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LOGÍSTICA | CICLO 2015

REALIZAÇÃO

PARCERIA

PATROCÍNIO
LOGÍSTICA | CICLO 2015

REALIZAÇÃO PARCERIA PATROCÍNIO


REALIZAÇÃO
GVCES
E AS INICIATIVAS EMPRESARIAIS
Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da Escola de
Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP)

AUTORES

O
Ana Moraes Coelho, Carolina Derivi, Maurício Jerozolimski Centro de Estudos em Sustentabilida- quisa e produção de conhecimento; (iii) articulação
de (GVces) da Escola de Administração e intercâmbio; e (iv) mobilização e comunicação.
COORDENAÇÃO EXECUTIVA de Empresas da Fundação Getulio Var- Nesse contexto, Plataforma Empresas pelo Cli-
Mario Monzoni e Paulo Durval Branco, Coordenação Geral GVces gas (FGV-EAESP) é um espaço aberto ma (EPC), Inovação e Sustentabilidade na Cadeia
Munir Younes Soares, Coordenação Programa Inovação na Criação de Valor de estudo, aprendizado, reflexão, inovação e pro- de Valor (ISCV), Desenvolvimento Local e Grandes
dução de conhecimento, composto de pessoas de Empreendimentos (ID Local), Tendências em Servi-
COORDENAÇÃO TÉCNICA formação multidisciplinar, engajadas e compro- ços Ecossistêmicos (TeSE) e Ciclo de Vida Aplicado
Maurício Jerozolimski metidas, e com genuína vontade de transformar a (CiViA) são as Iniciativas Empresariais (iEs) do GVces
sociedade. O GVces trabalha no desenvolvimento para cocriação, em rede, de estratégias, ferramentas
EQUIPE de estratégias, políticas e ferramentas de gestão e propostas de políticas públicas e empresariais em
Ana Moraes Coelho, Maíra Bombachini, Sueli Lopes e Taís Brandão pública e empresarial para a sustentabilidade, no sustentabilidade. São abordadas questões em de-
âmbito local, nacional e internacional, tendo como senvolvimento local, serviços ecossistêmicos, clima,
CONSULTORIA TÉCNICA norte quatro linhas de atuação: (i) formação; (ii) pes- cadeia de valor e análise de ciclo de vida.
Cristina Fedato

COLABORAÇÃO AS INICIATIVAS EMPRESARIAIS DO GVCES EM 2015:


Adriana de Lima, Bruno Toledo, Felipe Frezza, George Magalhães,
Isabella Fumeiro, Manuela Maluf Santos, Milene Fukuda e Ricardo Barretto EPC
Em Adaptação às Mudanças do Clima foi desenvolvida uma nova versão da ferramenta para elaboração de
COORDENAÇÃO GRÁFICA estratégias empresariais, com três projetos-piloto. Teve continuidade, ainda, a Simulação do Sistema de Comér-
Bel Brunharo cio de Emissões (SCE EPC), em seu segundo ano. Além disso, um grupo de trabalho elaborou propostas para
implementação do Plano Indústria de Baixo Carbono.
PROJETO GRÁFICO E EDIÇÃO DE ARTE
DMS Editora e Comunicação Integrada ISCV
Ciclo voltado para a identificação de oportunidades de inovação para sustentabilidade nos processos logísticos
EDIÇÃO das grandes empresas, com base na atuação de pequenos e médios negócios. O GT de Gestão de Fornecedores,
Carolina Derivi também mantido pela iniciativa, desenvolveu um protocolo para elaboração de Matriz de Risco na cadeia de
suprimentos.
REVISÃO
Júlio Yamamoto ID LOCAL
Desenvolvimento de diretrizes empresariais para monitoramento do desenvolvimento local e avaliação de
EMPRESAS PARTICIPANTES DE ISCV EM 2015 impacto em territórios com a atuação de grandes empreendimentos e/ou cadeias de valor. Foi realizada uma
BRF, Boticário, Citibank, CSN, EcoRodovias, Instituto Votorantim, Oi e chamada de casos para identificar experiências de grandes empresas nos dois temas trabalhados no decorrer
Telefonica Vivo. do ano. Quatro iniciativas foram selecionadas, no Brasil e na América Latina.

ESPECIALISTAS CONVIDADOS TESE


David Tsai (Iema), Elder Cerqueira-Santos (Childhood Brasil), Desenvolvimento de diretrizes para serviços ecossistêmicos de provisão e diretrizes para a valoração não mo-
Eva Dengler (Childhood Brasil), Hudson Lima de Mendonça (Finep), netária de serviços ecossistêmicos culturais (em parceria com ID Local). Além disso, foram feitos projetos-piloto
Leise Kelli de Oliveira (UFMG), Leonardo Julianelli (Ilos), Manoel com as empresas baseados nas Diretrizes Empresariais para a Valoração Econômica de Serviços Ecossistêmicos
de Andrade e Silva Reis (FGV-EAESP|GVcelog), Priscila Laczynski (DEVESE 2.0).
de Souza Miguel (FGV-EAESP|GVcelog), Wilson Nobre (FGV-EAESP).
CIVIA
Capacitação de gestores em métodos de quantificação de pegada de carbono, explorados na prática a partir
de projetos-piloto. Desenvolvimento de ferramenta de cálculo para quantificação da pegada de carbono de
produtos (bens e serviços), alimentado por um banco de fatores de emissão com mais de 200 processos adap-
tados para a realidade brasileira.
SUMÁRIO SUMÁRIO
INTERATIVO. INTERATIVO.
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deseja acessar. deseja acessar.
APRESENTAÇÃO 8 33 PRÁTICAS
ISCV E AS CADEIAS DE VALOR COMO EMPRESARIAIS
PARTE DE ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO SUSTENTABILIDADE E LOGÍSTICA
NO ÂMBITO DAS EMPRESAS
MEMBRO DE ISCV
9 CARTA CITI •P  erfil e representatividade
do grupo de empresas
QUATRO ANOS DE PARCERIA EM ISCV
• E strutura das áreas de logística
• E stratégia e operação logística
•D  esafios para a operação logística
A TRAJETÓRIA DE ISCV 10 • I ntegração de sustentabilidade
aos processos e decisões
CONECTANDO ELOS envolvendo logística
•A  spectos de sustentabilidade
considerados e ações desenvolvidas

12 METODOLOGIA
• GT Fornecedores CONVERGÊNCIA
• O ciclo 2015 E INTEGRAÇÃO 43
• Organização desta publicação
NOVAS SOLUÇÕES
LOGÍSTICA E OPORTUNIDADES NAS

NO MUNDO 15 CADEIAS DE VALOR


• Iniciativas selecionadas
GLOBALIZADO na chamada de casos
O DESAFIO DA EFICIÊNCIA E DA Courrieros
SUPERAÇÃO DAS DESIGUALDADES Lotebox
LogPyx
Intelipost
Grupo carteiro amigo
23 LOGÍSTICA E GoFrete
SUSTENTABILIDADE TruckPad
Resolution
UM OLHAR PARA RISCOS E
OPORTUNIDADES NA CADEIA
• Desafios da mobilidade e distribuição urbana
• Caminhoneiros e as condições de trabalho
nas rodovias 53 CONSIDERAÇÕES
• Exploração sexual nas estradas
• Logística reversa E APRENDIZADOS
• Acesso na base da pirâmide

REFERÊNCIAS 58
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APRESENTAÇÃO CARTA CITI


ISCV E AS CADEIAS DE VALOR COMO
PARTE DE ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO QUATRO ANOS DE PARCERIA EM ISCV

L E
ançada em dezembro de 2011, a ini- de atributos relacionados a benefícios sociais e am- m 2015, concluímos um ciclo de quatro No decorrer dos quatro anos do ISCV, direcionamos
ciativa Inovação e Sustentabilidade bientais de produtos e processos produtivos. anos de apoio ao programa Inovação e esforços para: 1. produção e disseminação de práticas
na Cadeia de Valor (ISCV), coordenada Era preciso, então, fomentar novas práticas de Sustentabilidade na Cadeia de Valor inovadoras de Sustentabilidade; 2. reconhecimento
pelo Programa Inovação na Criação de compras no âmbito de empresas âncora e, ao mes- (ISCV). Durante esse período, o ISCV e incentivo de inovação para a sustentabilidade em
Valor (ICV) do GVces, busca promover mo tempo, criar condições para que parceiros co- atuou energicamente no sentido de pequenas e médias empresas que atuam nas cadeias
soluções para sustentabilidade com base no poten- merciais de menor porte pudessem implementar e fortalecer o desenvolvimento de micro, pequenas e de grandes empresas; 3. mobilização de grandes em-
cial inovador de micros, pequenos e médios em- propagar soluções inovadoras em sustentabilidade médias empresas com atributos de inovação e susten- presas para a elaboração de estratégias sustentáveis; e
preendimentos no contexto das redes comerciais no interior das cadeias. Ao propiciar espaços para tabilidade, fomentou relações inovadoras em diferen- 4. criação de ambiente propício à interação e troca de
associadas a grandes empresas. troca de experiências e fortalecimento do relacio- tes cadeias de valor e apoiou o empreendedorismo, ao experiências em torno do tema inovação e sustentabi-
A motivação central partiu da ideia de conectar namento entre esses distintos atores, a iniciativa conectar pequenos empreendimentos a potenciais lidade na cadeia de valor. Com base nesses objetivos
dinâmicas de oferta e demanda algo latentes. De ISCV aborda cadeias de valor como parte de ecos- grandes clientes. norteadores, o ICSV trabalhou temas como a gestão
um lado, as grandes corporações são muito cobra- sistemas de inovação, plataformas por meio das A parceria entre a Citi Foundation e o Centro de de fornecedores, o pós-consumo, a inovação em de-
das por novas práticas, produtos e serviços alinha- quais conhecimentos e capacidades possam fluir Estudos em Sustentabilidade da FGV, por meio desse senvolvimento local e, por fim, a distribuição e logística.
dos à sustentabilidade, e reúnem as melhores condi- de onde mais naturalmente germinam para onde e de outros programas, vem possibilitando que peque- Neste último ciclo, ao tratar da integração de sus-
ções para conferir escala a essas inovações, embora sejam mais necessárias. nos empreendedores tenham acesso a um ambiente tentabilidade na logística a partir da atuação de peque-
a complexidade de suas operações e os ativos por É impossível predizer novos paradigmas de de inovação e interação essencial para que negócios nas e médias empresas inovadoras, pudemos ainda
elas mobilizados frequentemente atuem como li- responsabilidade no campo dos negócios sem o prosperem nos dias de hoje. O apoio para que o mi- convergir nosso objetivo de inclusão financeira com
mitadores para experimentações. De outro, micros, elemento-chave da inovação e da mesma forma croempreendedorismo se desenvolva sobre bases sus- outro tema de grande relevância em nossa atuação:
pequenas e médias empresas têm a flexibilidade é impensável enfrentar os desafios do desenvolvi- tentáveis e para que o relacionamento com grandes a necessidade de pensar e apoiar o desenvolvimen-
necessária para criar e testar novas propostas de va- mento sustentável de forma individual e isolada. organizações se dê de forma justa é fundamental para to e a transformação das cidades, incluindo aspectos
lor, mas enfrentam grande dificuldade para acessar Assim é que a iniciativa ISCV encontra na inovação o desenvolvimento da economia do Brasil, e o patro- como a mobilidade, o uso de energia e a adaptação às
mercados cujas exigências de desempenho estejam sua principal matéria-prima, e no fomento a relacio- cínio aos projetos liderados pelo o GVces nos viabiliza mudanças do clima.
limitadas a preço, prazo e qualidade, em detrimento namentos e parcerias, a forma de dar-lhe escala. endereçar essa causa. Os resultados dessa parceria com o GVces – que se
A Citi Foundation foca seus investimentos sociais mantém ao longo de 2016 por meio do programa Bota
em três grandes áreas: finanças inclusivas, oportunida- na Mesa, que vem apoiando a aproximação do peque-
des econômicas para jovens e transformação urbana. A no produtor rural com o distribuidor de alimentos e o
INOVAÇÃO E OBJETIVOS ESPECÍFICOS uM
 obilizar grandes empresas fim de ampliar a capacidade de escala e transformação, consumidor final de grandes centros urbanos – con-
para a elaboração de estratégias a Fundação, que está sediada nos Estados Unidos, apoia tribuíram também para demonstrar quão profícuas
SUSTENTABILIDADE uP
 roduzir e disseminar conhecimento sobre inovadoras de sustentabilidade iniciativas de organizações que têm atuação e conheci- podem ser as relações entre pequenos e médios em-
NA CADEIA práticas inovadoras de sustentabilidade; em suas próprias cadeias; mento local e avaliam as necessidades da comunidade preendimentos nas cadeias de valor de grandes em-
DE VALOR para determinar os serviços e benefícios públicos ofere- presas, apoiando a inovação, melhorando a gestão dos
uR
 econhecer e incentivar a inovação uC
 riar espaços para troca de experiências cidos. Os projetos apoiados impactam positivamente impactos e externalidades em negócios de diferentes
para a sustentabilidade em pequenos e formação de rede, articulando indivíduos de comunidades de baixa renda. portes e gerando grandes ganhos para a sociedade.
e médios empreendimentos nas cadeias atores sociais em torno dos temas
de valor de grandes empresas; inovação e sustentabilidade. PRISCILA CORTEZZE
Superintendente de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade do Citi Brasil

