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Se queres que eu te diga, a meus olhos não há miséria para um homem a não ser a de considerar que algo que está na
natureza das coisas possa ser miserável
Sêneca
26 de agosto de 2018
Nº proposta: 1
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ANEXO IV –
PROJETO DE OFICINA
EDITAL DE CREDENCIAMENTO Nº 02 /2018 – SMC/GAB
PROJETO DE OFICINA
13 - HQs
Projeto de oficinas:
( x) Quadrinhos
( ) Elaboração de Roteiro e Desenho para Quadrinhos
( ) Mangá
( ) Outros:
NÍVEL:
OBJETIVO:
Educar os interessados na ampla gama de conceitos e técnicas a que pertence a arte das histórias em
quadrinhos, promovendo a integração entre todos os participantes no estudo, na criação e desenvolvimento
de material gráfico/visual, abordando conhecimentos particulares de cada envolvido e dotando-os de
referências plásticas, artísticas e literárias para pleno desenvolvimento de suas capacidades.
NÚMERO DE VAGAS:
40
JUSTIFICATIVA:
Podemos dizer o quanto é necessário a educação em todas as matérias, e que nosso desenvolvimento é
contínuo e abarca todas as idades e pessoas. Porém, é necessário reforçar a urgência de melhorar nosso
convívio e aproximar nossa população da felicidade promovida pelo conhecimento da artes. Para tanto,
disponibilizo-me em fazer minha parte nessa batalha, fortalecendo a luta para a melhoria de nossa
comunidade.
METODOLOGIA:
O método a ser aplicado promoverá à realidade a necessidade criativa da coletividade. No indivíduo humano
há uma vontade pungente de se comunicar através da arte. Falamos, escrevemos, desenhamos para
entender e comunicar nossos sentimentos e ideias. O método, falando em analogia, será como adubar, regar
e promover luz adequada à uma planta que quer se desenvolver. O humano carrega dentro de si sua força
criadora, para desenvolver é preciso luz, rega e alimento. Pra alimentar as aulas, levarei sempre comigo o livro
Poliedro, de Murilo Mendes. Para regar com imagens levarei referências visuais, tanto de HQs, como de
outras artes. A luz será o próprio conhecimento, o qual eles mesmos buscaram.
CRONOGRAMA:
As atividades serão dividas em três tópicos fundamentais, a saber:
• Desenhos da natureza
• Desenhos do espaço
• Desenhos de pessoas
Serão abordadas técnicas e conceitos de desenho e arte final, partindo do desenho de observação,
respeitando o estilo de cada participante. Será, também, dado oportunidade para o desenvolvimento de
desenho de imaginação e com referências, quando o objeto de estudo não puder estar em sala de aula.
Tempo sugerido de cada atividade: 4 horas
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A NATUREZA
O primeiro momento será para o conhecimento da natureza. As frutas serão o modelo para nosso estudo da
perfeição e do desenho, dado sua beleza, aceitação e sabor. Para tarefas complementares fora do âmbito da
aula, sugerirei, além dos desenhos de alimentos naturais, desenhos de árvores, animais, plantas, objetos,
espaços e pessoas. Será levado a cada aula uma fruta diferente, uma para cada participante no caso da
maçã, laranja, tomate e semelhantes; cachos de uva e de bananas para dividirmos, e uma melancia para ser
cortada em partes, com a anuência da direção do espaço. Comeremos na cozinha, ou na sala, num possível
intervalo curto após a primeira atividade ou ao final da aula. Uma fruta por aula. Para aumentar o poder
descritivo dos objetos de estudo, utilizarei o livro Poliedro, de Murilo Mendes, e lerei o poema referente da
fruta e dos animais do dia. No primeiro dia, leremos o texto Microdefinição do autor, de M. Mendes.
Dia 1 - A maçã, o galo e a tartaruga. Teremos uma maçã para cada aluno.
A MAÇÃ
Referências da maçã na historia da arte, quadrinhos e literatura. História da maçã. Abertura para que os
alunos busquem referências em sua memória dessa fruta tão singular e maravilhosa. Desenhos da maçã.
Aplicação dos desenhos numa HQ curta, de uma página, com texto próprio.
O GALO
Entrega e leitura de cópia aos alunos do poema “O galo” de Murilo Mendes. Abertura para criação de um HQ
a partir do texto, ou de criação própria. Levarei referências visuais de galos, desenhos de galos, etc. Se caso,
jovens muito novos, usarei somente o texto da tartaruga.
A TARTARUGA
Entrega e leitura de cópia aos alunos do poema “A tartaruga” de Murilo Mendes. Abertura para criação de
uma HQ a partir do texto, ou de criação própria. Levarei referências visuais de tartarugas, desenhos de
tartarugas, pinturas, etc. Esse texto cabe a todas as idades.
