Edição Lisboa • Ano XXX • n.º 10.

615 • 1,30€ • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • Director: Manuel Carvalho Adjuntos: Amílcar Correia, Ana Sá Lopes, David Pontes, Tiago Luz Pedro Directora de Arte: Sónia Matos

ARCOlisboa Suplemento
Das bolsas de estudo
A arte às salas de amamentação.
Como as escolas de negócios
africana estão a atrair mulheres
está na Consulte a lista com
moda mais de 800 cursos criados
para formar executivos
Destaque, 2/3
Até 40 mil euros, há cursos
para todas as carteiras

Parlamento
NUNO FERREIRA SANTOS

Europeias
Rio no Tejo
Política de Defesa.
A América continua a ser
encaminha
a nação insubstituível
Análise de Teresa de Sousa
audição
de Berardo
p 10 a 16

para a justiça
Presidente da comissão de inquérito à
Caixa Geral de Depósitos, Luís Leite
Ramos, pediu a transcrição urgente da
audição para que possam ser avaliados
eventuais indícios de crime Política, 8

Fisco: director Temos das

em Lisboa está
em substituição
há 1500 dias
Equipa de Centeno tem a
lista de Änalistas há cerca de
um ano. Lei prevê 45 dias
para a nomeação p24
escolas privadas
mais elitistas
da OCDE
Estudo compara estatuto
socioeconómico dos alunos
do ensino público e privado
em mais de 50 países p17
PUBLICIDADE

ISNN-0872-1548

2477640c-f78c-48f5-9ad7-306480d5b759
2 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019

DESTAQUE
ARTE CONTEMPORÂNEA

A arte africana
está na moda
e chegou
à ARCOlisboa
Pela primeira vez, a grande feira de arte portuguesa dedica um
foco a África, tentando captar um mercado para o qual Lisboa
acredita poder ser porta de entrada. Há galerias de Angola e de
Moçambique, mas também do Uganda ou da África do Sul
africana está a crescer juntos dos leilão da Sotheby’s dedicado à arte como nas estrangeiras Narrative Pro- trazer galerias do continente e não
Isabel Salema curadores, dos coleccionadores e das africana, foram estabelecidos novos jects (Reino Unido), Sabrina Amrani tanto galerias de Londres ou Paris
instituições culturais. O que nós faze- recordes para 11 artistas. (Espanha) e Zilberman (Alemanha). que representam artistas africanos.

C
abe à angolana Paula Nasci-
mento, a única curadora afri-
cana que até hoje conseguiu
arrebatar um Leão de Ouro
na Bienal de Arte de Veneza
para o continente, organizar
a nova secção dedicada a África na
ARCOlisboa, a mais importante feira
de arte contemporânea nacional, que
junta 71 galerias de 17 países na Cor-
doaria Nacional até domingo. O pré-
mio máximo atribuído há seis anos a
Angola é considerado um momento-
chave do crescendo de visibilidade da
arte africana, considerou um estudo
feito pela empresa Artprice, tendo
pesado muito na escolha da curadora
do programa África em Foco da feira
portuguesa. “O interesse pela arte
mos é levar isso até ao mercado”,
reconheceu ao PÚBLICO a espanhola
Maribel López, que se estreia na
direcção da feira de Lisboa, inaugu-
rada ao Ænal da tarde de ontem pelo
primeiro-ministro, António Costa,
que ali garantiu que 2019 “vai ser
mesmo o ano em que o Estado vai
voltar a adquirir arte contemporâ-
nea”, através do fundo de 300 mil
euros prometido no ano passado.
Números gerais das transacções de
arte no mercado lusófono não são
conhecidos, aÆrma a curadora Paula
Nascimento. Mas se os valores do
mercado de arte africana são mais
baixos do que os do mercado geral,
acrescenta Maribel López, eles estão
em crescimento. Em Abril, no último
Já na sua quarta edição, a ARCO-
Lisboa inclui em 2019 pela primeira
vez galerias africanas, apostando
numa especialização, à imagem da
ARCOmadrid — responsável pela
organização da feira lisboeta —, que
tem um foco na América Latina. Entre
as 52 galerias do programa geral, é
possível encontrar cinco do continen-
te africano: duas são angolanas, as
outras dividem-se por Moçambique,
África do Sul e Uganda. Há ainda uma
sexta galeria, também angolana, que
foi incluída na secção Opening, dedi-
cada às galerias mais jovens. E ainda
artistas africanos, ou afro-descenden-
tes, principalmente angolanos, nas
portuguesas Carlos Carvalho, Cristina
Guerra ou Filomena Soares, bem
De Luanda chegam a This Is Not a
White Cube, a Movart e a Jahmek; de
Maputo vem a Arte de Gema, da Cida-
de do Cabo a Momo e de Kampala a
Afriart. No total, representam cerca
de 20 artistas.
A selecção foi um processo nego-
ciado, porque já começou um pouco
tarde, explica ao PÚBLICO Paula Nas-
cimento. Com a candidatura das gale-
rias da lusofonia garantida, Æzeram-se
contactos para alargar a geograÆa à
África do Sul, ao Zimbabwe e à Costa
do MarÆm. “A ideia era conseguir
uma selecção diversa, quebrando a
fronteira linguística, mas algumas já
tinham o processo Ænalizado para
outras feiras e acabaram por não estar
disponíveis. A minha prioridade foi
Acho que chegámos a um número
bom para uma primeira edição.”
Em Luanda e Maputo, diz Paula
Nascimento, não existem muitas mais
galerias comerciais que pudessem
estar em Lisboa: a curadora estima
que haja quatro na capital angolana
e duas na moçambicana, enquanto
na África do Sul existirão mais de
duas dezenas. “Obviamente que os
artistas e galeristas de Luanda e de
Maputo conhecem o contexto lisboe-
ta, passando alguns por aqui no seu
caminho de internacionalização.”
Ser o centro do Sul
A artista portuguesa Ângela Ferreira,
nascida em Maputo em 1958, é com-
pletamente a favor deste foco em

África da ARCOlisboa, onde mostra
trabalhos na galeria moçambicana e
na portuguesa Cristina Guerra. “Para
mim, era maravilhoso se Lisboa tives-
se uma feira de arte africana. Seria
mesmo caso para perguntar: ‘Que Æz
eu para merecer isto?’”
Das primeiras artistas portuguesas
a interrogar a memória colonial no
pós-25 de Abril, Ângela Ferreira diz
que o tema de África está a dominar
a cena artística. “Além das questões
de género, o que está na moda é a arte
que aborda os problemas de raça. E
a ARCO, que é uma feira comercial,
precisa de perceber as mais-valias dos
sítios. Lisboa permite fazer conexões
com tudo o que é África.”
A curadora Paula Nascimento diz
que hoje “somos todos pós-colo-
niais”, mas há muitos artistas que
querem falar de outras coisas além
RUI GAUDÊNCIO
Stand da galeria angolana This
Is Not a White Cube, com obras
dos artistas Patrick Bongoy e
Januário Jano
das sequelas do colonialismo. Na
ugandesa Afriarte, encontramos
tapeçarias de Sanaa Gateja feitas
com papel reciclado, enquanto na
angolana Movart as fotograÆas
de Keyezua, angolana que cresceu na
Holanda, mostram um trabalho à bei-
ra do activismo feminista que aborda
igualmente a questão dos refugiados.
A feira tinha aberto há poucos minu-
tos para os convidados especiais
quando assistimos, nesta galeria, à
venda por dois mil euros de uma ins-
talação do são-tomense René Tavares,
com a frase “Only Colored Ideas”
inscrita, a um coleccionador austría-
co. Já na sul-africana Momo, os dese-
nhos feitos com faíscas do luso-ango-
lano Pedro Pires estão à venda por
quatro mil euros.
“Tento apagar essas questões pós-
coloniais. É só um corpo”, diz o artis-
t a Ja nu á r i o Ja n o, qu e v ive
entre Luanda e Londres, sobre a obra
Vitruviano, uma instalação com 32
fotograÆas e um objecto que perten-
cia à sua avó à venda por 14 mil euros
na This is Not a White Cube. “Nun-
ca sabemos se é homem ou mulher,
negro ou branco. O que é que vamos
ser no futuro?”, acrescenta. Na mes-
ma galeria, há uma pintura do ango-
lano Cristiano Mangovo à venda por
sete mil euros; no ano passado, o
artista atingiu os 32.500 euros num
leilão da francesa Piasa. Mas a direc-
tora da galeria, Sónia Ribeiro, diz que
não se pode guiar apenas pelos recor-
des dos leilões, reconhecendo que os
preços na feira estão mais baixos.
“Basta olhar para o mapa da Penín-
sula Ibérica para perceber como Por-
tugal e Espanha precisam de África e
da América Latina. Se não houver o
Sul nós somos periféricos. Só somos
o centro com estas ligações. Faltava-
nos algo que nos distinguisse num
mundo cheio de feiras”, diz Cristina
Guerra, em cuja galeria podemos ver
uma pintura do angolano Yonamine
(32 mil euros) e obras da luso-africana
Ângela Ferreira (uma escultura por
dez mil), como a própria se deÆne.
“It’s a good thing”
António Pinto Ribeiro, um progra-
mador pioneiro na relação com Áfri-
ca, receia que esta possa ser “uma
presença fetichista”, diz-nos numa
conversa telefónica. “Independen-
temente das boas intenções, [o pro-
grama África em Foco] pode ser mais
prejudicial do que benéÆco, porque
olhando para o número de galerias
e para o perÆl delas é uma presença
bastante neolusotropicalista.” Des-
taca a presença da Momo e da This
Is not a White Cube, mas lamenta
que não estejam outras. “Por que é
que não trazem mais galerias e artis-
tas da Nigéria, do Congo, de Marro-
cos, do Egipto, da África do Sul? Por
que não estimular os galeristas por-
tugueses a trabalharem com artistas
africanos ou com África? Que rela-
ção é que têm as instituições portu-
guesas viradas para as artes visuais
com artistas de origem africana? Há
uma relação de clichés ou quase
nenhuma. Para que mercado é que
estes galeristas vão trabalhar?”
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 3
Além das questões
de género, o que
está na moda é a
arte que aborda os
problemas de raça. E
Lisboa permite fazer
conexões com tudo
o que é África
Ângela Ferreria
Artista
O programa [África
em Foco] pode ser
mais prejudicial do
que benéfico porque
é uma presença
bastante
neolusotropicalista
António Pinto Ribeiro
Programador
Os artistas
e galeristas
de Luanda e de
Maputo conhecem
o contexto lisboeta,
passando alguns
por aqui no seu
caminho de
internacionalização
Paula Nascimento
o tte, com o seu projecto para dar a
Curadora do
África em Foco
Com um passaporte também sul-
africano, Ângela Ferreira nota a
ausência de galerias históricas como
a Goodman, que abriu em 1966 em
Joanesburgo e representa nomes
como a portuguesa Grada Kilomba,
ligada à diáspora africana, ou com o
peso do sul-africano William Kentrid-
ge. Ela, que já foi representada pela
galeria Stevenson, outra referência na
África do Sul, justiÆca a proeminência
de Angola por ser o único dos países
lusófonos que já conseguiu fazer
ingressar a sua arte contemporânea
no mercado global: “Angola está no
ponto da internacionalização total.
Os seus agentes não precisam de falar
português para entrarem no mercado
global; já Moçambique e a Guiné ain-
da precisam de canais como a ARCO-
lisboa.” Não vê, para já, nenhum
contra no programa que já foi apre-
sentado pela feira: “It’s a good thing.
Mas feiras são feiras, é para vender
arte.”
Esta não é a primeira vez que se
tenta que Portugal funcione como
porta de entrada para África. Há mais
de uma década, com a desaparecida
feira Arte Lisboa, procurou-se, de
uma forma muito incipiente, que Por-
tugal Æzesse essa ponte, com o convi-
te pontual a uma ou outra galeria
lusófona. “Mas a ARCO, com a expe-
riência de Madrid, tem um poder de
manobra muito maior na globalidade
da arte contemporânea”, defende
Ângela Ferreira. “A ARCOmadrid não
é a feira mais importante, como a
ArtBasel, [Suíça], mas é bastante rele-
vante.” Dada a relação com a América
Latina, “eles já estão habituados a
trabalhar com o Sul global à escala de
um continente”, nota, o que pode
ajudar a deÆnir um modelo focado
em África para Lisboa.
As feiras concorrentes da ARCOlis-
boa com um foco em África têm cres-
cido na última década, aÆrma a cura-
dora. “A 1-54 é talvez a mais importan-
cconhecer as galerias do continente e
o contexto em que é produzida a arte
africana. Desde 2013, tem edições
a
a
anuais em Londres, Nova Iorque e
M
Marraquexe. Há também as feiras de
JJoanesburgo, mais antiga, e da Cidade
do Cabo, que cresceu muito na última
d
edição. Em Paris, há ainda a AKAA —
e
A
Also Known as Africa, que foi criada
e
em 2016 com o objectivo de mostrar
a globalização do continente.”
iisabel.salema@publico.pt.pt
4 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019

ESPAÇO PÚBLICO
Desde o início de 2019 que as dívidas dos
hospitais públicos não eram tão estáveis,
algo raro no ministério de Marta Temido. A
dívida a fornecedores do Serviço Nacional de Saúde
com mais de 90 dias desceu até entre Janeiro e
Março. A estrutura de Missão para a Sustentabilidade
do Programa Orçamental da Saúde e novas regras
de financiamento adaptadas à produção de cada
uma das unidades podem ser formas de melhorar a
Marta Temido gestão dos gastos (Pág. 18/19) A.C.
Depois da inesperada eliminação às portas da
final da Liga dos Campeões, a equipa
sensação da prova, com um futebol que
encantou os adeptos, somou mais um título
holandês (o 34.º), cinco anos após a última
conquista. Ontem, o Ajax precisava de um empate,
mas venceu com mais uma goleada, uma das muitas
que obteve esta época, em que alcançou o registo
impressionante de 119 golos em 34 jogos, uma
Erik ten Hag média de 3,5 por jogo. (Pág. 45) J.J.M.

Joe Berardo no país das medalhas

funcione como uma encarnação
do mal, como já escreveu neste
lugar David Pontes, o problema
não é Joe Berardo. Há um sistema
e Joe Berardo serviu-se dele, com
Ana Sá Lopes a total complacência do poder
Editorial político. Se decidirmos de agora
fez desaparecer a PT — e pode
não se ter rido dos deputados,
mas disse que não se lembrava de
nada numa recente comissão de
inquérito — continua, ao que se
sabe, comendador. É acusado de
vários crimes no processo da
judiciais em curso, mas existe
mais para uma sociedade
discutir do que repetir a frase
com que António Costa se quis
afastar do legado de Sócrates: “À
justiça o que é da justiça, à
política o que é da política”. Para

A
aparentemente consensual
retirada das comendas a
Joe Berardo, uma ideia
lançada pelo antigo
dirigente do PSD José
Miguel Júdice e acompanhada
por meio mundo — Presidente da
República, Marcelo Rebelo de
Sousa, presidente da Assembleia
da República, Eduardo Ferro
Rodrigues —, é um daqueles
momentos de excitação colectiva
cujo valor real é mais ou menos
zero.
Por muito bem que Joe Berardo
em diante entrar num frenesim
de retirada de condecorações
apostas por ex-Presidentes da
República, a lista é longa, como
ontem lembrou o líder
social-democrata, Rui Rio. Ao
ex-ministro e ex-administrador
da Caixa Geral de Depósitos
Armando Vara foi recentemente
retirada a comenda, mas
tratou-se de um processo
automático depois de ter sido
condenado a prisão efectiva.
Zeinal Bava, o imensamente
festejado supergestor em tempos
não muito antigos e que depois
Operação Marquês.
Portugal nunca fez um
verdadeiro processo de luto/
catarse/reÇexão desapiedada
sobre a perdição moral de uma
boa parte da sua elite
Ænanceiro-política de que Joe
Berardo é apenas um exemplo.
Há várias razões que podem
explicar esta diÆculdade: foi
tudo muito recente; o país é
pequeno; e num país pequeno
toda a gente (da elite) janta com
toda a gente. Este debate, por
razões que todos conhecemos,
não foi feito. Há processos
quem não fez uma reÇexão séria
sobre o que aconteceu em
Portugal desde o Banco
Português de Negócios até à
implosão do BES, é catártico ir
ali a correr tirar a comendazinha
ao ainda comendador Berardo.
Não custa, não dói e, no
momento, é popular. Discutir o
resto — o sistema que produziu
um Berardo — corre o risco de
ser traumático para boa parte da
classe política. Mas é a única
discussão que interessa.
ana.sa.lopes@publico.pt

As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar e
eventualmente reduzir os textos não
solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: cartasdirector@publico.pt
Telefone: 210 111 000
CARTAS AO DIRECTOR
Europeias I
Começou o indecoroso
espectáculo das eleições
europeias. Para adquirir ou
assegurar o “tacho”, assiste-se
aos mais variados e cómicos
espectáculos. Desde a apanha de
couves para o jantar dos
pobrezinhos, feita por três
“bondosos” deputados do CDS,
até à apanha de resíduos na praia
por um solitário deputado do
mesmo partido, vestido a
preceito, para a solene ocasião.
Distribuem-se beijos a torto e a
direito, de preferência nos idosos.
Os que têm os chorudos
rendimentos de tal actividade e
outros que a ela aspiram tudo
fazem para captar os ingénuos
votantes. Evidentemente que na
totalidade de 751 deputados,
sendo 21 portugueses, alguns
haverá que actuam com
convicção, mas isso são as tais
excepções à regra. Leiam com
atenção o artigo Europa, sem
Ilusões, de António Barreto, no
PÚBLICO de domingo passado.
Carlos Leal
Lisboa
Europeias II
Os candidatos de todos os partidos
batem no PS, o que é
compreensível porque quem está
no poder é sempre o bombo da
festa em tempo de eleições; o que
já não é compreensível nem
aceitável e conduz a esta tristeza e
falta de interesse da campanha é
que se discutam casos e
apreciações de carácter e não
ideias sobre a Europa. Não
pretendo defender o candidato do
PS, embora reconheça que é fraco
e um político com pouco carisma,
mas reconhecer que apenas a sua
personalidade tem sido o único
mote da campanha do PSD e do
CDS é constatar um facto. Os
partidos da esquerda ainda se
esforçam por falar da Europa,
embora saibamos todos os que
pensam da UE; mas a direita não
apresenta ideias. Então só a
esquerda tem ideias sobre a UE? É
mais vantajoso insultar os
adversários e ver se isso dá mais
votos? É uma tristeza, esta
campanha para as europeias.
Fernando Santos Pessoa
Faro
O político hooligan
O político Rui Moreira não
aprendeu nada com o “Caso
Selminho”, imobiliária da família
do presidente da autarquia, com o
ambiente de maledicência que na
altura se criou porque podia ter
interesse directo na causa. Vai daí,
transforma-se agora num hooligan
e vem para as redes sociais lançar
suspeitas sobre o futebol e as
arbitragens, tomando as dores do
clube de futebol da cidade. O
presidente da Câmara do Porto
esquece-se que devia servir os
interesses dos portuenses e não
dos portistas, resolver os
problemas da cidade como o
trânsito caótico, a política de
alojamento dos estudantes, a
limpeza urbana, a privatização do
estacionamento público, a
insegurança no Pólo da Asprela e a
pressão imobiliária que despeja os
moradores da zona histórica.
Quando se acabar o “el guito” que
o seu antecessor deixou nos cofres
da autarquia, os munícipes
saberão castigar quem usa aquela
táctica gasta do passado de colar a
política ao futebol.
Emanuel Caetano
Ermesinde
 Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 5

A opinião publicada no jornal respeita a norma ortográfica escolhida pelos autores

Bolsonaro acha que os estudantes que
protestaram contra os cortes orçamentais
nas universidades são uns “idiotas úteis” e
uns “imbecis”. A avaliar pelas manifestações em 26
estados brasileiros, convocadas por sindicatos,
movimentos sociais e associações estudantis,
parece que a actual imbecilidade da política do
Brasil começa a ter um sério adversário. Este foi o
primeiro protesto a nível nacional desde a tomada
Jair Bolsonaro de posse de Bolsonaro. (Pág. 29) A.C.
António Mendonça Mendes
O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais
deixou ultrapassar o prazo inscrito no
Estatuto de Pessoal Dirigente (45 dias) para
fazer a nomeação do director de Finanças de Lisboa,
apesar de há longos meses ter na sua posse a lista
de finalistas do concurso que a Cresap lhe fez
chegar. Quer isso dizer que Fernando Lopes está a
ocupar o cargo em regime de substituiação há mais
de quatro anos. Ou seja 1500 dias. Ou seja, uma
legislatura. (Pág. 24) J.J.M.

ESCRITO NA PEDRA
O lado das
Nenhuma qualidade humana é mais intolerável do que a
intolerância papoilas
Giacomo Leopard (1798-1837) poeta e ensaísta

SEM COMENTÁRIOS LEWIS HAMILTON DEU UM DOS SEUS MONOLUGARES A CRIANÇA COM DOENÇA TERMINAL
JAMES SHAW/SOCIAL MEDIA

EM PUBLICO.PT
Isabel fotografou as famílias
que vivem um dia de cada vez
É fotógrafa, escreve e tem um blogue.
Isabel Saldanha aceitou o repto da
Fundação Ronald McDonald e fixou as
vidas das famílias com filhos doentes. Hoje
é Dia Internacional da Família.
publico.pt/culto
Não sou o “Kiko dos
Morangos”, sou o João André
Um comediante decide parar de fazer
vídeos e, durante um ano, gerir a carreira do
“Kiko dos Morangos” que lhe foi entregar
uma piza. O Resto da Tua Vida, disponível
no YouTube, é uma série documental ou um
mockumentary? A discussão já vai para
além disso. publico.pt/p3
T
Vai ser possível voar na
Nazaré a cem metros de altitude
O projecto Zipline Nazaré compreende
uma descida de mais de um quilómetro
com uma elevação máxima de 100 metros
de altitude. Vídeo de apresentação já
disponível.
publico.pt/fugas
Miguel Esteves Cardoso
Ainda ontem
odos os dias passamos pela villa
romana mais ocidental da Europa.
Não era uma vila — eis um exemplo
de desorientação etimológica —
mas uma quinta, um solar, uma
vivenda com hortas e tanques. Por
outra: uma casa de ricos.
Vemos lá arqueólogos e
aprendizes e cantoneiros. Às vezes
desconÆamos e queremos saber
quem são, não estejam a roubar pedras e
louças antigas.
O ano passa pela villa romana. As
escavações são pouco frequentes — o que
também é uma forma de respeito. Entra-se lá
facilmente, mas ninguém entra.
Uma vez no Minho, um autocarro que
tínhamos fretado raspou numa ponte
românica e o povo saiu à rua gritando que
éramos uns selvagens, que tínhamos
daniÆcado uma “ponte do tempo dos
romanos”, como quem diz: fomos os
primeiros a desrespeitá-la.
Hoje a villa está ocupada pela Primavera.
Há seis papoilas altas, uma jacto de
malmequeres e Çores cujos nomes escapam a
quase toda a gente. É um motim de cor, uma
insolência, uma sublevação. Faz pouco dos
arqueólogos, desaÆa-os a tornarem-se
horticultores, a viverem no aqui e agora, a
serem enganados por uma pujança tão breve.
De vez em quando, cortam as árvores que
querem tomar conta daquela terra. É uma
guerra entre a vegetação e a ciência. As
árvores não respeitam a História, acham que
é sempre hoje, que o que interessa é combater
o vazio.
Já estive cem por cento do lado da ciência.
Agora sou apoiante secreto das plantas — ou
secreto como quem diz.
Quando nasceram as papoilas,
apeteceu-me gritar vitória. Mas contive-me.
Agora já não sou capaz.
6 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019
ESPAÇO PÚBLICO
Onde pára o ativismo estudantil? (I)
Elísio Estanque
Quais são as “causas” que
poderão agitar uma
juventude a que chamam
millenials mas para quem
N
uma década é já tão
longínqua como um milénio?
o passado mês de abril
comemoraram-se em Portugal
dois acontecimentos de grande
importância social e histórica,
com destaque para os 45 anos
do 25 de Abril. O segundo foi a
celebração dos 50 anos do 17 de
abril de 69, em Coimbra, o
momento que desencadeou a
explosão de uma geração de
jovens universitários em revolta contra a
degradação do ensino, a ausência de
liberdades e a guerra colonial. As
cerimónias decorreram exatamente no
mesmo local, com o ex-líder Alberto Martins
a lembrar os acontecimentos, num discurso
elegante, sincero e emocional, enquanto o
antigo presidente da Assembleia Magna de
69 (Décio de Sousa) interrompeu a sessão
com um novo “Peço a Palavra”, num gesto
que imprimiu ainda mais sinceridade ao
ato, recordando aquela que foi —
seguramente até aos dias de hoje — a mais
participada assembleia de estudantes da
Universidade de Coimbra (28/05/69)
quando se decidiu a greve aos exames.
Porém, a atual geração estudantil não
estava lá. Apesar da invocação repetida —
ritualizada e apologética, mas amplamente
distorcida — desses momentos marcantes
do movimento estudantil, cinco décadas
depois, a memória esbate-se na sucessão
das gerações e tudo se confunde. De resto,
como tem sido apontado por historiadores
do tema (Miguel Cardina, por exemplo),
alguns levantamentos e inquéritos mais
recentes aplicados aos estudantes
comprovam as “imagens erradas” dos
acontecimentos de 69. Por exemplo, a ideia
de que “a ‘crise’ foi despoletada pelo
aumento de propinas ou a funda convicção
de ter existido uma manifestação nacional
durante esse período...; ou ainda a
referência que por vezes é feita ao “Maio de
69”, não porque percebam que o
movimento iniciado em 17 de abril teve
prolongamentos no mês seguinte, mas tão
só um reÇexo da confusão instalada entre a
crise académica de Coimbra e o Maio de 68
de Paris.
É com este legado histórico em pano de
fundo, qual retrato esmaecido no nevoeiro
NUNO FERREIRA SANTOS
ocupação do tempo, para os contornos do
associativismo académico e para os modos
de vida dos jovens estudantes de hoje, é
possível traçar um olhar sociológico da
atual geração, também ele iluminado pelo
atual contexto académico de Coimbra.
A observação atenta de mais de três
décadas sobre o universo estudantil da
cidade permite-me apresentar uma breve
tipologia de atitudes, para ilustrar a
diversidade de representações e modos de
vida (outros falarão de “habitus”) dos
estudantes. Podemos partir do pressuposto
de que os jovens são, de um modo geral e
em sentido amplo, “ativos”, ainda que esse
“ativismo” se afaste do campo político ou
cívico. Seja como for, faz sentido pensar
esses padrões comportamentais — “tipos
ideais” — de sociabilidade inseridos em
diferentes escalas de análise. Podemos, por
exemplo, partir de um nível mais politizado,
no sentido de uma consciência cívica e
cultural mais aguda, a que se seguem outros
do tempo, que podemos hoje colocar em níveis progressivamente mais afastados do
equação os desaÆos da geração atual e “ativismo”, até um nível mais alheado,
interrogar-nos sobre as suas motivações, atomizado e fora do campo político e da
referências e comportamentos. Quais são as “coisa pública”, por assim dizer. Por outras
“causas” que poderão agitar uma juventude palavras, entre um ativismo mais intenso e
a que chamam millenials mas para quem radical e a zona mais distante, indiferente,
uma década é já tão longínqua como um “apolítica” e massiÆcada do corpo
milénio? Claro que esses acontecimentos estudantil existem diversas modalidades
jazem nas profundezas do esquecimento da intermédias.
atual geração, apesar do seu impacto no Um primeiro nível situa-se no plano
imaginário de várias gerações, a contrastar individual. Socorro-me de uma situação
com os atuais banhos festivos que enchem a concreta, uma iniciativa pessoal,
avenida central da cidade (de gritaria, surpreendente, radical e imbuída de uma
cerveja, vómitos e outros Çuidos) nas festas vontade e de uma consciência crítica pouco
académicas, mas se esfumam nos consumos comum nos tempos atuais entre a nossa
quotidianos. juventude. Paradoxalmente, apesar de
Se a palavra “causas” perdeu a sua aura desencadeada por um indivíduo singular,
política com o correr do tempo, podemos esta ação exprime uma crítica ao
incutir-lhe um novo sentido, mais lato, e individualismo, à apatia associativa da
considerar que em lugar da dissensão maioria, e ao mercantilismo consumista.
cultural, da pulsão Isto prova que há alguns jovens “menos
rebelde e das iguais” do que outros; mostra que existe
referências potencial em alguns círculos, embora por
político-ideológicas, vezes fechados sobre si mesmos. Este é um
estão hoje exemplo, talvez desesperado, de alguém
Não se deve motivações e
subjetividades de
com a consciência plena da hegemonia
mercantilista que se apoderou do sistema
ignorar que outra natureza, de ensino, incluindo das universidades.
também a centradas sobretudo
nos prazeres
Um estudante de Coimbra entrou em
“greve às aulas”, uma greve que parece
ausência de imediatos. Não se situar-se nos antípodas das causas e do
‘causas’ se deve, no entanto, movimento estudantil dos sixties, mas que,
ignorar que também se virmos bem os seus argumentos, talvez
reveste de a ausência de não esteja tão distante da contestação de há
contornos “causas” se reveste 50 anos atrás, antes assenta numa “causa”
ideológgicos
ideológicos de contornos
ideológicos e tem,
hoje impercetível para a maioria de nós
(professores, estudantes e sociedade em
por isso, efeitos geral), até por assumir-se como um ato
políticos nas suas isolado. Este jovem assinou um
consequências. “manifesto”, longo e elaborado, que
Olhando para as começa com a seguinte passagem: “Serve
modalidades de este manifesto para educar. Para tornar
palpável uma sociedade que nos pintam
distante mas que está mesmo ao nosso
alcance; para tratar a educação por tu e a
tornar o pilar fundamental da nossa
sociedade; para ultrapassar as barreiras da
injustiça social e do formalismo académico
e trazer o conhecimento de forma clara a
todos os que queiram aprender — porque a
vida é uma aprendizagem, onde todos são
contínua e simultaneamente, professores e
alunos. É preciso deÆnir um rumo novo
para a educação: um rumo que reÇita os
ideais democráticos porque nos dizemos
bater: liberdade, igualdade e fraternidade.”
Há várias semanas que se senta
diariamente em frente à Faculdade de
Letras, onde é estudante. Comentei o
assunto na rádio local e posteriormente fui
contactado por este jovem que assumiu a
sua identidade, explicando no entanto que
não busca protagonismo pessoal. Está
inscrito num programa de mestrado naquela
faculdade (tendo concluído recentemente a
licenciatura), mas critica a universidade e o
poder político porque, aÆrma, o ensino
superior é dispendioso e não garante o
acesso livre a todos os que pretendam
estudar, mas também porque assenta numa
lógica “clientelar” e mercantilista que
domina a universidade pública.
Muito embora, à partida, a iniciativa
pareça dotada de contornos algo
“quixotescos”, o seu discurso consistente e
lúcido merece ser levado a sério, além do
mais, já contagiou outros colegas, que
começam a segui-lo nesta iniciativa. O atual
presidente da AAC aÆrmou publicamente
estar interessado em ouvir e responder ao
estudante grevista, mas, embora frequente
diariamente a mesma faculdade, segundo
me confessou o grevista, “até agora a
resposta é um muro de silêncio”.
Este é um tipo de “ativismo” de iniciativa
individual mas cujo potencial cívico pode
crescer. No próximo artigo pretendo
caracterizar os outros “tipos-ideais” e
contextos da vida estudantil de Coimbra, a
partir dos quais é possível captarmos o
leque (heterogéneo) de segmentos,
motivações e lógicas de ação que deÆnem a
atual juventude universitária. Atentar nos
modelos de consumo e nas subjetividades
deste setor é tanto mais necessário
porquanto — não apenas como estudantes
mas na vida adulta que os espera — serão
estes os protagonistas centrais da nossa
esfera pública e da atividade institucional
no futuro próximo.
A segunda parte deste artigo será
publicada na próxima quinta-feira
Professor da Faculdade de Economia e
investigador do Centro de Estudos
Sociais da Universidade de Coimbra

Lições aprendidas
O A
Manuel Loff
truque politiqueiro de António
Costa, que deleitou os tudólogos
da política e os media, deixa-nos
algumas lições sobre o que Costa e
Centeno querem fazer connosco
depois de outubro.
1. Voltar a domar a força de
trabalho. Se inteiras classes
proÆssionais e uma grande parte
dos trabalhadores ganharam
novas expectativas quando julgaram que,
derrotando a direita, derrotavam a
austeridade punitiva, é preciso não lhes
conceder vitórias; ensinar-lhes que apenas
ganharão (no ciclo em que vivemos, nem é
“ganhar”: é simplesmente tentar recuperar) o
que o poder lhes outorgar na sua sabedoria de
quem sabe o que é melhor para nós, e que,
pelo contrário, não são greves, manifestações,
persistência, não desistir nunca, que torce a
mão ao poder (do Governo ou do patrão). Essa
pedagogia socialmente reacionária esteve
bem presente nestes últimos dois anos de
enfrentamento do Governo com setores
inteiros dos trabalhadores do Estado,
destilada no discurso rançoso e paternalista
da “irresponsabilidade” das greves, que as
descreve como “um direito” quando não
doem e uma “ofensa à sociedade” quando,
pelo contrário, encostam o Governo (ou a
Administração do Porto de Setúbal, por
exemplo) à parede. Em tudo isto, Costa
regressou à tradição histórica (Soares, 1976-77
e 1983-85, Sócrates, 2005-11) que do PS
conhecíamos demasiadamente bem: se
necessário, ofender os direitos e esmagar as
expectativas dos grupos sociais que os
levaram ao poder, punindo-os com a mesma
política e a mesma explicação moral que a
direita usa(ria), ao mesmo tempo que se lhes
pede gratidão porque com a direita seria ainda
pior...
2. Inscrever Centeno na História como
outro mago das Finanças — antes, claro, de ele
acabar em Bruxelas, ou num gabinete
secundário do BCE, ou, pior um pouco, em
alguma consultoria da Goldman Sachs,
daquelas que o Norte entrega a um “bom
aluno” do Sul para que o guie pelos Suis do
mundo.
Esta categoria Æccional dos magos das
Finanças tem, como sabemos, grande sucesso
em Portugal. A Salazar, 90 anos depois,
metade dos quais em ditadura, garantiu-lhe
presença em todos os manuais de História do
9.º ano, com essa frasezinha equívoca de “pôs
ordem nas Ænanças” que aparece sempre
depois daquela fórmula acéfala da I República
= 16 anos de “desordem”. Cavaco quis entrar
pela mesma porta da História: trazer “ordem”
depois da “desordem revolucionária”. Que,
pelo contrário, tenha feito apenas aquilo que
Sá Carneiro precisava, em 1979, que ele Æzesse
(gastar o suÆciente para lhe assegurar uma
vitória eleitoral em 1980 e, assim, permitir o
arranque da ofensiva contra a Constituição de
1976 e enterrar deÆnitivamente a Revolução),
é apenas uma prova mais de como estes mitos
se constroem à revelia da realidade.
O mito do “mago” Centeno, como todos,
está cheio de moralismo, e do pior moralismo
económico. Ele jura que ceder aos professores
essa coisa tão objetiva quanto um tempo
efetivamente trabalhado seria “hipotecar” o
futuro de todos, usando números que (escuso
de o tentar demonstrar aqui, a própria UTAO
já o fez) são puro patinanço aritmético e que
fazem de Centeno e do seu gabinete puros
fakers. Numa sociedade ainda cheia de medo e
de ansiedade pelo futuro (esse seguro de vida
de todas as formas de dominação), percebe-se
que tudo isto se faça sem se explicar as
consequências do peso esmagador que tem
sobre a economia e a vida das pessoas que o
Estado pague sem discutir as dívidas do setor
Ænanceiro, estratosfericamente acima de tudo
quanto teria que pagar aos professores.
O que Centeno pede a milhões de
portugueses com salário e reformas mínimas é
que não tentem perceber sequer a
enormidade das injeções na banca, mas que se
escandalizem com os “privilégios” dos
professores, desrespeitadores do resto dos
funcionários, dos alunos, dos pais, dirigidos
por um “extremista” que é preciso parar
deÆnitivamente! Essa é a moral desta história:
“a equidade entre os portugueses e a
credibilidade
internacional de
Portugal” (Costa,
6.5.2019) está em
causa se se
Algumas lições reconhecerem os
direitos objetivos de
sobre o que quem trabalhou —
Costa e porque trabalhou!
Centeno —, mas não está ao se
encobrir com
querem fazer milhares de milhões
connosco de euros os crimes
dos banqueiros, nem
depois de é descredibilizador
Outubro do país que eles e os
Berardos
permaneçam
impunes.
Credibilizante é que
um daqueles
governantes que
diziam rezar todos os
dias pela
“estabilidade política” garanta mandar abaixo
um Governo por este ser obrigado a retomar
uma negociação que julgava ter fechado para
todo o sempre. De repente, voltámos a 2011.
Historiador
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 7
ESPAÇO PÚBLICO
Interesses e conflitos
de interesses
causa. Segundo Kenneth Thomas, “o conflito
Cipriano Justo de interesse pode ocorrer quando somente uma
pessoa tem dois interesses em relação a um
calmados os nervos, o tema da Lei mesmo assunto”. (Conflict and conflict
de Bases da Saúde, por momentos management. Reflections and update. Journal
colocado em repouso, regressou of Organizational Behaviour, 1992). Para o
tendo como mote aquela parte Observatório de Economia e Gestão de
que por mais voltas que se dê não Fraudes (Working Papers, 1/009), o conÇito de
há meio de encontrar um solução interesses caracteriza-se por alguém, tendo um
que agrade a todas as bancadas, a interesse pessoal ou privado em determinada
gestão privada dos hospitais matéria, influencie, ou tente influenciar, o
públicos. E quando assim é, há que desempenho de outrem, de forma que este actue
se tomar uma decisão. Conhecida e seja parcial, atingindo assim o objectivo que
que é a formulação do PS, defendida pelo seu pretende.
secretário-geral, tornou-se incompreensível a Vejamos então: o Grupo Mello Saúde gere
razão pela qual o PCP resolveu pedir o os hospitais de Braga e Vila Franca de Xira e
adiamento da votação da Base 18, a que diz detém a posse de mais de 70 instituições de
respeito àquela matéria, para data posterior às saúde; a Lusíadas Saúde gere o Hospital José
eleições europeias. Pode ser que nos esteja a de Almeida de Cascais e é detentora do
fugir qualquer pormenor técnico-táctico Hospital dos Lusíadas; a HL — Sociedade
particularmente soÆsticado, mas estabelecer Gestora do Edifício, S.A. tem como accionistas
um nexo entre os dois assuntos ou é do a Mota-Engil, a Opway, o Banco Espírito Santo,
domínio da crença, presumindo o PCP que o a Luz Saúde (então Espírito Santo Saúde) e a
PS irá reformular a sua posição — de facto, Dalkia; por sua vez, a SGHL — Sociedade
nisto de avanços e recuos está o PS cheio — ou Gestora do Hospital de Loures, S.A. tem como
se está a dar argumentos para que este partido accionista principal a Luz Saúde, sendo a
vá ganhando tempo e coleccionando entidade gestora do Hospital Beatriz Ângelo,
escapatórias para se ir acomodando às de Loures. Em todos estes casos as entidades
exigências da direita e do Presidente da privadas têm interesses no mesmo sector de
República. actividade: na hospitalização pública e na
Embora diferente, mas aproveitando a hospitalização privada. Não existindo
posição do PCP, o director do PÚBLICO, como mecanismos que previnam esses conÇitos — a
já o fez noutras ocasiões, defende que o relação de osmose
assunto devia ser remetido para a estação de entre ambas é
Outono-Inverno, passadas as eleições de 6 de particularmente
Outubro, quando Æcasse estabelecida a porosa —, o interesse
solução política que iria governar o país, é só um, a
porventura na expectativa de que então fosse
favorável à última formulação do PS — “A Na Lei de Bases maximização do
lucro, sejam quais
gestão dos estabelecimentos prestadores de da Saúde, nada forem os
cuidados de saúde é pública, podendo ser
melhor do que mecanismos
supletiva e temporariamente assegurada por accionados para o
contrato com entidades privadas ou do sector ter o pássaro na alcançar.
social” — defendida pelo primeiro-ministro no mão agora do Salvo melhor
artigo de opinião publicado neste jornal, em
resposta a uma carta que lhe foi dirigida. que contemplar
opinião, poderemos
então estar perante
Porém, a tese de que o assunto ainda está dois pássaros a um caso de justiça,
verde não colhe, uma vez que vai para dois
anos que a matéria está em discussão pública, voar no céu da que tem sido por ela
desprezado, ao sabor
e já lá vão oito meses desde que a comissão noite de 6 de da conveniência do
governamental entregou o trabalho que lhe foi
Outubro sector privado, e em
encomendado (Setembro de 2018). Portanto, que até ao momento
o assunto já percorreu todas as etapas de todas as partes foram
análise, discussão e contraditório, faltando omissas, o Estado
cair de podre, que parece ser o que certos designadamente. Por
sectores mais desejam. Entre outras razões já isso, em nome da
sobejamente discutidas, o que também está accountability social,
em causa é um inequívoco conÇito de esta modalidade de
interesses entre quem opera simultaneamente tratar o interesse
no sector público e no sector privado, público deve chegar ao Æm. E nada melhor do
aproveitando o melhor que a sonhada que ter o pássaro na mão agora do que
concorrência pode oferecer, o controlo da contemplar dois pássaros a voar no céu da
parte pública. E é inútil o argumento de que noite de 6 de Outubro.
são três ou quatro PPP. O conÇito não se mede
pela quantidade, mede-se pelos interesses em Médico e professor de Saúde Pública
8 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019
POLÍTICA
Declarações de Joe Berardo
no Parlamento remetidas ao MP
Presidente da comissão de inquérito à CGD pede avaliação de eventuais indícios de crime ao Ministério
Público. Conselho das Ordens Nacionais reúne-se amanhã e discute retirada de condecorações a empresário
Assembleia da República
Leonete Botelho
e Mariana Adam
O presidente da comissão de inqué-
rito à gestão da Caixa Geral de Depó-
sitos, Luís Leite Ramos, pediu aos
serviços parlamentares uma “trans-
crição urgente” das declarações de
Joe Berardo na semana passada,
naquela sede, para enviar para o
Ministério Público no sentido de ava-
liar a existência de indícios de crime.
Segundo aÆrmou ao PÚBLICO o pró-
prio Leite Ramos, esta foi a primeira
diligência que desenvolveu na
sequência da onda de indignação
que gerou o depoimento de Joe
Berardo. Mas não foi a única.
Num momento em que a perda
das condecorações de Joe Berardo
deverá ser avaliada pelo Conselho
das Ordens Nacionais, Eduardo Fer-
ro Rodrigues pediu a Leite Ramos
(PSD) um parecer sobre a carta que
lhe enviou o CDS. Os centristas
pediram ao presidente da Assem-
bleia da República que, por seu
intermédio, seja solicitada à chan-
celer das ordens a instauração de
um processo disciplinar com vista
à irradiação de Joe Berardo dos qua-
dros da Ordem do Infante D. Henri-
que. Mas Ferro pode não esperar
pelo parecer da comissão para
enviar a carta do CDS ao Conselho
das Ordens Nacionais, presidido
por Manuela Ferreira Leite. O pre-
sidente da Assembleia da República
admite enviar o requerimento com
uma nota anexa a dizer que aguarda
o parecer do presidente da comis-
são de inquérito sobre o pedido dos
centristas. “Não posso nem devo
tomar posição sobre o que quer que
se passe numa comissão de inqué-
rito, a não ser por solicitação ou
parecer positivo do seu presiden-
te”, declarou Ferro Rodrigues ao
PÚBLICO.
Para lhe dar esse parecer, Leite
Ramos solicitou aos serviços “uma
nota de enquadramento jurídico”
sobre as declarações de Joe Berardo
no Parlamento e agendou uma reu-
nião urgente de mesa e coordena-
dores da comissão de inquérito
“para ouvir as suas considerações e
ENRIC VIVES-RUBIO
avaliações” sobre este tema. “Espe-
ro depois fazer o meu juízo político
e redigir o parecer para enviar ao
Presidente da Assembleia da Repú-
blica”, disse ao PÚBLICO. “Tudo
farei para que o parecer siga ainda
amanhã [hoje], uma vez que sexta-
feira é a reunião do órgão que gere
as comendas”, acrescentou.
A reunião extraordinária do Con-
selho das Ordens Nacionais foi con-
vocada ontem, depois de o Jornal de
Negócios ter noticiado que o Presi-
dente da República, a quem cabe a
decisão Ænal sobre a retirada das
condecorações, não se opõe a esse
cenário. Informação conÆrmada
pelo PÚBLICO por fonte de Belém,
que no entanto sublinha que não
cabe ao chefe de Estado qualquer
iniciativa ou participação na decisão,
senão depois de haver uma proposta
aprovada naquele conselho.
Joe Berardo arrisca-se, assim, a
perder as duas condecorações que
recebeu ao longo da sua vida: uma
Berardo recebeu
uma comenda de
Eanes. A grã-cruz
da Ordem do
Infante foi-lhe
atribuída por
Sampaio
comenda da Ordem do Infante D.
Henrique que recebeu em 1984 de
Ramalho Eanes e a grã-cruz da mes-
ma ordem, atribuída por Jorge Sam-
paio em 2004. O que seria totalmen-
te inédito. A acontecer, será a primei-
ra vez que serão retiradas
condecorações a alguém que não foi
condenado em tribunal por crimes
com pena superior a três anos de
prisão. Foi o que sucedeu a Carlos
Cruz, Armando Vara ou Jorge Ritto,
que foram condenados a prisão efec-
tiva.
Apesar de Joe Berardo não ter sido
condenado a nenhuma pena, a lei
prevê que os titulares das ordens
honoríÆcas possam perder os títulos
se não cumprirem os deveres das
ordens. Segundo o ponto 1 do artigo
Joe Berardo foi ouvido no Parlamento na semana passada 54.º da Lei das Ordens HonoríÆcas,
os membros são obrigados a “defen-
der e prestigiar Portugal em todas as
circunstâncias; regular o seu proce-
dimento, público e privado, pelos
ditames da virtude e da honra”. O
artigo 55.º determina também que,
“sempre que haja conhecimento da
violação de qualquer dos deveres
enunciados no artigo anterior, deve
ser instaurado processo disciplinar,
mediante despacho do chanceler do
respectivo conselho”.
O comportamento de Joe Berardo
na audiência de inquérito à Caixa
poderá não ser entendido como
“virtuoso e honroso”, nem sendo
digniÆcador das ordens de que é
titular e de Portugal. Se o conselho
— composto pela chanceler Manue-
la Ferreira Leite e os vogais Isabel
Mota, José Silva Peneda, Manuel
Braga da Cruz, Bagão Félix (todos
distinguidos igualmente com a grã-
cruz da Ordem Infante D. Henrique),
Elvira Fortunato (grande oÆcial da
mesma ordem), Maria Velho da Cos-
ta (grande-oÆcial da Ordem da
Liberdade) e Carlos Beato (comen-
dador da Ordem da Liberdade) —,
assim o entender, poderá ser instau-
rado um processo disciplinar por
parte das Ordens HonoríÆcas, que
têm como grão-mestre o Presidente
da República.
À onda de indignação sobre as
declarações de Berardo no Parla-
mento juntou-se o líder do PSD. Rui
Rio referiu-se à audição “incrível”
do (ainda) comendador e acusou os
socialistas de serem “cínicos” por
se mostrarem “chocados” com as
declarações do empresário quando
“não estão chocados com a nomea-
ção da administração da Caixa Geral
de Depósitos” que permitiu o
empréstimo. “Quem deve estar cho-
cado devem ser os portugueses
todos que vão pagar isto”, disse.
Rui Rio disse concordar com a pro-
posta do CDS de retirar as condeco-
rações a Joe Berardo. “Acho muito
bem e já agora deviam era alargar a
lista”, disse o líder do PSD. Questio-
nado sobre se queria dar exemplos,
o líder do PSD respondeu. “É melhor
não dar, mas vêm nomes à cabeça”.
com Sofia Rodrigues
lbotelho@publico.pt

