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o Campo Magnético

Estacionário
este ponto, o conceito de um campo deve ser algo familiar. Depois que aceita-

N .
mos a lei experimental de forças que existem entre duas cargas pontuais e defi-
nimos a intensidade de campo elétrico como a força por unidade de carga em
uma carga de teste na presença de uma segunda carga, discutimos numerosos campos.
Esses campos não possuem base física real, pois medições físicas sempre devem ser rea-
lizadas em termos das forças nas cargas nos equipamentos de detecção. Aquelas cargas
que são a fonte causam forças mensuráveis exercidas em outras cargas, as quais designa-
mos como cargas detectoras. O fato de atribuirmos um campo às cargas fonte e então
determinarmos o efeito desse campo nas cargas detectoras, corresponde simplesmente a
uma divisão do problema básico em duas partes, por conveniência.
Vamos começar nosso estudo de campos magnéticos com uma definição do próprio
campo magnético e mostrando como ele é gerado por uma distribuição de corrente. O
efeito desse campo em outras correntes, ou a segunda metade do problema físico, será
discutido no Capítulo 9. Conforme fizemos com o campo elétrico, vamos confinar nossa
atenção inicial às condições de espaço livre, sendo que o efeito dos meios materiais será
também reservado para discussão no Capítulo 9.
A relação do campo magnético estacionário com sua fonte é mais coinplicada que
a relação do campo eletrostático corri sua fonte. É necessário às vezes aceitar "com fé"
diversas leis temporariamente, deixando suas provas para a seção final deste capítulo
(que realmente é difícil). Tal seção pode bem ser omitida, quando se estuda campos mag-
néticos pela primeira vez. Ela foi incluída para tornar a aceitação das leis um pouco mais
fácil, A prova das leis realmente existe e está disponível para os descrentes ou para o
estudante mais avançado. •

8.1 A LEI DE BIOT·SAVART


A fonte do campo magnético estacionário pode ser um ímã permanente, um campo elé-
trico variando linearmente com o tempo, ou uma corrente contínua. Vamos de uma maneira
geral. ignorar o ímã permanente e deixar o campo elétrico variante no tempo para

210
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 211

Espaço livre

Figura 8.1 A lei de Biot-Savart expressa a intensidade


de campo magnético dH2 produzido por um elemento
diferencial de corrente 'ldHl. A direção de dH2 é para
dentro da página ..

uma discussão futura. Nossas relações presentes estarão relacionadas ao campo magné-
tico produzido por um elemento diferencial de corrente contínua no espaço livre.
Podemos pensar nesse elemento diferencial de corrente como uma seção muito
pequena de um condutor filamentar de corrente, onde um condutor filamentar é o caso
limite de um condutor cilíndrico de seção reta circular quando seu raio tende a zero.
Assumimos uma corrente I circulando em um vetor diferencial de comprimento do fila-
mento dL. A lei de Biot-Savart- determina que, em qualquer ponto P, o valor absoluto
da intensidade de campo magnético produzido pelo elemento diferencial é proporcional
ao produto entre a corrente, a intensidade do comprimento diferencial e o seno do ângu-
lo existente entre o filamento e a reta que conecta o filamento ao ponto P no qual o
campo é desejado. Além disso, o valor absoluto da intensidade de campo magnético é
.inversamente proporcional ao quadrado da distância do elemento diferencial ao ponto
P. A direção' da intensidade de campo magnético é normal ao plano que contém o fila- -
mento diferencial e linha desenhada do filamento ao ponto P. Das duas normais possí-
veis, a escolhida é aquela que está no sentido de progressão de um parafuso dextrogiro
que é girado, pelo ângulo mais curto, de dL até à reta que liga o filamento a P. Utilizando
as unidades mks, a constante de proporcionalidade é 1/47T.
A lei de Biot-Savart, que acaba de ser descrita em aproximadamente 150 palavras,
pode ser escrita de forma concisa utilizando notação vetorial como

(1)

As unidades da intensidade de campo magnético H são evidentemente ampêres por metro


(Alm). A geometria é ilustrada na Figura 8.1. Subscritos podem ser utilizados para indicar
o ponto ao qual cada uma das grandezas em (1) se refere. Se posicionarrnos o elemento

1 Biot e Savart foram colegas de Ampere, e todos os três foram professores de Física no Collêge de France, em

uma ou outra época. A lei de Biot-Savart foi proposta em 1820.


212 ELETRO M AG N ETIS M O

de corrente no ponto 1 e descrevermos o ponto P no qual o campo deve Ser determina-


do como ponto 2, então

(2)

A lei de Biot-Savart é às vezes chamada de lei de Ampêre para o elemento de cor-


rente, mas vamos manter o primeiro nome para evitar uma possível confusão com a lei
circuital de Ampere, a ser discutida posteriormente.
Em alguns aspectos, a lei de Biot-Savart se assemelha à lei de Coulomb, quando essa
é escrita para um elemento diferencial de carga,
dE = dQlaR12
2
.47TEoRt2
Ambas apresentam uma relação com o inverso do quadrado da distância e mostram uma
relação linear entre a fonte e o campo. A principal diferença aparece na direção do campo.
É impossível verificar experimentalmente a lei de Biot-Savart conforme expressa
por (1) ou por (2), porque o elemento diferencial de corrente não pode ser isolado.
Restringimos nossa atenção a correntes contínuas apenas, de modo que a densidade de
carga não é uma função do tempo. A equação da continuidade na Seção 5.2, Equação (5),
apv
V·J =-~
at
mostra portanto que
v· J = O

ou, após aplicar o teorema da divergência

f J.s
dS = Ó

A corrente total que atravessa qualquer superfície fechada é zero, e essa condição pode
ser satisfeita apenas se assumirmos uma circulação de corrente ao longo de um caminho
fechado. É essa corrente circulando em um circuito fechado· que deve ser nossa fonte
experimental, e não o elemento diferencial.
Com isso, ~penas a forma integral da lei de Biot-Savart pode ser verificada experi-
mentalmente

(3)

As Equações (1) e (2), é claro, levam diretamente à forma integral (3), mas outras
expressões diferenciais também levam à mesma formulação da integral. Qualquer termo
cuja integral por um caminho fechado for zero pode ser adicionado a (1), isto é, qualquer
campo conservativo pode ser adicionado a (1). O gradiente de qualquer campo escalar
sempre resulta em um campo conservativo; poderíamos, portanto, adicionar o termo VG
a (1), onde G é um campo escalar genérico, sem modificar nem um pouco (3).
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 213

Figura 8.2 A corrente total I dentro de uma largura


transversal b, na qual existe uma densidade superficial
de corrente uniforme K, é Kb.

Essa questão sobre (1) ou (2) é mencionada para mostrar que, se mais tarde fizermos
algumas perguntas tolas, não sujeitas a nenhuma verificação experimental, com relação à
força exercidapor um elemento diferencial de corrente em outro, deveremos esperar res-
postas tolas.
A lei de Biot-Savart pode também ser expressa em termos de fontes distribuídas, tal
como a densidade de corrente J e a densidade superficial de corrente K.A corren~e super-
ficial circula em uma lâmina extremamente fina, e a densidade de corrente J, medida em
amperes por metro quadrado, é portanto infinita. A densidade de corrente superficial,
entretanto, é medida em ampêres por metro de largura e é designada por K. Se a densi-
dade de corrente superficial é uniforme, a corrente total I em qualquer largura b é
1= Kb
onde assumimos que a largura b é medida perpendicularmente à direção de circulação
da corrente. A geometria 'é ilustrada pela Figura 8.2. Para uma densidade de corrente
superficial não uniforme, uma integração é necessária:

(4)

onde dN é um elemento diferencial de caminho através do qual a corrente está circulando.


Com isso, o elemento diferencial de corrente I dL, onde dL está na .direção da corrente, pode
ser expresso em termos da densidade superficial de corrente K ou em termos da densidade
de corrente J.

IdL = KdS = Jdv '(5)

e formas altérnativas da lei de Biot-Savart são obtidas

(6)

(7)
214 ELETROMAG NETISMO

Figura 8.3 Um filamento reto infinitamente longo pelo


qual circula uma corrente contínua I, O campo no ponto
2 é H = (//27rp)a""

Podemos ilustrar a aplicação da lei de Biot-Savart considerando um filamento reto


infinitamente longo. Vamos aplicar (2) primeiramente e depois integrar. Isso é o mesmo
que utilizar a forma integral (3) de uma vez?
Referindo-se à Figura 8.3, devemos reconhecer a simetria do campo. Não pode exis-
tir variação com z ou com <p. O ponto 2, no qual deveremos determinar o campo, é desta
forma escolhido no plano z = O. O ponto de campo r é, assim, r = pap' O ponto fonte r'
é dado por r' = z'az, e assim

de forma que
pap - z'az
aRl2 =
Yp 2 + Z,2 '
Tomamos dL = dz'e, e (2) se torna
-I dz'e, X (pap - z'a )
dH = --,-_'--c:-....,.-;-:- __z
2
47T.(p2 + Z'2)3/2
Uma vez que a corrente está orientada na direção de valores crescentes de z', os limites
são -00 e 00 na integral, e temos
H _ J 00 I dz'az X (pap - z'az)
2 - -00 47T(p2 +, Z'2)3/2
I J 00 pdz' aq,
= 47T -00 (p2 + Z'Z)3/2

2 O caminho fechado para a corrente pode ser considerado como possuindo um filamento de retorno parale-
lo ao primeiro filamento e afastado deste de uma distância infinita. Um condutor coaxial externo de raio infi-
nito é outra possibilidade teórica, Na prática, o problema é impossível de ocorrer, mas devemos perceber que
nossa resposta será bastante exata perto de um fio reto muito fino que possua um caminho de retorno de cor-
rente muito afastado.
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 215

Figura 8.4 As linhas de força da intensidade de


campo magnético em volta de um filamento reto
infinitamente longo pelo qual circula uma corrente
contínua I. A direção de 1 é para dentro da página.

Neste ponto, o vetor unitário 3", dentro do sinal de integração deve ser investigado, pois
não é sempre constante como são osvetores unitários do sistema de coordenadas carte-
sianas. Um vetor é constante quando sua intensidade, direção e sentido são todos cons-
tantes. O vetor unitário certamente possui uma intensidade constante, mas sua direção e
sentido variam. Nesse caso, 3", muda com a coordenada cp, mas não com p ou z.
Felizmente; a integração aqui é com relação a z', e 3", é uma constante e pode ser remo-
vida de dentro do sinal de integração. .
, /P3"'joo dz'
H2 = 47T -:-00(p2 + Z'2)3/2

00
/p3", Z' 1

47T P2 y p2 + Z,2 -00

/
H2 = -2-3",
7Tp (8)

A intensidade do campo não é função de cp ou z, e varia inversamente com a distân-


cia do filamento. A direção do vetor intensidade de campo magnético descreve uma cir-
cunferência. As linhas de força são, desse modo, círculos em volta do filamento, e o campo
pode ser mapeado pela seção reta, conforme mostra a Figura 8.4.
A separação entre as linhas de força é proporcional ao raio, ou inversamente pro-
porcional à intensidade de H. Para ser específico, as linhas de força foram desenhadas
com os quadrados curvilíneos em mente. Ainda não temos um nome para a família de
linhas' que são perpendiculares a essas linhas de força circulares, mas o espaçamento das

3 Se você não pode esperar, veja a Seção 8.6.


216 E LETR O M AG N ETISM O

linhas de força foi ajustado de modo que a adição desse segundo conjunto de linhas pro-
duzirá uma conjunto de quadrados curvilíneos.
Uma comparação da Figura 8.4 com o mapa do campo elétrico ao redor de uma linha
de cargas infinita mostra que as linhas de força dó campo magnético correspondem exa-
tamente às eqüipotenciais do campo elétrico, e a família de linhas perpendiculares ainda
sem nome (e ainda não desenhada), no campo magnético corresponde às linhas de força
do campo elétrico. Essa correspondência não é acidental, mas existem vários outros con-
ceitos que devem ser esclarecidos antes que a analogia entre os campos elétrico e mag-
nético possa ser explorada mais profundamente.
Utilizar a lei de Biot-Savart para encontrar H é, em muitos aspectos, similar ao uso
da lei de Coulomb para encontrar E. Cada um requer a determinação de um integrando
moderadamente complicado, que contém quantidades vetoriais, seguida de uma integra-
ção. Quando estávamos interessados na lei de Coulomb resolvemos um número de exem-
plos, incluindo os campos devidos a uma carga pontual, uma linha de cargas e uma lâmi-
na de cargas. A lei de Biot-Savart pode ser utilizada para resolver problemas análogos
com campos magnéticos, e alguns desses problemas aparecem como exercícios no final
do capítulo, e não como exemplos aqui.
Um resultado útil é o campo de um elemento de corrente de comprimento finito,
mostrado na Figura 8.5 (veja o Problema 8.8 no final do capítulo). H é mais facilmen-
te expresso em termos dos ângulos aI e a2, conforme está identificado na figura. O
resultado é

I
H = -4-(sen a2 - sen al)acj.> (9)
'TTp _

Se uma ou ambas as extremidades estão abaixo do ponto 2, então alou ambos aI e a2


são negativos.
z

A--',;--\--,------~y

p Ponto 2

Figura 8.5 A intensidade de campo magnético causada


por um filamento de corrente de comprimento finito no eixo
zé (I/47rp)(sen "2 ~ sen "1)a",-
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 217

A Equação (9) pode ser utilizada para se encontrar a intensidade de campo magné-
tico causada por filamentos de corrente arranjados como uma seqüência de segmentos
de reta.

