Você está na página 1de 60

CULTURA DO ARROZ

8. CALAGEM E ADUBAÇÃO
ADUBAÇÃO = (PLANTA - SOLO) x f

Para quantificar o primeiro parâmetro realizar 4 perguntar :

1 – O que aplicar?

2 – Quanto aplicar?

3 – Quando aplicar?

4 – Como aplicar ?
1 – O QUE APLICAR?

- Nutrientes necessários
Fig. 1 – “Lei do mínimo”
- “Lei do mínimo” de Liebig (1862) (Adaptado de ANDA ,1998.)

- Produção fica limitada ao nutriente em menor disponibilidade.


2 – QUANTO APLICAR ?

Fig. 2 – “Lei dos incrementos decrescentes”


(Adaptado de ANDA 1998)
- Quantidades ou doses adequada.

- “lei dos incrementos decrescentes” de Mitscherlich e Spillman (1924).

- Produtividade máxima x Produtividade máxima econômica;

- Após a produtividade máxima aplicações sucessivas geram incrementos cada


vez menores.
- Satisfazer as exigências

- Manter a fertilidade do solo


Tabela 1 – Produção e acumulação de nutrientes pela cultura de terras altas.

Tabela 2 – Produção e acumulação de nutrientes pelo arroz irrigado, com produtividade alta.

Adaptado de FAGERIA, 1995.


3 – QUANDO APLICAR ?

- Fase da cultura de maior exigência;

- Comportamento do elemento no solo;

- Parcelamento;

- Sistema de cultivo ?

– terras altas
– irrigado
4 – COMO APLICAR ?

- Pré-semeadura (Corretiva);

- Semeadura;

- Cobertura;

- Adubação via sementes ou foliar (Micronutrientes).


ANÁLISE QUÍMICA DO SOLO

G4
G = Gleba
(1) Solo raso (1)
(2) Solo profundo G1
(2) Lençol freático (com calagem)
G2 G3
(sem calagem)
(encosta)
G5

G6
(2)
(pastagem)
G8
G7
(varzea)

(3)

Seleção da Amostragem Análise em Resultado da


área laboratório Analise de
Solo
NUTRIÇÃO MINERAL

ü A calagem
ü Adubação

Constituem fatores importantes para o aumento da


produtividade.
CALAGEM
Arroz de Terras Altas

Necessidade de Calagem

- Elevação do V2 = 50 %
- Elevar o Mg a um teor mínimo de 5 mmolc/dm3

NC (T/ha) = (V2 – V1) x CTC


PRNT x 10

CTC = SB + (H+Al)
SB = Ca2+ + Mg2+ + K+
Cantarella e Furlani (1997)
BENEFICIOS DA CALAGEM

- Fornece cálcio e magnésio;

- Aumenta disponibilidade de nutrientes, principalmente do H2PO4-;

- Diminui disponibilidade de Al3+, Fe2+ e Mn2+;

- Aumenta mineralização da matéria orgânica;

- Aumenta fixação biológica do N2 no ar;

- Melhora a agregação do solo (efeito do Ca);

- Aumento do pH;

- Correção antecipada para rotação de culturas exigentes em pH.


Figura 1 – Influencia da correção da acidez do solo sobre a
disponibilidade dos nutrientes.
Figura 2 - Resposta do arroz de terras altas à calagem.

Fageria (2000).
Resposta do arroz de terras altas a calagem
Produção de grãos (Kg / ha)

Cálcario aplicado (t / ha)

Conclusão :

- A cultura do arroz responde pouco à aplicação do calcário.

Fageria (2001)
Modalidades de semeadura

1 – Semedura no seco e inundação 30 DAE;

2 – Sistema pré-germinado e transplante de mudas – inundado


desde o inicio do ciclo.

Fageria et al. (1995)


RECOMENDAÇÕES DE CALAGEM
Arroz irrigadode calagem para arroz irrigado
Recomendações

1- Semeadura no seco e inundação 30 DAE. Inundação propicia correção e


condições de solo mais adequadas próximo ao fim da fase vegetativa (40 a 60 DAE)

Fase Vegetativa – período crítico de maior absorção de nutrientes essenciais.

Assim há necessidade de calagem quando:

- pH em água for <_5,5 e saturação por bases < 65%


RECOMENDAÇÕES DE CALAGEM
Arroz irrigado de calagem para arroz irrigado
Recomendações

2- Sistema pré-germinado e transplante de mudas – solo inundado desde o inicio


do ciclo.

-Assim não há necessidade de calagem, exceto:

Para corrigir deficiências de Ca e/ou Mg, ou seja, níveis de Ca <_2,0 cmolc/dm3


e/ou Mg <_ 0,5cmolc/dm3.

