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Fonética em Fonoaudiologia

Ana Cristina de Albuquerque Montenegro (UFPE)


Stella Telles (UFPE;CNPq)

A fonética é a ciência que estuda uma parte da física relacionada a percepção de sons da fala,
estudando como são produzidos e propagados. Segundo o dicionário de Linguística e Fonética,
ela divide-se em três partes: fonética auditiva, acústica e articulatória que se complementam
entre si. A auditiva é referente a percepção do ouvinte, sendo assim, o estudo interpretação dos
sons. Acústica fica com a parte mais física que é analisar ondas sonoras do emissor e a
articulatória tem o papel anatômico, estudando as estruturas do aparelho fonador e suas
configurações para produção de sons.

Como é visto na figura 1, tudo está relacionado às ondas sonoras emitidas pelo aparelho
fonador e a recepção dos sons pelo ouvinte. Nessa situação é situado também que a parte
fonética auditiva é o engatilho para o conhecimento linguístico do ouvinte, e o emissor por sua
vez tem um cuidado com a sua fala.

A fonética quando estuda os sons de si mesmo não possui relação com a fonologia, que por sua
vez utiliza da fonética auditiva, acústica e articulatória para observar como os sons se organizam
na língua.

Existe diferença fonética dos vários grupos que compoe a sociedade e o fator que diferencia isso
na língua são os dialetos, existem vários motivos que contribuem para essas variações como
fatores regionais, socioeconômicos e político. Isto ocasiona em duas características da língua:
variabilidade e dinamicidade que possui uma abertura para os níveis fonéticos e fonológicos. No
texto afirma que dialetos não possuem sons estritamente idênticos, isso indica que cada
indivíduo pode realizar produção de fala diferente e o conjunto dessas características é
denominada "idioleto" quando somente se refere a um indivíduo.

Numa comunidade os falantes nativos identificam e fazem o uso dos sons da língua de maneira
mais fácil por conta da exposição a este idioma, portanto, crianças que distinguem a unidade
sonora e fazem uso naturalmente no desenvolvimento da escrita.

A fonoaudiologia e a fonética estão relacionadas quando observa e detectam distúrbios da fala,


fazendo uma investigação das diferenças de formação e percepção linguística, utilizando a
fonética como apoio nas intervenções terapêuticas.

Fonética Articulatória

Trata-se da parte fisiológica que engloba sons produzidos pela cavidade bucal, cavidade nasal,
faringe, laringe e os pulmões, deste modo, é indispensável o conhecimento sobre a emissão de
sons para o fonoaudiólogo. Sobre os pulmões, para a produção de fala existe um mecanismo de
iniciação do sistema respiratório que é a corrente de ar expirada é uma das responsáveis pela
produção de fala.

O ar que vem dos pulmões passa pela laringe onde ocorre a vibração e sons aspirados da pregas
vocais, continua pela faringe podendo seguir dois caminhos cavidade oral ou nasal, sendo o mais
natural para a produção de fala é a cavidade oral, onde possui: lábios, dentes,alvéolos, palatos
duro e mole. Consequentemente os lábios e a língua possui caráter importante para produção
de diversos sons de vários idiomas, nomeados de articuladores ativos. Possíveis desordens na
estruturas fonoarticulatórias, podem causar transtornos na fala.

O ar que continua pela cavidade nasal onde encontra-se as fossas nasais é produzidos os sons
nasais, onde possui segmentos vocálicos e consonantais que distinguem entre si na cavidade.

Sons da fala

Os sons são representados por uma carta de símbolos fonéticos IPA( Alfabeto Fonético
Internacional) ela é recomendada por ajudar a manter o padrão para todos os idiomas. Podendo
ser encontrada também no site da Associação Internacional de Fonética. Os diacríticos que são
símbolos gráficos, como til e trema que modificam o valor de algum símbolo. Existe uma
propriedade que que separa os sons da fala em dois grupos: consoantes e vogais essa separação
é aceitada para a fonologia também.

Tanto para as vogais e consoantes suas diferenças estão na produção de sons, onde as
consoantes possuem uma "redução sonora ao invés das vogais que ar passa livremente aonde o
trato vocal é totalmente aberto.

Quando ocorre a emissão vocal a transição dos movimentos articulatórios faz com que as
consoantes sejam audíveis por conta da fronteira entre as duas.

A classificação dos consoantes é dividida em: vozeamento, modo de articulação e ponto de


articulação.

Vozeamento consiste na vibração das pregas vocais.


