Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
8 SÉRIE 9 ANO
ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS
Volume 2
ARTE
Linguagens
CADERNO DO PROFESSOR
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
MATERIAL DE APOIO AO
CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO
CADERNO DO PROFESSOR
ARTE
ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS
8a SÉRIE/9o ANO
VOLUME 2
Nova edição
2014 - 2017
São Paulo
Governo do Estado de São Paulo
Governador
Geraldo Alckmin
Vice-Governador
Guilherme Afif Domingos
Secretário da Educação
Herman Voorwald
Secretária-Adjunta
Cleide Bauab Eid Bochixio
Chefe de Gabinete
Fernando Padula Novaes
Subsecretária de Articulação Regional
Rosania Morales Morroni
Coordenadora da Escola de Formação e
Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP
Silvia Andrade da Cunha Galletta
Coordenadora de Gestão da
Educação Básica
Maria Elizabete da Costa
Coordenadora de Gestão de
Recursos Humanos
Cleide Bauab Eid Bochixio
Coordenadora de Informação,
Monitoramento e Avaliação
Educacional
Ione Cristina Ribeiro de Assunção
Coordenadora de Infraestrutura e
Serviços Escolares
Dione Whitehurst Di Pietro
Coordenadora de Orçamento e
Finanças
Claudia Chiaroni Afuso
Presidente da Fundação para o
Desenvolvimento da Educação – FDE
Barjas Negri
Senhoras e senhores docentes,
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sente-se honrada em tê-los como colabo-
radores nesta nova edição do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e análises que
permitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula
de todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com
os professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abor-
dagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação
— Compromisso de São Paulo, é de fundamental importância para a Pasta, que despende, neste
programa, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização
dos diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações
de formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca
por uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso
do material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb.
Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo Faz Escola, apresenta orien-
tações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São
Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades
ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessárias,
dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade
da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas
aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam
a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avalia-
ção constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a
diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico.
Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo.
Bom trabalho!
Herman Voorwald
Secretário da Educação do Estado de São Paulo
A NOVA EDIÇÃO
Os materiais de apoio à implementação f incorporar todas as atividades presentes
do Currículo do Estado de São Paulo nos Cadernos do Aluno, considerando
são oferecidos a gestores, professores e alunos também os textos e imagens, sempre que
da rede estadual de ensino desde 2008, quando possível na mesma ordem;
foram originalmente editados os Cadernos f orientar possibilidades de extrapolação
do Professor. Desde então, novos materiais dos conteúdos oferecidos nos Cadernos do
foram publicados, entre os quais os Cadernos Aluno, inclusive com sugestão de novas ati-
do Aluno, elaborados pela primeira vez vidades;
em 2009. f apresentar as respostas ou expectativas
de aprendizagem para cada atividade pre-
Na nova edição 2014-2017, os Cadernos do sente nos Cadernos do Aluno – gabarito
Professor e do Aluno foram reestruturados para que, nas demais edições, esteve disponível
atender às sugestões e demandas dos professo- somente na internet.
res da rede estadual de ensino paulista, de modo
a ampliar as conexões entre as orientações ofe- Esse processo de compatibilização buscou
recidas aos docentes e o conjunto de atividades respeitar as características e especificidades de
propostas aos estudantes. Agora organizados cada disciplina, a fim de preservar a identidade
em dois volumes semestrais para cada série/ de cada área do saber e o movimento metodo-
ano do Ensino Fundamental – Anos Finais e lógico proposto. Assim, além de reproduzir as
série do Ensino Médio, esses materiais foram re- atividades conforme aparecem nos Cadernos
vistos de modo a ampliar a autonomia docente do Aluno, algumas disciplinas optaram por des-
no planejamento do trabalho com os conteúdos crever a atividade e apresentar orientações mais
e habilidades propostos no Currículo Oficial detalhadas para sua aplicação, como também in-
de São Paulo e contribuir ainda mais com as cluir o ícone ou o nome da seção no Caderno do
ações em sala de aula, oferecendo novas orien- Professor (uma estratégia editorial para facilitar
tações para o desenvolvimento das Situações de a identificação da orientação de cada atividade).
Aprendizagem.
A incorporação das respostas também res-
Para tanto, as diversas equipes curricula- peitou a natureza de cada disciplina. Por isso,
res da Coordenadoria de Gestão da Educação elas podem tanto ser apresentadas diretamente
Básica (CGEB) da Secretaria da Educação do após as atividades reproduzidas nos Cadernos
Estado de São Paulo reorganizaram os Cader- do Professor quanto ao final dos Cadernos, no
nos do Professor, tendo em vista as seguintes Gabarito. Quando incluídas junto das ativida-
finalidades: des, elas aparecem destacadas.
Além dessas alterações, os Cadernos do possibilitando que os conteúdos do Currículo
Professor e do Aluno também foram anali- continuem a ser abordados de maneira próxi-
sados pelas equipes curriculares da CGEB ma ao cotidiano dos alunos e às necessidades
com o objetivo de atualizar dados, exemplos, de aprendizagem colocadas pelo mundo con-
situações e imagens em todas as disciplinas, temporâneo.
Seções e ícones
?
!
Homework Roteiro de
experimentação
Gilles Deleuze e Félix Guattaria desenvol- Nesse movimento, é possível trazer para a
veram o conceito teórico de rizoma como um Educação uma transposição do pensamento
sistema aberto de relações semióticas, intrín- filosófico, aproveitando, assim, uma parte do
secas, cujos princípios de conexão, heteroge- seu todo, no intuito de provocar reflexão sobre
neidade, multiplicidade, ruptura, cartografia questões da contemporaneidade, que permeiam
e decalcomania estabelecem uma antigenealo- os processos de ensino e aprendizagem da arte.
gia, rompendo com a estrutura de procedên-
cia, com a cadência hierárquica e com todas A arte e a educação têm por natureza a
as ordenações tradicionais da relação sujeito/ condição de serem agentes promotores de
objeto, inclusive o conhecimento. processos exploratórios do saber. Tal condi-
ção torna possível a relação entre o rizoma e o
O nome rizoma, emprestado da Botânica ensino da Arte na Educação Básica, que cul-
por se referir a ramificações que ocorrem, por mina em um pensamento curricular irradiado
exemplo, no processo de desenvolvimento das no mapa dos territórios artísticos, compreen-
gramíneas, aplica-se à construção do conhe- dendo esses territórios como mobilidades de
cimento, enquanto conceito filosófico, quan- construção dos saberes sobre a produção do
do tal construção é compreendida como um conhecimento humano em arte.
processo em que não há início preestabelecido
tampouco fim, em um constante sistema de Um mapa posiciona a localização no es-
relações que permeia o sensível e o cognitivo paço e no tempo, tornando-se um instru-
do sujeito cognoscente. Assim, em um rizoma, mento imprescindível para traçar rotas que
o conhecimento se expande em rede de liga- levem ao destino desejado. No caso do Mapa
ções contínuas entre “mil platôs”b, entendidos dos “Territórios da Arte”, é possível utilizá-
como territórios elevados. -lo para traçar caminhos que permitam co-
a
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs – capitalismo e esquizofrenia. v. 1. São Paulo: Editora 34,
1995. p. 10-37.
b
Ibidem, p. 10-37.
7
nhecer outros territórios antes mesmo de se f materialidade;
alcançar o destino a que se objetiva, pois ele
também possibilita a mudança de rota, por f forma-conteúdo;
outros interesses despertados, para ampliar
conhecimentos de novos destinos que se jul- f mediação cultural;
gar importantes.
f patrimônio cultural;
A cada exploração nos territórios haverá
novas descobertas imbuídas de implicações se- f saberes estéticos e culturais.
mióticas, estimulando o sujeito que vivencia o
processo de conhecer e reconhecer os saberes Nesse movimento de dimensão cartográ-
estéticos e sensíveis da prática artística na Edu- fica, como seria possível desenhar um mapa,
cação. Assim, em um rizoma, sua condição criando um espaço para esses territórios?
antigenealógica propicia liberdade para partir Como tornar mais visível o entendimento
e chegar de quaisquer territórios mapeados, desse novo pensamento curricular? Como tra-
como também para agregar descobertas de ou- çar um desenho sem núcleo central, capaz de
tros territórios (platôs). mostrar que o mapa dos territórios oferece
múltiplas entradas e direções móveis, com li-
Esse conceito se faz presente no Caderno nhas variadas que podem se encontrar com
do Professor, não para definir ou delimitar outras linhas, fazendo conexões múltiplas e
ideias, mas para provocar o professor de Arte arranjos heterogêneos?
a encontrar os próprios percursos, que o con-
duzirão na ampliação e no aprofundamento Do encontro com a obra Estudo para su-
dos seus saberes estéticos e sensíveis. perfície e linha, da artista Iole de Freitas,
avistamos uma forma. Na obra, superfícies
Como pensamento curricular em Arte, ima- de policarbonato e linhas tubulares se re-
ginamos a possibilidade de pensar as lingua- tesam ou se descomprimem em generosos
gens (artes visuais, dança, música e teatro) por arqueamentos que nos levam a experiên-
meio da composição de um mapa que possuísse cias sensoriais de interior e exterior, leve e
a capacidade de criar um encontro entre elas pesado, contínuo e descontínuo. Essas cons-
por diferentes ângulos de visão. tantes mutações sensoriais provocadas pela
obra nos dão a sensação de uma arquitetura
Em um exercício de pensar sobre a arte mole, na qual o curso da linha nos põe em
na cultura e pinçar do próprio sistema de movimento, a bailar no espaço em superfí-
arte diferentes ângulos de visão sobre ela, cies múltiplas.
é que avistamos e delineamos o mapeamen-
to que chamamos de “Territórios da Arte”, A obra nos faz imaginar. E, por proxi-
como sendo: midade, o curso da linha nos faz pensar em
caminhos, em veredas, em uma imaginação
f linguagens artísticas; fluida que abre passagem ao exercício de in-
venção de outra configuração para o curso
f processo de criação; dessa linha.
8
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
© Sergio Araújo
© Sergio Araújo
Figura 1 – Iole de Freitas. Estudo para superfície e linha, 2005. Figura 2 – Linhas para a configuração do Mapa dos
Instalação. Policarbonato e aço inox, 4,2 × 30,0 × 10,6 m. ‘‘Territórios da Arte’’ a partir da obra de Iole de Freitas.
Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro (RJ).
c
Imagem criada por Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque que apresenta a criação e composição do pensamento
curricular em Arte para mapeamento de conceitos e conteúdos direcionados aos segmentos da 5a série/6o ano do
Ensino Fundamental à 2a série do Ensino Médio, para a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em 2007.
9
propomos a Nutrição estética para explo- f investir na formação cultural dos alunos,
rar, com mais profundidade, as imagens e potencializando o repertório dos aprendi-
ideias contidas nas proposições apresen- zes, seja por meio da sondagem que o in-
tadas, retomando os conceitos enfocados vestiga, seja pela Nutrição estética que o
nas linguagens artísticas. expande.
d
BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Disponível em: <http://www.miniweb.
com.br/Atualidade/INFO/textos/saber.htm>. Acesso em: 9 ago. 2013.
10
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
O Caderno do Aluno, como parte do port- Além disso, avaliar seu diário de bordo
fólio passível de ser complementado por ou- pode ser um momento importante de reflexão
tros modos de registro que podem gerar uma sobre todo o caminho trilhado e de aqueci-
elaboração criativa, permite que o aprendiz dê mento e planejamento.
11
FUSÃO, MESCLA DE LINGUAGENS
Hibridismo. As divisões das linguagens Conhecimentos priorizados
artísticas não encontram hoje contornos se-
guros. As linguagens expandem-se, somando
modos de pensar e de viver a arte, ao mesmo
tempo que a tradição dos códigos artísticos é
também ressignificada.
12
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
Linguagens artísticas. Artes visuais e audio- cíficas amplia os modos relativos à sua com-
visuais, dança, música e teatro se constroem preensão e produção. É esse o caminho a ser
com códigos que se fazem signos artísticos. À percorrido neste Caderno, tendo por focos:
medida que se fundem, oferecem novas possi-
bilidades de expressão: no cinema, na moda, f o hibridismo e a convergência das relações
no design etc. entre forma-conteúdo nas várias linguagens
artísticas com vistas a construir temáticas e
f Design (moda, mobiliário, desenho industrial sentidos; elementos básicos da visualidade
etc.); da dança, da música, do teatro e suas amplia-
ções e aplicações no design e no cinema;
f mescla entre as linguagens teatral e cine-
matográfica; f a leitura como exercício da percepção e
imaginação; multiplicidade de leituras.
f balé de repertório; dança moderna do iní-
cio do século XX; dança teatral; Competências e habilidades
f trilhas sonoras: música e efeitos sonoros;
música de cinema. f Compreender o modo como se fundem e se
mesclam as linguagens da arte, originando
hibridismos nas artes visuais, na dança, na
música e no teatro;
No volume 1, caminhamos pelos territó- dar os alunos a ampliar o olhar sobre a estética
rios de processos de criação, materialidade e do cotidiano a partir de um objeto: o celular.
forma-conteúdo, somando referências, am- Para iniciar, eles devem responder no Caderno
pliando repertório, convidando à criação. Es- do Aluno às seguintes questões:
tarão os alunos mais atentos ao mundo ao seu
redor? Percebem que a estética está presente f De acordo com quais critérios você esco-
no cotidiano? Compreendem o gosto como lheria um celular?
escolha estética que contém a singularidade e
a subjetividade de cada um de nós? f Quem produz um celular leva em conside-
ração a estética? Por quê?
Para investigar as respostas a essas
questões e para introduzir o con- As perguntas podem parecer estra-
ceito a ser focalizado, vamos convi- nhas, mas nossos alunos se dão conta das
13
preferências estéticas existentes no ato de cobrir suas preferências estéticas e, ajudadas
escolher um celular? Para continuar a aná- pela tecnologia, oferecer novos produtos.
lise, propomos que colem, no Caderno do
Aluno, a fotografia de um celular que consi- Podemos lembrá-los dos primeiros celula-
derem ter um bom design e depois pontuem res, enormes comparados aos atuais, e tam-
aspectos do design que valorizaram e quais bém dos acessórios que foram inventados, dos
linguagens estão presentes nele, puxando porta-celulares às “capas” que os recobrem,
setas, por exemplo, para fazer um tipo de cada vez mais diferenciadas. Eles podem vol-
cartografia. A apreciação da colagem/mapa tar ao próprio mapa e agregar aspectos perce-
de todos os alunos pode evidenciar o que bidos após a conversa.
consideram como bom design.
Um simples objeto como um celular pode
A socialização das respostas dos alunos instigar nossos alunos a perceber que há uma
pode ampliar a conversa sobre a característica estética do cotidiano, com muitos matizes e
híbrida da arte e sobre a questão do gosto. O camadas interpretativas. É preciso apurar to-
que nos faz gostar mais de um celular do que de dos os sentidos para vê-la nos objetos cotidia-
outro? O que está em jogo neste gostar ou não? nos, como a TV, por exemplo. Percebem que,
Mais do que uma questão de refinamento ou na variada programação das TVs, podemos
de poder aquisitivo, o gosto está vinculado às encontrar a música, o teatro, a dança, as ar-
preferências estéticas. Assim como as preferên- tes visuais, a fotografia e o cinema presentes,
cias pelas cores, as escolhas são pautadas pela assim como o que denominamos linguagens
singularidade de cada um de nós e podem ser convergentes?
alteradas pelo contexto – o que está na moda,
o que meus amigos utilizam, o que está na mí- Sobre essas fronteiras “líquidas”, que se
dia etc. É por isso que muitas empresas fazem fundem e se mesclam, nos debruçaremos nas
pesquisas com clientes e não clientes para des- Situações de Aprendizagem sugeridas.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1
ARTES VISUAIS
Invenções. O ser humano sempre inven- olhar, proposições são oferecidas aqui como
tou suas ferramentas, objetos utilitários, ideias a ser recriadas.
adornos. E suas cerâmicas não eram apenas
utilitárias. Os desenhos e formatos, as des-
cobertas da queima e dos pigmentos ainda Proposição I – Ação expressiva
nos espantam pela beleza. No Brasil, a arte
plumária e a cerâmica, por exemplo, ates- Para que os alunos percebam o que faz
tam a busca estética, a escolha primorosa um designer, podemos convidá-los a obser-
das matérias, o cuidado com a fabricação. var a sala de aula e selecionar um objeto
qualquer que poderia ganhar novo design.
Mas se o homem sempre foi e continua Depois da escolha individual registrada
sendo um inventor, nossos olhos nem sem- no Caderno do Aluno, organize a classe
pre percebem o que nos rodeia ou analisam em pequenos grupos para criar um novo
os objetos de uso cotidiano. Para ampliar esse design para os objetos escolhidos pelos
14
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
componentes de cada grupo. Antes disso para a imaginação, eles podem criar um es-
é interessante que eles levantem a história boço de um novo design para o objeto esco-
desse objeto, outros designs, com que ma- lhido. A tarefa é impulsionar a imaginação,
teriais foram produzidos. Vamos supor, libertando-se de padrões já existentes, vi-
por exemplo, que eles tenham escolhido a vendo assim uma pequena experiência de
carteira onde se sentam. Ou a sala tem ca- brainstorming, de ideias que fluem em associa-
deiras escolares, também chamadas de uni- ções constantes, sem prejulgamento. Peça que
versitárias? Lembram-se de outras carteiras imaginem um tipo de estudante como cliente
de sala de aula? Das pequenas, da Educação potencial com suas próprias necessidades
Infantil? Das antigas, nas quais o assento de e desejos. Assim, o mesmo objeto pode ter fi-
uma se unia à bancada da outra? Das pesadas, nalidades diferentes, dependendo do cliente.
de madeira? Das de plástico? As cadeiras são Os clientes poderiam ser alguns colegas da
empilháveis? Os alunos sentam-se confortavel- classe? Pensando novamente nas carteiras
mente nelas? Já viram cadeiras universitárias da classe, o que os alunos gostariam de ter na
para canhotos? Por que são projetadas assim? sua? Bastaria a carteira ser apenas um lugar
Os alunos já ouviram falar de ergonomia? para se sentar e estudar?