Breves
Partidos
CDS-Braga organiza
conferência com
Manuel Monteiro
A concelhia do CDS-Braga
convidou o ex-líder do partido
Manuel Monteiro para uma
conferência sobre os Efeitos
Políticos da Globalização, que
foi marcada para amanhã, na
Junta de Freguesia da Sé. A
realização, iniciativa que
decorre em plena campanha
eleitoral para as europeias,
partiu do líder da concelhia,
Altino Bessa, que contestou os
critérios de escolha de
Assunção Cristas para as listas
das legislativas. Contudo, a
conferência nada tem a ver
com europeias. Manuel
Monteiro, que foi líder dos
centristas antes de fundar o
Partido Nova Democracia,
disse há poucos dias que
“internamente” sente que já
readeriu ao CDS-PP.
Parlamento
Aprovada lei que
limita número de
armas em casa
A nova lei que limite o número
de armas de fogo que cada
pessoa pode ter em casa e
estabelece um novo período
de entrega voluntária foi
ontem aprovada por
unanimidade na Assembleia
da República. O diploma
resulta de um texto de
substituição apresentado pela
primeira comissão à proposta
do Governo para alterar o
regime jurídico das armas e
suas munições. Segundo a
nova lei, as pessoas com
licença de armas do tipo B e B1
podem ter em casa até quatro
armas, enquanto aos titulares
de armas de caça (licença C ou
D) é permitido terem até 25. A
nova lei estabelece um
período de seis meses para a
entrega voluntária de armas
de fogo a favor do Estado, sem
existir sanção.
Só a comunicação social é
protagonista da mudança
Olhares Cruzados
Nuno Ribeiro
Na política, o caminho mais
fácil é ser agradável. Tal
como nas redes, onde
convivem os da mesma
opinião
No actual mundo das coisas, nas
sociedades em que vivemos, o papel
de protagonista da mudança consis-
tente é da comunicação social, não
das redes em moda. Da direita clás-
sica, do PSD social-democrata e com
um deliberado afastamento de uma
década da cena política, José Eduar-
do Martins coincide com o comunis-
ta Miguel Tiago, deputado até Setem-
bro de 2018. Foi ao Æm da tarde de
ontem, na 11.ª edição do ciclo de
debates Olhares Cruzados, do PÚBLI-
CO e da Universidade Católica, que
decorreu no auditório do jornal, em
Lisboa.
“Nas redes sociais, sou um produ-
to deles, o material deles; na comu-
nicação social, eu pago, é uma fun-
ção de que preciso para a cidadania.
Nada substitui os jornais.” Com este
raciocínio dicotómico, José Eduardo
Martins sintetiza uma vasta digres-
são iniciada com uma referência
para si icónica, a do capitalismo de
vigilância, do cabo ao telefone. Dito
de outra forma: os oligopólios vigen-
tes e em construção, que nos seus
tentáculos são contrários e abafam
a democracia liberal por despeda-
çarem a livre concorrência e pros-
creverem a liberdade. Uma versão
nos tempos da Net do Big Brother de
pesadelo descrito por George
Orwell.
Para Miguel Tiago, os tempos com
nuvens de um novo totalitarismo não
são sobressalto porque não conce-
dem um estádio de bem-aventuran-
ça ao capitalismo. “Nunca vi o capi-
talismo bonzinho”, ironiza. Com o
mesmo postulado, sentencia que as
redes sociais reproduzem a cultura
dominante e que a sobrevivência dos
órgãos de comunicação não é alheia
ao seu registo de propriedade e códi-
go de interesses. Redes e jornais
retroalimentam-se.
E dá um curioso e português
exemplo. A fotograÆa do gabinete de
crise do Governo na sexta-feira, 3 de
Maio, tirada pelo próprio primeiro-
ministro e divulgada nas redes, foi
A 11.ª edição do ciclo Olhares Cruzados decorreu ontem no PÚBLICO
Nas redes sociais,
sou um produto
deles, o material
deles; na
comunicação
social, eu pago, é
uma função de que
preciso para a
cidadania. Nada
substitui os jornais
José Eduardo Martins
catapultada na imprensa para o
patamar de iminente crise política.
Ao estilo de um pré-anúncio.
“O ardil do primeiro-ministro foi
ter utilizado todos os meios”, diz o
comunista. “A fotograÆa tem peso,
era canhestra, mas como a oposição
foi mais canhestra, foi eÆcaz...”,
reconhece a direita desta conversa
cruzada. “Foi eÆcaz não pelo Insta-
gram, mas pela divulgação”, retoma
o antigo deputado do PCP.
“MassiÆcou a mensagem, como
ele [António Costa] queria”, conce-
de o ex-parlamentar de há uma
década da bancada “laranja”.“Para
mim, o jornalismo é memória e
quando pagas mal, não tens memó-
ria”, prossegue José Eduardo Mar-
tins. É na comunicação tradicional
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 9
MIGUEL MANSO
que se revê num mundo, acentua,
em que não se pára para pensar.
“É cada vez mais difícil sair das
primeiras impressões, não paramos
para pensar. Nos tempos de crise,
simpliÆcar a mensagem potencia o
populismo, a resposta fácil, é um
discurso moral, tudo o que a políti-
ca deve rejeitar, mas os partidos
políticos vão quase todos atrás”,
descreve. Das redes versus comuni-
cação social passou para outro dile-
ma: da política ao populismo. Há
similitudes nas contraposições,
dado o papel de mediador que
comunicação e política desempe-
nham na intermediação entre o
indivíduo e a sociedade, da sua rea-
lidade à sua esperança.
“Há interesse em que as pessoas
não tenham pensamento crítico, o
que temos também é o que nos
dão”, avança Miguel Tiago. Com
várias ressalvas. “A mensagem polí-
tica tem de ser moldada ao meio [de
comunicar], mas não muda o con-
teúdo”, prossegue: “Por haver uma
predominância do contacto à dis-
tância, não passa para segundo
lugar o contacto directo.” Ou seja,
não haverá política de plástico, afas-
tada das massas.
“No circo em que as eleições
foram convertidas, o caminho mais
fácil é esconder a autenticidade, é
criar Æguras que sejam agradáveis”,
alerta José Eduardo Martins. Tal
como nas redes onde, com ajuda de
logaritmo, se encontram os da mes-
ma opinião, mesmo que na legião
da sua pequenez.
nribeiro@publico.pt
POLÍTICA
Governo não
vai declarar
emergência
climática
Ambiente
Ministro do Ambiente
garante que metas
portuguesas no combate
às alterações climáticas são
as mais exigentes do mundo
O ministro do Ambiente desvalori-
zou ontem o pedido de declaração
de emergência climática pedido pelo
Bloco de Esquerda, aÆrmando que
seria um gesto apenas simbólico e
destacando que Portugal já faz mais
do que os países que a declararam.
Referindo-se no Parlamento às
declarações feitas pelo Reino Unido
e Irlanda, João Pedro Matos Fernan-
des aÆrmou que “foi um passo sim-
bólico”, mas nesses países não se fez
a partir daí mais nada para reduzir
as emissões de gases com efeito de
estufa, os resíduos produzidos ou
aumentar a produção de energia a
partir de fontes renováveis.
A deputada do BE Maria Manuel
Rola defendeu que a declaração de
emergência é “tão simbólica quanto
a Constituição ou quanto a Declara-
ção Universal dos Direitos Humanos”
e pediu ao Parlamento que “reco-
nheça a gravidade da situação”.
“Há no Governo português e no
mundo sinais contrários ao combate
às alterações climáticas”, disse Maria
Manuel Rola, indicando que, por
exemplo, o ministro do Ambiente se
orgulha de Portugal não explorar
mais hidrocarbonetos, mas o dos
Negócios Estrangeiros sanciona “o
aumento da compra de gás natural
de fracking [fractura] hidráulica”.
A deputada do CDS-PP Patrícia
Fonseca aÆrmou que, para o Gover-
no e o PS, “a declaração de emergên-
cia climática seria admitir” falhas na
execução de medidas contra as alte-
rações climáticas.
Matos Fernandes lamentou que
Bloco de Esquerda e os outros parti-
dos “aparentemente não tenham
lido o Roteiro para a Neutralidade
Carbónica 2050 e o Plano Nacional
de Energia e Clima”, aÆrmando que
aí está o plano “exigente e realista”
para limitar o aquecimento global a
1,5 graus acima dos valores médios
da era pré-industrial.
“As nossas metas, as nossas pro-
postas em relação ao combate às
alterações climáticas são as mais exi-
gentes do mundo”, garantiu. Lusa
10 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019
POLÍTICA ELEIÇÕES EUROPEIAS 2019
Defesa europeia: A América continua
a ser a nação insubstituível
A Defesa europeia vai ganhando forma —
e é mais do que um somatório de boas
vontades. Mas um “exército europeu”
continua a ser uma Ägura de retórica
Defesa europeia
Teresa de Sousa
“Sopa de letras” ou “exército euro-
peu”? A revista britânica The Econo-
mist ainda prefere a primeira deÆni-
ção para descrever o que é hoje a
política de defesa europeia, embora
admita que alguma coisa já foi feita e
que existe um novo sentimento de
urgência por causa do estado do mun-
do. A “sopa de letras” é uma referên-
cia ao número de siglas criadas pela
União Europeia para dar corpo insti-
tucional a uma nova política de segu-
rança e defesa, cujo início remonta a
1999, quando o Conselho Europeu de
Helsínquia decidiu formalmente dar
início a esta nova dimensão da inte-
gração europeia. Era um velho sonho
de muitos europeístas mais convictos:
verem-se fardas nos corredores das
instituições de Bruxelas. É preciso
lembrar que a primeira tentativa de
construção de uma comunidade
europeia foi a CED — Comunidade
Europeia de Defesa — lançada por
iniciativa francesa em 1952 e chumba-
da dois anos depois pela França.
A ideia de um “exército europeu”
também não é de agora. “O Bundes-
tag discute-a pelo menos um vez por
ano”, diz a porta-voz para as questões
militares do partido Os Verdes ale-
mão. Em 1996, o então primeiro-mi-
nistro francês Alain Juppé chegou a
argumentar a favor de um “exército
europeu”. Nunca suscitou grande
entusiasmo, nem sequer da parte da
Alemanha, ainda Æel à sua aliança
fundadora com os EUA. Contou sem-
pre com a total oposição do Reino
Unido, pouco entusiasta de iniciativas
europeias que beliscassem a NATO.
Hoje, Emmanuel Macron e Angela
Merkel recuperaram a expressão ain-
da que com um signiÆcado bastante
mais modesto do que possa parecer
à primeira vista. Quando os dois paí-
ses assinaram em Janeiro deste ano
um novo tratado bilateral para reno-
var o Tratado do Eliseu de 1963,
ambos mencionaram a possibilidade
de criação de um “exército europeu”.
Macron falou dele pela primeira vez
numa entrevista em Ænais do ano pas-
sado como parte da sua ideia de “uma
Europa que protege”. Na mesma
entrevista, o Presidente aÆrmou que
a Europa tinha de “fazer frente à Chi-
na, à Rússia e até aos EUA”. Como
refere Ulrike Esther Franke, do Euro-
pean Council on Foreign Relations, o
Presidente francês falava de um mun-
do dominado, cada vez mais, pelas
relações entre grandes potências inte-
ressadas em interferir na Europa.
“Precisamos de uma Europa que seja
capaz de se defender por si própria
— e não dependendo apenas dos
EUA.” Concluiu a mesma investiga-
dora: “A ideia de um exército europeu
equivale em signiÆcado à velha ambi-
ção dos Estados Unidos da Europa ou
até ao objectivo de Obama de um
mundo sem armas nucleares.”
A simples referência a um “exército
europeu” continua a ser bastante
impopular na maioria das capitais da
União. Mas a sua reentrada em cena
explica-se facilmente. Primeiro, foi a
invasão russa do Leste da Ucrânia e a
anexação ilegal da Crimeia, em 2014.
Os europeus compreenderam pela
primeira vez que o seu grande vizinho
do Leste voltava a ser uma ameaça à
sua segurança. Depois, foi a eleição
de Donald Trump, em 2016, que clas-
siÆcou a NATO de “obsoleta” durante
a campanha eleitoral. A palavra ainda
hoje vibra nos ouvidos dos responsá- Obama — “esqueceu-se” de mencio- continua tão empenhada como sem- fazê-lo, sem que os outros possam
veis políticos e militares europeus. nar o Artigo 5.º do Tratado de pre em defender a Europa. Ou, por impedi-lo. Ninguém quis Æcar de fora.
Desde que chegou à Casa Branca, o Washington, que garante a defesa palavras mais exactas, se o compro- Hoje, a Pesco conta com 25 países —
Presidente já pôs em dúvida por diver- colectiva: “Um por todos, todos por misso americano com a defesa euro- as excepções são apenas o Reino Uni-
sas vezes o compromisso dos EUA um.” Num sistema internacional onde peia continua tão Ærme como no do porque está de saída, a Dinamarca
com a NATO, ou seja, com a segurança a desordem ganha todos os dias van- passado. Nos círculos europeus e nor- que tem um opt-out em matéria de
europeia. A sua argumentação é sim- tagem sobre a velha ordem liberal te-americanos onde se debatem estas defesa, e Malta.
ples: a Europa é rica, tira um enorme assente em instituições multilaterais questões começa a falar-se num Paris queria uma cooperação per-
partido da economia americana, mas que os EUA criaram após a II Guerra, “mundo pós-Atlântico”. manente mais limitada, de forma a
quer que os EUA continuem a pagar há razões de sobra para que a Europa Entretanto, a União foi tomando garantir maior coerência entre cultu-
pela sua segurança. preste muito mais atenção à sua pró- algumas decisões importantes. Criou ras estratégicas e maior eÆcácia. Ber-
O seu comportamento errático nas pria segurança. a Pesco (Cooperação Estruturada Per- lim manteve a sua preocupação de
duas cimeiras da NATO em que parti- manente para a Segurança e Defesa), sempre: manter a coesão do todo.
cipou não ajudaram a desanuviar o Mundo “pós-Atlântico”? uma Ægura que já estava prevista no Esta divergência acabou por ser supe-
ambiente. Na primeira, além de caus- O debate europeu deixou de ser se a Tratado de Lisboa (2007) mas que só rada por outra iniciativa do Presiden-
ticar os aliados por não gastarem pelo constituição de uma capacidade mili- viu a luz do dia em Novembro de 2017. te francês: a “Iniciativa de Interven-
menos 2% do seu PIB com a defesa — tar autónoma da União poderia ou Trata-se de criar uma área de coope- ção Europeia”, criada fora do quadro
Æxados, de resto, numa cimeira da não minar a unidade da aliança tran- ração permanente entre os países da institucional da UE, o que lhe dá a
NATO em 2014, ainda no tempo de satlântica e passou a ser se a NATO União que decidam voluntariamente vantagem de integrar o Reino Unido,

um dos 11 países que a constituem,
entre os quais Portugal, Holanda ou
a própria Alemanha.
O veto e as tropas
Conta-se em Bruxelas que se abriram
garrafas de champanhe na sede da
Comissão quando foi conhecido o
resultado do referendo britânico de
2016: Ænalmente a Europa poderia ter
uma defesa comum. Acabava o veto
britânico. Ninguém se lembrou que,
com o veto, iam também as tropas.
Haverá algum exagero nesta ane-
dota, mas a saída do Reino Unido é
um problema. Representa cerca de
30% da capacidade militar europeia
(apenas igualado pela França) e, no
capítulo da I&D na defesa a sua con-
Angela Merkel
e Donald
Trump na
cimeira da
NATO de
2018:
parceiros de
costas
voltadas
KEVIN LAMARQUE/REUTERS
tribuição atinge quase 40%. Leva
também consigo a sua força de dis-
suasão nuclear, deixando a França
sozinha. Macron tem argumentado
que a relação estabelecida com o
Reino Unido na NATO não chega
para colmatar este déÆce. Muito pro-
vavelmente, terá de haver um trata-
do.
Aliás, apesar das eternas divergên-
cias entre Londres e Paris sobre o que
deveria ser a defesa europeia, a sua
história atribulada nasceu em 1998,
numa cimeira franco-britânica em St.
Malo entre Tony Blair e Jacques Chi-
rac. Os dois países tentavam tirar as
lições da humilhação sofrida na ex-
Jugoslávia, quando se viram obrigados
a recorrer aos EUA para travar a Sérvia
de Milosevic e o regresso da “limpeza
étnica” ao território europeu pela pri-
meira vez desde a II Guerra.
O que querem os EUA?
Ontem, o Financial Times revelava
uma carta enviada pelos “número
dois” dos departamentos de Estado
e da Defesa americanos a Federica
Mogherini, a chefe da Diplomacia
europeia, dando-lhe conta da “pro-
funda preocupação” de Washington
com as regras do novo Fundo Euro-
peu da Defesa (FED) e com a criação
da Pesco, que podem “levar a dupli-
cações, à falta de interoperabilidade
dos sistemas militares, ao desvio de
recursos já de si escassos e a uma des-
necessária competição entre a NATO
e a UE”.
“É vital (…) que as iniciativas inde-
pendentes da União Europeia como
o FED e a Pesco não ponham em cau-
sa as actividades da NATO e a coope-
ração NATO-UE”. Depois de Trump
ter posto em causa por diversas vezes
o compromisso dos EUA com a Alian-
ça Atlântica, a sua Administração vem
lembrar aos europeus quem lidera e
quem estabelece a regras do jogo.
Esta aparente “esquizofrenia” não é
só de agora. Outros presidentes rea-
giram mal a qualquer iniciativa euro-
peia autónoma no domínio da defesa.
Foi assim, por exemplo, nos primei-
ros anos de George W. Bush. Robert
Gates, secretário da Defesa de Obama
no seu primeiro mandato, foi a Bru-
xelas antes de abandonar o cargo
dirigir aos aliados as palavras, por-
ventura, mais duras que ouviram do
parceiro americano sobre o seu pou-
co empenho Ænanceiro e militar
numa aliança da qual dependiam
para garantir a sua defesa.
Uma leitura mais atenta da carta
revela que a grande preocupação
americana é o Fundo Europeu de
Defesa, com regras que podem pre-
judicar a sua própria indústria, que
tem na Europa um grande mercado,
mas também a cooperação nos domí-
nios da I&D (investigação & desenvol-
vimento). Aparentemente, essas
regras poderiam impedir companhias
situadas fora da Europa, incluindo
nos EUA, de participarem em projec-
tos militares Ænanciados pelo fundo.
A hipótese de retaliação está suben-
tendida. A carta criou alguma ansie-
dade em Bruxelas. “Há uma enorme
incompreensão sobre o modo de fun-
cionamento da União Europeia” diz
um diplomata europeu ao FT, negan-
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 11
do qualquer intenção discriminatória
em relação aos EUA.
Já a ministra da Defesa alemã, Ursu-
la von der Leyen, preferiu lembrar que
os europeus “estão a fazer aquilo que
os nossos amigos americanos nos têm
pedido há anos.” “A nossa tarefa é
mostrar-lhes que a NATO apenas lucra-
rá com os esforços no sentido de criar
uma União Europeia da Defesa.”
Para a maioria dos países que são,
ao mesmo tempo, membros da União
e da NATO, é isso exactamente o que
signiÆca o reforço da cooperação mili-
tar no quadro da União Europeia:
aumentar a sua capacidade militar
“no âmbito da Pesco ou no âmbito da
NATO é a mesma coisa”, citando o
chefe da Diplomacia portuguesa. Alia-
dos como Portugal, Holanda, Dina-
marca e a maioria dos países da Euro-
pa Central e de Leste continuam a ver
na NATO a garantia da sua segurança
e numa maior capacidade militar pró-
pria da União Europeia um reforço
do pilar europeu da organização.
O FED vai contar com cerca de 13
mil milhões de euros nos próximos
sete anos, o que está longe de ser uma
enormidade, embora já seja alguma
coisa. Em Junho do ano passado Fede-
rica Mogherini propôs a criação de
uma “Capacidade Europeia para a
Paz”, que poderia ir até dez mil
milhões de euros anuais, destinada a
ajudar a suportar os custos das ope-
rações militares conduzidas sob ban-
deira da União. A proposta deve ser
aprovada em breve.
Até recentemente, a Alemanha
opunha-se à sua criação, dizendo que
os tratados a impediam. Hoje, a polí-
tica de defesa é ainda uma competên-
cia do conselho de ministros dos
Negócios Estrangeiros — os ministros
da Defesa não têm formato próprio
para a tomada de decisões neste
domínio. As últimas informações
indicam, contudo, que esta falha esta-
rá prestes a ser colmatada, com a
criação de um Conselho da Seguran-
ça e Defesa ao nível dos outros Con-
selhos da União Europeia.
Quem defenderá a Europa?
Quem defenderá a Europa? É este o
dilema dos europeus, quando a
ameaça à sua segurança nunca foi
tão real desde que a Guerra Fria ter-
minou. Putin não ousará atacar um
país-membro da NATO? Limitar-se-
á a testar a sua política de intimida-
ção nos países que estão na zona
cinzenta entre as fronteiras da
POLÍTICA
NATO e as fronteiras da Rússia?
O outro grande debate que hoje
percorre os think-tanks e os meios
militares da Aliança é justamente se
a NATO está preparada para enfrentar
um ataque a uma das pequenas repú-
blicas bálticas, demasiado próximas
de São Petersburgo, que já foram par-
te da antiga União Soviética e que
convivem diariamente com o enclave
de Kalininegrado, entre a Lituânia e
a Polónia, onde a Rússia instalou mís-
seis com ogivas nucleares que podem
atingir Berlim em menos de cinco
minutos.
Desde a crise ucraniana que os paí-
ses da NATO, incluindo os EUA, man-
têm um dispositivo militar nos Bálti-
cos e na Polónia para dissuadir qual-
quer tentação de Putin, no qual
participam 23 aliados. Os Estados
Unidos, ao contrário da retórica de
Trump, aumentaram o Ænanciamen-
to e o envolvimento nessas missões.
Não há no terreno qualquer sinal de
falta de solidariedade. A presença dos
EUA e de mais 22 países da NATO na
fronteira dos Bálticos ou na Polónia
quer dizer, citando Paul Taylor, editor
do Politico.eu, que “qualquer aventu-
ra da Rússia encontraria pela frente
soldados da NATO, internacionalizan-
do o conÇito.” Taylor concluiu que
isso ainda é suÆciente “para deter
qualquer líder russo racional”.
Nem todos os analistas estão de
acordo com esta análise. Todos estão
de acordo em que a questão funda-
mental é política. Mais do que as
capacidades militares, a percentagem
do PIB gasta com a defesa, a coesão
política dos aliados é a sua principal
“arma dissuasora”. E essa entrou em
turbulência com o actual Presidente
norte-americano, deixando os euro-
peus confrontados com a sua própria
fraqueza.
Sabem que estão muito longe de
um “exército europeu” como sabem
que a sua defesa colectiva continuará
a ser garantida pelos EUA por via da
NATO e que terão de gastar mais com
a sua própria defesa se quiserem pre-
servar a aliança transatlântica. “Para
a dissuasão da NATO ser credível só
uma questão importa: se os EUA estão
completamente empenhados no seu
compromisso”, diz Jan Techau do
German Marshal Fund. A América
continua, portanto, a ser a nação
indispensável da segurança europeia.
A única questão é saber até quando.
teresa.de.sousa@publico.pt
 O presente
e o futuro
da Europa
O PÚBLICO entrevistou 11 académicos e políticos
com um pensamento sobre o presente e o futuro
da Europa de forma a compreender melhor os desafios,
as dificuldades, as possibilidades que Portugal e os seus
parceiros europeus têm pela frente para vencer a maior
crise da história da União Europeia.
Agora, reuniu as estas entrevistas num livro
para ajudar a entender para onde caminhamos.

A
EUROPA
EO
PRESENTE

9,9521€MAIO
T E R ÇA ,
COM O PÚBLICO
ENTREVISTAS DE
TERESA DE SOUSA
Jaime Gama
Álvaro Vasconcelos
Carl Bildt
Ulrike Guérot INÉDITO E
Jacques Rupnik EXCLUSIVO
António Costa
Marcin Zaborowski
Carlos Moedas
Paulo Rangel
Timothy Garton Ash
Marcelo Rebelo de Sousa
Série de entrevistas
patrocinada por

Stock limitado

Um candidato “calmíssimo”
com guião aprovado pelo chefe
Liliana Valente
É uma campanha sem grande apa-
rato, mal se dá pela sua passagem
nas terras por onde anda. Contam-
se pelos dedos das mãos os “joti-
nhas” que o acompanham. A cada
dia há um ou outro dirigente nacio-
nal a acompanhar o candidato.
Ontem estiveram não só António
Costa, mas também os ministros
Matos Fernandes e Vieira da Silva,
e a coluna de reforços vai engrossar
na segunda semana com a chegada
de Mário Centeno, Ferro Rodrigues
e Francisco Assis. Mas o candidato
não se importa muito com a dinâmi-
ca modesta e viu, aliás, António
Costa apoiar o seu estilo: “Sê igual
a ti próprio”, disse-lhe o secretário-
geral do PS.
E Pedro Marques seguiu à risca.
Aliás, o candidato certinho, que
chega a horas aos sítios, pouco se
desvia do guião que traçou, no per-
curso e no discurso. Apenas na noi-
te de terça-feira surpreendeu quem
o ouviu durante os cinco minutos
de discurso em Faro. Num tom
Pedro Marques
defendeu a
necessidade de
acabar com a
“offshorização”
fiscal dentro da
União Europeia
directo, mas sentido, calou uma sala
que o ouviu apontar a Paulo Rangel
o “oportunismo lamentável” por ter
“sobrevoado a dor” de quem sofreu
nas tragédias dos incêndios. A críti-
ca virou o jogo ao contrário, pondo
Rangel a responder ao que tinha
feito, quando, até então, era o socia-
lista a ter de prestar contas às críti-
cas adversárias.
O fruto foi colhido até pelo silên-
cio do candidato, que quis fazer
perdurar as suas palavras durante
quase todo o dia de ontem. Fez duas
visitas a duas empresas, distantes a
mais de duas horas de viagem de
carro —, o habitual nesta caravana
que ao Ænal do dia de ontem ia che-
gar aos dois mil quilómetros em
quatro dias — e só às 17h fez declara-
ções aos jornalistas.
Foi nessa conversa que se mostrou
pouco preocupado com as críticas
que lhe são feitas pela falta de dinâ-
mica da campanha. Sobre si próprio
diria: “O Pedro Marques está calmís-
simo e empenhadíssimo em falar
com as pessoas, em explicar propos-
tas para a Europa, em explicar por-
que é que a Europa é importante. De
facto, não foi o Pedro Marques nem
a campanha do PS que escolheu
andar a sobrevoar a região centro,
em vez de falar com as pessoas afec-
tadas”.
Justiça seja feita à campanha de
Pedro Marques, raramente tem fala-
do de assuntos que não sejam euro-
peus. Aliás, estes primeiros dias
foram monotemáticos sobre fundos
europeus. Os vários fundos euro-
peus. Colhendo os louros ou tentan-
do mostrar os exemplos positivos
que semeou enquanto secretário de
Estado da Segurança Social — fundos
de apoio às instituições particulares
de solidariedade social — e enquanto
ministro do Planeamento e Infra-Es-
truturas — visitando empresas como
a Tekever, em Ponte de Sor, ou
empresas agrícolas.
Ontem, até por ter recebido
“dicas” do presidente da Dan Cake,
acabaria por falar de outro tema
europeu: os impostos. Pedro Mar-
ques defende que tem de se olhar
para o Ænanciamento das médias
empresas, que estão numa espécie
de limbo da legislação, por causa da
dimensão, e defendeu ainda uma
harmonização Æscal, com uma
“aproximação da base Æscal” dos
diferentes países. Na óptica do can-
didato é possível mexer não nas taxas
de imposto, esse é ainda um longo
caminho a percorrer, mas na “parte
de rendimentos que são ou não tri-
butados que são diferentes de uns
países para os outros”. É esta dife-
rença que permite “uma ‘oèshoriza-
ção’ Æscal dentro do espaço da UE”
que se propõe ajudar a resolver.
liliana.valente@publico.pt
ELEIÇÕES EUROPEIAS 2019 POLÍTICA
Sê igual a ti próprio
[Pedro Marques]
António Costa
Secretário-geral do Partido Socialista
Carro em que seguiam Santana e Sande ficou destruído
Santana Lopes e Paulo Sande
envolvidos em acidente na A1
Francisco Correia
e Miguel Dantas
Pedro Santana Lopes, líder da Alian-
ça, e o cabeça de lista deste partido
às europeias, Paulo Sande, sofreram
ontem à tarde um acidente de auto-
móvel, na A1. O despiste da viatura
conduzida por Santana ocorreu ao
quilómetro 136, entre Pombal e Sou-
re, quando o antigo primeiro-ministro
e Sande seguiam de Coimbra para
Lisboa. Ambos sofreram ferimentos
ligeiros e foram encaminhados para
os Hospitais da Universidade de
Coimbra (HUC). A situação clínica de
ambos é “estável e favorável”, adian-
tou a Aliança em comunicado.
Paulo Sande conseguiu sair da via-
tura pelo próprio pé, enquanto San-
tana Lopes precisou de ser desencar-
cerado pelos bombeiros. O alerta foi
dado pelas 17h14 e mobilizou uma
equipa de socorro de 16 elementos,
apoiados por sete veículos.
Paulo Sande explicou à Lusa que
o carro onde seguiam “capotou
várias vezes” na sequência do des-
piste. As autoridades iniciaram no
local a investigação das causas do
acidente.
Paulo Sande queixava-se de dores
no tórax e foi transportado ao hospi-
tal numa ambulância. Santana Lopes
apresentou as mesmas queixas, ten-
do sido “imobilizado por precaução”
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 13
RUI MIGUEL PEDROSA/LUSA
e transportado de helicóptero para
os HUC.
O recurso ao helicóptero obrigou
ao corte de trânsito daquela zona da
auto-estrada em ambos os sentidos.
Fonte da assessoria do INEM assegu-
rou que a opção pelo transporte aéreo
de Pedro Santana Lopes até Coimbra
se deveu às suspeitas de um trauma-
tismo torácico e/ou craniano, que
podia representar alguma gravidade.
O helicóptero do INEM foi destacado
porque, de acordo com a mesma fon-
te, o Centro de Orientação de Doentes
Urgentes (CODU) recebeu informa-
ções de um acidente “grave com feri-
dos encarcerados”.
Por precaução, e em conjunto com
o CODU, o INEM resolveu utilizar a
forma mais rápida de transporte até
aos HUC. A fonte do INEM explicou
ao PÚBLICO que não existe qualquer
tipo de protocolo especial no que diz
respeito ao transporte de ex-titulares
de altos cargos do Estado.
A clarificação dessa questão foi,
de resto, uma preocupação do INEM
que, no Twitter, informou que “exi-
ge igualdade de tratamento” pré-
hospitalar para todos os cidadãos,
“independentemente da sua situa-
ção económica, social, cultural, das
convicções filosóficas, religiosas ou
políticas”.
francisco.correia@publico.pt
miguel.dantas@publico.pt
Radar da Europa
PS
Harmonização fiscal
Pedro Marques tem dedicado
boa parte da sua campanha aos
assuntos europeus, sem
esquecer de dar resposta às
críticas da oposição. Ontem
introduziu outro assunto —
impostos europeus — para
pedir harmonização fiscal entre
os diferentes países.
PSD
Incêndios e meios aéreos
Paulo Rangel começou o dia a
criticar a falta de meios aéreos
de combate aos fogos e acusou
o Governo de se enredar “nas
burocracias e não conseguir ter
os meios prontos no arranque
da época de incêndios. O PSD
recordou a sua proposta sobre
o programa europeu de
combate ao cancro.
CDS
Famílias no Governo
Pires de Lima entrou na
campanha do CDS — que todos
os dias tem lançado uma ideia
para a Europa —, mas preferiu
falar sobre o executivo: “Temos
um Governo que é uma
vergonha. Um Governo de pais
e filhas, de maridos e mulheres.
Uma situação nunca vista na
democracia e na ditadura.”
CDU
Orçamento europeu
Num dia dedicado ao interior,
João Ferreira quis saber se o
Bloco Central vai votar
novamente a favor de um
orçamento comunitário que
corte nas verbas do fundo de
coesão para Portugal. A CDU
votará contra.
Bloco de Esquerda
Extrema-direita e refugiados
Os refugiados e o crescimento
da extrema-direita foram temas
muito referidos na
pré-campanha e ontem o BE
repescou-os, falando sobre a
importância de ter memória
para combater as “sombras do
fascismo” na Europa.
14 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019
POLÍTICA ELEIÇÕES EUROPEIAS 2019
PSD diz a Costa para se preocupar
com outros meios aéreos
Sofia Rodrigues
Rui Rio apareceu na
campanha do PSD para
embarcar num veleiro do
Tejo com as Mulheres
Sociais-Democratas
O voo de Paulo Rangel de helicóptero
pelas zonas ardidas, criticado primei-
ro dentro do PSD e depois pelo pri-
meiro-ministro, acabou por servir de
arma de arremesso ao PS no dia em
que foi noticiada a falta de meios
aéreos para combater os incêndios.
Rui Rio veio reforçar ontem a ideia já
lançada pelo candidato do PSD à hora
de almoço: “O primeiro-ministro
devia era estar preocupado com os
helicópteros que não estão em condi-
ções de levantar voo”.
Não foi em terra que o disse, mas
sim num veleiro enquanto navegava
no rio Tejo, numa iniciativa de cam-
panha, ao final da tarde, com as
Mulheres Sociais-Democratas (MSD),
uma estrutura que não existe formal-
mente no partido, mas a que se jun-
taram outros militantes e dirigentes
do PSD. Rui Rio (na segunda vez que
apareceu na campanha) e Paulo Ran-
gel entraram juntos para a embarca-
ção, mas pouco tempo depois já se
tinham afastado e foram poucos os
momentos em que voltaram a estar
lado a lado durante a viagem de cerca
de uma hora e meia.
Enquanto o Príncipe Perfeito se
afastava do Cais de Alcântara, “rumo
à Europa”, como disse a presidente
das MSD, Lina Lopes, declamaram-se
versos de Fernando Pessoa, ouviram-
se dois dos hinos do partido, agita-
ram-se as bandeiras laranja, sem
esquecer as muitas selfies e fotograÆas
típicas de um passeio turístico no rio
ao Æm da tarde. Depois de Rangel
assumir que a “experiência náutica”
era simbólica e que na campanha se
sente uma “dinâmica de vitória”, o
líder do PSD falou aos jornalistas para
admitir como “normal” que se discu-
Depois da polémica do helicópetro, o PSD fez campanha de barco
[Caso do SIRESP]
revela
incompetência,
incúria e
negligência
Paulo Rangel
Cabeça de lista do PSD
tam as questões nacionais nas elei-
ções europeias e criticou a audição de
Joe Berardo.
Na primeira acção de campanha do
dia — uma visita à Fundação Champa-
limaud, em Lisboa — Paulo Rangel
usou um tom suave para responder a
António Costa quando, na noite ante-
rior, o tinha acusado de apenas sobre-
voar as zonas ardidas e de não fazer
campanha “cara a cara”. “Serenidade
e elevação”, pediu repetidamente Pau-
lo Rangel, no Ænal da visita à fundação
presidida por Leonor Beleza, que não
apareceu ao lado do candidato.
Rodeado por alguns dos candidatos
da lista — Lídia Pereira, Graça Carva-
lho e Carlos Coelho — e por alguns
NUNO FERREIRA SANTOS
dirigentes locais, Paulo Rangel seguiu
para a segunda acção do dia, um
almoço na Associação Humanitária
dos Bombeiros Voluntários do Dafun-
do, um cenário mais próprio para
endurecer o tom contra as falhas na
Protecção Civil. Recebido calorosa-
mente pelo presidente da Associação
– o ex-deputado do PSD Armando
Soares — o candidato acusou o chefe
de Governo de querer “desviar as
atenções” por causa dos meios aéreos
de combate aos incêndios em falta.
“Dos muitos helicópteros que fal-
tam no terreno, o único que foi fala-
do foi o que foi ao terreno”, disse,
depois de registar o “nervosismo, a
agitação e alguma deselegância do
PS” na campanha. E fez uma compa-
ração com o problema do SIRESP,
que foi “diagnosticado há quase dois
anos”. Paulo Rangel atirou-se ao pri-
meiro-ministro ao dizer que foi “o
maior crítico” mas também o res-
ponsável pelo sistema quando era
ministro, e que não conseguiu resol-
ver o problema quando abre a época
de incêndios. “Isto revela incompe-
tência, incúria e negligência”, acu-
sou perante uma sala com menos de
100 pessoas e onde estavam vários
comandantes de bombeiros.
srodrigues@publico.pt
Temos um Governo como
nunca se viu. Um Governo que
é uma vergonha. Um Governo
de habelidadezinhas
António Pires de Lima
Ex-ministro da Economia
Cristas acusa Costa de ser
“incompetente” ou de “faltar
à verdade” sobre meios aéreos
Luciano Alvarez
Assunção Cristas acusou ontem o pri-
meiro-ministro de ou ser “profunda-
mente incompetente” ou estar “pro-
fundamente a faltar à verdade” sobre
o facto de não estarem ainda disponí-
veis todos os meios aéreos de comba-
te aos incêndios Çorestais.
Numa acção da campanha do CDS
para as eleições europeias, Assunção
Cristas, questionada pelos jornalistas,
abordava o facto de 18 das 38 aerona-
ves de combate aos incêndios Çores-
tais que deviam poder ser activados
a partir de dia 15 não estarem dispo-
níveis. O atraso nos concursos para
operar os três helicópteros ligeiros do
Estado e para alugar 35 aeronaves fez
com que nenhum dos procedimentos
lançados este ano obtivessem os vis-
tos do Tribunal de Contas.
A líder do CDS falou “num padrão
do primeiro-ministro”, que “anuncia
as coisas e não as cumpre”. Assunção
Cristas voltou também ao tema do
SIRESP, a rede de emergência nacio-
nal, observando que, depois de o
primeiro-ministro ter dito na segun-
da-feira que levaria poucas horas a
encontrar uma solução para o proble-
Nuno Melo teve uma manhã em
cheio no mercado de Cascais
ma — o consórcio gestor da rede
ameaça desligar o sinal de satélite, se
o Estado não pagar o investimento de
11 milhões de euros que exigiu neste
dispositivo —, “já passaram 48 horas”
e António Costa nada voltou a dizer.
A líder do CDS participou numa
acção de campanha ao lado dos prin-
cipais candidatos ao Parlamento
Europeu inserida no Dia Internacio-
nal da Família, que se cumpriu
ontem. Cristas assistiu a um espectá-
culo de magia para crianças no Par-
que das Conchas, em Lisboa. No Ænal,
questionada sobre o que seria mágico
para o CDS nestas eleições respon-
deu: “Multiplicar o nosso candidato
por vários. Muitos.”
Um mercado, é um mercado, é um
mercado. E o especialista neles é o
CDS, numa longa tradição de aí fazer
acções de campanha eleitoral, inicia-
da de forma quase obrigatória por
Paulo Portas. Mas há mercados mais
amigos que outros. Ontem, os centris-
tas estiveram no de Cascais. Manhã
mais favorável era difícil. Nuno Melo,
quase sempre guiado por Pedro Mota
Soares, número dois da lista às euro-
peias e presidente da assembleia
municipal de Cascais, teve uma
manhã “sem espinhas”. Beijos distri-
buídos foram mil e manifestações de
apoio outras tantas.
Ontem também foi dia de críticas
ao executivo. Muitas vieram de Antó-
nio Pires de Lima, que se juntou à
campanha. “Temos um Governo
como nunca se viu. Um Governo que
é uma vergonha. Um Governo de pais
e Ælhas, de maridos e mulheres (…)
Uma situação nunca vista na demo-
cracia e na ditadura. É um Governo
de habilidadezinhas e truquezinhos”,
aÆrmou o ex-ministro da Economia,
acrescentando que o executivo mere-
ce um cartão amarelo.
Nos próximos dias, vão também
participar na campanha, além de
Paulo Portas, Lobo Xavier, Nuno
Magalhães, Telmo Correia e Adolfo
Mesquita Nunes.
lalvarez@publico.pt