~Entrega aos alunos de cópias do textos: A laranja; o tigre; o cavalo, todos do livro Poliedro, de Murilo
Mendes, para levarem para casa, lerem e trazerem na próxima aula. Em toda aula será feito o mesmo, darei a
cópia dos textos a serem lidos para serem utilizados na aula seguinte.
Dia 2 - A laranja, o tigre e o cavalo. Teremos uma laranja para cada aluno.
A LARANJA
Leitura do texto “A laranja”. Referências da laranja na historia da arte, quadrinhos e literatura. História da
laranja. Abertura para que os alunos busquem referências em sua memória dessa fruta tão luminosa e
elétrica. Desenhos da laranja. Aplicação dos desenhos numa HQ curta, de uma página, com texto próprio ou
do poema.
O TIGRE
Leitura do poema “O tigre”. Referências visuais. Desenhos. Abertura para criação de um HQ.
O CAVALO
Leitura do poema “O cavalo”. Referências visuais. Desenhos. Criação de HQ. Entrega de cópias do textos.
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A BALEIA
Leitura do texto “A baleia”. Referências. Desenhos. Criação de HQ.
A GIRAFA
Leitura do texto “A girafa”. Referências. Desenhos. Criação de HQ. Entrega de cópias dos textos.
Dia 4 - O pão e o vinho, o boi e o pavão. Neste dia teremos pão italiano e suco de uva. :^)
O PÃO E O VINHO
Leitura do texto “O pão e o vinho”. Referências do pão e do vinho. Suas histórias. Abertura para as
referências dos alunos. Desenhamos o pão inteiro e cortado e o suco na jarra e no copo. Aplicação dos
desenhos numa HQ.
O BOI
Leitura do texto “O boi”. Referências. Desenhos. Criação de HQ.
O PAVÃO
Leitura do texto “O pavão”. Referências. Desenhos. Criação de HQ. Entrega de cópias dos textos: o
porquinho-da-índia, de Murilo Mendes e o de Manuel Bandeira; e o peixe, de Murilo.
Aqui temos o final de um ciclo, experimentou-se as noções básicas de desenho, narrativa, composição;
técnicas de desenho e arte-final; construção da obra. Foi apresentado diversas referências, tanto de
quadrinhos como de outras artes e desenvolveu-se a autoestima e conhecimento dos alunos.
Dia 5 - A maçã, o porquinho da índia e o peixe. Uma maçã para cada aluno.
Retomaremos a maçã como nosso objeto de estudo. Desenharemos novamente a maçã, construiremos uma
nova narrativa; continuaremos o que foi realizado na primeira aula, aumentado as paginas feitas ou fazendo a
arte-final; ou ainda tomaremos aquela primeira história como esboço de uma criação agora mais substancial.
Assim, podemos comparar com o que foi produzido no primeiro dia e ver claramente nossa evolução. Da
mesma forma, levarei referências e promoverei a exortação da imaginação e memória dos alunos.
O PORQUINHO-DA-ÍNDIA
Leitura do texto “O porquinho-da-índia” do Murilo e do Manuel. Referências. Desenhos. Criação de HQ.
O PEIXE
Leitura do texto “O peixe”. Referências. Desenhos. Criação de HQ. Entrega de cópias dos textos.
A ARANHA
Leitura do texto “A aranha”. Referências. Desenhos. Criação de HQ.
O PERCEVEJO
Leitura do texto “O percevejo”. Referências. Desenhos. Criação de HQ. Entrega de cópias dos textos.
A PREGUIÇA
Leitura do texto “A preguiça”. Referências. Desenhos. Criação de HQ.
A ZEBRA
Leitura do texto “A preguiça”. Referências. Desenhos. Criação de HQ. Entrega de cópias dos textos.
Aqui encerramos outro ciclo, maior e que engloba e retoma o primeiro. Encerramos curiosamente e
cuidadosamente com o ovo, que retoma o galo. Assim passamos pela história das histórias em quadrinhos,
vimos referências europeias, americanas e japonesas, nossas e mundiais; produzimos, somos atores do nosso
destino. Um lápis na mão e uma ideia na cabeça. Podemos chamá-lo, esse ciclo de oito dias, de Primeiro
Momento.
O ESPAÇO
O segundo momento será para conhecermos melhor o espaço, ainda pouco conhecido e, por isso, não
tomado. Aqui começamos a tomar o espaço. Partindo do vazio filosófico, do vazio estóico, do espaço dentre
os objetos e os corpos. O espaço há para ser habitado. O espaço que respiramos.
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Da mesma forma que nas aulas do primeiro momento daremos textos para os serem usados na aula
seguinte, dando oportunidade para a familiarização dos mesmos. Leremos em classe os textos do dia para
reforçar o entendimento, tirar as dúvidas e criar o roteiro e os desenhos. Para os que não levarem o texto à
sala de aula, será disponibilizado um novamente.
