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a o

8 SÉRIE 9 ANO
ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS
Volume 2

ARTE
Linguagens

CADERNO DO PROFESSOR
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO

MATERIAL DE APOIO AO
CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO
CADERNO DO PROFESSOR

ARTE
ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS
8a SÉRIE/9o ANO
VOLUME 2

Nova edição

2014 - 2017

São Paulo
Governo do Estado de São Paulo
Governador
Geraldo Alckmin
Vice-Governador
Guilherme Afif Domingos
Secretário da Educação
Herman Voorwald
Secretária-Adjunta
Cleide Bauab Eid Bochixio
Chefe de Gabinete
Fernando Padula Novaes
Subsecretária de Articulação Regional
Rosania Morales Morroni
Coordenadora da Escola de Formação e
Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP
Silvia Andrade da Cunha Galletta
Coordenadora de Gestão da
Educação Básica
Maria Elizabete da Costa
Coordenadora de Gestão de
Recursos Humanos
Cleide Bauab Eid Bochixio
Coordenadora de Informação,
Monitoramento e Avaliação
Educacional
Ione Cristina Ribeiro de Assunção
Coordenadora de Infraestrutura e
Serviços Escolares
Dione Whitehurst Di Pietro
Coordenadora de Orçamento e
Finanças
Claudia Chiaroni Afuso
Presidente da Fundação para o
Desenvolvimento da Educação – FDE
Barjas Negri
Senhoras e senhores docentes,

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sente-se honrada em tê-los como colabo-
radores nesta nova edição do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e análises que
permitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula
de todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com
os professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abor-
dagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação
— Compromisso de São Paulo, é de fundamental importância para a Pasta, que despende, neste
programa, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização
dos diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações
de formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca
por uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso
do material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb.

Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo Faz Escola, apresenta orien-
tações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São
Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades
ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessárias,
dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade
da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas
aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam
a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avalia-
ção constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a
diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico.

Revigoram-se assim os esforços desta Secretaria no sentido de apoiá-los e mobilizá-los em seu


trabalho e esperamos que o Caderno, ora apresentado, contribua para valorizar o ofício de ensinar
e elevar nossos discentes à categoria de protagonistas de sua história.

Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo.

Bom trabalho!

Herman Voorwald
Secretário da Educação do Estado de São Paulo
A NOVA EDIÇÃO
Os materiais de apoio à implementação f incorporar todas as atividades presentes
do Currículo do Estado de São Paulo nos Cadernos do Aluno, considerando
são oferecidos a gestores, professores e alunos também os textos e imagens, sempre que
da rede estadual de ensino desde 2008, quando possível na mesma ordem;
foram originalmente editados os Cadernos f orientar possibilidades de extrapolação
do Professor. Desde então, novos materiais dos conteúdos oferecidos nos Cadernos do
foram publicados, entre os quais os Cadernos Aluno, inclusive com sugestão de novas ati-
do Aluno, elaborados pela primeira vez vidades;
em 2009. f apresentar as respostas ou expectativas
de aprendizagem para cada atividade pre-
Na nova edição 2014-2017, os Cadernos do sente nos Cadernos do Aluno – gabarito
Professor e do Aluno foram reestruturados para que, nas demais edições, esteve disponível
atender às sugestões e demandas dos professo- somente na internet.
res da rede estadual de ensino paulista, de modo
a ampliar as conexões entre as orientações ofe- Esse processo de compatibilização buscou
recidas aos docentes e o conjunto de atividades respeitar as características e especificidades de
propostas aos estudantes. Agora organizados cada disciplina, a fim de preservar a identidade
em dois volumes semestrais para cada série/ de cada área do saber e o movimento metodo-
ano do Ensino Fundamental – Anos Finais e lógico proposto. Assim, além de reproduzir as
série do Ensino Médio, esses materiais foram re- atividades conforme aparecem nos Cadernos
vistos de modo a ampliar a autonomia docente do Aluno, algumas disciplinas optaram por des-
no planejamento do trabalho com os conteúdos crever a atividade e apresentar orientações mais
e habilidades propostos no Currículo Oficial detalhadas para sua aplicação, como também in-
de São Paulo e contribuir ainda mais com as cluir o ícone ou o nome da seção no Caderno do
ações em sala de aula, oferecendo novas orien- Professor (uma estratégia editorial para facilitar
tações para o desenvolvimento das Situações de a identificação da orientação de cada atividade).
Aprendizagem.
A incorporação das respostas também res-
Para tanto, as diversas equipes curricula- peitou a natureza de cada disciplina. Por isso,
res da Coordenadoria de Gestão da Educação elas podem tanto ser apresentadas diretamente
Básica (CGEB) da Secretaria da Educação do após as atividades reproduzidas nos Cadernos
Estado de São Paulo reorganizaram os Cader- do Professor quanto ao final dos Cadernos, no
nos do Professor, tendo em vista as seguintes Gabarito. Quando incluídas junto das ativida-
finalidades: des, elas aparecem destacadas.
Além dessas alterações, os Cadernos do possibilitando que os conteúdos do Currículo
Professor e do Aluno também foram anali- continuem a ser abordados de maneira próxi-
sados pelas equipes curriculares da CGEB ma ao cotidiano dos alunos e às necessidades
com o objetivo de atualizar dados, exemplos, de aprendizagem colocadas pelo mundo con-
situações e imagens em todas as disciplinas, temporâneo.

Seções e ícones

Leitura e análise Aprendendo a


aprender
Para começo de Você aprendeu?
conversa

?
!

Pesquisa individual Lição de casa

O que penso Situated learning


sobre arte?

Learn to learn Pesquisa em grupo

Homework Roteiro de
experimentação

Pesquisa de Ação expressiva


campo
Para saber mais Apreciação
SUMÁRIO
Encontros escritos com professores de Arte 7
Fusão, mescla de linguagens 12
Proposição para sondagem – Fronteiras “líquidas” entre as linguagens da arte 13
Situação de Aprendizagem 1 – Artes visuais 14
Situação de Aprendizagem 2 – Teatro 20
Situação de Aprendizagem 3 – Dança 27
Situação de Aprendizagem 4 – Música 33
Situação de Aprendizagem 5 – Conexões entre os territórios de linguagens artísticas e
de forma-conteúdo 39
Síntese e avaliação 40
Travessia poética: Do fazer artístico ao ritual de passagem 42
Proposição para sondagem – Revendo projetos para a formatura 44
Situação de Aprendizagem 6 – Fazendo poeticamente para guardar na memória 45
Situação de Aprendizagem 7 – Olhar sobre o processo vivido: um baralho de
arte e cultura 51
Síntese e avaliação 55
Nutrição estética 58
Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão
dos temas 58
Glossário 60
Artistas e obras 64
Quadro de conteúdos do Ensino Fundamental – Anos Finais 69
Gabarito 71
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

ENCONTROS ESCRITOS COM PROFESSORES DE ARTE


São muitos os encontros que ajudam a ma- De posse do entendimento de que esse con-
terializar os escritos deste Caderno do Profes- ceito de rizoma pertence à Filosofia, importa
sor de Arte. São encontros de várias naturezas: compreender quais são as relações possíveis
o encontro entre nós, professores autores, gerou entre um conceito filosófico e a Educação. Para
conversas que cultivam a necessária abertura tanto, é preciso ter ciência sobre o que é a Fi-
para pensar possíveis processos educativos em losofia e o que é a Educação. Então, para sim-
arte; o encontro com a arte e suas linguagens; plificar e, ao mesmo tempo, provocar reflexão,
o encontro com as linguagens da arte e suas pode-se considerar que a Filosofia é a busca do
paisagens distintas com olhos que observam saber sobre a essência das coisas e a Educação,
as artes visuais, a dança, a música e o teatro; o a vida em desenvolvimento.
encontro com o texto de Gilles Deleuze sobre
o rizoma, que inspira a concepção do pensa- São afirmações aparentemente simples, po-
mento curricular em Arte imaginado para o rém trata-se de um sistema rizomático de en-
andamento da composição deste Caderno. tendimento de movimento em multiplicidade.

Gilles Deleuze e Félix Guattaria desenvol- Nesse movimento, é possível trazer para a
veram o conceito teórico de rizoma como um Educação uma transposição do pensamento
sistema aberto de relações semióticas, intrín- filosófico, aproveitando, assim, uma parte do
secas, cujos princípios de conexão, heteroge- seu todo, no intuito de provocar reflexão sobre
neidade, multiplicidade, ruptura, cartografia questões da contemporaneidade, que permeiam
e decalcomania estabelecem uma antigenealo- os processos de ensino e aprendizagem da arte.
gia, rompendo com a estrutura de procedên-
cia, com a cadência hierárquica e com todas A arte e a educação têm por natureza a
as ordenações tradicionais da relação sujeito/ condição de serem agentes promotores de
objeto, inclusive o conhecimento. processos exploratórios do saber. Tal condi-
ção torna possível a relação entre o rizoma e o
O nome rizoma, emprestado da Botânica ensino da Arte na Educação Básica, que cul-
por se referir a ramificações que ocorrem, por mina em um pensamento curricular irradiado
exemplo, no processo de desenvolvimento das no mapa dos territórios artísticos, compreen-
gramíneas, aplica-se à construção do conhe- dendo esses territórios como mobilidades de
cimento, enquanto conceito filosófico, quan- construção dos saberes sobre a produção do
do tal construção é compreendida como um conhecimento humano em arte.
processo em que não há início preestabelecido
tampouco fim, em um constante sistema de Um mapa posiciona a localização no es-
relações que permeia o sensível e o cognitivo paço e no tempo, tornando-se um instru-
do sujeito cognoscente. Assim, em um rizoma, mento imprescindível para traçar rotas que
o conhecimento se expande em rede de liga- levem ao destino desejado. No caso do Mapa
ções contínuas entre “mil platôs”b, entendidos dos “Territórios da Arte”, é possível utilizá-
como territórios elevados. -lo para traçar caminhos que permitam co-

a
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs – capitalismo e esquizofrenia. v. 1. São Paulo: Editora 34,
1995. p. 10-37.
b
Ibidem, p. 10-37.

7
nhecer outros territórios antes mesmo de se f materialidade;
alcançar o destino a que se objetiva, pois ele
também possibilita a mudança de rota, por f forma-conteúdo;
outros interesses despertados, para ampliar
conhecimentos de novos destinos que se jul- f mediação cultural;
gar importantes.
f patrimônio cultural;
A cada exploração nos territórios haverá
novas descobertas imbuídas de implicações se- f saberes estéticos e culturais.
mióticas, estimulando o sujeito que vivencia o
processo de conhecer e reconhecer os saberes Nesse movimento de dimensão cartográ-
estéticos e sensíveis da prática artística na Edu- fica, como seria possível desenhar um mapa,
cação. Assim, em um rizoma, sua condição criando um espaço para esses territórios?
antigenealógica propicia liberdade para partir Como tornar mais visível o entendimento
e chegar de quaisquer territórios mapeados, desse novo pensamento curricular? Como tra-
como também para agregar descobertas de ou- çar um desenho sem núcleo central, capaz de
tros territórios (platôs). mostrar que o mapa dos territórios oferece
múltiplas entradas e direções móveis, com li-
Esse conceito se faz presente no Caderno nhas variadas que podem se encontrar com
do Professor, não para definir ou delimitar outras linhas, fazendo conexões múltiplas e
ideias, mas para provocar o professor de Arte arranjos heterogêneos?
a encontrar os próprios percursos, que o con-
duzirão na ampliação e no aprofundamento Do encontro com a obra Estudo para su-
dos seus saberes estéticos e sensíveis. perfície e linha, da artista Iole de Freitas,
avistamos uma forma. Na obra, superfícies
Como pensamento curricular em Arte, ima- de policarbonato e linhas tubulares se re-
ginamos a possibilidade de pensar as lingua- tesam ou se descomprimem em generosos
gens (artes visuais, dança, música e teatro) por arqueamentos que nos levam a experiên-
meio da composição de um mapa que possuísse cias sensoriais de interior e exterior, leve e
a capacidade de criar um encontro entre elas pesado, contínuo e descontínuo. Essas cons-
por diferentes ângulos de visão. tantes mutações sensoriais provocadas pela
obra nos dão a sensação de uma arquitetura
Em um exercício de pensar sobre a arte mole, na qual o curso da linha nos põe em
na cultura e pinçar do próprio sistema de movimento, a bailar no espaço em superfí-
arte diferentes ângulos de visão sobre ela, cies múltiplas.
é que avistamos e delineamos o mapeamen-
to que chamamos de “Territórios da Arte”, A obra nos faz imaginar. E, por proxi-
como sendo: midade, o curso da linha nos faz pensar em
caminhos, em veredas, em uma imaginação
f linguagens artísticas; fluida que abre passagem ao exercício de in-
venção de outra configuração para o curso
f processo de criação; dessa linha.

8
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

© Sergio Araújo

© Sergio Araújo
Figura 1 – Iole de Freitas. Estudo para superfície e linha, 2005. Figura 2 – Linhas para a configuração do Mapa dos
Instalação. Policarbonato e aço inox, 4,2 × 30,0 × 10,6 m. ‘‘Territórios da Arte’’ a partir da obra de Iole de Freitas.
Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro (RJ).

Dessa outra configuração é que se tornou Na composição do Caderno do Professor de


visível a imagem do Mapa dos “Territórios da Arte, cada volume tem como ênfase de estudo
Arte”c para esta proposta de pensamento cur- conceitos e conteúdos da Arte que são vistos em
ricular em Arte. conexão com diferentes territórios. Os caminhos
investigativos em sala de aula são lançados por:

f Proposição para sondagem – traz imagens


de obras ou ações expressivas relaciona-
das ao tema e às linguagens da arte. A
sondagem possibilita que os aprendizes
conversem, a partir de seu repertório
pessoal, sobre os conceitos que serão
estudados no volume. Ao professor, a es-
cuta da conversa dos alunos possibilita
planejar o encaminhamento das Situa-
ções de Aprendizagem sugeridas;

f Situações de Aprendizagem – problematizam


Mapa dos ‘‘Territórios da Arte’’.
o conceito e o conteúdo da Arte do ponto de
vista dos territórios abordados e no contex-
to particular de cada uma das linguagens ar-
O mapa ajuda a visualizar os “Territórios da tísticas: artes visuais, dança, música e teatro;
Arte” como formas móveis de construção e orga-
nização de outro modo de estudo dessa disciplina f Nutrição estética – diante do tempo das
no contexto escolar. O mapa, assim, é utilizado aulas, da realidade de sua escola, dos in-
como um desenho, entre muitos outros possíveis, teresses de seus alunos, uma ou mais lin-
ligado ao conceito de rede, mostrando uma for- guagens poderão ser retomadas com o
ma no tempo e no espaço de conduzir o estudo objetivo de ampliar o repertório artísti-
das artes visuais, da dança, da música e do teatro. co e estético dos educandos. Nesse caso,

c
Imagem criada por Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque que apresenta a criação e composição do pensamento
curricular em Arte para mapeamento de conceitos e conteúdos direcionados aos segmentos da 5a série/6o ano do
Ensino Fundamental à 2a série do Ensino Médio, para a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em 2007.

9
propomos a Nutrição estética para explo- f investir na formação cultural dos alunos,
rar, com mais profundidade, as imagens e potencializando o repertório dos aprendi-
ideias contidas nas proposições apresen- zes, seja por meio da sondagem que o in-
tadas, retomando os conceitos enfocados vestiga, seja pela Nutrição estética que o
nas linguagens artísticas. expande.

Que o caminhar pelos “Territórios da Arte”


aqui indicados encontre paisagens ainda não Avaliação
vistas, envolvendo professores e aprendizes em
processos educativos com desdobramentos ins- Portfólio dos estudantes
tigantes sobre arte, tal qual o artista quando
mergulhado em sua criação. O conhecido portfólio, prática comum en-
tre artistas, parece ser ainda uma forma inte-
Boa caminhada! ressante de os aprendizes recontextualizarem
para si e para o outro (professor e grupo-clas-
se) a investigação dos conteúdos estudados. O
Notas para processos educativos em portfólio pode vir a ser um modo de o apren-
Arte: metodologia e estratégias diz pensar e apresentar seu trajeto de estudo
por meio da construção de uma forma visual,
como um “livro de artista”, por exemplo.
f Manejar as Situações de Aprendizagem
oferecidas como modos de provocar em Nesse sentido, o Caderno do Aluno é um
sala de aula a experiência com e sobre a suporte para registros que compõem o portfó-
arte, entendendo que “é experiência aqui- lio. Nele, há espaços para o estudante registrar
lo que ‘nos passa’, ou que nos toca, ou suas respostas às proposições que são ofere-
que nos acontece, e ao passar-nos nos cidas no Caderno do Professor, apresentadas
forma e nos transforma”, como diz Jor- nas seguintes seções:
ge Bondíad. Isso implica, em sala de aula,
deslocar o foco da informação para a
problematização, isto é, antes de dar res- f O que penso sobre arte? – ações sobre o re-
postas prontas, é melhor compartilhar pertório cultural dos alunos;
experiências de problematização com os
aprendizes; f Ação expressiva – ações que desencadeiam
o fazer artístico nas diferentes linguagens
f privilegiar a construção de conceitos por de acordo com as proposições do Caderno
meio de conexões entre os “Territórios da do Professor;
Arte”, praticando um modo de fazer pe-
dagógico que mova os aprendizes à maior f Apreciação – ações de leitura de obras de
proximidade com o pensamento da/sobre arte nas diferentes linguagens artísticas;
arte em suas diferentes linguagens;
f Pesquisa de campo – ações que orientam o
f valorizar a percepção estética e a imaginação aluno no planejamento, na realização e na
criadora dos aprendizes. Isso significa obser- discussão de pesquisa proposta no Cader-
var e escutar o que eles fazem, falam, comen- no do Professor;
tam, tanto no fazer artístico como na leitura
de seus códigos, cuidando para não silenciar f Pesquisa individual e/ou em grupo – ações
sua poética pessoal; que orientam o aluno para aprofundar seu

d
BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Disponível em: <http://www.miniweb.
com.br/Atualidade/INFO/textos/saber.htm>. Acesso em: 9 ago. 2013.

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Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

nível de conhecimento sobre um ou mais expressão à sua aprendizagem, criando for-


assuntos, realizadas individualmente ou mas para mostrar suas produções artísticas,
em grupo, e relacionadas às proposições textos escritos, fotografias de momentos das
do Caderno do Professor; aulas e pesquisas realizadas.

f Lição de casa – ações que sistematizam


o estudo, impulsionando a produção do Diário de bordo do professor
portfólio do aluno para além do Caderno;
O registro do percurso vivido nos Cader-
f Você aprendeu? – questões objetivas e/ou nos também tem se mostrado uma ferramen-
abertas para reflexão sobre os conteúdos ta importante para o professor avaliar seu
trabalhados nas Situações de Aprendiza- próprio processo de trabalho e buscar no-
gem de cada Caderno; vos caminhos para desenvolvê-lo. Por isso,
sugerimos a elaboração permanente de um
f Aprendendo a aprender – algumas dicas diário de bordo como um espaço reflexivo
para o aluno, ampliando possibilidades de para tratar da abordagem das Situações de
aproximação com a Arte; Aprendizagem, das dificuldades encontra-
das, das adequações necessárias, das obser-
f Para saber mais – indicações de livros, sites, vações realizadas no desenvolvimento das
filmes, vídeos e CDs. diferentes proposições.

O Caderno do Aluno, como parte do port- Além disso, avaliar seu diário de bordo
fólio passível de ser complementado por ou- pode ser um momento importante de reflexão
tros modos de registro que podem gerar uma sobre todo o caminho trilhado e de aqueci-
elaboração criativa, permite que o aprendiz dê mento e planejamento.

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FUSÃO, MESCLA DE LINGUAGENS
Hibridismo. As divisões das linguagens Conhecimentos priorizados
artísticas não encontram hoje contornos se-
guros. As linguagens expandem-se, somando
modos de pensar e de viver a arte, ao mesmo
tempo que a tradição dos códigos artísticos é
também ressignificada.

As linguagens fundem-se e mesclam-se. A


arte adentra os campos afins do design (moda, “líquidas”
publicidade e designs gráfico, têxtil, de inte-
riores, de mobiliário, de joias etc.), do cinema,
das trilhas sonoras para cinema ou jingles, dos
videoclipes, da arquitetura, da história em qua-
drinhos, dos figurinos, da cenografia, da ilumi-
nação, do paisagismo etc.

Para trilhar esses caminhos “líquidos”, em


que as linguagens se conectam, vamos estudar Temas e conteúdos
os territórios das linguagens artísticas e da
forma-conteúdo, focalizando, além das lin- Fronteiras “líquidas” entre as linguagens
guagens híbridas, também aquilo que chama- da arte
mos de linguagens convergentes.

Linguagens híbridas. Constituem-se a par-


tir da fusão de duas ou mais expressões ar-
tísticas, por exemplo: videodança; web arte;
happening; performance.

Linguagens convergentes. Aquelas não


exclusivas do campo da arte, mas que dele
se aproximam ou a ele se justapõem, como:
design (moda, publicidade etc.); trilha sonora;
videoclipe; HQ.

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Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

Linguagens artísticas. Artes visuais e audio- cíficas amplia os modos relativos à sua com-
visuais, dança, música e teatro se constroem preensão e produção. É esse o caminho a ser
com códigos que se fazem signos artísticos. À percorrido neste Caderno, tendo por focos:
medida que se fundem, oferecem novas possi-
bilidades de expressão: no cinema, na moda, f o hibridismo e a convergência das relações
no design etc. entre forma-conteúdo nas várias linguagens
artísticas com vistas a construir temáticas e
f Design (moda, mobiliário, desenho industrial sentidos; elementos básicos da visualidade
etc.); da dança, da música, do teatro e suas amplia-
ções e aplicações no design e no cinema;
f mescla entre as linguagens teatral e cine-
matográfica; f a leitura como exercício da percepção e
imaginação; multiplicidade de leituras.
f balé de repertório; dança moderna do iní-
cio do século XX; dança teatral; Competências e habilidades
f trilhas sonoras: música e efeitos sonoros;
música de cinema. f Compreender o modo como se fundem e se
mesclam as linguagens da arte, originando
hibridismos nas artes visuais, na dança, na
música e no teatro;

f experimentar procedimentos artísticos para


gerar linguagens híbridas e convergentes;

f operar na leitura de obras de arte e no fa-


zer artístico;
Forma-conteúdo. Na forma artística está o
conteúdo. No hibridismo e na convergência, f reconhecer as múltiplas formas híbridas da
estudar as gramáticas das linguagens espe- linguagem da arte.

PROPOSIÇÃO PARA SONDAGEM


FRONTEIRAS “LÍQUIDAS” ENTRE AS LINGUAGENS DA ARTE

No volume 1, caminhamos pelos territó- dar os alunos a ampliar o olhar sobre a estética
rios de processos de criação, materialidade e do cotidiano a partir de um objeto: o celular.
forma-conteúdo, somando referências, am- Para iniciar, eles devem responder no Caderno
pliando repertório, convidando à criação. Es- do Aluno às seguintes questões:
tarão os alunos mais atentos ao mundo ao seu
redor? Percebem que a estética está presente f De acordo com quais critérios você esco-
no cotidiano? Compreendem o gosto como lheria um celular?
escolha estética que contém a singularidade e
a subjetividade de cada um de nós? f Quem produz um celular leva em conside-
ração a estética? Por quê?
Para investigar as respostas a essas
questões e para introduzir o con- As perguntas podem parecer estra-
ceito a ser focalizado, vamos convi- nhas, mas nossos alunos se dão conta das

13
preferências estéticas existentes no ato de cobrir suas preferências estéticas e, ajudadas
escolher um celular? Para continuar a aná- pela tecnologia, oferecer novos produtos.
lise, propomos que colem, no Caderno do
Aluno, a fotografia de um celular que consi- Podemos lembrá-los dos primeiros celula-
derem ter um bom design e depois pontuem res, enormes comparados aos atuais, e tam-
aspectos do design que valorizaram e quais bém dos acessórios que foram inventados, dos
linguagens estão presentes nele, puxando porta-celulares às “capas” que os recobrem,
setas, por exemplo, para fazer um tipo de cada vez mais diferenciadas. Eles podem vol-
cartografia. A apreciação da colagem/mapa tar ao próprio mapa e agregar aspectos perce-
de todos os alunos pode evidenciar o que bidos após a conversa.
consideram como bom design.
Um simples objeto como um celular pode
A socialização das respostas dos alunos instigar nossos alunos a perceber que há uma
pode ampliar a conversa sobre a característica estética do cotidiano, com muitos matizes e
híbrida da arte e sobre a questão do gosto. O camadas interpretativas. É preciso apurar to-
que nos faz gostar mais de um celular do que de dos os sentidos para vê-la nos objetos cotidia-
outro? O que está em jogo neste gostar ou não? nos, como a TV, por exemplo. Percebem que,
Mais do que uma questão de refinamento ou na variada programação das TVs, podemos
de poder aquisitivo, o gosto está vinculado às encontrar a música, o teatro, a dança, as ar-
preferências estéticas. Assim como as preferên- tes visuais, a fotografia e o cinema presentes,
cias pelas cores, as escolhas são pautadas pela assim como o que denominamos linguagens
singularidade de cada um de nós e podem ser convergentes?
alteradas pelo contexto – o que está na moda,
o que meus amigos utilizam, o que está na mí- Sobre essas fronteiras “líquidas”, que se
dia etc. É por isso que muitas empresas fazem fundem e se mesclam, nos debruçaremos nas
pesquisas com clientes e não clientes para des- Situações de Aprendizagem sugeridas.

