1 Mineração no Vale do Paraíba – Uma Breve Historia
A mineração no Vale do Paraíba teve seu inicio no município de Jacareí, devido características da planície aluvial da bacia do Rio Paraíba do Sul, e de sua proximidade com a cidade de São Paulo, maior pólo consumidor do país, não nos esquecendo também de dois fatos importantes que alavancaram ainda mais o desenvolvimento minerário na região: a inauguração da Rodovia Presidente Dutra, que facilitou o transporte de areia do Vale do Paraíba para a Grande São Paulo, e a paralisação da extração de areia no rio Tiete e no Rio Pinheiros, ocasionadas pela expansão urbana. Segundo a Revista Areia e Brita (edição nº 10, ano de 2000), a extração de areia de forma sistemática no Vale do Paraíba teria se iniciado em 1949, no município de Jacareí, por se tratar da cidade mais próxima da capital paulista. Dentre os fatores que movimentaram o inicio da atividade nesta região podem- se destacar: - Inicio do declínio da extração de areia nos rios Tiete e Pinheiros; - Incremento nas obras de construção civil; - Inauguração da Rodovia Presidente Dutra. Durante a década de 50, a extração ocorreu exclusivamente em bancos de areia do leito do Rio Paraíba do Sul, com equipamentos manuais. Na década de 60, a extração de areia começou a ser mecanizada e avançou para o município de São José dos Campos, tendo sido incrementada nos anos setenta, chegando até o município de Caçapava, se expandindo mais tarde para todo o trecho entre Jacareí e Pindamonhangaba. No final dessa década, já existiam operando no Vale do Paraíba, cerca de 70 empreendimentos e a extração em cavas submersas já chegava ao município de Taubaté (ANEPAC, 2000).
3.2.1.1 Anos Sessenta
A partir da década de 60, a extração em bancos de areia do leito do Rio Paraíba começou a substituir a extração manual pela extração mecanizada, avançou para o município de São José dos Campos, predominando também nesse período a extração de areia no leito do rio Paraíba, autorizada e controlada pelo DNOS (Departamento Nacional de Obras de Saneamento), na forma de prestação de serviços. Segundo a Revista Areia e Brita (edição nº 10, ano de 2000), em 1965 foi sancionada a Lei federal Nº 4.771 que institui o novo Código Florestal. Entre outras mediadas, o Código Florestal tornou as margens dos rios áreas de preservação permanente, restringindo sua ocupação. Isso veio a afetar bastante a extração de areia em leitos de cursos d’água, principalmente no qual se refere à localização da infra-estrutura de apoio em áreas ás margens desses cursos. O Decreto Nº 58.708 de 1996 teve grande importância para a extração de areia no Vale do Paraíba, principalmente nas duas décadas seguintes, pois regulamentou a extração nos cursos d’água beneficiados pelo DNOS. Ficou definido que o DNOS poderia extrair e alienar a areia dos cursos d’água por ele beneficiados, ou transferir a execução desses serviços a terceiros, fato que ocorreu no Rio Paraíba do Sul. Em 1967, foi editado o Decreto-Lei Nº 227 que estabeleceu o novo Código de Mineração, posteriormente regulamentado pelo Decreto Nº 62.934, de 1968. Esse regulamento definiu areia para construção civil como mineral de Classe II, estipulando que seu aproveitamento poderia ser feito tanto no regime de autorização e concessão como pelo regime de licenciamento. Abriu também um prazo de um ano para que os detentores de licenças as registrassem no Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM. Aqui se iniciou um processo que impediu muitos mineradores, principalmente os que extraiam pedra britada, areia e argila, de se regularizarem perante a legislação mineira.
