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CIRROSE HEPÁTICA

São Paulo,
2019.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 3
1. DEFINIÇÃO DA PATOLOGIA................................................................................... 4
1.1. FISIOPATOLOGIA .................................................................................................. 4
2. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS .................................................................................. 5
3. TRATAMENTO .......................................................................................................... 7
4. PROCESSO DE ENFERMAGEM: HISTÓRICO DE ENFERMAGEM ....................... 7
4.1. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ........................................................................ 8
4.1.1. Cuidados de Enfermagem no pré-intra e pós operatório ..................................... 9
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 11
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 12
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INTRODUÇÃO

O presente trabalho abordará a cirrose hepática que é um distúrbio hepático


crônico que se caracteriza pela substituição do tecido hepático normal por fibrose
difusa, a qual acaba por romper com a estrutura e a função do fígado. Discorrerá
sobre os três tipos de cirrose: alcoólica, pós-necrótica e biliar. Abordará a
fisiopatologia as manifestações clinicas que aumentam a medida em que a doença
evolui. Abordará o tratamento que geralmente se baseia no sintomas apresentados.
A assistência de enfermagem que nada mais é do que a maneira como a
enfermagem deve assistir esse paciente visando proporcionar uma melhor
qualidade de vida ao paciente. Englobará os cuidados de enfermagem no pré- intra
e pós cirurgico.
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1. DEFINIÇÃO DA PATOLOGIA

A cirrose é uma doença crônica que se caracteriza por fibrose difusa que
substitui o tecido hepático normal, que rompe com a estrutura e função do fígado.
Existem três tipos de cirrose ou cicatrização do fígado: a cirrose alcoólica, a cirrose
pós-necrótica e a cirrose biliar.
Na cirrose alcoólica o tecido cicatricial circunda caracteristicamente as áreas
porta, é o tipo mais comum de cirrose e é relacionada com maior freqüência ao
alcoolismo crônico.
Na cirrose pós-necrótica existem faixas largas de tecido cicatricial que surgem
como conseqüência tardia de um surto prévio de hepatite viral aguda.
Na cirrose biliar a cicatrização acontece no fígado ao redor dos dutos biliares,
geralmente é o resultado da obstrução biliar crônica e da infecção, é muito menos
comum que os outros dois tipos de cirrose.
A cirrose afeta principalmente os espaços porta e periporta do fígado, espaços
estes onde os canalículos biliares de cada lóbulo se comunicam para formar os
dutos biliares hepáticos, onde então essas áreas se transformam nos sítios de
inflamação e a bile espessa e o pus acabam ocluindo os dutos biliares. O fígado
tenta formar novos canais biliares que acabam por resultar em um crescimento
excessivo de tecido que é constituído na maior parte de dutos biliares recentemente
formados e desconectados, que são circundados pelo tecido cicatricial.

1.1. FISIOPATOLOGIA

O consumo de álcool é considerado o principal fator etiológico da cirrose, que


ocorre com uma freqüência máxima entre os alcoólicos. A ingesta protéica reduzida
causa deficiência nutricional da mesma forma que a ingesta excessiva de álcool é o
principal fator etiológico no fígado gorduroso e em suas conseqüências, contribuindo
assim para a destruição do fígado. Mas a cirrose acomete também pessoas que não
consomem álcool e aquelas que consomem uma dieta normal e apresentam elevada
ingesta de álcool.

Outros fatores também podem desempenhar algum papel que resulte em


cirrose, como a exposição a determinadas substâncias químicas como o tetracloreto
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de carbono, naftaleno clorinado, arsênico ou fósforo, ou também a esquistossomíase


infecciosa. A cirrose afeta um número duas vezes maior de homens em relação a
mulheres, muitos pacientes estão entre 40-60 anos de idade e a cada ano mais de 25
mil pessoas morrem por doenças hepáticas e cirrose crônica.

A cirrose alcoólica é caracterizada por episódios de necrose envolvendo as


células hepáticas, que ocorre repetidamente durante todo o curso da doença. Essas
células hepáticas destruídas são substituídas por tecido cicatricial que acaba por
superar o tecido hepático funcionante. Ilhas de tecido normal residual e tecido hepático
em regeneração podem se projetar a partir das áreas contraídas o que dá ao fígado
seu característico aspecto em prego. Geralmente a doença tem um inicio insidioso e
uma evolução protraída, que continua ocasionalmente por um período de 30 anos ou
mais.

2. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Os sinais e sintomas da cirrose vão aumentando à medida que a doença vai


evoluindo e a gravidade das manifestações ajuda a categorizar o distúrbio em duas
apresentações principais. A cirrose compensada e a descompensada. Onde a
cirrose compensada apresenta sintomas menos graves e freqüentemente vagos, e
pode ser descoberta secundariamente a um exame físico rotineiro.São eles febre
baixa intermitente; aranhas vasculares; eritema palmar; epistaxe inexplicada;
edema de tornozelo; indigestão matutina vaga; dispepsia flatulenta; dor abdominal;
fígado firme e aumentado e esplenomegalia.
A cirrose desconpensada apresenta suas características resultando da falha
do fígado em sintetizar proteínas, fatores de coagulação e outras substancias e de
manifestações da hipertensão porta. São eles ascite; icterícia; fraqueza; desgaste
muscular; perda de peso; febre baixa continua; baqueteamento dos dedos; púrpura
(devido a contagem diminuída das plaquetas); equimoses espontâneas; epistaxe;
hipotensão; pelos corporais escassos; unhas quebradiças e atrofia de gônadas.
Aumento do fígado- no inicio o fígado tende a ser grande e suas células estão
carregadas de gordura, mostrando-se firme e apresentando borda pontiaguda
perceptível a palpação. A dor abdominal pode estar presente por causa deste
aumento recente e rápido do fígado que produz tensão nos revestimentos fibrosos
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do mesmo. O fígado diminui com a evolução da doença á medida em que o tecido


cicatricial contrai o tecido hepático.
Obstrução porta e ascite- são manifestações tardias que se devem em parte
a insuficiência crônica da função hepática e em parte a obstrução da circulação
porta. O fígado cirrótico não permite a livre passagem do sangue, e este então reflui
para dentro do baço e do trato GI, ficando estes órgãos estagnados com o sangue
não funcionando adequadamente. O líquido rico em proteína pode se acumular na
cavidade peritoneal produzindo assim a ascite, que pode ser percebida através da
percussão para o deslocamento da macicez ou para uma onda de liquido.
Infecção e Peritonite- pode se desenvolver nos pacientes com ascite na
ausência de uma fonte intra-abdominal de infecção ou de um abcesso, sendo então
essa condição referida como peritonite bacteriana espontânea, e acredita-se que a
bacteremia é a mais provável via de infecção
Varizes Gastrintestinais- Por causa da obstrução do fluxo sanguíneo
resultante das alterações fibróticas forma-se vasos colaterais no sistema GI e nos
desvio do sangue dos vasos porta para dentro dos vasos sanguíneos com pressões
menores, em consequencia a isto o paciente apresenta vasos sanguíneos
abdominais distendidos e proeminentes, que são visíveis a palpação. O esôfago,
estômago parte inferior do reto são sítios comuns de vasos sanguíneos colaterais,
esses vasos sangüíneos distendidos formam varizes ou hemorróidas, dependendo
de sua localização.Estes vasos não suportam a transportam a alta pressão e volume
de sangue impostos pela cirrose e eles podem romper e sangrar.
Edema- sintoma tardio que é atribuído a insuficiência hepática crônica, devido
a concentração plasmática reduzida de albumina é que se predispõe o edema, que
é generalizado, mas afeta freqüentemente os membros inferiores, superiores a área
pré-sacral.
Deficiência de vitamina e anemia- se dá devido a formação, uso e
armazenamento inadequados de determinadas vitaminas (A,C e K), os sinais são
comuns principalmente as hemorragias associadas à deficiência de vitamina K. O
que também contribui para a anemia é a gastrite crônica e a função do trato GI
prejudicada, associada com a ingesta nutricional inadequada e função hepática
comprometida, resultando em fadiga grave a qual interfere na capacidade de
realizar as atividades diárias habituais.
Deterioração Mental- As manifestações adicionais incluem a deterioração da
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função mental, com encefalopatia hepática iminente e coma hepático, Indica-se


então avaliação neurológica incluindo comportamento geral, capacidades
cognitivas, orientação para tempo e lugar e padrões de fala do paciente.

