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REVISTA CIENTÍFICA
VOLUME 11 - NÚMERO 19 - 2014
EQUIPE EDITORIAL
Coordenação Editorial
Silvana Maria Pintaudi - UNESP/RC
Comissão Editorial
Grupo de Estudos Urbanos (GEU)
Ana Fani Alessandri Carlos – USP
Jan Bitoun - UFPE
Marcelo Lopes de Souza - UFRJ
Maria Encarnação Beltrão Spodito - UNESP/PP
Mauricio de Almeida Abreu - UFRJ (in memoriam)
Pedro de Almeida Vasconcelos - UFBA
Roberto Lobato Corrêa - UFRJ
Silvana Maria Pintaudi - UNESP/RC
Conselho Científico
Amélia Luisa Damiani - USP
Ana Clara Torres Ribeiro - UFRJ (in memorian)
Arlete Moysés Rodrigues - UNICAMP
Carles Carreras - Universitat de Barcelona
Horacio Capel - Universitat de Barcelona
José Alberto Rio Fernandes - Universidade do Porto
José Aldemir de Oliveira - UFAM
José Borzachiello da Silva - UFC
Leila Christina Dias - UFSC
Maria Adélia Aparecida de Souza - USP
Odette Carvalho de Lima Seabra - USP
Paulo César da Costa Gomes - UFRJ
Suzana Pasternak - USP
Secretaria
Carlos Henrique Costa da Silva
César Simoni Santos
Isabel Pinto Alvarez
Apoio
André Felipe Vilas de Castro
Capa
Murilo Arruda
Normalização bibliográfica
Laura Adami Nogueira
Luiana Cardozo
Revisão
Talita Heleodoro
Veruska Bichuette
Impressão gráfica
Suprema Gráfica
Site: revista;fct.unesp.br/index.php/revistacidades
Informações e envio de textos: cidadesrevista@gmail.com
Semestral
2014, v. 11, n. 19
ISSN 1679-3625 (impresso)
2448-1092 (on-line)
palavras do editor
06
silvana maria pintaudi
prólogo
10
carlos tapia e manoel rodrigues alves
texto 01
44 el fetichismo del espacio público: multitudes y ciudadanismo a principios del siglo xxi
manuel delgado
texto 02
80 aproximación a los procesos socioespaciales en las ciudades contemporáneas: espacio
público y vida política
mariano pérez humanes
texto 03
130 la producción contradictoria del espacio urbano y las luchas por derechos
ana fani alessandri carlos
texto 04
164 neoliberalismo y vida cotidiana en los márgenes urbanos
núria benach rovira
texto 05
196 urbanismo participativo o urbanismo democrático. crisis y crítica.
jorge minguet medina
texto 06
234 o programa minha casa minha vida entidades: provisão de moradia no avesso da
cidade?
cibele saliba rizek
procesos extremos na constituição da cidade
texto 07
266 a plasticidade da metrópole de são paulo: reprodução do espaço, financeirização
e propriedade de terra
isabel aparecida pinto alvarez
texto 08
296 crise urbana: a expropriação extrema dos citadinos nas políticas de espaço
fabiana valdoski ribeiro
texto 09
332 transformaciones del espacio urbano, consideraciones para una metodología de
aproximación
carmen guerra de hoyos
texto 10
382 contraespacios públicos. procesos y miradas desde oriente
marta lópez-marcos
texto 11
426 procesos extremos y emergentes: un marco descriptivo y visual de las ciudades
contemporáneas.
natália de carli, simona pecoraio e carolina prieto de la viesca
texto 12
470 transformações culturais e contradições urbanas do espaço público
contemporâneo
manoel rodrigues alves
texto 13
498 procesos extremos en las ciudades argentinas en las últimas décadas
julio arroyo
texto 14
550 relatos de lo extremo: acuerdos entre sueños y despertares de ciudad futura
carlos tapia
P
06
ber of new elements, among Keywords
which we can mention the im- Social housing. Urban
plementation of very different segregation. Poverty. Cities.
social and cultural policies and
programs, articulated in not al-
ways visible way.