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1
ARTES VISUAIS

Invenções. O ser humano sempre inven- olhar, proposições são oferecidas aqui como
tou suas ferramentas, objetos utilitários, ideias a ser recriadas.
adornos. E suas cerâmicas não eram apenas
utilitárias. Os desenhos e formatos, as des-
cobertas da queima e dos pigmentos ainda Proposição I – Ação expressiva
nos espantam pela beleza. No Brasil, a arte
plumária e a cerâmica, por exemplo, ates- Para que os alunos percebam o que faz
tam a busca estética, a escolha primorosa um designer, podemos convidá-los a obser-
das matérias, o cuidado com a fabricação. var a sala de aula e selecionar um objeto
qualquer que poderia ganhar novo design.
Mas se o homem sempre foi e continua Depois da escolha individual registrada
sendo um inventor, nossos olhos nem sem- no Caderno do Aluno, organize a classe
pre percebem o que nos rodeia ou analisam em pequenos grupos para criar um novo
os objetos de uso cotidiano. Para ampliar esse design para os objetos escolhidos pelos

14
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

componentes de cada grupo. Antes disso para a imaginação, eles podem criar um es-
é interessante que eles levantem a história boço de um novo design para o objeto esco-
desse objeto, outros designs, com que ma- lhido. A tarefa é impulsionar a imaginação,
teriais foram produzidos. Vamos supor, libertando-se de padrões já existentes, vi-
por exemplo, que eles tenham escolhido a vendo assim uma pequena experiência de
carteira onde se sentam. Ou a sala tem ca- brainstorming, de ideias que fluem em associa-
deiras escolares, também chamadas de uni- ções constantes, sem prejulgamento. Peça que
versitárias? Lembram-se de outras carteiras imaginem um tipo de estudante como cliente
de sala de aula? Das pequenas, da Educação potencial com suas próprias necessidades
Infantil? Das antigas, nas quais o assento de e desejos. Assim, o mesmo objeto pode ter fi-
uma se unia à bancada da outra? Das pesadas, nalidades diferentes, dependendo do cliente.
de madeira? Das de plástico? As cadeiras são Os clientes poderiam ser alguns colegas da
empilháveis? Os alunos sentam-se confortavel- classe? Pensando novamente nas carteiras
mente nelas? Já viram cadeiras universitárias da classe, o que os alunos gostariam de ter na
para canhotos? Por que são projetadas assim? sua? Bastaria a carteira ser apenas um lugar
Os alunos já ouviram falar de ergonomia? para se sentar e estudar?

E o quadro-negro? Ou é verde? Ou é branco? Ideias de produtos nascem muitas vezes


Sempre foi assim? Eles sabem que há lousas digi- em jogos desse tipo, em que a ludicidade e
tais, cujo texto escrito pode ser impresso depois? a imaginação são os pontos fortes. Os es-
boços desses projetos seriam o mote para
O avanço da tecnologia possibilita, entre analisar tanto os processos de criação vivi-
outros benefícios: a criação de novas matérias- dos quanto para elaborar outras questões:
-primas (como os tecidos produzidos com plás- Quais problemas enfrentariam para produzir
tico de garrafas PET, tecidos inteligentes para em série os objetos projetados? A que tipo de
a prática de esporte, fibras de carbono para ra- público poderia ser destinado? Em todas as
quetes de tênis, bicicletas, armações para lentes culturas, esses projetos teriam penetração no
dos óculos etc.), a inclusão digital por meio de mercado? Como tornar o preço viável comer-
programas que facilitam a produção e o uso cialmente?
de determinados produtos.
Estas são algumas questões que envolvem
O design está em tudo o que nos cerca: o designer durante a criação e a execução de
une arte e indústria na criação de produtos um produto. Comparar os projetos e as res-
que possam melhorar a vida das pessoas, le- postas de cada grupo de alunos pode ampliar
vando em consideração questões tecnológicas a compreensão sobre design e designer, que
e estéticas. A ergonomia, ciência desenvolvida também será provocada pela leitura de ima-
justamente para projetar e avaliar tarefas, gens da proposição que se segue.
produtos, ambientes e sistemas, tornando-os
compatíveis com as necessidades, habilidades
e limitações das pessoas, também tem sido Proposição II – Movendo a
uma preocupação dos designers. apreciação: designs e designers
Um jogo rápido pode ser feito: contando Há um mundo infindável de exemplos do
com o avanço da tecnologia e das novas design em nossa vida contemporânea! No Ca-
matérias-primas, com o apoio da ergono- derno do Aluno, também estão presentes as
mia, levando em consideração um usuário imagens a seguir:
específico e sem quaisquer limites técnicos

15
© Stefano Bianchetti/Corbis/Latinstock

Figura 3 – Capa da revista sobre moda Le Petit Echo de la Mode, 1928.


Châtelaudren, França.
© Hulton Archive/Stringer/Getty Images

© Richard Bryant/Arcaid/Corbis/Latinstock © F. L. C.,


Le Corbusier/Licenciado por AUTVIS, Brasil, 2013
© Jeanneret, Pierre/Licenciado por AUTVIS, Brasil, 2013
© Perriand, Charlotte/Licenciado por AUTVIS, Brasil, 2013

Figura 5 – Design de Le Corbusier, Pierre Jeanneret e


Figura 4 – Linha de produção de carros, 1928. Michigan, EUA. Charlotte Perriand. Cadeira espreguiçadeira, 1928. Aço
tubular cromado, couro e base esmaltada. Precursora do
design ergonômico.

16
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

© Luis Calazans/Estudio Campana


© Irmãos Campana/AUTVIS, Brasil, 2013

© Andréas Heiniger/Estudio Campana


© Irmãos Campana/AUTVIS, Brasil, 2013
6 7

Figuras 6 e 7 – Irmãos Campana. 6) Cadeira Paraíba, 2002. Aço inoxidável e bonecas de pano. 7) Mesa Tattoo, 1999. Aço ino-
xidável e ralos em PVC.

© Fernanda Calfat/Getty Images

Figura 8 – Jum Nakao. Vestido em papel da Coleção Primavera/Verão


2005. São Paulo Fashion Week, 2004.

17
Mil novecentos e vinte e oito. Esta é a tilista, uma espécie de design de vestuário. Jum
data comum às três primeiras ima- Nakao, na São Paulo Fashion Week de 2004, fez
gens. Esta data poderia servir de pa- um desfile memorável: uma coleção de papela.
râmetro de pesquisa para levantar fatos Lugar do esboço, das anotações, matéria frágil,
históricos aí ocorridos, obras e espetáculos transitória e sensível à ação do tempo, o papel,
produzidos etc., se houver tempo e interesse. como diz Nakaob, foi a matéria: papel vegetal,
O foco é, entretanto, o próprio design. com finos bordados em recortes feitos por laser
e relevos executados em moldes requintados.
f O que permanece como bom design até hoje? Assim, Nakao mostrava que uma ideia, um con-
O que foi substituído ou transformado? ceito, permanece para além do mercado, mas
a moda é transitória, merece reflexão, leveza, a
A relação entre forma e função foi o cen- fuga das ações óbvias, a redescoberta sensível
tro de uma concepção moderna de design e a das transformações ao nosso redor.
escola Bauhaus foi um de seus marcos. Arqui-
tetos criaram desenhos de móveis que ainda Esses princípios também marcam as pro-
fazem sucesso, como as cadeiras criadas por duções dos Irmãos Campana. Ao subverter
Gerrit Rietveld (Vermelha e azul, 1917-18), o uso de matérias e signos, os móveis desses
Marcel Breuer (Wassily, 1925), Mies van der brasileiros sintetizam o rural, o urbano, a
Rohe (Barcelona, 1929), Harry Bertoia (Dia- arte contemporânea da metrópole, a estética
mante, 1952), Arne Jacobsen (Cadeira formiga, do cotidiano. Pequenos bonecos de pano ou
1952), além da espreguiçadeira apresentada bichinhos de pelúcia tornam-se cadeiras. Gre-
na imagem. Bons designs perpetuam-se. lhas de PVC para ralos servem à criação de
requintados desenhos como tampos de mesa.
O carro mudou muito, mas a ideia de linha Nas suas obras, a funcionalidade ganha ou-
de montagem permanece. Essa foi a grande tros matizes, estimulando a percepção e a ima-
inovação na passagem de uma produção mais ginação, para além da relação forma-função
artesanal para uma produção industrial, com do design modernista com suas linhas enxutas.
fortes influências na concepção de trabalho, mão
de obra, mercado etc. A diagramação de uma Hoje uma nova palavra tem sido utilizada:
revista também se transformou. O avanço da customização (como processo de adaptar pro-
tecnologia barateou os processos de impressão dutos ao gosto ou à necessidade de alguém).
e tornou viável uma maciça produção de revis- Assim, a roupa fabricada em série ganha a sin-
tas, hoje também conectadas em sites. A moda gularidade de cada usuário. No Japão, a busca
desliza pela indústria da confecção, com bustos de diferenciação fez adolescentes entre 13 e 19
de modelagem tridimensional que reinventam anos criarem suas próprias roupas sob a influ-
silhuetas, e pela indústria têxtil, em que a tecno- ência das culturas cyber, punk e anime. São os
logia cria novas possibilidades. harajukus ou fruits, que foram fotografados e
divulgados pelo fotógrafo Shoichi Aoki, ante-
f Mas a moda de 1928 pode reaparecer em nado à cultura de rua.
novo estilo na moda de tempos vindouros?
f O que é comum a todas essas imagens?
Uma coleção de inverno ou de verão envolve
uma série de roupas e um conceito que as arti- f Como você vê a relação entre forma e função
cula, e é sempre um grande desafio para um es- no design moderno? E a relação da forma com
a
Releituras de roupas do final do século XIX, escolhidas pela elaboração e preciosidade de volume e texturas,
combinavam com as perucas de Playmobil, no lúdico e mágico conceito de que bonecos iguais podiam se tor-
nar reis e rainhas, bombeiros e menininhas. Maquiagem, cenário, iluminação e música foram cuidadosamente
planejados. A busca era encantar o público e impactá-lo com o inusitado: ao final do desfile, quando todas as
modelos estavam perfiladas para mostrar toda a coleção, uma troca de luzes e sonoridades foi o sinal para que
todas, ao mesmo tempo, rasgassem as roupas para espanto de todos.
b
NAKAO, Jum. A costura do invisível. São Paulo: Senac, 2005.

18
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

os processos industriais? E a subversão do uso são das fronteiras “líquidas” entre as lingua-
de matérias nas produções contemporâneas? gens? No Caderno do Aluno, há espaço para o
registro do que ficou de significativo para cada
f Você já customizou alguma roupa ou ob- aluno em relação a todas essas conversas.
jeto? Até que ponto você se sente seduzido
pelas marcas presentes nas culturas juvenis?
Proposição III – Ação expressiva:
f A linguagem do design conecta-se com ou- o design na formatura?
tras linguagens artísticas?
8a série/9o ano. Conclusão de um curso.
Outros tantos aspectos poderiam ser ainda Rito de passagem para outra etapa de estu-
estudados, pois o design está em tudo o que dos, que merece ser comemorado. Por que não
nos cerca, unindo conceitos de arte e indús- aproveitar esse momento e criar uma marca da
tria na criação de produtos, nem sempre com turma para celebrar a formatura? Quais outras
apuros tecnológico e estético necessários a um ideias podem ser pensadas?
bom design. Além disso, ele lida com vários
campos de conhecimento, como a arquitetura, Para aquecer esta atividade, que terá con-
as artes visuais, a música, as artes do corpo, tinuidade até o final do ano, podemos conhe-
a engenharia, a publicidade, o marketing, a cer os vários setores em que designers podem
tecnologia etc. As conversas alimentadas pelas trabalhar, apresentados por Bruno Munari em
imagens e pelo diálogo ampliaram a compreen- seu livro Das coisas nascem coisas c:

f Mobiliário (móveis adaptados a várias funções: f Tapeçarias (projeto de tecidos diversos para mobiliá-
para escritórios, lugares públicos, espaço para as rio, bancos de automóvel, materiais naturais, cores...).
crianças, tecidos para decoração, desenhos para
tapeçaria, estantes...). f Mosaicos, azulejos, pisos (texturas, formas combi-
náveis, baixo-relevo...).
f Vestuário (roupas para trabalhadores, sapatos e
luvas para funções específicas...). f Vitrines (exposições de artigos, suportes para mer-
cadorias...).
f Campismo (econômicos, práticos para montagem
e desmontagem...). f Acessórios (bolsas, malas, bijuterias, joias, chaveiros...).
f Instrumentos de medida (balanças, termômetros...). f Identidade visual (logotipos, marcas, letreiros de
lojas, outdoors, sinais...).
f Jogos e brinquedos didáticos (ao ar livre, para
comunicar informações, para gerar experiências, f Embalagens (para vários objetos: frágeis, volumo-
jogos eletrônicos...). sos, delicados, práticos, para presente, a vácuo, de
materiais diversos...).
f Museus e exposições (estruturas, iluminação, si-
nalização...). f Iluminação (luminárias para fins específicos, ilu-
minação para espetáculos em salas de concerto ou
f Paisagismo (projetos, bancos, iluminação, sistema em lugares públicos, interruptores...).
de irrigação, fontes...).
f Atividade editorial (projeto de livros, formato, tipo
f Idosos (projetos de ambientes, aparelhos ortopé- de papel, cor, encadernação, escolha de caracteres
dicos...). tipográficos, a mancha do texto em relação à página,
f Paginação (diagramação, fontes...). a numeração, o caráter visual das ilustrações, repro-
duções de obras ou fotografias...).
f Sinalização (interna e externa, símbolos gráficos...).
f Automóveis, aparelhos de som, de uso doméstico
f Cinema e televisão (titulação de filmes e progra- (liquidificador, micro-ondas etc.), com suas linhas
mas televisivos, logotipos dos programas e das de montagem...
emissoras, efeitos especiais...).
f Dobradiças, junções e ligações.
f Impressão (exploração dos tipos possíveis de im-
pressão). f Web design (sites, blogs, softwares...) etc.

c
MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1988. p. 13-28.

19
Podemos pedir aos alunos que leiam os seto-
res apresentados por Bruno Munari e escolham
dois que admiram, dois que pouco conhecem e
linguagem convergente
três que poderiam contribuir para a celebração
da formatura. No Caderno do Aluno, eles devem
puxar linhas dos setores escolhidos e colar ima-
gens de exemplos, um para cada setor. E a partir linguagens artísticas
da conversa sobre os setores e os exemplos, po-
dem surgir interesses e projetos de design para a
formatura. Criar um logo da turma, uma cami-
seta, uma mochila especial, uma decoração dife- design e designers;
relação forma-função;
rente para a festa são algumas possibilidades. Os relação entre forma e processos industriais;
primeiros esboços de um projeto podem ser ama- aspectos múltiplos do design Jri¿co
durecidos por estudos, pesquisas, definição de de moda de moEiliirio de produtos;
funções, pesquisa de materiais, de referências, de- desenho industrial etc.
sencadeando trabalhos para os próximos estudos.

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2
TEATRO

Talvez a História da Arte do século XX fique de processos artísticos híbridos, que é focali-
marcada como o momento em que as fronteiras zado o início deste caderno.
artísticas passaram a ser derrubadas com mais
rapidez e ênfase. Surgem trabalhos que não ca-
bem nas definições até então existentes e, não Proposição I – O que penso sobre
raras vezes, sem qualificativos que definam a pro- teatro?
dução. Ou seja, não se tem mais a ideia de obra
de arte como se tinha antes, e as linguagens da Iniciar uma conversa sobre as experiên-
arte passaram a se misturar mais. Nesse sentido, cias que os estudantes possuem como es-
a arte contemporânea tem investido cada vez pectadores de teatro e de cinema é um jeito
mais na dissolução das fronteiras entre lingua- de levá-los a refletir sobre como percebem
gens artísticas, permeabilizando seus contornos suas experiências e práticas culturais com as
territoriais e criando, assim, zonas de passagem, duas linguagens. As perguntas, no Caderno
de transição – hibridismos artísticos. do Aluno, podem garantir alguns aspectos
como: Quem já foi ao cinema? Ao teatro? A
Nesse contexto, vamos abordar uma lingua- que já assistiram? O que se lembram desses fil-
gem teatral contemporânea que vem dando ên- mes e peças? Qual seria a diferença entre tea-
fase a formas experimentais que dialogam com tro e cinema?
imagens geradas por vídeos e por projeções
de slides e que atuam sobre o imaginário do Nesse momento, é importante valorizar
espectador, integrando ao palco a estética a experiência que os estudantes têm, seja do
do filme ou do videoclipe. espetáculo teatral a que assistiram apenas na
escola, por exemplo, seja dos filmes que viram
É nessa seara, em que ocorre uma conexão somente na televisão, em vídeo ou DVD, por-
entre teatro e cinema, provocando a criação que nunca foram a uma sala de cinema. Por

20
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

isso, é importante manter um contexto comu- Em seguida a essa conversa sobre as dife-
nicativo no qual professor e estudantes con- renças entre as linguagens, pergunte aos estu-
versam, perguntam, realizam uma interação dantes se é possível fazer teatro com imagens
verbal que mova o estar junto para narrar e de filme ou fazer filme como se faz teatro. O
rememorar experiências estéticas teatrais e ci- que os estudantes pensam sobre isso?
nematográficas.
Após as respostas dos alunos, e para provo-
Em continuidade, para iniciar algumas car ainda mais a imaginação deles, proponha:
problematizações mais conceituais sobre as Como vocês imaginam que seria um espetáculo
linguagens, pode-se perguntar qual a diferença teatral que tenha juntado imagens de filme? E
entre teatro e cinema/filme, anotando na lousa como pode ser um filme que seja como uma
o que os estudantes pontuam como diferença. peça teatral?

Dentre as diferenças que podem ser apon- É bom lembrar que toda essa conversa
tadas, uma que não pode ser esquecida é a deve funcionar como aquecimento de ideias
marca fundamental da linguagem teatral: uma sobre as linguagens teatral e cinematográfica.
linguagem artística feita ao vivo com ator e Por isso, é interessante que os alunos possam
público, em um espaço-tempo ficcional. Ou dizer o que pensam, o que imaginam, como
seja, na linguagem teatral, uns (atores) fingem um modo de ficarem sensíveis às imagens que
ser o que não são em um lugar em que não es- serão apresentadas para ampliação de reper-
tão; outros (público) aceitam esse não ser em tório sobre esse assunto.
um não lugar e são cúmplices da mentira que
é verdade no palco.
Proposição II – Movendo a
Se no teatro a construção visual da cena se apreciação
dá no todo criado sobre o palco, no cinema a
câmera é o instrumento de criação, e a monta- O vestígio do cinema na narrativa cênica
gem das cenas, após a filmagem, é o elemento
de construção do sentido pela justaposição A documentação fotográfica de espetácu-
das imagens. los é uma forma de oferecer uma visão sobre
uma obra de arte, ao fornecer diferentes refe-
De certo modo, o cinema espelhou-se na rências sobre o espaço, o gestual de ator, os
representação teatral para a formulação da objetos em cena, a cenografia, a iluminação, o
construção visual por meio do ator e do ce- figurino, a maquiagem.
nário. Como não tardou para que o cinema
descobrisse seu potencial ficcional, ele tam- Para mostrar aos estudantes uma referên-
bém buscou, no teatro, atores para represen- cia sobre a mescla entre as linguagens teatral e
tar o homem cotidiano e, com isso, o que cinematográfica, foram escolhidas imagens do
podemos verificar no cinema contemporâ- espetáculo Memória afetiva de um amor esque-
neo é o emprego de certo mimetismo com cido, do grupo carioca Os Dezequilibrados.
a realidade tendo como objeto de criação Essa não é uma escolha aleatória, porque uma
o homem atual com seus códigos culturais, das características desse grupo é trazer para o
gestos e ações. teatro a linguagem cinematográfica. Isso se dá
não só com a utilização de elementos como
Assim, ao contrário da linguagem do tea- slides, imagens ao vivo e câmeras de projeção,
tro, a do cinema funciona a partir da reprodu- mas também pela teatralização de procedi-
ção fotográfica da realidade, gerada da relação mentos cinematográficos: um foco, uma pose,
entre o real objetivo e sua imagem fílmica. um travelling.

21
© Dalton Valério

© Dalton Valério
© Dalton Valério
© Dalton Valério

Figuras 9 a 12 – Os Dezequilibrados. Memória afetiva de um amor esquecido, 2008. Direção: Ivan Sugahara. Dramaturgia: Rosyane Trotta.
Elenco: Ângela Câmara, Cristina Flores, José Karini e Saulo Rodrigues. Participação em vídeo: Letícia Isnard.

Partindo da observação das ima- f Ao olhar atentamente as imagens, você


gens, que hipóteses os estudantes pode perceber que há projeção de vídeo
formulam para algumas questões nesse espetáculo. Onde imagina que os es-
indicadas no Caderno do Aluno: pectadores assistem ao espetáculo? Será

22
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

que o espetáculo acontece em uma sala de em um espaço exíguo, onde só cabia um espec-
teatro? Será que o espectador fica sentado tador. Desta vez, Memória afetiva de um amor
em uma plateia diante do palco? esquecido utiliza os oito andares do espaço do
Centro Cultural Oi Futuro/RJ, propondo um
f O título Memória afetiva de um amor esque- espetáculo itinerante, em que os espectadores
cido sugere qual tema para o espetáculo? caminham por diferentes espaços para acom-
panhar o desenrolar das cenas.
f A projeção de vídeo em espetáculos faz do
teatro um cinema? Para conversar sobre es- A encenação tem como ponto de partida
sas questões e aproximar os estudantes da a experimentação de procedimentos e de ele-
montagem do espetáculo, é importante ofe- mentos cinematográficos que a Companhia
recer algumas informações. vem desenvolvendo. A montagem dialoga
com a linguagem cinematográfica, utilizando
A montagem de Memória afetiva de um vídeos e buscando a correspondência cênica
amor esquecido pela companhia Os Dezequili- de procedimentos, como a edição, o desloca-
brados é uma recriação do filme Brilho eterno mento de câmera e a adoção de diferenciados
de uma mente sem lembranças, dirigido por pontos de vista de uma mesma cena.
Michel Gondry. O termo “recriação” foi utili-
zado pela dramaturga do espetáculo, Rosyane O título Memória afetiva... já anuncia uma
Trotta, e diz respeito, neste caso, a uma leitura terminologia teatral referente à memória afe-
da interface cinema e teatro. Então, podemos tiva de Constantin Stanislávski, um processo
pensar sobre um processo de recriação, ou de de criação no trabalho do ator que parte da
leitura, como um campo de experiência para a motivação de seus próprios sentimentos.
elaboração de uma linguagem cênica.
Agora, relembre com os estudantes o que eles
O que faz, então, a Companhia nesse pro- haviam imaginado como uma peça que também
cesso de recriação ou de leitura? Faz uma tenha imagens de filme. Que semelhanças e dife-
adaptação do filme ao palco? Não. Os Deze- renças eles percebem entre o que haviam imaginado
quilibrados não desejam apresentar no palco e a montagem de Memória afetiva de um amor
simplesmente uma adaptação de um filme: se a esquecido?
fábula de Brilho eterno... interessa ao grupo, in-
teressam também outros elementos do universo Para ampliar essa apreciação, bem como o re-
do roteirista, as ideias que os temas retratados pertório dos alunos, preparando-os para a pró-
suscitam nos membros do grupo e a pesquisa xima proposição, você pode conversar com eles
formal que acompanha sua trajetória. sobre uma imagem do espetáculo Sin sangre, da
companhia chilena Teatrocinema, apresentada
O texto, assim, conta a seguinte história: na próxima página. O que os alunos percebem de
deprimido pelo fim de seu relacionamento, semelhante e de diferente entre essa imagem e as
um jovem resolve apagar da memória sua do espetáculo da companhia Os Dezequilibrados?
ex-namorada. Para isso, procura uma clínica
especializada em soluções instantâneas, onde A companhia chilena Teatrocinema apre-
seu cérebro é conectado a um computador, sentou-se no Brasil em abril de 2009. Nas
que acaba levando o jovem a mergulhar em apresentações, os atores falaram em espanhol.
suas fantasias inconscientes. Como os alunos acham que foi possível ao pú-
blico que não sabe espanhol entender o que di-
Outro aspecto dessa montagem é a explo- ziam os atores? Acham possível que o espetáculo
ração de espaços alternativos. A Companhia tenha sido legendado, como acontece na maioria
já havia montado peças dentro de um aparta- dos filmes estrangeiros exibidos nos cinemas bra-
mento, em um saguão de cinema e até mesmo sileiros?