3. TRATAMENTO

O tratamento geralmente é baseado nos sintomas apresentados, por


exemplo, os antiácidos são prescritos para diminuir o desconforto gástrico e
minimizar a possibilidade de sangramento GI. Para a melhora no estado nutricional
e a cura de células hepáticas lesionadas usa-se os Suplementos vitamínicos e
nutricionais.Para que se diminua a ascite pode utilizar os diuréticos poupadores de
Potássio (Espironolactona[ Aldactone}, triantereno[Dyrenium] Esses diuréticos são
preferíveis a outros agentes diuréticos porque eles minimizam as alterações
hidroeletroliticas. Sendo essencial uma dieta adequada e prevenção da ingesta do
álcool. Embora a fibrose do fígado cirrótico é irreversível, sua progressão pode ser
estancada ou mais lenta com estas medidas.
Alguns estudos mostram que a colchicina um agente antiinflamatório usado
para tratamento de gota pode aumentar a duração da sobrevida nos pacientes com
cirrose branda a moderada, isso foi observado em pacientes com cirrose alcoólica,
sendo a colchicina responsável por reverter os processos fibróticos na cirrose,
melhorando assim a sobrevida.

4. PROCESSO DE ENFERMAGEM: HISTÓRICO DE ENFERMAGEM

Focaliza o início dos sintomas e a história dos fatores precipitantes,


principalmente a ingesta excessiva de álcool, a ingesta nutricional e alterações no
estado físico e mental. Onde se avalia e documenta-se os padrões do uso de álcool,
como a duração e quantidade. Sendo importante também a documentação de
qualquer exposição agentes tóxicos encontrados no local de trabalho ou lazer. A
enfermeira deve documentar a exposição a substâncias potencialmente
hepatotóxicas (medicamentos, drogas injetáveis ilícitas, inalantes) ou agentes
anestésicos gerais.
A enfermeira avalia o estado mental do paciente, a capacidade de realizar um
trabalho ou as atividades domiciliares, avalia o estado nutricional que é de primordial
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importância na cirrose. As relações do paciente com a família, amigos e


companheiros podem fornecer alguma indicação sobre a incapacitação secundária
ao abuso de álcool e cirrose.

4.1. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Promovendo repouso: o repouso reduz as demandas sobre o fígado e


aumenta o suprimento sanguíneo desse órgão, pois o paciente é suscetível aos
perigos da imobilidade inicia-se então esforços para evitar os disturbios
respiratórios, circulatórios e vasculares. O peso e balanço hídrico devem ser
medidos e registrados diariamente. A oxigenoterapia pode ser necessária na
insuficiência hepática para oxigenar as células lesionadas e evitar a destruição de
célula adicional. Quando o estado nutricional melhora e a força aumenta a
enfermeira encoraja o paciente aumentar gradualmente a atividade.

Melhorando o estado nutricional: Encorajar paciente a se alimentar, pois é tão


importante quanto qualquer medicamento, em regra as refeições devem ser
pequenas e freqüentes por causa da pressão abdominal exercida por ascite,
podendo também ser indicado os suplementos protéicos, mas se o paciente exibe
sinais de coma iminente ou progressivo a quantidade de proteína da dieta deve ser
diminuída.Restringir sódio para evitar ascite.

Fornecendo cuidado cutâneo: Fornecer cuidado cutâneo rigorosamente por


causa do edema subcutâneo, imobilidade do paciente, icterícia e suscetibilidade
aumentada à ruptura e infecção da pele. Mudança de decúbito para evitar ulcera de
pressão, usar uma loção suavisante para a pele irritada e hidratar a pele.