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PALAVRA DE ESPECIALISTA

A TRAJETÓRIA O DESAFIO DE
DE ISCV INOVAR NA CADEIA
ESTENDIDA DE VALOR
CONECTANDO ELOS

WILSON NOBRE*

D É
esde seu lançamento, ISCV desenvolveu (2012); resíduos e pós-consumo (2013); e desenvolvi- relativamente bem conhecida a ne- cias foi a pepita de ouro do Airbnb. A abundância de
ciclos anuais de atividades planejadas mento local nos territórios em que operam (2014). Em cessidade da inovação intramuros nas assentos vazios em veículos particulares rodando na
com base na estrutura geral da cadeia 2015, ISCV encerra esse primeiro ciclo de planejamento organizações, mesmo que ainda não se cidade foi a pepita do Uber. A abundância de cami-
de valor das empresas. A cada ano, a ini- discutindo questões de sustentabilidade relacionadas faça isso com desenvoltura na maioria nhões, contêineres e navios trafegando com espaços
ciativa abordou aspectos ligados a um a atividades que tangenciam e integram os diferentes das empresas privadas e muito rara- vazios gerou algumas das empresas premiadas nes-
dos principais elos da cadeia: gestão de fornecedores elos da cadeia: os processos logísticos. mente nos órgãos públicos. Porém, o maior desafio ta publicação, que, além do próprio negócio novo,
hoje é harmonizar um processo inovador que abranja trazem uma importante contribuição ambiental ao
a cadeia de valor como um todo, tal qual uma onda minimizar a queima de petróleo que não produz be-
que energiza e alimenta todos os elos dessa cadeia. nefício econômico nem social.
Depois de mais de 100 anos de investimento e Novos tempos se apresentam às grandes empre-
evolução na otimização de processos empresariais, sas. Em resposta à necessidade de ambidestria, isto
fazemos bem o que se espera de uma organização. é, a capacidade de produzir com eficiência e inovar
No entanto, toda esta conquista ocorreu segundo com pujança, os “corporate garage” atraem jovens
uma lógica de estruturação fragmentada dos atores empreendedores para operar em suas instalações,
2012 2014 econômicos: cada organização cuida bem somente acessando seus dados e respondendo às oportuni-
INOVAÇÃO EM
do seu umbigo. Há enormes pepitas de ouro fora dos dades de negócio que os próprios departamentos de
GESTÃO DE FORNECEDORES
u Alinhamento entre DESENVOLVIMENTO LOCAL muros das organizações e quem as está capturando P&D não conseguem abranger.
áreas de sustentabilidade u Mapeamento de fornecedores locais são os novos empreendedores, as startups, aqueles Esse modelo aberto e difuso de exploração de
e de suprimentos u Capacitação de mão de obra local que não se ajustaram ao modelo hierárquico de Co- oportunidades, integrando corporações e startups,
u Mapeamento u Responsabilidade empresarial sobre mando e Controle com o qual as organizações atin- deverá nos levar a novas estruturas organizacionais,
das cadeias e identificação direitos e qualidade de vida giram seu ótimo local. mais dinâmicas e com respostas mais eficientes aos
2015
de fornecedores críticos 2013 nos territórios em que atuam
DISTRIBUIÇÃO Um dos conceitos mais pujantes atualmente é a grandes desafios desta época da história humana.
u Compras verdes RESÍDUOS E PÓS-CONSUMO E LOGÍSTICA construção da economia da abundância, em contra- Portanto, mais do que empresas nascentes de base
u Gestão de resíduos u Transporte de cargas posição ao desafio clássico da otimização de recursos tecnológica de pequeno porte, as startups são os
u Logística reversa u Mobilidade urbana
u Ecologia industrial
escassos que dominou todo o pensamento econômi- principais atores que trarão a pós-modernidade ao
u Gestão de impactos
u Empreendimentos co ocidental desde sua formulação com Adam Smith. mundo econômico, por meio da inovação e de novos
u Oportunidades
de economia solidária de inclusão e ampliação
A abundância de leitos vazios em milhões de residên- modelos de negócio.
de acesso

*Mestre em administração de empresas,


fundador e pesquisador do Fórum de Inovação da EAESP/FGV
A descrição detalhada e os resultados do trabalho realizado em cada um dos ciclos de ISCV foram contemplados em publicações
específicas que estão disponíveis no website da iniciativa fgv.br/ces/inova.

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CHAMADA DE
CASOS PMEs

FÓRUM

METODOLOGIA
OFICINA 01 OFICINA 02 OFICINA 03 ANUAL
O CICLO
2015 Contexto de Gestão de Práticas
distribuição impactos nas redes inovadoras para
e logística no de distribuição incorporação da

A
Brasil, desafios e e logística, sustentabilidade
cada ciclo anual, o grupo de grandes empresas-membro de ISCV é convidado oportunidades instrumentos de nos processos
a participar de uma série de encontros nos quais se busca construir coleti- de inovação para monitoramento de distribuição e
vamente referências relevantes para a gestão empresarial e aprendizados a sustentabilidade e relato logística e tendências
partir de desafios comuns. Um diagnóstico de sustentabilidade na gestão,
voltado para o tema de cada ciclo, é formulado para que as empresas possam
visualizar seu desempenho em relação aos demais e conhecer os diferentes níveis de comple- Participaram das atividades do ciclo 2015 as seguintes empresas-membro:
xidade e maturidade com que o tema pode ser tratado.
A interação com pequenos negócios se dá por meio de uma chamada pública de casos para
pequenos e médios empreendimentos inovadores, com potencial de contribuir na busca de
soluções para os desafios da sustentabilidade em grandes cadeias de valor. Ao final de cada
ciclo, espera-se que a experiência inspire parcerias e negócios que propaguem as soluções
inovadoras dos pequenos empreendimentos selecionados com desdobramentos relevantes
na cadeia das grandes empresas, em benefício de toda a sociedade.

GT FORNECEDORES Durante o ano, as atividades do projeto explora- Contribuíram com as oficinas, além da equipe do GVces, os seguintes especialistas convidados: David Tsai (Iema),
Desde 2013, ISCV conta ainda com um grupo de ram os seguintes pontos: Elder Cerqueira-Santos (Childhood Brasil), Eva Dengler (Childhood Brasil), Hudson Lima de Mendonça (Finep),
trabalho em questões relacionadas à gestão de I. Contexto, impactos e os desafios dos processos de Leise Kelli de Oliveira (UFMG), Leonardo Julianelli (Ilos), Manoel de Andrade e Silva Reis (FGV-EAESP|GVcelog),
fornecedores (GT Fornecedores). O grupo formado distribuição e logística no Brasil; Priscila Laczynski de Souza Miguel (FGV-EAESP|GVcelog), Wilson Nobre (FGV-EAESP)
pelos representantes das empresas-membro de ISCV II. Inovações para gestão de impactos econômicos,
e apoiado pela equipe do GVces vem desenvolvendo sociais e ambientais da logística;
uma agenda própria de encontros, que dá sequência III. D istribuição e logística como meio para geração
ao trabalho iniciado no primeiro ciclo do projeto. No de oportunidades de inclusão social com base no
decorrer desses anos, o GT vem construindo referên- empreendedorismo e em negócios envolvendo ORGANIZAÇÃO DESTA PUBLICAÇÃO Em seguida, outros dois capítulos enfocam,
cias importantes para a integração de sustentabilida- micros, pequenas e médias empresas; O primeiro deles (p. 15) traça um panorama do respectivamente, os resultados do diagnóstico
de nos processos de compras e relacionamento com IV. S ustentabilidade como vantagem competitiva contexto e delineia a importância das atividades realizado com as empresas-membro de ISCV (p.
fornecedores das empresas, todas detalhadamente nas redes de distribuição. logísticas do ponto de vista da competitividade e 33) e da chamada de casos para pequenas e médias
descritas em publicações específicas. Seguindo a mesma lógica adotada nos anos ante- do equilíbrio nas relações comerciais entre diversos empresas (p. 43) realizados neste ciclo de atividades
riores, o ciclo 2015 de ISCV foi desenvolvido a partir de países e regiões. do projeto.
O CICLO 2015 três encontros específicos, entre os quais se realizou O capítulo seguinte (p. 23) aborda algumas das Por fim, o último capítulo (p. 53) apresenta as prin-
A proposta da iniciativa no ciclo de 2015 retomou o processo de diagnóstico da gestão das empresas principais questões que decorrem de uma avalia- cipais considerações e aprendizados desta imersão
o objetivo central de ISCV de promover a inovação -membro e uma chamada de casos para PMEs, além ção dos processos logísticos das empresas à luz da de ISCV e das empresas-membro no tema da sus-
para a sustentabilidade a partir de pequenos e mé- da participação no Fórum Anual das Iniciativas Em- sustentabilidade. O texto ressalta oportunidades e tentabilidade na logística.
dios empreendimentos no contexto da cadeia de presariais do GVces, evento no qual se promove o desafios relacionados à sustentabilidade em logísti- Ao longo dos capítulos, de acordo com o tema
valor das grandes empresas, mas agora com foco compartilhamento dos resultados e integração das ca, com base em uma abordagem de riscos para as abordado, boxes trazem contribuições de alguns dos
nos processos de distribuição e logística. diferentes abordagens e temas. atividades empresariais. especialistas que participaram deste ciclo de ISCV.

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1
LOGÍSTICA NO MUNDO
GLOBALIZADO
o desafio da eficiência e da
superação das desigualdades
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LOGÍSTICA ao sumário ao sumário

NO MUNDO Mesmo nos mercados nacionais ou regionais,


os fluxos logísticos têm se intensificado de maneira
acidentes ambientais; às condições inadequadas de
trabalho no setor de transportes com baixa possibili-

GLOBALIZADO
significativa. No Brasil, esse processo é marcado pelo dade de controle; e à exposição de comunidades locais
avanço, nas últimas décadas, da agropecuária nas re- a riscos diversos ao longo das rotas logísticas.
giões Norte e Centro-Oeste, assim como da indústria Bastante relacionados às condições da infraestru-
de base e de bens de consumo no Nordeste, o que tura disponíveis na região, os custos logísticos são mais
O DESAFIO DA EFICIÊNCIA E DA se chama de“interiorização da agroindústria”. Apesar
disso, o Brasil ainda mantém bastante concentrados
elevados em regiões de desenvolvimento econômico
e industrial mais recentes. Estimativas da Armstrong &
SUPERAÇÃO DAS DESIGUALDADES o desenvolvimento de infraestrutura e os mercados Associates Inc. mostram indicadores dos custos logísti-
consumidores no Sul e Sudeste. cos em relação ao PIB que chegam a 12,3% e 17,2% no
Tem-se aí um famoso gargalo configurado pelo continente sul-americano e na China, respectivamente,
uso intensivo do modal rodoviário, que atende mais de e 8,8% e 9,2% na Europa e América do Norte, respecti-
60% dos fluxos de mercadorias no país, e suas externa- vamente (Armstrong & Associates Inc., 2014). Em 2012,

O
lidades. Ineficiente para longas distâncias, o transporte o custo logístico total da economia brasileira era de
amadurecimento e a vertiginosa 2008, o comércio mundial de mercadorias continua sobre rodas representa custos evitáveis significativos 11,5% do PIB, sendo o transporte correspondente à
intensificação da globalização trou- a apresentar crescimento ano a ano. Ainda que longe quando utilizado em situações inadequadas. Segundo maior fatia, de 7% em relação ao PIB.
xeram importantes reflexos para os da média de 7% de crescimento alcançada no período estimativa do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa As operações logísticas não são críticas somente
fluxos de mercadoria ao redor do 2003-2007, o volume de transações comerciais entre em Administração da Universidade Federal do Rio de do ponto de vista do custo que implicam às operações
planeta. O aumento e a facilitação os países expandiu-se no ritmo de 2% ao ano entre Janeiro (Coppead – UFRJ), cerca de R$ 118 bilhões de das empresas, mas também nas condições e garantia
das interações comerciais entre diversos países amplia- 2012 e 2014 (UNCTAD, 2014). excesso de estoque são mantidos pelas empresas bra- de continuidade da operação para suprimento dos
ram de forma antes inimaginável as possibilidades de O modal marítimo, de grande expressividade no sileiras ao longo das cadeias produtivas como forma insumos necessários e distribuição da produção para
busca por novos insumos, produtos e mercados para as contexto dos transportes internacionais de mercado- de se proteger das ineficiências do transporte, con- clientes e consumidores. Nesse sentido, a eficiência da
empresas. Fundamentalmente, organizações de varia- rias, serve também de ilustração para o aumento dos sequência de atrasos, acidentes e roubos de carga. logística é fator fundamental que também impacta
dos portes e tipos têm hoje condições realistas de atuar fluxos de mercadorias nas últimas décadas. De 1980 a Do ponto de vista socioambiental, como veremos sobremaneira a competitividade das organizações.
no mercado internacional. Segundo dados da Unctad, 2013, o total de cargas transportadas mais que dobrou, mais adiante, os acidentes de trânsito estão entre os Segundo o Índice de Desempenho Logístico do
mesmo considerando o cenário de lenta recuperação representando um aumento de mais de 5,8 bilhões de principais problemas de saúde pública no Brasil. De Banco Mundial (2014), que apresenta ranking de 192
da crise econômica internacional desencadeada em toneladas transportadas anualmente (Unctad, 2014). acordo com o Plano Nacional de Redução de Acidentes países com notas que vão de 1 (pior resultado) a 5
e Segurança Viária para a Década 2011 - 2020, os custos (melhor resultado), apenas cinco países obtiveram
sociais dos acidentes em rodovias são da ordem de R$ notas acima de 4 e 67 acima de 3 pontos. A Alemanha
CARGAS NO TRANSPORTE MARÍTIMO INTERNACIONAL - em milhões de toneladas carregadas (Fonte: UNCTAD) 30 bilhões anuais. Concorrem desafios também relacio- aparece em primeiro lugar, com o melhor resultado
nados ao uso intensivo de combustíveis fósseis – com (4,12 pontos), seguida de Holanda (4,05 pontos) e
12000 desdobramentos sobre as mudanças climáticas, assim Bélgica (4,04 pontos). O Brasil aparece na 65ª posição,
como à poluição do ar; ao risco de derramamentos e com 2,94 pontos.