23
© Rodrigo Gómez Rovira

Figura 13 – Teatrocinema. Sin sangre, 2009.

O vestígio do teatro na narrativa fílmica ções. Um cachorro que late o tempo todo tam-
bém é um desenho, com a legenda dog, para
No Caderno do Aluno, em “O que fi- não haver dúvidas. Ao longo de todo o filme
cou da conversa?”, há espaço reser- é possível ver a vida das pessoas pelas paredes
vado para os alunos registrarem suas invisíveis, com várias cenas simultâneas.
reflexões provocadas pelas perguntas:
A escolha estética de inserção do cenário in-
f Qual relação você percebe entre as fotos de visível (sem paredes, sem janelas, nem portas)
cena e o desenho da planta baixa do cená- ressalta a dramaticidade pela encenação, do-
rio? As imagens mostram uma linguagem minando a cena o efeito poético do gesto dos
clássica do cinema? atores seguido de perto pela simplicidade do
movimento da câmera. A cenografia do filme é,
Após a formulação das hipóteses por parte portanto, absolutamente teatral, o que faz dele
dos alunos, você pode falar um pouco mais sobre puro teatro, sem deixar de ser cinema.
o filme Dogville a, de 2003. No enredo deste filme
há um narrador que conta a vida de uma cidade- Toda essa conversa também servirá
zinha que recebe a visita de uma jovem em busca para ampliar o repertório dos alu-
de abrigo. A moça é bem recebida pela comuni- nos, preparando-os para a proposi-
dade e, em troca, faz pequenos serviços para seus ção a seguir, que apresenta os seguintes
moradores. Aos poucos, porém, os habitantes, questionamentos:
aparentemente amáveis, descobrem que ela está
sendo procurada por um bando de gângsteres e f Que semelhanças e diferenças há entre o
passam a exibir um lado sombrio, explorando-a que você imaginava sobre a criação de um
e impedindo-a de abandonar a cidade. espetáculo que junta teatro e cinema e a
montagem de Memória afetiva de um amor
Um aspecto muito interessante do filme é esquecido e de Sin sangre?
que o cenário não é realista. Tudo é filmado em
um galpão, praticamente sem cenário. A cidade f Que semelhanças e diferenças há entre o
é traçada como uma planta-baixa, desenhada que você imaginava sobre a criação de um
com giz, que demarca letreiros e faixas no chão filme que junta cinema e teatro e a lingua-
– rua tal, casa de Fulano etc. Meras indica- gem de Dogville?

a
DVD Dogville (Dogville). Roteiro e direção: Lars von Trier. Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia, Reino
Unido, França, Alemanha e Países Baixos, 2003. 177 min. 16 anos. Se for possível, selecione cenas para apresen-
tar aos alunos, já que o filme é impróprio para menores de 16 anos.

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Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

© California Filmes

© California Filmes
© California Filmes

Figuras 14 a 16 – Lars von Trier. Dogville, 2003. Fotograma.


© Claudio Ripinskas

Figura 17 – Desenho da planta baixa do cenário de Dogville, de Lars von Trier.

25
Proposição III – Pesquisa em grupo Finalizada a pesquisa, oriente os grupos
sobre a forma de apresentação dos resultados,
O repertório dos estudantes sobre a mescla que pode ser em forma de jornal escrito, jornal
entre o teatro e o cinema pode ser ampliado televisivo, painel, exposição com imagens dos
por meio de uma pesquisa em grupo. Para espetáculos ou de filmes, ou qualquer outro
isso, a turma, dividida em três grupos, pode modo que os alunos considerem interessante.
cercar as seguintes temáticas:
Para orientar o registro dessa apresen-
f Companhia Teatrocinema e seu espetáculo tação, os estudantes encontram, no
Sin sangre. Caderno do Aluno, algumas questões:

Este espetáculo revela perfeita sintonia en- f Quem vai participar do seu grupo?
tre as imagens, o cenário e a interpretação
dos atores no palco. Para a realização da f Que tema seu grupo vai pesquisar?
peça, primeiro foi feita a gravação de um
filme, com todos os cenários e personagens. f Combine com seu grupo o modo de apresen-
Como a peça é do Chile, os diálogos fo- tação da pesquisa aos colegas da sala. Estejam
ram todos legendados em português para a prontos no dia agendado pelo seu professor.
apresentação do grupo no Brasil. Por conta Como foi para você realizar a pesquisa?
de uma tecnologia inédita, a peça ocorre en-
tre duas telas de projeção. Entre elas, exis- f Depois da apresentação dos resultados das
tem trilhos e bases giratórias, que permitem pesquisas de todos os grupos, registre aqui:
o deslocamento e a montagem de cenários Quais temas pesquisados você achou mais
pelo palco. Na encenação, os atores atuam interessantes? Justifique.
como se estivessem interagindo com o ce-
nário, mas na verdade interagem com uma Para finalizar, os alunos ainda de-
projeção, ou seja, com algo fictício, pura vem responder:
ficção. O próprio espectador chega a con-
fundir se o personagem é uma projeção ou f O que você aprendeu com essas pesquisas
é real. O grupo chileno Teatrocinema apre- que ainda não sabia?
sentou-se com esse espetáculo, em abril de
2009, no Festival Internacional de Teatro de f O que mudou para você em relação ao
Curitiba e no projeto América em Recortes, modo como conhecia o teatro e o cinema?
organizado pelo Sesc-SP. O que os alunos
podem descobrir sobre esse grupo e seu tra- Proposição IV – Ação expressiva
balho cênico com imagens audiovisuais?
Improvisando com as mídias do rádio e
f Giramundo Teatro de Bonecos e seu espe- da televisão
táculo 20 mil léguas submarinas.
Após a leitura das imagens e a pesquisa, pro-
O espetáculo do grupo mineiro Gira- vocar experiências do fazer teatral pode ajudar os
mundo, 20 mil léguas submarinas, estreou estudantes a dimensionar o conceito de hibridismo
em abril de 2009 no Sesc Pompeia (SP). na poética do palco. Para isso, alguns jogos teatrais
Neste espetáculo, a videoanimação é em- propostos por Viola Spolin problematizam para
pregada como recurso da dramaturgia, os estudantes modos de atuação na improvisação,
por meio de duas animações: a abertura, tendo como referência as mídias rádio e televisão.
realizada em stop-motion, e o Nautilus,
feito por animação digital. O que os alu- Como as orientações técnicas para o ensino
nos podem descobrir sobre esses modos de de teatro da rede estadual de São Paulo, nos
animação? últimos anos, foram basicamente ancoradas

26
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

no sistema de jogos teatrais de Viola Spolin, cia já realizada, que ideias de cenas podem
sugerimos os jogos Rádio, Tela de televisão, ser aproveitadas para uma pequena apre-
Mesa de som e Dublagemb, que podem ser pro- sentação pública no dia da formatura?
postos como concebidos por Spolin ou com Que outras ideias podem surgir? O que
as adaptações necessárias para o grupo-classe. você gostaria de mostrar no dia da forma-
tura, criando a partir das descobertas que
No vestígio cênico da formatura da 8a série/ fez da linguagem teatral? Registre aqui
9o ano suas ideias.

O estudo do hibridismo no teatro, a mistura


entre teatro e cinema, os jogos de improvisa- para (con)fundir teatro e cinema
ção com as mídias do rádio e da TV e as su-
gestões e os comentários da plateia após cada
jogo: tudo isso pode gerar ideias de cenas que linguagens artísticas
venham a ser aproveitadas para uma pequena
apresentação pública no dia da formatura.
fusão entre as linJuaJens teatral e cinematoJri¿ca;
No Caderno do Aluno são apresen- Ytdeos proMeç}es de slides e e[iEição de imaJens
tadas as seguintes questões: ¿lmadas na hora no local da apresentação teatral;
cenirios inYistYeis para teatrali]ar ¿lme.
f Você gostaria de fazer uma apresentação
teatral no dia da formatura? Da experiên-

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
DANÇA
Durante diversos períodos da História, o histórica da dança, do ponto de vista europeu,
conceito de arte teve conotações bastante di- começando pela leitura de algumas imagens.
ferentes da utilizada atualmente no discurso
estético. Inúmeros preceitos foram superados,
fragmentados e frequentemente reordenados Proposição I – Movendo a apreciação
sob múltiplas formas de expressão, estabele-
cendo infinitas poéticas que transcenderam Ao apresentar todas as imagens ao
modalidades e categorias, e buscaram o apoio mesmo tempo, alguns aspectos po-
na interdisciplinaridade e na fundamentação dem ser focalizados em uma con-
de outras ciências. Dessa maneira, parece-nos versa com os alunos por meio de um pequeno
que a arte tem se permitido a mescla entre di- roteiro no Caderno do Aluno, em “Apreciação”:
ferentes linguagens artísticas, o que nos leva
a pensar que o hibridismo na arte é similar à
impossibilidade de conceituarmos uma cria- f Quais as semelhanças e diferenças que você
ção artística como pertencente a apenas uma percebe nas imagens? Elas mostram algu-
linguagem, a uma categoria ou a uma cultura. ma dança que você conhece?

Nesse cenário, para criar proximidade dos f Como estão posicionados os pés, as mãos, o
estudantes com a dança contemporânea, o tronco e as pernas dos dançarinos? Há dife-
exercício proposto será conhecer a trajetória renças na expressão corporal dos dançarinos?
b
Consulte: SPOLIN, Viola. Jogos teatrais para a sala de aula: um manual para o professor. São Paulo: Perspecti-
va, 2007. p. 207-215.

27
f Existe algum tipo de palco ou cenário nessas f Na imagem da Martha Graham Company,
imagens? o gestual que as dançarinas realizam pode
ser associado a “movimentos cotidianos”?
f Como você imagina ser a música utilizada
nesses tipos de dança? f Essas danças podem ser feitas em espaços
abertos?
f Observe agora apenas a imagem do Balé
Bolshoi. Você reconhece o figurino usado pelas f De qual dessas danças você participaria?
dançarinas? E as roupas usadas pelos rapazes? Por quê?
© Alexander Zemlianichenko/AP Photo/Glow Images

Figura 18 – Balé Bolshoi. A bela adormecida, 2011.


© Robbie Jack/Corbis/Latinstock

Figura 19 – The Royal Ballet. Coppélia, 2006. Roberta Marquez e Luke Heydon. Londres, Inglaterra.

28
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

© Bettmann/Corbis/Latinstock
Figura 20 – The Royal Ballet. O lago dos cisnes. Margot Fonteyn, Michael Somes e corpo de baile. Londres, Inglaterra.

© Reginaldo Azevedo

Figura 21 – Cisne Negro Cia. de Dança. O quebra-nozes, 2006.

29
© Bettmann/Corbis/Latinstock

Figura 22 – Martha Graham Company. Celebration, 1945. Dançarinas Jane Dudley, Sophie Maslow e Frieda Flier.

30
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

Proposição II – O que penso sobre o teatro e, também, com a música, e ao longo


dança? do qual vários artistas da dança, como Rudolf
von Laban, Mary Wigman e Kurt Jooss, na
Depois que os estudantes se manifestarem, Alemanha, e Martha Graham, nos Estados
expressando suas ideias, você poderá incre- Unidos da América, conduziram suas pesqui-
mentar a discussão com informações sobre a sas de maneira a abrir um diálogo com outras
trajetória histórica da dança. linguagens de arte.

No glossário, o professor encontra uma


Balés de repertório – Século XIX pequena biografia sobre os coreógrafos, que
situa um pouco o trabalho realizado por eles.
Se seguirmos a trajetória da dança a par-
tir do século XIX, encontraremos os balés de
repertório, que contam uma história por meio Dança teatral
da dança, da música, da pantomima e com a
presença de cenários. Esses balés foram criados O teatro e a dança sempre ensaiaram um
e encenados durante o século XIX, mas con- relacionamento, uma união, já que as duas são
tinuam a ser executados pelas companhias de artes cênicas, artes que se fazem em “cena”,
dança clássica até os dias de hoje, a partir de re- em tempo real, aqui e agora.
montagens da versão original. Os temas trata-
dos são amplos e narram desde contos de fadas A partir da segunda metade do século XX,
a lendas e histórias de pessoas do seu tempo e, a vanguarda mais uma vez deu espaço para
na maioria das vezes, são baseados em roteiros experimentações, com o surgimento de novos
literários. A pantomima, a mímica, os cenários, criadores que começaram a trabalhar nas inter-
os objetos cênicos e os figurinos contribuem seções entre dança e teatro de variadas maneiras:
para construir a dramaturgia da cena. contando histórias, partindo de textos, partindo
de sugestões encontradas em uma escultura.
No glossário constam quatro dos mais Ou ainda em diálogo com outras áreas mais
conhecidos balés de repertório (os mesmos experimentais, como performances multimídia,
das imagens: A bela adormecida, Coppélia, improvisações criadas para lugares menos tra-
O lago dos cisnes e O quebra-nozes), para que dicionais que palcos teatrais, como igrejas,
você possa conversar um pouco sobre cada museus, parques, piscinas. Porém, na maioria
um deles com os alunos. Para saber mais sobre das ocasiões, mantendo para as movimenta-
esses balés, além de outros, você pode acessar ções corporais especificidades da dança, com
o blog disponível em: <http://karenbailarina. inclusões da dramaticidade do teatro.
wordpress.com/> (acesso em: 15 jan. 2014).
Na dança associada ao teatro, encontramos
Após a conversa, proponha aos alunos que uma modalidade muito conhecida e praticada
olhem novamente as imagens, identificando na atualidade: a dança-teatro, ou dança tea-
qual delas corresponde a cada um dos reper- tral. É possível afirmar que ela possui várias
tórios, e peça para que escrevam no Caderno faces. Esteticamente, descende das inter-rela-
do Aluno, em “O que penso sobre arte?”. ções entre protagonistas da dança de expres-
são alemã, da atividade de Kurt Jooss como
pedagogo e coreógrafo, assim como da influên-
Dança moderna − Século XX cia da dança moderna estadunidense, já que os
mais significativos coreógrafos de dança tea-
Dançar para falar de dança: isso foi o que tral da primeira geração estudaram em Nova
ocorreu ao longo do século XX, em que novos Iorque, e alguns inclusive atuaram por vários
fatos aconteceram na relação da dança com anos em diferentes companhias dos EUA.

31
A personalidade de cada autor, suas histó- A mescla das modalidades e categorias
rias e vivências pessoais vão caracterizar, im- artísticas faz que o uso de novos materiais e
primir leveza e peso às suas respectivas obras. tecnologias permita, por sua vez, que os artis-
É possível encontrar nas obras pequenos ges- tas reavivem preocupações e impressões par-
tos e também gestos do cotidiano de qualquer ticulares ou coletivas sobre a própria arte ou
pessoa. Algumas produções são bastante eco- sobre o mundo em que vivem.
nômicas: há apenas o intérprete, seu corpo,
algumas vezes músicas, a iluminação e um figu-
rino simples. Já em outras coreografias, há ricas Proposição III – Pesquisa em grupo
produções, com efeitos mirabolantes, cenários
com elementos da natureza, como água, terra, Para ampliar o repertório dos alunos so-
areia, algodão ou cravos, projeções de filmes, bre o percurso histórico da dança no contexto
música ao vivo e outros tantos elementos. europeu, os alunos poderão ser divididos em
três grupos para pesquisar os seguintes temas:
Todavia, existem elementos de uso comum,
como se fossem regras que os coreógrafos de
dança teatral seguem, como, por exemplo, a f Balés de repertório – Século XIX;
não utilização de elementos da dança clássica
na sua forma original. Até poderemos encon- f Pioneiros na dança moderna − Século XX;
trar um personagem que dance com sapatilhas
de ponta, mas em um contexto diferente do f Dança teatral.
que se utilizaria na dança clássica.
As pesquisas podem incluir notícias, mú-
Sem dúvida existe entre a dança clássica sicas, danças, projeções, obras de arte e até
e a dança teatral uma zona de interseção mesmo a presença de algum artista (ou sua
muito extensa, na qual se pode encontrar entrevista gravada) para contar seu processo
alguns fenômenos interessantes da dança de criação dentro das “fronteiras líquidas”.
contemporânea atual.
Você pode sugerir aos alunos que, dentro
Nas obras coreográficas que se utilizam de dos temas escolhidos pelos grupos, questio-
elementos da dança teatral, às vezes têm-se nem, por exemplo:
solos, outras vezes, colagens com cenas que
acontecem em diferentes partes do palco e f Como os balés de repertório eram montados?
que podem falar da mesma coisa, ou de coisas Neste caso, os alunos escolherão um dos ba-
diferentes. Em tais colagens, algumas vezes as lés de repertório para pesquisar aprofunda-
cenas se sobrepõem. Além disso, ainda encon- damente, podendo inclusive trazer a música
tramos nas cenas variados efeitos técnicos, as- do balé ou um vídeo com sua coreografiaa.
sociações tanto do coreógrafo como dos artistas
que tomam parte na obra. f Como os pioneiros da dança moderna de-
senvolveram suas atividades? Neste caso, os
O uso da música na dança teatral não obe- estudantes escolherão um dos artistas pio-
dece a nenhuma regra. As opções são muito li- neiros citados para pesquisar aprofunda-
vres e individuais, abrangem o jazz, passando damente, podendo também trazer a música
por músicas étnicas, contemporâneas, colagens ou o vídeo de uma de suas coreografias.
musicais e chegando até ao silêncio. Também
são encontrados alguns experimentos com a f Como é desenvolvida a linguagem da dança
palavra, com textos ou com canções. teatral? Neste caso, os alunos pesquisarão
a
Lembramos que a São Paulo Companhia de Dança já possui alguns balés de repertório e oferece diferentes
atividades e visitações para professores e escolas em sua sede, na cidade de São Paulo.

32
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

quais são os princípios desta linguagem. f Quais temas pesquisados você achou mais
Que grupos brasileiros desenvolvem pes- interessantes? Justifique.
quisa valendo-se dela?
Em seguida, em “Você aprendeu?”, há
Oriente os grupos sobre a forma de apresen- uma questão para a conclusão do es-
tação da pesquisa, que pode ser em forma de tudo:
jornal escrito, jornal televisivo, painel, linha
de tempo visual, exposição de imagens so- f O que você aprendeu neste estudo sobre a
bre dança, projeção de vídeos ou qualquer história da dança que ainda não sabia?
outro modo que os alunos considerem inte-
ressante.
linguagens híbridas na dança
Depois da apresentação dos resulta-
dos das pesquisas, para registrar este
linguagens artísticas
estudo, os alunos encontram no Ca-
derno algumas questões:

f Quem vai participar do seu grupo?

f Que tema seu grupo vai pesquisar? Ealp de repertório;


dança moderna e seus criadores;
f Como foi para você realizar a pesquisa? dança teatral.

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4
MÚSICA

Quando escutamos uma música em uma es- Proposição I – Movendo a apreciação:


tação de rádio ou vamos a algum show ou con- na trilha do som, quando a sonoridade
certo, apreciamos a música como acontecimento deu a mão para a imagem
musical principal, como um evento perceptivo
que demanda para si, para seus elementos cons- No Caderno do Aluno, em “Apre-
tituintes, o foco de nossa atenção e de nossa frui- ciação”, algumas questões ajudam
ção. Isso se dá porque ela foi composta para ser os alunos a pensar sobre o uso da
ouvida, ou foi colocada naquela situação (rádio, música no cinema:
show, concerto) para o centro das atenções.
f O que você percebe ao olhar a imagem?
A música também se conecta com: a propa- Reconhece os quadros de uma cena e a pis-
ganda (incluem-se os jingles), as músicas para ta de áudio? Você sabia que o termo ‘‘trilha
dança, teatro, cinema, performance, toque de sonora’’ nasceu exatamente dessa ferra-
celular. No videoclipe, muito popular entre os menta do cinema, ou seja, pista, banda ou
jovens, a imagem está a serviço do som. trilha de som?

Entre outras possibilidades para estudar as f Como você acha que a trilha sonora
fronteiras líquidas entre as linguagens da arte, acontecia na época do “cinema mudo”?
vamos nos ater aqui às relações que a música A música fazia parte da projeção? Como?
trava com o cinema. Por quê?

33
© Jéssica Mami Makino

Figura 23 – Banda de som com duas pistas em pedaço de película.

Alguns anos após o cinema deixar de ser mente repousados enquanto sua voz ressoa
mudo, descobriram que era possível sincroni- pelos alto-falantes da sala de exibição? Isso
zar os sons com as imagens em movimento. era o que possivelmente acontecia quando o
Esse foi o grande passo para que a ideia da áudio e a imagem eram gravados em mídias
sonoplastia cinematográfica pudesse ser ex- diferentes.
plorada até as últimas consequências.
Com o tempo, o termo trilha sonora pas-
A imagem mostra uma película de 35 mm. sou a ser empregado também na dança e no
Vemos duas bandas: a de baixo, que contém teatro.
os quadros de uma cena, e a de cima, com-
posta por duas linhas, que são a pista de áu- A trilha sonora tem um grande papel no ci-
dio. O termo trilha sonora nasceu exatamente nema: ela reforça a sensação de lugar, os senti-
dessa ferramenta do cinema, ou seja, pista, mentos de um personagem, o tempo histórico.
banda ou trilha de som. Todos os sons conti- Para que o espectador tenha a sensação de
dos no filme fazem parte da trilha sonora e es- que foi “engolido” pela tela e está em um filme
tão gravados na banda de som. As duas linhas épico que se passa na Roma antiga, será bem
são os dois canais de som: o da direita e o da provável que o designer sonoro garanta que
esquerda. O som é registrado dessa maneira nenhuma sonoridade do século XX soe na
para que possa se realizar um efeito estereo- trilha. Turbina de avião, motor de carro, mú-
fônico. sicas com guitarras elétricas são exemplos de
sonoridades evitadas. De igual maneira, esse
O fato de vir na mesma película da imagem mesmo profissional é responsável por pesqui-
permitiu que sonoplastas abusassem da expe- sar quais seriam as sonoridades escutadas na
riência de sincronia, em que o som se “casa” época, tais como bigas e charretes puxadas
perfeitamente com a imagem. Isso significava por boi e por cavalo, músicas tocadas com lira
que os ruídos do ambiente e as falas das per- ou trompa antigas, som de multidão em um
sonagens poderiam ser inseridos sem o risco legítimo circo romano.
de destoarem da imagem.
Para conhecer as opiniões de um compo-
Imagine o som de uma porta que se fecha sitor sobre a experiência de produzir música
chegando alguns décimos de segundo depois aplicada, sugerimos a apresentação do DVD
da imagem. Ou os lábios do galã placida- Cinema (DVD 10 da Série Chico Buarque Es-

34
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

pecial), no qual o compositor conta sua pró- O filme Maria Antonietaf, de Sofia
pria experiência com a sétima arte. Coppola, conta a história da última rainha da
França e passa-se no século XVIII. A trilha
A trilha sonora é um espaço de liberdade é composta por músicas do final do século
e de criação, em que nem tudo necessita ser XX, sobretudo da new age da década de 1980
verossímil. Quais filmes eles se lembram cuja e do pop rock dos anos 1990. Contudo, não
trilha sonora é marcante? Se for possível, você destoa das intenções narrativas de Sofia, por-
pode trazer para a classe alguns exemplos, se- que o filme também é uma grande crítica à so-
lecionando trechos adequados para os seus ciedade de consumo atual, feita por meio de
alunos. uma edição que lembra a de filmes destinados
ao público adolescente. Abrange desde a es-
Em M., o vampiro de Düsseldorf a, de Fritz colha de objetos de consumo da rainha, que
Lang, por exemplo, a música é peça-chave também são objetos de desejo da mulher atual
para que se resolva o mistério dos assassina- (vestidos, sapatos, doces), aos signos trazidos
tos em série que aterrorizam a cidade alemã do século XX, como um tênis posto em meio
de Düsseldorf. A história passa-se na Ale- à coleção de sapatos da monarca francesa.
manha da década de 1930, mesma época em Mostra também outros contrastes, como a re-
que foi rodada, em pleno período da ascen- constituição de figurino, cenário, maquiagem,
são nazista. Por isso, o filme é tomado por entre outros elementos que, além de refletir
uma aura sonora de repressão e cautela. A uma época, são, ao mesmo tempo, transfigu-
música em questão é a última parte da obra rados pelas escolhas das cores, pelos trejeitos
Peer Gynt − Suíte I Op. 46, denominada O das personagens, pela apresentação dos video-
castelo do rei, do compositor norueguês Ed- clipes. E não é que as décadas de 1980 e 1990
vard Grieg. são períodos de consolidação dessa nova lin-
guagem? Não é a época em que surgiu a MTV,
O filme Contatos imediatos do terceiro a ditar regras de comportamento à juventude?
graub, de Steven Spielberg, é outro exemplo Não é a época da ascensão da sociedade de
de filme cuja música é elemento crucial da consumo, tal como nós a conhecemos hoje?
narrativa. O meio de contato entre humanos
e extraterrestres se faz por uma melodia que f Há trilhas sonoras também para a dança e o
teria sido ensinada pelos ETs a vários povos teatro? Qual é o papel da música no cinema?
da Terra. Essa melodia seria a senha que pos- Serve para criar o “clima”? Ser o tema ro-
sibilitaria o diálogo entre essas duas formas mântico de um casal? O anúncio dramático
de vida. A música desse filme, bem como de no começo do filme antecipando a história
vários outros de Spielberg, foi composta por contada? Ou apenas a música que toca ao
John Williams, especialista em criar os ditos fundo de uma cena de festa ou restaurante?
“temas-chiclete”, temas musicais que identifi-
cam o filme e que não saem da memória do f De quais efeitos de som em filmes você se
espectador. Vide os temas dos filmes Tubarãoc, lembra? Como você acha que eles foram
Indiana Jones e o templo da perdiçãod, A lista produzidos? De que modo influem na sen-
de Schindlere, entre outros. sação que a cena oferece?

a
DVD M., o vampiro de Düsseldorf (M). Direção: Fritz Lang. Alemanha, 1931. 105 min. 12 anos.
b
DVD Contatos imediatos do terceiro grau (Close encounters of the third kind). Direção: Steven Spielberg. EUA,
1977. 135 min. 12 anos.
c
DVD Tubarão (Jaws). Direção: Steven Spielberg. EUA, 1975. 123 min. 14 anos.
d
DVD Indiana Jones e o templo da perdição (Indiana Jones and the temple of doom). Direção: Steven Spielberg.
EUA, 1984. 118 min. Livre.
e
DVD A lista de Schindler (Schindler’s list). Direção: Steven Spielberg. EUA, 1993. 197 min. 16 anos.
f
DVD Maria Antonieta (Marie Antoinette). Direção: Sofia Coppola. EUA, 2006. 123 min. 14 anos.

