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EXCELENTÍSSIMO DOUTOR JUÍZ, DE DIREITO DA 2ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE VALPARAÍSO DE GOIÁS.

PROCESSO Nº.: 27110 -25.2015. 8 . 09. 0162

CONTIL - CONSTRUÇÃO E INCORPORAÇÃO DE IMÓVEIS


LTDA já qualificado nos autos da AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE
POSSE/AÇÃO REIVINDICATÓRIA no processo em epigrafe movida por MARIA
IVONE SILVA DO NASCIMENTO, também já qualificado nos autos, vem por
meio do seu procurador que subscreve, não conformado com a sentença
proferida às fls. 80/81 , dela interpor recurso de apelação, nos termos do art.
1009 do Código de Processo Civil.

Requer a intimação da parte contrária para apresentação de


contrarrazões e na sequência remessa dos autos ao Tribunal de Justiça do
Estado de Goiás.

Termos em que,

Pede deferimento.

VALPARAISO DE GOIÁS-GO, 03 de fevereiro de 2017.

Advogado xxxx

OAB: XXXX
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS

RAZÔES DE APELAÇÃO

Apelante: CONTIL - CONSTRUÇÃO E INCORPORAÇÃO DE IMÓVEIS LTDA


Apelado: MARIA IVONE SILVA DO NASCIMENTO,

Origem:2ª Vara Cível da Comarca de Valparaíso de Goiás, processo 27110 -


25.2015. 8. 09. 0162.

EGREGIO TRIBUANAL

EMERITOS JULGADORES.

1-JUIZO DE ADMISSIBILIDADE.

a) Cabimento.

O presente RECURSO tem cabimento fundado no artigo 1.009 do


Código de Processo Civil.

Como a decisão recorrida consiste em sentença com fundamento no


art. 487, inciso I comporta Recurso de Apelação nos termos artigo 1.009 (“da
sentença cabe apelação”) do código de processo civil.

b) Tempestividade

O presente RECURSO é tempestivo, pois a publicação da


sentença foi no dia 14 de dezembro de 2016, sendo que o artigo 220 do CPC
trata do recesso do fim de ano que compreende do dia 20 de dezembro a 20 de
janeiro e o artigo 221 traz que, suspende o prazo para as partes, sendo assim o
prazo passa a contar de acordo com o dispositivo do artigo 224 CPC

Excluindo sábados e domingos e feriados contando apenas os dias uteis


que será de 15 dias, o prazo seria do dia 16 de dezembro até dia 20 deixando
de contar prazo até 20 de janeiro após essa data retorna-se a contagem do
prazo. Que termina dia 08 de fevereiro.

Por tanto o Recurso é tempestivo interposto antes do exaurimento do


prazo que é de 15 dias conforme o artigo 1.003 § 5º do Código de Processo Civil,

c) Efeito.

Possui efeito suspensivo devolutivo conforme o artigo 1.012 CPC.

d) Preparo

A Apelante recolheu o devido preparo como demonstra em anexo


as guias de recolhimentos pagas.

2-Sintese Do Processo.
A Apelada moveu AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO com pedido
de liminar de urgência em face da apelante.

Alega na inicial a apelada que adquiriu os imóveis na rua Pacaembu


quadra 50 lotes 28, 29 e 30 Valparaiso de Goiás junto com seu falecido marido
por volta da década de 1970, devida a idade já avançada e a distância da sua
residência em relação aos imóveis ficou um certo tempo sem visita-la, e agora
diante da necessidade resolveu fazer a venda dos mesmos.

A autora apresentou uma escritura muito antiga fls 14-24 e não


apresentando a comprovação da posse do imóvel.

Ao receber a Petição Inicial o juiz percebeu que esta não vinha revestida
de comprovação indeferiu o pedido de liminar e alertou a autora que tal ação não
era cabível pois não havia a comprovação da autora ora Apelada ter a posse do
imóvel não havia ali a comprovação do esbulho mesmo assim o juiz a quo
mandou citar a ré.

Diante de tal situação a Apelada se dirigiu até a delegacia de


Valparaíso de Goiás onde fez o boletim de ocorrência e tirou fotos do lado de
fora do imóvel e juntou ao processo fls 37-41. Novamente o juiz insistiu que não
havia comprovado o esbulho que não cabia tal ação e manteve a decisão fl 44.

