Técnicas de Alta Tensão

PROCESSOS DE IONIZAÇÃO E DESCARGAS PARCIAIS

Em alta tensão, sabemos que quando temos

aplicado um determinado valor de tensão sobre um
arranjo qualquer, automaticamente haverá uma
distribuição de campo elétrico no espaço em volta do
arranjo.

1
Nomenclatura

Ionização - qualquer processo pelo qual um átomo

torna-se eletricamente carregado;
Corona - micro descargas elétricas que ocorrem no
ar em regiões de campo elétrico intenso;
Ionização interna - termo usado no caso do corona
interno em pararraios, sendo quantificada pela
medição de RIV, normalmente em µV;
Descargas Parciais - a seguir...

2
Descargas Parciais na Teoria Física

Elétrons Livres são elementos existentes nas

áreas externas dos materiais condutores, tendo
liberdade e movimentação contínua.
Os primeiros elétrons do processo de formação
de DP´s são criados por foto-ionização. Quando
acelerados por um campo elétrico intenso, na
fronteira com um meio gasoso, colidem com átomos
neutros produzindo a movimentação de novos
elétrons e íons positivos - processo chamado de
“avalanche de elétrons”.

Descargas Parciais na Teoria Física

Do ponto de vista elétrico, esse processo

corresponde à geração de correntes impulsivas, de
polaridade positiva e negativa, com uma grande
variedade de amplitudes, formas temporais e taxas de
repetição.

3
Descargas Parciais na Teoria Física

A colisão dos elétrons acelerados com átomos

neutros pode mudar a órbita de seus elétrons,
retirando parte da energia cinética dos elétrons
acelerados. Em outro instante, os átomos excitados
voltam ao seu estado inicial de menor energia,
liberando o excesso de energia na forma de luz e
ondas eletromagnéticas.
Daí surgem os Campos Eletromagnéticos
Irradiados e o Corona Visual.

Descargas Parciais na Engenharia Elétrica

Descargas Parciais são descargas elétricas

localizadas, ou seja, não chegam a percorrer todo o
caminho dentro de um material isolante colocado
entre dois eletrodos submetidos a uma diferença de
potencial.
São pulsos de corrente de alta freqüência
que ocorrem, de maneira repetitiva, no interior dos
sistemas isolantes de equipamentos de alta tensão.

4
Descargas Parciais na Engenharia Elétrica

Para efeito de compreensão, pode-se dizer que

as Descargas Parciais são “descargas disruptivas”
que ocorrem em pequena parte do material isolante.
Em muitos casos, o Corona na superfície de
materiais condutores e dielétricos também é medido
como sendo Descargas Parciais.

Definição de Descargas parciais segundo a Norma IEC 270:

“É uma descarga elétrica localizada que curto-

circuita parcialmente um material isolante separando
dois condutores e que pode estar adjacente ou não a
um dos condutores.”

5
 O que são Descargas Parciais?

Efeitos da DP´s

6
Sinais no domínio do tempo

Sinais sobre a frequência industrial

7
Sinais sobre a frequência industrial

Sinais sobre a frequência industrial

8
Mapa estatístico pC x fase x taxa de ocorrência

Ambientes onde ocorrem as Descargas Parciais

Em dielétricos sólidos, as DP´s são produzidas pela

ionização de pequenas cavidades de ar no interior do
dielétrico;
Em líquidos, pela ionização de bolhas de gás em seu
interior;
No ar, pela ionização das moléculas de ar nos pontos
de maior gradiente de potencial.

9
Locais de ocorrência de DP´s nos sistemas isolantes

Descargas Parciais podem ocorrer em

quaisquer pontos do dielétrico; na junção de dois
dielétricos diferentes ou adjacentes ao condutor; Do
lado do eletrodo aterrado; podem também ocorrer
seguidamente em múltiplos pontos do sistema
isolante.

Por que medir as Descargas Parciais?

• A necessidade da medição de DP's vem do fato

que estas são uma fonte contínua de deterioração
do material isolante, ou seja, modificam suas
propriedades dielétricas, diminuindo sua
suportabilidade;

• Dependendo da intensidade das DP's, a vida útil do

material será reduzida. A medição de DP pode
indicar uma certa expectativa de vida útil dos
dielétricos.

10
Por que medir as Descargas Parciais?

• É uma forma de controle de qualidade do sistema

isolante;

• Forma de controle dos processos construtivos e

dos materiais utilizados na fabricação de
equipamentos;

• Verificação das condições dielétricas após

manutenção de equipamentos;

Razões para Avaliação dos Equipamentos quanto às DP´s

• Identificação de possíveis montagens irregulares,

complementação de outras avaliações, identificação
do início de descargas internas, etc.

• Verificação do estado dielétrico antes a após outros

ensaios de solicitação dos equipamentos;

• Previsão para manutenção preventiva.