35
Mas não lhe cabe apenas anunciar acon- bebês dinossauros. Sem o som, o filme perde
tecimentos, criar situações e climas; nem só a verossimilhança. O mesmo acontece com
disso vive a música de cinema. Às vezes, ela filmes como No limitei, de Lee Tamahori, no
conduz a narração, antecipando fatos ou ofe- qual há animais que perseguem incansavel-
recendo uma informação não contida nos diálo- mente as personagens principais. No caso, o
gos, nem no cenário. Um outro aspecto para a animal é um urso, que no mundo real emite
apreciação são os efeitos de som. Quais filmes um som que lembra um urro. Mas, no cine-
os alunos lembram nos quais esses efeitos pro- ma, a sonorização do animal foi feita com
duziam impacto? Eles percebem que um bom misturas de rugidos de leão, para que o urso
trabalho de sonorização garante o aperfeiçoa- soasse mais agressivo e o espectador sentisse
mento da caracterização de personagens e de o mesmo medo vivido pelas personagens, e
elementos de cena? Exemplos clássicos podem para que houvesse a sensação de que o ani-
ser lembrados. mal era muito grande.

f As naves do filme Guerra nas estrelas – Epi- Para conversar sobre sonorização e criação
sódio IV: uma nova esperançag, de George de efeitos sonoros, recomendamos a apreciação
Lucas: na época em que foram confeccio- do filme Vermelho como o céuj, de Cristiano
nadas, ainda não havia uma tecnologia de Bortone. O filme narra a infância de Mirco
efeitos visuais gerados por computador. Por Mencacci, famoso editor de sons do cinema
isso, as naves eram maquetes filmadas com italiano, que, mesmo tendo ficado cego, se
as câmeras bem próximas do objeto. Para adaptou à sua nova realidade e superou as di-
que o público dos cinemas pudesse ter a sen- ficuldades por meio de suas investigações e in-
sação de que a nave era gigantesca, e não venções sonoras. Embora não trate diretamente
uma maquete, pensou-se em lhe dar uma so- de sonorização para o cinema, o filme fala so-
noridade. Se fôssemos analisar o filme pela bre a necessidade da pesquisa e da imaginação
verossimilhança, diríamos que o grande erro para se criar efeitos sonoros. Uma segunda in-
de George Lucas foi permitir que suas naves dicação é A última noitek, de Robert Altman. O
produzissem som no espaço sideral, já que o filme mostra a última gravação, ao vivo, de um
som não se propaga no vácuo. Contudo, programa de rádio, em que músicos realizam as
o cinema é uma arte ficcional e, como qual- atrações musicais e os efeitos sonoros durante a
quer manifestação artística, não precisa ter programação. Os efeitos sonoros encontram-se
critérios científicos de verificabilidade. Assim, entre os 48 e 52 minutos do filme.
o que ficou valendo foi a necessidade de ofe-
recer ao espectador a sensação de grandeza. São inúmeros os exemplos que podem am-
pliar a apreciação. Trazidos por você ou lem-
f Filmes como Parque dos dinossaurosh, de brados pelos alunos, ou, ainda, sugeridos para
Steven Spielberg, necessitam de uma sono- que vejam em casa desde que sejam apropriados
rização que indique características dos ani- para essa idade, esses exemplos e as conversas
mais pré-históricos: rugidos graves para o geradas a partir deles têm espaço para registro
tiranossauro rex, sons ferinos para os agres- no Caderno do Aluno, preparando o ambiente
sivos velociraptors,, sons delicados para os para as próximas ações.

g
DVD Guerra nas estrelas – Episódio IV: uma nova esperança (Star wars – Episode IV: a new hope). Direção:
George Lucas. EUA, 1977. 121 min. Livre.
h
DVD Parque dos dinossauros (Jurassic park). Direção: Steven Spielberg. EUA, 1993. 126 min. Livre.
i
DVD No limite (The edge). Direção: Lee Tamahori. EUA, 1997. 117 min. 14 anos.
j
DVD Vermelho como o céu (Rosso come il cielo). Direção: Cristiano Bortone. Itália. 2006. 95 min. 12 anos.
k
DVD A última noite (A prairie home companion). Direção: Robert Altman. EUA, 2006. 105 min. Livre.

36
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

Proposição II – Pesquisa em grupo: lação à trilha sonora? E na relação com ou-


jogos no computador tras linguagens?

Atualmente, há várias propostas de jogos de


computador que envolvem trilha sonora, como Proposição III – Ação expressiva
nos filmes, espetáculos de dança e teatro. A pri-
meira sugestão é conhecer o jogo Samarost 2, As apreciações e as pesquisas ampliaram a
do estúdio tcheco Amanita Design (disponível percepção sobre trilha sonora de seus alunos?
em: <http://amanita-design.net/samorost-2/>; Para continuar essa ampliação, sugerimos uma
acesso em: 9 dez. 2013). Esse tipo de game é uma encomenda no Caderno do Aluno para trans-
modalidade criada para ser jogada em com- formação de imagens a partir de trilhas sonoras.
putador. Trata-se de um jogo da modalidade Sugerimos duas ações que podem ser escolhi-
point and click, o que quer dizer que o jogador das, transformadas ou substituídas por você.
faz parte de uma história que começa com a
personagem principal (o jogador) desbravando
um lugar desconhecido. O controle é feito pelo Transformações a partir de uma cena em
mouse e, para se ter informações sobre a história, movimento
o jogador deve procurar pistas que expliquem a
situação ou promovam uma ação que o ajude Para isso, propomos que os alunos pesqui-
a resolver os problemas que vão aparecendo ao sem cenas de suspense ou de mistério e esco-
longo do jogo, além de coletar objetos que o aju- lham uma para criar uma transformação da
dem a resolver os mistérios do lugar e possibili- cena apenas com a sonorização, mantendo o
tem escapar daquele local. Para aqueles que não mistério ou suspense, ou transformando o sig-
gostam muito de jogar, mas têm curiosidade em nificado da cena totalmente, como, por exem-
conhecer a história, podem procurar as respostas plo, em uma cena cômica, de propaganda etc.
a partir da palavra “detonado” ou “walkthrough”
em sites de busca. Para isso, basta digitar o nome Solicite aos alunos que anotem inicialmente
do jogo com a palavra “detonado” logo em se- tudo o que perceberam da cena escolhida sem
guida: “Samarost 2 detonado”. som algum, assim como todas as sensações
– euforia, empatia por algum personagem,
Diferentemente dos jogos de tiros e de co- medo, mal-estar, calma etc. Depois, que expe-
leta de pontos, neste, a trilha estará vinculada às rimentem assistir ao mesmo trecho com o áu-
ações do jogador, ao clima de tensão, mistério e dio original e percebam se há diferenças entre
fantasia. Não há preocupação em inserir músi- a primeira experiência e a segunda. A partir
cas pulsantes e excitantes para prender a atenção daí, o que os alunos criam como sonoridade
do jogador; a ausência desse tipo de sonoridade para alterar o conteúdo emocional da cena?
constrói um clima adequado para o jogo. Os jo-
gos disponíveis na internet geralmente são muito Depois da apresentação para a classe, pos-
bem elaborados e pesquisados, construídos por síveis problematizações com perguntas me-
equipes de web designers e sonoplastas. diadoras podem ampliar o olhar dos alunos
sobre a importância da trilha sonora. Será
No Caderno do Aluno, há um es- interessante verificar também os recursos uti-
paço reservado para que os alunos lizados pelos alunos para a recriação da cena.
registrem suas reflexões sobre o
questionamento a seguir:
Transformações a partir de um objeto
f Depois da pesquisa, quais jogos com boas
trilhas sonoras você recomendaria a seus É possível fazer um objeto simples e ingênuo
colegas? O que você pode perceber em re- parecer um monstro a partir de recursos sonoros?

37
Os alunos, em grupos, poderiam trazer para a Será importante que os alunos per-
aula um objeto que considerassem interessante cebam se há, ou não, a diversidade
para desenvolver a proposta: o objeto em si, dos tipos de produção sonora en-
uma fotografia dele ou um pequeno vídeo contrados pelos grupos, fazendo suas anota-
com ele. Para criar o vídeo, poderiam utili- ções no Caderno do Aluno. Para orientar
zar as câmeras filmadora ou fotográfica di- essas anotações, os alunos encontram os se-
gital da escola, ou mesmo celulares. O objeto guintes questionamentos:
precisa ser necessariamente animado, ou seja,
os alunos precisarão conferir-lhe movimento,
mesmo que isso aconteça ao vivo, sem a utili- f Depois que todos os grupos apresentaram
zação de gravação em vídeo. suas criações, ao vivo ou por meio de gra-
vação, mapeie a seguir as sensações provo-
Para isso, precisam organizar as ideias em cadas nos ouvintes, os recursos utilizados
um roteiro para que se saiba o que acontecerá por outros grupos que você considerou
com o objeto. Quais seriam seus dilemas, obstá- interessantes e outras ideias que surgiram
culos ou desafios? Qual será a história contada? após essa experiência.
Um monstro que ataca uma cidade? Um monstro
apaixonado? Um monstro à procura de sua mãe? f Para comemorar sua formatura, o que po-
deria ser feito em relação à música? Por que
A tarefa seguinte é a sonorização. Como não aproveitar este momento para criar
soaria um pintinho de 5 metros de altura? Ou uma marca sonora da turma para celebrar
uma caneta gigante assassina? Ou um repolho a formatura? Quais outras ideias podem ser
voador? Que outros objetos os alunos poderiam pensadas?
escolher para representar o monstro por meio
da sonoplastia? A apresentação do som pode-
ria ser feita por meio de gravação ou de execu-
ção ao vivo na classe.

Qualquer uma das duas ações, ou outra que


você ofereça, pode levar a novas problemati- linguagens artísticas
zações: Quais foram as soluções apresentadas
pelos alunos? Que recursos utilizaram para a
sonorização? Simularam sonoridades com re- a trilha do som
cursos locais (da sala de aula, percutindo car-
teiras, arames de caderno, chacoalhando estojos,
entre outros)? Trouxeram sonoridades pes- apro[imaç}es da música com outras linJuaJens;
trilhas sonoras: música e efeitos sonoros;
quisadas ou gravadas em casa? Pesquisaram música de cinema.
sonoridades pré-gravadas (sonoridades do ce-
lular, de CDs, trechos de música, entre outros)?

38
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5
CONEXÕES ENTRE OS TERRITÓRIOS DE LINGUAGENS
ARTÍSTICAS E DE FORMA-CONTEÚDO

Como leitores do mundo, atribuímos Recorte, faça interferências, acréscimos,


sentido a tudo o que vemos. As obras de exclusões. Cole imagens aproximando ou
arte em qualquer linguagem artística são opondo formas e significados. Identifique
campo fértil para leituras, mas somente se as sonoridades de cada cena ou de um gru-
estivermos dispostos a entrar em contato po de cenas.
com elas deixamo-nos capturar pelas sen-
sações que elas despertam em nós. As lin- A apreciação de todas as narrati-
guagens, bem como seus elementos formais, vas criadas pelos alunos é um
constroem temáticas e sentidos e oferecem- passo importante para aprofundar
-se como significados abertos à interpre- a percepção das linguagens artísticas e das
tação que se constitui como um encontro relações entre forma-conteúdo, especial-
entre múltiplos aspectos da forma e pontos mente na construção de narrativas e suas
de vista, um encontro que sempre é mutável possíveis leituras. No Caderno do Aluno, há
e infinito em suas possibilidades, como nos um espaço reservado para eles registrarem o
diz Pareysona. que perceberam sobre as temáticas desenvol-
vidas a partir do mesmo material iconográ-
Para viver o exercício de produzir fico, sobre as linguagens artísticas presentes,
sentidos a partir do mesmo mate- sobre a inventividade de sua turma:
rial iconográfico, isto é, das mes-
mas imagens, propomos como lição de casa f Sobre as temáticas desenvolvidas a partir
criar um roteiro visual e sonoro a partir de do mesmo material iconográfico, isto é, das
algumas imagens exploradas no Caderno do mesmas imagens?
Aluno, que podem fazer referência ao mundo
concreto ou ao mundo do imaginário. Eles f Sobre as linguagens artísticas presentes?
podem recortar, fazer interferências, acrésci-
mos, exclusões; colar imagens aproximando f Sobre a inventividade de sua turma?
ou opondo formas e significados. Precisam
roteiros visuais e sonoros em fronteiras “líquidas” entre
também criar as sonoridades de cada cena ou
as linguagens da arte
de um grupo de cenas: as relaç}es forma-conteúdo construindo
temáticas e sentidos;
f As linguagens e os elementos formais de leitura como exercício de percepção e imaginação;
multiplicidades de leituras;
cada linguagem se oferecem como signifi- fronteiras “líquidas” entre as linguagens da arte.
cados aos olhos leitores? Como você cons-
trói uma narrativa a partir das imagens
oferecidas? Narrativas coladas no mundo
concreto ou no mundo do imaginário?
Para responder a essas perguntas, use as
imagens das páginas 35 e 37 para criar um forma-conteúdo
roteiro visual e sonoro nas páginas 39 e 40.
a
PAREYSON, Luigi. Os problemas da estética. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

39
SÍNTESE E AVALIAÇÃO
A formação cultural dos alunos envolve os conteúdos potenciais apresentados nas
diferentes aspectos, entre os quais a amplia- possibilidades deste Caderno nos territórios
ção de conceitos, a percepção e a expressão de linguagens híbridas e convergentes e de
sobre/na arte. Os mapas a seguir mostram forma-conteúdo.

fronteiras “líquidas”
entre as

linguagens artísticas
Ealp de repertório; dança
moderna e seus criado- aproximaç}es da música com
res; dança teatral. outras linguagens;
trilhas sonoras: música e efeitos sonoros;
música de cinema.
design e designers; relação
forma-função; relação entre forma
e processos industriais; mescla entre as linguagens teatral e
aspectos múltiplos do design cinematográ¿ca;
grá¿co de moda de moEiliário Yídeos proMeç}es de slides e exiEição
de produtos; desenho de imagens ¿lmadas na hora no local
industrial etc. da apresentação teatral;
cenários inYisíYeis para teatrali]ar ¿lme.

roteiros visuais e sonoros em fronteiras “líquidas”


entre as linguagens da arte

as relaç}es forma-conteúdo construindo


temáticas e sentidos;
leitura como exercício de percepção e imaginação;
multiplicidades de leituras;
fronteiras “líquidas” entre as linguagens da arte.

forma-conteúdo

40
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

Avaliando os portfólios nando linguagens híbridas e convergentes


nas artes visuais, na dança, na música e no
Partindo desses mapas e das experiências teatro?
estéticas e artísticas realizadas em sala de aula,
e registradas pelo aluno em seu portfólio – Ca- f Experimentaram procedimentos artísticos
derno do Aluno e outros modos de registro para gerar linguagens híbridas e conver-
realizados –, você, professor, pode avaliar gentes?
o percurso com a turma. Além disso, no Ca-
derno do Aluno, é também proposto um “Você f Realizaram a leitura de obras de arte e o fazer
aprendeu?” ao contrário. Em vez de mapear o artístico por meio da ideia de obra de arte sem
que seus alunos aprenderam, propomos que a rigidez de cânones e definições tradicionais?
eles apresentem o que desaprenderam nestes
estudos. “Desaprender” significa ir além do já f Reconheceram as múltiplas formas híbri-
sabido e do modo como era sabido e ver/ouvir das da linguagem da arte?
de outros pontos de vista. Para isso, eles de-
vem pensar sobre o que sabiam antes acerca de
artes visuais, dança, música e teatro e agora sa- Refletindo sobre o seu diário de bordo
bem de outro modo, percorrendo as fronteiras
líquidas entre as linguagens da arte. Pensando sobre o percurso realizado pelos
alunos, como você percebe suas ações pedagó-
A partir da socialização das respostas dos gicas? O modo como você escolheu e reinven-
alunos e da leitura dos portfólios, você perce- tou as possibilidades sugeridas foi adequado?
beu como os alunos: O que você faria de modo diferente? Quais ou-
tras conexões poderiam ter sido feitas? Para
f Compreenderam o modo como se fundem onde você pode caminhar com seus alunos a
e se mesclam as linguagens da arte, origi- partir de agora?

41
TRAVESSIA POÉTICA: DO FAZER ARTÍSTICO AO
RITUAL DE PASSAGEM
Desde o início do ano letivo, o pensar e o saberes estéticos
fazer em arte na 8a série/9o ano percorreram processo e culturais
caminhos para ampliar o contato dos alunos de criação
Você
com a arte por meio da compreensão das está
linguagens
poéticas pessoais. A aproximação com os aqui
artísticas
processos de criação de coreógrafos, de ato-
res, de músicos e de artistas visuais e a pes- materialidade
quisa sobre o diálogo com a materialidade
na criação da forma artística (volume 1) forma-conteúdo
patrimônio mediação
ofereceram aos alunos um encontro com a cultural cultural
especificidade das linguagens da arte e com
a construção de suas poéticas pessoais ou
de artistas. Rompendo as fronteiras entre
as linguagens, privilegia-se a percepção da
convergência entre as artes visuais, o design Conhecimentos priorizados
e as linguagens híbridas nas estreitas articu-
lações entre dança, música e teatro, e entre processo
vida cotidiana e arte contemporânea (vo- de criação
lume 2).
linguagens
artísticas
Neste momento, que encerra o período esco-
lar do Ensino Fundamental, é tempo de novas
composições, capazes de revelar histórias vividas materialidade

em uma travessia poética construída coletiva-


mente. forma-conteúdo

O fazer e o pensar em arte estendem-se à travessia poética:


do fazer artístico
revisão de todo o processo percorrido, envol-
ao ritual de passagem
vendo os territórios anteriormente trabalha-
dos, além de todos os demais.
saberes estéticos
processo e culturais
Esperamos que o contato que os alunos ti- de criação olhar sobre o
veram com a arte e com a cultura, tal como a processo vivido
está
apresentamos neste processo de educação esco- linguagens
aqui
artísticas
lar, com seus saberes e fazeres, possa gerar atitu-
des e desejos de conviver com elas futuramente.
Ao mesmo tempo, acreditamos que a vivência materialidade

na construção de produções artísticas se torna


forma-conteúdo
também um exercício e uma experiência criativa patrimônio mediação
cultural cultural
para que, quando entrarem no mercado de tra-
balho, os alunos percebam as atitudes necessá-
rias para a vida em grupo e para a construção
coletiva.

42
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

Temas e conteúdos Tempo de olhar o que fez; tempo de pensar


como fez
Fazendo poeticamente para guardar
na memória saberes estéticos
processo e culturais
de criação
processo
de criação
aqui

linguagens
aqui
artísticas

materialidade
patrimônio mediação
cultural cultural
forma-conteúdo

Os quatro territórios propostos anterior- A atenção do olhar sobre o processo vi-


mente voltam, agora, todos juntos, para no- vido neste ano escolar pede distanciamento.
vas produções que se organizam em torno Olhar de leitura, que se lança sobre a tarefa
da ideia da formatura e da possibilidade de de sistematizar o que foi estudado, pesquisado
guardar os momentos vividos na memória e produzido. É um tempo de análise e de am-
afetiva. O processo de criação produz gestos pliação de conteúdos e significados, de troca
destruidores e formadores em embate com a e diálogos sobre questões e temas que foram
matéria/material que dá corpo, que materia- ou poderiam ser aprofundados, sobre o que
liza ideias poéticas e que dá materialidade à poderia ser diferente, com sugestões e criação
obra. Pode ser matéria/material tanto o vídeo de novos horizontes para as turmas que virão.
como o som ou o corpo do ator-dançarino, Essas reflexões nos ajudam, como professores,
que, ao recorrer a uma gramática específica, a rever ideias e proposições. Para isso, vamos
se faz linguagem artística. As linguagens ar- percorrer os territórios de:
tísticas servem para mostrar, para apreciar,
e trazem sempre junto forma-conteúdo, que
nos provoca, ao mesmo tempo, estranheza e f Processo de criação, revendo como a per-
familiaridade ao exigir muito de nossos senti- cepção, a imaginação, o acaso, o diálogo
dos. Ao percorrerem esses territórios, os estu- com a matéria/material, as relações for-
dantes experimentam a produção da poética ma-conteúdo e as especificidades das lin-
individual ou colaborativa para mover a cria- guagens artísticas, entre outros aspectos,
ção de álbuns. foram vividos;

43
f Saberes estéticos e culturais, selecionando f à atitude reflexiva sobre o estudo, a pesquisa
os conceitos estudados especialmente em e a produção poética realizados no ano letivo;
relação aos criadores e produtores de arte
e cultura, às práticas e políticas culturais, à f ao mapeamento dos conceitos e procedi-
história, à estética e à filosofia da arte; mentos estudados e experimentados em
Arte durante o ano letivo.
f Mediação cultural, verificando a relação en-
tre as produções e quem as vê, os cuidados
com a exposição, a curadoria educativa, os Competências e habilidades
espaços sociais da arte e as possibilidades
de formação do público; f Elaborar, realizar e mostrar um projeto
poético individual ou colaborativo;
f Patrimônio cultural, ampliando a percep-
ção sobre os bens simbólicos, preservação f identificar conceitos e procedimentos estudados
e memória que foi possível tangenciar nos e experimentados em Arte durante o ano letivo;
processos vividos.
f conscientizar-se do processo de estudo, de
O exercício nesses territórios pode mover pesquisa e de produção em Arte desenvol-
os estudantes: vido durante esse período escolar.

