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85 cadernos de teatro — ILUMINACAO — E. Wilson — OS PRIMEIROS ENSAIOS — H. Clurman — AHISTORIA DO aero OOLOGICO — E. Albee Seg OC eee — O PEDIDO DE CASAMENTO — A. Chekov *— DOS JORNAIS = DOS JORNAB CADERNOS DE TEATRO N. 85 Abril - Maio - Junho — 1980 Publicacio d’O TABLADO patrocinada pelo Servico Nacional de Teatro — SEAC — FUNARTE, 6reto do Ministério de Educacio e Cultura Redagio ¢ Pesquisa a’ TABLADO Diretor-responsdvel — JoK Séxcio Marino NUNES Diretor-executivo — MARIA CLARA MACHADO Diretor-tesoureiro — Eooy RezeNpE NUNES Redatores — BERNARDO JABLONSKI, GUIDA VIANNA © ‘CanManna Lypa ‘Secretéria — Suvia Fucs Redagéo: 0 TABLADO Ay. Lineu de Paula Machado, 795 - ZC 20 Rio de Janeiro — 22.470 — Brasil 0s textos publicados nos CADERNOS DE TEATRO 36 poderio ser representados mediante outorizacio da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT) ‘Av. Almirante Barroso, 97 Rio de Taneiro ILUMINACAO A iluminagao, 0 iltimo elemento incorporado & produ- cdo teatral dentro de uma perspectiva histérica, é 0 mais moderno, em termos de técnica e equipamento. Em seus primeiros dois mil anos de histéria conhecida, o teatro sempre foi representado durante o dia e a0. ar livre: a principal razio disso esté ligada sem diivida alguma a necessidade de luz. A luz do sol, afinal de ccontas, € uma excelente fonte de iluminacio. ‘Como nio havia mesmo fontes de luz sofisticadas, ‘0s autores ulilizavam a imaginacdo — 0 mais adequado instrumento disponivel — para sugerir periodos notur- nos ou mudangas de luz, Os atores empunhavam tochas (ou easticais, como o faz Lady Macbeth, para indicar ‘que € noite. Os autores também usavam’a linguagem: ‘Quando Shakespeare faz. Lorenzo dizer, em O Mercador de Veneca: “Como é doce a luz do luar sobre este ‘banco” nio se trata apenas de uma bela frase poética; a idéia era também lembrar a platéia que a cena se passava & noite. © mesmo serve para a elogiiente pas- sagem em que Romeu diz a Julieta que precisa partir porque © dia desponta, Por volta do ano 1600, 0 teatro comegou a ocupar os interiores. Velas e lamparinas foram utilizadas até 1803, quando um teatro em Londres instalou iluminagio a gis, Embora a iluminacio se tornasse mais acessivel nos séculos XVII ¢ XIX, sua eficécia era ainda muito limitada. Além de poucos eficientes, ainda cram um convite a incéndios. Através dos anos muitos teatros nia América e na Europa, foram duramente atingidos por trigicos e custosos incéndios. Em 1879 Thomas Edison inventou a limpada in- candescente (limpada elétrica), e com ela se iniciou ‘a era da iluminacéo criativa no teatro. Tais lampadas, além de seguras, podem ser controladas. O brilho © a intensidade podem ser aumentados ou diminuidos por ‘uma resisténcia elétrica. O mesmo instrumento ¢ capaz de produzir tanto a luz forte do dia como a esmaecida claridade do erepisculo. Além disso, por intermédio de | um filme colorido, ou de uma “gelatina” colocada sobre © refletor, 0 colorido pode ser também controlado. Essa flexibilidade um instrumento poderoso na consecuca0 de efeitos teatrais. FUNCAO ESTETICA DA ILUMINACAO. © suigo Adolphe Appia (1862-1928) — cendgra- fo ¢ iluminador, foi um dos primeiros a vislumbrar as vastas possibilidades artisticas ¢ estéticas da ifuminagao no teatro, Ele escreveu: “A luz esta para a produgio assim como a musica para a partitura: 0 elemento ex- pressivo em oposicdo a0s signos literais; e, como a mi sica, a Tuz pode expressar to-somente 0 que pertence a esséncia inerente a visio de todas as visdes.” Norman Bel Geddes (1893-1958), americano, imaginativo se- guidor de Appia, também afirmou: “Uma boa ilumi nagio adiciona espaco, profundidade, clima, mistério, parédia, contraste, mudancas de emogio, intimidade ¢ medo, Em termos simbélicos, pode-se dizer que a ilumi- | nagio € capaz de proporcionar o seguinte: 1, Tempo e espaco. Pela cor, sombras ¢ intensi- dade, a luz pode sugerir a hora do dia, fornecendo a palida luz do alvorecer, a luz brilhante do meio-dia, as cores vividas de pér-do-sol ou a luz mais fraca da noite ‘A. iluminagdo pode indicar também a época do ano, ‘com luzes de verio ou inverno, ou ainda o lugar, com claridade de interiores ow de exteriores. 2. Clima. Uma pega alegre ¢ leve pede cores quen- tes e brihantes: amarelo, Iaranja e rosa. Uma peca mais pesada requer azuis, azuis-esverdeados © tons mais escuros. 3. Estilo. Numa pega realista, a iluminagio_simu- laré 0 efeito de fontes comuns — abajures, ‘luz solar externa, etc. J4 numa producdo nio-realista, o ilumi nnador pode ser mais imaginativo: feixes de luz podem atravessar 0 escuro, esculpindo os atores no paleo; uma luz vermelho-vivo pode envolver uma cena de danagao; tum verde-pélido pode ajudar a criar o clima enfeitigado

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