públicos. distintas do Estado, sendo que há transferência de com-
petência para a execução do serviço público que lhe são
pertinentes para seus auxiliares.
3 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA A descentralização é efetivada por meio de outorga
quando o estado cria, por meio de lei, uma entidade ou
DA UNIÃO; ADMINISTRAÇÃO DIRETA E
pessoa jurídica, e a ela lhe transfere determinado serviço
INDIRETA.
público.
De outro modo, a descentralização é efetivada por
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA meio de delegação quando a Administração Pública trans-
fere, mediante contrato administrativo (concessão ou per-
A organização do Estado na Constituição do brasileiro missão de serviços públicos), ou por meio de ato unilateral
é o termo referente a um conjunto de dispositivos contidos (autorização de serviços públicos), a execução do serviço.
na Constituição Federal de 1988, destinados a determinar A concentração, ou “concentração de competência”, ou
a organização político-administrativa, ou seja, das atribui- ainda “administração concentrada” é o sistema em que o
ções de cada ente da federação. superior hierárquico mais elevado é o único e exclusivo ór-
O Brasil adotou a Federação como forma de organizar gão competente para tomar decisões, ficando os seus su-
o Estado, a Federação é uma aliança de Estados para a fi- bordinados restritos e limitados às tarefas de preparação e
nalidade de formação de um único Estado, em que as uni- execução das decisões do superior hierárquico.
dades federadas preservam parte da sua autonomia políti- A desconcentração é o fenômeno, ou forma de orga-
ca, entretanto a soberania é transferida ao Estado Federal. nização administrativa, de distribuição interna de compe-
Dentro da estrutura organizacional do Estado Federal Bra-
tências. Diferentemente da descentralização, que envolve
sileiro temos as seguintes entidades federativas: A União,
sempre mais de uma pessoa jurídica de direito público, a
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
desconcentração ocorre exclusivamente dentro da estru-
Além de adotar a federação, institui-se a República que
é uma forma de organização política do Estado, na qual os tura de uma mesma pessoa jurídica.
principais agentes do poder político são escolhidos pelo Trata-se, a desconcentração, de mera técnica admi-
povo atraves do voto. nistrativa de distribuição interna de competências de uma
Dessa maneira, diante das disposições constitucional, pessoa jurídica.
o Estado Brasileiro integra a República Federativa do Brasil Ocorre desconcentração administrativa quando uma
em um orgânico único e indissolúvel, formado pelos Esta- pessoa política ou uma entidade da administração indireta
dos, Municípios e Distrito Federal, fundamentado na sobe- distribui competências no âmbito de sua própria estrutura
rania, na cidadania, na dignidade da pessoa humana, nos com a finalidade de conferir mais agilidade e eficiência a
valores sociais e no pluralismo político. prestação dos serviços.
De acordo com os ensinamentos do jurista administrativo
Hely Lopes Meirelles, organização da Administração Pública é
“todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de
serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas”.
De maneira objetiva, temos que Organização da Ad-
ministração Pública é toda a atividade concreta e imedia-

6
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ADMINISTRAÇÃO DIRETA – ENTIDADES POLÍTICAS II - Empresa Pública - a entidade dotada de personali-


dade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e
É o conjunto de órgãos que integram as pessoas po- capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração
líticas do Estado (União, estados, municípios e Distrito Fe- de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer
deral), aos quais foi atribuída competência para o exercício, por forca de contingência ou de conveniência administrativa
de maneira centralizada, de atividades administrativas, é podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em
composta por órgãos ligados diretamente ao poder cen- direito.
tral, seja na esfera federal, estadual ou municipal. III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada
A organização da Administração Pública Federal está de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei
regulamentada por meio do Decreto 200/67, que assim para a exploração de atividade econômica, sob a forma de
dispõe sobre a Administração Direta: sociedade anônima, cujas ações com direito a voto perten-
çam em sua maioria à União ou a entidade da Administra-
DECRETO-LEI Nº 200, DE 25 DE FEVEREIRO DE ção Indireta.
1967. IV - Fundação Pública - a entidade dotada de persona-
lidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada
Art. 4° A Administração Federal compreende: em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvi-
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços mento de atividades que não exijam execução por órgãos ou
integrados na estrutura administrativa da Presidência da Re- entidades de direito público, com autonomia administrativa,
pública e dos Ministérios. patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de dire-
ção, e funcionamento custeado por recursos da União e de
outras fontes.
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA – ENTIDADES ADMI- § 1º No caso do inciso III, quando a atividade for sub-
NISTRATIVAS metida a regime de monopólio estatal, a maioria acionária
caberá apenas à União, em caráter permanente.
É o conjunto de pessoas jurídicas – desprovidas de au- § 2º O Poder Executivo enquadrará as entidades da Ad-
tonomia política – que, vinculadas à Administração Direta, ministração Indireta existentes nas categorias constantes
têm a competência para o exercício, de maneira descen- deste artigo.
tralizada, de atividades administrativas. São compostas por § 3º As entidades de que trata o inciso IV deste artigo
entidades com personalidade jurídica própria, que foram adquirem personalidade jurídica com a inscrição da escritura
criadas para realizar atividades de Governo de forma des- pública de sua constituição no Registro Civil de Pessoas Jurí-
centralizada. São exemplos as Autarquias, Fundações, Em- dicas, não se lhes aplicando as demais disposições do Código
presas Públicas e Sociedades de Economia Mista. Civil concernentes às fundações.
A organização da Administração Pública Federal está
regulamentada por meio do Decreto 200/67, que assim Assim, temos doutrinariamente:
dispõe sobre a Administração Indireta:
Autarquias: É o serviço autônomo, criado por lei, com
DECRETO-LEI Nº 200, DE 25 DE FEVEREIRO DE personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para
1967. executar atividades típicas da Administração Pública, que
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão admi-
Art. 4° A Administração Federal compreende: nistrativa e financeira descentralizada.
... Trata-se de pessoa jurídica de direito público, o que
II - A Administração Indireta, que compreende as se- significa dizer que tem praticamente as mesmas prerroga-
guintes categorias de entidades, dotadas de personalidade tivas e sujeições da administração direta, entretanto, exerce
jurídica própria: suas atividades administrativas de forma descentralizada.
a) Autarquias; O seu regime jurídico pouco se diferencia do estabele-
b) Empresas Públicas; cido para os órgãos da Admininstração Direta, aparecendo,
c) Sociedades de Economia Mista. perante terceiros, como a própria Administração Pública.
d) fundações públicas. Parágrafo único. As entidades Difere da União, Estados e Municípios (pessoas pú-
compreendidas na Administração Indireta vinculam-se ao blicas políticas) por não ter capacidade política, ou seja, o
Ministério em cuja área de competência estiver enquadrada poder de criar o próprio direito, é pessoa pública adminis-
sua principal atividade. trativa, porque tem apenas o poder de auto-administração,
nos limites estabelecidos em lei.
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: Desta forma, temos que a autarquia é um tipo de ad-
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com ministração indireta que está diretamente relacionada à
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para administração central, visto que não pode legislar em rela-
executar atividades típicas da Administração Pública, que ção a si, mas deve obedecer à legislação da administração
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão admi- à qual está subordinada.
nistrativa e financeira descentralizada.

7
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

É ainda importante destacar que as autarquias possuem


bens e receita próprios, assim, não se confundem com bens 4 AGENTES PÚBLICOS: ESPÉCIES E
de propriedade da Administração direta à qual estão vincula- CLASSIFICAÇÃO; PODERES, DEVERES E
das. Igualmente, são responsáveis por seus próprios atos, não PRERROGATIVAS; CARGO, EMPREGO E
envolvendo a Administração central, exceto no exercício da
FUNÇÃO PÚBLICOS; REGIME JURÍDICO
responsabilidade subsidiária.
ÚNICO: PROVIMENTO, VACÂNCIA,
Empresa Pública: Trata-se da entidade dotada de perso- REMOÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO E
nalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e SUBSTITUIÇÃO; DIREITOS E VANTAGENS;
capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de REGIME DISCIPLINAR; RESPONSABILIDADE
atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por CIVIL, CRIMINAL E ADMINISTRATIVA.
forca de contingência ou de conveniência administrativa po-
dendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.
Sendo considerada como pessoa jurídica de direito pri- CONCEITO AGENTES PÚBLICOS
vado, cuja administração fica sob responsabilidade exclusiva-
mente pelo Poder Público, instituído por um ente estatal, com Considera-se “Agente Público” toda pessoa física que
a finalidade definida em lei específica e sendo de propriedade exerça, mesmo que de maneira temporária e transitória, com
única do Estado. ou sem remuneração, mediante eleição, nomeação, desig-
A finalidade pode ser de atividade econômica ou de pres- nação, contratação ou qualquer outra forma de investidura
tação de serviços públicos. Trata-se de pessoa jurídica que tem ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função pública.
sua criação autorizada por lei, como instrumento de ação do Conforme se pode observar do conceito de Agente Pú-
Estado, dotada de personalidade de direito privado mas sub- blico, seu sentido é amplo, englobando todas as pessoas físi-
metida a certas regras decorrente da finalidade pública, cons- cas que, de qualquer modo e a qualquer título, exercem uma
tituídas sob qualquer das formas admitidas em direito, cujo função pública, mediante remuneração ou gratuita, perma-
capital seja formado por capital formado unicamente e exclu- nente ou temporária, política ou administrativa, atuando em
sivamente por recursos públicos de pessoa de administração nome do Estado.
direta ou indireta. Pode ser Federal, municipal ou estadual. Assim, temos que o Agente Público é a pessoa natu-
ral mediante o qual a Administração Pública se manifesta e
Sociedade de Economia Mista: É a entidade dotada de atua, são competentes para exteriorizar as vontades do Es-
personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a tado, em razão de vínculos jurídicos existentes entre o Poder
exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade Público e o individuo que está exercendo função pública.
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua
maioria à União ou a entidade da Administração Indireta. ESPÉCIES.
Trata-se de uma sociedade na qual há colaboração entre
o Estado e particulares, ambos reunindo e unificando recursos - Servidores Públicos: Servidores públicos, em sentido
para a realização de uma finalidade, sempre de objetivo eco- amplo, no entender de Hely Lopes Meirelles, são todos os
nômico. A sociedade de economia mista é uma pessoa jurídica agentes públicos vinculados à Administração Pública, direta
de direito privado e não se beneficia de isenções fiscais ou de e indireta, do Estado, mediante regime jurídico estatutário
foro privilegiado. regular, geral ou peculiar, ou administrativo especial, ou, ain-
O Estado poderá ter uma participação majoritária ou mi- da, celetista, que é regido pela Consolidação das Leis do Tra-
noritária; entretanto, mais da metade das ações com direito a balho – CLT, que possui natureza profissional e empregatícia.
voto devem pertencer ao Estado. A sociedade de economia Aponta o estudioso que a classificação dos servidores
mista é do gênero de sociedade anônima, e seus funcionários públicos em sentido amplo gera divergências doutrinárias.
são regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT. Conforme a Constituição Federal, de acordo com a redação
resultante da Emenda Constitucional nº 19, denominada de
Fundação Pública: É a entidade dotada de personalida- Emenda da Reforma Administrativa, bem como da Emenda
de jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em Constitucional nº 20, os servidores públicos são classificados
virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de em quatro espécies, quais sejam: agentes políticos, servido-
atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades res públicos em sentido estrito ou estatutários, empregados
de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio públicos e os contratados por tempo determinado.
próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcio- Servidores Públicos em sentido estrito, na definição do
namento custeado por recursos da União e de outras fontes. jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, temos que são ser-
As fundações públicas são organizações dotadas de vidores públicos: “Todos aqueles que mantêm vínculo de tra-
personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucra- balho profissional com as entidades governamentais, integra-
tivos, criadas para um fim específico de interesse coletivo, dos em cargos ou empregos da União, Estados, Distrito Fede-
como educação, cultura e pesquisa, sempre merecedoras ral, Municípios, respectivas autarquias e fundações de Direito
de um amparo legal. As fundações públicas são autônomas Público. Em suma: são os que entretêm com o Estado e com as
admininstrativamente, patrimônio próprio, e funcionamen- pessoas de Direito Público da Administração indireta relação
to custeado, principalmente, por recursos do poder públi- de trabalho de natureza profissional e caráter não eventual”.
co, mesmo que sob a forma de prestação de serviços.

8
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Em outras palavras, podemos definir servidor público CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA.
como aqueles que gozam da titularidade de cargos públi-
cos de provimento efetivo ou de provimento de cargo em - Cargos públicos: Nos ensinamentos do professor e
comissão, são agentes administrativos, de caráter estatu- jurista Celso Antônio Bandeira de Mello os cargos públicos:
tário. “São as mais simples e indivisíveis unidades de competência
a serem expressadas por um agente, prevista em número
- Empregados Públicos: são aqueles que mantêm vín- certo, com denominações próprias, retribuídas por pessoas
culo funcional com a administração pública, ocupantes de jurídicas de Direito Público e criadas por lei”.
empregos públicos, sujeitando-se a regime jurídico con- Importante esclarecer que aqueles que são titulares de
tratual de trabalho, regidos especificamente pelas regras cargos públicos são submetidos ao regime estatutário, são
e normas previstas na Consolidação das Leis do Trabalho servidores públicos efetivos e/ou comissionados.
(CLT). - Empregos Públicos: para Celso Antônio Bandeira de
Mello, “São núcleos de encargos de trabalho permanentes a
serem preenchidos por agentes contratados para desempe-
- Agentes Temporários: são os particulares contrata-
nhá-los, sob relação trabalhista”.
dos pela Administração Pública com tempo de prestação
Destaca-se que os ocupantes de empregos públicos
de serviço determinado, para atender necessidades tem-
são regidos ao regime contratual, obedecidos às regras da
porárias de excepcional interesse público, são ocupantes CLT, com natureza trabalhista.
de função pública remunerada e temporária, com contrato
de trabalho regido pelas normas do Direito Público, e não - Funções Públicas: são as funções de confiança e ain-
trabalhista (CLT), mas também não possui o caráter estatu- da as funções exercidas por agentes públicos contratado
tário. É uma forma especial de prestação de serviço público por tempo certo e determinado para atender interesse de
temporário, urgente e excepcional. caráter excepcional de interesse público, não havendo a
necessidade de abertura de concurso público para tal con-
- Agentes Políticos: são os integrantes dos mais altos tratação, dada sua urgência e excepcionalidade.
graus do Poder Público, aos quais incumbe a elaboração
das diretrizes de atuação do governo, e das funções de di- DA ADMISSÃO: CONCURSO PÚBLICO
reção, orientação e fiscalização geral da atuação da Admi-
nistração Pública. A Constituição Federal prevê que é amplo o acesso aos
São Agentes Políticos: os chefes do Poder Executivo, cargos e empregos públicos aos brasileiros que cumpram
em suas diferentes esferas (Presidente da República, go- os requisitos previstos em lei, assim como aos estrangeiros
vernadores e prefeitos), seus auxiliares imediatos (Minis- (pois há cargos públicos que somente poderão ser preen-
tros e secretários estaduais ou municipais), bem como os chidos por brasileiros natos ou naturalizados), mediante a
membros do Poder Legislativo (senadores, deputados e realização e aprovação em concurso público de provas ou
vereadores); provas e títulos, exceto para a contratação de cargo de pro-
vimento em comissão, os quais são livres a nomeação e a
- Agentes Honoríficos: são os indivíduos requisitados exoneração, de acordo com a conveniência e oportunidade
ou designados para colaborarem com o Poder Público verificada pela Autoridade Administrativa.
(de maneira transitória) para a prestação de serviços es- A obrigatoriedade de concurso público é somente para
pecíficos, levado em consideração sua condição cívica, de a primeira investidura em cargo ou emprego público, isto
é, para o ingresso em cargo isolado ou no cargo inicial da
sua honorabilidade ou então pela sua notória capacidade
carreira, nas entidades estatais, suas autarquias, suas fun-
profissional. Em regra não são remunerados e não possui
dações públicas e suas paraestatais.
qualquer vinculo profissional com a Administração Pública.
O concurso é o meio técnico posto à disposição da Ad-
Exemplos de Agentes Honoríficos: Jurados, Mesários
ministração Pública para obter-se moralidade, eficiência e
eleitorais, etc. aperfeiçoamento do serviço público propiciando igualdade
de oportunidade a todos os interessados no ingresso da
- Agentes Delegados: são os particulares que recebem carreira pública, desde que atendam aos requisitos da lei,
a atribuição de exercerem determinada atividade, obra ou consoante determina a Constituição Federal.
serviço público, fazendo-o em nome próprio e por sua Após a realização do concurso segue-se o provimento
conta em risco, sob a fiscalização permanente do poder do cargo, através da nomeação do candidato aprovado.
delegante. Importante ressaltar que a exigência de aprovação pré-
Ressalta-se que não possuem caráter de servidores pú- via em concurso público implica a classificação dos candi-
blicos, nem mesmo atuam em nome da administração pú- datos e nomeação na ordem dessa classificação, haja vista
blica, são colaboradores que se sujeitam durante a presta- que não basta, pois, estar aprovado em concurso para ter
ção dos serviços públicos a responsabilidade civil objetiva. direito à investidura, visto que é necessária também é que
Exemplos de Agentes Delegados: As Concessionárias e esteja classificado e na posição correspondente às vagas
Permissionárias de serviços públicos, leiloeiros, tradutores existentes, durante o período de validade do concurso, que
públicos, etc. é de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado por igual
período, uma única vez.

9
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O concurso público deve ser realizado com observân- Provimento inicial é o que se faz através de nomeação,
cia ao tratamento impessoal e igualitário aos interessados que pressupõe a inexistência de vinculação entre a situação
e concorrentes do certame. Cumpre ressaltar que o con- de serviço anterior do nomeado e o preenchimento do cargo.
curso público deve ser provas ou provas e títulos, ou seja, Assim, tanto é provimento inicial a nomeação de pessoa estra-
não basta para a aprovação do candidato a cargos efetivos nha aos quadros do serviço público quanto a de outra que já
ou empregos públicos a análise baseada exclusivamente exercia função pública como ocupante de cargo não vinculado
em títulos ou currículos, mas sim precedidos da realização àquele para o qual foi nomeada.
de provas, objetivando aferir o melhor e mais preparado Entretanto o provimento derivado, que se faz por pro-
candidato postulante de cargo ou emprego público. moção, remoção, reintegração, readmissão, enquadramento,
As entidades estatais são livres para organizar seu pes- aproveitamento ou reversão, é sempre uma alteração na situa-
soal para o melhor atendimento dos serviços e cargos, mas ção de serviço do provido.
a organização deve ser fundamentada em lei, prevendo as Segundo a classificação aceita pelo Supremo Tribunal Fe-
devidas competências e observâncias das normas constitu- deral, as formas de provimento são:
cionais pertinentes ao funcionalismo público.
É facultado ao Poder Executivo, através de ato admi- - Originárias: não decorre de qualquer vínculo anterior en-
nistrativo extinguir cargos públicos na forma da Lei bem tre o servidor e a administração (única forma é a nomeação)
como praticar os atos de nomeação, remoção, demissão,
punição, promoção, licenças, aposentadorias, lotação e - Derivadas: decorre de vínculo anterior entre servidor e
concessão de férias. a administração (são: promoção, readaptação, reversão, apro-
A nomeação é o ato de provimento de cargo, que se veitamento, reintegração e recondução).
completa com a posse e o exercício.
A investidura do servidor no cargo ocorre efetivamen- DA VACÂNCIA DE CARGOS PÚBLICOS:
te com a posse. Por ela se conferem ao funcionário ou ao
agente político as prerrogativas, os direitos e os deveres do Ocorre a vacância quando o servidor desocupa o seu car-
cargo ou do mandato. go, ficando esse cargo a disposição da Administração Pública,
É importante salientar que sem a posse o provimen- que se utilizando das formas de provimento em cargos públi-
to não se completa, nem pode haver exercício da função cos o ocupará.
pública. É a posse que marca o início dos direitos e de- A vacância poderá ser:
veres funcionais, como, também, geram as restrições, im-
pedimentos e incompatibilidades para o desempenho de - Definitiva: mediante exoneração, demissão e falecimento.
outros cargos, funções ou mandatos.
Por isso mesmo, a nomeação regular só pode ser des- - Não definitiva (forma um novo vínculo): promoção, rea-
feita pela Administração antes de ocorrer à posse do no- daptação, aposentadoria e posse em outro cargo inacumulável.
meado. No entanto, a anulação do concurso, com a exo- Enquanto existir o cargo, como foi provido, seu titular terá
neração do nomeado, após a posse, só pode ser feita com direito ao exercício nas condições estabelecidas pelo estatuto,
observância do devido processo legal e a garantia de am- mas, caso venha a modificar a estrutura, as atribuições, os re-
pla defesa e o contraditório. quisitos para seu desempenho, são lícitas a exoneração, a dis-
O exercício do cargo é consequência natural da posse. ponibilidade, a remoção ou a transferência de seu ocupante,
Normalmente, a posse e o exercício são dados em momen- para que outro o desempenhe na forma da nova lei.
tos sucessivos e por autoridades diversas, mas casos há em Entretanto, o que não se admite é o afastamento arbitrá-
que se reúnem num só ato, perante a mesma autoridade. rio ou abusivo do titular, por ato do Poder Executivo, sem Lei
É o exercício que marca o momento em que o funcionário que o autorize, e desrespeitados o princípio do devido proces-
passa a desempenhar formalmente e de acordo com a lei so legal, suprimindo o direito a ampla defesa e contraditório,
suas funções e ainda adquire direito às vantagens do cargo constituindo em arbitrariedade e, consequentemente, abuso
e à contraprestação pecuniária devida pelo Poder Público. de poder.
Com a posse, o cargo fica provido e não poderá ser
ocupado por outrem, mas o provimento só se completa DA REMOÇÃO:
com a entrada em exercício do nomeado. Se este não o faz
na data prevista, a nomeação e, assim, consequentemente, Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido próprio
a posse tornam-se ineficazes, o que, devendo assim ser de- servidor ou de ofício por interesse da Administração Pública,
clarada, pela autoridade competente, a vacância do cargo. no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
A remoção para outra localidade poderá ocorrer a pedido
DO PROVIMENTO: do servidor, independentemente do interesse da Administra-
ção quando for para acompanhar cônjuge ou companheiro,
Ato administrativo no qual o cargo público é preenchi- também servidor público, que foi deslocado no interesse da
do, podendo ser provimento efetivo ou em comissão. Administração, por motivo de saúde do servidor, cônjuge,
Assim, provimento é o ato pelo qual se efetua o preen- companheiro ou dependente, desde que comprovada à ne-
chimento do cargo público, com a designação de seu titu- cessidade da medida por junta médica oficial.
lar. O provimento pode ser originário ou inicial e derivado.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

REDISTRIBUIÇÃO: - Dois cargos de professor;


- De um cargo de professor com outro cargo técnico
Redistribuição é o deslocamento de cargo de pro- ou científico, e;
vimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro - De dois cargos ou empregos privativos de profissio-
geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo nais de saúde, com profissões regulamentadas.
Poder, com prévia apreciação do órgão central.
Para que seja possível a redistribuição de servidor é É ainda possível a acumulação remunerada de cargos
necessário: constante do texto constitucional, sendo permitido acumu-
- interesse da administração; lar nos casos de servidor eleito a vereador (art. 38, III); per-
missão para juízes de direito cumulativamente exercerem
- equivalência de vencimentos;
o magistério (art. 95, parágrafo único) e ainda permissão
- manutenção da essência das atribuições do cargo;
para que os membros do Ministério Público possam exercer
- vinculação entre os graus de responsabilidade e com- cumulativamente o magistério (artigo 128, § 5º, inciso II, “d”).
plexidade das atividades;
- mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habi- ESTABILIDADE E ESTÁGIO PROBATÓRIO:
litação profissional;
- compatibilidade entre as atribuições do cargo e as Nos termos do artigo 41 da Constituição Federal, te-
finalidades institucionais do órgão ou entidade. mos que transcorrido o lapso temporal de 3 (três) anos de
exercício subsequentes à nomeação do servidor público,
SUBSTITUIÇÃO: este goza de estabilidade, sendo certo que para sua aqui-
sição é necessária e obrigatória a efetiva avaliação especial
Os servidores investidos em cargo ou função de dire- de desempenho, por uma comissão formada especialmen-
ção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Espe- te para tal fim.
cial terão substitutos indicados no regimento interno ou, Assim, para que o servidor público esteja apto a gozar
no caso de omissão, previamente designado pelo dirigente de sua estabilidade é necessário o preenchimento de qua-
máximo do órgão ou entidade. tro requisitos cumulativos:
O servidor substituto assumirá automática e cumula- - aprovação em concurso público;
tivamente, sem prejuízo do cargo que ocupa o exercício - nomeação para cargo público efetivo;
- três anos de efetivo exercício no cargo público, e;
do cargo ou função de direção ou chefia e os de Natureza
- aprovação em avaliação especial de desempenho jul-
Especial, nas hipóteses de afastamentos, impedimentos le-
gada por comissão instituída para tal finalidade.
gais ou regulamentares do servidor titular e na vacância do
cargo, hipóteses em que deverá optar pela remuneração A estabilidade de servidor público é o direito de não
de um deles durante o respectivo período. ser desligado de suas ocupações públicas, senão em virtu-
Nos termos da Lei o substituto fará jus à retribuição de de sentença judicial transitada em julgado e realização
pelo exercício do cargo ou função de direção ou chefia ou de processo administrativo, observado a garantia constitu-
de cargo de Natureza Especial, nos casos dos afastamentos cional da ampla defesa e do contraditório.
ou impedimentos legais do titular, superiores a trinta dias Cumpre ressaltar que, apesar de divergência doutriná-
consecutivos, paga na proporção dos dias de efetiva subs- ria, em nenhuma hipótese o servidor ocupante de cargo
tituição, que excederem o referido período. em comissão terá direito a estabilidade, e tampouco, os
empregados públicos, seja qual for o órgão ou entidade
DA PROIBIÇÃO DE ACUMULAÇÃO DE CARGOS E que esteja vinculado.
EMPREGOS PÚBLICOS REMUNERADO.
DISPONIBILIDADE:
Objetivando evitar abusos, e com finalidade de mora-
lizar as atividades estatais, o legislador constituinte cuidou Pela disponibilidade, temos que o servidor público
em estabelecer vedações a acumulação remunerada de estável é colocada em inatividade remunerada, até que o
mesmo seja aproveitado adequadamente em outro cargo,
cargos, funções e empregos públicos, tanto na esfera da
com proventos proporcionais ao seu tempo de prestação
Administração Direta como na Administração indireta e a
de serviços.
ela correlatas, conforme dispõe o artigo 37, em seus incisos Isto ocorre quando o servidor público estável tem seu
XVI e XVII, excetuando-se as ressalvas expressas na Carta cargo extinto ou declarado desnecessário, assim, com tal
Magna que admite excepcionalmente as acumulações re- extinção do cargo que ocupava, a Constituição Federal
muneradas, desde sejam compatíveis entre si nos horários conferiu o direito de o servidor estável aguardar inativa-
e obedecidos o teto remuneratório. mente e sendo remunerado sua recolocação nos quadros
Para tanto a Constituição Federal arrolou expressa- funcionais da Administração Pública, podendo ocorrer ain-
mente os cargos passíveis de acumulação remunerada, da na hipótese de reintegração de outro servidor (cuja exo-
quais são: neração foi revista judicialmente), seja desalojado do cargo
que ocupava sem ter uma cargo de origem para retornar
a ele.

