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Universidade Portucalense
Porto, Portugal
Disciplina: Intervenção Precoce - Prof. Dr.ª Olívia Carvalho
14 de Abril de 2008
N.º21666
"Os nossos pais amam-nos porque somos seus filhos, é um facto
[ Bertrand Russell]
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Sumário
1 - Introdução .......................................................................................................... 3
Conclusão ............................................................................................................. 24
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1 - Introdução
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2 - O que é Intervenção Precoce
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Tendo como os seus principais destinatários crianças até aos 6 anos de idade,
especialmente dos 0 aos 3 anos, que apresentem deficiência ou risco de atraso grave do
desenvolvimento.
As características que podemos encontrar na Intervenção Precoce são a
necessidade das crianças serem avaliadas e interpretadas no seu contexto familiar e
social; que exista uma proximidade com a população de modo a se poder conhecer
previamente as necessidades, os problemas e os recursos comunitários, permitindo
fomentar compromissos e parcerias mais facilmente; esta actuação deve ser estruturada
e assente em programas individualizados, desenvolvidos no domicílio e ambientes em
que normalmente a criança se encontra.
Sendo os objectivos da Intervenção Precoce a criação de condições facilitadoras
do desenvolvimento global da criança, importa optimizar as condições da interacção
criança/família e, envolver a comunidade no processo de intervenção, de forma contínua
e articulada”.
Segundo Bairrão e Almeida (2003, p.15), do ponto de vista de Bailey e Wolery
(2002) “a Intervenção Precoce, abrange serviços de Educação Especial e afins
destinados às crianças de idades precoces e de idade pré-escolar com Necessidades
Educativas Especiais e às suas famílias”.
Contudo, os mesmos autores (Ibidem) referem-nos que na perspectiva de Dunst
e Bruder (2002) consideram que a “Intervenção Precoce diz respeito:
a) Aos serviços, apoios e recursos necessários para responder às
necessidades de todas as crianças que ocorrem aos programas de
Intervenção Precoce. Com este objectivo inclui actividades e
oportunidades que viam incentivar a aprendizagem e o desenvolvimento
da criança;
b) Aos serviços, apoios e recursos necessários para que as famílias possam
promover o desenvolvimento dos seus filhos, criando oportunidades para
que tenham um papel activo neste processo”.
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Segundo Marcelli (1996, cit. por Anaut (2005, p.32), “considera como factores
de risco: todas as condições existenciais na criança ou no seu meio ambiente que
envolvem um risco de morbilidade superior à que se observa na população em geral
através dos inquéritos epidemiológicos”.
Do ponto de vista de Garmezy (1996, cit. por Anaut, 2005, p.32), “um factor de
risco poderá ser um acontecimento ou uma condição orgânica ou ambiental que
aumente a probabilidade da criança de desenvolver problemas emotivos ou de
comportamento”.
Deste modo, podemos considerar “crianças em risco as crianças que, por um
lado, apresentam disposições genéticas e de personalidades específicas e, por outro,
vivem num contexto ambiental marcado pela pobreza, pela violência, pela inadequação
das relações parentais, pela monoparentalidade”. (Anaut, 2005, p.39)
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3. Abandono escolar: abandono do ensino básico obrigatório por crianças
e/ou jovens em idade escolar;
4. Maus tratos físicos: acção que não foi intencional do adulto mas que veio
a provocar danos físicos ou doenças na criança, ou que a poderá vir a colocar em grave
risco como consequência de alguma negligência;
5. Maus tratos psicológicos/abuso emocional: não se tem em consideração
as necessidades psicológicas da criança, principalmente as que têm a ver com as
relações interpessoais e com a auto-estima;
6. Abuso sexual: utilização de um menor para satisfazer os desejos sexuais
de um adulto;
7. Prostituição infantil;
8. Pornografia infantil: é designada por qualquer representação de uma
criança no desempenho de actividades sexuais explícitas reais ou simuladas ou qualquer
representação dos órgãos sexuais de uma criança para fins predominantemente sexuais;
9. Exploração do trabalho infantil: de forma a obter benefícios económicos,
a criança/jovem é obrigada à realização de trabalhos que excedem os limites do habitual
que deveriam ser realizados por adultos e que interferem na sua vida escolar;
10. Exercício abusivo de autoridade: uso abusivo do poder paternal em
detrimento dos direitos e protecção da criança/jovem;
11. Mendicidade: por vezes é utilizada para mendigar, ou é a criança que
exerce a mendicidade por sua própria iniciativa;
12. Exposição a modelos de comportamento desviante: por vezes as condutas
do adulto, mesmo não sendo intencionais, provocam nas crianças padrões de conduta
anti-sociais ou desviantes bem como perturbações do desenvolvimento;
13. Corrupção de menores: as condutas no adulto que promovem na
criança/jovem condutas anti-sociais e desviantes como a agressividade, apropriação
indevida, sexualidade e tráfico ou consumo de drogas;
14. Prática de facto qualificado como crime por criança/jovem com idade
igual ou inferior a 12 anos;