15
© Stefano Bianchetti/Corbis/Latinstock
16
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
Figuras 6 e 7 – Irmãos Campana. 6) Cadeira Paraíba, 2002. Aço inoxidável e bonecas de pano. 7) Mesa Tattoo, 1999. Aço ino-
xidável e ralos em PVC.
17
Mil novecentos e vinte e oito. Esta é a tilista, uma espécie de design de vestuário. Jum
data comum às três primeiras ima- Nakao, na São Paulo Fashion Week de 2004, fez
gens. Esta data poderia servir de pa- um desfile memorável: uma coleção de papela.
râmetro de pesquisa para levantar fatos Lugar do esboço, das anotações, matéria frágil,
históricos aí ocorridos, obras e espetáculos transitória e sensível à ação do tempo, o papel,
produzidos etc., se houver tempo e interesse. como diz Nakaob, foi a matéria: papel vegetal,
O foco é, entretanto, o próprio design. com finos bordados em recortes feitos por laser
e relevos executados em moldes requintados.
f O que permanece como bom design até hoje? Assim, Nakao mostrava que uma ideia, um con-
O que foi substituído ou transformado? ceito, permanece para além do mercado, mas
a moda é transitória, merece reflexão, leveza, a
A relação entre forma e função foi o cen- fuga das ações óbvias, a redescoberta sensível
tro de uma concepção moderna de design e a das transformações ao nosso redor.
escola Bauhaus foi um de seus marcos. Arqui-
tetos criaram desenhos de móveis que ainda Esses princípios também marcam as pro-
fazem sucesso, como as cadeiras criadas por duções dos Irmãos Campana. Ao subverter
Gerrit Rietveld (Vermelha e azul, 1917-18), o uso de matérias e signos, os móveis desses
Marcel Breuer (Wassily, 1925), Mies van der brasileiros sintetizam o rural, o urbano, a
Rohe (Barcelona, 1929), Harry Bertoia (Dia- arte contemporânea da metrópole, a estética
mante, 1952), Arne Jacobsen (Cadeira formiga, do cotidiano. Pequenos bonecos de pano ou
1952), além da espreguiçadeira apresentada bichinhos de pelúcia tornam-se cadeiras. Gre-
na imagem. Bons designs perpetuam-se. lhas de PVC para ralos servem à criação de
requintados desenhos como tampos de mesa.
O carro mudou muito, mas a ideia de linha Nas suas obras, a funcionalidade ganha ou-
de montagem permanece. Essa foi a grande tros matizes, estimulando a percepção e a ima-
inovação na passagem de uma produção mais ginação, para além da relação forma-função
artesanal para uma produção industrial, com do design modernista com suas linhas enxutas.
fortes influências na concepção de trabalho, mão
de obra, mercado etc. A diagramação de uma Hoje uma nova palavra tem sido utilizada:
revista também se transformou. O avanço da customização (como processo de adaptar pro-
tecnologia barateou os processos de impressão dutos ao gosto ou à necessidade de alguém).
e tornou viável uma maciça produção de revis- Assim, a roupa fabricada em série ganha a sin-
tas, hoje também conectadas em sites. A moda gularidade de cada usuário. No Japão, a busca
desliza pela indústria da confecção, com bustos de diferenciação fez adolescentes entre 13 e 19
de modelagem tridimensional que reinventam anos criarem suas próprias roupas sob a influ-
silhuetas, e pela indústria têxtil, em que a tecno- ência das culturas cyber, punk e anime. São os
logia cria novas possibilidades. harajukus ou fruits, que foram fotografados e
divulgados pelo fotógrafo Shoichi Aoki, ante-
f Mas a moda de 1928 pode reaparecer em nado à cultura de rua.
novo estilo na moda de tempos vindouros?
f O que é comum a todas essas imagens?
Uma coleção de inverno ou de verão envolve
uma série de roupas e um conceito que as arti- f Como você vê a relação entre forma e função
cula, e é sempre um grande desafio para um es- no design moderno? E a relação da forma com
a
Releituras de roupas do final do século XIX, escolhidas pela elaboração e preciosidade de volume e texturas,
combinavam com as perucas de Playmobil, no lúdico e mágico conceito de que bonecos iguais podiam se tor-
nar reis e rainhas, bombeiros e menininhas. Maquiagem, cenário, iluminação e música foram cuidadosamente
planejados. A busca era encantar o público e impactá-lo com o inusitado: ao final do desfile, quando todas as
modelos estavam perfiladas para mostrar toda a coleção, uma troca de luzes e sonoridades foi o sinal para que
todas, ao mesmo tempo, rasgassem as roupas para espanto de todos.
b
NAKAO, Jum. A costura do invisível. São Paulo: Senac, 2005.
18
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
os processos industriais? E a subversão do uso são das fronteiras “líquidas” entre as lingua-
de matérias nas produções contemporâneas? gens? No Caderno do Aluno, há espaço para o
registro do que ficou de significativo para cada
f Você já customizou alguma roupa ou ob- aluno em relação a todas essas conversas.
jeto? Até que ponto você se sente seduzido
pelas marcas presentes nas culturas juvenis?
Proposição III – Ação expressiva:
f A linguagem do design conecta-se com ou- o design na formatura?
tras linguagens artísticas?
8a série/9o ano. Conclusão de um curso.
Outros tantos aspectos poderiam ser ainda Rito de passagem para outra etapa de estu-
estudados, pois o design está em tudo o que dos, que merece ser comemorado. Por que não
nos cerca, unindo conceitos de arte e indús- aproveitar esse momento e criar uma marca da
tria na criação de produtos, nem sempre com turma para celebrar a formatura? Quais outras
apuros tecnológico e estético necessários a um ideias podem ser pensadas?
bom design. Além disso, ele lida com vários
campos de conhecimento, como a arquitetura, Para aquecer esta atividade, que terá con-
as artes visuais, a música, as artes do corpo, tinuidade até o final do ano, podemos conhe-
a engenharia, a publicidade, o marketing, a cer os vários setores em que designers podem
tecnologia etc. As conversas alimentadas pelas trabalhar, apresentados por Bruno Munari em
imagens e pelo diálogo ampliaram a compreen- seu livro Das coisas nascem coisas c:
f Mobiliário (móveis adaptados a várias funções: f Tapeçarias (projeto de tecidos diversos para mobiliá-
para escritórios, lugares públicos, espaço para as rio, bancos de automóvel, materiais naturais, cores...).
crianças, tecidos para decoração, desenhos para
tapeçaria, estantes...). f Mosaicos, azulejos, pisos (texturas, formas combi-
náveis, baixo-relevo...).
f Vestuário (roupas para trabalhadores, sapatos e
luvas para funções específicas...). f Vitrines (exposições de artigos, suportes para mer-
cadorias...).
f Campismo (econômicos, práticos para montagem
e desmontagem...). f Acessórios (bolsas, malas, bijuterias, joias, chaveiros...).
f Instrumentos de medida (balanças, termômetros...). f Identidade visual (logotipos, marcas, letreiros de
lojas, outdoors, sinais...).
f Jogos e brinquedos didáticos (ao ar livre, para
comunicar informações, para gerar experiências, f Embalagens (para vários objetos: frágeis, volumo-
jogos eletrônicos...). sos, delicados, práticos, para presente, a vácuo, de
materiais diversos...).
f Museus e exposições (estruturas, iluminação, si-
nalização...). f Iluminação (luminárias para fins específicos, ilu-
minação para espetáculos em salas de concerto ou
f Paisagismo (projetos, bancos, iluminação, sistema em lugares públicos, interruptores...).
de irrigação, fontes...).
f Atividade editorial (projeto de livros, formato, tipo
f Idosos (projetos de ambientes, aparelhos ortopé- de papel, cor, encadernação, escolha de caracteres
dicos...). tipográficos, a mancha do texto em relação à página,
f Paginação (diagramação, fontes...). a numeração, o caráter visual das ilustrações, repro-
duções de obras ou fotografias...).
f Sinalização (interna e externa, símbolos gráficos...).
f Automóveis, aparelhos de som, de uso doméstico
f Cinema e televisão (titulação de filmes e progra- (liquidificador, micro-ondas etc.), com suas linhas
mas televisivos, logotipos dos programas e das de montagem...
emissoras, efeitos especiais...).
f Dobradiças, junções e ligações.
f Impressão (exploração dos tipos possíveis de im-
pressão). f Web design (sites, blogs, softwares...) etc.
c
MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1988. p. 13-28.
19
Podemos pedir aos alunos que leiam os seto-
res apresentados por Bruno Munari e escolham
dois que admiram, dois que pouco conhecem e
linguagem convergente
três que poderiam contribuir para a celebração
da formatura. No Caderno do Aluno, eles devem
puxar linhas dos setores escolhidos e colar ima-
gens de exemplos, um para cada setor. E a partir linguagens artísticas
da conversa sobre os setores e os exemplos, po-
dem surgir interesses e projetos de design para a
formatura. Criar um logo da turma, uma cami-
seta, uma mochila especial, uma decoração dife- design e designers;
relação forma-função;
rente para a festa são algumas possibilidades. Os relação entre forma e processos industriais;
primeiros esboços de um projeto podem ser ama- aspectos múltiplos do design Jri¿co
durecidos por estudos, pesquisas, definição de de moda de moEiliirio de produtos;
funções, pesquisa de materiais, de referências, de- desenho industrial etc.
sencadeando trabalhos para os próximos estudos.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2
TEATRO
Talvez a História da Arte do século XX fique de processos artísticos híbridos, que é focali-
marcada como o momento em que as fronteiras zado o início deste caderno.
artísticas passaram a ser derrubadas com mais
rapidez e ênfase. Surgem trabalhos que não ca-
bem nas definições até então existentes e, não Proposição I – O que penso sobre
raras vezes, sem qualificativos que definam a pro- teatro?
dução. Ou seja, não se tem mais a ideia de obra
de arte como se tinha antes, e as linguagens da Iniciar uma conversa sobre as experiên-
arte passaram a se misturar mais. Nesse sentido, cias que os estudantes possuem como es-
a arte contemporânea tem investido cada vez pectadores de teatro e de cinema é um jeito
mais na dissolução das fronteiras entre lingua- de levá-los a refletir sobre como percebem
gens artísticas, permeabilizando seus contornos suas experiências e práticas culturais com as
territoriais e criando, assim, zonas de passagem, duas linguagens. As perguntas, no Caderno
de transição – hibridismos artísticos. do Aluno, podem garantir alguns aspectos
como: Quem já foi ao cinema? Ao teatro? A
Nesse contexto, vamos abordar uma lingua- que já assistiram? O que se lembram desses fil-
gem teatral contemporânea que vem dando ên- mes e peças? Qual seria a diferença entre tea-
fase a formas experimentais que dialogam com tro e cinema?
imagens geradas por vídeos e por projeções
de slides e que atuam sobre o imaginário do Nesse momento, é importante valorizar
espectador, integrando ao palco a estética a experiência que os estudantes têm, seja do
do filme ou do videoclipe. espetáculo teatral a que assistiram apenas na
escola, por exemplo, seja dos filmes que viram
É nessa seara, em que ocorre uma conexão somente na televisão, em vídeo ou DVD, por-
entre teatro e cinema, provocando a criação que nunca foram a uma sala de cinema. Por
20
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
isso, é importante manter um contexto comu- Em seguida a essa conversa sobre as dife-
nicativo no qual professor e estudantes con- renças entre as linguagens, pergunte aos estu-
versam, perguntam, realizam uma interação dantes se é possível fazer teatro com imagens
verbal que mova o estar junto para narrar e de filme ou fazer filme como se faz teatro. O
rememorar experiências estéticas teatrais e ci- que os estudantes pensam sobre isso?
nematográficas.
Após as respostas dos alunos, e para provo-
Em continuidade, para iniciar algumas car ainda mais a imaginação deles, proponha:
problematizações mais conceituais sobre as Como vocês imaginam que seria um espetáculo
linguagens, pode-se perguntar qual a diferença teatral que tenha juntado imagens de filme? E
entre teatro e cinema/filme, anotando na lousa como pode ser um filme que seja como uma
o que os estudantes pontuam como diferença. peça teatral?
Dentre as diferenças que podem ser apon- É bom lembrar que toda essa conversa
tadas, uma que não pode ser esquecida é a deve funcionar como aquecimento de ideias
marca fundamental da linguagem teatral: uma sobre as linguagens teatral e cinematográfica.
linguagem artística feita ao vivo com ator e Por isso, é interessante que os alunos possam
público, em um espaço-tempo ficcional. Ou dizer o que pensam, o que imaginam, como
seja, na linguagem teatral, uns (atores) fingem um modo de ficarem sensíveis às imagens que
ser o que não são em um lugar em que não es- serão apresentadas para ampliação de reper-
tão; outros (público) aceitam esse não ser em tório sobre esse assunto.
um não lugar e são cúmplices da mentira que
é verdade no palco.
Proposição II – Movendo a
Se no teatro a construção visual da cena se apreciação
dá no todo criado sobre o palco, no cinema a
câmera é o instrumento de criação, e a monta- O vestígio do cinema na narrativa cênica
gem das cenas, após a filmagem, é o elemento
de construção do sentido pela justaposição A documentação fotográfica de espetácu-
das imagens. los é uma forma de oferecer uma visão sobre
uma obra de arte, ao fornecer diferentes refe-
De certo modo, o cinema espelhou-se na rências sobre o espaço, o gestual de ator, os
representação teatral para a formulação da objetos em cena, a cenografia, a iluminação, o
construção visual por meio do ator e do ce- figurino, a maquiagem.
nário. Como não tardou para que o cinema
descobrisse seu potencial ficcional, ele tam- Para mostrar aos estudantes uma referên-
bém buscou, no teatro, atores para represen- cia sobre a mescla entre as linguagens teatral e
tar o homem cotidiano e, com isso, o que cinematográfica, foram escolhidas imagens do
podemos verificar no cinema contemporâ- espetáculo Memória afetiva de um amor esque-
neo é o emprego de certo mimetismo com cido, do grupo carioca Os Dezequilibrados.
a realidade tendo como objeto de criação Essa não é uma escolha aleatória, porque uma
o homem atual com seus códigos culturais, das características desse grupo é trazer para o
gestos e ações. teatro a linguagem cinematográfica. Isso se dá
não só com a utilização de elementos como
Assim, ao contrário da linguagem do tea- slides, imagens ao vivo e câmeras de projeção,
tro, a do cinema funciona a partir da reprodu- mas também pela teatralização de procedi-
ção fotográfica da realidade, gerada da relação mentos cinematográficos: um foco, uma pose,
entre o real objetivo e sua imagem fílmica. um travelling.
21
© Dalton Valério
© Dalton Valério
© Dalton Valério
© Dalton Valério
Figuras 9 a 12 – Os Dezequilibrados. Memória afetiva de um amor esquecido, 2008. Direção: Ivan Sugahara. Dramaturgia: Rosyane Trotta.
Elenco: Ângela Câmara, Cristina Flores, José Karini e Saulo Rodrigues. Participação em vídeo: Letícia Isnard.
22
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
que o espetáculo acontece em uma sala de em um espaço exíguo, onde só cabia um espec-
teatro? Será que o espectador fica sentado tador. Desta vez, Memória afetiva de um amor
em uma plateia diante do palco? esquecido utiliza os oito andares do espaço do
Centro Cultural Oi Futuro/RJ, propondo um
f O título Memória afetiva de um amor esque- espetáculo itinerante, em que os espectadores
cido sugere qual tema para o espetáculo? caminham por diferentes espaços para acom-
panhar o desenrolar das cenas.
f A projeção de vídeo em espetáculos faz do
teatro um cinema? Para conversar sobre es- A encenação tem como ponto de partida
sas questões e aproximar os estudantes da a experimentação de procedimentos e de ele-
montagem do espetáculo, é importante ofe- mentos cinematográficos que a Companhia
recer algumas informações. vem desenvolvendo. A montagem dialoga
com a linguagem cinematográfica, utilizando
A montagem de Memória afetiva de um vídeos e buscando a correspondência cênica
amor esquecido pela companhia Os Dezequili- de procedimentos, como a edição, o desloca-
brados é uma recriação do filme Brilho eterno mento de câmera e a adoção de diferenciados
de uma mente sem lembranças, dirigido por pontos de vista de uma mesma cena.
Michel Gondry. O termo “recriação” foi utili-
zado pela dramaturga do espetáculo, Rosyane O título Memória afetiva... já anuncia uma
Trotta, e diz respeito, neste caso, a uma leitura terminologia teatral referente à memória afe-
da interface cinema e teatro. Então, podemos tiva de Constantin Stanislávski, um processo
pensar sobre um processo de recriação, ou de de criação no trabalho do ator que parte da
leitura, como um campo de experiência para a motivação de seus próprios sentimentos.
elaboração de uma linguagem cênica.
