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, 2011
Tradução: Prof. Ananias Godoy, Arq., M.Sc.
Clarence Perry
Na década de 1920, no início da era do automóvel, o arquiteto estadunidense Clarence Perry pensou profun-
damente sobre o modo como o crescimento das cidades e o advento do automóvel afetavam os bairros e as
características que fazem boas vizinhanças. Ele articulou uma filosofia para manter vizinhanças em escala
humana no mundo moderno que teve um profundo impacto no planejamento urbano do século XX e conti-
nua sendo extremamente relevante nos dias de hoje.
Toda grande cidade, argumentou Perry, é um conglomerado de comunidades menores. A "cidade celular" é
o produto inevitável da era do automóvel. É a qualidade de vida dentro dessas comunidades menores que
mais moldará as experiências dos indivíduos. Nova York e Paris aparecem rotineiramente nos melhores ran-
kings populares dos melhores lugares do mundo para se viver. Mas alguém que vivencia a exclusão social em
um subúrbio parisiense totalmente de imigrantes, que Ali Madanipour deplora (p. 186) ou nas ruas médias
do gueto que Elijah Anderson descreve (p. 127) podem sentir essas grandes cidades do mundo como sujas,
barulhentas, lotadas e perigosas. Os moradores podem ficar insatisfeitos com sua vizinhança em uma grande
cidade se sentirem que não podem ousar deixar seus filhos brincarem do lado de fora por causa do trânsito
rápido, se seus filhos não puderem ir à escola sem atravessar uma rodovia, se não há lojas de conveniência
para comprar mantimentos ou eles não têm acesso a parques e playgrounds.
Perry observou que, no passado, muitas pessoas sentiam uma forte identidade com aldeias e pequenas ci-
dades, uma percepção compartilhada pelos novos urbanistas (p. 356). Esses lugares tinham uma estrutura e
cultura espacial que os distinguia. Mas na época em que Perry escreveu este texto que selecionamos, em
1929, rodovias expressas estavam cortando áreas residenciais em pequenas ilhas separadas umas das outras
por fluxos de tráfego intenso. À medida que a população crescente preenche os interstícios entre bairros,
acontecia o que Perry chamou de "uma crescente atenuação das características da comunidade". Embora os
residentes de algumas áreas recém-desenvolvidas continuassem a se relacionar com seus vizinhos, em mui-
tas dessas áreas intersticiais eles não o faziam. Era a quantidade e o tipo de relação entre seus residentes
que Perry achava que distinguiria os bons bairros dos ruins.
Perry relacionou a necessidade de identidade a uma comunidade de vizinhança geográfica com o ciclo de
vida humano. Os jovens solteiros geralmente apreciam o relativo anonimato da vida na cidade. Mas, obser-
vou ele, quando se casam e têm filhos, "anseiam por uma casa e quintal separados e o benefício social de
uma vizinhança agradável". Assim, para Perry, o principal desafio era criar espaços que melhor se adaptassem
às famílias com filhos. Sua solução foi "a unidade de vizinhança".
Perry observou que a escola primária era a instituição central à qual as famílias nucleares com crianças pe-
quenas se relacionavam. A qualidade da escola foi o fator mais importante para decidir em qual distrito es-
colar morar e a localização de uma casa em relação à escola afetava as escolhas de compra da casa. Todos
os dias da semana, durante o ano letivo, um dos pais (geralmente a mãe) levava um ou mais filhos para a
escola. Os membros da família iam a peças escolares, eventos esportivos e outros eventos na escola. Muitos
dos amigos das famílias eram pais de crianças nas classes de seus filhos. Um ou ambos os pais eram frequen-
temente ativos em associações de pais e professores e outras instituições escolares. Por essas e outras ra-
zões, Perry argumentou que as unidades de vizinhança deveriam ser construídas em torno das escolas.