15. Uso de estupefacientes;
16. Ingestão de bebidas alcoólicas;
17. Problemas de saúde;
18. Outras situações de perigo.
(Tipologia das situações de perigo para a criança/jovem – material cedido pela Docente da Disciplina)
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4. Abordagem dos factores de protecção
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4.2 - Os três pólos da protecção
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5 - A perspectiva sistémica e ecológica
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vez que estas diferem de criança para criança, de família para família e, por vezes, numa
mesma família de momento para momento.
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O exossistema diz respeito a estruturas sociais cujos componentes, embora sejam
mais distantes da criança, têm impacto directo no meso e microssistemas. Exemplos
disso são os locais de trabalho dos pais, a rede de amigos dos pais, organizações
comunitárias ou religiosas, etc. E é neste nível que podemos enquadrar os serviços de
I.P..
Assim, segundo Carvalho (2002, p.6), do ponto de vista de Bailey & Wolery
(1992) existem quatro competências relacionadas com o trabalho neste nível, por parte
dos profissionais de I.P.:
a) Ter em conta as características e variedade dos diferentes programas e
serviços;
b) Prestar serviços adequados aos casos;
c) Reconhecer e usar sistemas de suporte informais;
d) Envolver as famílias nas decisões sobre as práticas do programa.
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6 - O sistema de serviços de Intervenção Precoce numa
Perspectiva Ecológica
Ao longo do tempo a intervenção optou por se centrar nos espaços que são mais
próximos da criança, não dando tanta importância ao impacto dos sistemas mais formais
e organizados. Porém, com o passar do tempo tem-se verificado que por vezes o
problema não se encontra tanto centrado na família, mas sim na forma como ele foi
construído e percepcionado socialmente. Desta forma, cabe aos prestadores de serviços
diminuir esta dificuldade da pressão criada por parte dos sistemas e maximizar o apoio.
Assim, podemos verificar que o ambiente envolvente tem grande influência nos
comportamentos, pensamentos, e sentimentos, acabando por influenciar o tipo de
comportamentos e tornando-os mais ou menos adequados. Para uma intervenção eficaz
é necessário compreender a relação e reconhecer em que medida pode ser alterada de
forma a se estabelecerem expectativas realísticas para a mudança.
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7 – Apresentação do Caso
O caso que vamos apresentar de seguida diz respeito a uma família que tem à
sua responsabilidade quatro filhos menores. Primeiramente, iremos abordar um pouco
da história da família para que se possam compreender as problemáticas que a ela se
encontram associadas. Durante a apresentação do caso, mudaremos o nome das crianças
e respectivos familiares, e outros dados passíveis de identificar a família, tal como nos
foi solicitado.