-----------------------------------------~
Como um exemplo numérico ilustrando o uso de (9), vamos determinar H em P2(0,4, 0,3,
O)no campo de uma corrente filamentar de 8 A direcionada do infinito para a origem, ao
longo do eixo x positivo, e depois da origem para o infinito, ao longo do eixo y. Esse
arranjo é mostrado na Figura 8.6.
Sol[,ção. Primeiramente, consideramos a corrente semi-infinita no eixo x, identificando
os dois ângulos alx = -90° e a2x = tg " (0,4/0,3) = 53,1°. A distância radial p é medida em
relação ao eixo x, e temos Px = 0,3. Logo, essa contribuição para H2 é

_ 8 ° _ 2 _ 12
H2(x) - 41T(0,3) (sen 53,1 + 1)a", - 0,31T (1,8)a", - --;;-a",

o vetor unitário a", também deve se referir ao eixo x. Vemos que ele se torna -azo
Logo

Para a corrente no eixo y, temos a1y = -tg-1(0,3/0,4)


Segue então que

8A·
r.---------~------------~J'
/
o/
/
/
/

I /

Figura 8.6 qs campos individuais dos dois segmentos


de corrente semi-infinitos são encontrados por (9) e
somados, .para se obter H2 em P20
218 ELETROMAG NETIS MO

Somando esses resultados, temos

E8.1. Dados os seguintes valores para PI, P2 e 11!:J.LI' calcule !:J.H2: (a) PI(0,0,2),
P2(4, 2, 0), 27TazILAom; (b) PI(0,2,0), P2(4,2,3), 27TazILAom; (c) P1(1,2,3),
P2(-3, -1, 2), 27T(-ax + ay + 2az)ILAom. ,-

Resp. -8,51ax + 17,01ay nNm; 16ay nAm; 18,9ax - 33,9ay + 26,4 az nNm

a;s.2. Um filamento de corrente pelo qual passam 15 A na direção az se posiciona ao


longo de todo eixo z. Calcule H em coordenadas cartesianas em: (a) PACV20,0,4);
(b) PB(2,-4, 4). '
Resp. 0,534ay A/m; 0,477ax + 0,239ay A/m

8.2 LEI CIRCUITAL DE AMPERE


Após resolver certo número de problemas simples em Eletrostática com a lei de
'Coulomb, descobrimos que eles poderiam ter sido resolvidos de forma muito mais sim-
ples, usando a lei de Gauss, sempre que um alto grau de simetria estivesse presente.
Novamente, um procedimento análogo existe para os campos magnéticos. Nesse caso, a lei
que rios ajuda a resolver problemas de maneira mais fácil é conhecida como lei circuital
de Ampêre, às vezes chamada de lei de Ampere do trabalho. Essa lei pode ser derivada
da lei de Biot-Savart, e a derivação é realizada na Seção 8.7. Por ora, devemos concordar
em aceitar temporariamente a lei circuital de Ampere como outra lei capaz de ser prova-
da experimentalmente. Assim como a lei de Gauss, seu uso também requererá conside-
rações cuidadosas sobre a simetria do problema para se determinar quais variáveis e
componentes estão presentes.
A lei circuital de Ampere determina que a integral de linha de H ao longo de qual-
quer caminho fechado é exatamente igual à corrente contínua envolvida pelo caminho

(10)

Definimos corrente positiva como aquela que circula na direção de avanço de um para-
fuso dextrogiro que é girado na direção na qual o caminho fechado é percorrido.
Referindo-se à Figura 8.7, que mostra um fio circular pelo qual flui uma corrente con-
tínua I, a integral de linha de H ao longo dos caminhos fechados a e b resulta na resposta
l. A integral pelo caminho fechado c que passa através do condutor tem como resposta um
valor menor que I, e é exatamente aquela porção, da corrente total envolvida pelo cami-
nho c: Apesar .de os caminhos a e b fornecerem a mesma resposta, os integrandos são
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 219

Figura 8.7 Um condutor possui uma corrente total I. A


integral de linha de H ao longo dos caminhos fechados
a e b é igual a I, e a integral ao longo do caminho c é
menor que I, uma vez que a corrente inteira não é
envolvida pelo caminho .

. diferentes, é claro. A integral de linha nos leva a multiplicar a componente de H na dire-


ção do.caminho por um pequeno incremento de comprimento em um ponto do caminho,
mover-nos ao longo desse até o próximo comprimento diferencial e repetirmos o proce-
dimento, continuando até que o caminho seja totalmente percorrido. Uma vez que H
usualmente varia de ponto a ponto, e uma yyz que os caminhos a e b não são os mesmos,
a contribuição da integral feita por, digamos, cada micrômetro de comprimento do cami-
nho, são bem diferentes: Apenas a resposta final é a mesma .
.Temos também que considerar exatamente o significado da expressão "corrente
envolvida pelo caminho". Suponha que formemos um circuito soldando as extremidades de
um fio após passá-Ia por uma tira de borracha, que usaremos para representar o caminho
fechado. Alguns caminhos estranhos e formidáveis podem ser construídos torcendo e
dando nós na tira de borracha; se, porém, a tira de borracha ou o circuito condutivo não
forem quebrados, a corrente envolvida pelo caminho será aquela que circula no condutor.
Agora vamos substituir a tira de borracha por um anel circular de aço de mola na qual uma
película de borracha, foi esticada. A espira de aço forma o caminho fechado, e o condutor
de corrente deve penetrar a película de borracha para que a corrente seja envolvida pelo
caminho. Novamente, podemos torcer a espira de aço, e também deformar a película de
borracha empurrando nosso punho contra ela ou dobrando-a de qualquer maneira que
desejarmos. Um condutor de corrente único ainda perfura a película uma vez, e essa é a
medição verdadeira da corrente envolvida pelo caminho. Se passarmos o condutor uma
vez pela película da frente para trás e uma vez de trás para frente, a corrente total envol-
vida pelo caminho será a soma algébrica, que é zero.
Em uma linguagem mais geral; dado um caminho fechado, reconhecemos esse cami-
nho como o perímetro de um número infinito de superfícies (não superfícies fechadas).
Qualquer condutor de corrente envolvido pelo caminho deve passar por todas essas
superfícies uma vez. Certamente algumas das superfícies podem ser escolhidas de
maneira que o condutor as perfure duas vezes em uma direção e uma na outra direção,
mas a corrente algébrica total será ainda à mesma.
Perceberemos que a natureza do caminho fechado é usualmente extremamente sim-
ples e pode ser desenhada em um plano. A superfície mais simples é, então, aquela por-
ção do plano envolvida pelo caminho. Precisamos simplesmente encontrar a corrente
total que passa por essa região do plano.
220 ELETRO MAG N ET 15M O

A aplicação da lei de Gauss requer encontrar a carga total envolvida por uma super-
fície fechada. A aplicação da lei circuital de Ampere requer encontrar a corrente total
envolvida por um caminho fechado.
Vamos novamente encontrar a intensidade de campo magnético produzida por um
filamento infinitamente longo pelo qual circula uma corrente 1. O filamento posiciona-se
no eixo z, no espaço livre (como na Figura 8.3), e a corrente flui na direção dada por azo
A inspeção sobre a simetria vem primeiro, mostrando que não há variação com z ou cjJ.
Em seguida, determinamos quais componentes de H estão presentes utilizando a lei de
Biot-Savart. Sem especificamente utilizar o produto vetorial, podemos dizer que a dire-
ção de -dI{ é perpendicular ao plano que contém dL e R e, com isso, está na direção de
aq,' Logo, a única componente de H é Ht/>, e é função apenas de p.
Dessa forma, escolhemos um caminho para qualquer seção na qual H seja perpen-
dicular ou tangencial e ao longo da qual H seja constante. A primeira condição (H per-
pendicular ou tangencial) nos permite substituir o produto escalal da lei circuital de
Ampere pelo produto das intensidades escalares, a não ser ao longo daquela porção de
caminho onde H é normal ao caminho e o produto escalar é zero. A segunda condição
(H constante) permite então remover a intensidade de campo magnético do sinal de inte-
gração. A integração necessária é usualmente trivial e consiste em se encontrar o compri-
mento daquela porção do caminho para o qual H é paralelo.
No nosso exemplo, o caminho deve ser um círculo de raio p, e a lei circuital de
Ampere fica
r2r.

f
/27r
H . dL = Jo Hq, p dcjJ = Hq, p Jo dcjJ = Hq, 27Tp = 1

ou
H __ 1_
q, - 27Tp

como antes.
Como um segundo exemplo da aplicação da lei circuital de Ampêre, considere uma
linha de transmissão coaxial infinita pela qual flui uma corrente total 1 uniformemente
distribuída no condutor central e-I no condutor externo. A linha é.mostrada na Figura
8.8a. A simetria mostra que H não é função de cjJ ou z. Com o objetivo de determinar as
componentes presentes, vamos utilizar os resultados do exemplo anterior considerando
os condutores sólidos como sendo compostos de um grande número de filamentos.
Nenhum filamento possui uma componente de H em Z. Além disso, a componente H; em
cjJ = 0°,produzida por um filamento posicionado em p = Pl' cjJ = cjJl é cancelada pela com-
ponente Hq, produzida pelo filamento simetricamente posicionado em p = Pl' cjJ = -~l'
Essa simetria é ilustrada na Figura 8.8b. Novamente, encontramos apenas uma compo-
nente Hq, que varia com p.
Um caminho circular de raio p, onde p é maior do que o raio do condutor interno
mas menor que o raio interno do condutor externo, leva-nos imediatamente a

1
Hq,=27TP (a<p<b)
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 221

H",apenas \ /

~
(a) (b)

Figura 8.8 (a) Seção reta de um cabo coaxial pelo qual circula uma corrente 1
uniformemente distribuída no condutor interno e -I no condutor externo.
O campo magnético em qualquer ponto é mais facilmente determinado pela
aplicação da lei circuital de Ampêre ao longo de um caminho circular.
(b) Filamentos de corrente em P = P1' 4>= ±4>1produzem componentes Hp
que se cancelam. Para o campo total, H = H",a",.

Se escolhermos p menor que o raio do condutor interno, a corrente envolvida é


p2
Ienvol = 12
, a

ou

(p < a)

Se o raio p for maior que o raio externo do condutor externo, nenhuma corrente é
envolvida e
H", = O (p > c)

Finalmente, se o caminho está posicionado dentro do condutor externo, temos

I d - p2
HÁ.
'Y
= -
Ztrp d- [;2
(b < P < c)

A variação da intensidade do campo magnético com o raio é mostrada na Figura 8.9


para um cabo coaxial no qual b = 3a, c = 4a. Deve-se notar que a intensidade de campo
magnético H é contínua em todas as fronteiras dos condutores. Em outras palavras, um
pequeno aumento no raio do caminho fechado não resulta na inclusão de uma quantida-
de tremenda de corrente. O valor de H", não mostra saltos súbitos.
222 ELETR OMAG N ETISM O

I
2:rra

2a 3a = b 4a=c

Figura 8.9 A intensidade de campo magnético como


'\
função do raio em uma linha de transmissão coaxial
infinitamente longa com as dimensões mostradas.

o campo externo é zero, isso é resultado de correntes positiva e negativa iguais


envolvidas pelo caminho. Cada uma produz um campo externo de intensidade I/27Tp, mas
ocorre um cancelamento completo. Esse é outro exemplo de "blindagem". Tal cabo coa-
xial pelo qual circula altos valores de corrente não produziria qualquer efeito notável em
um circuito adjacente.
, Como um exemplo final, vamos considerar uma lâmina de corrente que flui na dire-
ção positiva de y e está posicionada no plano z = O.Podemos pensar na corrente de retor-
no como igualmente dividida entre duas lâminas distantes em cada lado da lâmina
que estamos considerando. Uma lâmina com densidade superficial de corrente uniforme
-K.= Kyay é mostrada na Figura 8.10. H não pode variar com x ou y. Se a lâmina for sub-
dividida em um número de filamentos, é evidente que nenhum filamento pode produzir
uma component,e Hy- Além disso, a lei de Biot-Savart mostra, que contribuições para H,
produzidas por pares de filamentos simetricamente dispostos se cancelam. Logo, H, é
zero também. Apenas uma componente H, está presente. Escolhemos então o caminho
1-1'-2'-2-1 composto de segmentos de linha reta, paralelos ou perpendiculares a Hx' A lei