Em The Neighborhood Unit (A Unidade de Vizinhança) ele introduz a ideia - desenvolvida mais completa-
mente em outros de seus escritos - de que a escola deveria ser um centro comunitário com aulas de educação
de adultos e eventos culturais à noite. Como os educadores da época acreditavam que a capacidade apropri-
ada para uma escola primária seria entre 800 a 1500 estudantes, Perry argumentou que o terreno residencial
FONTE: LeGATES, Richard T.; STOUT, Frederic (Ed.). The City Reader. 5 1
ed. New York: Routledge, 2011. p 486-498.
Capítulo de “The City Reader” – Richard T. Le Gates e Frederic Stout – 5 ed., 2011
Tradução: Prof. Ananias Godoy, Arq., M.Sc.
em uma unidade de bairro deveria ser grande o suficiente para abrigar uma quantidade de famílias com esse
número de crianças. Em densidades predominantes, um local de escola primária de cinco acres 1 no centro
de um círculo com um raio de meia milha 2 funcionaria bem. Isso permitiria que as crianças caminhassem até
a escola, desde que não precisassem atravessar ruas movimentadas. É claro que variações na densidade, o
número médio de crianças em idade escolar primária por família e as particularidades geográficas afetariam
esse modelo idealizado.
Um sistema de ruas hierarquizadas era fundamental para o plano de Perry. As ruas serviriam a dois grupos
diferentes: pessoas passando pela unidade de bairro e os próprios moradores. Perry colocou as vias arteriais
ao longo das quais o tráfego intenso podia mover-se rapidamente nos limites da unidade de vizinhança. A
menos que houvesse pontes ou túneis (caros), Perry sabia que seria perigoso para as crianças atravessarem
as rodovias para ir de casa à escola, então ele se opunha às vias arteriais entre as residências e as escolas.
Ruas residenciais, projetadas principalmente para uso por moradores da unidade de vizinhança, seriam no
interior. Muito antes de Jan Gehl (p. 530) propor a zona de tráfego calmo para melhorar a vida entre edifícios,
Perry propôs limitar a largura das ruas residenciais e outros projetos para garantir que o tráfego se movesse
lentamente o suficiente para que os pedestres estivessem seguros dentro das áreas residenciais.
A maior parte do bairro seria residencial - principalmente casas unifamiliares isoladas em lotes separados.
Mas Perry argumentou que os moradores do bairro gostariam de ter acesso fácil a mercearias e outras lojas
de varejo que servem o bairro. Ele propôs a localização de um distrito de negócios na margem da unidade de
vizinhança para que os moradores pudessem alcançá-lo pelas ruas do interior e também pelas vias arteriais.
Além da escola e do playground, do sistema de ruas, das áreas residenciais, Perry era um defensor dos par-
ques e dos espaços abertos.
Politicamente, Perry era um pragmático conservador. Escrevendo exatamente quando a Grande Depressão
estava começando, Perry não acreditava que muita intervenção do governo ou subsídios do contribuinte
pudessem ser realisticamente reservados para as unidades de vizinhança. Ele achava que os desenvolvedores
privados3 precisavam ser convencidos de que sua unidade de vizinhança atrairia compradores do mercado
privado. Assim, Perry descreveu como incorporadores poderiam usar suas ideias para novos empreendimen-
tos sobre terras disponíveis (espaços verdes, matas ou campos), reabilitação de áreas arruinadas, e melhorar
áreas já construídas mas com escolas mal localizadas, problemas de trânsito e falta de espaços abertos.
As prescrições de Perry se concentraram em um segmento limitado da sociedade. Seu interesse era criar
bairros funcionais, seguros e atraentes, com um senso de comunidade para famílias nucleares de renda mé-
dia/alta e com crianças. Ele não valorizou o tipo de vizinhança urbana bagunçada e mista que Jane Jacobs
celebra (p. 105). Enquanto ele se concentrava em famílias nucleares predominantemente brancas, de classe
média, suas ideias sobre educação, projeto de vizinhança e comunidade foram extremamente relevantes
para os moradores de bairros negros que preocupam a W.E.B. DuBois (p. 114), William Julius Wilson (p. 117)
e Elijah Anderson (p. 127); bairros de imigrantes que interessavam a Louis Wirth (p. 96); mulheres solteiras
e famílias chefiadas por mulheres que são o foco da análise de Daphne Spain (p. 176), ou os pobres urbanos
que Michael Porter espera ajudar através do setor privado (p. 282).