O voto acertado é na foice e
no martelo, com o girassol ao
lado. Com o girassol ao lado!
É no último quadrado!
João Ferreira
Eurodeputado da CDU
Em Bencatel, a jogar à manilha
e a reclamar aumento da reforma
Maria Lopes
Tal como em muitas vilas e aldeias,
a antiga escola primária de traça
Estado Novo de Bencatel já não se
enche com os risos das crianças.
Agora é couto dos reformados, com
as mesas das salas a serem ocupadas
com jogos de cartas e de dominó a
seguir ao almoço. O calor lá fora não
está assim tanto de estalo — apesar
dos 36 graus, corre uma aragem —,
mas pouco mais há para fazer quan-
do já se deixou o trabalho nas pedrei-
ras que bordeiam as estradas para
Vila Viçosa ou o Alandroal e o sol
ainda vai alto para rumar à horta.
Joaquim Gama e António Perico
jogam à manilha com mais dois ami-
gos numa das três mesas ocupadas.
São os mais faladores, mas é Perico
quem não se acanha nas críticas.
Pela forma como reÆla, ainda não
está convencido em seguir o conse-
lho de João Ferreira, que lhe estende
um panÇeto da CDU e recomenda:
“O voto acertado é na foice e no mar-
telo, com o girassol ao lado. Com o
girassol ao lado! Há outro que p’raí
anda só para enganar! É no último
quadrado!”
De um dos lados, o papel simula o
boletim de voto com a longa lista de
partidos desfocados, deixando bem
legível o último, a CDU. “Ah, já excluí-
ram os outros todos para a gente não
fazer confusões”, ri-se Joaquim
Gama, que vai admitindo que já sabe
“onde é”. Mas António Perico está
mais difícil de convencer. Queixa-se
da reforma que não cresce à mesma
velocidade que os salários da função
pública. Esses “levam tudo”.
“Esses não levaram aumento
durante dez anos”, replica João Fer-
reira, que se justiÆca: “Nós temos de
lutar por todos, do público e do pri-
vado. Não somos como alguns que
querem voltar uns trabalhadores
contra os outros — e isso acaba sem-
pre mal.” O comunista diz que deve
haver uma salário mínimo igual para
todos e que deve ser de 850 euros.
“Veja lá que se o salário mínimo
JoãoFerreira interpelou reformados que jogavam às cartas
tivesse aumentado pela inÇação des-
de que foi criado já ia em mais de
900 euros e nós só pedimos 850…”
Perico insiste nos privilégios dos
outros, os que só trabalham 35 horas
e o privado tem pelo menos 40 horas
por semana. Nas pedreiras e serra-
ções de mármore ali à volta, onde
trabalhou 46 anos, continua a exigir-
se as 40 e as horas extras ninguém as
paga a mais de cinco euros. “Nós
defendemos as 35 horas no público
e no privado, foi o PS, que é Gover-
no, que não quis”, vinca João Ferrei-
ra. Ambos continuaram no pingue-
pongue: “Os reformados ganham
uma miséria”, queixa-se o septuage-
nário. “Recuperou o 14.º mês e teve
aumentos de seis ou de dez euros. E
olhe que o PS não queria”, diz uma
militante que acompanha o candida-
to. Nada, Perico faz contas: vai dos
70 e tal euros que pagou de IRS de
2016 até aos mais de 200 que terá
que pagar pelas reformas de 2018.
“Mas recuperou”, insiste Ferreira.
“Ora, dão com uma mão, mas cor-
tam com a outra! Eu ganho mais, mas
estou a descontar mais”, gesticula
Perico, já a mostrar o seu jogo aos
outros que estão na mesa. Joaquim
Gama vem em socorro do compa-
nheiro da manilha: “A mim tiveram
o descaramento de mandar uma car-
NUNO VEIGA/LUSA
tinha a dizer que o aumento era de
um euro.” Ri-se com o ridículo da
situação. “É quase o preço do selo…”
João Ferreira tenta arrumar o assun-
to: “De domingo a oito têm que levar
a indignação até ao voto!” “Esse está
certo”, promete Gama, enquanto
Perica continua a remoer baixinho.
Os camaradas voltam à rua porque
é tempo de seguir para uma acção
de rua em Évora e gastar as energias
do almoço. Altura em que João Fer-
reira criticara quem agora na cam-
panha anda pelo interior a “chorar
lágrimas de crocodilo” pelo seu
abandono, mas promoveu no Gover-
no o seu despovoamento. “Às vezes
só faltou levarem os cemitérios.
Levaram a escola, o centro de saúde,
as freguesias, os correios, os centros
de distribuição postal. Levaram tudo
isso e agora choram lágrimas de cro-
codilo?”
Com casos concretos de como as
decisões de Bruxelas se repercutem
negativamente no quotidiano da
população, João Ferreira diz querer
centrar a campanha no debate sobre
a Europa. “Não contam connosco
para desviar esta campanha disto,
que nos parece essencial, para ques-
tões ou questiúnculas acessórias.”
maria.lopes@publico.pt
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 15
Queremos que a medalha
[de Berardo] seja devolvida, mas
sobretudo queremos que o dinheiro
[da CGD] seja devolvido
Marisa Matias
Eurodeputada do BE
Esquerda, direita — Rosas
vê o PS como um balancé
Maria João Lopes
Foi na visita à Fortaleza de Peniche,
onde esteve preso, que o historiador
Fernando Rosas usou uma imagem
para falar do PS. Aos jornalistas, dis-
se ver o partido como um balancé
que ora pende para a esquerda, ora
para a direita. O bloquista criticou a
campanha dos partidos de direita
nestas eleições europeias, defenden-
do que tem cabido à esquerda o
esforço de pôr os temas europeus na
agenda.
Não foi por acaso que aquelas
declarações foram feitas ali. Ontem,
o Bloco de Esquerda colocou o tema
da extrema-direita no centro da cam-
panha. A caravana bloquista visitou
as minas da Panasqueira, que produ-
ziam volfrâmio para alimentar as
guerras mundiais, e a Fortaleza de
Peniche, onde esteve preso quem
lutou contra a ditadura. E fê-lo para
honrar, nos dois casos, o “dever de
memória” que protege as democra-
cias do surgimento dos fascismos.
O único tema paralelo neste dia foi
mesmo o da polémica em torno da
condecoração de Joe Berardo. A
cabeça de lista do BE, Marisa Matias,
aÆrmou que o Bloco quer muito mais
do que simplesmente que a conde-
coração do empresário madeirense
seja devolvida, como pede o CDS:
“Queremos que a medalha seja
devolvida, mas sobretudo que o
dinheiro seja devolvido. E que sejam
responsabilizadas as pessoas que
tomaram estas decisões. Celeste Car-
dona, do CDS, que foi nomeada por
Durão Barroso [para a CGD], aliás
como Armando Vara do PS, esteve
directa e pessoalmente envolvida”,
disse a bloquista, mostrando curio-
sidade em saber se o candidato cen-
trista Nuno Melo também defende
que Celeste Cardona deve perder a
condecoração que lhe foi atribuída
pelo então Presidente Cavaco Silva.
“O que este caso mostra é que o
bloco central de interesses sempre
inclui o CDS, mesmo que agora Nuno
Melo queira Æcar fora da fotograÆa”,
POLÍTICA
acrescentou, também em Peniche,
numa tarde em que esteve com Luís
Fazenda e Fernando Rosas.
Só depois Rosas acabaria por ana-
lisar os dias de campanha: “Da parte
dos partidos da direita tem corrido
sem objecto, na falta de temas inven-
ta-se uma tralha para trazer para a
campanha. Da parte da direita, uma
grande pobreza. A esquerda tem
procurado trazer os assuntos que
respeitam à ligação da Europa com
o dia-a-dia das pessoas”, defendeu.
E, nessa análise, onde se situa o
PS? “Ao meio, como sempre. A balan-
çar de um lado para o outro. O PS é
uma espécie de balancé, vai para
aqui, vai para acolá”, continuou
Rosas que vê o candidato socialista
Fernando Rosas,
fundador do BE,
comentou as
campanhas do
PSD, do CDS e do
PS e elogiou
Marisa Matias
como alguém “muito reactivo”, que
“vai atrás”. “A campanha do PS tem
pouca autonomia do ponto de vista
conceptual”, disse ainda Fernando
Rosas, para quem o “grande proble-
ma” do PS é, porém, maior — é
“saber para que lado é que cai”, o
que nas questões europeias se nota
“de uma maneira superlativa”.
Ao lado, Marisa Matias acabaria
por colher elogios de Rosas, por
mostrar como as decisões das insti-
tuições europeias afectam o salário
que se recebe, o transporte que se
apanha. Mais: para a candidata só
assim se luta contra o crescimento
da extrema-direita: “A nossa obriga-
ção é perceber que só conseguimos
combater estas sombras se tivermos
respostas concretas para as pes-
soas”, sublinhou ainda de manhã,
nas minas da Panasqueira, e depois
de ouvir a história de Isidro Gil, de
85 anos, que ali trabalhou 43 e se
lembra de ter passado fome.
mjlopes@publico.pt
16 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019
POLÍTICA ELEIÇÕES EUROPEIAS 2019
“A União Europeia precisa de mais transparência”
Ricardo Arroja Economista e professor
universitário, o cabeça de lista da
Iniciativa Liberal faz a estreia na política.
Como o próprio partido, cuja mensagem
passa pelo primeiro teste nas urnas
Entrevista
Márcio Berenguer
Liberdade de escolha,
descentralização e concorrência:
estes são os três grandes princípios
seguidos pela Iniciativa Liberal, de
Ricardo Arroja.
A campanha para as europeias
começa em clima de legislativas.
Isso é bom para os partidos mais
pequenos?
Na minha opinião, só pode
beneÆciar. São as primeiras eleições
a que concorremos. É primeira
oportunidade de nos pormos à
prova e percepcionarmos se os
nossos eleitores estão com a nossa
mensagem, ou não. Em segundo
lugar, a situação política neste
momento é tão complexa, tão
atribulada e tão incoerente de parte
a parte que constitui mais um
incentivo para nos aÆrmarmos com
uma mensagem diferente.
Em que é que a IL se diferencia?
Temos três princípios
fundamentais. Liberdade de
escolha. Os serviços públicos devem
ser desenhados em prol e em
benefício dos utentes, e não em prol
e em benefício de hierarquias ou
interesses corporativos...
Não o são já, em teoria?
Na prática acabam por não ser.
Veja-se esta situação em particular
[tempo de serviço dos
professores]. Fala-se muito em
sindicatos, ouve-se falar de
partidos, mas não se fala das
pessoas que estes serviços
deveriam beneÆciar. Ninguém fala
dos alunos ou do sucesso escolar.
Portanto fala-se de tudo menos
daquilo que deveria ser discutido.
(...) Mas voltando atrás. Aos
princípios fundamentais da IL,
acrescentamos a descentralização
(que está associada ao primeiro
eixo da liberdade de escolha) e
defendemos a concorrência. Estes
são os três principais eixos que nós
temos na Iniciativa Liberal e que
depois se traduzem em menos
burocracia e menos impostos.
Também numa menor
desigualdade, porque quando
temos mais concorrência, temos as
condições propícias para uma
menor desigualdade.
A IL viabilizaria um Governo PS?
Não, porque o PS assenta numa
lógica de socialismo que rejeitamos.
E do PSD?
Também. O PSD enquanto partido
social-democrata tem fomentado a
centralização das decisões e a
estatização da economia. Nós
entendemos que todos os partidos,
nomeadamente os maiores em
Portugal, têm conduzido a políticas
económicas que, de forma
generalizada, têm sido estatizantes,
que centralizam e retiram liberdade
de escolha às pessoas. A nossa
proposta é a contrária.
Se não é o Estado, qual é a
solução?
O Estado não é um Æm em si
mesmo. O Estado é um meio de
agregação de vontades individuais .
Nós, em termos de posicionamento
político, tentamos afastar-nos da
caracterização que normalmente
tem sido feita dos partidos em
Portugal, numa linha horizontal —
da esquerda à direita. Nós
posicionamo-nos numa linha
vertical em que em cima estão as
pessoas e em que o Estado é um
veículo ao seu serviço, para prestar
serviços públicos com relação
custo-benefício vantajosa. O que
Há domínios em que a
liberdade de circulação
(de bens, serviços, pessoas
e capitais) ainda não foi
atingida na plenitude
Ricardo Arroja
Cabeça de lista da Iniciativa Liberal
acontece em Portugal é que cada
vez pagamos mais impostos e
recebemos menos.
É possível um Serviço Nacional
de Saúde 100% público?
O papel do Estado no SNS tem
vários domínios de intervenção. Há
o Estado Ænanciador e há o Estado
prestador. Entendemos que, se o
Estado tem o poder de coerção
tributária, se os cidadãos lhe
conferem esse mandato, deve
angariar recursos para Ænanciar a
Saúde em Portugal. Outra questão
diz respeito à prestação dos
cuidados de saúde e aí entendemos
que deve haver mais concorrência.
O SNS só tem a ganhar com a
concorrência e com a inclusão de
prestadores privados, com ou sem
Æns lucrativos, sob a forma de PPP,
associações ou nos vários modelos
que existem na Europa.
GREGÓRIO CUNHA
A grande ideia da IL para as
europeias é...
Passa por conferir ao Parlamento
Europeu (PE) maior capacidade
legislativa. O PE é dominado pela
agenda da Comissão Europeia e é
essencial devolver-lhe mais
capacidade legislativa. E aí que se
podem efectivamente defender os
interesses de países periféricos e de
minorias que tendem a ter menor
peso em agências executivas, como
a Comissão. Defendemos que a
União Europeia (UE) deve olhar
para as liberdades fundamentais de
circulação (de bens, serviços,
pessoas e capitais), há domínios em
que essa liberdade ainda não foi
atingida na sua plenitude. É crucial
que o mercado comum de serviços
digitais seja potenciado, uma parte
crescente da actividade económica
é desenvolvida no âmbito digital.
Mas persistem obstáculos a uma
verdadeira integração dos
mercados digitais na Europa. É
preciso também um maior
reconhecimento de qualiÆcações
proÆssionais, acabando com as
barreiras administrativas e
corporativas ao exercício de
determinadas proÆssões. E a UE
precisa de mais transparência. Não
existe um registo de lobistas que
actuam junto dos poderes
europeus. É preciso que haja esse
escrutínio, para sabermos que as
leis e directivas são aprovadas no
interesse de todos, e não apenas de
quem faz lobbying. Esse é também
um caminho no combate à
corrupção.
Qual é o posicionamento da IL
em matéria de imigração e
refugiados?
Separar as águas. Por um lado,
temos a política de imigração, por
outro, temos a política de asilo. As
duas têm sido confundidas, quando
devem ser claramente distinguidas.
A política de asilo deve ser gerida
com agências e com recursos do
orçamento europeu, e não gerida a
nível nacional. Isto porquê? Porque
a questão do asilo e dos refugiados é
uma questão essencialmente de
direitos humanos. De humanismo.
Os direitos humanos, o humanismo,
são princípios fundamentais da
União Europeia. Princípios aos quais
todos os países, quando aderem à
UE, subscrevem. Não esqueçamos o
Espaço Schengen, que é partilhado.
Neste momento, o foco das decisões
sobre políticas de asilo está nos
governos nacionais, e desta forma
corremos o risco de perder de vista
estes princípios da liberdade, da
segurança e da justiça que a UE
corporiza. Por isso, defendemos que
as políticas de asilo devem ser
deÆnidas por agências com recursos
próprios da UE, sem prejuízo de
termos políticas de imigração que,
essas sim, podem ser deÆnidas
localmente, desde que enquadradas
no sistema europeu de vistos, que
existe mas não tem funcionado.
marcio.berenguer@publico.pt

OCDE: Portugal entre os que têm
mais colégios só com “gente rica”
Responsável do ensino particular atribui ao Estado responsabilidade pelo carácter elitista dos colégios, já
que o Änanciamento está a ser reduzido. É a reacção a relatório da OCDE com base nos dados do PISA 2015
Educação
Clara Viana
e Rita Marques Costa
Portugal é apresentado pela Organi-
zação para a Cooperação e Desenvol-
vimento Económico (OCDE) como
um dos países onde o ensino privado
é mais elitista. Fazendo a análise de
mais de 50 países e economias, a
OCDE foi comparar o nível de “segre-
gação” com base no estatuto socioe-
conómico dos alunos entre o ensino
público e o privado. Portugal faz par-
te do grupo de dez país onde esta
diferença é mais “impressionante”.
Estes dados constam de um relató-
rio sobre a liberdade de escolha em
educação divulgado ontem (Balan-
cing School Choice and Equity). Esta
é uma conclusão que o director-geral
da Associação de Estabelecimentos
do Ensino Particular e Cooperativo
(AEEP), Rodrigo Queirós e Melo, clas-
siÆca como sendo “bastante eviden-
te”. “Do conjunto dos países da
OCDE, Portugal tem uma das maiores
proporções de alunos inscritos no
ensino privado e que pagam por isso,
ao contrário do que sucede em vários
outros países onde este tipo de ensino
é Ænanciado em grande parte ou mes-
mo na totalidade pelo Estado”, frisa
o responsável pela AEEP.
É o que se passa, por exemplo, na
Holanda, Finlândia e com vários tipos
de escolas privadas no Reino Unido,
Suécia ou Estados Unidos. No índex
de segregação em função do estatuto
socioeconómico, publicado pela
OCDE, todos eles estão entre os países
onde as diferenças entre o público e
o privado são menores.
“Se compararmos a amostra de
Portugal onde o ensino particular é
pago pelas famílias com a de outros
países em que este é Ænanciado pelo
Estado, é normal que na portuguesa
apareça só gente rica ao contrário do
que acontece nas outras”, comentou
Queirós e Melo. Que alerta também
para o agravamento deste fosso com
o Æm da maior parte dos contratos
de associação determinado por este
Governo. “É o Estado português que
está a reforçar o carácter elitista do
ensino particular”, acusa.
Através dos contratos de associa-
ção, dezenas de colégios foram Ænan-
ciados pelo Estado desde os anos 80
para garantir que os seus alunos os
frequentassem de forma gratuita.
Com o actual Governo, estes contra-
tos estão a ser reduzidos de modo a
que o Ænanciamento seja só atribuído
a colégios situados em zonas onde
não exista oferta pública.
OCDE enganou-se
Os indicadores deste relatório da
OCDE, que tem na base os dados dos
testes PISA de 2015, permitiam tam-
bém tirar esta conclusão sobre Portu-
gal: em 2015, 31% dos alunos portu-
gueses estavam inscritos em escolas
em que os directores admitiam usar a
performance académica como crité-
rio de admissão. A proporção seria
muito maior nos estabelecimentos
privados (82%), mas também aconte-
ceria na escola pública (28%).
Depois da publicação do relatório,
na sequência de questões enviadas
pelo PÚBLICO, a OCDE admitiu que
a tradução para português da questão
colocada aos directores das escolas
não permitia, aÆnal, tirar essa ilação.
Numa declaração por escrito, reco-
nhecia que “os directores podem ter
interpretado esta questão de forma
mais ampla não se limitando ao his-
torial académico dos estudantes”.
O que aconteceu então? Quando o
questionário foi traduzido e adaptado
para português pela equipa respon-
sável pelo PISA 2015 em território
nacional, o que surgia como “stu-
dent’s academic performance” pas-
sou a “processo completo do aluno”.
O que signiÆca que o âmbito desta
opção de resposta passou a ser muito
mais abrangente. Porque além das
notas, no processo completo do alu-
no constam também informações
sobre comportamento e medidas dis-
ciplinares, acompanhamento psico-
lógico, eventuais necessidades espe-
ciais e outros elementos biográÆcos.
A questão foi assim colocada
aos directores de 246 estabelecimen-
tos de ensino (222 públicos e 24 pri-
vados) incluídos na amostra portu-
guesa do PISA 2015: “Em que medida
é tido em conta cada um dos seguintes
factores para a admissão de um aluno
na sua escola?” Além da opção já refe-
rida, a OCDE aceitava outras hipóteses
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 17
SOCIEDADE
ENRIC VIVES-RUBIO
de resposta, como a recomendação
vinda de outras escolas, a área de resi-
dência do estudante, a preferência
dada a novos alunos que já têm outros
familiares ali inscritos, por exemplo.
Os directores podiam responder
“nunca”, “às vezes”, ou “sempre”.
Em 2009, a tradução desta opção
de resposta também foi outra: “Regis-
to biográÆco (incluindo testes de posi-
cionamento)”. E nesse ano só foi
seleccionada por directores de esco-
las onde estavam inscritos 1% dos
alunos. “A forma como esta questão
foi traduzida pode estar por trás do
aumento de 1% em 2009 para mais de
30% [em 2015]”, clariÆcou a OCDE.
João Marôco, professor no Institu-
to Superior de Psicologia Aplicada e
antigo coordenador português do
PISA, diz que cada país adapta os
questionários à sua realidade. O que
a OCDE fez foi uma “equivalência
cega” de duas opções de resposta que,
na verdade, não são comparáveis. Em
Dezembro de 2019 serão conhecidos
os resultados dos testes PISA do ano
2018. Nessa versão a opção “processo
completo do aluno” foi substituída
por “registo de desempenho acadé-
mico”, adianta o professor.
Contactado pelo PÚBLICO antes de
a OCDE admitir o erro, o presidente
do Conselho de Escolas e director da
Escola Secundária Eça de Queirós,
José Eduardo Lemos, lembrou que no
período a que o documento se refere
os critérios eram mais Çexíveis. “Nes-
sa altura era possível [considerar o
desempenho escolar dos estudantes]
no ensino secundário, uma vez que
se permitia que a escola deÆnisse os
critérios. As regras não eram tão rígi-
das como agora”, detalhou ao PÚBLI-
CO. O professor defendeu que o
desempenho escolar “é um crité-
rio melhor do que o da morada”, e
admitiu que na sua escola, à entrada
para o 10.º ano, este factor “valia
mais” do que a área de residência.
“Depois de cumpridas todas as
outras prioridades e se ainda houver
vagas, e só nessas circunstâncias, as
escolas podem estipular outros crité-
rios no seu regulamento interno”,
disse o Ministério da Educação.
cviana@publico.pt
Relatório da OCDE relativo à Educação foi divulgado ontem rita.costa@publico.pt
18 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019
SOCIEDADE
Dívida em atraso dos hospitais
estagnada desde o início do ano
De Janeiro a Março, o total de
pagamentos em atraso quase não se
alterou, mas a expectativa é que suba em
Abril. Objectivo do Governo é eliminar
dívidas com mais de 90 dias até 2020
Serviço Nacional de Saúde
Rita Marques Costa
No começo de 2019, só em dívidas
com mais de 90 dias, os hospitais do
Serviço Nacional de Saúde tinham a
pagar 530,5 milhões de euros aos
seus fornecedores. Em Março (o últi-
mo mês para o qual existem dados
disponíveis no Portal do SNS), o valor
diminuiu ligeiramente, passando
para 521,4 milhões de euros. Desde
o início do ano que o total de paga-
mentos em atraso praticamente
estagnou.
Normalmente, a dívida dos hos-
pitais ao longo dos meses vai osci-
lando entre grandes picos, seguidos
de quedas abruptas (associadas
directamente às injecções de capi-
tal). Por vezes, o valor em dívida
mantém-se mais ou menos estável
durante alguns meses. Foi isso que
aconteceu no ano passado, entre
Junho e Agosto.
O economista da saúde Pedro Pita
Barros explica ao PÚBLICO que,
“tipicamente, no passado, quando a
dívida assentava num plateau, volta-
va a disparar ao Æm de dois ou três
meses”. A dúvida, neste momento,
é se volta ou não a aumentar. “Se
mantivermos [esta tendência], é
muito bom sinal.”
O que é que poderá justiÆcar que
o valor de dívidas em atraso se tenha
mantido mais ou menos estável nos
últimos meses? Sem ter “nenhuma
prova estatística”, Pita Barros lança
algumas possibilidades.
Por um lado, a inÇuência do secre-
tário de Estado da Saúde, Francisco
Ramos, que “é uma pessoa já com
muita experiência”. Por outro lado,
“também se começou a dar mais
importância à comissão de Julian
Perelman [Estrutura de Missão para
a Sustentabilidade do Programa
Orçamental da Saúde] e até há um
grupo de hospitais que vai ter regras
diferentes”.
Esta valorização, diz, “pode ter
levado alguns hospitais a Æcarem na
expectativa e a fazerem uma de duas
coisas: ou a guardarem facturas para
lançar mais tarde — e aí vamos ver
um crescimento de dívida outra vez
— ou a começarem a conter alguma
despesa desnecessária e a conseguir
controlar a dívida”.
“Situação insustentável”
Alexandre Lourenço, presidente da
Associação dos Administradores
Hospitalares, não tem dúvidas de
que o valor da dívida em atraso vai
aumentar. “Esta situação que se está
a veriÆcar nos primeiros três meses
não é, de todo, sustentável sem ter-
mos orçamentos mais ajustados às
instituições de saúde. Vamos voltar
ao Ænal do ano e ter mais dívidas a
fornecedores.”
O representante dos administra-
dores hospitalares explica, em entre-
vista ao PÚBLICO e Rádio Renascen-
ça, que “as injecções no Ænal do ano
são típicas e regulares e decorrem de
uma gestão Ænanceira e orçamental
das instituições de saúde completa-
mente errada e que leva ao aumento
do desperdício”. “Se tivéssemos Só um terço dos hospitais saldou as suas dívidas dentro do prazo legal, que são 90 dias
orçamentos adequados no início do
ano, ou seja, ajustados aos custos Em Março de 2019, os hospitais Quase todos os hospitais que organizações orçamentos ajusta-
operacionais das unidades, não do SNS tinham mais de mais contribuem para o total da dos”, diz Alexandre Lourenço.
veríamos este crescimento de despe- 500 milhões de euros dívida conseguiram reduzir os
sa. Decorre de uma prática de restri- de dívidas em atraso pagamentos em atraso entre Mais de 90 dias para pagar
ção financeira no início do ano”, Janeiro e Março de 2019 No Portal do SNS, também é possível
defende. Em milhões de euros Em % Taxa de consultar quantos dias cada hospital
No Ænal de Fevereiro de 2019, o variação demora, em média, a pagar aos seus
CH Univer. Lisboa Norte
Governo aprovou um reforço de 282 22,4 -6 fornecedores. Os números mostram
1200
milhões de euros para reduzir as CH e Univer. de Coimbra que só um terço saldou as dívidas
dívidas dos hospitais do SNS. Em 17,3 7,4 dentro do prazo legal.
CH Univer. de Lisboa Central
comunicado, o Ministério da Saúde 10,5 16,5 Os dados até Dezembro de 2018
1000
dizia que “a verba se destina ao paga- CH de Lisboa Ocidental (os mais recentes) revelam que os
mento de dívidas em atraso a mais 7,2 -10,8 mais demorados são o Centro Hos-
de 90 dias de 21 hospitais EPE [Enti- CH Univer. do Porto pitalar de Setúbal (407), o Centro
800 5,6 -17,5
dade Pública Empresarial]”. Hospitalar do Baixo Vouga (366) e o
CH Vila Nova de Gaia/Espinho
Por essa altura, o Ministério da 5,2 -3,0 Centro Hospitalar Universitário de
Saúde assumia também como objec- CH do Baixo Vouga Lisboa Norte (364). Os mais cumpri-
tivo a “eliminação dos pagamentos 600 3,3 -9,4 dores são o Hospital de Magalhães
em atraso até 2020”, mas, para Ale- CH Trás-os-Montes e Alto Douro Lemos (13), o Hospital Arcebispo
3,3 8,6
xandre Lourenço, este ano vai voltar CH de Setúbal João Crisóstomo (18) e o Centro Hos-
a terminar com “mais dívidas a for- 400 521.431.384 3,0 -41,1 pitalar Psiquiátrico de Lisboa (29).
necedores”. Jan. Mar. IPO de Lisboa Mesmo assim, globalmente, os
A situação seria resolvida se “a 2016 2019 2,4 -2,7 hospitais conseguiram reduzir a dívi-
Fonte: Portal do SNS PÚBLICO
política orçamental fosse a de dar às da em atraso em comparação com

RUI GAUDÊNCIO
os valores de Setembro de 2018 —
passou de 181 para 177. A maior redu-
ção aconteceu nas unidades locais
de saúde de Matosinhos e do Baixo
Alentejo, que, em conjunto, conse-
guiram uma redução de 91 dias. Mes-
mo assim, ainda demoram muito
mais de três meses a pagar.
O maior agravamento no número
de dias que os hospitais se atrasam
no pagamento aconteceu no Centro
Hospitalar Universitário do Porto
(mais 13 dias), no Centro Hospitalar
Universitário Lisboa Central (17) e no
Centro Hospitalar do Oeste (19).
Só quando forem publicados estes
dados relativos ao primeiro trimestre
de 2019 será possível avaliar se a
estagnação do valor da dívida em
atraso resultou numa diminuição
ainda maior do número de dias que
os hospitais demoram a pagar.
rita.costa@publico.pt
“Esta discussão da lei de bases
não traz nada de novo nem de concreto”
Hora da Verdade
Ana Maia e Eunice
Lourenço (Renascença)
Alexandre Lourenço
Presidente da Associação
dos Administradores
Hospitalares diz que nova
lei não resolverá problemas
O presidente da Associação
Portuguesa dos Administradores
Hospitalares, Alexandre
Lourenço, mostra-se preocupado
com os últimos casos denunciados
na Saúde e do ruído que se tem
gerado em torno da Saúde.
Um relatório da Entidade
Reguladora da Saúde (ERS) diz
que os tempos de espera para
cirurgias programadas e para
consultas nos hospitais
agravaram-se nos primeiros
cinco meses de 2018. Como é
que explica isto?
Antes de mais, este é um relatório
parcial que só representa cinco
meses. Devemos aguardar com
algum cuidado o relatório do
acesso do Ænal do ano de 2018,
que será apresentado pelo
Ministério da Saúde à Assembleia
da República. A expectativa é que
os tempos se deteriorem, até
porque existiram outros efeitos
para além destes cinco meses.
Nomeadamente a redução do
horário de trabalho das 40 para as
35 horas nos contratos individuais
de trabalho e a greve no Ænal do
ano que cancelou cerca de 7000 a
8000 cirurgias.
O relatório do grupo de
trabalho independente criado
pelo Ministério da Saúde por
causa do relatório do Tribunal
de contas falava em limpeza de
listas de espera. Esteve entre
2011 e Setembro de 2014 como
vogal na Administração Central
do Sistema de Saúde (ACSS). Há
realmente limpeza?
Creio que aqui é uma questão
Sabemos que as despesas
directas dos portugueses em
saúde são muito elevadas
Alexandre Lourenço
Presidente da Associação dos Administradores
Hospitalares
mais de explicitação dos critérios
que levam a estas limpezas de
listas, de regulação desta matéria
e de uma governação dos sistemas
de informação do que
propriamente a existência de uma
limpeza de listas que nos pode
levar a um descrédito do próprio
modelo de gestão. É importante
explicitar que regras é que
existem e que levam à limpeza das
listas, porque essas limpezas não
têm efeitos sobre os doentes.
Estamos a falar muitas vezes de
casos redundantes ou de
problemas no sistema de
informação que não dão baixa dos
doentes que tiveram cirurgia.
Como está a recuperação das
cirurgias adiadas devido às
greves dos enfermeiros?
Qualquer recuperação dos
doentes que viram as suas
cirurgias adiadas vão levar ao
cancelamento de outras, que
podiam estar a ser realizadas. Até
porque as estruturas não têm
Çexibilidade para dar resposta a
todo o volume de doentes que
temos no sistema.
A saúde tem-se tornado
tema-chave na discussão
politica. Tem esperança de que
essa centralidade da saúde
tenha efeitos positivos a curto
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 19
prazo?
Ultimamente não tem tido efeitos
positivos. Demonstra um enorme
ruído e que leva à desconÆança
dos portugueses em relação ao
SNS e a optar por outros
caminhos. Esse ruído reduz-se
claramente por maior
investimento no sector e, devo
dizer, também por um novo
modelo de governação.
A revisão da lei de bases pode
ajudar a uma maior autonomia
e a mais investimento?
Os portugueses não conseguem
entender esta discussão da lei de
bases. Acho que é uma questão
mais política do que propriamente
uma questão de resolução dos
problemas dos portugueses. Aliás,
esta discussão da lei de bases não
traz nada de novo nem de
concreto. Esta discussão não
resolve problemas concretos dos
portugueses, que existem quando
não têm capacidade Ænanceira
para ir a uma consulta ou quando
vão a uma farmácia e não têm
dinheiro para pagar
medicamentos. Sabemos que as
despesas directas dos portugueses
em saúde são muito elevadas,
chegam praticamente a um terço
da despesa total em saúde e a lei
de bases em si devia resolver e
DANIEL ROCHA
SOCIEDADE
limitar os problemas do acesso a
cuidados.
O que tem estado mais no
centro da discussão é a questão
das PPP. Qual é a sua posição?
A associação não tem nenhuma
posição concreta sobre as PPP.
Agora, parece-nos claro que as
PPP têm apresentado melhores
resultados que os hospitais
entidades públicas empresariais
(EPE). Isso decorre do facto de
elas terem um elevado grau de
autonomia na gestão. Coisa que os
hospitais de gestão pública directa
não têm e que se vêem limitados
na sua capacidade.
Como vê as denúncias
relacionadas com o Hospital de
Cascais, de que a administração
terá falseado dados clínicos no
sistema de triagem da urgência
e no internamento, valorizando
sintomas que no momento não
eram importantes?
No caso do serviço de urgência, é
com elevada preocupação que
vimos esta peça. Será importante
ter todos os esclarecimentos, quer
do conselho de administração do
hospital, quer do Ministério
Público, quer da Inspecção-Geral
das Actividades em Saúde. E
apurar todas as responsabilidades
desse processo.
E explica situações, como outra
que foi denunciada
recentemente, de casos de
doentes do Algarve que não
fizeram as análises necessárias
no IPO de Lisboa por falta de
garantia de pagamento?
Creio que o conselho de
administração do IPO de Lisboa
veio prestar esclarecimentos. Não
percebemos claramente o que
aqui sucedeu, mas existiu uma
burocracia que impediu os
doentes de ter acesso a alguns
exames complementares de
diagnóstico. Isso não deve ser
tolerável no sistema de saúde e
numa rede que é o SNS.
amaia@publico.pt
20 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019
SOCIEDADE
Soldado foi
transferido
para hospital
em Lisboa
Golpe de calor
Ana Dias Cordeiro
e Sónia Trigueirão
Recruta de 23 anos está nos
cuidados intensivos de
nível 3 do Curry cabral.
Sentiu-se mal a 300 metros
de terminar prova
O soldado de 23 anos que sofreu um
golpe de calor durante uma prova de
nove quilómetros, em Santa Margari-
da, foi ontem internado na Unidade
dos Cuidados Intensivos de nível 3 (o
menos grave) do Hospital Curry
Cabral, em Lisboa.
Segundo a porta-voz do Estado-Maior
do Exército (EME), major Elisabete
Silva, a transferência do militar, que
se sentiu mal a 300 metros de termi-
nar a prova, ocorreu depois das aná-
lises realizadas durante a manhã
terem mostrado “um agravamento da
sua situação”.
A major Elisabete Silva garantiu
que os outros militares que participa-
ram no mesmo percurso, ontem à
tarde, “estão perfeitamente bem”.
“Era um exercício normal que todos
nós militares fazemos.” A prova está
inserida num curso de formação de
seis semanas para promover os sol-
dados a cabo. “Esta semana é a última
do curso. É a semana de consolidação
de todas as capacidades e conheci-
mentos adquiridos durante a forma-
ção”, frisou.
O exercício consistia num “percur-
so topográÆco” de nove quilómetros,
que os participantes têm de cumprir
num determinado intervalo de tem-
po, para não reprovarem. “Eles pró-
prios gerem o seu esforço físico”,
entre os tempos de marcha e de cor-
rida. Ao longo do percurso, estavam
colocados três pontos de apoio com
água, para o caso de os participantes
necessitarem de assistência. A hidra-
tação estava “garantida”, disse a oÆ#
cial. A temperatura máxima na zona
do Campo Militar de Santa Margarida,
no distrito de Santarém, situou-se
anteontem entre os 33 graus Celsius
e os 34,3 graus Celsius, segundo os
dados do Instituto Português do Mar
e da Atmosfera. Esses máximos foram
atingidos entre as 16h e as 18h. O sol-
dado sentiu-se mal perto das 17h.
acordeiro@publico.pt
sonia.trigueirao@publico.pt
Mário Nogueira sublinha que os professores não baixarão os braços
Docentes trocam
greve às avaliações
por acções judiciais
Educação
Mário Nogueira diz que
reivindicação do tempo
de serviço na íntegra
“é um processo de luta,
não é um momento”
Os sindicatos de professores decidi-
ram não avançar com uma greve às
avaliações do 3.º período, optando
por acções de visibilidade nas ruas, já
na campanha para as europeias, e
acções em tribunal, entre outras.
“A luta aconselha neste momento
a não desgastar os professores com
acções que se arrastam no tempo sem
ter um interlocutor válido à vista”,
justiÆcou o secretário-geral da Fede-
ração Nacional de Professores
(Fenprof ), Mário Nogueira, lembran-
do que as legislativas se realizam já
em Outubro e que a decisão do Parla-
mento nesta legislatura já foi tomada,
com o chumbo das pretensões dos
professores na semana passada.
Foi o culminar que Nogueira classi-
Æcou como uma das “mais tristes
cenas da política portuguesa”, con-
substanciada a 3 de Maio pelo anúncio
de António Costa de que se demitiria
caso a contagem integral do tempo de
serviço dos professores fosse aprova-
da pelo Parlamento e que levou todos
os outros partidos a mudar de posi-
ção. A decisão dos sindicatos consta
de uma declaração conjunta das dez
estruturas sindicais entregue ontem
aos jornalistas numa conferência de
imprensa, em Lisboa.
Mário Nogueira disse que a reivin-
DANIEL ROCHA
dicação do tempo de serviço na ínte-
gra, chumbada no Parlamento no dia
10, “é um processo de luta, não é um
momento” e que as organizações sin-
dicais “estão conÆantes” que irão
atingir o objectivo na fase de luta que
agora se inicia. Os sindicatos de pro-
fessores tinham equacionado fazer
greve às avaliações a partir de 6 de
Junho. No início do mês, Nogueira
dizia que o o pré-aviso de greve pode-
ria ser entregue até dia 22 de Maio.
Na conferência de imprensa, e à
semelhança do que Æzera logo após o
chumbo pelo Parlamento, Nogueira
voltou a citar uma frase que tem sido
atribuída a Mário Soares (mas que há
boas razões para atribuir a Salgado
Zenha), aÆrmando que “só é vencido
quem desiste de lutar”, para acres-
centar que tal não acontecerá com os
professores. “Não vamos baixar os
braços”, garantiu já depois de ter
manifestado esperança de que os por-
tugueses acabarão por entender de
que “lado está a razão”: “Está do lado
de quem quer roubar ou do lado de
quem trabalhou?”
O líder da Fenprof disse que “ape-
sar de toda a manipulação” desenvol-
vida pelo Governo, a proporção de
portugueses que aÆrma concordar
com Costa é apenas superior em cinco
pontos da que manifestou a sua dis-
cordância. Nogueira referia-se a uma
sondagem da Aximage onde 49% da
amostra de inquiridos consideram
que António Costa fez bem ao amea-
çar demitir-se; 44% dos que respon-
deram consideram, por outro lado,
que António Costa procedeu mal,
enquanto os restantes 7% não respon-
deram.
PJ deteve sete pessoas
em esquema fraudulento
para obtenção de fundos
comunitários
Crime
Patrícia Carvalho
Entre os detidos está um
empresário, a sua mulher
e o filho de ambos. Há
ainda uma ex-funcionária
das Finanças
A empresa de mobiliário de escritó-
rio WoodOne já fora alvo de algumas
notícias dando conta da sua nova
vida, depois de quase ter ido à falên-
cia, quando a Polícia Judiciária (PJ)
recebeu uma denúncia anónima,
indicando que a obtenção de fundos
comunitários do programa Portugal
2020, que permitira a tal renovação,
fora feita de modo fraudulento. A
investigação culminou ontem, com a
detenção de sete pessoas, incluindo
o empresário responsável pela
empresa, a esposa e o Ælho, e uma
ex-funcionária do serviço de Finanças
de Paredes, que é jurista na câmara
deste concelho. Os detidos serão hoje
presentes ao juiz do Tribunal do Mar-
co de Canaveses e são suspeitos da
autoria de crimes de branqueamento
de capitais, fraude Æscal qualiÆcada,
fraude na obtenção de subsídio e
insolvência dolosa.
A investigação começou há cerca
de dois anos e o trabalho desenvol-
vido pela Directoria do Norte da PJ
com a colaboração da Direcção de
Finanças do Porto da Autoridade
Tributária levou ontem à realização
de 22 buscas domiciliárias e não-do-
miciliárias nos concelhos de Paredes,
A Polícia Judiciária investigou
este caso durante dois anos
Paços de Ferreira, Vila Nova de Gaia,
Vila do Conde, Santa Maria da Feira
e Matosinhos. A acção envolveu 70
agentes daqueles dois organismos e
levou à detenção do empresário e de
pessoas que lhe eram próximas,
todas “fortemente indiciadas” pelos
crimes já referidos.
A denúncia anónima que chegou à
PJ em 2017 dava conta de que os
sócios-gerentes da WoodOne esta-
riam “a receber facturas de outras
empresas, para obterem de forma
ilícita subsídios comunitários”, expli-
cou Henrique Correia, coordenador
da secção regional de Investigação de
Branqueamento e Infracções Tribu-
tárias da Directoria do Norte da PJ.
Na prática, os responsáveis
pela WoodOne terão conseguido
que um conjunto de empresas emi-
tisse facturas relativas à aquisição de
maquinaria industrial, que permitiria
renovar a empresa. O problema é que
essas facturas não teriam qualquer
correspondência com a realidade.
Não houve qualquer aquisição de
novos equipamentos, segundo a
investigação da PJ, tendo os cerca de
3,1 milhões de euros obtidos do Por-
tugal 2020 “sido desviados para a
esfera patrimonial do casal e do Ælho,
e para testas-de-ferro que começaram
a criar outras sociedades, depois de
a empresa ter entrado em insolvên-
cia”, esclareceu Henrique Correia.
A situação da empresa, cada vez
mais calamitosa e com dívidas à Segu-
rança Social e também à Caixa Geral
de Depósitos — uma das suas maiores
credoras, num montante que se apro-
xima dos 2,9 milhões de euros — levou
a que, em 2018, fosse declarada insol-
vente. “O valor da insolvência são
cerca de dez milhões de euros”, pre-
cisou o responsável da PJ.
Além das pessoas referidas, foram
também detidos um contabilista, um
funcionário de conÆança do principal
arguido, que terá agido como “testa-
de-ferro” na constituição de outras
sociedades, e um outro suspeito que
terá desempenhado a mesma função,
além de ser sócio-gerente de uma das
empresas criadas neste esquema e
casado com a ex-funcionária das
Finanças. A mulher é suspeita de ter
intervindo para que não houvesse
qualquer Æscalização a um imóvel
registado como palheiro, mas que foi
entretanto transformado numa casa
de luxo pela família do empresário.
patricia.carvalho@publico.pt

