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A Constituição Federal – que é considerada o marco jurídico inicial, documento em que nasce o SUS
– traz, em seus artigos 196 ao 200, o “registro do SUS”. O artigo 198 da CF traz em seu texto as
Diretrizes e alguns dos princípios do SUS, conforme podemos verificar abaixo:
Uma vez constituído o SUS, houve a necessidade de regulamentação, o que aconteceu em 1990,
com a promulgação das duas Leis Orgânicas da Saúde (LOS).
Os princípios do SUS
CAPÍTULO II
Dos Princípios e Diretrizes
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que
integram o Sistema Único de Saúde (SUS) são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas
no artigo 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios.
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PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS
III – preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;
VI – Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e sua utilização pelo
usuário;
X – Integração, em nível executivo, das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico;
XI – conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, na prestação de serviços de assistência à saúde da população;
XIII – organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos. ”
No total, são 13 princípios/diretrizes. Trarei, a seguir, os mais importantes para nossos estudos.
Para isso, é preciso eliminar barreiras jurídicas, econômicas, culturais e sociais que se interponham
entre a população e os serviços. A primeira delas, a barreira jurídica, foi eliminada com a
Constituição Federal de 1988, na medida em que essa universalizou o direito à saúde e, com isso,
eliminou a necessidade do usuário do sistema público colocar-se como trabalhador ou como
“indigente”, situações que condicionavam o acesso aos serviços públicos antes do SUS.
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PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS
• A noção de integralidade diz respeito ao leque de ações possíveis para promoção da saúde,
prevenção de riscos e agravos, e assistência a doentes, implicando a sistematização do conjunto de
práticas que vêm sendo desenvolvidas para o enfrentamento dos problemas e o atendimento das
necessidades de saúde. A integralidade é (ou não) um atributo do modelo de atenção, entendendo-se
que um “modelo de atenção integral à saúde” contempla o conjunto de ações de promoção da saúde,
prevenção de riscos e agravos, assistência e recuperação. Um modelo “integral”, portanto, é aquele
que dispõe de estabelecimentos, unidades de prestação de serviços, pessoal capacitado e recursos
necessários à produção de ações de saúde. Essas abrangem desde as ações inespecíficas de
promoção da saúde em grupos populacionais definidos, às ações específicas de vigilância ambiental,
sanitária e epidemiológica dirigidas ao controle de riscos e danos, até ações de assistência e
recuperação de indivíduos enfermos, sejam ações para a detecção precoce de doenças, sejam ações
de diagnóstico, tratamento e reabilitação.
• O princípio da equidade é mais um dos princípios finalísticos do SUS e, atualmente, o tema central
em todos os debates sobre as reformas dos sistemas de saúde no mundo ocidental. A noção de
equidade diz respeito à necessidade de se “tratar desigualmente os desiguais”, de modo a se
alcançar a igualdade de oportunidades de sobrevivência, de desenvolvimento pessoal e social entre
os membros de uma dada sociedade. O ponto de partida da noção de equidade é o reconhecimento
da desigualdade entre as pessoas e os grupos sociais e o reconhecimento de que muitas dessas
desigualdades são injustas e devem ser superadas. Em saúde, especificamente, as desigualdades
sociais se apresentam como desigualdades diante do adoecer e do morrer, reconhecendo-se a
possibilidade de redução dessas desigualdades, de modo a garantir condições de vida e saúde mais
iguais para todos.
• A regionalização dos serviços implica a delimitação de uma base territorial para o sistema de saúde,
que leva em conta a divisão político-administrativa do país, mas também contempla a delimitação de
espaços territoriais específicos para a organização das ações de saúde, subdivisões ou agregações
do espaço político-administrativo.
• A hierarquização dos serviços, por sua vez, diz respeito à possibilidade de organização das
unidades segundo grau de complexidade tecnológica dos serviços; isto é, o estabelecimento de uma
rede que articula as unidades mais simples às unidades mais complexas, por meio de um sistema de
referência (SR) e contrarreferência (CR) de usuários e de informações. O processo de
estabelecimento de redes hierarquizadas pode também implicar o estabelecimento de vínculos
específicos entre unidades (de distintos graus de complexidade tecnológica) que prestam serviços de
determinada natureza, como, por exemplo, a rede de atendimento a urgências/emergências, ou a
rede de atenção à saúde mental.
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PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS
A regionalização no Sistema Único de Saúde constitui estratégia prioritária para garantir o direito à
saúde, reduzir desigualdades sociais e territoriais, promover a equidade e a integralidade da atenção,
racionalizar os gastos, otimizar os recursos e potencializar o processo de descentralização.
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem
um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
II – Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais;
A regionalização deve ser entendida como uma articulação e mobilização municipal que leve em
consideração características geográficas, fluxo de demanda, perfil epidemiológico, oferta de serviços
e, acima de tudo, a vontade política expressa pelos diversos municípios de se consorciar ou
estabelecer qualquer outra relação de caráter cooperativo (BRASIL,1993).
A totalidade das ações e de serviços de atenção à saúde, no âmbito do SUS, deve ser desenvolvida
em um conjunto de estabelecimentos, organizados em rede regionalizada e hierarquizada e
disciplinados segundo subsistemas, um para cada município – o SUS-Municipal – voltado ao
atendimento integral de sua própria população e inserido de forma indissociável no SUS, em suas
abrangências estadual e nacional (BRASIL, 1996).
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PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS
• Pacto pela Saúde – Item 2, Diretrizes para a Gestão do SUS, Pacto de Gestão, Portaria GM/ MS n.
399/2006
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PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS
A atuação do gestor do SUS efetiva-se por meio do exercício das funções gestoras na saúde. As
funções gestoras podem ser definidas como “um conjunto articulado de saberes e práticas de gestão,
necessários para a implementação de políticas na área da saúde” (SOUZA, 2002).
Definir o papel e as atribuições dos gestores do SUS nas três esferas de governo significa identificar
as especificidades da atuação no que diz respeito a cada uma dessas macro funções gestoras, de
forma coerente, com a finalidade de atuação do Estado em cada esfera governamental, com os
princípios e os objetivos estratégicos da política de saúde, e para cada campo da atenção na saúde
(promoção da saúde, articulação intersetorial, vigilância sanitária, vigilância epidemiológica, saúde do
trabalhador, assistência à saúde, entre outros) (LECOVITZ; LIMA; MACHADO, 2001).
Esse processo tem sido orientado pela Legislação do SUS e pelas Normas Operacionais que, ao
longo do tempo, têm definido as competências de cada esfera de governo e as condições
necessárias para que estados e municípios possam assumir suas funções no processo de
implantação do SUS.
A primeira e maior novidade do Sistema Único de Saúde é seu conceito de saúde. Esse “conceito
ampliado de saúde”, resultado de um processo de embates teóricos e políticos, como visto
anteriormente, traz consigo um diagnóstico das dificuldades que o setor da saúde enfrentou
historicamente e a certeza de que a reversão deste quadro extrapolava os limites restritos da noção
vigente.
Encarar saúde apenas como ausência de doenças evidenciou um quadro repleto não só das próprias
doenças, como de desigualdades, insatisfação dos usuários, exclusão, baixa qualidade e falta de
comprometimento profissional.
Para enfrentar essa situação era necessário transformar a concepção de saúde, de serviços de
saúde e, até mesmo, de sociedade. Uma coisa era se deparar com a necessidade de abrir unidades,
contratar profissionais, comprar medicamentos. Outra tarefa é conceber a atenção à saúde como um
projeto que iguala saúde com condições de vida.
Ao lado do conceito ampliado de saúde, o Sistema Único de Saúde traz dois outros conceitos
importantes: o de sistema e a ideia de unicidade. A noção de sistema significa que não estamos
falando de um novo serviço ou órgão público, mas de um conjunto de várias instituições, dos três
níveis de governo e do setor privado contratado e conveniado, que interagem para um fim comum.
Na lógica do sistema público, os serviços contratados e conveniados são seguidos dos mesmos
princípios e das mesmas normas do serviço público. Os elementos integrantes do sistema referem-
se, ao mesmo tempo, às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde.
Esse sistema é único, ou seja, deve ter a mesma doutrina e a mesma forma de organização em todo
país. Mas é preciso compreender bem esta ideia de unicidade. Em um país com tamanha diversidade
cultural, econômica e social como o Brasil, pensar em organizar um sistema sem levar em conta
essas diferenças seria uma temeridade.
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PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS
cidadãos, seja com descentralização político-administrativa, seja por meio do controle social do
sistema.
O Sistema Único de Saúde pode, então, ser entendido a partir da seguinte imagem: um núcleo
comum (único), que concentra os princípios doutrinários, e uma forma de organização e
operacionalização, os princípios organizativos. A construção do SUS norteia-se, baseado nos seus
preceitos constitucionais, pelas seguintes doutrinas:
• Universalidade: É a garantia de atenção à saúde, por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão
(“A saúde é direito de todos e dever do Estado” – Art. 196 da Constituição Federal de 1988).
Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços públicos de
saúde, assim como aqueles contratados pelo poder público de saúde, independente de sexo, raça,
renda, ocupação ou outras características sociais ou pessoais. Saúde é direito de cidadania e dever
do Governo: Municipal, Estadual e Federal.
• Equidade: O objetivo da equidade é diminuir desigualdades. Mas isso não significa que a equidade
seja sinônima de igualdade. Apesar de todos terem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e
por isso têm necessidades diferentes. Então, equidade é a garantia a todas as pessoas, em
igualdade de condições, ao acesso às ações e serviços dos diferentes níveis de complexidade do
sistema.
O que determinará as ações será a prioridade epidemiológica e não o favorecimento, investindo mais
onde a carência é maior. Sendo assim, todos terão as mesmas condições de acesso, more o cidadão
onde morar, sem privilégios e sem barreiras. Todo cidadão é igual perante o SUS e será atendido
conforme suas necessidades até o limite do que o sistema pode oferecer para todos.
• Integralidade: As ações de promoção, proteção e reabilitação da saúde não podem ser fracionadas,
sendo assim, os serviços de saúde devem reconhecer na prática que: se cada pessoa é um todo
indivisível e integrante de uma comunidade, as ações de promoção, proteção e reabilitação da saúde
também não podem ser compartimentalizadas, assim como as unidades prestadoras de serviço, com
seus diversos graus de complexidade, configuram um sistema capaz de prestar assistência integral.
Ao mesmo tempo, o princípio da integralidade pressupõe a articulação da saúde com outras políticas
públicas, como forma de assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham
repercussão na saúde e qualidade de vida dos indivíduos.
Para organizar o SUS a partir dos princípios doutrinários apresentados e considerando-se a ideia de
seguridade social e relevância pública existem algumas diretrizes que orientam o processo. Na
verdade, trata-se de formas de concretizar o SUS na prática.
Deve o acesso da população à rede se dar por intermédio dos serviços de nível primário de atenção,
que devem estar qualificados para atender e resolver os principais problemas que demandam os
serviços de saúde. Os demais deverão ser referenciados para os serviços de maior complexidade
tecnológica. Estes caminhos somam a integralidade da atenção com o controle e a racionalidade dos
gastos no sistema.
• Resolubilidade: É a exigência de que, quando um indivíduo busca o atendimento ou quando surge
um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para
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PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS
enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível da sua competência; devendo referenciá-lo a outro nível de
complexidade quando não for capaz de dar a devida assistência.
A rede de serviços do SUS deve ser organizada de forma regionalizada e hierarquizada, permitindo
um conhecimento maior dos problemas de saúde da população de uma área delimitada, favorecendo
ações de vigilância epidemiológica, sanitária, controle de vetores, educação em saúde, além das
ações de atenção ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de complexidade.
O nível primário de atenção corresponde às Unidades Básicas de Saúde e deverá resolver 80% dos
problemas que absorverem. O nível secundário corresponde aos Centros de Especialidades e devem
resolver 15% dos problemas, cabendo os 5% restantes ao nível terciário de atenção à saúde, onde
estão os hospitais de referência.
Assim, ao município cabe a execução da maioria das ações na promoção das ações de saúde
diretamente voltadas aos seus cidadãos, principalmente a responsabilidade política pela sua saúde.
Isso significa dotar o município de condições gerenciais, técnicas, administrativas e financeiras para
exercer esta função.
O que abrange um estado ou uma região estadual deve estar sob responsabilidade estadual e o que
for de abrangência nacional será de responsabilidade federal. A essa profunda redefinição das
atribuições dos vários níveis de governo com um nítido reforço do poder municipal sobre a saúde é o
que se chama municipalização da saúde. Para fazer valer o princípio da descentralização, existe a
concepção constitucional do mando único. Cada esfera de governo é autônoma e soberana em suas
decisões e atividades, respeitando os princípios gerais e a participação da sociedade.
• Participação dos cidadãos: É a garantia constitucional de que a população, por meio de suas
entidades representativas, participará do processo de formulação e avaliação das políticas de saúde
e do controle da sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local. Essa participação
ocorre por meio dos conselhos de saúde que têm poder deliberativo, de caráter permanente,
compostos com a representatividade de toda a sociedade.
Sua composição deve ser paritária, com metade de seus membros representando os usuários, e a
outra metade, o conjunto composto por governo, profissionais de saúde e prestadores privados de
serviços.
Os conselhos devem ser criados por lei do respectivo âmbito de governo, em que estão definidas a
composição do colegiado e outras normas de seu funcionamento. Deve ser também considerado
como elemento do processo participativo o dever das instituições oferecerem as informações e
conhecimentos necessários para que a população se posicione nas questões pertinentes à saúde.
Outras formas de participação são as Conferências de Saúde, que são fóruns com representação de
vários segmentos sociais que se reúnem para propor diretrizes, avaliar a situação da saúde e ajudar
na definição da política de saúde.
2- a instituição privada deverá estar de acordo com os princípios básicos e normas técnicas do SUS.
Prevalecem, assim, os princípios da universalidade, equidade etc.; como se o serviço privado fosse
público, uma vez que, quando contratado, atua em nome deste;
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PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS
3 - a integração dos serviços aprovados deverá se dar na mesma lógica organizativa do SUS. Todo
serviço privado contratado passa a seguir as determinações do sistema público, em termos de regras
de funcionamento, organização e articulação com o restante da rede.
Assim cada gestor deverá planejar primeiro o setor público e na sequência, complementar a rede
assistencial, dando preferência ao setor privado sem fins lucrativos (Hospitais Filantrópicos - Santas
Casas), conforme determina a Constituição. Torna-se fundamental o estabelecimento de normas e
procedimentos a serem cumpridos pelos conveniados e contratados, os quais devem constar, em
anexo, dos convênios e contratos.
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Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
Vide Emenda
Constitucional nº Emendas Constitucionais Emendas Constitucionais de Revisão
91, de 2016
ÍNDICE TEMÁTICO
Texto compilado
PREÂMBULO
SEÇÃO II
DA SAÚDE
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor,
nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita
diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada
e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais;
§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento
da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras
fontes. (Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e
serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados
sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
I - no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 3º; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser
inferior a 15% (quinze por cento); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se
refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas
as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 29, de 2000)
III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se
refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá: (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) Regulamento
I - os percentuais de que trata o § 2º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 86, de 2015)
II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando
a progressiva redução das disparidades regionais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29,
de 2000)
III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal,
estadual, distrital e municipal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
IV - as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde
e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza
e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 51, de 2006)
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a regulamentação das atividades de agente
comunitário de saúde e agente de combate às endemias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51,
de 2006) (Vide Medida provisória nº 297. de 2006)
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes
para os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e
agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência financeira
complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso
salarial. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 63, de 2010) Regulamento
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e
substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta,
processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização.
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como
bebidas e águas para consumo humano;
O Sistema Único de Saúde (SUS) é o conjunto de todas as ações e serviços de saúde prestados por
órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e
das fundações mantidas pelo Poder Público.
Há um tempo atrás, a saúde era encarada apenas como a ausência de doenças, o que nos legou um
quadro repleto não só das próprias doenças, como desigualdade, insatisfação dos usuário, exclusão,
baixa qualidade e falta de comprometimento profissional. No entanto, este conceito foi ampliado, ao
serem definidos os elementos condicionantes da saúde, que são:
• Garantia de acesso aos serviços de saúde responsáveis pela promoção, proteção e recuperação da
saúde.
Ou seja, de acordo com a nova concepção de saúde, compreende-se que “os níveis de saúde da
população expressam a organização social e econômica do país".
Juntamente com o conceito ampliado de saúde, o SUS traz consigo dois outros conceitos
importantes: o de sistema e a idéia de unicidade. A idéia de sistema significa um conjunto de várias
instituições, dos três níveis de governo e do setor privado contratado e conveniado, que interagem
para um fim comum. Já na lógica de sistema público, os serviços contratados e conveniados seguem
os mesmos princípios e as mesmas normas do serviço público. Todos os elementos que integram o
sistema referem-se ao mesmo tempo às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde.
Em todo o país, o SUS deve ter a mesma doutrina e a mesma forma de organização, sendo que é
definido como único na Constituição um conjunto de elementos doutrinários e de organização do
sistema de saúde, os princípios da universalização, da eqüidade, da integralidade, da
descentralização e da participação popular.