PROPOSIÇÃO PARA SONDAGEM


REVENDO PROJETOS PARA A FORMATURA

No Caderno do Aluno, em “Ação Um brainstorming (“tempestade de ideias”)


expressiva”, está presente o seguinte pode fazer as ideias fluírem em associações
questionamento: constantes, sem prejulgamento, sem limites
financeiros ou tecnológicos. Uma ideia leva
f Os estudos em Arte que você fez no primei- a outra, o que gera mais possibilidades de in-
ro tema deste Caderno geraram o desejo de ventar projetos viáveis.
produzir algo especial para celebrar este úl-
timo ano do Ensino Fundamental? Cada aluno pode criar uma cartografia
em seu Caderno, levantando tudo o que po-
Nesse momento foram feitas as suges- deria ser realizado na comemoração desse
tões: criação de um logotipo da turma, de
rito de passagem. A proposta vai muito além
uma camiseta, de uma mochila especial,
de uma decoração e/ou de uma trilha so- de fazer apenas uma listagem, pois ela acaba
nora diferente para a festa, e a recriação dificultando acréscimos de itens semelhantes
de cenas para uma pequena apresentação aos que já foram listados, entretanto, como
pública no dia da formatura... um mapa, está sempre aberta a inclusões, a
novas informações. Assim, essa cartografia
Agora é tempo de retomar os esboços de idei- pode conter novas informações, retomadas
as e ampliá-los. Você pode ter novas ideias e depois da próxima Situação de Aprendiza-
registrá-las aqui. Elas serão retomadas pos- gem, com novas possibilidades para a cele-
teriormente. bração da formatura.

44
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 6
FAZENDO POETICAMENTE PARA GUARDAR NA MEMÓRIA

Neste estudo, focalizamos especial- de madeira, nas malas, nas cartas e nos docu-
mente a produção de álbuns para guardar mentos formam um “acervo de sensações”,
na memória esse momento da vida, esse uma bagagem emocional, pessoal e cultural,
rito de passagem que marca a conclusão que José Rufinoa também tornou visíveis em
do Ensino Fundamental. suas obras. Sobre os papéis marcados pelo
tempo e pelas histórias que testemunham,
Rufino cria manchas de cor e dor, monoti-
Proposição I – Movendo a pias simétricas que nos remetem às Manchas
apreciação de Rorschach.

Olhe atentamente as imagens a partir da As instalações de Christian Boltanski,


próxima página. As questões presentes no artista plástico francês que já teve obras ex-
Caderno do Aluno ajudarão no encaminha- postas em São Paulo, acumulam dados bio-
mento das reflexões. gráficos próprios ou de anônimos. Como
uma catalogação de saberes e de coisas, o
Depois de uma conversa mais geral sobre as artista apropria-se de fotografias e recria his-
imagens, você pode explorar com os alunos tórias ficcionais que provocam identidades
as obras de Rosângela Rennó e as respectivas comungadas no anonimato.
legendas. Se eles tivessem lido apenas essas le-
gendas: Bibliotheca e O arquivo universal e outros Rochelle Costi, que iniciou sua trajetória
arquivos, eles imaginariam que tipos de obras? O trabalhando com fotografia na área de teatro e
que os títulos sugerem aos alunos? música, revela por esse processo de reprodução
o cotidiano revisto com o olhar de quem teste-
Rosângela Rennó, curiosamente, não age munha a vida comum. Entre suas obras, uma
como uma fotógrafa comum. Ela é uma cole- série de fotografias em grandes dimensões fo-
tora de imagens. Vasculha fotos antigas, fotos caliza quartos de gente humilde, de adolescen-
digitalizadas, slides, álbuns antigos, moder- tes, de jovens casais, enfim, de anônimos que
nos e aqueles oferecidos pelas lojas, que provocam estranhamentos e familiaridades.
contam sobre vidas e a condição humana.
A artista trabalha, guarda as imagens e as De outro modo, quando pensamos na re-
utiliza em suas produções, ressignificando os lação entre memória e teatro, sabemos que o
vestígios da memória presentes em imagens coração guarda para sempre a magia de um
fotográficas. belo espetáculo. O artista, ao contar uma
história, transforma a nossa. Talvez seja as-
A atitude de investigar poeticamente a sim que nossa memória filtre a experiência
memória também está presente nas poéticas de espectador: a apresentação teatral passa,
contemporâneas. Artistas buscam, na memó- mas o sentido permanece em nós.
ria coletiva, matéria e significação para suas
obras e se apropriam de imagens, criando no- Observe as imagens de Rosângela Rennó e
vos significados. Os “guardados” nas gavetas Lenise Pinheiro.
a
Veja imagem de uma obra de José Rufino publicada no volume 2 da 7a série/8o ano, página 25.

45
© Eduardo Eckenfels
© Eduardo Eckenfels

24 25

Figuras 24 e 25 – Rosângela Rennó. Bibliotheca, 2002. Vitrines em alumínio pintado e acrílico, fotografias digitais, caixas de
slide, negativos, álbuns de foto e mapa impresso em processo Íris. Dimensões variáveis. Museu da Pampulha, Belo Horizonte
(MG). 24) Grupo 1. 25) Grupo 2.
© Fabio Ghivelder

Figura 26 – Rosângela Rennó. Vista da exposição O arquivo universal e outros arquivos. 37 vitrines contendo álbuns de
fotografia antigos e fotografias laminadas sob acrílico, mapa e arquivo de aço. Dimensões variáveis. Centro Cultural Banco
do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 2003.

46
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

© Lenise Pinheiro/Folhapress

Figura 27 – Lenise Pinheiro. Montagem fotográfica com o elenco da peça Énoé, uma cosmogonia, 1998. Folha de S. Paulo,
Ilustrada, 22 maio 1998.

47
O que chama a atenção dos alunos nas fo- para pesquisa e consulta sobre montagens
tos apresentadas? Se o teatro é arte viva, como antigas, ensaios, salas de teatro, companhias
é possível recortar uma cena, um momento de e coberturas de festivais teatrais.
emoção, e transformá-la em imagem estática,
chapada, na folha de papel? Essa é a mágica Os trabalhos dos fotógrafos de teatro falam
dos fotógrafos teatrais, profissionais de sensi- por si, porque possuem uma estética que torna
bilidade apurada, responsáveis por produzir a fotografia uma obra de arte autônoma. As fo-
as fotos que revelam ao público um frag- tos de espetáculos teatrais, como documenta-
mento dos espetáculos, antes mesmo de suas ção fotográfica, oferecem também referências
estreias. para o estudo da história do próprio teatro; a
pesquisa sobre atores/atrizes e cenografia; a en-
Os alunos percebem as imagens de Lenise cenação de determinado texto ou a interpreta-
Pinheiro como fotos de teatro? O que mais lhes ção de um personagem específico.
chama a atenção? Quais as diferenças entre as
imagens apresentadas? Como eles imaginam E o que os alunos sabem sobre o registro na
que uma montagem fotográfica seja feita? música e na dança?

Lenise Pinheiro é fotógrafa especializada Os alunos já ouviram falar de Mário de


em teatro e em iluminação. Desde 1982, vem Andrade? Conectam seu nome à Semana de
retratando o que há de mais expressivo nos Arte Moderna? Em 1938, esse musicólogo,
palcos brasileiros. Lenise fotografa da pla- poeta, romancista, crítico de arte e professor
teia, em meio ao público. Para não atrapa- universitário coordenou a Missão de pesqui-
lhar os espectadores, usa duas máquinas, sas folclóricas financiada pelo Departamento
para não ficar trocando o filme, e procura de Cultura da cidade de São Paulo. Na dé-
não fazer movimentos bruscos quando pre- cada de 1920, Mário de Andrade já havia
cisa trocar as lentes. viajado para o Norte e o Nordeste como pes-
quisador, coletando manifestações populares
Suas fotos sempre mostram sensíveis frag- que corriam o risco de se perder. O avanço
mentos ou montagens fotográficas de dife- tecnológico da época já permitia capturá-las
rentes cenas, capazes de apresentar facetas em discos, fotografias e filmes e, hoje, uma
instantâneas que têm uma luz especial como seleção dos registros fonográficos dessa mis-
protagonista, o que confere às imagens a são está disponível em: <http://www.sescsp.
qualidade de obras de arte. org.br/sesc/hotsites/missao/index.html>
(acesso em: 9 dez. 2013).
Com quase 30 anos de carreira, Lenise
coleciona um arquivo invejável de material Entre outros, também cabe destacar o
teatral fotográfico, com mais de 115 mil ima- maestro Samuel Kerr, que foi regente do Coral
gens. Parte delas – 687 – compõe o livro Fo- Paulistano do Teatro Municipal de São Paulo
tografia de palco, publicado em 2008. Lenise, e professor do Instituto de Artes da Univer-
com o crítico teatral Nelson de Sá, mantém o sidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Cacilda – Blog de teatrob, que, tal qual um ál- Filho” (Unesp) e também viajou por várias
bum, apresenta textos e fotografias de peças cidades brasileiras participando de um movi-
em cartaz ou por estrear. O blog é referência mento de incentivo ao canto coral. Nas déca-

b
Cacilda – Blog de teatro. Disponível em: <http://cacilda.blogfolha.uol.com.br/>. Acesso em: 9 dez. 2013.

48
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

das de 1970 e 1980, ele propunha como parte das imagens e da ampliação possível? A poten-
do trabalho de pesquisa de repertório a inves- cialidade da linguagem da fotografia e dos re-
tigação dos sons da cidade, fazendo soar no gistros, os artistas e os estudiosos citados nos
coro as músicas arquivadas na memória das transportam para a possibilidade da criação
pessoas. Ele colecionava aquilo que denomi- de álbuns.
nava “cantos de um povo de um lugar”.
Para que você, professor, reflita e
Na linguagem da dança, podemos citar planeje a discussão com sua turma,
as fotos e os documentários como formas apresentamos a seguir os questiona-
de registrar as memórias em movimento. mentos presentes no Caderno do Aluno:
Em 2005, por exemplo, foi produzida a sé-
rie Danças brasileiras, dirigida por Belisário f O que há de diferente e semelhante entre
Franca, que mostrava as danças populares elas?
de todo o país. Para dialogar com a tradi-
ção das danças populares, participam como f Olhando as imagens de Rosângela Rennó,
apresentadores da série o multiartista e estu- vê-se que a artista não faz fotografia, ape-
dioso da cultura popular brasileira Antonio nas coleta imagens de fotos antigas, fotos
Nóbrega e sua parceira, Rosane Almeida. A digitalizadas e slides que contam sobre vi-
série mostra os valores da cultura brasileira das e a condição humana. O que você pen-
na dança e no canto que trazem a mistura sa sobre esse modo de criação da artista?
incomum de marcas da colonização euro- Para você, ao vasculhar, guardar e ressig-
peia com elementos caboclos, africanos, in- nificar os vestígios da memória presentes
dígenas e ciganos. em imagens fotográficas, Rennó leva-nos
a refletir sobre quais aspectos?
Igualmente considerado excelente regis-
tro é o documentário Renée Gumiel – a vida f Você conhece artistas que lidaram poeti-
na pele, dos diretores Inês Bogéa e Sérgio camente com a memória?
Roizenblit (2005), que mostra o percurso da
dançarina e coreógrafa francesa, que fale- f Observe agora as imagens de Lenise Pi-
ceu aos 92 anos e estava radicada no Brasil nheiro. O que mais chama a atenção nessas
desde 1961. A trajetória de Renée Gumiel se fotos de cenas de teatro? Como você ima-
entrelaça com a modernização da dança pau- gina que uma montagem fotográfica seja
lista. O documentário coproduzido pela TV feita?
Cultura e pela Rede Sesc/Senac de Televisão
(STV) contém imagens marcantes da carreira f Quais os desafios do fotógrafo para que,
de Gumiel: o “ensaio de despedida dos pal- ao recortar uma cena, não perca um mo-
cos”, em A memória gruda na pele (1993), o mento de emoção, transformando-a ape-
encontro com o dançarino estadunidense nas na imagem estática, chapada, na folha
Steve Paxton (por ocasião do evento Impro- de papel? Para que servem fotos de espetá-
visação 2000, em São Paulo) e a remontagem culos teatrais? Seriam só para divulgação?
de As galinhas, com Ismael Ivo e Dorothy Elas podem ser consideradas também arte
Lenner (2000). autônoma?

No Caderno do Aluno, o que eles registram f E o que você sabe sobre o registro na músi-
do que ficou dessa conversa a partir da leitura ca e na dança?

49
Proposição II – Ação expressiva Cada página pode ser também digitalizada e
retrabalhada em computador.
Álbuns guardam memórias. No passado,
os álbuns de recordações tinham capas de Para iniciar essa produção, podemos
couro caprichadas e eram oferecidos para lembrar dos livros de artista, também de-
que os colegas, os professores e a família signados livros-arte ou livros-objeto. Ne-
escrevessem pequenas poesias e textos. Ál- les, palavras, imagens e signos articulam-se
buns de casamento, de formatura, de via- poeticamente, em uma sequência variável,
gens sempre fizeram parte das memórias cinética e inovadora tanto na forma como
pessoais e coletivas. Hoje, com a possibili- no conteúdo, que desafia uma nova relação
dade de digitalizar imagens e a facilidade de com aquilo que se pode chamar de livro-
tirar fotografias até mesmo com aparelhos -objeto, pois, muitas vezes, ganha status de
celulares, podem-se criar álbuns digitais e escultura ou objeto. Frequentemente são
projetá-los em grandes dimensões, graças a exemplares únicos e não impressos.
aparelhos multimídia.
Que memórias nossos alunos guardam de
Mas o que pode compor esses álbuns de livros que mostram uma profunda relação
memória no momento de encerramento do entre imagem e texto? Já viram livros com
percurso do Ensino Fundamental? uma narrativa contada apenas por imagens?
Sabem que livros somente com imagens exis-
Podem ser construídos álbuns sonoros tem na biblioteca da escola? O que os alunos
com músicas escolhidas pelo aluno ou po- podem descobrir numa visita à biblioteca?
dem ser criadas trilhas sonoras que tragam
à lembrança a paisagem sonora da escola Ao visitar um editor grego que utilizava
ou da memória dos alunos. sobras de impressões, Henri Matisse foi
convidado a criar um livro, em edição limi-
A criação de pequenos vídeos, com mo- tada, com colagens sobre folhas de papel
vimentos de câmera que focalizam apenas previamente pintadas com guache. Matisse,
partes do corpo, pode mostrar a dança dos então, desenhou com a tesoura. Em 1943,
pés, das mãos ou de outros detalhes, com aos 74 anos, as 20 colagens já estavam pron-
o cuidado de capturar a expressividade do tas, mas o livro só foi impresso em 1947, de-
gesto. vido a dificuldades técnicas. Deu ao livro
o título de Jazz, pois, embora seus temas
Cenas de teatro podem ser improvisadas remetessem ao teatro e ao circo, havia nele
e fotografadas para compor um álbum nar- uma conexão direta com o conceito de im-
rativo que conte histórias como se fosse um provisação comum a esse estilo. Isoladas e
diário de bordo sobre percursos ou situa- independentes do livro, suas colagens foram
ções que marcaram a passagem escolar do impressas e muito divulgadas. Geraram
grupo de alunos. também desenhos para tapeçarias, vitrais e
novas obras em guache em grandes painéis.
Álbuns de fotografias e de desenhos po- Imagens do livro criado por Matisse podem
dem ser criados com fotos 3×4 de cada aluno. ser encontradas facilmente na internet.
Desenhos, colagens e poesias podem compor
as páginas pessoais dos alunos, que podem Essas ideias podem estimular os alunos
ser fotocopiadas para que todos possuam a produzir seus álbuns com as tecnologias
um exemplar (é como se fosse uma página hoje disponíveis. Se na escola houver sala
da agenda pessoal que muitos alunos fazem). de informática, não é difícil trabalhar com

50
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

programas em que fotografias e pequenos a classe e de relembrarmos a cartografia de


filmes podem ser inseridos, como o Power- ideias esboçadas na “Proposição para sonda-
Point ou o MovieMakerc. Não são progra- gem”, é tempo de planejar, verificando como
mas difíceis. De modo geral e sintético, torná-las possíveis, reformulá-las ou inventar
pode-se dizer que: outras possibilidades. É importante registrar
ideias, o que ficou combinado, os planeja-
f no PowerPoint, inicia-se com um layout em mentos, os recursos necessários e as formas de
branco, inserindo-se cada imagem digitali- obtê-los, fazer um cronograma de ações etc.
zada (desenho ou fotografia) em um slide.
Som e outros efeitos dependem da explo- Acompanhar todo esse processo e proble-
ração dos recursos, do aprendizado e do matizar, sugerir, avaliar, transformar, adequar,
tempo disponível para a produção; reformular, cuidar do cronograma e contatar
outros professores para que eles também fa-
f no MovieMaker, importe as imagens di- çam parte do projeto são algumas das nossas
gitalizadas (desenhos ou fotografias) e de- ações possíveis neste momento.
pois arraste-as para a caixa do storyboard,
formando a sequência. Pode-se importar
também o áudio (músicas ou narrações).
Depois, vá para a “linha do tempo” e ajuste processo fazendo poeticamente para
a velocidade de cada quadro. Em seguida, de criação guardar na memória
podemos “editar” o filme, criando efeitos
linguagens
de vídeo e transições, além de títulos e cré- artísticas
ditos. Depois da animação testada e apro-
vada, é preciso salvá-la como filme.
materialidade

Sendo possível, os alunos podem criar um


blog da turma inserindo os álbuns produzidos. celebração
de rito de passagem;
apropriação de imagens na
forma-conteúdo arte contemporânea;
No Caderno do Aluno, em “Ação expres- registro; memória; fotografia;
álbuns de imagens sonoras, cênicas,
siva”, as ideias para álbuns podem ser regis- coreográficas; livros de artista; blog; produções
digitalizadas em PowerPoint ou MovieMaker.
tradas. Depois de compartilhadas com toda

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 7
OLHAR SOBRE O PROCESSO VIVIDO:
UM BARALHO DE ARTE E CULTURA

O portfólio é um dos modos de se apre- de investigação da poética pessoal, pesquisas,


sentar tudo o que foi realizado. Ele pode ser textos reflexivos e fotografias que registram
uma maneira de documentar um percurso, momentos da produção. Essas são algumas
com observações pessoais, esboços de ideias, das possibilidades de mostrar o que foi feito e
experiências estéticas feitas em aula, trabalhos o que foi pensado.

c
Não caberia neste Caderno um guia completo de utilização desses programas. Com algumas informações bási-
cas, os alunos podem descobrir na sala de informática o que eles podem fazer. Se isso não for possível, lembra-
mos que essa proposição é apenas uma dentre tantas outras realizações possíveis.

51
O portfólio é um jeito de se olhar, de se ver ção de um baralho de arte e cultura para que
no percurso da aprendizagem. Não é simples- os alunos possam pensar sobre sua aprendi-
mente uma pasta de aluno; ele tem autoria. É zagem durante o período letivo por meio dos
uma compilação de sentidos e está carregado diferentes “Territórios da Arte”.
do olhar pessoal de quem estudou, pesquisou,
apreciou, pensou a arte e discutiu sobre ela. No Caderno do Aluno, em “Ação expres-
siva”, há, como sugestão, um modelo para a
Por tudo isso, a ideia aqui é que os alunos, elaboração do baralho sugerido, bem como os
criativamente, façam a montagem de um port- encaminhamentos desta produção.
fólio que possa abranger o processo vivido du-
rante o ano letivo. Inicialmente são preparadas as cartas do
baralho, cortando-as, preferencialmente em
Duas ações darão início à montagem desse papel encorpado (canson, duplex), no tama-
portfólio. No Caderno do Aluno, em “Você nho de 9 × 6 cm.
aprendeu?” e em “Apreciação”, constam os
mapas trabalhados e há espaços reservados Cada aluno irá preparar suas cartas. Serão
para o registro das reflexões dos alunos. sete no mínimo (ou seja, uma para cada ter-
ritório). Em um dos lados, ele personalizará
A primeira é a apresentação aos alunos de o seu baralho; no outro, escreverá o nome
todos os mapas com os territórios e os conteú- de um dos “Territórios da Arte” constantes
dos referentes às propostas de estudo de cada do Currículo: processo de criação; linguagens
volume e, também, da imagem da obra de Iole artísticas; materialidade; forma-conteúdo; me-
de Freitas. Suas linhas levaram à configuração diação cultural; saberes estéticos e culturais;
dos mapas agrupados a seguir, na Síntese do patrimônio cultural. Nessa face do baralho,
ano. O que os alunos percebem, identificam, o aluno deverá escrever o que foi mais inte-
desconhecem, localizam nos mapas? Que sen- ressante e significativo na aprendizagem em
sação provoca neles o fato de que as linhas dos Arte durante este ano letivo, focalizando cada
mapas nasceram das linhas da obra de Iole de um desses territórios. Para cada território, o
Freitas? aluno pode usar a quantidade de cartas que
forem necessárias.
Na segunda ação, os alunos devem reexa-
minar seus portfólios. O que irão encontrar Destacamos entre parênteses alguns pon-
nesses portfólios? Fazem relação com os mapas tos que podem ser relembrados, mas, antes de
correspondentes aos volumes? O que gostariam apresentá-los, deixe que os alunos formulem
de ter feito de outra forma? Quais trabalhos eles suas hipóteses. Elas podem distanciar-se do
acreditam ser os mais representativos de sua que apresentamos aqui.
aprendizagem?

Como os alunos que trabalharam com mú- f Processo de criação. O que os alunos colo-
sica organizaram seus portfólios? Têm suas caram como aspectos percebidos nos proces-
produções gravadas em alguma mídia (CD, ce- sos de criação vividos? (A poética pessoal,
lular, computador, mp3)? Possuem partituras e a criação coletiva, o diálogo com a ma-
mapas sonoros? Suas impressões, inquietações téria no próprio fazer, o aproveitamento
e descobertas foram relatadas? Inspiraram-se do acaso, o caos criador, as decisões, as
nos vários portfólios virtuais vistos nas páginas preferências estéticas, os repertórios pes-
oficiais dos músicos na internet? soal e cultural, a intuição, as referências
de outras linguagens da arte; pesquisa;
A partir dessa reflexão, e tendo por elemen- experimentação; ação inventiva; imagina-
tos a produção do ano, sugerimos a constru- ção criadora; coleta sensorial; memória;

52
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

seleção; repetição; procedimentos inventi- f Forma-conteúdo. O que os alunos aponta-


vos, superação dos medos, da vergonha de ram como elementos da gramática das lin-
mostrar-se, processo colaborativo; vigília guagens artísticas? (Elementos básicos da
criativa; perseguir ideias; esboços; séries; linguagem da música: som, silêncio, me-
anotações etc.); lodia, harmonia, ritmo, altura, duração,
intensidade, timbre, andamento, dinâmica,
f Linguagens artísticas. Os alunos anotaram percepção, afinação, textura, arranjo, or-
em suas cartas as quatro linguagens da arte? questração, improvisação, forma. Elemen-
Evocaram as linguagens híbridas ou con- tos básicos da visualidade: cor, luz, valor,
vergentes? (Fronteiras “líquidas” e tênues linha, superfície, ponto, textura, volume,
entre as linguagens; balé de repertório; espaço; relações entre esses elementos:
criadores de vanguarda do início do século ritmo, movimento, composição, tempo e
XX; dança teatral; diálogo da dança com espaço, proporção, desproporção expressi-
outras linguagens; design como união entre va, equilíbrio, simetria, assimetria, escala,
arte e tecnologia; designers; relação forma- contraste, tensão, bi e tridimensionalidade,
-função; relação com processos industriais; relação figura/fundo, cheio/vazio, dentro/
design moderno e contemporâneo; aspec- fora, aberto/fechado etc. Elementos bási-
tos múltiplos do design gráfico, de moda, cos da visualidade e suas ampliações no
de mobiliário, de produtos, desenho indus- design: relação forma-função, economia ou
trial etc.; mescla entre as linguagens teatral acúmulo de formas, relação da forma com
e cinematográfica; teatro em salas de cine- processos industriais. Elementos básicos
ma; vídeos, projeções de slides e exibição da linguagem do teatro: corpo, voz, ges-
de imagens filmadas ao vivo, no local da to, texto, ação, cenário, figurino. Elemen-
apresentação teatral; teatralização de pro- tos básicos da linguagem da dança: corpo,
cedimentos cinematográficos: foco, pose, espaço, movimento, tempo, coreografia,
travelling; teatralização de procedimentos dinâmica, música, cenário, figurino. Ele-
do rádio e da TV; cenários invisíveis para mentos básicos da linguagem híbrida do
teatralizar filmes etc.); cinema: enquadramento (plano geral, aber-
to, próximo, close, superclose), movimento
f Materialidade. De quais aspectos os alunos da câmera (travelling, panorâmica, zoom),
lembraram em relação a esse território? (A sincronismo entre som e imagem, interpre-
escolha de matérias, ferramentas, supor- tação dos atores, trilha sonora, cenário, fi-
tes e procedimentos técnicos em diálogo gurino etc. Temáticas que impulsionam a
com processos de criação; matéria sonora criação nas linguagens artísticas; hibridis-
e significação; instrumentos tradicionais e mo das relações entre forma-conteúdo das
não tradicionais; instrumentos elétricos, várias linguagens);
eletrônicos; sons corporais; criação de
novos instrumentos; precisão rítmica; f Mediação cultural. O que os alunos re-
afinação; técnica mista; junção de ma- gistraram como aspectos percebidos na
teriais; subversão de usos; transgressão relação entre obra e público? (Múltiplas
da matéria; acúmulo; procedimentos de leituras da obra de arte; aproximação
computação; matéria textual; palavra entre arte e público; modos de expor em
como materialidade sonora no fazer cê- museus e galerias; curadoria; análise com-
nico; partitura vocal como matéria da vo- parativa; formação de público; educação
calidade em cena; a voz como matéria da do olhar etc.);
ação vocal; o corpo como suporte físico
da dança; objetos cênicos; adereços, ce- f Saberes estéticos e culturais. O que os alu-
nário; figurino; calçado para sapateado; nos lembraram como aspectos que puderam
recursos de computação etc.); estudar, pesquisar e compreender sobre arte?

