Câmara de Comércio Internacional

Comitê Brasileiro
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NO 56 - JULHO / SETEMBRO 2006

A POLÍTICA EXTERNA DO BRASIL

O Brasil tem um leque de comércio exterior muito diversificado, com maior peso nos produtos
primários e com uma divisão bastante boa nas diferentes regiões do mundo, classificando-se como um
globaltrader. Entretanto, é um micro-globaltrader, pois tem apenas cerca de 1% do comércio global.
Embora altamente positivos os saldos comerciais, os resultados políticos dos últimos quatro anos não são
animadores. Por exemplo, nunca a situação do Brasil na América Latina esteve tão mal como está agora.
A elevação unilateral de preços do gás e a nacionalização das instalações da Petrobrás não são os únicos
problemas que o Brasil tem na Bolívia. O Brasil, significativamente, não teve a solidariedade dos países
vizinhos, nesse episódio, como também, não contou com o apoio latino-americano quando tentou obter a
Presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento, a vaga no Conselho de Segurança da ONU e
a candidatura a diretor da OMC. Esses são vários aspectos em que a política externa é malsucedida. Não
há precedentes de o Brasil ter estado numa situação tão má quanto esta.
O Mercosul é, hoje, uma sombra do que foi e não está sendo o que poderia ser. Quanto ao seu
futuro, não se sabe se ainda existe. O Mercosul não conseguiu maior abrangência política e econômica
face às sucessivas crises econômicas globais e locais. A mais importante foi a crise da Argentina, que
começou no fim do governo Menem e persiste até hoje. Faltou ao Brasil iniciativas para tentar superar os
problemas com os seus vizinhos e a estes mais objetividade no reconhecimento das vantagens da integração.
O cenário que se desenha é de o Brasil sendo propriamente isolado na América Latina. Até mesmo
tradicionais adversários da ALCA, como Chávez e outros, fazem acordos com os Estados Unidos e se
entendem com ele.
Estamos assistindo ao Uruguai dizer que o Mercosul mais atrapalha que ajuda e que lhe convém
mais fazer um acordo bilateral com os Estados Unidos do que manter um acordo com o Mercosul. Esses
países estão sendo pragmáticos. Política externa é pragmatismo e princípios , não ideologia.
No plano diplomático, os Estados Unidos não têm tido problemas com o Brasil, que os tem
acompanhado e com quem mantém um bom relacionamento. No plano comercial, o trato não tem sido bom
e os problemas têm sido grandes.
No caso da Bolívia, faltou uma avaliação prévia de que todo investimento tem um risco do negócio,
ao qual, no plano internacional, se agrega o chamado risco país, que é político. Foi este que se revelou mal
calculado em relação à Bolívia.
As relações comerciais do Brasil com os demais países do mundo não têm se aprofundado como
poderiam. O papel da diplomacia é o de fazer acordos para obter a eliminação de barreiras para que os
exportadores possam atuar. É de abrir estradas para que o comércio passe, e isso não vem ocorrendo.
Não se sabe de nenhum acordo bilateral ou regional recente que tivesse removido barreiras ou facilitado
o comércio.
Extraído da entrevista do advogado Luiz Olavo Baptista, árbitro do órgão de apelação da OMC
 2 CARTA DE NOTÍCIAS
World Business Award
Realizou-se durante a 14 a
Reunião da Comissão de
Desenvolvimento Sustentável das
Nações Unidas, em nove de maio
deste ano, a entrega do prêmio
“World Business Award”, às
empresas que se destacaram no
programa Metas de
Desenvolvimento no Milenium
(MDGs): The Merck Company
Foundation, The Bill and Melinda
Gates Foundation, CEMEX México,
Glaxo SmithKline e TetraPak.
Propriedade Intelectual
A Comissão sobre propriedade
intelectual está divulgando seu
“Roadmap” anuário sobre temas
correntes e emergentes relativos a