~Y
x

Figura 8.10 Uma lâmina de corrente superficial


. uniforme K = KyB-y no plano z = O. H pode ser
encontrado aplicando-se a lei circuital de Ampêre
ao longo dos caminhos 1-1 '-2'-2-1 e 3-3'-2'-2-3.
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 223

circuital de Ampêre resulta em


Hx1L + Hxz( -L) = KyL

ou

Se o caminho 3-3'-2'-2-3 é agora escolhido, a mesma corrente está envolvida, e


Hx3 - Hx2 = «,
• j
aSSIm,

Segue então que H; é o mesmo para todo z positivo. De forma semelhante, H, é o


mesmo para todo z negativo. Por razões de. simetria, a intensidade de campo magnético.,
em um lado da lâmina de corrente é o negativo daquela presente do.o.llJLolªd_o. Sobre,
a lâmina

enquanto abaixo

.:

Fazendo ~N ser um vetor unitário normal (apontando para fora) à lâmina de corrente, o
resultado pode ser escrito em uma forma correta para todos os z como

(11)

Se uma segunda lâmina com corrente circulando no sentido inverso, K = - Kyay, é


posicionada em z = h, (11) mostra que o campo na região entre as lâminas de corrente é

H =K X aN (O < z < h) I (12)

e é zero nos demais pontos

H=O (z <·O,z >h) (13)

A parte mais difícil da aplicação da lei circuital de Ampere é a determinação das


componentes do campo que estão presentes. O método mais seguro é a aplicação lógica
da lei de Biot-Savart e um conhecimento dos campos magnéticos de forma simples.
O Problema 8.13 no final deste capítulo destaca os passos envolvidos na aplicação
da lei circuital de Ampere a um solenóide infinitamente longo de raio a e densidade uni-
forme de corrente Kaa<l>' conforme mostra a Figura 8.11a. Para referência, o resultado é

(14a)

H = O (p > a) (14b)
224 ELETR OMAG N ETISM O

NJ
H=Kaaz,p<a H={l az
H=O,p >a
(bem dentro da bobina)
(a) (b)

Figura 8.11 (a) Um solenóide ideal de comprimento


infinito com uma lâmina circular de corrente K = Kaa",.
(b) Um solenóide de N voltas de comprimento finito d.

Se o solenóide possui um comprimento finito d e consiste em N voltas enroladas


muito próximas de um filamento no qual circula uma corrente I (Figura 8.llb), então o
campo nos pontos bem dentro do solenóide é dado de maneira aproximada por '

NI
H = da~ (bem dentro do solenóide) (15)

A aproximação é útil se não for aplicada mais perto que dois raios das extremidades aber-
tas, nem mais perto que duas vezes a separação entre as voltas da superfície do solenóide.
Para os toróides mostrados na Figura 8.12, pode-se mostrar que a intensidade de
campo magnético para o caso ideal na Figura 8.12a é
Po - a
H = Ka--- - a", ( dentro do toróide) (16a)
p

H = O (fora) (16b)

Para o toróide de N voltas da Figura 8.12b, temos boas aproximações

NI
H = -- a", ( dentro do toróide) (17a)
27Tp

H = O(fora) (17b)

desde que consideremos pontos longe da superfície do toróide de uma distância várias
vezes maior que a separação entre as voltas.
Toróides que possuem seção reta retangular são também tratados prontamente,
corno você pode notar tentando resolver o Problema 8.14.
Fórmulas exatas para solenóides, toróides e bobinas de outras formas estão disponí-
veis na Seção 2 do Standard Handbook for Electrical Engineers (veja as Referências
Bibliográficas do Capítulo 5).
CAPíTULO 8 O Campo Maqnético Estacionário 225

eixo z eixo z

K = Ka az at p = Po - a, Z = O
H = 2~ arp (bem dentro do toróide)
H = Ka POp- a arp (dentro do toróide)
H =O (do lado de fora)
(a) (b)

Figura 8.12 (a) Um toróide ideal pelo qual circula uma corrente_
superficial K na direção mostrada. (b) Um toróide de N voltas pelo qual
passa uma corrente fi lamentar I.

E.8.3., Expresse o valor de H em componentes cartesianas em P(O, 0,2, O) no campo


de: (a) um filamento de corrente de 2,5 A na direção az em x = 0,1, y = O,~;(b.) um
cabo coaxial, centrado no eixo z, com a = 0,3, b = 0,5, c = 0,6, 1= 2,5 A na direção az
no condutor central; (c) as lâminas de corrente de 2,7ax A/m em y = 0,1, -1,4ax A/m
em y = 0,15 e -1,3ax A/m em 0,25.
Resp. 1,989ax - 1,989ay A/m; -0,884ax A/m; 1,300az A/m

8.3 ROTACIONAL
Completamos nosso estudo da lei de Gauss aplicando-a a um elemento diferencial
de volume e fomos levados ao conceito de divergência. Agora aplicamos a lei circuital de
Ampere para o perímetro de um elemento diferencial de superfície e discutimos a tercei-
ra e última das derivadas especiais da análise vetorial, a rotacional. Nosso objetivo ime-
diato é obter a forma pontual da lei circuital de Ampere.
Novamente devemos escolher as coordenadas cartesianas, e um caminho fechado
incremental de lados & e Lly é selecionado (Figura 8.13). Assumimos que alguma corren-
te, ainda não especificada, produz um valor de referência para H no centro deste peque-
no retângulo

A integral de linha fechada de H ao longo desse caminho é aproximadamente a soma dos


quatro valores de H . LlL em cada lado. Escolhemos a direção do caminho como 1-2-3-4-
1, o qual corresponde a uma corrente na direção az, e a primeira contribuição é

(fl· ÁLh-z = Hy,l-zÁy

o valor de Hy, nessa seção do caminho pode ser dado em termos do valor de referência
Hyo no centro do retângulo, da taxa de variação de Hy com x e da distância &/2 do cen-
tro até o ponto médio do lado 1-2:
226 ELETRO MAGN ETISMO

r-.,....._-----r3

I'!y
}-------------y

Figura 8.13 Um caminho fechado incremental em


coordenadas cartesianas é selecionado para a aplicação
da lei circultal de Ampêre, a fim de determinar a taxa de
variação espacial de H.

.
Hy,1-2 == Hyo
aH Y
+ ax 2 Àx
(1 )
Logo

Ao longo da próxima seção do caminho temos

Continuando para os dois segmentos restantes e somando os resultados

f H . dL (
== - aHy - _x
ax
aH)
ÀxÀy
ay

Pela lei circuital de Ampêre, esse resultado deve ser.igual à corrente envolvida pelo cami-
nho, ou à corrente que atravessa qualquer superfície limitada pelo caminho. Se assumir-
mos uma densidade de corrente genérica J, a corrente envolvida é então ÀI == JzÀxÀy, e

f H . dL ( aHy aHx)
== - õx - - õy ÀxÀy == ] z ÀxÀy
ou

À medida que fazemos o caminho fechado encolher, a expressão anterior torna-se mais
próxima de ser exata, e no limite temos a igualdade

.
. 11m
fH.dL
1lx,Ó.y-->O
ÀxÀy
aH
=---=]
õx
y aH x
ay z
(18)
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 227

Após começarmos com a lei circuital de Ampere igualando a integral de linha fecha-
da de H à corrente envolvida, chegamos agora em uma relação envolvendo a integral de
linha fechada de H por unidade de área envolvida e a corrente por unidade de área envol-
vida, ou densidade de corrente. Realizamos uma análise similar quando passamos da
forma integral da lei de Gauss, que envolvia o fluxo através de uma superfície fechada e
a carga envolvida, para a forma pontual, que relacionava o fluxo através de uma superfí-
cie fechada por unidade de volume envolvido e a carga por unidade de volume envolvi-
do, ou densidade volumétrica de carga. Em cada caso um limite é necessário para produ-
zir a igualdade.
Se escolhermos caminhos fechados que estão orientados perpendicularmente a cada
um dos dois eixos coordenados restante, um processo análogo leva a expressões para as
componentes x e y da densidade de corrente

lim
IH o dL en
= __ z
aH
Y=1
6.y,6.z.-.0 LlyLlZ ay az x
(19)
e

.
11m
6.z,6.x-40
I HodL
LlZLlX
õll,
=---=1
õ:
aHz
õx y
(20)

Comparando (18), (19) e (20), vemos que uma componente da densidade de corren-
te é dada pelo limite do quociente da integral de linha fechada de H ao longo de um
caminho curto em um plano normal àquela componente pela área envolvida, à medida
que o caminho se reduz a zero. Esse limite tem sua contraparte em outros campos da
ciência e há muito tempo recebeu o nome de rotacional. O rotacional de qualquer vetor
,é um vetor, e qualquer componente do rotacional é dado pelo limite do quociente da
integral de linha fechada do vetor ao longo de um caminho curto no plano normal àque-
la componente desejada pela área envolvida, à medida que o caminho se reduz a zero.
Deve-se notar que essa definição de rotacional não se refere especificamente a um siste-
ma de coordenadas em particular. A forma matemática da definição é

lim (21)
(rotacional de H)N = 6.S N
-40

onde LlSJÍIé a área plana envolvida pela integral de linha fechada. O subscrito N indica
que a componente do rotacional é aquela componente que é normal à superfície envol-
vida pelo caminho fechado. Pode representar qualquer componente em qualquer sistema
de coordenadas.
Em coordenadas cartesianas a definição (21) mostra que as componentes x,y e Z do
rotacional de H são dadas por (18), (19) e (20), assim

.
rotacional de H =
"(aH
--
z
-
aH ) a
--o
y
+ .: -- aHz) a + (aH
- -- aHx) a
--y - -- (22)
x
~ ~ ~ ~ y ~ ~ z
228 EL ETRO MAG N ETIS M O

Esse resultado pode ser escrito na forma de um deterrninante

ax ay az
a -a -
a
rotacional de H = (23)
ax ay az
tt, », n,
e pode também ser escrito em termos de operação vetorial,

I rotacional de H = V X H I (24)

A Equação (22) é o resultado da aplicação de (22) ao sistema do coordenadas cartesia-


nas. Obtivemos a componente em z dessa expressão, calculando a lei circuital de Ampere ao
longo de uIV caminho incremental de lados LU: e tiy, e poderíamos ter obtido as duas outras
componentes assim tão facilmente, escolhendo os caminhos apropriados. A Equação (23) é
um método elegante para se armazenar a expressão para o rotacional em coordenadas car-
tesianas.A forma é simétrica e facilmente lembrada. A Equação (24) é ainda mais concisa e
leva à (22) pela aplicação das definições do produto vetorial e do operador vetorial.
As expressões para o rotacional de H em coordenadas cilíndricas e esféricas são
derivadas no Apêndice A pela aplicação da definição (21). Apesar de poderem ser escri-
tas na forma de determinante, conforme lá explicado, os de terminantes não possuem uma
linha de vetores unitários no topo e uma linha de componentes na base, e não são facil-
mente memorizados. Por essa razão, as expansões para o rotacional nas coordenadas
cilíndricas e esféricas que aqui são colocadas e apresentadas na contra-capa são usual-
mente citadas quando necessário.

v X H = (~ aHz _ aHq,),a + (aHp _ aHz) a


. p a1> az p az õp (25)
1

+ (p
!a(pHq,) ~ !aHp)~ a (cilíndricas)
ap" > P ap- z

v X H = _1_ (a(Hq, sen O) _ aHe) a + 1:. (_1_ aH r _ a(rHq,)) ae


r sen O ao a1>. r r sen O aT' ar (26)
+ 1:. (a(rHe) _ aHr) a
r ar ao q, (esféricas)

Apesar de termos descrito o rotacional como uma integral de linha por unidade de
área, isso não fornece a ninguém uma descrição física satisfatória da natureza da opera-
ção de rotacional, pois a própria integral de linha fechada requer uma interpretação físi-
ca. Essa integral foi primeiramente encontrada no campo eletrostático, onde vimos que
J E . dL = O. Visto que a integral era zero, não insistimos na interpretação física. Mais
recentemente discutimos a integral de linha fechada de H, H . dL = I. Qualquer uma J
dessas integrais de linha é também conhecida pelo nome de circulação, um termo obvia-
mente emprestado do campo da dinâmica de fluidos.
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 229

@
H

Velocidade *
Leito do rio
. -
-
---
~


* Corrente para
dentro da página

(a) (b)

Figura 8.14 (a) O medidor de rotacional mostra uma componente do rotacional


da velocidade da água para dentro da página. (b) O rotacional da intensidade
de campo magnético ao redor de um fi lamento infinitamente longo é mostrado.

