Recorrente(s) : EMPRESA BAIANA DE AGUAS E SANEAMENTO S A EMBASA
Recorrido(s) : VANDA MARIA REGIS DOS SANTOS
Origem : 7ª VSJE DO CONSUMIDOR (MATUTINO
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
VOTO- E M E N T A
RECURSO INOMINADO. EMBASA . ROMPIMENTO DE TUBULAÇÃO DE
ESGOTO. LANÇAMENTO DE DEJETOS NO INTERIOR DA RESIDÊNCIA DA PARTE AUTORA. SOLICITAÇÃO PARA ADOÇÃO DE MEDIDAS REPARATÓRIAS NÃO ATENDIDAS. FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. TRANSTORNOS QUE PERDURARAM AO LONGO DO TEMPO. REDUÇÃO DO QUANTUM, PARA ADEQUAÇÃO AOS PARÂMETROS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos, nestes termos: “Ex positis, com base no art. 487, I, do CPC, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados para a) condenar a Acionada a ressarcir a parte Autora no valor de R$ 1.608,13, devendo este valor ser acrescido de juros de 1% a.m e correção monetária pelo INPC desde a data do evento danoso, 1º de abril de 2016;b) CONDENAR a parte Acionada a indenizar a parte Autora, a título de danos morais, a quantia de R$ 8.000,00 (oito mil reais), quantia esta que deverá ser acrescida de juros de 1% ao mês e correção monetária pelo INPC, incidentes a partir desta decisão, na forma da súmula 362, do STJ..” 1. Alega a parte autora que sofrera com a má prestação de serviço prestada pela ré, em virtude do rompimento de tubulação da rede de esgoto, no dia 01/04/2016, o que acarretou a entrada de dejetos no interior da sua residência, causando-lhe transtornos que ultrapassaram o razoável, requerendo indenização pelos danos morais sofridos. 2. A parte recorrente busca a reforma da sentença, argúi a incompetência absoluta dos juizados especiais para o julgamento da causa, em virtude da complexidade da prova a ser produzida, e no mérito sustenta a ausência de responsabilidade pelos danos causados, que o lugar em que reside a parte autora não é dotado de infra estrutura, que as construções foram realizadas sem a observância de normas técnicas. Que não houve a demonstração de danos morais na espécie, requerendo, em caráter eventual, a diminuição do quantum. 3. No que tange à preliminar de incompetência absoluta dos juizados para julgar a causa, ante a complexidade da prova a ser produzida, Tenho que a matéria posta à apreciação não demanda produção de prova pericial. Com efeito, para o deslinde da matéria, se faz suficiente a análise das provas carreadas aos autos pelas partes, havendo elementos suficientes para o julgamento do mérito da ação. 4. O exame dos autos evidencia que o ilustre a quo examinou com acuidade a demanda posta à sua apreciação, portanto, entendo que o decisum não merece reforma, a meu ver. 5. A parte autora afirma que sofrera transtornos com o rompimento de tubulação de esgoto, o que acarretou a remessa de dejetos para o interior da sua residência. Para tanto, colaciona aos autos no ev. 01 fotos do imóvel em que demonstrada a ocorrência do evento. 6. Analisando os autos infere-se que o recorrido, em sede de preludial, logrou êxito na demonstração da ocorrência dos supracitados sentimentos negativos ensejadores da indenização moral, e todos os transtornos causados pela passagem do esgoto. Instada a se manifestar, a empresas demandadas não comprova ter adotado qualquer medida no sentido de minimizar os danos casusados, pelo quê recai sobre as mesmas a responsabilidade objetiva pelos prejuízos sofridos pela parte acionante. 7. 8. Presentes, ademais, os requisitos caracterizadores da responsabilidade objetiva e de caráter solidário, aplicável no bojo das relações de consumo, tendo em vista a participação da empresa demandada na realização do serviço do qual decorreu danos à parte autora, sendo empresa concessionária , e que portanto deverá velar pela qualidade dos serviços que presta e pela fiscalização de obras ou serviços realizados por terceiro, não se subsumindo a hipótese em apreço àquela prevista no art. 71 da lei 8666/93. 9. O art. 14 do CDC, dispondo sobre a responsabilização do fornecedor pelo fato do produto ou serviço, preleciona que: “Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.” 10. A Doutrina e jurisprudência são unânimes em assentar a responsabilidade em casos tais, inexistindo dúvida de que o fornecedor de produto responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores, por defeito relativos à sua prestação, em consonância com o texto da legislação Consumerista, em seus arts. 6º e 18. 11. O conjunto probatório demonstrou cabalmente a ocorrência do dano moral que muito mais que aborrecimento e contratempo, resultou em situação que por certo lhe trouxe intranqüilidade e sofrimento, máxime diante da inércia da empresa demandada, que, instada a adotar quaisquer das providências cabíveis, nada fez, deixando perdurar a situação aflitiva da parte acionante, o que gerou no caso concreto a violação a direitos da personalidade. 12.Inobstante, entendo que o valor arbitrado a título de danos morais exorbitou da justa medida, e violou os parâmetros da razoabilidade e proporcionalidade, sendo mister a sua redução, como forma de atenuar o desequilíbrio gerado pela condenação imposta, sem deixar de reconhecer a reprovabilidade da conduta perpetrada. ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso interposto tão somente para reduzir o quantum condenatório arbitrado a título de danos morais, que fixo em R$ 3.000,00 ( três mil reais). Corrigidos conforme definido em sentença. Sem custas processuais e honorários advocatícios pelo êxito da parte no recurso.
Salvador, Sala das Sessões, 13 de JULHO de 2017
BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE Juíza Relatora BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ Juíza Presidente PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS
Processo Nº. : 0003925-75.2015.8.05.0256
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : EMPRESA BAIANA DE AGUAS E SANEAMENTO S A EMBASA
Recorrido(s) : FRANCISCO SANTOS DA SILVA
Origem : 1ª VARA JUIZADOS ESPECIAIS DE TEIXEIRA DE
FREITAS Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte decisão: RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento. Sem custas processuais e honorários advocatícios pelo êxito da parte no recurso.
Salvador, Sala das Sessões, 13 de JULHO de 2017
BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE Juíza Relatora BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ Juíza Presidente