Note a semelhança entre as observações de Perry sobre as áreas intersticiais, que ele observou cresciam
rapidamente entre bairros em 1929 e o conceito da Zwischenstadt de Thomas Sievert (literalmente cidade
no meio), proposta em 1977, mais tarde discutida em Bruegmann (p. 211). Robert Fishman discute partes
similares de sua Technoburbia (p. 75).
As idéias de Perry, desenvolvidas para famílias nucleares de renda média e alta com crianças, ainda se apli-
cam hoje, já que cada vez menos lares são assim? Ele tem um viés anti-urbano? Suas ideias apenas ajudarão
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ed. New York: Routledge, 2011. p 486-498.
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a promover a expansão urbana? Elas apoiam o argumento de Bruegmann de que a expansão existe porque
fornece o tipo de habitação que as pessoas nas democracias afluentes querem? À medida que mais e mais
pessoas em todo o mundo podem viver em empreendimentos de baixa densidade, as receitas de Perry são
um antídoto eficaz para o tipo de alienação que Louis Wirth descreveu em "O urbanismo como um modo de
vida" (p. 96)? As unidades de vizinhança do século XXI compensarão a falta de engajamento cívico que Robert
Putnam deplora (p. 134)?
Clarence Arthur Perry (1872-1944) foi um arquiteto e planejador. Perry escreveu uma série de relatórios
sobre educação e o uso de escolas para centros comunitários para a Russell Sage Foundation, incluindo Wider
Use of the School Plant (1911), Community Center Activities (1916), Educational Extension (1916), e The Ex-
tension of Public Education (1915). Na época em que escreveu The Neighborhood Unit, Clarence Perry morava
em Forest Hills Garden, um subúrbio-jardim que a Russell Sage Foundation havia apoiado.
Esta seleção é a segunda parte de uma monografia de 118 páginas intitulada The Neighborhood Unit: A
Scheme of Arrangement for the Family-Life Community publicada no Volume VII do Plano Regional de Nova
York e seus arredores intitulado Neighborhood and Community Planning (New York: Russell Sage Foundation,
1929, reimpresso em Nova York: Arno Press, 1974).
As ideias da unidade de vizinhança de Perry foram ainda mais divulgadas em Housing for the Mechanical Age
(Nova York: Russell Sage Foundation, 1933) e Housing for the Machine Age (Nova York: Russell Sage Founda-
tion, 1939)
Outros livros sobre planejamento e design de bairros incluem Beyond the Neighborhood Unit: Residential
Environments and Public Policy (Tridib Bannerjee e William C. Baer, Nova York: Springer, 1984); Site Planning
and Community Design for Great Neighborhoods (Frederick D. Jarvit, Washington , DC: Home Builder Press,
1993); Neighborhood Space (Randolph Hester, Stroudsburg, PA: Dowden, Hutchinson & Ross; Nova York:
Halsted Press, 1975); Planning Neighborhood Space with People (Randolph Hester, Nova York: Van Nostrand
Reinhold , 1982); Sidney Bower, Good Neighborhoods: A Study of In-Town and Suburban Residential Environ-
ments (Westport, CT: Praeger, 2000); Um Estudo de Ambientes Residenciais Urbanos e Suburbanos (West-
port, CT: Praeger, 2000); e Urban Design Associates, The Architectural Pattern Book: A Tool for Building Great
Neighborhoods (Nova York: Norton, 2004).