A circulação de H, ou 1
H . dL, é obtida pela I?-ultiplicação da componente de H
paralela ao caminho fechado especificado em cada ponto ao longo do mesmo pelo com-
primento diferencial do caminho, e somando-se os resultados à medida que os compri-
mentos diferenciais se aproximam de zero e o número desses comprimentos se torna infi-
nito. Não é necessário um caminho extremamente pequeno. A lei circuital de Ampere nos
diz que se H possui circulação ao longo de um dado caminho, então uma corrente atra-
vessa esse caminho. Em Eletrostática vemos que a circulação de E é zero ao longo de
qualquer caminho, uma conseqüência direta do fato de que um trabalho nulo é necessá-
.rio para deslocar a carga ao longo do caminho fechado.
Vamos agora descrever o rotacional como circulação por unidade de área. O cami-
nho fechado é cada vez menor e o rotacional é definido em um- ponto. O rotacional de E
deve ser zero, pois a circulação é zero; entretanto o rotacional de H não é zero. A circu-
lação de H por unidade de área é a densidade de corrente pela lei circuital de Ampêre
. [ou (18), (19) e (20)].
Skilling" sugere o uso de uma roda propulsora de navio a vapor muito pequena como
um "medidor de rotacional". Deve-se considerar, então, que nossa grandeza vetorial seja
capaz de aplicar uma força a cada pá da roda propulsora, sendo a força proporcional à
. componente do campo normal à superfície da pá. Para testar um campo para o rotacio-
nal, mergulhamos nossa roda propulsora no campo, com o eixo da roda propulsora ali-
nhado com a direção da componente do rotacional desejada, e notamos a ação do campo
na roda. Nenhuma rotação significa nenhum rotacional. Velocidades angulares maiores
significam maiores valores de rotacional. Uma inversão no sentido de rotação significa
uma inversão no sinal do rotacional. Para encontrar a direção vetorial do rotacional e não
simplesmente detectar a presença de qualquer componente em particular, devemos colo-
car nossa roda propulsora no campo e procurar em volta pela orientação que produz o
maior torque. A direção do rotacional é então ao longo do eixo da roda propulsora, con-
forme dado pela regra da mão direita.
Como um exemplo, considere o fluxo de água por um rio. A Figura 8.14a mostra a
seção longitudinal de um rio largo tomada no meio do rio. A velocidade da água é zero
no fundo e aumenta linearmente à medida que se aproxima da superfície. Uma roda pro-

4 Veja as Referências Bibliográficas no final do capítulo. .;;:Y J


230 ELETRO MAG NETIS MO

pulsora colocada na posição mostrada, com seu eixo perpendicular ao papel, girará no
sentido horário, mostrando a presença de uma componente do rotacional na direção para
dentro da página, normal à sua superfície. Se a velocidade da água não mudar à medida
que formos para cima ou para baixo ao longo do leito do rio e também não mostrar varia-
ção à medida que atravessamos o rio (ou mesmo se diminuir da mesma maneira em dire-
ção a cada margem), então essa componente é a única componente presente no centro
da correnteza, e o rotacional
, da velocidade da água tem direção e sentido para dentro da
página.
Na Figura 8.14b, são mostradas as linhas de força da intensidade do campo magné-
tico em volta de um filamento condutor infinitamente longo. O medidor de rotacional
colocado nesse campo de linhas curvas indica que um grande número de pás são força-
das no sentido horário, mas essa força em geral é menor que a força no sentido anti-horá-
rio exercida em um número menor de pás mais perto do fio. Parece ser possível que se a
curvatura das linhas de força estiverem corretas e também se a variação da intensidade
de campo está certa, o torque líquido na roda propulsora deve ser zero. Na verdade, a
roda propulsora não gira, nesse caso, pois uma vez que H = (I/27Tp )a"" podemos substi-
tuir em (25) e obter

rotacional de H
BH",
= --- õz ap + -p
1 B(pH",)
õp
a, = °

1!IImIDII'-- ~---
Como uni exemplo do cálculo do rotacional de H por meio da definição e do cálculo de outra integral de
°
linha, vamos supor que H = 0,2z2ax para z > 0, e H = nos outros pontos, conforme mostra a Figura 8.15.
f
Calcule H . dL ao longo de um caminho quadrado de lado d, centrado em (0,0, Zl) no plano y = 0, onde
Zl > d/2.

Z /
/
/
/
./
/
/
/
/
/
/
/
/

k---------- ..•Y

Figura 8.15 Um caminho quadrado de lado d com seu centro no eixo z, em


Z = Z1, é utilizado para calcular fH . dI{ ~ encontrar o rotacional de H.
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 231

Solução. Calculamos a integral de linha de H ao longo dos quatro segmentos, começan-


do pelo topo:

No limite, à medida que a área se aproxima de zero, encontramos

. fH· dL . 0,4zid2
(V' X H), = lim 2 = hm--2- = O,4z
d--.O d d--.O d 1

As outras componentes são zero, de modo que V' X H = 0,4ziay-


Para calcular o rotacional sem tentar ilustrar a definição ou o cálculo da integral de
linha, simplesmente tomamos a derivada parcial indicada por (23):
ax ay az
a a a a
V' X H = - - - = - (0,2z2)ay = 0,4zay
ax ay az az
0,2z2 o O

,que concorda com o resultado anterior quando z = Zi'

Retomando agora para completar nosso exame original da aplicação da lei circui-
-tal de Ampêre a um caminho de tamanho diferencial, combinamos (18), (19), (20), (22)
e (24)

rotacional de H V' X H aHz aHy) a + (aHx aHz)


--õ: - -- a
= = ( --õy - --
az x
õx y

+ (aHy _ aHx)a = J
(27)
ax ay z

e escrevemos a forma pontual da lei circuital de Ampêre

(28)

Essa é a segunda das quatro equações de Maxwell, quando aplicadas às condições


onde não há variação com o tempo. Podemos também escrever a terceira dessas equa-
ções neste momento. É a forma pontual de E . d~ = O,ou f

V'xE=O .1 (29) ,

A quarta equação aparece na Seção 8.5. .


...~-
232 ELETROMAG NET 15 M O

E8.4. (a) Calcule a integral de linha fechada de H ao longo de um caminho retangu-


lar P1(2,3,4) aPz(4,3,4) a Pl4,3, 1) a Pi2,3, 1) a P1,dado H = 3zax - 2x3azA/m. (b)
Determine o quociente da integral de linha fechada pela área envolvida pelo caminho
como uma aproximação .para (VXH)y (c) Determine (VXH)y no centro da área.
Resp. 354 A; 59 A/m2; 57 Alm2

E8.5. Calcule o valor do vetor densidade de corrente: (a) em coordenadas cartesianas


em PA(2, 3,4), se H = x2zay - /.wz; (b) em coordenadas cilíndricas em P8(1,5, 90°,0,5),

se H = ~(cos 0,2cP )ap; ( c) em coordenadas esféricas em PcC2,30°,20°), se H = _1_ ao.


P, sen 8
Resp. -16ax + 9ay + Iôa, Azm"; 0,055az A/m2; a4>A/m2

8.4 TEOREMA DE STOKES


Apesar de a Seção 8.3 ter sido dedicada principalmente à discussão da operação de
rotacional, a contribuição ao assunto dos campos magnéticos não deve ser esquecida.
Pela lei circuital de Ampêre, derivamos uma das equações de Maxwell, V xH = J.
Nessa última equação deve ser considerada a forma pontual da lei circuital de Ampere,
e.é aplicada em uma base "por unidade de área". Nesta seção, deveremos novamente
dedicar a maioria do material ao teorema matemático conhecido como teorema de
Stokes, mas no processo-mostraremos que podemos obter a lei circuital de Ampêre a par-
tir de V X H = J. Em outras palavras, estaremos então preparados para obter a forma
integral a partir da forma pontual ou obter a forma pontual a partir da forma integral.
Considere a superfície S da Figura 8.16, que está particionada em superfícies incre-
mentais de área flS. Se aplicarmos a definição de rotacional a uma dessas superfícies
incrementais, então

r: dLas
-=-----==
flS
(V x H)
N

onde o subscrito N novamente indica a superfície normal dada pela regra da mão direi-
ta. O subscrito em dLas indica que o caminho fechado é o perímetro de uma-ãrea incre-
mental flS. Esse resultado também pode ser escrito

fH' dLt1S .

flS = (V X H) . aN

ou

f H . dLas ==(V X H) . aNflS = (V X H) . ss I

onde aN é um vetor unitário na direção da normal a flS dada pela regra da mão direita.
Vamos agora determinar a circulação de todos os flS que compõem S e somar os
resultados. À medida que calculamos a integral de linha fechada para cada flS, alguns
'CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 233

-'-

- Superfície S

Figura 8.16 A soma das integrais de linha fechada pelo perímetro


de cada !'J.Sé a mesma que a integral,de linha fechada ao longo do '
perímetro de 5 por causa do cancelamento em cada caminho interior,

. cancelamentos vão ocorrer, porque toda parede interior é percorrida uma vez em cada
direção. As únicas fronteiras nas quais cancelamentos não podem ocorrer são as que for-
mam as fronteiras externas, que é o caminho que envolve S. Logo, temos

fH. dL == fs (VI X H) . dS (30)

onde dL é tomado apenas no perímetro de S.


A Equação (30) é uma identidade, valendo para qualquer campo vetarial, e é conhe-
cida cetno-teorema
~ de Stokes.

----------------------------------------~
Um exemplo numérico deve ajudar a ilustrar a geometria envolvida no teorerna de
Stokes. Considere a porção de uma esfera mostrada na Figura 8.17. A superfície é espe-
° °
cificada por r = 4, :s e :s 0,177, :s cf> :s 0,377, e o caminho fechado formando seu perí-
metro é composto de três arcos circulares. É dado o campo H = 6r sen cf> ar'
+ 18r sen ecos cf> a", e pede-se que calculemos cada lado do teorema de Stokes.
Solução. 'O primeiro segmento de caminho é descrito em coordenadas esféricas por
° e e °
r = 4, -s :s 0,177, cf> = 0, o segundo por r = 4, = 0,177, :s cf> :s 0,377 e o terceiro
° o
por r = 4, :s e :s 0,177, cf> = 0,377. elemento diferencial de caminho dL é a soma veto-
rial dos três comprimentos diferenciais do sistema de coordenadas esféricas discutido pri-
meiramente na Seção 1.9:

.' dL = dr ar + r de ao + r sen e d4! a",


234 ElETRO MAGNETISMO

)----------y

Figura 8.17 Uma porção de uma calota esférica é usada


como uma superfície e um caminho fechado para ilustrar o
teorema de Stokes.

o primeiro termo é zero em todos os três segmentos do caminho, uma vez que r =
4 e dr = 0, o segundo é zero no segmento 2 pois e é constante, e o terceiro termo é zero
em ambos os segmentos 1 e 3. Logo

f H'. dL = 1 Ror de + 1R.pr sen e drjJ + 1 Ror de

Uma vez que Ho = 0, temos apenas a segunda integral para calcular

Ji=
f H . dL = ° [18(4) sen O,17rcos rjJ]4 sen O,17rdrjJ
= 288 sen20,17Tsen 0,37T = -22,2A

Em seguida, resolvemos a integral de superfície. Primeiramente, usamos (26) para


encontrar

\7 X H = -- 1 (36r sen e cos ecos rjJ)ar + -1( -- 1 6r cos rjJ- 36r ')sen ecos rjJ ao
r sen-B, r sen e
Uma vez que dS =>SeQfLde drjJ ar' a integral fica
r:(36 cos ecos,rjJ)16 sen
.
1
S
(\7
I
X

I'
H) . dS =
r,3Tr
Jo
°
J n
0-
e de dd:

= J°
r O,3Tr (1
576"2 sen 2e ocos
)I O,lTr
rjJdrjJ

= 288 serr' 0,17T sen 0,37T = 22,2 A '


. C A P íTU L O 8 O Campo Magnético Estacionário 235

Logo, os resultados comprovam o teorema de Stokes, e notamos de passagem que


uma corrente de 22,2 A está circulando, com direção para cima, através dessa seção da
calota esférica.

A seguir, veremos como é fácil obter a lei circuital de Ampêre a partir de V X H = J.