Podemos entender o SUS da seguinte maneira: um núcleo comum, que concentra os princípios
doutrinários, e uma forma e operacionalização, os princípios organizativos.
Princípios Doutrinários
• Integralidade: este princípio considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas
necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção da saúde, a
prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. Juntamente, o principio de integralidade
pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, para assegurar uma atuação
intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida dos
indivíduos.
Princípios Organizativos
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CONHECIMENTO DO SISTEMA UNICO DE SAÚDE SUS,
ORGANIZAÇÃO E PRINCIPIOS DO SUS, CONTROLE SOCIAL DO SUS
• Participação Popular: a sociedade deve participar no dia-a-dia do sistema. Para isto, devem ser
criados os Conselhos e as Conferências de Saúde, que visam formular estratégias, controlar e avaliar
a execução da política de saúde.
A expressão ‘Sistema Único de Saúde’ (SUS) alude em termos conceituais ao formato e aos
processos jurídico-institucionais e administrativos compatíveis com a universalização do direito
à saúdee em termos pragmáticos à rede de instituições – serviços e ações – responsável pela
garantia do acesso aos cuidados e atenção à saúde. Os termos que compõem a expressão ‘SUS’,
espelham positivamente críticas à organização pretérita da assistência médico-hospitalar brasileira.
‘Sistema’, entendido como o conjunto de ações e instituições, que de forma ordenada e articulada
contribuem para uma finalidade comum, qual seja, a perspectiva de ruptura com os esquemas
assistenciais direcionados a segmentos populacionais específicos, quer recortados segundo critérios
socioeconômicos, quer definidos a partir de fundamentos nosológicos.
A primeira e maior novidade do Sistema Único de Saúde é seu conceito de saúde. Esse “conceito
ampliado de saúde”, resultado de um processo de embates teóricos e políticos, como visto
anteriormente, traz consigo um diagnóstico das dificuldades que o setor da saúde enfrentou
historicamente e a certeza de que a reversão deste quadro extrapolava os limites restritos da noção
vigente.
Encarar saúde apenas como ausência de doenças evidenciou um quadro repleto não só das próprias
doenças, como de desigualdades, insatisfação dos usuários, exclusão, baixa qualidade e falta de
comprometimento profissional.
Para enfrentar essa situação era necessário transformar a concepção de saúde, de serviços de
saúde e, até mesmo, de sociedade. Uma coisa era se deparar com a necessidade de abrir unidades,
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CONHECIMENTO DO SISTEMA UNICO DE SAÚDE SUS,
ORGANIZAÇÃO E PRINCIPIOS DO SUS, CONTROLE SOCIAL DO SUS
contratar profissionais, comprar medicamentos. Outra tarefa é conceber a atenção à saúde como um
projeto que iguala saúde com condições de vida.
Ao lado do conceito ampliado de saúde, o Sistema Único de Saúde traz dois outros conceitos
importantes: o de sistema e a ideia de unicidade. A noção de sistema significa que não estamos
falando de um novo serviço ou órgão público, mas de um conjunto de várias instituições, dos três
níveis de governo e do setor privado contratado e conveniado, que interagem para um fim comum.
Na lógica do sistema público, os serviços contratados e conveniados são seguidos dos mesmos
princípios e das mesmas normas do serviço público. Os elementos integrantes do sistema referem-
se, ao mesmo tempo, às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde.
Esse sistema é único, ou seja, deve ter a mesma doutrina e a mesma forma de organização em todo
país. Mas é preciso compreender bem esta ideia de unicidade. Em um país com tamanha diversidade
cultural, econômica e social como o Brasil, pensar em organizar um sistema sem levar em conta
essas diferenças seria uma temeridade.
O Sistema Único de Saúde pode, então, ser entendido a partir da seguinte imagem: um núcleo
comum (único), que concentra os princípios doutrinários, e uma forma de organização e
operacionalização, os princípios organizativos. A construção do SUS norteia-se, baseado nos seus
preceitos constitucionais, pelas seguintes doutrinas:
• Universalidade: É a garantia de atenção à saúde, por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão
(“A saúde é direito de todos e dever do Estado” – Art. 196 da Constituição Federal de 1988).
Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços públicos de
saúde, assim como aqueles contratados pelo poder público de saúde, independente de sexo, raça,
renda, ocupação ou outras características sociais ou pessoais. Saúde é direito de cidadania e dever
do Governo: Municipal, Estadual e Federal.
• Equidade: O objetivo da equidade é diminuir desigualdades. Mas isso não significa que a equidade
seja sinônima de igualdade. Apesar de todos terem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e
por isso têm necessidades diferentes. Então, equidade é a garantia a todas as pessoas, em
igualdade de condições, ao acesso às ações e serviços dos diferentes níveis de complexidade do
sistema.
O que determinará as ações será a prioridade epidemiológica e não o favorecimento, investindo mais
onde a carência é maior. Sendo assim, todos terão as mesmas condições de acesso, more o cidadão
onde morar, sem privilégios e sem barreiras. Todo cidadão é igual perante o SUS e será atendido
conforme suas necessidades até o limite do que o sistema pode oferecer para todos.
• Integralidade: As ações de promoção, proteção e reabilitação da saúde não podem ser fracionadas,
sendo assim, os serviços de saúde devem reconhecer na prática que: se cada pessoa é um todo
indivisível e integrante de uma comunidade, as ações de promoção, proteção e reabilitação da saúde
também não podem ser compartimentalizadas, assim como as unidades prestadoras de serviço, com
seus diversos graus de complexidade, configuram um sistema capaz de prestar assistência integral.
Ao mesmo tempo, o princípio da integralidade pressupõe a articulação da saúde com outras políticas
públicas, como forma de assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham
repercussão na saúde e qualidade de vida dos indivíduos.
Para organizar o SUS a partir dos princípios doutrinários apresentados e considerando-se a ideia de
seguridade social e relevância pública existem algumas diretrizes que orientam o processo. Na
verdade, trata-se de formas de concretizar o SUS na prática.
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CONHECIMENTO DO SISTEMA UNICO DE SAÚDE SUS,
ORGANIZAÇÃO E PRINCIPIOS DO SUS, CONTROLE SOCIAL DO SUS
Deve o acesso da população à rede se dar por intermédio dos serviços de nível primário de atenção,
que devem estar qualificados para atender e resolver os principais problemas que demandam os
serviços de saúde. Os demais deverão ser referenciados para os serviços de maior complexidade
tecnológica. Estes caminhos somam a integralidade da atenção com o controle e a racionalidade dos
gastos no sistema.
A Constituição Federal que é considerada o marco jurídico inicial, onde “nasce o SUS”, traz em seus
artigos 196 ao 200, o “registro do SUS”, o artigo 198 da CF, traz em seu texto as Diretrizes e alguns
dos princípios do SUS, conforme podemos verificar abaixo:
“Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I - Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais;
III - participação da comunidade. ”
Uma vez constituído o SUS, houve a necessidade de regulamentação, o que aconteceu em 1990,
com a promulgação das duas Leis Orgânicas da Saúde (LOS):
1. Lei 8.080/90 que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
2. Lei 8.142/90 que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de
Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da
saúde e dá outras providências.
Os princípios do SUS
“Capítulo II
Dos Princípios e Diretrizes
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que
integram o Sistema Único de Saúde - SUS são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas
no artigo 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios.
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CONHECIMENTO DO SISTEMA UNICO DE SAÚDE SUS,
ORGANIZAÇÃO E PRINCIPIOS DO SUS, CONTROLE SOCIAL DO SUS
serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis
de complexidade do sistema;
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;
IV - Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie;
V - Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
VI - Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e sua utilização pelo
usuário;
VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a
orientação programática;
VIII - participação da comunidade;
IX - Descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo:
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;
X - Integração, em nível executivo, das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico;
XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, na prestação de serviços de assistência à saúde da população;
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos.”
Os princípios do sus são cobrados em provas. Muitos certames utilizam em questões a divisão teórica
dos princípios:
Para isso, é preciso eliminar barreiras jurídicas, econômicas, culturais e sociais que se interpõem
entre a população e os serviços.A primeira delas, a barreira jurídica, foi eliminada com a Constituição
Federal de 88, na medida em que universalizou o direito à saúde, e com isso, eliminou a necessidade
do usuário do sistema público colocar-se como trabalhador ou como “indigente”, situações que
condicionavam o acesso aos serviços públicos antes do SUS.
A noção de integralidade diz respeito ao leque de ações possíveis para a promoção da saúde,
prevenção de riscos e agravos e assistência a doentes, implicando a sistematização do conjunto de
práticas que vem sendo desenvolvidas para o enfrentamento dos problemas e o atendimento das
necessidades de saúde. A integralidade é (ou não), um atributo do modelo de atenção, entendendo-
se que um “modelo de atenção integral à saúde” contempla o conjunto de ações de promoção da
saúde, prevenção de riscos e agravos, assistência e recuperação. Um modelo “integral”, portanto, é
aquele que dispõe de estabelecimentos, unidades de prestação de serviços, pessoal capacitado e
recursos necessários, à produção de ações de saúde que vão desde as ações inespecíficas de
promoção da saúde em grupos populacionais definidos, às ações específicas de vigilância ambiental,
sanitária e epidemiológica dirigidas ao controle de riscos e danos, até ações de assistência e
recuperação de indivíduos enfermos, sejam ações para a detecção precoce de doenças, sejam ações
de diagnóstico, tratamento e reabilitação.
O princípio da equidade, mais um dos princípios finalísticos do SUS e, atualmente, o tema central em
todos os debates sobre as reformas dos sistemas de saúde no mundo ocidental. A noção de
equidade diz respeito à necessidade de se “tratar desigualmente os desiguais” de modo a se alcançar
a igualdade de oportunidades de sobrevivência, de desenvolvimento pessoal e social entre os
membros de uma dada sociedade. O ponto de partida da noção de equidade é o reconhecimento da
desigualdade entre as pessoas e os grupos sociais e o reconhecimento de que muitas dessas
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CONHECIMENTO DO SISTEMA UNICO DE SAÚDE SUS,
ORGANIZAÇÃO E PRINCIPIOS DO SUS, CONTROLE SOCIAL DO SUS
- A regionalização dos serviços implica a delimitação de uma base territorial para o sistema de saúde,
que leva em conta a divisão político- administrativa do país, mas também contempla a delimitação de
espaços territoriais específicos para a organização das ações de saúde, subdivisões ou agregações
do espaço político-administrativo.
- A hierarquização dos serviços, por sua vez, diz respeito à possibilidade de organização das
unidades segundo grau de complexidade tecnológica dos serviços, isto é, o estabelecimento de uma
rede que articula as unidades mais simples às unidades mais complexas, através de um sistema de
referência (SR) e contrarreferência(CR) de usuários e de informações. O processo de
estabelecimento de redes hierarquizadas pode também implicar o estabelecimento de vínculos
específicos entre unidades (de distintos graus de complexidade tecnológica) que prestam serviços de
determinada natureza, como por exemplo, a rede de atendimento a urgências/emergências, ou a rede
de atenção à saúde mental.
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CONHECIMENTO DO SISTEMA UNICO DE SAÚDE SUS,
ORGANIZAÇÃO E PRINCIPIOS DO SUS, CONTROLE SOCIAL DO SUS
A regionalização no Sistema Único de Saúde constitui estratégia prioritária para garantir o direito à
saúde, reduzir desigualdades sociais e territoriais, promover a equidade e a integralidade da atenção,
racionalizar os gastos, otimizar os recursos e potencializar o processo de descentralização.
A regionalização oferece os meios para melhorar a coordenação e integração do cuidado em saúde e
os custos e proporciona escala mais adequada e maior participação dos cidadãos no processo de
tomada de decisão. Contudo, a regionalização, apesar dos benefícios, apresenta desafios, tais como
as dificuldades para integrar e coordenar as ações e serviços, em diferentes espaços geográficos,
com distintas gestões e gerências para atender as necessidades de saúde e demandas da população
na escala, qualidade e custos adequados. Para isso, requer a existência de sistemas de informação
em tempo real para orientar a tomada de decisão e a busca constante de alternativas para otimizar
recursos e organizar a gestão compartilhada (Brasil,2009).
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem
um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I - Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II –Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais;
III - participação da comunidade. (Brasil, 1998).
A regionalização deve ser entendida como uma articulação e mobilização municipal que leve em
consideração características geográficas, fluxo de demanda, perfil epidemiológico, oferta de serviços
e, acima de tudo, a vontade política expressa pelos diversos municípios de se consorciar ou
estabelecer qualquer outra relação de caráter cooperativo (BRASIL,1993).
A totalidade das ações e de serviços de atenção à saúde, no âmbito do SUS, deve ser desenvolvida
em um conjunto de estabelecimentos, organizados em rede regionalizada e hierarquizada e
disciplinados segundo subsistemas, um para cada município – o SUS-Municipal – voltado ao
atendimento integral de sua própria população e inserido de forma indissociável no SUS, em suas
abrangências estadual e nacional (BRASIL, 1996).
? Pacto pela Saúde – Item 2, Diretrizes para a Gestão do SUS, Pacto de Gestão, Portaria GM/ MS n.
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CONHECIMENTO DO SISTEMA UNICO DE SAÚDE SUS,
ORGANIZAÇÃO E PRINCIPIOS DO SUS, CONTROLE SOCIAL DO SUS
399/2006
Objetivos da Regionalização
A atuação do gestor do SUS efetiva-se por meio do exercício das funções gestoras na saúde. As
funções gestoras podem ser definidas como “um conjunto articulado de saberes e práticas de gestão,
necessários para a implementação de políticas na área da saúde” (SOUZA, 2002).
Definir o papel e as atribuições dos gestores do SUS nas três esferas de governo significa identificar
as especificidades da atuação no que diz respeito a cada uma dessas macro funções gestoras, de
forma coerente com a finalidade de atuação do Estado em cada esfera governamental, com os
princípios e os objetivos estratégicos da política de saúde, e para cada campo da atenção na saúde
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CONHECIMENTO DO SISTEMA UNICO DE SAÚDE SUS,
ORGANIZAÇÃO E PRINCIPIOS DO SUS, CONTROLE SOCIAL DO SUS
Esse processo tem sido orientado pela Legislação do SUS e pelas Normas Operacionais que, ao
longo do tempo, têm definido as competências de cada esfera de governo e as condições
necessárias para que estados e municípios possam assumir suas funções no processo de
implantação do SUS
Para se iniciar a discussão é possível partir de uma definição conceitual dada por Cipriano
Vasconcelos e Dário Pasche (2006), os quais apontam que: “O Sistema Único de Saúde (SUS) é o
arranjo organizacional do Estado brasileiro que dá suporte à efetivação da política de saúde no Brasil,
e traduz em ação os princípios e diretrizes desta política. Compreende um conjunto organizado e
articulado de serviços e ações de saúde, e aglutina o conjunto das organizações públicas de saúde
existentes nos âmbitos municipal, estadual e nacional, e ainda os serviços privados de saúde que o
integram funcionalmente para a prestação de serviços aos usuários do sistema, de forma
complementar, quando contratados ou conveniados para tal fim”
Nasceu na década de oitenta, fruto da reivindicação social da sociedade civil através de movimentos
pela reforma sanitária, sendo institucionalizado quando da promulgação da Constituição Nacional de
1988. É possível dizer que o SUS tem como objetivo integrar e coordenar as ações de saúde nas três
esferas do governo. O artigo 4° da Lei 8.080/90 afirma que: O conjunto de ações e serviços de saúde,
prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta
e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde – SUS.
Em sua concepção, é importante apontar que o SUS são se trata de um sistema de serviços
assistencialistas, mas que visa “articular e coordenar ações promocionais e de prevenção, como as
de cura e reabilitação.” (Ibidem, p. 532).
O SUS traria uma nova concepção de saúde agora ampliada, pois passaria a considerar também
outros fatores que, direta ou indiretamente, estariam associados ao se pensar a saúde e qualidade de
vida como aspectos econômicos, sociais, culturais e biotecnológicos (estes aspectos serão tratados
mais pontualmente no tópico a seguir). Somado a isso, estaria também uma visão integrada das
ações e dos serviços de saúde. Logo, o caráter inovador estaria na criação de condições para a
superação de uma visão de saúde pública que se concentrava na doença.
Assim, o SUS procura ter ações contínuas no sentido da promoção, da proteção, da cura e da
reabilitação. Como apontam Vasconcelos e Pasche (2006, p. 535), “esse princípio orientou a
expansão e qualificação das ações e serviços do SUS que ofertam desde um elenco ampliado de
imunizações até os serviços de reabilitação física e mental, além das ações de promoção da saúde
de caráter nacional intersetorial.” Da mesma forma, a equidade “como princípio complementar ao da
igualdade significa tratar as diferenças em busca da igualdade” (ELIAS, 2008, P. 14). Assim, este
princípio veio ao encontro da questão do acesso aos serviços, acesso muitas vezes prejudicado por
conta da desigualdade social entre os indivíduos. Neste sentido, fala-se em prioridade no acesso às
ações e serviços de saúde por grupos sociais considerados mais vulneráveis do ponto de vista
socioeconômico.