10000 CLASSIFICAÇÃO DOS PAÍSES DE ACORDO COM O ÍNDICE DE DESEMPENHO LOGÍSTICO (Fonte: Banco Mundial)

ÍNDICE DE DESEMPENHO LOGÍSTICO


8000
3,34 - 5,0

6000
2,75 - 3,27

2,48 - 2,75
4000
1,0 - 2,47

2000
N/D

1,0 é o resultado baixo; 5,0 o mais alto

1980 1985 1990 1995 2000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

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PALAVRA DE ESPECIALISTA

INFRAESTRUTURA
DE TRANSPORTES
NO BRASIL
LEONARDO JULIANELLI FERREIRA*

E
m março de 2014, o Banco Mundial di- 1, com uma grande parcela da carga concentrada Apesar do mérito de definir um planejamento gestionamentos nos portos e melhoria da qualidade
vulgou a 4ª edição do Connecting to no modal rodoviário, o que é inadequado tendo em estratégico, de médio a longo prazo, para a rede de das estradas, o que explicaria inclusive a melhoria do
Compete: Trade Logistics in the Global vista o perfil da carga e as dimensões do país. transportes de carga no Brasil, as ações recomen- Brasil no ranking do Connecting to Compete entre
Economy, um relatório que avalia a lo- Essas distorções produzem significativo impacto dadas no PNLT pouco avançaram nos últimos anos. 2007 e 2011, apresentado na Figura 1. No entanto,
gística de 160 países e leva em conta a nas emissões de gases do efeito estufa (GEE). A ati- Quando o PAC foi lançado, a expectativa era de que o que se vê apenas é a demanda por transporte
percepção de mais de 1.000 empresários de todo o vidade de transportes é responsável hoje por cerca essa situação melhorasse e o Brasil conseguisse ver a aumentar e as obras não saírem do papel, com um
mundo em relação à eficiência da infraestrutura de de 6,5% das emissões de GEE, o que deve aumen- sua eficiência logística aumentar significativamente, atraso médio de 48 meses em relação aos cronogra-
transporte das nações. Com relação ao ranking an- tar nos próximos anos, sendo o modal rodoviário com a oferta de modais variados, integração entre mas apresentados no PAC e PAC 2, deteriorando a
terior, divulgado em 2012, o Brasil caiu 20 posições, responsável por 87,6% dessas emissões. Apenas rodovias, ferrovias e hidrovias, eliminação dos con- percepção do empresariado nacional.
passando a ocupar o 65º lugar e ficando atrás de ou- para efeito de comparação, se tivéssemos a mesma
tros países da América Latina, como Chile, México e matriz de transportes dos EUA, poderíamos reduzir FIG. 02 - MATRIZ DE TRANSPORTE NO BRASIL (%TKU) FIG. 03 - MATRIZ DE TRANSPORTES BRASILEIRA
Argentina. Trata-se da pior colocação do país desde em 11% as emissões de GEE com essa atividade. Se (Fonte: Ilos) PROPOSTA PELO PNLT PARA 2025 (Fonte: PNLT)
que o ranking foi lançado, em 2007, como pode ser nossa matriz fosse similar à da China, essa redução
visto na Figura 1. poderia ser de até 59%.
O mais recente Global Competitiviness Report
– 2014/2015, do Fórum Econômico Mundial, cor-
Como resposta a essa situação, foi elaborado o
Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT),
67,6 % 64,8 % 64,9 % 65,6 % 67,4 %
30%
robora esses resultados e apresenta uma situação lançado pelo governo federal em abril de 2007,
ainda mais dramática, colocando a infraestrutura de
transportes brasileira na 120ª posição entre as 144
nações avaliadas.
que subsidiou o Programa de Aceleração do Cresci-
mento (PAC). Esse plano projetou uma nova matriz
de transportes para 2025, conforme Figura 3, com o
18,4 % 20,3 % 19,9 % 19,5 % 18,2 %
35%
A situação é agravada pelo desbalanceamento objetivo de aumentar a eficiência, eliminar gargalos
entre os modais de transporte, conforme a Figura e reduzir custos. 10,5 % 11,1 % 11,6 % 11,4 % 11,4 %
29%
FIG. 01 - EVOLUÇÃO DO BRASIL NO RANKING MUNDIAL DE LOGÍSTICA
(Fonte: Connecting to Compete: Trade Logistics in the Global Economy (ARVIS et al., 2014)
3,5 % 3,8 % 3,5 % 3,4 % 3,0 %
5%
1

21
0% 0% 0,1 % 0,1 % 0%
1%
41 2004 2006 2008 2010 2012 2025

61 *Sócio Executivo do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos)

2007 2010 2012 2014

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Nas análises realizadas com base nos dados co- A análise dos componentes do índice mostra que PALAVRA DE ESPECIALISTA
letados para a consolidação do indicador, o Banco a melhoria das condições de infraestrutura de apoio
Mundial indica uma melhora lenta mas perceptível
no desempenho global, logicamente com diferenças
ao comércio – em maior grau – e de alfândegas e
fronteiras – em menor grau – á a responsável pela CAMINHOS E
DESCAMINHOS
significativas entre os países. Entre 182 países que aproximação dos índices de países de menor renda
têm dados históricos coletados do indicador des- daqueles dos de renda mais alta. Mais uma vez, o
de a edição de 2012, 116 apresentaram resultados movimento de convergência é interessante e indica
melhores em 2014.
Além disso, o Banco Mundial aponta um movi-
mento de gradual convergência na performance
algum sucesso de parte dos países em desenvolvi-
mento no esforço de reduzir a grande lacuna existen-
te entre a infraestrutura de transporte disponível em
DA COMPETITIVIDADE
logística mundial (The World Bank, 2014). Essa afir- seus territórios e a existente nos países de economia
mação é baseada na verificação de uma evolução mais desenvolvida.
mais acentuada do indicador nos países de pior Como era previsto, há forte correlação também MANOEL DE ANDRADE E SILVA REIS*

A
desempenho quando comparados aos de melhor entre a qualidade da infraestrutura logística disponí-
desempenho no índice. Obviamente a grande dis- vel e o Índice de Desempenho Logístico dos países. forte desregulamentação das ati- e reduz a disponibilidade de recursos para que as
tância entre esses grupos de países relativizam essa Como ilustração, a tabela abaixo apresenta o ranking vidades nas trocas internacionais, empresas controlem o impacto de suas atividades
avaliação, indicando um desequilíbrio que deve dos índices de desempenho e de qualidade da infra- ocorrida a partir da década de 80, sobre o meio ambiente.
perseverar ainda por muitos anos. estrutura lado a lado. trouxe consigo uma aceleração Adicionalmente, hoje, no Brasil, apesar da exis-
exponencial da globalização. tência de planos adequados e coerentes para a
Esse fato abriu cada vez mais o caminho para que implantação de novas infraestruturas logísticas, o
compradores busquem seus insumos e produtos ritmo das realizações tem sido lento, muito aquém
DESEMPENHO LOGÍSTICO E QUALIDADE DA INFRAESTRUTURA (Fonte: Banco Mundial) nas fontes mais atraentes, em qualquer local do glo- das reais necessidades do país, o que se verifica es-
bo, aumentando a representatividade das fronteiras pecialmente em ferrovias, hidrovias, portos e siste-
DESEMPENHO QUALIDADE DA
PAÍS LOGÍSTICO INFRAESTRUTURA econômicas em detrimento das fronteiras físicas no mas de armazenagem. Isso tem causado aumento
comércio internacional. Em termos de custos para os dos tempos e dos custos das operações e provo-
compradores, isso é positivo, mas a parte perversa cado uma produção excessiva de gases de efeito
ALEMANHA 1º 1º
são os riscos para os países, em vista da concorrên- estufa, em grande parte em razão da utilização ina-
cia exacerbada e muitas vezes desleal praticada por dequada do transporte rodoviário para cargas de
HOLANDA 2º 3º alguns países. grandes quantidades em longas distâncias. Essas
Por um lado, isso estimula o aumento da com- consequências negativas do ponto de vista socio-
petitividade dos países, o que tem ocorrido de ambiental, já bastante aparentes no Brasil, exigem
BÉLGICA 3º 9º
forma lenta e pouco ordenada. Por outro, num uma concentração de esforços no sentido de gerir
processo mais veloz, esses fatores trazem desin- esses riscos, buscando identificar e implantar com
REINO UNIDO 4º 6º dustrialização, reduzindo o número de postos de presteza infraestruturas e processos inovadores, na
trabalho e a renda. Além disso, diminui a capacida- busca de nichos que permitam aumentar a renda e
de de as empresas produzirem e exportarem bens a competitividade do país e controlar os impactos
CINGAPURA 5º 2º
de maior valor agregado, de maior lucratividade, ambientais das atividades.

ESTADOS UNIDOS 9º 5º

CHINA 28º 26º

ÍNDIA 54º 67º

BRASIL 65º 63º *Engenheiro naval, Ph.D. pelo MIT, coordena o GVcelog -
Centro de Excelência em Logística e Supply Chain da FGV-EAESP
RÚSSIA 90º 91º

20 | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | GVCES GVCES | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | 21
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2
LOGÍSTICA E
SUSTENTABILIDADE
um olhar para riscos
e oportunidades na cadeia
GVCES | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | 23
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LOGÍSTICA E Além da adequação das matrizes e do melhor


equilíbrio entre os modais, as diferentes condições
com dinâmicas variáveis no decorrer do tempo, cuja
integração à gestão dos negócios deve considerar re-

SUSTENTABILIDADE da infraestrutura, as tecnologias e veículos utiliza-


dos e os combustíveis usados nas frotas existentes
são fatores que condicionam decisivamente o im-
pacto desses processos sobre o ambiente, tanto
sultados de longo prazo. De modo geral, entretanto,
a progressiva responsabilização do setor empresarial
por suas externalidades e, por consequência, a valo-
rização de soluções de mercado voltadas para o con-
UM OLHAR PARA RISCOS local quanto globalmente. trole e o monitoramento de seus impactos são eixos
E OPORTUNIDADES NA CADEIA A busca por eficiência no transporte, seja por
diversificação de modais ou de combustíveis, seja
que devem nortear a atuação empresarial.
A grande capilaridade e a conexão das redes e
por meio da integração de cadeias de suprimento e processos logísticos impedem, porém, que a ava-
distribuição, é um dos exemplos mais evidentes da liação dos riscos seja feita isoladamente por cada
íntima relação entre a forma como são realizados os organização sem considerar as implicações e im-
processos logísticos e os resultados socioambientais pactos que compartilham com outros atores. Em

D
das mais diversas atividades econômicas, trazendo grande parte dos casos, a dimensão interorgani-
e extrema importância econômica, social e ambiental, os processos logísticos implicações diretas à gestão dos riscos e oportuni- zacional acaba por ser significativamente mais re-
dades nos negócios. levante do que os processos geridos e controlados
estão no centro dos fatores que condicionam ou viabilizam o desenvolvimento.
Diferentes avaliações de cenários futuros, consi- dentro dos limites de cada organização, fato que se
Sem estrutura para transporte, estocagem e distribuição, qualquer atividade
derando-se, por exemplo, o fator mudança do clima, torna ainda mais relevante quando se considerado
produtiva ficaria paralisada, fadada ao fracasso. Por não ser um bem ou serviço apontam tendências tanto de taxação pelo sobreuso o alto nível de terceirização da maior parte das ati-
importável – ao menos diretamente – a infraestrutura logística é um ativo que como de bonificação pela redução da utilização de vidades de logística das empresas.
deve ser cuidadosamente planejado, implantado e mantido por toda nação, considerando combustíveis fósseis, aspectos diretamente relacio- A gestão de risco, portanto, exige abordagem de
suas características econômicas, ambientais e sociais. nados às decisões envolvendo os processos logís- cadeia e o estabelecimento, muitas vezes, de planos
ticos das empresas. A mesma dinâmica de risco e de controle, contenção e mitigação compartilhados
Assim como sua indiscutível importância, as am- plo, a distribuição dos volumes entre os diferentes oportunidade pode ser esperada em relação à desti- entre clientes, fornecedores e outros intermediários
plas externalidades configuram outra característica modais apresenta configurações, ou matrizes, que nação adequada de resíduos ou ainda à criação de al- dos processos.
representativa do setor. É transversal às diferentes nem sempre refletem as melhores possibilidades ternativas de reutilização de materiais e embalagens A utilização da abordagem de riscos para induzir
cadeias produtivas, com desdobramentos que impac- de desempenho, eficiência e adequação às poten- usados no transporte de mercadorias, por exemplo. a integração de sustentabilidade aos processos logís-
tam diretamente os mais diversos setores da econo- cialidades ou características de cada região. A parti- Um olhar atento sobre as tendências em susten- ticos pode ser fonte de grandes oportunidades para
mia, a qualidade de vida, a segurança da população cipação do modal rodoviário, de reduzida eficiência tabilidade e de regulação no mundo globalizado as empresas. Alguns aspectos trabalhados durante
e as condições de preservação do meio ambiente. sobretudo para transporte de cargas em grandes evidencia quanto a gestão de riscos pode ser um o ciclo 2015 de ISCV e melhor descritos a seguir indi-
Qualquer análise mais aprofundada sobre os volumes por grandes distâncias, é bastante expres- caminho promissor para induzir a integração da res- cam dimensões a serem consideradas nesse sentido.
desafios do setor de logística no mundo reforça a siva em vários países além do Brasil, caso emble- ponsabilidade socioambiental ao core dos negócios.
evidência de que as condições de competitividade mático dessa configuração. Como mostra a figura, Uma abordagem ampla dos riscos dos processos DESAFIOS DA MOBILIDADE
e de melhor gestão dos impactos socioambientais o modal rodoviário é responsável pela metade ou logísticos envolveria a consideração de aspectos críti- E DISTRIBUIÇÃO URBANA
dos negócios caminham juntas, lado a lado. mais do volume de cargas transportado também cos de sustentabilidade no setor: além das emissões Segundo dados da edição de 2014 do relatório“Pers-
Em relação ao transporte de cargas, por exem- em países como China e Austrália. de gases do efeito estufa, as condições de trabalho pectivas da Urbanização Mundial” (World Urbaniza-
nos diversos elos da cadeia de suprimentos e distri- tion Prospects) da ONU, 54% da população mundial
CARGAS NO TRANSPORTE MARÍTIMO INTERNACIONAL (Fonte: Ministério dos Transportes | dados de 2011) buição, o impacto das rotas nas condições de mobi- vive em centros urbanos, e projeções apontam para
lidade urbana e na qualidade de vida das comunida- 65% até 2050. As estatísticas apresentadas na publi-
100 des por elas atravessadas, a utilização de materiais e cação mostram que o aumento acelerado da popula-
o impacto sobre o estoque de recursos naturais não ção urbana é uma tendência mundial, mas ocorre de
80 renováveis, entre outros. forma mais acentuada na África e Ásia, continentes
60 Mais do que uma ampliação dos aspectos con- que possuem atualmente os menores percentuais
Rodoviário siderados nas análises tradicionais, a integração de de concentração de pessoas em cidades.
40 sustentabilidade na abordagem de risco das organi- No Brasil, os centros urbanos concentram mais
Ferroviário
20 zações exige uma ampliação do horizonte temporal de 85% da população (ONU, 2014). Sem planejamen-
Aquaviário e o frequente desenho e teste de cenários diversifica- to, o rápido crescimento populacional e espacial das
dos. Temas como a influência das mudanças do clima cidades traz uma série de impactos para a mobilida-
ou da disponibilidade de recursos naturais para as de urbana. Recente relatório da Organização Mun-
RÚSSIA CANADÁ AUSTRÁLIA EUA CHINA BRASIL operações das empresas são exemplos de aspectos dial da Saúde (Global Status Report on Road Safety