'Nós simplesmente temos que calcular o produto escalar de cada lado com dS, integrar
cada lado ao longo. da mesma superfície (aberta) S, e aplicar o teorema de Stokes:

1 (V X H) . dS = 1 J . dS = f H . dL

A integral da densidade de corrente sobre a superfície S é a corrente total I que passa


. através da superfície, assim

Essa derivação rápida mostra claramente que a corrente I, descrita como "envolvi-
da pelo caminho fechado", é também a corrente que passa através de qualquer uma das
infinitas superfícies que possuem o caminho fechado como perímetro.
O teorema de Stokes relaciona uma integral de superfície a uma integral de linha
fechada. Deve-se lembrar que o teorema da divergência relaciona uma integral volumé-
-trica com uma integral e superfície fechada. Ambos os teoremas possuem sua maior apli-
cação em provas vetoriais genéricas. Com um exemplo, vamos encontrar uma outra
expressão para V . V X A, onde A representa qualquer campo vetorial. O resultado deve
ser um escalar (por quê?), e designaremos esse escalar por T, ou
V·VxA=T
Multiplicando por dv e integrando em qualquer volume v,

1
vol
(V . V X A)dv = 1 vol
Tdv

primeiramente aplicamos o teorema da divergência no lado esquerdo, obtendo

f S
(V X A) . dS = 1
vol
Tdv

O lado esquerdo é a integral de superfície do rotacional de A sobre uma superfície


fechada ao redor do volume v. O teorema de Stokes relaciona a integral de superfície do
rotacional de A sobre uma superfície aberta limitada por um caminho fechado dado. Se
pensarmos no caminho como na abertura de uma sacola de lavanderia e a superfície
aberta como a superfície da própria sacola, vemos que à medida que nos aproximamos
gradualmente de uma superfície fechada puxando os laços da boca da sacola, o caminho
fechado ~e torna menor e menor, e finalmente desaparece quando a superfície se fecha.
Com isso, a aplicação do teorema de Stokes em uma superfície fechada produz um resul-
tado igual a zero; temos

1
vol
Tdv = O
236 ELElROMAG NEl 18 M O

Uma vez que esse resultado é verdadeiro para qualquer volume, é verdadeiro para
o volume diferencial dv,
Tdv = O

assim
T=O
ou

IV.VXA=O I (31)

A Equação (31) é uma identidade útil do cálculo vetorial.' Naturalmente, ela pode
também ser provada facilmente por expansão direta em coordenadas cartesianas.
Vamos aplicar a identidade ao campo magnético não variante no tempo para o qual
V X H = J

Isso prontamente mostra que


V •J = O
e que é o mesmo resultado que obtivemos anteriormente, quando usamos a equação da
continuidade.
Antes de introduzir diversas novas grandezas relacionadas a campos magnéticos na
próxima seção, devemos rever nossas realizações neste ponto. Inicialmente aceitamos a
lei de Bio-Savart como um resultado experimental,

e corno tentativa aceitamos a lei circuital de Ampere, sujeita à prova posterior

fH'dL=I
Da lei circuital de Ampere, a definição de rotacional levou à forma pontual dessa
mesma lei
V X H =J
Vemos agora que o teorema de Stokes nos permite obter a forma integral da lei cir- I

cuital de Ampêre a partir da sua forma pontual.

E8.6. Calcule ambos os lados do teorema de Stokes para o campo li = ôzya, - 3y2ay
A/me o caminho retangular ao redor da região, 2:::; x :::;5, - 1 ::E; y :::;1,z = O.
Considere que o sentido positivo de dS seja azo
" <i::
R-esp. -126 A;

5 Esta e outras identidades vetoriais estão tabuladas no Apêndice A.3.


CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 237

8.5 FLUXO MAGNÉTICO E DENSIDADE


DE FLUXO MAGNÉTICO
No espaço livre, vamos definir a densidade de campo magnético B como

IB = ,uoH I (apenas espaço livre) (32)

onde B é-medido em webers por metro quadrado (Wb/m-) ou em uma nova unidade ado-
tada no Sistema Internacional de Unidades, tesla (T). Uma unidade antiga que é freqüen-
temente utilizada para a densidade de fluxo elétrico é o gauss (G), onde 1 T ou 1 W/m2
equivale a 10.000 G. A constante ,uo não é adimensional e possui o valor definido para o
espaço livre, em henrys por metro (Rim), de

I ,uo = 477 X 10-7 RIm (33)

o nome dado a P« é a permeabilidade do espaço livre.


Devemos notar que, uma vez que H é medido em amperes por metro, o weber é
dimensionalnrente igual ao produto de henrys por amperes. Considerando o henry como
uma nova unidade, o weber é simplesmente uma abreviação conveniente para o produto
de henrys por ampêres, Quando campos variantes no. tempo forem introduzidos, será
mostrado que um weber é também equivalente ao produto de volts por segundos.
O vetor densidade de fluxo magnético B, como a unidade weber por metro quadra-
do implica, é um membro da família de campos vetoriais de densidade de fluxo. Uma das
possíveis analogias entre campos elétricos" e magnéticos compara as leis de Bio-Savart
e de Coulomb, estabelecendo assim uma analogia entre -H ~ E, e as relações B = ,uoH
e D = EoE levam a uma analogia entre B e D. Se B é medido em teslas ou weber por
metro quadrado, então o fluxo magnético deve ser medido em webers. Vamos represen-
tar o fluxo magnético por <Pe definir <Pcomo o fluxo que passa por qualquer área espe-
cificada.

I <P = fs B . dS Wb I (34)

Nossa analogia deve agora nos lembrar do fluxo elétrico 'P, medido em coulombs, e
da lei de Gauss, que afirma que o fluxo total que passa por qualquer superfície fechada é
igual à carga envolvida,

'I' = 1D . dS
ls. = Q
,
A carga Q'é. a fonte das linhas de fluxo elétrico e essas linhas começam e terminam em
cargas positivas e negativas, respectivamente.
_Nenhuma força desse tipo jamais foi descoberta para as linhas de fluxo magnético. No
/
exemplo do filamento reto infinitamente longo pelo qual passa uma corrente I, o campo

I> Uma analogia alternativa é apresentada na Seção 10.2.


238 ELETROMAG NETIS Mo

H formou círculos concêntricos ao redor do filamento. Uma vez que B = lLoH, o campo B
é da mesma forma. As linhas de fluxo magnético são fechadas e não terminam em uma
"carga magnética". Por essa razão, a lei de Gauss para o campo magnético é

_t B
_' dS =_0 I (35)

e a aplicação do teorema de divergência nos mostra que

I V· B ~ O (36)

Não provamos (35) ou (36), mas apenas sugerimos a veracidade dessas afirmações
considerando unicamente o campo de um filamento infinito. É possível mostrar que (35)
ou (36) são resultantes da lei de Biot-Savart e da definição de B, B = lLoH, mas essa é
outra prova a qual postergaremos para a Seção 8.7.
A Equação (36) é a última das quatro equações de Maxwell aplicadas a campos elé-
tricos estáticos e campos magnéticos estacionários. Agrupando essas equações, temos
então para campos elétricos estáticos e campos magnéticos estacionários

V .D = Pv
VXE =0 (37)
V'fH = J
V·B =O

A essas equações devemos adicionar as duas expressões relacionando D a E e B a H


no espaço livre

D = EoE (38)

I B=lLoH (39)

Também consideramos útil definir um potencial eletrostático

I E = -VV I (40)

. e vamos discutir um potencial para o 'campo magnético estacionário na próxima seção .


•r Adicionalmente, estendemos nosso estudo de campos elétricos para incluir materiais
condutores e dielétricos, e introduzimos a polarização P. Um tratamento similar será.
aplicado a campos magnéticos no próximo capítulo.
Retomando à (37), deve-se notar que essas quatro equações especificam o divergen-
te e o rotacional de um campo elétrico e de um campo magnético. O conjunto correspon-
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 239

dente de quatro equações integrais que se aplicam a campos elétricos estáticos e campos
magnéticos estacionários é

!s1D_· dS = Q == 1 vol
p; dv

f'E. dL =O
(41)

f H . dL = I = l J . dS

i B·dS = O <,

Nosso estudo de campos elétricos e magnéticos teria sido muito mais simples se
tivéssemos podido começar com qualquer um desses conjuntos de equações, (37) ou (41).
Com um bom conhecimento de análise vetorial, como aquela que agora devemos ter,
qualquer um dos dois conjuntos seria obtido prontamente do outro pela aplicação dos
teoremàs da divergência ou de Stokes. As diversas leis experimentais podem ser facil-
mente obtidas a partir dessas equações .
. Como um exemplo do uso do fluxo e densidade de fluxo associados a campos mag-
o néticos, vamos calcular o fluxo entre condutores da linha coaxial da Figura 8.8a. A inten-
" sidade de campo magnético já foi encontrada como
H - .L: ( b)
'" - 27Tp a <P <
assim
. fLoI
B = fLoH = -- a",
. . 27Tp '"

o fluxo magnético contido entre os condutores em um comprimento d e o fluxo que


atravessa qualquer plano radial que se estende de p = a até p = b e de, digamos, z = O
az = d

ou
fLo Id b
<I> = --ln-
27T a (42)

Essa expressão será utilizada posteriormente para se obter a indutância da linha de


transmissão coaxial.

Eá.7. Um condutor sólido de seção reta circular é feito de um material não magnéti-
.có homogêneo. Se o raio a é igual a 1 mm, o eixo do condutor posiciona-se no eixo z
e a corrente total na direção az é, 20 A, calcule: (a) H", em p = 0,5 mm; (b) B", em p =
0,8 mm; (c) o fluxo magnético total por unidade de comprimento dentro do condutor;
(d) o fluxo 'total para p <-0,5 mm; (e) o fluxo magnético total fora do condutor.
Resp.. 1592 A/m; 3,2 mT; 2 fLWb/m; 0,5 fLWb; co
----------------------------~
240 ELE TRO MAGN ETISMO

8.6 OS POTENCIAIS ESCALAR


E VETOR MAGNÉTICOS
A solução de problemas de campos eletrostáticos é grandemente simplificada pelo
uso do potencial escalar eletrostático V.Apesar de esse potencial possuir um significado
físico muito real para nós, matematicamente não é mais do que um ponto de partida que
nos permite resolver um problema em passos muito menores. Dada uma configuração de
carga, primeiramente encontramos o potencial e, a partir deste, a intensidade de campo
elétrico.
Devemos questionar-se existe ou não um tipo de ajuda como essa disponível para
campos magnéticos. Podemos definir uma função potencial que possa ser encontrada a
partir da distribuição de corrente e a partir da qual os campos magnéticos possam ser
facilmente determinados? Há como definir um potencial escalar magnético, de forma
similar ao potencial escalar eletrostático? Vamos mostrar, nas próximas páginas, que a
resposta à primeira pergunta é sim, mas que a segunda deve ser respondida com um "às
vezes". Vamos atacar a segunda pergunta primeiro, assumindo a existência de um poten-
cial escalar magnético, o qual designamos por Vm» cujo negativo do gradiente nos dá a
intensidade de campo magnético

A escolha do negativo do gradiente proporcionará a nós uma analogia mais próxima do


potencial elétrico e dos problemas que já resolvemos.
Essa definição não pode conflitar com nossos resultados anteriores para o campo
magnético, assim

Entretanto, o rotacional do gradiente de qualquer escalar é igual a zero, uma identidade


veto ria I cuja prova é deixada para um momento de lazer. Desse modo, vemos que se H
for definido como o gradiente de um potencial escalar magnético, a densidade de corren-
te deverá ser zero em toda a região em que o potencial escalar magnético for definido.
Temos então

I H=-VV m (J=O) (43)

Uma vez que muitos problemas magnéticos envolvem geometrias nas quais condutores
de corrente ocupam relativamente uma pequena fração da região total de interesse, é evi-
dente que um potencial escalar magnético pode ser útil. O potencial escalar magnético é
também aplicável no caso de ímãs permanentes. As dimensões de Vm são obviamente
ampêres.
Esse potencial escalar também satisfaz à equação de Laplace. No espaço livre
V ·B=fLoV ·H=O

assim
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 241

ou

(44)

Veremos mais tarde que Vm continua a satisfazer à equação de Laplace em materiais


magnéticos homogêneos. Não é definido em qualquer região na qual uma densidade d~
corrente esteja presente.
Apesar 4sque iremos considerar o potencial escalar magnético de uma maneira
muito mais ampla no Capítulo 9, quando introduzirmos os materiais magnéticos e discu-
tirmos o circuito magnético, uma diferença entre V e Vm deve ser destacada agora: Vm
não é função de um único valor em relação à posição. O potencial elétrico V possui ape-
nas um valor. Uma vez que um zero de referência é definido, existe apenas um valor de
V associado a cada ponto do espaço. Esse não é o caso com Vm: Considere a seção reta
da linha coaxial mostrada na Figura 8.18. Na região, a < p < b, J = O, e podemos estabe-
lecer um potencial magnético escalar. O valor de H é
1
H = --aq,
2np

onde 1é a cOI:rente total que flui na direção az no condutor interno. Vamos encontrar Vm
integrando a componente apropriada do gradiente. Aplicando (43),
_1_ -V'V I _!:. aVm
27Tp m q, p a4>
ou

1---. x

p=b

p=c

Figura 8.18 O potencial escalar magnético Vm é


uma função de <p de muitos valores na região a <p < b.
O potencial eletrostático é sempre de valor único.
242 ELETROMAG NETIS MO

Logo

onde a constante de integração foi feita igual a zero. Qual valor de potencial devemos
associar ao ponto P, onde cp = 7T/4? Se fizermos Vm ser zero em cp = e caminharmos no
sentido anti-horário ao redor do círculo, o potencial magnético torna-se linearmente
°
negativo. Quando tivermos completado uma volta, o potencial é - I, mas esse era o ponto
no qual dissemos, há poucos instantes, que o potencial valia zero. No ponto P, cp = 7T/4,
9~177T/4, ... , ou -77T/4, -157T/4, -237T/4, ... , ou

Vmp = 2~ (2n - ±)7T (n = 0, + 1, + 2, ... )

ou
V mp = I( n -~) (n = 0, :::t::: 1, :::t::: 2, ... )