Nome: “Ricardo”
Data de Nascimento: 15/06/1999
Idade: 8
Nacionalidade: Portuguesa
Profissão / Ocupação: estudante
Nome: “Sara”
Data de Nascimento: 06/06/2005
Idade: 2
Nacionalidade: Portuguesa
Nome: “Rita”
Data de Nascimento: 06/06/2005
Idade: 2
Nacionalidade: Portuguesa
Indicadores relevantes
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Antes de se iniciar o encaminhamento pelo CAFAP, os dois rapazes foram
retirados à família e foram acolhidos num lar, sendo-lhes permitido que fossem a casa
durante o fim-de-semana, por um período de tempo. (exossistema / factor de protecção
– retirada dos menores para um Lar). Nesse intervalo de tempo, registaram-se
indicadores de abuso sexual do menor mais velho e uma lesão na cara do outro, por
mordidela de um cão. (microssistema / factor de risco – abuso sexual do menor) Os
técnicos suspeitavam que fosse o pai o responsável pelo sucedido, e a família acusava a
instituição de acolhimento. Após o episódio ocorrido com o menor também as duas
meninas foram retiradas. (exossistema / factor de protecção – retirar as meninas
menores de casa para uma instituição de Acolhimento)
A família contratou um advogado para solicitar o regresso dos menores.
Contudo, os técnicos alegavam que ainda não estavam reunidas as condições, apesar de
terem ocorrido algumas melhorias no ambiente doméstico. (microssistema / factor de
protecção – mudanças no lar para o regresso dos menores)
Relacionamento interpessoal com adultos e pares:
Todos os adultos (mãe e avós) verbalizam e expressam bastante afecto positivo
pelas crianças, podendo-se confirmar a existência de laços afectivos muito fortes na
família, e uma grande cumplicidade, principalmente, entre os menores e a mãe.
(microssistema / factor de protecção – relação afectiva dos menores com a mãe que era
bastante positiva, e relação afectuosa por parte dos avós) A relação estabelecida entre os
menores e a mãe era claramente diferenciada dos restantes adultos, revelando indícios
de uma vinculação segura. (microssistema / factor de protecção – boa vinculação
estabelecida com a mãe)
Motivos de intervenção:
No período da última gravidez da mãe, tiveram bastantes dificuldades
financeiras, que foram apenas suportáveis com o apoio dos avós, e sendo também
beneficiários de Rendimento Social de Inserção até à obtenção de emprego por parte do
pai. (macrossistema / factor de protecção – obtenção do rendimento mínimo) Foi através
deste apoio que a família teve contacto com os serviços sociais que deram à abertura de
processo de promoção e prevenção. Estando envolvidas neste caso, uma Técnica da
Segurança Social, da equipa Multidisciplinar de Apoio aos Tribunais e por uma técnica
de serviço social de um núcleo local da segurança social. (macrossistema / factor de
protecção – colaboração entre os vários serviços de modo a melhorar as necessidades
sentidas pela família) Sendo depois a família encaminhada por estas duas responsáveis
para o CAFAP (Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental), de modo a que
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este interviesse para realizar o processo de mudança caso se verificassem condições
para tal. (exossistema/ factor de protecção – parceria para melhorar as condições) Uma
vez que duvidam das capacidades dos adultos para assegurarem as condições
necessárias dos menores, visto que tinham identificado perigos no espaço doméstico
físico e apresentavam diversos sinais de negligência e desorganização familiar, como: a)
habitações com condições de higiene e limpeza deficitárias (os mesmos espaços eram
usados para dormir, cozinhar e comer, encontrando-se sobrelotados), b) objectos
perigosos ao alcance fácil das crianças (alfaias e produtos agrícolas) e zonas perigosas
(como ribanceiras desprotegidas), c) alimentação inadequada e/ou inconsciente
(ausência de produtos básicos em casa como leite para as crianças; antes do ano de
idade das gémeas a mãe fornecia leite inteiro pasteurizado ao invés de requisitar o leite
em pó fornecido, gratuitamente, pelo centro de saúde; as crianças comiam o que
queriam desregradamente, como por exemplo bolachas, sem rotinas estabelecidas para
refeições; d) cuidados inadequados com a higiene, saúde e vestuário (as crianças eram
expostas ao frio; apresentavam sinais de sujidade e maus cheiros; a casa não dispunha