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2015) revela que acidentes nas estradas são a maior passam em média 19 dias em trânsito e cerca de 58
causa de morte potencialmente evitável, e o Brasil é o horas no mês à espera de cargas. A média da renda
quinto país com mais mortes de trânsito no mundo, mensal familiar é de R$ 2.944,23.
PALAVRA DE ESPECIALISTA com cerca de 45 mil vítimas ao ano. Dados do Minis- Entre os principais problemas da profissão foram

TRANSPORTE E
tério da Saúde mostram que nos últimos seis anos as mencionados a insegurança/violência, os riscos de
internações no Sistema Único de Saúde envolvendo acidentes, a distância da família, a baixa remuneração
motociclistas tiveram um crescimento de mais de e a desunião da classe. Apesar de o número de cami-

MUDANÇAS CLIMÁTICAS 100% e o custo com o atendimento a esses pacien-


tes, de 170,8%.
Além dos acidentes de trânsito, outro problema
nhoneiros contratados por empresas ter aumentado
e o de autônomos ter diminuído de 2005 para 2010,
a liberalidade ainda é marcante – 35% trabalham por
enfrentado pela mobilidade urbana recai na lenti- conta própria.
dão do tráfego. A média dos congestionamentos, Ações empresariais que visam a melhorar as con-
GEORGE MAGALHÃES* em quilômetros nos horários de pico (manhã e tar- dições de trabalho dos caminhoneiros têm impactos

A
de) dos dias úteis, em São Paulo, foi cerca de 100 muito além da responsabilidade, inclusive legal, nas
partir da necessidade de dissemi- o que demonstra a importância da logística como quilômetros em 2013 (Rede Nossa São Paulo, 2015) relações com empregados e prestadores de serviço.
nação de instrumentos para estru- parte da solução para as mudanças climáticas. e em Campinas, no interior do estado de SP, de 282 Por um lado, o aprimoramento do conforto e da se-
turar a gestão de carbono nas or- Do novo acordo climático global firmado em quilômetros em 2014 (PCS, 2015). gurança gera reflexos diretos na eficiência, previsibi-
ganizações, o Programa Brasileiro Paris (2015) – em vigor a partir de 2020 – emerge Somada aos desafios da locomoção de pessoas, lidade e desempenho do transporte rodoviário. Por
GHG Protocol foi criado, em 2008, um grande leque de oportunidades para inovação, a mobilidade urbana também enfrenta dificuldades outro, a inadequação da infraestrutura disponível
com o objetivo de desenvolver meios para que esses pesquisa e desenvolvimento e, principalmente, co- de outras naturezas, como a distribuição urbana de (como pontos para parada e descanso) e as condi-
atores comuniquem suas emissões de gases de efei- operação entre empresas para o desenvolvimento mercadorias. O aumento de atividades logísticas ções de trabalho têm sido bastante associadas a
to estufa (GEE) a seus parceiros e à sociedade. Seus de soluções menos intensivas em emissões de GEE. para responder às demandas do e-commerce e de- problemas como a gravíssima situação da explora-
membros, atualmente mais de 130 organizações do No caso brasileiro, serão construídos os planos mais entregas em domicílio faz crescer o número de ção sexual de crianças e adolescentes nas rodovias
setor privado, poder público e terceiro setor, volunta- setoriais para a mitigação das emissões de GEE para os veículos em circulação nas cidades e traz consigo vá- brasileiras e os altos índices de acidentes no trânsito.
riamente divulgam suas emissões diretas e indiretas setores mais intensivos. Esses planos deverão contar rios impactos negativos, como consumo de energia,
no Registro Público de Emissões. com metas de emissão para cada setor e, certamente, emissões de GEE e outros poluentes, congestiona- EXPLORAÇÃO SEXUAL NAS ESTRADAS
Esses instrumentos ampliam o potencial dos o setor logístico terá sua parcela de contribuição no mento e acidentes de trânsito. Apesar de não ser um A exploração sexual de crianças e adolescentes é um
setores da economia de atuar de forma proativa e cumprimento dos compromissos assumidos pelo Brasil. aspecto novo, a intensificação da distribuição urbana grave problema, que ganha características especiais
possibilitam a adoção de ações para a transição para É essencial que as empresas brasileiras absor- de mercadorias muitas vezes não é considerada no e mais críticas ao longo das rodovias e nos pontos
uma economia menos intensiva em carbono. Com a vam esses sinais como catalisadores de oportuni- planejamento urbano das cidades, e as decisões em- de espera e descanso das estradas brasileiras. Há
antecipação desse movimento antes do surgimento dades – não apenas como novas obrigações a se- presariais acabam por desconsiderar seus impactos muitos anos, organizações como a Childhood Brasil
de obrigações legais e pressões do poder público rem cumpridas – pois o mercado também priorizará nessa dinâmica. apontam a situação como uma questão que requer
para tal, o setor privado pode realizar investimentos produtos e serviços menos intensivos em carbono. grande atenção e precisa ser endereçada pelo poder
progressivos e tornar menos abrupta a transição. No setor logístico, são imprescindíveis para con- CAMINHONEIROS E AS CONDIÇÕES público, setor empresarial e sociedade civil.
No Brasil, as emissões de GEE relacionadas aos solidar a transição para uma economia de baixo car- DE TRABALHO NAS RODOVIAS De acordo com a Organização Mundial do Traba-
transportes são um dos principais impactos ambien- bono a diversificação e integração da matriz logística Realizada em 2005 e atualizada em 2010, a pesquisa lho - OIT, 100 mil jovens são explorados sexualmente
tais dessa atividade, representando em 2014 o equi- brasileira, com especial relevância do transporte de “O Perfil do Caminhoneiro no Brasil”, conduzida pelos por ano no Brasil, e dados da Polícia Rodoviária Fede-
valente a 220 milhões de toneladas de CO2. O modal cargas – que deverá aumentar a utilização de modais núcleos de pós-graduação em Psicologia das univer- ral registram 1.819 pontos de risco nas rodovias fede-
rodoviário, por sua vez, é responsável por 92% das menos emissores de GEE, como hidroviário e ferrovi- sidades federais de Sergipe e do Rio Grande do Sul rais. Entre os fatores que levam à exploração sexual
emissões causadas pelo consumo de combustível ário; o investimento em biocombustíveis de segunda para a Childhood Brasil, mostra quem são e como infantil, destacam-se aspectos sociais, como as con-
no país, segundo dados do Sistema de Estimativas e terceira gerações e sua ampla adoção; e a inovação vivem esses profissionais. dições de pobreza e a falta de oportunidade em que
de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG). Das na gestão de frotas por parte do setor privado, ati- Em relação ao perfil dos entrevistados, os dados vivem muitas famílias, e culturais, como machismo e
emissões do setor, 62% estão relacionadas ao con- vando-se mais iniciativas de integração e comparti- coletados mostram que 34,4% possuem baixa esco- preconceito sócio-racial.
sumo de óleo diesel por veículos de carga e ônibus, lhamento, com benefícios para a eficiência do setor. laridade, com ensino fundamental incompleto. Mais Mais uma vez, a pesquisa realizada pela Child
de 50% dos entrevistados são casados, a média do hood aponta correlação entre a precariedade dos
número de filhos é de 2,4. Apesar de a maioria dos pontos de parada e o comportamento de risco dos
caminhoneiros declarar-se satisfeita com a profissão, caminhoneiros. Assim, destaca-se o papel de em-
*Coordenador do Programa Brasileiro GHG Protocol/GVCes o nível de satisfação cai em relação à jornada de tra- barcadores nos esforços necessários para reduzir
balho e mais ainda quando se trata da oferta de car- os tempos de carga e descarga e para melhoria da
gas e da qualidade das estradas. Esses profissionais infraestrutura nesses pontos.

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PALAVRA DE ESPECIALISTA

A CARGA URBANA:
PENSANDO ALÉM
DA MOBILIDADE
DE PESSOAS
LEISE KELLI DE OLIVEIRA*

A
tualmente, muito se discute sobre mento e consumo de energia na estrutura do mer-
mobilidade urbana, contudo, para cado econômico, além de uma compreensão que
muitos, o foco é apenas a mobili- integra custos de distribuição, sociais e ambientais.
dade de pessoas, e pouco esforço Os centros de distribuição urbana são locais
tem se observado para a melhoria designados para a consolidação de cargas de di-
da distribuição urbana de mercadorias (DUM). ferentes embarcadores e transportadoras. Estes
Quanto mais desenvolvida e dinâmica é uma podem estar associados a espaços logísticos ur-
economia, maior o fluxo de mercadorias e, conse- banos (ELU) que permitem que a entrega seja rea-
quentemente, de veículos de carga em uma cidade. lizada com baixa emissão de poluentes, por meio
Por exemplo, na Europa, os veículos de carga são de veículos elétricos e/ou não motorizados, como
responsáveis por 10% do tráfego (Civitas, 2010). De bicicletas. Na França, a Chronopost e La Petite Rei-
acordo com dados do Banco ne são exemplos nesse sentido.
Mundial, os fluxos de carga ocu- Importante salientar que tais Exemplos
pam 25% do tráfego viário de sistemas podem promover a de veículos de dos. No Brasil, a cidade de São Paulo, durante a Copa móvel-caminhão, que gera aumento da segurança,
ALGUMAS SOLUÇÕES QUE PERMITEM
uma cidade típica, representam cooperação do transporte de baixa emissão do Mundo Fifa 2014, realizou testes que indicaram redução e/ou eliminação do desconforto causado
A MELHORIA DAS ATIVIDADES LOGÍSTICAS
entre 20% e 30% do número de carga, com parcerias entre em- de poluentes melhoria no desempenho das entregas. Contudo, a aos automóveis pelos veículos de carga.
NO MEIO URBANO SÃO AS SEGUINTES:
veículos num quilômetro e en- presas para redução dos custos (ACERVO segurança mostrou-se um desafio. Nesse caso, não A melhoria das operações logísticas é pautada
tre 16% e 50% das emissões de Centros de distribuição urbana de distribuição. DO AUTOR) apenas o setor logístico precisa adequar-se à nova em soluções de logística urbana que permitam a
poluentes numa cidade. Além e espaços logísticos urbanos; Os pontos de entrega de forma de entrega urbana, como a cidade precisa es- consolidação das entregas, a redução dos custos
disso, por serem maiores e mais Entregas urbanas utilizando modos produtos do comércio eletrô- tar preparada para que ocorra eficientemente, sem de transporte, com consequentes benefícios para
não motorizados, como bicicletas;
pesados, os veículos de carga nico, conhecidos como pick-up prejuízo para operadores logísticos e varejistas. a mobilidade urbana. Importante salientar que tais
Sistema cooperativo de entregas;
encontram dificuldades para points, também são soluções Finalmente, as faixas exclusivas para o transpor- soluções precisam vir acompanhadas de estudos
Pontos de entrega
circular em meio ao elevado nú- importantes, principalmente te de carga consistem numa solução recentemente de viabilidade para sua implementação em cidades
de produtos do comércio eletrônico;
mero de veículos que trafegam Entrega noturna;
para as entregas domiciliares, investigada que tem por objetivo segregar os veícu- brasileiras, que deve envolver todos os agentes da
pelos centros urbanos, situação Faixas exclusivas para o transporte uma vez que esse serviço con- los de carga do tráfego comum. Para os transporta- entrega urbana (transportadores, varejistas, poder
agravadas pela ausência de in- de carga urbana. vive com elevado número de dores, os benefícios incluem a redução do conflito público, população). Neste novo cenário, em que
fraestrutura adequada para essa entregas não realizadas que automóvel-caminhão, o aumento da eficiência dos pessoas e mercadorias devem ter livre circulação
atividade. Assim, a falta de espa- resulta em custos extras, mais veículos de carga, a redução de custos, maior con- em áreas urbanas, modos de transporte não moto-
ços para a carga e descarga de mercadorias transfe- quilômetros percorridos e emissão de poluentes. fiabilidade na movimentação de cargas, redução rizados devem ser priorizados. Assim, torna-se um
re a operação para as faixas de tráfego e ocasiona A entrega noturna ou fora-pico surge como dos tempos de viagem e aumento da produtivida- grande desafio para empresas pensar em soluções
congestionamentos. uma inovadora alternativa para mitigar os proble- de. Para veículos de passageiros, os benefícios estão que viabilizem o business core, além de promover
Na direção de soluções para minimizar os pro- mas enfrentados pelos transportadores na comple- associados diretamente à redução do conflito auto- o transporte urbano sustentável.
blemas e melhorar a distribuição urbana de mer- xidade do tráfego dos centros urbanos. A cidade de
cadorias surgiu o conceito de logística urbana, pro- Nova York iniciou os testes-piloto em 2005 e, hoje, *Professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
cesso que visa a otimizar as atividades de logística a entrega noturna tornou-se uma política nacional
considerando fatores como tráfego, congestiona- para o transporte de carga urbana nos Estados Uni-

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LOGÍSTICA REVERSA na regulamentação dos acordos setoriais leva à ine- PALAVRA DE ESPECIALISTA
Discutida por mais de duas décadas e sancionada xistência de metas estruturantes e quantitativas para
em agosto de 2010, a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS) tem por objetivo criar condições
definição da distribuição geográfica e do volume de
resíduos a serem coletados nas redes de descarte. CAMINHONEIROS
ALIADOS À PROTEÇÃO
para que o país avance em relação aos principais A falta de padrão e processos internos para
problemas ambientais, socioeconômicos, políticos orientar e gerenciar tal operação faz com que as
e culturais decorrentes do manejo inadequado dos empresas ainda demandem serviços nos moldes
resíduos sólidos.
Diferentemente das legislações da União Euro-
peia, que utilizam o princípio da responsabilidade
da logística tradicional de distribuição, sem levar em
conta a inexistência de pontos estruturados e divul-
gados de coleta, a inexatidão das informações que
DA INFÂNCIA
estendida do produtor, a PNRS traz para discussão leva à dificuldade na definição das rotas e da periodi-
o princípio de responsabilidade compartilhada pelo cidade da coleta, e a necessidade de rastreabilidade
ciclo de vida dos produtos, desde o processo produ- do material coletado. EVA CRISTINA DENGLER*