Na obra A saúde como direito e como serviço, Amélia Cohn (1991, p. 25) afirma que: “Constituir,
portanto, a saúde como ‘um direito de todos e dever do Estado’ implica enfrentar questões tais como
a de a população buscar a utilização dos serviços públicos de saúde tendo por referência a sua
proximidade, enquanto para os serviços privados a referência principal consiste em ‘ter direito’. Da
mesma forma, e exatamente porque essas questões remetem à tradição brasileira de direitos sociais
vinculados a um contrato compulsório de caráter contributivo, contrapostos a medidas
assistencialistas aos carentes, a equidade na universalização do direito à saúde está estreitamente
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CONHECIMENTO DO SISTEMA UNICO DE SAÚDE SUS,
ORGANIZAÇÃO E PRINCIPIOS DO SUS, CONTROLE SOCIAL DO SUS
Para além destes três princípios básicos para se pensar o SUS, é também relevante apontar outro
aspecto como o direito à informação, requisito importante - do ponto de vista democrático - para vida
do cidadão usuário do sistema. É fundamental que as informações acerca da saúde individual e
coletiva sejam divulgadas pelos profissionais da saúde, os quais são assim responsáveis pela
“viabilização deste direito” (VASCONCELOS e PASCHE, 2006, p. 536).
Além dos princípios, do ponto de vista do funcionamento do SUS, deve-se considerar suas diretrizes
organizativas, as quais buscam garantir um melhor funcionamento do sistema, dentre as quais estão:
a descentralização com comando único, a regionalização e hierarquização dos serviços e
participação comunitária.
Outra diretriz muito importante ao SUS e que, certamente, está ligada também a uma mesma raiz
democrática pertinente ao sistema é a participação comunitária e a criação dos conselhos. A
participação comunitária foi assegurada por lei (8.142/1990), o que valoriza a ideia de democracia
participativa. Neste mesmo sentido da valorização do SUS como um patrimônio e responsabilidade
de todos, foram criados em 2006 três pactos: o Pacto pela vida, o Pacto em defesa do SUS e o Pacto
de Gestão do SUS. Do ponto de vista da concepção das políticas para saúde, todos devem ser
considerados.
Por fim, há também uma preocupação com a questão da Integração. “A integração de recursos, de
meios e de pessoal na gestão do sistema é preconizada nas leis e normas como condição básica
para assegurar eficácia e eficiência ao sistema” (Ibidem, p. 537). Da mesma forma, para a além da
compreensão dos princípios e das diretrizes organizativas do SUS, é importante destacar a questão
da racionalização do sistema com vistas ao melhor desempenho e atendimento de seus objetivos.
Logo, o que se pode concluir é que a concepção de um sistema único de saúde e sua
institucionalização por meio da Constituição foram um dos maiores avanços na luta pela construção
de um país mais justo e menos desigual. Se ainda existem problemas no atendimento público da
saúde – e não são poucos, é inegável o fato de que, a despeito disso, o SUS contribuiu para o
fortalecimento da cidadania nacional, uma vez que o direito ao atendimento à saúde é um
importantíssimo direito social.
A lei 8142/90, determina duas formas de participação da população na gestão do Sistema Único de
Saúde – SUS: Conferências de Saúde e Conselhos de Saúde. Conferências de Saúde – no artigo 1º
da 8142/90 parágrafo 1º diz:
– A Conferência de Saúde reunir-se-á cada 4(quatro) anos com a representação dos vários
segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da
política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou,
extraordinariamente, por este ou pelo Conselho de Saúde.
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CONHECIMENTO DO SISTEMA UNICO DE SAÚDE SUS,
ORGANIZAÇÃO E PRINCIPIOS DO SUS, CONTROLE SOCIAL DO SUS
A Resolução nº 333 de 04/11/2003, do Conselho Nacional de Saúde aprova diretrizes para a Criação
, reformulação , estruturação e funcionamento dos Conselhos de Saúde.
A “Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde” traz informações para que você conheça seus direitos
na hora de procurar atendimento de saúde. Ela reúne os seis princípios básicos de cidadania que
asseguram ao brasileiro o ingresso digno nos sistemas de saúde, seja ele público ou privado. A Carta
é uma importante ferramenta para que você conheça seus direitos e, assim, ajude o Brasil a ter um
sistema de saúde ainda mais efetivo.
1. Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde
2. Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema
3. Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer discriminação
4. Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus direitos
5. Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento aconteça da forma
adequada
6. Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que os princípios
anteriores sejam cumpridos
É garantido aos cidadãos a participação social no Sistema Único de Saúde na Lei nº8142/90,
configurando o controle social. A participação da população pode se dar de duas formas: nos
Conselhos de Saúde e nas Conferências de Saúde.
O Conselho de Saúde é responsável por denifir as diretrizes norteadoras para elaboração do Plano
de Saúde, aprovar ou reprovar o Plano de Saúde e o Relatório de Gestão, fiscalizar a execução das
Políticas Públicas de saúde além de formular e propor estratégias para a execução destas,
consubstanciar a participação organizada da sociedade na administração da saúde, entre outras
atribuições. O Conselho é composto de forma paritária: 50% usuários (representantes de entidades e
movimentos sociais) e 50% prestadores de serviços, representantes do governo e profissionais de
saúde. A Lei Complementar nº141/12 Art 44 garante ao cidadão que o gestor do SUS de cada ente
da Federação disponibilizará ao Conselho de Saúde um programa permanente de educação em
saúde para qualificar a participação social nas atribuições do Conselho.
As Conferências de Saúde são intâncias colegiadas com a missão de avaliar a situação de saúde e
propor diretrizes para a formulação da política de saúde nos três niveis de governo, as conferências
são abertas para a participação da população. Ocorrem a cada 4 anos.
Com isso temos as ferramentas para participar efetivamente da elaboração/execução das políticas
públicas de saúde, garantindo políticas mais eficazes, eficientes e com maior efetividade para a
população!
Significa a participação da sociedade na elaboração e execução das políticas públicas no Brasil, sua
gestão, controle administrativo-financeiro, monitoramento dos planos e programas de saúde, que se
associa à redemocratização do país.
Refletindo estes movimentos, a Constituição de 1988, por meio da Lei Orgânica da Saúde (Lei No.
8142/90), criou uma nova institucionalidade no poder público, marcada por duas importantes
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CONHECIMENTO DO SISTEMA UNICO DE SAÚDE SUS,
ORGANIZAÇÃO E PRINCIPIOS DO SUS, CONTROLE SOCIAL DO SUS
O controle social no SUS se dá por meio dos Conselhos de Saúde, em suas diversas modalidades,
como o Conselho Nacional, Conselhos Estaduais, Municipais, Locais, e das Comunidades Indígenas.
E também, em especial, das Conferências de Saúde (Nacionais, Estaduais e Municipais), dentre
outras modalidades.
A relevância dessa participação se justifica na busca da equidade e justiça social e na ideia de que as
decisões em saúde não obedecem necessariamente à uma racionalidade técnica.
Foi criada com o objetivo de participar em conjunto com entidades representativas dos empregados,
empregadores, instituições da sociedade civil e órgãos públicos, direta ou indiretamente responsáveis
pela preservação e recuperação da saúde.
A sua composição não segue a paridade do Conselho de Saúde. Porém deve ser o mais
representativa possível tendo em sua composição as entidades/gestores ligados à política de Saúde
do Trabalhador (Secretárias de Educação, Meio Ambiente, na Saúde, Vigilâncias, CERESTs e outras
áreas que tenham a ver, movimento sindical, empregadores).
Por considerar a área de S.T. como de práticas eminentemente intersetoriais, desde 1990, a Lei Nº
8.142, previu a criação e funcionamento das Comissões Intersetoriais de Saúde do Trabalhador,
CIST, como assessoras dos conselhos de saúde.
O controle social deverá ser exercido na RENAST por meio do controle direto das ações desses
Centros de Referência, pela participação efetiva das organizações dos trabalhadores na definição das
prioridades de intervenção, no acompanhamento da implementação da Política de Saúde do
Trabalhador, na legitimação e no controle da aplicação dos recursos específicos de modo que
assegure que as atividades sejam consoantes com a realidade do sistema produtivo local e das
necessidades dos trabalhadores.
Finalidade e Composição
Tem por finalidade de discutir, propor, acompanhar e avaliar a política de saúde do trabalhador para o
Estado de Mato Grosso e defender o direito do trabalhador, formal ou informal, urbano ou rural,
residente no Estado de Mato Grosso, para que tenha amplo acesso ao Sistema Único de Saúde -
SUS, seja nas ações de prevenção, seja nas de atendimento e reabilitação.
Atualmente, a sua composição está definida na Resolução CES nº 015, de novembro de 2009. São
27 membros titulares e seus respectivos suplentes, sendo: 14 (quatorze) representantes das
Instituições de trabalhadores (as) do Estado de Mato Grosso: Sindicatos Estaduais, Centrais
Estaduais e Federações; 08 (oito) representantes de Instituições Públicas que faz interface no setor
de saúde, trabalho e meio ambiente; 03 (três) representantes de Classe Patronal; e 03 (três)
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CONHECIMENTO DO SISTEMA UNICO DE SAÚDE SUS,
ORGANIZAÇÃO E PRINCIPIOS DO SUS, CONTROLE SOCIAL DO SUS
Os Conselhos de Saúde são órgãos deliberativos que atuam como espaços participativos
estratégicos na reivindicação, formulação, controle e avaliação da execução das políticas públicas de
saúde. Já as Conferências de Saúde consistem em fóruns públicos que acontecem de quatro em
quatro anos, por meio de discussões realizadas em etapas locais, estaduais e nacional, com a
participação de segmentos sociais representativos do SUS (prestadores, gestores, trabalhadores e
usuários), para avaliar e propor diretrizes para a formulação da política de saúde.
Juntamente com a gestão destas instâncias e de outras redes de articulação em prol da garantia da
participação social, o desafio que se coloca é a criação de uma eficiente rede de informação e
comunicação ao cidadão sobre estes espaços de participação. E mais, do cidadão perceber-se como
ator fundamental na reivindicação pelo direito à saúde.
A participação social no SUS é um princípio doutrinário e está assegurado na Constituição e nas Leis
Orgânicas da Saúde (8.080/90 e 8.142/90).
O Controle Social no SUS é um dos principais instrumentos para promover a democratização da
saúde, propiciando a participação efetiva da sociedade na busca da garantia dos direitos
conquistados constitucionalmente.
Neste contexto, o SUS representa o resultado da política pública de proteção social, universalista e
equitativa, com ampla participação da sociedade na discussão, formulação, gestão e controle da
política pública de saúde, cujos princípios estão definidos na Constituição de 1988.
Promover a gestão participativa no SUS fortalece o incremento das demandas coletivas nas ações de
governo, propiciando espaços coletivos de formulação conjunta das políticas de saúde, criando
sustentação para os programas e políticas propostas, assegurando a inclusão de novos atores
políticos e possibilitando a escuta das necessidades por meio da interlocução com a comunidade,
movimentos sociais e entidades da sociedade, ampliando, desse modo, a esfera pública e conferindo
maior densidade ao processo de redemocratização da sociedade brasileira.
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CONHECIMENTO DO SISTEMA UNICO DE SAÚDE SUS,
ORGANIZAÇÃO E PRINCIPIOS DO SUS, CONTROLE SOCIAL DO SUS
processo, além de promover a equidade, também conduzirá a um espaço de inclusão e diálogo com
grupos populacionais socialmente excluídos.
Vamos falar de Controle Social? Tema constante em provas e que também deve ser pauta de rodas
de conversas entre profissionais de saúde e usuários do SUS.
A saúde tem sido referida como o bem mais precioso de uma nação, sendo responsabilidade de
todos – estado e sociedade. Nessa estrutura, de um lado está a emergência das necessidades da
população em relação à saúde e de outro a intervenção do estado, definindo estratégias de ações em
resposta a essas necessidades, destacando-se, nesse processo, o andamento dos fatos políticos e
econômicos, que ora levam a avanços, ora a retrocessos nas políticas de saúde em nosso país.
O Sistema Único de Saúde é um exemplo desse processo, tendo sido criado em 1988, com a atual
Carta Magna, que até os dias atuais não foi ainda implementado em sua magnitude. Contudo,
estabeleceu o controle social sobre as políticas de saúde, e que somente será possível efetivamente
com a organização popular.
O controle social pode ser entendido como a fiscalização direta da sociedade civil nos processos de
gestão da coisa pública, a apropriação pela sociedade organizada, dos meios e instrumentos de
planejamento, fiscalização e análise das ações e serviços de saúde (CORREIA, 2000).
O controle social traz a possibilidade de a sociedade civil interagir com o governo para estabelecer
prioridades e definir políticas de saúde que atendam às necessidades da população, tendo como
estratégia para sua viabilização os canais de participação institucional, tais como os conselhos de
saúde e as conferências de saúde
A Lei n. 8.142/1990, resultado da luta pela democratização dos serviços de saúde, representa uma
vitória significativa. A partir deste marco legal, foram criados os Conselhos e as Conferências de
Saúde como espaços vitais para o exercício do controle social do Sistema Único de Saúde (SUS).
Quando conquistamos esses espaços de atuação da sociedade na lei, começou a luta para garanti-
los na prática. Os Conselhos de Saúde foram constituídos para formular, fiscalizar e deliberar sobre
as políticas de saúde. Deliberar acerca das políticas de saúde é uma grande conquista da sociedade.
Garantir a implementação das deliberações é uma disputa permanente em defesa do SUS. É por isso
que a promoção do conhecimento sobre a saúde no País e o papel dos Conselhos de Saúde
implicam no fortalecimento do SUS.
• O Controle Social é uma diretriz e princípio do SUS e sua regulamentação se dá através da Lei
Orgânica da Saúde – 8.142/90. De acordo com a lei em questão, o SUS tem duas instâncias
colegiadas: os conselhos de saúde – em caráter permanente, e as Conferências de Saúde – que, de
forma ordinária, devem acontecer a cada 4 anos em todas as esferas de governo. (SOUZA,2016).
Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde – SUS e sobre as
transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde, e dá outras
providências.
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CONHECIMENTO DO SISTEMA UNICO DE SAÚDE SUS,
ORGANIZAÇÃO E PRINCIPIOS DO SUS, CONTROLE SOCIAL DO SUS
O controle social é uma diretriz e princípio do SUS. É o mecanismo de participação da comunidade nas ações de
saúde em todas as esferas de governo. De forma institucionalizada temos: os conselhos e as conferências de
saúde.
Art. 1º – O Sistema Único de Saúde – SUS de que trata a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990,
contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as
seguintesinstâncias colegiadas:
I – A Conferência de Saúde, e
II – O Conselho de Saúde.
§ 1º – A Conferência de Saúde reunir-se-á cada 4 anos com a representação dos vários segmentos
sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde
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CONHECIMENTO DO SISTEMA UNICO DE SAÚDE SUS,
ORGANIZAÇÃO E PRINCIPIOS DO SUS, CONTROLE SOCIAL DO SUS
nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por este ou
pelo Conselho de Saúde.
Importantíssimo sabermos que nós, cidadãos, temos papel relevante na construção das decisões e
no acompanhamento das atividades da administração pública. Isso é democracia. Isso é controle
social. Está previsto na Constituição Federal que todos temos direito à informação, em outras
palavras, os gestores devem prestar contas do que fazem. Isso dá direto ao cidadão de escolher de
quatro em quatro anos em quem vai votar, e também de acompanhar de perto o seu desempenho
durante o mandato.
Quanto mais informado o cidadão, melhores condições este tem de avaliar e apontar falhas nos
processos decisórios dos seus representantes, diminuindo assim a corrupção e os escândalos e
garantindo a lisura e eficiência do sistema. Os conselhos de saúde e os sindicatos são exemplos de
controle social, assim como o Ministério Público, o Poder Legislativo e o Tribunal de Contas.
E é justamente pensando sobre esse aspecto que questionamos a estadualização com posterior
entrega de comando para as OS (Organizações Sociais) dos prontos-socorros dos municípios de
Cuiabá e Várzea Grande. A tomada de decisão foi unilateral, a população não foi consultada, mas
nem por isso vai se tornar passiva. Formou-se um Comite em Defesa do SUS (Sistema Único de
Saúde), que congrega várias entidades, e que em um ato de protesto abraçará o pronto-socorro
municipal de Cuiabá, no dia 9 de novembro, às 9h. Ato este que é um retrato da democracia
participativa. É como disse Palma Filho: “Só as práticas sociais levam à verdadeira cidadania".
Uma das grandes interrogações que paira a mente dos envolvidos no processo é: já que o repasse
de verbas para as OSs é de três vezes o valor da tabela do SUS, porque o município, com o auxílio
do Estado, não assume a gerência e proporciona ao usuário uma saúde de qualidade ao usuário?