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principal conclusão deste estudo. Nossas investi- ela. Desde que ela o escolheu, em geral pode-se
gações mostraram que as comunidades residenci- dizer que é uma extensão de sua personalidade.
ais, quando atendem às necessidades universais Um indivíduo pode fazer pouco para criá-lo. É es-
da vida familiar, têm partes similares desempe- tritamente um produto comunitário.
nhando funções semelhantes. No sistema de vizi-
nhança, essas partes foram reunidas como um É com a vizinhança em si, e não a sua relação com
todo orgânico. O esquema é apresentado como a a cidade em geral, que este estudo está interes-
estrutura de uma comunidade modelo e não como sado. Se é para ser tratado como uma entidade or-
gânica, então logicamente segue-se que o pri-
um plano detalhado. Sua aplicação em um empre-
endimento imobiliário real requer uma tal concep- meiro passo na conversão de uma área não ocu-
ção e detalhamento que somente podem ser fei- pada em uma para fins residenciais será sua divi-
tos pelo planejador, o arquiteto e o construtor. são em áreas unitárias, cada uma das quais é ade-
quada para uma comunidade de vizinhança única.
O princípio subjacente ao esquema é que uma vi- O próximo passo consiste no planejamento de
zinhança urbana deve ser considerada como uma cada unidade, a fim de que haja recursos adequa-
unidade de um todo maior e como uma entidade dos para o funcionamento eficiente das quatro
distinta em si. No que diz respeito ao governo, principais funções da vizinhança. A consecução
Corpo de Bombeiros e proteção policial, além de deste objetivo principal - bem como a garantia de
muitos outros serviços, estes dependem do muni- segurança aos pedestres e a colocação das bases
cípio. Os moradores, em sua maior parte, encon- estruturais para a qualidade no meio ambiente -
tram suas ocupações fora do bairro. Para investir depende, de acordo com nossas investigações, da
em títulos, assistir à ópera ou visitar o museu, tal- observância dos seguintes requisitos.
vez até para comprar um piano, eles têm que re-
Princípios da unidade de vizinhança
correr a um distrito chamado de "centro". Mas há
certas outras instalações, funções ou aspectos que 1. Tamanho - O desenvolvimento de uma unidade
são estritamente locais e peculiares a uma comu- residencial deve fornecer moradia para um
nidade residencial bem organizada. Eles podem certo contingente populacional que normal-
ser classificados em quatro polos: (1) a escola pri- mente venha a requerer uma escola primária;
mária, (2) pequenos parques e playgrounds, (3) lo- sua área real depende da densidade populaci-
jas locais e (4) ambiente residencial. Outras insti- onal.
tuições e serviços de vizinhança são por vezes en-
contrados, mas os quatro relacionados acima são 2. Limites - A unidade deve ser delimitada em to-
praticamente universais. dos os lados por vias arteriais, suficientemente
largas para facilitar sua utilização por todo trá-
Os pais têm um interesse geral no sistema de es- fego intenso.
colas públicas da cidade, mas sentem uma preocu-
3. Espaços Abertos - Um sistema de pequenos
pação especial em relação à escola frequentada
parques e espaços de recreação, planejado
por seus filhos. Da mesma forma, eles têm um in-
para atender às necessidades dessa vizinhança
teresse especial nos parquinhos onde seus pró-
em particular deve ser fornecido.
prios filhos e seus vizinhos passam muitas horas
formativas. Em relação às pequenas lojas, a princi- 4. Terrenos das Instituições - Os locais da escola e
pal preocupação das famílias é que elas sejam de outras instituições cujas esferas de serviço
acessíveis, mas não próximas de suas próprias por- coincidam com os limites da unidade devem
tas. Elas também devem ser concentradas e aten- ser adequadamente agrupados em torno de
der a requisitos variados. um ponto central ou área comum.
Sob a expressão "ambiente residencial" inclui-se a 5. Lojas Locais - Um ou mais distritos comerciais
qualidade da arquitetura, o layout das ruas, a ve- adequados para a população a ser servida, de-
getação ao longo de meio-fio e em pátios, o ar- vem ser dispostos na circunferência da uni-
ranjo e o recuo dos edifícios, e a relação de lojas, dade, preferencialmente nos cruzamentos e
postos de abastecimento e outras instituições co- adjacentes a distritos similares de bairros limí-
merciais com os lugares de habitação - todos os trofes.
