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Percival cavalgou o dia inteiro na floresta, solitário. Sentia-se muito mais à vontade do
que se estivesse em campo aberto.
A noite caía quando enxergou uma fortaleza, bem situada, mas fora dela só se via mar,
água e terra desolada.
“Quem bate?”
Percival seguiu-os pelas ruas desertas, ladeadas de casebres caindo aos pedaços. Nem
moinho para moer, nem forno para assar. Nenhum sinal de homem ou mulher, dois
conventos abandonados...
Uma jovem os acompanhava. Seus olhos eram sorridentes e claros, seus cabelos louros
caíam como ouro fino sobre os ombros cobertos por um manto de púrpura escura,
ornado de pele de esquilo e com as bordas de arminho. Nunca houve moça mais linda
do que ela. Seu nome era Brancaflor.
Ela deu a mão a Percival, levou-o para um grande quarto com o teto todo esculpido e
pediu-lhe que se sentasse ao lado dela, na cama coberto de brocado.
“Aceite nossa casa tal como é. Não há fartura de nada, como verá. Temos apenas seis
pães que o superior do convento, meu tio, me mandou para a ceia desta noite. Não há
outro alimento, salvo um cabrito selvagem que um dos meus soldados caçou esta
manhã.”
Dito isso, ela ordenou que pusessem as mesas. Todos se sentaram, e o jantar foi breve.
Percival foi se deitar, ainda morto de fome. Mas os lençóis eram imaculadamente
brancos, o travesseiro macio, as cobertas ricas. Adormeceu. Foi acordado por um choro
bem próximo do seu rosto. Surpreso, viu Brancaflor soluçando de joelhos diante da
cama, com um manto curto de seda escarlate jogado em cima da camisola.
“Não me julgue mal. Estou desesperada. Faz um longo inverno e um longo verão que
o senescal de Clamadeu das ilhas, o pérfido Anguingeron, nos sitia. Sobram apenas
cinquenta cavaleiros dos trezentos que formavam a guarnição daqui. Os outros
morreram ou estão presos. Nossas provisões, como viu, se esgotaram. Não há nem o
bastante para o almoço de uma abelha! Amanhã nos renderemos, e eu serei entregue
com o castelo. Mas eles não vão me pegar viva. Antes de me entregarem, eu me mato.
Foi isso que vim lhe dizer.”
A espertinha sabia o que estava fazendo. Nenhum cavaleiro seria capaz de ouvir
indiferente tais palavras. Percival exclamou:
“Enxugue suas lagrimas, bela amiga. Vou defendê-la amanhã. Desafiarei o senescal
Anguigueron para um combate singular e o matarei!”
Na manhã seguinte, pediu suas armas, vestiu-se, montou a cavalo e saiu do castelo.
Anguingueron estava sentado diante da sua tenda, entre os sitiantes. Viu Percival se
aproximar, armou-se, pulou no cavalo e perguntou:
“Responda primeiro: O que veio fazer aqui? Matar os cavaleiros e devastar a terra?”
“Se você tem um senhor, mande-me a ele”, insistiu a senescal. “Contarei a sua vitória
e depositarei nas mãos dele minha sorte.”
“Então vá ver o rei Arthur. Cumprimente o rei por mim e peça que mostrem a você a
moça que foi esbofeteada por Keu por ter rido ao me ver. Entregue-se prisioneiro a ela e
diga-lhe que eu espero não morrer antes de vingá-la!”
Percival voltou ao castelo sob as aclamações dos sitiados. E Brancaflor, desde então,
amou-o.
Vocabulário:
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3) Anguingueron, por sua vez, é o típico vilão nesse tipo de história. O que o faz
ser um vilão?
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b) E de Percival?
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5) Ao combater o vilão, Percival põe em prática seus ideais de cavalaria. Que feitos
do cavaleiro confirmam seu caráter heróico?
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6) No livro “Dom Quixote”, nota-se que Sancho Pança é bastante diferente de seu
patrão. Com base na luta contra os moinhos de vento, comente: Qual é a
principal diferença entre os dois?
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