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NIETZSCHE e
HEIDEGGER
Agnaldo Cu oco Portugal , UNB, Brasil
Ale xandre Franco Sá , Universidade de Coimbra, Portugal
Christian Iber , Alemanha
Claudio Goncalves de A lmeida , PUCRS, Brasil
Cleide Calgaro , UCS, Brasil
Danilo Marcon des Souza Filh o , PUCRJ, Brasil
Danilo Vaz C. R. M. Cost a , UNICAP/ PE, Brasil
Delamar José Volpato Dutra , UFSC, Brasil
Draiton Gonzaga de Souza , PUCRS, Brasil
Eduardo Luft , PUCRS, B rasil
Ernildo J acob Stein , PUCRS, Brasil
Felipe de Mat os Muller , PUCRS, Brasil
Jean -François Kervégan , Université Paris I, França
João F. Hobuss , UFPEL, Brasil
José Pinheiro Pertille , UFRGS, Brasil
Karl He inz Efken , UNICAP/ PE, Brasil
Konrad Utz , UFC, Brasi l
Lau ro V alentim St oll Nardi , UFRGS, Brasil
Marcia Andrea Bührin g , PUCRS, Brasil
Michae l Qu ante , Westfälische Wilhelms -Universität, Alemanha
Migule Giusti , PUC Lima, Peru
Norman Rolan d M adarasz , PUCRS, Brasil
Nythamar H. F. de Oliveira J r. , PUCRS, Brasil
Re ynner Fran co , Universidade de Salamanca, Espanha
Ricardo Timm de Souza , PUCRS, Brasil
Robe rt Bran dom , University of Pittsburgh, EUA
Robe rto Hof meister Pich , PUCRS, Brasil
Tarcílio Ciotta , UNIOESTE, Brasil
Thadeu Weber , PUCRS, Brasil
KIERKEGAARD,
NIETZSCHE e
HEIDEGGER:
O Pensamento
Contemporâneo e a
Crítica à Metafísica
Robson Costa Cordeiro
(Orgs.)
φ
Direção editorial: Agemir Bavaresco
Diagramação e capa: Lucas Fontella Margoni
Arte de capa: Victoria Siemer
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR
ISBN - 978-85-5696-064-1
1. Introdução
4. “Pathos” e “Engano”
5. “Tropos” e “Usus”
6. Conclusão
Referências
doença não lhe seja alheio, mas sirva para pôr à prova a sua
pessoa enquanto pensador. Não é por acaso que Nietzsche,
ainda no prólogo, escreve o seguinte: “sabemos agora para
onde o corpo doente, com a sua necessidade,
inconscientemente empurra, impele, atrai o espírito” (GC,
“Prólogo”, § 2º, p. 11).
Esta digressão acerca da doença e suas implicações
sobre o pensamento pode parecer mera elucubração, mas
tem consequências importantes para o pensamento de
Nietzsche. Como ele mesmo disse, a doença põe a prova
seu pensamento, permitindo-lhe considerar se, em toda a
filosofia...
até a pessoa mais nociva pode ser a mais útil, no que toca à
conservação da espécie; pois mantém em si ou, por sua
influência, em outras, impulsos sem os quais a humanidade
teria há muito se estiolado ou corrompido (GC, I, § 1º, p.
51).
Conclusão
Nota de Esclarecimento
Forma de citação:
Referências
5 Cf. Vom Wesen der Wahrheit, 1930, na primeira edição de 1943, p.16s.
80 | Kierkegaard, Nietzsche e Heidegger: o pensamento contemporâneo e a crítica à metafísica
Referências
Referências
II
III
IV
VI
VII
9 Hamlet, I, 4.
10 Cf. Nietzsche, Aurora, Prefácio, n. 5.
11 Cf. Nietzsche, Idem.
Robson Costa Cordeiro (Org.) | 137
12Cf. Nietzsche, F., Werke IV, Briefe (1861-1889), Carl Hanser Verlag,
Ulm, 1977, herausg. Karl Schlechta, pág. 879/880, Turin, den 14. April
1888.
140 | Kierkegaard, Nietzsche e Heidegger: o pensamento contemporâneo e a crítica à metafísica
vai dizer: “Aquele que aqui toma a palavra não fez até agora
outra coisa senão entrar, afundar em si (“sich besinnen”,
pensar-se, refletir-se), como um filósofo e um solitário por
instinto, que tem sua força no ser à parte, à margem, na
paciência, na demora, no recuo e no retrair-se...” De novo,
neste à parte, à margem, fora, distante ― nisso, mais uma
vez, está reivindicando seu lugar, sua pátria, sua paisagem ―
a metafísica... E, ratificando este “último” como fim e
como cumulação de caminho, vai ainda dizer de si mesmo:
“[aquele que aqui toma a palavra] como o primeiro niilista
consumado da Europa, que, porém, já viveu o próprio
niilismo até o fim, que o tem atrás de si, de baixo de si, fora
de si”13 ― além de si. “O primeiro niilista consumado da
Europa” diz o mesmo que o “último metafísico”. Isso é
condição, absoluta condição para toda e qualquer superação
― para toda e qualquer ultrapassagem, virada. É preciso
esgotar, saturar, exaurir. Isso e assim é consumação,
plenificação. Aí e assim se enche toda a história da metafísica
(leia-se, agora: vontade de fundamento como vontade de
verdade, pois assim a moderna metafísica se compreende, se vê, se
quer. Assim, como vontade que se quer, a moderna metafísica cumpre
seu destino de distância, mesmo de desfazer a distância que o homem
é14), justamente porque aí e assim ela se esvazia toda, uma
vez que, assim, ela não pode mais nada, porque pôde tudo que
podia poder. De tanto encher-se, cumular-se, de tanto poder,
enfim, se esvazia toda por isso e graças a isso ― não pode
mais nada. Vira criança... Isto é, Übermensch, para além do
homem do humanismo greco-cristão, do “animal racional”.
Heidegger está lendo, sub-lendo, ouvindo tudo isso,
pois só aí e assim já é, já está acontecendo também virada,
isto é, a passagem para um outro registro, para um outro
tônus, para uma outra têmpera vital. Também Nietzsche se
vê, se sabe neste ponto de virada e sabe do ambíguo (do
duplo, da duplicidade) deste lugar e desta hora. Nietzsche,
sobretudo Nietzsche, experimentou, viveu o extraordinário,
o estraçalhador do ambíguo desta hora, deste tempo. Aí,
assim e por isso ele enlouqueceu. A loucura de Nietzsche é
sua extra-ordinária experiência de seu próprio pensamento
(o mesmo aconteceu a Hölderlin, outro explorador do
escuro, da noite desta hora, deste tempo), do destino (=
envio, história) do pensamento ocidental, isto é, da
“lógica”15 do niilismo ou da metafísica, pois niilismo é o
nome para dizer a “lógica”, isto é, necessário destino, envio
ou história da metafísica, enquanto e como vontade de, do
fundamento. Só gente “ruim da cabeça”, só os “idiotas da
objetividade” acreditam que Nietzsche tenha enlouquecido
por conta de alguma sífilis, contraída em algum bordel...
Por isso, ele se diz também um “palhaço”, um “bufão”, um
“Hanswurst”. Por isso ele, com estranha clarividência vai se
referir à vontade de poder como “uma nova fixação
16 Cf. KGW, VIII-1, p. 321; A Vontade de Poder, op.cit., nr. 617, p. 316.
Robson Costa Cordeiro (Org.) | 143