de condições físicas para a realização dos cuidados de higiene pessoal; a meio do dia as
crianças andavam de pijama a brincar no quintal; tinham verificado episódio s de
infestação por parasitas intestinais; e) desorganização familiar. (Melo & Alarcão, 2008,
p.143) (microssistema / factor de risco – negligência nas condições de habitação,
higiene e segurança dos menores)
Uma vez que o processo já se arrastava há algum tempo e devido à idade dos
menores, foi por isso solicitado o acompanhamento do CAFAP, para avaliar as
possibilidades de intervenção com a família e sua capacidade de garantir condições para
a segurança e um adequado desenvolvimento das crianças e informar o tribunal do
resultado, para facilitar a tomada de decisão acerca da manutenção ou alteração das
medidas de promoção e protecção aplicadas. (Ibid., p.144). (macrossistema/ factor de
protecção – inserção da equipa para avaliar e modificar as necessidades da família)
Depois do conhecimento do caso por parte do CAFAP, foi a vez de começarem a
realizar o acolhimento com a família. A família manifestou vontade de ver as crianças
regressarem a casa, verbalizando interesse e disponibilidade para fazer o que fosse
necessário. (microssistema/ factor de protecção – vontade de verem as crianças a
regressar e vontade de modificar o que fosse necessário para que tal acontecesse)
Demonstraram que até ao momento não compreendiam o que lhes faltava fazer para que
as crianças regressassem, mencionando que os técnicos apenas lhes referiam que não
tinham ainda “condições” e que apontavam aspectos que consideravam poder acontecer
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em qualquer família. Demonstraram algum desconforto com as deslocações dos
técnicos a casa, uma vez que se deslocavam em horas em que realmente não se
conseguiam ter as coisas organizadas e sentiam-se invadidos no seu espaço pelos
técnicos (uma vez que não aguardavam autorização para entrarem). (macrossistema /
factor de risco – falta de explicação por parte dos técnicos sobre o sucedido e um tipo de
relacionamento distante não envolvendo e cativando a família) Verificou-se uma grande
tristeza por parte da mãe por não ter os seus filhos em casa. (microssistema/ factor de
protecção – a relação eu a mãe tem com os seus filhos que lhe causa tristeza no seu
afastamento)
A equipa procurou sublinhar e valorizar o sofrimento que se sentia na família e o
seu desejo de que a situação mudasse, procurando mostrar compreensão pelos
sentimentos negativos que decorriam da demora nas mudanças e manutenção das
crianças em situação de acolhimento. (Ibid. p.147) Assim a equipa disponibilizou-se
para ajudar a família a perceber o que tinha que ser alterado para que as crianças
pudessem regressar, referindo a necessária articulação com os técnicos encaminhadores
e o tribunal. (Ibidem). (exossistema / factor de protecção – equipa próxima que sabe
ouvir a família e pretende apoiá-la no que ela deixar, sem invadir demasiado e não
criticando a situação)
Posteriormente, ao acordo realizado entre o CAFAP e a família em prestar a
ajuda necessária começaram a ser realizadas várias sessões para se poder avaliar a
situação familiar e poder intervir-se adequadamente neste caso específico. Conhecendo
a sua verdadeira realidade e ajustando as estratégias num processo individualizado, de
modo a ser planificado tendo em conta os desejos e prioridades da família relativamente
aos seus filhos e à família no seu conjunto (Colôa, 2004, p.48). Deste modo, “esta
intervenção centrada na família, pretende facilitar as condições necessárias para que o
sistema familiar reforce as suas capacidades, de modo a acompanhar, com eficácia, as
várias etapas do desenvolvimento da criança”. (Ibid., p.49)
Apesar de todos os elementos terem aceitado a ajuda prestada pelo CAFAP, o
pai foi o único que não demonstrou muito interesse e não aceitou o acordo. (exossistema
/ factor de protecção – acordo da equipa com a família de modo a melhorar as
condições) Este acabou por sair uns dias antes de casa, mas os restantes familiares não
queriam referir esta situação com medo de prejudicar o apoio que iria ser realizado para
trazer de volta os filhos. A mãe demonstrou-se renitente ao regresso do marido a casa,
referindo que assim teria mais tranquilidade e disponibilidade para cuidar dos filhos,