Agora, relembre com os estudantes o que eles
O que faz, então, a Companhia nesse pro- haviam imaginado como uma peça que também
cesso de recriação ou de leitura? Faz uma tenha imagens de filme. Que semelhanças e dife-
adaptação do filme ao palco? Não. Os Deze- renças eles percebem entre o que haviam imaginado
quilibrados não desejam apresentar no palco e a montagem de Memória afetiva de um amor
simplesmente uma adaptação de um filme: se a esquecido?
fábula de Brilho eterno... interessa ao grupo, in-
teressam também outros elementos do universo Para ampliar essa apreciação, bem como o re-
do roteirista, as ideias que os temas retratados pertório dos alunos, preparando-os para a pró-
suscitam nos membros do grupo e a pesquisa xima proposição, você pode conversar com eles
formal que acompanha sua trajetória. sobre uma imagem do espetáculo Sin sangre, da
companhia chilena Teatrocinema, apresentada
O texto, assim, conta a seguinte história: na próxima página. O que os alunos percebem de
deprimido pelo fim de seu relacionamento, semelhante e de diferente entre essa imagem e as
um jovem resolve apagar da memória sua do espetáculo da companhia Os Dezequilibrados?
ex-namorada. Para isso, procura uma clínica
especializada em soluções instantâneas, onde A companhia chilena Teatrocinema apre-
seu cérebro é conectado a um computador, sentou-se no Brasil em abril de 2009. Nas
que acaba levando o jovem a mergulhar em apresentações, os atores falaram em espanhol.
suas fantasias inconscientes. Como os alunos acham que foi possível ao pú-
blico que não sabe espanhol entender o que di-
Outro aspecto dessa montagem é a explo- ziam os atores? Acham possível que o espetáculo
ração de espaços alternativos. A Companhia tenha sido legendado, como acontece na maioria
já havia montado peças dentro de um aparta- dos filmes estrangeiros exibidos nos cinemas bra-
mento, em um saguão de cinema e até mesmo sileiros?
23
© Rodrigo Gómez Rovira
O vestígio do teatro na narrativa fílmica ções. Um cachorro que late o tempo todo tam-
bém é um desenho, com a legenda dog, para
No Caderno do Aluno, em “O que fi- não haver dúvidas. Ao longo de todo o filme
cou da conversa?”, há espaço reser- é possível ver a vida das pessoas pelas paredes
vado para os alunos registrarem suas invisíveis, com várias cenas simultâneas.
reflexões provocadas pelas perguntas:
A escolha estética de inserção do cenário in-
f Qual relação você percebe entre as fotos de visível (sem paredes, sem janelas, nem portas)
cena e o desenho da planta baixa do cená- ressalta a dramaticidade pela encenação, do-
rio? As imagens mostram uma linguagem minando a cena o efeito poético do gesto dos
clássica do cinema? atores seguido de perto pela simplicidade do
movimento da câmera. A cenografia do filme é,
Após a formulação das hipóteses por parte portanto, absolutamente teatral, o que faz dele
dos alunos, você pode falar um pouco mais sobre puro teatro, sem deixar de ser cinema.
o filme Dogville a, de 2003. No enredo deste filme
há um narrador que conta a vida de uma cidade- Toda essa conversa também servirá
zinha que recebe a visita de uma jovem em busca para ampliar o repertório dos alu-
de abrigo. A moça é bem recebida pela comuni- nos, preparando-os para a proposi-
dade e, em troca, faz pequenos serviços para seus ção a seguir, que apresenta os seguintes
moradores. Aos poucos, porém, os habitantes, questionamentos:
aparentemente amáveis, descobrem que ela está
sendo procurada por um bando de gângsteres e f Que semelhanças e diferenças há entre o
passam a exibir um lado sombrio, explorando-a que você imaginava sobre a criação de um
e impedindo-a de abandonar a cidade. espetáculo que junta teatro e cinema e a
montagem de Memória afetiva de um amor
Um aspecto muito interessante do filme é esquecido e de Sin sangre?
que o cenário não é realista. Tudo é filmado em
um galpão, praticamente sem cenário. A cidade f Que semelhanças e diferenças há entre o
é traçada como uma planta-baixa, desenhada que você imaginava sobre a criação de um
com giz, que demarca letreiros e faixas no chão filme que junta cinema e teatro e a lingua-
– rua tal, casa de Fulano etc. Meras indica- gem de Dogville?
a
DVD Dogville (Dogville). Roteiro e direção: Lars von Trier. Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia, Reino
Unido, França, Alemanha e Países Baixos, 2003. 177 min. 16 anos. Se for possível, selecione cenas para apresen-
tar aos alunos, já que o filme é impróprio para menores de 16 anos.
24
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
© California Filmes
© California Filmes
© California Filmes
25
Proposição III – Pesquisa em grupo Finalizada a pesquisa, oriente os grupos
sobre a forma de apresentação dos resultados,
O repertório dos estudantes sobre a mescla que pode ser em forma de jornal escrito, jornal
entre o teatro e o cinema pode ser ampliado televisivo, painel, exposição com imagens dos
por meio de uma pesquisa em grupo. Para espetáculos ou de filmes, ou qualquer outro
isso, a turma, dividida em três grupos, pode modo que os alunos considerem interessante.
cercar as seguintes temáticas:
Para orientar o registro dessa apresen-
f Companhia Teatrocinema e seu espetáculo tação, os estudantes encontram, no
Sin sangre. Caderno do Aluno, algumas questões:
Este espetáculo revela perfeita sintonia en- f Quem vai participar do seu grupo?
tre as imagens, o cenário e a interpretação
dos atores no palco. Para a realização da f Que tema seu grupo vai pesquisar?
peça, primeiro foi feita a gravação de um
filme, com todos os cenários e personagens. f Combine com seu grupo o modo de apresen-
Como a peça é do Chile, os diálogos fo- tação da pesquisa aos colegas da sala. Estejam
ram todos legendados em português para a prontos no dia agendado pelo seu professor.
apresentação do grupo no Brasil. Por conta Como foi para você realizar a pesquisa?
de uma tecnologia inédita, a peça ocorre en-
tre duas telas de projeção. Entre elas, exis- f Depois da apresentação dos resultados das
tem trilhos e bases giratórias, que permitem pesquisas de todos os grupos, registre aqui:
o deslocamento e a montagem de cenários Quais temas pesquisados você achou mais
pelo palco. Na encenação, os atores atuam interessantes? Justifique.
como se estivessem interagindo com o ce-
nário, mas na verdade interagem com uma Para finalizar, os alunos ainda de-
projeção, ou seja, com algo fictício, pura vem responder:
ficção. O próprio espectador chega a con-
fundir se o personagem é uma projeção ou f O que você aprendeu com essas pesquisas
é real. O grupo chileno Teatrocinema apre- que ainda não sabia?
sentou-se com esse espetáculo, em abril de
2009, no Festival Internacional de Teatro de f O que mudou para você em relação ao
Curitiba e no projeto América em Recortes, modo como conhecia o teatro e o cinema?
organizado pelo Sesc-SP. O que os alunos
podem descobrir sobre esse grupo e seu tra- Proposição IV – Ação expressiva
balho cênico com imagens audiovisuais?
Improvisando com as mídias do rádio e
f Giramundo Teatro de Bonecos e seu espe- da televisão
táculo 20 mil léguas submarinas.
Após a leitura das imagens e a pesquisa, pro-
O espetáculo do grupo mineiro Gira- vocar experiências do fazer teatral pode ajudar os
mundo, 20 mil léguas submarinas, estreou estudantes a dimensionar o conceito de hibridismo
em abril de 2009 no Sesc Pompeia (SP). na poética do palco. Para isso, alguns jogos teatrais
Neste espetáculo, a videoanimação é em- propostos por Viola Spolin problematizam para
pregada como recurso da dramaturgia, os estudantes modos de atuação na improvisação,
por meio de duas animações: a abertura, tendo como referência as mídias rádio e televisão.
realizada em stop-motion, e o Nautilus,
feito por animação digital. O que os alu- Como as orientações técnicas para o ensino
nos podem descobrir sobre esses modos de de teatro da rede estadual de São Paulo, nos
animação? últimos anos, foram basicamente ancoradas
26
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
no sistema de jogos teatrais de Viola Spolin, cia já realizada, que ideias de cenas podem
sugerimos os jogos Rádio, Tela de televisão, ser aproveitadas para uma pequena apre-
Mesa de som e Dublagemb, que podem ser pro- sentação pública no dia da formatura?
postos como concebidos por Spolin ou com Que outras ideias podem surgir? O que
as adaptações necessárias para o grupo-classe. você gostaria de mostrar no dia da forma-
tura, criando a partir das descobertas que
No vestígio cênico da formatura da 8a série/ fez da linguagem teatral? Registre aqui
9o ano suas ideias.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
DANÇA
Durante diversos períodos da História, o histórica da dança, do ponto de vista europeu,
conceito de arte teve conotações bastante di- começando pela leitura de algumas imagens.
ferentes da utilizada atualmente no discurso
estético. Inúmeros preceitos foram superados,
fragmentados e frequentemente reordenados Proposição I – Movendo a apreciação
sob múltiplas formas de expressão, estabele-
cendo infinitas poéticas que transcenderam Ao apresentar todas as imagens ao
modalidades e categorias, e buscaram o apoio mesmo tempo, alguns aspectos po-
na interdisciplinaridade e na fundamentação dem ser focalizados em uma con-
de outras ciências. Dessa maneira, parece-nos versa com os alunos por meio de um pequeno
que a arte tem se permitido a mescla entre di- roteiro no Caderno do Aluno, em “Apreciação”:
ferentes linguagens artísticas, o que nos leva
a pensar que o hibridismo na arte é similar à
impossibilidade de conceituarmos uma cria- f Quais as semelhanças e diferenças que você
ção artística como pertencente a apenas uma percebe nas imagens? Elas mostram algu-
linguagem, a uma categoria ou a uma cultura. ma dança que você conhece?
Nesse cenário, para criar proximidade dos f Como estão posicionados os pés, as mãos, o
estudantes com a dança contemporânea, o tronco e as pernas dos dançarinos? Há dife-
exercício proposto será conhecer a trajetória renças na expressão corporal dos dançarinos?
b
Consulte: SPOLIN, Viola. Jogos teatrais para a sala de aula: um manual para o professor. São Paulo: Perspecti-
va, 2007. p. 207-215.
27
f Existe algum tipo de palco ou cenário nessas f Na imagem da Martha Graham Company,
imagens? o gestual que as dançarinas realizam pode
ser associado a “movimentos cotidianos”?
f Como você imagina ser a música utilizada
nesses tipos de dança? f Essas danças podem ser feitas em espaços
abertos?
f Observe agora apenas a imagem do Balé
Bolshoi. Você reconhece o figurino usado pelas f De qual dessas danças você participaria?
dançarinas? E as roupas usadas pelos rapazes? Por quê?
© Alexander Zemlianichenko/AP Photo/Glow Images
Figura 19 – The Royal Ballet. Coppélia, 2006. Roberta Marquez e Luke Heydon. Londres, Inglaterra.
28
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
© Bettmann/Corbis/Latinstock
Figura 20 – The Royal Ballet. O lago dos cisnes. Margot Fonteyn, Michael Somes e corpo de baile. Londres, Inglaterra.
© Reginaldo Azevedo
29
© Bettmann/Corbis/Latinstock
Figura 22 – Martha Graham Company. Celebration, 1945. Dançarinas Jane Dudley, Sophie Maslow e Frieda Flier.
30
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
31
A personalidade de cada autor, suas histó- A mescla das modalidades e categorias
rias e vivências pessoais vão caracterizar, im- artísticas faz que o uso de novos materiais e
primir leveza e peso às suas respectivas obras. tecnologias permita, por sua vez, que os artis-
É possível encontrar nas obras pequenos ges- tas reavivem preocupações e impressões par-
tos e também gestos do cotidiano de qualquer ticulares ou coletivas sobre a própria arte ou
pessoa. Algumas produções são bastante eco- sobre o mundo em que vivem.
nômicas: há apenas o intérprete, seu corpo,
algumas vezes músicas, a iluminação e um figu-
rino simples. Já em outras coreografias, há ricas Proposição III – Pesquisa em grupo
produções, com efeitos mirabolantes, cenários
com elementos da natureza, como água, terra, Para ampliar o repertório dos alunos so-
areia, algodão ou cravos, projeções de filmes, bre o percurso histórico da dança no contexto
música ao vivo e outros tantos elementos. europeu, os alunos poderão ser divididos em
três grupos para pesquisar os seguintes temas:
Todavia, existem elementos de uso comum,
como se fossem regras que os coreógrafos de
dança teatral seguem, como, por exemplo, a f Balés de repertório – Século XIX;
não utilização de elementos da dança clássica
na sua forma original. Até poderemos encon- f Pioneiros na dança moderna − Século XX;
trar um personagem que dance com sapatilhas
de ponta, mas em um contexto diferente do f Dança teatral.
que se utilizaria na dança clássica.
As pesquisas podem incluir notícias, mú-
Sem dúvida existe entre a dança clássica sicas, danças, projeções, obras de arte e até
e a dança teatral uma zona de interseção mesmo a presença de algum artista (ou sua
muito extensa, na qual se pode encontrar entrevista gravada) para contar seu processo
alguns fenômenos interessantes da dança de criação dentro das “fronteiras líquidas”.
contemporânea atual.
Você pode sugerir aos alunos que, dentro
Nas obras coreográficas que se utilizam de dos temas escolhidos pelos grupos, questio-
elementos da dança teatral, às vezes têm-se nem, por exemplo:
solos, outras vezes, colagens com cenas que
acontecem em diferentes partes do palco e f Como os balés de repertório eram montados?
que podem falar da mesma coisa, ou de coisas Neste caso, os alunos escolherão um dos ba-
diferentes. Em tais colagens, algumas vezes as lés de repertório para pesquisar aprofunda-
cenas se sobrepõem. Além disso, ainda encon- damente, podendo inclusive trazer a música
tramos nas cenas variados efeitos técnicos, as- do balé ou um vídeo com sua coreografiaa.
sociações tanto do coreógrafo como dos artistas
que tomam parte na obra. f Como os pioneiros da dança moderna de-
senvolveram suas atividades? Neste caso, os
O uso da música na dança teatral não obe- estudantes escolherão um dos artistas pio-
dece a nenhuma regra. As opções são muito li- neiros citados para pesquisar aprofunda-
vres e individuais, abrangem o jazz, passando damente, podendo também trazer a música
por músicas étnicas, contemporâneas, colagens ou o vídeo de uma de suas coreografias.
musicais e chegando até ao silêncio. Também
são encontrados alguns experimentos com a f Como é desenvolvida a linguagem da dança
palavra, com textos ou com canções. teatral? Neste caso, os alunos pesquisarão
a
Lembramos que a São Paulo Companhia de Dança já possui alguns balés de repertório e oferece diferentes
atividades e visitações para professores e escolas em sua sede, na cidade de São Paulo.
32
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
quais são os princípios desta linguagem. f Quais temas pesquisados você achou mais
Que grupos brasileiros desenvolvem pes- interessantes? Justifique.
quisa valendo-se dela?
Em seguida, em “Você aprendeu?”, há
Oriente os grupos sobre a forma de apresen- uma questão para a conclusão do es-
tação da pesquisa, que pode ser em forma de tudo:
jornal escrito, jornal televisivo, painel, linha
de tempo visual, exposição de imagens so- f O que você aprendeu neste estudo sobre a
bre dança, projeção de vídeos ou qualquer história da dança que ainda não sabia?
outro modo que os alunos considerem inte-
ressante.
linguagens híbridas na dança
Depois da apresentação dos resulta-
dos das pesquisas, para registrar este
linguagens artísticas
estudo, os alunos encontram no Ca-
derno algumas questões:
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4
MÚSICA
Entre outras possibilidades para estudar as f Como você acha que a trilha sonora
fronteiras líquidas entre as linguagens da arte, acontecia na época do “cinema mudo”?
vamos nos ater aqui às relações que a música A música fazia parte da projeção? Como?
trava com o cinema. Por quê?
33
© Jéssica Mami Makino
Alguns anos após o cinema deixar de ser mente repousados enquanto sua voz ressoa
mudo, descobriram que era possível sincroni- pelos alto-falantes da sala de exibição? Isso
zar os sons com as imagens em movimento. era o que possivelmente acontecia quando o
Esse foi o grande passo para que a ideia da áudio e a imagem eram gravados em mídias
sonoplastia cinematográfica pudesse ser ex- diferentes.
plorada até as últimas consequências.
Com o tempo, o termo trilha sonora pas-
A imagem mostra uma película de 35 mm. sou a ser empregado também na dança e no
Vemos duas bandas: a de baixo, que contém teatro.
os quadros de uma cena, e a de cima, com-
posta por duas linhas, que são a pista de áu- A trilha sonora tem um grande papel no ci-
dio. O termo trilha sonora nasceu exatamente nema: ela reforça a sensação de lugar, os senti-
dessa ferramenta do cinema, ou seja, pista, mentos de um personagem, o tempo histórico.
banda ou trilha de som. Todos os sons conti- Para que o espectador tenha a sensação de
dos no filme fazem parte da trilha sonora e es- que foi “engolido” pela tela e está em um filme
tão gravados na banda de som. As duas linhas épico que se passa na Roma antiga, será bem
são os dois canais de som: o da direita e o da provável que o designer sonoro garanta que
esquerda. O som é registrado dessa maneira nenhuma sonoridade do século XX soe na
para que possa se realizar um efeito estereo- trilha. Turbina de avião, motor de carro, mú-
fônico. sicas com guitarras elétricas são exemplos de
sonoridades evitadas. De igual maneira, esse
O fato de vir na mesma película da imagem mesmo profissional é responsável por pesqui-
permitiu que sonoplastas abusassem da expe- sar quais seriam as sonoridades escutadas na
riência de sincronia, em que o som se “casa” época, tais como bigas e charretes puxadas
perfeitamente com a imagem. Isso significava por boi e por cavalo, músicas tocadas com lira
que os ruídos do ambiente e as falas das per- ou trompa antigas, som de multidão em um
sonagens poderiam ser inseridos sem o risco legítimo circo romano.
de destoarem da imagem.