elementos que entram no ambiente de uma casa 6. Sistema de Ruas Internas - A unidade deve ser
e constituem sua atmosfera externa. O “caráter” provida de um sistema especial de ruas, cada
do distrito em que uma pessoa vive diz algo sobre uma sendo proporcional à sua provável carga
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de tráfego, e a rede de ruas como um todo [1,34 ha]. Isso serve tanto como um parque
sendo projetada para facilitar a circulação den- quanto como um cenário ou espaço de aproxima-
tro da unidade e desencorajar seu uso por trá- ção para o prédio da escola. Atrás da escola é o
fego rápido. principal playground para as crianças pequenas,
de 2,54 acres [1,03 ha], e perto é playground das
[Para] cada um desses princípios [...]. é desejável
meninas de 1,74 acres [0,70 ha]. No lado oposto
[...] obter uma imagem mais clara dos mesmos e,
do pátio da escola, um pouco mais distante, fica o
para esse fim, serão apresentados várias plantas e
playground dos meninos, com 2,7 acres [1,09 ha].
diagramas nos quais eles foram aplicados.
Espaço para quadras de tênis está conveniente-
Desenvolvimento suburbano de baixo custo mente localizado em outra seção do distrito. Em
vários outros pontos encontram-se ovais com fun-
Caráter do distrito ção de parques ou pequenos gramados que dão
[O plano mostrado na Figura 1] é baseado em uma atratividade às vistas e proporcionam agradáveis
extensão real de terra nos arredores do bairro de porções de paisagismo para as casas vizinhas.
Queens. A área ainda está totalmente desocupada Centro Comunitário
e exibe um terreno suavemente ondulado, parci-
almente arborizado. Até agora, as únicas estradas A característica fundamental do layout é a praça
são do tipo rural4, mas estão destinadas a se tor- comunitária, com o grupo de edifícios voltados
narem vias principais no futuro. Não existem esta- para ela. Estes consistem na escola e duas estrutu-
belecimentos comerciais ou industriais nas proxi- ras laterais que se voltam para uma pequena praça
midades. central. Um desses edifícios pode ser dedicado a
uma biblioteca pública e o outro a qualquer pro-
64,65 100
Unidade completa pósito de vizinhança adequado. Terreno são for-
ha por cento
necidos para duas igrejas, uma ao lado do
Lotes para habitações 35,01 54
playground da escola e outra em um cruzamento
Lotes para apartamentos 1,38 2,1
de ruas importante. A escola e seus edifícios de
Quarteirões para comércio 2,63 4,1
apoio constituem uma vista terminal para uma rua
Praças para mercados 0,49 0,8
principal ajardinada que vem da praça do mer-
Terrenos p/ escolas e igrejas 0,65 1
cado. Tanto no projeto quanto no tratamento pai-
Parques e playgrounds 5,58 8,6
sagístico, os edifícios comuns e centrais consti-
Áreas verdes e rotatórias 1,29 2
tuem um centro comunitário de vizinhança inte-
Arruamentos 177,25 27,4
ressante e significativo.
Tabela 1 Relação das áreas com a planta5.
Distritos de compras
População e Habitação
Pequenas áreas comerciais estão localizadas em
A subdivisão do lote fornece 822 casas unifamilia-
cada um dos quatro cantos do empreendimento.
res, 236 sobrados, 36 casas geminadas e 147 apar-
As ruas que dão acesso às lojas são ampliadas para
tamentos, acomodações para um total de 1.241
oferecer vagas de estacionamento e, nos dois pon-
famílias. À taxa de 4,93 pessoas por família, isso
tos mais importantes, há pequenas praças de mer-
significaria uma população de 6.125 e uma matrí-
cado, que oferecem espaço para estacionamento
cula escolar de 1.021 alunos. Para todo o setor, a
adicional e mais oportunidades de espaços para
densidade média seria de 775 famílias por acre
carga e descarga na parte de trás das lojas. A área
bruto. (aprox. 1.915 fam./ha).
total dedicada a quadras comerciais e praças de
Espaços abertos mercado é de 7,7 acres [3,12 ha]. A fachada média
de negócios por família fornecida pelo plano é de
Os parques, playgrounds, pequenas áreas verdes cerca de 2,3 pés [70,1 cm].
e rotatórias no trecho somam 17 acres [6,88 ha],
ou 10,6% da área total. Se incluírem também os
1,2 acres [0,486 ha] de praças de mercado, a área
total de espaço aberto é de 18,2 acres [7,365 ha].