Em defesa da residência
alternada e das crianças
Opinião
Ricardo Simões
Desde que a Associação
Portuguesa para a Igualdade
Parental e Direitos dos Filhos
(APIPDF) iniciou, em novembro
de 2017, a recolha de assinaturas
para a petição em prol da
presunção jurídica da residência
alternada para crianças de pais e
mães separados ou divorciados,
muito se tem discutido e reagido
sobre a mesma. Não se pode dizer
que até esta altura não tenha
existido um amplo debate
nacional sobre a matéria, ainda
que nem sempre com a
integridade intelectual que se
exigiria de alguns atores da nossa
praça. A verdade é que estamos
neste momento face a projetos-lei
na Assembleia da República que
visam estabelecer a residência
alternada como regime
preferencial. Nesse sentido,
cumpre, de forma muito sintética,
desmistiÆcar alguns dos
argumentos que têm vindo a
público, resultado ou do
desconhecimento ou da má
interpretação da literatura
cientíÆca, ou de ausência de
leitura das propostas em causa ou
ainda com o objetivo de manter o
statu quo, visto representarem
interesses particulares.
Vejamos, então, os principais
argumentos que foram levantados
ao longo destes meses e que
merecem uma resposta sintética.
Um primeiro argumento é que a
presunção jurídica é uma
imposição. Ora, não só não é uma
imposição, como não afasta a
análise casuística das situações
concretas. É, antes de mais, um
ponto de partida. O seu
afastamento pode e deve
acontecer a qualquer momento,
quando fundamentado ser
contrário ao superior interesse da
criança. Daí que para a sua
aplicação propomos que a
legislação inclua alguns critérios
orientadores.
Outro argumento, repetido até à
exaustão, é que não é preciso
alterar a lei, que a mesma já
contempla a possibilidade da
aplicação da residência alternada.
Ora, a atual legislação não só
promove a desigualdade entre
progenitores nos cuidados à
criança, ao estabelecer um
progenitor residente e um
progenitor visitante, como
permite a existência de um
elemento especulativo nas
decisões judiciais, tornando-as
discricionárias e contribuindo,
assim, para o aumento dos
conÇitos parentais. Se a isto ainda
acrescermos o facto de as tomadas
de decisões judiciais em processos
tutelares cíveis, ou mesmo as
apreciações de acordos por parte
do Ministério Público, se
sustentarem em estereótipos de
género (à mãe compete cuidar, ao
pai compete prover
economicamente), Æca clara a
necessidade de alterar a legislação
tendo em vista a promoção de
uma parentalidade mais
partilhada, com iguais níveis de
envolvimento e responsabilidade.
Em outros países, esta alteração de
legislação traduziu-se na redução
dos conÇitos parentais nos
tribunais, no aumento dos acordos
entre pais e mães e em mais
acordos de residência alternada.
Nunca se assistiu a aumentos
exponenciais de crianças em
residência alternada após a
alteração legislativa, muito menos
que colocassem em perigo as
mesmas, mas antes a um aumento
sustentado por via da retirada de
obstáculos a essas práticas
parentais.
Temos ainda o argumento da
estabilidade da criança. Ora, a
estabilidade da criança deÆne-se
menos pelos espaços onde habita
e frequenta do que pelas relações
continuadas, envolvidas e
signiÆcativas no tempo com ambos
os pais e mães. A residência única
não permite isso, cortando a
relação continuada, envolvida e
signiÆcativa no tempo com um dos
progenitores. O mesmo acontece
com o argumento simplista do
incómodo da “mala às costas”. A
verdade é que as crianças em
residência única fazem mais
mudanças de residência, passam
mais horas em transportes e fazem
mais quilómetros que as crianças
em residência alternada.
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 21
SOCIEDADE
FILIPE ARRUDA
Por Æm, o argumento que visa
desviar as atenções dos objetivos
reais desta petição, querendo
fazer da exceção a regra: a
violência doméstica e o abuso
sexual de crianças. A residência
alternada não é aplicada em
situações de violência doméstica
e/ou abuso sexual de crianças. E
mais nada há a dizer sobre isto,
visto que qualquer desses
comportamentos criminais, seja
por via de fortes indícios, seja por
via de condenação, não se
adequam com uma parentalidade
cuidadora. No entanto, tenta-se
misturar conÇitos parentais com
tais comportamentos criminosos
com vista a descentrar a discussão
do que é essencial para a nossa
sociedade: promover o
envolvimento parental mais
igualitário, sabendo nós que tal
igualdade é benéÆca para as
crianças. Não é por existirem,
lamentavelmente, estes
comportamentos danosos na vida
de algumas crianças que se deve
continuar a impedir a grande
maioria de ter uma vida sem
conÇitos parentais e com um
desenvolvimento mais
harmonioso.
Assim, no nosso entender, as
iniciativas legislativas que se
encontram na Assembleia da
República devem ter em conta,
A verdade é que as aquando da discussão na
especialidade, os três pilares que
crianças em constituem a sugestão de alteração
residência única legislativa por parte da APIPDF: a
presunção jurídica, as orientações
fazem mais normativas e os planos parentais.
mudanças de Esses três pilares são fundamentais
para o avanço positivo do Direito
residência, passam de Família e das Crianças.
mais horas em Termino com a nota de que esta
iniciativa da APIPDF é centrada
transportes e nos melhores interesses das
fazem mais crianças, pois somos inspirados
pelos nossos Ælhos e pelas nossas
quilómetros que as Ælhas. Não temos quaisquer
crianças em interesses corporativos,
proÆssionais ou de agenda
residência ideológica, a não ser o de acabar
alternada com grande parte dos conÇitos
parentais e que mais nenhuma
criança passe o que os nossos
Ælhos e as nossas Ælhas passaram.
Presidente da Direcção da
Associação Portuguesa para a
Igualdade Parental e Direitos
dos Filhos
22 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019
LOCAL
Cidadãos criam movimento
contra prédio junto à Portugália
Para este quarteirão está previsto um edifício com 16 andares, que levou um grupo de cidadãos a
organizarem-se para tentar a travar a sua construção. Hoje há debate público sobre o projecto na OA
Lisboa
Cristiana Faria Moreira
Um conjunto de moradores de
Arroios e de outras zonas de Lisboa
lançou, ontem, um movimento que
está contra a construção de um edifí-
cio de 60 metros, previsto para a Ave-
nida Almirante Reis, no âmbito do
projecto de requaliÆcação do quar-
teirão da Portugália.
Para o Movimento Stop Torre 60m
Portugália — assim se chama este
movimento cívico —, a “torre projec-
tada descaracteriza e fere a identida-
de arquitectónica dos bairros envol-
ventes”, uma vez que apresenta “uma
volumetria muito superior à existen-
te” nesta parte da cidade. Ao PÚBLI-
CO, Rita Cruz, membro deste movi-
Perante as críticas de alguns cidadãos, a Câmara de Lisboa organizou duas sessões de debate público do projecto. Hoje acontece a primeira
mento, e que é também uma das
promotoras da criação do Jardim do
Caracol da Penha, refere ainda que,
da forma como está projectado, o
edifício vai “interferir no sistema de
vistas dos Miradouros da Penha de
França, do Monte Agudo” e do futuro
jardim.
Apesar de reconhecer que é neces-
sário requaliÆcar aquela área junto à
antiga fábrica de cerveja, hoje devo-
luta, o movimento entende que o
prédio criará uma “violenta área de
sombra sobre as casas e ruas circun-
dantes, diminuindo consideravel-
mente a qualidade da vivência da
população residente e visitante”.
No Portugália Plaza, cujo projecto
é da autoria do atelier ARX, além do
prédio de 16 pisos e 60,2 metros de
altura, serão construídos mais três
edifícios. Além das novas constru-
ções, o antigo edifício da Fábrica da
Cerveja e o famoso restaurante vão
ser reabilitados e a proposta prevê
que se mantenha “o máximo possível
das pré-existências”, como os pilares
metálicos e respectivos capitéis e as
lajes abobadilhas.
Este será um projecto sobretudo
habitacional, estando prevista a
construção de 85 apartamentos com
tipologias entre o T0 e o T4, “com
um layout e design funcional e con-
temporâneo, dirigido a famílias e
jovens proÆssionais portugueses de
classe média”, explicam os promo-
tores. Terá ainda 16 escritórios e
espaços de co-work e uma zona
comercial no piso térreo que rodea-
rá as duas praças interiores que
serão criadas e pelas quais será pos-
sível circular entre a Avenida Almi-
Está prevista a rante Reis e a Rua António Pedro.
construção de 85 Estão previstos ainda cinco pisos
subterrâneos, sendo que serão tam-
apartamentos com bém criados 65 lugares de estaciona-
tipologias entre o mento para habitação, 67 para uso
comercial e 288 lugares de estacio-
T0 e o T4, “com um namento público coberto.
layout e design Esta é a primeira fase de um projec-
to que deverá terminar com a inter-
funcional e venção na parcela do quarteirão que
contemporâneo, está actualmente ocupada pelo edifí-
cio Plasana — e para o qual já existe
dirigido a famílias um PIP (pedido de informação pré-
de classe média”, via) aprovado —, para onde está pre-
vista a criação de um “espaço multiu-
explicam os sos, de âmbito cultural” com 1400
promotores metros quadrados.
O projecto de arquitectura é da
autoria do gabinete ARX Portugal, dos
arquitectos Nuno Mateus e José
Mateus, que ganharam um concurso
RICARDO GUERREIRO
de ideias lançado em 2016 pela Essen-
tia Portugal, que coordena a obra,
depois de a primeira proposta ter sido
rejeitada pelo município. O promotor
é o Fundo Sete Colinas, gerido e
representado por Silvip — Sociedade
Gestora de Fundos de Investimento
Imobiliário, que investirá no quartei-
rão cerca de 40 milhões de euros.
Os serviços camarários que apre-
ciaram o projecto entendem que este
será “uma mais-valia urbana, face ao
anterior licenciado, reduzindo a área
ediÆcável, desmaterializando e des-
construindo a imagem adensada de
quarteirão”. E que este possibilita a
“supressão de uma ferida urbana que
tarda em ser sarada e que se arrisca
em eternizar”.
A informação sobre o projecto foi
durante esta semana disponibilizada
pela autarquia no seu site. Perante as
críticas de alguns cidadãos, a Câmara
de Lisboa organizou duas sessões de
debate público do projecto. Hoje, às
18h30, realiza-se a primeira que terá
lugar no auditório da sede da Ordem
dos Arquitectos. A segunda está mar-
cada para terça-feira, à mesma hora,
no Mercado do Forno do Tijolo, em
Arroios. O Movimento Stop Torre
60m Portugália fez ainda saber
que lançará uma petição nos próxi-
mos dias, que quer depois fazer chegar
à Assembleia Municipal de Lisboa.
cristiana.moreira@publico.pt

As operações costumam decorrer na Primavera, mas ontem era assim que estava a Lagoa
Atraso na abertura da lagoa
de Albufeira ao mar ameaça
ambiente e época balnear
Sesimbra
Francisco Alves Rito
Depois de duas décadas a
fazer um trabalho que é da
competência do Ambiente,
o município aguarda que a
APA resolva o problema
A abertura da lagoa de Albufeira ao
mar está com mais de um mês de
atraso, relativamente ao habitual
todos os anos, e o estado das águas
estagnadas ameaça o ambiente, a
época balnear e a actividade econó-
mica, que depende muito do turis-
mo, alertou ontem a Câmara de
Sesimbra.
A operação deve ser feita em
Ænais de Março ou princípio de
Abril e, segundo a autarquia, nas
últimas duas décadas, devido a
“diÆculdades e demoras dos orga-
nismos da Administração Central”,
tem sido o município a intervir para
“minimizar os prejuízos ambientais
e económicos decorrentes das
demoras”.
A competência é do Ministério do
Ambiente, e, este ano, “depois de
muitos contactos e insistência” por
parte do município, o processo pas-
sou para a Agência Portuguesa de
Ambiente (APA), mas, a meio de
Maio, o trabalho ainda não foi feito,
nem há previsão de quando terá
lugar a abertura da lagoa ao mar.
A autarquia de Sesimbra queixa-
se de “enorme desigualdade de tra-
tamento” relativamente a outros
sistemas lagunares, de norte a sul
do país, onde é o Estado que desem-
penha essa função, e alerta para o
agravar do problema, com o passar
dos dias.
“Os impactes e danos no ecossis-
tema avolumam-se e intensiÆcam-se
com o aumento da temperatura
atmosférica”, avisa o presidente da
câmara, Francisco Jesus, que acres-
centa que em reunião que teve com
a secretária de Estado do Ordena-
mento do Território e da Conserva-
ção da Natureza, Célia Ramos, no
ano passado, Æcou estabelecido que
a operação de abertura da lagoa em
2019 seria Ænanciada e desenvolvida
pela APA, a quem a câmara munici-
pal disponibilizou informação e
peças processuais, bem como a
experiência adquirida nas opera-
ções em anos anteriores.
“Estamos a pouco mais de um
mês do Verão, e a duas semanas do
início da época balnear, e esta ope-
ração que, do ponto de vista histó-
DR
rico-cultural e ambiental deveria ter
sido realizada por ocasião do equi-
nócio da Primavera, ainda não acon-
teceu, nem há indicação da data de
realização da operação de abertura
da lagoa de Albufeira ao mar”,
acrescenta a autarquia, que refere
ter “conhecimento” de que “se
encontram em curso diligências
visando o lançamento do procedi-
mento para aquisição de serviços
para o efeito”.
O autarca sublinha que o atraso
“compromete” a época balnear,
“adensa o descontentamento” dos
habitantes e visitantes da lagoa de
Albufeira e “coloca em causa o ecos-
sistema, as tradições históricas e
culturais e o desenvolvimento eco-
nómico deste território, muito
assente no turismo”.
Nos dois anos anteriores, a ope-
ração de abertura da lago ao mar,
realizada pelo município, tinha uma
comparticipação Ænanceira do Fun-
do Ambiental, mas esse era, segun-
do a autarquia, um Ænanciamento
“sem perspectivas para os anos
seguintes”.
Contactado pelo PÚBLICO, o
Ministério do Ambiente remeteu
para a APA, que, até ao fecho desta
edição, não respondeu às questões
colocadas.
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 23
Realizadores queixam-se
de más condições
do São Jorge, EGEAC está
a resolver problema
Cultura
A autarquia diz que
investiu 75 mil euros num
“projector de última
geração” e está a trabalhar
na remodelação do som
A Associação Portuguesa de Realiza-
dores enviou uma carta aberta à
EGEAC, apelando à urgente resolução
das más condições de projecção no
Cinema São Jorge, em Lisboa, que se
arrastam há anos, problema que a
empresa municipal garante estar a
resolver. A carta aberta, cujos primei-
ros subscritores são a Associação
Portuguesa de Realizadores (APR), o
Doclisboa, o IndieLisboa e Produtores
Independentes de Cinema, apela à
urgente intervenção dos meios técni-
cos da Sala Manoel de Oliveira do
Cinema São Jorge, salientando que
“um cinema não é apenas uma sala
com lugares sentados”.
“São já anos e anos os que passam,
em que as projecções em ambas as
salas do Cinema S. Jorge, sobretudo
na Manoel de Oliveira, carecem de
qualidades mínimas para a projecção
de cinema”, lê-se na carta, divulgada
no Facebook e assinada por realiza-
dores, produtores, programadores e
críticos de cinema.
Os subscritores aÆrmam que, ao
longo desses anos, os proÆssionais de
cinema têm lutado “contra as obsole-
tas máquinas de projecção de imagem
e sistemas de som para tentar mostrar
o Ælme o melhor possível ao público”,
Os realizadores dizem que a
situação se arrasta há anos
LOCAL
esforço inglório, já que o resultado “é
sempre catastróÆco”.
“Estamos sempre com o coração
mas mãos quando a competição de
um festival vai para o São Jorge”, aÆr-
mou Filipa Reis, presidente da APR à
Lusa, sublinhando que esta carta
aberta “não é contra a EGEAC, mas é
uma maneira de chamar a atenção
para o problema”.
De acordo com o exposto na carta,
foram feitas “inúmeras” reclamações,
mas as respostas apontavam sistema-
ticamente culpas para os técnicos de
sala, desresponsabilizando “os verda-
deiros responsáveis”, a EGEAC,
empresa municipal responsável pela
gestão dos equipamentos culturais da
Câmara de Lisboa.
Segundo Filipa Reis, a carta aberta
foi enviada na segunda-feira à EGEAC,
que terá respondido dizendo que
comprou um projector e que “o inves-
timento no som está a ser pensado”.
Contactada pela Lusa, a EGEAC
aÆrma, contudo, que “teve conheci-
mento da carta aberta através do
Facebook, já que em nenhum
momento foi contactada oÆcialmen-
te por parte da APR”. De qualquer
forma, garante que “desde que assu-
miu a tutela do Cinema São Jorge, tem
feito um investimento continuado na
manutenção do espaço e na melhoria
das condições técnicas do mesmo”,
facto de que a administração da
EGEAC diz ter dado conhecimento à
direcção da APR, numa comunicação
que lhe enviou na terça-feira, em
reacção à carta aberta. Exemplo disso
é o investimento que fez na aquisição,
em Outubro passado, de “um projec-
tor de última geração, especíÆco para
ecrãs de grande formato, que tem
dado resposta às questões de contras-
te, deÆnição e calibração de cor que
se colocavam”, no valor de 75 mil
euros, refere a EGEAC na carta envia-
da aos realizadores
Acresce a isto o investimento que a
EGEAC se prepara para fazer, num
valor que ronda os 350 mil euros,
num sistema de som que resolva os
problemas de sonorização, que são
actualmente os mais problemáticos.
“Trata-se de um investimento de
monta que a EGEAC entende ser
absolutamente necessário para
melhorar as condições do equipa-
mento sonoro da Sala Manoel de
Oliveira, e que gostaria de ver resol-
vido o mais rapidamente possível”,
lê-se na comunicação da empresa
municipal.
24 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019
ECONOMIA
Secretário de Estado ignora a lei e
deixa o Ɗsco em Lisboa em aberto
Director de Finanças de Lisboa está em substituição há 1500 dias. O recrutamento já acabou e a equipa de
Centeno tem a lista de Änalistas há cerca de um ano, mas nada aconteceu. A lei prevê 45 dias para nomear
Administração fiscal
Pedro Crisóstomo
O secretário de Estado dos Assuntos
Fiscais, António Mendonça Mendes,
está há quase um ano sem decidir
quem nomeia para o cargo de direc-
tor de Finanças de Lisboa. O gover-
nante tem em mãos a lista de Ænalistas
do concurso desde a Primavera de
2018, mas, embora a lei preveja um
prazo de 45 dias para a nomeação, o
governante ignorou o prazo e nada
decidiu até ao momento.
A omissão do secretário de Estado
de Mário Centeno permite que a
cadeira de director de Finanças de
Lisboa, um importante posto na hie-
rarquia da Autoridade Tributária e
Aduaneira (AT), esteja a ser ocupada
em regime de substituição há mais de
quatro anos. Já passaram 1500 dias.
Embora a Ægura do regime de subs-
tituição exista para resolver situações
transitórias, e não para eternizar nos
cargos servidores públicos escolhidos
sem concurso, neste caso há um
desencontro entre a lei e a realidade:
Fernando Lopes ocupa a pasta de
director de Finanças nestas condições
desde 23 de Março de 2015.
Olhando para os meses que já pas-
saram desde que a Comissão de
Recrutamento e Selecção para a
Administração Pública (Cresap) fez
chegar a lista de Ænalistas do concur-
so às mãos de António Mendonça
Mendes, o governante deixou há mui-
to ultrapassar o prazo inscrito no
Estatuto do Pessoal Dirigente para
fazer a nomeação em comissão de
serviço. Uma omissão não explicada
e que contrasta com o que se passou
num outro concurso aberto para sub-
director-geral da AT na mesma altura
( Janeiro de 2018) e concluído ainda
durante o Verão.
No caso do director de Finanças de
Lisboa, o impasse perdura sem que o
governante assuma por que razão o
faz. Mendes garantia ao PÚBLICO em
Setembro — já então tinham passado
os 45 dias previstos na lei — que o
“processo de nomeação” se encon-
trava “em curso”; entretanto, passa-
ram mais sete meses sem qualquer
decisão. E o Estatuto do Pessoal Diri-
gente determina que, quando está
RUI GAUDÊNCIO
“em curso” um procedimento para
designar um novo titular, a substitui-
ção “cessa imperativamente se, no
prazo de 45 dias após a entrega pelo
júri da proposta de designação”, o
membro do Governo “não tiver pro-
cedido” à nomeação.
Instado a explicar em que medida
aquilo que aÆrmou ao PÚBLICO em
Setembro é compatível com o facto
de, neste período de mais de meio
ano, não ter concretizado a escolha,
o governante remeteu-se ao silêncio.
Embora tenha enviado uma resposta
de duas linhas, não esclareceu o que
em concreto lhe era perguntado. De
novo questionado, nada disse.
Mendes passara ao lado do facto de
estar a desrespeitar o prazo previsto
no Estatuto do Pessoal Dirigente. AÆr-
mou que Fernando Lopes está “em
plenitude de funções, exercendo o
respectivo cargo em regime de subs-
tituição”. E acrescentou: “Importa
ainda esclarecer que da lista Ænal pro-
posta pela Cresap, no âmbito do con-
curso referido, consta o actual titular
em funções.” Uma das perguntas que
Detida funcionária
da AT em Lisboa
O
Ministério Público e a PJ
realizaram buscas ao
posto de trabalho de uma
funcionária da Direcção
de Finanças de Lisboa na
terça-feira, por suspeitas de
que vendia informações das
bases de dados do fisco a um
advogado que, depois, as
usava para defender os seus
clientes contra a administração
tributária. A funcionária foi
detida. Houve ainda uma outra
detenção no mesmo dia, em
que as autoridades visitaram
o escritório de advogados
Taveira e Associados. As
autoridades estiveram no fisco
a recolher informações para
perceber a extensão do caso,
e realizaram buscas em Mafra,
Coruche, Alcochete, Montijo
e Vendas Novas.
Em Setembro, Mendonça Mendes garantia ter o processo “em curso”
o PÚBLICO lhe colocara era esta: por
que razão mantém Fernando Lopes
em regime de substituição? Uma dúvi-
da a que não deu resposta — e que não
desaparece com a revelação de que o
actual director faz parte da lista de
Ænalistas. Foi o próprio Mendonça
Mendes que tomou a iniciativa de
revelar a identidade de um e de omi-
tir a identidade dos restantes dois
candidatos Ænalistas.
Vazio de consequências
A Cresap não divulga a data exacta
em que fez chegar às mãos a lista final
dos candidatos. ConÆrma que o fez.
É, no entanto, certo que, tendo a pro-
posta sido enviada há cerca de um
ano, o prazo está já ultrapassado há
longos meses.
A própria Cresap aÆrma que, por
norma, a lista dos três Ænalistas segue
para o Governo “logo que o júri con-
clui o respectivo procedimento con-
cursal.” E, neste caso, houve um
outro concurso simultâneo: em Janei-
ro de 2018, abriu a vaga para o lugar
de subdirector-geral da área do IVA;
o júri concluiu o processo a 24 de
Abril e Mendes fez a nomeação no Æm
de Junho.
A lei não especiÆca quais são as
consequências se um titular de cargo
político violar o prazo legal. Um vazio
que levou até a própria Cresap a
defender, no seu último relatório de
actividades, que seria necessário cla-
riÆcar na lei as “consequências da
não-nomeação nos 45 dias subse-
quentes ao envio da proposta de desi-
gnação ao membro do Governo”.
Questionada sobre se, perante a
ausência de decisão de Mendonça
Mendes, deu conhecimento dos fac-
tos às autoridades competentes para
apreciar a legalidade, a Cresap alegou
que as suas competências “terminam
com o envio da proposta de designa-
ção elaborada pelo júri.”
Uma das entidades com poderes
para Æscalizar situações idênticas é a
Inspecção-Geral de Finanças, institui-
ção liderada por Vítor Braz, entidade
na qual um inspector director foi desi-
gnado duas vezes consecutivas em
regime de substituição cujo tempo
somado já perfaz mais de três anos.
pedro.crisostomo@publico.pt

PSD, PS e CDS “apagam” tema
das barragens da EDP do
relatório das rendas da energia
Parlamento
Ana Brito
O PSD votou contra o
capítulo das barragens e o
PS e o CDS abstiveram-se.
O tema polémico não
constará na versão final
Houve uma espécie de alinhamento
de forças do “centrão” que ontem fez
cair do relatório Ænal da comissão de
inquérito às “rendas da energia” um
dos temas mais controversos: o do
prolongamento das concessões das
barragens da EDP sem concurso
público.
Apesar do assunto ter sido um dos
que mais horas consumiu nas deze-
nas de audições da comissão de
inquérito, o segundo capítulo do
relatório produzido pelo deputado
do Bloco de Esquerda Jorge Costa —
intitulado “A extensão sem concurso
do uso do Domínio Público Hídrico
a favor da EDP e metodologia do cál-
culo da compensação a pagar ao SEN
[sistema eléctrico nacional]” — será
cortado da versão Ænal do relatório.
Foi o resultado dos votos do PSD, PS
e CDS que conduziu a este resultado,
ainda que o sentido de voto tenha
sido distinto: o PS e o CDS abstive-
ram-se na votação sobre o texto do
capítulo e os deputados sociais-de-
mocratas chumbaram-no.
Antes, o PSD já tinha visto serem
chumbadas as suas propostas de eli-
minação de passagens do texto e a
inclusão no documento de um “con-
junto vastíssimo de aditamentos,
quase um capítulo alternativo”, nas
palavras do presidente da comissão,
Emídio Guerreiro.
Na declaração antes da votação, o
deputado do PSD Jorge Paulo Olivei-
ra defendeu que nada na legislação
aprovada antes de 2007 pelos Gover-
nos sociais-democratas de Durão
Barroso e Santana Lopes vinculou o
Estado a atribuir à EDP a extensão
do domínio público hídrico sem con-
curso. “O Governo de José Sócrates
não tinha a obrigação” de atribuir as
centrais à EDP, “se o fez foi por opção
política”, disse o deputado do PSD.
Quando foi ouvido na comissão de
inquérito, o ex-ministro da Econo-
mia Manuel Pinho defendeu que não
só a EDP tinha um direito, “consa-
grado na lei”, de continuar a explo-
rar as barragens quando cessassem
Jorge Costa, do Bloco de Esquerda, elaborou o relatório
os contratos de aquisição de energia
(e fossem substituídos pelos contra-
tos CMEC), como a alternativa à
extensão seria o Estado português
pagar 1300 milhões à EDP e lançar
um leilão.
Ontem, Hugo Costa, do PS, anun-
ciou de antemão a opção dos socia-
listas de se absterem na votação
deste capítulo, por considerarem,
entre outros aspectos, que o projec-
to de relatório “desvaloriza a apro-
vação da Comissão Europeia à meto-
dologia” que foi usada para calcular
o valor que a EDP pagou pela exten-
são das concessões.
Esse é um dos temas mais polémi-
cos em todo este dossiê porque o
valor (cerca de 700 milhões de euros)
assentou em duas avaliações de ban-
cos, que eram inferiores ao valor que
foi calculado pela REN, e que usaram
metodologias de cálculo diferentes
da utilizada pela empresa que tem a
gestão técnica do sistema eléctrico.
A Comissão Europeia estava a anali-
sar a ausência de concurso público,
mas validou a forma como o Estado
português deÆniu o valor da com-
pensação paga pela eléctrica.
No capítulo que não vai constar na
versão Ænal do relatório, Jorge Costa
recomenda que se crie “um meca-
nismo de revisibilidade anual da
compensação paga ao Estado pela
EDP pela subconcessão do domínio
público hídrico” que deverá “corrigir
o efeito da subcompensação recebi-
da da EDP em 2007”.
O prolongamento do prazo das
barragens sem concurso público,
assim como a licença sem prazo atri-
buída à central eléctrica de Sines em
DANIEL ROCHA
2007 (sem o pagamento de uma con-
trapartida ao Estado) são, segundo
o deputado do Bloco, duas das “prin-
cipais vantagens” que o regime dos
custos para a manutenção do equilí-
brio contratual (CMEC) veio conferir
à EDP. Jorge Costa sublinhou que o
PSD “inviabilizou que a comissão de
inquérito pudesse chegar a conclu-
sões válidas sobre um dos temas
mais graves” no dossiê da energia.
O deputado comunista Bruno Dias
quis “deixar bem claro” que o voto
favorável do PCP “não signiÆca” que
o PCP subscreva integralmente o
documento produzido pelo deputa-
do do Bloco: “O que não queremos
é contribuir para descaracterizar o
relatório e limpar passagens funda-
mentais sobre determinados temas”,
nem Æcar associado a quem quer que
o relatório “tenha um vasto conjunto
de páginas assinaladas a tinta correc-
tora”, sustentou.
“Se não há capítulo, isso não se
deve ao PSD, que fez a sua proposta
alternativa”, deve-se ao voto contra
do PCP, retorquiu Jorge Paulo Olivei-
ra.
O deputado centrista Hélder Ama-
ral, que considerou o capítulo dois
“um capítulo muito relevante”, des-
tacou que o Estado podia ter feito,
em 2006/2007, “uma negociação
mais musculada” com a EDP em
defesa do interesse público, mas que
não foi essa a vontade do ministro
Manuel Pinho. “Para o CDS, o relató-
rio faz pouco sentido” e “Æca muito
aquém do objectivo de identiÆcar
rendas excessivas, disse ainda.
ana.brito@publico.pt
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 25
Regularização
de precários faz
disparar emprego
no Estado em 2019
Função pública
Raquel Martins
Número de trabalhadores
das Administrações
Públicas chegou aos
690.079 no trimestre — é o
maior aumento desde 2011
O emprego no Estado teve um
aumento recorde no primeiro tri-
mestre de 2019. No Ænal de Março, as
Administrações Públicas emprega-
vam 690.079 pessoas, uma subida
homóloga de 2,3% em relação ao ano
passado que se deve, “em grande
parte”, à admissão de trabalhadores
no quadro do Programa de Regula-
rização Extraordinária de Vínculos
Precários da Administração Pública
(PREVPAP), que está em curso.
Segundo as estatísticas ontem
divulgadas, trata-se do maior aumen-
to do número de trabalhadores do
Estado desde 2011, quando a
Direcção-Geral da Administração e
do Emprego Público (DGAEP) come-
çou a coligir os dados. O emprego
público tem vindo a aumentar desde
o terceiro trimestre de 2015, mas o
ritmo intensiÆcou-se desde o ano
passado, que terminou com um
aumento homólogo de 2,1%.
A subida de 2,3%, lê-se na Síntese
Estatística do Emprego Público,
resulta, “em grande parte, do
aumento de postos de trabalho, em
particular nas carreiras de assistente
operacional, assistente técnico e téc-
nico superior, em consequência do
processo de regularização extraor-
Emprego aumentou mas em alguns casos remuneração média caiu
ECONOMIA
dinária de vínculos precários”.
Face ao trimestre anterior, o
aumento foi de 1% — mais 6488 pos-
tos de trabalho. Segundo a DGAEP,
o aumento trimestral foi muito
inÇuenciado pelo crescimento do
emprego na administração central
(mais 4804 postos de trabalho),
sobretudo nos ministérios da Ciência
e Ensino Superior e da Educação
(mais 2826 postos de trabalho no
conjunto).
Já no sector empresarial do Esta-
do, foram os hospitais EPE que mais
contribuíram para o aumento do
emprego público: mais 1871 trabalha-
dores, “dos quais, na maioria dizem
respeito a novos contratos a termo
de médicos que iniciaram o interna-
to em centros hospitalares”, refere.
A DGAEP nota que, em Janeiro, a
remuneração base média mensal dos
trabalhadores do Estado era de
1478,6 euros, o que representa mais
0,7% do que em Outubro e mais 0,8%
do que em Janeiro de 2018. O ganho
médio mensal (que inclui subsídios
e outros suplementos) chegou aos
1728,3 euros, “indiciando uma varia-
ção global no trimestre de 0,6% e
uma variação homóloga de 1,2%”.
A evolução poderia, contudo, ter
sido mais expressiva. É que num con-
junto de carreiras “veriÆca-se a dimi-
nuição da remuneração base média
mensal” por causa dos movimentos
de entrada e saída de trabalhadores
com diferentes níveis remunerató-
rios, com a “entrada de novos traba-
lhadores em níveis remuneratórios
na base da carreira”.
raquel.martins@publico.pt
MANUEL ROBERTO
26 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019
ECONOMIA
A economia deixou de abrandar mas
o risco de uma recaída permanece
Portugal e Europa voltaram a acelerar, ainda que ligeiramente, nos primeiros três meses do ano. Uma boa
notícia, no meio de uma conjuntura repleta de risco, o principal sendo uma escalada da guerra comercial
PIB
Sérgio Aníbal
Os suspiros de alívio ouviram-se um
pouco por toda a Europa. Depois da
sequência cada vez mais negativa de
resultados que se vinha registando
desde meados do ano passado, as
economias da zona euro consegui-
ram, no arranque de 2019, inverter a
tendência. A Alemanha, que era o
caso que mais preocupava, liderou a
retoma. Portugal, que, ainda assim,
continuava acima da média europeia,
aproveitou o balanço. No entanto, o
medo de que se possa assistir nos pró-
ximos meses a uma recaída continua
presente, principalmente se a Europa
for envolvida directamente numa
escalada da guerra comercial.
Em Portugal, o que aconteceu no
primeiro trimestre do ano foi uma
interrupção da tendência de abran-
damento económico que se tinha
iniciado a partir do Verão de 2018.
De acordo com a estimativa rápida
para o PIB, ontem publicada pelo
Instituto Nacional de Estatística
(INE), a economia portuguesa cres-
ceu 0,5% no primeiro trimestre de
2019, mais do que os 0,4% do Ænal do
ano passado. E, em termos homólo-
gos, a taxa de crescimento passou de
1,7% para 1,8%.
A aceleração é pequena, mas
constitui uma melhoria signiÆcativa
do ambiente, tendo em conta que
nos dois trimestres anteriores o cres-
cimento da economia face ao perío-
do homólogo tinha caído de 2,5%
para 1,7%.
No resto da Europa, o cenário foi
muito semelhante. Os dados publica-
dos também esta quarta-feira pelo
Eurostat mostraram que, no primei-
ro trimestre, a zona euro conseguiu
um crescimento de 0,4%, uma melho-
ria face aos 0,2% dos três meses ante-
riores. A taxa de crescimento homó-
logo interrompeu a forte queda regis-
tada na segunda metade do ano
passado (de 2,2% para 1,2%) e estabi-
lizou nos 1,2%.
Por causa do seu peso, a contribuir
para estes resultados esteve sobretu-
do a Alemanha. Foi a economia alemã
que, na segunda metade do ano pas-
sado, desencadeou os movimentos
MIGUEL MANSO
taxas alfandegárias dos EUA para 25%
seria, de acordo com os cálculos da
Moody’s, de 0,2% a 0,3% do PIB.
O impacto total, incluindo os efei-
tos nos níveis de conÆança, seriam
ainda maiores, sendo provável um
contágio para o resto da zona euro,
incluindo Portugal.
Equilíbrio sob ameaça?
No caso de Portugal, para além dos
riscos trazidos pela conjuntura inter-
nacional, um outro problema começa
a tomar forma. Se, até agora, o cresci-
mento da economia tem vindo a ser
conseguido num cenário de equilíbrio
(e até excedente) das contas externas,
nos últimos trimestres tem sido evi-
dente a passagem para um cenário em
que o contributo da procura externa
é negativo e em que o crescimento é
feito sobretudo à base de uma acele-
ração da procura interna.
O abrandamento da economia em
2018, em particular na parte Ænal do
ano, já se tinha veriÆcado devido à
evolução menos positiva das exporta-
ções. E agora, no arranque de 2019, as
Em Portugal, houve uma interrupção da tendência de abrandamento económico iniciada no Verão exportações continuaram a dar um
contributo menos positivo, com a pro-
mais negativos na zona euro e forçou recessão técnica, registando uma sentar o regresso a ritmos de cresci- cura interna, em particular o investi-
a consecutivas revisões em baixa das variação negativa do PIB no terceiro mento mais elevado. mento, a compensar esse resultado.
previsões de crescimento para a zona trimestre e nula no quarto. No entanto, a acompanhar esta Na estimativa rápida, o INE não
euro. A instabilidade trazida pelas Agora, no primeiro trimestre deste esperança, estão ainda várias amea- divulgou ainda os dados das compo-
políticas proteccionistas dos EUA, os ano, voltou a crescer: 0,4% face ao ças. A principal está relacionada com nentes do PIB, mas diz que “o contri-
problemas de adaptação do sector trimestre anterior e 0,7% face ao a instabilidade que neste momento buto da procura interna para a varia-
automóvel às novas exigências período homólogo. Não são resulta- existe nas relações comerciais entre ção homóloga do PIB aumentou,
ambientais e a perda de conÆança dos dos impressionantes, mas, pelo as principais economias. A deteriora- reÇectindo uma aceleração signiÆca-
investidores devido aos problemas menos, interromperam a queda que ção das negociações entre os EUA e a tiva do investimento”. Assinala ainda
orçamentais na Itália Æzeram com se vinha a registar e criam a esperan- China e, principalmente, o receio de que, em contrapartida, “o contributo
que a Alemanha quase caísse numa ça de que o resto do ano possa repre- que a Europa possa ser em breve da procura externa líquida foi mais
envolvida directamente num conÇito negativo que o observado no trimes-
Economia portuguesa resiste no início de 2019 grave voltaram, esta semana, a ser tre anterior, em resultado da acelera-
Taxa de variação do PIB (em %) motivos de preocupação para consu- ção mais intensa das importações do
midores e empresas. que das exportações”.
Em cadeia Homóloga É no próximo sábado que termina Para já, olhando para as previsões
o prazo deÆnido pela Casa Branca da generalidade das instituições, isto
3,1 3,1 para decidir se vai subir as taxas alfan- não signiÆca que Portugal esteja a
2,5 2,5 2,5 degárias à importação de automóveis. regressar aos déÆces externos eleva-
2,3 Se Donald Trump optar por criar uma dos do passado. Mas constitui mais
2,1
1,7 1,8 nova frente de combate na sua guerra um sinal de que, não tendo possibi-
comercial e passar à prática uma lidade de alargar de forma signiÆca-
ameaça que já várias vezes fez, a eco- tiva o seu endividamento externo,
0,7 0,8 nomia europeia (e principalmente a Portugal Æca, num cenário de dete-
0,6 0,5 0,6 0,5
0,4 0,3 0,4 alemã) terá muito a perder. rioração da conjuntura externa, for-
0 Os Estados Unidos representam temente limitado no seu potencial
1.º T 2.º T 3.º T 4.º T 1.º T 2.º T 3.º T 4.º T 1.º T 13% do total das exportações de auto- de crescimento.
2017 2018 2019
móveis feitas pela Alemanha e o
Fonte: INE PÚBLICO impacto directo de um aumento das sergio.anibal@publico.pt
 Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 27

