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Newton Goulart Graça (1); Vanessa Elizabeth dos Santos Borges (1); Henry Silvério Mendes (1);
Reynaldo Machado Bittencourt (1); Elizabeth Leopoldina Batista (1); Rubens Machado Bittencourt (1).
Resumo
O CCR foi lançado pelo método rampado pela primeira vez no Brasil na construção da barragem da UHE
Lajeado. A partir daí, partiu-se para um extenso estudo com o objetivo de validar científica e
tecnologicamente esta metodologia, o que foi feito no Laboratório de Furnas em Goiânia, e cujos resultados
são apresentados neste trabalho.
Além dos estudos com o CCR rampado, faz-se uma comparação entre a metodologia tradicional, em
camadas horizontais, e a nova metodologia rampada.
Este estudo foi feito em corpos de prova cortados dos testemunhos extraídos das pistas experimentais e
também de corpos de prova moldados em laboratório, tendo sido estudadas propriedades mecânicas e
propriedades relacionadas com a durabilidade, e refere-se a um dos temas abordados na Dissertação de
Mestrado de GRAÇA (2005).
Abstract
The first Brazilian experience for RCC using sloped layered method (SLM) was carried out during the
construction of Lajeado dam. Since then, an extensive research aiming to validate scientific and
technologically this methodology was made at FURNAS Laboratory, in Goiânia, Brazil, whose results are
presented in this paper.
Besides the studies with the CCR SLM, it is made a comparison among the traditional methodology, in
horizontal layers, with the new methodology SLM.
This study was made both in cores extracted from full scale trails and molded speciments in laboratory,
where have been studied mechanical properties and properties related with the durability, and it refers to one
of the themes approached in the Graça Master's degree (2005).
1. Introdução
Muitos autores têm feito uma abordagem ampla sobre o histórico da evolução do CCR em
barragens ANDRIOLO (1998), DUNSTAN (2003), NAGAYAMA & JIKAN (2003) BATISTA
(2004), entre outros. Por esta razão, far-se-á apenas referência ao objetivo principal deste
trabalho, onde será abordada a questão do método rampado (GRAÇA et al., 2003; ZHIDA
et al., 1999; FORBES, 2003), com uma comparação direta de desempenho com o método
tradicional horizontal, e dentre as principais características de uma barragem de CCR
executada por este método rampado, o estudo das juntas de construção entre camadas
onde será avaliado o comportamento destas mediante diferentes tempos de exposição,
ou seja, a sua maturidade, uma vez que, pelo método rampado, preconiza-se o não
tratamento das juntas de construção.
2m
Substrato
Camada de CCR
Argamassa de Ligação
O método utiliza uma camada de CCR executada em rampa com altura variável entre
1,80 m a 3,00 m, com sub-camadas de 30 cm a 35 cm de altura. As sub-camadas são
conseqüentemente executadas em rampa cuja declividade pode variar de 7% a 10%, o
que resulta em uma superfície de exposição reduzida, possibilitando assim a cobertura
completa da frente de concretagem em no máximo 4 horas, tornando desnecessária a
aplicação da argamassa de ligação entre sub-camadas (BATISTA et al., 2001). “[...] por
este método, uma ligação muito boa é obtida entre camadas [...] o que ficou comprovado
através de testemunhos de até 6,67m de comprimento retirados do maciço da barragem
[...]” (FORBES et al., 1999).
GRAÇA et al. (2003) ainda indicam que a aplicação da argamassa de ligação somente é
necessária no trecho da camada rampada em contato com a camada anterior de 2,00 m,
conforme mostrado na Figura 2. A fotografia da Figura 3 mostra o lançamento o
lançamento e a compactação do CCR em rampa.
2m
Substrato ou Camada
Anterior
Camada de CCR
Argamassa de Ligação
Linha do Topo da Fôrma
Figura 2 - Método Rampado (BATISTA et al., Figura 3 - Lançamento e Compactação do
2001) CCR em Rampa (BATISTA et al., 2001)
Outro aspecto importante, segundo GRAÇA et al. (2003), é que com o avanço das sub-
camadas rampadas, a altura total das fôrmas é rapidamente atingida, o que possibilita a
antecipação no seu alteamento, o que é feito com empilhadeira ou guindaste. Antes do
lançamento do CCR, o CCV de face é lançado com caminhão betoneira, acompanhando
a geometria da rampa.
No método tradicional a forma do paramento de montante pode ter altura variável, mas
geralmente é de 2,00 m, sendo seu alteamento feito somente quando se executa o
número de camadas para atingi-la. A fôrma de jusante tem variado a altura entre 0,30 m
a 0,90 m (mais utilizadas). No método Rampado, o alteamento das fôrmas é antecipado
e inicia-se antes da conclusão da camada de 2 m (BATISTA et al., 2001). Na barragem
Jiangya, a altura das fôrmas foi de 3,00m (CHANGQUAN et al., 1999).
Este método foi divulgado no Simpósio Internacional de Barragens de CCR, realizado em
Chengdu - China, em Abril de 1999 sob a denominação “HASLC - The Horizontally
Advancing Sloped Layer Construction of RCC” (FORBES et al., 1999; CHANGQUAN et
al., 1999).
