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Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS

Escola de Humanidades
Metodologia do Ensino de História
Professora Sirlei Gedoz

Nomes: Ismael Ferreira, Juliana Dias e Lavínia Moura Data: 09/04/2019

Tema:
Reino do Kongo - antes da chegada dos europeus
Ano: 7°

Anteriormente pensada numa dimensão externa, sobre a ótica imperial e


portuguesa, a história do Kongo agora é pensado sobre o próprio reino.

Origens obscuras

Baseada na história oral, sua origem remonta atos heróicos que geraram uma
ruptura brutal. As formas de organização social e estrutura residenciais no período
anterior ao reino eram ora divididas por filiação e parentesco, ora pelas relações de
residência. As aldeias não contavam com mais de trinta casas, e havia um grande
número de localidades resultante da segmentação de linhagem e da exploração de
terras vizinhas. As cidades distinguiam-se pelo número de habitantes e sua origem.
Seu ecossistema é dividido em três zonas: zona central (maior densidade
populacional), zona de planalto (clima mais quente e mais irrigada) e a zona costeira
(pluviosidade insuficiente e irregular).
Na chegada dos portugueses, havia um dinamismo comercial, com distribuição
desigual e produção abundante de produtos agrícolas, da arboricultura e pecuária.
No domínio das crenças, a conversão ao cristianismo foi facilitada pelo cenário
pré-existente. As crenças locais dividiam o mundo em duas partes: preto e branco,
vivo e morto, e tudo que acontece é pela vontade e ação destas forças. Haviam três
grupos de crenças, que serviam para dar suporte e legitimidade à diferentes
formações políticas
O primeiro deles eram relacionados aos mortos, que poderiam ser invocados
a perturbar a existência dos vivos, por isso a atenção aos mortos descontentes e ao
seu culto.
O segundo era associado aos mbumba e à fertilidade. Cada zona possuía um
certo panteão de espíritos a serem cultuados. Os mbumba poderiam encarnar formas
e objetos em lugares inesperados, até em seres humanos.
O terceiro culto era voltado aos mpemba, espíritos demoníacos. Era praticado
apenas por homens que buscavam desempenho e êxito individuais através de
feitiços. Os diferentes tipos de nganga comercializavam diversos tipos de feitiços.
O kanda é uma estrutura de poder ligada ao parentesco, apoiando-se em
genealogias que extendem-se até os antepassados conhecidos, conferindo seus
laços de sangue e legitimando seu poder. No seu nível superior havia uma mulher
mani e um chefe adjunto do sexo oposto. Abaixo, existem os nkulutu, que exerciam a
justiça e a administração local. A estrutura em rede servia para a perpetuação do
poder. Com o tempo, houve uma hierarquização entre os kanda, havendo a
submissão de kanda menores, e casamento transformaram algum deles em clãs
matriarcais. A partir do século XV, estas estruturas se fragmentam em identidades
autônomas devido à imigração e outras forças externas.
A segunda forma de poder é baseada particularmente nas forças espirituais e
na territorialidade, com os chefes bitomi ou bitome que “encarnavam” estes espíritos.
Impunham prescrições rituais, e o fogo era símbolo do seu poder. Sua estrutura de
poder era hierarquizada, para melhor controlar vastos territórios, onde existiam kitomi
responsáveis. O culto do kimpasi ao sul e do lemba ao norte também eram baseados
na territorialidade. Os kimpasi formavam uma sociedade secreta, primeiramente
consagrando à fertilidade, tornando-se grandes especialistas em cura.
A terceira forma eram os chefados. Sua autoridade era baseada no culto dos
antepassados de todo o território submetido, na utilização de espíritos nkadi mpemba
para matar aqueles que não se submetiam. Sua eficácia causava fascínio e horror,
transformando sua residência em uma casa de feitiços. Raros testemunhos do
passado comprovam a existência de chefados por todo o território. Algumas destas
organizações de poder tornaram-se resistência à formação estatal do Kongo.

GLOSSÁRIO:
dikanda ou kanda (makanda), forma de organização social baseada na filiação
e parentesco.
mubada (mabata) - aldeia
kibelo - localidade
mbanza - cidade
nzimbu - sal marinho
songo - conchas
kalunga - duas montanhas separadas por uma grande extensão de água
nganga atombola - especialistas em lidar com mortos descontentes
nganga mpungu - especialistas em intervir em guerras
nganga ngome - especialistas em prever o futuro individual
nganga ndoki - especialistas em vingar uma agressão mágica
nganga nsambi - especialistas em curar doenças
nganga nzazi - especialistas em provocar chuvas
ndoki - pessoa que recebe um espírito e torna-se um feiticeiro
mbumba - espírito da água e da terra (serpente gigantesca)
isimbi ou simbi - espíritos e gênios das águas (zona costeira)
nkita - espíritos e forças da terra (parte oriental)
nsona - primeiro dia da semana, observado em homenagem aos espíritos
nkisi - feitiços instalados
nkadi mpemba - espíritos demoníacos
kanda - organização política assentada no parentesco
mani - mulher líder de um kanda
nkulutu - líder de aldeia
bitomi ou bitome - líder territorial baseado na força espiritual
nganga mani nkita - hierarquia rígida de chefes kimpasi

BIBLIOGRAFIA:

MBOKOLO, Eliakie. África negra: História e civilizações. Salvador: EDUFBA; São


Paulo: Casa das Áfricas, 2009.

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