MUNDO
Tensão EUA-Irão: Washington tira
pessoal diplomático do Iraque
Washington diz que há um aumento do nível de alerta em relação a potenciais ataques iranianos
na região; um comandante britânico diz que não há qualquer indicação de maior perigo
EPA/US NAVY

Médio Oriente
Maria João Guimarães
O Departamento de Estado dos EUA
ordenou a retirada de pessoal não-
essencial do Iraque, numa altura em
que a tensão com o Irão está a aumen-
tar. Alemanha e Holanda anunciaram
a suspensão de treino de militares no
Iraque por informação de potenciais
ataques iranianos, disse Berlim, subli-
nhando que a informação não era
própria.
O nível de alerta no Médio Oriente
por potenciais ataques do Irão a alvos
norte-americanos ou aliados aumen-
tou devido a indicações de espiona-
gem sobre potenciais ataques irania-
nos na região. No entanto, o Departa-
mento de Estado não deu justiÆcação
para a retirada de diplomatas da
embaixada em Bagdad e do consula-
do em Erbil.
No domingo, um acto de sabota-
gem causou danos em dois petrolei-
ros sauditas. Investigadores america-
nos disseram acreditar que Teerão
está por trás da acção. O Irão disse
que se tratava de uma “conspiração
para provocar um conÇito na região”.
Antes, os EUA deslocaram um porta-
aviões para o Golfo Pérsico.
Em contraste com a avaliação nor-
te-americana sobre as ameaças no
Iraque, os serviços secretos britâni- Os EUA deslocaram um porta-aviões para o Golfo Pérsico na semana passada, em resposta a “indicações” sobre o Irão
cos não encontram qualquer indica-
ção de um aumento de ameaça. Chris iraquianos, sublinhando que a sus- Pompeo a cancelar a visita à Alema- levadas a cabo pela administração continua Singh. “Cada lado tem
Ghika, o vice-comandante da coliga- pensão é “temporária” e a formação nha e a dirigir-se ao Iraque. que parecem calculadas para nos pôr uma compreensão limitada das
ção global contra o Daesh (que per- deverá recomeçar “dentro de dias”. O primeiro-ministro iraquiano, numa rota de colisão”, num “cami- intenções e ‘linhas vermelhas’ do
deu entretanto o território que domi- A Holanda justiÆcou a suspensão com Adel Abdul Mahdi, disse, no entanto, nho com mais, e não menos, hipóte- outro, e há uma má comunicação,
nava no Iraque e Síria mas permane- uma “ameaça não-especiÆcada”. que as suas forças militares não obser- ses de nos levar a um conÇito arma- não só entre o Irão e os EUA, mas ain-
ce uma ameaça), disse aos jornalistas, A Reuters citou fontes de segurança varam qualquer “movimentação que do”. E isso “seria um desastre”. da entre os próprios aliados dos
na terça-feira, que as medidas em iraquianas dizendo que, numa visita constitua uma ameaça a qualquer dos O responsável do centro de estudos EUA”.
vigor para proteger os EUA e seus ao Iraque este mês, o secretário de lados”. sobre a política americana no Médio Enquanto isso, um artigo de opi-
aliados de milícias iranianas ou apoia- Estado, Mike Pompeo, referiu a Oriente Washington Institute Michael nião inédito abriu esperanças de que
das pelo Irão no Iraque e Síria eram comandantes iraquianos que havia Desejo de guerra? Singh acha que é importante “distin- haja um caminho para o Æm da riva-
“completamente satisfatórias”, cita informação de que paramilitares No seu blogue no The Washington guir entre um alegado desejo de guer- lidade que deÆne a região: dois peri-
a BBC. apoiados pelo Irão posicionaram mís- Post, o colunista Greg Sargent cita ra, por um lado, e um risco de escala- tos de política externa, um saudita e
O comando central militar dos EUA seis perto de bases onde estão milita- uma conversa com o democrata da, por outro — o primeiro, penso que um iraniano, ambos ligados e com
desmentiu-o, citando “ameaças cre- res norte-americanos. Adam Schiè, responsável pelo Comis- é um exagero; o segundo é bem real”. comunicação com as respectivas lide-
díveis e identiÆcadas disponibilizadas Numa entrevista à estação de tele- são de Serviços Secretos na Câmara Na dinâmica actual, em que o Irão ranças, escreveram um artigo de opi-
aos serviços secretos dos EUA e aos visão privada Al Sharqiya, do Iraque, dos Representantes, em que este vê está a tentar impor custos aos EUA nião conjunto no The New York Times
seus aliados”. o antigo vice-presidente iraquia- as mais recentes acções como tendo pela decisão de sair do acordo nuclear dizendo que chegou a altura de o Irão
Da Alemanha, um porta-voz disse no Iyad Allawi disse ter sabido por como Æm justiÆcar uma guerra. “O e repor as sanções, e em que os EUA e a Arábia Saudita falarem, porque é
ter recebido indicações gerais de intermédio de um responsável norte- Irão é e tem sido, há décadas, um estão a tentar dissuadir estas acções, possível encontrar uma base de
potenciais ataques apoiados pelo Irão americano que a informação sobre actor malévolo e um Estado que apoia “há um risco bastante real de conÇito entendimento.
e por isso suspendeu a formação que mísseis veio dos serviços secretos terrorismo”, disse Schiè. “Mas tam- inadvertido”.
os seus militares dão aos militares israelitas, e que foi isto que levou bém estou preocupado com acções Esta crise é diferente de anteriores, mguimaraes@publico.pt

Presidente guineense
pressionado a dar luz
verde à formação
do Governo
Guiné-Bissau
António Rodrigues
Supremo nega recurso
da oposição e embaixador
dos Estados Unidos diz que
não haver ainda Governo
“é desanimador”
O segundo partido mais votado nas
eleições de Março na Guiné-Bissau
perdeu ontem na justiça o seu pedido
de providência cautelar para suspen-
der a eleição da Mesa da Assembleia
Nacional Popular que tinha chumba-
do o nome do candidato apresentado
pelo Movimento para a Alternância
Democrática (Madem-G15) para a
vice-presidência, Braima Camará.
Os 11 juízes do Supremo Tribunal
de Justiça guineense que assinam o
documento apresentam duas razões
para rejeitar o requerimento apresen-
tado pelo deputado Soares Sambú,
eleito pelo Madem-G15 nas legislativas
de 10 de Março.
Ao não seguir a via judicial depois
de alegar irregularidades na votação
no Parlamento, optando pelo recurso
contencioso ao plenário da Assem-
bleia, Sambú e o seu partido “impli-
citamente” renunciaram “ao recurso
contencioso” no Supremo. Por outro
lado, ao socorrerem-se “indevida-
mente da providência cautelar”,
esqueceu o Madem que “tal expe-
diente não compadece com processos
urgentes e principais, tais como
impugnação de actos eleitorais”.
Esta decisão da mais alta instância
José Mário Vaz também ainda
não marcou as presidenciais
jurídica permite ao Parlamento reto-
mar normalmente os seus trabalhos,
retirando esse argumento ao Presi-
dente José Mário Vaz para continuar
a justiÆcar o adiamento da formação
do novo Governo. O Madem é o par-
tido criado pelo grupo de 15 deputa-
dos dissidentes do PAIGC e próximos
do chefe de Estado que foi o segundo
mais votado nas eleições de 10 de
Março, conseguindo 27 deputados.
Mais de 60 dias depois das eleições
que deram a vitória ao PAIGC com
maioria simples (47 deputados em
102), o chefe de Estado continua sem
convocar o líder do partido mais
votado, Domingos Simões Pereira, a
formar Governo, mesmo quando
aquele já conseguiu acertar uma coli-
gação pós-eleitoral com três peque-
nos partidos (APU-PDGB, UM e PND),
o que lhe permite ter uma maioria
estável de 54 deputados.
O embaixador dos Estados Unidos
para a Guiné-Bissau lamentou ontem
que a situação política no país se este-
ja a deteriorar a olhos vistos. “Tem
sido muito desanimador observar a
situação política a deteriorar-se”, aÆr-
mou Tulinabo Mushingi, numa con-
ferência de imprensa em Bissau.
O diplomata, que é também repre-
sentante diplomático norte-america-
no no Senegal, onde reside, questio-
nou o argumento de José Mário Vaz
para indigitar o novo primeiro-minis-
tro: “Não deve haver qualquer liga-
ção entre o processo de atribuição
de cargos na Mesa da Assembleia
Nacional Popular e a nomeação de
um primeiro-ministro e a formação
do seu Governo.”
José Mário Vaz, conhecido por
JOMAV, também ainda não indicou a
data para as eleições presidenciais,
mesmo tendo em conta que o seu
mandato termina a 23 de Junho e o
sufrágio só pode ser marcado para
90 dias depois da proposta. A Comis-
são Nacional de Eleições sugeriu a
data de 3 de Novembro e, se for con-
Ærmada a data, Vaz poderá Æcar no
cargo quase até 2020.
“Os Estados Unidos estão compro-
metidos com o apoio imparcial à
liderança legítima deste e de todos
os países, mas não estão interessados
em apoiar qualquer facção política
ou partido”, referiu o embaixador
norte-americano, para quem “a
situação política e económica na Gui-
né-Bissau é perigosa”.
antonio.rodrigues@publico.pt
Breves
“Brexit”
May leva acordo a
votação pela quarta
vez em Junho
A primeira-ministra britânica
vai tentar outra vez em Junho
que o Parlamento aprove o
acordo que negociou com
Bruxelas para a saída do Reino
Unido da União Europeia. Os
deputados já chumbaram três
vezes os termos do divórcio.
Theresa May está em
negociações com o Partido
Trabalhista, o partido de
Jeremy Corbyn já advertiu que
votará contra se não houver
acordo. A primeira-ministra
conservadora quer que o
processo comece a 3 de
Junho. Se o acordo voltar a ser
chumbado, May está disposta
a avançar para um “Brexit”
sem acordo ou a revogar o
artigo 50.º do Tratado da UE,
que abriu o processo de saída
do Reino Unido.
Eleições
Dois milhões de
moçambicanos
em risco de não votar
Problemas técnicos, mau
tempo, boicotes e outras
dificuldades estão a atrasar o
processo de recenseamento
em Moçambique, a ponto de o
Centro de Integridade Pública,
organismo independente que
zela pela boa governação e
acompanha os processos
eleitorais no país desde 1992,
alertar para a possibilidade de
dois milhões de pessoas em
idade de votar ficarem fora
dos cadernos eleitorais e não
poderem exercer o seu direito
nas eleições gerais e
provinciais de 15 de Outubro.
Até agora foram recenseadas
10,5 milhões de pessoas,
correspondente a 70,5% do
universo de 14,9 milhões de
eleitores. O processo
atrasou-se, sobretudo, neste
novo período de actualização
dos cadernos eleitorais.
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 29
Foram registadas manifestações em todos os estados do Brasil
São “idiotas” os que
protestam contra
cortes, diz Bolsonaro
Brasil
António Saraiva Lima
Presidente criticou
manifestações contra a
redução do financiamento
público às universidades e
à investigação científica
Jair Bolsonaro dedicou duras críticas
aos milhares de manifestantes que
ontem encheram as ruas das princi-
pais cidades do Brasil, em protesto
contra os cortes no orçamento para
as universidades federais, decretada
pelo Governo. O Presidente rotulou
os manifestantes como “idiotas úteis”
e “imbecis” e denunciou a sua instru-
mentalização por uma “minoria
espertalhona”. Foram registadas
manifestações nos 26 estados e no
Distrito Federal, assim como parali-
sações em escolas e universidades e
bloqueios nas principais avenidas.
“A maioria ali é militante. Não tem
nada na cabeça. Se você perguntar
quanto é 7x8, ninguém sabe. Se per-
guntar qual é a fórmula da água, nin-
guém sabe. Não sabem nada”, desde-
nhou o chefe de Estado. “São uns
idiotas úteis, uns imbecis, que estão
a ser utilizados como massa de mano-
bra de uma minoria espertalhona que
compõe o núcleo de muitas universi-
dades federais do Brasil”, acusou.
Bolsonaro aÆrmou que, por ele,
não se fariam cortes, mas que os mes-
mos são necessários. O motivo, sub-
linhou, é que recebeu “um Brasil
destruído economicamente”. “Este
mês não tem dinheiro. E quando não
MUNDO
AMANDA PEROBELLI/REUTERS
tem, tem de congelar”, justiÆcou.
Convocadas pelos sindicatos, movi-
mentos sociais e associações estudan-
tis, as manifestações começaram bem
cedo em diversas cidades e juntaram
multidões superiores a 50 mil pessoas
em São Paulo, Brasília e Salvador da
Bahia ao Ænal da manhã. É o primeiro
protesto a nível nacional desde que
Bolsonaro tomou posse, no início de
Janeiro.
Na origem dos protestos está a deci-
são do ministro da Educação, Abra-
ham Weintraub, de bloquear 30% do
Ænanciamento público para as uni-
versidades federais — afectando as
verbas disponíveis para gastos cor-
rentes, como a água, a electricidade
ou a Internet, que já obrigaram à sus-
pensão de bolsas de mestrado e dou-
toramento. Decisão essa que a oposi-
ção acredita ter motivações ideológi-
cas, baseadas na crença do Governo
de que as universidades são lideradas
por “marxistas”, particularmente as
que se dedicam às Humanidades e às
Ciências Sociais.
Para os críticos da medida, basta
olhar para a sua primeira formulação.
Weintraub queria congelar o Ænancia-
mento dos estabelecimentos que
mais “balbúrdia” fazem: a Universi-
dade de Brasília, a Universidade Fede-
ral da Bahia e a Universidade Federal
Fluminense, conhecidas por terem
tido protestos anti-Bolsonaro. E,
semanas antes, Bolsonaro sugeriu a
redução dos apoios aos cursos supe-
riores de Humanidades e o incremen-
to dos mesmos “em áreas que gerem
retorno imediato ao contribuinte”.
antonio.lima@publico.pt
30 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019

MUNDO

A América
antiaborto
regressa em força com
um empurrão de Trump
O estado norte-americano do Alabama aprovou uma lei que proíbe o aborto
em qualquer fase da gravidez, sem excluir casos de violação ou incesto.
O objectivo é claro: forçar o Supremo Tribunal, agora mais conservador,
Os críticos da nova lei no Alabama acu
a esvaziar uma decisão de 1973 que anulou muitas restrições
A lei ainda não foi promulgada pela pela chegada à Casa Branca de Donald xa na polícia, o que diÆculta ainda rem leis antiaborto muito restritivas
Alexandre Martins governadora do Alabama, a republi- Trump e do seu vice-presidente, Mike mais o acesso das mulheres a cuida- — mas isso pode mudar nos próximos
cana Kay Ivey, e diÆcilmente sobrevi- Pence. Uma mudança política que já dos de saúde em ambiente seguro. anos, principalmente se o Presidente

H
á cinco anos, quando o verá aos processos em tribunal pro- fez chegar ao Supremo Tribunal e aos Nenhuma das propostas aprovadas Trump for reeleito em Novembro de
Partido Republicano metidos pelos defensores da liberda- tribunais federais vários juízes com está em vigor, e todas elas têm um 2020 e se continuar a nomear juízes
quis proibir o aborto de de escolha. Mas, para se perceber um passado de decisões antiaborto. chumbo garantido assim que chega- conhecidos pelas suas posições antia-
no Alabama a partir do a dimensão do músculo que o movi- Em estados como a Georgia, Ken- rem aos tribunais. Foi isso que acon- borto para os tribunais americanos,
momento em que fosse mento antiaborto ganhou nos EUA tucky, Mississípi e Ohio, os congres- teceu no Kentucky, e é isso que acon- incluindo o Supremo.
possível ouvir o bati- nos últimos anos, não basta olhar sos locais aprovaram novas leis que tecerá nos outros estados, incluindo “O objectivo desta lei é confrontar
mento cardíaco do feto para o caso do Alabama, ainda que a proíbem o aborto a partir do momen- o Alabama, onde a maioria do Partido a decisão dos tribunais de 1973,
— o que barrava a prá- proposta aprovada naquele estado, to em que for possível detectar o Republicano nos congressos locais segundo a qual um bebé no útero não
tica a partir das seis ou na terça-feira, seja descrita pelos crí- batimento cardíaco de um feto, o tem endurecido a sua posição antia-
sete semanas de gravi- ticos como a mais restritiva dos últi- que baixa para apenas seis ou sete borto nos últimos anos.

dez —, a proposta fracassou por pouco
e caiu no Senado. Mas os republicanos
não desistiram da sua luta antiaborto
e, esta semana, tiveram a primeira
vitória com uma proposta ainda mais
restritiva: se a nova lei entrar em vigor,
o aborto será proibido em qualquer
fase da gravidez, sem excepções para
violação e incesto, e os proÆssionais
de saúde que o Æzerem podem ser
condenados a 99 anos de prisão.
mos 50 anos em todo o país — atribui
personalidade jurídica ao feto desde
a concepção, e não a partir do nasci-
mento completo e com vida, e apenas
permite o aborto quando a vida da
grávida estiver em perigo.
Só este ano, quatro outros estados
aprovaram leis muito restritivas, e em
12 foram discutidas propostas seme-
lhantes no auge de uma nova fase na
luta contra o aborto, impulsionada
semanas a janela legal — numa altura
em que muitas mulheres não sabem
ainda que estão grávidas.
Há diferenças entre as várias pro-
postas — no caso do Ohio, por exem-
plo, a lei não prevê excepções para
casos de violação e incesto, à imagem
do que acontece no Alabama; a Geor-
gia prevê excepções para violação e
incesto, mas os casos de violação só
são considerados se houver uma quei-
5
De olhos no Supremo
Os olhos dos defensores da proibição
total do aborto nos EUA estão no
Supremo Tribunal, e não no futuro
imediato dos seus próprios estados.
É consensual que pouco ou nada irá
mudar nos próximos tempos, e que estados norte-americanos
os tribunais vão continuar a aplicar a aprovaram, só este ano, leis com
famosa decisão Roe contra Wade, de muitas restrições ao aborto,
1973, que proíbe os estados de aplica- mas nenhuma está em vigor

sam o Partido Republicano de barrar o acesso aos cuidados de saúde às mulheres das classes mais desfavorecidas
é uma pessoa”, reconheceu o repu-
blicano Terri Collins, da Câmara dos
Representantes do Alabama, ouvido
pelo jornal Montgomery Advertiser.
“Esta lei contesta essa questão em
particular. O bebé que está no útero
é uma pessoa? Eu acredito que a nos-
sa lei diz que sim. Acredito que o nos-
so povo diz que sim. E acredito que a
tecnologia diz que sim.”
É por isso que os republicanos do
Alabama insistiram em aprovar uma
lei sem excepções para casos de vio-
lação e incesto — porque é isso que
pode convencer o Supremo Tribunal
a aceitar o caso e, quem sabe, a fazer
uma interpretação que esvazie gran-
de parte da decisão Roe.
Até agora, os juízes do Supremo
têm evitado qualquer discussão
sobre o aborto, e a recente sucessão
de leis restritivas não veio mudar esse
posicionamento. Ao todo, há 13 casos
que já esgotaram todos os recursos e
que poderiam ser avaliados pelo
Supremo, se a maioria do tribunal
estivesse interessada em forçar
mudanças radicais.
“Acho que estas leis, só por si, não
põem em causa a decisão, porque são
extremistas” disse à revista New
Yorker Linda Greenhouse, uma jorna-
lista que escreveu sobre as decisões
do Supremo norte-americano duran-
te décadas e autora de uma biograÆa
do juiz Harry Blackmun, o responsá-
vel pela célebre decisão de 1973.
“A decisão Roe Contra Wade vai ser
posta em causa por medidas mais
suaves, que vão dar aos tribunais
cobertura para não passarem por
extremistas, ainda que essas leis pos-
sam ter consequências extremas na
destruição da infra-estrutura do
aborto e no corte do acesso à maioria
das mulheres. Um dos exemplos
mais citados é uma lei aprovada na
Luisiana, cujo recurso está pronto
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 31
CHRIS ALUKA BERRY/REUTERS
para ser avaliado pelo Supremo Tri-
bunal. Neste caso, os legisladores do
Partido Republicano exigiram aos
médicos das clínicas de aborto do
estado que tenham privilégio de
admissão nos hospitais locais — o
O objectivo desta lei direito, por exemplo, a internar
pacientes, mesmo não sendo funcio-
é confrontar a nários desses hospitais.
decisão dos Os juízes de Trump
tribunais de 1973, “À primeira vista, essa lei oferece
mais protecção, porque declara que
segundo a qual um está a contribuir para a melhoria dos
cuidados de saúde das mulheres.
bebé no útero não é Não tem nada que ver com a saúde
uma pessoa. Eu das mulheres, mas é uma questão
mais simpática para o Supremo”,
acredito que é considera Linda Greenhouse. Ou
seja, se os juízes nomeados pelo Pre-
Terri Collins sidente Trump vierem a aprovar leis
Partido Republicano que acabem por restringir o acesso
ao aborto, o mais provável é que
essas leis tenham como objectivo
MUNDO
diÆcultar o acesso e não proibir a
prática de uma forma radical como
pretendem as leis do Alabama, do
Ohio ou do Kentucky.
O caso da lei da Luisiana é impor-
tante para se perceber o futuro desta
discussão nos EUA, porque o Supre-
mo Tribunal já se pronunciou sobre
uma lei semelhante, aprovada no
Texas — os juízes travaram essa lei em
2016, numa vitória para os defensores
da liberdade de escolha, mas essa
votação aconteceu antes da chegada
ao Supremo de Neil Gorsuch e Brett
Kavanaugh, dois juízes com um pas-
sado de decisões antiaborto nomea-
dos por Donald Trump.
Na altura, a decisão do Supremo foi
aprovada com cinco votos a favor e
três contra (Antonin Scalia, que mor-
reu em Fevereiro desse ano, ainda
não tinha sido substituído). Se o
Supremo aceitar o caso da lei da Lui-
siana, a decisão poderá ser diferente,
já que na composição actual há cinco
juízes mais identiÆcados com a proi-
bição do aborto. E se a maioria deci-
dir que os médicos podem ser obri-
gados a ter privilégio de admissão nos
hospitais para fazerem abortos, mui-
tos estados vão aproveitar para apro-
var essa lei, o que levará ao encerra-
mento de muitas clínicas — e tudo sem
derrubar a decisão Roe Contra Wade
de um só golpe.
Do outro lado da discussão, os gru-
pos que defendem a liberdade de
escolha estão também a preparar-se
para um possível futuro sem a decisão
de 1973, lutando pela aprovação de
leis ainda mais permissivas, como
está a acontecer em estados mais pro-
gressistas como Nova Iorque. Se a lei
federal mudar, e se os estados norte-
americanos passarem a ter liberdade
quase total para diÆcultarem o acesso
aos cuidados de saúde relacionados
com o aborto, a distância entre os
opositores e os defensores Æcará ain-
da maior, uma tendência que parece
registar-se em outras áreas da socie-
dade norte-americana.
“Num mundo pós-Roe, devemos
esperar uma grande variedade de
abordagens ao aborto nos estados.
Mas parece ser cada vez mais eviden-
te que os políticos falam para quem
se interessa mais por um determina-
do assunto, mesmo que as suas opi-
niões divirjam muito daquilo em que
a maioria dos americanos acredita”,
disse Mary Ziegler, professora de
Direito na Universidade da Florida,
num artigo publicado em Abril no
jornal The Washington Post que termi-
na com o vislumbre de um futuro
conÇituoso: “Durante décadas após
a decisão Roe, os dois lados lutaram
para conquistar os corações dos que
estão no chamado ‘centro indeciso’.
Na era de Trump, parece que esses
eleitores vão voltar a ser deixados
para trás.”
alexandre.martins@publico.pt
32 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019
CULTURA
Uma vida de Sophia
do Mar do Norte à luz do Sul
A primeira biograÄa dedicada à autora de Livro Sexto chega
neste ano em que se assinala o seu centenário. Isabel Nery
compõe um relato da vida de Sophia com episódios saborosos,
mas que quase nada nos diz da sua evolução enquanto poeta
Livros
Luís Miguel Queirós
Jornalista da Visão durante muitos
anos e autora de livros como As Prisio-
neiras — Mães Atrás das Grades (2012)
ou Chorei de Véspera — Ensaio sobre a
Morte, por Amor à Vida (2016), Isabel
Nery publicou há dias na Esfera dos
Livros a primeira biograÆa dedicada
a Sophia de Mello Breyner Andresen,
cujo centenário é assinalado hoje em
Lisboa com o início de um colóquio
internacional de dois dias que reúne
na Gulbenkian muitos dos mais reco-
nhecidos especialistas na obra poética
e Æccional da autora de Geografia ou
Contos Exemplares.
“Há dois ou três anos”, num perío-
do em que acabara de deixar a Visão
e o seu futuro proÆssional mais pró-
ximo estava em aberto, a jornalista
encontrou-se com Francisco Cama-
cho, então editor da Esfera dos Livros,
onde já publicara Chorei de Véspera.
Quando a conversa derivou para a
escassez de biograÆas em Portugal, o
seu interlocutor perguntou-lhe se não
estaria disposta a escrever uma bio-
graÆa de Sophia, projecto que lhe terá
ocorrido naquele momento.
“A ideia era muito atractiva, porque
admiro a sua poesia, os Contos Exem-
plares, as artes poéticas, mas ao mes-
mo tempo”, conta Isabel Nery, “era
uma grande responsabilidade, desde
logo por se tratar de uma autora con-
temporânea e existirem muitas pes-
soas vivas que poderiam discordar,
vir dizer que isto ou aquilo tinha sido
doutra maneira, e depois porque é a
Sophia, a única mulher escritora no
Panteão e uma poeta que contribuiu
para hoje sermos livres, o que a mim
me diz muito, até como jornalista,
porque não há liberdade de expres-
são sem democracia”.
Na decisão de aceitar pesou a cons-
tatação, algo surpreendida, de que
Sophia não tinha mesmo nenhuma
biograÆa, lacuna que lhe pareceu
fazer sentido suprir, mas também a
convicção de que “os jornalistas são
pessoas ideais para escrever biogra-
Æas”. Porque têm, argumenta, “este
treino de reunir muita informação
para depois entregar a mais relevan-
te”, experiência que lhe parecia uma
vantagem acrescida num trabalho
que iria envolver, para lá da investiga-
ção documental, a recolha de muitos
testemunhos de pessoas vivas.
E Isabel Nery ouviu, de facto, mui-
ta gente, dos familiares de Sophia que
aceitaram falar a amigos como Frei
Bento Domingues, Graça Morais ou
Manuel Alegre, mas também depoen-
tes menos óbvios, como o pescador
José Muchacho, que revelou à poetisa
as grutas de Lagos, ou José Santos,
empregado de um restaurante que a
escritora frequentava em Lisboa, ou
ainda a segunda mulher de Francisco
Sousa Tavares, Amélia Brugnini, que
parece ter aproveitado para acertar
contas com a sua antecessora.
Se não é certo que os jornalistas,
como pretende a autora, estejam par-
ticularmente habilitados para o ofício
de biógrafos, é verdade que este livro
tem bastante informação e é escrito
com a Çuidez de quem sabe prender
a atenção. Serve-se generosamente
do discurso directo, tem páginas,
como as da Grécia, que estão mais
próximas da reportagem do que do
ensaio biográÆco, e deixa ainda adi-
vinhar o talento jornalístico para pôr
as fontes a falar em alguns (poucos)
depoimentos que diÆcilmente deixa-
rão de irritar a família de Sophia.
A própria autora avisa na introdu-
ção ao livro, que intitulou simples-
mente Sophia de Mello Breyner Andre-
sen, que “esta não é uma biograÆa
autorizada”, informação que depois
precisou ao PÚBLICO: “Além do meu
editor, ninguém a leu antes de ser
publicada, não houve um familiar a
dizer: ‘Isto entra, isto é melhor sair’.”
Reconhecendo que alguns parentes
aceitaram falar consigo e outros não,
Nery observa que “a família é enorme
e não faria sentido falar com todos”,
e diz que a ter de esperar pelo acordo
consensual dos familiares mais pró-
ximos “o livro nunca se faria”.
A jornalista escreve também que
“esta não é uma biograÆa para
Sophia” e reconhece que seria “pro-
vável” que a poeta não concordasse
com a sua publicação. A sua Ælha mais
velha, a escritora e ensaísta Maria
Andresen Sousa Tavares, assume que
não gostou do que leu. “Não apanha
de todo a minha mãe”, ajuíza, “e diz
coisas falsas, como ela ter morrido na
Cruz Vermelha, ou nunca ter visitado
o meu pai no hospital”.
Nery reconhece que a primeira
informação é um lapso e que foi indu-
zida em erro por uma notícia da edi-
ção online do PÚBLICO, publicada no
dia da morte de Sophia e provavel-
mente com origem na agência Lusa.
No entanto, na edição em papel do
dia seguinte o PÚBLICO já indica que
Sophia morrera no Hospital Pulido
Valente, embora mantendo que esti-
vera antes internada na Cruz Verme-
lha, quando na verdade, segundo
Maria Andresen, estivera, sim, no
hospital da CUF.
Já a mais delicada aÆrmação de que
a poeta, “contrariando os conselhos
de alguns amigos”, nunca foi visitar o
ex-marido, mesmo quando este esta-
va a morrer, tem como fonte assumi-
da a segunda mulher de Sousa Tava-
res. Maria Andresen contrapõe que
ela própria, a pedido do pai, levou a
mãe a vê-lo, e que Sophia passou uma
manhã no hospital a conversar com
o ex-marido. Visita de que Amélia
Brugnini veio a ter conhecimento,
garante, já que lhe terá até pedido
satisfações por não ter sido avisada.
Depois de uma primeira conversa
com Isabel Nery, que segundo esta
última “correu bem”, a Ælha de Sophia
decidiu que não colaboraria e diz ter
dado instruções à Biblioteca Nacional
para não permitir à jornalista o aces-
so aos materiais do espólio de acesso
reservado. Mas as suas irmãs Isabel e
SoÆa falaram com a biógrafa, bem
como vários outros parentes.
Peregrinatio ad loca Sophiae
O livro começa na pequena ilha de
Föhr, no Mar do Norte, de onde o
bisavô de Sophia, Jan Hinrich Andre-
sen, zarpou de barco em 1840, aos 14 Não faltam nesta biografia episódios surpreendentes que reflectem as pe

ADRIANO MIRANDA
anos, numa viagem que para ele ter-
minaria no Porto, onde terá sido
expulso da embarcação por se ter
posto a dar espectáculo vestido com
uma pele de urso, episódio que a sua
bisneta viria a evocar no conto Saga,
das Histórias da Terra e do Mar.
A ilha é há muito território alemão,
mas em 1840 pertencia ainda à Dina-
marca. Sophia nunca lá pôs os pés,
mas Isabel Nery sentiu que a sua his-
tória começava ali: “Se este rapaz não
tivesse sido expulso do navio [que
seguia para outras paragens], haveria
talvez uma Sophia algures, mas não
em Portugal”, diz. A biógrafa decidira
cedo que os lugares seriam a “linha
condutora” da sua investigação.
“Eram muito importantes para
Sophia, inspiravam-na, diziam-lhe
coisas, a Grécia, o Algarve, mas tam-
bém a Granja ou a própria casa Andre-
sen, onde não nasceu nem viveu,
como se está sempre a dizer, mas que
era a casa dos avós — e se qualquer
um ainda hoje Æca pasmado com
aquela grandiosidade, é natural que
tivesse inÇuência numa criança sen-
sível e atenta.”
Decide, pois, ir ver Föhr com os
seus próprios olhos. “Claro que não
se pode dizer que a escrita de Sophia
é muito limpa e directa porque ela
tem origens nórdicas, mas isso terá
tido alguma inÇuência naquela sua
maneira de estar pouco Çoreada”,
sugere a biógrafa, lembrando ainda
que o facto de a autora ter sido criada
numa família com um ramo católico
e outro protestante estava longe de
ser vulgar no Portugal da época.
O leitor poderá sentir que Sophia
demora um pouco a nascer nesta sua
biograÆa, mas Isabel Nery acha que
valeu a pena, não só porque teve a
sorte de ir encontrar uns diários dei-
xados pela mulher de um amigo do
bisavô Andresen, mas porque foi
criando a convicção de que, na sua
aparente pouca importância, Föhr
“pode ser o missing link, dar um certo
sentido ao conjunto”.
Se nas páginas dedicadas à Grécia,
onde também esteve, as impressões
da repórter tendem por vezes a sobre-
por-se um tanto às investigações da
biógrafa, o breve capítulo do Algarve
retrata bem o encontro de Sophia
com esse “puro branco da cal onde a
luz cai a direito”. O poeta algarvio
Nuno Júdice, evocando o seu convívio
com a escritora no Ænal dos anos 60,
garantiu a Isabel Nery que por essa
culiaridades de Sophia altura “nada fazia mais sentido do
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 33
que a mistura Sophia-Algarve”.
[Biografar Sophia] Mas é provável que o ponto mais
era uma grande forte deste livro sejam as muitas pági-
nas dedicadas à intervenção cívica e
responsabilidade, política de Sophia antes e depois do
desde logo por 25 de Abril de 1974, da sua altiva recu-
sa em deixar-se intimidar pela PIDE,
existirem muitas que a convocou para prestar declara-
pessoas vivas que ções já em 1959 — obrigou os agentes
a seguirem-na escadas acima porque
poderiam vir dizer não andava de elevador —, à partici-
que isto ou aquilo pação na chamada vigília da paz, em
1969, para a qual escreveu os famosos
tinha sido doutra versos “Vemos, ouvimos e lemos/ não
maneira, e depois podemos ignorar”, na Comissão
Nacional de Socorro aos Presos Polí-
porque é a Sophia, ticos, em cuja criação esteve envolvi-
a única mulher da nesse mesmo ano, ou na posterior
vigília da Capela do Rato, a 31 de
escritora no Dezembro de 1972.
Panteão e uma Se a sua oposição activa ao regime
vai sendo lembrada, está hoje mais
poeta que esquecido o papel que teve na Assem-
contribuiu para bleia Constituinte, em 1975, onde fez
algumas notáveis intervenções e pre-
hoje sermos livres sidiu à Comissão para a Redacção do
Preâmbulo da Constituição. Em
Setembro desse ano, no auge do
Os lugares Verão Quente, quando dezenas de
inspiravam-na, milhares de manifestantes cercaram
o Parlamento tentando forçar a queda
diziam-lhe coisas, do Governo, Sophia foi um dos depu-
a Grécia, o Algarve, tados sequestrados. Isabel Nery recor-
da um depoimento da escritora Maria
mas também a Velho da Costa, que conseguiu entrar
Granja ou a na Assembleia para ir ver a amiga e a
encontrou a rir-se com o escritor
própria casa Manuel Gusmão, então deputado
Andresen — se comunista. Num ambiente tenso e
caótico, enquanto o deputado socia-
qualquer um lista Raul Rego, esgotada a comida no
ainda hoje Äca bar, vociferava que o queriam matar
à fome, Sophia só pedia à amiga: “Não
pasmado com deixe entrar o Francisco, Maria, ainda
aquela se põe aí em cima de qualquer coisa,
um daqueles leões de pedra feíssi-
grandiosidade, é mos, a fazer mais aranzel.” A imagem
natural que tivesse de Sousa Tavares, em pleno 25 de
Abril, dirigindo-se ao povo empolei-
inÅuência numa rado numa guarita do quartel do Car-
criança sensível e mo já então se tornara icónica.
atenta
Uma vida política
Isabel Nery
Biógrafa Não faltam no livro episódios sur-
preendentes, alguns bastante cómi-
cos, que reÇectem as diferentes pecu-
liaridades da biografada, como a sua
súbita aparição a cavalo no solar ama-
rantino de Teixeira de Pascoaes, ou a
cena — muito posterior e menos
romântica — em que é assaltada à por-
ta de casa, em Lisboa, e, dispondo-se
a entregar o dinheiro ao ladrão, come-
ça a tirar as notas com uma pinça
porque tinha fobia aos germes e recu-
sava-se a tocar-lhes com as mãos. O
larápio terá Æcado tão desconcertado
pela sua repugnância ao vil papel que
desistiu do assalto e se pôs a andar.
São também muitos os exemplos
das suas famosas tiradas irónicas,
lapidares, desconcertantes — algumas
bastante conhecidas, outras menos.
Várias têm como “vítimas” os escri-
tores com quem se relacionou. No
regresso de uma ida a Bordéus com
Agustina Bessa-Luís, estavam ambas
no aeroporto quando são abordadas
por um casal cuja Ælha traz uma pilha
de livros para a autora de Sibila assi-
nar. “Pois é, Maria Agustina” —
comenta Sophia —, “eu sempre lhe
disse que a menina escreve demais”.
Agustina, diga-se, pagava-lhe na mes-
ma moeda. Quando viajam juntas
pela Grécia, a romancista observa:
“Os seus rapazes gregos e a beleza
grega não aparecem por aqui — pare-
cem vindos de Trás-os-Montes.”
Sophia irritar-se-ia particularmente
com as críticas ao seu tabagismo, por
muito bem-intencionadas que fossem.
Que o diga José Saramago, a quem
uma observação inocente valeu logo
esta réplica demolidora: “Caro amigo,
enquanto estou a fumar tenho os
dedos ocupados e não estou a escrever
patacoadas como muitos fazem.”
É também particularmente diver-
tido o testemunho de José Manuel dos
Santos, que, querendo discutir com
Mário Soares um discurso que este
iria fazer numa viagem oÆcial marca-
da para o dia seguinte, o encontra ao
telefone com a amiga poeta, que que-
ria ajuda para arranjar uma nova
empregada. “A minha preocupação
era acabar o discurso, mas ele diz:
‘Agora não. Primeiro tenho de resol-
ver o problema da Sophia’.”
A fazer-se um balanço deste livro,
será justo sublinhar o conseguido
retrato que Isabel Nery nos dá da
Sophia cidadã, mas já a poetisa (ou
poeta, como preferia dizer) parece
ser mais um dado adquirido do que
um tópico central. “O livro não podia
ser inÆnito, e a Maria Andresen já se
tem dedicado profundamente a ana-
lisar a obra e a vida”, justiÆca. “Aceito
a crítica, mas achei que não era esse
o caminho, que não era a pessoa cer-
ta para isso”, aÆrma ainda, para con-
cluir com um apelo: “Força! Façam
mais coisas sobre a Sophia.”
lmqueiros@publico.pt
34 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019
CULTURA
John Carpenter veio do outro mundo
para uma vingança
Distinguido com o Carrosse d’Or, prémio honorário para a rebeldia de um realizador, o cineasta levou
a Cannes um Älme que, à data da estreia, falhou a crítica e falhou o público: Veio do Outro Mundo
Festival de Cannes
Vasco Câmara, em Cannes
O nome dele é John Carpenter e que-
ria fazer westerns. Ele que depois de
exposto a Forbidden Planet (Fred
McLeod Wilcox, 1956) pensou pela
primeira vez que queria ser realiza-
dor — embora antes, com A Rainha
Africana ( John Huston, 1951), já tives-
se percebido que havia ali, nos Æl-
mes, um “dispositivo”. Queria fazer
westerns (chegou a escrever um argu-
mento para John Wayne e Elvis Pres-
ley), mas o sucesso de Halloween
(1978), que foi sendo construído de
forma imperceptível à medida que
uma mesma cópia rodava de terra
em terra pelos EUA, Æxá-lo-ia no
“cinema de terror”. Mas depois disso
John Carpenter terá de facto feito os
seus westerns, mesmo que sob a for-
ma de thriller urbano, como no caso
de Assalto à 13.ª Esquadra (1976), ou
Æcção cientíÆca. Não estava mal:
tinha consigo o pendor mítico e ter-
minal dos Ælmes de cowboys e, como
o género era o de terror, considerado
de série B, podia ser subversivo e
político a olhar para os seus contem-
porâneos americanos.
John Carpenter, 71 anos, realiza-
dor, produtor, compositor, cabelo
branco apanhado num rabo de cava-
lo, chegou a Cannes de punho ergui-
do e com uma vingança: apresentar
no festival francês o Ælme que, tendo
sido concretizado com os meios de
um grande estúdio, oferta que não
poderia recusar porque era um
sonho de criança trabalhar na máqui-
na de Hollywood, “bombed, crashed,
exploded” quando chegou às salas.
Nem crítica nem público gostaram
de Veio do Outro Mundo/The Thing
(1982), esse huis-clos de homens
numa estação cientíÆca da Antárcti-
da que se descobrem com uma cria-
tura alienígena entre eles — e dentro
deles. “Nem os meus fãs gostaram.
Nunca percebi porquê”, contou Car-
penter num encontro com os espec-
tadores ontem na Croisette. É que
quando a Quinzena dos Realizadores
de Cannes o escolheu como o recom-
pensado este ano com o Carrosse
d’Or, prémio honorário atribuído a
uma Ægura de audácia, independên-
John Carpenter (ao centro) nas filmagens de Veio do Outro Mundo, o filme que quis levar a Cannes
cia e rebeldia (no ano passado o elei-
to foi Martin Scorsese), ele fez tam-
bém a sua escolha: que se mostrasse
o seu Veio do Outro Mundo, que foi
inspirado em The Thing from Another
World (1951), de Christian Nyby e
Howard Hawks.
Filme esplendoroso que, sendo de
1982, foi lançado nos EUA duas sema-
Nem os meus fãs
gostaram de Veio
do Outro Mundo.
Nunca percebi
porquê
John Carpenter
Realizador
nas depois do ET de Spielberg, é uma
apoteose “grand-guignolesca” do
cinema dos anos 70, a década do
cinema americano em que o campo
dos Ælmes foi invadido pelo contra-
campo, contaminado pelo “outro”,
pelo que até então era invisível, por
causa da classe, do género ou da
raça, e que irrompia como “mons-
truosidade”.
Talvez tenha sido por causa dessa
vontade de “dar a ver” (como diz
Carpenter: havia um pacto tácito no
cinema americano de Ælmar os
monstros no escuro e ele quis expô-
los à luz, mostrá-los ao espectador)
que Veio do Outro Mundo foi rejeitado
como foi. E, no entanto, mostra à
evidência que para o cineasta não se
tratava de escolher entre “mostrar”
ou “não mostrar”, interessavam-lhe
ambas: veja-se a forma como a câma-
ra habita o espaço e constrói o espa-
ço, vejam-se aqueles fondus au noir
com que se pontua a inevitabilidade
a cerrarem-se sobre as personagens
ou aquela sequência da primeira
contaminação, com o cão a dirigir-se
à vítima, que é uma silhueta, uma
SUNSET BOULEVARD/REUTERS/GETTY IMAGES
silhueta apenas (nesse momento
Superstition, de Stevie Wonder, cobre
os corredores da estação com pres-
ságios).
Referindo-se aos efeitos especiais
de The Thing, na era antes dos com-
putadores, quando era tudo “uma
câmara e um pedaço de borracha” a
ver se funcionava, Carpenter diz-se
aliás pouco atraído pela proeza téc-
nica. A famosa steadycam de Hal-
loween, por exemplo, foi um acaso.
Um desenquadrado
O Ænal de Veio do Outro Mundo, o seu
pessimismo (servido por Kurt Rus-
sell, numa persona que antes e
depois seria constitutiva do ser car-
penteriano), foi considerado chocan-
te. Mas o cineasta conta que durante
a produção o pessoal do dinheiro
não percebeu o que estava ali em
causa. Só com a versão fechada é que
os estúdios lhe propuseram (Carpen-
ter tinha o final cut), que retirasse ao
Ælme o “ninguém vai sair daqui vivo”
de Russell, a ver se a coisa passava
como heróica: Russel destruía a esta-
ção, não dizia que se tratava, agora,
de esperar pela morte, que viria de
qualquer forma, de fora ou de den-
tro, e o Ælme acabava sem existencia-
lismos e com um herói. Uma nova
versão, com esses cortes, foi subme-
tida a testes. Se não se tinha percebi-
do antes, percebeu-se então que o
apocalipse estava em todo o Ælme,
não era uma questão de Ænal. As
palavras da personagem interpreta-
da por Kurt Russell, R. J. MacReady,
voltaram ao Ælme.
A sua história com Hollywood,
resume Carpenter, foi sempre a de
evitar que alguém pusesse as mãos
no que era seu. A sua obra mostra
essa luta, é uma turbulência com
acidentes: depois do fracasso de Veio
do Outro Mundo, quando achou que
seria estratégico diluir o perÆl de
realizador de Ælmes pessimistas,
aceitou a proposta de um Ælme
romântico, Starman, em 1984 (que
não haja mal-entendidos: é das coi-
sas mais bonitas que Ælmou), ou de
um disparate chamado Big Trouble
in Little China (1986); quando se far-
tou desses compromissos para
reconquistar a conÆança dos estú-
dios, e depois de ter visto Inferno, de
Dario Argento (1980), atirou-se para
Príncipe das Trevas (1987).
Não se enquadra — deÆne-se dessa
forma. Não sabe ir às festas para se
mostrar, ritual da indústria. Esconde
o seu lado romântico, é um púdico
(Starman, de novo, Ælme que se per-
cebeu que não gosta muito de mos-
trar). E gosta de mulheres fortes: as
suas parcerias criativas e produtivas
foram estabelecidas com Debra Hill
e Sandy King, com quem está casado.
Os seus Ælmes podem não mostrar
isso (bem, há Karen Allen, Starman).
Por isso John Carpenter terá de con-
viver com a memória daquele dia em
que, convidado a entregar um pré-
mio num festival dedicado ao cinema
no feminino, foi chamado ao palco e
sobre ele se abateu um coro de apu-
pos. Não se livrou de seguida de uma
descompostura da premiada por ser
um cineasta que fazia Ælmes em que
as mulheres eram vítimas de violên-
cia. John Carpenter gosta de mulhe-
res fortes. “Aprendi com os Ælmes de
Howard Hawks.”
vasco.camara@publico.pt

