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O historiador e suas fontes Carlo Bassanezi Pinsky Tonia Regina de Luca ‘Ana Luiza Monins + Antonio Cleo Ferra Coroline Siero Bouer * Darel de Abuquerqve Jinlor lls Thome Solibe + Fiewla Gal Tesch JinieForeie Futedo * Keio Grinberg Leona Karnal * Moria Siva Bossone Masia Terese Curha * René , Gert Solenge Ferrz de ima * Teresa Molation Vénie Comeire de Carvalho editoracontexto DOCUMENTO EHISTORA A memoria evanescente Lecnére Kemal | Foie Gelb Taeeh ‘Se querestransformarte num homer de letra, e quem sabe um dla cscrever Histrae, deves também mente inventarhistsis, pois cen a tua Hist ficaria mondtons. Mas torés que faz 10 ‘coin moderagio, O mundo condens oe mentirosos que 98 saber ment até mesmo sobre coisas mina, ‘que mentem apenas bre coisas grandiosas. (Umberta Eco, Baul} Conta omestre Capistrano que teria encontrado um historiador de moral duvidosa a queimar documentos para tomar a sua leitura daquelas fontes imprescindivel e definitiva.' O tom quase anedético da narrativa esconde uma quest@o importante: ¢ documento éa base para o julgamento hist6rico, Destrufdos todos os documentos sobre um determinado perfodo, nada poderia ser dito por um historiador. Uma cvilzacho da qual no tivéssemos nenhum. vestigioarqueol6gico,nenhum texto enenhuma rferéncia pormeiode outros ppovos, seria como uma cvlizagoinexistente para o profissional de Hist6ria?™ Ora, seo documento éa pedra fundamental do pensamentohistSrco, sto nos remeteaoutra questéo: gue um documento histérco? Enotivel como ‘isteriadoressteem defini seus doncetes de trabalho mesmocs fundamentas. Discutir © que consideramos um documento histérico é, na verdade, cstabelecer qual « memoria que deve ser preservada pela Histériae qual 0 Onna oe estfuto da propria Hiséra. A categoria documento define uma parte im Portante do campo de atuasio do historitor-ea amplitude da ska besen Sea ideia “sem documentos nfo hd Histvia” feb carrlzafulgurante © Incontestevl ela nublou outra questfo central: que é um documenta? Iniciando pela percepséo mais difundida, o documento istics seria tuma folha (ou vérias folhas) de papel escrito por alguém importante. Assim, tum exemplo cléssco dessa concepcfo de documento seria a cara excita por Pero Vaz de Caminha e que relats 0 “descobrimento” co Beas, Aviso anterior omit ahistéria do documento, ou sej, como determi- nado grupo e determinada época consideraram que aquelaflha estivecee na categoria de um verdadteiro “documento histérico” Tome-sea mesnta Caran amin para exemplificar esse problema, Enviada no navio de mantnenton para Portugal, fi recebida com interessena corte de D. Manuel, o Ventercen ‘mas nfo pelo “achamento” do que viie a ser o Brasil, mas ern fungio dag notiias da viagem que estabeleceria 0 comérco com a india. Pare ancioee rmonarcs seus cortes4os, 0 objetivo central eraa rota para o Oriente, A nates das mulheres da nove terra pode ter incendiado a pudiccia lusitana, maze clhar do ret estavaalém de ura tera de papagaios ninas, Tor mais de duzentos anos, o documento que temos na conta de preciosisima certo de nascimento do Brasil ficou na Torte do Tombo om Portugal, sem que ninguém tvesse um interess espectico porele, Apensem 1773 um fancionério chamado José de Seabra da Silva mandou tas copia do texto. Quase meio século depois, em 1817, ee seria publicado pela pimeire ver na Cororafia Brass ou Rela Hitler gear do Reino do Brel, pelo padre Manel Aires de Casal A fortuna extica da Carta tina espertado, No contexto da velorizass0 da entidade nacional no Brasil independente, historiadores como Francisco ‘Adolfo de Varagenfizertm publicagSes do documento e oesorgo prose glu com publicagbes de Joo Ribera, Carolina Michélis de Vesconcllos¢ o.elebrado texto de Jaime Cortesto.! Deseo século x, ela passou.a ser republicada constantemente,foicita-

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