Modo de articulação é como as consoantes são articuladas, sendo dividido em oclusivos quando
tem um bloqueio do ar, podendo ser surdos ou sonoros [p,b,t,d,k,g]. Em fricativos quando
acontece o bloqueio parcial do ar, em nasais permitindo a passagem de ar cavidade nasal e são
sonoros e os laterais e quando ocorre o fechamento da cavidade oral e o ar é contínuo pelas
laterais da língua, são sons sonoros. E por último os vibrantes consiste em rápidos fechamentos
na passagem de ar na cavidade oral, que se dá quando a língua encosta em alguma parte dessa
cavidade, resultando em [flap ou tap].

Ponto de articulação é onde acontece diferentes tipos de bloqueio da passagem do ar no


período da fala. Os articuladores são denominados de ativos e passivos, sendo que há 12
identificados no mundo, sendo eles: bilabial, labiodental, interdental, dental, alveolar, alveolar
retro-flexo, alveopalatal, palatal, velar, uvular, faringal e glotal. São denominados de
homorgânicos sons que são executados no mesmo ponto de articulação. Articuladores ativos:
lábio inferior, língua, velo e as cordas nasais. Passivos: lábio superior, dentes
superiores,alvéolos, palato, velo e úvula. Para a exposição do som consonantal, as
especificidades devem ser ordenadas na sequência: modo de articulação+ ponto de
articulação+sonoridade+ coarticulação.

Vogais possuem passagem livre do ar no trato vocal, possui três classificações dos segmentos
vocálicos que é a altura da língua no período da articulação, sendo a abertura das vogais e a
altura pode ser alta, média e baixa.

Outra classificação é anterioridade da língua que é a parte relacionada a região da língua,


dividida em três:anterior, central e posterior.

Arredondamento da língua referente é a última classificação dos segmentos vocálicos que tem
como propriedade a estrutura dos lábios e como o próprio nome já diz, segue-se a lógica
quando os lábios encontram-se arredondados o som será "arredondado" e caso seja estendido
não será "arredondado", que significa que são vogais posteriores.

As vogais são mais duráveis na emissão de som do que as consoantes.

Os seus segmentos devem ter ordem: altura+corpo da língua+ arredondamento+ nasalidade.

Fonética e Fonoaudiologia

O saber da produção articulatória é primordial para atuação do fonoaudiólogo que possui


contato com a educação e clínicas, sendo que a fonética passeia em todas as áreas da
fonoaudiologia por estudar as propriedades da físicas e fonoarticulatórias.
A princípio a Motricidade Orofacial (MO) percebemos as dificuldades enfrentadas na capacidade
motoras e nos órgãos fonoarticuladores, atingindo a produção dos sons da fala que são as
alterações morfofuncionais na língua, lábios, palatos etc que são de origem fonética. Possui uma
classificação para essas alterações fala que é a: omissão, substituição, distorção e imprecisão.

a) omissão: acontece ao emitir o som e a palavra não é produzida corretamente.

b) substituição: é a troca de um fonema por outro.

c) distorção: ocorre quando o som é distorcido pelo seu ponto de articulação ou movimento
do músculo.
d) imprecisão: a fala é imprecisa tornando-se incompreensível, não possui exatidão na sua
produção.

Dentro das alterações das estruturas fonoarticulatórias, existe distúrbios nos sons da fala como,
por exemplo:

a) as disfunções velo faríngeas que á a alteração da estrutura como lábio superior e/ou palato
mole e/ou palato duro.

b) os respiradores orais que torna-se incerto na execução dos fonemas bilabiais e fricativos.

c) as alterações no frênulo da língua diminuição da locomoção da língua que gera distorções no


flap.

d) as alterações dentofaciais elas apresentam várias modificações fonéticas o, retrognatismo


que causa alterações no fonemas bilabiais, o prognatismo alterações de fonemas bilabiais e
labiodentais.

e) distúrbios temporomandibulares diminuição dos movimentos da mandíbula.

f) próteses dentárias mal adaptadas propiciam imprecisão articulatória para manter a


permanência da prótese .

Na fonoaudiologia o profissional encontra o transtorno fonológico e acaba sendo necessário


avaliação do inventário fonético, quadra fonológico, como diz o AFC- Avaliação Fonológica da
Criança que consiste em teste para conferir a produção de sons, nível de consciência fonológica
e percentagem de sons reproduzidos adequadamente, testes este que são denominados de
PCC- Percentual de Consoantes Corretas e CONFIAS. Portanto é de suma importância o estudo
da fonética para a atuação do fonoaudiólogo que vai promover avaliação, diagnóstico e
tratamento para distúrbios da linguagem oral, gagueira, espectro autista, na leitura e também
escrita.

Na audiologia faz-se o uso do conhecimento fonético também, por exemplo, no exame de


logoaudiometria que é realizado para avaliação do indivíduo de detectar e reconhecer a fala.

No campo da voz a depender da trabalho do paciente é necessário neutralizar variações


linguísticas. E na especialidade forense é preciso que o fonoaudiólogo tenha um rico saber na
fonética articulatória.

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