A Companhia Nacional de
Bailado à procura do transe
e da invisibilidade
Dança
Gonçalo Frota
Dupla estreia no Teatro
Camões: Madrugada, de
Victor Hugo Pontes, e
Annette, Adele, e Lee, de Rui
Lopes Graça e João Penalva
Victor Hugo Pontes mandou tapar os
espelhos da sala de ensaios da Com-
panhia Nacional de Bailado (CNB).
Ao entrar no Teatro Camões, a Æm
de criar de novo para a CNB, levava
consigo uma única ideia de base:
incentivar estes bailarinos, “muito
habituados a serem intérpretes dos
outros, a dançarem para si mesmos”.
“Quis pô-los em transe, num estado
de alienação, de não-consciência”,
explica ao PÚBLICO. É daí que parte
Madrugada, peça que a CNB apre-
senta a partir de hoje e até domingo
no Teatro Camões, em Lisboa, num
programa partilhado com Annette,
Adele, e Lee, de Rui Lopes Graça e
João Penalva— que passa depois pelo
Teatro Municipal Joaquim Benite,
Almada, no dia 25.
Num cenário de escuridão em que
não custa ver a recriação de uma
discoteca, 13 bailarinos estão entre-
gues a uma dança fechada sobre si,
livre de movimentos do ballet clássi-
co, deixados à solta, de olhos cerra-
dos, a seguir apenas o prazer do
momento. Dançam como se nin-
guém os estivesse a ver, livram-se de
constrangimentos sociais, abando-
nam-se àquilo que Victor Hugo Pon-
tes entende como um conjunto de
solos interpretados em simultâneo,
em que ninguém procura o protago-
nismo, apenas segue uma rota de
hedonismo individual. “É um con-
texto social em que se sai para dan-
çar com os outros, mas em que se
acaba a dançar sozinho. O Ænal da
noite é sempre sozinho”, descreve o
coreógrafo.
Esse isolamento, no entanto, não
é constante. Ao longo de Madrugada,
todos eles se envolvem com os
outros, criam relações efémeras,
procuram usar o corpo para desper-
tar o desejo e a ele ceder, mas tudo é
efémero e surge embrulhado numa
aura de sonho. Para Victor Hugo, é
isso que se passa na noite — “nunca
se sabe se aquilo aconteceu ou não,
como aconteceu”. Madrugada cons-
trói, portanto, um espaço de ilusão.
Não é difícil ver em Madrugada o cenário de uma discoteca
Quando as luzes estão baixas, quem
está em redor pode parecer inÆnita-
mente mais atraente, a sala onde se
dança pode tomar a forma de um
lugar mágico. Só a claridade Ænal põe
à mostra a realidade, por mais suja e
desinteressante que possa, aÆnal,
ser. “Interessava-me também jogar
com essa camada”, admite.
Composta a partir de improvisa-
ções dos bailarinos que Victor Hugo
Pontes dirigiu durante os ensaios,
procurando extrair deles algo mais
“mais livre e emotivo” do que aquilo
que o reportório da CNB costuma
exigir-lhes, Madrugada põe em cena
as 13 viagens mentais em que cada
um dos intérpretes embarca para
atingir o tal estado de transe. Um
transe que se estica numa peça que,
para Victor Hugo Pontes, não tem
início nem Æm. Cada um vem já de
um dia longo e ao dia regressará
depois de as luzes se acenderem.
O som dos movimentos
Annette, Adele e Lee são os nomes
de três bailarinos de sapateado que
nunca vemos durante a peça de Rui
Lopes Graça e João Penalva. Mas
ouvimo-los o tempo todo. E se não
os vemos realmente, quase pode-
mos imaginá-los a dançarem sobre
o elenco da CNB, que executa uma
coreograÆa de inspiração clássica
sob o tropel do som produzido pelos
pés daqueles três. São os seus nomes
que baptizam esta nova parceria
entre Lopes Graça e Penalva por-
que, diz este último (artista plástico
com um passado na dança, enquan-
to bailarino de Pina Bausch e Ger-
hard Bohner), “eles é que começa-
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 35
CULTURA
Festival In Spiritum
vai das melodias do
Al-Andalus ao Stabat
Mater de Pergolesi
HUGO DAVID
em Matosinhos, onde no domingo
Música (12h) se ouvirá a harpa de Carolina
Coimbra. Antes, o Teatro Helena Sá
À quinta edição, o In Spiritum — Fes- e Costa acolhe amanhã (21h30) o pia-
tival de Música do Porto mantém-se nista Raul da Costa com obras de
fiel ao programa de sempre: adequar Ravel e Luiz Costa. No sábado, have-
as propostas musicais aos cenários do rá dois concertos: no Museu Român-
património da cidade. O festival diri- tico/Quinta da Macieirinha (18h), o
gido pelo maestro Cesário Costa abre duo André Baleiro (barítono)-David
hoje (21h30) com uma visita à música Santos (piano) interpreta canções
tradicional do Al-Andalus, com a can- alemãs e francesas do século XIX; na
tora e percussionista marroquina Casa do Infante (21h30), o guitarrista
Iman Kandoussi a interpretar temas Ricardo Leitão Pedro toca e canta
tradicionais da Andaluzia e da Argé- danças e fantasias do tempo dos Des-
lia. O palco não poderia ser senão o cobrimentos. A fechar o programa,
Salão Árabe do Palácio da Bolsa. no domingo (18h), a Igreja de São
O programa terá cinco outros con- João Novo recebe a Orquestra Bom-
certos, noutros tantos palcos, desta tempo e o Stabat Mater, de Pergolesi,
vez com uma incursão à nova arqui- dirigido por Cesário Costa e com as
tectura (projecto de Luís Pedro Silva) solistas Patrycja Gabrel e Carolina
do Terminal de Cruzeiros de Leixões, Figueiredo. PÚBLICO
ram o processo”. E os dois criadores PUBLICIDADE
quiseram lançar esta pista na direc-
ção do público, para que adira a
esse exercício de imaginação que
consiste em fantasiar os movimen-
tos destes três bailarinos que apenas
se ouvem — enquanto o elenco da
CNB apenas se vê.
Depois de terem colaborado, em
2016, numa anterior peça para a
CNB, Quinze Bailarinos e Tempo
Incerto (que em Junho será apresen-
tada na China), Rui Lopes Graça e
João Penalva quiseram voltar a uma
premissa não-narrativa e abstracta,
mas escolhendo como ponto de par-
tida a gravação destes bailarinos de
sapateado realizada por David Cun-
ningham especiÆcamente para o
espectáculo. A ideia foi, desde logo,
alimentar esse jogo entre visibilidade
e imaginação, entre clássico e popu-
lar, entre som e movimento. “Sem
qualquer ligação, correspondência
ou citação coreográÆca do sapatea-
do”, diz João Penalva.
Assim, ainda que voltem a dispen-
sar a narrativa nesta parceria criati-
va em que não é exactamente claro
quem faz o quê (“Os territórios não
são delineados e cruzamo-nos em
tudo o que fazemos”, diz Lopes Gra-
ça, acrescentando que, às tantas, já
nem sabem quem surgiu com deter-
minada ideia), Annette, Adele, e Lee
propõe uma história. Uma história
oculta, desses bailarinos que Æcam
na sombra e para os quais temos de
criar corpos, rostos, gestos, como
se pairassem o tempo todo sobre a
coreograÆa que acompanhamos,
desenhada com absoluto rigor, no
palco.
36 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019
CIÊNCIA
Como as cabeças dos bebés
se moldam durante o parto
Imagens 3D, conseguidas por ressonância
onância magnética, mostram o que acontece
p do exigente
durante e depois g alho de parto. Os resultados podem aajudar a detectar partos de risco
trabalho
Saúde
Andrea Cunha Freitas
Não é novidade que as cabeças dos
bebés mudam de forma durante o
parto. Trata-se da chamada “molda-
gem da cabeça fetal ao canal de par-
to”. No entanto, os detalhes desta
resposta natural do feto no momento
que começa desde que sai do útero e
se move pelo canal de parto até nas-
cer ainda estão por esclarecer. O estu-
do, publicado agora na revista cientí-
Æca PlosOne, revela pela primeira vez
um conjunto de imagens em 3D reco-
lhidas através de ressonâncias mag-
néticas feitas antes e durante o traba-
lho de parto ajudam a reconstituir
este exigente processo e mostram
como o cérebro fetal é afectado pela
moldagem dos ossos cranianos. E
talvez possa ajudar a evitar partos
difíceis que, à primeira vista, tinham
tudo para correr “normalmente”.
Os cientistas submeteram 27 grávi-
das a ressonâncias magnéticas antes
de entrarem em trabalho de parto.
Destas, sete mulheres foram seguidas
ao longo desse processo e especiÆca-
mente na segunda fase (da expulsão
e do nascimento), durante a qual o
feto percorre o canal de parto. Nos
sete casos, foi conÆrmada a molda-
gem da cabeça fetal. Respondendo a
a ao cérebro de um feto antes,
este particular
particu evento, a
cabeça dos bebés
b assume
um formato cara
característico que
os cientistas chamam “moldagem
pão de açúcar”, numa alusão à silhue-
ta que também deu o nome ao morro
do Rio de Janeiro, no Brasil.
Mas se já sabíamos que este fenó-
meno de moldagem era comum, qual
é a novidade? “Sim, a moldagem da
cabeça do feto é um fenómeno bem
conhecido, mas apenas nos fetos
onde ela persiste após o nascimento
(cerca de 20% dos partos) com um
‘formato de pão de açúcar’”,
responde ao PÚBLICO Olivier
Ami, da Universidade e de
Auvergne, em Clermont mont
Ferrand, França, que coor-
oor-
denou a equipa que apre-pre-
senta estes resultados. s. O
que é novo aqui, sublinha,
inha,
“é que todos os fetos obser-
vados mostraram moldagemdagem
da cabeça no meio do canal, o
que é diferente do que pensáva-
mos anteriormente”.
O estudo mostra que e as crian-
ças experimentam maioresaiores ten-
sões cranianas do que se pensava
durante o nascimento, o, pressões
centes ao san-
potencialmente subjacentes
gramento assintomático co do cérebro
e da retina que surgem m em muitos
recém-nascidos após o parto vaginal.
Olivier Ami resume: “Durante
urante o parto
vaginal, a forma do cérebro
ebro fetal sofre
uma deformação em vários graus,
dependendo do grau de sobreposição
dos ossos do crânio. A moldagem do
crânio do feto não é visível na maioria
dos recém-nascidos após o nascimen-
to. Alguns crânios aceitam a deforma-
ção (complacência) e permitem uma
entrega fácil, enquanto outros não se
deformam facilmente.”
O que é um “parto normal”?
A análise das imagens recolhidas reve-
lou a moldagem da cabeça do feto
durante a segunda fase do trabalho
de parto
p nos sete bebés observados,
Reconstituição em
3D da mudança da
forma do crânio de
bebés antes do
trabalho de parto
(em cima) e
durante a
segunda fase, que
antecede o
nascimento
com diferentes
di partes do crânio em
sobrep
sobreposição e em diferentes graus.
“Dois dos três bebés com o maior
grau de moldagem da cabeça nasce-
ram p por cesariana de emergência,
e o terceiro
t nasceu por via vaginal
com o mínimo de esforço expulsi-
vo”, revela ainda o artigo.
vo”
““O facto de duas cabeças fetais
apr
apresentarem uma moldagem
sign
significativa e ainda assim não
tere permitido um parto vaginal
terem
e de o bebé com a moldagem mais
significativa
signifi ter nascido sem muito
esforço materno mostra que não foi
possível
possív antever a capacidade de a
cabeça fetal se adaptar ao canal do
parto”,
parto” diz Olivier Ami. Por outro
lado, os investigadores concluíram
lado
também que o mesmo bebé que
tam
apr
apresentou a moldagem mais
signiÆcativa num parto aparentemen-
te normal nasceu com o índice de
Apgar (um método usado para avaliar
rapidamente a saúde de um recém-
nascido) mais baixo de todos os bebés
seguidos no estudo. Por isso, os inves-
tigadores questionam a actual deÆni-
ção de “um parto normal”.
“Na verdade, considera-se um par-
to normal quando uma parturiente
dá à luz por meios naturais, com ape-
nas alguns esforços expulsivos da
mãe. Esta deÆnição não tem em con-
sideraçãoç a capacidade
p de a cabeça
ç necessária para
fetal se deformar (complacência). Se
a complacência da cabeça fetal for
alta, o crânio e o cérebro podem
sofrer uma deformação signiÆcativa
quando o canal do parto é atravessa-
do, e a condição da criança ao nascer
pode não ser boa”, defendem.
Assim, “o parto deve talvez ser
considerado normal quando
uma parturiente dá à luz
naturalmente com apenas
alguns esforços de expul-
são, e se o seu Ælho não
tem consequências devido às mudan-
ças de forma de seu cérebro durante
o processo”.
Esta investigação, argumentam
ainda, “demonstra o valor do estudo
3D com ressonâncias magnéticas
durante a segunda fase do trabalho
de parto para revelar como o cérebro
fetal é afectado pela moldagem dos
ossos cranianos”. Recorda-se ainda
que “os seres humanos têm uma bacia
que é menos propícia à fácil passagem
da grande cabeça fetal do que outros
mamíferos”. Por isso, para a avaliação
de um parto vaginal seguro é consi-
derado o tamanho e a forma da bacia
materna, a maleabilidade dos tecidos
moles do canal do parto durante o
parto, a quantidade de contracções
uterinas e o tamanho da cabeça fetal.
“Mesmo quando o parto vaginal é
possível, o processo de nascimento
pode ser traumático para o bebé, com
hemorragias cerebrais assintomáticas
e hemorragias retinianas que ocor-
rem em até 43% dos recém-nascidos
de parto vaginal”.
Assim, seria importante ter uma
ferramenta capaz de antever (e pre-
venir) os partos mais difíceis e trau-
máticos para os fetos. “O próximo
passo é calibrar os softwares de simu-
lação usando imagens para tentar
prever a deformação cerebral fetal
p passar
p pelo
p canal do
parto”, conÆrma Olivier Ami.
acfreitas@publico.pt
19
.20
AL
T
IE
AM
ER
VI
LI
O
 Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 37

Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30
1350-352 Lisboa
pequenosa@publico.pt
De seg a sex das 09H às 19H
Sábado 11H às 17H
CLASSIFICADOS

Universidade de Aveiro
Por acórdão proferido, em 8.03.2018, pelo Processo de Seleção e Recrutamento (M/F)
Supremo Tribunal de Justiça, na ação n.º Publicita-se a abertura do seguinte processo de seleção e recrutamento no sítio da Área
de Recursos Humanos da Universidade de Aveiro (www.ua.pt/sgrhf/ – Área de Recursos
7397/14.3T8LSB.L1.S1, movida pelo Ministério Humanos – concursos e ofertas de emprego):
Nos termos da alínea c) do n.º 3 do artigo 23.º dos Estatutos da Universidade de Aveiro,
Público contra o Banco Santander Totta, S.A., na versão homologada pelo Despacho Normativo n.º 1-C/2017, publicados na 2.ª Série do
Diário da República, de 24 de abril de 2017, e do Regulamento Interno de Carreiras, Retri-
foi declarada a nulidade do segundo segmento buições e Contratação de Pessoal não Docente e não Investigador em Regime de Contrato

CONHEÇA do n.º 2 da Cláusula 10.ª das “Condições Es-

de Trabalho, publicado na 2.ª Série do Diário da República n.º 223, de 17 de novembro de
2009, pretende-se contratar em regime de contrato de trabalho a termo resolutivo certo,
AS NOSSAS peciais da Super Conta Ordenado Protocolo”
com fundamento no disposto no artigo 140.º do Código do Trabalho, aprovado e publicado
em anexo, pela Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro:
COLECÇÕES DE MÚSICA

Ref.ª CND-CTTRC-120-ARH/2019 – 1 trabalhador contratualmente equiparado ao corres-

e do segundo segmento do n.º 2 da Cláusula pondente à carreira de Técnico Superior, na 1.ª posição remuneratória (995,51 €), acresci-
do do direito a subsídios de refeição, de férias e de Natal, para ocupar o posto de trabalho
7.ª do ‘Documento Autónomo’ anexo a essas de Apoio Administrativo e Secretariado, no âmbito dos Cursos Técnicos Superiores Pro-
fissionais e dos Projetos ID&T, na Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologias da
Condições Especiais, contendo as Condições Produção de Aveiro-Norte da Universidade de Aveiro, Estrada do Cercal 449, 3720-509
Santiago de Riba-Ul, Oliveira de Azeméis, com as seguintes atribuições:
Aplicáveis à Facilidade de Descoberto associa- • Secretariado aos órgãos da unidade;
• Tratamento dos processos relacionados com a área de pessoal;
da a esta Conta Ordenado, uma e outras adota- • Apoio técnico na área pedagógica;
• Apoio técnico nos procedimentos de gestão documental;
das por este Banco, segmentos dispositivos es- • Atendimento aos utentes.
REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE:
ses que eram do seguinte teor: “São da conta do HABILITAÇÕES:
- Licenciatura.
cliente todas as despesas e encargos (...) que o EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
- Possuir experiência em funções de apoio administrativo e financeiro na execução de pro-
Banco venha a realizar para garantia e cobrança jetos, nomeadamente do Fundo Social Europeu POCH.
III — OUTROS REQUISITOS:
dos seus créditos”. - Bons conhecimentos de Língua Inglesa.

O Banco foi condenado a abster-se de utilizar VALIDADE DO PROCEDIMENTO:

O procedimento concursal é válido para ocupação de idênticos postos de trabalho, a ocor-
estas disposições nos respetivos contratos, pelo rer no prazo máximo de 12 meses contados da data de homologação da lista de ordenação
final do presente procedimento.
que a sua redação foi já alterada, com observân- O prazo de candidatura é de 10 dias úteis, contados a partir da data da publicitação do
anúncio no jornal.
cia do determinado no referido acórdão. Universidade de Aveiro, em 02 de abril de 2019
O Reitor, Prof. Doutor Paulo Jorge dos Santos Gonçalves Ferreira

REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL
Consulado-Geral do Brasil em Lisboa
EDITAL DE CASAMENTO
Doralice Lincoln, Vice-Cônsul do Brasil
em Lisboa, usando das atribuições
que lhe confere o art.º 18 da Lei de
Introdução ao Código Civil, faz saber
que pretendem casar Allyson Oliveira
Silva natural de Araguaína, Tocantis,
Brasil nascido a 19/02/1995, residente e
Trabalhos de estabilização do talude ao km
domiciliado no Largo Carlos Selvagem,
1 - 1.º Dt.º, Lisboa, Portugal, Código
Postal: 1500-140, nesta jurisdição con-
sular, filho de Rosileuza Oliveira da Silva
21+750 e do Muro da EN10 (A1)
e Lucas Pereira Costa, natural de Mara-
bá, Pará, Brasil nascido a 06/05/1995,
residente e domiciliado no Largo Carlos
Selvagem, 1 - 1.º Dt.º, Lisboa, Portu-
Durante os meses de maio de 2019 a dezembro de 2019
gal, Código Postal: 1500-140, nesta
jurisdição consular, filho de Rosangela A Brisa Concessão Rodoviária (BCR) informa que irá efetuar obras de estabilização do talude,
Pereira Costa.
Apresentaram os documentos exigidos cerca do km 21+750 (S/N) e do Muro da EN10, no sublanço V. Franca de Xira II – V. Franca de Xira I,
pelo Art.º 1.525 do Código Civil. da A1 – Auto-estrada do Norte.
Se alguém souber de algum impe-
dimento, oponha-o na forma da Lei. Os trabalhos ocorrerão durante 6 meses.
loja.publico.pt Lavrado o presente para ser afixado
em lugar visível da Chancelaria deste
A EN 10 será temporariamente afetada, prevendo-se circulação alternada de veículos,
Consulado-Geral. ŶĂnjŽŶĂĚĞŝŶŇƵġŶĐŝĂĚŽƐƚƌĂďĂůŚŽƐ͘
INFO: 210 111 010 Vera Lúcia Espírito Santo Cardoso
Oficial de Registro Civil “ad-hoc” A Brisa agradece antecipadamente a compreensão e colaboração dos automobilistas e espera
contribuir para reduzir eventuais inconvenientes decorrentes desta operação, estando certa de que
Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer os possíveis incómodos serão largamente compensados pelo nível de qualidade, segurança e conforto
- Alzheimer Portugal é uma Instituição Particular de Solidariedade Social. É a única organização em Portugal, de âmbito nacional, ƋƵĞƌĞƐƵůƚĂŵĚĞƵŵĂĂƵƚŽͲĞƐƚƌĂĚĂŵĞůŚŽƌĂĚĂƉƚĂĚĂăƐŶĞĐĞƐƐŝĚĂĚĞƐĚĞƋƵĞŵĂƵƟůŝnjĂ͘
especificamente constituída para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores. Tem
cerca de dez mil associados em todo o país. Para informação de trânsito atualizada poderá consultar o site www.viaverde.pt.
Oferece Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio domiciliário, Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas da
Especialidade.
Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal participa ativamente no movimento mundial e europeu sobre as demências, procurando reunir e divulgar
os conhecimentos mais recentes sobre a Doença de Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das suas causas, efeitos, profilaxia e tratamentos.
Contactos
Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3 Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa

EMPREGO
Telefones: 213 610 460 - Fax : 21 361 04 69 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Centro de Dia Prof. Doutor Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa
Telefone: 213 609 300 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim», Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril - Telefone: 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org
Horário de Atendimento: Quartas e sextas, entre as 9h e as 13h

PESQUISE INSCREVA-SE EM EM PARCERIA COM

Núcleo do Ribatejo da Alzheimer Portugal: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31 «A, 2080-114 Almeirim - Telefone: 243 000 087 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org
Delegação Norte da Alzheimer Portugal: Centro de Dia «Memória de Mim», Rua do Farol Nascente
n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Telefone: 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org

EMPREGO AQUI EMPREGO.PUBLICO.PT

Delegação Centro da Alzheimer Portugal: Centro de Dia do Marquês, Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal - Telefone: 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org
Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro, Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha 3810 Aveiro, Telefone: 234 940 480 - E-mail: geral.aveiro@alzheimerportugal.org
Delegação da Madeira da Alzheimer Portugal: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional
da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 Funchal, Telefone: 291 772 021 - Fax: 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org
38 • Público ClassiÄcados • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019

AVISO DE RETIFICAÇÃO MUNICÍPIO DE ESTARREJA

Para os devidos efeitos torna-se público que o Aviso publicitado na Edição AVISO
MUNICÍPIO DE ESTARREJA do dia 14 de maio saiu com as incorreções que a seguir se assinalam e
Suspensão Parcial do Plano de Urbanização da Cidade de Estarreja
simultaneamente se corrigem:
(PUCE) e estabelecimento de Medidas Preventivas
EDITAL O Município aceita candidaturas ao procedimento concursal para o preen-
DIAMANTINO MANUEL SABINA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE
chimento de 15 postos de trabalho na carreira/categoria de Assistente
DIAMANTINO MANUEL SABINA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE ESTAR- Operacional, em diversas áreas: ESTARREJA,
REJA. Torna público, nos termos do previsto na alínea i) do n.º 4 do artigo 191.º do
Referência A – 3 postos de trabalho de Assistente Operacional – Canalizador; Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial – RJIGT (aprovado
Torna público que, no uso de competências que lhe estão delegadas, por delibera-
ção camarária n.º 4/2017, de 19/10 e nos termos do n.º 1, do artigo 34.º, da Lei n.º Referência B – 10 postos de trabalho de Assistente Operacional – Jardineiro; pelo Decreto-Lei n.º 80/2015 de 14 de maio) e para os efeitos conjugados do
75/2013, de 12 de setembro, vai proceder à alienação em hasta pública, com carta artigo 126.º, do artigo 134.º e do artigo 137.º do mesmo diploma legal, que
fechada, no dia 04/06/2019, pelas 10 horas, no Edifício dos Paços do Concelho, de Referência C – 2 postos de trabalho de Assistente Operacional – Coveiro.
a Assembleia Municipal de Estarreja, em sua sessão ordinária de 29 de abril
conjunto de 4 (quatro) terrenos, sito na Rua Dr. Joaquim Simões, lugar da Teixu-
O Aviso de abertura foi publicado no Diário da República, 2.ª Série nº. 88, de 2019, deliberou aprovar, por maioria, sob proposta da Câmara Municipal
gueira, união freguesia de Beduído e Veiros, concelho de Estarreja.
no dia 08 de maio de 2019, sob o nº. 7948/2019, e encontra-se disponível (deliberação n.º 131/2019), a Suspensão Parcial do Plano de Urbanização
1. BENS A ALIENAR
(para consulta) na página eletrónica do Município www.cm-viseu.pt. da Cidade de Estarreja (PUCE) e estabelecimento de Medidas Preventivas.
Base Licitação A deliberação da Assembleia Municipal, as Medidas Preventivas e a respe-
Artigo Urbano Descrição na CRP Área (m2)
(euros) Em 14 de maio de 2019 tiva Planta de Delimitação são objeto de publicação no Diário da República,
P5585 0566 422,00
69.805,40 € (ses- O Vice-Presidente encontrando-se ainda, nos termos do n.º 2 do artigo do RJIGT, disponíveis
P5584 P33724 1 150,00
P5586 Omisso 3 060,00
senta e nove mil, Joaquim António Ferreira Seixas para consulta na área de atividade de “Planeamento e Ordenamento do Ter-
oitocentos e cinco ritório” da página institucional da Internet da Câmara Municipal de Estarreja,
Terreno a desafectar do domínio público 2 491,00
euros e quarenta através do endereço www.cm-estarreja.pt, bem como, no edifício da Divisão
Área total do conjunto de terrenos a
7 123,00 cêntimos)
alienar: de Gestão Urbanística e Territorial - Setor de Planeamento Urbanístico, sito
2. CONSULTA PROCEDIMENTO na Rua das Comunidades Portuguesas, durante o horário normal de fun-
O presente procedimento de alienação encontra-se patente na Divisão Económica cionamento.
e Financeira – Setor de Património – do ME, sito no Edifício dos Paços do Con- Paços do Concelho de Estarreja, aos três dias do mês de maio de dois mil
celho, Praça Francisco Barbosa, em Estarreja, onde pode ser examinado durante MUNICIPIO DE VIANA DO CASTELO
o período compreendido entre as 9 e as 17 horas, todos os dias úteis, excluindo
e dezanove.
sábados, domingos e feriados, desde a data da publicitação do respetivo edital até AVISO O PRESIDENTE DA CÂMARA, Diamantino Manuel Sabina, Dr.
às 16 horas do dia imediatamente anterior ao do ato público do concurso, e com
os seguintes contactos: telefone 234 840 600, e-mail patrimonio@cm-estarreja.pt
José Maria Costa, Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo:
ou geral@cm-estarreja.pt. Torna público que, nos termos do disposto nos artigos 30.º e 33.º da Lei n.º
Poderá igualmente o interessado, efetuar o download dos documentos que fazem par- 35/2014, de 20 de junho e artigo 11.º da Portaria n.º 125-A/2019, de 30 de
te do presente procedimento através do sítio da Internet http://www.cm-estarreja.pt. abril, se encontra aberto, procedimento concursal comum para admissão de:
EDUCAÇÃO
3. PROPOSTAS Referência: Assistente Operacional - Auxiliar de Serviços Gerais;
Podem ser apresentadas propostas, de acordo com o ponto 16. do Programa de
Procedimentos, (disponível em http://www.cm-estarreja.pt.)
em regime de relação jurídica de emprego público por tempo indeterminado,
que se destina a constituição de Bolsa de Recrutamento, tendo em conside- DIREÇÃO-GERAL DOS ESTABELECIMENTOS ESCOLARES
4. ENCARGOS DO ADJUDICATÁRIO ração os lugares previstos no mapa de pessoal do Município, para exercer
Os encargos de natureza fiscal e notariais ou outros, inerentes ao contrato de com-
funções na área do Município de Viana do Castelo:
pra e venda, designadamente o Imposto Municipal sobre a Transmissão Onerosa
(IMT), Imposto de Selo e emolumentos notariais devidos, são da inteira responsabi- Habilitações Literárias:

lidade do adjudicatário, que deverá fazer entrega de documentos comprovativo do
seu pagamento ou isenção, até à data designada para a celebração da escritura.
5. LOCAL E DATA-LIMTE PARA A APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS
5.1. A proposta escrita será entregue até às 16 horas do dia 03/06/2019 pelo
interessado ou seus representantes, na Subunidade de Atendimento ao Muní-
cipe, sito na Praça Francisco Barbosa, Apartado 132 – 3864-909 Estarreja,
contra recibo, todos os dias úteis, excluindo sábados, domingos e feriados,
ou remetidas pelo correio, sob registo e com aviso de receção;
5.2. Se o envio da proposta for efetuado por correio, o interessado será o único
responsável pelos atrasos que porventura se verifiquem, não podendo apre-
sentar qualquer reclamação na hipótese da entrada dos documentos no ME
se verificar após esgotado o prazo-limite de entrega das propostas.
5.3. A proposta terá de ser elaborada em conformidade com o ponto 15. do Pro-
grama de Procedimentos, (disponível em http://www.cm-estarreja.pt.)
6. LOCAL, DATA E HORA DA HASTA PÚBLICA
A hasta pública realiza-se no Salão Nobre dos Paços do Concelho no dia 4 de
junho de 2019, pelas 10h00.
Para constar se lavrou o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados
no átrio do Edifício Sede do Município, nas Juntas de Freguesia, no jornal nacional
“Público”, e no jornal regional “Diário de Aveiro”.
Paços do Concelho de Estarreja, aos catorze dias do mês de maio de dois mil e
dezanove.
O PRESIDENTE DA CÂMARA,
Diamantino Manuel Sabina, Dr.
AVISO
Os candidatos deverão ser detentores de nível habilitacional de grau de
complexidade funcional 1 (Escolaridade Obrigatória),nos termos da alí-
nea a) do n.º 1 do artigo 86.º da Lei n.º 35/2014, de 20 de junho, não
havendo possibilidade de substituição da habilitação académica.
As candidaturas devem ser formalizadas, indicando a respetiva referência
Torna-se público que se encontra aberto,
para a qual pretende concorrer, em impresso próprio de utilização obrigató- nos termos da legislação em vigor, o con-
ria, modelo n.º 232/02, disponível através do site www.cm-viana-castelo.pt,
ou a fornecer pelo Serviço de Atendimento ao Munícipe (S.A.M.) da Câmara curso para diretor do Agrupamento de Es-
Municipal de Viana do Castelo, e ser entregue presencialmente no referido
Serviço, no Passeio das Mordomas da Romaria, 4904-877 Viana do Castelo,
colas Linda-a-Velha e Queijas, pelo prazo
dentro do horário de expediente (Segunda-Feira a Sexta-Feira das 09h00- de 10 dias úteis, a partir de 16 de maio de
16h30); ou por correio registado com aviso de receção, até o termo do prazo
indicado. 2019, de acordo com o aviso n.º 8369/2019,
Não serão aceites candidaturas enviadas por correio eletrónico. de 15 maio, publicado no Diário da Repú-
Prazo: 10 dias úteis a contar da data da publicação integral do presente
aviso na 2.ª Série do Diário da República, n.º 93 de 15 de maio de 2019. blica.
Para quaisquer esclarecimentos, devem os interessados dirigir-se ao Serviço
de Atendimento ao Munícipe (S.A.M.) da Câmara Municipal de Viana do Cas- AELaVQ, 15 de maio de 2019
telo, durante as horas de Expediente.
Paços do concelho de Viana do Castelo, 15 de maio de 2019. O Presidente do Conselho Geral,
O Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo,
José Maria Costa
José António Pacheco

TRIBUNAL JUDICIAL TRIBUNAL JUDICIAL

LISBOA DA COMARCA DA COMARCA

✝
DE LISBOA DE LISBOA OESTE
Juízo Local Cível do Seixal Juízo Local Cível de Sintra
Juiz 1 Juiz 3
Processo: 1097/19.5T8SXL Processo: 5403/19.4T8SNT
ANÚNCIO ANÚNCIO
Acompanhamento de Maior Acompanhamento de Maior
Requerente: Ministério Público Requerente: Ministério Público
Beneficiária: Maria Eduarda Canedo Beneficiária: Francelina de Je-
Ribeiro sus Sousa Orfão

MARIA PAULA RAMALHO

Faz-se saber que foi distribuído Faz-se saber que foi distribuída
neste tribunal, o processo de neste tribunal, o processo de

Coronel Acompanhamento de Maior em que Acompanhamento de Maior,

LOURO RODRIGUES DE é beneficiária Maria Eduarda Cane- em que é requerida Francelina

do Ribeiro, nascida em 24-04-1963, de Jesus Sousa Orfão, nascida
filha de Fernando Ribeiro e de Alice em 17-06-1956, na freguesia de

FERNANDO BARROSO DE MOURA PASSOS CORREIA RIBEIRO Teixeira Canedo, natural de Almada
(Almada); nacional de Portugal,
com domicílio na Avenida do MFA,
Madalena, concelho de Tomar,
filha de José de Sousa Orfão e
de Carolina de Jesus Sousa,
n.º 72 - 3.º Dt.º, Torre da Marinha, com domicílio: Rua Bento Men-

Missa de 7º dia e Agradecimento Mário Luiz Nunes Correia Ribeiro e Paula Maria Louro de 2840-000 Seixal, com vista à deter-
minação de medidas adequadas.
ni, 8, Idanha, 2605-077 Belas,
com vista a serem definidas
medidas de acompanhamento.
Passos Correia Ribeiro Limón Cavaco participam o faleci- N/ Referência: 386909625
N/ Referência: 118652900
Seixal, 13-05-2019
Seus filhos, nora, genro, netos, bisnetos e demais família, mento da sua querida mulher e mãe e que amanhã, dia 17 A Juíza de Direito Sintra, 02-04-2019.
de Maio, pelas 19.00 horas, será celebrada Missa de 7.º Laura Maria Dias Godinho Ribeiro A Juíza de Direito
participam o seu falecimento no dia 10 de Maio de 2019. Dia, na Igreja de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa
Rações
O Oficial de Justiça
Dr.ª Susana Achemann
A Oficial de Justiça
A celebração da Missa de 7º Dia, será dia 16 de Maio de Agradecem também sensibilizados a todos os que os têm
José Pires
Público, 16/05/2019
Dulce Sabino
Público, 16/05/2019

2019, pelas 19:00 horas, na Igreja de São João de Deus. acompanhado e confortado nestes dias.

