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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0074637-45.2016.8.05.0001

Classe : RECURSO INOMINADO


Recorrente(s) : EMPRESA BAIANA DE AGUAS E SANEAMENTO S A
EMBASA

Recorrido(s) : VANDA MARIA REGIS DOS SANTOS

Origem : 7ª VSJE DO CONSUMIDOR (MATUTINO


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

VOTO- E M E N T A

RECURSO INOMINADO. EMBASA . ROMPIMENTO DE TUBULAÇÃO DE


ESGOTO. LANÇAMENTO DE DEJETOS NO INTERIOR DA RESIDÊNCIA DA
PARTE AUTORA. SOLICITAÇÃO PARA ADOÇÃO DE MEDIDAS
REPARATÓRIAS NÃO ATENDIDAS. FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS.
TRANSTORNOS QUE PERDURARAM AO LONGO DO TEMPO. REDUÇÃO DO
QUANTUM, PARA ADEQUAÇÃO AOS PARÂMETROS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.
Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou
parcialmente procedentes os pedidos, nestes termos: “Ex positis, com base no art. 487,
I, do CPC, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados para a) condenar
a Acionada a ressarcir a parte Autora no valor de R$ 1.608,13, devendo este valor ser acrescido de
juros de 1% a.m e correção monetária pelo INPC desde a data do evento danoso, 1º de abril de
2016;b) CONDENAR a parte Acionada a indenizar a parte Autora, a título de danos morais, a
quantia de R$ 8.000,00 (oito mil reais), quantia esta que deverá ser acrescida de juros de 1% ao
mês e correção monetária pelo INPC, incidentes a partir desta decisão, na forma da súmula 362,
do STJ..”
1. Alega a parte autora que sofrera com a má prestação de serviço prestada
pela ré, em virtude do rompimento de tubulação da rede de esgoto, no dia
01/04/2016, o que acarretou a entrada de dejetos no interior da sua residência,
causando-lhe transtornos que ultrapassaram o razoável, requerendo indenização
pelos danos morais sofridos.
2. A parte recorrente busca a reforma da sentença, argúi a
incompetência absoluta dos juizados especiais para o julgamento da causa, em
virtude da complexidade da prova a ser produzida, e no mérito sustenta a ausência
de responsabilidade pelos danos causados, que o lugar em que reside a parte
autora não é dotado de infra estrutura, que as construções foram realizadas sem a
observância de normas técnicas. Que não houve a demonstração de danos morais
na espécie, requerendo, em caráter eventual, a diminuição do quantum.
3. No que tange à preliminar de incompetência absoluta dos juizados para
julgar a causa, ante a complexidade da prova a ser produzida, Tenho que a matéria
posta à apreciação não demanda produção de prova pericial. Com efeito, para o
deslinde da matéria, se faz suficiente a análise das provas carreadas aos autos
pelas partes, havendo elementos suficientes para o julgamento do mérito da ação.
4. O exame dos autos evidencia que o ilustre a quo examinou com
acuidade a demanda posta à sua apreciação, portanto, entendo que o decisum
não merece reforma, a meu ver.
5. A parte autora afirma que sofrera transtornos com o rompimento de
tubulação de esgoto, o que acarretou a remessa de dejetos para o interior da
sua residência. Para tanto, colaciona aos autos no ev. 01 fotos do imóvel em
que demonstrada a ocorrência do evento.
6. Analisando os autos infere-se que o recorrido, em sede de preludial,
logrou êxito na demonstração da ocorrência dos supracitados sentimentos
negativos ensejadores da indenização moral, e todos os transtornos causados
pela passagem do esgoto. Instada a se manifestar, a empresas demandadas
não comprova ter adotado qualquer medida no sentido de minimizar os danos
casusados, pelo quê recai sobre as mesmas a responsabilidade objetiva pelos
prejuízos sofridos pela parte acionante.
7.
8. Presentes, ademais, os requisitos caracterizadores da
responsabilidade objetiva e de caráter solidário, aplicável no bojo das relações
de consumo, tendo em vista a participação da empresa demandada na
realização do serviço do qual decorreu danos à parte autora, sendo empresa
concessionária , e que portanto deverá velar pela qualidade dos serviços que
presta e pela fiscalização de obras ou serviços realizados por terceiro, não se
subsumindo a hipótese em apreço àquela prevista no art. 71 da lei 8666/93.
9. O art. 14 do CDC, dispondo sobre a responsabilização do fornecedor pelo
fato do produto ou serviço, preleciona que: “Art. 14. O fornecedor de serviços
responde, independentemente da existência de culpa pela reparação dos danos
causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.”
10. A Doutrina e jurisprudência são unânimes em assentar a responsabilidade
em casos tais, inexistindo dúvida de que o fornecedor de produto responde,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados
aos consumidores, por defeito relativos à sua prestação, em consonância com o
texto da legislação Consumerista, em seus arts. 6º e 18.
11. O conjunto probatório demonstrou cabalmente a ocorrência do dano moral
que muito mais que aborrecimento e contratempo, resultou em situação que por
certo lhe trouxe intranqüilidade e sofrimento, máxime diante da inércia da empresa
demandada, que, instada a adotar quaisquer das providências cabíveis, nada fez,
deixando perdurar a situação aflitiva da parte acionante, o que gerou no caso
concreto a violação a direitos da personalidade.
12.Inobstante, entendo que o valor arbitrado a título de danos morais exorbitou da
justa medida, e violou os parâmetros da razoabilidade e proporcionalidade, sendo
mister a sua redução, como forma de atenuar o desequilíbrio gerado pela
condenação imposta, sem deixar de reconhecer a reprovabilidade da conduta
perpetrada.
ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso
interposto tão somente para reduzir o quantum condenatório arbitrado a título de
danos morais, que fixo em R$ 3.000,00 ( três mil reais). Corrigidos conforme definido
em sentença. Sem custas processuais e honorários advocatícios pelo êxito da
parte no recurso.

Salvador, Sala das Sessões, 13 de JULHO de 2017


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0003925-75.2015.8.05.0256

Classe : RECURSO INOMINADO


Recorrente(s) : EMPRESA BAIANA DE AGUAS E SANEAMENTO S A
EMBASA

Recorrido(s) : FRANCISCO SANTOS DA SILVA

Origem : 1ª VARA JUIZADOS ESPECIAIS DE TEIXEIRA DE


FREITAS
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO

Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais


Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA MARIA
CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL
LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO . UNÂNIME, de
acordo com a ata do julgamento. Sem custas processuais e honorários
advocatícios pelo êxito da parte no recurso.

Salvador, Sala das Sessões, 13 de JULHO de 2017


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

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