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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS


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Tel: (87) 3764-5500 - http://www.uag.ufrpe.br

Curso: Zootecnia
Disciplina: Pastagens
Período: 2016.1
Professor: Glesser Porto Barreto
Alunos: Erlaine de Holanda Cavalcanti Filho

Adubação com fósforo

Introdução

Em sua grande maioria as pastagens brasileiras são estabelecidas em áreas de solos mais
pobres, naturalmente assim ou provocados por atividades agrícolas, que com o passar do tempo
consomem as reservas naturais dos nutrientes presentes no solo, deixando os mesmos carentes em
determinados nutrientes, sendo então um dos maiores problemas no estabelecimento e na
manutenção de pastagens nos solos brasileiros são os níveis baixos de fósforo disponível e total,
essa baixa disponibilidade do fósforo se dá pela alta capacidade de adsorção desse nutriente em
consequência de algumas características do solo, sua acidez e teores elevados de óxidos de ferro e
alumínio. (LOBATO et al., 1986).
Como a baixa disponibilidade de fósforo (P) para as plantas cultivadas é uma característica
predominante nos solos brasileiros, se faz necessária à inclusão do P nas adubações para obtenção
de produtividades satisfatórias das pastagens, mesmo daquelas com espécies pouco exigentes e
bem adaptadas como a Brachiaria decumbens. (SOARES et al., 2001).
.
Fósforo no solo

O fósforo é um elemento químico de símbolo P, número atômico 15 (15 prótons e 15 elétrons)


e massa atômica igual a 31, no solo encontra-se na fase sólida nas formas orgânicas e inorgânicas;
na fase líquida em formas inorgânicas na solução do solo, nas formas de H 2PO4 e HPO42-. O fósforo
contido no material de origem do solo encontra-se na forma de minerais, com predomínio dos
fosfatos, através do intemperismo o fósforo é liberado para a solução, em pequenas quantidades. O
fósforo total da maioria dos solos pode ser relativamente grande, entretanto processos geoquímicos
e biológicos podem transformar os fosfatos naturais em formas estáveis, fixado, combinado com
outros elementos como cálcio, ferro ou alumínio, formando compostos não assimiláveis pelas
plantas (P-lábil).
No solo o P pode ser imobilizado, quando se encontra na forma orgânica não assimilável
pelas plantas; tornando-se disponível para a planta pela mineralização da matéria orgânica; ou
adsorvido que é a fração de fósforo presa ao complexo coloidal do solo tornando-se disponível
através de trocas com as raízes; e assimilável é a parte que se encontra diluída na solução do solo
sendo facilmente absorvido pelas plantas. A forma chamada disponível é o somatório do P adsorvido
com o assimilável.
Nos fertilizantes fosfatados sob a forma de fosfato solúvel em água, em contato com a solução do
solo, o fósforo solubiliza tornando-se disponível. Parte deste fica diluída na solução do solo e parte
fica adsorvida ao complexo coloidal (argilas), por troca iônica; em solos ácidos que apresentam
elevados teores de ferro, e alumínio, parte do fósforo disponível é fixada, formando compostos de
ferro e alumínio; o fósforo torna-se indisponível para as plantas.
Os íons (OH-) gerados pelo calcário tomam o lugar dos íons de fósforo fixado liberando-os
para a solução do solo. Este é um dos maiores benefícios indiretos da calagem. Parte do fósforo
disponível é absorvida pelos vegetais e pelos micro-organismos do solo, esta se torna a fração de
fósforo imobilizado no solo, com a morte dos micro-organismos do solo e dos restos de culturas, o
fósforo imobilizado pode tornar-se, novamente, disponível para as plantas pelo processo da
mineralização da matéria orgânica; por isto, uma cultura aproveita muito pouco do fósforo aplicado
nesse tipo de fertilizante. (GIRACCA e NUNES, 2016).