A razão para esses diversos valores pode ser mostrada por comparação com o caso
eletrostático. Naquele caso, sabemos que
V X E = °
fE'dL=O

com isso, a integral de linha

. é independente do caminho. No caso magnetostático, entretanto


V X H = ° (sempre que J = O)

mas

mesmo se J for zero ao longo do caminho de integração. Toda vez que fizermos outra
volta completa ao redor da corrente, o resultado da integração aumenta de I. Se nenhu-
ma corrente I é envolvida pelo caminho, então uma função potencial de valor único pode
ser definida. Em geral, entretanto

Vm,ab = - ia H . dL (caminho especificado) (45)

. onde um caminho específico ou tipo de caminhá deve ser selecionado. Devemos nos lem-
brar que o potencial eletrostático V é um campo conservativo. O potencial escalar mag-
nético Vm não é um campo conservativo. Em nosso problema coaxiallevantaremos uma
barreira? em cp = 7T. Vamos concordar em não selecionar um caminho que passe por esse

7 Isto corresponde ao termo matemático mais preciso "ramo interrompido".


CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 243

plano. Desse modo, não podemos circular I, e um potencial de valor único é possível. O
resultado é visto como

(
e
I
8

O potencial escalar magnético é evidentemente a grandeza cujas superfícies eqüipo-


tenciais formarão quadrados curvilíneos com as linhas de força de H na Figura 8.4. Essa
é mais uma faceta da analogia entre campos elétricos e magnéticos, sobre a qual teremos
mais a dizer nos próximos capítulos.
Vamos agora temporariamente deixar o potencial escalar magnético e investigar um
potencial vetor magnético. Esse campo vetorial é extremamente útil no estudo de radia-
ção de antenas e de aberturas, perdas por radiação de linhas de transmissão, guias de onda
e. fornos de microondas. O potencial vetor magnético pode ser utilizado em regiões
onde a densidade de corrente é nula ou não nula, e seremos também capazes de esten-
dê-lo, posteriormente, para o caso de variação temporal.
Nossa escolha de um potencial vetor magnético é indicada notando que
V"B=O

Em seguida, uma identidade vetorial que provamos na Seção 8.4 mostra que a divergên-
cia do rotacional de qualquer campo vetorial é zero. Assim, selecionamos

(46)

onde A significa um potencial vetar magnético e automaticamente satisfaz à condição de


que a densidade de fluxo magnético deve ter divergência nula. O campo H é
1
H = -V' X A
fLo
e
. 1
V' X H = J = -V' X V' X A
fLo

O rotacional do rotacional de um campo vetorial não é zero e é dado por uma


e,xpressãp bastante complicada.ê a qual não precisamos conhecer agora em sua forma
geral. Em casos específicos para os quais a forma de A é conhecida, a operação de rota-
eional pode ser aplicada duas vezes para determinar a densidade de corrente.

8 \I x \I x A ee \1(\1 . A) - \l2A. Em coordenadas cartesianas, pode-se mostrar que \l2A == \l2Axax + \l2Ayay +
\l2Azaz. Em outros sistemas de coordenadas, \l2A pode ser encontrado calculando-se as derivadas parciais de
segunda ordem em \l2A = \1(\1 . A) - \I x \I x A.
244 EL E TR OMAG N ET 15 M O

A Equação (46) serve como uma definição útil do potencial vetar magnético A. Uma
vez que a operação rotacional implica diferenciação em relação a um comprimento, as
) unidades de A são webers por metro.
Até agora vimos apenas que a definição de A não conflita com nenhum resultado
anterior. Ainda falta mostrar que essa definição em particular pode nos ajudar a deter-
minar campos magnéticos de maneira mais fácil. Certamente não podemos identificar A
com nenhuma grandeza facilmente medida ou experimento histórico.
Vamos mostrar na Seção 8.7 que, dada a lei de Biot-Savart, a definição de B e a defi-
nição de A, A pode ser determinado pelos elementos diferenciais de corrente por

A = fJLOI dL (47)
47TR

o significado dos termos em (47) é o mesmo que na lei de Biot-Savart. Uma corrente
contínua I circula ao longo de um condutor filamentar no qual cada comprimento dife-
rencial dL está a uma distância R do ponto no qual A deve ser calculado. Já que defini-
mos A apenas pela especificação do seu rotacional, é possível adicionar o gradiente de
qualquer campo escalar a (47) sem provocar mudanças em B ou H, pois o rotacional do
gradiente é zero. Em campos magnéticos estacionários, é usual definir esse termo possí-
vel de ser adicionado como valendo zero.
O fato de A ser um potencial vetor magnético é mais aparente quando (47) é com-
parada com a expressão similar para o potencial eletrostático.

v- J PLdL
--
4m:oR

Cada expressão é a integral ao longo de uma fonte linear, em um caso linha de cargas e
no outro caso linha de corrente. Cada integrando é inversamente proporcional à distân-
cia da fonte ao ponto de interesse, e cada um envolve uma característica do meio (espa-
ço livre, neste caso), a permeabilidade ou a permissividade.
A Equação (47) pode ser escrita na forma diferencial
JLoI dL (48)
dA = 47TR

se novamente concordarmos em não atribuir qualquer significado físico a quaisquer cam-


pos magnéticos que obtenhamos de (48) até que o caminho fechado inteiro no qual a cor-
rente circula seja considerado.
Com essa condição, vamos em frente e consideremos o campo potencial vetor mag-
nético em volta de um filamento diferencial. Posicionamos o filamento na origem no
espaço livre, conforme mostra a Figura 8.19, e permitimos que o mesmo se estenda no
sentido positivo de z de forma que dL = dzaz. Utilizamos coordenadas cilíndricas para
encontrar dA no ponto (p, 4>, z): .
JLaIdza z
dA = --=---=--r=:====::
47TYp2 + Z2
ou

(49)
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 245

z
Espaço livre

R = Vp2+ z2
P(p, <jJ, z)

IdL =Idz az
\~
~ . s:::------+----y

p

Figura 8.19 O elemento diferencial de corrente


I dzazna origem estabelece o campo potencial vetor
. fJ- Idza
magnético diferencial dA = o Z com P(p, q" z).
41TVp2 + Z2

Notamos que a direção de dA é a mesma que a de I dL. Cada pequena seção de um


condutor de corrente produz uma contribuição para o potencial vetor magnético total que
está na mesma direção e sentido da circulação da corrente no condutor. A intensidade do
potencial vetar magnético varia inversamente com a distância ao elemento de corrente,
sendo mais farte na vizinhança da corrente e gradualmente caindo a zero em pontos dis-
tantes. Skilling? descreve o potencial vetor magnético como "similar à distribuição de cor-
.rente, mas indistinto nas bordas, o~ como uma fotografia fora de foco da corrente".
Com o objetivo de encontrarmos a intensidade de campo magnético, devemos tomar
o rotacional de (49) em coordenadas cilíndricas, levando a

dH = 1 X dA
-y>
fLo
= ±(
fLo
adAz)
---
õp
a
4>
(
ou

que pode ser facilmente mostrada como sendo o mesmo valor dado pela lei de Biot-
Savart.
Expressões para o potencial vetor magnético A podem também ser obtidas para
.uma fonte de corrente que está distribuída. Para uma lâmina de corrente K, o elemento
diferencial de corrente se torna

IdL = KdS

No caso da circulação de corrente por um volume com densidade J, temos

IdL = Jdv

9 Veja as Referências Bibliográficas no final do capítulo.


246 ELE.TROMAG NETIS MO

Em cada uma dessas expressões, a característica vetarial é dada à corrente. Para


o elemento filamentar é usual, apesar de não ser necessário, usar I dL em vez de I dL.
Uma vez que a intensidade do elemento filamentar é constante, escolhemos a forma
que nos permite remover uma grandeza da integral. As expressões alternativas para
A são

A = (J-LoKdS (50)
i; 41TR

A = J
vol.
J-LoJdv
41TR (51)

As Equações (47), (50 e~(51)expressam o potencial vetor magnético como uma inte-
gração abrangendo todas as suas fontes. Fazendo uma comparação da forma dessas inte-
grais com aquelas que levaram ao potencial eletrostático, é mais uma vez evidente que o
zero de referência para o A está no infinito, pois nenhum elemento de corrente finito
pode produzir alguma contribuição à medida que R ~ 00. Devemos nos lembrar de que
muito raramente utilizamos as expressões similares para V. Muito freqüentemente nos-
sos problemas teóricos incluíram distribuições de cargas que se estendiam até o infinito,
e o resultado seria um potencial infinito em qualquer lugar. Na verdade, calculamos pou-
cos campos potenciais até que a forma diferencial da equação do potencial fosse obtida,
V2V = -p)E, ou melhor ainda, V2V = O.Estávamos então livres para selecionar nosso
próprio zero de referência.
As expressões análogas para A serão derivadas na próxima seção, e um exemplo do
cálculo de um campo potencial vetor magnético será estudado.

E8.8. Uma lâmina de corrente, K = 2,4az A/m, está presente na superfície p = 3,05 em
no espaço livre. (a) Calcule H para p > 3,05. Calcule V m em P(p = 3,81,1> = 0,61T,
° °
Z = 2,54) se: (b) Vm = em 1>= e existe uma barreira em 1>= 1T;(c) v, = em
° °
1>= e existe uma barreira em 1>= 1T12;(d) V m = em 1>= 1Te existe uma barreira
°
em 1>= O; (e) Vm = 5 V em cf> = 1Te existe uma barreira em 1>= 0,81T.
2,88
Resp. - atj>; -5,43 V; 12,1.7;
3,62 V; -9,48 V
p ,

E8.9. O valor de A dentro de um condutor sólido não magnético de raio a pelo qual
circula uma corrente total de I na direção az pode ser facilmente encontrado.
Utilizando o valor conhecido de H ou B para p < a, então (46) pode ser resolvida
encontrando-se A. Selecione A = (J-LJ ln 5)/21T em p = a (para corresponder a um
exemplo na próxima seção) e calcule A em p =: (a) 0, (b) 0,25a; (c) 0,75a; (d) a.
Resp. 0,422Iaz J-L Wb/m; 0,416Iaz J-L Wb/m; 0,366Iaz J-L Wb/m; 0,322Iaz J-L Wb/m

I
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 247

8.7 DERIVAÇÃO DAS LEIS DO


CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO
Vamos agora cumprir nosso acordo e fornecer as provas prometidas das várias rela-
ções entre as grandezas relacionadas ao campo magnético. Todas essas relações podem
ser obtidas pela definição de H

(3)
de B (no espaço livre)
(32)
edeA
B=VxA (46)
Vamos primeiramente assumir que podemos expressar A pela última equação da
Seção 8.6

A- 1. vol
/-LoJ dv
--
47TR
(51)

e demonstrar que (51) é correta mostrando que (3) dela deriva. Primeiramente devemos
adicionar subscritos para indicar o ponto no qual o elemento de corrente está posiciona-
do (Xl' YI' ZI) e o ponto no qual A é dado (x2, Y2' Z2)' O elemento diferencial de volume
dv é então escrito como dV1 e em coordenadas cartesianas seria dXI dYI dzl. As variáveis
de integração são Xl' YI e Zl' Utilizando esses subscritos

(52)

De (32) e (46) temos


B VxA '(53)
H=-=---
/-Lo /-Lo

Para mostrar que (3) deriva de (52), é necessário substituir (52) em (53). Esse passo
requer tomar o rotacional de A2' uma grandeza expressa em termos das variáveis x2' Y2 e
Z2' e o rotacional, dessa maneira, envolve derivadas parciais com relação a x2' Y2 e Z2'
Fazemos isso, colocando um subscrito no operador nabla para nos lembrar das variáveis
envolvidas no processo de derivação parcial,
_ V2
H2 -
X
/-Lo
A2 _
-
1
-V2
/-Lo
X
1. /-LOJldvl
vol 47T R 12

A ordem da diferenciação e integração parciais não importa, e /-Lo/47T é constante,


permitindo-nos escrever

A operação de rotacional dentro do integrando representa diferenciações parciais


com relação a x2' Y2 e Z2' O elemento diferencial de volume dVI é um escalar e é uma
248 ELETRO M AG N ETI S MO

função apenas de Xl' Y1 e Zl. Conseqüentemente, pode ser colocado fora da operação de
rotacional como qualquer outra constante, resultando em

H2 = ~
47TL;
r (v 2 X ~)
R12
dV1 (54)

o rotacional do produto de um escalar por um vetor é dado por uma identidade que
pode ser verificada por expansão em coordenadas cartesianas ou reconhecidamente acei-
ta do Apêndice A.3
v X (SV) == (V S) X V + S(V X V) (55)
Essa identidade é utilizada para expandir o integrando de (54)

H2 =~ r
47Tl.;
1
[(V -) 2-
R12
X J1 + _1_(V2
R12
X J1)]dV1 (56)

o segundo termo desse interando é zero porque V X J1 indica derivadas parciais de


uma, função de Xl' Yl e Zl tomadas com relação às variáveis x2' Y2 e Z2. O primeiro conjunto
de variáveis não é uma função do segundo conjunto, e todas as derivadas parciais são zero.
O primeiro termo do integrando pode ser determinado expressando-se R12 em ter-
mos dos valores coordenados
R12 = V(X2 - Xl)2 + (Y2 - Y1? + (Z2 - zd
e tomando-se o gradiente de seu recíproco. O Problema 8.42 mostra que o resultado é
t"7 1 _ R12 _ aR12
V2-- --- ---
R12 Rf2 Rr2

Substituindo esse resultado em (56), temos

H2
_
- --
1
47T
1 vai
aR12 X
2
R12
J1
dvç

ou

que é o equivalente a (3) em termos de densidade de corrente. Substituindo J1 dV1 por 11


dL1, podemos reescrever a integral volumétrica como uma integral de linha fechada

H2=. fl1dLI X aR12


47TRI2

A Equação (51) é, portanto, correta e está de acordo com as três definições (3), (32)
e (46).
Em seguida, vamos continuar com nosso trabalho matemático e provaremos a lei cir-
cuital de Ampêre na forma pontual,

v X H =J (28)
Combinando (28), (32) e (46), obtemos
B 1
V X H = V X\- = -V X V X A (57)
fLo fLo
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 249

Agora precisamos da expansão em coordenadas cartesianas para V' X V' X A. Realizando


as diferenciações parciais indicadas e agrupando os termos resultantes, podemos escrever
o resultado como

I V' X V' X A == V' (V' . A) - V'2A (58)

no qual

(59)

A Equação (59) é a definição (em coordenadas cartesianas) do Laplaciano de um vetar.


