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Rudolphi: as penas são maiores do que os delitos culposos comuns porque se considera

que o resultado mais grave como a realização de um risco contido no delito base.
Assim, o autor que produz o resultado mais grave ao criar o risco de sua aparição, infringe
um dever por meio de um delito base doloso que possui tal risco como característica, de
modo que há um desvalor da ação que supera a mera causação culposa. A doutrina
justifica a maior penalização por considerar a existência de um injusto adicional que não
existe quando se limita a conjugar o delito doloso com o culposo.

Crítica: 1) por que valorar o conteúdo de perigo presente no tipo doloso básico em
algumas situações e em outras não? Se o conteúdo de injusto de perigo ocorre em todas
situações, como dá a entender a doutrina, não o valorar em determinados casos (em que
não há um delito qualificado pelo resultado) implica em uma valorização peculiar do
injusto das condutas em questão. 2) por que não se cria um tipo doloso de perigo sem
esperar que seja produzido o resultado? A ideia da criminalização do perigo é justamente
evitar a produção do resultado. Qual o sentido de se punir o perigo após a ocorrência do
resultado?

Em que pese as críticas, a doutrina (Schubarth) entende que não haveria ofensa ao
princípio da culpabilidade por haver um conteúdo de injusto adicional. Isso não obsta,
contudo, que se considere a violação ao princípio de igualdade jurídica, uma vez que
valorem o perigo de forma diversa de como se faz no ordenamento penal, além de serem
incoerentes, porque valoram o perigo apenas nas situações em que ocorre o resultado.
Para se evitar essas críticas, seria preciso valorar o perigo no tipo básico
independentemente da ocorrência do resultado mais grave. Contudo, se fosse feito dessa
maneira, não haveria conteúdo de injusto adicional para justificar o crime qualificado pelo
resultado.

Aceitando a hipótese de que o tipo básico doloso contém um perigo concreto acerca da
causação do resultado mais grave.

Hirsch sustenta que em todo delito culposo há um certo risco contido. Portanto, se exige-
se no tipo básico doloso a presença de uma situação de perigo concreto a respeito do
resultado mais grave, ao ter que exigir a continuação, para configurar a conduta culposa,
a previsibilidade objetiva a respeito do mesmo resultado mais grave, aprecia-se uma
circunstância objetiva duas vezes para configurar o injusto de uma conduta.
Algo semelhante ocorre acerca do tipo subjetivo: considera-se que o tipo base doloso
contém um dolo a respeito do resultado material, e um dolo de perigo acerca do resultado
mais gravoso. Se nas hipóteses de dolo de perigo entende-se que o autor conhece e deseja
o perigo de lesão ao bem jurídico, na culpa consciente de lesão se entende que o autor
conhece a possibilidade de se produzir o dano, mas confia que não ocorrerá. Por fim, na
culpa consciente de perigo entende-se que o autor considera possível que se produza o
perigo, mas confia que ele não ocorrerá. Parece claro, contudo, que a culpa consciente de
perigo está inserida na culpa consciente de lesão. Nas situações em análise, está-se diante
de um tipo base doloso com dolo de perigo a respeito do resultado mais grave e um delito
culposo a respeito do mesmo resultado. Isso nada mais é do que uma situação de concurso
de crimes.

Se considerar que há um perigo abstrato, não seria possível falar em conteúdo de injusto
adicional, uma vez que o perigo abstrato não é um elemento do injusto.

II.

Parte da doutrina alemã compreende que só é possível assegurar o princípio da


culpabilidade se ocorrer a extinção dos delitos qualificados pelo resultado.

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