Após o fato acima a Apelada propôs a emenda a Petição inicial fl 48-56,


pediu mudança da ação para Ação reivindicatória,

O juiz deferiu o pedido, e mandou novamente citar a ré, entretanto a


citação ocorreu mais não houve a publicação da mesma impossibilitando a
contagem do prazo lls 78-79.

Diante de tal situação e sem certificar da publicação da citação o


Magistrado proferiu a sentença fls 80-82. condenando a Apelada a desocupar o
imóvel, sob pena diária

3-Decisão combatida.

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido formulados na inicial


e, de conseguinte, julgo extinto o processo, resolvendo o mérito, com
fulcro no artigo 487, inciso I, do CPC/2015, para reconhecer a
propriedade do autor e condenar a parte ré a desocupar o imóvel, no
prazo de 05 (cinco) dias, a contar da juntada do mandado nos autos,
sob pena de desocupação compulsória e multa diária de R$ 500,00
(quinhentos reais), limitada ao valor da causa, a título de estreantes.
Condeno a parte ré ao pagamento das custas processuais e dos
honorários advocatícios, fixados em 10 % (dez por cento) sobre o valor
atualizado da causa, nos termos do art. 85 do CPC/2015.

4-Preliminares.
:

1- A ação não deve prosperar pois é nítido os erros no procedimento uma


vez que a Apelada alterou a causa de pedir folhas 48-49 após a citação da ré,
até poderia se a ação não fosse de natureza diferente entretanto precisaria citar
a ré novamente para que aceitasse ou não alterar o pedido nos termos do artigo
264 do CPC 1973 época da propositura da ação mais tal alteração também tem
previsão legal no NCPC. no artigo 329.
Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a
causa de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas
partes, salvo as substituições permitidas por lei.

Fato este que não ocorreu, tendo assim motivos para que a ação seja
invalidada.

2-Ademais pode ser observado que o nobre Magistrado aconselhou a


autora orientando-a que tal ação não era cabível de certa forma ele foi cauteloso,
cuidadoso quis ajudar entretendo acabou auxiliando a autora pra que corrigisse
o erro, favor, é nítido ao observar que nas folhas 28 ele despachou alertando a
autora do erro dando oportunidade da mesma corrigir erros, ao analisar todo o
processo não vê esse cuidado com a Ré nem houve se quer a certificação da
publicação da citação 78-79, deveria a serventia da 2ª vara de Valparaiso
publicar a citação, para que assim a apelante pudesse defende-se.

Desta forma o nobre Magistrado prolatou a respeitável sentença


decretando a revia da ré sem que a serventia publicasse a citação, e assim
deixou de praticar um ato processou que é motivo para invalidação da decisão.

Pede que seja sentença cassada nos termos do artigo 337 CPC.

I - Inexistência ou nulidade da citação

3-Outra erro que apresenta a Inicial é que ação que a autora ingressou no
inicio foi REINTEGRAÇÃO POSSE mais diante do despacho do Juiz folha 28,
ela não conseguiu provar que tinha a posse do imóvel objeto em questão nem
se quer provou seu esbulho, não poderia ela Emendar a Inicial alterando a ação
para AÇÃO REINVIDICATÓRIA C/C PEDIDO DE LIMINAR folha 49.

Tal diferença, portanto, impede a conversão de uma ação na outra. Tal


conversão, aliás, como medida excepcional que é, apenas poderia ser
promovida em casos expressamente autorizados, como na hipótese do art. 554
caput NCPC e 920 do CPC 1973, a fungibilidade entre as ações possessórias.
Tratando-se, contudo, de uma ação possessória e uma ação petitória, não há
fungibilidade que autorize a conversão.
Ademais, a conversão promovida importa em ofensa ao princípio do Juiz
natural (art. 5°, XXXVII, da Constituição), teria que passar por novo procedimento
de sorteio entre as varas cíveis.

