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CURSO ON-LINE - D. CONST.

NAS 5 FONTES
PROFESSOR: VÍTOR CRUZ
EXTRA 3 – Interpretação Constitucional:

Interpretação Constitucional:

Interpretação constitucional é o processo de se descobrir o


verdadeiro teor da norma constitucional. É um tema que sempre foi
alvo de muitas discussões e posicionamentos.
A teoria que iremos expor pode parecer um pouco complexa, mas eu
afirmo: É MUITO SIMPLES DE ENTENDER E FIXAR! Basta ler
atentamente cada um dos conceitos que iremos expor e resolver as
dezenas de questões comentadas que colocaremos em seguida.
Tenho certeza que nunca mais esquecerão essa matéria!
Vamos lá então. Antes de qualquer coisa, temos que saber que, em
regra, é o Poder Judiciário que interpreta a Constituição. Não apenas
o STF, mas qualquer juiz pode interpretar a Constituição. Não se
pode falar, porém, que essa atividade é exclusiva do Judiciário, já
que existem exceções como, por exemplo, a chamada interpretação
autêntica (que veremos à frente) que é proferida pelo Poder
Legislativo, editando as chamadas "leis interpretativas".
Para se interpretar a Constituição, fazemos uso de 2 instrumentos, os
princípios de interpretação e os métodos de interpretação.
Os princípios são aqueles direcionamentos iniciais, pontos de partida.
São pressupostos, que devem ser observados para posteriormente
usar os métodos. Os princípios devem ser observados em conjunto.
Os métodos, por sua vez, são a forma como se irá promover a
interpretação. Os métodos também podem ser empregados
conjuntamente.
As questões de prova cobram basicamente a literalidade dos
conceitos, que são com muita propriedade expostos pelo professor
Canotilho. Baseados neste autor, e em outras doutrinas, podemos
coligir os princípios e os métodos da forma que faremos a seguir.

São princípios de interpretação constitucional:


a) Princípio da unidade da Constituição: Este princípio é a base
da qual deriva a maioria dos demais. Segundo ele, as normas
constitucionais formam um corpo único, indivisível para fins de
interpretação. Uma norma só faz sentido se entendida dentro de todo
o contexto do sistema constitucional. Assim, ao interpretar a
Constituição, o hermeneuta deve buscar dissipar quaisquer
contradições ou antinomias aparentes, já que formando este corpo
único, não há o que se falar em normas contraditórias, devendo-se
analisá-las em conjunto e buscar o verdadeiro fim pensado. Assim,
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podemos organizar as consequências deste princípio do seguinte
modo:
• Não podemos vislumbrar em uma Constituição formal a
hierarquia entre as normas (seja parte permanente ou dos
ADCT, sejam normas originárias ou derivadas, tudo é uma coisa
só);
• Não existem normas constitucionais originárias
inconstitucionais;
• Não existem contradições entre os dispositivos constitucionais.
Pode haver apenas uma "aparência" de contradição.