No que diz respeito às juntas de construção, SCHRADER (2003 -1/97) destaca a
importância da aderência das juntas entre camadas, especialmente sua resistência à
tração frente a cargas sísmicas, sua coesão frente a deslizamentos e sua
impermeabilidade. Relata que, na experiência norte-americana, o lançamento de 5
camadas em um mesmo dia resulta em boa aderência das juntas entre elas, para o caso
de barragens executadas em clima frio e quando uma pozolana é utilizada. Com relação a
resistência à tração das juntas, este mesmo autor informa que para CCR com baixo teor
de cimento e consistência seca (VeBe > 25 s), a resistência à tração das juntas tende a
valores entre 30% e 80% da do mesmo CCR, algo em torno de 0,003 MPa a 0,006 MPa
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Onde:
MF = Fator de Maturidade, em oC x h;
T(h) = Tempo de exposição da junta após a compactação, em horas;
t(oC) = Temperatura, em oC.
Embora este fator tenha sido estipulado inicialmente entre 150 – 250 oC x h, atualmente
tem variado entre 80 e 300 oC x h, sendo os valores maiores aplicados quando se utiliza
aditivo retardador de pega na dosagem.
ANADÓN (2003) relata não haver registros de Fator de Maturidade para dosagens de
CCR com baixo teor de pasta, embora haja prescrições de tratamentos das juntas para
diferentes tempos de exposição, mas que sempre incluem a aplicação da argamassa de
ligação.
A grande diferença na ligação entre o CCR com alto teor de pasta e o com baixo teor de
pasta é que no segundo, não há pasta em excesso de modo a criar seu próprio elemento
de ligação entre as camadas, e por isso é necessário o emprego da argamassa de
ligação.
GONZÁLES (1998 – Tesis Doctoral) realizou um estudo onde estabeleceu uma
correlação entre a qualidade das juntas e o estado de endurecimento do material da
camada inferior. Segundo ele, pode-se obter uma adequada correlação entre as
características físico-mecânicas das juntas com o tempo de exposição destas juntas e a
evolução com o tempo de pega e endurecimento do material da camada inferior
representada pela resistência à penetração. O ensaio de resistência à penetração é feito
com uma agulha 10mm de diâmetro que penetra na amostra a uma velocidade de 1 mm/s
e se mede a força necessária para se atingir a profundidade de penetração de 25mm na
amostra que foi deixada em cada período de exposição. Neste estudo, foi possível
identificar três períodos distintos de comportamento, tanto para a evolução das
características físico-mecânicas das juntas como para a evolução do endurecimento da
argamassa, cujos limites praticamente coincidem. Este fato permitiu comprovar a
capacidade de união de uma junta através da resistência à penetração do material da
camada inferior.
Baseado nestas considerações, foram estabelecidos 3 índices de qualidade de juntas:
Junta Quente (t < t1): a qualidade das juntas se mantém ou sofre uma pequena redução.
O período vai da origem até o primeiro ponto de inflexão da curva de resistência à
penetração;
Junta Morna (t1 < t < t2): a qualidade das juntas sofre uma pronunciada redução, sendo o
período compreendido entre os dois pontos de inflexão da curva de resistência à
penetração;
Junta Fria (t > t2): a qualidade das juntas sofre uma diminuição de 50%, mantendo-se
constante a partir do segundo ponto de inflexão da curva de resistência à penetração.
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Resistencia a la penetración
2700
Características de la junta
100
2400
Resistência à Penetração
Resistência à Tração na
2100
80
1800
Flexão (%)
(kg/cm 2)
60 1500
1200
40
900
% 60 días 600
20
R. Penetración 300
t1 t2
0 0
Tiempo de espera
0 6 12 18 24 30 36 42 48
Características de la junta Resistencia a la penetración
Tem po de espera (horas)
Figura 2.2. Índices de Qualidade de Juntas Figura 2.3. Evolução da Resistência à Tração (%)
(GONZÁLES, 1998) e da Resistência à Penetração da Argamassa de
CCR da camada inferior com o tempo de
exposição das juntas para uma temperatura de
o
20 C (GONZÁLES, 1998)
H: 65 %
1E-11 3000
2500
R. Penetración (kg/cm )
Permeabilidad al agua
2000
(m/s)
1E-10 1500
1000
Figura 2.4. Evolução da Permeabilidade das Juntas e da Resistência à Penetração (GONZÁLES, 1998)
100%
Resistencia a flexotracción (%)
90%
(% a las 48 horas) + 10 %
% a las 48 horas
0 t1 t2 48
Figura 2.5. Curvas de Resistência à Tração na Flexão utilizadas para estabelecer a comparação entre
diferentes valores de cada parâmetro (GONZÁLES, 1998)
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Com relação à questão de custos, uma comparação ampla foi feita por BATISTA et
al.(2001) em seu trabalho sobre a primeira aplicação de CCR no Brasil, na UHE Lajeado.
