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FICHAMENTO

Disciplina: História da Música Erudita Brasileira


Discente:Claudio César Gonçalves Dias Junior
Texto: O lundu e a Modinha
Referências: LIMA, Edilson. As modinhas do Brasil. SP, Guarulhos: Edusp, 2001.
SANDRONI, Carlos. 1958. Feitiço Decente: transformações do samba no Rio de
Janeiro (1917-1933). Carlos Sandroni. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.: UFRJ, 2001.

1. O lundu

Considerado como primeiro gênero musical afro-brasileiro, o lundu é um


tradicional estilo de dança que foi trazido pelos escravos africanos para o Brasil. O lugar
exato onde se originou o lundu ainda é incerto, porém, é possível afirmar, mesmo com
certa dúvida, que existe uma forte influência da cultura negra, principalmente no que se
refere aos povos angolanos e congoleses que, de acordo com registros históricos,
trouxeram para o Brasil aspectos de sua cultura, dentre eles, sua música e dança.
O autor Carlos Sandroni, em contrapartida, aponta que há controvérsias em
relação ao estilo ser exclusivamente oriundo dos povos negros, conforme cita:

No entanto, as únicas fontes documentais citadas pelos mesmos


pesquisadores onde, de fato, o lundu aparece como inequivocamente
africano, são as portuguesas. No que tange ao Brasil, os autores que
examinei foram incapazes de fornecer um só documento em que o
nome “lundu” seja usado para se referir a uma atividade exclusiva dos
negros. (SANDRONI, 2001; p.40).

De acordo com o autor, o lundu se estabeleceu no início como uma “dança


africana no Brasil” e não uma dança tipicamente “brasileira”. Passou por muita
resistência por parte dos religiosos da igreja e até mesmo pela corte, mas aos poucos foi
ganhando seu espaço e renome entre a elite da corte portuguesa.
Algumas das qualidades distintivas fundamentais do lundu podem ser notadas
como: maioria das músicas compostas em tonalidade maior, composição para voz
solista ou a duas vozes, sistema métrico com ênfase no compasso binário simples e
linha melódica sincopada, entretanto nas características de texto é possível destacar o
uso de refrão.

2. A Modinha

Há várias suposições e afirmações em torno da origem da modinha no Brasil,


mas a maioria não comporta qualquer tipo de documentação que comprove os fatos.
Após analisar algumas pesquisas em torno de escritores e compositores que tentavam
explicar onde e quando surgiu a modinha, o autor Edilson Lima aponta que:
Pelo que tudo indica, teria sido realmente durante o século XVIII que
a música produzida na colônia brasileira foi adquirindo feições
próprias a ponto de, no final do mesmo, chegar a possuir uma
personalidade inconfundível, ou seja, de moda que era, configurou-se
como a modinha brasileira. E é nesse momento que surge o nome de
Domingo Caldas Barbosa, muito difícil de ser dissociado da história
da modinha; seu nome aparece não só como poeta, mas também como
compositor e cantor de modinhas, tendo sempre sua viola encostada
ao peito. (LIMA, 2001; p.14).

Segundo o autor, antes mesmo de a modinha “desembarcar” aqui no Brasil, o


estilo já estava sendo ouvido e dançado em Portugal de uma forma diferente e em outro
contexto.
A modinha de origem brasileira tem várias diferenças como: melodias
ondulantes entrepostas e compostas com várias síncopes rítmicas, cromatismos
melódicos, porém com um acompanhamento mais calmo e sempre dando ênfase na sua
delicadeza. Também existem modinhas que se diferenciam por ter sua própria
identidade e originalidade que não são vistas em nenhuma outra peça e podem ser
associadas aos elementos afro-brasileiros e já se começa a formação de uma base para
estilos que posteriormente iriam se popularizar no brasil como o choro, o maxixe e
consequentemente o samba.

3. Conclusão

A contribuição da modinha e o lundu para a música brasileira foi tão grande que
se tornaram os principais estilos musicais do século XIX, sendo assim cultivadas tanto
no meio popular e classes mais baixas quanto no meio erudito e elite. Os grandes nomes
da música que foram cruciais no desenvolvimento dos estilos da modinha e lundu no
Brasil foram: Pe. José Maurício, Marcos Portugal, Carlos Gomes dentre outros.
Entretanto o grande pilar a ser lembrado será Domingos Caldas Barbosa, que trabalhou
para que esses gêneros fossem reconhecidos tanto pela corte quanto pela população.

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