Você está na página 1de 6

Os Cardoso de Figueiredo

(de Verride a Lisboa)

por Luís M. Cavaleiro Madeira

À Ana Margarida
e
à minha nova família.

Lisboa, Dezembro de 2014


OS CARDOSO DE FIGUEIREDO.

PREÂMBULO

INTRODUÇÃO

I. OS ANTEPASSADOS CRISTÃOS-NOVOS, DE VERRIDE

II. OS CARDOSO DE FIGUEIREDO, DE VERRIDE

III. JOÃO CARDOSO DE FIGUEIREDO E ELIZABETH MARY WILLS

IV. O IRMÃO / CUNHADO / TIO “JOSÉ CARLOS” WILLS

V. A “AVÓ” MARGARIDA

VI. NOTAS SOLTAS

BIBLIOGRAFIA
PREÂMBULO

O texto que se segue é um resumo de parte da pesquisa genealógica já feita aos


antepassados da Ana Margarida (e dos seus irmãos).

No que se refere às gerações mais recentes foram fundamentais as indicações dadas


pela mãe, Maria Antonieta – a quem agradeço a paciência.
Foi a Maria Antonieta quem me falou da tradição familiar segundo a qual a sua avó
paterna, a “avó Margarida”, descendia de uma senhora irlandesa de apelido “Wiltz”
que teria vindo para Portugal no séquito de uma rainha ou princesa inglesa.

Como não houve casamentos entre as Casas Reais Portuguesa e Inglesa desde D.ª
Catarina (filha de D. João IV), esta tradição familiar é improvável. As rainhas de
Portugal foram - desde D.ª Filipa de Lencastre - espanholas, francesas, italianas e
austríacas/alemãs. Mas houve, de facto, um séquito de “damas britânicas” e “senhoras
irlandesas” que veio para a Corte de Portugal. Foi, em Jan/1693, quando a D.ª Catarina
de Bragança regressou ao país após enviuvar de Carlos II. E foi um séquito que não
passou despercebido.
Trinta anos antes, ao chegar a Inglaterra, o séquito feminino da jovem princesa
portuguesa tinha sido alvo da chacota londrina (as aias portuguesas foram acusadas de
serem velhas, feias, orgulhosas, espartilhadas, etc.).
Ao contrário, quando regressou a Portugal, D.ª Catarina e o seu séquito chamaram a
atenção pela sua modernidade.
Nos anos que se seguiram, D.ª Catarina - que foi por duas vezes Regente de Portugal -
provocou algumas profundas mudanças na Corte, nomeadamente na forma de vestir
(seguindo a moda de Versalhes, em oposição ao trajar à castelhana) e no protocolo.

Conforme veremos mais à frente (no Capítulo III), a antepassada britânica existiu
mesmo. E era a própria mãe da “avó Margarida”! Esta trisavó britânica nasceu em
Lisboa no ano de 1835, filha de pais britânicos que também casaram em Lisboa.

(Curioso foi o facto de, durante a busca de dados sobre esta antepassada, ter-me
cruzado com um outro descendente da britânica que, na altura, ia um pouco mais
adiantado nesta pesquisa)

Tentei relacionar os pais britânicos com o séquito da rainha D.ª Catarina (que, para
além das senhoras acima referidas, era composto por médicos, eclesiásticos,
músicos…), mas não encontrei qualquer referência a uma família britânica cujos
apelidos coincidissem com os dos pais da “nossa” antepassada britânica.

A referida trisavó britânica casou com um Lisboeta com raízes em Verride, concelho de
Montemor-o-Velho (Capítulo III). Também aqui a minha pesquisa beneficiou do
trabalho já feito, e publicado no Geneall.net.pt, por vários outros pesquisadores.

Em Verride encontraremos (Capítulo I) alguns membros desta família que, em dois


períodos do séc. XVII, foram – talvez injustamente - perseguidos pela Inquisição por
denúncia de “Judaísmo”.

Lisboa, Dezembro de 2014


INTRODUÇÃO

A Bisavó Margarida (a quem é dedicado o Capítulo V) descende por via paterna


(“Figueiredo” e “Cardoso”) de famílias “com parte de Cristã-Nova” de Verride, em
Montemor-o-Velho, e por via materna (“Barker” e “Wills”) é britânica e anglicana.

{
4. Aires

{
2. Gonçalves
Arquimedes
Gonçalves
de
Pedro Magalhães 5. Efigénia
de
Ayres Magalhães
1. Macedo
Teresa Vera 12. Agostinho Marques
de Almeida
Ana 6.