11
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

DA APOSENTADORIA E PROVENTOS: DAS VANTAGENS:

É garantido constitucionalmente que o servidor públi- Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as
co titular de cargo efetivo ingresse no regime de previdên- seguintes vantagens:
cia de caráter contributivo, lhe garantindo aposentadoria e
proventos em condições especiais. Indenizações: constituem vantagens por indenização:
O regime de previdência que estão submetidos os
servidores públicos de cargo efetivo é um regime próprio, - ajuda de custo: A ajuda de custo destina-se a com-
com peculiaridades, diferente do regime geral a que estão pensar as despesas de instalação do servidor que, no inte-
sujeitos os demais trabalhadores, não só da iniciativa pri- resse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com
vada regulamentado pela CLT, mas também os servidores mudança de domicílio em caráter permanente, vedado o
ocupantes de cargo em comissão, função temporária e em- duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, no
prego público. caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também
Proventos é a designação técnica relativa aos valores a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede.
pecuniários devidos aos servidores inativos, podendo esta-
rem aposentados ou disponíveis. - diárias: O servidor que, a serviço, afastar-se da sede
A aposentadoria pode ocorrer em três hipóteses: em caráter eventual ou transitório para outro ponto do ter-
ritório nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e
- Voluntária; diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas ex-
traordinárias com pousada, alimentação e locomoção ur-
- Compulsória por idade, e; bana, conforme dispuser em regulamento.

- Por acidente em serviço, ou doença grave ou então - transporte: Conceder-se-á indenização de transporte
incurável (especificada em lei), ou então decorrente de in- ao servidor que realizar despesas com a utilização de meio
validez originária de causas diversas das situações anterio- próprio de locomoção para a execução de serviços exter-
res. nos, por força das atribuições próprias do cargo, conforme
se dispuser em regulamento.
DOS DIREITOS:
- auxílio-moradia: O auxílio-moradia consiste no ressar-
Vencimentos: Vencimento é a retribuição pecuniária cimento das despesas comprovadamente realizadas pelo
pelo exercício de cargo público, com valor fixado em lei. servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospe-
dagem administrado por empresa hoteleira, no prazo de um
Remuneração: Remuneração é o vencimento do cargo mês após a comprovação da despesa pelo servidor.
efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes
estabelecidas em lei. Gratificações e Adicionais: Além do vencimento e das
vantagens serão deferidos aos servidores as seguintes gra-
Férias: O servidor terá direito a trinta dias de férias, que tificações e adicionais:
podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no
caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses - Retribuição pelo exercício de função de direção, che-
em que haja legislação específica. Para o primeiro perío- fia e assessoramento: Ao servidor ocupante de cargo efe-
do aquisitivo de férias serão exigidos 12 (doze) meses de tivo investido em função de direção, chefia ou assessora-
exercício. mento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza
Especial é devida retribuição pelo seu exercício.
Licenças: O servidor terá direito a concessão das se-
guintes licenças: - Gratificação natalina: A gratificação natalina corres-
- por motivo de doença em pessoa da família; ponde a 1/12 (um doze avos) da remuneração a que o ser-
- por motivo de afastamento do cônjuge ou compa- vidor fizer jus no mês de dezembro, por mês de exercício
nheiro; no respectivo ano.
- para o serviço militar;
- para atividade política; - Adicional pelo exercício de atividades insalubres,
- para capacitação; perigosas ou penosas: Os servidores que trabalhem com
- para tratar de interesses particulares; habitualidade em locais insalubres ou em contato perma-
- para desempenho de mandato classista. nente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de
vida, fazem jus a um adicional sobre o vencimento do car-
Do Direito de Petição: É assegurado ao servidor o direi- go efetivo.
to de requerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade
ou interesse legítimo. e de periculosidade deverá optar por um deles. O direito
O requerimento será dirigido à autoridade competen- ao adicional de insalubridade ou periculosidade cessa com
te para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a a eliminação das condições ou dos riscos que deram causa
que estiver imediatamente subordinado o requerente. a sua concessão.

12
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- Adicional pela prestação de serviço extraordinário: O - cumprir as ordens superiores, exceto quando mani-
serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de festamente ilegais;
50% (cinquenta por cento) em relação à hora normal de
trabalho. - atender com presteza:
Somente será permitido serviço extraordinário para a) ao público em geral, prestando as informações re-
atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado queridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada. b) à expedição de certidões requeridas para defesa de
direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
- Adicional noturno: O serviço noturno, prestado em c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
horário compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de
um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora - levar as irregularidades de que tiver ciência em ra-
acrescido de 25% (vinte e cinco por cento), computando-se zão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou,
cada hora como cinquenta e dois minutos e trinta segun- quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhe-
dos. cimento de outra autoridade competente para apuração;

- Adicional de férias: Independentemente de solicita- - zelar pela economia do material e a conservação do


ção, será pago ao servidor, por ocasião das férias, um adi- patrimônio público;
cional correspondente a 1/3 (um terço) da remuneração do
período das férias. - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
- Gratificação por encargo de curso ou concurso: A - manter conduta compatível com a moralidade admi-
Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso é devida nistrativa;
ao servidor que, em caráter eventual:
- ser assíduo e pontual ao serviço;
- atuar como instrutor em curso de formação, de de-
senvolvimento ou de treinamento regularmente instituído
- tratar com urbanidade as pessoas;
no âmbito da administração pública federal;
- representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de
- participar de banca examinadora ou de comissão
poder.
para exames orais, para análise curricular, para correção de
provas discursivas, para elaboração de questões de provas
Das Proibições: As proibições são condutas vedadas
ou para julgamento de recursos intentados por candidatos;
ao servidor público, em virtude das atribuições de seu car-
- participar da logística de preparação e de realização go, assim são proibidos aos servidores:
de concurso público envolvendo atividades de planeja-
mento, coordenação, supervisão, execução e avaliação de - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
resultado, quando tais atividades não estiverem incluídas prévia autorização do chefe imediato;
entre as suas atribuições permanentes;
- retirar, sem prévia anuência da autoridade competen-
- participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de te, qualquer documento ou objeto da repartição;
exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar
essas atividades. - recusar fé a documentos públicos;

REGIME DISCIPLINAR: - opor resistência injustificada ao andamento de docu-


mento e processo ou execução de serviço;
O Regime Disciplinar compreende os deveres, proibi-
ções e penalidades em caso de cometimento pelo servi- - promover manifestação de apreço ou desapreço no
dor de infração administrativa ou funcional, em virtude das recinto da repartição;
atribuições previstas em Lei.
- cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos ca-
Dos Deveres: Os deveres são condutas obrigatórias sos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja
aos servidores públicos, impostas em virtude das atribui- de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
ções funcionais inerentes aos cargos públicos que ocupam.
Assim, são deveres do servidor: - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filia-
rem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido
- exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; político;

- ser leal às instituições a que servir; - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o se-
- observar as normas legais e regulamentares; gundo grau civil;

13
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá
outrem, em detrimento da dignidade da função pública; o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva,
sendo que a obrigação de reparar o dano estende-se aos
- participar de gerência ou administração de sociedade sucessores e contra eles será executada, até o limite do va-
privada, personificada ou não personificada, exercer o co- lor da herança recebida.
mércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou coman- Essa responsabilidade é subjetiva, pois leva em consi-
ditário; deração o grau de culpabilidade do agente causador do
- atuar, como procurador ou intermediário, junto a re- dano, ao contrário da responsabilidade da administração
partições públicas, salvo quando se tratar de benefícios pre- que é objetiva.
videnciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau,
e de cônjuge ou companheiro; Responsabilidade penal – A responsabilidade penal
abrange os crimes e contravenções imputadas ao servidor,
- receber propina, comissão, presente ou vantagem de
nessa qualidade.
qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
Decorre da conduta ilícita praticada pelo servidor pú-
blico que a Lei Penal tipifica como infração penal.
- aceitar comissão, emprego ou pensão de estado es-
Os principais crimes contra a administração estão pre-
trangeiro;
vistos artigos 312 a 326 do Código Penal Brasileiro.
- praticar usura sob qualquer de suas formas; Responsabilidade administrativa – quando o servidor
pratica um ilícito administrativo, bem como o desatendi-
- proceder de forma desidiosa; mento de deveres funcionais. Essas práticas ilícitas poderão
redundar na responsabilidade administrativa do servidor,
- utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em que após apuração por meio de sindicância e processo
serviços ou atividades particulares; administrativo, sendo culpado, será punido com medidas
disciplinares administrativas.
- cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo Importante ressaltar que a responsabilidade adminis-
que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; trativa do servidor será afastada no caso de absolvição cri-
minal que negue a existência do fato ou sua autoria.
- exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis
com o exercício do cargo ou função e com o horário de tra- DAS PENALIDADES:
balho;
Administrativamente, o servidor público poderá sofrer
- recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando punições disciplinares em virtude de prática de infrações
solicitado. administrativas.
Na aplicação das penalidades serão consideradas a na-
RESPONSABILIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO tureza e a gravidade da infração cometida, os danos que
dela provierem para o serviço público, as circunstâncias
O servidor público no exercício de suas atribuições pode agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais,
ser responsabilizado, pela prática de ato ilícito, nas esferas sendo que o ato de imposição da penalidade mencionará
administrativa, civil ou penal. sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.
O Servidor poderá sofrer sanção de forma cumulativa, ou
As penalidades administrativas, para serem impostas
seja, o mesmo ato pode ser punido por uma sanção civil, pe-
e aplicadas aos servidores públicos deverão ser precedi-
nal e administrativa, sendo totalmente independente entre si.
das de sindicância ou processo administrativo, garantido
ao servidor acusado ampla defesa e contraditório, a fim
Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, pe-
nal ou administrativamente por dar ciência à autoridade su- de apurar regulamente por meio do devido processo legal
perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a a incidência da conduta infracional e a sua autoria, sendo
outra autoridade competente para apuração de informação certo que nenhuma punição disciplinar administrativa será
concernente à prática de crimes ou improbidade de que te- imposta sem antes ocorrer o procedimento administrativo
nha conhecimento, ainda que em decorrência do exercício adequado.
de cargo, emprego ou função pública.
São penalidades disciplinares:
Responsabilidade Civil – A responsabilidade civil decorre
de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte - Advertência: A advertência será aplicada por escrito,
em prejuízo ao erário ou a terceiros. nos casos de violação de proibições funcionais de menor
O servidor público é obrigado a reparar o dano causado gravidade, e de inobservância de dever funcional previsto
à administração pública ou a terceiro, em decorrência de sua em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifi-
conduta dolosa ou culposa, praticada de forma omissiva ou que imposição de penalidade mais grave.
comissiva, mediante o direito de regresso.

14
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- Suspensão: A suspensão será aplicada em caso de


reincidência das faltas punidas com advertência e de vio- 5 PODERES ADMINISTRATIVOS: PODER
lação das demais proibições que não tipifiquem infração
HIERÁRQUICO; PODER DISCIPLINAR;
sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de
90 (noventa) dias. PODER REGULAMENTAR; PODER DE
Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o POLÍCIA; USO E ABUSO DO PODER.
servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submeti-
do a inspeção médica determinada pela autoridade com-
petente, cessando os efeitos da penalidade uma vez cum-
prida a determinação. DOS PODERES ADMINISTRATIVOS
Quando houver conveniência para o serviço, a critério
da Administração Pública, a penalidade de suspensão po- A Administração é dotada de poderes ou prerrogativas
derá ser convertida em multa, na base de 50% (cinquenta instrumentais que garantem o efetivo desempenho de suas
por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando atribuições que lhe são legalmente definidas.
o servidor obrigado a permanecer em serviço. Os poderes administrativos são o conjunto de prerro-
gativas que a Administração Pública possui para alcançar os
- Demissão: É a retirada coercitiva do servidor público fins almejados pelo Estado, tais poderes são inerentes à Ad-
dos quadros funcionais da Administração Pública. É a perda ministração Pública para que esta possa proteger o interesse
do cargo público que o servidor ocupava, trata-se do desli- público. Encerram prerrogativas de autoridade, as quais, por
gamento do servidor das atividades por ele exercida com a isso mesmo, só podem ser exercidas nos limites da lei.
consequente perda de cargo público o qual era titular, pela Muito embora a expressão poder pareça apenas uma
prática de infração administrativa de maior gravidade não faculdade de atuação da Administração Pública, o fato é
punida com Advertência ou Suspensão. que os poderes administrativos envolvem não uma mera
faculdade de agir, mas sim um dever de atuar diante das
A demissão será aplicada nos seguintes casos: situações apresentadas ao Poder Público.
Trata-se, portanto, de um poder-dever, no sentido de
- crime contra a administração pública; que a Administração Pública deve agir, na medida em que
- abandono de cargo; os poderes conferidos ao Estado são irrenunciáveis. Enten-
- inassiduidade habitual; de-se dessa maneira a noção de deveres administrativos
- improbidade administrativa; oriundos da obrigação do Poder Público em atuar, utilizan-
- incontinência pública e conduta escandalosa, na re- do-se dos poderes e prerrogativas atribuídos mediante lei.
partição; O dever de agir está ligado à própria noção de prer-
- insubordinação grave em serviço; rogativas públicas garantidas ao Estado, que enseja, por
- ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, consequência, outros deveres: dever de eficiência, dever de
salvo em legítima defesa própria ou de outrem; probidade, dever de prestar contas, dever de dar continui-
- aplicação irregular de dinheiros públicos; dade nos serviços públicos, entre outros.
- revelação de segredo do qual se apropriou em razão
do cargo; PODER HIERÁRQUICO
- lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio
nacional; O Poder Hierárquico é o poder de que dispõe o Execu-
- corrupção; tivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos e
- acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções a atuação de seus agentes, estabelecendo assim a relação
públicas; de subordinação.
Importante esclarecer que hierarquia caracteriza-se
- Cassação de aposentadoria ou disponibilidade: Será pela existência de níveis de subordinação entre órgãos e
cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo agentes públicos, sempre no âmbito de uma mesma pes-
que houver praticado, na atividade, falta punível com a de- soa jurídica. Assim, podemos verificar a presença da hierar-
missão. quia entre órgãos e agentes na esfera interna da Adminis-
tração Direta do Poder Executivo, ou então hierarquia entre
- Destituição de cargo em comissão ou Destituição de órgãos e agentes internamente de uma fundação pública.
função comissionada: A destituição de cargo em comissão Caracterizam-se pelo poder de comando de agentes
exercido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada administrativos superiores sobre seus subordinados, con-
nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão tendo a prerrogativa de ordenar, fiscalizar, rever, delegar
e de demissão. tarefas a seus subordinados.
É o poder que dispõe o Executivo para distribuir e or-
ganizar as funções de seus agentes e órgãos, estabelecen-
do relação de subordinação entre seus servidores, tal su-
bordinação, vale destacar, é de caráter interno, somente é
aplicável dentro da própria Administração Pública.

15
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A hierarquia estabelece uma ordem de importância ge- O regulamento, portanto, constitui-se em um conjunto de
rando forma às relações de coordenação e de subordinação normas que orientam a execução de uma determinada matéria.
entre os agentes públicos, adquirindo assim uma relação de Diante de tais conceitos podemos concluir que o regula-
subordinação escalonada objetivando a ordem das ativida- mento é a explicitação da lei em forma de decreto executivo,
des administrativas. não se inscrevendo como tal os decretos autônomos, até
Para a preservação do princípio hierárquico é indis- porque não há em nosso ordenamento jurídico o instituto
pensável mencionar que o descumprimento de ordem de dos regulamentos autônomo com força de lei, cuja compe-
superior hierárquico constitui-se em ato ilícito, passível de tência de edição fica sob a responsabilidade do Chefe do
punição administrativa e penal. Assim o servidor público su- Poder Executivo.
balterno deve estrita obediência às ordens e demais instru-
ções legais de seus superiores. PODER DE POLÍCIA:

PODER DISCIPLINAR A partir da Constituição Federal e das leis em nosso or-


denamento jurídico, foi conferido uma série de direitos aos
O Poder Disciplinar é o poder de punir internamente cidadãos, que por sua vez, tem o seu pleno exercício vincu-
não só as infrações funcionais dos servidores, sendo indis- lado com o bem estar social.
pensável à apuração regular da falta, mas também as infra- Assim, é por meio do Poder de Polícia que a Adminis-
ções de todas as pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e tração limita o exercício dos direitos individuais e coletivos
serviços da Administração. com o objetivo de assegurar a ordem pública, estabelecen-
Decorre da supremacia especial que o Estado exerce do assim um nível aceitável de convivência social, esse poder
sobre todos aqueles que se vinculam à Administração. também pode ser denominado de polícia administrativa.
O Poder Disciplinar não pode ser confundido ainda com É o poder deferido ao Estado, necessário ao estabele-
o Poder Hierárquico, porém a ele está vinculado e é correla- cimento das medidas que a ordem, a saúde e a moralidade
to. Pelo descumprimento do poder hierárquico o subalter- pública exigem. O princípio norteador da aplicação do Poder
no pode ser punido administrativa ou judicialmente. de Polícia é a predominância do interesse público sobre o
É assim a aplicação do poder disciplinar, a faculdade do interesse privado.
hierarca de punir administrativamente o subalterno, den- O Poder de Polícia resume-se na prerrogativa conferida
tro dos limites legais, dessa faculdade de punir verifica-se a a Administração Pública para, na forma e nos limites legais,
existência, mesmo que mínima, da discricionariedade admi- condiciona ou restringe o uso de bens, exercício de direitos
nistrativa, pois há análise de conveniência e oportunidade. e a pratica de atividades privadas, com o objetivo de prote-
Também não se confunde com o poder punitivo do Es- ger os interesses gerais da coletividade.
tado, que é realizado através do Poder Judiciário e é apli- Assim, é a atividade do Estado que consiste em limitar o
cado com finalidade social, visando à repressão de crimes e exercício dos direitos individuais em benefício do interesse
contravenções devidamente tipificados nas leis penais. público.
O poder disciplinar é exercido como faculdade puniti- Mesmo sendo considerado como poder discricionário
va interna da Administração Pública e por isso mesmo só da Administração, o Poder de Polícia é controlado e limi-
abrange as infrações relacionadas com o serviço público. tado pelo ordenamento jurídico que regulam a atuação da
Em se tratando de servidor público, as penalidades dis- própria Administração, isto porque o Estado deve sempre
ciplinares vêm definidas dos respectivos Estatutos. perseguir o interesse público, mas sem que haja ofensa aos
Cumpre ressaltar que a atuação do Poder Disciplinar deve direitos individuais garantidos por lei.
obedecer necessariamente aos princípios informativos e cons- Dessa forma, podemos concluir que o Poder de Polícia
titucionais da Administração, entre eles o princípio da legalida- é um poder de vigilância, cujo objetivo maior é o bem-estar
de e o princípio da motivação, aos quais se anexa ao princípio social, impedindo que os abusos dos direitos pessoais pos-
da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal. sam ameaçar os direitos e interesses gerais da coletividade.
Decorre, portanto do Poder de Polícia, a aplicação de
PODER REGULAMENTAR sanções para fazer cumprir suas determinações, fundamen-
tadas na lei, e assim, diversas são as sanções passíveis de
O Poder Regulamentar é o poder inerente e privativo aplicação, previstas nas mais variadas e esparsas leis admi-
do Chefe do Poder Executivo, indelegável a qualquer su- nistrativas, que podem ser aplicadas no âmbito da atividade
bordinado, trata-se do poder atribuído ao chefe do Poder de polícia administrativa.
Executivo para editar atos, com o objetivo de dar fiel cum-
primento ás leis. Poder de Polícia Administrativa:
Temos por regulamento como ato normativo, expedido O Poder de Polícia Administrativa tem o objetivo prin-
através de decreto, com o fim de explicar o modo e a forma cipal da manutenção da ordem pública em geral, atuando
de execução da lei, ou prover situações não disciplinadas em situações em que é possível a prevenção de possíveis
em lei, importante destacar que o regulamento não tem a cometimentos de infrações legais, entretanto, poderá atuar
capacidade e a competência de inovar o direito previsto em tanto preventivamente como de forma repressiva, porém,
lei, não cria obrigações, apenas explica e detalha o direito, em ambos os casos, a atuação da Polícia Administrativa tem
e, sobretudo, uniformiza procedimentos necessários para o a finalidade de evitar e impedir comportamentos dos indiví-
cumprimento e execução da lei. duos que possam causar prejuízos para a sociedade.