53
(Criadores e produtores de arte e cultura vivido com mais intensidade? Quais territórios
que conheceram; movimentos da História foram os mais trabalhados? Quais foram menos
da Arte; especificidades das linguagens da trabalhados?
arte; práticas e políticas culturais, cultura
visual; comunicação visual etc.); As análises nos ajudam, como professores,
a perceber o que valorizamos no processo vi-
f Patrimônio cultural. Que aspectos os alunos vido e o que ficou para projetos a serem de-
perceberam quanto à compreensão do patri- senvolvidos com as turmas que virão e pelos
mônio cultural? (Bens patrimoniais, valori- “Territórios da Arte” e da cultura.
zação da cultura local e das produções dos
alunos; heranças culturais da região; a cul- Organize tempo para os alunos elabora-
tura brasileira; a educação patrimonial que rem regras de jogo com as cartas do baralho
preserva e valoriza a memória, a responsa- de arte e cultura, em um exercício que exige a
bilidade social etc.); criatividade.

Compartilhar as cartas dos baralhos, pri-


saberes estéticos
meiro em grupos menores e, depois, para bus- processo e culturais
car as cartas-síntese de toda a classe, pode de criação
olhar sobre o
levar à criação de um baralho coletivo. A lei- processo vivido
tura desse baralho possibilita indicar os cami- linguagens
artísticas
nhos percorridos pelos alunos a partir do que
eles escreveram ou não.
materialidade

Nesse momento, podemos rever com eles


os mapas-síntese referentes aos volumes ante- patrimônio mediação
forma-conteúdo
cultural cultural
riores e relembrar todos os portfólios criados
para compará-los às cartas elaboradas pelos
processo avaliativo; sistematização de
alunos. Nessa comparação, quais cartas estão conhecimentos; aspectos valorizados no
estudo dos "Territórios da Arte".
faltando? O que não foi lembrado? O que foi

54
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

SÍNTESE E AVALIAÇÃO
A formação cultural dos alunos envolve movimentam a vida pedagógica, cheia de pos-
diferentes aspectos, como a ampliação de sibilidades em sala de aula.
conceitos, a percepção e a expressão sobre/
na arte. Os mapas a seguir mostram os con- Chegar ao fim de um ano letivo é, ao mesmo
teúdos potenciais propostos durante o ano tempo, uma conquista e uma frustração. É
letivo. uma conquista porque nos dá a sensação de
que conseguimos, ao menos, realizar o que
O mapa, como se sabe, é a cartografia de foi proposto como estudo. É uma frustração
territórios. Feito de linhas, ele guarda a po- porque sabemos que ainda há tanto por dizer,
tencialidade das viagens, dos percursos, ou conversar, problematizar, criar...
melhor, a escolha de percursos sugeridos em
cada Caderno. Como andarilhos, vamos de Assim como na arte, tudo está sempre por
um território a outro, fazendo trajetos que vir.

poéticas no território de
processo de criação

procedimentos criativos na construção de obras


cênicas, visuais, musicais, coreográ¿cas.
conexões com o
território da
coleta sensorial;
repertórios pessoal e cultural; coleta sensorial; memória; materialidade
pensamento musical. seleção; repetição;
processo colaborativo.

ação inventiva;
imaginação criadora;
vigília criativa;
intuição, referência de outras
estudo e pesquisa;
linguagens da arte ou não; a escolha de matprias, ferramentas,
percurso de experimentação;
pesquisa e experimentação; suportes e procedimentos tpcnicos
perseguir ideias; esboços;
Mogos de apropriação de textos. em diálogo com os processos de criação.
spries; anotações;
poptica pessoal;
pensamento visual.

elementos básicos da linguagem da música: elementos básicos da


matpria sonora e signi¿cação; linguagem da dança: corpo;
instrumentos tradicionais e som; silêncio; melodia; harmonia; ritmo;
altura; duração; intensidade; timbre; espaço; movimento; tempo;
não tradicionais; instrumentos matprias, suportes, ferramentas e coreogra¿a; dinâmica; música;
elptricos e eletr{nicos; sons corporais; andamento; dinâmica; percepção; a¿nação;
procedimentos tradicionais e textura, arranMo, orquestração; cenário; ¿gurino.
criação de novos instrumentos; precisão inusitados; tpcnica mista; subversão
rítmica; a¿nação; procedimentos tpcnicos. improvisação; forma.
de uso; Munção de matprias;
acúmulo; apoio tecnológico.
elementos básicos da linguagem do teatro:
o corpo como suporte físico da dança; corpo, voz, gesto, texto, ação; elementos;
obMetos cênicos; cenário. cenário; ¿gurino.
elementos básicos da visualidade:
cor; luz; valor; linha, superfície, temáticas que impulsionam a criação
ponto, textura, volume, nas linguagens artísticas.
espaço; relações entre esses
elementos (composição,
ritmo, movimento, simetria,
assimetria, escala, contraste,
diálogos das tensão, bidimensionalidade, a gramática das
matpria textual;
tridimensionalidade etc.).
palavra como materialidade linguagens da arte linguagens da arte
sonora no fazer cênico; no território de
partitura vocal como matpria da no território da
vocalidade em cena; forma-conteúdo
voz, matpria da ação vocal.
materialidade

55
roteiros visuais e sonoros em fronteiras “líquidas”
entre as linguagens da arte
fronteiras “líquidas”
está entre as
aqui as relações forma-conteúdo construindo
linguagens artísticas temáticas e sentidos;
balp de repertório; dança leitura como exercício de percepção e imaginação;
moderna e seus criado- multiplicidades de leituras;
aproximações da música com
res; dança teatral. fronteiras “líquidas” entre as linguagens da arte.
outras linguagens;
trilhas sonoras: música e efeitos sonoros;
música de cinema.
design e designers; relação
forma-função; relação entre
forma e processos industriais; mescla entre teatro e cinema;
aspectos múltiplos do design vídeos, proMeções de slides e exibição
grá¿co, da moda, do mobiliário, de imagens ¿lmadas ao vivo, no local da forma-conteúdo
de produtos; desenho apresentação teatral;
industrial etc. cenários invisíveis para teatralizar ¿lmes.

saberes estéticos
processo fazendo poeticamente para processo e culturais
de criação guardar na memória de criação
olhar sobre o
processo vivido
linguagens linguagens
artísticas artísticas

materialidade materialidade

celebração patrimônio forma-conteúdo


mediação
de rito de passagem; cultural
apropriação de imagens na
cultural
forma-conteúdo arte contemporânea;
registro; memória; fotografia;
álbuns de imagens sonoras, cênicas, processo avaliativo; sistematização de
coreográficas; livros de artista; blog; produções conhecimentos; aspectos valorizados no
digitalizadas em PowerPoint ou MovieMaker. estudo dos "Territórios da Arte".
© Sergio Araújo

Figura 28 – Linhas para a configuração do Mapa dos


“Territórios da Arte” a partir da obra de Iole de Freitas.

56
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

© Sergio Araújo
Figura 29 – Iole de Freitas. Estudo para superfície e linha, 2005. Instalação. Policarbonato e aço inox, 4,2 × 30,0 × 10,6 m.
Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro (RJ).

Avaliando os portfólios Refletindo sobre seu diário de bordo


Partindo desses mapas e das experiências Pensando sobre o percurso realizado pe-
estéticas e artísticas realizadas em sala de aula los alunos, como você percebe suas ações
e registradas pelo aluno em seu portfólio – Ca- pedagógicas? O modo como você escolheu
derno do Aluno e outros modos de registro –, e reinventou as possibilidades sugeridas foi
é possível avaliar se o estudante compreendeu: adequado? O que você faria de maneira di-
f A elaboração e a realização de intervenções? ferente? Quais outras conexões poderiam
ter sido feitas?
f Os conceitos e procedimentos estudados e ex-
perimentados em Arte durante o ano letivo? Quais foram suas descobertas e achados
pedagógicos durante o ano com os alunos?
f O processo de estudo, pesquisa e produção Que novas ideias e possibilidades surgiram
em Arte desenvolvido no ano letivo? a partir dessa experiência?

57
NUTRIÇÃO ESTÉTICA

Para ampliar o contato dos alunos com o fosse receita culinária. O ponto de partida
hibridismo e a convergência na linguagem da para essa receita é a observação de algumas
arte, no Caderno do Aluno está proposta a imagens apresentadas, e que serão os ele-
elaboração de uma receita de como fazer uma mentos que virarão os ingredientes e suas
linguagem híbrida ou convergente, como se dosagens.

RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR


E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DOS TEMAS
Livros CYPRIANO, Fábio; ABEELE, Maarten V.
Pina Bausch. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
AZEVEDO, Wilton. O que é design? São
Paulo: Brasiliense, 2006. (Coleção Primeiros DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo.
Passos.) Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

BARTHES, Roland. A câmara clara: nota FARIAS, Agnaldo. Arte brasileira hoje. São
sobre fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fron- Paulo: Publifolha, 2002.
teira, 2000.
FERREIRA, Rousejanny da Silva. Para de-
BOGÉA, Inês. Contos do balé. São Paulo: Co- sequilibrar o ballet: uma análise de sua cons-
sac Naify, 2007. tituição estética. Revista Digital Art&, ano VI,
n. 10, nov. 2008. Disponível em: <http://www.
BOURCIER, Paul. História da dança no oci- revista.art.br/site-numero-10/trabalhos/21.
dente. São Paulo: Martins Fontes, 2001. htm>. Acesso em: 9 dez. 2013.

CANTON, Katia. Novíssima arte brasileira: LEHMANN, Hans-Thies. Teatro pós-dramá-


um guia de tendências. São Paulo: Iluminuras, tico. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
2001.
MONTEIRO, Marianna. Noverre: cartas so-
CARRASCO, Claudiney R. Trilha musical: bre a dança. São Paulo: Editora da Universi-
música e articulação fílmica. Dissertação de dade de São Paulo; Fapesp, 1998.
mestrado. São Paulo: ECA/USP, 1993.
MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas.
CARRASCO, Ney. Sygkhronos: a formação São Paulo: Martins Fontes, 1988.
da poética musical do cinema. Campinas:
Unicamp, 2004. NAKAO, Jum. A costura do invisível. São
Paulo: Senac, 2005.
CHION, Michel. La música en el cine. Barce-
lona: Paidós, 1993. PARTSH-BERGSOHN, Isa. A dança-teatro de
Rudolph Laban a Pina Bausch. Revista Digital
CHIARELLI, Tadeu. Considerações sobre Art&, ano II, n. 1, abr. 2004. Disponível em:
o uso de imagens de segunda geração na arte <http://www.revista.art.br/site-numero-01/tra
contemporânea. In: BASBAUM, Ricardo balhos/pagina/03.htm>. Acesso em: 9 dez. 2013.
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turas, dicções, ficções, estratégias. Rio de Ja- PAVLOVA, Adriana. A subversão do cisne.
neiro: Rios Ambiciosos, 2001, p. 257-270. Bravo!, ed. 48, 2001. p. 134-139.

58
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

PEREIRA, Roberto. A formação do ballet FRANCA, Belisário (Dir.). Danças brasileiras.


brasileiro. Rio de Janeiro: FGV, 2003. Rio de Janeiro: Giros Produções, 2005. 1 DVD.

PINHEIRO, Lenise. Fotografia de palco. São INSTITUTO ARTE NA ESCOLA. As ima-


Paulo: Senac, 2008. gens de Rosângela Rennó. São Paulo: Instituto
Arte na Escola; Rede Sesc/Senac de Televisão,
PIRES, Beatriz F. O corpo como suporte da 2002. (Coleção Mundo da Arte; DVDteca
arte. São Paulo: Senac, 2005. Arte na escola: material educativo para pro-
fessor-propositor.) 1 DVD.
RENNÓ, Rosângela. O arquivo universal e ou-
tros arquivos. São Paulo: Cosac Naify, 2003. INSTITUTO ARTE NA ESCOLA. Irmãos
Campana: do design à arte. São Paulo: Ins-
_____. Rosângela Rennó. São Paulo: Edusp, tituto Arte na Escola; Rede Sesc/Senac de
1997. Televisão, 2000. (Coleção Mundo da Arte;
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SCHAFER, Raymond Murray. A afinação do para professor-propositor.) 1 DVD.
mundo. Tradução Marisa Trench de Oliveira
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SILVEIRA, Paulo. A página violada: da ter- BALÉS DE REPERTÓRIO. Disponível em:
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IRMÃOS CAMPANA. Disponível em: <http://
campanas.com.br>. Acesso em: 9 dez. 2013. renno.asp>; <http://p.php.uol.com.br/tropico/
html/textos/2387,1.shl>. Acessos em: 20 dez.
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www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enci
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Acesso em: 20 dez. 2013.
SHOICHI AOKI, e a moda de rua no Japão.
MÁRIO DE ANDRADE. Disponível em: Disponível em: <http://www.nj.com.br/espe
<http://www.sescsp.org.br/sesc/hotsites/mis cial/especial_20070522.php>. Acesso em: 9
sao/index.html>. Acesso em: 9 dez. 2013. dez. 2013.

GLOSSÁRIO

Apropriação de imagens – Procedimento em mimas que eram realizadas em grandes salões


que o artista emprega ideias, objetos, palavras por membros da corte. Tomou a forma pela
de outrem (conceitual ou fisicamente em sua qual é conhecido hoje na França, durante o
obra), modificando-os, recontextualizando- reinado de Luís XIII, mas foi seu filho, Luís
-os, de modo que adquiram outros significa- XIV, quem fundou a Academia de Música
dos. A apropriação é muito utilizada desde e Dança, em 1661, com o objetivo de siste-
os anos 1960 na pop art e pelos artistas do matizar, preservar a qualidade e fiscalizar o
movimento Fluxus, sendo uma retomada ensino e a produção do balé. Os chamados
do que já fora feito nas primeiras décadas do balés de repertório são baseados em compo-
século XX por Marcel Duchamp e pelos cubis- sições musicais que contribuíram para torná-
tas, dadaístas e surrealistas. -lo popular na Europa e, depois, no resto do
mundo. Alguns dos balés mais notáveis são:
Balé clássico ou dança clássica – O balé tem Coppélia, com música de Léo Delibes; O pás-
suas raízes na Itália renascentista, nas panto- saro de fogo, com música de Igor Stravinsky;

60
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

O quebra-nozes e O lago dos cisnes, ambos O lago dos cisnes (1877, Moscou, Rússia).
com música de Tchaikovsky. Posições para os Música: Tchaikovsky. Coreografia: Marius
pés, os braços e as pernas, além de direções Petipa e Lev Ivanov. – Balé dramático em
e saltos, recebem nomes em língua francesa quatro atos, bastante popular no mundo da
que são utilizados no mundo inteiro. dança e um verdadeiro conto de fadas. Conta
a história de amor entre um príncipe e uma
Balés de repertório – Sua encenação surgiu no jovem enfeitiçada, condenada a passar os dias
século XIX, utilizando a dança, a música e a como um cisne, encanto que só será desfeito
mímica para contar uma história. Seguindo pelo amor verdadeiro. Em uma certa noite, ela
a tradição da dança clássica, até hoje são re- conhece o príncipe Siegfried. Apaixonam-se e
montados com música e coreografia originais, juram fidelidade. Mas ela é enfeitiçada pelo
baseados no estilo da escola que vai apresentá- bruxo Rothbart, e os amantes passam por
-lo: inglesa, francesa ou russa. Fazem parte da muitos sofrimentos. Ao final, o bem triunfa
encenação os grandes dançarinos, o corpo de sobre o mal.
baile e os solistas. Alguns balés de repertório
mais conhecidos são: O quebra-nozes (1892, São Petersburgo, Rús-
sia). Música: Tchaikovsky. Coreografia:
A bela adormecida (1890, São Petersburgo, Marius Petipa e Lev Ivanov. – Esse talvez seja
Rússia). Música: Tchaikovsky. Coreografia: um dos mais conhecidos balés de repertório.
Marius Petipa. Libreto: Ivan Vsevolojsky e Composto por dois atos, essa peça de dança é
Marius Petipa. – Balé em três atos e um pró- sempre uma das mais lembradas no repertório
logo, inspirado no conto infantil A bela ador- clássico de Natal. A história tem por espaço a
mecida, de Charles Perrault. Para esse conto Europa Oriental e por tempo o século XIX. A
de fadas, Perrault criou a clássica persona- peça conta a história da menina Clara que, em
gem Aurora, uma princesa que, ao nascer, foi uma noite animada de Natal, ganha um pre-
abençoada com três dons, mas igualmente sente bem diferente: um quebra-nozes. Para
amaldiçoada: cairia em sono eterno ao com- surpresa sua, ela acorda de repente no meio
pletar 16 anos. E a maldição concretizou-se: da noite e vê o quebra-nozes tomar vida. E
a princesa e o castelo ficaram adormecidos aqui começa a fantasia presenciada pela pla-
por longos anos. A maldição só foi quebrada teia, com uma luta entre ratos malvados e o
com a chegada de um príncipe encantado, Rei dos Ratos, com a transformação do que-
depois que ele beijou a princesa. bra-nozes em um príncipe encantador, com
uma viagem ao Reino dos Doces, entre outras
Coppélia (1870, Paris, França). Música: Leo tantas peripécias.
Delibes. Coreografia: Arthur Saint-Leon. –
Balé em três atos, inspirado em um dos contos Bauhaus – Renomada escola de design, de ar-
mais conhecidos de E. T. A. Hoffman, poeta tes plásticas e de arquitetura de vanguarda
e escritor alemão. A noiva Swanilda, persona- fundada na Alemanha, em 1919, por Walter
gem central da trama, assume o lugar da bo- Gropius. Ao longo de seus 14 anos de existên-
neca Coppélia, considerada a mais bonita do cia, foi considerada uma das maiores e mais
ateliê do artesão Coppelius, para reconquis- importantes expressões do Modernismo em
tar o noivo Franz, que havia se apaixonado design e arquitetura, e uma das primeiras es-
pela boneca, tal a sua perfeição. Quando des- colas de design no mundo. Oskar Schlemmer,
cobre que Coppélia é, na verdade, Swanilda, Walter Gropius, Josef Albers, Wassily
Coppelius fica muito amargurado, pois acre- Kandinsky e Paul Klee foram alguns de seus
ditava ter finalmente conseguido dar vida a ilustres professores.
uma de suas criações. Ao se casar com Franz,
Swanilda oferece a Coppelius todo o seu dote Brainstorming – Pode ser traduzido por “tem-
para que ele continue com seu trabalho. pestade de ideias”. Técnica criada pelo pu-

61
blicitário Alex Osborn em 1953, consiste em teatrais de performance cênica instituindo
reunir um grupo de pessoas com referências uma forma nova de dança. É uma linguagem
diversas, com o objetivo de formular todas as que, em contraste com a dança clássica, se
hipóteses possíveis e impossíveis referentes à caracteriza pela relação com fatos e movi-
criação de um determinado produto, acerca mentos que mencionam a realidade em que
da resolução de um problema etc. Tem como vivemos e pela sua multidisciplinaridade.
princípios adiar o julgamento (ou o prejulga- Sua mais importante protagonista foi Pina
mento) das ideias apresentadas e valorizar a Bausch, reconhecidamente a grande coreó-
expressão do maior número possível de ideias grafa da atualidade.
pelos participantes.
Design – Suas raízes remontam às corpora-
Dança contemporânea – Conjunto de princí- ções de ofícios, predominantes até o século
pios e procedimentos desenvolvidos a partir XVI, época em que o artesanato se separou
das danças moderna e pós-moderna. Pecu- das chamadas “belas-artes”. Movimentos
liaridades são encontradas na dança con- como o Arts and Crafts, liderado por
temporânea nos diferentes países onde é John Ruskin e William Morris, e a escola
praticada. Enquanto a dança moderna mo- Bauhaus contribuíram significativamente
dificou drasticamente as “posições básicas” para a concepção do design e sua divul-
de pés, pernas e braços oriundas da dança gação pelo mundo. No Brasil, os artistas
clássica, abandonando as sapatilhas das dan- Lasar Segall e John Graz, o arquiteto Gregori
çarinas, a dança contemporânea busca uma Warchavchik (criador da Casa Modernista) e
ruptura total com a dança clássica, seja no Joaquim Tenreiro (considerado o pai do mo-
que diz respeito aos movimentos, à música e biliário moderno no Brasil), por exemplo,
aos espaços, seja aos dançarinos e ao corpo não só impulsionaram a estética modernista
que dança. como também a estenderam a outras áreas,
como o design gráfico. Designers contempo-
Dança moderna – Surgiu no início do século râneos brasileiros evidenciam a pluralidade
XX e seus pioneiros procuravam maneiras de nossa cultura.
modernas e pessoais de expressar como se
sentiam por meio da dança. Entre os que co- Design sonoro – Engloba procedimento téc-
meçaram esse movimento estão as estaduni- nico e manipulação do resultado sonoro apli-
denses Isadora Duncan, Loïe Fuller e Ruth cado a um determinado espetáculo, filme,
St. Denis, o suíço Emile Jacque-Dalcroze e o software, entre outros, do desenho acústico do
austro-húngaro Rudolf von Laban. som de uma sala à fabricação de sonoridades
não existentes.
Dança de expressão – Criada na Alemanha no
início do século XX, propunha-se a expressar Ergonomia – Estudo científico com vistas ao
sensações e emoções por meio de movimentos. entendimento das interações estabelecidas
Rompe com a dança clássica em suas formas entre pessoas e produtos a fim de torná-los
e propõe ao dançarino que sinta seu gestual, compatíveis com as necessidades, habilida-
porque nasce do sentimento. Uma de suas des e limitações humanas. São considerados
mais significativas proposições foi libertar a critérios universais da ergonomia: o con-
dança da música. Mary Wigman é a sua mais forto, a eficiência, a segurança, a confiabili-
conhecida protagonista. dade e a usabilidade.