{
Margarida António
Pedro 26. João

{
de Cardoso de

{
3. Maria Almeida Figueiredo
Antonieta
Ferreira 13. Margarida
de Cardoso de 27. Elizabeth
Almeida
Figueiredo Mary Wills
7. Branca
Emília
Ferreira

Os nossos “Cardoso de Figueiredo” vêm do casal António Cardoso e Teresa Maria de


Figueiredo, de Verride, que casaram em 1766.

208. António
Cardoso
104.Berardo
Cardoso de {
{
Figueiredo

{
52. Venâncio 209. Teresa
Cardoso de Maria de
Figueiredo
Figueiredo

{
26. João 105. Maria
Cardoso de Ferreira da
Figueiredo 53. Claudina Graça
Maria da
Piedade

27. Elizabeth
Mary Wills { 54. Joseph Wills

55. Mary Wills


(nee Barker)
Este ensaio tem como ponto de partida estes 6.º-avós [António Cardoso e Teresa
Maria de Figueiredo], de quem apenas sabemos o que está escrito nos registos
paroquiais de baptismo e de casamento dos próprios, e dos seus filhos.

. Recuando no tempo (Capítulo I) encontraremos muitos antepassados perseguidos


pela Inquisição por fama (isto é, por denúncia) de praticarem Judaísmo.

. Avançando para o presente (Capítulo II), encontraremos uma família que migra para
Lisboa, onde se estabelece no Bairro Alto e, depois, na Graça.

Assento paroquial de casamento de António Cardoso e Teresa Maria de Figueiredo, em Verde: “Aos vinte e
outo dias do mês de Dezembro de mil setecentos secenta e seis annos…” (28/Dez/1766)

Quando a Teresa e o António casaram (1766) reinava, desde 1750, Dom José I e era seu
Secretário de Estado do Reino o Marquês de Pombal. Eram, portanto, jovens quando
ocorreu o grande terramoto de 1755 que assolou Lisboa e o sul do País.

. Teresa Maria de Figueiredo era natural de Soure, freguesia de Alfarelos, filha de António de
Figueiredo (natural de Rio de Moinhos, Satão, bispado de Viseu) e de Helena Costa ou Ana Costa
(também de Alfarelos-Soure), que casaram em Alfarelos-Soure a 30/Maio/1723.

. António Cardoso era filho de João Francisco Cardoso (que nasceu em Quiaios, Figueira da Foz,
em 1704) e de Josefa dos Santos, que casaram em Verride a 9/Janeiro/1736.

No Capítulo I começaremos por esta Josefa dos Santos, de Verride. Conforme veremos, a
avó de Josefa, Maria de Faria (quadro seguinte), foi presa pelo Tribunal do Santo Ofício
(isto é, pela “Inquisição”) em 1669 e o processo contra ela decorreu ao longo de 14 anos.
{
416. João Francisco
Cardoso
834. Diogo Lopes

{ {
208. António
417. Josefa
Cardoso
dos Santos
835. Ana dos
Santos { 1670. António
Rodrigues Curado

1671. Maria de

{
418. António de
Figueiredo Faria
209 Teresa Mª 838. António Costa
de Figueiredo "Pancada"
419. Helena ou
Ana da Costa

{ 839. Isabel Correia "a


Festa"

É graças ao facto de a Maria de Faria e os seus antepassados terem sido apontados


como sendo ”parte de cristãos-novos” e acusados pela Inquisição de professarem a
religião judaica que encontrámos registos até aos 14.º avós (que viveram em 1500’s).

A Inquisição foi quase ominipotente durante os reis Filipes e todo o século dezassete.
Mas a partir daí o seu poderio foi, lentamente, diminuindo.
O Rei D. João IV (1640-1656) conseguiu iludir a confiscação com que quase sempre
eram sentenciados os que passavam pelo Santo Ofício, ordenando que os bens
confiscados aos condenados fossem outorgados às respectivas famílias.
Em 1773, o Marquês de Pombal acabou com a distinção entre cristãos-novos e
cristãos-velhos, passando todos a estar em pé de igualdade independemente dos seus
antepassados. Era, aliás, esta a disposição prevista nas leis do tempo de D. Manuel I e
de D. João III, que apenas foi alterada no reinado de D. Sebastião (quando era
inquisidor-mor o Cardeal D. Henrique).
O tenebroso tribunal só foi extincto pelas Cortes em 1821.

No Capítulo III falaremos do casal luso-britânico, seus pais e filhos. E no Capítulo IV


falaremos do irmão da antepassada britânica, que deixou um interessante “rasto”
documental pelos Estados Unidos.

Neste ensaio falaremos de uma pequena parte dos resultados das pesquisas já
efectuadas.
Haja engenho, arte… e tempo, para levar o resto do trabalho a bom porto.

Você também pode gostar