Influência da acidez do solo e de outros fatores na eficiência da


adubação fosfatada

Em solos ácidos, o uso da calagem é uma estratégia para se aumentar a disponibilidade de


fósforo para as plantas, uma vez que, com o acréscimo do pH, há um aumento na densidade de
cargas negativas nas superfícies dos coloides do solo, o que acarreta em menor adsorção entre o
fosfato e a superfície adsorvente reduzindo a capacidade máxima de adsorção de fósforo do solo.
(BARROW, 1985).
Segundo Sousa, Júnior e Vilela (2004), a correção do pH do solo é uma prática que contribui
para aumentar a disponibilidade do fósforo do solo e a eficiência de uso desse nutriente dos
fertilizantes fosfatados solúveis, mesmo em casos que se trabalhem com espécies tolerantes à
acidez do solo, deve-se pensar no beneficio dessa correção nos sentidos econômicos e em
consequência redução nos custos coma adubações.
Com o uso de fosfatados naturais que se beneficiam da acidez do solo para sua solubilização,
se observa decréscimo na solubilidade do fósforo com a aplicação de calcário, esse fato acontece
quando as quantidades são superiores à dose recomendada para elevar a saturação por bases de
50%, no período que compreende as reações mais intensas do calcário, que é o primeiro ano após a
sua aplicação ao solo, sabe-se ainda que em função do aumento da dosagem de calcário a
disponibilidade do fosfato natural decresce, já com uso de superfosfato simples, ocorre aumento da
produção com aplicação do calcário. Em geral com a correção da acidez, há uma diminuição nos
teores solúveis de Fe e Al do solo, á adição de doses adequadas de outros nutrientes, como
nitrogênio, potássio, enxofre e micronutrientes, essas práticas acarretam num acréscimo nos teores
de fósforo na solução do solo.
Além de dessas estratégias outra possibilidade de influenciar de forma positiva na eficiência
do fósforo adicionado no solo por fertilizantes, que é o manejo de rotação de culturas, visto que
algumas culturas tem a capacidade de multiplicar determinados micro-organismos como fungos
micorrízicos e de liberar exsudatos do sistema radicular, auxiliando a adsorção do fósforo no solo,
ainda pode-se ampliar a reciclagem do fósforo com a adição de matéria orgânica no solo.

Avaliação da fertilidade do solo e recomendações de adubação


fosfatada

Método Mehlich 1

Existem vários métodos de avaliação da disponibilidade de P no solo, com princípios


diferentes (SILVA & RAIJ, 1996). Entre eles, destaca-se o método de Mehlich-1 que é muito utilizado
no Brasil e extrai a fração de P solúvel em ácido fraco e a fração trocável de K do solo. Esse método
tem sido usado com frequência na avaliação da disponibilidade de P em condições de campo,
correlacionando-a com a produtividade de diversas culturas (MIELNICZUK et al. 1971; MIRANDA &
VOLKWEISS, 1981; LINS et al.1989).O extrator de Mehlich-1, segundo VOLKWEISS & RAIJ (1977),
baseia-seno princípio da dissolução de minerais contendo P e/ou deslocamento de P retido nas
superfícies sólidas do solo para a solução, por ânions capazes de competir como P pelos sítios de
retenção.O extrator de Mehlich-1 vem se apresentando razoavelmente adequado como indicador da
disponibilidade de P em solos sem adubação e com aplicação de adubos fosfatados solúveis.
Estudo de correlação o método Mehlich-1 está entre os métodos ácidos de extração de P que
apresentam grande vantagem para uso rotineiro, principalmente porque permite obter extratos
límpidos que decantam facilmente, dispensando a filtragem das suspensões de solo.

Método da resina

O método da Resina trocadora de ânions foi proposto por AMER et al. (1955), como uma
tentativa de reproduzir em laboratório o processo de absorção de P pelas plantas no campo. Em
uma ampla revisão bibliográfica sobre métodos de extração de P feita por RAIJ (1998), ficou
demonstrado que o método mais eficiente para o P, em uma grande variedade de condições, é o
baseado na extração da resina trocadora de ânions. Este método tem propriedades que permitem a
avaliação apenas do P-lábil. Trata-se do mesmo material usado em deionizadores de água. A resina
é um material sintético, orgânico, poroso, com estrutura matricial tridimensional, que contém grupos
químicos com cargas positivas. Essas cargas positivas adsorvem os ânions H2PO4- da solução
aquosa em contato com o solo durante a agitação de solo, resina e água durante 16 horas. (RAIJ,
2004). O método que utiliza as resinas trocadoras de íons, de uso bastante amplo, remove
gradativamente e de forma contínua o P da solução do solo. Esse método, mediante uma mistura de
resinas de troca aniônica e catiônica, permite também a extração de outros nutrientes, como Ca, Mg
e K (RAIJ et al. 1996), ainda demonstraram boa capacidade desse método de predição da
disponibilidade de P do solo para diversas culturas.