3.2.1.2 Anos Setenta
A década de 70 é marcada pelo incremento da atividade extrativa mecanizada, que passou a ser exercida nos municípios de Jacareí, São José dos Campos e Caçapava. Predominou neste período a extração de areia no leito do rio, que era autorizada e controlada pelo DNOS, mediante regulamentos que envolviam licitações e contratos que permitiam ao minerador, durante determinado período e trechos, extrair e comercializar a areia do Rio Paraíba do Sul. Esta década foi marcada também, pela construção das barragens de Paraibuna, Paraitinga e Jaguari que alteraram a dinâmica do rio Paraíba. Segundo Reis (2003), a construção de reservatórios diminuiu o aporte de sedimentos ao rio Paraíba, tendo como conseqüência à substituição gradativa da extração em leito pela extração de areia pelo sistema de cava submersa, a partir de 1973. A extração pelo método de cavas submersas começa a ser executada a partir de 1973, constituindo atualmente o sistema predominante na região. Fato também marcante nesta década foi à criação da CETESB em 1973 e a implantação do controle ambiental para toda atividade potencialmente poluidora do meio ambiente, que foi disposto na Lei Estadual Nº 997/76, e regulamentado no Decreto Nº 8.468/76. Artigo 2º (Lei estadual nº 997/76) - Para fins desta Resolução, são adotadas as seguintes definições: I - Licenciamento ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais considerados efetiva ou potencialmente poluidoras, ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso; II - Licença ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental; III - Licença Prévia - LP: concedida na fase preliminar do planejamento de empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; IV - Licença de Instalação - LI: autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante; V - Licença de Operação - LO: autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinadas para a operação. Ficou estabelecido então nesta época, a necessidade do licenciamento ambiental para várias atividades, inclusive aquelas de extração e tratamento de minerais.
3.2.1.3 Anos Oitenta
Na década de 80 alguns contratos de extração em leito ainda foram assinados com o DNOS, mas foi a década que realmente marcou a expansão da extração de areia em cava submersa. Contendo, esse período, cerca de noventa empreendimentos, no vale, que produziam aproximadamente 800.000 metros cúbicos mensais. A resolução CONAMA de 1986 condiciona o licenciamento ambiental de varias atividades, entre elas a extração de areia, e foi regulamentado também, em 1989 o plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD), no estado de São Paulo. Em função disso, inicia-se nesta região uma tentativa de regularização dos empreendimentos. Segundo a Revista Areia e Brita (edição nº 10, ano de 2000), datam de 1988 os primeiros EIA / RIMAS elaborados para empreendimentos extratores de areia da região. Entretanto, como os regulamentos nunca definiram com clareza quais seriam os procedimentos a serem observados para os empreendimentos pré-existentes, a tentativa de regularização fez com que atividades totalmente regularizadas viessem a ser consideradas clandestinas. Em 1989 e 1990, aparecem as principais leis municipais sobre a questão, gerando, algumas vezes, mais conflitos entre as legislações e órgãos estaduais e federais. Em 1990, surgem também algumas resoluções do CONAMA que definem um roteiro a ser observado que vincula a obtenção de documentos desde autorização para minerar até a prévia avaliação dos impactos dessa atividade.
3.2.1.4 Anos Noventa
Na década de 90, a extração de areia atinge também as cidades de Tremembé e Pindamonhangaba. Também é o período em que o processo de cava submersa começa a ser predominante. Segundo Reis (2003), no final dos anos 90, cera ce 90% da produção da areia é feita desta forma, chegando a possuir mais de cento e vinte empreendimentos mineradores de areia. Esse período foi muito marcado pela busca do licenciamento ambiental. Sucederam-se resoluções estaduais para buscar uma solução para a mineração, todas sem sucesso. Tanto os técnicos que elaboravam os estudos, como os técnicos que os analisavam estavam se iniciando nessa pratica. Segundo a Revista Areia e Brita (edição nº 10, ano de 2000), uma grande conquista dos mineradores foi à sanção da Lei Nº 8982, em 24 de janeiro de 1995, que restabeleceu a possibilidade de aproveitamento dos bens minerais enquadrados na Lei 6.57/78 pelo regime de autorizações e concessão. Essa lei ficou conhecida como “regime de dualidade” e abriu possibilidade de regularização para praticamente todas as empresas do vale,
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