O maior desses espaços é o comum de 3,3 acres
4 Sem pavimentação asfáltica, estradas rústicas. 5 N. do T.: No texto original esta tabela e as seguintes nesta
tradução são apresentadas em acres.
FONTE: LeGATES, Richard T.; STOUT, Frederic (Ed.). The City Reader. 5 5
ed. New York: Routledge, 2011. p 486-498.
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Figura 1 Um loteamento para habitações modestas planejado como uma unidade de vizinhança
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6 Ing.: gridiron.
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Figura 2 Tratamento sugerido para um distrito mais denso e próximo ao centro da cidade
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ed. New York: Routledge, 2011. p 486-498.
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FONTE: LeGATES, Richard T.; STOUT, Frederic (Ed.). The City Reader. 5 9
ed. New York: Routledge, 2011. p 486-498.
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simplesmente reservadas e assim figuradas nos Em geral, elas convergem no centro comunitário.
materiais de propaganda do empreendimento, Suas larguras são variadas para atender às prová-
com plena confiança de que as necessidades e o veis cargas de tráfego e necessidades de estacio-
sentimento da comunidade local acabarão tra- namento.
zendo sua compra7 final pelos grupos interessa-
dos. Se um ou ambos os locais de igrejas não fo- Espaços abertos
rem escolhidos, sua própria localização garantirá
A terra dedicada a parques e playgrounds tem em
sua eventual apropriação para algum uso público
média mais de um acre [4.046,86 m²] por 1.000
ou semi-público.
pessoas. Se o espaço nos pátios dos apartamentos
Unidade em edifícios de apartamentos também for contado, essa média será de 3,17
acres [12.828,53 m²] por 1.000 pessoas. A distri-
População buição é mostrada na Tabela 4.
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ed. New York: Routledge, 2011. p 486-498.
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Figura 3 Um método de dotar um distrito multifamiliar com vistas interessantes das janelas, maior segurança nas ruas mais espaços
livres abertos e um caráter de vizinhança.
Tratamentos semelhantes poderiam ser dados aos de uma dada quadra seria muito estendido, por-
vários espaços interiores do layout da unidade. que, em muitos casos, constituiria uma parte da
Aqui, no entanto, devido às ruas curtas e irregula- visão de não apenas um, mas vários apartamen-
res e às posições ímpares dos edifícios, o charme tos.
FONTE: LeGATES, Richard T.; STOUT, Frederic (Ed.). The City Reader. 5 11
ed. New York: Routledge, 2011. p 486-498.
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Unidade de vizinhança com prédios de aparta- exposição à luz do sol de menos de 45 graus. A lar-
mentos, desenvolvida em cinco quadras. gura de todas as estruturas é de 50 pés [15,24 m],
de modo que apartamentos de profundidade de
Locação
dois cômodos são possíveis em todo o edifício, en-
O plano mostrado na Figura 4 é apresentado como quanto a nervura central ocidental, a 130 pés
uma sugestão do tipo de tratamento que pode ser [39,62 m] de uma rua de 100 pés [30,48 m], nunca
dado às áreas residenciais centrais de altos valores terá sua luz indevidamente bloqueada por edifí-
de terra destinados à reconstrução devido à dete- cios nas quadras adjacentes.
rioração ou assoladas por um surto de especula-
Acomodações
ção imobiliária. As quadras escolhidas para o ter-
reno são de 200 pés de largura [60,96 m] por 670 A capacidade dos edifícios é de cerca de 1.000 fa-
pés de comprimento [204,21 m], um compri- mílias, com unidades que variam de três a catorze
mento que é encontrado em vários trechos de Ma- cômodos, a maioria delas adequada para ocupa-
nhattan. Neste plano, que faz divisa com um rio, ção familiar. Além disso, haveria espaço para um
duas ruas são fechadas e duas são continuadas hotel para visitantes, uma escola primária, um au-
através do empreendimento como ruas cobertas ditório, um ginásio, uma piscina, quadras de han-
sob pátios centrais com terraços. debol, vestiários e outras instalações esportivas.