Esta é uma dúvida que com certeza gostaríamos de dirimir. Mas nem só de protestos vive a saúde
pública. No dia 28 de outubro comemoramos o Dia do Funcionário Público. Parabéns, principalmente
aos que se dedicam à carreira da saúde pública, e que, ao contrário do que reza o senso comum, há
muitos profissionais comprometidos, apaixonados e que exercem a sua profissão com competência e
orgulho, pensando que o ator principal e foco de todas as suas ações é o usuário.
E também manifesto o meu mais sincero sentimento de agradecimento ao CRO (Conselho Regional
de Odontologia), na pessoa do seu presidente e de sua diretoria, que proporcionaram aos nossos
pares, cirurgiões-dentistas, muitos aliás servidores estaduais e municipais, uma festa de
comemoração pelo 25 em outubro, dia do cirurgião-dentista, cujo presente maior é a cada vez mais
sólida união da classe. Unidos, informados, politizados, podemos contribuir para uma saúde pública
de mais qualidade.
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EPIDEMIA
Vários estudos comprovam a eficácia da atividade física para prevenir o aparecimento destas
doenças, entretanto, para tal devemos incluir a prática regular de atividade no cotidiano da
população.
Os princípios gerais para as recomendações da prática de atividade física para adultos e idosos são
semelhantes e devem ser baseadas nos princípios do treinamento para a elaboração de um
programa de treinamento, que são: prática de atividade física apropriada para o individuo
(modalidade), intensidade, freqüência, duração e progressão da atividade física levando sempre em
consideração o aspecto individual de cada indivíduo.
O aumento do numero de morte por doenças crônicas degenerativas não transmissíveis (DCNT) no
Brasil é observada ao mesmo tempo em que se observa um aumento no índice de obesidade e
sedentarismo entre adultos, fato decorrente do processo de modernização e industrialização da
sociedade. Esse quadro se agrava por maus hábitos de vida (consumo excessivo de calorias diárias,
inatividade física, estresse..) para o desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas
principalmente hipertensão arterial, doenças metabólicas como diabetes mellitus tipo 2 e outras
(PITANGA, 2004). O aumento acentuado da mortalidade causada por DCNT é preocupante, assim, é
importante buscar estratégias para diminuí-los ou minimizá-los, e uma boa aptidão física está
relacionada com menores índices de doenças (CARVALHO et al, 1996; PATE et al, 1995;
THOMPSON et al, 2007).
Portanto torna-se preponderante analisar e sintetizar a relação entre atividade física e saúde, e a
atividade física como meio de promover a saúde e prevenir doenças para determinarmos parâmetros
para a prática saudável da atividade física, assim usaremos a literatura científica como balizador
desta análise. Tendo em vista o aumento do índice de obesidade, inatividade física e hábitos de vida
que podem acarretar o desenvolvimento destas doenças e danos à saúde, este estudo visa analisar e
sintetizar em aspectos gerais de artigos científicos publicados a respeito das relações entre: a)
atividade física e saúde; b) atividade física e o desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas;
c) correlação da atividade física com o processo de envelhecimento; d) recomendações para a prática
de atividade física voltada à saúde em adultos e idosos com o intuito de estabelecer parâmetros
gerais para um programa de treinamento voltado para a promoção e manutenção da saúde.
Segundo a comissão de doenças crônicas de Cambridge, doenças crônicas são todos os desvios do
normal que apresentem uma ou mais destas características: permanência, presença de incapacidade
residual, mudança patológica não reversível nos sistemas, necessidade de treinamento especial para
reabilitação, longo período de supervisão, cuidados e observação (MARTINS et al, 1996). O aumento
alarmante da ocorrência de doenças crônica degenerativas não transmissíveis (DCNT) é preocupante
no campo da epidemiologia. As doenças cardiovasculares são a principais causas de morte no Brasil,
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EPIDEMIA
cerca de 30% das mortes (SANTOS FILHO, 2002). A cada ano, 2,8 milhões de pessoas morrem no
mundo por conseqüências da obesidade (WHO, 2011), sendo assim, os gastos energéticos de
indivíduos inativos estão em desequilíbrio com a ingesta acarretando obesidade e doenças
associadas.
No que diz respeito à prevenção dos fatores de risco modificáveis (tabagismo, alcoolismo,
obesidade) a atividade física como é um fator importante para promover e manter a saúde da
população e conseqüentemente prevenir estas doenças (CARVALHO et al, 1996; EATON & EATON,
2003; PATE et al, 1995; THOMPSON et al, 2007). A atividade física é uma solução de fácil
implantação e baixo custo, sendo um ótimo custo benefício para a população e cofres públicos
(WHO, 1995).
Dentre as doenças que podem ser evitadas por meio da atividade física citamos: doença
coronariana, hipertensão arterial, doença vascular periferia, obesidade, diabetes mellitus tipo 2,
alguns tipos de câncer (colón, mama, pulmão e próstata) ansiedade e depressão (CARVALHO et al,
1996; PATE et al, 1995; THOMPSON et al, 2007), Adicionalmente, a prática regular de atividade
física estar relacionada indiretamente com uma diminuição no consumo de álcool e tabaco, que são
fatores de risco para a incidência de DCNT (WHO, 1995). Quanto ao controle dos fatores de risco a
Sociedade de Câncer Americana, Associação de Diabetes Americana e Associação do Coração
Americana recomendam redução no hábito de fumar, o aumento no nível de atividade física e a
melhoria na qualidade da alimentação como fatores básicos para a promoção da saúde (EYRE et al,
2004)
São considerados idosos os indivíduos com mais de 65 anos, entretanto, segundo a World Health
Organization (WHO) esse ponto de corte foi diminuído em alguns anos em certos países em
desenvolvimento. Devido à quantidade de pessoas que atingem faixas etárias elevadas nessas
regiões e suas próprias características fisiológicas ligadas ao contexto social, econômico e cultural.
Naturalmente há um declínio habitual nos níveis de atividade física com o avançar da idade, o que
contribui negativamente para a capacidade funcional, dificultando a realização de tarefas diárias e a
manutenção de um estilo de vida saudável. O processo de envelhecimento é caracterizado pela
gradual diminuição das capacidades motoras, perda de força muscular, flexibilidade, velocidade e
decréscimo dos níveis de VO2 máximo, dificultando a realização das tarefas do cotidiano e
influenciando negativamente a qualidade de vida, fatores que são agravados pela inatividade física.
(MATSUDO, 2000).
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EPIDEMIA
com aspectos nutricionais, hormonais e nível de atividade física do indivíduo, quanto mais grave for a
perda, maior a probabilidade de quedas e fraturas (MITNITSKI, 2002); mudanças neuromusculares,
com perda de 10 a 20% na força muscular, um maior índice de fadiga muscular e uma diminuição na
habilidade para manter a força isométrica que tem por conseqüência uma diminuição na mobilidade e
na capacidade funcional (BEMBEN, 1996); mudanças cardiovasculares, ocorrendo diminuição da
freqüência cardíaca, volume sistólico, débito cardíaco, VO2 máximo, e aumento da pressão arterial e
no debito de (MATSUDO, 2000); alterações pulmonares, com a diminuição da freqüência e do volume
respiratório, menor mobilidade da parede torácica, aumento do espaço morto e uma menor
quantidade de alvéolos dificultando a troca gasosa (MAJ, 2002) e mudanças neurais, como uma
menor velocidade na condução de impulsos nervosos e uma diminuição no número e tamanho dos
neurônios (SHEPHARD, 1997). Ocorre também uma diminuição da coordenação motora, agilidade,
equilíbrio, flexibilidade e aumento da rigidez das articulações (OKUMA, 1998).
A partir das explanações supracitadas sobre a correlação entre atividade física e manutenção da
saúde e prevenção de doenças crônicas degenerativas, podemos abordar com mais convicção as
recomendações sobre a prática de atividade física para este fim. Para McArdle (2003) atividade física
é todo movimento realizado pelo sistema muscular esquelético resultando em gastos calóricos acima
dos observados em repouso. Torna-se preponderante informar que para o autor entende-se saúde
pelo conceito proposto pela WHO onde o conceito é definido por “completo bem estar físico, mental e
social e não apenas a ausência de doença ou invalidez” (WHO,1995) e como já citado neste estudo,
a atividade física atende uma parcela destas pretensões (EATON & EATON, 2003) (HELENA et al,
2007) (ANDRADE et al, 2008).
McArdle (2003) propõe que os componentes da atividade física relacionado com a saúde são
basicamente a flexibilidade, capacidade aeróbica e força. Para o treinamento da capacidade
cardiorrespiratória usam-se principalmente exercícios aeróbios cíclicos dinâmicos que recrutem
grandes grupos musculares como, por exemplo, caminhar, pedalar.. As recomendações do American
College Science Medicine (ACSM) preconiza uma freqüência de 3 a 5 vezes na semana com sessões
com durações de 20 a 60 minutos de atividade aeróbica em uma intensidade de 60 a 90% da FCmax
ou 50 a 85% do consumo máximo de oxigênio (VO2max). Doses menores podem melhorar o
VO2max e controlar ou manter a composição corporal de forma mais lenta, entretanto, níveis
menores dos que os recomendado podem reduzir o risco do desenvolvimento de algumas doenças e
mas ser insuficiente para aumentar o VO2max (LAPORTE et al, 1984).
Devido aos problemas de aderências a prática de atividade física e pela aptidão cardiorrespiratória
ser satisfatoriamente atingida em programas com durações mais longas, recomenda-se atividades de
leve a moderada com maior duração para adultos não atletas, pois exercícios de alta intensidade
estão relacionados a um maior risco cardiovascular (SISCOVICK, 1984), maior risco de lesões
ortopédicas e uma maior taxa de deserção do que em programas de exercícios enfatizam intensidade
leve a moderada (POLLOCK, 1988). Exercícios de força com intensidade moderada também são
indicados para fazer parte do programa de atividade física de um adulto, recomenda-se uma serie de
8 a 12 repetições que incluem os principais grupos musculares pelo menos duas vezes por semana
com intervalo de 48 horas entre as sessões são o mínimo recomendado pela ACSM (1998). Treino de
força é indicado para desenvolver e manter massa muscular magra e promover nível satisfatório de
força muscular recomenda-se também que seja incluído no programa de treinamento um
aquecimento completo e exercícios de flexibilidade. Sendo assim os programas individuais voltados
para a saúde devem atender as três capacidades acima mencionadas: capacidade
cardiorrespiratória, força e flexibilidade respeitando a individualidade de cada um. A adequação da
modalidade, intensidade, duração, freqüência e progressão são fundamentos essenciais na
elaboração de um programa de atividades física individualizado independentemente da idade (ACSM,
1998).
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EPIDEMIA
Deve-se sempre realizar uma avaliação da aptidão física/funcional dos idosos no qual podemos
destacar as avaliações propostas pela Physical Education, Recreation and Dance16; Groningen
Fitness Test for the Eldery; Functional Fitness Assessment for Older Adults; Functional Fitness
Assessment for adults over 60 years, a capacidade funcional verificada nestes testes será medida
pelos principais componentes da aptidão física, tais como: a função cardiorrespiratória, força,
flexibilidade, agilidade, equilíbrio e coordenação, pois estes componentes são necessários para a
realização de tarefas do cotidiano.
A ACMS (2000) propõe exercício aeróbio que durem de 20 a 60 minutos a 50-70% da freqüência
cardíaca de reserva para esta faixa etária, sendo que a variação para iniciantes possa ser realizada
em várias sessões de 10 minutos ao longo do dia. Essa mesmo recomendação propõe que a
intensidade seja quantificada utilizando a freqüência cardíaca de reserva ao invés da freqüência
cardíaca máxima ou em caso do uso de betabloqueadores, recomenda-se o monitoramento da
intensidade por meio da escala de Borg proposto por Gunnar Borg (1986), onde há uma escala de
percepção subjetiva do esforço que varia de 6 a 20, recomenda-se neste caso, utilizar a faixa de
intensidade 12-13, pois os pacientes que tomam betabloqueadores podem ter valores de freqüência
cardíaca significativamente mais baixos, o que pode impossibilitar o monitoramento da intensidade
pela freqüência cardíaca máxima ou de reserva. (MATSUDO, 1992).
Para o treinamento de força, recomenda-se uma freqüência de duas vezes semanais com um
mínimo de 48 horas entre as sessões com 8-10 exercícios cada, deve-se escolher os grandes grupos
musculares, que são os mais recrutados nas atividades físicas do cotidiano como: glúteo, peitoral,
quadríceps, grande dorsal, deltóides e abdominais. Em relação à intensidade, o treinamento de força
deve ser de leve a moderado, rítmico, com movimentos grande amplitude sem interromper a
respiração normal. Treinos contra resistência mais pesados podem acarretar em um significativo
aumento da pressão arterial e de acordo com o quadro clinico do individuo deve ser evitado, portanto
orienta-se a expiração durante a contração e inspirar enquanto volta o peso a posição normal
evitando assim a manobra de Vassalava (OKUMA, 2003). Os treinos de flexibilidade devem ser
realizados de 15-30 minutos com exercícios lentos e alongamento estático durante 10 a 30 segundos,
realizadas em uma freqüência mínima de 3 vezes por semana, ressalta-se que os alongamentos
devem ser confortáveis, sem causar dor ao individuo. Incluindo também na elaboração do plano para
prática de atividade física, exercícios que trabalhem o equilíbrio, a agilidade e o tempo de reação do
movimento nesta população. (OKUMA, 2003)
Considerações Finais
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EPIDEMIA
Para tal devem-se incluir a prática de atividade física no cotidiano das pessoas, previamente
planejadas de acordo com a capacidade física (verificada mediante avaliações e testes),
necessidades, preferências, entre outros aspectos que devem ser respeitados para garantir o máximo
de benefícios e reduzir ao mínimo os riscos.
Os princípios gerais para as recomendações da prática de atividade física para adultos e idosos são
semelhantes embora para indivíduos com mais idades deve-se programar uma evolução mais
gradual e devem ser baseadas nos fundamentos essenciais para a elaboração de um programa de
treinamento, que são: prática de atividade física apropriada para o individuo (modalidade),
intensidade, freqüência, duração e progressão da atividade física. Lembrando-se sempre de levar em
consideração os aspectos individuais (idade, aptidão física, gênero), clínicos (patologias,
medicamentos) e preferências a modalidades especificas. A prática de atividade física deve ser
regular, visto que a interrupção total do treinamento leva a significativas reduções nos níveis de
aptidão física enquanto uma diminuição da carga de treinamento mantendo a mesma intensidade
parece não apresentar reduções drásticas nestes indicadores. Portanto, torna-se de suma
importância o monitoramento de doenças e de seus fatores de risco e fornecimento de atenção a
saúde centrada em dietas saudáveis, atividade física, redução do tabagismo e do uso prejudicial do
álcool por meio de políticas públicas e ações coletivas. Tornam-se necessários mais estudos para
avaliar o conhecimento da população em geral a respeito da prática de atividade física como método
de controle e prevenção de doenças, pois são escassos dados quantitativos a este respeito.
Vigilância Das Doenças Crônicas E Ocupacionais: Como Passar Das Propostas Às Ações?
O texto foi produzido sob o tema - "os idosos de 2020 serão os trabalhadores dos anos 90", onde se
discute o papel da Epidemiologia como meio auxiliar na distribuição de cuidados que promovam os
principais objetivos das ciências aplicadas à saúde: - aliviar a dor e prolongar a vida. Tais objetivos
são encarados como metas submetidas aos critérios tradicionais de escolher prioridades para
atenção à saúde - a transcendência, vulnerabilidade e a magnitude dos danos impostos pelos
agravos ocupacionais e não ocupacionais do tipo crônico-degenerativo. A população idosa é
especialmente considerada pelo acúmulo de condições desvantajosas em cenário onde os que estão
em idade produtiva já não contam com proteção. Para obter-se a eqüidade no direito à saúde são
enfatizadas a formação continuada de recursos humanos e a incorporação tecnológica de recursos
gerenciais como meios para superar os modelos de desenvolvimento social baseados na exclusão da
maioria para a valorização do consumo e maximização do lucro.
No painel realizado pela Associação Paulista de Saúde Pública foram chamados dois especialistas
para expor seus pontos de vista sobre a contribuição esperada a partir da epidemiologia para o
controle dos agravos ocupacionais e crônicos e degenerativos. O conhecimento prévio do tema e da
disposição dos painelistas serviu para desenvolver a temática aqui abordada, com a finalidade de
1
estimular o debate realizado com os participantes do encontro.
Em relação aos idosos, o sistema médico-hospitalar consegue mais a realização do lucro que paga
os equipamentos e a tecnologia do que a difusão da assistência através de um sistema sanitário
amplamente acessível à população carente.
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EPIDEMIA
A inexistência virtual de apoio não hospitalar para a chamada terceira idade (mais de 70 anos), cria
em relação aos idosos a obrigação de permanecer sem ajuda, até que a gravidade de seus
(3)
problemas os tenha levado para um atendimento terminal e sem resolutividade .
