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Resenha da obra O Príncipe de

Maquiavel

Discente: Antonio Justino de Almeida Junior Direito Noturno

INTRODUÇÃO

O presente trabalho é sobre a obra O Príncipe, que foge dos princípios


do politicamente correto durante todo o texto, e atinge seu ápice na máxima “os
fins justificam os meios”, na qual defende que o governante pode agir com
crueldade para obter seus objetivos, e ainda assim parecer benévolo.
Ainda defende que o príncipe deve se fazer ser temido, e, ainda que não tenha
obtido o amor de seus seguidores, é necessário que se mantenha longe do
ódio.
O livro é considerado um exemplo de obra estrategista, e ainda hoje é
amplamente discutido por seu conteúdo inteligente e repleto de percepções da
realidade política.
A obra ainda é enriquecida por inúmeras citações que comprovam as
teses defendidas pelo autor, sendo, portanto, uma rica fonte de conhecimento
histórico e argumentativo, podendo assim ser amplamente aproveitado.
Por fim, o livro, ainda hoje, pode causar espanto por seu conteúdo
romper com as regras morais presentes no imaginário social, e explicita a
realidade política, além de ser dotada de uma linguagem que ainda gera
discursões não só pelo seu conteúdo literário, como também pela forma como
foi escrita.
DESENVOLVIMENTO

A obra O Príncipe, escrita por Nicolau Maquiavel, é iniciada com uma


dedicatória ao “Magnífico Lourenço, Filho de Pedro de Médici” - na qual o autor
explicita o fato de que, não tendo algo melhor que os conhecimentos adquiridos
ao longo de sua vida: “o conhecimento das ações dos grandes homens
“adquiridos, assim como ele diz, após estudos de fatos atuais e históricos.