Adubação de estabelecimento
Pelo método Mehlich 1 e método de resina

Para a definição da adubação com fósforo de estabelecimento é importante conhecer o


resultado da análise de solo (química - teor de fósforo extraído pelo método de Mehlich 1 ou resina -
e física – teor de argila) para definir a disponibilidade de nutrientes no solos (SOUSA et al., 2007). A
tabela 2 e 3 apresentam as interpretações de resultados de analises de fósforo no solo. Os limites
de classes de estabelecimentos da analise do solo são classificados em; muito baixo de 0 a 26%, o
baixo de 27 a 54%, o médio de 55 a 80% e o adequado acima de 80% (SOUSA et al., 2007).

Tabela 1 - Interpretação de resultados da análise de fósforo no solo, na profundidade de 0 cm a


20cm , extraído pelo método Mehlich 1, para o grupo de muito exigente das forrageiras, para a fase
de estabelecimento.
Interpretação da análise de solos
Espécies pouco exigentes
Teor de argila Muito baixa Baixa Média Adequada
% Teor de fósforo no solo mg/dm³
< 15 0 a 3,0 3,1 a 6,0 6,1 a 9,0 >9,0
16 a 35 0 a 2,5 2,6 a 5,0 5,1 a 7,0 >7,0
36 a 60 0 a 1,5 1,6 a 3,0 3,1 a 4,5 >4,5
>60 0 a 1,0 1,1 a 1,5 1,6 a 2,0 >2,0
Espécies exigentes
Teor de argila Muito baixa Baixa Média Adequada
% Teor de fósforo no solo mg/dm³
< 15 0 a 5,0 5,1 a 10,0 10,1 a 14,0 >14,0
16 a 35 0 a 4,0 4,1 a 8,0 8,1 a 12,0 >12,0
36 a 60 0 a 2,0 2,1 a 4,0 4,1 a 6,0 >6,0
>60 0 a 1,0 1,1 a 2,0 2,1 a 3,0 >3,0
Espécies muito exigentes
Teor de argila Muito baixa Baixa Média Adequada
% Teor de fósforo no solo mg/dm³
< 15 0 a 6,0 6,1 a 12,0 12,1 a 20,0 >21,0
16 a 35 0 a 5,0 5,1 a 10,0 10,1 a 18,0 >18,0
36 a 60 0 a 3,0 3,1 a 5,0 5,1 a 10,0 >10,0
>60 0 a 2,0 2,1 a 3,0 3,1 a 5,0 >5,0
Fonte: Adaptado de SOUSA et al. (2007)

Tabela 2 – Interpretação dos resultados da analise de fósforo no solo, na profundidade de 0 a 20 cm,


extraído pelo método de resina (P-resina), para o grupo de exigência das forrageiras muito
exigentes, para o estabelecimento.
Interpretação da analise do solo
Muito baixo Baixo Médio Adequado
Pouco exigentes Teor de fósforo no solo mg/dm³
0 – 3,0 3,1 – 6,0 6,1 – 8,0 >8,0

Muito baixo Baixo Médio Adequado


Exigentes
0 – 4,0 4,1 – 8,0 8,1 – 12,0 >12,0

Muito baixo Baixo Médio Adequado


Muito
exigentes 0 – 5,0 5,1 – 9,0 9,1 – 18,0 >18,0
Fonte: Adaptado de SOUSA et al. (2007)

Equação e recomendação para estabelecimento

Dose de fósforo (kg/ha de P2O5)= Argila(%) x Fator B

Tabela 3 - Valores do fator B para uso na equação


Interpretação da Espécies
análise de solo
Pouco exigentes Exigentes Muito exigentes
Muito baixo 2,0 3,0 4,0
Baixo 1,5 2,0 2,5
Médio 1,0 1,5 2,0
Fonte: Adaptado de SOUSA et al. (2007)

Tabela 4 – Recomendação de adubação fosfatada para o estabelecimento de pastagens