Dança teatral – Surgida na Alemanha na pri- Fotografia – O advento da fotografia, na


meira metade do século XX, também é co- primeira metade do século XIX, revolucio-
nhecida como dança-teatro. É definida como nou as possibilidades de registro de ima-
a união da mais genuína dança com métodos gens e libertou as artes visuais do peso da

62
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

representação. Tornou-se ela mesma uma apenas uma única cópia, podendo ser adicio-
modalidade da arte, indo além de seu ca- nada à impressão de uma matriz.
ráter documental. O termo significa “es-
crita da luz”, pois a imagem é obtida pela Montagem – É a fase em que a obra cinemato-
ação direta da luz sobre um material a ela gráfica é organizada a partir da seleção e or-
sensível. O suporte fotossensível pode ser denação das cenas, isto é, o momento em que
composto de chapas metálicas (como no o diretor seleciona todos os enquadramentos
início da fotografia) ou de vidro ou película e planos fotografados, corta e recompõe os
(filmes) tratadas com compostos químicos. fragmentos em uma sequência ordenada e
Mais recentemente, apareceram os cartões e num ritmo desejado.
disquetes de máquinas digitais computado-
rizadas (em que a informação visual é des- Paisagem sonora – Conceito desenvolvido
crita por valores numéricos). por Murray Schafer, esse fenômeno musical
valoriza o ambiente sônico que nos envolve
Jingle – Mensagem publicitária musicada e cujas sonoridades são compostas não ape-
simples e de curta duração. Elaborada espe- nas pelos sons das metrópoles, mas também
cialmente para um determinado produto ou pelos sons dos elementos primordiais, como
empresa, é transmitida por rádio e, algumas a terra, o fogo, a água e o ar.
vezes, em comerciais de TV. Jingle eficiente é
aquele que “gruda” na memória do ouvinte Pantomima – É uma representação teatral
e reforça a marca do anunciante, por isso as marcada basicamente por gestos, por expres-
pessoas se lembram de jingles não veiculados sões faciais e por movimentos, mas que se
há décadas. diferencia da expressão corporal e da dança.
Basicamente, é a arte objetiva da mímica, de
Livro de artista, livro-arte ou livro-objeto – narrar com o corpo.
Manifestação da arte contemporânea que,
mesmo remotamente, tem o livro como re- Sonoplastia – Termo surgido na década de
ferente. Pode não ser um livro propriamente 1960, decorrente da junção da palavra latina
dito, ganhando o estatuto de escultura ou ob- sono (som) com a grega plastós (modelado).
jeto. Alguns deles são produzidos como exem- Designava, no teatro radiofônico, a recriação
plares únicos ou com tiragens pequenas. de sons da natureza, de animais e objetos, de
ações e movimentos, ilustrados ou sugeridos
Manchas de Rorschach – Método de inves- sonoramente em cada cena. Contemplava
tigação da personalidade, de viés psicanalí- também gravação e montagem de diálogos,
tico, elaborado pelo médico suíço Hermann bem como seleção, gravação e alinhamento de
Rorschach (1884-1922) com o objetivo de música com função dramatúrgica. Este termo
revelar a estrutura e a dinâmica da persona- é igualmente recorrente em teatro, no cinema,
lidade de pacientes. Buscava tais resultados no rádio e na televisão.
por meio da interpretação de pranchas com
borrões simétricos de tinta. Storyboard – Roteiro desenhado em ordem
cronológica, das cenas de um filme ou de uma
Mímica – É um jeito possível de se expressar história a ser contada, similar a uma história
pensamentos e sentimentos por gestos, por em quadrinhos, mas sem os balões de diálogo.
um conjunto de expressões corporais e fisio-
nômicas. Travelling – É um jeito de se movimentar a
câmera, que se desloca em um carrinho sobre
Monotipia – É definida como um processo de trilhos para acompanhar uma cena, um ob-
impressão sem uso de matriz. Assim, permite jeto ou pessoas.

63
ARTISTAS E OBRAS
Bruno Munari (Itália, 1907-1998) – Arquiteto, radores. Ao longo da narrativa, porém, os
professor, escritor, filósofo, designer. Partici- “amáveis” habitantes de Dogville descobrem
pou do movimento futurista. Como designer que Grace está sendo perseguida. A partir daí,
gráfico, foi diretor de arte de revistas e traba- os moradores da cidadela começam a revelar
lhou com a produção de livros infantis. Foi um suas verdadeiras faces e a explorar a forasteira
dos fundadores do movimento Arte Concreta. impedindo-a de abandonar o lugar.
Design e comunicação visual e Das coisas nascem
coisas são livros de referência escritos por ele. Edvard Grieg (Noruega, 1843-1907) – Mú-
sico e compositor. Influenciado por Mozart,
Christian Boltanski (França, 1944) – Fotógrafo, Weber e Chopin, sua obra é impregnada por
escultor e artista multimídia. A morte, a memó- referências folclóricas norueguesas. Pioneiro
ria e a perda de identidade são temas que o fi- na utilização impressionista da harmonia e da
zeram criar instalações, a partir dos anos 1970, sonoridade extraída ao piano, é considerado
em que trabalhou sobre vestígios de sua própria um expoente da música nórdica.
vida e da vida de anônimos, construindo “não
verdades” que desejava que fossem guardadas Fredi Kleemann (Alemanha, 1927 – São
em museus. Isso porque, ao mesmo tempo que Paulo/SP, 1974) – Alemão radicado desde
guardam e preservam, as obras escondem as 1933 na cidade de São Paulo. Amigo da atriz
memórias em arquivos fechados e iluminados Cacilda Becker, passou a integrar, em 1943,
por pequenas e fracas lâmpadas. Desse modo, o Teatro Brasileiro de Comédia como ator
o fotógrafo discute também a função social do coadjuvante. Franco Zampari, empresário e
museu, a deificação do artista, a dissipação da diretor da companhia, descobriu seus dotes
vida. de fotógrafo e o contratou para fazer as fotos
de divulgação e de registro dos espetáculos.
Cristiano Bortone (Itália, 1968) – A forma- Kleemann tornou-se, assim, fotógrafo especia-
ção acadêmica é em Cinema e televisão pela lizado em teatro, documentando a cena teatral
University of Southern California e pela New brasileira de 1949 a 1973. Três anos depois, em
York University. Sua produção inclui vários 1976, seu arquivo com 12 mil negativos pas-
curtas, documentários e produções televisivas. sou a pertencer ao Centro de Pesquisas sobre
O primeiro longa-metragem, Oasi (1994), foi Arte Brasileira Contemporânea do antigo De-
apresentado no Festival de Cinema de Veneza. partamento de Informação e Documentação
Artística (Idart), hoje Divisão de Pesquisas do
Dogville – Filme lançado em 2003, dirigido Centro Cultural São Paulo.
pelo dinamarquês Lars von Trier. Tudo se
passa em alguma cidadela pobre dos Estados Fritz Lang (Áustria, 1890 – Estados Unidos da
Unidos da América, com pouquíssimos ha- América, 1976) – Cineasta austríaco com parte
bitantes. A Grande Recessão Americana, da de sua produção realizada no cinema mudo e
década de 1930, é o pano de fundo. A histó- parte no cinema sonoro. É reconhecido pela crí-
ria gira em torno de Grace (Nicole Kidman), tica social e ideológica contida em sua obra, des-
uma jovem que, ao tentar se livrar de perigo- tacando-se o filme Metropolis. A música é peça
sos gângsteres, encontra aparente refúgio em fundamental em seu trabalho, tanto na fase do
Dogville. Tom (Paul Bettany), um intros- cinema mudo quanto na fase do cinema falado.
pectivo escritor racionalista infantilizado,
encanta-se com a moça. Movido por essa George Lucas (Estados Unidos da América,
sensação de deslumbramento, propõe que a 1944) – Cineasta que se tornou mundialmente
cidade ofereça abrigo a Grace. Em troca, ela conhecido pelas sagas Guerra nas estrelas e
executaria pequenos serviços para seus mo- Indiana Jones. Até 2012 (quando vende seus

64
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

negócios para a Disney), era um dos pou- Harry Potter, bem como para o primeiro filme
cos cineastas hollywoodianos com compa- Superman, estrelado por Christopher Reeve. Foi
nhia própria, a Lucasfilm, cujas subdivisões indicado 45 vezes ao Oscar, o que lhe confere o
(Skywalker Sound e Industrial Light & Magic) título de um dos maiores compositores da atua-
são respeitadíssimas em suas áreas de atuação, lidade. É interessante observar que apenas Walt
a saber: som e efeitos especiais. Merece desta- Disney foi indicado a mais de 45 Oscars.
que também a LucasArts, muito bem concei-
tuada na indústria de jogos para video games. José Rufino (João Pessoa/PB, 1965) – Ar-
tista visual e professor universitário, iniciou
Henri Matisse (França, 1869-1954) – Pintor, sua produção na década de 1980. Em 1983,
escultor, ilustrador, desenhista, litógrafo. Des- mudou-se para o Recife (PE), formando-se
cendente direto da estética de Paul Cézanne e em Geologia. Cartas, documentos e móveis
dos pós-impressionistas, tornou-se conhecido relacionados à sua história e à coletividade
como um dos principais artistas do Fauvismo, compõem suas instalações, cujos nomes são
ao lado de Albert Marquet e André Derain. em latim: Respiratio (respirar), Vociferatio
Abandonou a perspectiva e os efeitos de luz (gritar), Lacrimatio (lacrimejar), Sudoratio
e sombra para tratar a cor como valor em si (suar). Como um “acervo de sensações”, as
mesmo, de modo cada vez mais contundente, lembranças de infância e o mergulho na histó-
com projeção internacional em sua própria ria particular ou na coletiva são presentifica-
época. Viagens ao Marrocos e a Tânger, entre dos por documentos originais que se mostram
1910 e 1912, influenciaram sua obra. Em 1920, ou se escondem entre as cores de suas monoti-
colaborou com a companhia russa de balé de pias à moda das Manchas de Rorschach.
Sergei Diaghilev. Mais tarde, reduziu as linhas
à sua essência e, na velhice, a esquematização Jum Nakao (São Paulo/SP, 1966) – Estilista
das figuras tornou-se presente em seus dese- brasileiro. Educação rígida, alfabetização em
nhos com a tesoura, na concepção arquitetô- japonês; lutador de judô e jogador de tênis de
nica e na decoração do interior da capela do mesa. Essa é parte de sua história até a ado-
Rosário em Saint-Paul, ao sul França. lescência. Para encerrar sua participação no
mercado da moda, Nakao realizou o lendário
Irmãos Campana, Humberto (Rio Claro/SP, desfile na São Paulo Fashion Week de 2004,
1953) e Fernando (Brotas/SP, 1961) – São mas mantém seu prestígio e compartilha ta-
considerados irmãos de criação artística desde lento nas aulas de pós-graduação ministradas
muito cedo. No campo da formação acadê- no Instituto Brasil de Arte e Moda, como
mica, Humberto abandonou a Advocacia e também em exposições e palestras, no Brasil
Fernando graduou-se em Arquitetura. Em e no exterior.
1985, ambos enveredam pelo design de mobi-
liário. Visualidade dos anos 1980, ironia, bom Kurt Jooss (Alemanha, 1901-1979) – Dança-
humor e modo de ser do brasileiro são marcas rino e coreógrafo. Começou sua carreira na
do trabalho da dupla. década de 1920, em pequenos papéis nas co-
reografias de Rudolf Laban. Com grande in-
John Williams (Estados Unidos da América, teresse pelo ensino da dança, dirigiu vários
1932) – Compositor e responsável por prati- teatros e escolas, destacando-se a Folkwang
camente todas as trilhas dos filmes de Steven Hochschule, de Essen (Alemanha), onde a co-
Spielberg. É parceiro de trabalho do cineasta reógrafa Pina Bausch foi sua aluna. Em suas
George Lucas, a pedido de quem assinou fa- coreografias, interessava-se por temas morais,
mosas trilhas das bem-sucedidas séries cinema- sociais e políticos. Seu mais importante traba-
tográficas Guerra nas estrelas e Indiana Jones. lho coreográfico, A mesa verde (1932), é uma
Williams também compôs trilhas memorá- contundente declaração antiguerra, ainda hoje
veis para os três primeiros episódios da série encenada por diferentes companhias ao redor

65
do mundo. Com esta peça, ganhou o primeiro mundo da dança moderna, teve uma trajetória
prêmio no concurso internacional de coreo- artística marcada por significativas experiên-
grafia de Paris (França), também em 1932. cias profissionais. Estudou teatro e dança de
1913 a 1916; criou sua própria companhia
Le Corbusier (Suíça, 1887 – França, 1965) – de dança em 1930; e fundou a Martha Graham
Charles-Édouard Jeanneret-Gris, que adotou School of Contemporary Dance em 1938. A
Le Corbusier como nome, foi arquiteto, urba- artista criou uma técnica de dança contrária
nista e pintor francês de origem suíça, consi- aos preceitos da dança clássica, com exercícios
derado um dos mais importantes arquitetos realizados no chão, além de quedas e de recu-
do século XX, ao lado de Frank Loyd Wright perações na movimentação. Em seu trabalho
(estadunidense), Mies van der Rohe (estadu- é recorrente a recriação de temas mitológicos
nidense de origem alemã) e Oscar Niemeyer e clássicos, como Clitemnestra (1958) e Fedra
(brasileiro). Pierre Jeanneret (Suíça, 1896- (1962). Faleceu aos 96 anos, mas suas coreo-
1967) colaborou nos projetos desenvolvidos grafias estão presentes em apresentações reali-
por Le Corbusier durante 20 anos e Charlotte zadas por seus discípulos.
Perriand (França, 1903-1999) colaborou com
eles por 10 anos, construindo sólida carreira Mary Wigman (Alemanha, 1886-1973) – Dan-
como arquiteta e designer. Juntos, os três cria- çarina, coreógrafa e professora de dança. Para
ram a cadeira espreguiçadeira considerada o os teóricos da dança, Wigman é uma legítima
primeiro desenho ergonométrico. representante da corrente expressionista de
dança. Teve uma formação sólida, tendo in-
Lenise Pinheiro (São Paulo/SP, 1961) – Fotó- clusive estudado com Rudolf von Laban. Em
grafa especializada em teatro e iluminadora. 1920 fixou sua escola em Dresden. Confiante
O olhar de Lenise e seu clique na máquina em seus ideais profissionais, inaugurou a se-
fotográfica vêm registrando, desde 1982, a gunda escola em Berlim Ocidental em 1949.
expressão cênica brasileira, acompanhando Desde logo percebeu que a técnica convencio-
as principais companhias teatrais. Integra a nal da dança clássica, de movimentos padroni-
equipe responsável pela cobertura fotográfica zados, não dava conta do que para ela eram as
do Festival de Teatro de Curitiba (PR) desde coisas mais importantes no universo da dança:
sua primeira edição, em 1992. É colaboradora as emoções e a expressividade do dançarino.
do jornal Folha de S. Paulo. Com Nelson de Movimentos livres e improvisados transfor-
Sá, escreve para o Cacilda, blog direcionado mavam-se em séries rítmicas e expressivas,
ao teatro, seus bastidores, lançamentos e es- não raras vezes acompanhadas unicamente
tudos mais profundos de peças nacionais e por um instrumento de percussão. De 1921
internacionais. a 1923, Wigman e sua companhia realizaram
turnês pelo mundo, com influência definitiva
Mário de Andrade (São Paulo/SP, 1893-1945) – na dança moderna. Entre 1933 e 1948, foi pro-
Musicólogo, poeta, romancista, crítico de fessora em Dresden e em Leipzig (Alemanha).
arte, professor universitário. Participante Wigman publicou, entre outras obras, A lin-
ativo da Semana de Arte Moderna e do movi- guagem da dança (1963).
mento modernista. Na literatura, destacam-se
seus livros Pauliceia desvairada e Macunaíma. Os Dezequilibrados – Companhia teatral
Seu interesse pela cultura brasileira revelou criada em 1996 no Rio de Janeiro. A partir
um olhar de valorização às manifestações po- de experimentações diversas ligadas às for-
pulares de todo o Brasil, o que possibilitou mas de relação estabelecida com os espec-
seu registro e sua preservação. tadores, o grupo aposta na comunicação
entre palco e plateia a partir da participação
Martha Graham (Estados Unidos da Amé- espontânea do público. Parte da pesquisa
rica, 1894-1991) – Considerada um mito no desenvolvida pelo grupo tem por base a ex-

66
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

perimentação espacial da cena − em espa- Robert Altman (Estados Unidos da América,


ços não convencionais ou na ocupação do 1925-2006) – Diretor de cinema. Em sua vasta
edifício teatral comum. Em Memória afe- produção constam documentários e séries
tiva de um amor esquecido, de 2008, parte para televisão. Seus filmes, centrados na des-
do processo de criação que originou o texto mitificação do estilo de vida americano (como
do espetáculo é decorrente de improvisos e Nashville, de 1975), são sempre aclamados pela
de jogos teatrais ao longo dos trabalhos. crítica. M.A.S.H., uma sátira sobre a Guerra
Tem, por inspiração, os trabalhos dos dire- do Vietnã, foi o filme vencedor da Palma
tores de cinema Michel Gondry, Spike Jonze de Ouro do Festival de Cinema de Cannes
e do roteirista Charlie Kaufman. Premiado (França) em 1969. O jogador (1991), uma sá-
com o Oscar de Melhor Roteiro Original, tira a Hollywood, teve grande popularidade e
Brilho eterno de uma mente sem lembranças arrebatou dois prêmios no Festival de Cinema
(Eternal sunshine of the spotless mind), diri- de Cannes, um deles o de melhor direção.
gido por Michel Gondry e roteirizado por
Charlie Kaufman, é uma das principais referên- Rochelle Costi (Caxias do Sul/RS, 1961) –
cias do espetáculo. Superficialidade, futilidade Fotógrafa e artista plástica, graduada em
das relações, fugacidade, imediatismo servem Publicidade e Propaganda pela Pontifícia
de mote para a concepção do espetáculo. Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Estudou desenho e criação de audiovisual na
Pina Bausch (Alemanha, 1940-2009) – Dan- Fundação Escola Guignard em 1982 e fre-
çarina e coreógrafa. Desenvolveu o novo quentou um curso de extensão em fotografia
conceito de dança-teatro a partir de sua na Universidade Federal de Minas Gerais.
experiência como diretora do Tanztheater Além disso, frequentou cursos nas institui-
Wuppertal, na Alemanha, cargo que exer- ções londrinas Saint Martin School of Art e
ceu de 1973 até sua morte, em julho de 2009. Camera Work entre 1991 e 1992. Desde 1988,
Sua investigação sobre o mundo da dança vive na capital paulista, onde atua como edi-
começou por formulação de perguntas aos tora de fotografia e avança em sua produção
dançarinos para tentar entender os limites artística.
e as possibilidades de comunicação nesse
universo. O método contempla os saberes Rosangela Rennó (Belo Horizonte/MG, 1962)
impressos em cada corpo, o que permite ao – Artista intermídia e fotógrafa. Arquiteta de
dançarino a identificação de um espaço livre formação, sua pesquisa na década de 1980 foi
para as descobertas de seus conhecimentos marcada pelo experimentalismo na lingua-
e a possibilidade de mostrá-los aos demais. gem fotográfica. Depois, descobriu que podia
Esse método privilegia o respeito ao indiví- manipular imagens já existentes, trabalhando
duo, à sua individualidade e às diferenças. com imagens sem data, sem história, sem su-
Sua companhia de dança é composta por jeitos, que são a expressão do consumo social,
dançarinos de vários países. imagens e negativos jogados no lixo, guarda-
dos em arquivos e álbuns, textos em jornais
Renée Gumiel (França, 1913 – São Paulo/SP, e revistas, textos que falam em imagens, mas
2006) – Atriz, dançarina e coreógrafa. For- não as mostram. Distanciada da fotografia
mou-se no começo dos anos 1930, na escola tradicional, suas instalações nos provocam
de Kurt Jooss, na Inglaterra. Na Europa, con- um olhar sobre a vida, sobre a condição hu-
solidou sua carreira como dançarina moderna mana, como em Espelho diário: Rosângelas,
e chegou ao Brasil em 1957, colaborando com na qual vasculha seu próprio nome e apre-
a modernização da dança paulista. Todo o senta o universo feminino, nas histórias de
sentido estava no movimento; dançar e tra- 133 Rosângelas verdadeiras, coletadas em
balhar o corpo eram sua escolha de vida, seu jornais de 1992 a 1998. Em Hipocampo, pro-
verdadeiro prazer. jeto arquivo universal, mostrada pela primeira

67
vez em 1995, o visitante entrava em uma sala mero de pessoas se move ao mesmo tempo se-
intensamente iluminada, totalmente branca e gundo uma coreografia de estrutura simples,
vazia. Depois de alguns segundos, a luz repen- porém instigante, que permite aos dançarinos
tinamente se apagava e da escuridão surgiam e às pessoas leigas dançarem juntas de forma
textos pintados com tinta fosforescente verde, colaborativa.
que perdiam a luminosidade paulatinamente.
Era impossível lê-los por inteiro. Mais uma Sofia Coppola (Estados Unidos da América,
vez, uma obra como um inventário de vidas, 1971) – Atriz e diretora de cinema. Filha do
de histórias encarceradas no tempo. também cineasta Francis Ford Coppola, es-
treou profissionalmente como atriz, mas con-
Rudolf von Laban (Hungria, 1879 – Inglaterra, quistou a atenção da crítica como cineasta.
1958) – Dançarino e coreógrafo, considerado Tem por influências artísticas o cinema ita-
o maior teórico da dança do século XX. Em liano de Federico Fellini e de Michelangelo
1915, criou o Instituto Coreográfico de Zuri- Antonioni.
que (Suíça), cujas ramificações se estenderam
à Itália, à França e à Europa Central. Em Shoichi Aoki (Japão, 1955) – Fotógrafo. Cria-
1928, publicou Kinetographie Laban, uma dor do fanzine Fruits, iniciado em 1994, que
de suas grandes contribuições para o mundo documenta a explosão da moda das ruas
da dança, bem como para a compreensão do nos subúrbios de Tóquio, no Japão, especial-
movimento em dança. Nesse livro, articula os mente ao redor da Estação Harajuku, conhe-
princípios da labanotação, um dos principais cida como a maior passarela do mundo a céu
sistemas de notação de movimento utilizados aberto, nomeada por ele como fashion street.
atualmente. Suas teorias sobre o movimento
e a coreografia estão entre os fundamentos Steven Spielberg (Estados Unidos da América,
principais da dança moderna e fazem parte 1946) – Cineasta e cofundador da Dreamworks,
de todas as abordagens contemporâneas de um dos principais estúdios de cinema de
dança. Além de seu trabalho criativo e de aná- Hollywood. Diretor de vários filmes, como
lise da dança, Laban também se dedicou à rea- Tubarão, E.T., Contatos imediatos do terceiro
lização de propostas de dança para o grande grau e A lista de Schindler. Sua filmografia é
público. Desenvolveu, com essa finalidade, a acompanhada pela trilha sonora sempre bem
arte da dança coral, em que um grande nú- elaborada do compositor John Williams.