Para conhecer as opiniões de um compo-
Imagine o som de uma porta que se fecha sitor sobre a experiência de produzir música
chegando alguns décimos de segundo depois aplicada, sugerimos a apresentação do DVD
da imagem. Ou os lábios do galã placida- Cinema (DVD 10 da Série Chico Buarque Es-
34
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
pecial), no qual o compositor conta sua pró- O filme Maria Antonietaf, de Sofia
pria experiência com a sétima arte. Coppola, conta a história da última rainha da
França e passa-se no século XVIII. A trilha
A trilha sonora é um espaço de liberdade é composta por músicas do final do século
e de criação, em que nem tudo necessita ser XX, sobretudo da new age da década de 1980
verossímil. Quais filmes eles se lembram cuja e do pop rock dos anos 1990. Contudo, não
trilha sonora é marcante? Se for possível, você destoa das intenções narrativas de Sofia, por-
pode trazer para a classe alguns exemplos, se- que o filme também é uma grande crítica à so-
lecionando trechos adequados para os seus ciedade de consumo atual, feita por meio de
alunos. uma edição que lembra a de filmes destinados
ao público adolescente. Abrange desde a es-
Em M., o vampiro de Düsseldorf a, de Fritz colha de objetos de consumo da rainha, que
Lang, por exemplo, a música é peça-chave também são objetos de desejo da mulher atual
para que se resolva o mistério dos assassina- (vestidos, sapatos, doces), aos signos trazidos
tos em série que aterrorizam a cidade alemã do século XX, como um tênis posto em meio
de Düsseldorf. A história passa-se na Ale- à coleção de sapatos da monarca francesa.
manha da década de 1930, mesma época em Mostra também outros contrastes, como a re-
que foi rodada, em pleno período da ascen- constituição de figurino, cenário, maquiagem,
são nazista. Por isso, o filme é tomado por entre outros elementos que, além de refletir
uma aura sonora de repressão e cautela. A uma época, são, ao mesmo tempo, transfigu-
música em questão é a última parte da obra rados pelas escolhas das cores, pelos trejeitos
Peer Gynt − Suíte I Op. 46, denominada O das personagens, pela apresentação dos video-
castelo do rei, do compositor norueguês Ed- clipes. E não é que as décadas de 1980 e 1990
vard Grieg. são períodos de consolidação dessa nova lin-
guagem? Não é a época em que surgiu a MTV,
O filme Contatos imediatos do terceiro a ditar regras de comportamento à juventude?
graub, de Steven Spielberg, é outro exemplo Não é a época da ascensão da sociedade de
de filme cuja música é elemento crucial da consumo, tal como nós a conhecemos hoje?
narrativa. O meio de contato entre humanos
e extraterrestres se faz por uma melodia que f Há trilhas sonoras também para a dança e o
teria sido ensinada pelos ETs a vários povos teatro? Qual é o papel da música no cinema?
da Terra. Essa melodia seria a senha que pos- Serve para criar o “clima”? Ser o tema ro-
sibilitaria o diálogo entre essas duas formas mântico de um casal? O anúncio dramático
de vida. A música desse filme, bem como de no começo do filme antecipando a história
vários outros de Spielberg, foi composta por contada? Ou apenas a música que toca ao
John Williams, especialista em criar os ditos fundo de uma cena de festa ou restaurante?
“temas-chiclete”, temas musicais que identifi-
cam o filme e que não saem da memória do f De quais efeitos de som em filmes você se
espectador. Vide os temas dos filmes Tubarãoc, lembra? Como você acha que eles foram
Indiana Jones e o templo da perdiçãod, A lista produzidos? De que modo influem na sen-
de Schindlere, entre outros. sação que a cena oferece?
a
DVD M., o vampiro de Düsseldorf (M). Direção: Fritz Lang. Alemanha, 1931. 105 min. 12 anos.
b
DVD Contatos imediatos do terceiro grau (Close encounters of the third kind). Direção: Steven Spielberg. EUA,
1977. 135 min. 12 anos.
c
DVD Tubarão (Jaws). Direção: Steven Spielberg. EUA, 1975. 123 min. 14 anos.
d
DVD Indiana Jones e o templo da perdição (Indiana Jones and the temple of doom). Direção: Steven Spielberg.
EUA, 1984. 118 min. Livre.
e
DVD A lista de Schindler (Schindler’s list). Direção: Steven Spielberg. EUA, 1993. 197 min. 16 anos.
f
DVD Maria Antonieta (Marie Antoinette). Direção: Sofia Coppola. EUA, 2006. 123 min. 14 anos.
35
Mas não lhe cabe apenas anunciar acon- bebês dinossauros. Sem o som, o filme perde
tecimentos, criar situações e climas; nem só a verossimilhança. O mesmo acontece com
disso vive a música de cinema. Às vezes, ela filmes como No limitei, de Lee Tamahori, no
conduz a narração, antecipando fatos ou ofe- qual há animais que perseguem incansavel-
recendo uma informação não contida nos diálo- mente as personagens principais. No caso, o
gos, nem no cenário. Um outro aspecto para a animal é um urso, que no mundo real emite
apreciação são os efeitos de som. Quais filmes um som que lembra um urro. Mas, no cine-
os alunos lembram nos quais esses efeitos pro- ma, a sonorização do animal foi feita com
duziam impacto? Eles percebem que um bom misturas de rugidos de leão, para que o urso
trabalho de sonorização garante o aperfeiçoa- soasse mais agressivo e o espectador sentisse
mento da caracterização de personagens e de o mesmo medo vivido pelas personagens, e
elementos de cena? Exemplos clássicos podem para que houvesse a sensação de que o ani-
ser lembrados. mal era muito grande.
f As naves do filme Guerra nas estrelas – Epi- Para conversar sobre sonorização e criação
sódio IV: uma nova esperançag, de George de efeitos sonoros, recomendamos a apreciação
Lucas: na época em que foram confeccio- do filme Vermelho como o céuj, de Cristiano
nadas, ainda não havia uma tecnologia de Bortone. O filme narra a infância de Mirco
efeitos visuais gerados por computador. Por Mencacci, famoso editor de sons do cinema
isso, as naves eram maquetes filmadas com italiano, que, mesmo tendo ficado cego, se
as câmeras bem próximas do objeto. Para adaptou à sua nova realidade e superou as di-
que o público dos cinemas pudesse ter a sen- ficuldades por meio de suas investigações e in-
sação de que a nave era gigantesca, e não venções sonoras. Embora não trate diretamente
uma maquete, pensou-se em lhe dar uma so- de sonorização para o cinema, o filme fala so-
noridade. Se fôssemos analisar o filme pela bre a necessidade da pesquisa e da imaginação
verossimilhança, diríamos que o grande erro para se criar efeitos sonoros. Uma segunda in-
de George Lucas foi permitir que suas naves dicação é A última noitek, de Robert Altman. O
produzissem som no espaço sideral, já que o filme mostra a última gravação, ao vivo, de um
som não se propaga no vácuo. Contudo, programa de rádio, em que músicos realizam as
o cinema é uma arte ficcional e, como qual- atrações musicais e os efeitos sonoros durante a
quer manifestação artística, não precisa ter programação. Os efeitos sonoros encontram-se
critérios científicos de verificabilidade. Assim, entre os 48 e 52 minutos do filme.
o que ficou valendo foi a necessidade de ofe-
recer ao espectador a sensação de grandeza. São inúmeros os exemplos que podem am-
pliar a apreciação. Trazidos por você ou lem-
f Filmes como Parque dos dinossaurosh, de brados pelos alunos, ou, ainda, sugeridos para
Steven Spielberg, necessitam de uma sono- que vejam em casa desde que sejam apropriados
rização que indique características dos ani- para essa idade, esses exemplos e as conversas
mais pré-históricos: rugidos graves para o geradas a partir deles têm espaço para registro
tiranossauro rex, sons ferinos para os agres- no Caderno do Aluno, preparando o ambiente
sivos velociraptors,, sons delicados para os para as próximas ações.
g
DVD Guerra nas estrelas – Episódio IV: uma nova esperança (Star wars – Episode IV: a new hope). Direção:
George Lucas. EUA, 1977. 121 min. Livre.
h
DVD Parque dos dinossauros (Jurassic park). Direção: Steven Spielberg. EUA, 1993. 126 min. Livre.
i
DVD No limite (The edge). Direção: Lee Tamahori. EUA, 1997. 117 min. 14 anos.
j
DVD Vermelho como o céu (Rosso come il cielo). Direção: Cristiano Bortone. Itália. 2006. 95 min. 12 anos.
k
DVD A última noite (A prairie home companion). Direção: Robert Altman. EUA, 2006. 105 min. Livre.
36
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
37
Os alunos, em grupos, poderiam trazer para a Será importante que os alunos per-
aula um objeto que considerassem interessante cebam se há, ou não, a diversidade
para desenvolver a proposta: o objeto em si, dos tipos de produção sonora en-
uma fotografia dele ou um pequeno vídeo contrados pelos grupos, fazendo suas anota-
com ele. Para criar o vídeo, poderiam utili- ções no Caderno do Aluno. Para orientar
zar as câmeras filmadora ou fotográfica di- essas anotações, os alunos encontram os se-
gital da escola, ou mesmo celulares. O objeto guintes questionamentos:
precisa ser necessariamente animado, ou seja,
os alunos precisarão conferir-lhe movimento,
mesmo que isso aconteça ao vivo, sem a utili- f Depois que todos os grupos apresentaram
zação de gravação em vídeo. suas criações, ao vivo ou por meio de gra-
vação, mapeie a seguir as sensações provo-
Para isso, precisam organizar as ideias em cadas nos ouvintes, os recursos utilizados
um roteiro para que se saiba o que acontecerá por outros grupos que você considerou
com o objeto. Quais seriam seus dilemas, obstá- interessantes e outras ideias que surgiram
culos ou desafios? Qual será a história contada? após essa experiência.
Um monstro que ataca uma cidade? Um monstro
apaixonado? Um monstro à procura de sua mãe? f Para comemorar sua formatura, o que po-
deria ser feito em relação à música? Por que
A tarefa seguinte é a sonorização. Como não aproveitar este momento para criar
soaria um pintinho de 5 metros de altura? Ou uma marca sonora da turma para celebrar
uma caneta gigante assassina? Ou um repolho a formatura? Quais outras ideias podem ser
voador? Que outros objetos os alunos poderiam pensadas?
escolher para representar o monstro por meio
da sonoplastia? A apresentação do som pode-
ria ser feita por meio de gravação ou de execu-
ção ao vivo na classe.
38
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5
CONEXÕES ENTRE OS TERRITÓRIOS DE LINGUAGENS
ARTÍSTICAS E DE FORMA-CONTEÚDO
39
SÍNTESE E AVALIAÇÃO
A formação cultural dos alunos envolve os conteúdos potenciais apresentados nas
diferentes aspectos, entre os quais a amplia- possibilidades deste Caderno nos territórios
ção de conceitos, a percepção e a expressão de linguagens híbridas e convergentes e de
sobre/na arte. Os mapas a seguir mostram forma-conteúdo.
fronteiras “líquidas”
entre as
linguagens artísticas
Ealp de repertório; dança
moderna e seus criado- aproximaç}es da música com
res; dança teatral. outras linguagens;
trilhas sonoras: música e efeitos sonoros;
música de cinema.
design e designers; relação
forma-função; relação entre forma
e processos industriais; mescla entre as linguagens teatral e
aspectos múltiplos do design cinematográ¿ca;
grá¿co de moda de moEiliário Yídeos proMeç}es de slides e exiEição
de produtos; desenho de imagens ¿lmadas na hora no local
industrial etc. da apresentação teatral;
cenários inYisíYeis para teatrali]ar ¿lme.
forma-conteúdo
40
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
41
TRAVESSIA POÉTICA: DO FAZER ARTÍSTICO AO
RITUAL DE PASSAGEM
Desde o início do ano letivo, o pensar e o saberes estéticos
fazer em arte na 8a série/9o ano percorreram processo e culturais
caminhos para ampliar o contato dos alunos de criação
Você
com a arte por meio da compreensão das está
linguagens
poéticas pessoais. A aproximação com os aqui
artísticas
processos de criação de coreógrafos, de ato-
res, de músicos e de artistas visuais e a pes- materialidade
quisa sobre o diálogo com a materialidade
na criação da forma artística (volume 1) forma-conteúdo
patrimônio mediação
ofereceram aos alunos um encontro com a cultural cultural
especificidade das linguagens da arte e com
a construção de suas poéticas pessoais ou
de artistas. Rompendo as fronteiras entre
as linguagens, privilegia-se a percepção da
convergência entre as artes visuais, o design Conhecimentos priorizados
e as linguagens híbridas nas estreitas articu-
lações entre dança, música e teatro, e entre processo
vida cotidiana e arte contemporânea (vo- de criação
lume 2).
linguagens
artísticas
Neste momento, que encerra o período esco-
lar do Ensino Fundamental, é tempo de novas
composições, capazes de revelar histórias vividas materialidade
42
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
linguagens
aqui
artísticas
materialidade
patrimônio mediação
cultural cultural
forma-conteúdo
43
f Saberes estéticos e culturais, selecionando f à atitude reflexiva sobre o estudo, a pesquisa
os conceitos estudados especialmente em e a produção poética realizados no ano letivo;
relação aos criadores e produtores de arte
e cultura, às práticas e políticas culturais, à f ao mapeamento dos conceitos e procedi-
história, à estética e à filosofia da arte; mentos estudados e experimentados em
Arte durante o ano letivo.
f Mediação cultural, verificando a relação en-
tre as produções e quem as vê, os cuidados
com a exposição, a curadoria educativa, os Competências e habilidades
espaços sociais da arte e as possibilidades
de formação do público; f Elaborar, realizar e mostrar um projeto
poético individual ou colaborativo;
f Patrimônio cultural, ampliando a percep-
ção sobre os bens simbólicos, preservação f identificar conceitos e procedimentos estudados
e memória que foi possível tangenciar nos e experimentados em Arte durante o ano letivo;
processos vividos.
f conscientizar-se do processo de estudo, de
O exercício nesses territórios pode mover pesquisa e de produção em Arte desenvol-
os estudantes: vido durante esse período escolar.
44
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 6
FAZENDO POETICAMENTE PARA GUARDAR NA MEMÓRIA
Neste estudo, focalizamos especial- de madeira, nas malas, nas cartas e nos docu-
mente a produção de álbuns para guardar mentos formam um “acervo de sensações”,
na memória esse momento da vida, esse uma bagagem emocional, pessoal e cultural,
rito de passagem que marca a conclusão que José Rufinoa também tornou visíveis em
do Ensino Fundamental. suas obras. Sobre os papéis marcados pelo
tempo e pelas histórias que testemunham,
Rufino cria manchas de cor e dor, monoti-
Proposição I – Movendo a pias simétricas que nos remetem às Manchas
apreciação de Rorschach.
45
© Eduardo Eckenfels
© Eduardo Eckenfels
24 25
Figuras 24 e 25 – Rosângela Rennó. Bibliotheca, 2002. Vitrines em alumínio pintado e acrílico, fotografias digitais, caixas de
slide, negativos, álbuns de foto e mapa impresso em processo Íris. Dimensões variáveis. Museu da Pampulha, Belo Horizonte
(MG). 24) Grupo 1. 25) Grupo 2.
© Fabio Ghivelder
Figura 26 – Rosângela Rennó. Vista da exposição O arquivo universal e outros arquivos. 37 vitrines contendo álbuns de
fotografia antigos e fotografias laminadas sob acrílico, mapa e arquivo de aço. Dimensões variáveis. Centro Cultural Banco
do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 2003.
46
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
© Lenise Pinheiro/Folhapress
Figura 27 – Lenise Pinheiro. Montagem fotográfica com o elenco da peça Énoé, uma cosmogonia, 1998. Folha de S. Paulo,
Ilustrada, 22 maio 1998.
47
O que chama a atenção dos alunos nas fo- para pesquisa e consulta sobre montagens
tos apresentadas? Se o teatro é arte viva, como antigas, ensaios, salas de teatro, companhias
é possível recortar uma cena, um momento de e coberturas de festivais teatrais.
emoção, e transformá-la em imagem estática,
chapada, na folha de papel? Essa é a mágica Os trabalhos dos fotógrafos de teatro falam
dos fotógrafos teatrais, profissionais de sensi- por si, porque possuem uma estética que torna
bilidade apurada, responsáveis por produzir a fotografia uma obra de arte autônoma. As fo-
as fotos que revelam ao público um frag- tos de espetáculos teatrais, como documenta-
mento dos espetáculos, antes mesmo de suas ção fotográfica, oferecem também referências
estreias. para o estudo da história do próprio teatro; a
pesquisa sobre atores/atrizes e cenografia; a en-
Os alunos percebem as imagens de Lenise cenação de determinado texto ou a interpreta-
Pinheiro como fotos de teatro? O que mais lhes ção de um personagem específico.
chama a atenção? Quais as diferenças entre as
imagens apresentadas? Como eles imaginam E o que os alunos sabem sobre o registro na
que uma montagem fotográfica seja feita? música e na dança?
b
Cacilda – Blog de teatro. Disponível em: <http://cacilda.blogfolha.uol.com.br/>. Acesso em: 9 dez. 2013.