Among these policies,
the highlight some elements
that point to a first under-
standing of the recent forms of
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06
2- Apresentar uma pri- de H. Lefèbvre.
meira discussão da face habita- Desse modo, o
cional e urbana dessas políticas Programa Minha Casa Minha
sociais, encarnadas na modali- Vida – Entidades coloca-se no
dade do Programa Minha Casa cruzamento de dimensões e
Minha Vida – Entidades, exa- aspectos relevantes para com-
tamente porque nela se pode preensão: dos vínculos entre
apreender mediadores e ope- a cidade na sua face periféri-
radores, bem como resquícios, ca e nas suas reconfigurações
permanências e redefinições mais recentes; dos novos
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06
reconfiguração do lugar do (2011/2013), com a produção
Brasil no contexto mundial tanto de empregos formais,
dos processos de acumulação caracterizados por baixos salá-
financeirizada. rios, como por postos e formas
Assim é preciso carac- de trabalho precários. Essa du-
terizar, em linhas muito gerais plicidade entre crescimento e
o contexto brasileiro para que precarização das relações de
se tenha um quadro mais ní- trabalho parece se relacionar
tido das políticas sociais, en- a uma transformação da com-
tre as quais as mais recentes posição do emprego a partir
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06
zação da cultura e da saúde); especialmente sob a égide e a
para a hegemonia do capital aura do empreendedorismo,
financeiro (securitização, fi- que se somam a uma pequena
nanceirização, monetariza- secretaria de “economia soli-
ção) que se alia fortemente à dária” no âmbito do mesmo
força do agronegócio como ministério;
eixo de uma política de expor- 3) Políticas de as-
tações. Assim a configuração sistência à saúde, de assistên-
das políticas chamadas de de- cia social e de redistribuição
senvolvimento se conjugam às de renda, implementadas por
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0 e 3 salários mínimos (cerca go da história brasileira em um
de US$ 845). O déficit é ainda processo de socialização das
discutível na medida em que perdas (cf. expressão de C.
o número de imóveis desocu- Furtado) mesmo quando hou-
pados na cidade de São Paulo ve, por meio de lutas e con-
praticamente coincide com o quistas, alguma recuperação
número de unidades habita- econômica e do poder aquisiti-
cionais que deveriam suprir a vo das classes populares.
demanda.
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tório de ensaios, de tentativas bém combinam-se conquistas
e de formas de parcerias públi- sociais - ainda que de modo
co-privadas e de focalizações focalizado – encolhimento de
no âmbito das políticas de direitos, formas de circulação
combate à pobreza, na con- de programas e políticas, ten-
tramão dos processos de uni- dências internacionais cuja
versalização de direitos. Entre formulação remonta aos gran-
os operadores e financiadores des organismos e agências
desses programas, um mix como Banco Mundial e outros.
de fundos públicos, subsídios
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06
se desenhando como meca- configurações, para além da
nismo que produz e reproduz legitimação das formas de
importantes desigualdades no nomeação, contagem, classi-
seu âmbito mais concentrado ficação, administração e con-
e mais visível – as metrópoles trole dos pobres. Nesse senti-
brasileiras, onde a situação do cabe observar que um dos
de carência e desigualdade se dirigentes das entidades que
conforma como uma das mais compõem o programa MCMV
fortes evidências das transfor- em São Paulo tenha afirmado
mações recentes da “questão que “não há mais pobres no
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06
ca de Estado? taram 500% em apenas um ano
(Shimbo:2012). Essas grandes
PMCMV – A POBREZA COMO empresas atuam em âmbito
NICHO DE NEGÓCIOS nacional e tiveram sua expan-
São 634 empreen- são basicamente assentada no
dimentos na Região chamado segmento econômi-
Metropolitana de São Paulo, co. Há exemplos de produção,
dos quais apenas 15 relativos a partir do PMCMV, em que a
ao MCMV- Entidades (dados captação de subsídio permite
de setembro de 2013). Essas a entrada e a construção de
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Ainda do ponto de vista terna. Ao contrário da fase I,
da inserção dos programas de a fase II do programa prioriza
habitação no leque de políticas famílias em situação de risco
sociais e de combate à pobre- a serem removidas para áreas
za, é preciso assinalar alguma supostamente mais seguras.