16
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O Poder de Polícia Administrativa visa à proteção es- Características do Poder de Polícia:


pecífica de valores sociais, vedando a práticas de condutas A doutrina administrativa majoritária considera as princi-
que possam ameaçar a segurança pública, a ordem pública, pais características do Poder de Polícia:
a tranquilidade e bem estar social, saúde e higiene coletiva, - Autoexecutoriedade: Constitui prerrogativa aos atos
a moralidade pública, entre outras. emanados por força do poder de polícia a característica au-
Importante esclarecer que o poder de polícia adminis- toexecutória imediatamente a partir de sua edição, isso ocorre
trativa incide sobre atividades e sobre bens, não diretamente porque as decisões administrativas trazem em si a força neces-
sobre os cidadãos, haja vista que não existem sanções apli- sária para a sua auto execução.
cadas decorrentes do poder de polícia administrativa que Os atos auto-executórios do Poder de Polícia são aqueles
impliquem em restrição ao direito de liberdade das pessoas que podem ser materialmente implementados pela adminis-
como detenção e prisão. tração, de maneira direta, inclusive mediante o uso de força,
Assim, várias são as sanções decorrentes do poder de caso seja necessário, sem que a Administração Pública precise
polícia administrativa, tais como: multa administrativa; de- de uma autorização judicial prévia.
molição de construções irregulares; apreensão de mercado- A autoexecutoriedade dos atos administrativos fundamen-
rias com entrada irregular no território nacional; interdição ta-se na natureza pública da atividade administrativa, em razão
de estabelecimento comerciais que estão em desacordo desta, atendendo o interesse público, assim, a faculdade de
com a lei; embargos administrativos a obras, entre outras. revestimento do ato administrativo pela característica da au-
to-execução de seus próprios atos se manifesta principalmente
Poder de Polícia Judiciária: pela supremacia do interesse coletivo sobre o particular.
A Polícia Judiciária desenvolve e executa atividades de
caráter repressivo e ostensivo, ou seja, possui o dever de re- - Coercibilidade: Trata-se da imposição coercitiva das de-
primir atividades infratoras a lei por meio da atuação policial cisões adotadas pela Administração Pública, objetivando a ga-
em caráter criminal, com sua consequente captura daqueles rantia do cumprimento, mesmo que forçado, do ato emanado
que infringirem a lei penal. mediante o Poder de Polícia.
Assim, a Polícia Judiciária atua em defesa dos preceitos
Cumpre esclarecer que todo ato de Polícia tem caráter
estabelecidos no Código Penal Brasileiro, com foco em sua
imperativo e obrigatório, ou seja, temos a possibilidade de a
atuação nas atividades consideradas crime pela lei penal,
administração pública, de maneira unilateral, criar obrigações
tendo características e prerrogativas ostensivas, repressivas
para os administrados, ou então impor-lhes restrições.
e investigativas.
Dessa forma, não existe ato de polícia de cumprimento fa-
A atuação da Polícia Judiciária incide sobre as pessoas,
cultativo pelo administrado, haja vista que todo o ato adotado
sendo exercido pelos órgãos especializados do Estado como
com fundamento no Poder de Polícia admite a coerção estatal
a Polícia Civil e a Polícia Militar, sendo certo que tais atividades
repressoras e ostensivas objetiva auxiliar o Poder Judiciário, para fim de torná-lo efetivo, sendo certo que tal coerção inde-
em sua atividade jurisdicional, na aplicação da lei em casos pende de prévia autorização judicial.
concretos, fornecendo o conjunto probatório suficiente para
condenar ou absolver o cidadão apresentado a Justiça Pública. - Discricionariedade: Os atos discricionários são aqueles
que a Administração Pública pode praticar com certa liberda-
Diferenças entre Polícia Administrativa e Polícia Ju- de de escolha e decisão, sempre dentro dos termos e limites
diciária: legais, quanto ao seu conteúdo, seu modo de realização, sua
Diante dos conceitos e explicações acima formuladas, oportunidade e conveniência administrativa.
passamos a identificar as principais diferenças entre a atua- Dessa maneira, na edição de um ato discricionário, a legis-
ção da policia administrativa e a polícia judiciária. lação outorga ao agente público certa margem de liberdade de
A Polícia Administrativa é regida pelas normas do Direi- escolha, diante da avaliação de oportunidade e conveniência
to Administrativo, sendo considerada infração administrati- da prática do ato.
va a não observância aos preceitos normativos constantes
das normas e regulamentos administrativos, enquanto que Limites do Poder de Polícia:
a polícia judiciária é regulamentada pelas normas do Direito Muito embora a Discricionariedade seja característica do
Penal e Processual Penal. ato emanado com fundamento no Poder de Polícia, a lei impõe
A atividade de polícia administrativa é executada pelos alguns limites quanto à competência, à forma e aos fins alme-
órgãos e agentes públicos escalonados e mantidos pela Ad- jados pela Administração Pública, não sendo o Poder de Polícia
ministração Pública, a polícia judiciária por sua vez tem suas um poder absoluto, visto que encontra limitações legais.
atividades executadas privativamente por organizações es- Não podemos perder de vista que toda a atuação admi-
pecializadas no combate e repressão a pratica criminosa, ou nistrativa, seja em que esfera for, deve obediência ao princípio
seja, pela Polícia Civil e Polícia Militar. administrativo constitucional da Legalidade, devidamente pre-
As penalidades no caso da polícia administrativa inci- visto no artigo 37 da Constituição Federal.
dem exclusivamente em produtos e serviços, enquanto as Assim, toda atuação administrativa pautada dentro dos
penalidades previstas para a atuação da polícia judiciária re- limites legais, seja quanto à competência do agente que exe-
caem sobre pessoas, podendo em alguns casos ocorrer em cutou a atividade administrativa ou então a forma em que foi
face de apreensão de produtos, desde que sejam de origem realizada, será considerada um ato legal e legítimo, desde que
criminosa. atenda o interesse coletivo.

17
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

De outra forma, o ato administrativo que for praticado


com vícios de competência, ilegalidades, ilegitimidades, ou 6 ATO ADMINISTRATIVO: VALIDADE,
ainda que contrariem o interesse público, será considerado EFICÁCIA; ATRIBUTOS; EXTINÇÃO,
um ato ilegal, praticado com abuso ou desvio de poder. DESFAZIMENTO E SANATÓRIA;
Os limites impostos à atuação do poder de polícia se
CLASSIFICAÇÃO, ESPÉCIES E
destinam a vedar qualquer manifestação administrativa re-
EXTERIORIZAÇÃO; VINCULAÇÃO E
vestida de arbitrariedade e ilegalidade por parte do agente
público, sendo certo que todo e qualquer ato administra- DISCRICIONARIEDADE.
tivo poderá ser levado a analise de legalidade pelo Poder
Judiciário, que tem o poder jurisdicional de anular ato ile-
CONCEITO:
gal ou ilegítimo.
Atos administrativos são espécies do gênero “ato jurídico”,
ABUSO DE PODER
ou seja, são manifestações humanas, voluntárias, unilaterais e
destinadas diretamente à produção de efeitos no mundo jurí-
O exercício ilegítimo das prerrogativas conferidas pelo
dico.
ordenamento jurídico à Administração Pública caracteriza
de modo genérico, o denominado abuso de poder. De acordo com os ensinamentos do jurista Celso Antônio
Dessa maneira, o abuso de poder ocorre diante de uma Bandeira de Mello, ato administrativo pode ser conceituado
ilegitimidade, ou, diante de uma ilegalidade, cometida por como: “declaração do Estado (ou de quem lhe faça às vezes –
agente público no exercício de suas funções administrati- como, por exemplo, um concessionário de serviço público), no
vas, o que nos autoriza a concluir que o abuso de poder é exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante provi-
uma conduta ilegal cometida pelo agente público, e, por- dências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cum-
tanto, toda atuação fundamentada em abuso de poder é primento, e sujeitas a controle de legitimidade por órgão jurisdi-
ilegal. cional”.
Importante destacar que é plenamente possível o Segundo o conceito formulado por Hely Lopes Meirelles,
abuso de poder assumir tanto a forma comissiva, quanto temos que: “ato administrativo é toda manifestação unilateral de
à omissiva, ou seja, o abuso tanto pode ocorrer devido a vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade,
uma ação ilegal do agente público, quanto de uma omis- tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar,
são considerada ilegal. extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administra-
O abuso de poder pode ocorrer de duas maneiras, dos ou a si própria”.
quais sejam: excesso de poder ou desvio de poder. Para Maria Sylvia Di Pietro, ato administrativo pode ser de-
finido como: “a declaração do Estado ou de quem o represente,
- Excesso de Poder: Ocorre quando o agente público produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob re-
atua fora dos limites de sua competência, ou seja, o agente gime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Judiciário”.
público não tinha a competência funcional prevista em lei Dessa forma, temos que é por meio do ato administrativo
para executar a atividade administrativa. que a função administrativa se concretiza, sendo toda a exterio-
rização da vontade do Estado, executada pelos agentes públi-
- Desvio de Poder: Ocorre quando a atuação do agen- cos, objetivando alcançar o interesse coletivo.
te é pautada dentro dos seus limites de competência, mas Portanto, ato administrativo é a manifestação ou declara-
contraria a finalidade administrativa que determinou ou ção da Administração Pública, editada pelo Poder Público, atra-
autorizou a sua atuação. vés de seus agentes, no exercício concreto da função adminis-
trativa que exerce, ou de quem lhe faça às vezes, sob as regras
de direito público, com a finalidade de preservar e alcançar os
interesses da coletividade, passível de controle Jurisdicional.

REQUISITOS E ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO:

A doutrina administrativa é pacífica em apontar cinco re-


quisitos básicos, ou elementos dos atos administrativos: compe-
tência, finalidade, forma, motivo e objeto.
Além dos requisitos elaborados pela doutrina administra-
tiva, aplicam-se aos atos administrativos os requisitos gerais de
todos os atos jurídicos perfeitos, como agente capaz, objeto líci-
to e forma prescrita ou não proibida em lei.
Trata-se de requisitos fundamentais para a validade do
ato administrativo, pois o ato que for editado ou praticado em
desacordo com o que o ordenamento jurídico estabeleça para
cada requisito, será, via de regra, um ato nulo.

18
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Competência: O requisito da Competência pode ser Forma: é o modo de exteriorização do ato administrati-
definido como o poder legal conferido ao agente público vo. Todo ato administrativo, em princípio, deve ser formal, e
para o desempenho regular e específico das atribuições de a forma exigida pela lei quase sempre é escrita, em atendi-
seu cargo. mento inclusive ao princípio constitucional de publicidade.
A competência é a condição primeira de validade do A forma, ou formalidade é o conjunto de exteriorida-
ato administrativo, onde deve haver uma análise sobre a des que devem ser observadas para a regularidade do ato
incidência ou não da capacidade específica e legalmente administrativo. Assim, temos que todo ato administrativo
definida para a prática do ato. é formal, pelo que sua falta resulta, necessariamente, na
Importante observar que a noção de competência do inexistência do ato administrativo.
agente, na esfera do Direito Administrativo, alcança, além A forma do ato administrativo pode ser entendido em
do agente, também o órgão do Estado que ele representa. dois sentidos, no amplo e no estrito.
Dessa forma, conclui-se que competência é prerroga- Em sentido amplo, a forma do ato administrativo é o
tiva do Estado, exercitada por seus agentes, respeitada a procedimento previsto em lei para a prática regular do ato.
hierarquia e distribuição constitucional de atribuições. Seu sentido estrito refere-se ao conjunto de requisitos
A competência é um elemento, ou requisito, sempre formais que devem constar no próprio ato administrativo,
vinculado, ou seja, não há possibilidade de escolha na de- de acordo com suas formalidades próprias.
terminação da competência para a prática de um ato, ten-
do em vista que tal vinculação decorre de lei. Motivo: É a causa imediata do ato administrativo, é a
Para os estudos sobre o requisito da competência do situação fática, ou jurídica, que determina ou possibilita a
ato administrativo, se mostra necessário e oportuno men- atuação administrativa, razão pela qual todo ato adminis-
cionar a existência das figuras da avocação de competên- trativo deve ser motivado, assim temos que o motivo é ele-
cia e a delegação de competência. mento integrante do ato.
A avocação é o ato mediante o qual o superior hie- O motivo do ato administrativo não se traduz apenas
rárquico traz para si o exercício temporário de certa com- como um elemento, mas também como um pressuposto
petência atribuída por lei a um subordinado, devendo ser objetivo do ato em si, pois o motivo que deu origem ao
medida excepcional e de caráter precário, sendo que a avo- Ato Administrativo tornou-se regra jurídico-administrativa
cação não será possível quando se tratar de competência obrigatória.
exclusiva do subordinado. Diante da possibilidade legal de controle externo do
A delegação, doutro modo é o ato mediante o qual ato administrativo (exercido pelo Poder Judiciário e Poder
o superior hierárquico delega para seu subordinado ou a Legislativo) analisando a legalidade e legitimidade dos
outro órgão, competência que lhe pertence, também tem atos, a doutrina administrativa formulou a teoria dos mo-
a característica de ser temporário e revogável a qualquer tivos determinantes, que vincula a realização do ato ad-
momento, devendo seguir os limites previstos em lei, ministrativo com os motivos que o originaram, sendo certo
Nos casos em que houver avocação ou delegação de que o ato deve ser praticado por agente competente e de
competência não se verifica a transferência da titularidade acordo com as determinações legais.
da competência, apenas o seu exercício. Importante salien- A teoria dos motivos determinantes vincula a existên-
tar que o ato de delegação ou avocação de competência é cia e a pertinência dos motivos (fáticos e legais) à efetiva
discricionário e revogável a qualquer momento. realização do ato, demonstrando os motivos que declarou
Quando o agente público ou órgão atua fora, ou além, como causa determinante a prática do ato.
de sua esfera de competência, temos presente então uma Dessa maneira, caso seja comprovada a não ocorrên-
das figuras de abuso de poder, ou excesso de poder, que, cia do motivo ou a situação declarada como determinante
nem sempre está obrigado à anulação do ato, visto que o para a prática do ato, ou então a inadequação entre a si-
vício de competência admite convalidação, salvo quando tuação ocorrida e o motivo descrito na lei, o ato será nulo.
se tratar de competência em razão da matéria ou de com- Não se pode confundir Motivo com Motivação, visto
petência exclusiva. que Motivação é a declaração expressa dos motivos que
Finalidade: Ao editar determinado ato administrativo, o determinaram e justificaram a prática do ato administra-
Poder Público deve perseguir o interesse público. É o obje- tivos.
tivo principal que a Administração Pública pretende alcan-
çar com a prática do ato administrativo. Objeto: O objeto é o próprio conteúdo material do
Dessa maneira a finalidade do ato deve ser sempre o ato. O objeto do ato administrativo identifica-se com o seu
interesse da coletividade e a finalidade específica prevista conteúdo, por meio do qual a administração manifesta sua
em lei para aquele ato da administração. vontade, ou simplesmente atesta situações preexistentes.
Sendo requisito de validade do ato, é nulo qualquer De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, o ob-
ato praticado visando exclusivamente o interesse privado, jeto do ato administrativo “é aquilo que o ato dispõe, isto é,
ou seja, o desatendimento a qualquer das finalidades do o que o ato decide, enuncia, certifica, opina ou modifica na
ato administrativo configura vício insanável, com a obriga- ordem jurídica”
tória anulação do ato. O vício de finalidade é denomina- Pode-se dizer que o objeto do ato administrativo é a
do pela doutrina como desvio de poder, configurando em própria alteração na esfera jurídica que o ato provoca, é o
uma das modalidades do abuso de poder. efeito jurídico imediato que o ato editado produz.

19
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS: Visando a segurança jurídica aos administrados, o atri-
buto da tipicidade garante que o ato administrativo deve
Entende-se por atributos as qualidades ou caracterís- corresponder a figuras previamente estabelecidas pelo or-
ticas dos atos administrativos, uma vez que requisitos dos denamento jurídico vigente.
atos administrativos constituem condições de observância
obrigatória para a sua validade, os atributos podem ser en- EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO:
tendidos como as características dos atos administrativos.
Os atributos dos atos administrativos citados pelos O ato administrativo vigente permanecerá produzindo
principais autores são: presunção de legitimidade; impera- seus efeitos no mundo jurídico até que algo capaz de alte-
tividade; autoexecutoriedade e tipicidade. rar essa condição ocorra.
Uma vez publicado e eivado de vícios, terá plena vigên-
Presunção de Legitimidade: A presunção de legitimi- cia e deverá ser cumprido, em atendimento ao atributo da
dade, ou legalidade, é a única característica presente em
presunção de legitimidade, até o momento em que ocorra
todos os atos administrativos.
formalmente a sua extinção, por meio da Anulação ou Re-
Assim, uma vez praticado o ato administrativo, ele se
vogação do Ato Administrativo.
presume legítimo e, em princípio, apto para produzir os
O desfazimento do ato administrativo poderá ser re-
efeitos que lhe são inerentes, cabendo então ao adminis-
trado a prova de eventual vício do ato, caso pretenda ver sultante do reconhecimento de sua ilegitimidade, de vícios
afastada a sua aplicação, dessa maneira verificamos que o em sua formação, ou então poderá ser declarada a falta de
Estado, diante da presunção de legitimidade, não precisa necessidade de sua validade.
comprovar a regularidade dos seus atos. Neste sentido o Supremo Tribunal Federal (STF) edi-
Dessa maneira, mesmo quando eivado de vícios, o ato tou a Súmula 473 que assim garante: A administração pode
administrativo, até sua futura revogação ou anulação, tem anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
eficácia plena desde o momento de sua edição, produzin- tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
do regularmente seus efeitos, podendo inclusive ser execu- revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
tado compulsoriamente. respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.
Imperatividade: Pelo atributo da imperatividade do ato Assim, o ato administrativo é considerado extinto
administrativo, temos a possibilidade de a administração quando ocorrer as principais formas de extinção.
pública, de maneira unilateral, criar obrigações para os ad-
ministrados, ou então impor-lhes restrições. Revogação: é modalidade de extinção de ato admi-
Importante esclarecer que nem todos os atos adminis- nistrativo que ocorre por razões de oportunidade e con-
trativos são revestidos de imperatividade, mas, da mesma veniência da Administração Pública, atendido o interesse
forma que ocorre relativamente à presunção de legitimi- coletivo.
dade, os atos acobertados pela imperatividade podem, em A Administração Pública pode revogar um ato quan-
princípio, ser imediatamente impostos aos particulares a do entender que, embora se trate de um ato válido, que
partir de sua edição. atenda a todas as prescrições legais, não atende adequa-
damente ao interesse público no caso concreto.
Autoexecutoriedade: O ato administrativo possui força Assim, temos que a revogação é a retirada, do mundo
executória imediatamente a partir de sua edição, isso ocor- jurídico, de um ato válido, mas que, por motivos de oportu-
re porque as decisões administrativas trazem em si a força
nidade e conveniência (discricionariedade administrativa),
necessária para a sua auto execução.
tornou-se inoportuno ou inconveniente a sua manutenção.
A autoexecutoriedade dos atos administrativos funda-
Importante esclarecer que a medida de revogação de
menta-se na natureza pública da atividade administrativa,
ato administrativo é ato exclusivo e privativo da Adminis-
cujo principal objetivo é o atendimento ao interesse pú-
blico. tração Pública que praticou o ato revogado. Assim, o Poder
Assim, a faculdade de revestimento do ato adminis- Judiciário em hipótese alguma poderá revogar um ato ad-
trativo pela característica da autoexecução de seus atos se ministrativo editado pelo Poder Executivo ou Poder Legis-
manifesta principalmente pela supremacia do interesse co- lativo. Tal imposição decorre do Princípio da Autotutela do
letivo sobre o particular. Estado em revogar seus próprios atos, de acordo com sua
Os atos autoexecutórios são aqueles que podem ser vontade.
materialmente implementados pela administração, de ma- O ato revogatório não retroage para atingir efeitos
neira direta, inclusive mediante o uso de força, caso seja passados do ato revogado, apenas impedindo que este
necessário, sem que a Administração Pública precise de continue a surtir efeitos, assim, temos que a revogação do
uma autorização judicial prévia. ato administrativo opera com o efeito “ex nunc”, ou seja,
os efeitos da revogação não retroagem, passando a gerar
Tipicidade: Para a Profª. Maria Sylvia Di Pietro, a tipi- seus regulares efeitos a partir do ato revogatório.
cidade é: “o atributo pelo qual o ato administrativo deve
corresponder a figuras definidas previamente pela lei como
aptas a produzir determinados resultados”.

20
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Anulação: ocorre quando um ato administrativo estiver Por defeitos sanáveis temos aqueles cujos vícios são
eivado de vícios, relativos à legalidade ou legitimidade. relativos à competência quanto à pessoa que editou o ato,
Assim que os vícios forem identificado pela própria Ad- desde que não se trate de hipótese de competência exclu-
ministração Pública, esta poderá anulá-lo de ofício. É possi- siva, e ainda quando ocorrer vício quanto a forma, desde
vel ainda que algum cidadão identifique os vícios e ilegali- que a lei não considere a forma um elemento do ato es-
dades do ato administrativo e comunique a Administração sencial à validade do mesmo.
Pública, que poderá anulá-lo. A convalidação pode incidir sobre atos vinculados e
A anulação do ato administrativo quando estiver com atos discricionários, pois não se trata de controle de méri-
vícios de ilegalidade ou ilegitimidade poderá ocorrer ainda to, mas sim de legalidade e legitimidade, relativos a vícios
por decisão fundamentada do Poder Judiciário. Entretan- do ato administrativo sanável, cuja análise recai sobre os
to, o Poder Judiciário não poderá atuar de oficio, deverá elementos de competência e forma, pois, caso a analise
aguardar a impetração de medida judicial por qualquer in- fosse feita sobre os elementos de motivo ou objeto, o con-
teressado na anulação do ato. trole seria no mérito administrativo do ato.
O controle de legitimidade ou legalidade deverá ocor-
rer em sua forma, nunca em relação ao mérito do ato ad- CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS:
ministrativo.
Importante esclarecer que nem todo ato administrativo Atos Gerais e Atos Individuais: Os atos administrati-
que estiver com vício de legalidade ou legitimidade deverá vos gerais caracterizam-se por não possuir destinatários
obrigatóriamente ser anulado, antes deve ser verificado se diretos e determinados, apresentam apenas situações nor-
tal vício é sanável ou insanável. Assim, quando se verifi- mativas aplicáveis a todos os administrados e hipóteses
car que trata-se de um vício insanável, a anulação do ato fáticas que se enquadrem nos casos descritos de forma
deve ser obrigatória, entretanto, quando se tratar de um abstrata.
vício sanável, o ato poder ser anulado ou convalidado, de Assim, é possível dizer que tais atos possuem como
acordo com a discricionariedade conferida à Administração característica a generalidade e abstração.
Pública, que irá efetuar análise de oportunidade e conve-
Os atos administrativos individuais são aqueles que
niência da manutenção dos efeitos do ato administrativo.
possuem destinatário final certo e determinado, produzin-
A anulação age retroativamente, ou seja, todos os efei-
do seus efeitos de maneira direta e concreta e de forma
tos provocados pelo ato anulado também são nulos, daí
individualizada, seja constituindo ou declarando situações
surge o denominado efeito “ex tunc”, que significa dizer
jurídico-administrativa particulares. O ato individual pode
justamente que, com a anulação, os efeitos do ato retroage
ter um único destinatário – ato singular – ou então diver-
desde a sua origem.
sos destinatários, desde que determinados e identificados
– atos plúrimos.
SANATÓRIA OU CONVALIDAÇÃO DOS ATOS ADMI-
NISTRATIVOS:
Atos Internos e Atos Externos: Atos administrativos in-
Temos como regra geral que, os atos administrativos ternos, são aqueles destinados a produzir efeito somente
quando eivados de vícios de legalidade ou legitimidade no âmbito da Administração Publica, atingindo de forma
devem ser anulados. Entretanto, algumas hipóteses de vi- direta e exclusiva seus órgãos e agentes.
cios de legalidade dão origem a atos administrativos mera- Atos administrativos externos são os que atingem os
mente anuláveis, ou seja, atos que, a critério da Adminstra- cidadãos administrados de forma geral, criando direitos
ção Pública poderão ser anulados ou então convalidados. ou obrigações gerais ou individuais, declarando situações
Desta forma, convalidar um ato administrativo é cor- jurídicas. Para esses atos é necessário que haja a publi-
rigi-lo ou regularizá-lo, desde que não acarretem lesão os cação em imprensa oficial, como condição de vigência e
interesse público nem mesmo prejuízo a terceiro, assim, eficácia do ato.
verificados as condições acima, os atos que apresentarem
defeitos sanáveis, ou passíveis de correção, poderão ser Atos Simples, Complexo e Composto: Ato adminis-
convalidados pela Própria Administração Pública. trativo simples é aquele que decorre de uma única ma-
Temos, portanto, que para a possibilidade de conva- nifestação de vontade, de um único órgão, unipessoal ou
lidação de ato administrativo, é necessário atender as se- mediante apreciação de colegiado. Assim, o ato simples
guintes condições: esta completo somente com essa manifestação, não de-
pendendo de outra, seja concomitante ou posterior, para
- O defeito seja sanável; que seja considerado perfeito, não dependendo ainda de
manifestação de outros órgãos ou autoridades para que
- O ato convalidado não poderá acarretar lesão ao in- possa produzir seus regulares efeitos.
teresse público; Ato administrativo complexo é o que necessita, para
sua formação e validade, da manifestação de vontade de
- O ato convalidado não poderá acarretar prejuízos a dois ou mais órgãos, ou autoridades, diferentes.
terceiros.

