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pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_ator-rede
Teoria Ator-Rede (TAR) é uma corrente da pesquisa em teoria social que se originou na
área de estudos de ciência, tecnologia e sociedade na década de 1980 a partir dos estudos
de Michel Callon, Bruno Latour, Madelaine Akrich, entre outros.[1] A teoria também é
chamada a sociologia da tradução, um dos conceitos mais importantes utilizados pelos
autores fundadores. Este estudo sociológico tinha com objetivo de explicar o nascimento
dos factos científicos. A TAR é também utilizada para explicar novos paradigmas da
comunicação que passam a existir com a cultura contemporânea.
Ela trata da sociologia das associações, da tradução, da mobilidade entre seres e coisas e
confronta sociedade, ator e rede. Apesar de ser conhecida por sua controversa defesa de
uma agência dos elementos não humanos, também é associada a críticas tanto à sociologia
convencional quanto à sociologia crítica.
Na teoria ator rede, o ator é definido a partir do papel que desempenha, do quão ativo,
repercussivo é, e quanto efeito produz na sua rede, portanto, pode-se dizer que pessoas,
animais, coisas, objetos e instituições podem ser um ator[1]. Já a rede representa
interligações de conexões – nós – onde os atores estão envolvidos. A rede pode seguir para
qualquer lado ou direção e estabelecer conexões com atores que mostrem algumas
similaridade ou relação.
A teoria explica que, na cultura contemporânea, o atores não humanos (que podem ser um
dispositivo inteligente, como computadores, smartphones, sensores, wearables, servidores,
entre outros) e humanos agem mutuamente, interferem e influenciam o comportamento
um do outro, com a diferença que o não humano pode ser ajustado pelo o humano de
acordo com a sua necessidade. Por permitir a conexão entre outros não humanos e ter
como característica principal a inteligência, o não humano altera a ordem da vida humana,
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ditando o ritmo de se pensar e agir. Neste sentido, o não humano pode ser chamado de
mediador, à medida que estabelece a interação humana em todos os níveis sociais entre
humanos e media a relação destes com outros não humanos.
Os autores da teoria do ator-rede consideram que o desenvolvimento das ciências não vem
somente do espírito científico dos homens mas para muito graças ás inscrições.[7]
Seguindo Bruno Latour o trabalho do pesquisador é a produção de imagens. Ele vai criar
experiências para interrogar a natureza e obter respostas sobre as propriedades do
elemento investigado (por exemplo um feixe de íons sobre um material). Mas sozinho o
pesquisador não pode deduzir nada das propriedades; precisa gráficos, curvas,
fotografias...[8]
Essas imagens são analisadas, combinadas e traduzidas para obter a informação procurada.
A epistemologia clássica separa o mundo dos enunicados do mundo das coisas. A TAR, pelo
contrário, considera que os enunciados traduzem as coisas, que são um jeito de lhes
representar. A circulação dessas representações permite a acumulação das informações
provindo do inteiro mundo num lugar. Então o desenvolvimento das técnicas de inscrição
têm um papel essencial nas descobertas científicas. A impressão no século XV foi primordial
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para que os pesquisadores desse tempo houvessem acesso aos modelos já existentes.
Elizabeth Eisenstein considera por exemplo que Copernic não criou uma nova ciência,
rompendo séculos duma ciência normal, mas que ele forneceu um modelo sintetizando
todos os conhecimentos disponíveis nos livros do seu tempo.[9].
Várias críticas foram emitidas contra a teoria do ator-rede. No seu texto "Os limites da
simetria" Michel Grossetti expõe argumentos contra o princípio da simetria.[14] Segundo
Michel Grossetti os autores da TAR têm uma visão binário da sociologia. Para eles as
sociologias existentes são sociologias da sociedade, ou seja que consideram que tudo
ocorre segundo o contexto social. A TAR, pelo contrário, considera que o mundo é dinâmico
e não provem duma ordem social. O risco dessa posição, no inverso, é de considerar que
tudo é movimento e ignorar o que é fixo. [15]
Os objetos não-humanos sempre foram investigados nos estudos sociológicos. Mas nunca
foram denominados e reconhecidos como atores. A TAR confia uma legitimidade a esses
objetos. Mas implica também que os humanos e os não-humanos sejam considerados
iguais e no mesmo tempo rejeitem todas as teorias anteriores da sociologia. Essa rejeição é
equivalente á construção de um novo paradigma sociológico[16]
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A TAR subestima o papel da linguagem nas interações entre os atores, e em particular as
interações diretas que ocorrem entre os humanos. Eles não precisam absolutamente das
inscrições. A linguagem pode deixar recordações sem objeto material. Além disso parece
impossível avaliar relações entre os humanos e não-humanos do mesmo jeito que entre
seres humanos. Habitualmente são avaliadas em função da força dos laços, a frequência
das interações, a intimidade ou a intensidade emocional. Todos esses critérios não podem
ser aplicados para os não humanos, o que introduz uma assimetria entre humanos e
objetos[17].