contando com o apoio dos seus pais e que apenas os quer de volta em casa para se poder
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dedicar a eles e ser feliz, afirmando mesmo o desejo de divórcio. (microssistema / factor
de protecção – divórcio que lhe causa mais tranquilidade, disponibilidade e confiança
para estar com os seus filhos) Ao longo do processo foram sempre proporcionando mais
momentos de interacção com a mãe para que ela se pudesse sobressair de modo a
reforçar e valorizar os pequenos momentos de competência percebidos e os esforços da
família. (microssistema / factor de protecção – valorizar-se a importância da mãe e as
suas competências para ser boa prestadora de cuidados) Valorizou-se a vontade de
aprendizagem sentida pela mãe e afirmou ser natural desconhecer um conjunto de
aspectos e procedimentos que, nos dias correntes, se consideravam importantes, uma
vez que nunca fizeram parte do dia-a-dia da família. (Melo & Alarcão, 2008, p.150) A
equipa procurava sempre utilizar termos que fossem conhecidos para a família,
principalmente para a mãe e avó, que apresentavam um vocabulário mais restrito.
(exossistema / factor de protecção – equipa que se pretende aproximar da família para
que esta compreenda as situações) As sessões individuais com a mãe permitiram dar-lhe
um maior destaque, valorizá-la e dar-lhe algum poder permitindo-lhe afirmar-se na
família no seu papel de prestadora de cuidados primários às crianças. É possível que a
falta de escolaridade da mãe, o facto de não saber ler, nem escrever e, de possuir um
vocabulário reduzido tenham contribuído para a colocar numa posição de inferioridade
na família. (Ibidem, p. 151) (microssistema / factor de risco – baixo nível de instrução
da mãe)
Mediante as dúvidas que a família ainda revelava devido aos motivos que
levaram à retirada das crianças e a incerteza do que tinham de realizar doravante, a
equipa agendou uma reunião com a família e a técnica do serviço local da segurança
social. Revelou-se neste encontro algum desconforto entre ambas as partes, uma vez que
a técnica se centrava no passado e na narração de situações problemáticas.
(mesossistema / factor de risco – a técnica apenas referência os aspectos negativos da
família, não lhes despertando as suas competências e o que podem vir a melhorar) Deste
modo, a equipa solicitou que agora apenas se centrassem no futuro e expusessem as
mudanças que seriam necessárias realizar. Assim referiram que era necessário e
importante que a família garantisse a supervisão das crianças, uma alimentação
adequada, bem como cuidados de higiene e saúde, o estabelecimento de regras e rotinas,
para além de garantir as condições de higiene e segurança de habitação e a
autonomização da mãe em termos de procura de emprego e/ou formação.
(macrossistema / factor de protecção – dar a conhecer à família os aspectos que devem
ter em consideração para melhorar o ambiente familiar e proporcionar o regresso dos
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menores.)
A mãe também demonstrou algum desconhecimento na forma como era gerido o
dia-a-dia dos filhos no lar e, a preocupação com o seu bem-estar. Assim foi agendada
uma reunião com a Directora técnica do lar de modo a dar a conhecer essa realidade à
família, e partilhou ao mesmo tempo o que era necessário para garantir as crianças em
casa. (macrossistema / factor de risco – retirada dos menores do lar; factor de protecção
mediante a situação que estavam a vivenciar na altura e, onde agora a equipa dá a
conhecer o dia-a-dia dos filhos no Lar)
A equipa continuou com o processo de avaliação da família em sessões ao
domicílio, onde se pôde constatar a preocupação da mãe e avó em melhorarem os
aspectos da habitação. (microssistema / factor de protecção – reorganização das
condições habitacionais para o regresso das crianças) Com o dinheiro que ia recebendo
das jornadas de trabalho no campo foi adquirindo algumas mobílias adicionais para a
família, que esta foi restaurando e adaptando. Com o decorrer do processo a família
alertou ao CAFAP que o pai tinha sido preso por ilegalidades que tinha realizado no
passado, mostrando a mãe um certo alívio e sentindo-se desta forma mais segura,
estando a efectuar as diligências para o processo de divórcio.