A
tivo até a etapa pós-consumo, incluindo fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes, consu- ACESSO NA BASE DA PIRÂMIDE gestão de impactos do transporte Federal para propor e cobrar ações do governo em
midores, poder público e catadores de material re- O desenvolvimento de novos produtos, processos e rodoviário de carga é um campo relação à implantação de pontos de parada e des-
ciclável. A responsabilidade compartilhada desafia empreendimentos que ampliem os resultados socio- repleto de desafios. Há, dentro canso que considerem a proteção da infância, utili-
governos, empresas e cidadãos a mudar sua forma ambientais aliados ao retorno econômico-financeiro deste modal, um grande estig- zando instrumentos como o Projeto Mapear, uma
de compreender e relacionar-se com os processos dos investimentos tem ganhado espaço e chamado ma com relação aos motoristas ferramenta de mapeamento de pontos vulneráveis
geradores de resíduos sólidos, além de mostrar que atenção de empresas de diferentes portes e setores. de caminhão. Esses profissionais são, muitas vezes, à exploração sexual de crianças e adolescentes em
as soluções dependem da colaboração ativa entre Do ponto de vista da participação das empresas na taxados equivocadamente de vilões quando levado rodovias federais.
esses atores. ampliação do acesso da população de baixa renda a em conta o tema da exploração sexual de crianças e Acreditamos que um caminhoneiro sensibili-
Um importante instrumento estabelecido pela produtos e serviços, essa possibilidade tornou-se ain- adolescentes nas estradas brasileiras. zado e com melhores condições de trabalho é um
política, a ser viabilizado sob o princípio da respon- da mais relevante, quando análises passaram a evi- Sendo um problema ainda amplamente natu- potencial agente de proteção dos direitos de crian-
sabilidade compartilhada, recai nos sistemas de lo- denciar de forma recorrente que o mercado de baixa ralizado e invisível no Brasil, é considerado uma das ças e adolescentes nas rodovias do país. Entre 2005
gística reversa. Esses sistemas devem conter ações, renda representa uma grande oportunidade de am- piores violações dos direitos humanos universais e e 2015, a Childhood Brasil vem estudando as ten-
procedimentos e meios para viabilizar a coleta e a pliação de negócios e rendimentos para empresas dos direitos de crianças e adolescentes, pessoas em dências de “O Perfil do Caminhoneiro no Brasil”. Já
restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, dispostas a repensar seus modelos de negócio. fase de desenvolvimento. em 2015 identificou que apenas uma minoria ainda
visando ao reaproveitamento ou à destinação final Esse movimento, que estimulou a criação de uma Ao considerar esse cenário, a Childhood Brasil afirma realizar programa sexual com uma criança ou
ambientalmente adequada. série de iniciativas e estratégias empresarias nos últi- atua, desde 2006, por meio do Programa Na Mão Cer- adolescentes nos últimos cinco anos. Isso tudo é o
A lei exige a implantação obrigatória de sistemas mos anos, desenvolve-se em torno de argumentos ta no assessoramento a empresas participantes nas resultado de um grande esforço coletivo de cons-
de logística reversa para a cadeia produtiva dos se- como o que o economista indiano C.K. Prahalad suas operações com foco em direitos humanos e com cientização e inclusão do profissional no processo
guintes insumos: eletroeletrônicos; embalagens de aponta em sua obra A Riqueza na Base da Pirâmide, ênfase na educação continuada de caminhoneiros de proteção da infância.
óleos lubrificantes; lâmpadas de vapor de sódio e indicando que, enquanto o mercado voltado para as para que atuem como agentes de proteção nas rodo- O cotidiano dessa categoria é extremamente
mercúrio; medicamentos; embalagens em geral. O classes de maior poder aquisitivo está saturado, há vias do país. Nesse período, mais de 1.500 empresas vulnerável. Portanto, o programa investe na educa-
principal meio previsto pela PNRS para viabilizar a um mercado demandante a ser explorado na base e entidades empresariais aderiram voluntariamente ção continuada por meio dos multiplicadores das
logística reversa dessas cadeias produtivas são os da pirâmide. Empresas que desenvolvem serviços e ao Pacto Empresarial Contra a Exploração Sexual de empresas participantes, mas, sobretudo, fomen-
acordos setoriais, firmados entre o poder público e produtos para a população de menor poder aquisiti- Crianças e Adolescentes nas Rodovias Brasileiras. tando melhores condições de vida e trabalho para
fabricantes, importadores, distribuidores ou comer- vo podem, então, gerar receita ao mesmo tempo em Além disso, para avançar com estratégias mais esse valioso profissional que é uma peça-chave no
ciantes. Indo além da lógica tradicional de comando- que ampliam o acesso a direitos básicos e qualidade efetivas de enfrentamento, a Childhood Brasil vem enfrentamento do problema que ainda aflige meni-
-e-controle das políticas públicas, este modelo oferece de vida por meio do consumo. reforçando sua parceria com a Polícia Rodoviária nos e meninas no entorno das estradas brasileiras.
uma oportunidade para o setor privado apresentar, de A abordagem de BoP (Base of the Pyramid) cres-
maneira coletiva, projetos de logística reversa, numa ceu e constitui uma ampla rede de apoio ao redor do
dinâmica mais colaborativa e propositiva. mundo que busca contribuir para que essas iniciati-
Esse é um desafio presente para algumas cadeias vas empresariais tenham comprometimento efetivo
produtivas, como a de eletroeletrônicos e embala- com a melhoria das condições de vida da população
gens de medicamentos. Esses setores têm avança- de baixa renda, com a criação de valor social e am- *Gerente de Programas e
do em articulações que, espera-se, possam gerar pliação das capacidades nessas comunidades. Relações Empresariais da Childhood Brasil
acordos e processos que viabilizem a atividade de Por trás da demanda latente e das grandes opor-
logística reversa com ampla abrangência. A demora tunidades de negócio identificadas está uma situa-

30 | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | GVCES GVCES | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | 31
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ção de desigualdade comumente observada como modo a garantir acesso a bens e serviços essen-
externalidade da lógica de organização do mercado ciais de cidadania, o olhar próprio dos negócios
capitalista globalizado. Como indica a BoP Global sobre viabilidade e eficiência é profícuo para ino-
Network, a habitual desconsideração do mercado vações que aliam oportunidades de negócios com
de baixa renda pelas empresas acaba por configu- desenvolvimento social.
rar uma situação de baixa concorrência, o que gera a Em linhas gerais, o campo de atuação em BoP
chamada“penalidade da pobreza”: a população mais requer, antes de tudo, profundo conhecimento dos
pobre acaba tendo de pagar mais caro por bens e territórios em que se pretende atuar. Em ambientes
serviços de baixa qualidade. nos quais a atuação do Estado e das empresas é es-
As atividades de distribuição e logística são ba- cassa, populações locais desenvolvem lógicas muito
silares para o desenvolvimento de novas soluções próprias para suplantar essas lacunas, o que se reco-
no âmbito dos negócios sociais. As regiões e co- nhece como “inovação reversa”. Assim, a inventivida-
munidades mais desfavorecidas invariavelmente de empresarial só pode chegar a bom termo se partir
impõem desafios ligados à fragilidade da infraes- de reais necessidades detectadas in locu e inevitavel-
trutura e a riscos de violência em eventuais rotas mente contar com parceiros locais que possam apor-
de distribuição. A gestão da informação desponta tar conhecimento prático.
como uma carência estruturante, haja vista que áre- Diferentes inovações no mundo dos negócios
as de ocupação informal demandam mapeamento têm surgido dessa interação, evidenciando grandes
espacial adequado que frequentemente fogem aos oportunidades que ainda devem residir no espaço
registros públicos. possível para a interlocução entre o conhecimento
Seja por meio de operações comerciais dire- de mercado, a tecnologia, a cultura, as demandas
tamente voltadas para esses consumidores, seja sociais e o conhecimento local acumulado em terri-
em projetos de parceria com a gestão pública de tórios e comunidades.

3
PRÁTICAS
EMPRESARIAIS
sustentabilidade e logística no
âmbito das empresas-membro de ISCV
32 | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | GVCES GVCES | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | 33
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REGIÃO DE

PRÁTICAS GASTO ANUAL DA ÁREA DE LOGÍSTICA OPERAÇÃO

EMPRESARIAIS
SUSTENTABILIDADE E LOGÍSTICA NO
R$ 2.796.000.000,00
100%
ÂMBITO DAS EMPRESAS-MEMBRO DE ISCV SUDESTE

DISTRIBUIÇÃO DO ORÇAMENTO

A
conjuntura discutida nos capítulos co de aspectos de sustentabilidade na gestão POR PROCESSO LOGÍSTICO
anteriores evidencia a necessida- de logística das empresas-membro. A análise
de de se buscar novas condições consolidada dos resultados desse diagnóstico
de integração, compartilhamen-
to e cooperação entre empresas e
oferece um panorama sobre como os desafios
abordados ao longo desta publicação têm sido 27% 17% 89%
organizações: desafios de tal magnitude dificilmen- enfrentados por diferentes organizações. O mate- SUL
DISTRIBUIÇÃO DE TRANSPORTE DE
te poderão ser enfrentados isoladamente. Do ponto rial traz ainda um conjunto de informações sobre PRODUTOS ACABADOS MATÉRIA-PRIMA
de vista da gestão nas empresas, esse cenário reforça a estrutura e organização das áreas de logística
a importância da inovação nos processos como for- das empresas.
ma não só de viabilizar essa integração, mas tam-
PERFIL E REPRESENTATIVIDADE
14% 12%
bém de responder ou se antecipar às cada vez mais
rápidas transformações do ambiente de negócios e DO GRUPO DE EMPRESAS
dos mercados consumidores.
Ao oferecer elementos que orientam a avaliação
sobre as tendências dessas transformações, os as-
Embora a amostra seja reduzida – as informações
baseiam-se em respostas de oito grupos empresa-
riais ao questionário –, ela é composta de grandes
ESTOCAGEM DE
PRODUTOS ACABADOS
EMBALAGEM
78%
CENTRO-
pectos de sustentabilidade parecem ter se tornado empresas de vários setores, muito representativas OESTE
ingredientes importantes na estruturação de pro- em sua área de atuação e significativas no contexto
cessos e práticas de gestão também das áreas de
logística das empresas.
nacional em razão de sua magnitude: a maior parte
delas está presente em todas as regiões do país e,
10%
ARMAZENAMENTO DE
7%
TRANSPORTE INTERNO
Para melhor compreender esse movimento, a somado, o investimento em logística dessas empre- MATÉRIA-PRIMA OU ENTRE UNIDADES
ISCV realizou durante o ciclo 2015 um diagnósti- sas ultrapassa R$ 2,7 bilhões anuais. DE PRODUTOS
SEMIACABADOS

RESULTADOS DO DIAGNÓSTICO DE SUSTENTABILIDADE EM LOGÍSTICA DAS EMPRESAS-MEMBRO DE ISCV 78%


S E TO R D E AT I V I D A D E D A S E M P R E S A S 6%
TRANSPORTE
4%
OUTROS
NORTE

DE PESSOAS

8% 8% 16% 15% 15% 8% 15% 15% 3% 3%


FABRICAÇÃO
DE ALIMENTOS
AGRICULTURA,
PECUÁRIA E
FABRICANTES
DE PRODUTOS
TELECOMU-
NICAÇÕES
TRANSPORTES,
ARMAZENAGEM
SIDERURGIA MINERAÇÃO OUTROS
LOGÍSTICA REVERSA ARMAZENAMENTO
DE PRODUTOS
78%
NORDESTE
E BEBIDAS PRODUÇÃO FARMACÊUTICOS E LOGÍSTICA SEMIACABADOS
FLORESTAL E COSMÉTICOS

34 | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | GVCES GVCES | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | 35
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ESTRUTURA DAS ÁREAS DE LOGÍSTICA tica tem posição de diretoria ou vice-presidência e processos parecem ser caminhos encontrados pelas da sustentabilidade. Mais uma vez, reforça-se a tese
A avaliação das áreas de logística e de suas posições participação em atividades centrais para os negócios, empresas para lidar com os desafios vivenciados em discutida anteriormente nessa publicação de que
na estrutura organizacional das empresas indica a como planejamento estratégico e análise de riscos. suas atividades logísticas. condições de competitividade e de melhor gestão
grande relevância assumida pelos processos logísti- A gestão e a contratação centralizadas é outra ca- Neste aspecto, desafios de negócio misturam-se dos impactos socioambientais dos negócios cami-
cos para o desempenho dos negócios. Em mais de racterística da maior parte das áreas de logística das com impactos e questões críticas do ponto de vista nham juntas.
65% das respostas do diagnóstico, o setor de logís- empresas participantes.

GRAU DE TERCEIRIZAÇÃO PARTICIPAÇÃO DE CADA MODAL


DAS ATIVIDADES DE LOGÍSTICA* NO VOLUME TOTAL TRANSPORTADO
POSIÇÃO DA ÁREA DE LOGÍSTICA SUBORDINAÇÃO DA ÁREA DE LOGÍSTICA
NA ESTRUTURA OPERACIONAL 50 83%
22%
11%
40
Suprimentos 76-100 %
30
8%
22%
Vice-presidente

7%
51-75 %
20
Outra 26-50 %
10
33%
Gerência
56%
Diretoria
33%
Operações
22%
Finanças
0-25 %
% 2%
*P
 ercentual: número de respostas em cada faixa,
em relação ao total de empresas respondentes. 1%
ESTRUTURA DE CONTRATAÇÃO ENVOLVIMENTO DA ÁREA DE LOGÍSTICA NAS
E GESTÃO DE ÁREA ATIVIDADES DE PLANEJAMENTO DA EMPRESA
AÇÕES VOLTADAS AOS FORNECEDORES DE LOGÍSTICA (% de empresas)
44%
Centralizada
11%
Descentralizada
78%
Planejamento
67%
Análise 100
estratégico de riscos
80 Auditoria

33%
Mista
11%
Não respondeu
67%
Gestão da demanda/
11%
Outros
60 Treinamento

planejamento 40 Ações com foco em saúde e segurança


do trabalho de trabalhadores terceirizados
da produção
20 Ações voltadas à gestão
% de impactos socioambientais na cadeia

ESTRATÉGIA E OPERAÇÃO LOGÍSTICA com fornecedores, parceiros e clientes, apesar de ESTRATÉGIAS, PRÁTICAS E SISTEMAS UTILIZADOS (% de empresas)
Quando observadas a forma de operação e algu- poucas citarem o uso de estratégias de Vendor Ma-
mas estratégias que orientam a gestão dos proces- naged Inventory (VMI) e Collaborative Planning, Fo- 100 Integração com os sistemas de TI
sos logísticos, vê-se claramente o reflexo de várias recasting and Replenishment (CPFR). Essas informa- dos fornecedores e clientes
das questões discutidas nos capítulos anteriores, ções evidenciam que, apesar de majoritariamente 80 Compartilhamento de recursos
desde a concentração das operações no modal ro- ainda não contarem com uma estrutura pronta para 60 Sistemas avançados
doviário até a ampla terceirização das atividades. apoiar a integração na cadeia, as empresas parecem de monitoramento da distribuição
Quanto a práticas e sistemas utilizados para estar, de alguma forma, preparando-se para isso. 40 SRM
melhorar o desempenho em logística, grande par- O investimento em novas tecnologias e a im- 20 VMI Supply Chain
te das empresas indica iniciativas de integração de plementação de estratégias que se utilizam de Tec- CPFR Finance
sistemas e compartilhamento de recursos logísticos nologia da Informação para ampliar a eficiência de % Postponement Outros

36 | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | GVCES GVCES | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | 37
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INTEGRAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE
PROCESSO LOGÍSTICO TERCEIRIZADO (% de empresas)
AOS PROCESSOS E DECISÕES
ENVOLVENDO LOGÍSTICA
Distribuição de produtos acabados
Com relação aos aspectos de sustentabilidade, o
Logística reversa
diagnóstico aponta a inserção inequívoca do tema
100 Estocagem de produtos acabados nas estratégias das áreas de logística, embora ainda
80
Transporte interno ou entre unidades de produtos semiacabados haja bastante espaço para avanço nos processos de PROCESSOS DE LOGÍSTICA DA
Transporte de matéria-prima tomada de decisão que considerem critérios de sus- EMPRESA INTEGRAM ASPECTOS
60 Embalagem tentabilidade como centrais e não apenas adicionais DE SUSTENTABILIDADE
40 Armazenamento de produtos semiacabados ou experimentais. São indutores para a integração de
Transporte de pessoas sustentabilidade aos processos de logística, na visão SIM
20 das empresas, o alinhamento à identidade e estraté-
100%
Armazenamento de matéria-prima

% Gestão da demanda/Planejamento da produção gia e a melhoria dos relacionamentos na cadeia, além


do aprimoramento da gestão de custos e riscos.