11
Algumas Características das Descargas Parciais

• As disrupções ocorrem sempre em meio gasoso;

• São pulsos discretos de curta duração e elevada

taxa de ocorrência (atuação repetitiva);

• Provocam a elevação da temperatura do dielétrico;

• Não apresentam nenhuma característica visível a

olho nu, ou seja, quando da abertura de um
transformador, por exemplo, pode não se possível
confirmar a presença de DP´s, a menos que o
defeito tenha proporções muito críticas.

Norma IEC 270

Grandezas associadas às DP´s que podem ser

medidas:
• Carga Aparente (q), medida em pC - é a carga
que, se fosse injetada, em um tempo muito curto,
entre os terminais externos de um equipamento,
causaria a mesma queda de tensão sobre uma
impedância de medição de um circuito de ensaio
que a própria carga real gerado no interior deste
equipamento.

12
Norma IEC 270

• Taxa de repetição das descargas - é o número de

descargas ocorrendo por uma unidade de tempo,
dentro de uma determinada faixa de amplitude das
descargas;

• Ângulo de fase das descargas (Φi) e tempo de

ocorrência (ti) - é a posição do pulso de descarga
em relação ao período T da onda de tensão aplicada
a frequência industrial:
Φ i = 360 i 
t
 T

Outras grandezas que podem ser avaliadas

• Pressão acústica (dB);

• Campo Eletromagnético radiado (dB);

• Energia das descargas;

• Número de descargas;

• Reações químicas.

13
Representação Elétrica das Descargas Parciais

• Conforme as características do material, existirá

em seu interior uma certa quantidade de cavidades
de várias formas e dimensões preenchidas com ar
ou gases.

• Costuma-se, para efeito de simplificação e de

análise, considerar uma única cavidade de contorno
plano, pois as várias partes do dielétrico podem ser
simuladas idealmente por capacitores de placas
paralelas. Assim, pode-se formar um circuito
equivalente simplificado conforme mostra a figura.

Representação Elétrica das Descargas Parciais

14
Representação Elétrica das Descargas Parciais

C2 representa a capacitância da cavidade;

C1 é a capacitância total em série com C2;
C é o restante da capacitância em paralelo
com o conjunto C1 e C2.

Representação Elétrica das Descargas Parciais

Para cada capacitância existe também uma

resistência correspondente, que está sendo aqui
desprezada. A tensão nos terminais da cavidade
(V2), em função dos parâmetros do circuito e da
tensão aplicada externamente, é dada por:
V2 = V.C1 / (C1 + C2)

15
Representação Elétrica das Descargas Parciais

Uma descarga parcial significa um curto

circuito através da capacitância C2, o que acarretará
numa diminuição da tensão nos terminais do
dielétrico de DV e uma queda de tensão nos
terminais de C2 de DV2 = V2.

Representação Elétrica das Descargas Parciais

Pode-se determinar o valor de DV em função

de V2 e dos parâmetros do circuito através do
equilíbrio de cargas antes e após a descarga parcial:

qantes = V.(C + C1.C2 / (C1 + C2)) = V2.[(C1 + C2) / C1]

.(C + C1.C2 / (C1 + C2))
qapós = (V - DV) ( C + C1 )

16
Representação Elétrica das Descargas Parciais

Como qantes = qapós

Desenvolvendo:

DV = V2 . C1 / (C + C1)

Da equação acima, conclui-se que a variação

de tensão nos terminais do objeto sob ensaio (DV) é
proporcional à tensão nos terminais das cavidade
(V2 = DV2) e função das capacitâncias do dielétrico
(C1 e C).

Circuitos Elétrico para medição das Descargas Parciais

17
Grandezas a Medir

Procura-se medir uma grandeza que esteja

diretamente associada à vida útil do material
dielétrico e que seja pouco sensível às variações de
capacitância do circuito de ensaio. A “carga real q2”,
que é a carga gerada nos terminais da cavidade
devido à DP, é a grandeza mais indicada, porém
esta carga não pode ser medida na prática.

Grandezas a Medir

Define-se então uma carga q, chamada de

“carga aparente”, a qual, caso seja injetada
instantaneamente nos terminais do objeto sob
ensaio, produzirá uma queda de tensão igual à
provocada pela descarga parcial.
A “carga aparente”, que pode ser medida,
sendo reflexo da carga real nos terminais do
equipamento, e é quantificada como a integral dos
pulsos de corrente conduzidos por um circuito, em
uma determinada faixa de frequência.

18
Descargas Parciais - domínio do tempo

Descargas Parciais - domínio da frequência

19
Calibrador de Descargas Parciais

Que níveis de Descargas parciais são aceitáveis?

• Equipamentos de Alta tensão em geral: < 10 pC

• Cabos blindados de Alta Tensão: < ruído de

fundo (1 a 2 pC)

• Motores e geradores: 2 a 5 nC

• Transformadores de Potência de grande porte:

< 300 pC

20