48
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
das de 1970 e 1980, ele propunha como parte das imagens e da ampliação possível? A poten-
do trabalho de pesquisa de repertório a inves- cialidade da linguagem da fotografia e dos re-
tigação dos sons da cidade, fazendo soar no gistros, os artistas e os estudiosos citados nos
coro as músicas arquivadas na memória das transportam para a possibilidade da criação
pessoas. Ele colecionava aquilo que denomi- de álbuns.
nava “cantos de um povo de um lugar”.
Para que você, professor, reflita e
Na linguagem da dança, podemos citar planeje a discussão com sua turma,
as fotos e os documentários como formas apresentamos a seguir os questiona-
de registrar as memórias em movimento. mentos presentes no Caderno do Aluno:
Em 2005, por exemplo, foi produzida a sé-
rie Danças brasileiras, dirigida por Belisário f O que há de diferente e semelhante entre
Franca, que mostrava as danças populares elas?
de todo o país. Para dialogar com a tradi-
ção das danças populares, participam como f Olhando as imagens de Rosângela Rennó,
apresentadores da série o multiartista e estu- vê-se que a artista não faz fotografia, ape-
dioso da cultura popular brasileira Antonio nas coleta imagens de fotos antigas, fotos
Nóbrega e sua parceira, Rosane Almeida. A digitalizadas e slides que contam sobre vi-
série mostra os valores da cultura brasileira das e a condição humana. O que você pen-
na dança e no canto que trazem a mistura sa sobre esse modo de criação da artista?
incomum de marcas da colonização euro- Para você, ao vasculhar, guardar e ressig-
peia com elementos caboclos, africanos, in- nificar os vestígios da memória presentes
dígenas e ciganos. em imagens fotográficas, Rennó leva-nos
a refletir sobre quais aspectos?
Igualmente considerado excelente regis-
tro é o documentário Renée Gumiel – a vida f Você conhece artistas que lidaram poeti-
na pele, dos diretores Inês Bogéa e Sérgio camente com a memória?
Roizenblit (2005), que mostra o percurso da
dançarina e coreógrafa francesa, que fale- f Observe agora as imagens de Lenise Pi-
ceu aos 92 anos e estava radicada no Brasil nheiro. O que mais chama a atenção nessas
desde 1961. A trajetória de Renée Gumiel se fotos de cenas de teatro? Como você ima-
entrelaça com a modernização da dança pau- gina que uma montagem fotográfica seja
lista. O documentário coproduzido pela TV feita?
Cultura e pela Rede Sesc/Senac de Televisão
(STV) contém imagens marcantes da carreira f Quais os desafios do fotógrafo para que,
de Gumiel: o “ensaio de despedida dos pal- ao recortar uma cena, não perca um mo-
cos”, em A memória gruda na pele (1993), o mento de emoção, transformando-a ape-
encontro com o dançarino estadunidense nas na imagem estática, chapada, na folha
Steve Paxton (por ocasião do evento Impro- de papel? Para que servem fotos de espetá-
visação 2000, em São Paulo) e a remontagem culos teatrais? Seriam só para divulgação?
de As galinhas, com Ismael Ivo e Dorothy Elas podem ser consideradas também arte
Lenner (2000). autônoma?
No Caderno do Aluno, o que eles registram f E o que você sabe sobre o registro na músi-
do que ficou dessa conversa a partir da leitura ca e na dança?
49
Proposição II – Ação expressiva Cada página pode ser também digitalizada e
retrabalhada em computador.
Álbuns guardam memórias. No passado,
os álbuns de recordações tinham capas de Para iniciar essa produção, podemos
couro caprichadas e eram oferecidos para lembrar dos livros de artista, também de-
que os colegas, os professores e a família signados livros-arte ou livros-objeto. Ne-
escrevessem pequenas poesias e textos. Ál- les, palavras, imagens e signos articulam-se
buns de casamento, de formatura, de via- poeticamente, em uma sequência variável,
gens sempre fizeram parte das memórias cinética e inovadora tanto na forma como
pessoais e coletivas. Hoje, com a possibili- no conteúdo, que desafia uma nova relação
dade de digitalizar imagens e a facilidade de com aquilo que se pode chamar de livro-
tirar fotografias até mesmo com aparelhos -objeto, pois, muitas vezes, ganha status de
celulares, podem-se criar álbuns digitais e escultura ou objeto. Frequentemente são
projetá-los em grandes dimensões, graças a exemplares únicos e não impressos.
aparelhos multimídia.
Que memórias nossos alunos guardam de
Mas o que pode compor esses álbuns de livros que mostram uma profunda relação
memória no momento de encerramento do entre imagem e texto? Já viram livros com
percurso do Ensino Fundamental? uma narrativa contada apenas por imagens?
Sabem que livros somente com imagens exis-
Podem ser construídos álbuns sonoros tem na biblioteca da escola? O que os alunos
com músicas escolhidas pelo aluno ou po- podem descobrir numa visita à biblioteca?
dem ser criadas trilhas sonoras que tragam
à lembrança a paisagem sonora da escola Ao visitar um editor grego que utilizava
ou da memória dos alunos. sobras de impressões, Henri Matisse foi
convidado a criar um livro, em edição limi-
A criação de pequenos vídeos, com mo- tada, com colagens sobre folhas de papel
vimentos de câmera que focalizam apenas previamente pintadas com guache. Matisse,
partes do corpo, pode mostrar a dança dos então, desenhou com a tesoura. Em 1943,
pés, das mãos ou de outros detalhes, com aos 74 anos, as 20 colagens já estavam pron-
o cuidado de capturar a expressividade do tas, mas o livro só foi impresso em 1947, de-
gesto. vido a dificuldades técnicas. Deu ao livro
o título de Jazz, pois, embora seus temas
Cenas de teatro podem ser improvisadas remetessem ao teatro e ao circo, havia nele
e fotografadas para compor um álbum nar- uma conexão direta com o conceito de im-
rativo que conte histórias como se fosse um provisação comum a esse estilo. Isoladas e
diário de bordo sobre percursos ou situa- independentes do livro, suas colagens foram
ções que marcaram a passagem escolar do impressas e muito divulgadas. Geraram
grupo de alunos. também desenhos para tapeçarias, vitrais e
novas obras em guache em grandes painéis.
Álbuns de fotografias e de desenhos po- Imagens do livro criado por Matisse podem
dem ser criados com fotos 3×4 de cada aluno. ser encontradas facilmente na internet.
Desenhos, colagens e poesias podem compor
as páginas pessoais dos alunos, que podem Essas ideias podem estimular os alunos
ser fotocopiadas para que todos possuam a produzir seus álbuns com as tecnologias
um exemplar (é como se fosse uma página hoje disponíveis. Se na escola houver sala
da agenda pessoal que muitos alunos fazem). de informática, não é difícil trabalhar com
50
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 7
OLHAR SOBRE O PROCESSO VIVIDO:
UM BARALHO DE ARTE E CULTURA
c
Não caberia neste Caderno um guia completo de utilização desses programas. Com algumas informações bási-
cas, os alunos podem descobrir na sala de informática o que eles podem fazer. Se isso não for possível, lembra-
mos que essa proposição é apenas uma dentre tantas outras realizações possíveis.
51
O portfólio é um jeito de se olhar, de se ver ção de um baralho de arte e cultura para que
no percurso da aprendizagem. Não é simples- os alunos possam pensar sobre sua aprendi-
mente uma pasta de aluno; ele tem autoria. É zagem durante o período letivo por meio dos
uma compilação de sentidos e está carregado diferentes “Territórios da Arte”.
do olhar pessoal de quem estudou, pesquisou,
apreciou, pensou a arte e discutiu sobre ela. No Caderno do Aluno, em “Ação expres-
siva”, há, como sugestão, um modelo para a
Por tudo isso, a ideia aqui é que os alunos, elaboração do baralho sugerido, bem como os
criativamente, façam a montagem de um port- encaminhamentos desta produção.
fólio que possa abranger o processo vivido du-
rante o ano letivo. Inicialmente são preparadas as cartas do
baralho, cortando-as, preferencialmente em
Duas ações darão início à montagem desse papel encorpado (canson, duplex), no tama-
portfólio. No Caderno do Aluno, em “Você nho de 9 × 6 cm.
aprendeu?” e em “Apreciação”, constam os
mapas trabalhados e há espaços reservados Cada aluno irá preparar suas cartas. Serão
para o registro das reflexões dos alunos. sete no mínimo (ou seja, uma para cada ter-
ritório). Em um dos lados, ele personalizará
A primeira é a apresentação aos alunos de o seu baralho; no outro, escreverá o nome
todos os mapas com os territórios e os conteú- de um dos “Territórios da Arte” constantes
dos referentes às propostas de estudo de cada do Currículo: processo de criação; linguagens
volume e, também, da imagem da obra de Iole artísticas; materialidade; forma-conteúdo; me-
de Freitas. Suas linhas levaram à configuração diação cultural; saberes estéticos e culturais;
dos mapas agrupados a seguir, na Síntese do patrimônio cultural. Nessa face do baralho,
ano. O que os alunos percebem, identificam, o aluno deverá escrever o que foi mais inte-
desconhecem, localizam nos mapas? Que sen- ressante e significativo na aprendizagem em
sação provoca neles o fato de que as linhas dos Arte durante este ano letivo, focalizando cada
mapas nasceram das linhas da obra de Iole de um desses territórios. Para cada território, o
Freitas? aluno pode usar a quantidade de cartas que
forem necessárias.
Na segunda ação, os alunos devem reexa-
minar seus portfólios. O que irão encontrar Destacamos entre parênteses alguns pon-
nesses portfólios? Fazem relação com os mapas tos que podem ser relembrados, mas, antes de
correspondentes aos volumes? O que gostariam apresentá-los, deixe que os alunos formulem
de ter feito de outra forma? Quais trabalhos eles suas hipóteses. Elas podem distanciar-se do
acreditam ser os mais representativos de sua que apresentamos aqui.
aprendizagem?
Como os alunos que trabalharam com mú- f Processo de criação. O que os alunos colo-
sica organizaram seus portfólios? Têm suas caram como aspectos percebidos nos proces-
produções gravadas em alguma mídia (CD, ce- sos de criação vividos? (A poética pessoal,
lular, computador, mp3)? Possuem partituras e a criação coletiva, o diálogo com a ma-
mapas sonoros? Suas impressões, inquietações téria no próprio fazer, o aproveitamento
e descobertas foram relatadas? Inspiraram-se do acaso, o caos criador, as decisões, as
nos vários portfólios virtuais vistos nas páginas preferências estéticas, os repertórios pes-
oficiais dos músicos na internet? soal e cultural, a intuição, as referências
de outras linguagens da arte; pesquisa;
A partir dessa reflexão, e tendo por elemen- experimentação; ação inventiva; imagina-
tos a produção do ano, sugerimos a constru- ção criadora; coleta sensorial; memória;
52
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
53
(Criadores e produtores de arte e cultura vivido com mais intensidade? Quais territórios
que conheceram; movimentos da História foram os mais trabalhados? Quais foram menos
da Arte; especificidades das linguagens da trabalhados?
arte; práticas e políticas culturais, cultura
visual; comunicação visual etc.); As análises nos ajudam, como professores,
a perceber o que valorizamos no processo vi-
f Patrimônio cultural. Que aspectos os alunos vido e o que ficou para projetos a serem de-
perceberam quanto à compreensão do patri- senvolvidos com as turmas que virão e pelos
mônio cultural? (Bens patrimoniais, valori- “Territórios da Arte” e da cultura.
zação da cultura local e das produções dos
alunos; heranças culturais da região; a cul- Organize tempo para os alunos elabora-
tura brasileira; a educação patrimonial que rem regras de jogo com as cartas do baralho
preserva e valoriza a memória, a responsa- de arte e cultura, em um exercício que exige a
bilidade social etc.); criatividade.
54
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
SÍNTESE E AVALIAÇÃO
A formação cultural dos alunos envolve movimentam a vida pedagógica, cheia de pos-
diferentes aspectos, como a ampliação de sibilidades em sala de aula.
conceitos, a percepção e a expressão sobre/
na arte. Os mapas a seguir mostram os con- Chegar ao fim de um ano letivo é, ao mesmo
teúdos potenciais propostos durante o ano tempo, uma conquista e uma frustração. É
letivo. uma conquista porque nos dá a sensação de
que conseguimos, ao menos, realizar o que
O mapa, como se sabe, é a cartografia de foi proposto como estudo. É uma frustração
territórios. Feito de linhas, ele guarda a po- porque sabemos que ainda há tanto por dizer,
tencialidade das viagens, dos percursos, ou conversar, problematizar, criar...
melhor, a escolha de percursos sugeridos em
cada Caderno. Como andarilhos, vamos de Assim como na arte, tudo está sempre por
um território a outro, fazendo trajetos que vir.
poéticas no território de
processo de criação
ação inventiva;
imaginação criadora;
vigília criativa;
intuição, referência de outras
estudo e pesquisa;
linguagens da arte ou não; a escolha de matprias, ferramentas,
percurso de experimentação;
pesquisa e experimentação; suportes e procedimentos tpcnicos
perseguir ideias; esboços;
Mogos de apropriação de textos. em diálogo com os processos de criação.
spries; anotações;
poptica pessoal;
pensamento visual.
55
roteiros visuais e sonoros em fronteiras “líquidas”
entre as linguagens da arte
fronteiras “líquidas”
está entre as
aqui as relações forma-conteúdo construindo
linguagens artísticas temáticas e sentidos;
balp de repertório; dança leitura como exercício de percepção e imaginação;
moderna e seus criado- multiplicidades de leituras;
aproximações da música com
res; dança teatral. fronteiras “líquidas” entre as linguagens da arte.
outras linguagens;
trilhas sonoras: música e efeitos sonoros;
música de cinema.
design e designers; relação
forma-função; relação entre
forma e processos industriais; mescla entre teatro e cinema;
aspectos múltiplos do design vídeos, proMeções de slides e exibição
grá¿co, da moda, do mobiliário, de imagens ¿lmadas ao vivo, no local da forma-conteúdo
de produtos; desenho apresentação teatral;
industrial etc. cenários invisíveis para teatralizar ¿lmes.
saberes estéticos
processo fazendo poeticamente para processo e culturais
de criação guardar na memória de criação
olhar sobre o
processo vivido
linguagens linguagens
artísticas artísticas
materialidade materialidade
56
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
© Sergio Araújo
Figura 29 – Iole de Freitas. Estudo para superfície e linha, 2005. Instalação. Policarbonato e aço inox, 4,2 × 30,0 × 10,6 m.
Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro (RJ).
57
NUTRIÇÃO ESTÉTICA
Para ampliar o contato dos alunos com o fosse receita culinária. O ponto de partida
hibridismo e a convergência na linguagem da para essa receita é a observação de algumas
arte, no Caderno do Aluno está proposta a imagens apresentadas, e que serão os ele-
elaboração de uma receita de como fazer uma mentos que virarão os ingredientes e suas
linguagem híbrida ou convergente, como se dosagens.
BARTHES, Roland. A câmara clara: nota FARIAS, Agnaldo. Arte brasileira hoje. São
sobre fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fron- Paulo: Publifolha, 2002.
teira, 2000.
FERREIRA, Rousejanny da Silva. Para de-
BOGÉA, Inês. Contos do balé. São Paulo: Co- sequilibrar o ballet: uma análise de sua cons-
sac Naify, 2007. tituição estética. Revista Digital Art&, ano VI,
n. 10, nov. 2008. Disponível em: <http://www.
BOURCIER, Paul. História da dança no oci- revista.art.br/site-numero-10/trabalhos/21.
dente. São Paulo: Martins Fontes, 2001. htm>. Acesso em: 9 dez. 2013.
58
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
SUCENA, Eduardo. A dança teatral no Bra- CINEMA. A trilha sonora do cinema: pro-
sil. Rio de Janeiro: Fundacen, 1988. posta para um “ouvir” analítico. Disponível
em: <http://www.eca.usp.br/caligrama/n_7/
SPOLIN, Viola. Jogos teatrais para a sala de pdf/marcia.pdf>. M., o Vampiro de Dusseldorf
aula: um manual para o professor. São Paulo: – Uma sinfonia de ruídos e silêncio. Dispo-
Perspectiva, 2007. nível em: <http://www.mnemocine.com.br/
index.php/cinema-categoria/29-somcinema/158
TAMBINI, Michael. O design do século. São -mvampiro>. Acessos em: 24 fev. 2014.
Paulo: Ática, 1997.
CISNE NEGRO CIA. DE DANÇA. Dispo-
XAVIER, Ismail (Org.). A experiência do ci- nível em: <http://www.cisnenegro.com.br>.
nema. Rio de Janeiro: Graal; Embrafilmes, Acesso em: 9 dez. 2013.
2003.
CHRISTIAN BOLTANSKI. Disponível em:
<http://www.tate.org.uk/context-comment/
DVDs articles/studio-christian-boltanski> (em in-
glês); <http://www.christian-boltanski.com>
BUARQUE, Chico. Cinema. Rio de Janeiro: (em inglês). Acessos em: 20 dez. 2013.