Nesse caso aplica-se 1 t/ha de calcário dolomitico com PRNT 100%


RECOMENDAÇÕES DE CALAGEM
Arroz irrigado

Figura:

Variação do pH dos
solos durante a inundação

Fonte: Moraes e Freire (1974)


Algumas considerações sobre CALAGEM

1- Escolha do calcário – dar preferência PRNT maiores e não o custo por


tonelada bruta do produto

2- Aplicação 3 meses ou mais antes da semeadura do arroz – PRNTs >_ 100%


produz retorno econômico já no primeiro cultivo, quando aplicado 30 DAS.

3- Residual igual ou superior a cinco anos – análise solo

4- Plantio direto – palha e fertilizantes nitrogenados tendem a acidificar a camada


superficial – reaplicações freqüentes de calcário.
NITROGÊNIO

IMPORTÂNCIA

Componente da clorofila – área foliar – intercepção radiação solar – taxa


fotossintética – produção;

Planta absorve NO3- e NH4+;

Condições anaeróbicas NH4+ apresenta-se em maior quantidade;

A taxa de absorção de NH4+ é de 5 a 20 vezes maior que a de NO3-.


EXTRAÇÃO DE N

Tabela 3 – Produção e acumulação de nitrogênio pela cultura do arroz irrigado e de


terras altas.
Sistema Parte da Produção N N
planta (kg ha-1) (kg ha-1) (kg t-1)
Irrigado Parte aérea 10.726 55 5,1
Grãos 5.464 61 11,3
Total 16.190 116 7,1
Terras altas Parte aérea 3.494 35 10
Grãos 2.104 106 50
Total 5.598 141 25

Fageria (1995).
NITROGENIO – arroz irrigado
Recomendação segundo os teores de matéria orgânica

Elas diferenciam-se para os estados dos Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

RS – incremento de produtividade pretendido – Tabela 4

SC – 2 expectativas de produtividade – Tabela 5

Qual o motivo da distinção?

-RS alta variabilidade nas características edafo-climáticas. (Rios – 49% planossolos,


24% gleissolos, 11% chernossolos);

-SC (60% gleissolos).


NITROGENIO – arroz irrigado - doses

Tabela 4 – Recomendação de adubação nitrogenada para o arroz irrigado no Rio


Grande do Sul, considerando o incremento de produtividade pretendido.
NITROGENIO – arroz irrigado - doses

Tabela 5 – Recomendação de adubação nitrogenada para o arroz irrigado em Santa


Catarina, considerando a expectativa de produtividade pretendida.
ÉPOCA MAIOR EXIGENCIA DE Nitrogênio

Doses < 50 kg/ha


Única aplicação – (diferenciação da panícula)

Doses > 50 kg/ha


Parcelamento (2)
- ½ inicio do perfilhamento (4 a 5 folhas);
- ½ diferenciação da panícula (“ponto de algodão”)

Parcelamento (3)
-cultivares de ciclo longo (> 135 dias);
-1/3 inicio do perfilhamento;
-1/3 perfilhamento pleno; 1/3 diferenciação da panícula.
NITROGENIO – arroz irrigado - aplicação
Perfilhamento

Figura 3. Contagem das folhas da planta de arroz (Yoshida, 1981).


NITROGENIO – arroz irrigado - aplicação
Diferenciação da panícula – “Ponto de algodão”

Figura: Determinação visual do “ponto de algodão”, mediante


corte longitudinal do colmo da planta de arroz (Fornasieri Filho
e Fornasieri, 2006).
NITROGENIO – arroz irrigado - aplicação

Tendo em mãos a dose recomendada....como proceder a aplicação?

1- Sistema de semeadura em solo seco – N na base

2- Sistema pré-germinado – N na base não é recomendado, percas


por desnitrificação. Tabela 13

Ambiente anaeróbico --------- Bactérias pseudomonas (NO3-) N2 (gás)


NITROGENIO – arroz irrigado - aplicação

1- Sistema de semeadura em solo seco – N na base

- Recomenda-se aplicar 10 kg/ha na semeadura e o restante em cobertura.

- Parcelamento (2)
Realizar a primeira com antecedência máxima de 3 dias da inundação
definitiva;

Por quê?
- Incorporação do fertilizante;
- Disponibilidade por um tempo maior às plantas.

Demais aplicações em lâmina de água não circulante.


NITROGENIO – arroz irrigado - aplicação

Nitrogênio no seco Nitrogênio na água


NITROGENIO – arroz irrigado - aplicação

Uréia no seco x Uréia na água


NITROGENIO – arroz irrigado - aplicação
2- Sistema pré-germinado – N na base não é recomendado.