21
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Ato administrativo composto é aquele cujo conteúdo Muito embora apresentem interesses de ambas as
resulta de manifestação de um só órgão, mas a sua edição partes, externando a manifestação de vontades entre a ad-
ou a produção de seus regulares efeitos dependem de ou- ministração e o administrado, o ato administrativo negocial
tro ato que o aprove. A atribuição desse outro ato é sim- possui natureza unilateral, visto que são editados pela Ad-
plesmente instrumental, visando a autorizar a prática do ministração Pública, sob as normas do direito público, assim,
ato principal, ou então conferir eficácia a este. Ressalta-se a vontade do destinatário não é relevante para a formação
que o ato acessório ou instrumental em nada altera o con- do ato negocial, visto que necessita apenas de provocação, e
teúdo do ato principal. depois a aceitação da vontade externada pelo Poder Público.
São atos negociais: a licença; autorização; permissão;
Ato Válido, Ato Perfeito e Ato Eficaz: Ato válido é o que aprovação; admissão; homologação e a dispensa.
está em total conformidade com o ordenamento jurídico
vigente, atendendo as exigências legais e regulamentares Atos enunciativos: São todos aqueles em que a Admi-
impostas para que sejam validamente editadas, não con-
nistração se limita a certificar ou a atestar um fato, ou emitir
tendo qualquer vício ou defeito, irregularidades ou ilega-
uma opinião sobre determinado assunto, constantes de re-
lidades.
gistros, processos e arquivos públicos, sendo sempre, por
Ato administrativo perfeito é o qual está pronto, aca-
isso, vinculados quanto ao motivo e ao conteúdo.
bado, que já esgotou e concluiu o seu ciclo, foram exau-
ridas todas as etapas de formação, já esgotaram todas as Segundo Hely Lopes de Meirelles temos que “aos atos
fases necessárias para a sua produção. enunciativos embora não contenham uma norma de atua-
Ato administrativo eficaz é aquele que já está disponí- ção, nem ordenem a atividade administrativa interna, nem
vel e apto a produzir seus regulares efeitos, sendo capaz de estabeleçam uma relação negocial entre o Poder Público e
atingir sua plenitude e alcance. o particular, enunciam, porém, uma situação existente, sem
qualquer manifestação de vontade da Administração”.
ESPÉCIES: Não há, no ato enunciativo, o estabelecimento de uma
relação jurídica, justamente por não conter uma manifesta-
Segundo a doutrina majoritária administrativa, pode- ção de vontade do Poder Público, mas sim enunciando um
mos agrupar os atos administrativos em 5 cinco espécies: fato ja existente.
São atos enunciativos: a certidão; o atestado e o parecer.
Atos normativos: São aqueles que contêm um coman-
do geral do Executivo visando ao cumprimento de uma lei. Atos punitivos: São aqueles que contêm uma sanção im-
Podem apresentar-se com a característica de generalidade posta pela lei e aplicada pela Administração, visando a punir
e abstração (decreto geral que regulamenta uma lei), ou as infrações administrativas e condutas irregulares de servi-
individualidade e concreção (decreto de nomeação de um dores ou de particulares perante a Administração.
servidor). Possuem o objetivo, de acordo com os ensinamentos
São atos normativos: o decreto; o regimento; e a re- de Hely Lopes de Meirelles “de unir e reprimir as infrações
solução. administrativas ou a conduta irregular dos servidores ou dos
particulares perante a Administração”.
Atos ordinatórios: São os que visam a disciplinar o fun- Pode-se concluir então que os atos punitivos podem ser
cionamento da Administração e a conduta funcional de externos, quando aplicados aos administrados; e internos,
seus agentes. São ordinatórios os atos administrativos que quando aplicados aos servidores da própria administração.
disciplinam e regram o funcionamento dos órgãos da Ad-
São atos punitivos externos: multa; interdição de ativi-
ministração Pública e orientam os rocedimentos adotados
dades; destruição de coisas; demolição administrativa; a cas-
pelos agentes públicos.
sação e o confisco.
De acordo com Hely Lopes de Meirelles: “são aqueles
São atos punitivos internos: o afastamento preventivo
que só atuam no âmbito interno das repartições e só alcan-
çam os servidores hierarquizados à chefia que os expediu. de servidor investigado; advertência; suspensão; demissão e
Não obrigam aos particulares, nem aos funcionários subor- a cassação de aposentadoria.
dinados a outras chefias.”
Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expe- VINCULAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE:
didos por chefes de serviços aos seus subordinados. Logo,
não obrigam aos particulares. Os atos vinculados são os que a Administração Públi-
São atos ordinatórios: as instruções; as circulares; os ca pratica sem qualquer margem de liberdade de decisão,
avisos; as portarias; as ordens de serviço; os ofícios e os tendo em vista que a lei previamente determinou a única
despachos. medida possível de ser adotada sempre que se configure a
situação objetiva descrita em lei.
Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma Os atos discricionários são aqueles que a Administração
declaração de vontade da Administração apta a concretizar Pública pode praticar com certa liberdade de escolha e de-
determinado negócio jurídico ou a deferir certa faculdade cisão, sempre dentro dos termos e limites legais, quanto ao
ao particular, nas condições impostas ou consentidas pelo seu conteúdo, seu modo de realização, sua oportunidade e
Poder Público. conveniência administrativa.

22
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Dessa maneira, na edição de um ato vinculado a ad- Celso Antônio Bandeira de Mello ainda complementa
ministração Pública não dispõe de nenhuma margem de seu conceito afirmando que:
decisão, sendo que o comportamento a ser adotado pelo “É toda atividade de oferecimento de utilidade ou co-
Administrador está regulamentado em lei, enquanto na modidade material destinada à satisfação da coletividade
edição de um ato discricionário, a legislação outorga ao em geral, mas fruível singularmente pelos administrados,
agente público determinada margem de liberdade de es- que o Estado assume como pertinente a seus deveres e pres-
colha, diante da avaliação de oportunidade e conveniência ta por si mesmo ou por quem lhe faça às vezes, sob um re-
da prática do ato. gime de Direito Público – portanto, consagrador de prerro-
Neste sentido, oportuno esclarecer a expressão “Mé- gativas de supremacia e de restrições especiais -, instituído
rito Administrativo”. O mérito do ato administrativo não em favor dos interesses definidos como públicos no sistema
é considerado requisito para a formação do ato, mas tem normativo”.
implicações com o motivo e o objeto do ato, e consequen-
temente, com as suas condições de validade e eficácia. Segundo o jurista Hely Lopes de Meirelles, serviço pú-
O mérito administrativo consubstancia-se, portanto, blico é:
na valoração dos motivos e na escolha do objeto do ato,
feitas pela Administração incumbida de sua prática quando “Todo aquele prestado pela Administração ou por seus
autorizada a decidir sobre a conveniência, oportunidade e delegados, sob normas e controle estatal, para satisfazer
justiça do ato a realizar. necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou
O merecimento é aspecto pertinente apenas aos atos simples conveniência do Estado”.
administrativos praticados no exercício de competência
discricionária. Nos atos vinculados não há que se falar em Para a Profª. Maria Sylvia ZanellaDi Prieto é necessário
mérito, visto que toda a atuação do Poder Executivo se re- o entendimento de serviços públicos sob a ótica de dois
sume no atendimento das imposições legais. Quanto ao elementos, ‘subjetivo’ e ‘formal’, senão vejamos seu posi-
mérito administrativo a Administração decide livremente, cionamento:
e sem possibilidade de correção judicial, salvo quando seu
proceder caracterizar excesso ou desvio de poder. “O elemento subjetivo, porque não mais se pode con-
siderar que as pessoas jurídicas públicas são as únicas que
prestam serviços públicos; os particulares podem fazê-lo por
7 SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITO, delegação do poder público, e o elemento formal, uma vez
CLASSIFICAÇÃO, REGULAMENTAÇÃO E que nem todo serviço público é prestado sob regime jurídico
exclusivamente público”.
CONTROLE; FORMA, MEIOS E REQUISITOS;
DELEGAÇÃO: CONCESSÃO, PERMISSÃO, Assim, verifica-se que, nas mais variadas concepções
AUTORIZAÇÃO. jurídicas acerca do conceito de “serviço público”, pode-
mos facilmente definir os pontos em comum e aceitar, de
maneira ampla que serviço público é como o conjunto de
todas as atividades exercidas pelo Estado ou delegados,
CONCEITO: sob o regime jurídico de direito público, ou seja, a ativida-
de jurisdicional, atividade de governo, atividade legislativa,
Inicialmente, devemos elucidar que a Constituição Fe- prestação de serviço público, colocados a disposição da
deral de 1988 não conceitua “serviço público”, e tampouco coletividade.
temos no ordenamento jurídico pátrio, em leis esparsas, De outra forma, estudando o conceito de “serviço
seu significado legal. público”, mas sob análise mais restritiva, temos que são
Dessa maneira temos que ficou sob os cuidados da todas as prestações de utilidade ou comodidades mate-
doutrina administrativa elaborar seu significado, entretan- riais efetuadas diretamente e exclusivamente ao povo, seja
to, não existe um conceito doutrinário consensual de “ser- pela administração pública ou pelos delegatários de ser-
viço público”. viço público, voltado sempre à satisfação dos interesses
Nos ensinamentos do Prof. Celso Antônio Bandeira de coletivos.
Mello, temos o conceito de serviço público como: O objetivo da Administração Pública, no exercício de
“Certas atividades (consistentes na prestação de utilida- suas atribuições, é de garantir à coletividade a prestação
de ou comodidade material) destinada a satisfazer a cole- dos serviços públicos de maneira tal que possa correspon-
tividade em geral, são qualificadas como serviços públicos der aos anseios da coletividade, atingindo diretamente o
quando, em dado tempo, o Estado reputa que não convém interesse público, devendo o Poder Público disciplinar a
relegá-las simplesmente a livre iniciativa; ou seja, que não é aplicação dos recursos materiais (orçamentários), visando
socialmente desejável fiquem tão só assujeitadas à fiscaliza- à aplicação no desenvolvimento de programas de quali-
ção e controles que exerce sobre a generalidade das ativida- dade e produtividade, treinamento e desenvolvimento,
des privadas.” modernização e otimização da prestação dos serviços pú-
blicos.

23
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

CLASSIFICAÇÃO públicos, identifica-se a presença de mais quatros, que nor-


teia e orienta a prestação dos serviços colocados a disposi-
A doutrina administrativa majoritária assim classifica os ção da coletividade, quais são: o Princípio da Continuidade
serviços públicos: do Serviço Público; Princípio da Mutabilidade do Regime
Jurídico e o Princípio da Igualdade dos Usuários do Serviço
Serviços de Utilidade Pública - Serviços de utilida- Público, e ainda o Princípio do Aperfeiçoamento.
de pública são os que a Administração, reconhecendo sua
conveniência para os membros da sociedade, presta-os Princípio da Continuidade do Serviço Público: O servi-
diretamente ou autoriza para que sejam prestados por ter- ço público deve ser prestado de maneira continua o que
ceiros (concessionários, permissionários ou autorizatários), significa dizer que não é passível de interrupção. Isto ocor-
nas condições regulamentadas pela lei e sob seu controle, re justamente pela própria importância de que o serviço
mas por conta e risco dos prestadores, mediante remune- público se reveste diante dos anseios da coletividade.
ração dos usuários. Ex.: os serviços de transporte coletivo, É o princípio que orienta sobre a impossibilidade de
energia elétrica, telefone. paralisação, ou interrupção dos serviços públicos, e o pleno
direito dos administrados a que não seja suspenso ou in-
Serviços próprios do Estado - são aqueles que se re- terrompido, pois se entende que a continuidade dos servi-
lacionam intimamente com as atribuições do Poder Públi- ços públicos é essencial a comunidade, não podendo assim
co, tais como segurança, polícia, higiene e saúde públicas sofrer interrupções.
etc, e para a execução dos quais a Administração usa da Diante de tal princípio temos o desdobramento de ou-
sua supremacia sobre os administrados e seus próprios re- tros de suma importância para o “serviço público”, quais
cursos materiais e pessoais. são: qualidade e regularidade, assim como com eficiência
Característica dos serviços próprios do Estado é que e oportunidade.
não podem ser delegados a particulares. Tais serviços, por
sua essencialidade, geralmente são gratuitos ou de baixa Princípio da Mutabilidade do Regime Jurídico: É aquele
que reconhece para o Estado o poder de mudar de forma
remuneração.
unilateral as regras que incidem sobre o serviço público,
tendo como objetivo a adaptação às novas necessidades,
Serviços impróprios do Estado - são os que não afe-
visando o equilíbrio na relação contratual econômico-fi-
tam substancialmente as necessidades da comunidade,
nanceira, satisfazendo o interesse geral à máxima eficácia.
mas satisfazem interesses comuns de seus membros, assim
Em atenção ao Princípio da Mutabilidade do Regime
entendido como comodidades, e, por isso, a Administração
Jurídico dos Serviços Públicos, temos a lição da Profª. Maria
os presta remuneradamente, por seus órgãos ou entidades
Sylvia Zanella Di Prieto, que assim leciona:
descentralizadas (Ex.: autarquias, empresas públicas, socie-
“Nem os servidores públicos, nem os usuários de serviço
dades de economia mista, fundações governamentais), ou públicos, nem os contratados pela Administração têm direi-
delega sua prestação. to adquirido à manutenção de determinado regime jurídico;
o estatuto dos funcionários pode ser alterado, os contratos
Serviços Gerais ou “uti universi” - são aqueles que a também podem ser alterados ou mesmo reincididos unilate-
Administração presta sem ter usuários determinados, tão ralmente para atender ao interesse público; o aumento das
somente para atender à coletividade como um todo. Ex.: tarifas é feito unilateralmente pela Administração, sendo de
polícia, iluminação pública, calçamento. aplicação imediata”.

Serviços Individuais ou “uti singuli” - são os que Justamente por vincular-se o regime jurídico dos con-
têm usuários determinados ou determináveis e sua utiliza- tratos administrativos de concessão e permissão de ser-
ção pelos particulares e mensurável para cada destinatário. viços públicos aos preceitos de Direito Público, com suas
Ex.: o telefone, a água e a energia elétrica domiciliares. cláusulas exorbitantes, e ainda em presença da necessida-
de constante da adaptação dos serviços públicos ao inte-
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DOS SERVIÇOS PÚBLI- resse coletivo, torna-se necessária e razoável a possibilida-
COS: de de alteração, ou mudança do regime de execução dos
serviços, objetivando adequar aos interesses coletivos.
A relevância e a prevalência do interesse coletivo so-
bre o interesse de particulares informam os princípios que Princípio da igualdade dos usuários dos serviços públi-
orientam a disposição e organização do funcionamento cos: Constituição Federal diz que todos são iguais perante
dos serviços públicos. Importante ressaltar que, a figura a lei e, desta forma, não podemos ser tratados de forma
principal no serviço público não é seu titular, nem mesmo injusta e desigual, assim, não se pode restringir o acesso
o prestador dele, mas sim o usuário dos serviços. aos benefícios dos serviços públicos para os sujeitos que se
Além dos princípios gerais do Direito Administrati- encontrarem em igualdade de condições.
vo, tanto os princípios expressos na Constituição Federal, Diante de tal princípio temos o desdobramento de dois
como também os implícitos, presentes em toda a atividade aspectos da Igualdade dos Usuários de Serviços públicos:
administrativa, especificamente na prestação dos serviços

24
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- A Universalidade que significa dizer que o serviço pú- Dessa maneira, tanto poderá a administração pública,
blico deve ser prestado em benefício de todos os sujeitos por meios próprios prestar os serviços públicos, como po-
que se encontram em equivalente situação. derá promover-lhes a prestação conferindo a entidades ex-
ternas a administração seu cumprimento e execução.
- A Neutralidade, que significa dizer que é impossível Entidades externas podem ser assim entendidas como
dar qualquer tipo de privilégios que forem incompatíveis os particulares estranhos aos quadros da administração pú-
com o princípio da isonomia. Logo são “impossíveis” van- blica e ainda a administração indireta. Dessa forma, poderá
tagens individuais fundadas em raça, sexo, credo religioso, o Poder Público conferir autorização, permissão ou con-
time de futebol e etc. cessão de serviços públicos, como formas de sua execução.

Princípio do Aperfeiçoamento: Temos o aperfeiçoa- Concessão de serviços públicos: É a delegação de ser-


mento como uma constante evolução da sociedade, dessa viços públicos feita pelo poder concedente mediante licita-
forma, e simplesmente por isso, é que no serviço público ção na modalidade concorrência à pessoa que demonstre
ele se impõe como um direito do cidadão, assim, o aperfei- capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e
çoamento da prestação dos serviços públicos vincula-se à por prazo determinado.
eficiência dos serviços a serem prestados. Assim, é delegado ao vencedor da licitação na moda-
lidade de concorrência pública a prestação de serviços pú-
DA REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE: blicos, que geralmente ocorre no tocante à concessão da
execução de serviços públicos.
Cumpre à Administração Pública o dever/poder de re- Importante esclarecer o conceito de Poder Conceden-
gulamentação e o controle quando há ocorrência de con- te, assim entendido como a União, o Estado, o DF ou Mu-
cessão e permissão de executar os serviços públicos por nicípio, em cuja competência se encontre o serviço públi-
particulares, visando à garantia da regularidade do atendi- co, assim a titularidade continua sendo sua somente será
mento aos seus objetivos, que envolvem gestão de serviço transferida a execução dos serviços públicos à concessio-
público. nária.
Ao poder concedente, ou seja, ao Poder Público, com- Nos ensinamentos do jurista Hely Lopes Meirelles, te-
pete regulamentar o serviço concedido por meio de lei e re- mos que:
gulamentos, ou do próprio contrato, estabelecendo direitos
e deveres das partes contratantes e dos usuários. Importan- “Pela concessão, o poder concedente não transfere a
te frisar que, a atividade privada, mesmo quando atuante propriedade alguma ao concessionário, nem se despoja de
no exercício do serviço público, objetiva o lucro, daí surge à qualquer direito ou prerrogativa pública. Delega, apenas, a
necessidade permanente de manter a fiscalização. execução do serviço, nos limites e condições legais ou con-
O controle e o poder de fiscalização serão exercidos tratuais, sempre sujeita à regulamentação e fiscalização do
pela própria Administração, através do seu sistema de con- concedente.”
trole interno, ou então será exercido, quando provocado,
pelo Poder Judiciário e pelo Poder Legislativo, com o auxílio Para o Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, concei-
do Tribunal de Contas. tuando o instituto da concessão de serviço público, ensina
Assim, sendo permanente o dever de controlar, ten- que:
do em vista o interesse coletivo, esse controle se efetiva
não apenas pela Administração Pública, mas também pelo “É o instituto através do qual o Estado atribuiu o exercí-
usuário. cio de um serviço público a alguém que aceita prestá-lo em
As Agências Reguladoras, devidamente criadas por lei, nome próprio, por sua conta em risco, nas condições fixadas
vêm prestando importante serviço na tarefa de fiscalização e alteráveis unilateralmente pelo Poder Público, mas sob ga-
das concessões e permissões de serviço público. rantia contratual de um equilíbrio econômico-financeiro, re-
munerando-se pela própria exploração do serviço, em geral
FORMAS DE PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS e basicamente mediante tarifas cobradas diretamente dos
usuários do serviço”.
Não se pode confundir a titularidade do serviço com a Neste sentido, verifica-se que a concessão é mecanis-
titularidade da prestação dos serviços públicos, sendo certo mo de delegação de direito público, pois, as suas cláusulas
que se trata de realidades e significados totalmente distin- contratuais são editadas pelo Poder Público, que poderá
tos. a qualquer tempo modificá-las de forma unilateral, tendo
O fato de o Poder Público ser titular de serviços públi- em vista que não há que se falar em igualdade entre as
cos, ou seja, ser o sujeito que detém a responsabilidade de partes contratantes em atenção ao princípio da soberania
zelar pela sua prestação, não significa que deva ser obriga- do Estado.
toriamente prestá-los por si só de maneira exclusiva, sendo Entretanto, está presente, como em todo contrato, a
que na grande maioria das vezes, estará a Administração bilateralidade, pois, ao aderir ao contrato de concessão, o
pública obrigada a disciplinar e promover a prestação, bem concessionário integra a relação jurídica contratual, com
como efetuar a fiscalização sobre a forma que esta sendo declaração de vontade própria, mas aceitando os termos e
executado o serviço público. condições impostas pela Administração Pública.

25
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O que ocorre com os contratos de concessão de servi- Em virtude do caráter precário das permissões e de seu
ços públicos é que são vinculados ao processo licitatório, prazo determinado, os permissionários não gozam de prer-
assim, as suas cláusulas devem atender obrigatoriamente rogativas garantidas por lei aos concessionários de serviço
o que estiver estipulado no edital de abertura da licitação. público, devendo, portanto, seguir as normas e orientações
Por se tratar de um contrato administrativo, o contrato de dos Poder Público.
concessão tem como objeto o bem público, a utilidade pú- Autorização de serviços públicos: Coloca-se ao lado da
blica e ainda o interesse da coletividade, que se explica fa- concessão e da permissão de serviços públicos, destina-se
cilmente, pelo fato do destinatário da realização do serviço a serviços muito simples, de alcance limitado, ou a traba-
é justamente o cidadão. lhos de emergência, e a hipóteses transitórias e especiais,
É oportuno ainda esclarecer que nas concessões de podendo ainda ser utilizado para as situações em que o
serviço público é admitida a subconcessão, desde que pre- serviço seja prestado a usuários específicos e restritos.
vista em cláusula especifica no contrato administrativo e Assim, temos que a autorização de serviços públicos
no edital da abertura da licitação, vinculado, entretanto, a é o ato administrativo discricionário por meio do qual é
autorização do poder concedente, após a verificação do in- delegada a um particular, sempre em caráter precário, a
teresse público. prestação de serviços públicos que não exija alto grau
É possível também ocorrer o instituto da concessão em de complexidade e especialização técnica, nem mesmo a
obras públicas, através da privatização temporária de uso. comprovação do particular autorizado a execução dos ser-
Trata-se de um contrato administrativo celebrado entre o viços possuir grande aporte de capital financeiro.
Poder Público e o concessionário para a execução de uma Para a contratação por meio do instituto da autorização
obra pública, mediante remuneração posterior a ser paga de serviços públicos, não há licitação, para tanto, os servi-
pela exploração dos serviços ou então utilidades propor- ços públicos autorizados estão sujeitos a modificação ou
cionadas pela própria execução da obra. revogação de sua execução, por meio de ato discricionário
Como dito, a concessão deverá ser formalizada me- da delegação, cuja denominação é termo de autorização.
diante contrato, a título precário, precedido de procedi- Isto ocorre em virtude da precariedade que reveste o
ato administrativo que autorizou a delegação do serviço
mento licitatório (na modalidade de concorrência), definin-
ao particular. Cumpre esclarecer que a autorização, mesmo
do o objeto, a área, o prazo da concessão, o modo de sua
sendo precária não possui prazo determinado para seu en-
execução, a forma e as condições da concessão da obra
cerramento, e em via de regra, não é passível de indeniza-
pública, para tanto, a empresa deve demonstrar o interes-
ção por decorrente de sua revogação.
se na contratação com o poder concedente, comprovando
Oportuno ainda ressaltar que a autorização do serviço
sua capacidade para o desempenho das obrigações assu-
público não pode ser confundida com a autorização decor-
midas da obra, por sua conta e risco e por prazo determi-
rente do ato de polícia administrativa outorgada no exercí-
nado.
cio do poder de polícia conferido a Administração Pública,
Ressalta-se que o contrato de concessão de obra pú-
como condição para a prática de atividades privadas pelos
blica, firmado por tempo determinado, não pode ser obje- particulares, o que não se pode confundir com a transfe-
to de prorrogação, não se situando a prerrogativa discricio- rência, por delegação, da titularidade da execução e pres-
nária conferida ao Poder Público, sendo que sua eventual tação dos serviços públicos.
prorrogação fere o princípio da isonomia entre os licitan- Autorização: poderá ocorrer em duas modalidades que
tes, e participantes do certame licitatório de concessão. são:

Permissão: É a delegação, a título precário, mediante a) autorização de uso – ocorre quando um particular é
licitação da prestação de serviços públicos feita pelo po- autorizado a utilizar bem público de forma especial, exem-
der concedente, a pessoa que demonstre capacidade de plo: a autorização de uso de uma rua para realização de
desempenho por sua conta e risco. A permissão de servi- uma quermesse.
ço público será formalizada mediante contrato de adesão,
e será contratado sempre em caráter precário, com prazo  b) autorização de atos privados controlados – em que
determinado. o particular não pode exercer certas atividades sem autori-
Importante ressaltar que no instituto da permissão de zação do poder público, são atividades exercidas por parti-
serviços públicos admite-se a presença de pessoa física, culares, mas consideradas de interesse público.
além da pessoa jurídica, sendo que a legislação que regula
a matéria não inclui a possibilidade de contratação pela OBS: autorização é diferente de licença, termos seme-
permissão de consórcios. lhantes. A autorização é ato discricionário, enquanto a li-
No instituto da Permissão, a Administração Pública cença é ato vinculado. Na licença o interessado tem direito
possui a prerrogativa de estabelecer de forma unilateral de obtê-la, e pode exigi-la, desde que preencha certos re-
os requisitos e condições impostas diante da execução de quisitos, ex. licença para dirigir veículo.
serviços públicos permitidos e confiados ao particular, que
durante o procedimento licitatório, comprovou possuir ca-
pacidade para seu desempenho.