Os primeiros andares de certos edifícios em um ou
Planta térrea
mais lados da unidade poderiam ser dedicados às
As dimensões da parcela entre as ruas limítrofes lojas. O auditório poderia ser adequado para fil-
são 650 pés [198,12 m] por 1.200 pés [356,76 m], mes, palestras, pequenos espetáculos teatrais,
e a área total é de aproximadamente 16 acres reuniões públicas e possivelmente para o culto pú-
[6,475 ha]. As linhas de construção são recuadas blico. Danças podiam ser facilmente realizadas no
das ruas 30 pés [9,14 m] nas divisas norte e sul. ginásio. No porão, pode haver quadras de squash.
Ambas as ruas finais, que tinham originalmente 60
Altura
pés [18,29 m], foram alargadas para 80 pés [24,38
m], sendo as duas faixas extras de 20 pés [6,10 m] Os prédios variam em altura, de dois e três anda-
retiradas da área do empreendimento. O limite res nas ruas de divisa a dez andares nas estruturas
oeste foi ampliado de 80 [24,35 m] para 100 pés adjacentes, quinze andares nas principais estrutu-
[30,48 m]. A área dada ao alargamento da rua e ao ras centrais e trinta e três andares nas duas torres.
recuo dos edifícios equivale a 89.800 pés quadra- Muitos dos telhados podem receber um trata-
dos [8.342,69 m²], ou 11.800 pés quadrados mento semelhante a um jardim e, assim, contri-
[1.096,25 m²] a mais do que a área das duas ruas buir para a variedade de perspectivas aprazíveis
que foram apropriadas. que são oferecidas pelo esquema. Este plano, em-
bora muito mais compacto que os outros três, ob-
Será observado que o plano de edifícios abrange
serva todos os princípios da unidade de vizi-
53 por cento da área total dedicada ao espaço
nhança.
aberto na forma de pátios centrais. O principal pá-
tio central é do tamanho do Gramercy Park, Ma- Nem o centro comunitário nem os distritos comer-
nhattan, com as ruas ao redor. Uma vez que esta ciais são visíveis, mas estão presentes. As crianças
área receberia uma quantidade incomum de luz podem brincar, frequentar a escola e visitar lojas
solar, seria propícia ao mais refinado tratamento sem cruzar vias de tráfego.
paisagístico para criar um jardim formal.
Ambas as quadras finais estão em um nível 20 pés Cinco quadras e quatro ruas 7,72 ha
[6,10 m] mais alto que o espaço central e cobrem Duas ruas incorporadas 7.246,43 m²
as duas ruas que são levadas através do empreen- Cedido às ruas limítrofes 4.719,47 m²
dimento. Debaixo desses pátios elevados estão as Área de recuos 3.623,52 m²
áreas de serviço dos edifícios. Em uma extremi- Terreno construído 6,64 ha
dade do espaço central há espaço para quadras de Ocupado por prédios 2,63 ha
tênis e, no outro, um parquinho infantil de quase Taxa de ocupação 40,00 %
um acre [4.046,86 m²]. Por causa dos grandes es- Três praças centrais 2,14 ha
paços abertos e da disposição dos edifícios, o Tabela 5 Relação de áreas
plano atinge um padrão incomum de iluminação,
pois não há espaço habitável que tenha uma
FONTE: LeGATES, Richard T.; STOUT, Frederic (Ed.). The City Reader. 5 12
ed. New York: Routledge, 2011. p 486-498.
Capítulo de “The City Reader” – Richard T. Le Gates e Frederic Stout – 5 ed., 2011
Tradução: Prof. Ananias Godoy, Arq., M.Sc.
FONTE: LeGATES, Richard T.; STOUT, Frederic (Ed.). The City Reader. 5 13
ed. New York: Routledge, 2011. p 486-498.