ESTÁGIO DE INTEGRAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE AOS PROCESSOS LOGÍSTICOS DA EMPRESA (% de empresas)


DESAFIOS PARA A OPERAÇÃO LOGÍSTICA
INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA
Do ponto de vista dos desafios da logística para os É SUFICIENTE E SATISFATÓRIA? 50
negócios, lado a lado com a já citada dificuldade Cumpre a legislação
40
imposta pela insuficiência da infraestrutura dis-
ponível, outras questões foram evidenciadas pe- NÃO Realiza ações de sustentabilidade
SIM 30

22% 78%
tendo como principal objetivo reduzir custos
las empresas, como a estruturação e operação da
20
logística reversa e as especificidades da legislação Tem políticas e ações específicas
ao redor do país. 10 relacionadas à sustentabilidade

Sustentabilidade está amplamente


%
1º estágio 2º estágio 3º estágio 4º estágio inserida na estratégia
PRINCIPAIS DESAFIOS PARA OS PROCESSOS LOGÍSTICOS
(4,0 - MAIOR DESAFIO | 0,0 - MENOR DESAFIO)
PRINCIPAIS INDUTORES PARA INTEGRAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE AOS PROCESSOS LOGÍSTICOS
(4,0 - MAIS SIGNIFICATIVO | 0,0 - MENOS SIGNIFICATIVO)
3,2 3,0 2,9 2,9 2,8
Logística reversa Aspectos legais/ Otimização Gestão de Compartilhamento
(Estruturação
e operacionalização)
regulatórios da distribuição
de cargas
fornecedores
e contratos
de recursos e
operações logísticas
3,22 3,11 3,0 2,67 2,67
Alinhamento à Ampliação e melhoria Redução Redução Melhoria na gestão
identidade e à estratégia dos relacionamentos de custos de riscos de impactos
de sustentabilidade na cadeia de valor (econômicos, sociais
da empresa da empresa e ambientais)
2,8 2,8 2,6 2,3 2,2 dos processos
Infraestrutura Atendimento Gestão de impactos Falta Aspectos
de prazos socioambientais de padronização tributários OS ASPECTOS DE SUSTENTABILIDADE SÃO CONSIDERADOS NO PLANEJAMENTO
da legislação no
território nacional E INFLUENCIAM AS TOMADAS DE DECISÃO AOS PROCESSOS LOGÍSTICOS? (% de empresas)

As decisões relacionadas aos processos logísticos


50 não consideram aspectos de sustentabilidade
PRINCIPAIS IMPACTOS DA INSUFICIÊNCIA DA INFRAESTRUTURA PARA AS ATIVIDADES DA EMPRESA*
40 Alguns aspectos de sustentabilidade começaram a ser
introduzidos, de forma experimental, entre os critérios analisados

100% 100% 100% 86% 71% 57% 43% 14% 30 no planejamento das atividades e dos processos de logística
Os aspectos de sustentabilidade são considerados
20 como critérios adicionais nas tomadas de decisão, desde
ROUBO DE AUMENTOS CUSTOS MAIS AUMENTO AVARIAS E PERDA DE INVIABILIZAÇÃO OUTROS que não impactem nos objetivos centrais de custo e prazo
CARGA DOS TEMPOS ALTOS DE PERDA DE VENDAS DE NOVOS 10
Os aspectos de sustentabilidade são mapeados e
DE ENTREGA ESTOQUES CARGAS NEGÓCIOS E
% analisados no planejamento das atividades e representam
INVESTIMENTOS 1º estágio 2º estágio 3º estágio 4º estágio critérios significativos nos processos de tomada de decisão
* Percentual de empresas que indicaram cada impacto no total de respondentes.

38 | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | GVCES GVCES | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | 39
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AÇÕES DESENVOLVIDAS PARA DAR ENCAMINHAMENTO A ASPECTOS


PRINCIPAIS BARREIRAS PARA INTEGRAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE AOS PROCESSOS LOGÍSTICOS
E IMPACTOS DE SUSTENTABILIDADE NOS PROCESSOS DE LOGÍSTICA (% de empresas)
(4,0 - MAIS SIGNIFICATIVO | 0,0 - MENOS SIGNIFICATIVO)

Otimização de uso da capacidade de carga disponível


3,33 2,89 2,89 1,67 em suas frotas ou serviços contratados de transporte
Custo das iniciativas/ Falta de incentivos Falta de incentivos Dificuldade de Uso de combustível mais eficiente e menos poluente
Investimento necessário financeiros governamentais equacionar qualidade
e quantidade entre Estruturação de centrais de coleta
oferta e procura Uso de veículos mais eficientes e menos poluentes
Iniciativas para gestão do relacionamento
com fornecedores e pequenos transportadores
1,56 1,44 1,11 1,0 1,0 100 Uso de técnicas de ecoeficiência nos centros
Falta de prioridade Falta de Desconhecimento Falta de apoio Falta de de distribuição e locais de armazenagem
estratégica tecnologia sobre sustentabilidade da alta-gestão conhecimento 80 Realização de melhorias nos veículos utilizados
aplicada à logística
60 Realização de ações para
minimização do trânsito nas cidades
40 Compartilhamento de recursos de transporte
e logística com outras empresas
20 Realização de entregas a pé ou de bicicleta
% Outros
ASPECTOS DE SUSTENTABILIDADE O processo de diagnóstico mostrou grande co-
CONSIDERADOS E AÇÕES DESENVOLVIDAS nexão com outras frentes de trabalho de ISCV du-
Entre as questões que compõem o olhar das em- rante este ciclo. Muitas das questões evidenciadas
presas-membro sobre o tema, observa-se a prima- exemplificam ou ilustram os desafios abordados
zia da gestão de emissões de GEE e realçam-se as pelos especialistas nas oficinas da iniciativa e dis-
oportunidades de aprofundamento e inovação cutidos nos capítulos anteriores. Algumas soluções
em áreas menos evidentes, como o trânsito nos para tais desafios são propostas pelas PMEs selecio-
meios urbanos e impactos sociais ao longo das nadas na chamada de casos, cujos produtos e servi-
rotas logísticas. ços inovadores estão descritos no próximo capítulo.

JÁ MAPEOU OS PRINCIPAIS ASPECTOS


E IMPACTOS RELACIONADOS
A SUSTENTABILIDADE EM SEUS
PROCESSOS LOGÍSTICOS

SIM

100%
SE SIM, O MAPEAMENTO CONSIDEROU (% de empresas):

100 Emissão de GEE relacionados aos processos


de distribuição e logística (incluindo Escopo 3 do GHG)
80 Condições de trabalho tanto de empregados quanto
de trabalhadores terceirizados contratados pela empresa
60
Participação no combate à exploração sexual nas estradas
40
Condições de segurança nas estradas
20 Impactos no trânsito, sobretudo em centros urbanos

% Outros

40 | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | GVCES GVCES | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | 41
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4
CONVERGÊNCIA
E INTEGRAÇÃO
novas soluções e oportunidades
nas cadeias de valor
GVCES | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | 43
INICIATIVAS SELECIONADAS NA CHAMADA DE CASOS
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CONVERGÊNCIA
E INTEGRAÇÃO
NOVAS SOLUÇÕES E OPORTUNIDADES COURRIEROS
NAS CADEIAS DE VALOR
LOGÍSTICA URBANA UNE
BAIXO CARBONO E EFICIÊNCIA

A I
dealizada e fundada pelos sócios e amigos de principais centros financeiros, como as avenidas Pau-
melhoria das condições que via- cioambientais negativas, reforçando a necessidade infância Victor Castello Branco e André Biselli, lista, Faria Lima e Berrini, além de outras localidades.
bilizam processos logísticos de de atuação conjunta dos diferentes atores na cadeia. a Courrieros é uma empresa que contribui Um dos maiores desafios enfrentados pelo ne-
qualidade exige a convergência Pesquisa do Ilos – Instituto de Logística e Supply para uma maior sustentabilidade na logística gócio consiste na quebra do paradigma da eficiên-
da atuação de inúmeros atores, Chain – apresentada em uma das oficinas deste ci- urbana ao utilizar bicicletas e outros modais cia do motoboy. Muitos potenciais clientes eram
mesmo considerando a inevitável clo de ISCV, mostra que a busca de convergência no elétricos para realizar entregas. resistentes por não acreditarem ser possível uma al-
dependência do setor de recursos e planejamento interior das cadeias de valor ainda pode ser aprimo- Após tomarem contato com o serviço de “bike ternativa ainda mais ágil que a motocicleta em dis-
estritamente governamentais. Sobretudo em ca- rada. Os dados apresentados, muito alinhados ao delivery” (ou “ecolivery”) em uma viagem a Nova tâncias de até 10 quilômetros. Preocupadas com a
sos como o brasileiro, em que o atraso nos inves- diagnóstico das empresas-membro, dão conta de York, em 2012, os empresários resolveram abrir o sustentabilidade, algumas empresas começaram a
timentos em infraestrutura logística gera extrema que, em 50% das empresas brasileiras, os gestores negócio em São Paulo, pautado por valores que testar e constataram a eficiência: o preço e o tempo
desvantagem no cenário global; a busca por inova- e vendedores não têm metas claras para redução de ambos compartilham e que não viam no mundo médio da entrega com bicicleta são equivalentes
ções que possibilitem a multiplicação do efeito dos picos de demanda, que cerca de 25% das empresas empresarial onde até então se inseriam, como o aos realizados com moto.
investimentos é condição fundamental para que se não têm processo estruturado de planejamento de foco nas pessoas e nos relacionamentos. Tais valo- A empresa não só é uma alternativa de baixo
possa imaginar um futuro com melhores condições vendas e operações e que entre as que têm, 36% res refletem o diferencial da empresa, que consiste carbono no serviço de entregas, uma vez que cada
de competitividade. não dividem as informações com outros elos da ca- na rígida seleção e qualificação dos entregadores ciclista Courrieros evita que 113 gramas de CO2 se-
No contexto de atuação das empresas, a inovação deia. As informações da pesquisa vão além e mos- em aspectos de segurança, preparo físico, senso de jam emitidos a cada quilômetro percorrido, mas
em logística tem sido fundamental também como tram que 87% das empresas não têm Planejamento localização e no trato com o cliente. também contribui com o fluxo logístico urbano
forma de lidar com a crescente demanda do mercado Colaborativo da Demanda e Ressuprimento (CPFR). A Courrieros presta seus serviços por meio de nas grandes cidades em que atua, que apresentam
por maior eficiência, com prazos cada vez mais redu- Muitas soluções para esse desafio de integração e-commerce programado, de forma esporádica e sérios problemas de mobilidade. Com o crescente
zidos para os processos de suprimento e distribuição. e convergência têm sido viabilizadas tanto com fixos. Atualmente possui mais de 30 entregadores, investimento em planejamento integrado na cida-
Entre os esforços do setor empresarial, a maior in- apoio da tecnologia da informação (TI) quanto por atua também no Rio de Janeiro e conta com gran- de de São Paulo (destaque para as ciclovias e ciclo-
tegração nas cadeias de suprimentos tem sido uma novas tecnologias sociais e iniciativas voltadas para des empresas na carteira de clientes, como NetShoes, faixas), a perspectiva da empresa é de multiplicar o
saída para lidar com um mercado de ciclos rápidos e a melhoria da qualidade dos relacionamentos esta- Nike e Walmart. Em São Paulo, a empresa cobre os seu faturamento nos próximos anos.
de grande volatilidade. Sistemas baseados em lógi- belecidos na cadeia.
cas de produção “puxadas pela demanda” (demand ISCV busca atuar como catalisador desse pro-
driven) têm aparecido como alternativa para res- cesso, facilitando o ganho de escala de inovações
ponder a situações de excesso de estoque, rupturas no interior das redes de negócios, ao conectar PMEs
frequentes e baixa qualidade de serviço aos clientes. que oferecem produtos e serviços inovadores com
Com apoio de sistemas integrados, uso de tecnolo- grandes empresas.
gia e plataformas de produção mais ágeis e flexíveis, As iniciativas selecionadas por meio da chama-
cria-se uma situação em que a demanda real pode da de casos deste ciclo de ISCV, apresentadas a se-
orientar a cadeia de suprimentos e o planejamento guir, são exemplos de negócios que, de diferentes
de produção. Sem dúvida, os ganhos de eficiência maneiras, buscam aliar melhores resultados comer-
advindos desse tipo de estratégia podem também ciais com reflexos positivos na gestão de impactos
gerar resultados na redução de externalidades so- socioambientais na cadeia.