26
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Assim, com o objetivo de serem observadas as normas


8 CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO fundamentais, os responsáveis pelo controle interno, ao
DA ADMINISTRAÇÃO: CONTROLE tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ile-
ADMINISTRATIVO; CONTROLE galidade, dela deverão dar ciência imediata ao Tribunal de
JUDICIAL; CONTROLE LEGISLATIVO; Contas respectivo, sob pena de responsabilidade solidária,
sendo considerada parte legítima para a prática dos atos
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
de denúncia, qualquer cidadão, partido político, associação
ou sindicato.

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: Da Revisão “Ex-officio”:


A revisão “ex-officio” pode ser entendida de maneira
É através do exercício das funções administrativas, ou, geral como a revisão espontânea exercida pela Adminis-
pela expedição de atos administrativos que o Estado, no tração sobre seus próprios atos, que decorre em virtude da
uso de suas prerrogativas em face do indivíduo, estabelece hierarquia e da autotutela.
a formação de relações jurídico-administrativas entre a Ad- Diante da verificação de que o ato administrativo não
ministração Pública e o Administrado. atende aos requisitos prescritos em, ou em presença reco-
Com a edição dos atos administrativos pela Administra- nhecida da inconveniência ou da inoportunidade, a autori-
ção Pública deve atender, além da manifestação da vontade, dade prolatora pode rever diretamente o ato ou ele pode
do objeto e da forma, ao motivo e ainda à finalidade, dentro ser revisto pelo agente de hierarquia superior, indepen-
de um contexto rígido de legitimidade e de legalidade. dente de provocação de parte interessada.
Ao divergir com qualquer um dos princípios constitu-
cionais, quais sejam: legalidade, moralidade, publicidade ou Da Revisão Provocada:
impessoalidade, o administrador público ofende o próprio A revisão provocada, na instância administrativa, reali-
Estado, além de violar direitos diversos do administrado. za-se através de recurso, de pedido de reconsideração, de
Observa-se então que, quando tais questões são levadas reclamação ou de representação.
em juízo, em quase todas as ações são ajuizadas em face do Tal recurso, além da tranquilidade psicológica que as-
administrador e não contra o Estado. segura ao administrado ou servidor, visa corrigir os pos-
Por controle entende-se a faculdade atribuída a um Po- síveis e eventuais erros do ato administrativo, inscreven-
der para exercer vigilância, garantida a faculdade de corre- do-se como um direito potestativo do administrado, com
ção, sobre a conduta de outro, dentro dos limites previstos natureza subjetiva, que ele pode usar sempre que julgar
constitucionalmente. preterido um direito seu ou incorreto, em seu desfavor, um
Como é sabido, todo ato emanado da Administração ato administrativo.
Diante de uma situação desfavorável, de natureza sub-
Pública deve ser motivado, que justifica o próprio ato, e
jetiva, ou repleto de desobediência às formalidades legais,
funciona como meio de controle dos atos administrativos,
de natureza objetiva, ao administrado prejudicado é asse-
seja ele vinculado ou discricionário.
gurado o direito à interposição de recurso através de peti-
ção dirigida à autoridade superior, devidamente motivada,
CONTROLE ADMINISTRATIVO
como forma de provocação da atuação do controle interno
da Administração.
O Controle Administrativo, ou também chamado de
A representação tem o conceito voltado à exposição
controle interno, tem como finalidade principal obter a har-
direcionada à autoridade superior, é um recurso com na-
monia e a padronização da ação administrativa, a eficácia tureza constitucional que consiste na denuncia formal de
dos serviços administrativos e, bem assim, a retidão e a irregularidades existentes em uma ato administrativo.
competência dos funcionários que guarnecem a adminis- A reclamação nada mais é do que um pedido dirigido à
tração. autoridade hierárquica superior, em forma de protesto ou
A auto-revisão do ato administrativo fundamenta-se queixa, por meio do qual o autor da reclamação reivindica
na hierarquia que, como vínculo que subordina os demais a reparação de ato que reputar injusto.
órgãos administrativos, graduando a autoridade de cada O pedido de reconsideração é dirigido à própria auto-
um, deriva o poder de vigilância e o poder de direção, bem ridade que editou o ato, buscando nova deliberação.
como o poder de revisão, pelos quais se garante a completa
unidade de direção ao sistema administrativo. CONTROLE JUDICIAL
Temos então que controle interno é aquele controle
exercido pela entidade ou órgão responsável pela atividade Controle judicial pode ser assim entendido como sinô-
controlada, na esfera da própria Administração, assim, qual- nimo de reexame ou revisão, ou seja, é a verificação, pelo
quer controle efetivo realizado pelo Poder Executivo sobre Poder Judiciário, quando provocado, da legalidade dos
os seus serviços ou agentes é considerado interno, assim atos praticados pela Administração Pública, isto porque a
como o controle do Poder Legislativo ou do Poder Judiciá- jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos
rio, por seus órgãos de Administração, sobre seus agentes e juízes, em todo o território nacional.
também sobre os atos administrativos praticados.

27
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Para que haja a ocorrência do controle jurisdicional, Há uma grande necessidade de subtrair a Administra-
através da propositura de uma ação, além da ilegalidade ção a uma prevalência do Poder Judiciário, capaz de dimi-
dos atos da Administração, há que existir, por parte de nuí-la, ou até mesmo de anulá-la em suas atividades pe-
quem aciona o Poder Judiciário, legítimo interesse econô- culiares, se põem restrições à apreciação jurisdicional dos
mico ou moral e legitimidade, entendendo-se por interesse atos administrativos, no que respeita à extensão e conse-
a possibilidade de haver benefício ou prejuízo como de- quências, para que assim se respeite a autonomia constitu-
corrência da ação da Administração e por legitimidade a cionalmente firmada entre os três Poderes.
conformidade com a lei. É vedada ao Poder Judiciário a apreciação do ao ad-
Assim, em razão da atuação administrativa, no decor- ministrativo quanto ao mérito, protegendo assim o poder
rer da execução de seus fins, podem ocorrer conflitos de discricionário que a Administração Pública goza, ficando
interesses entre a Administração e o administrado que le- assim restrita essa análise e apreciação somente quanto à
vem ao estabelecimento de incertezas e dúvidas a respeito sua conformidade com a lei, respeitando o princípio da le-
da razão ou da justiça do ato praticado, o que demanda galidade.
a necessidade de eleição de um árbitro alheio e parcial à
relação jurídica. CONTROLE LEGISLATIVO
O modelo de Estado de Direito impõe-se, de um lado
a sujeição do Estado à ordem jurídica por ele mesmo esta- O controle legislativo, integrante do sistema de contro-
belecida, decorrente do princípio da legalidade, e, de outro le externo, que muitos denominam parlamentar sem que
lado, o controle jurídico dessa sujeição, em busca da elimi- vigore no país o regime parlamentarista, que é exercido
nação do árbitro. sob os aspectos de correção e fiscalização, tendo em vista
Desta feita, diante da presença de um conflito de in- o interesse publico.
teresses entre a Administração e o administrado, ao Poder O controle externo legislativo é desempenhado de
Judiciário, quando provocado, compete à solução do lití- forma direta e indireta. Será direto quando exercido pelo
gio, tendo lugar o conhecido controle jurisdicional. O con- Congresso Nacional, em nível federal; pelas Assembleias
trole jurisdicional somente ocorre quando houver provoca- Legislativas, nível estadual e distrital; e pelas Câmaras Mu-
ção da parte interessada em presença de um fato concreto. nicipais, em nível municipal.
Todo direito é protegido por uma ação e a Constituição Será legislativo indireto o controle exercitado pelos Tri-
Federal assegura aos administrados o direito de petição ao bunais de Contas, que funcionam como órgãos auxiliares
Poder Judiciário em defesa de direito ou contra ilegalidade de Poder Legislativo.
ou ainda eventual abuso de poder, conforme garante o ar- Controle Legislativo Direto: Compete ao Congresso
tigo 5º, inciso XXXIV, da Constituição Federal. Nacional, ou seja, às duas Casas Legislativas Federais (Se-
O reexame da ação da Administração pelo Poder Ju- nado Federal e Câmara dos Deputados), de acordo com o
diciário limita-se à verificação da legalidade do ato, isto que dispõe o artigo 49, V, da Constituição Federal, sustar
porque à Administração e só a ela compete a análise da os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do
oportunidade e da conveniência da ação administrativa. poder regulamentar ou dos limites de delegação legislati-
Assim, só o direito e não o interesse do administrado va. Possui também como função, no exercício do controle
poderá ser objeto da ação revisória do Poder Judiciário. externo de acompanhamento da execução orçamentária,
Não pode o Poder Judiciário adentrar no mérito do ato ad- com parecer técnico de Comissão Mista (artigo 166, §1º,
ministrativo para indagar a oportunidade e a conveniência, II da Constituição Federal) e em atendimento a solicitação
mas tão somente a legitimidade, isto é, a sua conformidade do Tribunal de Contas da União, sustar ato do Poder Exe-
com a lei. cutivo que possa causar dano irreparável ou grave lesão à
Quando o Poder Judiciário é provocado, chamado a se economia pública.
manifestar deve circunscrever o âmbito da sua real atuação O Congresso Nacional, ou qualquer de suas comissões,
ao caso sobre o qual tenha sido chamado ou provocado a poderão convocar Ministro de Estado ou qualquer titular
atuar. de órgãos diretamente subordinados à Presidência da Re-
É sabido que a Administração Pública somente pode pública para, caso haja necessidade, prestar de maneira
agir de acordo com o que prescreve a lei, contudo, pode pessoal, informações sobre assuntos previamente deter-
deixar, por motivada por flagrantes interesses públicos, de minado, podendo ser enquadrado como crime de respon-
cumprir exatamente com a lei, isto é, deixar de executá-la sabilidade, a ausência a tal convocação, sem justificação
em um determinado momento, sem que isto implique em adequada.
quebra de princípio da legalidade. Compete ainda ao Congresso Nacional, para apuração
Apesar da disposição constitucional prevista no arti- dos fatos controversos, instaurar Comissão de Inquérito,
go 5º, inciso XXXV, que não exclui da apreciação do Poder nos termos da Lei 1.579/52.
Judiciário lesão ou ameaça de direito, em presença da in- Dentro das atribuições de controle externo, o Con-
dependência dos Poderes, regularmente definida no artigo gresso Nacional é competente para realizar o julgamento
2º, da Constituição Federal, são impostas restrições legais das contas que o Presidente da República deve apresentar
à apreciação dos atos administrativos pelo Poder Judiciário. anualmente, e ainda apreciar os atos sobre a execução dos
planos de governo.

28
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

É de competência privativamente ao Senado Federal, Assim, verificou-se a necessidade de um Tribunal, au-


no exercício do controle externo, nos termos do artigo 52 xiliando o exercício do Poder Legislativo de fiscalização e
da Constituição Federal, processar e julgar o Presidente controle dos gastos públicos. Assim, os Tribunais de Contas
da República bem como o Vice-Presidente nos crimes de da União, dos Estados e de alguns Municípios, atuam como
responsabilidade, e os Ministros de Estado nos crimes com órgãos auxiliares do Poder Legislativo, exercendo o contro-
a mesma natureza conexos com aqueles. le externo, ou indireto, da Administração Pública, buscando
Da mesma maneira, compete ao Senado Federal, o em sua atuação a fiscalização da gestão financeira, orça-
processamento e consequente julgamento dos Ministros mentária e patrimonial do Estado.
do Supremo Tribunal Federal, o Procurador-Geral da Re- O Tribunal de Contas da União é regularmente com-
pública e o Advogado-Geral da União nos crimes de res- posto por nove ministros, devidamente sediado no Distrito
ponsabilidade. Federal e possui jurisdição em todo território nacional e
Ao Senado Federal incumbe a função de aprovar, tem suas atividades regulamentadas pela Lei nº 8.443, de
previamente, mediante voto secreto, depois de realizada 16 de julho de 1992.
arguição pública a escolha de magistrados (nos casos es- É de competência do Presidente da República a no-
pecíficos normatizados pela Constituição Federal), escolha meação, após aprovação pelo Senado Federal por votação
de Ministros para composição do Tribunal de Contas da secreta e após arguição pública, de um terço dos membros
União, previamente indicados pelo Presidente da Repúbli- do Tribunal de Contas da União. O restante, ou seja, os ou-
ca (um terço), escolha de Governado de Território, presi- tros dois terços são escolhidos pelo Congresso Nacional,
dente e diretores do Banco Central, Procurador-Geral da obedecida a regulamentação definida pelo Decreto Legis-
República, escolha (após arguição em seção secreta) dos lativo nº 6, de 22 de abril de 1993.
chefes integrantes de missão diplomática de caráter per- Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão no-
manente. meados dentre brasileiros, com idade superior a 35 anos e
Deve ainda ser apreciado e autorizado pelo Senado inferior a 65 anos, que possuam idoneidade moral e repu-
Federal a realização de operações externas de natureza tação ilibada, com notórios conhecimentos jurídicos, con-
tábeis, econômicos e financeiros ou administração pública,
financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distri-
que tenha mais de dez anos de exercício de função ou de
to Federal, dos Territórios e dos Municípios e estabelecer
efetiva atividade profissional que exija tais conhecimentos,
limites globais e condições para o montante da dívida mo-
de acordo com o que dispõe o artigo 73, § 1º da Constitui-
biliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
ção Federal, seguido do artigo 71 da Lei nº 8.443/92.
Além de dispor sobre limites e condições para a concessão
No caso de ausência ou impedimentos legais os Minis-
de garantia da União em operação de crédito externo e
tros são substituídos, mediante convocação do Presidente
interno.
do Tribunal, pelos Auditores, observada a ordem de anti-
Já a competência da Câmara dos Deputados, nos
guidade no cargo, ou a maior idade, no caso de idêntica
exatos termos do artigo 51, inciso I, da Constituição Fede- antiguidade.
ral, autorizar, pelo voto de dois terços de seus membros, a O artigo 71 da Constituição Federal normatiza que o
instauração de processo contra o Presidente da República controle externo, de competência do Congresso Nacional,
e o Vice-Presidente da República, assim como os Ministros será exercido com auxilio do Tribunal de Contas da União.
de Estado. Ampliando o campo de atuação do Tribunal de Contas da
A Câmara dos Deputados, no exercício do controle ex- União, dentro dos limites constitucionais, a Lei nº 8.443/92
terno, é competente a tomada de contas do Presidente estabelece, em seu artigo 1º, as limitações de competência
da República, quando não apresentada ao Congresso Na- do mesmo Tribunal.
cional, dentro do prazo de sessenta dias após a abertura A composição dos Tribunais de Contas dos Estados
da sessão legislativa, nos termos do artigo 51, inciso II da vem definida nas Constituições e nas legislações comple-
Constituição Federal. mentares de cada Estado. Para o regular desempenho de
O controle exercido pelas Câmaras Municipais, dian- sua competência o Tribunal de Contas receberá da Secreta-
te do Poder Executivo Municipal vem definido nas Leis Or- ria de Estado da Fazenda e das Prefeituras Municipais, em
gânicas próprias de cada Município. cada exercício, o rol dos responsáveis por dinheiro, valores
Controle Legislativo Indireto: Durante o Império bra- e bens públicos, e outros documentos ou informações que
sileiro não existiu no país nenhum Tribunal de Contas, considerar necessários.
embora em Portugal tivesse existido as Casas de Contas Cumpre destacar que os pareceres emitidos pelo Tribu-
que eram responsáveis pela arrecadação e fiscalização das nal de Contas referentes às contas prestadas pelo Governa-
receitas públicas, mas em nada pode ser comparado com dor e pelos Prefeitos Municipais não têm poder vinculante,
as Cortes de Contas. podendo ser aceitos ou não pelo Poder Legislativo.
Os primeiros esboços da ideia da formação de um Tri- As contas que devem ser prestadas pelas Mesas da Câ-
bunal de Contas surgiram com a observância da ineficiên- mara dos deputados, do Senado Federal, das Assembleias
cia dos parlamentos na função da fiscalização dos bens e Legislativas, das Câmaras Municipais e ainda pelos Tribu-
gastos públicos, quando do surgimento das monarquias nais (Poder Judiciário Federal e Estadual), eram julgadas
parlamentaristas. pelos Tribunais de Contas da União ou dos Estados, depen-
dendo da esfera a qual pertence.

29
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Entretanto, a Lei Complementar nº 101, de 04 de maio - 2ª Etapa: Responsabilidade Subjetiva – A partir des-
de 2000, estabelece, em seu artigo 56, que as contas pres- sa fase, o Poder Público passou a responder baseado no
tadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das conceito de culpa, culpa anônima, quando o serviço que
contas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Pode- deveriam prestar ou não prestou, ou ainda quando pres-
res Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Públi- tou de forma deficiente. A culpa não recaia em alguém
co, as quais receberão parecer prévio, separadamente, do particular, bastava para tanto constatar que o serviço não
respectivo Tribunal de Contas. foi efetuado, ou então feito com deficiência para a culpa
Assim, a nova legislação desvincula os Chefes dos ou- recair sobre o serviço e não sobre a pessoa. Este período
tros Poderes das disposições normativas contida no artigo ficou conhecido pela expressão “Culpa do Serviço”.
71, inciso II, da Constituição Federal.
Só com relação às contas dos Chefes do Executivo é - 3ª Etapa: Responsabilidade Objetiva – O Poder Pú-
que o pronunciamento do Tribunal de Contas constitui blico passa a responder com fundamento no nexo de cau-
mero parecer prévio, sujeito à apreciação final do Poder salidade, ou seja, a relação de causa e efeito entre o fato
Legislativo, antes do qual não há inelegibilidade. As contas ocorrido e as consequências dela resultantes. O Estado
de todos os demais responsáveis por dinheiro e bens pú- responde sem a comprovação de dolo ou culpa.
blicos são julgadas pelo Tribunal de Contas e suas decisões A teoria da responsabilidade objetiva surge com a
geram inelegibilidade. Constituição Federal de 1946, substituindo a teoria subje-
tiva baseada na “Culpa do Serviço”. O texto constitucional
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO DIREITO de 1946 estabelece a responsabilidade direta do Estado,
BRASILEIRO: exigindo culpa ou dolo do funcionário apenas para esta-
belecer o direito regressivo do Estado contra seu agente.
Temos pacificado o entendimento em nosso ordena-
mento jurídico que um ato praticado por uma pessoa po- DA REPARAÇÃO DO DANO
derá gerar consequências a outrem, em três esferas distin-
tas do Direito Brasileiro. Denomina-se responsabilidade na esfera civil a obri-
Inicialmente, se o ato praticado pelo autor for tipifica- gação imposta a uma pessoa de indenizar ou ressarcir os
do em lei como crime ou contravenção, este responderá danos experimentados por alguém. A responsabilidade
na esfera penal. Caso o ato praticado caracterizar infração pode ser contratual ou extracontratual.
a normas administrativas, o autor do ato deverá respon- Quando estamos diante da responsabilidade civil con-
der na esfera administrativa, entretanto, se o ato ocasionar tratual, a mesma segue os princípios gerais dos contratos,
dano ao patrimônio de outrem ou sua moral, o autor da entretanto, a responsabilidade civil extracontratual baseia-
pratica do ato deverá responder de acordo com as leis civis -se na culpa do agente causador do dano.
do nosso ordenamento jurídico. A responsabilidade civil patrimonial extracontratual
Assim, via de regra, as esferas do direito acima des- decorre de atos que causem lesão patrimonial, dano mo-
critas são autônomas e independentes entre si, com ritos ral, ou ambos. Via de regra, para a imputação de respon-
e procedimentos diferentes para a apuração da responsa- sabilidade civil deve restar cabalmente demonstrada não
bilidade e aplicação das sanções aplicáveis em cada caso só a ocorrência do dano, mas também a relação entre um
e em cada esfera do Direito, entretanto, poderá ocorrer à ato e o dano, ou seja, é necessária a comprovação de que
imputação de responsabilidade cumulativa, caso o ato pra- o dano é resultado de um ato praticado por determinado
ticado pelo autor gere sua responsabilização nas diferentes agente, este elo entre o ato, dano e o agente causado a
esferas acima demonstradas. doutrina jurídica nomeou de nexo causal, sendo utiliza-
do como parâmetro para averiguar a culpa do agente que
EVOLUÇÃO HISTÓRICA E FUNDAMENTOS JURÍDI- praticou o ato que resultou em dano.
COS: Assim, comprovado a ocorrência do nexo causal, o
grau de culpabilidade do agente que praticou o ato e a
Para chegarmos ao modelo de Responsabilidade do extensão do dano, esgota-se a responsabilidade civil com
Estado diante dos prejuízos causados a terceiros, passamos a correspondente indenização pela lesão causada.
a discorrer rapidamente sobre a evolução histórica deste Temos então, diante da introdução explanada, que a
instituto bem como seus fundamentos jurídicos. essa modalidade de responsabilidade civil, a qual exige a
comprovação da culpa do agente para sua caracterização,
- 1ª Etapa: Irresponsabilidade do Estado - inicialmente o caráter subjetivo, ou seja, a responsabilidade civil subje-
tínhamos o entendimento majoritário em diversas escolas tiva leva em consideração a conduta do agente causador
do Direito pelo mundo que o Estado não tinha qualquer do dano, exigindo que ele tenha atuado com culpa, para
responsabilidade pelos seus atos, ou seja, o Poder Público que ele possa ser responsabilizado e compelido ao paga-
era isento de qualquer responsabilidade perante terceiros, mento de indenização correspondente a extensão do dano
essa período ficou conhecido como “The King can do no (patrimonial e/ou moral).
wrong” ou “O Rei não erra nunca”.