Inicialmente, o autor lança mão da definição dos principiados, segundo


Maquiavel (p.6): Todos os Estados, os domínios todos que existiram e existem
sobre os homens, foram e são repúblicas ou principados. Os principados ou
são hereditários e seu senhor é príncipe pelo sangue de longa data ou são
novos. Seja habituado a sujeição a um príncipe, seja livre, e são adquiridos
com tropas alheias ou próprias, graças à fortuna ou à virtú.
Após a definição, o autor enfoca, em capítulos, os diferentes tipos de
principiados e apresenta formas para que o príncipe mantenha seu poder ou
adquira autoridade sobre estes.
Segundo Maquiavel principiados hereditários são aqueles que já são
pertencentes a sua família, basta que o príncipe não abandone o proceder dos
antecessores, e também se use de contemporização com as situações novas.
Acerca do principiado misto o Maquiavel (p.7) defende a tese de que,
“entretanto, a dificuldade está nos principados novos. Primeiro, se não é o caso
de principado novo, totalmente e sim de membro reunido a Estado hereditário”.
Após a definição, é colocada em foco a situação de que, aquele que se
opuser ao príncipe é deste inimigo; ainda assim, o príncipe não deverá ter como
amigos aqueles que o colocaram no poder, pois, se assim o tiverdes será
possível que eles, ao se tornarem insatisfeitos com a autoridade, se rebelem
contra o príncipe.
Maquiavel sugere que, para resguardar seu poderio ao anexar novos
territórios de mesma cultura, o príncipe deve extinguir a linhagem do antigo
príncipe e não modificar leis e impostos. Porém, em caso de cultura, língua ou
leis diferentes, é aconselhável que o príncipe vá habitar no local, assim, em
caso de desordens, está de pronto para resolvê-las, além de que, segundo
Maquiavel (p.10)"os súditos ficam satisfeitos porque o recurso ao príncipe se
torna mais fácil, donde têm mais razões para amá-lo, querendo ser bons, e para
temê-lo, caso queiram agir por forma diversa."
Outro modo eficiente, ou remédio, é criar Colônias, visto que, Segundo
Maquiavel não é muito que se gasta com as colônias, podendo assim ser
organizadas e mantidas. Os únicos que terão prejuízos com elas serão de
quem se tomam os campos e as moradias para se darem aos novos habitantes.
Sobre questões pertinentes à principiados que possuem leis próprias
antes de serem conquistados, o autor ainda reitera o fato de que é necessário
deixar que vivam com suas leis, arrecadando um tributo e criando um governo
de poucos, que se mantenham amigos nesse governo.
Já um principado no qual o príncipe chegar ao poder não pela crueldade e sim
pelo favor de seus concidadãos, que pode ser denominado principado civil.
Ao elucidar sobre os principiados eclesiásticos, o autor diz não ser de a
pertinência humana falar a seu respeito, pois tal ato seria presunçoso e
temerário.
Segundo Maquiavel, não é aconselhável que as forças armadas do
estado sejam de origem mercenária, visto que, estes sendo contratados, são
infiéis e ambiciosos e, seguindo uma tendência do livro, o autor utiliza de
exemplos, e nesta parte, lança mão do exemplo da Itália que se encontrava em
situação desoladora.
O autor ainda coloca em cheque as tropas auxiliares, que são aquela
que, quando há necessidade, se apresentam quando chamada por um
poderoso para que, com seus exércitos, ajude e defenda. O autor ainda as
define como sendo mais perigosas que as mercenárias, tornando o principado
à ruína certa.
Portando, um príncipe prudente deve preferir suas tropas, ainda que
estas o levem a derrota, do que estas outras forças, sendo que isso não
desencadearia em uma vitória real.
Ainda fazendo uso das táticas de guerra, o autor defende a tese de que
é necessário que o príncipe não se afaste desta, com ações e com a mente.
Para falar dos príncipes, ao autor analisa-os, segundo Maquiavel estes
se fazem notar por alguns daqueles atributos que lhe acarretam ou reprovação
ou louvor, podendo ser exemplificados (pelos príncipes já vividos na terra)
liberais, miseráveis, pródigos, rapaces, cruéis, piedosos, fedígrafos, fieis,
efeminados, pusilânimes, ferozes, animosos, humanos, lascivos, castos,
simples, astutos, duros, fáceis, graves, levianos, religiosos, incrédulos e assim
por diante.
O autor afirma que não é possível possuir todas as virtudes e que, quem
as possuem, não consegue se manter no poder. Segundo Maquiavel (p.72):
A um príncipe, portanto, não é necessário que de fato possua todas as
sobreditas qualidades; é necessário, porém, e muito, que ele pareça possuí-
las. Antes, ouso dizer que, possuindo-as e praticando-as sempre, elas
redundam em prejuízo para si.
Entretanto, a afirmação feita pelo autor, não significa que ele não dê
importância as virtudes, pois segundo Maquiavel assassinar os seus
concidadãos, trair os seus amigos, renegar a fé, a piedade, a religião, não são
ações que possam ser chamadas de virtuosas, pois por esses meios pode-se
conquistar o poder, mas não a glória.
Sobre a liberdade, é necessário que a faça sem exagero, não deve ser
concedida liberdade de maneira imprudente, não devendo se preocupar com a
tacha de miserável.
Assim o príncipe não deve gastar muito para que não precise roubar de
seus súditos, para não ficar pobre e desprezado pelo seu povo, mantendo-se
no poder. Segundo Maquiavel (p.67):
Dentre todas as coisas de que um príncipe se deve guardar, está a ser
desprezado e odiado, e a liberdade o conduz a uma e a outra dessas coisas.
Portanto, é mais sabedoria ter a fama de miserável, que dá origem a
uma infâmia, sem ódio, do quem por querer o conceito de liberal, ver-se na
necessidade de incorrer no julgamento de rapace, que cria uma má fama com
ódio.
No capítulo dezessete o autor lança mão da máxima que é melhor ser
temido que amado. Assim como a liberdade, o príncipe não deve utilizar de
piedade exacerbada, ainda que seja melhor ao príncipe que este seja tido como
piedoso à cruel, não obstante, ele deve ter cuidado a usar tal piedade, pois,
com exemplos, o autor evidencia o fato de que, quando tido como piedoso, o
príncipe pode colocar em risco seu principado.
Deve o príncipe se fazer temer, de modo que se não conquistar o amor,
fuja ao ódio. Podendo o príncipe ser, ao mesmo tempo, temido e não odiado.
Entre ser amado e temido, é deveras mais seguro ser temido, visto que,
o homem geralmente é um ser ingrato e volúvel, e o príncipe que confia
inteiramente em suas palavras está perdido.
As amizades que se adquirem por dinheiro, e não pela nobreza da alma,
não se podem contar, pois no momento oportuno, não se torna possível utilizá-
las.
Mudando a linha de pensamento o autor defende que o príncipe deve
dar pouca importância às conspirações se o povo lhe é benévolo, mas caso
não o for, deve, portanto, temer a tudo e a todos.
Ao retomar suas considerações sobre os príncipes, o autor enuncia que
um príncipe é estimado, ainda, quando verdadeiro amigo e vero inimigo. Ainda
defende a tese de que o príncipe, quando necessitar de ajuda, deve ter cautela
em jamais fazer aliança com um mais poderoso que ele, para atacar os outros,
pois, caso vença, poderá se tornar prisioneiro de tal.
Ainda, ao príncipe cabe estimular os seus súditos virtuosos, honrando
os melhores na arte e animar seu povo a exercer suas atividades de agricultura,
comércio, além de, em épocas convenientes, distrair seu povo com festividades
e espetáculos.
Segue depois, no capítulo XXIII, um fato de extrema importância, como
dito por Maquiavel (p.96):
Necessidade de afastar os aduladores, escolhendo em seu estado
homens sábios e somente a eles deve dar a liberdade de falar-lhe a verdade.
Devendo o príncipe procurar conselhos quando a ele for pertinente, e
não quando os outros acharem que seja necessário, devendo os conselhos
nascerem da prudência, e não a prudência nascer dos bons conselhos.
Por fim, o autor enuncia sobre as questões sobre a política italiana.
Maquiavel ensina como tomar o poder e clama para que alguém o faça, para a
unificação da Itália. Tudo que ensina é para achar um Príncipe virtuoso que
salve sua pátria, a si e ao povo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dotada de grande cunho político, a obra O Príncipe, de Nicolau