b) Princípio da concordância prática ou da harmonização: Sem


que se negue o princípio da unidade da Constituição, ao se usar o
princípio da harmonização, deverá o intérprete ponderar os valores
dos princípios e normas de modo a otimizar o resultado da
interpretação. Assim, um princípio pode limitar ou condicionar outro,
não o nega totalmente, mas, ocorre uma verdadeira “harmonização”
entre eles, para que se decida qual irá prevalecer no caso concreto.
c) Princípio da correição funcional (ou conformidade
funcional): Embora o intérprete tenha certa liberdade ao buscar o
sentido das normas, ele de forma alguma, segundo este princípio,
poderá chegar a um resultado que perturbe a repartição de
competências que a Constituição estabeleceu em sua estrutura.
d) Princípio da eficácia integradora: Orientado por este princípio,
o intérprete deverá, ao se deparar com problemas jurídico-
constitucionais, ponderar as normas e estabelecer a interpretação
mais favorável a uma integração política, social ou que reforce a
unidade política.
e) Princípio da força normativa da Constituição: Segundo este
princípio, não se pode ignorar a eficácia das normas constitucionais,
se elas estão positivadas existe um motivo para tal, assim o
intérprete deverá adotar interpretação que garanta maior eficácia e
permanência destas normas.
f) Princípio da máxima efetividade: Este princípio é considerado
por muitos um subprincípio do anterior. Ele orienta o intérprete a
fazer uma interpretação, notadamente dos direitos fundamentais, de
forma a conferir uma maior eficácia a estas normas, torná-las mais
densas e fortalecidas.
g) Princípio da interpretação conforme a Constituição e da
presunção de constitucionalidade das leis: É um princípio usado
tanto para interpretação constitucional quanto no controle de
constitucionalidade. Por este princípio, o intérprete deve presumir
que a lei é constitucional e quando restar dúvida em relação ao
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significado da norma, escolherá aquele que a tornará constitucional,
declarando-se inconstitucional que se tome interpretação diversa.
Assim, este princípio traz as seguintes decorrências:
• Não se declara inconstitucional uma norma a qual possa ser
atribuída uma interpretação constitucional (princípio da
conservação das normas);
• A constituição sempre deve prevalecer - Sempre se interpretam
as leis conforme a Constituição, nunca se interpreta a
Constituição conforme as leis (Princípio da prevalência da
Constituição).
• Somente é aplicável a normas que admitirem interpretações
diversas, não pode ser aplicável a normas que contenham
sentido unívoco, já que o intérprete deve analisar a finalidade
do legislador, não podendo dar à lei uma interpretação que
subverta o seu sentido (Princípio da vedação da interpretação
conforme a Constituição mas contra legem).
h) Princípio da proporcionalidade e da razoabilidade: Ambos
são empregados, principalmente, de forma suplementar ao princípio
da concordância prática ou harmonização, de forma que, ao se
ponderar os valores (notadamente os direitos fundamentais) se tenha
uma ação que busque o melhor resultado possível, e que os
benefícios da ponderação sejam efetivamente superiores aos
malefícios causados.
Tais princípios são muitas vezes tratados como sinônimos, mas já
existe bastante material doutrinário pregando a diferenciação entre
os termos. Assim, a razoabilidade seria um princípio mais subjetivo,
abstrato, que refere-se ao "senso comum", a vedação ao excesso, e
teria sua origem no direito anglo-saxão1. Já o princípio da
proporcionalidade, de origem germânica, seria mais racional, objetivo
e informado por 3 sub-princípios que sugerem uma lógica no seu
exercício:
1. Adequação (ou pertinência) - a medida imposta tem que ser
uma medida adequada para se conseguir a finalidade esperada.
2. Necessidade - analisa-se se realmente a medida é necessária,
se não existe outra solução menos gravosa.
3. Proporcionalidade em sentido estrito – seria a efetiva
ponderação entre os benefícios e malefícios que serão causados
com o ato.

1
GUERRA FILHO, Willis Santiago. O Princípio da proporcionalidade em direito
constitucional e em direito privado no Brasil. Mundo Jurídico, mai. 2003.
Disponível em: <http://www.mundojuridico.adv.br/cgi-bin/upload/texto347.rtf>.
Acesso em: 02 Março de 2010.

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É importante frisar que tais princípios não foram positivados
expressamente na Constituição, mas costuma-se elencá-los como
implícitos no art. 5º LIV que dispõe sobre o “devido processo legal”.
São métodos de interpretação da Constituição:
a) Método Jurídico (ou método hermenêutico clássico):
Proposto por Ernest Forsthoff. Por este método temos a premissa de
que "a Constituição é uma lei". Se a Constituição é uma lei, usam-se
os métodos clássicos de interpretação de leis propostos por Savigny
para interpretar as normas constitucionais. Destacamos:
 Interpretação autêntica – Ocorre quando o próprio órgão
que editou a norma edita uma outra norma, com o fim de
esclarecer pontos duvidosos e que, sendo meramente
interpretativa, poderá ter eficácia retroativa já que não cria
nem extingue direitos;
 Interpretação teleológica – Interpreta-se a norma
tentando buscar a finalidade para qual foi criada;
 Interpretação gramatical ou literal – Usa-se o a
literalidade da lei;
 Interpretação histórica – Busca-se os precedentes
históricos para tentar alcançar a interpretação a ser dada à
norma;
 Interpretação sistemática – Tenta-se harmonizar as
normas dando uma unidade ao ordenamento jurídico;
A maior crítica a este método é que Savigny ao estabelecer a sua
teoria, estava pensando no Direito Privado. A Constituição é dotada
de uma complexidade de normas que torna o tal método insuficiente.
b) Método tópico-problemático: Tendo um problema concreto nas
mãos, os intérpretes debatem abertamente tentando adequar a
norma a este problema, daí diz-se que há uma “primazia do problema
sobre a norma”.
c) Método hermenêutico-concretizador: É o contrario do anterior.
Aqui parte-se da pré-compreensão da norma abstrata e tenta-se
imaginar a situação concreta. Agora temos a “primazia da norma
sobre o problema”.
d) Método científico-espiritual: Analisa-se os valores sociais,
integrando o texto constitucional com a realidade a qual a sociedade
está vivendo.
e) Método normativo-estruturante: Analisa-se a norma tentado
analisar a sua função como estruturadora do Estado. Assim, o
intérprete deve observar em suas mãos dois elementos:
1- A norma constitucional, em si.