Os controles de custos daquela obra mostraram ter havido uma redução de US$ 14,39/m³
de CCR devidos exclusivamente à mudança do método de lançamento, considerando o
valor orçado e o realizado.
3. Materiais e Métodos
Para verificar os aspectos anteriormente abordados, e buscar uma correlação entre as
duas metodologias, foram moldadas pistas experimentais no Laboratório de FURNAS em
Goiânia, em escala de verdadeira grandeza, com lançamento e compactação executadas
pelo método horizontal e o rampado. Todos os concretos das pistas foram produzidos
com a mesma dosagem, tendo sido utilizado um cimento CP III com teor de 50% de
escória, agregados graúdos de Dmáx 50mm e 25mm e areia artificial contendo 12% de
agregado pulverizado, todos estes agregados produzidos a partir da britagem da rocha
granito, e um aditivo polifuncional. As principais características da dosagem são
mostradas na Tabela 3.1.
Tabela 3.1 – Composição da dosagem
fck (MPa) 6
Idade de Controle (dia) 90
Dmáx (mm) 50
Relação A/C 1,929
Cimento 70
Água 135
Areia Artificial sem Lavar 1125
(kg/m³)
Brita 25 mm 669
Brita 50 mm 447
Aditivo Superp.. Retar. Pega 1,050
Estas pistas foram executadas conforme desenho esquemático da Figura 3.1 (que mostra
também o plano de extração dos testemunhos, e fotos de seqüência executiva das
Figuras 3.2 a 3.4, para cada grau de compactação, tendo sido realizados ensaios para
determinação das propriedades do CCR no estado fresco e também para controle da
compactação, com o uso do densímetro nuclear. As propriedades determinadas no
estado fresco foram:
Concreto Compactado com Rolo (CCR) – Determinação do tempo de vibração
“Cannon Time” e massa específica – Procedimento FURNAS: 001.006.011;
Concreto Compactado com Rolo (CCR) – Determinação da água unitária massa
unitária no estado fresco – Procedimento FURNAS: 001.006.027.
PERSPECTIVA
Figura 3.3 – Compactação do CCR Figura 3.4 – Cura das Pistas de CCR
Para realização dos ensaios com concreto endurecido foram moldados corpos de prova
cilíndricos de 15cm x 30cm no ato da dosagem e após intervalo de 2 horas de espera
para compactação, intervalo este considerado como médio nas obras e que corresponde
ao tempo decorrido entre a mistura do CCR na central de concreto até o término de sua
compactação, passando por transporte, espalhamento e colocação de juntas plásticas de
contração. Após a idade de 150 dias foram ainda extraídos testemunhos também
cilíndricos de 15cm de diâmetro tantos quantos foi possível, conforme mostrado no croqui
da Figura 3.1 e fotos das Figuras 3.5 e 3.6.
Figura 3.5 – Extração dos testemunhos Figura 3.6 – Corpos de prova extraídos e serrados.
A orientação de extração dos testemunhos foi de tal forma que possibilitasse o estudo do
comportamento do CCR em camadas verticais, em camadas horizontais, em juntas
verticais e em juntas horizontais em função da condição em que se desejava para cada
uma das propriedades. Estes testemunhos foram então serrados em segmentos de 30cm
de comprimento para realização dos ensaios com concreto endurecido que foram:
Resistência à Compressão Axial Simples – NBR 5739/94 e Procedimento
FURNAS No 01.007.001 ;
Determinação da Resistência à Tração por Compressão Diametral em Corpos de
Prova Cilíndricos – Procedimento FURNAS No 01.007.002;
Determinação da Resistência à Tração Simples do Concreto Dispositivo Leroy -
Procedimento FURNAS No 01.007.011;
Concreto Endurecido – Determinação do Coeficiente de Permeabilidade à Água –
NBR 10786/89 e Procedimento FURNAS No 01.011.001;
Ensaio de Perda d´Água sob Pressão em Sondagem Rotativa – Procedimento
FURNAS No 03.011.001;
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Figura 4.3 – Comparação Horizontais x Rampadas – Resistência à Tração Simples – Análise Estatística
Cisalhamento Direto
1,400
1,200
1,000
Coesão (MPa)
0,800
0,600
0,400
0,200
0,000
Horizontal Rampada
Moldado Referência Moldado Após Intervalo Extraído Camada Vertical Extraído Junta Vertical
Cisalhamento Direto
55
50
Ângulo de Atrito ( º )
45
40
35
30
25
20
Horizontal Rampada
Moldado Referência Moldado Após Intervalo Extraído Camada Vertical Extraído Junta Vertical
Figura 5.1 – Resultados Estatísticos da RTS em função do tempo de exposição para Juntas Moldadas após
o Intervalo de Exposição (GRAÇA, 2005)
65
Ângulo de atrito ( º )
60
55
50
45
40
35
00:00 02:30 03:00 04:00 05:00 06:00 08:00
6 Considerações Finais
7 Referências Bibliográficas
ANDRIOLO, Francisco Rodrigues. The use of roller compacted concrete. São Paulo:
Oficina de Textos, 1998. 554 p.
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FORBES B, YANG L., TANG G., YANG K., Jiangya dam, China some interesting
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