30
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Entretanto, ao Poder Público não é aplicado este modelo - A Administração Pública para ingressar com ação re-
de responsabilidade civil subjetiva, visto que, de acordo com gressiva contra seu agente, deverá comprovar previamente já
o ordenamento jurídico vigente, inclusive constitucional, e os ter sido condenada a indenizar o particular lesado, haja vista
posicionamentos doutrinários majoritários, temos que a Ad- que seu direito regressivo é originário a partir de sentença
ministração Pública possui o dever de indenizar aquele que final condenatória, sem possibilidades de reversão recursal.
for lesado por ação ou omissão de seus agentes públicos (ou
delegatário de serviço público), que agindo nesta qualidade, - Ocorrência de dolo ou culpa do agente público na le-
praticou o ato gerador do dano. são experimentada pelo particular, ou seja, é necessária a
Assim, o particular lesado, deverá ajuizar ação direta- comprovação de que o agente agiu com dolo ou culpa para
mente contra a Administração Pública, e não contra o agen- ser responsabilizado (responsabilidade subjetiva do agente).
te público que praticou o ato lesivo, bastando ao particular Em linhas gerais, temos que a Administração Pública, ou
comprovar em juízo a relação de causa e consequência entre delegatária de execução dos serviços públicos, cujo agente
a atuação lesiva da Administração Pública e o dano decor- praticou o ato lesivo, indeniza o particular independente-
rente, bem como a valoração patrimonial do dano. mente de comprovação de dolo ou culpa do Poder Público,
Isto ocorre porque, diferentemente da responsabilidade entretanto, o agente público somente será condenado a res-
civil subjetiva, a Administração pública responde perante os sarcir a Administração Pública regressivamente se houver a
usuários dos serviços públicos de forma objetiva, bastando comprovação de dolo ou culpa de sua parte, durante o exer-
a demonstração do nexo causal e o dano para surgir a obri- cício de suas funções públicas.
gação de indenizar, não sendo necessária a demonstração de
que houve culpa do agente público (ou delegatário de ser-
viço público) na falha da execução de suas funções públicas,
que originaram a lesão ao particular. LEI Nº 8.429/1992 (SANÇÕES APLICÁVEIS
Para o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, o con- AOS AGENTES PÚBLICOS NOS CASOS DE
ceito de responsabilidade objetiva do Estado é “a obrigação ENRIQUECIMENTO ILÍCITO NO EXERCÍCIO DE
de indenizar que incumbe a alguém em razão de um procedi- MANDATO, CARGO, EMPREGO OU FUNÇÃO
mento licito ou ilícito que produziu uma lesão na esfera juridi- DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA,
camente protegida de outrem. Para configurá-la basta, pois, a
INDIRETA OU FUNDACIONAL E DÁ OUTRAS
mera relação causal entre o comportamento e o dano”.
Diante de tais esclarecimentos, temos que a responsabi- PROVIDÊNCIAS).
lidade civil do Estado, bem como de seus prestadores de ser-
viço público é objetiva, bastando para tanto a demonstração
da relação de causa e efeito entre o serviço público e o dano, IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: LEI FEDERAL Nº
para gerar a obrigação de indenização. 8.429/1992
Dessa maneira não se cogita a ideia de que, aquele que
sofreu danos, comprovar culpa ou dolo, quando figure no LEI Nº 8.429/1992 (SANÇÕES APLICÁVEIS AOS
polo passivo, a administração pública, bastando para tanto AGENTES PÚBLICOS NOS CASOS DE ENRIQUECIMEN-
a incidência do nexo de causalidade. É dessa maneira que TO ILÍCITO NO EXERCÍCIO DE MANDATO, CARGO,
garante o artigo 37, § 6º da Constituição Federal, senão ve- EMPREGO OU FUNÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
jamos: DIRETA, INDIRETA OU FUNDACIONAL E DE OUTRAS
“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri- PROVIDÊNCIAS).
vado, prestadoras de serviços públicos, responderão pelos da-
nos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
A Lei n° 8.429/92 trata da improbidade administrativa,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos ca-
que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo de
sos de dolo ou culpa.”
desonestidade administrativa. A improbidade é uma lesão
Neste sentido, estão enquadrados a Administração Pú-
ao princípio da moralidade, que deve ser respeitado estri-
blica em todas as suas vertentes, ou seja, toda a esfera admi-
tamente pelo servidor público. O agente ímprobo sempre
nistrativa está sujeita a responsabilidade objetiva pelos danos
será um violador do princípio da moralidade, pelo qual “a
que causar a terceiros, seja a Administração Direta, Indireta,
Administração Pública deve agir com boa-fé, sinceridade,
Concessionárias e/ou Permissionárias de Serviços Públicos.
probidade, lhaneza, lealdade e ética”1.
DO DIREITO DE REGRESSO: A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada de-
vido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes do
Cumpre ressaltar o direito que a Administração Pública serviço público que se intensificavam com a ineficácia do
tem de ingressar com ação judicial visando a apuração das diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. Decor-
responsabilidades de seus agente no cometimento do dano reu, assim, da necessidade de acabar com os atos atentató-
a terceiros, dai surge o direito de regresso conferido ao Poder rios à moralidade administrativa e causadores de prejuízo
Público visando a verificação de dolo ou culpa de seus agen- ao erário público ou ensejadores de enriquecimento ilícito,
te e possível ressarcimento de valores. infelizmente tão comuns no Brasil.
Há dois aspectos peculiares que ensejam o direito de re- 1 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esque-
gresso da Administração Pública contra seu agente: matizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

31
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Com o advento da Lei nº 8.429/92, os agentes públicos CAPÍTULO I


passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos atos de Das Disposições Gerais
improbidade administrativa descritos nos artigos 9º, 10 e 11,
ficando sujeitos às penas do art. 12. A existência de esferas Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer
distintas de responsabilidade (civil, penal e administrativa) im- agente público, servidor ou não, contra a administração
pede falar-se em bis in idem, já que, ontologicamente, não se direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes
trata de punições idênticas, embora baseadas no mesmo fato, da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios,
mas de responsabilização em esferas distintas do Direito. de Território, de empresa incorporada ao patrimônio pú-
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de im- blico ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário
probidade administrativa em três categorias: haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por
a) Ato de improbidade administrativa que importe enri- cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na
quecimento ilícito; forma desta lei.
b) Ato de improbidade administrativa que importe lesão Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades
ao erário; desta lei os atos de improbidade praticados contra o patri-
c) Ato de improbidade administrativa que atente contra os mônio de entidade que receba subvenção, benefício ou
princípios da administração pública. incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como
ATENÇÃO: os atos de improbidade administrativa não são daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorri-
crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na esfera do ou concorra com menos de cinquenta por cento do patri-
cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure simultanea- mônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a san-
mente um ato de improbidade administrativa desta lei e um ção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição
crime previsto na legislação penal, o que é comum no caso do dos cofres públicos.
artigo 9°, responderá o agente por ambos, nas duas esferas. “Sujeito passivo é a pessoa que a lei indica como víti-
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte for- ma do ato de improbidade administrativa”. A lei adota uma
ma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito passivo) noção ampla, pela qual são abrangidas entidades que, sem
integrarem a Administração, possuem alguma espécie de
e daqueles que podem praticar os atos de improbidade ad-
conexão com ela.2
ministrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação do dano
O agente público pode ser ou não um servidor público.
ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio público; após,
O conceito de agente público é melhor delimitado no ar-
traz a tipologia dos atos de improbidade administrativa, isto
tigo seguinte.
é, enumera condutas de tal natureza; seguindo-se à definição
Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição ou ór-
das sanções aplicáveis; e, finalmente, descreve os procedi-
gão que desempenhe diretamente o interesse do Estado.
mentos administrativo e judicial.
Assim, estão incluídos todos os integrantes da administra-
ção direta, indireta e fundacional, conforme o preâmbulo
LEI N° 8.429 DE 2 DE JUNHO DE 1992 da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade privada
que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos ou custeio tenha sido ou seja pública em mais de50% do
nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de man- patrimônio ou receita anual.
dato, cargo, emprego ou função na administração pública Caso a verba pública que tenha auxiliado uma entidade
direta, indireta ou fundacional e dá outras providências. privada a qual o Estado não tenha concorrido para cria-
O preâmbulo da lei em estudo já traz alguns elementos ção ou custeio, também haverá sujeição às penalidades
importantes para a sua boa compreensão: da lei. Em caso de custeio/criação pelo Estado que seja
a) o agente público pode estar exercendo mandato, inferior a 50% do patrimônio ou receita anual, a legisla-
quando for eleito para tanto; cargo, no caso de um conjunto ção ainda se aplica. Entretanto, nestes dois casos, a sanção
de atribuições e responsabilidades conferido a um servidor patrimonial se limitará ao que o ilícito repercutiu sobre a
submetido a regime estatutário (é o caso do ingresso por contribuição dos cofres públicos. Significa que se o prejuízo
concurso); emprego público, se o servidor se submeter a re- causado for maior que a efetiva contribuição por parte do
gime celetista (CLT); funçãopública, que corresponde à cate- poder público, o ressarcimento terá que ser buscado por
goria residual, valendo para o servidor que tenha tais atribui- outra via que não a ação de improbidade administrativa.
ções e responsabilidades mas não exerça cargo ou emprego Basicamente, o dispositivo enumera os principais sujei-
público. Percebe-se que o conceito de agente público que se tos passivos do ato de improbidade administrativa, dividin-
sujeita à lei é o mais amplo possível. do-os em três grupos: a) pessoas da administração direta,
b) o exercício pode se dar na administração direta, in- diretamente vinculados a União, Estados, Distrito Federal
direta ou fundacional. A administração pública apresenta ou Municípios; b) pessoas da administração indireta, isto é,
uma estrutura direta e outra indireta, com seus respectivos autarquias, fundações públicas, empresas públicas e socie-
órgãos. Por exemplo, são órgãos da administração direta os dades de economia mista; c) pessoa cuja criação ou custeio
ministérios e secretarias, isto é, os órgãos que compõem a es- o erário tenha contribuído com mais de 50% do patrimônio
trutura do Executivo, Legislativo ou Judiciário; são integrantes ou receita naquele ano.
da administração indireta as autarquias, fundações públicas,
empresas públicas e sociedades de economia mista. 2 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

32
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

No parágrafo único, a lei enumera os sujeitos passivos Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação
secundários, que são: a) entidades que recebam subven- ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-
ção, benefício ou incentivo creditício pelo Estado; b) pes- -se-á o integral ressarcimento do dano.
soa cuja criação ou custeio o erário tenha contribuído com Integral ressarcimento do dano é a devolução corrigida
menos de 50% do patrimônio ou receita naquele ano. monetariamente de todos os valores que foram retirados
do patrimônio público. No entanto, destaca-se que a lei
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta garante não só o integral ressarcimento, mas também a
lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente devolução do enriquecimento ilícito: mesmo que a pessoa
ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, não cause prejuízo direto ao erário, mas lucre com um ato
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou de improbidade administrativa, os valores devem ir para os
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entida- cofres públicos.
des mencionadas no artigo anterior.
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que cou- agente público ou terceiro beneficiário os bens ou valores
ber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza acrescidos ao seu patrimônio.
ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele Estabelece o artigo 186 do Código Civil: “aquele que,
se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudên-
Os sujeitos ativos do ato de improbidade administrativa cia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclu-
se dividem em duas categorias: os agentes públicos, defini- sivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo central
dos no art. 2°, e os terceiros, enumerados no art. 3°. do instituto denominado responsabilidade civil, que tem
“Denomina-se sujeito ativo aquele que pratica o ato como elementos: ação ou omissão voluntária (agir como
de improbidade, concorre para sua prática ou dele extrai não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo
vantagens indevidas. É o autor ímprobo da conduta. Em do agente (dolo é a vontade de cometer uma violação de
alguns casos, não pratica o ato em si, mas oferece sua cola- direito e culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação
boração, ciente da desonestidade do comportamento, Em de causa e efeito entre a ação/omissão e o dano causado) e
outros, obtém benefícios do ato de improbidade, muito dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser
embora sabedor de sua origem escusa”3. individual ou coletivo, moral ou material, econômico e não
A ampla denominação de agentes públicos conferida econômico). É a este instituto que se relacionam as sanções
pela lei de improbidade administrativa apenas tem efeito da perda de bens e valores e de ressarcimento integral do
para os fins desta lei, ou seja, visando a imputação dos atos dano.
de improbidade administrativa. Percebe-se a amplitude O tipo de dano que é causado pelo agente ao Estado é
pelos elementos do conceito: o material. No caso, há um correspondente financeiro di-
a) Tempo: exercício transitório ou definitivo; reto, de modo que a condenação será no sentido de pagar
b) Remuneração: existente ou não; ao Estado o equivalente ao prejuízo causado.
c) Espécie de vínculo: por eleição, nomeação, designa- O agente público e o terceiro que com ele concorra
ção, contratação ou qualquer outra forma de investidura responderão pelos danos causados ao erário público com
ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função; seu patrimônio. Inclusive, perderão os valores patrimoniais
d) Local do exercício: em qualquer entidade que pos- acrescidos devido à prática do ato ilícito. O dano causado
sa ser sujeito passivo. Por exemplo, o funcionário de uma deverá ser ressarcido em sua totalidade.
ONG criada pelo Estado é considerado agente público para
os efeitos desta lei. Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao pa-
O terceiro, por sua vez, é aquele que pratica as condutas trimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a
de induzir ou concorrer em relação ao agente público, ou autoridade administrativa responsável pelo inquérito repre-
seja, incentivando-o ou mesmo participando diretamente sentar ao Ministério Público, para a indisponibilidade
do ilícito. Este terceiro jamais será pessoa jurídica, deve ne- dos bens do indiciado.
cessariamente ser pessoa física. Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o
caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o inte-
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hie- gral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimo-
rarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos nial resultante do enriquecimento ilícito.
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e Será oferecida representação ao Ministério Público para
publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos. que ele postule a indisponibilidade dos bens do indiciado,
Trata-se de referência expressa aos princípios do art. 37, de modo a garantir que ele não aliene seu patrimônio para
caput, CF. Não se menciona apenas o princípio da eficiên- não reparar o ilícito. Por indisponibilidade entende-se blo-
cia, o que não significa que possa ser desrespeitado, afinal, quear os bens para que não sejam vendidos ou deteriora-
ele é abrangido indiretamente. dos, garantindo que o dano possa ser reparado quando da
condenação judicial.
A indisponibilidade será suficiente para dar integral res-
3 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito sarcimento ao dano ou retirar todo o acréscimo patrimo-
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. nial resultante do ilícito.

33
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimô- d) Como fica difícil imaginar que alguém possa se enrique-
nio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às comi- cer ilicitamente por negligência, imprudência ou imperícia, to-
nações desta lei até o limite do valor da herança. das as condutas configuram atos dolosos (com intenção).
Caso o sujeito ativo faleça no curso da ação de impro- e) Não cabe prática por omissão.5
bidade administrativa, os herdeiros arcarão com o dever de Entende Carvalho Filho6 que no caso do art. 9° o requi-
ressarcir o dano, claro, nos limites dos bens que ele deixar sito é o enriquecimento ilícito, ao passo que “o pressuposto
como herança. exigível do tipo é a percepção de vantagem patrimonial ilíci-
ta obtida pelo exercício da função pública em geral. Pressu-
CAPÍTULO II posto dispensável é o dano ao erário”. O elemento subjetivo
Dos Atos de Improbidade Administrativa é o dolo, pois fica difícil imaginar que um servidor obtenha
vantagem indevida por negligência, imprudência ou imperí-
Como não é possível ser desonesto sem saber que se cia (culpa). Da mesma forma, é incompatível com a conduta
está agindo desta forma, o elemento comum a todas as hi- omissiva, aceitando apenas a comissiva (ação).
póteses de improbidade administrativa é o dolo, que con- ATENÇÃO: todas as condutas descritas abaixo são meros
siste na intenção do agente em praticar o ato desonesto (al- exemplos de condutas compostas pelos elementos genéricos
guns entendem como inconstitucionais todas as referências da cabeça do artigo. Com efeito, estando eles presentes, não
a condutas culposas - inclusive parte do STJ). importa a ausência de dispositivo expresso no rol abaixo.
Os atos de improbidade administrativa foram divididos
em três grupos, nos artigos 9°, 10 e 11, conforme a gravi- I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel
dade do ato, indo do grupo mais grave ao menos grave. A ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou
cada grupo é aplicada uma espécie diferente de sanção no indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou
caso de confirmação da prática do ato apurada na esfera presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa
administrativa. ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das
Nos três artigos do capítulo II, enquanto o caput traz as atribuições do agente público;
condutas genéricas, os incisos delimitam condutas especí- Significa receber qualquer vantagem econômica, inclusive
ficas, que nada mais são do que exemplos de situações do presentes, de pessoas que tenham interesse direto ou indireto
caput, logo, os incisos são uma relação meramente exem- em que o agente público faça ou deixe de fazer alguma coisa.
plificativa4, sendo suficiente bem compreender como en-
contrar os requisitos genéricos para fins de provas. II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou
Seção I imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
Enriquecimento Ilícito III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa im- fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao
portando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de van- valor de mercado;
tagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, Tratam-se de espécies da conduta do inciso anterior, na
mandato, função, emprego ou atividade nas entidades men- qual o fim visado é permitir a aquisição, alienação, troca ou
cionadas no art. 1° desta lei, e notadamente: locação de bem móvel ou imóvel por preço diverso ao de
O grupo mais grave de atos de improbidade adminis- mercado. Percebe-se um ato de improbidade que causa pre-
trativa se caracteriza pelos elementos: enriquecimento + juízo direto ao erário.
ilícito + resultante de uma vantagem patrimonial indevi- No inciso II, o Estado que compra, troca ou aluga bem
da + em razão do exercício de cargo, mandato, emprego, móvel ou imóvel para sua utilização acima do preço de mer-
função ou outra atividade nas entidades do artigo 1°: cado; no inciso III, um bem móvel ou imóvel pertencente ao
a) O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não Estado é vendido, trocado ou alugado em preço inferior ao
se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos de mercado.
ditames morais, notadamente no desempenho de função
de interesse estatal. IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, má-
b) Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial quinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de
ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha ocor- propriedade ou à disposição de qualquer das entidades men-
rido dano aos cofres públicos (por exemplo, quando um cionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servi-
policial recebe propina pratica ato de improbidade admi- dores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas
nistrativa, mas não atinge diretamente os cofres públicos). entidades;
c) É preciso que a conduta se consume, ou seja, que
realmente exista o enriquecimento ilícito decorrente de
uma vantagem patrimonial indevida. 5 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed.
São Paulo: Método, 2011.
4 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito 6 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

34
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Todo aparato dos órgãos públicos serve para atender IX - perceber vantagem econômica para intermediar a li-
ao Estado e, consequentemente, à preservação do bem beração ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
comum na sociedade. Logo, quando um servidor público Para que as verbas públicas sejam liberadas ou aplicadas
utiliza esta estrutura material ou pessoal para atender aos há todo um procedimento estabelecido em lei, não cabendo
seus próprios interesses, causa prejuízo direto aos cofres ao servidor violá-lo e muito menos receber vantagem por
públicos e obtém uma vantagem indevida (a natural van- tal violação. Há improbidade, por exemplo, na fraude em li-
tagem decorrente do uso de algo que não lhe pertence). citação.

V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, X - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência
jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, ou declaração a que esteja obrigado;
de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, A percepção de vantagem econômica para omitir qual-
Nenhum ato administrativo pode ser praticado ou omi- quer ato que seja obrigado a praticar caracteriza ato de im-
tido para facilitar condutas como lenocínio (explorar, esti- probidade administrativa.
mular ou facilitar a prostituição), narcotráfico (envolver-se
em atividades no mundo das drogas, como venda e dis- XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio
tribuição), contrabando (importar ou exportar mercadoria bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patri-
proibida), usura (agiotagem, fornecer dinheiro a juros ab- monial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
surdos) ou qualquer outra atividade ilícita. Se, ainda por XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou va-
cima, se obter vantagem indevida pela tolerância da prática lores integrantes do acervo patrimonial das entidades men-
do ilícito, resta caracterizado um ato de improbidade ad- cionadas no art. 1° desta lei.
ministrativa da espécie mais grave, ora descrita neste art. Como visto, todo o aparato material e financeiro propi-
9° em estudo. ciado para o desempenho das funções públicas pertencem à
máquina estatal e devem servir ao bem comum, não caben-
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, do a utilização em proveito próprio, o que gera uma natural
direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição vantagem econômica, sob pena de incidir em improbidade
ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, administrativa.
ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou caracterís-
tica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das enti- Seção II
dades mencionadas no art. 1º desta lei; Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam
Da mesma forma, é vedado o recebimento de vanta- Prejuízo ao Erário
gens para fazer declarações falsas na avaliação de obras e
serviços em geral. Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que
causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qual- malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das en-
quer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do tidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
patrimônio ou à renda do agente público; O grupo intermediário de atos de improbidade adminis-
A desproporção entre o rendimento percebido no trativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao erário
exercício das funções e o patrimônio acumulado é um for- ou aos cofres públicos + gerando perda patrimonial ou di-
te indício da percepção indevida de vantagens. Claro, se lapidação do patrimônio público. Assim como o artigo an-
comprovada que a desproporção se deu por outros moti- terior, o caput descreve a fórmula genérica e os incisos algu-
vos lícitos, não há ato de improbidade administrativa (por mas atitudes específicas que exemplificam o seu conteúdo.7
exemplo, ganhar na loteria ou receber uma boa herança). a) Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies:
desvio, que é o direcionamento indevido; apropriação, que é
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de a transferência indevida para a própria propriedade; malba-
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica ratamento, que significa desperdício; e dilapidação, que se
que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado refere a destruição.8
por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente b) É preciso que seja causado dano a uma das pessoas
público, durante a atividade; do art. 1° da lei. No entanto, o enriquecimento ilícito é dis-
O agente público não pode trabalhar em funções in- pensável.
compatíveis com as que desempenha para o Estado, no- c) O crime pode ser praticado por ação ou omissão.
tadamente quando isso influenciar nas atitudes por ele to-
madas no exercício das funções públicas. Afinal, aceitando
uma posição que comprometa sua imparcialidade, o agen- 7 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed.
te prejudicará o interesse público. São Paulo: Método, 2011.
8 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

35
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O objeto da tutela é a preservação do patrimônio públi- Aliás, nem ao menos importa se o ato é benéfico, por
co, em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível é exemplo, uma doação. O patrimônio público deve ser pre-
a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos. servado e sua transmissão/utilização deve obedecer a le-
Este artigo admite expressamente a variante culposa, o gislação vigente.
que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp
n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconstitu- IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação
cionalidade do artigo. Contudo, «a jurisprudência do STJ de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades
consolidou a tese de que é indispensável a existência de referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço
dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao menos por parte delas, por preço inferior ao de mercado;
de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais o dano ao V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação
erário precisa ser comprovado. De acordo com o ministro de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
Castro Meira, a conduta culposa ocorre quando o agente Incisos diretamente correlatos aos incisos II e III do arti-
não pretende atingir o resultado danoso, mas atua com ne- go anterior, exceto pelo fato do sujeito ativo não perceber
gligência, imprudência ou imperícia (REsp n° 1.127.143)»9. vantagem indevida pela sua conduta. Aliás, é exatamente
Para Carvalho Filho10, não há inconstitucionalidade na mo- pela falta deste elemento que o ato se enquadra na cate-
dalidade culposa, lembrando que é possível dosar a pena goria intermediária, e não mais grave, dentro da classifica-
conforme o agente aja com dolo ou culpa. ção das improbidades.
O ponto central é lembrar que neste artigo não se exige
que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevidas, VI - realizar operação financeira sem observância das
basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem inde- normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insufi-
vida, incide no artigo anterior. Exceto pela não percepção ciente ou inidônea;
da vantagem indevida, os tipos exemplificados se aproxi- VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a
mam muito dos previstos nos incisos do art. 9°. observância das formalidades legais ou regulamentares
aplicáveis à espécie;
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incor- A realização de operações financeiras, como a liberação
poração ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídi- de verbas e o investimento destas, e a concessão de bene-
ca, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo fícios são papéis muito importantes desempenhados pelo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; agente público, que deverá cumprir estritamente a lei.
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídi-
ca privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de pro-
do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. cesso seletivo para celebração de parcerias com entidades
1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente; (Altera-
regulamentares aplicáveis à espécie; do pela Lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014)
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente Processo licitatório é aquele em que se realiza a lici-
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistên- tação, procedimento detalhado prescrito em lei pelo qual
cias, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qual- o Estado contrata serviços, adquire produtos, aliena bens,
quer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem etc. A finalidade de cumprir o procedimento legal de forma
observância das formalidades legais e regulamentares apli- estrita é garantir a preservação do interesse da sociedade,
cáveis à espécie; não cabendo ao agente público passar por cima destas re-
Todos os bens, rendas, verbas e valores que integram gras (Lei n° 8.666/93).
a estrutura da administração pública somente devem ser
utilizados por ela. Por isso, não cabe a incorporação de seu IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não
patrimônio ao acervo de qualquer pessoa física ou jurídi- autorizadas em lei ou regulamento;
ca e mesmo a simples utilização deve obedecer aos dita- Todas as despesas que podem ser assumidas pelo Po-
mes legais. Quem agir, aproveitando da função pública, der Público encontram respectiva previsão em alguma lei
de modo a permitir tais situações, incide em ato de im- ou diretriz orçamentária.
probidade administrativa, ainda que não receba nenhuma
vantagem por seu ato (havendo enriquecimento ilícito, está X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou
presente um ato do art. 9°, categoria mais grave). renda, bem como no que diz respeito à conservação do pa-
trimônio público;
A arrecadação de tributos é essencial para a manuten-
9 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade ad- ção da máquina estatal, não podendo o agente público ser
ministrativa: desonestidade na gestão dos recursos pú- negligente (se omitir, deixar de ser zeloso) no que tange ao
blicos. Disponível em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/pu- levantamento desta renda.
blicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103422>.
Acesso em: 26 mar. 2013. XI - liberar verba pública sem a estrita observância das
10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de di- normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
reito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, aplicação irregular;
2010.