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2- Os elementos de concretização desta norma na sociedade, em
todos os níveis. Ou seja, como a norma está sendo aplicada na
sociedade, como está ocorrendo a atividade jurisdicional e
administrativa em cima do texto, e etc.

Correntes interpretativistas e não-interpretativistas:


(Assunto que tem sido cobrado apenas pelo CESPE)
Essas correntes debatem sobre a liberdade de atuação dos juízes ao
se interpretar as normas constitucionais, debate este muito forte nos
Estados Unidos.
a) Corrente interpretativista:
Canotilho ensina que a corrente interpretativista considera que os
juízes devem se limitar a captar o sentido dos preceitos expressos na
Constituição, ou que pelo menos, estejam claramente implícitos. Ou
seja, embora o nome possa induzir o contrário, nesta corrente a
atividade do juiz é bem restrita, limitada. Não estamos querendo
dizer que se confundirá com o “literailismo”, mas que deve ser
comedido ao usar conceitos implícitos no texto constitucional e seus
valores substantivos.

b) Não-interpretativismo:
Diferentemente dos interpretativistas, os não-interpretativistas
defendem uma maior autonomia do juiz ao se interpretar a norma,
prevendo uma possibilidade e até mesmo a necessidade de que os
juízes apliquem “valores e princípios substantivos”. Assim, importa
mais os valores, como a igualdade, a justiça e a liberdade
demandados pela sociedade, do que a estrita vontade do legislador.

• Questões da FCC:

1. (FCC/Procurador do MP junto ao TCE-MG /2007) No


entendimento de doutrinadores, NÃO é considerado, dentre outros,
como princípio e regra interpretativa das normas constitucionais,
a) a unidade da constituição -interpretação de maneira a evitar
contradições entre as normas constitucionais.
b) o efeito integrador -primazia aos critérios favorecedores da
integração política e social.
c) a concordância prática ou a harmonização -coordenação e
combinação dos bens jurídicos em conflito.

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d) a força normativa da constituição -adoção de interpretação que
garanta maior eficácia e permanência das normas constitucionais.
e) a adoção da contradição dos princípios -os preceitos exigem uma
interpretação explícita, excluindo-se a implícita.
Comentários:
Letra A - Correto. Vimos que por este princípio a constituição se
manifesta em um corpo único. Sendo um corpo único, não existe
possibilidade de contradição de normas. Assim, segundo este
princípio, a Constituição deve ser interpretada buscando a dissipação
das aparentes antinomias e contradições. Importante é dizer que
pelo princípio da unidade da Constituição, não há qualquer hierarquia
entre normas presentes no corpo da Lei Maior, já que ela se
manifesta como única.
Letra B - Correto. Segundo a doutrina, o efeito integrador pressupõe
a busca pelo sentido que fortaleça a unidade política e a integração
social do país.
Letra C - Correto. Por este princípio, mesmo que, num caso concreto,
se verifique a colisão entre princípios constitucionais, um princípio
não invalida o outro, já que podem e devem ser aplicados na medida
do possível e com diferentes graus de efetivação. Assim, interpreta-
se de forma a evitar o sacrifício total de uns em relação a outros, eles
são harmonizados.
Letra D - Correto. O princípio da força normativa da constituição foi
defendido por Konrad Hesse. Segundo este princípio, a constituição
tem a sua força impositiva e deve ser aplicada efetivamente e não ser
ignorada pelos aplicadores.
Letra E - Errado. A doutrina não faz qualquer menção a um princípio
chamada "contradição dos princípios" até por que, princípios não
podem entrar em contradição. Quando se fala de princípios, não se
fala em exclusão ou contradição, já que eles podem ser ponderados
no caso concreto e assim ser concretizados em graus diferentes. Isto
faz com que os chamem de "mandados de otimização". Quando
estamos diante de regras constitucionais, ou seja, normas que
estabelecem uma conduta específica sem margem para abstrações,
pode acontecer de uma excluir a outra, pois não existe cumprimento
parcial de regras, ou são cumpridas integralmente ou não são
cumpridas.
Gabarito: Letra E.

