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Homem sufocado com sua própria delicadeza

um retrato da pós-modernidade

À massa feita de indiferença e ruindade, aqui se faz presente um manifesto cuja


existência baseia-se nas dores do ser pós-moderno, identificando não apenas suas
características, mas reconhecendo uma velha necessidade: a sensível.

A contemporaneidade produziu um homem desorientado


e enrijecido; marcada em especial pelo desenvolvimento
tecnológico, ela culmina em sociedades cínicas, recheadas de
cidadãos moralmente cegos. E, de uma forma literal e
metafórica, é justamente essa deficiência a ser tratada no
filme “Ensaio sobre a cegueira”, dirigido pelo Fernando
Meirelles e inspirado no livro de mesmo nome escrito por José
Saramago.

Não muito distante da realidade distópica apresentada pela obra, vive-se em


um momento de dilemas constante e perturbado, onde o resultado consiste na
transformação da fé em um futuro ideal por uma profunda desesperança,
proporcionando um espaço fértil para o medo, o qual viabiliza uma agenda rígida e
contraditória ao interesse coletivo e conduz ao encontro com traços nocivos da
personalidade humana (excessos, egoísmo, covardia, raiva, dentre outros), revelando
assim, de acordo com os pensamentos freudianos, um certo instinto de agressão e
destrutividade.

Com esse cenário crítico, as consequências ultrapassam o ambiente físico e


causam, de fato, efeitos psicossomáticos generalizados. E, a exemplo, segundo o
sociólogo Bauman, isso implica em uma redefinição das vontades, dos
comportamentos e das motivações da humanidade, tipificando então um caráter
individualista e frágil.

Logo, faz-se necessário, indubitavelmente, não a negação desses pontos


fracos atuantes no corpo social e, na verdade, sente-se cada vez mais a carência de
que se assuma esse lado podre para que haja uma verdadeira exposição dos problemas
e, desta forma, curá-los, como já diz o próprio Saramago: “se podes olhar, vê. Se podes
ver, repara”.

Todavia, nenhuma mudança radical das relações sociais, como essa neste texto
desenvolvida, partem de uma ação humana exclusiva. Portanto, afirma-se quanto a isso
a imprescindibilidade de um movimento conjunto contrário a essa alienação do
homem em relação a si mesmo e para com os outros com os quais convive, onde essa
mesma massa anteriormente citada se posicione diante dos fatos, obrigando seu lado
de luz e trevas a coexistir.

São Paulo, 16 de março de 2019


Ivan Adriano da Silva, 3° Informática

Filosofia – Professor Luiz Ribeiro

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