MAIS INFORMAÇÕES EM: www.courrieros.com.br

44 | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | GVCES GVCES | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | 45
INICIATIVAS SELECIONADAS NA CHAMADA DE CASOS INICIATIVAS SELECIONADAS NA CHAMADA DE CASOS
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LOTEBOX LOGPYX

INTELIGÊNCIA PARA AGILIDADE E EFICIÊNCIA NO


O COMPARTILHAMENTO PÁTIO, REDUÇÃO DOS IMPACTOS
NO TRANSPORTE SOCIOAMBIENTAIS
MARÍTIMO DE CARGAS DO TRANSPORTE

A A
Lotebox é uma empresa funda- tem se tornado uma missão ingrata para operado- LogPyx é uma empresa de Belo logísticos, como balanças rodoviárias, portões e
da por jovens empreendedores res ao redor do mundo. Horizonte especializada em ges- cancelas, o que minimiza a intervenção humana;
de Recife que atua na logística Assim, a Lotebox desenvolveu um sistema web tão de pátios e na otimização das por fim, inteligência computacional, que toma de-
marítima para otimizar a pro- que conecta os diversos atores, tais como importado- cadeias de suprimentos. Seu fun- cisões operacionais de forma automática e subsidia
dutividade operacional nesse res, traders e agentes de cargas, calcula a disposição dador, Eros Viggiano, identificou decisões táticas.
modal específico. Após observar as operações no dos itens no contêiner e controla toda movimenta- na morosidade dos processos de carga e descarga, A plataforma desenvolvida também contribui
transporte de mercadorias em diversos países e ção de cargas, simplificando a análise, o empacota- que grandes indústrias e distribuidores enfrenta- no combate à exploração sexual de crianças e ado-
identificar padrões e os mesmos gargalos, a em- mento e a consolidação de pequenos volumes. vam, uma oportunidade de negócio. lescentes nas rodovias, uma vez que as filas de car-
presa resolveu investir no desenvolvimento de um A trajetória dessa pequena empresa ilustra um Tal gestão é comumente caracterizada por regamento em beira de estrada são pontos críticos
sistema de gestão no fluxo de venda para operar movimento interessante de startups que já nascem grande ineficiência operacional. O monitoramen- para ocorrência dessas situações. Ao reduzir o tem-
no cenário mundial. internacionalizadas, e que vem crescendo cada vez to e controle de veículos, empilhadeiras e reboques po de espera do caminhão, o Revolog minimiza as
Empresas que exportam seus produtos muitas mais no Brasil. A ideia de negócio surgiu no Startup dentro das instalações tornam-se complexos sem o paradas em locais com infraestrutura inadequada
vezes deparam com situações de baixo custo-be- Weekend Recife, evento apoiado pelo Google para apoio de um mecanismo profissional e com infor- onde costuma ser mais frequente o envolvimento
nefício, tais como transportar um contêiner de um que empreendedores concebessem o modelo de mações em tempo real. Esse cenário faz com que de caminhoneiros com o problema.
porto para outro pagando o valor do frete cheio, negócio de uma empresa a partir de rodadas de pi- os veículos gastem tempo excessivo no embarque Com pouco mais de 2 anos de atuação, a LogPyx
mesmo com carga parcial. Práticas como essas se tching, seguidas de avaliação por pares e mentores. e desembarque de mercadorias, provocando a for- já foi vencedora de diversos concursos nacionais e
tornam ainda mais desafiadoras para empreendi- Em dezembro de 2013, a Lotebox foi selecionada mação de filas de veículos parados em pátios de regionais, como o Startup Brasil, do Programa Na-
mentos de menor porte que estão iniciando suas para o Startup Chile, programa criado para fomen- espera e em acostamentos de rodovias. cional de Aceleração de Startups, o Inovativa Brasil,
operações no exterior. Devido ao alto custo para tar o ecossistema empreendedor daquele país e Para resolver tais desafios, a empresa desen- do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Co-
transportá-los vazios, dois terços dos contêineres acelerar empresas de todo o mundo. volveu o Revolog, uma plataforma para otimiza- mércio (MDIC), o Corporate Venture Fórum, promo-
fabricados anualmente não são reutilizados pela se- Com base nessas experiências e após algumas via- ção de fluxos logísticos internos ancorada em três vido pela Apex-Brasil, e o Venture Fórum, da Asso-
gunda ou terceira vez, o que traz sérias implicações gens prospectivas para China e Alemanha, a empresa principais aspectos: Localização em Tempo Real ciação Brasileira de Private Equity e Venture Capital.
em termos de produção de resíduos e desperdício. atraiu a atenção de investidores internacionais, como (Real Time Location System - RTLS) do veículo por Já conquistou grandes empresas siderúrgicas e de
O compartilhamento de espaços ainda é larga- a Plug and Play, uma das maiores aceleradoras do Vale meio de uma rede de sensores sem fio, como uma mineração para sua carteira de clientes e busca ago-
mente viabilizado de forma manual, demandando do Silício, na Califórnia. Hoje, com menos de um ano espécie de GPS indoors; automação de elementos ra expandir os negócios para outros setores.
papéis, planilhas, telefonemas e e-mails para acon- no mercado, a Lotebox já conquistou 1,5% do merca-
tecer. Ou seja, é um processo muito ineficiente e do, atuando no Brasil, EUA, Panamá, Chile e China.

MAIS INFORMAÇÕES EM: www.lotebox.com MAIS INFORMAÇÕES EM: www.logpyx.com

46 | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | GVCES GVCES | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | 47
INICIATIVAS SELECIONADAS NA CHAMADA DE CASOS INICIATIVAS SELECIONADAS NA CHAMADA DE CASOS
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INTELIPOST GRUPO CARTEIRO AMIGO

GESTÃO DA INFORMAÇÃO SERVIÇO DE CORRESPONDÊNCIA


REDUZ EMISSÕES DE CARBONO EM COMUNIDADES CARENTES JÁ
E MELHORA RELAÇÃO GERA FRANQUIAS
COM CONSUMIDORES

O
Grupo Carteiro Amigo nasceu com pondência em localidades sem logradouro nem nu-

A
o intuito de prover aos moradores meração e/ou cadastro na prefeitura.
Intelipost é uma empresa que centenas de transportadoras, além da gestão estra- de comunidades do Rio de Janeiro Depois de definida a categorização da via, esta-
desenvolve soluções de tecno- tégica de regras de frete. Durante a entrega, o siste- um dos direitos básicos de cidada- belece-se o sentido de início e fim da mesma, sempre
logia para gestão de processos ma permite o acompanhamento das encomendas nia: o de receber correspondência. partindo de uma rua principal, para que as moradias
logísticos com foco em carga fra- em tempo real, realiza notificações automatizadas A empresa foi fundada no ano 2000 pelos sócios Car- e outras estruturas fixas (tais como pedras e árvores)
cionada. O negócio surgiu com de atraso e ocorrência para o cliente. los Pedro, Eliane Ramos e Silas Viera, todos nascidos e sejam registradas e numeradas no mapa sequencial.
a tendência de crescimento das vendas on-line no Ao indicar as melhores transportadoras para criados na Comunidade da Rocinha, em São Conrado, Como as transformações do espaço urbano são muito
Brasil e o desafio de realizar com pontualidade, com cada entrega, a ferramenta desenvolvida pela In- zona sul do Rio de Janeiro. dinâmicas, o mapa é constantemente atualizado pelos
qualidade e custos baixos entregas pulverizadas telipost incentiva os provedores logísticos mais A falta de serviços de entrega de correspondência entregadores ao distribuir as correspondências.
num país de dimensões continentais, com sistema eficientes, o que por sua vez contribui para a redu- é um problema que afeta quase todas as favelas em Os serviços prestados pelo Grupo Carteiro Amigo
fiscal complexo e de transporte fragmentado. ção das emissões de gases de efeito estufa. O uso várias regiões do país. Além das dificuldades impostas são pagos por mensalidade cobrada por família, e não
Assim, apoiados pelo fundo alemão Project-A do software também otimiza os custos de coleta e pela infraestrutura urbanística inadequada, geralmen- residência. Os clientes também podem utilizar o ende-
Ventures, os sócios Stefan Rehm e Gabriel Drum- melhora a experiência do consumidor, pois garan- te agravada por condições geográficas que dificultam reço do escritório da empresa para entrega e retirada
mond fundaram a empresa em 2014, a partir do de- te maior agilidade na realização dos processos de o acesso, essas comunidades têm de lidar com o fato de produtos por conta própria. Outro serviço prestado
senvolvimento de um software baseado na nuvem troca/devolução e na gestão de prazos, conferindo, de não terem seus territórios mapeados, com logra- é a aplicação de questionários com os moradores para
voltado para logística, incluindo a logística reversa assim, maior transparência. douros definidos pelo poder público, o que pratica- pesquisas de mercado ou levantamento de informa-
pós-venda (troca e devolução de produtos), que Em relação às perspectivas futuras, a empresa mente inviabiliza o acesso aos serviços de distribuição ções para órgãos públicos, como já realizado para a
otimiza os custos de frete e facilita a gestão para aposta que seu know-how em logística reversa existentes em outras regiões das cidades. Secretaria Municipal de Habitação do Rio de Janeiro.
empresas de diversos portes. Para isso, a ferramen- pós-venda poderá ser também aplicado na logís- A inovação social desenvolvida pelo Carteiro A empresa foi o primeiro estabelecimento nascido
ta integra o fluxo de informações entre consumidor, tica reversa pós-consumo, pois ambos os serviços Amigo consiste na criação de um mapa lógico, não em uma comunidade a abrir franquias. Atualmente, o
fornecedor e transportadora. apresentam as mesmas características centrais. O visual. O primeiro passo foi estabelecer e alinhar uma Grupo Carteiro Amigo possui franquias em mais de 10
Entre os serviços oferecidos aos clientes embar- cenário torna-se ainda mais interessante mediante classificação para os diversos tipos de moradia (tais comunidades na cidade do Rio de Janeiro, com pers-
cadores antes da entrega, destacam-se a cotação de as diretrizes e metas da Política Nacional de Resí- como casas, prédios, sobrados e lajes) e vias de acesso pectivas de iniciar serviços em comunidades de outras
frete por meio de uma conexão com uma base de duos Sólidos. (como rua, travessas, becos e vilas). Assim, os sócios e cidades, como São Paulo e cidades-satélites que com-
moradores criaram um serviço de entrega de corres- põem os núcleos urbanos do Distrito Federal.

MAIS INFORMAÇÕES EM: www.intelipost.com MAIS INFORMAÇÕES EM: www.carteiroamigo.com.br

48 | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | GVCES GVCES | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | 49
INICIATIVAS SELECIONADAS NA CHAMADA DE CASOS INICIATIVAS SELECIONADAS NA CHAMADA DE CASOS
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GOFRETE TRUCKPAD
FRETE COMPARTILHADO INCLUSÃO DIGITAL POR
PROMOVE ECONOMIA MELHORES OPORTUNIDADES
COLABORATIVA AOS CAMINHONEIROS E
EMPRESAS CONTRATANTES

A
Lucapi Tecnologia é uma empresa Já a Parceiro do Frete, outro software desenvol-
catarinense especializada no de- vido pela Lucapi, é um portal de frete colaborativo

C
senvolvimento de sistemas para a para viabilizar transportes de forma otimizada e a
logística, com foco em gestão de um menor custo, com o uso de tecnologia de infor- om experiência de 30 anos traba- os riscos e impactos relacionados ao setor de logística,
fretes. Instalado no Polo Tecnológi- mação para aproximar prestadores de serviços de lhando no setor de transportes, o que torna as empresas corresponsáveis, portanto
co de Informação e Comunicação da Região de Blu- transportes rodoviários e embarcadores. A prática Carlos Mira teve a ideia de montar atores imprescindíveis para mudar esse cenário. Para
menau – Blusoft, o negócio nasceu em 2009, após seu de frete compartilhado entre empresas requer uma a TruckPad após viagem ao Vale do a TruckPad, poucas investem em inovações e até
fundador, Luiz Carlos Pivesso, ter cursado MBA da FGV mudança no paradigma atual de mercado individu- Silício, na Califórnia, onde observou enfrentam resistências internas para implementar
em logística empresarial e deparado com a dificulda- alista para mercado colaborativo, onde a interação o surgimento de aplicativos digitais que substituem mudanças. Ainda assim, os ganhos oferecidos pelo
de vivenciada por grandes empresas para gestão da entre todos os atores na cadeia de distribuição lo- de forma mais eficiente diversas funções e processos aplicativo têm sido capazes de driblar a resistência.
contratação de fretes em planilhas de Excel. gística propicie ganhos compartilhados. como uma tendência de mercado. O sistema na web, por exemplo, substitui os antigos
A ideia de desenvolver uma ferramenta de tecno- Apesar de a mudança de paradigma para uma Para viabilizar o negócio de um aplicativo que TMSs (Transportation Management Systems) por uma
logia da informação para aproximar prestadores de abordagem que se aproxima da economia colabo- conecta o caminhoneiro à demanda de carga, Mira plataforma mais automatizada e dinâmica na gestão
serviços de transportes rodoviários e embarcadores foi rativa ser um desafio, a ferramenta de frete compar- montou uma equipe e realizou estudos sobre o com- de transporte. Além disso, o aplicativo permite o mo-
uma das ganhadoras do Prêmio Sinapse da Inovação tilhado apresenta muitos benefícios para a empresa portamento do caminhoneiro para assim testar sua nitoramento da carga em movimento, o que produz
em 2010. O prêmio, oferecido em dinheiro, viabilizou cliente. Além de ser mais viável economicamente, aderência no meio digital. maior transparência e reduz riscos nesse elo da cadeia
a concretização do projeto e a abertura da empresa. o portal integra todos os modais de fretes do Brasil, A concretização de seu negócio passa por promover de valor da empresa embarcadora.
A empresa possui dois softwares de gestão de auxilia na redução de emissões de gases de efeito a inclusão digital de um público histórica e majoritaria- Outra externalidade positiva atrelada ao aplicativo
frete. Um deles, o GoFrete, é uma interface de con- estufa e outros poluentes, de desgastes de pneus e mente off-line. O uso do aplicativo oferece ao caminho- recai na redução da movimentação de caminhões va-
trole que permite ao cliente fazer simulações dos pavimentação e ainda minimiza custos com horas neiro mais oportunidade de trabalho a um melhor pre- zios em estradas e centros urbanos. Por consequência,
fretes para enviar suas mercadorias, comparar ser- perdidas por falta de frete contratado. ço, pois elimina contratantes intermediários e permite a indústria diminui as emissões de poluentes e gases
viços, comprar produtos e gerenciar seus pagamen- Por fim, a ferramenta também melhora o rela- ofertar serviços de forma independente em qualquer de efeito estufa.
tos, além de dar indicadores e acompanhamento cionamento entre oferta e demanda pelo serviço, lugar do Brasil. De acordo com dados levantados pela Por fim, a TruckPad é fruto desse ecossistema de
de cargas em tempo real, entre outras utilidades. Ou pois permite aos transportadores terem acesso à TruckPad, os caminhoneiros usuários do aplicativo inovação e empreendedorismo que vem ganhando
seja, oferece controle de todas as fases da operação tecnologia por meio de aplicativos em smartpho- chegam a faturar até 50% mais do que em serviços corpo no país. A empresa iniciou um processo de pro-
logística de transportes: negociação, contratação e nes para administrar seus serviços e compartilhar equivalentes executados via agências de cargas. totipação e aprimoramento do modelo de negócios,
entrega da mercadoria. essas informações com clientes. A empresa contabiliza atualmente mais de 280 mil por meio de eventos como o Startup Weekend, e
usuários diários. Além dos benefícios listados acima, a passou a ser investida pela Plug and Play. No início de
ferramenta oferece uma série de facilidades ao usuá- 2015, recebeu a primeira rodada de investimento da
rio, como a indicação de melhores rotas e paradas. Movile, empresa de desenvolvimento de plataformas
O maior desafio tem sido engajar as empresas de comércio e conteúdo móvel, e vislumbra agora ex-
contratantes. A informalidade do trabalho intensifica pansão internacional.