P.N. A.M. P. N. A. M. EDIFÍCIO DIOGO CÃO

DOCA DE ALCÂNTARA NORTE, LISBOA
Agência Funerária Alto São João Agência Funerária Alto São João (JUNTO AO MUSEU DO ORIENTE)
Agnus Dei - Número Verde Grátis 800 206 310 Servilusa - Número Verde Grátis 800 204 222
HORÁRIO: 2.ª – 6.ª FEIRA: 9H – 19H
SÁBADO: 11H – 17H
Serviço Funerário Permanente 24 Horas Serviço Funerário Permanente 24 Horas
MAIS INFORMAÇÕES: loja.publico.pt | 210 111 010
 Público ClassiÄcados • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 39



/d>
/d>
WĂƌĂŽƐĞĨĞŝƚŽƐƉƌĞǀŝƐƚŽƐŶŽŶ͘ǑϳĚŽĂƌƚŝŐŽϮϭ͘ǑĚŽſĚŝŐŽĚĂƐdžƉƌŽƉƌŝĂĕƁĞƐ͕ĂƉƌŽǀĂĚŽƉĞůĂ>ĞŝŶ͘Ǒϭϲϴͬϵϵ͕ĚĞϭϴĚĞƐĞƚĞŵďƌŽ͕ƚŽƌŶĂͲƐĞƉƷďůŝĐŽƋƵĞŽƐƉƌŽƉƌŝĞƚĄƌŝŽƐĞ
ĚĞŵĂŝƐŝŶƚĞƌĞƐƐĂĚŽƐĚĂƐƉĂƌĐĞůĂƐĚĞƚĞƌƌĞŶŽŝĚĞŶƚŝĨŝĐĂĚĂƐŶĂƐƚĂďĞůĂƐĞƉůĂŶƚĂƐŝŶƚĞŐƌĂŶƚĞƐĚŽƉƌĞƐĞŶƚĞĞĚŝƚĂůͲŽďũĞƚŽĚĂĚĞĐůĂƌĂĕĆŽĚĞƵƚŝůŝĚĂĚĞƉƷďůŝĐĂĐŽŵĐĂƌĄĐƚĞƌĚĞ
ƵƌŐġŶĐŝĂĂƋƵĞƐĞƌĞĨĞƌĞĂZĞƐŽůƵĕĆŽĚŽŽŶƐĞůŚŽĚŽ'ŽǀĞƌŶŽZĞŐŝŽŶĂůĚĂDĂĚĞŝƌĂŶ͘ǑϭϭϵͬϮϬϭϵ͕ĚĞϴĚĞŵĂƌĕŽĚĞϮϬϭϵ͕ĞƉƵďůŝĐĂĚĂŶŽ:KZD͕/^ĠƌŝĞ͕Ŷ͘ǑϰϬ͕ĚĞϭϭĚĞ
ŵĂƌĕŽĚĞϮϬϭϵͲĚŝƐƉƁĞŵĚŽƉƌĂnjŽĚĞϱĚŝĂƐƉĂƌĂĂƉƌĞƐĞŶƚĂƌĞŵƌĞĐůĂŵĂĕĆŽĐŽŶƚƌĂŽĐŽŶƚĞƷĚŽĚŽƐƌĞůĂƚſƌŝŽƐĚĂƐǀŝƐƚŽƌŝĂ͞ĂĚƉĞƌƉĞƚƵĂŵƌĞŝŵĞŵŽƌŝĂŵ͕͟ƌĞĂůŝnjĂĚĂƐŶŽĚŝĂ
ϮϯĚĞĂďƌŝůĚĞϮϬϭϵ͕ƋƵĞƐĞĞŶĐŽŶƚƌĂŵĚŝƐƉŽŶşǀĞŝƐŶĂZƵĂĚŽƐ&ĞƌƌĞŝƌŽƐŶ͘ǑϭϱϬ͕&ƵŶĐŚĂů͘
DĂŝƐ ƐĞ ƚŽƌŶĂ ƉƷďůŝĐŽ ƋƵĞ ĞƐƚĂ ƐŽĐŝĞĚĂĚĞ͕ ĂŽ ĂďƌŝŐŽ ĚĂ ĐŝƚĂĚĂ ZĞƐŽůƵĕĆŽ Ğ ŶŽƐ ƚĞƌŵŽƐ ĚŽ ĂƌƚŝŐŽ ϭϵ͘Ǒ͕ ϮϬ͘Ǒ Ğ Ϯϭ͘Ǒ͕ Ŷ͘Ǒ ϵ͕ ĚŽ ſĚŝŐŽ ĚĂƐ džƉƌŽƉƌŝĂĕƁĞƐ͕ ƚŽŵĂƌĄ ƉŽƐƐĞ
ĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƚŝǀĂĚĂƐĚĞƐĐƌŝƚĂƐƉĂƌĐĞůĂƐ͕ŶŽĚŝĂϯϭĚĞŵĂŝŽĚĞϮϬϭϵ͕ƉĞůĂƐϭϲ,ϬϬ͕ŶŽ>ŽŵďŽĚĂƐĂďƌĂƐ͕WĞĚƌĞŐĂů͕ĨƌĞŐƵĞƐŝĂĚŽĂŵƉĂŶĄƌŝŽĞĐŽŶĐĞůŚŽĚĂZŝďĞŝƌĂƌĂǀĂĞŶŽ
ŵĞƐŵŽĚŝĂ͕ƉĞůĂƐϭϲ,ϯϬ͕ŶĂZŝďĞŝƌĂĚĂsĂƌĂŶĚĂ͕ĨƌĞŐƵĞƐŝĂĞĐŽŶĐĞůŚŽĚĂZŝďĞŝƌĂƌĂǀĂ͕ĐŽŵǀŝƐƚĂĂŽŝŶşĐŝŽĚŽƐƚƌĂďĂůŚŽƐĚĞĞdžĞĐƵĕĆŽĚĂĞŵƉƌĞŝƚĂĚĂĚĞZĞĐƵƉĞƌĂĕĆŽĚĂ
>ĞǀĂĚĂĚŽEŽƌƚĞͲ>ĂŶĕŽ^ƵůͲdƷŶĞůĚŽWĞĚƌĞŐĂů;Ϭϲ͘ϬϬϳϮͿʹŽďƌĂĚĞŵĂŶŝĨĞƐƚŽŝŶƚĞƌĞƐƐĞƉƷďůŝĐŽ͘
&ƵŶĐŚĂů͕ϭϯĚĞŵĂŝŽĚĞϮϬϭϵ
WƌĞƐŝĚĞŶƚĞĚŽŽŶƐĞůŚŽĚĞĚŵŝŶŝƐƚƌĂĕĆŽ

ͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺͺ 
;EĠůŝĂDĂƌŝĂ^ĞƋƵĞŝƌĂĚĞ^ŽƵƐĂͿ


40 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019
SAIR
CINEMA
Lisboa
Cinema City Alvalade
Av. de Roma, nº 100. T. 218413040
FESTin - Festival de Cinema Itinerante da
Língua Portuguesa 17h30, 19h30, 21h30;
Dumbo M6. 15h20 (V.Port./2D); A Incrível
História do Carteiro Cheval M12. 17h50;
Vingadores: Endgame M12. 15h40, 21h20;
Até Que o Porno Nos Separe M16. 13h40,
21h40; Mary e a Flor da Feiticeira M6. 13h30
(V.Port./2D); Uma Traição Necessária M12.
13h20, 15h30, 17h40, 19h40, 21h50; Hotel
Império 19h55; Um Acto de Fé M12. 13h,
15h15; Mar M12. 19h10;
Cinema Ideal
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295
3 Rostos M14. 14h15, 16h10, 19h30; Hotel
Império 18h; Em Chamas M14. 21h20
CinemaCity Campo Pequeno
Centro de Lazer. T. 217981420
O Professor e o Louco 15h15, 19h35, 22h,
00h25; Snu M12. 17h40; Dumbo M6. 13h35
(V.Port./2D); Cai na Real, Corgi M6. 13h15,
15h40 (V.Port./2D) ; Vingadores: Endgame
M12. 15h45, 18h40, 21h25, 23h55; Seduz-me
Se És Capaz M12. 21h30 ; Pokémon:
Detective Pikachu M12. 13h10, 15h35,
17h50, 19h15 (V.Port./2D), 13h10, 15h20,
17h35, 19h40, 21h55, 00h15 (V.Orig./2D);
The Beach Bum: A Vida Numa Boa M16.
19h50, 00h25; John Wick 3 - Implacável
M16. 13h10, 15h50, 18h30, 21h15, 21h45,
24h; Extremamente Perverso,
Escandalosamente Cruel e Vil M12. 13h30,
15h30, 17h40, 19h40, 22h10, 00h30; Juntos
Para Sempre 2 13h10, 15h20, 17h30, 21h50,
00h10;
Cinemas Nos Alvaláxia
Estádio José Alvalade. T. 16996
Solum 19h05; Capitão Marvel M12. 21h15;
Cai na Real, Corgi M6. 13h40, 15h55, 18h10
(V.Port./2D); Vingadores: Endgame M12.
13h05, 16h50, 18h50, 20h45; A Maldição da
Mulher Que Chora M16. 13h50, 16h10,
18h25, 21h; Seduz-me Se És Capaz M12.
13h10, 16h, 18h45, 21h30; Sinónimos M14.
13h20, 16h15, 21h25; O Intruso M16. 20h50;
Pokémon: Detective Pikachu M12. 13h45,
16h25 (V.P./2D), 18h55, 21h25 (V.O./2D); Um
Acto de Fé M12. 13h30, 16h15, 18h55, 21h30;
Uma Família no Ringue M12. 13h35, 16h05,
18h40, 21h20; John Wick 3 - Implacável
M16. 13h10, 16h, 18h50, 21h40; Juntos Para
Sempre 2 13h15, 15h50, 18h30, 21h10;
Godzilla II: Rei dos Monstros 14h, 16h30,
19h, 21h45; Aladino e o Tapete Mágico
13h25, 15h40, 18h (V.Port./2D)
Cinemas Nos Amoreiras
Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996
O Professor e o Louco 12h40, 15h20, 18h10,
21h, 00h20; Vingadores: Endgame M12.
13h, 16h50, 20h40, 23h45; Uma Traição
Necessária M12. 13h30, 15h50, 21h30,
23h50; Hotel Império 13h10, 15h30, 17h40,
19h45, 22h, 00h10; Pokémon: Detective
Pikachu M12. 13h20, 15h40 (V.P./2D), 21h20,
00h05 (V.Orig./2D); Vida por Vida M14.
18h20; Velhos Jarretas M12. 12h50, 15h10,
17h20, 19h30, 21h45, 24h; Mar M12. 13h40,
16h10, 18h40, 21h10, 23h30
Cinemas Nos Colombo
Av. Lusíada. T. 16996
Vingadores: Endgame M12. 12h50, 16h40,
20h30, 00h20; Operação Hummingbird
M12. 18h10; Seduz-me Se És Capaz M12.
12h40, 15h40, 21h20, 00h10; O Intruso M16.
13h40, 16h10, 18h50, 21h50, 00h15;
Pokémon: Detective Pikachu M12. 13h30,
16h (V.Port./2D), 18h20, 20h40, 23h30 (V.
Orig./2D); Vida por Vida M14. 18h30; Uma
Família no Ringue M12. 13h05, 15h30, 18h,
20h50, 23h50; John Wick 3 - Implacável
M16. 12h30, 15h20, 18h10, 21h05, 24h;
Extremamente Perverso,
Escandalosamente Cruel e Vil M12. 13h25,
16h20, 19h, 21h40, 00h25; Juntos Para
Sempre 2 13h20, 15h55, 18h25, 21h10,
23h40; John Wick 3 - Implacável M16. Sala
IMAX 13h, 15h50, 18h40, 21h35, 00h30
Cinemas Nos Vasco da Gama
Parque das Nações. T. 16996
O Professor e o Louco 12h40, 15h40,
24h; Vingadores: Endgame M12. 13h30,
17h30, 21h50, 23h30; Pokémon: Detective
Pikachu M12. 13h20, 16h (V.Port./2D), 18h20,
21h30, 23h50 (V.Orig./2D); The Beach Bum:
A Vida Numa Boa M16. 13h, 15h30, 18h,
21h; John Wick 3 - Implacável M16. 12h50,
15h50, 18h40, 21h30, 00h20; Juntos Para
Sempre 2 13h40, 16h30, 19h, 21h40, 00h10
Nimas
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362
Agradar, Amar e Correr Depressa M16.
13h30; Sinónimos M14. 19h10; Em Chamas
M14. 16h15, 21h30
UCI Cinemas - El Corte Inglés
Av. Ant. Aug. Aguiar, 31.
3 Rostos M14. 14h05, 16h35, 19h10, 21h30;
O Professor e o Louco 13h30, 16h10, 18h50,
21h35, 00h20; Solum 23h50; Snu M12.
19h05; A Incrível História do Carteiro
Cheval M12. 14h10, 16h10; Vingadores:
Endgame M12. 13h30, 21h45; O Dia a
Seguir 16h20; Operação Hummingbird
M12. 00h05; Uma Traição Necessária M12.
13h55, 16h25, 19h, 21h30, 00h05; Ruben
Brandt, Coleccionador 00h10; Seduz-me
Se És Capaz M12. 13h40, 16h25, 19h05,
21h40, 00h20; Hotel Império 16h40, 21h20,
23h45; Lucia Cheia de Graça M12. 15h50,
18h50; Sinónimos M14. 13h35, 16h20, 19h,
21h40, 00h25; Pokémon: Detective
Pikachu M12. 14h15, 16h45, 19h15 (V.
Port./2D), 21h35, 24h (V.Orig./2D); The
Beach Bum: A Vida Numa Boa M16. 19h20,
00h25; Um Acto de Fé M12. 13h45, 16h30,
21h50; Vida por Vida M14. 16h30, 21h35;
Velhos Jarretas M12. 13h35, 16h15, 21h40;
John Wick 3 - Implacável M16. 13h30,
16h10, 18h50, 21h30, 00h10; Extremamente
Perverso, Escandalosamente Cruel e Vil
M12. 14h, 16h40, 19h15, 21h45, 00h15;
Mar M12. 13h45, 19h;
Almada
Cinemas Nos Almada Fórum
Estr. Caminho Municipal, 1011. T. 16996
O Professor e o Louco 12h55, 16h05, 21h25,
00h20; Vingadores: Endgame M12. 12h30,
16h30, 20h30, 23h30; Seduz-me Se És
Capaz M12. 12h45, 15h40, 18h40, 21h40,
00h30; Hotel Império 19h; O Intruso M16.
21h45, 00h15; Pokémon: Detective
Pikachu M12. 13h30, 16h, 18h30 (V.
Port./2D), 21h, 23h40 (V.Orig./2D); The
Beach Bum: A Vida Numa Boa M16. 18h55
; Um Acto de Fé M12. 12h50, 15h30, 20h50,
00h25; Vida por Vida M14. 18h10; Velhos
Jarretas M12. 13h, 15h15, 17h30, 19h40,
21h50, 00h05; Uma Família no Ringue M12.
13h15, 15h55, 18h35, 21h10, 23h50; John
Wick 3 - Implacável M16. 12h20, 15h20,
18h20, 21h20, 00h20; Extremamente
Perverso, Escandalosamente Cruel e
Vil M12. 13h10, 15h45, 18h25, 20h55,
23h35; Juntos Para Sempre 2 13h40, 16h15,
18h50, 21h35, 00h10; Mar M12. 13h45,
16h20, 21h15, 23h45; Aladino e o Tapete
Mágico 12h40, 15h10, 17h20, 19h30; John
Wick 3 - Implacável M16. Sala 4DX - 13h20,
16h, 18h50, 21h30, 00h10
Amadora
CinemaCity Alegro Alfragide
C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030
O Professor e o Louco 13h10, 15h35, 22h10;
Solum 00h20; Dumbo M6. 15h15, 17h35 (V.
Port./2D), 19h55 (V.Orig./2D); Cai na Real,
Corgi M6. 15h10 (V.Port./2D); After M14.
19h55; A Grande Viagem M6. 18h (V.
Port./2D); Vingadores: Endgame M12.
15h30, 17h30, 18h20, 21h, 21h35, 23h50; A
Maldição da Mulher Que Chora M16.
00h35; Parque das Maravilhas M6. 13h20
(V.Port./2D); Mr. Link M6. 13h15 (V.Port./2D)
; Seduz-me Se És Capaz M12. 22h; O
Intruso M16. 21h50, 00h30; Pokémon:
3 Rostos
Em estreia
lazer@publico.pt
3 Rostos
De Jafar Panahi. Com Behnaz
Jafari, Jafar Panahi, Marziyeh
Rezaei. Irão. 2018. 100m. Drama.
M14.
A actriz iraniana Behnaz Jafari
recebe um vídeo de uma jovem a
quem a família proibiu de estudar.
O seu maior desejo é entrar no
Conservatório de Teatro de Teerão
e acha que, uma vez que a família
gosta muito dos Ælmes de Jafari,
talvez ela os consiga convencer a
deixá-la prosseguir os estudos.
Aladino e o Tapete Mágico
De Karsten Kiilerich. Com
Vibeke Dueholm (Voz), Peter
Frödin (Voz), Erik Holmey (Voz).
DIN. 2018. 81m. Animação.
Oriundo de uma família de
alfaiates, Aladino sonha conhecer
o mundo. Quando o pai decide
que chegou o momento de
esquecer os seus desejos e
aprender a proÆssão dos seus
ancestrais, o rapaz foge. A ajudá-lo
está um vizinho que lhe empresta
um tapete capaz de voar.
Em Chamas
De Lee Chang-Dong. Com Ah-In
Yoo, Steven Yeun, Jong-Seo Jun.
Coreia do Sul. 2018. 148m.
Drama, Suspense. M14.
Um drama com toques de
mistério, com assinatura do
sul-coreano Lee Chang-Dong, que
se inspira no conto “Os Celeiros
Incendiados“, incluído na
compilação “O Elefante
Evapora-se“, da autoria do
japonês Haruki Murakami.
Extremamente Perverso,
Escandalosamente Cruel e Vil
De Joe Berlinger. Com Lily
Collins, Zac Efron, Angela
Sarafyan. EUA. 2019. 108m.
Drama, Biografia. M12.
Com realização de Joe Berlinger -
que, em Janeiro de 2019, lançou na
NetÇix a série documental
“Conversas com Um Assassino: As
Gravações de Ted Bundy“ -, este é
um “thriller“ biográÆco sobre o
mesmo criminoso, que segue a
autobiograÆa publicada pela
namorada, Liz Kendall.
John Wick 3 - Implacável
De Chad Stahelski. Com Keanu
Reeves, Ian McShane, Asia Kate
Dillon, Halle Berry, Anjelica
Huston. EUA. 2019. m. Thriller,
Acção. M16.
Com a cabeça a prémio, John Wick
torna-se alvo de todo o tipo de
assassinos. Com um certo prazer
no risco, volta a ser a impiedosa
máquina de matar que o mundo
dos marginais em tempos
conheceu, desencadeando uma
batalha sem precedentes com uma
única Ænalidade: a sobrevivência.
Juntos Para Sempre 2
De Gail Mancuso. Com Betty
Gilpin, Dennis Quaid, Jake
Manley, Ian Chen. EUA. 2019.
Fam.
Ao longo de múltiplas
encarnações, a alma canina de
Bailey cruzou-se com várias
pessoas. O primeiro dono de que
se recorda é Ethan, um rapazinho
com quem teve uma ligação muito
especial e que teve a sorte de
reencontrar anos mais tarde. O
tempo passou e Ethan é agora avô
de Clarity, uma menina doce que
ilumina a vida de todos à sua volta.
Mar
De Margarida Gil. Com Maria de
Medeiros, Pedro Cabrita Reis,
Catarina Wallenstein, Nuno
Lopes, Augusto Amado, Dinis
Gomes, Marcello Urgeghe. POR.
2018. 103m. Drama. M12.
Para dar uma volta à sua vida,
Francisca embarca no veleiro “À
Flor do Mar“ para seguir a rota dos
descobridores portugueses do
século XVI. Está determinada a
saborear cada momento da
viagem e, no processo,
reencontrar-se.
O Que Me Ficou da Revolução
De Judith Davis. Com Judith
Davis, Malik Zidi, Claire Dumas.
FRA. 2018. 88m. Comédia.
De coração revolucionário, Angèle
acha que nasceu na época errada.
A altura certa seria quando o
mundo assistia às grandes
revoluções e as pessoas saíam à
rua para mostrar o seu
descontentamento. Nascida no
seio de uma família de ex-activistas
políticos, ainda lhe é mais difícil
vê-los a ter uma atitude de
aceitação perante tudo o que está
errado.
Sinónimos
De Nadav Lapid. Com Tom
Mercier, Quentin Dolmaire,
Louise Chevillotte. FRA/ALE/
ISR. 2019. 123m. Drama. M14.
Chegado de Israel para fugir a um
país que diz “estar condenado“,
Yoav procura reinventar-se. Com
um ligeiro sotaque, uma gramática
arcaica e um dicionário no bolso,
vai percorrendo as ruas de Paris
entoando palavras.
Uma Família no Ringue
De Stephen Merchant. Com
Dwayne Johnson, Lena Headey,
Vince Vaughn. EUA/GB. 2019.
108m. Comédia Dramática. M12.
Há décadas que os Knight
participam em lutas de
“wrestling“ organizadas na cidade
de Norwich, Inglaterra. Ricky e
Julia, os progenitores, ensinam
tudo o que sabem aos Ælhos, Raya
e Zak. Um dia, os adolescentes são
convidados para uma audição
para o WWE, nos EUA, onde
encontram a oportunidade por
que esperaram para mostrar o que
valem.
Uma Traição Necessária
De Trevor Nunn. Com Alfie Allen,
Kim Allen, Stephen Boxer, Judi
Dench. GB. 2018. 101m.
Biografia. M12.
Em 1938, Joan Stanley estudava
Física da Universidade de
Cambridge. Apaixonada por um
colega com ligações ao
comunismo, acabou por ser
recrutada pelo KGB. Depois de
décadas a passar segredos de
Estado à Rússia, é descoberta pelo
MI5 e levada para interrogatório,
deixando em choque todos os que
a conheciam.
Velhos Jarretas
De Christophe Duthuron. Com
Pierre Richard, Eddy Mitchell,
Roland Giraud. FRA. 2018. 89m.
Comédia. M12.
Os septuagenários Pierrot, Mimile
e Antoine são amigos de infância.
Antes de morrer, a mulher de
Antoine resolveu escrever-lhe
uma carta onde revela uma
relação extraconjugal.
Enraivecido, o velho senhor pega
na sua espingarda e parte em
direcção à Toscânia (Itália), onde
tenciona encontrar o seu rival. Os
outros dois resolvem seguir-lhe os
passos.

Detective Pikachu M12. 13h35, 15h50,
17h10, 19h25 (V.Port./2D), 13h20, 15h25,
17h40, 19h30, 21h50, 00h05 (V.Orig./2D)
Vida por Vida M14. 13h10, 19h, 00h25;
John Wick 3 - Implacável M16. 13h35, 16h15,
18h30, 21h10, 21h40, 24h; Extremamente
Perverso, Escandalosamente Cruel e
Vil M12. 13h40, 16h, 19h45, 21h55, 00h15;
Juntos Para Sempre 2 13h10, 15h20, 19h20,
21h30, 24h; Aladino e o Tapete Mágico
15h40, 17h30 (V.Port./2D)
UCI Dolce Vita Tejo
Estrada Nacional 249/1, Venteira.
Solum 19h15; Dumbo M6. 13h40, 16h15 (V.
Port./2D); Cai na Real, Corgi M6. 14h15,
16h30 (V.Port./2D); A Grande Viagem M6.
14h (V.Port./2D); Vingadores: Endgame
M12. 13h30, 17h30, 19h30, 21h30; Parque
das Maravilhas M6. 14h30, 16h45 (V.
Port./2D); Seduz-me Se És Capaz M12.
16h20, 19h, 21h40; O Intruso M16. 21h50;
Pokémon: Detective Pikachu M12. 13h55,
16h20, 18h40 (V.P./2D), 21h25 (V.O./2D); Vida
por Vida M14. 13h50, 16h35, 21h35; Uma
Família no Ringue M12. 13h45, 16h20, 19h,
21h45; John Wick 3 - Implacável M16.
13h25, 16h10, 18h55, 21h40; Guerra Sem
Quartel M18. 19h, 21h25; Juntos Para
Sempre 2 14h10, 16h55, 19h20, 21h50;
Aladino e o Tapete Mágico 14h15, 16h45,
19h10 (V.Port./2D)
Cascais
Cinemas Nos CascaiShopping
CascaiShopping-EN 9. T. 16996
A Grande Viagem M6. 13h30 (V.P./2D);
Vingadores: Endgame M12. 12h40, 16h20,
20h, 23h40; Seduz-me Se És Capaz M12.
13h10, 16h10, 21h, 23h50; Pokémon:
Detective Pikachu M12. 12h50, 15h10 (V.
P./2D), 17h40, 20h40, 23h10 (V.O./2D); The
Beach Bum: A Vida Numa Boa M16. 18h55;
Uma Família no Ringue M12. 13h20, 16h,
18h30, 21h20, 23h50; John Wick 3 -
Implacável M16. 12h30, 15h20, 18h15, 21h10,
00h05; Juntos Para Sempre 2 13h, 15h30,
18h, 20h50, 23h20 John Wick 3 -
Implacável M16. Sala IMAX 13h, 15h40,
18h40, 21h30, 00h20
O Cinema da Villa - Cascais
Avenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla
Shopping Center). T. 215887311
3 Rostos M14. 13h25, 17h15, 19h20; O
Professor e o Louco 15h30, 21h25;
Vingadores: Endgame M12. 18h; Uma
Traição Necessária M12. 15h, 17h10, 19h20,
21h30; Hotel Império 13h45, 15h30, 21h30;
Pokémon: Detective Pikachu M12. 14h30 (V.
P./2D), 19h10 (V.O./2D); Vida por Vida M14.
16h50, 21h20; John Wick 3 - Implacável
M16. 13h40, 16h15, 18h50, 21h25;
Sintra
Cinema City Beloura
Beloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9,
Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643
O Professor e o Louco 19h10, 21h45 Dumbo
M6. 17h30 (V.O./2D); Vingadores: Endgame
M12. 15h40, 17h25, 21h20; Mr. Link M6.
15h30 (V.P./2D) ; Uma Traição Necessária
M12. 15h30, 17h40, 19h40, 21h40; Pokémon:
Detective Pikachu M12. 15h50, 17h35, 21h25
(V.P./2D), 15h25, 18h30, 19h30, 21h45 (V.
O./2D); Um Acto de Fé M12. 19h50, 22h10;
John Wick 3 - Implacável M16. 16h, 18h40,
21h30; Juntos Para Sempre 2 15h20, 19h40,
21h50; Aladino e o Tapete Mágico 15h35,
17h40 (V.Port./2D)
Leiria
Cinema City Leiria
R. Dr. Virgílio Vieira da Cunha. T. 244845071
Solum 20h; A Grande Viagem M6. 17h40 (V.
Port./2D); Vingadores: Endgame M12.
15h45, 17h30, 21h, 21h35; Seduz-me Se És
Capaz M12. 21h55; O Intruso M16. 19h50;
Pokémon: Detective Pikachu M12. 15h20,
17h35 (V.Port./2D), 15h35, 17h20, 19h40,
21h50 (V.Orig./2D); Vida por Vida M14.
19h15; John Wick 3 - Implacável M16. 16h,
18h40, 21h30; Extremamente Perverso,
Escandalosamente Cruel e Vil M12. 15h10,
19h25, 21h40; Juntos Para Sempre 2 15h30,
17h40, 22h; Aladino e o Tapete Mágico
15h40, 17h50 (V.Port./2D)
Cineplace - Leiria Shopping
CC Leiria Shopping, IC2. T. 244826516
Vingadores: Endgame M12. 14h30, 21h30
(2D), 18h (3D); Parque das Maravilhas M6.
15h (V.P./2D); Sinónimos M14. 19h, 21h30;
Pokémon: Detective Pikachu M12. 15h10,
17h20 (V.P./2D), 19h30, 21h40 (V.O./2D); Um
Acto de Fé M12. 21h10; Vida por Vida M14.
21h20; Velhos Jarretas M12. 15h, 17h; Uma
Família no Ringue M12. 17h, 19h20, 21h40;
John Wick 3 - Implacável M16. 16h, 18h40,
21h20; Juntos Para Sempre 2 16h40, 19h;
Aladino e o Tapete Mágico 15h40, 17h30,
19h20 (V.Port./2D)
Loures
Cineplace - Loures Shopping
Quinta do Infantado, Loja A003.
Vingadores: Endgame M12. 14h30, 21h30
(2D), 18h (3D); Parque das Maravilhas M6.
15h (V.Port./2D); Pokémon: Detective
Pikachu M12. 15h10, 17h20 (V.Port./2D),
19h30, 21h40 (V.Orig./2D); The Beach Bum:
A Vida Numa Boa M16. 19h; Um Acto de
Fé M12. 16h30; Vida por Vida M14. 21h10;
Uma Família no Ringue M12. 19h20,
21h40; John Wick 3 - Implacável M16. 16h,
18h40, 21h20; Extremamente Perverso,
Escandalosamente Cruel e Vil M12. 17h,
21h30; Guerra Sem Quartel M18. 21h50;
Juntos Para Sempre 2 16h50, 19h15;
Aladino e o Tapete Mágico 16h20, 19h10,
20h (V.Port./2D)
Setúbal
Auditório Charlot
Av. Dr. António Manuel Gamito, 11.
T. 265522446
Agradar, Amar e Correr Depressa M16.
18h; Em Chamas M14. 21h30
Cinema City Alegro Setúbal
C. C. Alegro Setúbal. T. 265239853
O Professor e o Louco 19h25; Solum
13h50; Vingadores: Endgame M12. 15h35,
16h, 17h30, 18h30, 21h, 21h30, 23h55; A
Maldição da Mulher Que Chora M16.
00h30; Mr. Link M6. 13h20 (V.P./2D); Seduz-
me Se És Capaz M12. 21h50; O Intruso M16.
15h25, 17h25, 00h25; Pokémon: Detective
Pikachu M12. 13h15, 15h30, 17h45, 19h30,
21h45 (V.Port./2D), 13h15, 15h20, 19h25,
21h40, 00h05 (V.Orig./2D); Vida por Vida
M14. 13h15, 19h10; John Wick 3 - Implacável
M16. 13h10, 15h55, 18h50, 21h20, 21h45,
24h; Extremamente Perverso,
Escandalosamente Cruel e Vil M12. 13h30,
15h50, 19h45, 22h, 00h20; Juntos Para
Sempre 2 13h15, 15h25, 17h35, 21h55,
00h15; Aladino e o Tapete Mágico 13h50,
15h40, 17h35 (V.Port./2D); Vida por Vida
M14. 00h25
Seixal
Cineplace - Seixal
Qta. Nova do Rio Judeu.
Vingadores: Endgame M12. 14h30, 21h30
(2D), 18h (3D); Parque das Maravilhas M6.
15h25, 17h25 (V.Port./2D); Uma Traição
Necessária M12. 15h, 19h35; Pokémon:
Detective Pikachu M12. 15h10, 17h20 (V.
Port./2D), 19h30, 21h40 (V.Port./2D); The
Beach Bum: A Vida Numa Boa M16. 21h50;
Uma Família no Ringue M12. 17h20, 21h50;
John Wick 3 - Implacável M16. 16h10, 18h50,
21h30; Extremamente Perverso,
Escandalosamente Cruel e Vil M12. 19h20,
21h40; Guerra Sem Quartel M18. 21h50;
Juntos Para Sempre 2 15h, 17h15, 19h30;
Aladino e o Tapete Mágico 14h30, 16h20,
18h10, 20h (V.Port./2D)
Faro
Cinemas Nos Fórum Algarve
C. C. Fórum Algarve.
T. 289887212
O Intruso M16. 16h30, 23h20; Pokémon:
Detective Pikachu M12. 13h, 15h15, 17h30 (V.
Port./2D), 19h45, 22h (V.Orig./2D); Vida por
Vida M14. 13h20, 15h50, 18h35; John Wick 3
- Implacável M16. 12h50, 15h40, 18h25,
21h20, 00h10; Juntos Para Sempre 2 13h10,
15h30, 18h15, 21h, 00h20;
Albufeira
Cineplace - AlgarveShopping
Estrada Nacional 125 - Vale Verde.
Vingadores: Endgame M12. 14h30, 18h,
21h30; Parque das Maravilhas M6. 15h (V.
Port./2D); Uma Traição Necessária M12.
19h, 21h20; Sinónimos M14. 16h30; O
Intruso M16. 19h10; Pokémon: Detective
Pikachu M12. 15h10, 17h20 (V.Port./2D),
19h30, 21h40 (V.Orig./2D); The Beach Bum:
A Vida Numa Boa M16. 21h50; Um Acto de
Fé M12. 16h20, 21h10; Uma Família no
Ringue M12. 16h50, 19h30, 21h50; John
Wick 3 - Implacável M16. 16h10, 18h50,
21h30; Extremamente Perverso,
Escandalosamente Cruel e Vil M12. 17h,
19h20, 21h40; Guerra Sem Quartel M18.
22h; Juntos Para Sempre 2 15h, 17h20,
19h40; Aladino e o Tapete Mágico 14h30,
16h20, 18h10, 20h (V.Port./2D)
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 41
TEATRO
Lisboa
Lisboa
FIMFA Lx19 - Festival Internacional de
Marionetas e Formas Animadas De 9/5 a
26/5. Todos os dias. 19.ª edição. Em vários
locais da cidade. Informações: 212427621.
Teatro Armando Cortez
Estrada da Pontinha, 7. T. 217110890
Monólogos da Vagina Enc. Paulo Sousa
Costa. De 21/3 a 2/6. 5ª a Sáb às 21h30. Dom
às 18h. M/12. Duração: 1h10.
Teatro da Politécnica
Rua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281
Purificados Enc. Gonçalo Carvalho.De 8/5
a 18/5. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às
16h e 21h. M/16.
Teatro da Trindade
Largo da Trindade, 7A. T. 213420000
3Gods Enc. Rui Neto. De 9/5 a 16/6. 4ª a Sáb
às 21h30. Dom às 17h. Romeu e Julieta
Comuna Teatro de Pesquisa. Enc. João
Mota. De 17/4 a 9/6. 4ª a Sáb às 21h. Dom às
16h30. M/12.
Teatro Municipal São Luiz
R. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650
Xtròrdinário Comp.: Teatro Praga. De 10/5 a
18/5. 2ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30.
Teatro Nacional D. Maria II
Praça Dom Pedro IV. T. 800213250
Um Outro Fim para a Menina Júlia Enc.
Tiago Rodrigues. De 3/4 a 23/5. 4ª e 5ª às 19h
Teatro Villaret
Av. Fontes Pereira Melo, 30A. T. 213538586
Casal da Treta Enc. Sónia Aragão. De 25/4 a
30/6. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/12.
MÚSICA
Lisboa
Centro Cultural de Belém
Praça do Império. T. 213612400
Entre Madeiras Trio Dia 16/5 às 19h (Sala
Sophia de Mello Breyner Andresen).
Culturgest
Rua Arco do Cego - CGD. T. 217905155
The Necks Dia 16/5 às 21h.
Galeria Zé dos Bois
Rua da Barroca, 59. T. 213430205
Eiko Ishibashi Dia 16/5 às 22h.
Hot Clube de Portugal
Praça da Alegria, 48. T. 213619740
Alberto Conde Iberian Roots Trio Dia 16/5
às 22h30 e 24h.
Lux Frágil
Av. Infante D. Henrique. T. 218820890
Fred Dia 16/5 às 23h.
Teatro Nacional de São Carlos
Largo de São Carlos, 17. T. 213253045
QuintetoDia 16/5 às 18h30.
Setúbal
Fórum Municipal Luísa Todi
Avenida Luísa Todi, 65. T. 265522127
Miguel Araújo Dia 16/5 às 21h30.
DANÇA
Lisboa
Teatro Camões
Parque das Nações. T. 218923470
Annette, Adele, e Lee + Madrugada
Companhia Nacional de Bailado. Coreog.
Rui Lopes Graça e Victor Hugo Pontes. De
16/5 a 19/5. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 18h30. Dom
às 16h.
Teatro Municipal São Luiz
R. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650
A Importância de Ser Georges Bataille
Coreog. Miguel Bonneville. De 14/5 a 19/5.
3ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30.
SAIR
FARMÁCIAS
Lisboa
Serviço Permanente
Conde Barão - Calçada Marquês de Abrantes,
36 A - Tel. 213964238 Marques (Benfica - Igreja)
- Estrada de Benfica, 648 - Tel. 217600096 dos
Navegantes (Santa Maria dos Olivais) - Av. D.
João II, Lote 1.03.2.1 C - Tel. 218945574
Outras Localidades
Serviço Permanente
Abrantes - Silva Tavares (Alferrarede)
Alandroal - Santiago Maior , Alandroalense
Albufeira - Santos Pinto Alcácer do Sal -
Misericórdia Alcanena - Ramalho Alcobaça -
Campeão Alcochete - Nunes , Póvoas
(Samouco) Alcoutim - Caimoto Alenquer -
Varela Aljustrel - Dias Almada - Rainha Santa
(Cova da Piedade) Almeirim - Mendonça
Almodôvar - Aurea Alpiarça - Aguiar Alter do
Chão - Alter , Portugal (Chança) Alvaiázere -
Ferreira da Gama , Castro Machado (Alvorge),
Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D.
Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora -
Jardim , Soares Correia Ansião - Medeiros
(Avelar) , Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos -
Vieira Arronches - Batista , Esperança
(Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da
Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja -
Miranda , Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo
(Manique do Intendente) Barrancos -
Barranquense Batalha - Moreira Padrão , Silva
Fernandes (Golpilheira) Beja - Fonseca
Belmonte - Costa , Central (Caria) Benavente -
Miguens Bombarral - Franca Borba - Central
Cadaval - Misericórdia Caldas da Rainha -
Freitas Campo Maior - Central Cartaxo - Abílio
Guerra Cascais - Do Rosário , Vilar
(Carcavelos) Castelo Branco - Ferrer Castelo
de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana
Chamusca - Joaquim Maria Cabeça
Constância - Vila Farma Constância ,
Carrasqueira (Montalvo) Coruche -
Misericórdia Covilhã - Santana (Boidobra)
Cuba - Da Misericórdia Elvas - Sousa
Entroncamento - Almeida Gonçalves
Estremoz - Godinho Évora - Branco Faro -
Almeida , Da Penha Ferreira do Alentejo -
Salgado Ferreira do Zêzere - Graciosa , Soeiro,
Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere)
Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda) ,
Vidigal Fronteira - Costa Coelho Fundão -
Taborda Gavião - Mendes (Belver) , Pimentel
Golegã - Lusitano Grândola - Pablo
Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova)
Lagoa - Lagoa Lagos - Telo Loulé - Pinto
Loures - Paula de Campos (Portela) , Barreiros
Faria (Santo António dos Cavaleiros) Lourinhã
- Correia Mendes (Moita dos Ferreiros) , Leal
(Rio Tinto) Mação - Saldanha Mafra -
Ericeirense (Ericeira) , Barros (Igreja Nova)
Marinha Grande - Duarte Marvão - Roque
Pinto Mértola - Nova de Mértola Monchique -
Moderna Monforte - Jardim Montijo - União
Mutualista Mora - Canelas Pais (Cabeção) ,
Falcão, Central (Pavia) Moura - São Miguel
Mourão - Central Nazaré - Sousa , Maria
Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - São Damião
Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) , Senhora da
Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odivelas - Codivel ,
Famões Oeiras - Sacoor de St. Amaro de
Oeiras Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito -
Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier Gomes
(Orvalho-Oleiros) Olhão - Rocha Ourém -
Verdasca Ourique - Nova (Garvão) ,
Ouriquense Pedrógão Grande - Baeta Rebelo
Penamacor - Nova Peniche - Proença Pombal
- Torres e Correia Lda. Ponte de Sor - Varela
Dias Portalegre - Elvas Portel - Misericordia
Portimão - Amparo Porto de Mós - Lopes
Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos
(Sobreira Formosa) Redondo - Holon Redondo
Reguengos de Monsaraz - Moderna Rio Maior
- Central Salvaterra de Magos - Costa (Foros
de Salvaterra/Salvaterra de Magos) Santarém
- Verissimo Santiago do Cacém - Corte Real
Sardoal - Passarinho Seixal - Silva Carvalho
Serpa - Central Sertã - Patricio , Farinha
(Cernache do Bonjardim) Sesimbra - Lopes
Setúbal - Carmo Sobral , Louro Silves - Dias
Neves , Guerreiro Sines - Monteiro Telhada
(Porto Covo) , Central Sintra - Guerra Rico
(Agualva) , Pinto Leal (Queluz), Simões Sobral
Monte Agraço - Moderna Sousel - Mendes
Dordio (Cano) , Andrade Tavira - Maria Aboim
Tomar - Dias Costa Torres Novas - Lima Torres
Vedras - do Choupal Vendas Novas - Nova
Viana do Alentejo - Viana Vidigueira - Costa
Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de
Xira - Nova Alverca , Romeiras (Forte da Casa),
Roldão Vila Nova da Barquinha - Tente
(Atalaia) , Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira
Vila Real de Santo António - Carrilho Vila
Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Monte
Alvito - Baronia Ansião - Moniz Nogueira
Lisboa - Sacoor do Chiado Montemor-o-Novo
- Sepúlveda Redondo - Alentejo
42 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019
FICAR
CINEMA
Guardiãs do Túmulo
Cinemundo, 21h
Durante uma escavação no deserto,
um jovem arqueólogo descobre o
túmulo de um grande imperador
chinês mumificado no ano 200 a.C.
que, para seu espanto, aparenta ter
morrido com mais de 300 anos de
idade. O que ele não sabe é que, ao
abrir a tumba, libertou uma terrível
maldição adormecida durante mais
de dois milénios. Quando imagens
do seu desaparecimento chegam ao
seu grupo de trabalho, uma equipa
de resgate é enviada ao local. O que
eles ali encontram é um autêntico
pesadelo: a guardar o corpo do
imperador está um grande ninho
de perigosas aranhas-teia-de-funil...
Um filme de terror de Kimble
Rendall.
Danos Colaterais
Fox Movies, 21h15
Em apenas alguns segundos, o
bombeiro Gordy Brewer (Arnold
Schwarzenegger) perde a família na
explosão de um edifício causada
por um atentado. O ataque é
reivindicado por The Wolf e visava
funcionários do consulado
colombiano e agentes secretos
americanos. A mulher e o filho de
Gordy foram apenas danos
colaterais. Mas o bombeiro decide
vingar-se e parte para a Colômbia.
Acção por Andrew Davis.
Nómada
Hollywood, 21h30
Num futuro não muito distante, a
Terra encontra-se invadida por
extraterrestres. Estes seres de outro
planeta são uma espécie parasita
que, para sobreviver, mata as
mentes humanas de maneira a
poder habitar os seus corpos.
Melanie Stryder (Saoirse Ronan) é
uma jovem que, apesar de possuída
por uma “alma” de nome
Wanderer, o seu espírito é tão
poderoso que se recusa a deixar-se
morrer. Assim, entre as mentes de
ambas acontece o improvável:
começam a comunicar e a reviver
memórias cruzadas uma da outra.
Poderá esta singularidade, que
junta duas espécies inimigas, ser a
salvação de toda a Humanidade? De
Andrew Niccol.
Paciente Zero
TVC4, 23h
Sem tratamento nem cura, um
vírus transforma seres humanos em
violentos predadores. Porém, isso
não acontece a todos: para Morgan
(Matt Smith), que foi mordido sem
se ter transformado, o vírus que
entrou no seu corpo permite-lhe
comunicar com as perigosas
criaturas. Com esse trunfo, ele
Televisão
lazer@publico.pt
RTP 1
6.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da
Alegria 13.00 Jornal da Tarde 14.10
Bem-Vindos a Beirais 15.55 A Nossa
Tarde 17.30 Portugal em Directo 18.52
Fatura Da Sorte 19.00 Campanha
Eleitoral - Europeias 2019 19.22 O
Preço Certo 19.59 Telejornal 21.07
Festival Eurovisão da Canção 2019: 2.ª
Semifinal 22.40 5 Para a Meia-Noite
1.30 Eléctrico 2.40 Europa Minha 3.01
Água de Mar 3.44 Televendas 5.59
Manchetes 3
RTP 2
6.32 Repórter África - 2.ª Edição 7.05
Espaço Zig Zag 10.46 A Minha Grande
Aventura 11.10 O Mistério de Greven
12.05 Armário 12.34 Biosfera 13.02
Chovem Almôndegas 13.16 CJ a DJ
13.30 A Ilha dos Desafios 14.00
Sociedade Civil: Alimentação Saudável
15.03 A Fé dos Homens 15.36 Onde
Está o Tesouro 16.03 Amur - O
Amazonas da Ásia 16.54 Espaço Zig
Zag 19.00 Campanha Eleitoral -
Europeias 2019 19.17 Espaço Zig Zag
21.05 A Minha Grande Aventura 21.30
Jornal 2 22.13 Liberdade 23.16 Brisa
Solar: Que Não Seja o Medo a Baixar a
Imaginação 0.13 A Agência
Clandestina 1.06 Sociedade Civil 2.10
Euronews 5.44 Bem-Vindos a Beirais
SIC
6.00 Edição da Manhã 9.10 Alô
Portugal 10.10 O Programa da Cristina
13.00 Primeiro Jornal 14.15 Linha
Aberta 15.15 Amor Maior 16.10 Júlia -
Emoções Fortes 18.15 Avenida Brasil
19.00 Tempo de Antena 19.25 Quem
Quer Namorar com o Agricultor? -
Diário 19.57 Jornal da Noite 21.55 Alma
e Coração 23.55 Segundo Sol 0.25
Passadeira Vermelha 1.55 Cartaz
Cultural 2.35 Como Isto Anda 3.20
Volante 3.40 Televendas 5.15 Camilo, o
Presidente
TVI
6.30 Diário da Manhã 10.00 Você na
TV! 13.00 Jornal da Uma 14.42
Belmonte 16.15 A Tarde é Sua 19.00
Europeias 2019 19.29 Apanha se
Puderes 19.57 Jornal das 8 21.55 Valor
da Vida 23.00 A Teia 0.00 Meu Amor
0.55 Autores - Jorge Paixão da Costa
1.45 Remédio Santo 4.15 Saber Amar
5.00 TV Shop
Os mais vistos da TV
Terça, 14 de Maio
Valor da Vida II
% Aud. Share
TVI 12,1 24,9
Jornal da Noite SIC 9,7 22,1
Festival Eurovisão... RTP1 9,5 21,2
Quem quer namorar... SIC 9,3 28,0
Alma e Coração SIC 9,1 20,9
FONTE: CAEM
TVC1
11.15 Kingsman: O Círculo Dourado
13.40 15:17 Destino Paris 15.20 O
Segredo dos Kennedy 17.10 Deadpool 2
19.15 Linhas de Sangue 21.30 Geostorm
- Ameaça Global 23.20 Um Crime no
Expresso do Oriente 1.10 Resgate
Bilionário 2.55 Carbono 4.35 9 Dedos
FOX MOVIES
11.14 Os Comancheros 12.55
Emboscada 14.25 Os Descendentes
(2011) 16.16 O Novo Namorado da
Minha Mãe 17.44 Caminho Para
Perdição 19.32 Stallone Prisioneiro
21.15 Danos Colaterais 23.00 Bad Ass
0.27 O Mecânico 2.02 Ninja Assassino
3.30 Máquinas de Guerra
CANAL HOLLYWOOD
10.35 Na Mira do Assassino 12.05 O
Que a Maisie Sabe 13.45 Coisas
d’Homem 15.25 O Exótico Hotel
Marigold 17.30 Fuga 19.45 Pathfinder -
O Guerreiro do Novo Mundo 21.30
Nómada 23.40 Rei Artur 1.50 Java Heat
- Alta Tensão 3.35 Ela, Eu e o Outro
AXN
13.10 Mentes Criminosas 13.55 S.W.A.
T.: Força de Intervenção 16.16 Jogo de
Risco 17.55 S.W.A.T.: Força de
Intervenção 20.25 Mentes Criminosas
22.05 Chicago Fire 22.57 Como
Defender Um Assassino 23.49
Constantine 2.00 Chicago Fire 2.45
Babylon A.D. 4.21 Homens de Honra
AXN BLACK
14.03 Bolgen - Alerta Tsunami 15.44
Missão Impossível II 17.41 Mercado de
Capitais 19.20 Jogos Mais Perigosos
21.14 Apanha-me se Puderes (2002)
23.32 Justiça Vermelha 1.32 Os Reis do
Submundo 3.36 Os Anjos de Charlie
AXN WHITE
14.34 O Ditador 15.55 Riddick - A
Ascensão 17.52 O Mentalista 19.22 A
Teoria do Big Bang 21.24 Timeless
22.09 Predestinado 23.44 Crocodilo
Dundee 1.21 Timeless 2.51 Arrow
FOX
14.10 Hawai Força Especial 15.45
Investigação Criminal: Los Angeles
RTP1 13,7%
% zero” para o desenvolvimento de
RTP2 1,2
SIC 20,8
TVI
16,9
Cabo
34,9
17.16 Chicago P.D. 18.49 Hawai Força
Especial 20.29 Investigação Criminal:
Los Angeles 22.15 Hawai Força
Especial 23.05 Investigação Criminal:
Los Angeles 0.00 Hawai Força Especial
1.46 C.S.I. Miami 4.41 Investigação
Criminal: Los Angeles
FOX LIFE
13.33 Anatomia de Grey 14.18 All for
Love 15.47 Inconceivable 17.26 A
Stranger With My Kids 18.55 Lei &
Ordem: Unidade Especial 20.35
Anatomia de Grey 22.20 New
Amsterdam 23.10 No Limite 0.07 Killer
Mom 1.45 No Limite 3.35 Anatomia de
Grey 5.02 Lei & Ordem: Unidade
Especial
DISNEY
15.25 K.C. Agente Secreta 15.47
Acampamento Kikiwaka 16.32 Hotel
Transilvânia: A Série 16.55 Mickey
Mouse - Edição Especial 17.17
Entrelaçados: A Série 17.40 A Lei de
Milo Murphy 18.05 Phineas e Ferb 18.31
Patoaventuras 18.55 Star Contra as
Forças do Mal 19.20 Gravity Falls 20.07
Miraculous - As Aventuras de Ladybug
DISCOVERY
17.30 Alasca: A Última Fronteira 19.15
Desmontar a História 21.00 Gas
Monkey Ao Resgate 22.55 Joias Sobre
Rodas 0.40 Gas Monkey Ao Resgate
2.15 Desmontando o Cosmos 3.00
Segredos do Universo Com Morgan
Freeman 4.30 Guerra de Leilões
Canadá 5.00 Guerra de Propriedades
HISTÓRIA
17.23 Forjado no Fogo 0.20 A História
Secreta da Casa Branca 1.01 A História
Secreta do Air Force One 1.43 Os
Lados Ocultos da II Guerra Mundial
4.25 Alienígenas
ODISSEIA
18.08 Zâmbia Selvagem 18.57 The
Explorers: Inventário do Planeta 19.50
Perigo Extremo 20.38 Power 21.30
Mega Barcos 22.30 Power 23.21 O
Extraordinário Boeing 787 0.15 Mega
Barcos 1.06 Power 1.57 O Extraordinário
Boeing 787 2.51 A Origem das Coisas
3.13 A Origem das Coisas 3.36 Mega
Barcos 4.27 A Origem das Coisas
lidera uma busca pelo “paciente
uma vacina. Mas The Professor
(Stanley Tucci) vai mostrar-lhe que
o vírus está a evoluir. Terror por
Stefan Ruzowitzky.
DOCUMENTÁRIO
Brisa Solar
RTP2, 23h16
Mini-série documental, realizada
por José Nascimento e Ana
Pissarra, que propõe redescobrir o
inevitável parentesco entre
Portugal e Moçambique. Neste
episódio, prossegue-se a viagem
em torno do edificado mais
notável de arquitectura moderna
entre Maputo e a Beira.
ENTRETENIMENTO
Festival Eurovisão da Canção
2019: 2.ª Semifinal
RTP1, 21h07
Em directo de Telavive, e já sem o
português Conan Osiris na corrida
pela vitória, a segunda semifinal
recebe os representantes da
Albânia, Arménia, Áustria,
Azerbaijão, Croácia, Dinamarca,
Holanda, Irlanda, Letónia,
Lituânia, Macedónia do Norte,
Malta, Moldávia, Noruega,
Roménia, Rússia, Suécia e Suíça.
Além dos apurados nas duas
semifinais, no dia 18 sobem ao
palco mais seis canções: dos países
do grupo Big Five, apurados
directamente (Alemanha, França,
Itália, Espanha e Reino Unido), e
de Israel, na qualidade de país
anfitrião do festival.
MÚSICA
Eléctrico: Samuel Úria e B Fachada
RTP1, 1h30
Dois músicos com caminhos
distintos que têm em comum o
facto de serem ambos duas
referências essenciais da última
década enquanto escritores de
canções em português: Samuel
Úria, um sagaz coleccionador de
palavras, e B Fachada, que pinta
retratos com as suas músicas.
INFANTIL
Ilha dos Cães (V. Orig.)
TVC2, 10h30
Em Megasaki, a população canina
atingiu proporções tão alarmantes
que o corrupto presidente da
câmara decidiu isolar os animais
numa enorme lixeira isolada. Até
Atari, um rapaz de 12 anos que ali
chega determinado a encontrar
Spots, o seu adorado cão.
 Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 43

