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TEPJA – TENDA ESPÍRITA PAI JOAQUIM DE ANGOLA

O Carnaval e o Umbandista - Breve relato sobre a instituição do Carnaval!

No século X, a Igreja Católica sentiu a necessidade de criar um período de 40 dias de jejum, abstinência, recolhimento e oração,
que antecedesse o da Páscoa. Na época, também existiam durante todo o ano diversas festas populares e ditas pagãs. Isto, de
certa forma, incomodava muito às lideranças católicas. Então, foi criado um cálculo complexo, que leva em consideração a
lunação após o Natal de Jesus, para se chegar ao dia do início da Quaresma (40 dias), dia que hoje conhecemos como quarta-
feira de Cinzas (“cinzas” representando a purificação pelo fogo, a queimadura dos pecados). Ora, o povo, que não é bobo nem
nada, sabendo que as pessoas teriam que passar 40 dias sem nenhuma alegria, criou a terça-feira gorda (“gorda”, porque todos
comeriam tudo a que tinham direito e que não poderiam comer depois), no dia que antecede a quarta-feira de Cinzas, quando
não mais poderia manifestar-se com suas festas (ditas pagãs). A origem da palavra Carnaval vem justamente da abstinência de
carne a que todos estariam obrigados nesse período. Na tradução para o português, seria mais ou menos assim: Carne vai =
carnevalle - por corruptela, CARNAVAL. Bem, esta é a origem material do Carnaval.

Mas, nós sabemos que o mundo material é um reflexo do mundo espiritual. Na verdade, a espiritualidade precisava de um
período do ano para anistiar, dar indulto aos espíritos endurecidos que se encontram em verdadeiros abismos espirituais. Uma
vez que o Carnaval surgiu no seio do povo como a maior festa profana, é natural que a espiritualidade, nessa época, proceda ao
benefício para esses irmãos necessitados das energias vitais de nosso planeta. Assim sendo, as energias do Planeta na ocasião
do Carnaval ficam por demais densas, pesadas. E nós, médiuns, sentimos esta influência má, que é além do normal.

No período de carnaval, muitas pessoas acabam expondo tendências de cunho negativo e os desejos mais ocultos,
desrespeitando-se moralmente para satisfazer prazeres carnais sem limites. Através do alcoolismo, consumos de drogas e
libertinagem, o campo vibratório destas pessoas torna-se propício à atuação dos “kiumbas” (espíritos obsessores e
zombeteiros). Por esse motivo, nos dias que antecedem ao carnaval, os umbandistas fazem firmezas de Exus a fim de
fortalecerem-se contra a ação desses obsessores. Os guardiões têm por função impedir que essas energias invadam o espaço
daqueles que não comungam com tais comportamentos. Os umbandistas não estão proibidos de brincar o carnaval, mas se faz
necessário que tenham responsabilidade consigo mesmos. Afinal, nosso corpo é o primeiro templo.

Necessidade de os Médiuns realizarem a Segurança para o Carnaval

No passado, por falta de conhecimento, os terreiros passavam aos seus médiuns a informação de que, no período de Carnaval,
eles deveriam fazer suas seguranças porque os Orixás, nessa época do ano, voltam para a África para reporem suas forças, e nós
estaríamos desprotegidos. A Segurança sempre foi feita com agrados a Exu. A informação passada era totalmente equivocada.
Na realidade, os Orixás são forças da Natureza. Não poderíamos viver sem eles. Imaginem se conseguiríamos viver sem a água, o
fogo, a terra e o ar! Jamais! O período da Quaresma é um tempo de recolhimento, abstinência, jejum para os católicos, mas
podemos observar que os católicos não fecham suas igrejas; muito pelo contrário, elas continuam abertas, atendendo a todos.
Como o período da quaresma corresponde a uma época de reclusão e reflexão dentro da Igreja Católica, muitos terreiros de
Umbanda e Candomblé ficavam em uma posição delicada junto a comunidade católica e fechavam as portas. Para não ter
problemas com as autoridades locais e com as pessoas em geral, era preferível fechar ou poderiam ser acusados de
desrespeitosos com a religião católica. As pessoas consideravam que as casas de santo não deveriam bater tambores ou praticar
qualquer ritual na quaresma a exemplo da Igreja Católica que deixa suas imagens cobertas por mantos de cor roxa em sinal de
respeito na quaresma. Mas devemos lembrar que estes são rituais católicos e não pertence à religião Umbandista.
A quaresma para nós vai marcar apenas o final do ano litúrgico na Umbanda, com a chegada da Semana Santa e da Páscoa.
As “casas de santo” não precisam parar suas atividades durante a quaresma e podem funcionar normalmente. Este é um
período de carência e instabilidade espiritual e parar o atendimento espiritual nessa ocasião não é boa ideia, pois é quando
muitos mais precisam. Certos Terreiros de Umbanda tem preferencia por trabalhar apenas com Exus e Pombo-
giras na quaresma; outras casas de santo preferem trabalhar na linha de Pretos-Velhos e Caboclos. Vai depender da linha
de trabalho espiritual seguida em cada casa de santo. Assim sendo, não se justifica que nós, umbandistas, fechemos nossas
Casas, com a justificativa de que a quaresma é tempo de recolhimento. Pelo contrário! Diante desta análise, fazemos sempre
algumas recomendações aos Médiuns para o período de Carnaval:

1. Fazer-se presente à sessão de Segurança para o Carnaval com os Exus.


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2. Obrigatoriamente, resguardar-se, evitando, bebida, fumo e sexo em excesso.

3. Manter acessa a vela do Anjo da Guarda.

4. Na sexta-feira à noite, agradar Exu, tomar os banhos de Ervas e realizar defumadores em casa.

Estas medidas, aliadas ao bom-senso, à oração e a um comportamento digno de filho de Deus, nos deixam seguros para este
período. É importante lembrar ainda:

- Umbandista não usa máscaras. Pode brincar! Divertir-se, com muita moderação.

- Jamais se utilize das guias para compor a fantasia. Guia de Umbanda é coisa séria.

PARA REFLETIR!!!

Carnaval é tempo de festa ou reflexão?

Muitos espíritas ingenuamente julgam que a participação nas festas carnavalescas não acarreta nenhum mal a integridade
psico-espiritual. E de fato não haveria prejuízo se todos brincassem num clima sadio, de legitima confraternização. Infelizmente,
porém, a realidade é bem diferente. O Espiritismo esclarece que a humanidade está o tempo todo em companhia de legiões de
seres invisíveis recebendo boas e más influências a depender da faixa de sintonia em que se encontrem cada indivíduo. Essa
massa de espíritos inferiores aumenta consideravelmente nos dias de realização de festas pagãs, como é o Carnaval. Nessas
ocasiões, como grande parte das pessoas se dá aos exageros de toda sorte, as influências nefastas se intensificam e muitos dos
encarnados se deixam dominar por espíritos maléficos, ocasionando os tristes casos de violência criminosa, como os homicídios
e suicídios, além dos desvarios sexuais que levam à paternidade e maternidade irresponsáveis. O Carnaval, conforme os
conceitos de Bezerra de Menezes, é festa que ainda guarda vestígios da barbárie e do primitivismo que ainda reina entre os
encarnados, marcado pelas paixões do prazer violento. A folia já foi um dia a comemoração dos povos guerreiros festejando
vitórias; foi reverência coletiva ao deus Dionísio, na Grécia clássica, quando a festa se chamava Bacanalia; na velha Roma dos
Césares, fortemente marcada pelo aspecto pagão, foi chamada de Saturnalia onde nessas ocasiões se sacrificava uma vítima
humana. Na Idade Média, entretanto, é que a festividade adquiriu o conceito que hoje apresenta: o que de uma vez por ano é
lícito enlouquecer, em homenagem aos falsos deuses do vinho, das orgias, dos desvarios e dos excessos. Assim, em três ou mais
dias de verdadeira loucura, as pessoas desavisadas, se entregam ao descompromisso, exagerando nas atitudes, ao compasso de
sons febris e vapores alucinantes. Está no materialismo, que vê o corpo e a matéria com inicio e fim em si mesmo, a causa de tal
desregramento. Mas, do mesmo modo como se pode ser facilmente dominado pelos maus espíritos quando sintonizados na
mesma frequência de pensamento, também se obtém pelo mesmo processo o concurso dos bons, aqueles que agem a favor dos
indivíduos em nome de Jesus. Para isso, basta estar predisposto as suas orientações, atentos ao aviso de "orar e vigiar" que o
Cristo deixou há dois mil anos, através do cultivo de atitudes salutares, como a prece e a prática da caridade desinteressada.
Como o imperativo maior dos espíritos é a Lei de Evolução, um dia todas essas manifestações ruidosas que marcam o estágio de
inferioridade tendem a desaparecer da Terra. Em seu lugar, então, deve predominar a alegria pura, a jovialidade, a satisfação
com o homem despertando para a beleza e a arte, sem agressão nem promiscuidade. Por maior que seja a fé de um ser diante
de festas como o Carnaval, os riscos de contrariedades e aborrecimentos são muito grandes e para isso é preciso redobrar a
vigilância, pois como disse o apóstolo Paulo: "Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”.

Autor: Texto editado da Revista Visão Espírita. O Espírita e o Carnaval, de Pedro Fagundes Azevedo.

André de Obaluaê

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