Outro fator, que liga as duas temáticas do painel, é a exclusão de pessoas que cuidam dos idosos do
mercado de trabalho formal e mesmo da atividade econômica. Estima-se que para cada idoso doente
sem autonomia seja excluída pelo menos uma pessoa que deve acompanhá-lo em sua dependência
(9)
para cuidados básicos de sobrevivência .
Os que afortunadamente estão incluídos no mercado de trabalho em idade produtiva, são clientes
potenciais de um sistema de saúde onde a epidemiologia não está aplicada com seu potencial
analítico. Também para estes a lógica presentemente aplicada é a da exclusão: tanto a exclusão do
consumo quanto dos direitos de proteção específica e promoção da saúde.
Com a contribuição dos painelistas, e com dados epidemiológicos disponíveis, pôde-se afirmar que
na perspectiva atual, os trabalhadores desassistidos da década de 90 serão os idosos da década de
2020.
A vulnerabilidade dos problemas de saúde enfrentados por trabalhadores e idosos está vinculada ao
manejo eficiente da tecnologia disponível. A epidemiologia assume aí papel destacado na avaliação
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EPIDEMIA
- Retirar o mercado dos serviços privados de saúde do controle do sistema público e das políticas de
saúde coletiva, impedindo a organização de sistemas de informação epidemiológica unificados e
abrangentes;
A característica mais perversa deste sistema baseado na exclusão é que as vítimas passam para o
limbo, deixando de existir, na medida em que ao serem portadoras de um agravo ou deficiência não
há mais meios epidemiológicos de reconstruir sua trajetória individual através do sistema de
(4)
informações .
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EPIDEMIA
As qualidades necessárias para implementar políticas públicas de saúde com qualidades técnicas
baseadas no emprego da epidemiologia dependem da qualificação da mão-de-obra atuante na
assistência médico-sanitária.
O objetivo principal seria utilizar dados visando melhorar a qualidade de vida, promover e proteger a
saúde, com base na análise dos dados sobre os que já contraíram os problemas e no conhecimento
correto dos denominadores representando as populações sob risco.
Algumas medidas práticas foram apontadas, como: a reafirmação das políticas públicas específicas
(1,11,10)
para trabalhadores em idade produtiva e idosos a obrigatoriedade de emitir Comunicações de
Acidentes do Trabalho inclusive para os trabalhadores do mercado informal; a definição de critérios
(1)
diagnósticos para os "casos" de doenças ocupacionais e degenerativas específicas e a redefinição
epidemiológica dos limites de tolerância biológica e ambientais.
Por sua elevada morbimortalidade, por sua repercussão na qualidade de vida e pelo seu impacto na
economia global, as doenças cardiovasculares (DCV) são importante problema de saúde pública. O
declínio da mortalidade em algumas regiões não se acompanha do declínio da morbidade que, ao
contrário, está em crescimento em praticamente todos os países, particularmente nos
subdesenvolvidos. Existem grandes desigualdades da morbimortalidade cardiovascular e por outras
doenças, associada às enormes desigualdades sociais, seja no Brasil, seja em países desenvolvidos.
1
No Brasil, as DCV foram responsáveis por mais de 260.000 mil mortes no ano de 2.000 .
O ônus econômico das DCV é uma crescente preocupação devido ao alto custo para a sociedade,
para as famílias e para os indivíduos, quando o capital social e humano é atingido por longos
períodos de deficiência, mortalidade prematura, assistência e métodos diagnósticos caros.
A força de trabalho da maioria dos países é afetada por estas doenças, apesar de alguns de seus
principais fatores de risco conhecidos serem evitáveis. As DCV de maior importância na saúde
pública são as doenças cerebrovasculares (acidente vascular cerebral) e as doenças isquêmicas do
coração, por serem as mais freqüentes em termos de mortalidade, incapacitação permanente e
temporária e de alto custo para o sistema de saúde. Essas doenças compartilham vários fatores de
risco inter-relacionados; entre eles, os mais conhecidos e objetos de programas verticais ou isolados
de controle são: hipertensão arterial, hipercolesterolemia, obesidade, tolerância reduzida à glicose e
diabetes, que tanto podem ser considerados como “doença” quanto como “fator de risco” para DCV.
Acrescente-se a estes, aspectos considerados “comportamentais” como inatividade física, tabagismo,
3
alcoolismo e consumo de alimentos ricos em gordura animal .
No entanto, estes fatores de risco “biomédicos” e de “estilo de vida”, embora sejam prevalentes nas
4
populações ocidentais, explicam apenas uma pequena proporção da variância das DCV . Além disto,
a redução progressiva da mortalidade por DCV observada a partir da década de 1960 nos países
desenvolvidos e da década de 1970 no Brasil, conforme mostrado no artigo de Oliveira et al nesta
edição da Revista da SOCERJ, não pode ser explicada pelo controle destes fatores de risco
conhecidos, já que este controle não ocorreu nas décadas precedentes ao declínio observado. Por
estes motivos, é necessário buscar outras associações causais para explicar a alta prevalência e a
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EPIDEMIA
mortalidade precoce, bem como repensar o modelo adotado no controle destas doenças, de forma a
torná-lo mais eficiente que o atual.
Acumulam-se claras evidências que as desigualdades sociais (Quadro 1) são fatores determinantes
dessas doenças e que sem reduzi-las, as estratégias de controle das DCV baseadas apenas nos
aspectos de “estilos de vida”, que colocam a grande responsabilidade para o controle dos fatores de
risco apenas no paciente, terão pouca influência na morbimortalidade.
Estas doenças atingem várias faixas etárias, sendo importante não apenas para os idosos; atingem
também ambos os sexos, e não apenas o sexo masculino. Por exemplo, a prevalência de hipertensão
arterial varia de 14% a 40% entre as pessoas de 35 a 64 anos de idade, mas metade, ou mais da
metade desses indivíduos não estão conscientes da sua condição. Em média, menos de 30% dos
hipertensos ou por vezes 10% ou menos, têm sua pressão sangüínea controlada. Entre as pessoas
de 35 a 64 anos, a prevalência de diabetes é de 9% a 18% ; destes, quando diagnosticados, quase
5
60% já têm pelo menos uma complicação microvascular
Nenhum estudo abrangente foi publicado sobre o custo das DCV na América Latina. Nos Estados
Unidos, é de cerca de 2% do produto interno bruto, estimando-se estes custos anuais em cerca de
300 bilhões de dólares. Um estudo no Canadá constatou que 21% de todos os custos com doenças
crônicas não-transmissíveis são atribuídos às doenças cardiovasculares, num total de US$ 12 bilhões
anuais. Esses custos incluem tratamento, consultas e custos indiretos, como a perda de renda devido
à deficiência e à morte. A doença cardiovascular também foi considerada responsável pela maior
proporção (32%) de perda de renda devido à morte prematura .
Devido ao ônus que as DCV impõem sobre os países em desenvolvimento, o problema não pode ser
analisado somente em termos do setor saúde. Soluções unidimensionais, lidando com fatores de
risco ou doenças independentemente, têm um alcance muito limitado. Há outros elementos
subjacentes comuns a várias doenças e fatores de risco, o que requer uma perspectiva sistêmica
abrangente que examine os processos múltiplos e a complexa interação indivíduo-sociedade-meio
ambiente, onde se deve enquadrar a promoção de saúde e também a prevenção e o controle das
DCV.
A redução progressiva da mortalidade pelas DCV, conforme apontado anteriormente, não pode ser
explicada pelos fatores de risco conhecidos, visto que tanto a elevação, mas principalmente a
redução da mortalidade, não foram precedidas por mudanças no mesmo sentido da incidência, da
prevalência ou do controle destes fatores, seja nos países desenvolvidos, seja nos países em
desenvolvimento. Portanto, torna-se de importância fundamental que se levantem novas hipóteses ou
sejam analisados novos dados que possam melhor explicar as mudanças ocorridas. Entre estes
fatores, dois deles, que de certa forma estão interligados, nos parecem fundamentais: o nível
socioeconômico da população, já comentado anteriormente, e a ocorrência de doenças infecciosas.
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EPIDEMIA
significativamente mais elevadas para DCV, câncer, diabetes e doenças respiratórias do que os
6
indivíduos de maior renda .
Em face deste cenário, para obter mudanças bem-sucedidas, efetivas e que tenham o potencial de
alcançar todos os setores da população é necessário que se desenvolvam estratégias em múltiplos
níveis, de forma a provocar uma mudança geral do sistema.
Três níveis de ação podem ser identificados: (a) políticas e regulamentos sobre macrodeterminantes;
(b) ações baseadas na comunidade e nas famílias para promover a participação da população e
afetar à demanda; e (c) modificações centradas no serviço de saúde para atender às necessidades
2
daqueles com uma determinada condição .
Não será discutido o nível de ação política, por entendermos que sua importância e complexidade
devem constituir um capítulo especial. Nenhum dos outros níveis de atuação (seja junto à
comunidade ou ao sistema de saúde) é capaz de mudar o perfil de mortalidade de uma nação.
Apenas para que se entenda a abrangência da ação política, crucial e indispensável para a melhoria
das condições de saúde de qualquer população, o exemplo do Canadá torna-se relevante de
mencionar: para os governantes canadenses está claro que é necessário remover o paradigma de
que as DCV estão relacionadas somente ao estilo de vida e/ou tratamento médico adequado. A
desigualdade de renda e as condições socioeconómicas tornaram-se alvos a serem combatidos
através da política de saúde do Canadá. Foi criado um item com recomendações para a redução da
pobreza, da baixa renda e da exclusão social, com o intuito de restaurar a rede de segurança social
13
daquele país .
Serão discutidos, a seguir, os níveis de ação cujos objetivos são: melhorar o nível socioeconómico da
população e de educação em saúde, enfatizando a promoção e a prevenção; adequar as condições
do ambiente físico, do espaço sociocultural e do local de trabalho e atender aos grupos de risco.
Geralmente, as DCV não apresentam possibilidade de cura. O controle de suas manifestações requer
décadas de tratamento e de acompanhamento apoiados muitas vezes em tecnologias sofisticadas e
de alto custo. Por outro lado, a necessidade de atender ao doente crônico gera pressões políticas e
econômicas que não existem em relação à prevenção. Assim, a quase totalidade dos recursos é
destinada ao controle de doentes que, de um modo geral, por não se curarem, beneficiam-se pouco
destas medidas, comparando-se aos benefícios da prevenção e da promoção de saúde. Um bom
programa de prevenção, como comprovado em vários países, tem custo inferior ao de dois leitos/ano
7,8
em unidade coronariana . Pode-se argumentar ainda que, se o foco for apenas o “controle” dos
pacientes com fatores de risco presentes, nunca será resolvido o problema, pois sempre existirão
novos pacientes a serem “controlados”. O fato de ter sido mostrado ao mundo que existe uma
população, os índios Yanomami, que não apresentam hipertensão arterial, ou obesidade ou
9
hipercolesterolemia , sem o uso de qualquer medicamento, indica que deve ser possível alcançar
este objetivo, ou seja, ter uma população que não apresente os fatores de risco cardiovascular
“clássicos”.
É fundamental que toda a equipe de saúde disponha das informações e dos recursos necessários
para levar adiante um programa completo de prevenção, iniciando-se nas unidades de saúde. O
treinamento das equipes de saúde deve considerar a mudança de fatores comportamentais, incluindo
as condições ambientais e organizacionais do trabalho, mas também e, principalmente, as condições
de vida da população.
Envolver A Comunidade
Trabalhar com as organizações da comunidade, tendo por fim obter a participação dos principais
interessados, desde a realização do diagnóstico da situação até a formulação e a execução do plano
de intervenção, é o compromisso que pode garantir os melhores resultados e a continuidade da
proposta. Os conselhos de saúde, as associações de bairro, as associações esportivas, empresariais,
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EPIDEMIA
Além da promoção de atividades educativas e de outros eventos que estimulem novos hábitos e
comportamentos, a comunidade, através de suas organizações, pode viabilizar as condições que dão
10
suporte às mudanças .
Esta integração contribui para o processo de desenvolvimento social, na medida em que as propostas
devem abranger a melhoria dos atuais indicadores socioeconômicos e ambientais da população. São
inúmeras as experiências municipais em alfabetização de adultos, em programas de capacitação e de
auto-emprego, em habitação, saneamento básico e urbanização, e ainda em projetos culturais e
11,12
esportivos para crianças e para adolescentes .
Dois exemplos de programas que foram bem -sucedidos na construção de coalizões para a
prevenção das DCV são o “Agita São Paulo” – que promove atividade física, mas que ainda está
muito voltado para a promoção de eventos e não para criar condições que permitam a manutenção
de atividades contínuas para a população – e o “Programa de Saúde do Coração” da Nova Escócia
12
no Canadá . Ambos os programas envolveram vários parceiros e atualmente estão expandindo
suas atividades.
Grupos de mulheres podem ser efetivos dentro das comunidades para promover a mudança de
comportamento, porque tomam decisões em relação a alimentos e nutrição, assim como outras
13
atividades da família. Na Karélia do Norte, Finlândia , um projeto teve sucesso considerável por
causa da participação da “Martas”, uma organização de mulheres que desenvolveu produtos de baixa
caloria e apoiou atividades comunitárias. Grupos de apoio locais são, muitas vezes, o ponto de
partida para incluir outros parceiros na arena da saúde pública.
Na educação alicerçam-se as bases para a prevenção das doenças: desde o acesso e a apropriação
da informação, à conscientização quanto aos determinantes de saúde, até as ações práticas para a
aquisição de hábitos saudáveis e até mesmo para a progressão socioeconômica.
A inclusão desses temas nas universidades, especialmente nas áreas da saúde e educação, é fator
primordial para a sua incorporação entre os escolares. Não pode ser esquecida a rede informal de
educação infantil, de ampla penetração em todos os segmentos sociais, através de atividades
15
esportivas como futebol, capoeira, artes, dança, entre outras .
Em relação ao trabalho, visando atingir o aumento da produtividade e de lucros, quase sempre são
utilizadas táticas que aumentam a demanda, reduzem o emprego, criam sistemas de promoção e
recompensas que estimulam a competitividade, geram mais estresse e aumentam o consumo de
álcool e outras drogas, resultando em mais doenças. A atual tendência do mercado e das políticas
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EPIDEMIA
sociais, por outro lado, tem aumentado as desvantagens para os trabalhadores na superação destas
condições.
Há que se olhar a Medicina do Trabalho como uma especialidade que fundamentalmente estuda a
saúde do homem em seu ambiente laboral, mas que não pode e não deve, em seu pleno exercício,
excluir os demais determinantes da saúde e seus diferentes ambientes.
A análise do custo-benefício deste tipo de intervenção evidencia ganhos de três dólares para cada
dólar gasto em promoção da saúde e em prevenção de doenças, através do aumento da
produtividade, da queda do absenteísmo e da redução de gastos com assistência médica. Os
projetos de melhores resultados contaram com a participação do trabalhador no planejamento e na
16
execução dos mesmos .
O desempenho de uma empresa não está ligado apenas ao mercado, ao produto, à organização ou à
competência individual. O grande fator de sucesso é o comportamento das pessoas. O novo modelo
empresarial do século XXI está baseado em indivíduos saudáveis, dentro de organizações saudáveis,
que respeitam e contribuem para uma comunidade e meio ambiente saudáveis.
Os conceitos atualmente são bastante dinâmicos, e saúde corporativa significa o somatório das áreas
assistencial, ocupacional, preventiva e de promoção da saúde. A empresa, além de tratar as
doenças, deve promover a saúde de seus funcionários.
É possível alcançar esse objetivo por meio da implantação de Programas de Promoção de Saúde.
Um exemplo de programa bem-sucedido é desenvolvido no Centro de Pesquisas da Petrobrás
(CENPES), onde através de ações abrangentes e horizontais, sobre os fatores de risco conhecidos,
foi possível reduzir o número de tabagistas para 9,6% (Figura 1), reduzir, ainda que discretamente, o
número de sedentários (Figura 2), aumentar em 60% o consumo de frutas e verduras no restaurante
local, reduzir o consumo de maionese em 50%, entre outros resultados. Através da inauguração, em
outubro de 2002, do Espaço Bem-Estar, academia construída no Clube dos Empregados, localizado
próximo ao CENPES, será possível diminuir de forma significativa o número de sedentários,
controlando de maneira mais efetiva os demais fatores de risco.
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EPIDEMIA
Ressalte-se, no entanto, que esta população compreende um elevado número de pessoas com alto
nível de escolaridade e que estão empregadas. Portanto, suas necessidades básicas de vida:
alimentação, moradia com saneamento básico, transporte para o local de trabalho e até atividades de
lazer, estão garantidas. Isto enfatiza mais uma vez que, para o controle adequado dos fatores de
risco cardiovascular, é preciso em uma primeira etapa garantir que as mudanças de comportamento
almejadas possam ocorrer depois das melhorias das condições de vida.