propriedade intelectual, de interesse
da comunidade empresarial.
Referido Anuário é produzido com
a colaboração de diversas
organizações intergovernamentais,
tais como a World Intellectual
Property Organization (WIPO) e a
Organização Mundial do Comércio
(WTO).
Comissão Bancária
A ICC Banking Commission está
trabalhando na etapa final de revisão
da UCP 500, documento que contém
as regras básicas dos créditos
documentários no comércio
internacional. A nova versão - UCP
600 - com inúmeras inovações,
deverá ser submetida aos Comitês
Nacionais, com vistas à sua
aprovação pela ICC Banking
Commission, em 24/25 de outubro
próximo. Entrará em vigor em 1o de
julho de 2007.
CÂMARA DE COMÉRCIO INTERNACIONAL
NOTÍCIAS DA CCI
Crimes Comerciais
A Divisão da ICC (CCS)
especializada no combate aos
crimes comerciais está reiterando
aos associados a disponibilidade de
seus serviços sobre esse assunto.
Seus serviços compreendem:
informações e recursos necessários
para detetar e prevenir atividades
ilegais; proteção a seus membros
sobre crimes da espécie;
procedimento de investigações; e
assistência às vitimas de fraudes,
na recuperação de suas perdas.
Legislação e Prática Comercial
A ICC Commission on
Commercial Law and Practice
(CLP) está ampliando o escopo
dos Grupos de Trabalho sobre
“Fusões e Aquisições” e
“Licitações Públicas”. Nesse
sentido, procura novos membros
para os referidos grupos, de
preferência que tenham
experiência como auditores
internos, advogados especialistas
em assuntos internacionais e
empresários com experiência em
concorrências públicas.
O Departamento de Políticas e
Práticas Comerciais da CLP
reuniu-se em Veneza (Itália), em 23
de junho, tendo debatido diversos
temas de grande interesse dos
meios comerciais, tais como:
Legislação Contratual Européia,
Transferência de Tecnologia,
Modelo de Acordo sobre
Confidencialidade, Licitação
Pública, Convenção de Haia,
Incoterms 2000, Fusões e
Aquisições e Patentes.
Arbitragem
Coordenado pela Associação
Francesa dos Advogados de
Empresas (AFJE) e pela
Associação dos Empregados das
Empresas Européias (ECLA/AEJE),
será realizado no próximo dia 23 de
outubro um Seminário de um dia de
treinamento, para pessoal de
empresas. O programa do Seminário
se destina a dar um conhecimento
prático a todos aqueles que se
dedicam a negociações
internacionais de arbitragem.
Comitê Brasileiro da CCI
Nos próximos dias 30 e 31 de
outubro, serão realizados dois
importantes eventos sobre
arbitragem, em Salvador, Bahia:
II Jornada CCI de Arbitragem -
Além da presença do Prof. Pierre
Tercier, Presidente da Corte de
Arbitragem da CCI, contará com a
presença honrosa da Ministra Ellen
Gracie, presidente do STF, e do
Senador Marco Maciel, assim como
dos professores Theophilo Azeredo
Santos, presidente do Comitê
Brasileiro da CCI e Arnoldo Wald,
coordenador da Comissão de
Arbitragem do Comitê Brasileiro da
CCI, entre outros notáveis juristas
brasileiros.
VI Congresso Brasileiro de
Arbitragem - coordenado pelo
Centro Brasileiro de Arbitragem
(CBAr), com a presença,
igualmente, de representantes dos
maiores escritórios de advocacia do
Brasil, será dedicado à
comemoração do 10o aniversário
da lei brasileira de arbitragem.
COMITÊ BRASILEIRO
 CARTA DE NOTÍCIAS
Floresta Amazônica
Entre agosto de 2005 e julho de
2006, a Amazônia Legal perdeu
10.943 quilômetros quadrados de sua
floresta, de acordo com o sistema
de monitoramento em tempo real, o
deter. É o equivalente a mais de 3
milhões de caminhões com toras de
madeira.
O número é 11% menor do que o
registrado entre 2004 e 2005 e
confirma uma queda no ritmo de
desmatamento da região pelo
segundo ano consecutivo.
Considerando-se os anos anteriores,
a floresta amazônica já perdeu pelo
menos 17,49% de sua área.
Os dados do sistema Deter