transversalidade em relação, Esse procedimento acaba por
por exemplo, à dimensão de se incluir em um processo
gênero. Dessa perspectiva, complexo de remoções, que
os programas habitacionais recobraram legitimidade e têm
brasileiros foram pioneiros na como alvo as assim chamadas
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06
“via crucis” necessária para a diverso do enfrentamento do
viabilização dos empreendi- déficit ou da demanda real de
mentos pelas organizações moradias para baixa renda.
populares. Essa via crucis vai Diante desse proces-
da pesquisa de terrenos à con- so, as entidades provenientes
tratação da obra com recursos dos movimentos de habita-
bastante escassos, o que aca- ção também sofrem transfor-
ba por inviabilizar os empreen- mações. Em primeiro lugar,
dimentos habitacionais em atuam em consórcio – como
áreas mais centrais da região de resto já vinham fazendo
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06
de contemplar as questões de por ser agravada pelo fato de
moradia como direito, bem que em alguns empreendi-
como de localização. Afinal a mentos do PMCMV voltados
raridade do espaço, e do espa- para a população de menor
ço urbano, em particular aca- renda (faixa I), já é possível
bou por se agravar, gerando perceber que parte das mora-
práticas de especulação imobi- dias foi ocupada por facções
liária e de formas de expansão vinculadas ao mundo do cri-
urbana para além do acesso à me, como os pontos de trá-
cidade. Outra dimensão que fico e de comercialização de
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tamorfoses da questão social, faziam com que cidadania e di-
L. Kowarick e F. Oliveira) é reitos se assentassem no que
preciso notar que a dimensão Castel chamou de sociedade
econômica, apesar de sua cen- salarial, tenham se esgotado
tralidade, não esgota todas as ou tenham sofrido importan-
faces e desdobramentos do tes revezes, a partir dos anos
fenômeno. A vulnerabilidade noventa, no contexto brasilei-
social e urbana foi produzi- ro. Mesmo assim, ainda com
da e reproduzida ao longo da Oliveira, mas também a partir
história brasileira e da história de Castel, Kowarick e Telles, o
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06
do programa habitacional tal crescimento da lucratividade
como articulado pelas grandes das empresas que investem
construtoras em parceria com no segmento econômico, a
o Estado. Desse modo, pensan- partir de 2007).
do a vulnerabilidade urbana
como processo sócio-históri-
co, é possível apontar seu re-
crudescimento pelos mesmos
mecanismos que, ao menos
do ponto de vista discursivo,
261
06
Urbanas por Moradia – O Centro de – Vozes do Bolsa Família – autonomia,
São Paulo – Tese de doutoramento, dinheiro e cidadania – São Paulo, 2013
IAU, São Carlos, 2012. Editora Unesp,
MARANHÃO, Tatiana, “O RIZEK, Cibele S., “Políticas
sentido político das práticas de re- sociais e políticas de cultura – territóri-
sponsabilidade social empresarial os e privatizações cruzadas”, Revista
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GEORGES, Isabel, RIZEK, Cibele, Regionais, no prelo.
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em São Paulo. São Paulo, Boitempo, temporâneo”. Rev. bras. Ci. Soc., Out
2011, p. 237-256. 2009, vol.24, no.71.
263
RIZEK, C. CARVALHO
SANTOAMORE, C MORENO
CAMARGO, C e outros – Projeto de
Pesquisa Programa Minha Casa Minha
Vida Entidades – 2012, São Paulo,
mimeo – Projeto aprovado pelo
Ministério da Cidades/ CNPq.
ROLNIK, R e NAKANO, K –
“As armadilhas do pacote habitacion-
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de 2009.
SANFELICI, D. M - A metró-
pole no ritmo das finanças: impli-
cações socioespaciais da expansão
imobiliária no Brasil – FFLCH – USP,
2013.
SHIMBO, Lúcia, Habitação
social de Mercado. A confluência en-
tre Estado, empresas construtoras e
capital financeiro, Belo Horizonte,
Ed. C/Arte, 2012.
SINGER, A. – Os Sentidos do
Lulismo – Reforma Gradual e Pacto
procesos extremos na constituição da cidade
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