O processo de avaliação estendeu-se para além do tempo que estava previsto
devido à complexidade da problemática. Depois passou a ser importante considerar a
qualidade da relação com os menores e da prestação de cuidados dos mesmos. Então foi
concedido pelo tribunal que a equipa levasse as crianças uma vez por semana, ao final
da tarde, levando-as de volta aos contextos de acolhimento depois do jantar.
(macrossistema / factor de protecção – o tribunal permitir a visita dos menores a casa
por períodos de tempo, para se avaliar a sua relação com os restantes familiares) Estas
sessões serviram para trabalhar com a família o treino de competências familiares.
Orientando-os para as melhores situações de protecção e cuidado com as crianças de
modo a que estivessem mais seguras, decidissem as tarefas domésticas que tinham de
ser realizadas, de modo a não ficar só a mãe sobrecarregada, criassem relações mais
próximas e se valorizassem uns aos outros. (microssistema / factor de protecção – a
equipa encorajar e capacitar a família para a progressiva autonomização na gestão dos
seus problemas) Para que se orientassem melhor com o que deveriam fazer desde que as
crianças chegavam, até ao momento de irem embora, foi proposto a criação de uma lista
de regras e de cada uma das tarefas a executar. Com tudo isto foram-se registando
melhorias significativas em todos os objectivos definidos com a família. Nos momentos
de reflexão, a família parecia capaz de reflectir sobre o processo de mudança, identificar
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as mudanças ocorridas em determinadas áreas e propor estratégias para a resolução de
problemas e ultrapassar de dificuldades (Ibid., p.158)
Ao longo das sessões procuraram trazer-se outras vozes para narrar e
documentar as mudanças da família, solicitando-se que a família partilhasse as
percepções dos outros familiares acerca das mudanças efectuadas. Foram vários os
momentos em que a família alargada as reforçou e notou. (Ibidem) (mesossistema /
factor de protecção – opinião sobre os restantes familiares e pessoas que conheciam
anteriormente a família para poderem verificar as melhorias que passaram a existir.)
Também as crianças foram elogiando os próprios progressos e afirmando que
“agora está diferente” e “melhor”. (microssistema / factor de protecção – os menores
reconheciam as alterações realizadas na família e estavam mais felizes)
Apesar das dificuldades que existam ou que possam surgir, nos momentos de
visita à família, a equipa sente estar na presença de uma família feliz. Foi sugerido aos
técnicos encaminhadores que efectuassem uma visita à família, considerando que seria
importante para esta apresentar o reforço do seu esforço. Estas visitas contribuíram para
validar o fortalecimento de uma família que apresentava muitos recursos dispersos e
adormecidos, à espera de serem activados. (Ibid., p.159) (exossistema / factor de
protecção – reconhecimento por parte dos técnicos anteriores que a família tinha
melhorado e que só precisava de alguns apoios para despertar todo o carinho, atenção e
cuidados que deveria ter para com os menores)
Entidades/pessoas responsáveis pela sinalização da situação de perigo
Estando envolvidas neste caso, uma Técnica da Segurança Social, da equipa
Multidisciplinar de Apoio aos Tribunais e por uma técnica de serviço social de um
núcleo local da segurança social.
CAFAP
Medidas de Protecção
Capacidade de garantir condições para a segurança e um adequado
desenvolvimento das crianças
Deste modo, esta intervenção centrada na família, pretende facilitar as condições
necessárias para que o sistema familiar reforce as suas capacidades, de modo a
acompanhar, com eficácia, as várias etapas do desenvolvimento da criança.
Estas sessões serviram para trabalhar com a família o treino de competências
familiares e de criar na família melhores condições para que os seus filhos regressassem
a casa sem correr perigo.
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Conclusão
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Referências Bibliográficas
Legislação:
Sites consultados:
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