Tabela 6 – Épocas de aplicação e fração da dose da adubação nitrogenada em função do ciclo da


cultivar para o sistema pré-germinado.
NITROGENIO – arroz irrigado - fontes

- Sulfato de amônio (21% N)(Problema em altas doses (> 60 kg / ha) e


T°C, liberação gás sulfídrico, tóxico as plantas)

- Fosfatos mono e di-amônicos (MAP- 10% de N) e (DAP- 16


% de N),

- Uréia- 45 % de N (mais utilizada)


NITROGENIO – terras altas - semeadura

Tabela 7 – Adubação mineral de semeadura para o arroz de terras altas no Estado de


São Paulo.

Cantarella e Furlani (1996)


NITROGENIO – terras altas - cobertura

Tabela 8 – Adubação mineral em cobertura para o arroz de terras altas no Estado de São
Paulo.

1- Alta resposta esperada: solo boa fertilidade, mas cultivado continuamente com
gramíneas; solos muito arenosos; áreas irrigadas por aspersão.

2- Média a baixa resposta: solos cultivados com leguminosas ou adubo verde; solos
em poucio por longos períodos ou áreas recém-abertas e que receberam calcário
recentemente.
Cantarella e Furlani (1996)
NITROGENIO – terras
ADUBAÇÃO – Nitrogênio altas
– ARROZ irrigado
DE TERRAS por aspersão
ALTAS IRRIGADO

- semeadura

Tabela 9 – Adubação mineral de semeadura para o arroz de terras altas irrigado por
aspersão, no Estado de São Paulo.

Cantarella e Furlani (1996)


NITROGENIO – terras altas irrigado por aspersão
- cobertura

Tabela 10 – Adubação mineral em cobertura para o arroz de terras altas irrigado por
aspersão, no Estado de São Paulo.

•Para doses até 60 kg/ha aplicar na diferenciação da panícula


•Para doses maior: ½ dose no perfilhamento + ½ dose no início da
diferenciação da panícula
Cantarella e Furlani (1996)
ACAMAMENTO

- Cultivares de porte alto;

- Doses nitrogenadas altas;


- Cultura antecessora;
- Problema na colheita.
FÓSFORO

IMPORTANCIA

1. Exerce papel central na transferência de energia e no metabolismo de proteínas;

2.Aumenta número de panículas

3. Aumenta massa dos grãos

4. Ajuda no processo de maturação dos grãos

5. Aumenta crescimento do sistema radicular

6. Ajuda na melhoria da qualidade dos grãos

Adaptado de Fageria – diagnose foliar


FÓSFORO – arroz irrigado

Tabela 12 – Recomendação de adubação fosfatada para o arroz irrigado no Rio Grande


do Sul, considerando o incremento de produtividade pretendido.

SOSBAI, 2007.
FÓSFORO – arroz irrigado

Tabela 13 – Recomendação de adubação fosfatada para o arroz irrigado no Santa


Catarina, considerando a expectativa de produtividade.

SOSBAI (2007).
FÓSFORO – arroz irrigado
FÓSFORO – arroz irrigado - aplicação

- Semeadura no seco;
- Aplicação da adubação de P e K na linha de semeadura.
FÓSFORO – arroz irrigado - aplicação
- Semeadura com sementes pré germinadas
- Aplicação da adubação de P e K antes da semeadura e incorporada
com enxada rotativa.
POTÁSSIO
IMPORTANCIA
- Ativador enzimático;

- Regulador da abertura e fechamento estomatal;

- Regulador da turgidez do tecido;

- Contribui para a síntese protéica e de carboidratos;

- Auxilia no transporte de substâncias elaboradas nas folhas para outros


órgãos;

- Impede a respiração excessiva;

- Aumenta a resistência da planta à geada, à seca, à salinidade, ao


acamamento e a determinadas pragas e doenças.
Fornasieri Filho e Fornasieri (2006)
POTÁSSIO

Tabela 15 – Recomendações de adubação potássica para o arroz irrigado em Santa


Catarina e Rio Grande do Sul.
K extraído Santa Catarina Rio Grande do Sul
Mehcich - 1 (Arroz pré-germinado) (Arroz com semeadura em solo seco)
mg/dm3 Expectativa de rendimento (t/ha)
6–9 >9 <6 6–9 >9
kg de K2O / ha
<_30 80 90 60 70 80
31 – 60 60 70 40 50 60
61 – 120 40 50 20 30 40
> 120 < 40 < 50 < 20 < 30 < 40

Fornasieri (2006).
POTÁSSIO – arroz irrigado - aplicação

Problema:
Lixiviação de K+

Assim é necessário:
Doses maiores de K20 e parcelamento.