EMI, 2006. (Série Chico Buarque Especial,
10). 1 DVD. DOGVILLE. Disponível em: <http://www.
adorocinema.com/filmes/filme-28927/>.
BOGÉA, Inês; ROIZENBLIT, Sérgio (Dir.). Acesso em: 9 dez. 2013.
Renée Gumiel: a vida na pele. São Paulo: TV
Cultura e Rede Sesc/Senac de Televisão, 2005. ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE
1 DVD. ARTE E CULTURA BRASILEIRA. Dispo-
59
nível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org. MUSEU DA CASA BRASILEIRA. Dispo-
br/>. Acesso em: 14 fev. 2014. nível em: <http://www.mcb.org.br>. Acesso
em: 9 dez. 2013.
FOTOGRAFIA. Disponível em: <http://www.
cotianet.com.br/photo/>. Acesso em: 9 dez. 2013. PINA BAUSCH. Disponível em: <http://
www.pina-bausch.de> (em alemão). Acesso
FOTOGRAFIA DE TEATRO. Fredi em: 9 dez. 2013.
Kleemann. Disponível em: <http://www.centro
cultural.sp.gov.br/cadernos/lightbox/lightbox/ PRODUÇÃO AUDIOVISUAL. Disponível
pdfs/Fredi%20Kleemann.pdf>; Lenise Pinheiro. em: <http://www.mnemocine.art.br>. Acesso
Disponível em: <http://cacilda.folha.blog.uol. em: 9 dez. 2013.
com.br/>. Acessos em: 9 dez. 2013
ROCHELLE COSTI. Disponível em: <http://
INSTITUTO ARTE NA ESCOLA. DVDteca. rochellecosti.com>. Acesso em: 20 dez. 2013.
Disponível em: <http://artenaescola.org.br/
dvdteca/>. Acesso em: 9 dez. 2013.
ROSÂNGELA RENNÓ. Disponível em:
<http://www.cosacnaify.com.br/noticias/
IRMÃOS CAMPANA. Disponível em: <http://
campanas.com.br>. Acesso em: 9 dez. 2013. renno.asp>; <http://p.php.uol.com.br/tropico/
html/textos/2387,1.shl>. Acessos em: 20 dez.
JOSÉ RUFINO. Disponível em: < http:// 2013.
www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enci
clopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_ SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA.
biografia&cd_verbete=4971&lst_ Disponível em: <www.spcd.com.br>. Acesso
palavras=&cd_idioma=28555&cd_item=1>. em: 7 fev. 2014.
Acesso em: 20 dez. 2013.
SHOICHI AOKI, e a moda de rua no Japão.
MÁRIO DE ANDRADE. Disponível em: Disponível em: <http://www.nj.com.br/espe
<http://www.sescsp.org.br/sesc/hotsites/mis cial/especial_20070522.php>. Acesso em: 9
sao/index.html>. Acesso em: 9 dez. 2013. dez. 2013.
GLOSSÁRIO
60
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
O quebra-nozes e O lago dos cisnes, ambos O lago dos cisnes (1877, Moscou, Rússia).
com música de Tchaikovsky. Posições para os Música: Tchaikovsky. Coreografia: Marius
pés, os braços e as pernas, além de direções Petipa e Lev Ivanov. – Balé dramático em
e saltos, recebem nomes em língua francesa quatro atos, bastante popular no mundo da
que são utilizados no mundo inteiro. dança e um verdadeiro conto de fadas. Conta
a história de amor entre um príncipe e uma
Balés de repertório – Sua encenação surgiu no jovem enfeitiçada, condenada a passar os dias
século XIX, utilizando a dança, a música e a como um cisne, encanto que só será desfeito
mímica para contar uma história. Seguindo pelo amor verdadeiro. Em uma certa noite, ela
a tradição da dança clássica, até hoje são re- conhece o príncipe Siegfried. Apaixonam-se e
montados com música e coreografia originais, juram fidelidade. Mas ela é enfeitiçada pelo
baseados no estilo da escola que vai apresentá- bruxo Rothbart, e os amantes passam por
-lo: inglesa, francesa ou russa. Fazem parte da muitos sofrimentos. Ao final, o bem triunfa
encenação os grandes dançarinos, o corpo de sobre o mal.
baile e os solistas. Alguns balés de repertório
mais conhecidos são: O quebra-nozes (1892, São Petersburgo, Rús-
sia). Música: Tchaikovsky. Coreografia:
A bela adormecida (1890, São Petersburgo, Marius Petipa e Lev Ivanov. – Esse talvez seja
Rússia). Música: Tchaikovsky. Coreografia: um dos mais conhecidos balés de repertório.
Marius Petipa. Libreto: Ivan Vsevolojsky e Composto por dois atos, essa peça de dança é
Marius Petipa. – Balé em três atos e um pró- sempre uma das mais lembradas no repertório
logo, inspirado no conto infantil A bela ador- clássico de Natal. A história tem por espaço a
mecida, de Charles Perrault. Para esse conto Europa Oriental e por tempo o século XIX. A
de fadas, Perrault criou a clássica persona- peça conta a história da menina Clara que, em
gem Aurora, uma princesa que, ao nascer, foi uma noite animada de Natal, ganha um pre-
abençoada com três dons, mas igualmente sente bem diferente: um quebra-nozes. Para
amaldiçoada: cairia em sono eterno ao com- surpresa sua, ela acorda de repente no meio
pletar 16 anos. E a maldição concretizou-se: da noite e vê o quebra-nozes tomar vida. E
a princesa e o castelo ficaram adormecidos aqui começa a fantasia presenciada pela pla-
por longos anos. A maldição só foi quebrada teia, com uma luta entre ratos malvados e o
com a chegada de um príncipe encantado, Rei dos Ratos, com a transformação do que-
depois que ele beijou a princesa. bra-nozes em um príncipe encantador, com
uma viagem ao Reino dos Doces, entre outras
Coppélia (1870, Paris, França). Música: Leo tantas peripécias.
Delibes. Coreografia: Arthur Saint-Leon. –
Balé em três atos, inspirado em um dos contos Bauhaus – Renomada escola de design, de ar-
mais conhecidos de E. T. A. Hoffman, poeta tes plásticas e de arquitetura de vanguarda
e escritor alemão. A noiva Swanilda, persona- fundada na Alemanha, em 1919, por Walter
gem central da trama, assume o lugar da bo- Gropius. Ao longo de seus 14 anos de existên-
neca Coppélia, considerada a mais bonita do cia, foi considerada uma das maiores e mais
ateliê do artesão Coppelius, para reconquis- importantes expressões do Modernismo em
tar o noivo Franz, que havia se apaixonado design e arquitetura, e uma das primeiras es-
pela boneca, tal a sua perfeição. Quando des- colas de design no mundo. Oskar Schlemmer,
cobre que Coppélia é, na verdade, Swanilda, Walter Gropius, Josef Albers, Wassily
Coppelius fica muito amargurado, pois acre- Kandinsky e Paul Klee foram alguns de seus
ditava ter finalmente conseguido dar vida a ilustres professores.
uma de suas criações. Ao se casar com Franz,
Swanilda oferece a Coppelius todo o seu dote Brainstorming – Pode ser traduzido por “tem-
para que ele continue com seu trabalho. pestade de ideias”. Técnica criada pelo pu-
61
blicitário Alex Osborn em 1953, consiste em teatrais de performance cênica instituindo
reunir um grupo de pessoas com referências uma forma nova de dança. É uma linguagem
diversas, com o objetivo de formular todas as que, em contraste com a dança clássica, se
hipóteses possíveis e impossíveis referentes à caracteriza pela relação com fatos e movi-
criação de um determinado produto, acerca mentos que mencionam a realidade em que
da resolução de um problema etc. Tem como vivemos e pela sua multidisciplinaridade.
princípios adiar o julgamento (ou o prejulga- Sua mais importante protagonista foi Pina
mento) das ideias apresentadas e valorizar a Bausch, reconhecidamente a grande coreó-
expressão do maior número possível de ideias grafa da atualidade.
pelos participantes.
Design – Suas raízes remontam às corpora-
Dança contemporânea – Conjunto de princí- ções de ofícios, predominantes até o século
pios e procedimentos desenvolvidos a partir XVI, época em que o artesanato se separou
das danças moderna e pós-moderna. Pecu- das chamadas “belas-artes”. Movimentos
liaridades são encontradas na dança con- como o Arts and Crafts, liderado por
temporânea nos diferentes países onde é John Ruskin e William Morris, e a escola
praticada. Enquanto a dança moderna mo- Bauhaus contribuíram significativamente
dificou drasticamente as “posições básicas” para a concepção do design e sua divul-
de pés, pernas e braços oriundas da dança gação pelo mundo. No Brasil, os artistas
clássica, abandonando as sapatilhas das dan- Lasar Segall e John Graz, o arquiteto Gregori
çarinas, a dança contemporânea busca uma Warchavchik (criador da Casa Modernista) e
ruptura total com a dança clássica, seja no Joaquim Tenreiro (considerado o pai do mo-
que diz respeito aos movimentos, à música e biliário moderno no Brasil), por exemplo,
aos espaços, seja aos dançarinos e ao corpo não só impulsionaram a estética modernista
que dança. como também a estenderam a outras áreas,
como o design gráfico. Designers contempo-
Dança moderna – Surgiu no início do século râneos brasileiros evidenciam a pluralidade
XX e seus pioneiros procuravam maneiras de nossa cultura.
modernas e pessoais de expressar como se
sentiam por meio da dança. Entre os que co- Design sonoro – Engloba procedimento téc-
meçaram esse movimento estão as estaduni- nico e manipulação do resultado sonoro apli-
denses Isadora Duncan, Loïe Fuller e Ruth cado a um determinado espetáculo, filme,
St. Denis, o suíço Emile Jacque-Dalcroze e o software, entre outros, do desenho acústico do
austro-húngaro Rudolf von Laban. som de uma sala à fabricação de sonoridades
não existentes.
Dança de expressão – Criada na Alemanha no
início do século XX, propunha-se a expressar Ergonomia – Estudo científico com vistas ao
sensações e emoções por meio de movimentos. entendimento das interações estabelecidas
Rompe com a dança clássica em suas formas entre pessoas e produtos a fim de torná-los
e propõe ao dançarino que sinta seu gestual, compatíveis com as necessidades, habilida-
porque nasce do sentimento. Uma de suas des e limitações humanas. São considerados
mais significativas proposições foi libertar a critérios universais da ergonomia: o con-
dança da música. Mary Wigman é a sua mais forto, a eficiência, a segurança, a confiabili-
conhecida protagonista. dade e a usabilidade.
62
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
representação. Tornou-se ela mesma uma apenas uma única cópia, podendo ser adicio-
modalidade da arte, indo além de seu ca- nada à impressão de uma matriz.
ráter documental. O termo significa “es-
crita da luz”, pois a imagem é obtida pela Montagem – É a fase em que a obra cinemato-
ação direta da luz sobre um material a ela gráfica é organizada a partir da seleção e or-
sensível. O suporte fotossensível pode ser denação das cenas, isto é, o momento em que
composto de chapas metálicas (como no o diretor seleciona todos os enquadramentos
início da fotografia) ou de vidro ou película e planos fotografados, corta e recompõe os
(filmes) tratadas com compostos químicos. fragmentos em uma sequência ordenada e
Mais recentemente, apareceram os cartões e num ritmo desejado.
disquetes de máquinas digitais computado-
rizadas (em que a informação visual é des- Paisagem sonora – Conceito desenvolvido
crita por valores numéricos). por Murray Schafer, esse fenômeno musical
valoriza o ambiente sônico que nos envolve
Jingle – Mensagem publicitária musicada e cujas sonoridades são compostas não ape-
simples e de curta duração. Elaborada espe- nas pelos sons das metrópoles, mas também
cialmente para um determinado produto ou pelos sons dos elementos primordiais, como
empresa, é transmitida por rádio e, algumas a terra, o fogo, a água e o ar.
vezes, em comerciais de TV. Jingle eficiente é
aquele que “gruda” na memória do ouvinte Pantomima – É uma representação teatral
e reforça a marca do anunciante, por isso as marcada basicamente por gestos, por expres-
pessoas se lembram de jingles não veiculados sões faciais e por movimentos, mas que se
há décadas. diferencia da expressão corporal e da dança.
Basicamente, é a arte objetiva da mímica, de
Livro de artista, livro-arte ou livro-objeto – narrar com o corpo.
Manifestação da arte contemporânea que,
mesmo remotamente, tem o livro como re- Sonoplastia – Termo surgido na década de
ferente. Pode não ser um livro propriamente 1960, decorrente da junção da palavra latina
dito, ganhando o estatuto de escultura ou ob- sono (som) com a grega plastós (modelado).
jeto. Alguns deles são produzidos como exem- Designava, no teatro radiofônico, a recriação
plares únicos ou com tiragens pequenas. de sons da natureza, de animais e objetos, de
ações e movimentos, ilustrados ou sugeridos
Manchas de Rorschach – Método de inves- sonoramente em cada cena. Contemplava
tigação da personalidade, de viés psicanalí- também gravação e montagem de diálogos,
tico, elaborado pelo médico suíço Hermann bem como seleção, gravação e alinhamento de
Rorschach (1884-1922) com o objetivo de música com função dramatúrgica. Este termo
revelar a estrutura e a dinâmica da persona- é igualmente recorrente em teatro, no cinema,
lidade de pacientes. Buscava tais resultados no rádio e na televisão.
por meio da interpretação de pranchas com
borrões simétricos de tinta. Storyboard – Roteiro desenhado em ordem
cronológica, das cenas de um filme ou de uma
Mímica – É um jeito possível de se expressar história a ser contada, similar a uma história
pensamentos e sentimentos por gestos, por em quadrinhos, mas sem os balões de diálogo.
um conjunto de expressões corporais e fisio-
nômicas. Travelling – É um jeito de se movimentar a
câmera, que se desloca em um carrinho sobre
Monotipia – É definida como um processo de trilhos para acompanhar uma cena, um ob-
impressão sem uso de matriz. Assim, permite jeto ou pessoas.
63
ARTISTAS E OBRAS
Bruno Munari (Itália, 1907-1998) – Arquiteto, radores. Ao longo da narrativa, porém, os
professor, escritor, filósofo, designer. Partici- “amáveis” habitantes de Dogville descobrem
pou do movimento futurista. Como designer que Grace está sendo perseguida. A partir daí,
gráfico, foi diretor de arte de revistas e traba- os moradores da cidadela começam a revelar
lhou com a produção de livros infantis. Foi um suas verdadeiras faces e a explorar a forasteira
dos fundadores do movimento Arte Concreta. impedindo-a de abandonar o lugar.
Design e comunicação visual e Das coisas nascem
coisas são livros de referência escritos por ele. Edvard Grieg (Noruega, 1843-1907) – Mú-
sico e compositor. Influenciado por Mozart,
Christian Boltanski (França, 1944) – Fotógrafo, Weber e Chopin, sua obra é impregnada por
escultor e artista multimídia. A morte, a memó- referências folclóricas norueguesas. Pioneiro
ria e a perda de identidade são temas que o fi- na utilização impressionista da harmonia e da
zeram criar instalações, a partir dos anos 1970, sonoridade extraída ao piano, é considerado
em que trabalhou sobre vestígios de sua própria um expoente da música nórdica.
vida e da vida de anônimos, construindo “não
verdades” que desejava que fossem guardadas Fredi Kleemann (Alemanha, 1927 – São
em museus. Isso porque, ao mesmo tempo que Paulo/SP, 1974) – Alemão radicado desde
guardam e preservam, as obras escondem as 1933 na cidade de São Paulo. Amigo da atriz
memórias em arquivos fechados e iluminados Cacilda Becker, passou a integrar, em 1943,
por pequenas e fracas lâmpadas. Desse modo, o Teatro Brasileiro de Comédia como ator
o fotógrafo discute também a função social do coadjuvante. Franco Zampari, empresário e
museu, a deificação do artista, a dissipação da diretor da companhia, descobriu seus dotes
vida. de fotógrafo e o contratou para fazer as fotos
de divulgação e de registro dos espetáculos.