Entretanto essa Colenda Corte desse Egrégio Tribunal de Goiás já decidiu


anteriormente por ação dessa natureza que não prosperou tendo resolvida sem
julgamento de mérito vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE


CONVERTIDA EM AÇÃO DE EXECUÇÃO. ABANDONO DA CAUSA
NÃO CARACTERIZADO. DESÍDIA DA ESCRIVANIA. CASSAÇÃO DA
SENTENÇA. I - Cassa-se a sentença que extinguiu o processo sem
resolução do mérito, quando observado que a desídia decorreu por
parte da escrivania que deixou de citar as partes executadas. Apelo
conhecido e provido. Sentença cassada.
(TJGO, APELACAO CIVEL 365158-94.2011.8.09.0137, Rel. DES.
WALTER CARLOS LEMES, 3A CAMARA CIVEL, julgado em
20/08/2013, DJe 1380 de 05/09/2013)

Apelação cível. Ação de reintegração de posse. Requisitos do art. 927


do CPC desatendidos. Improcedência. 1. O conteúdo probatório do
processo não autoriza conceder a reintegração de posse para a autora,
por não ter comprovado satisfatoriamente os requisitos para o exercício
da ação reintegratória de posse descritos no art. 927, CPC, donde não
restar outra conclusão senão a improcedência do pedido. 2. Apelo
conhecido e desprovido.
(TJGO, APELACAO CIVEL 354617-88.2010.8.09.0152, Rel. DR(A).
SEBASTIAO LUIZ FLEURY, 6A CAMARA CIVEL, julgado em
06/08/2013, DJe 1363 de 13/08/2013)

5-Merito

Caso esse Egrégio tribunal não aceite os fatos alegados em preliminares


que são suficientes diante dos erros apontados, vamos ao mérito.

A autora além de entra com ação alheia da sua pretensão em nenhum


momento consegui provar ter ela a posse do imóvel da rua Pacaembu quadra 50
lote 28, 29 e 30 Valparaiso de Goiás. Se quer um dia ela exerceu essa posse
não há como certificar que são verdadeiras as provas apresentadas ser
realmente dos imóveis que ela diz ser a proprietária

Ademais a fotos folhas 37 a 41 que ela apresentou mostra uma edificação


já muito antiga até desgastada pelo tempo onde e nítido a posse mansa e
pacifica não ao animus dominis por parte da autora se quer ela conseguiu provar
que um dia ela exerceu a posse dos imóveis que ela alega ser proprietária,

Já a questão do esbulho ela apresentou um boletim de ocorrência feito


após o primeiro despacho do Juiz, ou seja, recente, mais uma prova que ela
nuca exerceu a posse do imóvel objeto da lide.

Para mover uma ação de reintegração de posse e preciso preencher os


requisitos conforme o dispositivo do CPC de 1973.

Art. 926. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de


turbação e reintegrado em caso de esbulho.
Art. 927. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção,
ou a perda da posse, na ação de reintegração.
.

Vejamos o que o professor doutrinar JOSÉ DILVANIR DA COSTA fala a


respeito da posse.

é a consciência do senhor da coisa de que esta lhe pertence de


pleno direito, e, por isso, juridicamente, a poder deter em sua posse.
E a posse que resulta daí é a do próprio direito, porque indica a
posse do domínio. O animus domini é elemento substancial do
direito de posse, e a indica como uma posse perfeita, visto que ela
se comporta sobre uma coisa que se possui como sendo de
propriedade própria

situação descrita pelo professor que que a autora em nenhum momento


conseguiu provar
Por outro lado, diferentes tribunais têm decidido que na reintegração de
posse é preciso ter o interesse de agir sendo que a autora não demonstrou esse
interesse tão logo perdeu a posse que ela alega um dia ter e não conseguiu
provar se que em momento a possuiu.

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DE


REINTEGRAÇÃO DE POSSE. EXERCÍCIO DE POSSE NÃO
COMPROVADA PELO AUTOR REQUISITOS DO ARTIGO 927 DO
CPC. NÃO PREENCHIDOS. 1 Para o deferimento da Reintegração
de Posse devem estar presentes os requisitos do artigo 927, do CPC.
Cabe ao autor provar a sua posse, o esbulho e sua respectiva
data e a perda da posse. 2 A posse é justa se não apresenta os
vícios da violência, da clandestinidade ou da precariedade. 3 - O
Requerente/Apelante não comprovou que dispunha fisicamente do
bem e exercia sobre ele o corpus, que segundo a Teoria Objetiva
constitui-se em um elemento material e único fator visível e suscetível
de comprovação. Recurso conhecido, porém, improvido.