2. (FCC/AJAJ - TRE-AM/2010) Com relação aos princípios


interpretativos das normas constitucionais, aquele segundo o qual a
interpretação deve ser realizada de maneira a evitar contradições
entre suas normas é denominado de:
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a) conformidade funcional.
b) máxima efetividade.
c) unidade da constituição.
d) harmonização.
e) força normativa da constituição.
Comentários:
Letra A - Errado. Este seria o princípio segundo o qual o intérprete
não poderá chegar a um resultado que perturbe a repartição de
competências que a Constituição estabeleceu em sua estrutura.
Letra B - Errado. Este seria o princípio que orienta o intérprete a
fazer uma interpretação de forma a conferir uma maior eficácia às
normas constitucionais, torná-las mais densas e fortalecidas.
Letra C - Correto. Se a constituição é una, não pode haver
contradições em seu texto, devendo as normas serem interpretadas
em conjunto.
Letra D - Errado. Este seria o princípio que orienta o intérprete a
ponderar, diante de um caso concreto, dois ou mais princípios
constitucionais, para decidir qual irá prevalecer para aquele caso.
Letra E - Errado. Este seria o princípio que orienta o intérprete a
adotar uma interpretação que garanta maior eficácia e permanência
das normas constitucionais, para evitar que se tornem uma “letra
morta”.
Gabarito: Letra C.

3. (FCC/Defensor Público - DPE-SP/2010) Após grave crise


energética, o Governo aprova lei que disciplina o racionamento de
energia elétrica, estabelecendo metas de consumo e sanções pelo
descumprimento, que podem culminar, inclusive, na suspensão do
fornecimento. Questionado judicialmente, se vê o Supremo Tribunal
Federal - STF com a missão de resolver a questão, tendo, de um
lado, a possibilidade de interrupções no suprimento de energia
elétrica, se não houver economia, e, de outro, as restrições a serviço
público de primeira necessidade, restrição que atinge a igualdade,
porque baseada em dados de consumo pretérito, bem como
limitações à livre iniciativa, ao direito ao trabalho, à vida digna etc.
O controle judicial neste caso envolve
a) a apreciação de colisão de direitos fundamentais, que, em sua
maior parte, assumem a estrutura normativa de “regras”, o que
implica anulação de uns em detrimento de outros.
b) a aplicação da regra da proporcionalidade, que, segundo a
jurisprudência constitucional alemã, tem estrutura racionalmente
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definida – análise da adequação, da necessidade e da
proporcionalidade em sentido estrito.
c) a utilização do princípio da razoabilidade, já consagrado no Brasil,
e que determina tratar os direitos colidentes como “mandamentos de
otimização”.
d) a eliminação da falsa dicotomia entre direitos constitucionais, já
que a melhor solução é a que os harmoniza, sem retirar eficácia e
aplicabilidade de nenhum deles.
e) juízo de constitucionalidade clássico, pois nem emenda à
Constituição pode tender a abolir direitos fundamentais.
Comentários:
A questão apresenta um caso concreto, onde o intérprete (STF) tem
nas mãos a missão de ponderar valores e decidir sobre a necessidade
do governo em forçar uma economia energética e o direito da
população de fazer uso da sua energia de forma livre.
A questão trata então da averiguação da proporcionalidade da
medida, onde deverá ser observado os seguintes critérios (sub-
princípios da proporcionalidade):
a) A adequação da medida imposta, se ela realmente está apta a
conseguir a finalidade esperada.
b) A necessidade da medida, para averiguar se não existe outra
solução menos gravosa.
c) A proporcionalidade em sentido estrito, onde irá se ponderar os
benefícios e malefícios que serão causados com o ato.
Desta forma, o gabarito seria a letra B. Vamos comentar as demais
assertivas:
Letra A - Errado. Os direitos fundamentais são essencialmente
"princípios" e não "regras". Regras são relatos objetivos que não
admitem cumprimento parcial. Já os princípios são mandados de
otimização, onde poderá ser alcançado um cumprimento parcial em
busca de um resultado ótimo.
Letra C - Errado. Razoabilidade não significa tratar os direitos
colidentes como “mandamentos de otimização”, mas sim usar o bom
senso na hora de aplicar uma medida, ou seja, não aplicar medidas
que extrapolem do que seria adequado ao fato, segundo o senso
comum.
Letra D - Errado. Realmente terá que se resolver a falsa dicotomia
("aparente contradição) entre direitos constitucionais, porém, o caso
concreto e o intérprete é que definirá, baseado nos princípios
interpretativos qual a melhor solução, podendo haver sacrifício da
eficácia e aplicabilidade de um em razão do outro. Lembrando que