Disponibilidade de fósforo
Teor de argila Muito baixa Baixa Média Adequada
% Kg/ha de P2O5 a aplicar
Espécies pouco exigentes
< 15 40 30 20 0
16 a 35 60 45 30 0
36 a 60 90 70 45 0
>60 120 90 60 0
Espécies exigentes
Teor de argila Muito baixa Baixa Média Adequada
% Teor de fósforo no solo mg/dm³
< 15 70 55 35 0
16 a 35 90 70 45 0
36 a 60 140 105 70 ,0
>60 180 135 90 0
Espécies muito exigentes
Teor de argila Muito baixa Baixa Média Adequada
% Teor de fósforo no solo mg/dm³
< 15 80 50 40 0
16 a 35 120 75 60 0
36 a 60 180 120 90 0
>60 240 150 120 0
Fonte: Vilela et al (2001)

Tabela 5 – Recomendação de adubação fosfatada para o estabelecimento de pastagens


P no solo, mg.dm-3 (resina)
0-6 7-15 15-40 >40
P2O5 – kg/ha
Espécies muito exigentes
100 70 40 0
Espécies exigentes
80 60 40 0
Espécies pouco exigentes
60 40 20 0

Adubação de manutenção
Pelo método Mehlich 1 e método da resina

A adubação de manutenção é interessante por evitar a degradação da pastagem e


proporcionar níveis de produtividade para o negocio. Em pastos já estabelecidos, o fósforo deve ser
aplicado a lanço, na superfície do solo. São obtidos resultados positivos quando há cobertura do
solo pela área basal das plantas. A disponibilidade de água próxima à superfície do solo, região onde
ocorre a maior concentração de nutrientes e de raízes, é favorecida, em consequência favorece a
absorção do fósforo pela planta. (SOUSA et al., 2007).
Em geral é sugerido que o teor crítico de fósforo no solo, para a fase de manutenção, seja
equivalente a cerca de 80% dos valores recomendados como adequados para a fase de
estabelecimento, então em pastagens estabelecidas, deve-se utilizar dos valores das tabelas 1 e 2
para realização da adubação de manutenção. (SOUSA et al., 2007)

Equação e recomendação para manutenção

Dose de fósforo (kg/ha de P2O5)= Argila(%) x Fator B x 0,2

Tabela 6 – Recomendação de adubação fosfatada para a manutenção de pastagens


P no solo, mg.dm-3
0-6 7-15 15-40 >40
P2O5 – kg/ha
Espécies muito exigentes
80 55 30 0
Espécies exigentes
60 25 30 0
Espécies pouco exigentes
40 15 10 0

Fontes de P (tipos de adubos fosfatados)

Os fertilizantes podem ser classificados quanto á sua solubilidade em água, citrato neutro de
amônio (CNA) e ácido cítrico (AC), conhecendo os produtos e suas solubilidades, pode-se, de
maneira geral, prever sua eficiência agronômica (capacidade de fornecimento de P para as culturas)
e a melhor forma de utilização.

 Superfosfato simples
 Superfosfato triplo
 Mono-Amônio-Fosfato (MAP)
 Di-Amônio-Fosfato (DAP)
 Termofosfato
 Fosfatos reativos
 Organo-fosfatado

Perdas de P dos fertilizantes

 Adsorção
 Lixiviação
 Erosão
 Fixação

Efeito residual

 Aplicação de doses elevadas em solos pobres


 Fosfatos solúveis – rápida absorção – Superfosfatos simples, triplo, MAP e DAP.
 Fosfatos de rochas - lenta absorção

Época, forma e frequência de aplicação.

As formas de aplicação são:


 Aplicação a lanço
 Aplicação no sulco de plantio
Frequência de aplicação:
 2 a 3 anos (Conforme nível de produção e analise de solo)
Época:
 Período de início das chuvas

Referências bibliográficas
https://blog.farmbox.com.br/o-que-voce-precisa-saber-sobre-adubacao-fosfatada/
https://www.cpt.com.br/dicas-cursos-cpt/adubacao-fosfatada-corretiva-o-que-e
https://www.agrolink.com.br/fertilizantes/manejo_361439.html
https://www.grupocultivar.com.br/artigos/manejo-de-adubacao-fosfatada-na-cana
https://blog.aegro.com.br/rotacao-arroz-soja-adubacao-fosfatada-para-melhorar-fertilidade/
https://www.agrolink.com.br/colunistas/coluna/adubacao-fosfatada-em-pastagens-da-
amazonia_386716.html

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