68
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

QUADRO DE CONTEÚDOS DO ENSINO FUNDAMENTAL –


ANOS FINAIS
5a série/6o ano 6a série/7o ano 7a série/8o ano 8a série/9o ano
A tridimensionalidade O desenho e a O suporte na materialidade da Processos de criação
como elemento estético potencialidade do arte nas linguagens artísticas
r%JGFSFODJBÉÈP registro no território das r%JGFSFODJBÉÈP OBNÙTJDB  r1SPDFEJNFOUPT
FOUSFPFTQBÉPCJFP linguagens artísticas FOUSFJOTUSVNFOUPTUSBEJDJPOBJT DSJBUJWPTOBDPOTUSVÉÈP
USJEJNFOTJPOBM r%FTFOIPEF FJOTUSVNFOUPTFMÊUSJDPTF EFPCSBTWJTVBJT 
r0TPNOPFTQBÉP PCTFSWBÉÈP EFNFNÓSJB  FMFUSÔOJDPTsamplers NÙTJDB TPOPSBTFDËOJDBT
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O espaço: O
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aprofundamento de um
MJOHVBHFOTBSUÎTUJDBT QFTTPBM
conceito A ruptura do suporte nas
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r&TDVMUVSB assemblage  A forma como elemento e linguagens artísticas
NBUÊSJBWJTVBM TPOPSB
Volume 1

ready-made QBSBOHPMÊ registro na arte r"MJOHVBHFNEBNÙTJDB 


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site specific land art  WJTVBMJEBEF QSPEV[JEBQPS%+T Diálogos com a
web artFUD r0EFTFOIPFB r"MJOHVBHFNEPhappeningF materialidade na
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DPOUFNQPSÄOFB BTJOHVMBSJEBEFEB DPOUFNQPSÄOFB FOPUFBUSP
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FNEJGFSFOUFT r"GPSNBDPNPSFHJTUSP UFMBPVBPCSBEJSFUBNFOUF PCKFUPTDËOJDPTUFYUP
IBSNPOJ[BÉ×FT OPUBÉ×FTFNEBOÉBFFN TPCSFBQBSFEFEPQFEFTUBM r4VQPSUFT GFSSBNFOUBT
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r"EJNFOTÈPBSUÎTUJDB GPSNBOPEFDPSSFSEPT BTperformancesBTPCSBT r&MFNFOUPTCÃTJDPT
EPFTQBÉPOPEFDPSSFS UFNQPT JOUFSBUJWBT EBMJOHVBHFNEBTBSUFT
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JNBHJOBÉÈPDSJBEPSB QPÊUJDB
QFTTPBM

69
Luz: Suporte, O “trans-formar” matérico Reflexos e reflexões da vida na Fusão, mescla de
ferramenta e matéria em materialidade na arte arte: As temáticas no território linguagens
pulsante na arte r"BQSPQSJBÉÈPEF de forma-conteúdo rDesign NPEB 
r0DMBSPFPFTDVSP B NBUÊSJBFGFSSBNFOUBTOP r5FNÃUJDBTRVFTFSFWFMBN NPCJMJÃSJP EFTFOIP
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OBTBSUFTWJTVBJT OB r"RVBMJEBEFEP r3FMBÉ×FTFOUSFJNBHFNGPSNB r#BMÊEFSFQFSUÓSJP
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MV[FDPSBEJNFOTÈP UFBUSPEFPCKFUPT SFMJHJPTBT EFOBUVSF[BPTFS SFMBÉ×FTFOUSF
TJNCÓMJDBEBMV[FEB r0QBQFMDPNPNBUÊSJB IVNBOP TVBJEFOUJEBEF TFV GPSNBDPOUFÙEPOBT
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BSUÎTUJDBT BNQMJBÉ×FTEFSFGFSËODJBT r5FNÃUJDBTDPOUFNQPSÄOFBT BNQMJBÉ×FTOPdesign
BQBSUJSEPEJÃMPHPDPNB BSUFFWJEBIJTUÓSJBTEFWJEB FMFNFOUPTCÃTJDPTEB
Olhares sobre a
NBUFSJBMJEBEF DFOBTEFSVB MJOHVBHFNIÎCSJEBEP
matéria da arte
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r4VQPSUFT  Experimentação: Uma “Misturança” étnica: Marcas
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GFSSBNFOUBT NBUÊSJBT fresta para respirar o no patrimônio cultural, vestígios
Volume 2

EBEBOÉB EBNÙTJDBF
r$PSQPTQFSDFQUJWPT poético na cultura popular
EPUFBUSP
JNQSPWJTBÉÈP JOUVJÉÈP  r*NQSPWJTBÉÈP BDBTP  r)FSBOÉBTDVMUVSBJT
JNBHJOBÉÈPDSJBEPSB  MVEJDJEBEF FTQPOUBOFJEBEF QBUSJNÔOJPTDVMUVSBJTJNBUFSJBM Travessia poética: Do
DPMFUBTFOTPSJBM r$PSQPTQFSDFQUJWPT  FNBUFSJBM fazer artístico ao ritual
WJHÎMJBDSJBUJWB JOUVJÉÈP BDBTP  r"SUFJOEÎHFOB de passagem
SFQFSUÓSJPQFTTPBM JNBHJOBÉÈPDSJBEPSB  r"SUFBGSPCSBTJMFJSB r"SUFFEPDVNFOUBÉÈP
FDVMUVSBMQPÊUJDB DPMFUBTFOTPSJBM WJHÎMJB r1PÊUJDBTDPOUFNQPSÄOFBT r&YQPTJÉÈPPV
QFTTPBMQFOTBNFOUP DSJBUJWB SFQFSUÓSJPQFTTPBM r$PODFJUPT QSPDFEJNFOUPT BQSFTFOUBÉÈPBSUÎTUJDB
WJTVBMQFOTBNFOUP FDVMUVSBM QPÊUJDBQFTTPBM  FDPOUFÙEPTJOWFTUJHBEPT FPSFHJTUSPDPNP
DPSQPSBMFTJOFTUÊTJDP QFOTBNFOUPTWJTVBM  EVSBOUFPBOPMFUJWP EPDVNFOUBÉÈP
QFOTBNFOUPNVTJDBM NVTJDBM DPSQPSBM r.PEPTEF
r1FSDVSTPEF FTJOFTUÊTJDP EPDVNFOUBSBBSUF
FYQFSJNFOUBÉÈP r1FSDVSTPEF r$PODFJUPT 
QFSTFHVJÉÈPEFJEFJBT FYQFSJNFOUBÉÈP  QSPDFEJNFOUPTF
FTCPÉPTTÊSJFT QFSTFHVJÉÈPEFJEFJBT  DPOUFÙEPTJOWFTUJHBEPT
DBEFSOPTEFBOPUBÉ×FT FTCPÉPT TÊSJFT DBEFSOPT EVSBOUFPBOPMFUJWP
FTUVEPFQFTRVJTB EFBOPUBÉ×FT
BQSPQSJBÉ×FT FTUVEPFQFTRVJTB 
DPNCJOBÉ×FTQSPDFTTP BQSPQSJBÉ×FT 
DPMBCPSBUJWP DPNCJOBÉ×FT QSPDFTTP
r0DPSQPFBWP[ DPMFUJWPFDPMBCPSBUJWP
DPNPTVQPSUFF r-JOHVBHFOTEBBSUFF
NBUÊSJBEBBSUF QSPDFEJNFOUPTDSJBUJWPTEF
r$PODFJUPT  FYQFSJNFOUBÉÈP
QSPDFEJNFOUPTF r$PODFJUPT 
DPOUFÙEPTJOWFTUJHBEPT QSPDFEJNFOUPTF
EVSBOUFPBOPMFUJWP DPOUFÙEPTJOWFTUJHBEPT
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70
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2

GABARITO
0$"%&3/0%0"-6/0&""¬«0%0 t 0RVFQFOTPTPCSFBSUF as respostas às questões espe-
130'&4403 cíficas deste item instigam os alunos a se posicionar sobre o
assunto, cercando, de certo modo, seu repertório cultural. O
Caderno do Professor. Caderno do Aluno. São Cadernos importante é socializar as respostas, mapeá-las na lousa, analisá-
que, tal qual a rosa dos ventos, mostram um rumo, uma dire- -las com eles para ver o que pensam sobre o tema, tendo como
ção a seguir para viajar nos “Territórios da Arte”. Esses Cader- meta a ampliação de seus conhecimentos;
nos são, assim, como coordenadas, movimentos. “Cadernos
rosa dos ventos” que articulam mapas de diferentes linguagens t "ÎÍP FYQSFTTJWB as ações propostas, muitas vezes deno-
da arte, oferecendo proposições-ações que, antes de serem minadas encomendas, para dar mais abertura ao professor,
apenas capazes de referendar um mundo da arte já sabido, po- têm por objetivo desencadear o fazer artístico nas diferentes
dem ser um movimento potente para a criação de diferentes linguagens, sem perder de vista os conteúdos e as compe-
mundos da arte. tências a serem trabalhados;

Em especial, o Caderno do Aluno se faz registro de viagem, t "QSFDJBÎÍPas perguntas colocadas na Apreciação, que se
como parte de um portfólio, como lugar específico para pen- ampliam no Caderno do Professor, são apenas impulsos para
sar e escrever sobre arte, fazer reflexões e produções pensadas e estimular a conversa dos alunos sobre as obras. As ampliações
emocionadas a partir das provocações geradas pelas proposições propostas pelo professor e por suas boas e instigantes per-
oferecidas no Caderno do Professor. Em especial, o Caderno do guntas comporão o texto que será registrado pelo aluno no
Aluno se faz lugar para olhar imagens das linguagens artísticas, Caderno, apontando o que ficou de mais significativo para
que nos incitam a pensar e conversar sobre arte. ele a partir da Apreciação oferecida;

Mais do que respostas acertadas ou adequadas, já que em t 7PDÐ BQSFOEFV  questões objetivas e/ou abertas para
arte as respostas, por muitas vezes, são expressões de pontos de reflexão sobre os conteúdos trabalhados nas Situações de
vista singulares, as questões do Caderno do Aluno pretendem Aprendizagem de cada Caderno, reveladoras do que foi pos-
ser uma provocação para que o aluno pense e expresse seus sível ativar como conteúdo ou competência. As respostas in-
conhecimentos e suas opiniões sobre arte. Em muitos casos, dividuais tornam-se material de reflexão para os professores,
as respostas devem ser pessoais e também referendadas pelo indicando o que ficou além ou aquém em sua ação docente,
contexto cultural de cada grupo, de modo a mover diálogos, no contexto da escola e na própria proposta;
instigar reflexões pessoais e fornecer material para que o pro-
fessor possa promover trocas entre os alunos , ampliando seus t 1FTRVJTBJOEJWJEVBMFPVFNHSVQP 1FTRVJTBEFDBN-
repertórios culturais sobre as linguagens artísticas. QPF-JÎÍPEFDBTBas ações que orientam o aluno no pla-
nejamento, na realização e na discussão da pesquisa ou da ação
Por ser esse o contorno do Caderno do Aluno, é impos- proposta no Caderno do Aluno tampouco têm resposta única,
sível a construção de um gabarito que dê conta de prever pois dependem das escolhas e do que foi possível pesquisar de
as muitas respostas possíveis, determinando o que é certo acordo com a realidade e com o contexto das diferentes escolas.
ou errado. Em contrapartida, o Caderno do Professor con- Consideramos importante a valorização do que foi pesquisado
tém potenciais encaminhamentos e ampliações, ao mesmo e, especialmente, o modo como a pesquisa foi apresentada. Há
tempo que insere o professor no conteúdo que está sendo várias sugestões no Caderno do Professor em relação a isso.
proposto, oferecendo informações que enriquecem suas re-
ferências culturais e ajudam-no a ampliar as possíveis respos- Consideramos que o Caderno do Aluno, como parte do
tas dos alunos. portfólio, é complementado por outros modos de registro,
que podem gerar uma elaboração criativa que permita ao
Para o Caderno do Aluno, foram pensadas propostas específi- aprendiz dar expressão à sua aprendizagem, inventando for-
cas que abarcam produção, análise, leitura, pesquisa etc., reapre- mas para mostrar suas produções artísticas, seus textos escritos,
sentadas a seguir: fotografias de momentos das aulas e pesquisas realizadas.

71
Como processos, esses “Cadernos rosa dos ventos” são tros com a arte, à busca da experiência estética no pensar, no
potências nas mãos de alunos, alunas, professoras e professo- fazer, no escrever, no apreciar, no navegar pelos “Territórios
res atentos à qualidade do trajeto, à ousadia de novos encon- da Arte”.

72
CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL Química: Ana Joaquina Simões S. de Mattos Rosângela Teodoro Gonçalves, Roseli Soares
NOVA EDIÇÃO 2014-2017 Carvalho, Jeronimo da Silva Barbosa Filho, João Jacomini, Silvia Ignês Peruquetti Bortolatto e Zilda
Batista Santos Junior, Natalina de Fátima Mateus e Meira de Aguiar Gomes.
COORDENADORIA DE GESTÃO DA Roseli Gomes de Araujo da Silva.
EDUCAÇÃO BÁSICA – CGEB Área de Ciências da Natureza
Área de Ciências Humanas
Biologia: Aureli Martins Sartori de Toledo, Evandro
Coordenadora Filosofia: Emerson Costa, Tânia Gonçalves e
Rodrigues Vargas Silvério, Fernanda Rezende
Maria Elizabete da Costa Teônia de Abreu Ferreira.
Pedroza, Regiani Braguim Chioderoli e Rosimara
Diretor do Departamento de Desenvolvimento Geografia: Andréia Cristina Barroso Cardoso, Santana da Silva Alves.
Curricular de Gestão da Educação Básica Débora Regina Aversan e Sérgio Luiz Damiati.
João Freitas da Silva Ciências: Davi Andrade Pacheco, Franklin Julio
História: Cynthia Moreira Marcucci, Maria de Melo, Liamara P. Rocha da Silva, Marceline
Diretora do Centro de Ensino Fundamental Margarete dos Santos Benedicto e Walter Nicolas
de Lima, Paulo Garcez Fernandes, Paulo Roberto
dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação Otheguy Fernandez.
Orlandi Valdastri, Rosimeire da Cunha e Wilson
Profissional – CEFAF Luís Prati.
Sociologia: Alan Vitor Corrêa, Carlos Fernando de
Valéria Tarantello de Georgel
Almeida e Tony Shigueki Nakatani.
Coordenadora Geral do Programa São Paulo Física: Ana Claudia Cossini Martins, Ana Paula
PROFESSORES COORDENADORES DO NÚCLEO Vieira Costa, André Henrique GhelÅ RuÅno,
faz escola
PEDAGÓGICO Cristiane Gislene Bezerra, Fabiana Hernandes
Valéria Tarantello de Georgel
Área de Linguagens M. Garcia, Leandro dos Reis Marques, Marcio
Coordenação Técnica Educação Física: Ana Lucia Steidle, Eliana Cristine Bortoletto Fessel, Marta Ferreira Mafra, Rafael
Roberto Canossa Budiski de Lima, Fabiana Oliveira da Silva, Isabel Plana Simões e Rui Buosi.
Roberto Liberato Cristina Albergoni, Karina Xavier, Katia Mendes
Suely Cristina de Albuquerque BomÅm e Silva, Liliane Renata Tank Gullo, Marcia Magali Química: Armenak Bolean, Cátia Lunardi, Cirila
Rodrigues dos Santos, Mônica Antonia Cucatto da Tacconi, Daniel B. Nascimento, Elizandra C. S.
EQUIPES CURRICULARES
Silva, Patrícia Pinto Santiago, Regina Maria Lopes, Lopes, Gerson N. Silva, Idma A. C. Ferreira, Laura
Área de Linguagens Sandra Pereira Mendes, Sebastiana Gonçalves C. A. Xavier, Marcos Antônio Gimenes, Massuko
Arte: Ana Cristina dos Santos Siqueira, Carlos Ferreira Viscardi, Silvana Alves Muniz. S. Warigoda, Roza K. Morikawa, Sílvia H. M.
Eduardo Povinha, Kátia Lucila Bueno e Roseli Fernandes, Valdir P. Berti e Willian G. Jesus.
Língua Estrangeira Moderna (Inglês): Célia
Ventrella.
Regina Teixeira da Costa, Cleide Antunes Silva,
Área de Ciências Humanas
Educação Física: Marcelo Ortega Amorim, Maria Ednéa Boso, Edney Couto de Souza, Elana
Filosofia: Álex Roberto Genelhu Soares, Anderson
Elisa Kobs Zacarias, Mirna Leia Violin Brandt, Simone Schiavo Caramano, Eliane Graciela
Gomes de Paiva, Anderson Luiz Pereira, Claudio
dos Santos Santana, Elisabeth Pacheco Lomba
Rosângela Aparecida de Paiva e Sergio Roberto Nitsch Medeiros e José Aparecido Vidal.
Kozokoski, Fabiola Maciel Saldão, Isabel Cristina
Silveira.
dos Santos Dias, Juliana Munhoz dos Santos,
Kátia Vitorian Gellers, Lídia Maria Batista Geografia: Ana Helena Veneziani Vitor, Célio
Língua Estrangeira Moderna (Inglês e
BomÅm, Lindomar Alves de Oliveira, Lúcia Batista da Silva, Edison Luiz Barbosa de Souza,
Espanhol): Ana Beatriz Pereira Franco, Ana Paula
Aparecida Arantes, Mauro Celso de Souza, Edivaldo Bezerra Viana, Elizete Buranello Perez,
de Oliveira Lopes, Marina Tsunokawa Shimabukuro
Neusa A. Abrunhosa Tápias, Patrícia Helena Márcio Luiz Verni, Milton Paulo dos Santos,
e Neide Ferreira Gaspar.
Passos, Renata Motta Chicoli Belchior, Renato Mônica Estevan, Regina Célia Batista, Rita de
Língua Portuguesa e Literatura: Angela Maria José de Souza, Sandra Regina Teixeira Batista de Cássia Araujo, Rosinei Aparecida Ribeiro Libório,
Baltieri Souza, Claricia Akemi Eguti, Idê Moraes dos Campos e Silmara Santade Masiero. Sandra Raquel Scassola Dias, Selma Marli Trivellato
Santos, João Mário Santana, Kátia Regina Pessoa, e Sonia Maria M. Romano.
Língua Portuguesa: Andrea Righeto, Edilene
Mara Lúcia David, Marcos Rodrigues Ferreira, Roseli
Bachega R. Viveiros, Eliane Cristina Gonçalves História: Aparecida de Fátima dos Santos
Cordeiro Cardoso e Rozeli Frasca Bueno Alves.
Ramos, Graciana B. Ignacio Cunha, Letícia M.
Pereira, Carla Flaitt Valentini, Claudia Elisabete
Área de Matemática de Barros L. Viviani, Luciana de Paula Diniz,
Silva, Cristiane Gonçalves de Campos, Cristina
Matemática: Carlos Tadeu da Graça Barros, Márcia Regina Xavier Gardenal, Maria Cristina
de Lima Cardoso Leme, Ellen Claudia Cardoso
Ivan Castilho, João dos Santos, Otavio Yoshio Cunha Riondet Costa, Maria José de Miranda
Doretto, Ester Galesi Gryga, Karin Sant’Ana
Yamanaka, Rosana Jorge Monteiro, Sandra Maira Nascimento, Maria Márcia Zamprônio Pedroso,
Kossling, Marcia Aparecida Ferrari Salgado de
Zen Zacarias e Vanderley Aparecido Cornatione. Patrícia Fernanda Morande Roveri, Ronaldo Cesar
Barros, Mercia Albertina de Lima Camargo,
Alexandre Formici, Selma Rodrigues e
Priscila Lourenço, Rogerio Sicchieri, Sandra Maria
Área de Ciências da Natureza Sílvia Regina Peres.
Fodra e Walter Garcia de Carvalho Vilas Boas.
Biologia: Aparecida Kida Sanches, Elizabeth
Área de Matemática
Reymi Rodrigues, Juliana Pavani de Paula Bueno e
Matemática: Carlos Alexandre Emídio, Clóvis Sociologia: Anselmo Luis Fernandes Gonçalves,
Rodrigo Ponce.
Antonio de Lima, Delizabeth Evanir Malavazzi, Celso Francisco do Ó, Lucila Conceição Pereira e
Ciências: Eleuza Vania Maria Lagos Guazzelli, Edinei Pereira de Sousa, Eduardo Granado Garcia, Tânia Fetchir.
Gisele Nanini Mathias, Herbert Gomes da Silva e Evaristo Glória, Everaldo José Machado de Lima,
Maria da Graça de Jesus Mendes. Fabio Augusto Trevisan, Inês Chiarelli Dias, Ivan Apoio:
Castilho, José Maria Sales Júnior, Luciana Moraes Fundação para o Desenvolvimento da Educação
Física: Anderson Jacomini Brandão, Carolina dos Funada, Luciana Vanessa de Almeida Buranello, - FDE
Santos Batista, Fábio Bresighello Beig, Renata Mário José Pagotto, Paula Pereira Guanais, Regina
Cristina de Andrade Oliveira e Tatiana Souza da Helena de Oliveira Rodrigues, Robson Rossi, CTP, Impressão e acabamento
Luz Stroeymeyte. Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Monteiro, Esdeva Indústria GráÅca Ltda.
GESTÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO CONCEPÇÃO DO PROGRAMA E ELABORAÇÃO DOS Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Luís
EDITORIAL 2014-2017 CONTEÚDOS ORIGINAIS Martins e Renê José Trentin Silveira.

COORDENAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu


FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DOS Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Araujo e
CADERNOS DOS PROFESSORES E DOS Sérgio Adas.
CADERNOS DOS ALUNOS
Presidente da Diretoria Executiva
Ghisleine Trigo Silveira História: Paulo Miceli, Diego López Silva,
Mauro de Mesquita Spínola
Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli e
CONCEPÇÃO
Raquel dos Santos Funari.
GESTÃO DE TECNOLOGIAS APLICADAS Guiomar Namo de Mello, Lino de Macedo,
À EDUCAÇÃO Luis Carlos de Menezes, Maria Inês Fini Sociologia: Heloisa Helena Teixeira de Souza
coordenadora! e Ruy Berger em memória!.
Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe,
Direção da Área
Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina
Guilherme Ary Plonski AUTORES
Schrijnemaekers.

Coordenação Executiva do Projeto Linguagens


Coordenador de área: Alice Vieira. Ciências da Natureza
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza Coordenador de área: Luis Carlos de Menezes.
Arte: Gisa Picosque, Mirian Celeste Martins,
Geraldo de Oliveira Suzigan, Jéssica Mami Biologia: Ghisleine Trigo Silveira, Fabíola Bovo
Gestão Editorial
Makino e Sayonara Pereira. Mendonça, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene
Denise Blanes
Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta
Educação Física: Adalberto dos Santos Souza, Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar Santana,
Equipe de Produção
Carla de Meira Leite, Jocimar Daolio, Luciana Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo Venturoso
Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti, Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo.
Editorial: Amarilis L. Maciel, Ana Paula S. Bezerra,
Renata Elsa Stark e Sérgio Roberto Silveira.
Angélica dos Santos Angelo, Bóris Fatigati da Silva,
Ciências: Ghisleine Trigo Silveira, Cristina Leite,
Bruno Reis, Carina Carvalho, Carolina H. Mestriner, LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges, João Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto,
Carolina Pedro Soares, Cíntia Leitão, Eloiza Lopes, Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Donnini Julio Cézar Foschini Lisbôa, Lucilene Aparecida
Érika Domingues do Nascimento, Flávia Medeiros, Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles Esperante Limp, Maíra Batistoni e Silva, Maria
Giovanna Petrólio Marcondes, Gisele Manoel, Fidalgo. Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo
Jean Xavier, Karinna Alessandra Carvalho Taddeo, Rogério Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro,
LEM – Espanhol: Ana Maria López Ramírez, Isabel
Leslie Sandes, Mainã Greeb Vicente, Maíra de Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordão,
Gretel María Eres Fernández, Ivan Rodrigues
Freitas Bechtold, Marina Murphy, Michelangelo Martin, Margareth dos Santos e Neide T. Maia
Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume.
Russo, Natália S. Moreira, Olivia Frade Zambone, González.
Física: Luis Carlos de Menezes, Estevam Rouxinol,
Paula Felix Palma, Pietro Ferrari, Priscila Risso,
Guilherme Brockington, Ivã Gurgel, Luís Paulo
Regiane Monteiro Pimentel Barboza, Renata Língua Portuguesa: Alice Vieira, Débora Mallet
de Carvalho Piassi, Marcelo de Carvalho Bonetti,
Regina Buset, Rodolfo Marinho, Stella Assumpção Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar,
José Luís Marques López Landeira e João Maurício Pietrocola Pinto de Oliveira, Maxwell
Mendes Mesquita, Tatiana F. Souza e Tiago Jonas
Henrique Nogueira Mateos. Roger da PuriÅcação Siqueira, Sonia Salem e
de Almeida. Yassuko Hosoume.
Matemática
Direitos autorais e iconografia: Beatriz Fonseca Química: Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Denilse
Coordenador de área: Nílson José Machado.
Micsik, Dayse de Castro Novaes Bueno, Érica Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza, Hebe
Matemática: Nílson José Machado, Carlos
Marques, José Carlos Augusto, Juliana Prado da Eduardo de Souza Campos Granja, José Luiz Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valença de Sousa
Silva, Marcus Ecclissi, Maria Aparecida Acunzo Pastore Mello, Roberto Perides Moisés, Rogério Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Fernanda
Forli, Maria Magalhães de Alencastro, Vanessa Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo e Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidião.
Bianco e Vanessa Leite Rios. Walter Spinelli.
Caderno do Gestor
Edição e Produção editorial: Jairo Souza Design Ciências Humanas Lino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de
GráÅco e Occy Design projeto gráÅco!. Coordenador de área: Paulo Miceli. Felice Murrie.

Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas

* Nos Cadernos do Programa São Paulo faz escola são S239m São Paulo (Estado) Secretaria da Educação.
indicados sites para o aprofundamento de conhecimen-
Material de apoio ao currículo do Estado de São Paulo: caderno do professor; arte, ensino
tos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados
e como referências bibliográficas. Todos esses endereços fundamental – anos finais, 8a série / 9o ano / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini;
eletrônicos foram checados. No entanto, como a internet é equipe, Gisa Picosque, Jéssica Mami Makino, Mirian Celeste Martins, Sayonara Pereira. - São Paulo: SE,
um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria da 2014.
Educação do Estado de São Paulo não garante que os sites
v. 2, 80 p.
indicados permaneçam acessíveis ou inalterados.
Edição atualizada pela equipe curricular do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Finais, Ensino
* Os mapas reproduzidos no material são de autoria de Médio e Educação Profissional – CEFAF, da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica - CGEB.
terceiros e mantêm as características dos originais, no que
diz respeito à grafia adotada e à inclusão e composição dos ISBN 978-85-7849-620-3
elementos cartográficos (escala, legenda e rosa dos ventos).
1. Ensino fundamental anos finais 2. Arte 3. Atividade pedagógica I. Fini, Maria Inês. II. Picosque,
Gisa. III. Makino, Jéssica Mami. IV. Martins, Mirian Celeste. V. Pereira, Sayonara. VI. Título.
* Os ícones do Caderno do Aluno são reproduzidos no
Caderno do Professor para apoiar na identificação das CDU: 371.3:806.90
atividades.
Validade: 2014 – 2017

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