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este sacrifício nunca poderá ser total devido à proteção do núcleo
essencial.
Letra E - Errado. Nem precisa comentar essa, né?!
Gabarito: Letra B.

4. (FCC/AFRE-PB/2006 - Adaptada) O método de


interpretação das normas constitucionais segundo o qual se procura
identificar a finalidade da norma, levando-se em consideração o seu
fundamento racional, é o método teleológico (Certo/Errado).
Comentários:
Entre os métodos de interpretação das normas constitucionais, temos
o método jurídico ou hermenêutico clássico. Segundo este método,
deve-se usar as formas propostas por Savigny para interpretar leis.
Entre estas formas, temos a interpretação teleológica que busca a
finalidade para qual a norma foi criada.
Gabarito: Correto.

5. (FCC/PGE-PE/2004 - Adaptada) Em ocorrendo colisão de


direitos fundamentais consagrados por normas constitucionais de
eficácia plena, não sujeitos, portanto, a restrições legais, o intérprete
constitucional poderá adotar, para solução de caso concreto, o
princípio da interpretação conforme a Constituição (Certo/Errado).
Comentários:
O correto seria o princípio da concordância prática, harmonização ou
ponderação de interesses (esses nomes são sinônimos).
Gabarito: Errado.

6. (FCC/Auditor - TCE-SP/2008 - Adaptada) Por força da


Emenda Constitucional no 52, de 8 de março de 2006, foi dada nova
redação ao § 1o do artigo 17 da Constituição da República,
estabelecendo-se inexistir obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas dos partidos políticos em âmbito nacional, estadual,
distrital ou municipal. Referido dispositivo foi objeto de impugnação
por meio de ação direta de inconstitucionalidade, ao final julgada
procedente, pelo Supremo Tribunal Federal, para o fim de declarar
que a alteração promovida pela referida emenda constitucional
somente fosse aplicada após decorrido um ano da data de sua
vigência (ADI 3685-DF, Rel. Min. Ellen Gracie, publ. DJU de 10 ago.
2006). Na hipótese relatada, o Supremo Tribunal Federal procedeu à
interpretação, conforme a Constituição, sem redução de texto
normativo (Certo/Errado).

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Comentários:
A interpretação conforme a Constituição, ou simplesmente
"interpretação conforme" é uma maneira de salvar uma lei
aparentemente inconstitucional. Ou seja, fixa-se um interpretação à
norma para que o sentido esteja de acordo com o texto
constitucional, e impede-se também que a norma seja aplicada de
uma forma inconstitucional. Foi isso que aconteceu no caso em tela,
fixou-se a interpretação de que se devia esperar um ano para ser
aplicável, para que a lei se adequasse ao art. 16 da Constituição.
Gabarito: Correto.