Parcelamento:
½ antes da semeadura e incorporado com enxada rotativa + ½
em cobertura, junto do nitrogênio.

Fontes:
Cloreto de potássio
POTÁSSIO – terras altas – semeadura

Tabela 16 – Adubação mineral de semeadura arroz de terras altas.


Produtvidade K+ trocável, mmolc/dm3
esperada
0 – 0,7 0,8 – 1,5 1,5 – 3,0 > 3,0
K2O, kg/ha
1,5 – 2,5 40 20 0 0
2,5 – 4,0 60 40 20 0

Fonte:Raij e Cantarella (1997).


POTÁSSIO – terras altas – semeadura

Tabela 17 – Adubação mineral de semeadura para o arroz de terras altas irrigado por
aspersão.
Produtvidade K+ trocável, mmolc/dm3
esperada
0 – 0,7 0,8 – 1,5 1,5 – 3,0 > 3,0
K2O, kg/ha
2–4 60 40 20 0
4–6 80 50 30 0
6–8 100 70 40 20

Fonte: Raij e Cantarella (1997).


Tabela 18 – Influência do parcelamento da adubação
potássica sobre produção grãos de arroz de terras altas.
Selvíria-MS, 2001.

Adaptado de Crusciol et al. (2002).


ENXOFRE

-Constituintes de aminoácidos e
proteínas implicadas na
fotossíntese.

Arroz irrigado
- Teor crítico no solo 9 mg/dm3
(Neue e Mamaril, 1984)

Figura : Rendimento de arroz irrigado, em


função de doses de S, em solos com teores de
S abaixo do crítico (a) e acima do crítico (b).
Carmona et al. (2009).
ENXOFRE

Arroz de terras altas

- Sequeiro aplicar 20 kg/ha


- Irrigado aplicar 10 kg/ha

Juntamente com os fertilizantes fosfatados e/ou potássicos.

Exportação : 0,7 kg/ha de S por tonelada de grãos.

Sint. Deficiência:
-Ocorre na folhas mais
novas;
-Amarelecimento
semelhante a
deficiência de N.
Figura : Folhas de arroz com deficiência de S.
Cantarella e furlani, 1996.
SILÍCIO Será que esse elemento desempenha um papel
importante nas plantas ???

Figura : Extração de silício e de outros nutrientes pelo arroz.

Korndörfer (2007).
- Aumento a resistência ao ataque de pragas, doenças e nematóides;

- Diminuição da taxa de respiração;

- Aumentando a eficiência fotossintética.

Por esses benefícios foi incluído na lista dos micronutrientes essenciais, no


Brasil, em Janeiro de 2004

Figura : (1) Corte transversal;


(2) Desenvolvimento de hifa
2 3
de fungo em tecido foliar sem
acúmulo de sílica;
(3) Camada de sílica abaixo
da cutícula dificultando o
1 desenvolvimento da hifa.

Korndörfer (2007).
BORO

Funções:

- Divisão e ao alongamento celular;

- Fertilidade e à germinação do grãos de pólen;

- Participa da translocação de açucares nas folhas para outros


órgãos;

- Pouco móvel no floema e sem redistribuição por este.


FERRO

Funções :

- Formação da clorofila (ñ constituinte - catalizador)

No solo :

Sintomas de toxidade (causa: Fe2+ dissolvido na solução do solo – arroz irrigado)

- Efeito direto – absorção excessiva de Fe2+


- Efeito indireto – precipitação de Fe2+ sobre as raízes – crosta de óxido férrico –
reduz capacidade de absorver nutrientes (P, K, Ca, Si, Na e Mn2+).

AMENIZAÇÃO DA TOXICIDADE DE Fe2+

- Cultivares tolerantes
- Calagem controlada – pH: 6,0
- Aguardar a reprecipitação do Fe2+ em 1 a 3 semanas após inundação
ZINCO
Funções:

- Necessário na rota da síntese do AIA (promotora do volume celular);


- Inibidor da atividade da ribonuclease (multiplicação celular);

Sintomas deficiência:

- Coloração verde-esbranquiçada de cada lado da nervura, evoluindo para coloração


ferruginosa; planta atrofiada.
ZINCO

No solo :

- Submersão do solo (inundação) elevação pH – reduz solubilidade do Zn2+;

- Baixo teor de Zn disponível no solo.

Correção deficiência:

-Tratar as sementes por imersão / 24 h solução 1% de Zn2+ solúvel;

- Imersão da raiz das plântulas em suspensão de ZnO (1 – 3%) plantio imediato;

- Aplicação de zinco no solo, a lanço ou no sulco de semeadura;

- Adubação foliar com solução 0,5% de sulfato de zinco.

Você também pode gostar