Cristiano Bortone (Itália, 1968) – A forma- Kleemann tornou-se, assim, fotógrafo especia-
ção acadêmica é em Cinema e televisão pela lizado em teatro, documentando a cena teatral
University of Southern California e pela New brasileira de 1949 a 1973. Três anos depois, em
York University. Sua produção inclui vários 1976, seu arquivo com 12 mil negativos pas-
curtas, documentários e produções televisivas. sou a pertencer ao Centro de Pesquisas sobre
O primeiro longa-metragem, Oasi (1994), foi Arte Brasileira Contemporânea do antigo De-
apresentado no Festival de Cinema de Veneza. partamento de Informação e Documentação
Artística (Idart), hoje Divisão de Pesquisas do
Dogville – Filme lançado em 2003, dirigido Centro Cultural São Paulo.
pelo dinamarquês Lars von Trier. Tudo se
passa em alguma cidadela pobre dos Estados Fritz Lang (Áustria, 1890 – Estados Unidos da
Unidos da América, com pouquíssimos ha- América, 1976) – Cineasta austríaco com parte
bitantes. A Grande Recessão Americana, da de sua produção realizada no cinema mudo e
década de 1930, é o pano de fundo. A histó- parte no cinema sonoro. É reconhecido pela crí-
ria gira em torno de Grace (Nicole Kidman), tica social e ideológica contida em sua obra, des-
uma jovem que, ao tentar se livrar de perigo- tacando-se o filme Metropolis. A música é peça
sos gângsteres, encontra aparente refúgio em fundamental em seu trabalho, tanto na fase do
Dogville. Tom (Paul Bettany), um intros- cinema mudo quanto na fase do cinema falado.
pectivo escritor racionalista infantilizado,
encanta-se com a moça. Movido por essa George Lucas (Estados Unidos da América,
sensação de deslumbramento, propõe que a 1944) – Cineasta que se tornou mundialmente
cidade ofereça abrigo a Grace. Em troca, ela conhecido pelas sagas Guerra nas estrelas e
executaria pequenos serviços para seus mo- Indiana Jones. Até 2012 (quando vende seus
64
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
negócios para a Disney), era um dos pou- Harry Potter, bem como para o primeiro filme
cos cineastas hollywoodianos com compa- Superman, estrelado por Christopher Reeve. Foi
nhia própria, a Lucasfilm, cujas subdivisões indicado 45 vezes ao Oscar, o que lhe confere o
(Skywalker Sound e Industrial Light & Magic) título de um dos maiores compositores da atua-
são respeitadíssimas em suas áreas de atuação, lidade. É interessante observar que apenas Walt
a saber: som e efeitos especiais. Merece desta- Disney foi indicado a mais de 45 Oscars.
que também a LucasArts, muito bem concei-
tuada na indústria de jogos para video games. José Rufino (João Pessoa/PB, 1965) – Ar-
tista visual e professor universitário, iniciou
Henri Matisse (França, 1869-1954) – Pintor, sua produção na década de 1980. Em 1983,
escultor, ilustrador, desenhista, litógrafo. Des- mudou-se para o Recife (PE), formando-se
cendente direto da estética de Paul Cézanne e em Geologia. Cartas, documentos e móveis
dos pós-impressionistas, tornou-se conhecido relacionados à sua história e à coletividade
como um dos principais artistas do Fauvismo, compõem suas instalações, cujos nomes são
ao lado de Albert Marquet e André Derain. em latim: Respiratio (respirar), Vociferatio
Abandonou a perspectiva e os efeitos de luz (gritar), Lacrimatio (lacrimejar), Sudoratio
e sombra para tratar a cor como valor em si (suar). Como um “acervo de sensações”, as
mesmo, de modo cada vez mais contundente, lembranças de infância e o mergulho na histó-
com projeção internacional em sua própria ria particular ou na coletiva são presentifica-
época. Viagens ao Marrocos e a Tânger, entre dos por documentos originais que se mostram
1910 e 1912, influenciaram sua obra. Em 1920, ou se escondem entre as cores de suas monoti-
colaborou com a companhia russa de balé de pias à moda das Manchas de Rorschach.
Sergei Diaghilev. Mais tarde, reduziu as linhas
à sua essência e, na velhice, a esquematização Jum Nakao (São Paulo/SP, 1966) – Estilista
das figuras tornou-se presente em seus dese- brasileiro. Educação rígida, alfabetização em
nhos com a tesoura, na concepção arquitetô- japonês; lutador de judô e jogador de tênis de
nica e na decoração do interior da capela do mesa. Essa é parte de sua história até a ado-
Rosário em Saint-Paul, ao sul França. lescência. Para encerrar sua participação no
mercado da moda, Nakao realizou o lendário
Irmãos Campana, Humberto (Rio Claro/SP, desfile na São Paulo Fashion Week de 2004,
1953) e Fernando (Brotas/SP, 1961) – São mas mantém seu prestígio e compartilha ta-
considerados irmãos de criação artística desde lento nas aulas de pós-graduação ministradas
muito cedo. No campo da formação acadê- no Instituto Brasil de Arte e Moda, como
mica, Humberto abandonou a Advocacia e também em exposições e palestras, no Brasil
Fernando graduou-se em Arquitetura. Em e no exterior.
1985, ambos enveredam pelo design de mobi-
liário. Visualidade dos anos 1980, ironia, bom Kurt Jooss (Alemanha, 1901-1979) – Dança-
humor e modo de ser do brasileiro são marcas rino e coreógrafo. Começou sua carreira na
do trabalho da dupla. década de 1920, em pequenos papéis nas co-
reografias de Rudolf Laban. Com grande in-
John Williams (Estados Unidos da América, teresse pelo ensino da dança, dirigiu vários
1932) – Compositor e responsável por prati- teatros e escolas, destacando-se a Folkwang
camente todas as trilhas dos filmes de Steven Hochschule, de Essen (Alemanha), onde a co-
Spielberg. É parceiro de trabalho do cineasta reógrafa Pina Bausch foi sua aluna. Em suas
George Lucas, a pedido de quem assinou fa- coreografias, interessava-se por temas morais,
mosas trilhas das bem-sucedidas séries cinema- sociais e políticos. Seu mais importante traba-
tográficas Guerra nas estrelas e Indiana Jones. lho coreográfico, A mesa verde (1932), é uma
Williams também compôs trilhas memorá- contundente declaração antiguerra, ainda hoje
veis para os três primeiros episódios da série encenada por diferentes companhias ao redor
65
do mundo. Com esta peça, ganhou o primeiro mundo da dança moderna, teve uma trajetória
prêmio no concurso internacional de coreo- artística marcada por significativas experiên-
grafia de Paris (França), também em 1932. cias profissionais. Estudou teatro e dança de
1913 a 1916; criou sua própria companhia
Le Corbusier (Suíça, 1887 – França, 1965) – de dança em 1930; e fundou a Martha Graham
Charles-Édouard Jeanneret-Gris, que adotou School of Contemporary Dance em 1938. A
Le Corbusier como nome, foi arquiteto, urba- artista criou uma técnica de dança contrária
nista e pintor francês de origem suíça, consi- aos preceitos da dança clássica, com exercícios
derado um dos mais importantes arquitetos realizados no chão, além de quedas e de recu-
do século XX, ao lado de Frank Loyd Wright perações na movimentação. Em seu trabalho
(estadunidense), Mies van der Rohe (estadu- é recorrente a recriação de temas mitológicos
nidense de origem alemã) e Oscar Niemeyer e clássicos, como Clitemnestra (1958) e Fedra
(brasileiro). Pierre Jeanneret (Suíça, 1896- (1962). Faleceu aos 96 anos, mas suas coreo-
1967) colaborou nos projetos desenvolvidos grafias estão presentes em apresentações reali-
por Le Corbusier durante 20 anos e Charlotte zadas por seus discípulos.
Perriand (França, 1903-1999) colaborou com
eles por 10 anos, construindo sólida carreira Mary Wigman (Alemanha, 1886-1973) – Dan-
como arquiteta e designer. Juntos, os três cria- çarina, coreógrafa e professora de dança. Para
ram a cadeira espreguiçadeira considerada o os teóricos da dança, Wigman é uma legítima
primeiro desenho ergonométrico. representante da corrente expressionista de
dança. Teve uma formação sólida, tendo in-
Lenise Pinheiro (São Paulo/SP, 1961) – Fotó- clusive estudado com Rudolf von Laban. Em
grafa especializada em teatro e iluminadora. 1920 fixou sua escola em Dresden. Confiante
O olhar de Lenise e seu clique na máquina em seus ideais profissionais, inaugurou a se-
fotográfica vêm registrando, desde 1982, a gunda escola em Berlim Ocidental em 1949.
expressão cênica brasileira, acompanhando Desde logo percebeu que a técnica convencio-
as principais companhias teatrais. Integra a nal da dança clássica, de movimentos padroni-
equipe responsável pela cobertura fotográfica zados, não dava conta do que para ela eram as
do Festival de Teatro de Curitiba (PR) desde coisas mais importantes no universo da dança:
sua primeira edição, em 1992. É colaboradora as emoções e a expressividade do dançarino.
do jornal Folha de S. Paulo. Com Nelson de Movimentos livres e improvisados transfor-
Sá, escreve para o Cacilda, blog direcionado mavam-se em séries rítmicas e expressivas,
ao teatro, seus bastidores, lançamentos e es- não raras vezes acompanhadas unicamente
tudos mais profundos de peças nacionais e por um instrumento de percussão. De 1921
internacionais. a 1923, Wigman e sua companhia realizaram
turnês pelo mundo, com influência definitiva
Mário de Andrade (São Paulo/SP, 1893-1945) – na dança moderna. Entre 1933 e 1948, foi pro-
Musicólogo, poeta, romancista, crítico de fessora em Dresden e em Leipzig (Alemanha).
arte, professor universitário. Participante Wigman publicou, entre outras obras, A lin-
ativo da Semana de Arte Moderna e do movi- guagem da dança (1963).
mento modernista. Na literatura, destacam-se
seus livros Pauliceia desvairada e Macunaíma. Os Dezequilibrados – Companhia teatral
Seu interesse pela cultura brasileira revelou criada em 1996 no Rio de Janeiro. A partir
um olhar de valorização às manifestações po- de experimentações diversas ligadas às for-
pulares de todo o Brasil, o que possibilitou mas de relação estabelecida com os espec-
seu registro e sua preservação. tadores, o grupo aposta na comunicação
entre palco e plateia a partir da participação
Martha Graham (Estados Unidos da Amé- espontânea do público. Parte da pesquisa
rica, 1894-1991) – Considerada um mito no desenvolvida pelo grupo tem por base a ex-
66
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
67
vez em 1995, o visitante entrava em uma sala mero de pessoas se move ao mesmo tempo se-
intensamente iluminada, totalmente branca e gundo uma coreografia de estrutura simples,
vazia. Depois de alguns segundos, a luz repen- porém instigante, que permite aos dançarinos
tinamente se apagava e da escuridão surgiam e às pessoas leigas dançarem juntas de forma
textos pintados com tinta fosforescente verde, colaborativa.
que perdiam a luminosidade paulatinamente.
Era impossível lê-los por inteiro. Mais uma Sofia Coppola (Estados Unidos da América,
vez, uma obra como um inventário de vidas, 1971) – Atriz e diretora de cinema. Filha do
de histórias encarceradas no tempo. também cineasta Francis Ford Coppola, es-
treou profissionalmente como atriz, mas con-
Rudolf von Laban (Hungria, 1879 – Inglaterra, quistou a atenção da crítica como cineasta.
1958) – Dançarino e coreógrafo, considerado Tem por influências artísticas o cinema ita-
o maior teórico da dança do século XX. Em liano de Federico Fellini e de Michelangelo
1915, criou o Instituto Coreográfico de Zuri- Antonioni.
que (Suíça), cujas ramificações se estenderam
à Itália, à França e à Europa Central. Em Shoichi Aoki (Japão, 1955) – Fotógrafo. Cria-
1928, publicou Kinetographie Laban, uma dor do fanzine Fruits, iniciado em 1994, que
de suas grandes contribuições para o mundo documenta a explosão da moda das ruas
da dança, bem como para a compreensão do nos subúrbios de Tóquio, no Japão, especial-
movimento em dança. Nesse livro, articula os mente ao redor da Estação Harajuku, conhe-
princípios da labanotação, um dos principais cida como a maior passarela do mundo a céu
sistemas de notação de movimento utilizados aberto, nomeada por ele como fashion street.
atualmente. Suas teorias sobre o movimento
e a coreografia estão entre os fundamentos Steven Spielberg (Estados Unidos da América,
principais da dança moderna e fazem parte 1946) – Cineasta e cofundador da Dreamworks,
de todas as abordagens contemporâneas de um dos principais estúdios de cinema de
dança. Além de seu trabalho criativo e de aná- Hollywood. Diretor de vários filmes, como
lise da dança, Laban também se dedicou à rea- Tubarão, E.T., Contatos imediatos do terceiro
lização de propostas de dança para o grande grau e A lista de Schindler. Sua filmografia é
público. Desenvolveu, com essa finalidade, a acompanhada pela trilha sonora sempre bem
arte da dança coral, em que um grande nú- elaborada do compositor John Williams.
68
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
69
Luz: Suporte, O “trans-formar” matérico Reflexos e reflexões da vida na Fusão, mescla de
ferramenta e matéria em materialidade na arte arte: As temáticas no território linguagens
pulsante na arte r"BQSPQSJBÉÈPEF de forma-conteúdo rDesign
NPEB
r0DMBSPFPFTDVSP
B NBUÊSJBFGFSSBNFOUBTOP r5FNÃUJDBTRVFTFSFWFMBN NPCJMJÃSJP
EFTFOIP
TPNCSBFBMV[
PGPDP
GB[FSBSUF QFMBTGPSNBT JOEVTUSJBM
BBUNPTGFSBFBMV[OB r"QSPEVÉÈPEF r5FNBTRVFTFGB[FNGPSNB r'VTÈPFOUSFBT
DPOTUSVÉÈPEFTFOUJEP JOTUSVNFOUPTFB QFMBPCTFSWBÉÈPFJNJUBÉÈPEF MJOHVBHFOTUFBUSBMF
r"MV[FBDPOUSBMV[ NBUFSJBMJEBEFEPUJNCSF DPSQPSFJEBEFT DJOFNBUPHSÃàDB
OBTBSUFTWJTVBJT
OB r"RVBMJEBEFEP r3FMBÉ×FTFOUSFJNBHFNGPSNB r#BMÊEFSFQFSUÓSJP
EBOÉBFOPUFBUSP NPWJNFOUPEPDPSQPRVF FDPOUFÙEPEFàHVSBTDËOJDBT EBOÉBNPEFSOBEP
r"MV[FBTPNCSBOP EBOÉBFTQBÉP
UFNQP
r3FMBÉ×FTQPUFODJBJTFOUSF JOÎDJPEPTÊDVMP99
UFBUSPEFTPNCSBT áVËODJB
QFTP UFNÃUJDBT
ÊQPDBTFDVMUVSBT EBOÉBUFBUSBM
r0TPNFNEJGFSFOUFT r0TPCKFUPTEPDPUJEJBOP r5FNÃUJDBTJEFBMJ[BEBT
r.ÙTJDBEFDJOFNB
FTQBÉPT
FTUFSFPGPOJBF BTSFMBÉ×FTFOUSFNBUÊSJB
SFBMJTUBT
FYQSFTTJPOJTUBT
TPNTJODSPOJ[BEPTPN
HSBWBÉÈPCJOÃVSFB GPSNBTJNCÓMJDBF TVSSFBJT
BCTUSBUBTUFNBT GBCSJDBEP
r"TSFMBÉ×FTFOUSF JNBHJOÃSJPQPÊUJDPOP IJTUÓSJDPT
RVFTU×FTQPMÎUJDBT
r)JCSJEJTNPEBT
MV[FDPSBEJNFOTÈP UFBUSPEFPCKFUPT SFMJHJPTBT
EFOBUVSF[BPTFS SFMBÉ×FTFOUSF
TJNCÓMJDBEBMV[FEB r0QBQFMDPNPNBUÊSJB IVNBOP
TVBJEFOUJEBEF
TFV GPSNBDPOUFÙEPOBT
DPS DPMBHFN
QBQFMBHFN
BOPOJNBUPBWJTÈPGFNJOJOB WÃSJBTMJOHVBHFOT
r"NBUFSJBMJEBEFEB QBQFMNBDIË PDPSQPBDPNQMFYJEBEF FMFNFOUPTCÃTJDPT
MV[OBTMJOHVBHFOT r"TMJOHVBHFOTEBBSUF GPSNBMFUD EBWJTVBMJEBEFFTVBT
BSUÎTUJDBT BNQMJBÉ×FTEFSFGFSËODJBT r5FNÃUJDBTDPOUFNQPSÄOFBT BNQMJBÉ×FTOPdesign
BQBSUJSEPEJÃMPHPDPNB BSUFFWJEBIJTUÓSJBTEFWJEB FMFNFOUPTCÃTJDPTEB
Olhares sobre a
NBUFSJBMJEBEF DFOBTEFSVB MJOHVBHFNIÎCSJEBEP
matéria da arte
DJOFNBFFMFNFOUPT
r4VQPSUFT
Experimentação: Uma “Misturança” étnica: Marcas
CÃTJDPTEBTMJOHVBHFOT
GFSSBNFOUBT
NBUÊSJBT fresta para respirar o no patrimônio cultural, vestígios
Volume 2
EBEBOÉB
EBNÙTJDBF
r$PSQPTQFSDFQUJWPT poético na cultura popular
EPUFBUSP
JNQSPWJTBÉÈP
JOUVJÉÈP
r*NQSPWJTBÉÈP
BDBTP
r)FSBOÉBTDVMUVSBJT