36
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Para que as verbas públicas sejam aplicadas é preciso XVIII - celebrar parcerias da administração pública com
obedecer o procedimento previsto em lei, preservando o entidades privadas sem a observância das formalidades le-
interesse estatal. gais ou regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela
Dos incisos VI a XI resta clara a marca desta categoria Lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014)
intermediária de atos de improbidade administrativa: que
seja causado prejuízo ao erário, sem que o agente respon- XIX - frustrar a licitude de processo seletivo para celebra-
sável pelo dano receba vantagem indevida. A questão é ção de parcerias da administração pública com entidades
preservar o interesse estatal, garantindo que os bens e ver- privadas ou dispensá-lo indevidamente; (Incluído pela Lei nº
bas públicas sejam corretamente utilizados, arrecadados e 13.019 de 31 de julho de 2014)
investidos.
XX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela
enriqueça ilicitamente; administração pública com entidades privadas; (Incluído
Como visto, quando o agente público obtém vantagem pela Lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014)
própria, direta ou indireta, incide nas hipóteses mais graves
do artigo anterior. Caso concorde com o enriquecimento XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela adminis-
ilícito de terceiro, por exemplo, seu superior hierárquico, tração pública com entidades privadas sem a estrita obser-
ou colabore para que ele ocorra, também cometerá ato de vância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma
improbidade administrativa, embora de menor gravidade. para a sua aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019
de 31 de julho de 2014)
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particu-
lar, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qual- Seção II-A
quer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes
das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Fi-
trabalho de servidor público, empregados ou terceiros con- nanceiro ou Tributário
tratados por essas entidades. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
Não se deve permitir que terceiros utilizem do aparato
da máquina estatal, tanto material quanto pessoal, mesmo Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa
que não se obtenha vantagem alguma com tal concessão. qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou
manter benefício financeiro ou tributário contrário ao
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Comple-
por objeto a prestação de serviços públicos por meio da ges- mentar nº 116, de 31 de julho de 2003.
tão associada sem observar as formalidades previstas na lei;
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem Art. 8º-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Servi-
suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar ços de Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento).
as formalidades previstas na lei. § 1º O imposto não será objeto de concessão de isen-
A celebração de contratos de qualquer natureza com- ções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros,
promete diretamente o orçamento público, causando pre- inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito pre-
juízo ao erário. Por isso, deve-se obedecer as prescrições sumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que
legais que disciplinam a celebração de contratos adminis- resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária menor
trativos, deliberando com responsabilidade a respeito das que a decorrente da aplicação da alíquota mínima estabe-
contratações necessárias e úteis ao bem comum. lecida no caput, exceto para os serviços a que se referem
os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa a esta Lei Com-
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a plementar.
incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transfe- Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou
ridos pela administração pública a entidades privadas me- evitar a continuidade da guerra fiscal entre os municípios,
diante celebração de parcerias, sem a observância das for- fixando-se a alíquota mínima em 2%.
malidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;(In- Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro de
cluído pela Lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014) sua competência constitucional alíquotas inferiores a 2%
para atrair e fomentar investimentos novos (incentivo fis-
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou ju- cal), prejudicando os municípios vizinhos.
rídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade
transferidos pela administração pública a entidade privada administrativa a eventual concessão do benefício abaixo
mediante celebração de parcerias, sem a observância das da alíquota mínima.
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
(Incluído pela Lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014)

37
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Seção III CAPÍTULO III


Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Das Penas
Contra os Princípios da Administração Pública
Art. 12.  Independentemente das sanções penais, civis e
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que administrativas previstas na legislação específica, está o res-
atenta contra os princípios da administração pública qual- ponsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes comi-
quer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, nações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamen-
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e no- te, de acordo com a gravidade do fato:
tadamente: I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores
O grupo mais ameno de atos de improbidade adminis- acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento
trativa se caracteriza pela simples violação a princípios da integral do dano, quando houver, perda da função pú-
administração pública, ou seja, aplica-se a qualquer ati- blica, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pa-
tude do sujeito ativo que viole os ditames éticos do servi- gamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo
ço público. Isto é, o legislador pretende a preservação dos patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou
princípios gerais da administração pública.11 receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
a) O objeto de tutela são os princípios constitucionais; indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
b) Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dis- qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
pensáveis o enriquecimento ilícito e o dano ao erário; II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do
c) Somente é possível a prática de algum destes atos dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente
com dolo (intenção); ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da
d) Cabe a prática por ação ou omissão. função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalida- oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor
de para não permitir a caracterização de abuso de poder, do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou re-
diante do conteúdo aberto do dispositivo. ceber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
Na verdade, trata-se de tipo subsidiário, ou seja, que indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
se aplica quando o ato de improbidade administrativa não qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
tiver gerado obtenção de vantagem indevida ou dano ao III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do
erário. dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regula- direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa
mento ou diverso daquele previsto, na regra de competência; civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de agente e proibição de contratar com o Poder Público ou re-
ofício; ceber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
razão das atribuições e que deva permanecer em segredo; qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
IV - negar publicidade aos atos oficiais; IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função
V - frustrar a licitude de concurso público; pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito)
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício
fazê-lo; financeiro ou tributário concedido. (Incluído pela Lei Comple-
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento mentar nº 157, de 2016)
de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o
medida política ou econômica capaz de afetar o preço de juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como
mercadoria, bem ou serviço. o proveito patrimonial obtido pelo agente.
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fis- As sanções da Lei de Improbidade Administrativa são de
calização e aprovação de contas de parcerias firmadas pela natureza extrapenal e, portanto, têm caráter civil.
administração pública com entidades privadas. Como visto, no caso do art. 9°, categoria mais grave, o
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de aces- agente obtém um enriquecimento ilícito (vantagem econô-
sibilidade previstos na legislação. mica indevida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso,
É possível perceber, no rol exemplificativo de condutas deverá não só reparar eventual dano causado mas também
do artigo 11, que o agente público que pratique qualquer colocar nos cofres públicos tudo o que adquiriu indevida-
ato contrário aos ditames da ética, notadamente os origi- mente. Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu
nários nos princípios administrativos constitucionais, prati- indevidamente ou este valor acrescido do valor do prejuízo
ca ato de improbidade administrativa. causado aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou dei-
Com efeito, são deveres funcionais: praticar atos visan- xou de ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriqueci-
do o bem comum, agir com efetividade e rapidez, manter mento ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o qual será
sigilo a respeito dos fatos que tenha conhecimento devido reparado (eventualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito,
a sua função, tornar públicos os atos oficiais, zelar pela boa devendo o valor adquirido ser tomado pelo Estado). Já no
realização de atos administrativos em geral (como a reali- artigo 11, o máximo que pode ocorrer é o dano ao erário,
zação de concurso público), prestar contas, entre outros. com o devido ressarcimento. Na hipótese do artigo 10-A,
11 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. não se denota nem enriquecimento ilícito e nem dano ao
São Paulo: Método, 2011. erário, pois no máximo a prática de guerra fiscal pode gerar

38
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Em todos os casos há perda da função pública.


Nas três categorias iniciais, são estabelecidas sanções de suspensão dos direitos políticos, multa e vedação de contrata-
ção ou percepção de vantagem, graduadas conforme a gravidade do ato, enquanto que na quarta categoria apenas se prevê
a suspensão de direitos políticos e a multa:

Artigo 9° Artigo 10 Artigo 10-A Artigo 11


Suspensão de direitos
8 a 9 anos 5 a 8 anos 5 a 8 anos 3 a 5 anos
políticos
Até 3X o valor do
Até 3X o Até 100X o valor
Até 2X o dano benefício financeiro
Multa enriquecimento da remuneração do
causado. ou tributário
experimentado agente
concedido
Vedação de contratação
10 anos 5 anos – 3 anos
ou vantagem

Vale lembrar a disciplina constitucional das sanções por atos de improbidade administrativa, que se encontra no art. 37,
§ 4º, CF:

Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indis-
ponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

ATENÇÃO: a única sanção que se encontra prevista na LIA mas não na CF é a de multa. (art. 37, §4°, CF). Não há ne-
nhuma inconstitucionalidade disto, pois nada impediria de o legislador infraconstitucional ampliasse a relação mínima de
penalidades da Constituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a lei é o instrumento adequado para tanto12.
Carvalho Filho13 tece considerações a respeito de algumas das sanções:
a) Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade. Se
alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve derivar de
origem ilícita”.
b) Ressarcimento integral do dano: há quem entenda que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção monetária
e juros de mora.
c) Perda de função pública: “se o agente é titular de mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassação. Sendo
servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servidores trabalhistas e
temporários), a perda da função pública se consubstancia pela rescisão do contrato com culpa do empregado. No caso de
exercer apenas uma função pública, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação da designação”. Lembra-se que
determinadas autoridades se sujeitam a procedimento especial para perda da função pública, ponto em que não se aplica
a Lei de Improbidade Administrativa.
d) Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julgados nesta
margem optar pela mais adequada. Há ainda variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato de improbidade (a
base será o valor do enriquecimento ou o valor do dano ou o valor da remuneração do agente). A natureza da multa é de
sanção civil, não possuindo caráter indenizatório, mas punitivo.
e) Proibição de receber benefícios: não se incluem as imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao menos sócio
majoritário da instituição vitimada.
f) Proibição de contratar: o agente punido não pode participar de processos licitatórios.

CAPÍTULO IV
Da Declaração de Bens

Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores que
compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens
e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do
cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do declarante, excluídos
apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.

12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
13 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

39
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada § 2º A autoridade administrativa rejeitará a representa-


e na data em que o agente público deixar o exercício do ção, em despacho fundamentado, se esta não contiver as
mandato, cargo, emprego ou função. formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do não impede a representação ao Ministério Público, nos ter-
serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, mos do art. 22 desta lei.
o agente público que se recusar a prestar declaração dos O §1° delimita o conteúdo da representação que, se não
bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa. respeitado, será rejeitado pela autoridade administrativa
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia (§2°). Ainda assim, em caso de rejeição, será possível repre-
da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da sentar ao Ministério Público. Supondo, por exemplo, que
Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto a pessoa não queira se identificar - a representação será
sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as rejeitada, mas o Ministério Público poderá apurar o fato.
necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no As exigências do §1° servem para evitar denúncias ir-
caput e no § 2° deste artigo. responsáveis e coibir acusações levianas. Somente o Minis-
Para que uma pessoa tome posse e exerça o cargo de tério Público poderá instaurar procedimento para apurar
agente público deve apresentar declaração de bens que uma denúncia anônima.
deverá ser renovada anualmente (§2°) sob pena de demis-
são (§3°). Assim, trata-se de condição para o exercício das § 3º Atendidos os requisitos da representação, a au-
atribuições de agente público. toridade determinará a imediata apuração dos fatos que,
A finalidade é a de assegurar que o agente público não em se tratando de servidores federais, será processada na
receba vantagens indevidas, possuindo instrumento para forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de
fiscalizá-lo caso o faça. dezembro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, de
Os bens abrangidos pela declaração não são apenas os acordo com os respectivos regulamentos disciplinares.
do agente público, mas também os de seus dependentes. O §3° remete à existência de regras próprias do proces-
Por isso, não adiantará nada o agente colocar os bens de- so administrativo disciplinar para as diferentes categorias
correntes do enriquecimento ilícito em nome de pessoas de servidores. Por exemplo, aos servidores públicos fede-
que dele dependam, e não em seu nome. rais será aplicada a Lei n° 8.112/90.

CAPÍTULO V Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao


Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da
existência de procedimento administrativo para apurar a
Desde logo, destaca-se que o procedimento na via ad- prática de ato de improbidade.
ministrativa não tem idoneidade para ensejar a aplicação Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou
de sanções de improbidade. Após o encerramento do pro- Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar repre-
cesso administrativo, deverá ser ajuizada ação de impro- sentante para acompanhar o procedimento administrativo.
bidade administrativa. Na sentença judicial será possível A lei fala em comissão processante, mas o órgão encar-
aplicar as sanções da lei de improbidade administrativa.14 regado do processo de investigação pode receber outra
nomenclatura conforme o sistema funcional de cada en-
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autori- tidade15.
dade administrativa competente para que seja instaurada O importante é saber que este órgão terá que informar
investigação destinada a apurar a prática de ato de impro- ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas a existência
bidade. do procedimento administrativo apurando o ato de impro-
O artigo 14 repete um direito assegurado na Constitui- bidade, que poderão designar representante para acompa-
ção Federal, qual seja o direito de representação, previsto nhá-lo. O objetivo da lei foi contribuiu para a formação da
no art. 5°, XXXIV, a: “são a todos assegurados, indepen- convicção dos representantes destes órgãos desde logo.
dentemente do pagamento de taxas: a) o direito de peti-
ção aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade,
ilegalidade ou abuso de poder; [...]”. Logo, se o art. 14 não a comissão representará ao Ministério Público ou à procu-
existisse, ainda seria possível que o particular representasse radoria do órgão para que requeira ao juízo competente a
o agente público. decretação do seqüestro dos bens do agente ou terceiro que
tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patri-
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a ter- mônio público.
mo e assinada, conterá a qualificação do representante, as § 1º O pedido de sequestro será processado de acordo
informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo
provas de que tenha conhecimento. Civil.

14 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de di- 15 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de di-
reito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, reito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010. 2010.

40
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, § 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá
o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações as ações necessárias à complementação do ressarcimento
financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos do patrimônio público.
da lei e dos tratados internacionais. Caso não tenha sido totalmente recomposto o patrimô-
Se existirem indícios veementes da prática do ato de im- nio com a ação de improbidade, a Fazenda Pública ajuizará
probidade administrativa, a comissão processante poderá ação própria.
representar ao Ministério Público ou ao órgão jurídico da
pessoa lesada para que estes postulem o sequestro/arresto § 3°  No caso de a ação principal ter sido proposta pelo
de bens do terceiro ou agente que tenham enriquecido ili- Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no
citamente. § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965.
O arresto parece ser uma medida mais adequada (arts. Dispõe o art. 6°, §3° da Lei n° 4.717/65:
813 a 821, CPC), por ser uma garantia geral dos credores, ou
seja, por ser mais abrangente. A pessoa jurídica de direito público ou de direito priva-
Vale lembrar a possibilidade prevista no art. 7° desta lei do, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de
no sentido de representar ao Ministério Público para postu- contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde
lar a indisponibilidade de bens. que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respec-
Este artigo e o artigo 7° abrem possibilidade para que tivo representante legal ou dirigente.
seja tomada qualquer medida cautelar que vise impedir a
deterioração e a dilapidação do patrimônio do causador do Significa que é possível inverter a legitimidade, sendo
dano, assegurando sua reparação futura. que a pessoa jurídica inicia o processo como legitimado
O procedimento administrativo se encontra disciplina- passivo, mas, como é invertido o interesse processual, pas-
do dos artigos 14 a 16, encerrando-se neste ponto. A partir sa para o polo ativo. No entanto, como pessoa jurídica não
daqui, trata-se da ação de improbidade administrativa que figura como ré de ação de improbidade administrativa, so-
deve tramitar na via judicial (artigos 17 e 18). mente cabe a aplicação do dispositivo no sentido de auto-
rizar que a pessoa jurídica reforce o pedido de reconheci-
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será pro- mento de improbidade e de aplicação de sanções ao lado
posta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interes- do Ministério Público.
sada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.
“Ação de improbidade administrativa é aquela que pre- § 4º O Ministério Público, se não intervir no processo
tende o reconhecimento judicial de condutas de improbi- como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei,
dade da Administração, perpetradas por administradores sob pena de nulidade.
públicos e terceiros, e a consequente aplicação das sanções A atuação do Ministério Público nos processos judiciais
legais, com o escopo de preservar o princípio da moralidade pode ser como parte, quando ajuizar a ação, e como fis-
administrativa. Sem dúvida, cuida-se de poderoso instru- cal da lei, quando outro legitimado o fizer. No caso, como
mentos de controle judicial sobre atos que a lei caracteriza também a pessoa jurídica de direito público prejudicada
como de improbidade”16. pode ajuizar a ação, se o fizer, o Ministério Público atuará
Caso tenha sido postulada alguma medida cautelar, o como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
prazo para que seja ajuizada a ação de improbidade admi-
nistrativa é de 30 dias, sob pena de perda da eficácia da me- § 5o  A propositura da ação prevenirá a jurisdição do
dida (bens e verbas são desbloqueados). juízo para todas as ações posteriormente intentadas que
A legitimidade ativa é concorrente, porque a ação pode possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
ser proposta tanto pelo Ministério Público quanto pela pes- Tornar o juízo prevento é assegurar que todas as ações
soa jurídica interessada. que sejam propostas com mesma causa de pedir (fatos e
A legitimidade passiva é daquele que cometeu o ato de fundamentos jurídicos) ou mesmo objeto sejam julgadas
improbidade. pelo mesmo juízo. Será prevento o juízo em que primeiro
No pedido, se postulará, primeiro, o reconhecimento do for proposta a ação.
ato de improbidade administrativa, depois, a aplicação das
sanções cabíveis. § 6o  A ação será instruída com documentos ou justifi-
cação que contenham indícios suficientes da existência do
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ato de improbidade ou com razões fundamentadas da im-
ações de que trata o caput. possibilidade de apresentação de qualquer dessas provas,
Não é permitido fazer acordos porque a apuração do ato observada a legislação vigente, inclusive as disposições ins-
de improbidade administrativa é de interesse público, sobre critas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil.
o qual não se pode transacionar. Seria absurdo alguém pre- A ação de improbidade administrativa será instruída
judicar o erário e se livrar da condenação judicial apenas por com provas do ato de improbidade administrativa prati-
ter aceitado um acordo quando descoberto seu ato. cado, geralmente o processo administrativo que tramitou
16 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de di- anteriormente. Todas estas provas serão explicadas, funda-
reito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, mentando porque restou caracterizado o ato de improbi-
2010. dade.

41
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 7o  Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará au- O §4º do artigo 3º mencionado foi vetado. Interpretan-
tuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer ma- do o artigo 8º-A, entende-se ser legitimada para proposi-
nifestação por escrito, que poderá ser instruída com documen- tura da ação a pessoa jurídica de direito público que seria
tos e justificações, dentro do prazo de quinze dias. beneficiada pela alíquota que deveria ter sido recolhida na
Se a petição inicial preencher os requisitos do parágrafo an- esfera de seu município pois nele que o prestador se en-
terior e os demais requisitos processuais civis, o requerido será contrava.
notificado para se manifestar por escrito e, se quiser, apresentar
documentos. Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de
reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos ili-
§ 8o  Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, citamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens,
em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada
inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação pelo ilícito.
ou da inadequação da via eleita. Na verdade, este dispositivo apenas lembra algumas
§ 9o  Recebida a petição inicial, será o réu citado para apre- das sanções que poderão ser aplicadas na sentença da
sentar contestação. ação de improbidade administrativa. Não significa que as
Se o juiz se convencer com as informações da manifestação demais sanções previstas nesta lei não sejam aplicáveis.
do requerido, rejeitará a ação; se não, receberá definitivamente a
petição inicial e determinará a citação do réu para contestar a ação. CAPÍTULO VI
Das Disposições Penais
§ 10  Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo
de instrumento. Art. 19. Constitui crime a representação por ato de im-
Agravo de instrumento é o recurso interposto contra deci- probidade contra agente público ou terceiro beneficiário,
sões que não colocam fim no processo. quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
§ 11 Em qualquer fase do processo, reconhecida a inade- Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante
quação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais,
sem julgamento do mérito. morais ou à imagem que houver provocado.
Durante o processo o juiz pode perceber que a ação de im- A legislação pretende que as denúncias de atos de im-
probidade administrativa não deveria ter sido aceita, caso em probidade administrativas sejam sérias e fundamentadas,
que a extinguirá. não levianas. O art. 19 introduz um tipo penal, ele não faz
parte exatamente das outras penalidades da lei, por isso
§ 12.  Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas exatamente que está apartado das demais.
nos processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput Este crime será denunciado e apurado perante um juízo
e § 1o, do Código de Processo Penal. criminal, fora da ação de improbidade administrativa. O ar-
Dispõem o artigo 221, caput e §1° do CPP: tigo 19 é um crime a ser denunciado em ação penal pública
proposta pelo Ministério Público, único legitimado.
O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores Na verdade, ele não passa de uma forma específica da
e deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de denunciação caluniosa do Código Penal.
Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Dis-
trito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembléias Le- Art. 339, CP. Dar causa à instauração de investigação
gislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros policial, de processo judicial, instauração de investigação
e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distri- administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade ad-
to Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos ministrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o
em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. sabe inocente. Pena - reclusão de 2 a 8 anos e multa.
§ 1° O Presidente e o Vice-Presidente da República, os pre-
sidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos di-
Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de de- reitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
poimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pe- sentença condenatória.
las partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício. Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrati-
va competente poderá determinar o afastamento do agente
Percebe-se que os dispositivos tratam da tomada de público do exercício do cargo, emprego ou função, sem pre-
depoimentos de determinados agentes públicos. juízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária
à instrução processual.
§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera Não cabe, em regra, tomar medida cautelar para sus-
pessoa jurídica interessada o ente tributante que figurar no pender direitos políticos e determinar a perda da função
polo ativo da obrigação tributária de que tratam o § pública. O máximo que é possível, visando garantir a ins-
4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, trução processual, é afastar o agente público do exercício
de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei Complementar nº do cargo sem prejuízo da remuneração enquanto tramita a
157, de 2016) ação de improbidade administrativa.

42
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei inde-


pende: 9 LEI N°9.784/1999 (LEI DO PROCESSO
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, ADMINISTRATIVO).
salvo quanto à pena de ressarcimento;
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
Não importa se o ato praticado pelo agente não causou LEI FEDERAL Nº 9.784/99:
dano ao erário, tanto que existem os atos da categoria mais
leve (artigo 11). Para os estudos acerca da regulamentação do proces-
Também é irrelevante se o Tribunal de Contas aprovou so administrativo no âmbito da Administração Pública Fe-
ou rejeitou as contas prestadas pelo agente, embora isto deral, é imprescindível a leitura atenta do que dispõe a Lei
sirva de elemento de prova. 9.784/1999, sobre as disposições gerais, os direitos e os
deveres dos administrados.
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o
Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999.
administrativa ou mediante representação formulada de
acordo com o disposto no art. 14, poderá requisitar a instau- Regula o processo administrativo no âmbito da Admi-
ração de inquérito policial ou procedimento administrativo. nistração Pública Federal. 
O Ministério Público poderá requisitar a instauração de       
inquérito policial ou procedimento administrativo de ofí- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
cio, a pedido da autoridade administrativa ou mediante gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
representação.
CAPÍTULO I
CAPÍTULO VII DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Da Prescrição         
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o pro-
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções cesso administrativo no âmbito da Administração Federal
previstas nesta lei podem ser propostas: direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direi-
I - até cinco anos após o término do exercício de manda- tos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins
to, de cargo em comissão ou de função de confiança; da Administração.        
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei especí- § 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos ór-
fica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem gãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando
do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou no desempenho de função administrativa.        
emprego. § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:       
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutu-
direito de acionar judicialmente. ra da Administração direta e da estrutura da Administração
A ação de improbidade administrativa não poderá ser indireta;
proposta se: a) prescrição no caso de cargo provisório - II - entidade - a unidade de atuação dotada de perso-
passados 5 anos após o término do exercício de mandato, nalidade jurídica;
cargo em comissão ou função de confiança pelo réu; b) III - autoridade - o servidor ou agente público dotado
prescrição no caso de cargo definitivo - dentro do prazo de poder de decisão.
prescricional previsto em lei específica para faltas disci-
plinares puníveis com demissão a bem do serviço público Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre ou-
(por exemplo, na esfera federal, o prazo é de 5 anos a con- tros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
tar da data em que o fato se tornou conhecido). razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla de-
fesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e
CAPÍTULO VIII eficiência.
Das Disposições Finais Parágrafo único. Nos processos administrativos serão
observados, entre outros, os critérios de:
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. I - atuação conforme a lei e o Direito;
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a re-
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho núncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo
de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais dis- autorização em lei;
posições em contrário. III - objetividade no atendimento do interesse público,
vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independên- IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, de-
cia e 104° da República. coro e boa-fé;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressal-
vadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição;

43
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição CAPÍTULO IV


de obrigações, restrições e sanções em medida superior DO INÍCIO DO PROCESSO
àquelas estritamente necessárias ao atendimento do inte-
resse público; Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito ofício ou a pedido de interessado.
que determinarem a decisão; Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo ca-
VIII – observância das formalidades essenciais à garan- sos em que for admitida solicitação oral, deve ser formula-
tia dos direitos dos administrados; do por escrito e conter os seguintes dados:
IX - adoção de formas simples, suficientes para propi- I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
ciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos II - identificação do interessado ou de quem o repre-
direitos dos administrados; sente;
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresenta- III - domicílio do requerente ou local para recebimento
de comunicações;
ção de alegações finais, à produção de provas e à interpo-
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e
sição de recursos, nos processos de que possam resultar
de seus fundamentos;
sanções e nas situações de litígio;
V - data e assinatura do requerente ou de seu repre-
XI - proibição de cobrança de despesas processuais,
sentante.
ressalvadas as previstas em lei; Parágrafo único. É vedada à Administração a recu-
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sa imotivada de recebimento de documentos, devendo o
sem prejuízo da atuação dos interessados; servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de
XIII - interpretação da norma administrativa da forma eventuais falhas.
que melhor garanta o atendimento do fim público a que
se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpreta- Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão
ção. elaborar modelos ou formulários padronizados para assun-
tos que importem pretensões equivalentes.
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de in-
teressados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos,
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos pe- poderão ser formulados em um único requerimento, salvo
rante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe se- preceito legal em contrário.
jam assegurados:
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servi- CAPÍTULO V
dores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o DOS INTERESSADOS
cumprimento de suas obrigações;
II - ter ciência da tramitação dos processos adminis- Art. 9o São legitimados como interessados no processo
trativos em que tenha a condição de interessado, ter vista administrativo:
dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como ti-
conhecer as decisões proferidas; tulares de direitos ou interesses individuais ou no exercício
III - formular alegações e apresentar documentos an- do direito de representação;
tes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm di-
órgão competente; reitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão
a ser     adotada;
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado,
III - as organizações e associações representativas, no
salvo quando obrigatória a representação, por força de lei.
tocante a direitos e interesses coletivos;
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituí-
CAPÍTULO III
das quanto a direitos ou interesses difusos.
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
Art. 10. São capazes, para fins de processo administra-
Art. 4o São deveres do administrado perante a Admi- tivo, os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão espe-
nistração, sem prejuízo de outros previstos em ato nor- cial em ato normativo próprio.
mativo:
I - expor os fatos conforme a verdade; CAPÍTULO VI
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; DA COMPETÊNCIA
III - não agir de modo temerário;
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos
colaborar para o esclarecimento dos fatos. órgãos administrativos a que foi atribuída como própria,
salvo os casos de delegação e avocação legalmente admi-
tidos.