7. (FCC/AFRE-PB/2006) O método de interpretação das normas


constitucionais segundo o qual se procura identificar a finalidade da
norma, levando-se em consideração o seu fundamento racional, é o
método:
a) literal.
b) gramatical.
c) histórico.
d) sistemático.
e) teleológico.
Comentários:
Questão direta. Identificar a finalidade da norma é fazer uso da
interpretação teleológica.
Gabarito: Letra E.

8. (FCC/PGE-PE/2004) Em ocorrendo colisão de direitos


fundamentais consagrados por normas constitucionais de eficácia
plena, não sujeitos, portanto, a restrições legais, o intérprete
constitucional poderá adotar, para solução de caso concreto, o
princípio da
a) ponderação de interesses.
b) interpretação adequadora.
c) congruência.
d) relativização dos direitos fundamentais.
e) interpretação conforme a Constituição.
Comentários:
Ponderação de interesses, ponderação de valores, concordância
prática, harmonização... Tudo isso é sinônimo para uma mesma

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coisa: colocar em uma balança dois princípios colidentes no caso
concreto e decidir qual irá prevalecer!
Gabarito: Letra A.

• Questões do CESPE:

9. (CESPE/Assessor-TCE-RN/2009) O princípio da
razoabilidade-proporcionalidade permite ao Poder Judiciário invalidar
atos legislativos ou administrativos quando, entre outras situações, a
medida adotada não for exigível ou necessária, havendo meio
alternativo menos gravoso para se chegar ao mesmo resultado, o que
se convencionou denominar necessidade ou vedação do excesso.
Comentários:
A distinção entre "proporcionalidade" e "razoabilidade" ainda não é
pacífica. Neste concurso, o CESPE seguiu a linha doutrinária de tratá-
los como um princípio único - "princípio da razoabilidade-
proporcionalidade".
A assertiva está correta, já que, em que pese as diferenças
doutrinárias, tais princípios tem em comum o fato de prezar pela
justiça, bom senso, repúdio aos excessos.
Gabarito: Correto.

10. (CESPE/Anatel/2009) O princípio da proporcionalidade acha-


se vocacionado a inibir e a neutralizar os abusos do poder público no
exercício de suas funções, qualificando-se como parâmetro de
aferição da própria constitucionalidade material dos atos estatais.
Comentários:
É isso aí... dispensa maiores comentários.
Gabarito: Correto.

11. (CESPE/ANATEL/2009) O princípio da unidade da


Constituição considera essa Carta em sua totalidade, buscando
harmonizá-la para uma visão de normas não isoladas, mas como
preceitos integrados em um sistema unitário de regras e princípios.
Comentários:
Por tal princípio, não há contradições no texto constitucional, já que
ele forma um corpo único, assim, o que ocorre são apenas

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"aparentes" contradições, que devem ser dissipadas pelo intérprete
ao analisar o texto em conjunto.
Gabarito: Correto.

12. (CESPE/TRT-17ª/2009) Segundo o princípio da unidade da


constituição, cada país só pode ter uma constituição em vigor, de
modo que a aprovação de nova constituição implica a automática
revogação da anterior.
Comentários:
O princípio da unidade da Constituição, a Constituição deve ser
entendida como uma norma única, não existindo assim contradições
em seu texto. Assim, não há nenhuma relação com o descrito no
enunciado.
Gabarito: Errado.

13. (CESPE/ANATEL/2009) O princípio da máxima efetividade


visa interpretar a CF no sentido de atribuir à norma constitucional a
maior efetividade possível, ou seja, deve-se atribuir a uma norma
constitucional o sentido que lhe dê maior eficácia.
Comentários:
O princípio da máxima efetividade deriva do princípio da força
normativa da Constituição, considerado por alguns até mesmo como
um sub-princípio. Este princípio orienta o intérprete a tornar a norma
constitucional mais densa, alcançando ao máximo sua efetiva
aplicação.
Gabarito: Correto.

14. (CESPE/TRE-MA/2009) De acordo com o princípio


interpretativo da máxima efetividade ou da eficiência das normas
constitucionais, devem ter prioridade, quando da resolução de
problemas jurídico-constitucionais, critérios que favoreçam a
integração política e social.
Comentários:
Este seria o princípio do efeito integrador. O princípio da máxima
efetividade visa interpretar a CF no sentido de atribuir à norma
constitucional a maior efetividade possível, ou seja, deve-se atribuir a
uma norma constitucional o sentido que lhe dê maior eficácia.
Gabarito: Errado.