MAIS INFORMAÇÕES EM: www.gofrete.com.br MAIS INFORMAÇÕES EM: www.truckpad.com.br

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INICIATIVAS SELECIONADAS NA CHAMADA DE CASOS
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RESOLUTION

A LOGÍSTICA A SERVIÇO
DO PÓS-CONSUMO

A
Resolution oferece soluções em Cabe ao comércio receber os produtos conside-
logística reversa por meio de rados inservíveis pelo consumidor, e a ReSolution
uma plataforma desenvolvida atua como a parte única de contato com esse elo, na
para conectar o ponto gerador interface com os demais. Como a responsabilidade
de produtos inservíveis ou resí- atribuída ao consumidor é descartar corretamen-
duos com o ponto de tratamento ambiental. te os produtos considerados por ele inservíveis, a
O negócio surgiu estimulado pela promulgação ReSolution oferece a possibilidade da coleta resi-
e regulamentação da Política Nacional de Resíduos dencial, triagem e entrega de cada produto para o
Sólidos – PNRS. Os fundadores da empresa, que já respectivo fabricante.
atuavam na indústria eletroeletrônica e no setor de Fabricantes e importadores, que têm a respon-
transportes, decidiram focar na operação logística sabilidade pelo tratamento adequado de seus pro-
de coleta e movimentação de produtos pós-consu- dutos e o desafio de atingir metas de tratamento
mo, diante da carência de soluções que até hoje se estabelecidas pelos governos, contam com a Re-

5
observa para atendimento de fabricantes, comer- Solution para coleta e transporte dos produtos
ciantes e consumidores. descartados.
A empresa desenha, implementa e operaciona- As ações e projetos viabilizados pela empresa
liza processos logísticos, em âmbito local, regional sinalizam a melhor opção logística para otimizar o
ou nacional, levando em consideração o interesse deslocamento de veículos e, dessa forma, reduzir o
comum de compartilhar custos. O desafio foi de- impacto de emissões por tonelada transportada,
senvolver soluções logísticas para conciliar os di- além de também realizar triagem para movimentar
ferentes e, às vezes, conflitantes interesses de três os produtos seja por tipo, marca ou destino de tra-
elos da cadeia de responsabilidade compartilhada: tamento ambiental.
fabricantes/importadores, comerciantes e consumi- Em 2012, a ReSolution Ecologística Reversa foi
dores. Esse desafio se torna ainda mais complexo oficialmente constituída e iniciou suas operações
ao elo intermediário devido aos consumidores que com o foco no mercado eletroeletrônico. Em 2015
descartam diferentes produtos, que por sua vez exi- expande sua área de atuação visando o segmento
gem diversos tratamentos e que serão destinados a de lâmpadas, pilhas e baterias e está atualmente

CONSIDERAÇÕES
variadas indústrias, devidamente homologadas por desenvolvendo uma inovadora solução para o pro-
fabricantes e importadores. blema dos resíduos orgânicos de restaurantes.

E APRENDIZADOS
MAIS INFORMAÇÕES EM: www.resolution.eco.br

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Essas proposições – trabalhadas pelos parti- II) aquelas que tratam dos relacionamentos

CONSIDERAÇÕES
cipantes da iniciativa na última oficina do ciclo e, estabelecidos externamente e da influência da
posteriormente, sistematizadas pela equipe do empresa junto a outros. A segunda dimensão
GVces – estão sinteticamente descritas a seguir e orienta-se a partir do foco nos processos logísticos

E APRENDIZADOS
registradas no quadro final deste capítulo. São ba- das empresas. Esse foco segmenta mais uma vez as
seadas na experiência e na atuação profissional de proposições dividindo-as em:
cada um dos integrantes do grupo, no conteúdo I) as diretamente relacionadas aos processos
trazido e discutido nas oficinas e nos resultados do e etapas da atividade logística da empresa; e
diagnóstico aplicado às grandes empresas. II) processos de apoio, relacionamentos que
Não se pretende esgotar a discussão, mas sim contribuem indiretamente para as atividades de
compartilhar a experiência com as atividades deste logística e para os aspectos de sustentabilidade
ciclo do projeto e iniciar o desenvolvimento de reco- nelas envolvidos.
mendações que, espera-se, possam ser aprimoradas O cruzamento dessas duas dimensões define,
por outras organizações com objetivos similares. então, quatro blocos com proposições de ações ou

A
A sistematização organiza-se em duas dimen- recomendações para que as empresas avancem na
s diferentes experiências compartilhadas durante as atividades do ciclo 2015 de ISCV ge- sões. A primeira delas toma como referência o limite integração de sustentabilidade aos seus processos
raram aprendizados relevantes sobre os aspectos de sustentabilidade relacionados aos ou a fronteira da empresa. Essa referência orienta a de distribuição e logística, considerando-se os de-
processos logísticos das empresas e seus impactos socioambientais positivos e negativos. segmentação das proposições em dois grupos: safios advindos do contexto em que operam, os
Com base nesse acúmulo, o grupo de participantes da iniciativa começou o desenvolvi- I) as que dizem respeito aos aspectos de gestão impactos socioambientais das operações, os riscos
mento de algumas recomendações, como contribuições para que as empresas avancem e organização internos à empresa; e e oportunidades para os negócios.
rumo a maior integração de sustentabilidade na logística.

1) ESTRATÉGIAS E PROCESSOS da empresa que são impactadas ou que tomam de-


LÓGICA DE SISTEMATIZAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES Em um primeiro bloco, de estratégias e processos cisões relacionadas aos processos logísticos.
internos, figuram ideias relacionadas à gestão dos
processos logísticos dentro do limite das empresas. 2) FACILITADORES
As recomendações partem da necessidade de um As proposições que compõem o bloco de facilita-
1 2 planejamento estratégico para logística alinhado à dores estão relacionadas às pessoas, estruturas, re-
estratégia do negócio em sustentabilidade. Além cursos e ao contexto da gestão de outras áreas da
Estratégias, processos, Pessoas, estruturas, dos fundamentos e diretrizes da organização, esse empresa que apoiam indiretamente os processos
etapas e atividades recursos e contexto planejamento logístico deve partir da compreensão de logística.
de distribuição e da gestão da empresa que da realidade da cadeia logística, tendo como base Tem papel de destaque nesse bloco a recomen-
logística na empresa apoiam indiretamente um diagnóstico que considere os impactos, riscos dação por um comitê, área ou profissional de susten-
os processos de logística e oportunidades relacionados à sustentabilidade. tabilidade atento às questões relacionadas aos pro-
Ações de otimização da rede e melhoria do cessos logísticos, com função de orientar decisões de
desempenho dos processos logísticos seguiriam o negócio que considerem a melhoria da gestão dos
planejamento estabelecido, criando e priorizando impactos socioambientais, seja com ações de eficiên-
oportunidades de integração com outros atores cia, seja por meio de inovações como o compartilha-
na cadeia. O fortalecimento de ações compartilha- mento de recursos e informações na cadeia.
das com outras organizações na cadeia (parceiros, Indica-se aqui também a importância de que
fornecedores, clientes e concorrentes) teria como as ações propostas pelas áreas de logística estejam
3 4 fundamento a ampliação do fluxo de informações, alinhadas ao contexto mais amplo de ações de sus-
a melhoria de sistemas e o desenvolvimento de pro- tentabilidade da empresa. Nesse sentido, incluem-
Relacionamentos Relacionamento, cessos e tecnologias de apoio à tomada de decisão. -se ações relacionadas à ampliação do diálogo entre
e influência nos influência no ambiente Todo o processo de gestão estaria amparado áreas implicadas pelas decisões de logística e pela
processos de de negócios por orçamento atrelado ao plano estratégico, além maior participação das equipes de logística em
logística da cadeia de metas, indicadores e processos de monitora- algumas atividades estratégicas para os negócios.
de valor da empresa mento definidos e legitimados junto às outras áreas São exemplos: participação de logística nos proces-

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sos de mapeamento e gestão de riscos do negócio políticas públicas ligadas ao tema; iniciativas de QUADRO DE SISTEMATIZAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES DOS PARTICIPANTES DE ISCV, COMO CONTRIBUIÇÕES
e de análise de materialidade na cadeia. comunicação, que podem envolver a prestação de PARA QUE AS EMPRESAS AVANCEM RUMO A MAIOR INTEGRAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE NA LOGÍSTICA
contas sobre o desempenho além de ações educati-
3) CADEIA DE VALOR
Reforça-se aqui a importância das iniciativas de-
vas e de sensibilização; e a busca por referências de
mercado e benchmark.
1 ESTRATÉGIAS E PROCESSOS 2 FACILITADORES

senvolvidas em parceria com outros elos da ca- Conforme já destacamos em publicações an- u Plano de logística alinhado à estratégia do u Estrutura de governança /
deia, considerando-se, sobretudo, fornecedores, teriores de ISCV, os caminhos percorridos pelas negócio, integrando sustentabilidade Comitê de sustentabilidade
clientes e parceiros. Essa orientação – e as ações empresas para integração de sustentabilidade aos u Mapeamento e diagnóstico u Engajamento de lideranças
que a viabilizam – estabelece a base para a con- seus negócios assumem características muito par- da cadeia logística u Sustentabilidade apoiando

ORGANIZAÇÃO INTERNA
cretização de uma cadeia mais integrada, ágil e ticulares. Essa constatação, certamente, vale tam- u Avaliação e gestão de impactos na cadeia engajamento e alinhamento
flexível, como discutida nos capítulos anteriores bém para o contexto da logística. Entretanto, ao u Otimização da rede – entre as áreas da empresa
desta publicação. olharmos os resultados do ciclo 2015 de ISCV, um eficiência na roteirização, u Fórum interno para diálogo
Ações conjuntas ao longo da cadeia devem ser aspecto chama atenção: no universo da logística, utilização de estruturas e recursos entre áreas envolvidas
estimuladas por políticas e iniciativas da empresa, integração e compartilhamento são palavras- u Compartilhamento de u Mapeamento e gestão
com destaque para o desenvolvimento de forne- -chave para pensarmos sustentabilidade. informações e integração de processos de riscos para o negócio
cedores, o estabelecimento de parcerias para ino- Trata-se de um diagnóstico muito recorrente ao longo da cadeia de logística u Análise de materialidade
vação tecnológica e o estudo de possibilidades de nas discussões envolvendo sustentabilidade, mas u Aprimoramento de sistemas, (negócio e cadeia)
compartilhamento de recursos. que fica ainda mais evidente quando analisamos com geração de informação qualificada e u Estratégia, ambiente e cultura
cadeias com tantos elos e conexões como a de inteligência para apoio à tomada de decisão de apoio à inovação
4) AMBIENTE DE NEGÓCIOS logística. Parece haver um caminho certo de bons u Gestão do desempenho com indicadores u Processos estruturados de
E POLÍTICA PÚBLICA resultados para as empresas que se aventurarem a sensíveis para diferentes áreas contratação, gestão de fornecedores
Em outra frente de ação externa, mais distante da fortalecer vínculos, estabelecer parcerias duradou- u Orçamento atrelado às u Integração de iniciativas
cadeia de processos logísticos, o grupo reuniu uma ras e modelos de relacionamento que possibilitem orientações do plano estratégico de treinamento e SSMA
série de proposições que podem orientar ações das o uso compartilhado e mais eficiente das estruturas u Metas compartilhadas entre u Comunicação das ações e resultados
empresas no sentido de influenciar seu ambiente e recursos necessários às suas atividades. diferentes áreas da empresa
de negócios. Resultado tão promissor não pressupõe, entre-
Entre as recomendações de ações nesse bloco, tanto, a existência de uma fórmula ou receita. Ao PROCESSOS LOGÍSTICOS PROCESSOS DE APOIO
destaca-se a participação das empresas na propo- contrário, esse percurso exigirá inovação e apren-
sição de melhorias no contexto regulatório e das dizado contínuo.
3 CADEIA DE VALOR 4 AMBIENTE DE NEGÓCIOS E POLÍTICA PÚBLICA

u Ações compartilhadas e incentivos u Sugestões regulatórias


para fornecedores e clientes u Contribuições para política pública
u Auditoria e desenvolvimento u Comunicação e transparência
de fornecedores u Parcerias e colaboração (associações

RELACIONAMENTO EXTERNO
u Avaliação conjunta e revisão setoriais, academia, poder público)
de políticas e processos u Exemplos, casos, benchmark
u Aproximação de parceiros,
melhoria de relacionamento,
consolidação de diferenciais
competitivos na cadeia
u Parcerias para desenvolvimento
e adaptação tecnológica

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REFERÊNCIAS

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BRASIL. Lei n° 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei
n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 de
agosto de 2010. 2.

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS - FGVCES. Inovação e Sustentabilidade na Cadeia de Valor - Ciclo 2012 -
Gestão de fornecedores. Fundação Getulio Vargas. São Paulo, p. 83. 2012.

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ILOS - INSTITUTO DE LOGÍSTICA E SUPPLY CHAIN. Panorama Ilos - Custos Logísticos no Brasil. ILOS. Rio
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Nações Unidas. World Urbanization Prospects. Department of Economic and Social Affairs. Nova York. 2014.

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58 | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | GVCES GVCES | INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE VALOR | 59
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