44
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou
se não houver impedimento legal, delegar parte da sua servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes com algum dos interessados ou com os respectivos côn-
não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for juges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.
conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica,
social, econômica, jurídica ou territorial. Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição po-
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo apli- derá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo.
ca-se à delegação de competência dos órgãos colegiados
aos respectivos presidentes. CAPÍTULO VIII
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PRO-
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: CESSO
I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos; Art. 22. Os atos do processo administrativo não depen-
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou dem de forma determinada senão quando a lei expressa-
autoridade. mente a exigir.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por es-
ser publicados no meio oficial. crito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e po- e a assinatura da autoridade responsável.
deres transferidos, os limites da atuação do delegado, a du- § 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma
ração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, po- somente será exigido quando houver dúvida de autentici-
dendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada. dade.
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo § 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia
pela autoridade delegante. poderá ser feita pelo órgão administrativo.
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem men- § 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas se-
cionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão
qüencialmente e rubricadas.
editadas pelo delegado.
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias
úteis, no horário normal de funcionamento da repartição
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por
na qual tramitar o processo.
motivos relevantes devidamente justificados, a avocação
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário
temporária de competência atribuída a órgão hierarquica-
normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o
mente inferior.
curso regular do procedimento ou cause dano ao interes-
sado ou à Administração.
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulga-
rão publicamente os locais das respectivas sedes e, quando
conveniente, a unidade fundacional competente em maté- Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do
ria de interesse especial. órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos ad-
ministrados que dele participem devem ser praticados no
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o pro- prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior.
cesso administrativo deverá ser iniciado perante a autorida- Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser
de de menor grau hierárquico para decidir. dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação.

CAPÍTULO VII Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se prefe-


DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO rencialmente na sede do órgão, cientificando-se o interes-
sado se outro for o local de realização.
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrati-
vo o servidor ou autoridade que: CAPÍTULO IX
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
II - tenha participado ou venha a participar como perito,
testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita
quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o o processo administrativo determinará a intimação do in-
terceiro grau; teressado para ciência de decisão ou a efetivação de dili-
III - esteja litigando judicial ou administrativamente gências.
com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. § 1o A intimação deverá conter:
I - identificação do intimado e nome do órgão ou enti-
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impe- dade administrativa;
dimento deve comunicar o fato à autoridade competente, II - finalidade da intimação;
abstendo-se de atuar. III - data, hora e local em que deve comparecer;
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou
impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. fazer-se representar;

45
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

V - informação da continuidade do processo indepen- Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da auto-
dentemente do seu comparecimento; ridade, diante da relevância da questão, poderá ser reali-
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais perti- zada audiência pública para debates sobre a matéria do
nentes. processo.
§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de
três dias úteis quanto à data de comparecimento. Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em ma-
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no pro- téria relevante, poderão estabelecer outros meios de par-
cesso, por via postal com aviso de recebimento, por tele- ticipação de administrados, diretamente ou por meio de
grama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do organizações e associações legalmente reconhecidas.
interessado.
§ 4o  No caso de interessados indeterminados, desco- Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública
nhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser e de outros meios de participação de administrados de-
efetuada por meio de publicação oficial. verão ser apresentados com a indicação do procedimento
§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem ob- adotado.
servância das prescrições legais, mas o comparecimento do
administrado supre sua falta ou irregularidade. Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a
audiência de outros órgãos ou entidades administrativas
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participa-
o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a ção de titulares ou representantes dos órgãos competen-
direito pelo administrado. tes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos.
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será
garantido direito de ampla defesa ao interessado. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que
tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do pro- competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta
cesso que resultem para o interessado em imposição de Lei.
deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos
e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e da-
dos estão registrados em documentos existentes na pró-
CAPÍTULO X pria Administração responsável pelo processo ou em outro
DA INSTRUÇÃO órgão administrativo, o órgão competente para a instrução
proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das res-
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averi- pectivas cópias.
guar e comprovar os dados necessários à tomada de deci-
são realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e an-
responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos in- tes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres,
teressados de propor atuações probatórias. requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações
§ 1o O órgão competente para a instrução fará constar referentes à matéria objeto do processo.
dos autos os dados necessários à decisão do processo. § 1o  Os elementos probatórios deverão ser considera-
§ 2o  Os atos de instrução que exijam a atuação dos dos na motivação do relatório e da decisão.
interessados devem realizar-se do modo menos oneroso § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante deci-
para estes. são fundamentada, as provas propostas pelos interessados
quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou
Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo protelatórias.
as provas obtidas por meios ilícitos.
Art. 39. Quando for necessária a prestação de infor-
Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assun- mações ou a apresentação de provas pelos interessados
to de interesse geral, o órgão competente poderá, median- ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim,
te despacho motivado, abrir período de consulta pública mencionando-se data, prazo, forma e condições de aten-
para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedi- dimento.
do, se não houver prejuízo para a parte interessada. Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, po-
§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de di- derá o órgão competente, se entender relevante a matéria,
vulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a
ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo decisão.
para oferecimento de alegações escritas.
§ 2o O comparecimento à consulta pública não confere, Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos soli-
por si, a condição de interessado do processo, mas confere citados ao interessado forem necessários à apreciação de
o direito de obter da Administração resposta fundamenta- pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela
da, que poderá ser comum a todas as alegações substan- Administração para a respectiva apresentação implicará ar-
cialmente iguais. quivamento do processo.

46
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou CAPÍTULO XII


diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias DA MOTIVAÇÃO
úteis, mencionando-se data, hora e local de realização.
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motiva-
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um dos, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos,
órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo quando:
máximo de quinze dias, salvo norma especial ou compro- I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
vada necessidade de maior prazo. II - imponham ou agravem deveres, encargos ou san-
§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ções;
ser emitido no prazo fixado, o processo não terá segui- III - decidam processos administrativos de concurso ou
mento até a respectiva apresentação, responsabilizando-se seleção pública;
quem der causa ao atraso. IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de pro-
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar cesso licitatório;
de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter pros- V - decidam recursos administrativos;
seguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo VI - decorram de reexame de ofício;
da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento. VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo de- relatórios oficiais;
vam ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
administrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo convalidação de ato administrativo.
assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá soli- § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruen-
citar laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação te, podendo consistir em declaração de concordância com
e capacidade técnica equivalentes. fundamentos de anteriores pareceres, informações, deci-
sões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante
do ato.
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o di-
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza,
reito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo
pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os funda-
se outro prazo for legalmente fixado.
mentos das decisões, desde que não prejudique direito ou
garantia dos interessados.
Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pú-
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e
blica poderá motivadamente adotar providências acautela-
comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata
doras sem a prévia manifestação do interessado.
ou de termo escrito.
Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo CAPÍTULO XIII
e a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO
documentos que o integram, ressalvados os dados e docu- DO PROCESSO
mentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à
privacidade, à honra e à imagem. Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação
escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado
Art. 47. O órgão de instrução que não for competen- ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis.
te para emitir a decisão final elaborará relatório indicando § 1o Havendo vários interessados, a desistência ou re-
o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e núncia atinge somente quem a tenha formulado.
formulará proposta de decisão, objetivamente justificada, § 2o A desistência ou renúncia do interessado, confor-
encaminhando o processo à autoridade competente. me o caso, não prejudica o prosseguimento do processo,
se a Administração considerar que o interesse público as-
CAPÍTULO XI sim o exige.
DO DEVER DE DECIDIR
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto
Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da
emitir decisão nos processos administrativos e sobre soli- decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato
citações ou reclamações, em matéria de sua competência. superveniente.

Art. 49. Concluída a instrução de processo administra- CAPÍTULO XIV


tivo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO
decidir, salvo prorrogação por igual período expressamen-
te motivada. Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos,
quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
os direitos adquiridos.

47
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimen-
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os to no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do
destinatários decai em cinco anos, contados da data em pedido de reexame, podendo juntar os documentos que
que foram praticados, salvo comprovada má-fé. julgar convenientes.
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o pra-
zo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso
pagamento. não tem efeito suspensivo.
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qual- Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de
quer medida de autoridade administrativa que importe im- difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a au-
pugnação à     validade do ato. toridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de
ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarre- Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para
tarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, dele conhecer deverá intimar os demais interessados para
os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações.
convalidados pela própria Administração.
Art. 63. O recurso não será conhecido quando inter-
CAPÍTULO XV posto:
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO I - fora do prazo;
II - perante órgão incompetente;
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em III - por quem não seja legitimado;
face de razões de legalidade e de mérito. IV - após exaurida a esfera administrativa.
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorren-
a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco te a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo
dias, o encaminhará à autoridade superior. para recurso.
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso ad-
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a Ad-
ministrativo independe de caução.
ministração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não
§ 3o  Se o recorrente alegar que a decisão adminis-
ocorrida preclusão administrativa.
trativa contraria enunciado da súmula vinculante, caberá
à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso
reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à
poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou
autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inapli-
parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua
cabilidade da súmula, conforme o caso.
competência.
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste ar-
por três instâncias administrativas, salvo disposição legal tigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este
diversa. deverá ser cientificado para que formule suas alegações
antes da decisão.
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso admi-
nistrativo: Art. 64-A.  Se o recorrente alegar violação de enuncia-
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte do da súmula vinculante, o órgão competente para decidir
no processo; o recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou inapli-
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indireta- cabilidade da súmula, conforme o caso.      
mente afetados pela decisão recorrida;  
III - as organizações e associações representativas, no Art. 64-B.  Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a
tocante a direitos e interesses coletivos; reclamação fundada em violação de enunciado da súmu-
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou la vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao
interesses difusos. órgão competente para o julgamento do recurso, que de-
verão adequar as futuras decisões administrativas em casos
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas
o prazo para interposição de recurso administrativo, con- esferas cível, administrativa e penal. 
tado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão
recorrida. Art. 65. Os processos administrativos de que resultem
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido
administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstân-
trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão cias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da
competente. sanção aplicada.
§ 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá
ser prorrogado por igual período, ante justificativa explí- resultar agravamento da sanção.
cita.

48
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO XVI Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
DOS PRAZOS
Brasília 29 de janeiro de 1999; 178o da Independência e
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data 111o da República.
da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
começo e incluindo-se o do vencimento.
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro Bibliografia
dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito adminis-
houver expediente ou este for encerrado antes da hora trativo descomplicado. 19. Ed. São Paulo: Método, 2011.
normal. BRAZ, Petrônio; Tratado de direito municipal – volume 1. 3ª
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo ed. Leme/SP: Mundo Jurídico, 2009.
contínuo. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 22.
§ 3o  Os prazos fixados em meses ou anos contam-se ed. São Paulo: Atlas. 2009.
de data a data. Se no mês do vencimento não houver o dia MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo. 32. ed. São
equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo Paulo: Malheiros, 2006.
o último dia do mês. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito admi-
nistrativo. 29. Ed. São Paulo: Malheiros, 2012.
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente com-
provado, os prazos processuais não se suspendem. EXERCÍCIOS

CAPÍTULO XVII 01. (CESPE - 2013 - MI - Analista Técnico - Administra-


DAS SANÇÕES tivo) Com relação a Estado, governo e administração pública,
julgue os itens seguintes.
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade Em sentido objetivo, a expressão administração pública
competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em denota a própria atividade administrativa exercida pelo Estado.
obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o ( ) Certo
direito de defesa. ( ) Errado

CAPÍTULO XVIII 02. (CESPE - 2013 - MS - Analista Técnico - Administrativo)


DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Acerca de Estado, governo e administração, julgue os itens a seguir.
A administração é o aparelhamento do Estado preordena-
Art. 69. Os processos administrativos específicos conti- do à realização dos seus serviços, com vistas à satisfação das
nuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas necessidades coletivas.
subsidiariamente os preceitos desta Lei. ( ) Certo
( ) Errado
Art. 69-A.  Terão prioridade na tramitação, em qualquer
órgão ou instância, os procedimentos administrativos em 03. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Técnico Judiciário) Julgue os
que figure como parte ou interessado:      itens a seguir, que versam sobre organização administrativa.
I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) Administração pública, em sentido objetivo ou material,
anos;       consiste no conjunto de órgãos, agentes e pessoas jurídicas
II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;     instituídas para a consecução dos objetivos do governo.
III – (VETADO)        ( ) Certo
IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose ( ) Errado
múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversí-
vel e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, 04. (DESENVOLVESP – Auditor - VUNES/2014) Analise
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepato- as informações a seguir, com relação ao regramento e à natu-
patia grave, estados avançados da doença de Paget (osteí- reza jurídica da administração pública, classificando-as como
te deformante), contaminação por radiação, síndrome de (V) verdadeira ou (F) Falsa.
imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com ( ) Uma lei que reestruture a carreira de determinada ca-
base em conclusão da medicina especializada, mesmo que tegoria de servidores públicos pode também dispor acerca da
a doença tenha sido contraída após o início do processo.       criação de uma autarquia.
§ 1o  A pessoa interessada na obtenção do benefício, ( ) O controle das entidades que compõem a administra-
juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à au- ção indireta da União é feito pela sistemática da supervisão
toridade administrativa competente, que determinará as ministerial.
providências a serem cumpridas.       ( ) As autarquias podem ter personalidade jurídica de
§ 2o  Deferida a prioridade, os autos receberão identifi- direito privado.
cação própria que evidencie o regime de tramitação prio- ( ) As autarquias têm prerrogativas típicas de pessoas
ritária.       jurídicas de direito público, entre as quais se inclui a de se-
§ 3o  (VETADO)      (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). rem seus débitos apurados judicialmente, executados pelo
§ 4o  (VETADO)      (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). sistema de precatórios.

49
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A classificação correta, de cima para baixo, é: E) jurídicas de direito público, criadas por lei, com ca-
A) V, V, V, V pacidade de autoadministração, mas sujeitas ao poder de
B) V, F, V, F tutela do ente que as criou.
C) F, V, F, V. 09. (MPE/ES - Agente de Apoio Administrativo -
D) F, V, V, V. VUNESP/2013) São, entre outras, entidades que integram
E) F, F, F, V. a Administração Pública Indireta:
A) agência reguladora, consórcio público e empresa
05. (TRT/GO - Juiz do Trabalho - FCC/2014) Ao criar pública.
uma entidade da Administração indireta, o ente político pode B) autarquia, empresa pública e agência bancária.
optar por constituí-la sob regime de direito privado. Dentre C) empresa pública, agência bancária e sociedade de
as entidades que podem ser instituídas sob tal regime, estão. economia mista.
A) as autarquias, as fundações e as agências executivas. D) fundação pública, órgão público e autarquia.
B) as sociedades de economia mista, os consórcios pú- E) sociedade de economia mista, órgão público e con-
blicos e as fundações.
sórcio público.
C) as empresas públicas, as sociedades de economia
mista e as agências reguladoras.
10. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária -
D) as autarquias corporativas, as empresas públicas e as
CESPE/2014) No tocante aos atos e aos poderes adminis-
sociedades de economia mista.
E) as agências reguladoras, as sociedades de economia trativos, julgue os próximos itens.
mista e as fundações. Os atos administrativos gozam da presunção de legi-
timidade, o que significa que são considerados válidos até
06. (CAU/RJ - Assistente de Fiscalização - IADES/2014) que sobrevenha prova em contrário.
Considerando a legislação vigente, é correto afirmar que fa- ( ) Certo
zem parte da administração indireta as (os): ( ) Errado
A) fundações públicas e privadas e as autarquias.
B) autarquias e as fundações públicas, apenas. 11. (CEFET/RJ – Auditor - CESGRANRIO/2014) Os
C) ministérios, as autarquias e as empresas públicas, apenas. atos administrativos podem ser classificados de diversas
D) ministérios, as autarquias, as fundações públicas, as formas. Assim, quando se indica que o ato administrativo
empresas públicas e as sociedades de economia mista. de desapropriação representa a onipotência do Estado e
E) autarquias e as empresas públicas. o seu poder de coerção, está-se fazendo referência ao ato
de:
07. (POLITEC/MT - Perito Médico Legista - FUN- A) gestão
CAB/2013) Assinale a alternativa da qual constam apenas B) expediente
entidades da administração indireta com personalidade jurí- C) império
dica de direito público. D) internalização
E) alienação
A) autarquias, empresas públicas e fundações públicas.
B) agências reguladoras, associações públicas e socieda- 12. (Fundacentro- Analista em Ciência e Tecnologia
des de economia mista. Pleno - VUNESP/2014) Os elementos do ato administra-
C) empresas públicas, fundações públicas, e sociedades tivo são:
de economia mista. A) competência, finalidade, forma, motivo e objeto.
D) associações públicas, empresas públicas, e fundações
B) imperatividade, discricionariedade e definitividade.
públicas
C) finalidade, intenção, motivação e conteúdo.
E) autarquias, fundações públicas e agências regulado-
D) autoexecutoriedade, objeto e finalidade.
ras.
E) forma, conteúdo, arbitrariedade e motivação.
08. (TRT/GO - Analista Judiciário - FCC/2013) As au-
tarquias integram a Administração indireta. São pessoas: 13. (CESPE - 2013 - SEFAZ-ES - Auditor Fiscal da Re-
ceita Estadual) Em determinada secretaria de governo, as
A) políticas, com personalidade jurídica própria e têm ações voltadas ao desenvolvimento de planos para capaci-
poder de criar suas próprias normas. tação dos servidores eram realizadas de forma esporádica,
B) jurídicas de direito público, cuja criação e indicação inexistindo setor específico para tal finalidade. A fim de dar
dos fins e atividades é autorizada por lei, autônomas e não maior concretude a uma política de prestação de serviço
sujeitas à tutela da administração direta. público de qualidade naquela secretaria, criou- se um de-
C) jurídicas de direito semipúblico, porque sujeitas ao re- partamento de capacitação dos servidores.
gime jurídico de direito público, excepcionada a aplicação da Nessa situação hipotética, a criação do referido depar-
lei de licitações. tamento é considerada.
D) políticas, com personalidade jurídica própria, criadas
por lei, com autonomia e capacidade de autoadministração, a) desconcentração administrativa.
não sujeitas, portanto, ao poder de tutela da administração. b) centralização administrativa.

50
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

c) descentralização administrativa. por servidor público, com funções específicas e remuneração


d) medida gerencial interna. fixadas em lei. Assim, a pessoa que mantém vínculo trabalhista
e) concentração administrativa. com o Estado, sob a regência da Consolidação das Leis Traba-
lhistas (CLT), ocupa cargo público. 
( ) Certo
14. (FCC - 2013 - AL-RN - Analista Legislativo) Conside- ( ) Errado
re as seguintes assertivas: 18. (FCC - 2012 - TST - Analista Judiciário - Área Ad-
I. A desconcentração está relacionada ao tema “hierarquia”.  ministrativa) Exemplifica adequadamente o exercício de
II. Na desconcentração, há uma distribuição de competên- poder disciplinar por agente da administração a
cias dentro da mesma pessoa jurídica.  a) interdição de restaurante por razão de saúde pú-
III. Quando, por exemplo, o poder público (União, Esta- blica.
dos e Municípios) cria uma pessoa jurídica de direito público, b) prisão de criminoso efetuada por policial, median-
como a autarquia, e a ela atribui a titularidade e a execução te o devido mandado judicial.
de determinado serviço público, ocorre a chamada descon- c) aplicação de penalidade administrativa a servidor
centração.  público que descumpre seus deveres funcionais.
IV. Quando, por exemplo, a execução do serviço público
d) aplicação de multa de trânsito.
é transferida para um particular, por meio de concessão ou
e) emissão de ordem a ser cumprida pelos agentes
permissão, ocorre a chamada descentralização.
subordinados.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) II.
b) II, III e IV. 19. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área
c) I e III. Judiciária) Assinale a opção correta com relação aos po-
d) I, II e IV. deres hierárquico e disciplinar e suas manifestações.
e) III e IV. a) As delegações administrativas emanam do poder
hierárquico, não podendo, por isso, ser recusadas pelo su-
15. (CESPE - 2013 - TCE-ES - Analista Administrativo bordinado, que pode, contudo, subdelegá-las livremente a
- Direito) No que concerne à organização administrativa, assi- seu próprio subordinado.
nale a opção correta. b) Toda punição disciplinar por delito funcional acar-
a) Na composição do capital da sociedade de economia reta condenação criminal.
mista, é dispensável a presença de capital votante privado. c) No âmbito do Poder Legislativo, o poder hierár-
b) Embora a autarquia responda objetivamente pelos quico manifesta-se mediante a distribuição de competên-
prejuízos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a ter- cias entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.
ceiros, é admitida a responsabilidade subsidiária do ente fede- d) O poder disciplinar da administração pública au-
rativo que a tenha criado. toriza-lhe a apurar infrações e a aplicar penalidades aos
c) Para a empresa pública adquirir personalidade, não
servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina
se lhe exige o registro de seus atos constitutivos em cartório
administrativa, assim como aos invasores de terras públi-
nem na junta comercial.
cas.
d) As empresas públicas são criadas para exercerem ex-
clusivamente atividades econômicas. e) A aplicação de pena disciplinar tem, para o supe-
e) A autarquia é pessoa jurídica de direito público criada rior hierárquico, o caráter de um poder-dever, uma vez que
por lei para o desempenho de atividade própria do Estado, a condescendência na punição é considerada crime contra
dotada de autonomia administrativa, circunstância que não a administração pública.
afasta a relação hierárquica que a autarquia mantém com o
federativo que a tenha criado 20. (TRT/RJ - Juiz Substituto - FCC/2013) O exercí-
cio do poder de polícia administrativo, no âmbito da Admi-
16. (CESPE - 2013 - MS - Analista Administrativo) No nistração Pública Federal,
que tange a agentes públicos, julgue os itens subsecutivos. A) no que tange à aplicação de punições, está sujei-
O agente público, pessoa física, distingue-se da figura do to a prazo prescricional de 5 anos, exceto se a conduta a
órgão administrativo, centro de competência despersonaliza- ser sancionada constituir crime, aplicando-se nesse caso a
do; nesse sentido, pode o Estado suprimir cargo, função ou prescrição da legislação penal.
órgão sem ofender direitos de seus agentes. B) independe de previsão legal, haja vista a existência
( ) Certo do poder regulamentar autônomo da administração nesta
( ) Errado matéria.
C) pode ser delegado a entidade privada sem fins lucra-
17. (CESPE - 2013 - INPI - Analista de Planejamento
tivos instituída por particulares, desde que seja celebrado
- Direito) Acerca de princípios da administração pública, e
instrumento convenial, após prévia autorização legislativa.
conceitos de administração pública, órgão público e servidor,
julgue os itens a seguir.  D) é atributo exclusivo de órgãos do poder executivo.
Cargo público é, na organização funcional da administra- E) é sempre dotado dos atributos de imperatividade,
ção direta e de suas autarquias e fundações públicas, ocupado discricionariedade e autoexecutoriedade.

51
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

GABARITO
ANOTAÇÕES
01 CERTO
02 CERTO ___________________________________________________
03 ERRADO
___________________________________________________
04 C
___________________________________________________
05 B
06 E ___________________________________________________
07 E ___________________________________________________
08 E
___________________________________________________
09 A
___________________________________________________
10 ERRADO
11 C ___________________________________________________
12 A ___________________________________________________
13 A
___________________________________________________
14 D
___________________________________________________
15 B
16 CERTO ___________________________________________________
17 ERRADO ___________________________________________________
18 C ___________________________________________________
19 E
___________________________________________________
20 A
___________________________________________________

___________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ANOTAÇÕES

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