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15. (CESPE/TRT-17ª/2009) O princípio do efeito integrador
estabelece que, havendo lacuna na CF, o juiz deve recorrer a outras
normas do ordenamento jurídico para integrar o vácuo normativo.
Comentários:
Isso que está descrito no enunciado é o uso da técnica da integração
e não interpretação. Integração constitucional (técnica usada para
preencher as lacunas deixadas pela norma constitucional,
notadamente através de leis) é diferente de interpretação
constitucional (técnica usada para extrair o verdadeiro significado da
norma). Usar o princípio de interpretação do efeito integrador é
interpretar a norma de modo que favoreça a integração política e
social e reforce a unidade política, logo não tem correlação alguma
com "integração constitucional" (uso de leis para preencher lacunas
da constituição).
Gabarito: Errado.

16. (CESPE/TRT-17ª/2009) O princípio da conformidade


funcional visa impedir, na concretização da CF, a alteração da
repartição das funções constitucionalmente estabelecidas.
Comentários:
O princípio da conformidade ou correição funcional está estritamente
ligado à repartição das competências feita pela Constituição. Assim,
a sua observância impede que haja uma deturpação do que foi
constitucionalmente estabelecido.
Gabarito: Correto.

17. (CESGRANRIO/Profissional Básico - Direito -


BNDES/2010) O princípio da proporcionalidade, acolhido pelo direito
constitucional brasileiro, compreende os seguintes subprincípios:
a) legalidade, moralidade e necessidade.
b) legalidade, moralidade e impessoalidade.
c) legalidade, impessoalidade e proporcionalidade em sentido estrito.
d) adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
e) adequação, necessidade e moralidade.
Comentários:
Segundo a doutrina, a proporcionalidade teria 3 sub-princípios:
a) Adequação (ou pertinência) - a medida imposta tem que ser uma
medida adequada para se conseguir a finalidade esperada.

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b) Necessidade - analisa-se se realmente a medida é necessária, se
não existe outra solução menos gravosa.
c) Proporcionalidade em sentido estrito – seria a efetiva ponderação
entre os benefícios e malefícios que serão causados com o ato.
Gabarito: Letra D.

18. (CESGRANRIO/Advogado-EPE/2010) Dentre os princípios


de interpretação constitucional, tanto a doutrina como a
jurisprudência reconhecem o princípio da unidade da Constituição.
Esse princípio tem relevância na medida em que
(A) atribui à Constituição o caráter de Norma Fundamental do
ordenamento jurídico.
(B) impõe ao intérprete o dever de harmonização das tensões e
contradições existentes, in abstrato, entre as normas de uma
Constituição.
(C) estabelece uma hierarquia normativa entre os dispositivos da
Constituição, favorecendo a declaração de inconstitucionalidade de
uma norma constitucional originária.
(D) recomenda que os aplicadores da Constituição, em face de
normas infraconstitucionais de múltiplos significados, escolham o
sentido que as torne constitucionais e não aquele que resulte na sua
declaração de inconstitucionalidade.
(E) torna possível a declaração de inconstitucionalidade de uma
emenda constitucional.
Comentários:
O princípio da unidade da Constituição ao qual o enunciado se refere,
traz consigo 3 importantes desdobramentos:
• Não podemos vislumbrar em uma Constituição formal a
hierarquia entre as normas (seja parte permanente ou dos
ADCT, sejam normas originárias ou derivadas, tudo é uma coisa
só);
• Não existem normas constitucionais originárias
inconstitucionais;
• Não existem contradições entre os dispositivos constitucionais.
Pode haver apenas uma "aparência" de contradição.
Assim, na observância deste princípio, o intérprete deve as aparentes
contradições, em abstrato, causadas pela norma constitucional e
aplicá-la ao caso concreto.
Gabarito: Letra B.