Todas as ações anteriores precisam do apoio de um sistema bem estabelecido de vigilância, voltado
para as DCV e seus fatores de risco. Não é necessário que esses sistemas sejam nacionais. Os
sistemas locais podem ser mais úteis, mas requerem coleta e análise contínua ou periódica dos
dados para examinar tendências, monitorar atividades e avaliar sua pertinência. Alguns países
realizaram grandes pesquisas para conhecer a distribuição dos fatores de risco e das doenças
crônicas não-transmissíveis. Embora sejam muito úteis, há algumas desvantagens a respeito das
informações defasadas, e não servem para propósitos de monitoração. Grandes levantamentos não
2
podem responder às necessidades de informação da comunidade local .
Garantir a obtenção dos dados de diagnóstico, realizar a sua análise e a disseminação dos seus
resultados é essencial para a adesão da população, o planejamento da intervenção, a sensibilização
dos provedores de recursos, públicos ou privados, assim como para a avaliação do impacto das
ações desenvolvidas e para a reorientação dos programas.
São, assim, pontos importantes desta estratégia: envolver as organizações em geral na elaboração
do diagnóstico epidemiológico; monitorar os riscos ambientais e individuais, bem como os agravos;
desenvolver indicadores socioeconômicos gerais ou específicos para a comunidade e acompanhar a
evolução dos mesmos, avaliando a eficácia de programas e de campanhas especiais; buscar apoio
da universidade e da rede de ensino para estas atividades.
A co-morbidade, um problema importante para as DCV, muitas vezes é negligenciada. A maioria das
doenças crônicas não-transmissíveis partilha algumas das mesmas estratégias para a prevenção e
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EPIDEMIA
Convivendo com inúmeras e graves situações de presença de doenças, a população tende a lutar por
práticas curativas, especialmente por serviços de urgência e emergência, e não por práticas
preventivas. As políticas de saúde, em geral, reforçam essa tendência. São, quando muito,
insuficientes os recursos humanos e financeiros para a prevenção das DCV no Sistema Único de
Saúde (SUS). Por outro lado, a maioria dos profissionais de saúde sente-se despreparada para o
trabalho de prevenção após a formação básica.
O modelo atual de cuidados agudos de saúde não se mostrou efetivo para lidar com a prevenção e o
controle das doenças crônicas. A prevenção e o controle das DCV requerem um contato de longo
prazo com serviços de assistência de saúde primária e boa qualidade de assistência. Deve-se atribuir
mais ênfase à busca ativa, implementar medidas que reduzam a incidência dos fatores de risco,
diagnosticar precocemente os fatores de risco e adotar intervenções adequadas, possibilitar que os
pacientes tomem decisões bem informadas, formar equipes pró-ativas de assistência de saúde,
individualizar o atendimento, de forma a torná-lo sensível às necessidades reais da população . É o
sistema que faz a diferença e não as intervenções parciais.
Entre os primeiros e mais integrados programas de prevenção das DCV e de promoção da saúde
destaca-se o desenvolvido na Finlândia a partir dos anos 70, na região de Karélia do Norte. Nestas
três décadas de existência, tem servido de centro de referência da Organização Mundial de Saúde,
abrangendo educação, meio ambiente, áreas de produção e de industrialização de alimentos, além
da promoção da saúde e da prevenção e do controle das DCV, motivando inúmeros outros
5
programas em vários países . Durante os anos 80, vários outros projetos tiveram início e seus
resultados já estão publicados. Destacam-se os direcionados ao controle de fatores de risco
comportamentais, com bons resultados no Canadá, Estados Unidos, Japão e países europeus e os
programas em desenvolvimento nos países escandinavos, Holanda, França e Alemanha, voltados
16,17
para o controle dos estressores no trabalho . Os resultados positivos demonstram a validade de
implementação de ações desta natureza no controle destes agravos.
Conclusão
Assim, o enfoque destas estratégias não pode se limitar a modificações de estilos de vida ou medidas
de caráter individual, mas utilizar estratégias coletivas, que permitam modificações ambientais e
sociais mais amplas para que sejam mais eficazes. O seu sucesso envolve, portanto, a superação de
algumas barreiras importantes, entre elas, a desinformação, a resistência à mudança, a exclusão
social, os conflitos de interesses e a distância entre o conhecimento científico e a sua aplicabilidade.
Na definição das metas de um programa desta natureza é importante estar claro o limite da área da
saúde, o que cabe a este setor e quais são os seus agentes principais. Identificados os problemas
dependentes de outros setores, o papel dos profissionais de saúde é o de subsidiar a adoção de
medidas pelos responsáveis por estes setores, bem como levar a informação aos principais
interessados, ou seja, a população através de suas organizações. Por fim, garantir que as ações
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EPIDEMIA
próprias do setor saúde sejam concretizadas é o caminho para se obter não somente a redução das
DCV, mas melhores condições de saúde para a população em geral.
O PRIMINENT, cuja concepção teórica e planejamento foram iniciados há dois anos, representa uma
mudança de paradigma no controle das DCV. Retira a ênfase no controle dos “estilos de vida”
(responsabilidade do paciente) a qual tem por base intervenções isoladas sobre cada fator de risco e
muda este enfoque, passando a atuar na complexa inter-relação ecossistema-sociedade-indivíduo.
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a doença que mais mata os brasileiros, sendo a principal
causa de incapacidade no mundo. Aproximadamente 70% das pessoas não retorna ao trabalho após
um AVC devido às seqüelas e 50% ficam dependentes de outras pessoas no dia a sai. Apesar de
atingir com mais frequência indivíduos acima de 60 anos, o AVC pode ocorrer em qualquer idade,
inclusive nas crianças. O AVC vem crescendo cada vez mais entre os jovens, ocorrendo em 10% de
pacientes com menos de 55 anos e a Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization)
prevê que uma a cada seis pessoas no mundo terá um AVC ao longo de sua vida.
O Que É O AVC?
Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode ser definido como o surgimento de um déficit neurológico
súbito causado por um problema nos vasos sanguíneos do sistema nervoso central. Classicamente o
AVC é dividido em 2 subtipos:
-AVC isquêmico: ocorre pela obstrução ou redução brusca do fluxo sanguíneo em uma artéria
cerebral causando falta de circulação no seu território vascular. Ele é responsável por 85% dos casos
de AVC.
-AVC hemorrágico: o acidente vascular cerebral hemorrágico é causado pela ruptura espontânea
(não traumática) de um vaso, com extravazamento de sangue para o interior do cérebro (hemorragia
intracerebral), para o sistema ventricular (hemorragia intraventricular) e/ou espaço subaracnóideo
(hemorragia subaracnóide).
Com a prevenção, podemos reduzir muito o risco de AVC. Mas se ele ocorrer, atualmente o AVC tem
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EPIDEMIA
Se você ou alguém que você conhece estiver com um destes sintomas – NÃO ESPERE
MELHORAR!!! CORRA!!! Cada segundo é importante.
LIGUE imediatamente para o número 192 (SAMU), ou para o serviço de ambulância de emergência
da sua cidade, para que possam enviar o atendimento a você.
Outro dado importante é observar / checar / anotar a hora em que os primeiros sintomas apareceram.
Se houver rapidez no atendimento do AVC, até 4,5 horas do início dos sintomas um medicamento
que dissolve o coágulo pode ser dado aos pacientes com AVC isquêmico, o tipo mais comum de
AVC, diminuindo a chance de sequelas.
Fator de risco é aquele que pode facilitar a ocorrência de AVC (derrame). O manejo adequado dos
fatores de risco diminui a probabilidade de uma pessoa ter um AVC, aumentando o tempo e a
qualidade de vida. Os principais fatores de risco para AVC são:
Idade E Sexo
Ainda que um AVC possa surgir em qualquer idade, inclusive entre crianças e recém-nascidos, a
chance dele ocorrer cresce à medida que avança a idade. Quanto mais velha uma pessoa, maior a
chance de ela ter um AVC.
Pessoas do sexo masculino e a raça negra exibem maior tendência ao desenvolvimento de AVC.
Quem já teve um AVC, ou uma “ameaça de derrame”, ou outra doença vascular como o infarto (no
coração) e a doença vascular obstrutiva periférica (estreitamento das artérias que alimentam as
pernas diminuindo o fluxo de sangue), tem maior probabilidade de ter um AVC.
Doenças Do Coração
Outros exemplos de doenças do coração que aumentam o risco de AVC: infarto, doença nas
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EPIDEMIA
Tabagismo
Já está amplamente difundido que fumar é prejudicial à saúde. O hábito de fumar é fortemente
relacionado com o risco para AVC. Mesmo o uso de pequeno número de cigarros (ou de cachimbo ou
de charuto) associa-se ao risco aumentado. As substâncias químicas presentes na fumaça do cigarro
passam dos pulmões para a corrente sanguínea e circulam pelo corpo, afetando todas as células e
provocando diversas alterações no sistema circulatório. O fumo deve ser evitado sempre! Os
benefícios de se parar de fumar são reais e estão presentes desde o dia em que você interrompe o
uso.
Hipertensão Arterial
Conhecida como “pressão alta”. O termo pressão arterial se refere à pressão nas artérias que levam o
sangue do coração para o resto do corpo. A pressão média de uma pessoa saudável é de 120/80
mmHg (“12 por 8”). Quando a pressão está elevada, ela acaba lesionando os vasos sanguíneos do
cérebro e pode causar um AVC. O tratamento da hipertensão arterial é muito importante, pois reduz
tanto o risco de AVC como de ataques do coração! Mesmo que uma pessoa tenha uma pressão só
um pouco elevada é preciso consultar um médico para começar o tratamento adequado.
Diabetes
A diabetes é causada por uma deficiência do hormônio chamado insulina ou por uma resistência a
ele. Esse hormônio é essencial no metabolismo da glicose (açúcar) no corpo. Por isso pessoas com
diabetes possuem um excesso de “açúcar no sangue”. O objetivo do tratamento da diabetes é manter
o nível de glicose no sangue o mais próximo do normal. Um bom controle da diabetes com dieta
adequada e medicamentos torna os problemas circulatórios menos comuns. Pessoas com diabetes
devem cuidar atentamente os níveis da pressão arterial.
Sedentarismo
A atividade física confere redução do risco de doença vascular. O sedentarismo leva ao aumento de
peso, predispondo à hipertensão, diabetes, níveis inadequados de colesterol no sangue, todos fatores
de risco para AVC já comentados. Começar uma atividade física regular, por exemplo caminhadas
três vezes por semana, traz benefícios à saúde.
A Dieta E O Colesterol
A obesidade deve ser controlada, principalmente por sua associação com a diabetes, inatividade
física, hipertensão arterial e dislipidemias. Para controlar adequadamente o peso e diminuir os riscos
de desenvolver um AVC consulte o seu médico e um nutricionista.
Álcool E Drogas
O uso de cocaína ou crack é capaz de gerar lesão arterial e picos hipertensivos, sendo associado ao
desenvolvimento de AVC.
Anticoncepcional
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EPIDEMIA
fumantes, ou com hipertensão arterial, ou com enxaqueca. É muito importante que você consulte o
seu médico para que ele avalie a sua condição clínica e oriente da melhor maneira possível. Não
tome nenhuma decisão sem antes consultar o seu médico.
A Campanha Mundial De Combate Ao Avc Iniciada Em 2010 Nos Próximos Dois Anos Tem O
Objetivo De Reduzir O Impacto Do Avc Agindo Em Seis Desafios Básicos:
1. Conheça os seus próprios fatores de risco: hipertensão arterial, diabetes e colesterol alto,
fibrilação atrial.
5. Evite o fumo do cigarro. Se você fuma, procure ajuda para parar agora.
Nos últimos cinquenta anos, o Brasil viveu um acelerado processo de mudanças sociais e
demográficas. De 1960 aos dias de hoje, a população brasileira deixou de ser predominantemente
rural para ter mais de 80% de seus habitantes vivendo nas áreas urbanas. A frequência de
analfabetismo caiu de 40% para 10%. O tamanho das famílias brasileiras também diminuiu e o
número médio de filhos de uma mulher reduziu de seis para menos de dois filhos.
Entre as doenças infecciosas associadas à pobreza ou a falta de infraestrutura urbana podemos citar
como importantes problemas de saúde pública as infecções respiratórias, as doenças diarréicas, a
hanseníase, a febre reumática, a dengue e a leptospirose, entre outras. A leptospirose se destaca
entre este grupo de doenças pelo paradigma que representa de uma doença que emergiu neste novo
cenário. A leptospirose é uma doença transmitida para os homens através do contato com a urina de
animais infectados ou através do contato com água e lama contaminados pela bactéria. No meio
urbano, o principal animal que serve de reservatório para a transmissão da leptospirose é o rato de
esgoto. Todos os anos, durante as estações mais chuvosas, epidemias de leptospirose acometem as
comunidades urbanas carentes onde a ausência de saneamento e drenagem adequados propiciam a
reprodução dos ratos e predispõem seus moradores a contato com águas contaminadas. Cerca de
12.000 casos são notificados a cada ano no País com um em cada dez doentes evoluindo para o
óbito.
Desde 1996, nosso grupo de pesquisa na Fiocruz de Salvador, em colaboração com associações de
moradores de comunidades onde a doença tem elevada incidência, bem como com parceiros da
Universidade Federal da Bahia, das Secretarias de Saúde de Salvador e da Bahia, do Ministério da
Saúde, e de outras instituições nacionais e internacionais vem investigando a epidemiologia e a
patogênese da leptospirose urbana, com o objetivo de determinar o impacto da doença e identificar
novas abordagens de prevenção e controle. Este trabalho conjunto tem trazido importantes
contribuições: Os estudos mostraram que as incidências de infecções subclínicas e de formas leves
da doença são cerca de cem e cinco vezes mais frequentes, respectivamente, do que o observado
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EPIDEMIA
para as formas graves da doença. Isso indica que o impacto da doença pode ser muito maior do que
previamente reconhecido. Foi identificado que a maioria das infecções no meio urbano é adquirida
próximo ao domicílio e não durante atividades de trabalho como anteriormente se pensava. Além
disso, avaliações da efetividade de estratégias de prevenção, incluindo desratização e programas de
saneamento e drenagem, estão em andamento e um teste rápido, capaz de dar o diagnóstico da
doença em apenas vinte minutos, foi desenvolvido e sua eficácia será testada durante o ano de 2011.
Um dos maiores desafios para a saúde pública no Brasil é lidar com a complexa epidemiologia de
doenças que emergiu no País. Se por um lado as doenças associadas ao envelhecimento são as que
predominam na população em geral, determinados grupos populacionais ainda continuam sob
elevado risco de adquirir doenças infecciosas. Pesquisas e políticas públicas com foco na prevenção,
controle e promoção da saúde vão precisar cada vez mais ser direcionadas para os agravos que se
tornaram mais prevalentes com a transição epidemiológica que o país vive, mas sem deixar de
contemplar os antigos problemas de saúde que teimam em persistir ou que reemergiram. A criação
pela Fundação Bunge de uma nova subárea temática, Saúde Pública e Medicina Preventiva, para
premiação no ano de 2010 é um importante reconhecimento da necessidade de continuarmos
avançando nesta área do conhecimento humano para o bem sociedade.
O Brasil, ao seguir a tendência mundial, tem passado por processos de transição demográfica,
epidemiológica e nutricional desde a década de 60, resultando em alterações nos padrões de
ocorrência de patologias, como um aumento significativo da prevalência das doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT). Visando responder a esse quadro desafiador, o Ministério da Saúde
organizou a vigilância de DCNT. O presente artigo realiza uma revisão e descrição das principais
ações na implantação do sistema nacional de vigilância e prevenção de DCNT. As principais ações
estratégicas colocadas em prática foram: organização de área específica na Secretaria de Vigilância
em Saúde do Ministério da Saúde, a Coordenação-Geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis
(DANT); indução de ações de vigilância de DANT em Secretarias de Estado e Municipais de Saúde;
definição de indicadores de monitoramento dessas ações na Programação Pactuada Integrada (PPI)
de vigilância em saúde; capacitação de recursos humanos; realização de inquérito para conhecer a
prevalência de fatores de risco em 15 capitais e no Distrito Federal em 2003, estabelecendo uma
linha de base para o monitoramento; definição de indicadores padronizados para monitoramento das
doenças e fatores de risco e proteção; advocacy junto a gestores de saúde com o propósito de
recomendar as ações para DANT como uma prioridade do Sistema Único de Saúde (SUS); apoio a
pesquisas para ampliar o conhecimento do problema e definir estratégias para sua condução; e
realização de seminário nacional para a pactuação da agenda de prioridades da área.
A partir das últimas quatro décadas do século passado, seguindo tendência mundial, têm-se
observado, no Brasil, processos de transição que produziram, e ainda produzem, importantes
mudanças no perfil das doenças ocorrentes na população. A chamada Transição Demográfica, um
desses processos, resultou em significativa diminuição das taxas de fecundidade e natalidade, no
aumento progressivo da expectativa de vida e da proporção de idosos em relação aos demais grupos
etários. A Transição Epidemiológica, um segundo processo verificado, redundou em novo perfil de
morbimortalidade, condicionado à diversidade regional quanto às características socioeconômicas e
1
de acesso aos serviços de saúde, um "modelo polarizado de transição." Tal modelo de transição
apresenta, para distintas regiões, o crescimento da morbimortalidade por DCNT e a ocorrência,
todavia alta, de doenças infecciosas. A Transição Epidemiológica, por sua vez, decorre da
urbanização acelerada, do acesso a serviços de saúde, dos meios de diagnóstico e das mudanças
culturais, expressivos nas últimas décadas, entre outros fatores. A Transição Nutricional, por fim,
advém do aumento progressivo de sobrepeso e obesidade em função das mudanças do padrão
alimentar e do sedentarismo da vida moderna.