mostram uma redução significativa
no ritmo de desmatamento no estado
de Mato Grosso. A devastação no
período 2005/2006 foi 34% menor
do que entre 2004 e 2005.
Mercado de Carbono
A Celulose Irani deverá receber
R$ 2,6 milhões pela venda de
créditos de carbono ao grupo Shell,
emitidos pelo UNFCCC (United
Nations Framework, climate Change
Convention), órgão vinculado às
Nações Unidas, referentes a
179.397 mil toneladas de carbono
que deixaram de ser lançadas na
atmosfera. Trata-se da primeira
empresa brasileira do setor de papel
e celulose, e a segunda do mundo, a
ter os créditos do carbono emitidos
pelo Protocolo de Quioto.
Esse resultado é conseqüência do
projeto de co-geração de energia
desenvolvido pela Eco-Securities,
instituição inglesa do mercado de
crédito de carbono.
CÂMARA DE COMÉRCIO INTERNACIONAL
MEIO AMBIENTE
Emissão de Metano
Cientistas liderados pelo alemão
Frank Keppler divulgaram na
revista Natures, em janeiro, que as
plantas em condições aeróbicas
produzem entre 10% e 30% de todo
o metano lançado anualmente na
atmosfera.
A descoberta gerou pedidos pela
reavaliação do protocolo de Kyoto,
que permitia que os países
Povos e Comunidades
Tradicionais
Foi instalada pelos Ministérios do
Meio Ambiente e do
Desenvolvimento Social, a Comissão
Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais. Segundo
informações do MMA, essas
comunidades representam cerca de
4,5 milhões de pessoas, que ocupam
25% do território nacional (1,76
milhões de Kms²). Desse grupo
fazem parte cerca de 2 milhões de
quilombolas, 435 mil “índios”,
metade dos quais vivem em centros
urbanos, 1 milhão de barrageiros
(deslocados pela construção de
barragens), além de seringueiros e
outros. Segundo o Ministro Patrus
Ananias, “o maior desafio do
governo é a demonstração do
acesso à terra”.
Evidentemente, o Presidente Lula
não está sendo devidamente
informado sobre a questão dos
índios, dos quilombolas ou das
agressões do MST. Mas,
certamente, alguns setores do
Governo estão alimentando um
problema que poderá gerar
tremendas dificuldades em futuro
próximo.
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plantassem mais florestas, em vez
de priorizar a redução das
emissões dos gases como o dióxido
de carbono (CO²).
O método Keppler foi contestado
por uma equipe de pesquisadores
liderados por Miko Kirschbaum,
segundo os quais as emissões de
metano por árvores são apenas
25% dos números divulgados.
O Cerrado e o
Patrimônio Nacional
Está em curso no Congresso
Nacional, o Projeto de Emenda
Constitucional PEC n o 115, de
1995, que propõe a inclusão do
Cerrado entre as regiões
consideradas biomas do
patrimônio nacional, juntamente
com a Floresta Amazônica, a
Mata Atlântica, a Serra do Mar
e o Pantanal Matogrossense. O
Projeto está sendo examinado
por uma Comissão Especial da
Câmara dos Deputados, com
parecer favorável do Relator.
É fácil imaginar as dificuldades
que advirão para os proprietários
da região e os entraves
burocráticos à aprovação de
novos investimentos no setor
agroindustrial.
COMITÊ BRASILEIRO
 4 CARTA DE NOTÍCIAS

Conselho Diretor do Comitê Brasileiro da ICC

Presidente: Carlos Henrique de C. Fróes COMISSÃO DO DESENVOLVIMENTO
Theophilo de Azeredo Santos Carlos Maximiano Mafra de Laet SUSTENTÁVEL E ENERGIA
Secretário Geral: Cid Heráclito de Queiroz Coordenador: Marcelo Drügg Barreto Vianna

Ernane Galvêas Giulite Coutinho

Vice-Presidentes:
Antonio Oliveira Santos
Armando Monteiro Netto
Arnold Wald
João Augusto Souza Lima
Luiz FernandoTeixeira Pinto
Manoel Pio Corrêa
Marcelo Drüg Barreto Viana
Oswaldo Trigueiros Júnior
COMISSÃO DE ARBITRAGEM
Coordenador: Arnoldo Wald
COMISSÃO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL,
MARKETING E CONCORRÊNCIA
Coordenador: Pietro Ariboni

CÂMARA DE COMÉRCIO INTERNACIONAL COMITÊ BRASILEIRO