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19. (Consulplan/TJAA – TRE-RS/2008) O método de


interpretação da Constituição segundo o qual o intérprete aplicador
deve considerar e trabalhar com dois tipos de elementos de
concretização: um formado pelos elementos resultantes da
interpretação do texto da norma e o outro, resultante da investigação
do referente normativo, é chamado de:
A) Método normativo-estruturante.
B) Método tópico-problemático.
C) Método científico-espiritual.
D) Método hermenêutico-concretizador.
E) Método jurídico.
Comentários:
Vamos fazer uma revisão dos métodos cobrados pela questão:
a) Método normativo-estruturante: Analisa-se a norma tentado
analisar a sua função como estruturadora do Estado. Assim, o
intérprete deve observar em suas mãos dois elementos:
1- A norma constitucional, em si.
2- Os elementos de concretização desta norma na sociedade, em
todos os níveis. Ou seja, como a norma está sendo aplicada na
sociedade, como está ocorrendo a atividade jurisdicional e
administrativa em cima do texto, e etc.
b) Método tópico-problemático: Tendo um problema concreto nas
mãos, os intérpretes debatem abertamente tentando adequar a
norma a este problema, daí diz-se que há uma “primazia do problema
sobre a norma”.
c) Método científico-espiritual: Analisa-se os valores sociais,
integrando o texto constitucional com a realidade a qual a sociedade
está vivendo.
d) Método hermenêutico-concretizador: Aqui parte-se da pré-
compreensão da norma abstrata e tenta-se imaginar a situação
concreta. Agora temos a “primazia da norma sobre o problema”.
e) Método Jurídico (ou método hermenêutico clássico): Por
este método temos a premissa de que "a Constituição é uma lei". Se
a Constituição é uma lei, usam-se os métodos clássicos de
interpretação de leis para interpretar as normas constitucionais.
Então?! Qual é a resposta da questão?! É a letra A! método
normativo-estruturante.
Gabarito: Letra A.

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20. (TRT 24ª/Juiz do trabalho substituto/2007) Dados os


seguintes enunciados:
I.A interpretação constitucional deve ser realizada de maneira a
evitar contradições entre suas normas.
II. Os órgãos encarregados da interpretação da norma constitucional
não poderão chegar a uma posição que subverta, altere ou perturbe o
esquema organizatório-funcional estabelecido pelo legislador
constituinte originário.
III. Os bens jurídicos em conflito deverão estar coordenados e
combinados de forma a evitar o sacrifício total de um (uns) em
relação a outro(s).
IV. Entre as interpretações possíveis, deve ser adotada aquela que
garanta maior eficácia, aplicabilidade e permanência das normas
constitucionais.
V. A uma norma constitucional deve ser atribuído o sentido que maior
eficácia se lhe conceda.
VI. Na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, deverá ser
dada maior primazia aos critérios favorecedores da integração política
e social, bem como ao reforço da unidade política. Relacione-os com
o princípio/regra interpretativa de norma constitucional:
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Unidade da Constituição; Efeito Integrador; Máxima Efetividade ou
Eficiência; Justeza ou Conformidade Funcional; Concordância Prática
ou Harmonização; Força Normativa da Constituição.
b) Força Normativa da Constituição; Unidade da Constituição;
Concordância Prática ou Harmonização; Justeza ou Conformidade
Funcional; Máxima Efetividade ou Eficiência; Efeito Integrador.
c) Unidade da Constituição; Justeza ou Conformidade Funcional;
Concordância Prática ou Harmonização; Força Normativa da
Constituição; Máxima Efetividade ou Eficiência; Efeito Integrador.
d) Concordância Prática ou Harmonização; Justeza ou Conformidade
Funcional; Máxima Efetividade ou Eficiência; Unidade da Constituição;
Força Normativa da Constituição; Efeito Integrador.
e) Justeza ou Conformidade Funcional; Efeito Integrador; Força
Normativa da Constituição; Concordância Prática ou Harmonização;
Unidade da Constituição; Máxima Efetividade ou Eficiência.
Comentários:
Essa é uma questão excelente, pois faz um resumo de todo o tema
de uma vez só. É aquela onde se pode falar assim: deixa eu ver se eu
realmente fixei o assunto!
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Terá “realmente fixado o assunto” aquele que tiver escolhido a letra C
como resposta.
Gabarito: Letra C.

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