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Registro: 2019.0000337806
ACÓRDÃO
VOTO Nº 14.130
AGRAVO Nº 2050212-30.2019.8.26.0000
COMARCA: SÃO PAULO (2ª VARA CÍVEL F.R. JABAQUARA)
AGRAVANTE: ANDRÉ DE ALMEIDA BARINI
AGRAVADOS: GENILSON SENA DE NOVAIS e ACTUALLY MOVÉIS
PLANEJADOS
JUIZ DE PRIMEIRO GRAU: JOMAR JUAREZ AMORIM
Permanente de Processualistas Civis (maio/2015), por meio dos enunciados n. 12 e n. 396”. Afirma
que “os Agravados demonstram claramente desdenhar dos efeitos executivos advindos do presente
feito, notadamente, porquanto continuam ativamente a veicular nas redes sociais, os seus serviços,
conforme denunciado em petição de fls. 42/45 e 81/824, continuando a ludibriar ainda mais
consumidores de boa-fé, tal como o Agravante. Por estas razões, são mais que justificáveis o deferimento
de medidas indutivas, coercitivas e mandamentais que tenham o condão de assegurar o cumprimento das
ordens judiciais emanadas neste feito, notadamente, porquanto, todos os indícios dão conta de que não
há o mínimo interesse dos Agravados em honrarem com a obrigação indenizatória fixada nestes atos”.
Pede o provimento do recurso para o deferimento das seguintes medidas:
“(i) suspensão de todos os Cartões Débitos e Créditos, mediante comunicação a todas as instituições
financeiras conveniadas ao sistema BACENJUD de ambos os Agravados; (ii) Cassação da Carteira
Nacional de Habilitação (CNH) do Agravado Genilson Sena de Novais, com efeitos extensíveis ao
aplicativo CNH Digital; (iii) Apreensão do Passaporte do Agravado Genilson Sena de Novais, mediante
depósito em juízo e consequente comunicação à Polícia Federal”.
É o relatório.
ampla liberdade para locomoção em nosso extenso país, tal direito, nas
viagens de mero deleite e lazer do devedor, deve ser harmonizado com o
direito do credor à satisfação do seu crédito, com a responsabilidade
patrimonial do devedor (que deixará de assumir novas dívidas em
detrimento da já existente e que vem sendo ignorada) e, por que não, com o
próprio direito de ir e vir do credor, que pode estar sendo cerceado pelo
não recebimento do seu crédito.
Como dito acima, os direitos e garantias individuais não
são ilimitados, devendo ser relativizados com outros igualmente
consagrados.
Por fim, o que se verifica, de possivelmente lesivo a
direito do devedor com a medida em exame, seria impedi-lo de viajar ao
exterior em caso de comprovada necessidade de trabalho, questões de
saúde ou familiares, o que deve ser objeto de detida e expressa análise, em
caso de requerimento ao juízo.
Em conclusão, não se cuidando de medida
despropositada, mas diretamente relacionada à possível satisfação do
crédito, ao se impedir a assunção de nova e vultosa dívida pelo devedor,
em detrimento daquela já existente, cabível a suspensão do passaporte do
agravado Genilson Sena de Novais, oficiando-se à Polícia Federal.
No tocante ao bloqueio dos cartões de crédito dos
executados, o pedido do agravante também deve ser acolhido, já que a
medida apresenta efetividade assemelhada à suspensão do passaporte,
evitando a assunção de despesas não essenciais em detrimento do crédito
do exequente.
Além de ser evidente a possibilidade de subsistência em
sociedade sem a utilização de cartão de crédito, tanto que inúmeras pessoas
vivem normalmente dessa forma, sem que tal situação cause prejuízos ou
transtornos para a aquisição de todos os bens e serviços essenciais, deve ser
salientado que a disponibilização, pelo mercado de consumo, do
famigerado parcelamento da compra de bens em inúmeras vezes (muito
comum a possibilidade de compra de bens com cartão de crédito em 10 ou
12 vezes “sem juros”), pode estimular o devedor ao consumo (a
disponibilidade de parcelamento da compra é indiscutível tática de
mercado para aumento das vendas), novamente deixando de lado o débito
existente para com o credor.
E ainda que se possa alegar a possibilidade de
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DECLARAÇÃO DE VOTO
VOTO Nº 6953
Vistos.
obra a cuja realização estava obrigado o devedor (execução por obrigação de fazer).
(...)
Pois bem.
Mais; para impedir que meios de coação, que não integram o quadro
de medidas executivas propriamente ditas, como acima observado, sejam adotados.
Com efeito, como bem ensina Silvio Rodrigues (Direito Civil - vol. 1
- pg. 25 - ed. 1977), ao discorrer sobre a interpretação das leis, "examina-se a posição
do artigo no corpo da lei, o título a que está submetido, o desenvolvimento do
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Destarte, com a máxima vênia, sob meu ponto de vista, deve ser
mantida a decisão ora impugnada.
3º. Juiz
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