JOGOS

CRUZADAS 10.615 TEMPO PARA HOJE

HORIZONTAIS: 1 - Unha de solípede ou VERTICAIS: 1 - Vedação. Do nariz.
ruminante. Associar. 2 - Deserto. 2 - Terra arenosa. Espécie de rã arboríco-
Prudência. 3 - Quinhentas folhas de pa- la. 3 - Short Message Service. Desviar-se
pel. Astúcia. 4 - Cobalto (s.q.). Rocha ou da razão, do dever, do que é natural ou Viana do Bragança
lugar de onde se arranca pedra. 5 - normal. 4 - Reduzir a um volume menor. Castelo 9º 23º
Aparato. Legar. 6 - Fruto do abieiro. 5 - Poeta e cantor ambulante entre os 12º 18º
Braga
Terceira nota musical. 7 - Preposição que Gregos antigos. Calçado que cobre o pé
10º 21º Vila Real
indica lugar. Mentira. 8 - Escarpa no lito- e parte da perna. 6 - Preposição que desi-
ral originada pela erosão marinha. gna posse. Pé e perna do animal. 16º Porto 10º 20º
Porção da circunferência. 9 - Espécie de 7 - Comer a ceia. A mim. Aqui está. 13º 18º
serra de folha curta e geralmente mais 8 - Crê. Parlamento Europeu. 9 - Salutar.
Viseu
larga numa das extremidades onde se Montar. 10 - Arremessar. Numeração
9º 19º Guarda
adapta um cabo. Forma de complemen- romana (101). 11 - Ir rodando. Tambor 2-2,5m Aveiro
to do pronome eu, sempre precedido de grande tocado na vertical e, em geral, 6º 17º
15º 19º Penhas
preposição. 10 - Fileira. Parede feita com apenas numa das peles com uma baque-
terra argilosa que é lançada nos taipais. ta. Douradas
11 - Lagarta. Trabalho feito de noite, fora Coimbra 4º 17º
do horário normal. Depois do problema resolvido 13º 20º
encontre o título de uma Castelo
Branco
obra de J. P. Delaney (3 palavras).
Leiria 12º 23º
12º 19º

Santarém
Portalegre
Solução do problema anterior: 13º 23º
10º 22º
HORIZONTAIS: 1 - Sequaz. Amei. 2 - ONU. Tormes. 3 - Atador. Pipa. 4 - Ene. Reagir.
5 - TUDO. Rogo. 6 - Ido. No. AL. 7 - MAIO. Ida. 8 - Bisar. NADO. 9 - Exir. Face. 10 - Ganapo. Lisboa
Hora. 11 - Auriga. Ir. 14º 21º
VERTICAIS: 1 - Soa. Bi. Bege. 2 - Ente. DEIXA. 3 - QUANTO. Sina. 4 - Deu. Marau.
5 - Ato. Doar. PR. 6 - Zorro. Foi. 7 - Nona. 8 - Amparo. ACHA. 9 - Meigo. Ideo. Setúbal
10 - ESPIGADO. Ri. 11 - Arola. Bar. 13º 23º Évora
PROVÉRBIO: Quanto Maio acha nado, tudo deixa espigado. 11º 26º
AMANHÃ

17º Beja
Sines
BRIDGE SUDOKU 13º 21º
11º 26º

Dador: Este copas e baldar outro ouro da mão, colo- Problema 2-2,5m
Vul: Todos cando Oeste em mão que, terá de jogar
corte e balda. Contudo, podemos me- 9006 Sagres
lhorar um pouco as nossas hipóteses e Dificuldade: Faro
14º 21º
NORTE jogar para o naipe de copas repartido 15º 31º
3-3, sem condicionalismos. Para tal, te-
Fácil
Ƅ A432 18º
Ɔ A107543 remos de esperar que Oeste tenha o 1-1,5m
trunfo que falta: a Dama. Depois de ter-
Ƈ A73
ƅ- mos feito o Ás de ouros, tiramos o Rei de Açores
copas e jogamos um pequeno trunfo da Corvo
mão. Se Oeste apresentar a Dama res- Graciosa
Terceira
OESTE ESTE peitamo-la! Oeste, sem ouros para jo- Solução do Flores
S. Jorge 15º 20º
ƄQ Ƅ- gar, será obrigado a jogar copas (ou problema 9004 14º 18º
Ɔ Q62 Ɔ J98 paus, para corte e balda), e assim tere-
18º 18º
mos a entrada que nos faltava para apu- Pico
Ƈ2 Ƈ KQ1086
ƅ Q10876532 ƅ AKJ94 rar as copas! Ás de copas e copa corta- 1,5-2m
Faial
da, trunfo para o Ás e baldamos todos
os ouros perdentes da mão, cedendo 15º 19º
2-2,5m S. Miguel
SUL apenas um trunfo!
16º 20º
O golpe em branco com 12 cartas em li-
Ponta
Ƅ KJ1098765 nha é algo muito raro de se ver. 18º Delgada
ƆK 1-1,5m
Ƈ J954 Considere o seguinte leilão:
Madeira Sta Maria
ƅ-
Oeste Norte Este Sul
1Ƅ Porto Santo
X Problema
Oeste Norte Este Sul 1ST passo 2Ƅ X? 17º 22º
9007 20º
1Ƈ 4Ƅ
passo 6Ƅ Todos passam O que significa o último dobre nesta Dificuldade:
sequência?
Difícil Funchal
2-2,5m
Leilão: Qualquer forma de Bridge. 1-1,5m
20º 19º 26º
Quando existem distribuições extrava- Resposta: Um segundo dobre, tendo o
gantes, este tipo de leilão é normal. primeiro sido de chamada, serve essen-
cialmente para mostrar um mão forte e Sol Lua Cheia
Carteio: Saída: 2Ƈ. Qual a melhor forma de distribuição semelhante à que já ha-
via prometido com o dobre de chamada Nascente 06h24
de jogar este cheleme? Poente 20h43
(curto a espadas e tolerância para qual- Solução do 18 Mai. 22h11
Solução: A saída dá-nos a primeira pista
para este jogo: é um singleton. Outro quer um dos naipes não falados). A for- problema 9005
ça será de pelo menos 17 pontos de fi-
facto que é inequívoco: a saída destrói
uma entrada vital do morto. Depois de gura. Marés
desbloquearmos o Rei de copas, só nos Leixões Cascais Faro
resta o Ás de espadas como entrada no
morto, que permitirá apenas o encaixe
Preia-mar 01h39 3,4 01h15 3,4 01h23 3,3
do Ás de copas para a balda de um ouro
da mão. Será que a nossa única chance 14h09 3,4 13h45 3,4 13h53 3,3
para este cheleme é encontrar a Dama e Baixa-mar 07h57 0,7 07h31 0,9 07h27 0,7
o Valete de copas secos?
Se as copas estiverem 3-3 e se Oeste ti- 20h16 0,7 19h50 0,9 19h46 0,7
ver a Dama e o Valete de copas, pode- João Fanha/Pedro Morbey
mos ainda jogar uma terceira volta de (bridgepublico@gmail.com) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com Fonte: www.AccuWeather.com
44 • Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019
DESPORTO
Portugal no “top 5” dos que mais
recrutam jogadores estrangeiros
A origem predominante dos futebolistas que chegam aos clubes nacionais é o Brasil, segundo estudo do
Observatório do Futebol. I Liga é o campeonato com terceira média mais alta de estrangeiros por equipa
Futebol
Tiago Pimentel
Os clubes portugueses continuam a
recorrer a futebolistas estrangeiros
em grande quantidade, com a I Liga
nacional a surgir em terceiro lugar
— apenas atrás dos campeonatos
cipriota e italiano — na lista das com-
petições com médias mais elevadas
de expatriados por clube. Num con-
junto de 147 competições de 98 paí-
ses analisadas pelo Observatório de
Futebol do Centro Internacional de
Estudos Desportivos (CIES), a rota
migratória Brasil-Portugal destacou-
se — tal como já havia sido apontado
pelo Relatório Anual do Mercado
Global de Transferências da FIFA,
relativo a 2018.
O campeonato português surge
destacado no ranking de competi-
ções com médias mais elevadas de
estrangeiros por clube: é, na presen-
te temporada, o terceiro em que
mais se recorre a estrangeiros, com
uma média de 16 por equipa. Só a
Liga italiana (média de 16,1 por clu-
be) e o campeonato de Chipre (média
de 17,5 por clube) superam a I Liga.
A Premier League surge na sexta
posição, com uma média de 15,2
estrangeiros por equipa. O segundo
escalão do futebol português falha
por pouco o “top 10”: ocupa o 11.º
lugar na lista, com uma média de 12,2
futebolistas estrangeiros por clube.
Uma grande parte dos estrangei-
ros que integram as equipas portu-
guesas será constituída por futebo-
listas brasileiros. As transferências
do Brasil para Portugal foram, de
longe, o movimento mais frequente
na presente temporada: 261 jogado-
res atravessaram o Atlântico, mais do
dobro relativamente à segunda rota
migratória mais frequente detectada
pelo estudo, a de jogadores argenti-
nos para o Chile (116).
Em termos absolutos, nos 2351
clubes que o estudo analisou em 98
das 211 associações que integram a
FIFA, o Brasil é o principal exporta-
dor de talento futebolístico, conÆr-
mando a tendência de crescimento
de anos anteriores. Na presente tem-
porada o Observatório do Futebol
detectou a presença de jogadores
JOSÉ COELHO/EPA
Maiores exportadores oriundos do Brasil em 85 das 98 asso-
de futebolistas ciações analisadas, num total de
1 Brasil 1330
1330. Há um ano, no estudo relativo
a 2017-18, o número de brasileiros a
2 França 867 jogar noutros países era 1236. E os
3 Argentina dados da época anterior a essa colo-
820
cavam esse número em 1202.
4 Sérvia 458 Para além de ter sido esta época o
5 Inglaterra 431 principal abastecedor das equipas
portuguesas, com 261 futebolistas
contratados, o Brasil também é o
13 Portugal 279 mercado preferido dos clubes japo-
neses (69), italianos (65) ou sauditas
(40). O campo de recrutamento favo-
Maiores importadores
rito das equipas inglesas foi, nesta
de futebolistas temporada, a França (87 jogadores),
enquanto os clubes espanhóis recor-
1 Inglaterra 728
reram preferencialmente aos futebo-
2 Itália 636 listas argentinos (66).
3 EUA 575 “A mobilidade internacional de
4 Espanha futebolistas tem tido um crescimen-
516 to constante ao longo dos anos. O
5 Portugal 508 número total de jogadores estrangei-
ros aumentou 5% em comparação
Competições com média com 2018. Os imigrantes represen-
mais elevada de estrangeiros tam cerca de um quinto do número
por clube total de futebolistas no activo nas
competições analisadas. Esta per-
1 I Liga cipriota 17,5 centagem sobe para 26% nos cam-
peonatos dos países que integram a
2 I Liga italiana 16,1
UEFA”, sublinham os autores do
3 I Liga portuguesa 16 estudo.
4 I Liga turca 15,7 A Inglaterra destacou-se como o
principal país importador, com 728
5 I Liga belga 15,4
futebolistas recrutados noutros paí-
ses (dos quais 139 nas outras nações
13 II Liga portuguesa 12,2 britânicas) — excluindo estes últimos,
seria a Itália (636 estrangeiros con-
tratados) a ocupar o topo deste
Principais rotas migratórias ranking. O futebol dos EUA (575)
de futebolistas completa o pódio, com Portugal a
surgir no “top 5” com 508 contrata-
Brasil 261 Portugal ções de jogadores imigrantes.
Em sentido contrário, são 279 os
jogadores portugueses a actuar no
Argentina 116 Chile estrangeiro. Segundo o Atlas das
Migrações que o Observatório do
Futebol também apresentou, há
Inglaterra 113 Escócia
futebolistas nascidos em Portugal a
jogar em clubes de 47 das 98 associa-
Inglaterra 92 País de Gales ções analisadas. Espanha foi o desti-
no preferido dos portugueses que
decidiram emigrar, com 31 casos
Argentina 87 México (mais de 11%). No topo das opções
dos jogadores lusos que saíram de
Portugal estão ainda a Inglaterra (27)
França 87 Inglaterra e Itália e Roménia (21 cada).
Fonte: Observatório de Futebol do CIES PÚBLICO
Éder Militão foi uma das grandes contratações da presente época tiago.pimentel@publico.pt

Ackermann
vence no “adeus”
de Tom Dumoulin
à Volta a Itália
Ciclismo
Diogo Cardoso Oliveira
O ciclista holandês caiu na
etapa quatro e desistiu já
durante a tirada de ontem.
O Giro fica, assim, sem um
dos favoritos à vitória final
Não haverá, certamente, Tom
Dumoulin vestido de rosa no final da
Volta a Itália. O holandês — apontado
como grande candidato à vitória final
— desistiu ontem da prova, já duran-
te a quinta etapa, depois de uma
queda na tirada anterior lhe ter dei-
xado marcas no joelho.
Já sem Dumoulin no pelotão, o
triunfo na chegada a Terracina caiu
para Pascal Ackermann (BORA), que
bateu, ao sprint, o colombiano Fer-
nando Gaviria (UAE) e o francês
Arnaud Démare (Groupama).
Esta etapa, corrida sob condições
meteorológicas difíceis — algum ven-
to e muita chuva —, acabou por não
trazer problemas aos principais can-
didatos à vitória final, já que a orga-
nização da prova decidiu que, para
efeitos de classificação geral, os tem-
pos seriam registados na primeira
passagem pela meta. Na segunda,
seria decidido o vencedor da etapa,
mas já sem tempos em discussão.
Antes disso, a história que há a
contar é a de uma fuga desde cedo
condenada ao fracasso. Seis ciclistas
escaparam logo ao quilómetro dois,
mas nenhum estava sequer perto da
liderança da prova.
A fuga ainda chegou a ter cerca de
dois minutos de vantagem, uma dife-
Ackermann bateu Gaviria e Démare ao sprint
CLASSIFICAÇÃO
5.ª ETAPA
1.º Pascal Ackermann (BORA) 3h15m44s
2.º Fernando Gaviria (UAE) m.t.
3.º Arnaud Démare (Groupama) m.t.
(...)
96.º Amaro Antunes (CCC) m.t.
GERAL
1.º Primoz Roglic (Jumbo) 19h35m04s
2.º Simon Yates (Mitchelton-Scott) a 35s
3.º Vicenzo Nibali (Bahrain-Merida) a 39s
(...)
44.º Amaro Antunes (CCC) a 3m43s
rença sempre mantida debaixo de
olho pelo pelotão, que neutralizou
os fugitivos a 23 quilómetros da
meta.
Já com muitos ciclistas a rolar tran-
quilamente, a última passagem pela
meta deu um sprint equilibrado
entre Gaviria e Ackermann. Foi mais
forte o alemão, que somou a sua
segunda vitória neste Giro.
O português Amaro Antunes che-
gou no pelotão e manteve a posição
no top-50, numa classificação geral
ainda liderada por Primoz Roglic.
Hoje, a sexta tirada traz um leque
alargado de possibilidades para o
desfecho. Os primeiros 200 quiló-
metros são planos, perfeitos para
permitir a uma fuga ganhar uma
vantagem decisiva, mas também
pode dar-se o caso de uma aproxi-
mação em pelotão compacto per-
mitir a alguns bons finalizadores e
puncheurs atacarem a subida que
termina a cerca de 15 quilómetros
da meta.
diogo.oliveira@publico.pt
ALESSANDRO DI MEO/EPA
A festa do título, ainda no estádio do De Graafschap
Cinco anos depois,
o Ajax voltou a
sagrar-se campeão
Futebol
Nuno Sousa
Equipa de Amesterdão
alcançou o 34.º título
do seu historial, com um
triunfo que tem também
um travo a despedida
Um ponto bastava ao Ajax para che-
gar ao 34.º título holandês, sem pre-
cisar de olhar para trás, mas a equi-
pa-sensação da Liga dos Campeões
fez mais do que isso. Em casa do De
Graafschap, na última jornada, ven-
ceu por 1-4, terminou a Eredivisie
com três pontos de avanço sobre o
PSV e sagrou-se campeã cinco anos
depois da última conquista.
No Estádio De Vijverberg, Lasse
Schone inaugurou o marcador aos
37’, deixando a equipa de Amester-
dão confortável nas contas — o PSV
ainda sonhava com o primeiro lugar,
mas precisava de conjugar um triun-
fo com uma derrota do rival. Youssef
El Jebli repôs a igualdade três minu-
tos depois, mas a sede de vitória do
Ajax era grande e o lateral TagliaÆco
voltou a colocar os visitantes em van-
tagem, em cima do intervalo.
Depois de ter recentemente con-
quistado a Taça da Holanda, ao
bater o Willem II por 0-4, o Ajax,
que honrou a herança do passado,
estava embalado para desapossar
o PSV do título. Até porque, por essa
altura, o rival estava empatado
em Eindhoven, diante do Heracles
(1-1), e por isso cada vez mais longe
de poder renovar o ceptro.
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 45
OLAF KRAAK/EPA
É verdade que os comandados de
Mark van Bommel haveriam de saltar
para a frente do marcador, com um
golo de Nick Viergever, logo aos 48’,
mas o triunfo (por 3-1, depois de um
último golo de Donyell Malen) reve-
lar-se-ia insuÆciente para evitar a
passagem de testemunho. Em Doe-
tinchem, cidade-sede do De
Graafschap com pouco mais de 55
mil habitantes, o Ajax não deixou
fugir o triunfo, tendo ainda ampliado
o marcador com um bis de Tadic,
primeiro de grande penalidade (67’),
depois com um remate colocado já
dentro da área (87’).
A festa estender-se-ia às ruas de
Amesterdão, naturalmente, e não
seria apenas uma festa de reconhe-
cimento pelo título. Seria um
momento de despedida para algu-
mas das pérolas que nesta tempora-
da surpreenderam a Europa do fute-
bol. Frenkie de Jong já assinou pelo
Barcelona e talentos como Matthijs
de Ligt e Donny van de Beek têm
várias ofertas em carteira. Ainda a
darem os primeiros passos de carrei-
ras altamente promissoras, quando
saírem, saem com títulos no bolso.
Agora com 34 campeonatos no
palmarés, o Ajax, desde 2017 orien-
tada por Erik ten Hag, passa a somar
mais dez do que o PSV. E volta a fes-
tejar um título no dia 15 de Maio, tal
como acontecera, pela última vez,
em 2011. E tal como sucedeu também
em 1982, num jogo com o AZ em que
os adeptos invadiram o campo para
festejar com os jogadores, um dos
quais a lenda Johan Cruyè.
nsousa@publico.pt
DESPORTO
Alemanha
veta projecto
de alteração
à Champions
Futebol
Os 36 clubes das Ligas de futebol
proÆssional alemãs opõem-se por
unanimidade aos projetos de alte-
ração do formato da Liga dos Cam-
peões que têm sido discutidos nos
últimos meses, anunciou ontem o
organismo que rege as competições
proÆssionais germânicas.
“O conceito que a Associação
Europeia de clubes (ECA) tem
actualmente em discussão teria con-
sequências inaceitáveis nas Ligas
nacionais. Não pode ser aplicado
desta forma”, refere um comunica-
do da Liga Alemã de Futebol (DFL),
publicado no Ænal de uma assem-
bleia geral do organismo.
A proposta da ECA, apoiada
pela UEFA, prevê a alteração do
modelo da actual Liga dos Cam-
peões, que manteria as 32 equipas
que têm competido na fase de
grupos, mas substituiria os actuais
oito grupos de quatro por quatro
grupos de oito.
“O conceito que
a ECA tem em
discussão teria
consequências
inaceitáveis nas
Ligas nacionais”,
aponta Seifert
Este modelo permitiria a todas as
equipas realizarem um mínimo de
14 jogos, sete em casa e sete fora,
sendo despromovidas quatro delas
no Ænal de cada época e substituídas
por outras tantas.
A DFL está preocupada com a
diÆculdade de gerir os calendários
das competições nacionais, que
considera “estarem em perigo”,
caso a proposta seja aprovada. A
esse respeito, o presidente da DFL,
Christian Seifert, disse estar conven-
cido de que a UEFA e o seu presi-
dente, Aleksander Ceferin, vão
reconhecer a importância das Ligas
nacionais e conduzir o processo de
reformulação da competição com
clarividência.
“Não podemos permitir que os
tradicionais campeonatos em todo
o continente vejam ser afectada a
sua capacidade de atrair milhões de
pessoas”, prosseguiu Seifert, consi-
derando que a mudança preconiza-
da pela ECA retiraria relevância às
competições domésticas.

Breves
Futebol
Jesús Corona fora
dos convocados
ISSEI KATO/REUTERS
para a Gold Cup
O extremo Jesús Corona, do
FC Porto, vai falhar a Gold Cup,
a prova continental da
CONCACAF (América do Norte,
Central e Caraíbas), após ter
ficado de fora da
pré-convocatória do México,
anunciada ontem pelo
seleccionador Gerardo Martino.
Quem também não foi
seleccionado para o torneio foi
Herrera, que pediu escusa da
selecção para definir o futuro.
Andebol
Quintana prolonga
até 2023 vínculo
com o FC Porto
Alfredo Quintana, guarda-redes
luso-cubano do FC Porto,
renovou contrato com os
“dragões” até 2023. “Tem um
significado muito grande poder
continuar a representar o clube
que me abriu a porta, tanto de
Portugal como da Europa.
Penso que vai ser bom para as
duas partes”, referiu o atleta
de 31 anos, que aponta o
campeonato nacional como o
principal objectivo da época.
Automobilismo
Rally Cup Ibérica
com 15 pilotos
no Rali de Portugal
A Rally Cup Ibérica vai ter 15
pilotos na lista de participantes
da edição deste ano do Rali de
Portugal. O troféu da Peugeot,
que se realiza em Portugal e
Espanha, tem vindo a crescer
em número de inscritos,
servindo como montra para
jovens talentos. “Estamos a
formar a melhor geração de
jovens pilotos ibéricos, usando
um carro muito competitivo”,
frisou José Pedro Fontes,
membro da organização.
Taekwondo Bronze para Rui Bragança nos Mundiais
Rui Bragança conquistou ontem
a medalha de bronze nos
Mundiais de taekwondo, ao
perder frente ao mexicano
Brandon Hernández, nas
meias-Ænais da prova, em
Manchester, Inglaterra. O atleta
português, 10.º do ranking
mundial, perdeu a possibilidade
de disputar a medalha de ouro,
Público • Quinta-feira, 16 de Maio de 2019 • 47
DESPORTO
O encontro
e entre João Sousa
e Roger
R Federer, no Masters
1000 de Roma, foi adiado
10
para as 11h30 de hoje e terá
pa
lugar no campo Centrale
lug
Ténis
Lisboa Belém Open
já não tem jogadores
portugueses
Os três jogadores portugueses
que ainda disputavam o quadro
de singulares do Lisboa Belém
Open foram eliminados na
segunda ronda. Num dia em
que era aguardada a entrada em
acção de Pedro Sousa, o quarto
cabeça de série anunciou a sua
desistência, tendo entrado para
o seu lugar o português Luís
Faria, na qualidade de “lucky
loser”, que perdeu frente ao
italiano Roberto Marcora (190.º)
por 6-1 e 6-2, em 54 minutos.
Vencedor do challenger de
Braga, João Domingues (163.º)
acabou derrotado frente ao
espanhol Mario Vilella Martínez
(260.º), por 6-3 e 6-4, em
1h23m, enquanto Frederico
Silva (326.º) também cedeu
diante do espanhol Pedro
Martínez (143.º), com os
parciais de 6-3 e 6-4, em 1h39m.
Voleibol
Wohlfahrtstätter
renova contrato
com o Benfica
O internacional austríaco Peter
Wohlfahrtstätter renovou
contrato com o Benfica e vai
continuar a fazer parte da equipa
de voleibol dos “encarnados”.
“Estou feliz com o clube. Acredito
que posso melhorar as minhas
capacidades com a ajuda do
Marcel [Matz] e dos meus
ao ser derrotado pelo 17.º da colegas”, assinalou o central,
hierarquia por 16-13. Esta foi a depois de uma época em que
segunda medalha de Rui ajudou as “águias” a ganharem
Bragança em Mundiais, depois a Supertaça, a Taça de Portugal
da prata conquistada em 2011. e o Campeonato nacional.
Quinta-feira, 16 de Maio de 2019

BARTOON LUÍS AFONSO

O RESPEITINHO NÃO É BONITO

O miserável estado da Cultura em Portugal

RUI GAUDÊNCIO
prometeu dar a Augusto M. Seabra e Costa são duas pessoas de que o
a Vasco Pulido Valente; Luís Filipe país se deveria orgulhar pela
Castro Mendes passou pelo paixão que devotam à área em que
ministério com a leveza de um trabalham e pela sua indiscutível
soneto bucólico; e Graça Fonseca competência. Vale a pena
pode ser uma técnica comparar os dois artigos.
João Miguel Tavares

A
direita em Portugal tem a
fama — e o proveito — de não
dedicar a devida atenção à
Cultura, e de estar
convencida de que os
dinheiros públicos da área só
são bem gastos se forem usados
para a preservação do património.
Esta visão míope do que deve ser
uma política cultural tem como
consequência uma postura Ælisteia
que é desprezada por praticamente
todo o sector, e com bons
argumentos. É por isso que António
Costa, ao contrário de Rui Rio,
consegue encher o Mercado da
Ribeira com centenas de artistas
felizes e ululantes, como aconteceu
em Julho de 2014, quando
prometeu que a Cultura iria ter de
volta o seu ministério, desaparecido
nos tempos de Passos Coelho.
Passados cinco anos, a Cultura,
de facto, recebeu de volta o seu
ministério — mas não recebeu mais
do que isso. O ministro João Soares
não teve tempo para aquecer o
lugar, graças às bofetadas que
competentíssima, mas percebe Um queixa-se do “abandono do
tanto de Cultura como eu percebo Estado”; o outro diz que “a
de bilhar às três tabelas. Os Cinemateca foi esquecida”. Um
resultados estão à vista: a Cultura declara que nem sequer consegue
portuguesa está tão comatosa como Æcar com as receitas da bilheteira e
nos tempos da troika, e o sector só da loja (vão todas para o
está calado por preconceito ministério); o outro fala em
ideológico — Costa e a “geringonça” “inferno burocrático” e garante
são de esquerda, a esquerda é que se tivesse “liberdade
suposto ser amiga da Cultura, administrativa” para vender
donde, apesar de não mexerem “serviços com agilidade” poderia
uma palha (tal como os outros), ter “uma actividade sustentável”.
sempre combinam melhor com o Ambos pedem o mesmo, e não é
mobiliário do Palácio da Ajuda. mais dinheiro – é apenas mais
E, no entanto, uma política — mas que não podem, devido ao autonomia para obter receitas e
cultural de direita era possível, se estrangulamento das cativações e à poder desenvolver as suas
começasse por proporcionar absoluta dependência de uma instituições. Sejamos claros: é um
aquilo que algumas das melhores orgânica burocrática que asÆxia escândalo que o Estado não
pessoas que trabalham no sector toda a ambição. consiga dar uma resposta a estas
reclamam há anos sem Æm: No passado Æm-de-semana, o
autonomia. Apesar de o país
Passados cinco anos, director do Museu Nacional de Arte
pessoas. E é uma absoluta tragédia
que elas acabem por desistir,
precisar de bons quadros nesta a Cultura, de facto, Antiga (MNAA), António Pimentel cansadas de anos e anos de lutas
área como de pão para a boca,
aquilo a que se assiste é a um
recebeu de volta — que, já desesperado, abandona o
cargo no próximo mês —, deu uma
inglórias, para depois acabarem
por ser substituídas por pessoas
confrangedor desprezo pelo o seu ministério entrevista ao El País sobre o estado muito menos competentes, apenas
talento, e a um verdadeiro – mas não recebeu do MNAA. Por seu lado, José porque sabem estar muito mais
incómodo em relação a todos Manuel Costa, director da caladas.
aqueles que têm a coragem de mais do que isso Cinemateca Portuguesa, deu uma
fazer ouvir a sua voz, em defesa do entrevista ao Expresso sobre o Jornalista
trabalho que gostariam de realizar estado da Cinemateca. Pimentel e jmtavares@outlook.com

Esta informação não dispensa a

consulta da lista oficial de prémios Totoloto 11 13 20 32 44 13 1.º Prémio
1.100.000€
Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: Cláudia Azevedo, Cristina Soares E-mail publico@publico.
2477640C-F78C-48F5-9AD7-306480D5B759
pt Estatuto Editorial publico.pt/nos/estatuto-editorial Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Redacção
210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Rua Júlio Dinis, n.º270, Bloco A, 3.º, 4050-318 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição
226151011 Madeira Telef.: 963388260 e/ou 291639102 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €4.050.000,00. Detentor de
100% de capital: Sonaecom, SGPS, S.A. Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes
Gráficas, SA, Estrada Consiglieri Pedroso, 90, Queluz de Baixo, 2730-053 Barcarena. Telf.: 214345400 Distribuição VASP – Distribuidora de Publicações, SA, Quinta do Grajal - Venda Seca,
2739-511 Agualva Cacém, Telef.: 214 337 000 Fax : 214 337 009 e-mail: geral@vasp.pt Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Abril 30.148 exemplares Membro da APCT

PUBLICIDADE

CONHEÇA NOVAS FORMAS DE TER

ACESSO A TODOS OS CONTEÚDOS
A Assine o Público
e escolha um
aponte para aqui a câmara ou aplicação
do seu telefone e carregue no link que aparece
OU CONTACTE-NOS
publico.pt/assinaturas | assinaturas@publico.pt
808 200 095 (DIAS ÚTEIS DAS 9H ÀS 18H)
mundo melhor
2477640c-f78c-48f5-9ad7-306480d5b759