Maquiavel, é por excelência, obra escrita na época para todo político que
aspirasse obter bons resultados durante seu governo.
Maquiavel aconselha os governantes sobre como governar e manter o
poder absoluto, mesmo que seja necessário utilizar forças militares para
alcançar tal objetivo. O autor conclui que um bom governante deveria ter virtude
e fortuna.
A obra é escrita de maneira rebuscada, o que, ainda assim, não é capaz
de torna-la incompreensível, visto que, com uma leitura crítica percebe-se que
atinge pontos essenciais do estado.
Ao ler, é possível inferir dados perceptíveis da nossa sociedade, como
exemplo: a utilização do governo dos meios de entretenimento como forma de
distração da população – método utilizado no império romano na política do
pão e circo, e que se assemelha na utilização dos governos eventos esportivos
de grande porte.
Maquiavel ainda defende a criação de colônias, e, em ato que foge aos
direitos sociais da democracia atual, ele defende a tese de que o prejuízo será
apenas aos não abastados, prática também recorrente na política nacional,
onde a população pobre é reclusa dos privilégios do estado.
O autor ainda sugere, em diversas passagens, que o príncipe não deve
confiar plenamente em outrem, sendo que, a natureza do homem é egoísta, e
que, o dinheiro, por vezes, parece ocupar um pedestal de extrema importância
em seus objetivos, e é responsável por corromper toda e qualquer relação
humana.
Após a leitura da obra, e a análise da mesma, é possível que a
capacidade cognitiva e de percepção da realidade do estado, abranja
horizontes e torne possível que se obtenha novos e edificantes conhecimentos,
os quais serão levados como experiência ao longo da vivência.
A obra aqui desenvolvida é de grande importância, não só política, mas
também cultural e social.

REFERÊNCIAS

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. [Tradução Maria Júlia Goldwasser]. 2ª ed.


São Paulo: Wmf Martins Fontes, 1996.

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