JNBHJOBÉÈPDSJBEPSB
MVEJDJEBEF
FTQPOUBOFJEBEF QBUSJNÔOJPTDVMUVSBJTJNBUFSJBM Travessia poética: Do
DPMFUBTFOTPSJBM r$PSQPTQFSDFQUJWPT
FNBUFSJBM fazer artístico ao ritual
WJHÎMJBDSJBUJWB JOUVJÉÈP
BDBTP
r"SUFJOEÎHFOB de passagem
SFQFSUÓSJPQFTTPBM JNBHJOBÉÈPDSJBEPSB
r"SUFBGSPCSBTJMFJSB r"SUFFEPDVNFOUBÉÈP
FDVMUVSBMQPÊUJDB DPMFUBTFOTPSJBM
WJHÎMJB r1PÊUJDBTDPOUFNQPSÄOFBT r&YQPTJÉÈPPV
QFTTPBMQFOTBNFOUP DSJBUJWB
SFQFSUÓSJPQFTTPBM r$PODFJUPT
QSPDFEJNFOUPT BQSFTFOUBÉÈPBSUÎTUJDB
WJTVBMQFOTBNFOUP FDVMUVSBM
QPÊUJDBQFTTPBM
FDPOUFÙEPTJOWFTUJHBEPT FPSFHJTUSPDPNP
DPSQPSBMFTJOFTUÊTJDP QFOTBNFOUPTWJTVBM
EVSBOUFPBOPMFUJWP EPDVNFOUBÉÈP
QFOTBNFOUPNVTJDBM NVTJDBM
DPSQPSBM r.PEPTEF
r1FSDVSTPEF FTJOFTUÊTJDP EPDVNFOUBSBBSUF
FYQFSJNFOUBÉÈP r1FSDVSTPEF r$PODFJUPT
QFSTFHVJÉÈPEFJEFJBT FYQFSJNFOUBÉÈP
QSPDFEJNFOUPTF
FTCPÉPTTÊSJFT QFSTFHVJÉÈPEFJEFJBT
DPOUFÙEPTJOWFTUJHBEPT
DBEFSOPTEFBOPUBÉ×FT FTCPÉPT
TÊSJFT
DBEFSOPT EVSBOUFPBOPMFUJWP
FTUVEPFQFTRVJTB EFBOPUBÉ×FT
BQSPQSJBÉ×FT FTUVEPFQFTRVJTB
DPNCJOBÉ×FTQSPDFTTP BQSPQSJBÉ×FT
DPMBCPSBUJWP DPNCJOBÉ×FT
QSPDFTTP
r0DPSQPFBWP[ DPMFUJWPFDPMBCPSBUJWP
DPNPTVQPSUFF r-JOHVBHFOTEBBSUFF
NBUÊSJBEBBSUF QSPDFEJNFOUPTDSJBUJWPTEF
r$PODFJUPT
FYQFSJNFOUBÉÈP
QSPDFEJNFOUPTF r$PODFJUPT
DPOUFÙEPTJOWFTUJHBEPT QSPDFEJNFOUPTF
EVSBOUFPBOPMFUJWP DPOUFÙEPTJOWFTUJHBEPT
EVSBOUFPBOPMFUJWP
70
Arte – 8a série/9o ano – Volume 2
GABARITO
0$"%&3/0%0"-6/0&""¬«0%0 t 0RVFQFOTPTPCSFBSUF as respostas às questões espe-
130'&4403 cíficas deste item instigam os alunos a se posicionar sobre o
assunto, cercando, de certo modo, seu repertório cultural. O
Caderno do Professor. Caderno do Aluno. São Cadernos importante é socializar as respostas, mapeá-las na lousa, analisá-
que, tal qual a rosa dos ventos, mostram um rumo, uma dire- -las com eles para ver o que pensam sobre o tema, tendo como
ção a seguir para viajar nos “Territórios da Arte”. Esses Cader- meta a ampliação de seus conhecimentos;
nos são, assim, como coordenadas, movimentos. “Cadernos
rosa dos ventos” que articulam mapas de diferentes linguagens t "ÎÍP FYQSFTTJWB as ações propostas, muitas vezes deno-
da arte, oferecendo proposições-ações que, antes de serem minadas encomendas, para dar mais abertura ao professor,
apenas capazes de referendar um mundo da arte já sabido, po- têm por objetivo desencadear o fazer artístico nas diferentes
dem ser um movimento potente para a criação de diferentes linguagens, sem perder de vista os conteúdos e as compe-
mundos da arte. tências a serem trabalhados;
Em especial, o Caderno do Aluno se faz registro de viagem, t "QSFDJBÎÍPas perguntas colocadas na Apreciação, que se
como parte de um portfólio, como lugar específico para pen- ampliam no Caderno do Professor, são apenas impulsos para
sar e escrever sobre arte, fazer reflexões e produções pensadas e estimular a conversa dos alunos sobre as obras. As ampliações
emocionadas a partir das provocações geradas pelas proposições propostas pelo professor e por suas boas e instigantes per-
oferecidas no Caderno do Professor. Em especial, o Caderno do guntas comporão o texto que será registrado pelo aluno no
Aluno se faz lugar para olhar imagens das linguagens artísticas, Caderno, apontando o que ficou de mais significativo para
que nos incitam a pensar e conversar sobre arte. ele a partir da Apreciação oferecida;
Mais do que respostas acertadas ou adequadas, já que em t 7PDÐ BQSFOEFV questões objetivas e/ou abertas para
arte as respostas, por muitas vezes, são expressões de pontos de reflexão sobre os conteúdos trabalhados nas Situações de
vista singulares, as questões do Caderno do Aluno pretendem Aprendizagem de cada Caderno, reveladoras do que foi pos-
ser uma provocação para que o aluno pense e expresse seus sível ativar como conteúdo ou competência. As respostas in-
conhecimentos e suas opiniões sobre arte. Em muitos casos, dividuais tornam-se material de reflexão para os professores,
as respostas devem ser pessoais e também referendadas pelo indicando o que ficou além ou aquém em sua ação docente,
contexto cultural de cada grupo, de modo a mover diálogos, no contexto da escola e na própria proposta;
instigar reflexões pessoais e fornecer material para que o pro-
fessor possa promover trocas entre os alunos , ampliando seus t 1FTRVJTBJOEJWJEVBMFPVFNHSVQP
1FTRVJTBEFDBN-
repertórios culturais sobre as linguagens artísticas. QPF-JÎÍPEFDBTBas ações que orientam o aluno no pla-
nejamento, na realização e na discussão da pesquisa ou da ação
Por ser esse o contorno do Caderno do Aluno, é impos- proposta no Caderno do Aluno tampouco têm resposta única,
sível a construção de um gabarito que dê conta de prever pois dependem das escolhas e do que foi possível pesquisar de
as muitas respostas possíveis, determinando o que é certo acordo com a realidade e com o contexto das diferentes escolas.
ou errado. Em contrapartida, o Caderno do Professor con- Consideramos importante a valorização do que foi pesquisado
tém potenciais encaminhamentos e ampliações, ao mesmo e, especialmente, o modo como a pesquisa foi apresentada. Há
tempo que insere o professor no conteúdo que está sendo várias sugestões no Caderno do Professor em relação a isso.
proposto, oferecendo informações que enriquecem suas re-
ferências culturais e ajudam-no a ampliar as possíveis respos- Consideramos que o Caderno do Aluno, como parte do
tas dos alunos. portfólio, é complementado por outros modos de registro,
que podem gerar uma elaboração criativa que permita ao
Para o Caderno do Aluno, foram pensadas propostas específi- aprendiz dar expressão à sua aprendizagem, inventando for-
cas que abarcam produção, análise, leitura, pesquisa etc., reapre- mas para mostrar suas produções artísticas, seus textos escritos,
sentadas a seguir: fotografias de momentos das aulas e pesquisas realizadas.
71
Como processos, esses “Cadernos rosa dos ventos” são tros com a arte, à busca da experiência estética no pensar, no
potências nas mãos de alunos, alunas, professoras e professo- fazer, no escrever, no apreciar, no navegar pelos “Territórios
res atentos à qualidade do trajeto, à ousadia de novos encon- da Arte”.
72
CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL Química: Ana Joaquina Simões S. de Mattos Rosângela Teodoro Gonçalves, Roseli Soares
NOVA EDIÇÃO 2014-2017 Carvalho, Jeronimo da Silva Barbosa Filho, João Jacomini, Silvia Ignês Peruquetti Bortolatto e Zilda
Batista Santos Junior, Natalina de Fátima Mateus e Meira de Aguiar Gomes.
COORDENADORIA DE GESTÃO DA Roseli Gomes de Araujo da Silva.
EDUCAÇÃO BÁSICA – CGEB Área de Ciências da Natureza
Área de Ciências Humanas
Biologia: Aureli Martins Sartori de Toledo, Evandro
Coordenadora Filosofia: Emerson Costa, Tânia Gonçalves e
Rodrigues Vargas Silvério, Fernanda Rezende
Maria Elizabete da Costa Teônia de Abreu Ferreira.
Pedroza, Regiani Braguim Chioderoli e Rosimara
Diretor do Departamento de Desenvolvimento Geografia: Andréia Cristina Barroso Cardoso, Santana da Silva Alves.
Curricular de Gestão da Educação Básica Débora Regina Aversan e Sérgio Luiz Damiati.
João Freitas da Silva Ciências: Davi Andrade Pacheco, Franklin Julio
História: Cynthia Moreira Marcucci, Maria de Melo, Liamara P. Rocha da Silva, Marceline
Diretora do Centro de Ensino Fundamental Margarete dos Santos Benedicto e Walter Nicolas
de Lima, Paulo Garcez Fernandes, Paulo Roberto
dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação Otheguy Fernandez.
Orlandi Valdastri, Rosimeire da Cunha e Wilson
Profissional – CEFAF Luís Prati.
Sociologia: Alan Vitor Corrêa, Carlos Fernando de
Valéria Tarantello de Georgel
Almeida e Tony Shigueki Nakatani.
Coordenadora Geral do Programa São Paulo Física: Ana Claudia Cossini Martins, Ana Paula
PROFESSORES COORDENADORES DO NÚCLEO Vieira Costa, André Henrique GhelÅ RuÅno,
faz escola
PEDAGÓGICO Cristiane Gislene Bezerra, Fabiana Hernandes
Valéria Tarantello de Georgel
Área de Linguagens M. Garcia, Leandro dos Reis Marques, Marcio
Coordenação Técnica Educação Física: Ana Lucia Steidle, Eliana Cristine Bortoletto Fessel, Marta Ferreira Mafra, Rafael
Roberto Canossa Budiski de Lima, Fabiana Oliveira da Silva, Isabel Plana Simões e Rui Buosi.
Roberto Liberato Cristina Albergoni, Karina Xavier, Katia Mendes
Suely Cristina de Albuquerque BomÅm e Silva, Liliane Renata Tank Gullo, Marcia Magali Química: Armenak Bolean, Cátia Lunardi, Cirila
Rodrigues dos Santos, Mônica Antonia Cucatto da Tacconi, Daniel B. Nascimento, Elizandra C. S.
EQUIPES CURRICULARES
Silva, Patrícia Pinto Santiago, Regina Maria Lopes, Lopes, Gerson N. Silva, Idma A. C. Ferreira, Laura
Área de Linguagens Sandra Pereira Mendes, Sebastiana Gonçalves C. A. Xavier, Marcos Antônio Gimenes, Massuko
Arte: Ana Cristina dos Santos Siqueira, Carlos Ferreira Viscardi, Silvana Alves Muniz. S. Warigoda, Roza K. Morikawa, Sílvia H. M.
Eduardo Povinha, Kátia Lucila Bueno e Roseli Fernandes, Valdir P. Berti e Willian G. Jesus.
Língua Estrangeira Moderna (Inglês): Célia
Ventrella.
Regina Teixeira da Costa, Cleide Antunes Silva,
Área de Ciências Humanas
Educação Física: Marcelo Ortega Amorim, Maria Ednéa Boso, Edney Couto de Souza, Elana
Filosofia: Álex Roberto Genelhu Soares, Anderson
Elisa Kobs Zacarias, Mirna Leia Violin Brandt, Simone Schiavo Caramano, Eliane Graciela
Gomes de Paiva, Anderson Luiz Pereira, Claudio
dos Santos Santana, Elisabeth Pacheco Lomba
Rosângela Aparecida de Paiva e Sergio Roberto Nitsch Medeiros e José Aparecido Vidal.
Kozokoski, Fabiola Maciel Saldão, Isabel Cristina
Silveira.
dos Santos Dias, Juliana Munhoz dos Santos,
Kátia Vitorian Gellers, Lídia Maria Batista Geografia: Ana Helena Veneziani Vitor, Célio
Língua Estrangeira Moderna (Inglês e
BomÅm, Lindomar Alves de Oliveira, Lúcia Batista da Silva, Edison Luiz Barbosa de Souza,
Espanhol): Ana Beatriz Pereira Franco, Ana Paula
Aparecida Arantes, Mauro Celso de Souza, Edivaldo Bezerra Viana, Elizete Buranello Perez,
de Oliveira Lopes, Marina Tsunokawa Shimabukuro
Neusa A. Abrunhosa Tápias, Patrícia Helena Márcio Luiz Verni, Milton Paulo dos Santos,
e Neide Ferreira Gaspar.
Passos, Renata Motta Chicoli Belchior, Renato Mônica Estevan, Regina Célia Batista, Rita de
Língua Portuguesa e Literatura: Angela Maria José de Souza, Sandra Regina Teixeira Batista de Cássia Araujo, Rosinei Aparecida Ribeiro Libório,
Baltieri Souza, Claricia Akemi Eguti, Idê Moraes dos Campos e Silmara Santade Masiero. Sandra Raquel Scassola Dias, Selma Marli Trivellato
Santos, João Mário Santana, Kátia Regina Pessoa, e Sonia Maria M. Romano.
Língua Portuguesa: Andrea Righeto, Edilene
Mara Lúcia David, Marcos Rodrigues Ferreira, Roseli
Bachega R. Viveiros, Eliane Cristina Gonçalves História: Aparecida de Fátima dos Santos
Cordeiro Cardoso e Rozeli Frasca Bueno Alves.
Ramos, Graciana B. Ignacio Cunha, Letícia M.
Pereira, Carla Flaitt Valentini, Claudia Elisabete
Área de Matemática de Barros L. Viviani, Luciana de Paula Diniz,
Silva, Cristiane Gonçalves de Campos, Cristina
Matemática: Carlos Tadeu da Graça Barros, Márcia Regina Xavier Gardenal, Maria Cristina
de Lima Cardoso Leme, Ellen Claudia Cardoso
Ivan Castilho, João dos Santos, Otavio Yoshio Cunha Riondet Costa, Maria José de Miranda
Doretto, Ester Galesi Gryga, Karin Sant’Ana
Yamanaka, Rosana Jorge Monteiro, Sandra Maira Nascimento, Maria Márcia Zamprônio Pedroso,
Kossling, Marcia Aparecida Ferrari Salgado de
Zen Zacarias e Vanderley Aparecido Cornatione. Patrícia Fernanda Morande Roveri, Ronaldo Cesar
Barros, Mercia Albertina de Lima Camargo,
Alexandre Formici, Selma Rodrigues e
Priscila Lourenço, Rogerio Sicchieri, Sandra Maria
Área de Ciências da Natureza Sílvia Regina Peres.
Fodra e Walter Garcia de Carvalho Vilas Boas.
Biologia: Aparecida Kida Sanches, Elizabeth
Área de Matemática
Reymi Rodrigues, Juliana Pavani de Paula Bueno e
Matemática: Carlos Alexandre Emídio, Clóvis Sociologia: Anselmo Luis Fernandes Gonçalves,
Rodrigo Ponce.
Antonio de Lima, Delizabeth Evanir Malavazzi, Celso Francisco do Ó, Lucila Conceição Pereira e
Ciências: Eleuza Vania Maria Lagos Guazzelli, Edinei Pereira de Sousa, Eduardo Granado Garcia, Tânia Fetchir.
Gisele Nanini Mathias, Herbert Gomes da Silva e Evaristo Glória, Everaldo José Machado de Lima,
Maria da Graça de Jesus Mendes. Fabio Augusto Trevisan, Inês Chiarelli Dias, Ivan Apoio:
Castilho, José Maria Sales Júnior, Luciana Moraes Fundação para o Desenvolvimento da Educação
Física: Anderson Jacomini Brandão, Carolina dos Funada, Luciana Vanessa de Almeida Buranello, - FDE
Santos Batista, Fábio Bresighello Beig, Renata Mário José Pagotto, Paula Pereira Guanais, Regina
Cristina de Andrade Oliveira e Tatiana Souza da Helena de Oliveira Rodrigues, Robson Rossi, CTP, Impressão e acabamento
Luz Stroeymeyte. Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Monteiro, Esdeva Indústria GráÅca Ltda.
GESTÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO CONCEPÇÃO DO PROGRAMA E ELABORAÇÃO DOS Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Luís
EDITORIAL 2014-2017 CONTEÚDOS ORIGINAIS Martins e Renê José Trentin Silveira.
* Nos Cadernos do Programa São Paulo faz escola são S239m São Paulo (Estado) Secretaria da Educação.
indicados sites para o aprofundamento de conhecimen-
Material de apoio ao currículo do Estado de São Paulo: caderno do professor; arte, ensino
tos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados
e como referências bibliográficas. Todos esses endereços fundamental – anos finais, 8a série / 9o ano / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini;
eletrônicos foram checados. No entanto, como a internet é equipe, Gisa Picosque, Jéssica Mami Makino, Mirian Celeste Martins, Sayonara Pereira. - São Paulo: SE,
um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria da 2014.
Educação do Estado de São Paulo não garante que os sites
v. 2, 80 p.
indicados permaneçam acessíveis ou inalterados.
Edição atualizada pela equipe curricular do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Finais, Ensino
* Os mapas reproduzidos no material são de autoria de Médio e Educação Profissional – CEFAF, da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica - CGEB.
terceiros e mantêm as características dos originais, no que
diz respeito à grafia adotada e à inclusão e composição dos ISBN 978-85-7849-620-3
elementos cartográficos (escala, legenda e rosa dos ventos).
1. Ensino fundamental anos finais 2. Arte 3. Atividade pedagógica I. Fini, Maria Inês. II. Picosque,
Gisa. III. Makino, Jéssica Mami. IV. Martins, Mirian Celeste. V. Pereira, Sayonara. VI. Título.
* Os ícones do Caderno do Aluno são reproduzidos no
Caderno do Professor para apoiar na identificação das CDU: 371.3:806.90
atividades.
Validade: 2014 – 2017