As mudanças nos padrões de ocorrência das doenças têm imposto, constantemente, novos desafios,
não só para os gestores e tomadores de decisão do setor da Saúde como também para outros
setores governamentais, cujas ações repercutem na ocorrência dessas doenças. O desafio do
financiamento das ações é um deles. Doenças crônicas custam caro para o Sistema Único de Saúde
(SUS). Se não prevenidas e gerenciadas adequadamente, demandam uma assistência médica de
custos sempre crescentes, em razão da permanente e necessária incorporação tecnológica. Para
toda a sociedade, o número de mortes prematuras e de incapacidades faz com que o enfretamento
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EPIDEMIA
das "novas epidemias", causadas por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), demandem
significativos investimentos em pesquisa, vigilância, prevenção, promoção da saúde e defesa de uma
vida saudável. O presente artigo realiza o diagnóstico epidemiológico das DCNT e apresenta as
principais ações que o SUS está a pôr em prática, para enfrentar esses novos problemas de Saúde
Pública. Não abordaremos, neste artigo, a situação epidemiológica dos acidentes e violências,
embora também seja objeto de competência da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da
Saúde.
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EPIDEMIA
Cada ano que passa acrescenta 200 mil pessoas maiores de 60 anos à população brasileira,
responsáveis por uma demanda importante para o sistema de saúde. Em um país como o Brasil, de
diferenças de nível macrorregional importantes, a Região Norte ainda preserva as características de
uma população jovem, enquanto a Região Sul é marcada por um processo típico de transição
demográfica (Figura 2).
O Brasil apresenta, em suas cinco macrorregiões – Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste –,
uma heterogeneidade demográfica e socioeconômica bastante grande, que se reflete em distintos
padrões de mortalidade e de morbidade por DCNT. Seu enfrentamento, tanto na prevenção quanto
na atenção às pessoas já acometidas, exige respostas diferenciadas por parte dos gestores
estaduais e municipais, adequadas à realidade encontrada em cada caso.
A magnitude de parte das DCNT pode ser avaliada pelas doenças cardiovasculares, responsáveis
por 31% do total de óbitos por causas conhecidas (Figura 3). As neoplasias representam a segunda
causa de óbitos, cerca de 15% desses registros em 2003. As estimativas para o ano de 2005 indicam
4
que ocorrerão 467.440 casos novos de câncer ao ano. Segundo projeções do Instituto Nacional do
Câncer do Ministério da Saúde (Inca/MS), os tipos de câncer com maior incidência, à exceção de
pele não melanoma, serão os de próstata e de pulmão, no sexo masculino, e de mama e de colo do
4
útero, no sexo feminino, o que coincide com a tendência observada no mundo.
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EPIDEMIA
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EPIDEMIA
Por serem doenças, geralmente, de longa duração, as DCNT são as que mais demandam ações,
procedimentos e serviços de saúde. Os gastos decorrentes dessa demanda são denominados Custos
Diretos, contabilizados mediante a realização de estimativas das internações e atendimentos
ambulatoriais. A Tabela 2 apresenta estimativas desses gastos pelo Ministério da Saúde – cerca de
R$3,8 bilhões em gastos ambulatoriais e R$3,7 bilhões em gastos com internação – que totalizam
6
aproximados R$7,5 bilhões/ano em gastos com DCNT. Ressalte-se que, ademais desses custos, os
gestores estaduais e municipais deverão aportar recursos de sua responsabilidade e contraparte na
prevenção e controle dessas doenças, aqui não contabilizados. Dos chamados Custos Indiretos,
decorrentes do absenteísmo, das aposentadorias precoces e da perda de produtividade, o Brasil
ainda não dispõe de estudos que possam quantificá-los.
A seguir, são apresentadas prevalências percentuais encontradas para alguns dos fatores de risco
pesquisados. Os resultados estão disponíveis por cidade, segundo o nível de escolaridade, divididos
em duas categorias: ensino fundamental (até oito anos de estudo) incompleto; e ensino fundamental
completo ou mais anos de escolaridade. Optou-se pela variável escolaridade porque, além de
7
espelhar o nível educacional, associa-se à renda, de forma indireta; trata-se, portanto, de uma
medida indireta da prevalência de DCNT nos estratos sociais de menor renda.
Excesso De Peso
2
A Figura 7 mostra a prevalência de excesso de peso [índice de massa corporal (IMC)>25kg/m )], a
partir das medidas de peso e altura relatadas pelos entrevistados. Nas capitais das Regiões Sudeste
(Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro e São Paulo), Sul (Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre),
Centro-Oeste (Campo Grande e Distrito Federal), Nordeste (Recife e Aracaju) e Norte (Manaus),
observou-se maior prevalência no grupo de menor escolaridade. Em Belém (Norte), Natal e João
Pessoa (Nordeste), contrariamente, a maior prevalência de excesso de peso foi encontrada na
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EPIDEMIA
Consumo De Tabaco
O tabagismo é mais freqüente entre homens de todas as capitais. A menor proporção desse consumo
por homens foi encontrada em Aracaju (16,9%), Região Nordeste; e a maior, em Porto Alegre
(28,1%), Região Sul. Para as mulheres, a menor e a maior prevalência de fumantes foram
identificadas, também, nessas mesmas capitais: Aracaju (10,0%) e Porto Alegre (22,9%) (dados não
apresentados).
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EPIDEMIA
as cidades, a proporção de indivíduos que declararam serem portadores de hipertensão é maior entre
aqueles de menor escolaridade, variando de 25% em Belém a 45,8% em Porto Alegre.
Sedentarismo
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EPIDEMIA
Dieta
Diante desse quadro epidemiológico, o Ministério da Saúde assumiu, como prioridade, a estruturação
de um sistema de vigilância específico para essas doenças em função de suas peculiaridades e
possibilidades existentes de prevenção e controle. A partir de 2000, no antigo Cenepi/Funasa,
iniciaram-se ações pela estruturação dessa área, consolidadas na criação da Coordenação-Geral de
Doenças e Agravos Não Transmissíveis (CGDANT)/SVS/MS, em 2003. Sua principal missão
consistia na criação e implantação da vigilância de DANT em todas as esferas do sistema de saúde.
Iniciativas semelhantes de vigilância dessas doenças já ocorriam em alguns Estados, como Goiás e
São Paulo. No Ministério da Saúde, outrossim, o Inca executava ações de vigilância, controle e
prevenção do câncer, centradas, principalmente, em sistemas de registros para estimativas de
morbidade da doença; e em programas específicos, entre os quais destaca-se o Programa de
Controle do Tabagismo e programas para abordagem de neoplasias passiveis de prevenção por
diagnóstico precoce – câncer de colo uterino e de mama.
A realização do III Fórum Global da OMS para Prevenção e Controle de DCNT na cidade do Rio de
Janeiro, em novembro de 2003, potencializou o processo de construção dessa vigilância. O evento foi
importante não só para sensibilizar quanto à oportunidade, como também para promover a
capacitação técnica dos gestores das Secretarias de Estado da Saúde na vigilância de DCNT.
No Plano Nacional da Saúde – Um Pacto pela Saúde no Brasil, da atual gestão do Ministério da
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EPIDEMIA
Saúde, foi definido que: "O incremento das iniciativas intersetoriais de prevenção e controle das
principais DCNT constitui uma prioridade. Um dos alicerces da atuação nesse contexto consistirá na
vigilância integrada dos principais fatores de risco modificáveis e comuns à maioria das doenças
8
crônicas, quais sejam, o tabagismo, a alimentação não saudável e a inatividade física."
Em 2004, outros marcos foram estabelecidos: em novembro daquele ano, a integração da área de
prevenção de violências da SAS à CGDANT; e em dezembro, igual integração, agora das ações de
9
promoção da saúde, de competência da Secretaria Executiva do Ministério.
No ano de 2004, foram realizados três fóruns regionais de vigilância de DANT, nas Regiões Norte e
Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul, respectivamente, aos quais acudiram técnicos de vigilância
epidemiológica de todas as Secretarias de Estado e de Secretarias Municipais de Saúde de Capitais.
Esses fóruns serviram ao debate dos principais temas da área, dos avanços obtidos, das dificuldades
e desafios para implementação dessa vigilância.
Vigilância de DANT
A vigilância das DANT reúne um conjunto de ações que possibilita conhecer a distribuição, a
magnitude e a tendência dessas doenças. Fontes secundárias de informações e um monitoramento
contínuo dos fatores de risco, ao identificar seus condicionantes sociais, econômicos e ambientais,
devem subsidiar o planejamento, a execução e a avaliação da prevenção e controle dessas doenças.
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EPIDEMIA
Monitorar, de forma contínua, a morbimortalidade das DANT é uma atividade fundamental do sistema
de vigilância. Ela deve ser executada em todos os níveis gestores do sistema, do municipal ao
nacional. A partir dos indicadores pactuados nos fóruns regionais de 2004, Estados e capitais
produziram um primeiro relatório com a descrição das respectivas taxas de mortalidade e de
morbidade para DANT, um avanço no sentido do diagnóstico local.
Como fontes de dados para vigilância da mortalidade, o País dispõe do Sistema de Informações
sobre Mortalidade (SIM) consolidado e descentralizado, que permite a todos os Municípios o acesso
aos bancos de dados e ao cálculo das taxas de mortalidade.
Para estudos da morbidade, o SUS dispõe de sistemas administrativos que gerenciam diversas
modalidades assistenciais, em que é possível obter informações sobre as doenças que motivaram
procura pelo serviço. O mais importante deles, o Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS), é
responsável pelo gerenciamento das internações realizadas no conjunto da rede hospitalar
10
conveniada ao SUS, ou seja, 70% do movimento hospitalar do País, aproximadamente. Mesmo que
não abranjam a totalidade das internações, os dados do SIH/SUS permitem, de forma indireta,
conhecer o comportamento temporal da ocorrência das DANT em nível nacional. O sistema de
Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade (APAC) registra a realização de procedimentos
ambulatoriais de diagnóstico e terapias de alta complexidade. O País dispõe, ainda, dos Registros de
Câncer de Base Populacional (RCBP), implantados em 19 cidades; e dos Registros Hospitalares de
Câncer, coordenados pelo Instituto Nacional do Câncer/MS, que não só dispõem de informações
sobre a ocorrência de casos de câncer como subsidiam a produção de estimativas futuras de
incidência das diferentes formas de manifestações da doença.
Além do Inquérito Nacional de Fatores de Risco, realizado em 16 capitais no ano de 2003, graças à
parceria da SVS/MS com o Inca/MS, encontra-se em fase de implantação o sistema de vigilância e
monitoramento dos fatores de risco e protetores entre escolares, abordado neste artigo. Em 2006,
iniciar-se-á coleta de dados de fatores de risco utilizando-se linhas telefônicas, que possibilitará o
monitoramento contínuo e rápido dos fatores de risco para DCNT em todas as capitais brasileiras.
Além desses inquéritos, pesquisas de natureza populacional, como a Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios, realizada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE),
possibilitam a obtenção de outras informações importantes para a vigilância, como as de doenças
auto-referidas, acesso a serviços, satisfação quanto ao uso dos serviços, planos de saúde, entre
outros. A Figura 13 resume as principais fontes de informações para vigilância de DCNT disponíveis
no País.
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EPIDEMIA
Essa é a atividade principal a ser implementada e sustentada pelo sistema de vigilância. Por meio de
inquéritos de saúde de diversos formatos, o Brasil vem constituindo bases de dados que permitirão o
monitoramento contínuo dos fatores de risco e proteção para DCNT. A proposta que o País
implementa combina grandes inquéritos de fatores de risco de abrangência nacional com inquéritos
locais que possam apreender a diversidade de realidades dos Municípios.
Também são realizados inquéritos com metodologias mais simples e rápidas, aplicados em grupos
particularmente vulneráveis, como escolares e idosos, para orientar ou reorientar políticas específicas
de redução de fatores de risco nesses grupos. O inquérito para fatores de risco realizado entre 2002
e 2003 constituiu a linha de base estabelecida para o monitoramento dos fatores de risco. Prevê-se
que ele seja realizado a cada cinco anos.
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EPIDEMIA
Ainda no campo da investigação de fatores de risco no Brasil, está em andamento uma experiência
de pesquisa das prevalências de fatores de risco por entrevistas telefônicas. Essa iniciativa foi
elaborada e conduzida por uma instituição de pesquisa acadêmica [Núcleo de Pesquisas em Nutrição
11
e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP)]. Sua metodologia de pesquisa está sendo
avaliada com vistas à sua implementação no âmbito do SUS. Também são objeto de apoio do
Governo Federal as iniciativas e inquéritos locais para monitoramento de fatores de risco e
protetores, como os inquéritos em capitais, a exemplo de São Luís e Palmas em 2005.
Além desses inquéritos específicos, o País tem ampliado sobremaneira as pesquisas epidemiológicas
nos ambientes acadêmicos. O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde,
tem financiado os chamados Centros Colaboradores – instituições de ensino e pesquisa – no
desenvolvimento de estudos e tecnologias de suporte à vigilância e prevenção de DCNT.
A indução de ações de prevenção de DANT e de promoção da saúde constitui uma das principais
atividades da área de vigilância. A partir do monitoramento contínuo da prevalência dos fatores de
risco, da ocorrência dessas doenças na população e do impacto econômico e social que elas
provocam, é possível construir uma forte argumentação sobre a necessidade de se prevenir DANT.
Dispor informações, argumentar e persuadir os legisladores e tomadores de decisão sobre a
relevância da prevenção de DANT representa um investimento, indiscutivelmente, custo-efetivo.
Ademais, é preciso convencer outros setores, especialmente aqueles "produtores" de fatores de risco
com os quais as DANT estão relacionadas, sobre a possibilidade de desenvolvimento e aplicação de
tecnologias produtivas mais saudáveis, principalmente na produção de alimentos. O desenvolvimento
de parcerias intersetoriais é outra tarefa de fundamental importância para o manejo dos fatores de
risco. No Brasil, para potencializar as ações do sistema de vigilância de DANT, o Ministério da Saúde,
recentemente, integrou a esse sistema a coordenação nacional das ações de promoção da saúde.
Desde a adesão do Brasil às diretrizes da Estratégia Global para Alimentação Saudável e Atividade
Física, proposta pela OMS, a política ministerial tem articulado objetos de ação comuns à vigilância
de DANT e à promoção da saúde.
Como integrante da rede CARMEN, o Brasil é responsável pela elaboração de um guia metodológico
para avaliação de ações de vigilância, prevenção e controle das DCNT, bem como da iniciativa
CARMEN nas Américas, tarefas em andamento.
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EPIDEMIA
A rede CARMEN, apoiada pela OPAS, baseia-se na implementação de áreas de demonstração onde
são desenvolvidos projetos de prevenção integrada de fatores de risco para doenças não
transmissíveis, com ênfase na participação comunitária e nas parcerias intersetoriais. A partir de um
diagnóstico inicial da prevalência dos fatores de riscos, são desenvolvidos projetos de prevenção e
12
controle de DCNT e de promoção da saúde. A iniciativa é conduzida em Municípios brasileiros
desde 1998, com destaque para Goiânia, capital do Estado de Goiás, e a região de Marília, no interior
do Estado de São Paulo, ambos Municípios dedicados à execução de ações de vigilância e
intervenções com o objetivo de reduzir a morbidade e a exposição aos fatores de risco.
A Carta de Ottawa (1986) sintetizou o resultado das discussões da citada conferência. A promoção
da saúde, então, foi definida como vinculada ao bem-estar físico, mental e social dos sujeitos e
coletividades. As ações de promoção da saúde envolvem atuação intersetorial pactuada e visam ao
desencadeamento de ações articuladas, em comunidades e grupos populacionais específicos, com o
objetivo de promover comportamentos e estilos de vida saudáveis. A Figura 14 mostra a articulação
13
entre a promoção da saúde e a vigilância de DANT, suas interfaces, articulações e parcerias. A
vigilância em DANT deverá, portanto, agir no âmbito interno do setor Saúde, na articulação da
prevenção de DANT e na promoção da saúde; no âmbito externo, estabelecerá parcerias com demais
setores da administração pública (Educação, Meio Ambiente, Agricultura, Trabalho, Indústria e
Comércio, entre outros), empresas e organizações não governamentais, para induzir mudanças
sociais, econômicas e ambientais que favoreçam a redução na ocorrência dessas doenças.