Como método de criação, levaremos referências visuais e literárias dos temas a serem tratados em aula. Em
toda aula será feito desenhos dos objetos e aplicados numa HQ, com texto próprio ou do poeta.
Continuaremos informando sobre técnicas e conceitos, abordando o conceito de reprodução, os estilos:
mangá, europeu, americano, latino-americano; arte-final e colorização.
Dia 9 - A melancia, ovo e a pérola. Uma melancia para dividir com os alunos
Retomamos o ovo e a melancia. A pérola será a novidade do dia. Novamente leitura de textos, referências e
criação de desenhos e HQ. Entrega de cópias dos textos a serem usados na aula seguinte.
Dia 12 - O tomate, ossos de borboleta e a caneta. Uma fruta para cada aluno
Leitura, desenhos, criação. Entrega de cópias dos textos.
Dia 13 - O pão e o vinho, o fósforo e a lata de lixo. Pão e suco para dividirmos
Leitura, desenhos, criação. Entrega de cópias dos textos.
Aqui encerramos o segundo momento, com um lápis na mão e uma ideia na cabeça construímos histórias e
pessoas. Levamos o conhecimento mais longe. Aprendemos. Comecemos o terceiro momento.
O HUMANO
O terceiro momento se dará ao conhecimento de nós, os humanos. Simultaneamente objeto de estudo e
pesquisador. Estude-mo-los, por fora e por dentro. Da mesma forma que nos outros momentos, será dado
um texto na aula para ser aplicado na posterior. Usaremos modelos presentes e virtuais, imagens de internet,
revistas, HQs e jornais. Dos presentes desenharemos nós mesmos e aos outros. Todos os textos serão de
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autoria de Murilo Mendes, do livro Poliedro. Apresentarei outros textos possíveis, como os de Alcantra
Machado, do livro Brás, Bexiga e Barra Funda. Às frutas sem poema, será dado liberdade para criação de
um. Como nas aulas anteriores, será feito leituras, desenhos e criação de HQs. Segue os temas:
Todas as aulas seguirão o mesmo roteiro básico: Conversa, frutas, textos, desenhos, referências, HQ; pausa
para lanche; leitura, referências, desenhos, HQ; leitura, referências, desenhos, HQ. Em todas aulas será
abordado técnicas de desenho a lápis e arte final à caneta ou nanquim.
Levarei material de arte-final das mais variadas, de canetas waterproof à nanquim a pena e pincel, para
apresentação das técnicas em todas as aulas, dando oportunidade a todos de praticarem. Lápis e papel, dos
mais diversos levarei aos alunos, um tipo por aula, um para cada aluno, para serem usados em aula,
começando com o HB e papel soft, chegando ao 8B e folhas aquareláveis.
Das referências, levarei diversas HQs, de super heróis americanos, de mangá, e europeus etc: Tintin, Mals,
Persepolis, Watchmen, Homem-aranha, DragonBall, Mafalda, Laerte, Moebius, Batman, Asterix, Liniers.
Procuraremos referências na internet e faremos intercâmbios com autores.
O tomate
O tomate é terrivelmente vermelho; tem tataporas2 ; quanto mais vermelho mais inquieto, quase uma
pessoa. Pertence à família das Solanáceas3, portanto chama-se Solano. Resmunga.
Examino o tomate com uma lente, lentamente, o tomate quente, naturalmente. Vejo um animal
minúsculo agarrado-lhe à pele, um espião. Mas a lente mente? Fico tatibitate diante do tomate. (Ou
tomarte, vermelho que nem Marte.) Um crítico de arte diante do tomate. Aragon já escrevia nos
tempos de Anicet: “Monsieur est-il critique d’art? Que Monsieur me permette de regarder Monsieur”4.
A lente insinua: o tomate é um falso cometa, um falso marte. Quando muito, misturado com algumas
pétalas de alface poderá aludir à bandeira italiana ou portuguesa. Dormiu no ponto, escapou à pintura
metafísica.
Como se vê o tomate ainda pensa em brilhar. Sem nenhum tato. Mas agora ei-lo tatibitate, resfriado,
quase branco. Torto, tonto. Nada mais que um ex-tomate, vítima da lente (lenta) de um crítico de arte
sem tir-te nem guar-te.
B - Cito Aragon de memória. Li Ancet aí pelas alturas de 1926. Eu acabara de nascer, como diria Cecília
Meireles.
Murilo Mendes
2 catapora
3Solanácea: (lat solanu+ácea) sf Bot planta da família das solanáceas. sf pl Família de ervas, arbustos ou árvores, de grande importância
econômica, à qual pertencem a batata, o tomateiro, o pimentão, a berinjela etc.