Substituindo (58) em (57), temos

V' X H = ~[V' (V' . A) - V'2A] (60)


J.Lo

e agora precisamos de expressões para a divergência e para o Laplaciano de A.


Podemos encontrar o divergente de A aplicando a operação de divergência a (52)

(61)

e usando a identidade vetorial (44) da Seção 4.8


V' . (SV) == V· (V'S) + S(V' . V)
Logo

(62)

A segunda parte do integrando é zero, porque J1 não é uma função de x2> Yz e Z2'
Já utilizamos o resultado de que V'2(1IRu) = -R12IRI2, e pode-se mostrar com a
mesma facilidade que

ou que

A Equação (62) pode então ser escrita como

V'2' A2 = 4J.LO
1T
J [-J1' (V'1-R
vol
1
12
) ]dV1

e a identidade vetorial aplicada novamente

(63)
250 ELETROMAGNETIS MO

Uma vez que estamos interessados apenas em campos magnéticos estacionários, a


equação da continuidade mostra que o primeiro termo de (63) é zero. A aplicação do teo-
rema de divergência ao segundo termo resulta em

V'Z • Az = -- fLo
41T
i -J
I

SI RI2
. dSI

onde a superfície SI envolve o volume no qual estamos integrando. Esse volume deve
conter toda a corrente, pois a expressão integral original para A era uma integração de
modo a incluir o efeito de toda a corrente. Como não existe corrente do lado de fora
desse volume (senão precisaríamos ter aumentado o volume para incluí-Ia), podemos
integrar em um volume ligeiramente maior ou em uma superfície envolvente ligeiramen-
te maior sem mudar A. Nessa superfície maior, a densidade de corrente JI deve ser zero,
com isso, a integral de superfície fechada é zero, pois o integrando é zero, e o divergente
de A também é zero.
Com o objetivo de se encontrar o Laplaciano do vetor A, vamos comparar a compo-
nente em x de (51) com a expressão similar para o potencial eletrostático

Ax = 1
vai
fLoIxdv
41TR V =
1 p; dv
vai 41TEOR

Notamos que uma expressão pode ser obtida da outra com a mudança direta de variá-·
veis, Ix por Pv' fLo por 1/Eo e Ax por V. Entretanto, derivamos informações adicionais sobre
o potencial eletrostático que não repetiremos aqui para a componente em x do potencial
vetor magnético. Chegou-se à forma da equação de Poisson,
V'2V = _Pv
EO

que se torna, após uma mudança de variáveis


V'2Ax = - fLoIx

De forma similar, temos

ou

(64)

Retomando à (60), podemos agora substituir na divergência e Laplaciano de A e


obter a resposta desejada

V' xH=J (28)

Já mostramos o uso do teorema de Stokes na obtenção da forma integral da lei cir-


cuital de Ampere a partir de (28), e não precisamos repetir essa tarefa aqui.
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 251

Tivemos sucesso em mostrar que todos os resultados associados a campos magnéti-


cos que obtivemos para o ar rarefeito'? derivam das definições básicas de H, B e A. As
derivações não são simples, mas devem ser compreensíveis em uma base, passo a passo.
Espera-se que esse procedimento nunca precise ser memorizado.
Finalmente, vamos retomar à (64) e fazer uso dessa formidável equação vetorial
diferencial parcial de segunda ordem, para encontrar o potencial vetor magnético em um
exemplo simples. Selecionamos o campo entre condutores em um cabo coaxial, com raios
a e b como usual, e corrente I na direção az no condutor interno. Entre os condutores,
J = 0, com isso,

Já nos foi dito (e o Problema 8.44 nos dá a oportunidade de verificar os resultados por
nós mesmos) que o Laplaciano vetorial pode ser expandido como a soma vetorial dos
Laplacianos escalares das três componentes em coordenadas cartesianas
V2A = V2Axax + V2Ayay + V2Azaz

mas tal resultado relativamente simples não é possível em outros sistemas de coordena-
das. Isso é, em coordenadas cilíndricas, por exemplo
V2A *- V2Apap + V2Acf>acf> + V2Azaz
Entretanto, não é difícil mostrar que, para coordenadas cilíndricas, a componente em z
do Laplaciano vetorial é o Laplaciano escalar da componente de A em z, ou

(65)

e uma vez que a corrente está inteiramente na direção z neste problema, A tem apenas
uma componente z. Logo

ou

Pensando na simetria de (51), temos que Az é função apenas de p, com isso

-'
L.~(p
p dp
dAz)
dp
= °
Já resolvemos essa equação antes, e o resultado é
Az = C1lnp + C2
Se escolhermos um zero de referência em p
/"
= b, então
p
Az = C1ln b

10 Espaço livre.
252 ELETRO MAGN ETISM O

Com o objetivo de relacionar C1 com as fontes no nosso problema, temos de tomar


o rotacional de A
aAz C1
V' X A = --a
àp -
4>-
--a4>
P = B

obter H
C1
H = ---a
JLoP 4>
e calcular a integral de linha

f H . dL = I = fo o
Z7T C
__ 1 a4>·
JLoP
P dcf> a4> =

Logo

ou

A = JLoI ln~
z 21T P (66)

e
I
H --
4>- 21Tp

como antes. Um gráfico de Az versus P para b = 5a é mostrado na Figura 8.20. A diminui-


ção de IAI com a distância a partir da fonte de corrente concentrada representada pelo
condutor interno é evidente. Os resultados do Exercício E8.9 também foram adicionados
à Figura 8.20. A extensão da curva para dentro do condutor externo é deixado para o
Problema 8.43.
Também é possível encontrar Az entre os condutores aplicando-se um processo que
alguns de nós informalmente chama de "irrotacional". Isto é, conhecemos H ou B para o

+-- + l_~~~_
~
I·i
~'--' floII __ ----j __ "'-d __ I
-+__ --+__ -j
-..:N 2n

/O~------------~I-------~----------~-
O 2 3 4 5
p/a

Figura 8.20 O potencial vetor magnético é mostrado dentro


do condutor interno e na região entre condutores para um cabo
coaxial com b = 58, no qual circula urna corrente I na direção az' •
Az = O é arbitrariamente selecionado em p = b.
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 253

cabo coaxial, podemos selecionar a componente em 4> de 'í/ X A = B e integrar para


obter Az. Tente fazê-lo, você vai gostar!

E8.10. A Equação (66) é obviamente também aplicável ao exterior de qualquer con-


dutor de seção reta circular pelo qual passe uma corrente I na direção az' no espaço
livre. O zero de referência é arbitrariamente escolhido em p = b. Considere agora dois
condutores, cada um com 1 em de raio, paralelos ao eixo z e com seus eixos pertencen-
tes ao plano x = O. Um dos condutores, cujo raio está em (0,4 em, z), possui Uma cor-
rente de 12 A na direção azo O outro eixo está em (O,-4 em, z) e possui uma corrente
de 12 A na direção -azo Cada corrente possui seu zero de referência para A posicio-
nado a 4 em d~ seu eixo. Calcule o campo A total em: (a) (O, O, z); (b) (0,8 em, z); (c)
(4 em, 4 em, z); (d) (2 em, 4 em, z).
Resp. O; 2,64 j.t Wb/m; 1,93 j.t Wb/m; 3,40 j.t Wb/m

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Boast, W. B. (Veja as Referências Bibliográficas do Capítulo 2.) O potencial escalar magnético
é definido na p. 220, e seu uso no mapeamento de campos magnéticos é discutido na p. 444.
2. Jordan, E. C. e Balmain, K. G. Electromagnetic Waves and Radiating Systems. 2ª ed. Englewood
Cliffs, Nova Jersey: Prentice-Hall, 1968. O potencial vetar magnético é discutido nas pp. 90-96.
3. Paul, C. R., Whites, K. W. e Nasar, S. Y. Iruroductiori to Electromagnetic Fields. 3a ed. Nova
Iorque: McGraw-Hill, 1998. O potencial vetar magnético é apresentado nas pp. 216-220.
4. Skilling, H. H. (Veja as Referências Bibliográficas do Capítulo 3.) A "roda propulsora de navio
a vapor" é introduzida nas pp. 23-25.

PROBLEMAS DO CAPíTULO 8

8.1 (a) Calcule H em componentes cartesianas em P(2, 3, 4), se existe um filamento


de corrente no eixo z no qual circulam 8 mA na direção ai' (b) Repita se o fila-
mento está posicionado em x = -1, y = 2. (c) Calcule H se ambos os filamentos
estão presentes.
8.2 Um condutor filamentar onde circula uma corrente I tem a forma de um triângu-
lo eqüilátero com lados de comprimento l. Calcule a intensidade de campo mag-
nético no centro do triângulo.
8.3 Dois filamentos serni-infinitos no eixo z posicionam-se nas regiões -00 < z < =ü

e a < Z < 00. E~ cada um circula uma corrente I na direção azo (a) Calcule H como
uma função de p e 4> em z = O. (b) Qual valor de a resultará em uma intensidade
de H em p = 1, z = O, igual à metade do valor obtido para um filamento infinito?
(

8.4 (a) Um

filamento tem formato de umI círculo de raio a, centrado na origem no plano
z = O. Por ele circula uma corrente II na direção a.p' Calcule H na origem. (b) Um
, ./ segundo filamento tem a forma de um quadrado no plano z = O. Os lados são para-
254 ELETR OMAG N ETISM O

:::

~----~----~-----~----------~y

Figura 8.21 Veja o Prqblema 8.5.

lelos aos eixos coordenados e uma corrente I circula na direção genérica a",.
Determine o comprimento b dos lados (em termos de a), de tal forma que H na ori-
gem tenha a mesma intensidade daquela causada pelo loop circular da parte (a).
8.5 Os condutores filamentares paralelos mostrados na Figura 8.21 estão no espaço
livre. Desenhe o gráfico deJlJlyersus y, -4 < Y < 4, ao longo da linha x = O,z = 2.
<, ·8.6 Um disco de raio a pertence ao plano xy, com o eixo z passando pelo seu centro.
Uma carga superficial de densidade uniforme Ps está presente no disco, que gira ..
em volta do eixo z, a uma velocidade angular de n rad/s. Calcule H em todos os
pontos no eixo z.
8.7 Dados os pontos C(5, -2,3) e P(4, -1,2), um elemento de corrente IdL = 10-4(4,
-3,1) A . m em C produz um campo dJ:l em P. (a) Especifique a direção de dH
por um vetor unitário aH• (b) Calcule IdHI. (c) Que direção.a( deve IdL ter, em C,
de modo que dH = O?
8.8 Para o elemento de corrente de comprimento finito no eixo z, conforme mostra a
Figura 8.5, use a lei de Biot-Savart para derivar a Equação (9) da Seção 8.1.
8.9 Uma lâmina de corrente K = Sa, A/m circula na direção -2 < Y < 2 no plano
z = O.Calcule H em P(O, 0,3).
8.10 Um<icasca condutor a esférica oca de raio a tem conexões filamentares feitas no
topo (r = a, e = O) e na base (r = a, e = 7T). Uma corrente contínua I circula para
baixo pelo filamento superior, pela superfície esférica, e sai pelo filamento inferior.
Calcule H em coordenadas esféricas (a) dentro e (b) fora da esfera.
8.11 Por um filamento infinito no eixo z circulam 20 ~mA na direção azoTrês lâminas
de corrente cilíndricas uniformes também estão presentes: 400 mA/m em p= 1 em,
-250 mA/m em p = 2 em e - 300 mA/m em p = 3 em. Calcule H", em p = 0,5,1,5,
2,5 e 3,5 em.
CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 255

Ar
1,0

J 0,7
-- IOA/m.,2
i-

Ar

0,3

,L -+--_IOA/m2
i •. Y
Ar O

Figura 8.22 Ve)a o Problema 8.12.