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O conjunto das ações propostas tem como princípios norteadores: a redução das desigualdades
regionais e locais, que dificultam o acesso a ambientes, práticas e oportunidades de viver saudáveis;
e a promoção da autonomia de sujeitos e coletividades na conquista do direito à saúde e à qualidade
de vida.
a
A aprovação da Estratégia Global para Alimentação, Atividade Física e Saúde, na 57 Assembléia
Mundial da Saúde, foi extremamente oportuna no sentido de potencializar o trabalho de vigilância de
14
DANT e promoção da saúde no Brasil. Os argumentos de defesa e as recomendações da
Estratégia Global para o enfrentamento da epidemia de DCNT ampliaram a capacidade do Ministério
da Saúde defender junto ao Governo Brasileiro a necessidade da implementar ações para contê-la.
Conclusões E Desafios
As doenças e os agravos não transmissíveis (DANT) são responsáveis por uma parcela significativa –
e crescente – na carga de doenças no Brasil. Cerca de dois terços da carga de doenças no País não
são transmissíveis (doenças do aparelho circulatório, neoplasias, diabetes e outras) ou são
15
provocadas por fatores externos (acidente e violências). A mudança do perfil epidemiológico
brasileiro, com maior carga de doenças e agravos não transmissíveis, é conseqüência da
urbanização, de melhorias nos cuidados com a saúde, de mudanças de estilo de vida e da
globalização. A maior parte dessa carga de doenças não é (conforme já se apregoou) o "resultado
inevitável" do modelo de sociedade contemporâneo; trata-se de um mal a ser prevenido, geralmente
a baixo custo.
As DANT são de etiologia multifatorial e compartilham vários fatores de riscos, os quais podem ser
modificados. A urgência em deter o crescimento das DANT no País justifica a adoção de estratégias
integradas e sustentáveis de prevenção e controle dessas doenças, assentadas sobre seus principais
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fatores de risco modificáveis, quais sejam: tabagismo; inatividade física; alimentação inadequada;
obesidade; dislipidemia; e consumo de álcool.
Experiências exitosas de intervenções de Saúde Pública na reversão e/ou mudanças positivas nas
tendências de morbimortalidade por doenças cardiovasculares em diversos países mostram que a
vigilância de DANT e ações integradas são fundamentais para o desenvolvimento de estratégias
efetivas de promoção da saúde da população.
Segundo a OMS, ainda que responsáveis pela maioria das mortes, as doenças e agravos não
transmissíveis permanecem negligenciados, não contemplados na agenda das prioridades dos
governos em todo o mundo. Por exemplo, as Metas de Desenvolvimento do Milênio não as incluíram,
diferentemente da consideração reservada pelo documento a outras doenças transmissíveis, que
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respondem por menor número de fatalidades, como a malária e a infecção pelo HIV/aids. No Brasil,
a realidade é igual. É mister ampliar a divulgação, a advocacia e a sensibilização dos gestores do
SUS sobre o problema, de tal forma que a vigilância e controle de DANT adquira caráter de
prioridade.
O estabelecimento de parcerias entre os vários órgãos do governo, não só internas à área da Saúde
como, principalmente, entre diversos setores governamentais e não governamentais, também é
imprescindível. Inúmeras ações de promoção da saúde, que dependem de decisões externas a cada
setor, já motivaram diversas ações e parcerias em curso, com órgãos formadores e instituições de
pesquisa, cuja missão é institucionalizar a vigilância de DANT, investir na capacitação continuada dos
técnicos encarregados e aprofundar a avaliação da efetividade dessas ações no âmbito do SUS.
Estudos já demonstraram a eficácia de ações preventivas e de promoção da saúde na redução dos
fatores de risco e da mortalidade por DANT.
É possível retroalimentar o sistema, corrigir e adotar novas ações e ajudar a derrubar o mito de que
as DANT não são passíveis de prevenção. Grandes desafios se apresentam aos responsáveis pela
condução da prevenção de DANT no Brasil. Em resposta a eles, primeiramente, está a decisão
política do Sistema Único de Saúde de priorizar a vigilância e a prevenção; em segundo lugar, a
disposição e determinação de conhecer o modo de manifestação dessa epidemia na população; para
tanto, a ferramenta epidemiológica é de extrema necessidade.
Os primeiros passos já foram dados. Porém, muito investimento há que ser feito para obter o melhor
retrato possível da epidemia de doenças e agravos não transmissíveis no Brasil.
Câncer e diabetes são doenças frequentes e com impacto profundo na qualidade de vida dos
pacientes. Em muitos casos, podem estar associadas. Diversos estudos epidemiológicos apontam
que pessoas diabéticas têm maior risco de desenvolver tumores. No início de setembro, um trabalho
publicado no periódico Diabetologia sugeriu que até mesmo o pré-diabetes pode elevar esse risco.
Após revisar 16 estudos de diversos países de origem sobre diabetes, pesquisadores concluíram que
o risco de câncer aumenta 15% entre pré-diabéticos; e avaliando entre pacientes com índice
glicêmico elevado, somado ao sobrepeso ou obesidade, o número salta para 22%.
Mas como exatamente o câncer está relacionado ao diabetes, mais especificamente o diabetes tipo
2? Dr. Felipe Coimbra, Diretor do Núcleo de Cirurgia Abdominal do A.C.Camargo, explica que essa
conexão ainda não foi estabelecida precisamente, mas que existem grandes hipóteses a respeito. A
primeira propõe que tanto o câncer quanto o diabetes ou o pré-diabetes possuem fatores
predisponentes em comum, como sedentarismo, sobrepeso e má alimentação. A segunda sugere
que câncer e diabetes podem ser desencadeados pelos mesmos mecanismos moleculares e
genéticos. Já a terceira, ainda pouco estabelecida, sugere que a insulina aplicada por pacientes
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EPIDEMIA
diabéticos, por ter um efeito "anabolizante", pode estimular o crescimento celular, o que favorece o
desenvolvimento de tumores.
"Existe também a hipótese de que outras medicações utilizadas no tratamento do diabetes possam
predispor ao câncer, mas trata-se de uma possibilidade bastante remota", esclarece Dr. Felipe. "Hoje,
as teorias mais aceitas sugerem que ambas as doenças derivam de fatores causais comuns ou que o
diabetes pode predispor ao câncer por causa de alterações hormonais e moleculares ainda não
identificadas", continua ele.
Diante de tais números, será que pessoas diabéticas precisam fazer mais exames para detecção de
câncer do que outros pacientes? "Ainda não é recomendado que diabéticos façam exames mais
vezes ou mais cedo", responde Dr. Felipe, destacando que nesse universo de pacientes é importante
a realização de um bom acompanhamento médico, além de reforçar as medidas de prevenção, como
alimentação balanceada, controle do peso, prática de exercícios físicos etc. "Muitas vezes, as
medidas simples são as que trazem melhores resultados", afirma.
Na década de 1930, as doenças transmissíveis foram a principal causa de morte nas capitais do
Brasil. As melhorias sanitárias, o desenvolvimento de novas tecnologias, como as vacinas e os
antibióticos, a ampliação do acesso aos serviços de saúde e as medidas de controle fizeram com que
esse quadro se modificasse bastante até os dias de hoje. Porém, mesmo diante dos notórios avanços
obtidos para controlar essas doenças, elas ainda se constituem como importante problema de saúde
pública no país. Fatores de ordem biológica, geográfica, ecológica, social, cultural e econômica atuam
simultaneamente na produção, distribuição e controle das doenças. O controle de doenças vetoriais,
tais como: doença de Chagas, malária, leishmanioses, esquistossomose, febre amarela e dengue,
depende de ações conjuntas de todos os níveis de atenção à saúde. Diante disso, este material foca
em como a equipe de atenção básica pode atuar no controle e combate dessas doenças.
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EPIDEMIA
As doenças transmitidas por vetores constituem, ainda hoje, importante causa de morbidade no Brasil
e no Mundo. A dengue é considerada a principal doença reemergente nos países tropicais e
subtropicais.
A febre do oeste do Nilo, introduzida recentemente nos Estados Unidos, já registrou casos no Canadá
e ameaça expandir-se para outros países das Américas por meio da migração de aves, seu
reservatório mais importante. A malária continua sendo um dos maiores problemas de saúde pública
na África, ao sul do deserto do Saara, no sudeste asiático e nos países amazônicos da América do
Sul. As tripanozomíases, americana e africana, são importantes fontes de incapacitação e morte
precoce. As leishmanioses, tegumentar e visceral, têm ampliado sua incidência e distribuição
geográfica. Outras doenças, como as filarioses, as esquistossomoses, a doença de Lyme e outras
transmitidas por carrapato e as demais inúmeras arboviroses, têm variável importância médico-social
em diferentes países de todos os continentes. O aquecimento global do planeta tem gerado ainda
uma preocupação científica sobre a possível expansão da área atual de incidência de algumas
doenças transmitidas por insetos para países de clima temperado.
Fatores de ordem biológica, geográfica, ecológica, social, cultural e econômica atuam sinergicamente
na produção, distribuição e controle das doenças vetoriais, também conhecidas como metaxêmicas.
Se, para algumas delas, existe tratamento médico, preventivo ou curativo bastante eficaz e efetivo,
como a vacina contra a febre amarela e a oxamniquine e o praziquantel para as esquistossomoses,
para a maioria, as medidas de controle são complexas por envolver diferentes elos da cadeia de
transmissão. Muitas vezes, os fatores determinantes de elevada freqüência estão situados em outros
setores sociais. Cabe ao setor saúde identificar esses fatores e promover a sua eliminação ou
redução, tarefa em geral difícil e de pouca efetividade. As precárias condições de habitação, de
abastecimento de água e de coleta de lixo em áreas urbanas, decorrentes de um rápido e intenso
fluxo migratório da zona rural para as cidades, estão entre os principais determinantes da
reemergência da dengue. O processo de ocupação desordenada da Amazônia brasileira por
população excluída social e economicamente, em busca desesperada de sobrevivência, é, em última
instância, responsável pela ainda alta incidência da malária naquela região.
A forma como o setor saúde se organiza para controlar estas doenças tem variado ao longo do
tempo, ora centralizando-se em estruturas institucionais de âmbito federal, ora baseando suas ações
em esferas estaduais ou municipais. O modelo proposto pelo atual Sistema Único de Saúde (SUS)
implica responsabilização de todos os níveis de governo pela prevenção e controle de doenças. A
cada um cabe papéis específicos e já bem definidos, mas todos devem ser solidários na ação. Vive-
se, hoje, a implementação desse modelo.
Até há pouco tempo, a epidemiologia e o controle de doenças vetoriais eram de domínio quase que
exclusivo de órgãos federais que se sucederam ao longo do tempo: Departamento de Endemias
Rurais (DNERU), Campanha de Controle da Peste, Serviço Nacional de Malária, Campanha de
Erradicação da Varíola (CEV), Campanha de Erradicação da Malária (CEM), Superintendência de
Campanhas de Saúde Pública (SUCAM) e Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). Atualmente,
está ocorrendo a expropriação do monopólio do conhecimento da epidemiologia e da prática de
controle destas doenças, democratizando sua compreensão e as suas medidas de prevenção e
controle. Tem havido uma ampliação significativa da massa crítica de trabalhadores desta área da
saúde pública. Por outro lado, a efetividade das medidas de controle pode ser aumentada pela sua
adequação às condições epidemiológicas específicas de transmissão em diferentes locais.
O controle das doenças vetoriais exige, na maioria das vezes, atividades executadas não
exclusivamente nas unidades de saúde, mas, também, nos locais de habitação e de trabalho da
população. Buscam-se prioritariamente os fatores de risco de adoecer, não se restringindo
exclusivamente ao tratamento do dano por elas provocado. É, portanto, uma atitude ativa do setor
saúde, não só executando ações específicas de controle, como promovendo atividades vinculadas a
outros setores da sociedade, como o de educação, de saneamento, de colonização e reforma agrária,
de meio ambiente, de financiamento de projetos desenvolvimentistas, entre outros.
A capacitação de pessoal para essas atividades é de fundamental importância, assim como o seu
aproveitamento funcional em bases empregatícias estáveis, com perspectiva de carreira profissional
e com salários razoáveis. É tipicamente uma atividade do setor público. A terceirização nesta área
tem-se mostrado pouco efetiva e até mesmo desastrosa em determinadas situações.
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EPIDEMIA
1
Neste exemplar do Informe Epidemiológico do SUS, há um artigo de Almério de Castro Gomes que,
justamente,valoriza e incorpora a vigilância entomológica num contexto mais amplo da vigilância
ambiental e vigilância em saúde. Recomendo sua leitura cuidadosa para os conceitos teóricos, sua
prática e limitações atuais.
2
O artigo de Cordeiro e colaboradores sobre malária no Estado do Pará tem o mérito de mostrar a
importância dessa doença naquele Estado, bem como a utilidade de estudos epidemiológicos
descritivos na compreensão de sua produção e controle.
3
O artigo de Melchior e colaboradores permite uma reflexão sobre as condições de saúde de grupos
indígenas do Estado do Paraná, utilizando-se de indicadores epidemiológicos bastante sensíveis para
captar as alterações ocorridas nos últimos anos. Infelizmente, os indicadores revelam uma piora das
condições de vida desses grupos populacionais.
4
O artigo de Costa e colaboradores está sendo republicado em virtude de o texto anterior ter
apresentado erros na versão impressa que, apesar da errata enviada, não foi considerada suficiente
para o aproveitamento de um artigo muito oportuno e relevante. Trata da análise das condições de
vida de população idosa, grupo populacional crescente na população brasileira, vivendo o processo
de transição demográfica e epidemiológica.
A violência, apesar de ter conceito amplo, complexo, polissêmico e controverso, pode ser
genericamente entendida como o evento representado por ações realizadas por indivíduos, grupos,
classes ou nações que ocasionam danos físicos ou morais a si próprios ou a outros(1).
Acidentes, por sua vez, são considerados como os eventos não intencionais causadores de lesões
físicas e/ou emocionais, ocorridos no âmbito doméstico ou em outros ambientes sociais, como
trabalho, trânsito, esporte, lazer etc(2).
Entretanto, a falta de um limite nítido entre o que seja intencional ou não tem levado os técnicos –
inclusive internacionais – a estudar a violência em sentido lato, em seu aspecto maior, como sinônimo
de tudo o que não seja natural. Acresce que, muitas vezes, são rotuladas como acidentais certas
situações que podem esconder ou mascarar atos intencionais. Em outras, ações que se iniciaram
como de natureza conflituosa podem vir a terminar em acidentes e, em casos específicos, como os
da violência contra a mulher, acarretar, por exemplo, o suicídio(3).
Pode-se dizer, dessa forma, que os acidentes e as violências, reunidos pela Organização Mundial da
Saúde sob a denominação de causas externas(4), mantidas as suas individualidades, devem ser
estudados em conjunto.
Representam eles um problema de saúde pública de grande magnitude e transcendência, já que vêm
provocando forte impacto na morbimortalidade das populações e existem métodos para a sua
prevenção e controle. Caracteriza-se, como problema importante, visto que esses métodos, ou não
estão sendo aplicados ou, apesar das ações realizadas com o objetivo de reduzir sua força, têm
mantido os índices além do nível esperado(5).
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EPIDEMIA
possível acompanhar, com a mesma metodologia, dados de um período de tempo maior, a ascensão
dos valores é mais nítida. Pode-se verificar que os acidentes de trânsito, que, durante muitos anos,
se mantiveram como o mais importante tipo de óbito por causa externa, cederam lugar aos
homicídios. Estes, há aproximadamente quinze anos, constituem o tipo de violência mais relevante,
chegando a atingir, no município, parcela que vai além de 60% do total de óbitos aí ocorridos, com
taxas bastante elevadas(9).
Para o estudo das causas externas, a abordagem epidemiológica tem buscado caracterizar o perfil
das vítimas e das circunstâncias do evento, requisitos imprescindíveis para que os programas a
serem postos em prática para a sua prevenção sejam adequados à população mais vulnerável.
O fato de a violência se manifestar principalmente no homem tem sido responsável por certa
apreensão dos demógrafos, já que seus níveis vêm, de certa forma, pondo em risco o desejado
equilíbrio demográfico das populações. Contudo, em razão de a violência ocorrer principalmente na
faixa etária jovem, em idade produtiva, coloca também em jogo os ganhos obtidos na esperança de
vida de seus habitantes. Para o País, as causas externas foram responsáveis pela perda de cerca de
3 anos de vida no sexo masculino(10) e, para o município de São Paulo, os últimos dados disponíveis
dão conta de que somente as mortes por homicídios representam a perda de cerca de quatro anos
para os homens(11).
Os indicadores do ano de 1995, no Brasil, já mostravam que, para o jovem do sexo masculino, as
taxas de mortalidade por causas externas eram mais altas que as dos Estados Unidos e,
praticamente, morriam dois jovens brasileiros para cada jovem canadense, italiano ou francês(12).
Essas mortes obrigam a uma importante reflexão, não só quanto aos seus determinantes, mas
também – e principalmente – quanto aos chamados “ comportamentos geradores de risco”
assumidos por nossos jovens.
O raciocínio epidemiológico tem procurado estudar, em cada um dos diferentes tipos de causas
externas, os possíveis fatores que levam à sua ocorrência. Assim, o