(TJ-PA - APL: 00017736220058140051 BELÉM, Relator: CELIA


REGINA DE LIMA PINHEIRO, Data de Julgamento: 07/04/2014, 2ª
CÂMARA CÍVEL ISOLADA, Data de Publicação: 14/04/2014)

TJ-DF - Apelação Cível APC 20120610147617 (TJ-DF)


Ementa: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. POSSESSÓRIA.
INTERESSE DE AGIR. REINTEGRAÇÃO DE POSSE DE IMÓVEL. 1.
Verifica-se o interesse de agir quando necessária a pretensão
deduzida em juízo e adequada a via eleita. 2. Na ação de reintegração
de posse, incumbe ao autor provar a sua posse, o esbulho
praticado pelo réu, a data do esbulho e a perda da posse (art. 927 do
CPC ), sob pena de não ver atendido o seu pedido. 3. Demonstrada
nos autos a presença dos requisitos ensejadores à proteção
possessória, a reintegração da posse é medida que se impõe. 4.
Recurso desprovido.

E M E N T A - APELAÇÃO CÍVEL - CÍVIL E PROCESSUAL CIVIL -


AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - EXERCÍCIO DE FATO DA
POSSE - ESBULHO DA POSSE NÃO COMPROVADA PELA
AUTORA - REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS -
CONTRATO DE COMPRA E VENDA NÃO REGISTRADO -
EVIDÊNCIA DE UM SUPOSTO DOMÍNIO SOBRE A COISA E NÃO
POSSE - RELAÇÃO DE BENS E DIREITOS NO FISCO -
DEMONSTRAÇÃO DE PROPRIEDADE E NÃO POSSE -
IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO - SENTENÇA CORRETA
APELAÇÃO CORRETA E IMPROVIDA. 1.- Para reintegração da
posse deve ser feita a prova da posse do Autor, o esbulho praticado
pelo Réu e a sua perda (art. 927 do CPC). 2.- Não tendo os Autores
sequer provado exercer de fato a sua posse, nem mesm a ocorrência
do esbulho, não preencheram os requisitos legais para a
reintegração. 3.- O contrato de promessa de compra e venda, não
registrado, somente serve para evidenciar um suposto domínio sobre
a coisa e não posse, e os documentos juntados não servem para
comprovar o exercício de fato da posse, posto que somente revelam
para o fisco a relação de bens e direitos dos mesmos, o que somente
demostraria a propriedade do lote objeto do litígio. 4.- Estando correta
a sentença que julgou improcedente o pedido, conhece-se da
apelação, negando-lhe provimento. I

(TJ-ES - APL: 05076036120038080035, Relator: ARIONE


VASCONCELOS RIBEIRO, Data de Julgamento: 25/06/2002,
PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 24/09/2002)

Apelação Cível. Ação de reintegração na posse proposta pelo


autor, ora Apelante, em face da ré, ora Apelada. Posse não
comprovada pelo autor, a teor do disposto no art. 333,1, CPC.
Recurso conhecido e improvido.

(TJ-RJ - APL: 00017708420038190077 RIO DE JANEIRO


SEROPEDICA 1 VARA, Relator: CELIO GERALDO DE
MAGALHAES RIBEIRO, Data de Julgamento: 25/04/2006, DÉCIMA
SEXTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 02/05/2006)

Está comprovado que a propriedade e da Ré ora APELANTE.

Diante de todos os fatos expostos pede que esse Egrégio Tribunal


reconheça que posse é e sempre foi da Apelada

6- Pedidos.

1. Que seja conhecido o presente recurso nos termos do art. 1009 do CPC.
2. Que seja deferido o pedido de inépcia da inicial conforme o artigo 330 I CPC.
3. Que seja decreta a nulidade da conversão da ação de possessória para
petitória nos termos do artigo 554 CPC.
4. Que seja deferido o pedido de nulidade de citação nos termos do artigo 337
I CPC.
5. Que a sentença seja cassada nos termos do art. 485 I CPC.
6. Caso não seja a sentença cassada que reconheça que a apelante é
possuidora do imóvel objeto da contenda nos termos do artigo 1.196 Código
Civil.
7. Que seja a Apelada condenada a pagar as custas processuais e honorários
de sucumbências.
8. Intime a Apelada para apresentar as contrarrazões.

Diante do exposto;

Pede deferimento.

Valparaiso de Goiás-GO, 3 de fevereiro de 2017.

Advogado oab

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