8_.U °
Na Figura 8,22, sejam as regiões <rz < 0,3 m e 0,7 < z < 1,0 m placas conduto-
ras nas quais circulam densidades uniformes de corrente de 10 A/m2 em direções
opostas, conforme está mostrado, Calcule H em z =: (a) -0,2; (b) 0,2; (c) 0,4; (d) :
0,75; (e) 1,2 m.
8.13 Por uma casca cilíndrica oca de raio a centrada no eixo z circula uma densidade
superficial uniforme de corrente de Ka,aq,' (a) Mostre que H não é uma função de
4> ou z. (b) Mostre que Hq, e H, valem zero em todos os pontos, (c) Mostre que H,
= ° para p > a, (d) Mostre que H, = K, para p < a, (e) Por uma segunda casca, p
= b, circula uma corrente Kbaq,' Calcule H em todos os pontos,

8.14 Um toróide que possui seção reta de formato retangular é definido pelas seguin-
tes superfícies: os cilindros p = 2 e p = 3 em e os planos z = 1 e z = 2,5 em. Pelo
toróide passa uma densidade superficial de corrente de - 50az Alm na superfície
p = 3 cm: Calcule H no ponto P(p, 4>, z): (a) PA(1,5 em, 0, 2 em); (b) PB(2,1 em, 0,
Acm); (c) Pc(2,7 em, 'TT/2,2 em); (d) PD(3,5 em, 'TT/2,.2 cm).
8.15 Assuma que exista uma região com simetria cilíndrica na qual a condutividade é
dada por (J" = 1,5e-150p ~S/m, Um campo elétrico de 30az Vim está presente. (a)
Calcule J. (b) Calcule a corrente total que atravessa a superfície p < Po, z = 0, todo
4>. (c) Use a lei circuital de Ampêre para calcular H.
8.16 Um cabo coaxial balanceado contém três condutores coaxiais de resistência des-
prezível. Assuma um condutor interno sólido de raio a, um condutor intermediá- .
rio de raio interno b, e raio externo bo, e um condutor externo com raios interno e
externo iguais a Ci e co' respectivamente. Pelo condutor intermediário passa uma
corrente I no sentido positivo de az ~ está no potencial Vo. Os condutores interno
e externo estão ambos no potencial zero, e por cada um deles circula uma corren-
te I/2 no sentido negativo de azo Assumindo que a distribuição de corrente em cada
256 ELETRO MAGN ETISM O

condutor é uniforme, calcule: (a) J em cada condutor; (b) H em todos os pontos;


(c) E em todos os pontos.
8.17 Por um filamento de corrente no eixo z circula uma corrente de 7 mA na direção
az, e lâminas de corrente de 0,5 az A/m e -0,2 az A/m estão posicionadas em p
= 1 em e p = 0,5 em, respectivamente. Calcule H em: (a) p = 0,5 em; (b) p = 1,5 em;
(c) p = 4 em. (d) Qual é o valor da lâmina de corrente que deveria estar posicio-
°
nada em p = 4 em de forma que H = para todo p > 4 cm?
8.18 Um fio de 3 mm de raio é constituído de um material interno (O < P < 2 mm) para
o qual.o- = 107 Sim, e de um material externo (2 mm < p < 3 mm) para o qual (J"
= 4 X 107 Szm, Se pelo fio passa uma corrente contínua total de 100 mA, determi-
ne H em todos os pontos como uma função de p.
8.19 Calcule V x[V(V . G)] se G = 2x2yz ax - 20yay + (x2 - Z2) azo
8.20 pm condutor sólido de seção reta com raio de 5 mm tem uma condutividade que
varia com o raio. O condutor tem 20 metros de comprimento e existe uma diferen-
ça de potencial contínua de 0,1 Ventre suas duas extremidades. Dentro desse con-
dutor, H = 105p2a4> A/m. (a) Calcule a como uma função de p. (b) Qual é o valor
da resistência entre as duas extremidades?
8.21 Os pontos A, B, C, D, E e F estão cada um a 2 mm da origem nos eixos coordena-
dos indicados na Figura 8.23. O valor de H em cada ponto é dado. Calcule um valor
aproximado para V X H na origem.
8.22 Um cilindro sólido de raio a e comprimento L onde L » a contém carga volumé-
trica de densidade uniforme Po C/m3. O cilindro gira em torno de seu eixo (o eixo
z) com velocidade angular de n rad/s. (a) Determine a densidade de corrente J
como uma função da posição dentro do cilindro girante. (b) Determine H no eixo,
aplicando os resultados do Problema 8.6. (c) Determine a intensidade de campo
magnético H dentro e fora. (d) Verifique seu resultado da parte (c) t0ll!-ando o
rotacional de H.
8.23 Dado o campo H = 20p2a4> A/m: (a) Determine a densidade de corrente J.
°
(b) Integre J sobre-a superfície circular p = 1, < <I> < 21T, z = 0, para determinar

"\

z
Ponto H(Nrn)

'A

C
1l,34ax

10,68ax

10,49ax
-13,78ay

-12,19ay

-12,19ay
+ 14,21az

+ 15,82az

+ 15,69az
J
D 1l,49ax -13,78ay + 14,35az

E n.n«, -13,88ay + 15,10az


-13,10ay + 14,90az x
F 10,88a",

Figura 8.23 Veja o Problema 8.21.'


CAPíTULO 8 O Campo Magnético Estacionário 257

a corrente total que passa pela superfície na direção azo(c) Calcule a corrente total
novam-ente, desta vez por lima integral de linha em volta do caminho circular p
== 1, O < </> < 217, Z == o. ~ "
8.24 Calcule ambos os lados do teorema de Stokes para o campo G = 10 sen e ac/>e a
superfície r = 3, o, :::; e :::;90,°,o, :::; cp :::; 90,°.Considere que a superfície tenha direção ar'
8.25 Quando x, y e z são positivos e menores que 5, uma certa intensidade de campo
magnético pode ser expressa como H = [x2yz/(y + 1)]ax + 3x2z2ay- [xyz2/(y +
1)]az. Calcule a corrente total na direção ax que atravessa a faixa x = 2,1 :::;y :::;
4, 3 :::;z :::;4, por um método que utilize: (a) uma integral de superfície; (b) uma
integral de linha fechada.

8.26Sej~ G = 15rac/>. (a) Determine f G . dL para o caminho ciriular r = 5, e = 25°,


o, :::; cp :::; 2;';'. (b) Calcule 1s (V' X G) . dS pela calota esférica r = 5, o, :? e :::;25°,
. o :i; cp :::; 21T.
8.27 A intensidade de campo magnético é dada em uma certa região do espaço como
H = [~ + 2y)/z2]ay + (2/z)az A/m. (a) Calcule V' X H. (b) Calcule J. (c) Use J para
encontrar a corrente total que passa pela superfície z = 4,1 :::;x·:::; 2,3 :::;>í :::; 5, na
d,ireça0!k' (d) Mostre que o mesmo resultado é encontrado utilizando o 6utro lado
do teorema de Stokes.
8.28 Dado H = (3r2/ sen e)ao + 54r cos eac/>A/m no. espaço livre: (a) Calcule a corrente
total na direção ao que atravessa a superfície côriica e = 20,°,o, :::; cp :::; 21T, o, :::; r s: 5,
por qualquer um dos lados do teorema de Stokes que você niais goste. (b) Cheque
o resultado utilizando' o outro lado do teorema de Stokes ..
8.29 Por um 'condutor longo, reto e não magnético d~9,2 mm de raio circula uma cor- ~
rente contínua uniformemente distribuída de 2 A. (a) Calcule J dentro do condu-
tor. (b) Use a lei circuital de Ampêre para encontrar H e B dentro do condutor.
(c) Mostre que V' X H = J dentro do condutor. (dJ Calcule H e B fora do condu-'
tor. (e) Mostre que V X H = J fora dó condutôrc.,
8.30 (O inverso do Problema 8.20,.)Um condutor sólido e não-magnético de seção reta
circular tem um raio de 2 mm. O c0!ldutor não é homogêneo, com (J = 1 6(1 +
lO,6p2) Szm. Se o condutor tem 1 m de comprimento e apresenta uma tensão de
1 mV entre suas extremidades, calcule: (a) H dentro; (b) o fluxo magnético total
dentro do condutor.
8.31 ._,Acasca cilíndrica definida por 1 em < p < 1,4 em consiste de um material condu-
tor não magnético e por ela passa uma corrente total de 50,A na direçãoa., Calcule
o fluxo magnético total que atravessa o plano cp = 0"o, < Z < 1: (a) o, < p < 1,2 em;
, p < 1,4 em; (c) 1,4 em < p < 20,em.
(b) 1,0,cm<
8.32 A região de espaço livre defini~r 1 < z < 4 em e 2 < P < 3 em é um toróide
de seção reta circular. Seja a superfície em p = 3 pela qual circula uma corrente
superficial K = 2az kA/m. (a) Especifique as densidades de corrente nas superfí-
cies em p = 2 em, z = 1 em e z = 4 em. (b) Calcule H em todos os pontos. (c)
Calcule o fluxo total dentro do toróide.
258 ELETRO M AGN ETISM O

8.33 Utilize uma expansão em coordenadas cartesianas para mostrar que o rotacional
de gradiente de qualquer campo escalar G é igual a zero.
8.34 Por um condutor filamentar no eixo z circula uma corrente de 16 A na direção az,
por uma casca condutora em P = 6 circula uma corrente total de 12 A na direção
-az, e por outra casca em p = 10circula uma corrente total de 4 A na direção -azo
°
(a) Calcule H pata < P < 12. (b ) Faça o gráfico de H", versus p5~~;Calcule o fluxo
total cP que atravessa a superfície 1 < P < 7, 0< z < l.
8.35 Uma lâmi~a de corrente, K = 20 az AJm, está posicionada em p = 2, e uma segunda
lâmina, K = -10az A/m, está posicionada em p = 4. (a) Seja V m = em P(p = 3, °
cp = 0, z = 5) e posicione uma barreira em cp = 7T. Calcule V m(P, cp, z) para -7T <
°
. cp < 7T. (b) Seja A = em P e calcule A(p, cp, z) para 2 < p < 4.
8.36 Seja A = (3y - z)ax + 2xzay Wb/m em uma certa região do espaço livre. (a)
Mostre que V . A = O.(b) Em P(2, -1,3) calcule A, B, H e J.
.8.37 Seja N = 1000, I = .0,8A, Po = 2 em e a = 0,8 em para o toróide mostrado na Figura
°
8.12b. Calcule Vm no interior do toróide se Vm = em p = 2,5 em, cp = 0,37T.
Mantenha é °
dentro da faixa < <P < 27T.
8.38 Considere que uma corrente contínua de I amperes está circulando na direção az
"pelofilamento que se estende entre - L < z < L no eixo z. (a) Utilizando coorde-
nadas cilíndricas, calcule A em um ponto genérico P(p, 0 z). Dica: use a forma.
0
,

senh " par:a o cálculo da integral. (b) A partir da parte (a) calcule B e H. (c) Faça
L ~ 00 e mostre que a expressão para H se reduz à forma conhecida para um fila-
. . infinitó.
mento
8.39 Lâminas de corrente planas de K = 30az A/m e - 30az A/m estão posicionadas no
espaço livre em x = 0,2 e x.= -0,2, respectivamente. Para a região -0,2 < x < 0,2:
°
(a) calcule H; (b) obtenha uma expressão para V m se V m = em P(O,l, 0,2, 0,3); (c)
calcule B; (d) obtenha uma expressão para A se A = em P. °
8:40 Mostre que a integral de linha do potencial vetor A ao longo de qualquer caminho
f
. fechado é igual"ao fluxo magnético envolvido pelo caminho, ou A . dL = B . dS. J
\ 8.41 : Assuma que A = 50p2az Wb/m em certa região do espaço livre. (a) Calcule H e B.
. ~ .'

. (b) Calcule J. (c) Use J para encontrar a corrente total que atravessa a superfície
° ::5 °
P ::5 1, ::5 cp ::5 27T, Z = O. (d) Use os valores de H", em p = 1 para calcular
f H . dL para p = 1, z = O.
-. 8.42 Mostre que Vz(l/R12 = -V1(1/R12) = Rz/RI2'
8.43 Calcule o potencial vetor magnético dentro do condutor externo para a linha coa-
xial cujo potencial vetor magnético é mostrado na Figura 8.20, se o raio externo do
condutor externo vale 7a. Selecione o zero de referência adequado e esboce esses
resultados na figura.
8.44 Expandindo a Equação (58) da Seção 8.7 em coordenadas cartesianas, mostre que
(59) está correta.

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