Reduzindo o risco de lesão: Instruir o paciente a solicitar a assistência para se


levantar do leito, avaliar qualquer lesão por causa da possibilidade de sangramento
interno, que se deve a uma coagulação anormal, orientar o paciente a usar
barbeador elétrico, escova de dentes com serdas macias, se necessário as grades
laterais devem estar em posição e acolchoadas caso o paciente torne-se agitado ou
inquieto e a pressão aplicada sobre todos os locais de punção venosa auxiliara a
minimizar o sangramento.
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Ensinando o auto cuidado aos pacientes: Orientar e preparar o paciente com


cirrose para a alta, focalizando a instrução da dieta e também a exclusão do álcool
da mesma. Paciente pode precisar de orientação quanto a referencia para os
alcoólicos anônimos, cuidados psiquiátricos ou aconselhamento. Proporcionar
instruções por escrito.ensino, reforço e apoio da equipe e dos membros da família.
Orientar o paciente sobre a necessidade de aderir por completo o plano terapêutico,
incluindo o repouso, alterações no estilo de vida, ingesta nutricional adequada e a
eliminação de álcool. Avaliar o progresso do paciente em casa e a maneira pela
qual ele e a família lidam com a situação reforçando o ensino e a orientação prévia
.

4.1.1. Cuidados de Enfermagem no pré-intra e pós operatório

O Enfermeiro deve ser capaz de:

 Explicar a forma como a cirurgia afeta as necessidades básicas do individuo;

 Descrever o processo de cicatrização do ferimento;

 Identificar os fatores que tornam a cirurgia mais arriscada em determinado


individuo, tanto em geral quanto em relação à cicatrização do ferimento;

 Identificar as situações na assistência pré-intra e pós operatório; que


requerem imediata intervenção médica ou da enfermagem;

 Identificar os problemas comuns que o paciente cirurgico pode apresentar;

 Identificar as situações na assistência pré e pós operatório que requerem


imediata intervenção médica ou da enfermagem;

 Tomar medidas adequadas nessas situações;

 Utilizar os princípios importantes na assistência do paciente cirurgico, tanto


antes quanto após a cirurgia;

 Demonstrar habilidade na execução das seguintes intervenções:

 Assistência pré-operatória imediata;

 Preparo da pele para a cirurgia;


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 Assistência pós-operatória imediata e continua;

 Troca de curativo estéril;

 Aplicação de ataduras;

 O enfaixamento de áreas especificas do corpo.

 Documentar com exatidão suas observações acerca do paciente cirurgico,


bem como as intervenções por ela executadas;

 Avaliar a eficácia das suas intervenções de enfermagem.


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do presente trabalho conclui-se que a conscientização, a


humanização, o respeito ao paciente como também conhecimentos técnicos e
cientificos com educação permanente dos profissionais que atuam na Equipe de
Saúde é de extrema importância e indispensável para que se consiga alcançar bons
resultados. Sendo necessário que a mantenha seu pessoal de enfermagem
altamente treinado e em número adequado, pois a responsabilidade quanto a uma
vida é muito grande. O diagnóstico precoce da cirrose por ser uma doença crônica
também como de qualquer outra patologia é sempre primordial para que se consiga
alcançar um bom prognóstico. A equipe necessita de um ótimo gerente supervisor,
e também precisa trabalhar, atuar com motivação, consciência de que o paciente
necessita de orientações, informações sobre a sua patologia e de qualidade do
tratamento a ele indicado.
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REFERÊNCIAS

BRUNNER & SUDDARTH. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 10 ed.


vol. 3. Rio de Janeiro: Editora Guanabara e Koogan S.A., 2005. p. 1165-1169.

DU GAS, Beverly Witter. Enfermagem prática. 4ª ed. Rio de Janeiro: Editora


Guanabara e Koogan S.A., 1988. p 435-463.

ROTHUIZEN, J. Hepatopatias e doenças do trato biliar. In: DUNN, J. K. Tratado


de medicina. São Paulo; Roca, 2001. P. 444- 448..

TENORIO, Goretti. O que é Cirrose. Disponível em:


<https://saude.abril.com.br/medicina/o-que-e-cirrose-causas-sintomas-e-
tratamento/>. Acesso em: 10 de Maio de 2019.

CARRILHO, F. J. Carcinoma hepatocelular e cirrose hepática: estudo caso-


controle de variáveis clínicas, bioquímicas, sorológicas e
morfológicas. 1993. 185p. Tese (Doutorado) – Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, São Paulo.

VARELLA, Drauzio. Cirrose. Disponivel em: <


https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/cirrose/> . Acesso em: 10
de Maio de 2019.

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