Referências
1. ↑ a b LUNA FREIRE, Letícia.[1] Seguindo Bruno Latour: Notas para uma antropologia
simétrica]. IN: Comum. Rio de Janeiro, v.11, n. 26, p. 46-65, Janeiro-Julho, 2006.
2. ↑ LEMOS, André. [2] A comunicação das coisas: teoria ator-rede e cibercultura]. São
Paulo: Annablume, 2013.
3. ↑ LATOUR, Bruno. [3] Networks, Societies, Spheres – Reflections of an Actor-Network
Theorist] – Keynote Lecture, Annenberg School of Design, Seminar on Network
Theories, February 2010, published in the International Journal of Communication
special issue edited by Manuel Castells Vol 5, 2011, pp. 796-810
4. ↑ LATOUR, Bruno. "Jamais fomos modernos", Crise, 1.ed, editora 34, 1994, 152p,
trad.Carlos Irineu da Costa
5. ↑ .LATOUR, Bruno. [4] Seguindo Madeleine Akrich, Michel Callon et Bruno Latour:
Textes fondateurs]. Paris, Presse des Mines, 2006.
6. ↑ .LATOUR, Bruno. [5] Changer la société-refaire de la sociologie]. Paris, La
Découverte, 2006.
7. ↑ .LATOUR, Bruno. [6] « Les “vues” de l’esprit ». Seguindo Madeleine Akrich, Michel
Callon et Bruno Latour: Textes fondateurs]. Paris, Presse des Mines, 2006.
8. ↑ .CALLON, Michel. [7] «La sociologie de l'acteur réseau». , p. 267-276, páragrafo 6,
Seguindo Madeleine Akrich, Michel Callon et Bruno Latour: Textes fondateurs]. Paris,
Presse des Mines, 2006.
9. ↑ LATOUR, Bruno. [8] « Les “vues” de l’esprit ». Une introduction à l’anthropologie des
sciences des techniques, páragrafo 13, Bruno Latour p. 33-69, Seguindo Madeleine
Akrich, Michel Callon et Bruno Latour: Textes fondateurs]. Paris, Presse des Mines,
2006
10. ↑ LATOUR, Bruno. [9] « Les “vues” de l’esprit ». Une introduction à l’anthropologie des
sciences des techniques, páragrafo 48, Bruno Latour p. 33-69,Seguindo Madeleine
Akrich, Michel Callon et Bruno Latour: Textes fondateurs]. Paris, Presse des Mines,
2006.
11. ↑ .CALLON, Michel. [10] «La sociologie de l'acteur réseau». , páragrafo 10, Michel
Callon p. 267-276, Seguindo Madeleine Akrich, Michel Callon et Bruno Latour: Textes
fondateurs]. Paris, Presse des Mines, 2006.
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12. ↑ .Sheila Jasanoff. [11] « Learning from disaster »]. 336 pages, University of
Pennsylvania Press (1 abril 1994)
13. ↑ .CALLON, Michel. [12] «La sociologie de l'acteur réseau». , páragrafo 17, Michel
Callon p. 267-276, Seguindo Madeleine Akrich, Michel Callon et Bruno Latour: Textes
fondateurs]. Paris, Presse des Mines, 2006.
14. ↑ GROSSETTI, Michel. [13] «Les limites de la symétrie». , Michel Grossetti, À propos de
l’ouvrage de Bruno Latour Changer de société. Refaire de la Sociologie, Paris, La
Découverte, 2006.
15. ↑ GROSSETTI, Michel. [14] «Les limites de la symétrie». , Michel Grossetti, À propos de
l’ouvrage de Bruno Latour Changer de société.Parágrafo 6. Refaire de la Sociologie,
Paris, La Découverte, 2006.
16. ↑ GROSSETTI, Michel. [15] «Les limites de la symétrie». , Michel Grossetti, À propos de
l’ouvrage de Bruno Latour Changer de société. Parágrafo 13. Refaire de la Sociologie,
Paris, La Découverte, 2006.
17. ↑ GROSSETTI, Michel. [16] «Les limites de la symétrie». , Michel Grossetti, À propos de
l’ouvrage de Bruno Latour Changer de société. Parágrafo 14. Refaire de la Sociologie,
Paris, La Découverte, 2006.
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