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DE MOTORES STIRLING
ROBLEDO WAKIN BARROS
Universidade Federal de Itajubá / Núcleo de Estudos em Sistemas
Térmicos – NEST (IEM/UNIFEI)
Av BPS 1303, CP 50, Itajubá, MG, CEP 37.500-903 – Brasil. Tel. (35) 3629-1355
Email: robledo@unifei.edu.br
HU U
Resumo
Abstract
The search to increase the electrical generation, together with the need to decrease the pollution
emission, has encouraged the alternative energy sources. Nowadays around the world there are a
lot of alternative energy sources incentive programs. In Brazil have PROINFA - Alternative Energy
Sources Incentive Program. An example of alternative energy sources is the use of biomass as
combustible. In the electrical generation, the biomass can be used directly, having it’s directly
combustion, and transforming the thermal energy liberated in electrical energy, or can be
transformed in gas or liquid, and after use technology as internal combustion engine and gas
turbine to generate electricity with these combustibles. Few technologies can be used to generate
electricity burning directly to the biomass. Among these technologies, have the Stirling engine. It is
possible to use this engine because the Stirling engines are external combustion engines, and it
has not contact between the work gas and the flue gas. In this way, the Stirling engine needs a
heat source, independent of the combustible type that will be used, including solar source. In this
work will be present this technology, the different kinds of Stirling engines according to their
configuration, moreover will be present the ST 05 G Stirling engine, which is a 500W engine,
acquired by University Federal of Itajubá. Also are present the tests results of this engine, and the
installation to work with wood waste as combustible.
1 Introdução
O termo biomassa engloba a matéria vegetal gerada através da fotossíntese e os seus derivados,
tais como: resíduos florestais e agrícolas, resíduos animais e a matéria orgânica contida nos
resíduos industriais, domésticos, municipais, etc. Estes materiais contem energia química provida
da transformação energética da radiação solar. Essa energia química pode ser liberada
diretamente por combustão, ou convertida através de algum processo em outras fontes
energéticas mais adequadas, para um fim qualquer desejado, tal como o álcool e o carvão vegetal.
(LORA, 2003).
Certamente o primeiro combustível utilizado pela humanidade foi biomassa. Com a descoberta
dos combustíveis fosseis seu uso ficou mais restrito. Com a redução constante das reservas de
combustíveis fosseis, sendo estes não renováveis, aliado à grande poluição causada com a
queima dos mesmos, o uso da biomassa como combustível volta a ganhar força.
2 Histórico
O motor Stirling foi inventado em 1816 pelo reverendo Robert Stirling, na Escócia, e apresentou na
época, a vantagem de ser um motor mais seguro comparado com os motores a vapor utilizados
até então, principalmente pelo menor nível de pressão utilizado pelo motor inventado por Stirling.
O motor Stirling teve um uso comum até os anos de 1920, quando os motores de combustão
interna e os motores elétricos o tornaram redundante. O motor Otto foi inventado em 1877 e o
motor diesel em 1893, e estes apresentavam maior potencia comparado aos motores Stirling da
época. (HIRATA, 1995). Além disso, os motores Stirling requeriam uma atenção especial em sua
manufatura, que tinha uma tolerância mais estreita do que a requerida pelos motores de
combustão interna. A combinação de um menor custo de manufatura e uma maior potência
gerada pelos motores de combustão interna levaram ao desaparecimento comercial do motor
Stirling.
Após a segunda Guerra Mundial, com a invenção da classe dos aços inoxidáveis, e com o
aumento do conhecimento matemático que explica a operação do ciclo do motor Stirling, acarretou
no desenvolvimento de um motor mais barato e mais eficiente. Quando a tecnologia do motor
aumentou, a sua capacidade de usar qualquer combustível disponível passou a gerar interesse
em seu principio novamente.
Devido ao motor Stirling ser de combustão externa, e não requerer re-enchimento, ele é indicado
para regiões isoladas, onde se necessitam geração de potência, ou seja, trabalhando como
geração distribuída.
3 Classificação dos motores Stirling conforme a configuração
Os motores Stirling são divididos em geral em três grupos, Alfa, Beta e Gama, de acordo com a
configuração dos cilindros e pistões.
O motor Stirling tipo Alfa apresenta basicamente dois pistões, sendo um de compressão e um de
expansão, e estes são defasados de 90°. Há um lado quente (espaço de expansão) e um lado frio
(espaço de compressão), unidos entre si. Os dois pistões fazem o gás fluir entre ambos espaços,
e os mesmos dois pistões geram potência de saída.
Na configuração Alfa (Figura 3.1), o motor tem dois pistões que são conectados em serie pelo
trocador de calor de aquecimento, o regenerador e o trocador de calor de resfriamento. (MELLO,
2001).
Embora possua a configuração mais simples, o motor Alfa apresenta a desvantagem de ambos os
pistões necessitarem de vedação por conter gás de trabalho. Esses motores podem ser
construídos em configurações compactas, com múltiplos cilindros e elevadas potências de saída,
necessárias nas aplicações automotivas.
Os motores Stirling Beta e Gama são chamados de motores Stirling de deslocamento, sendo que
o gás de trabalho é movimentado entre os espaços de alta e baixa temperatura pelo pistão de
deslocamento. A compressão e expansão do gás de trabalho são feitos pelo pistão de trabalho.
O motor Beta apresenta a configuração clássica, patenteada em 1816 por Robert Stirling. Um
esquema do motor Stirling tipo Beta é apresentado na Figura 3.2.
Comparado com o motor tipo Beta, o seu mecanismo é mais simples, e ajustes na taxa de
compressão e incremento da área de transferência de calor, são relativamente fáceis de se obter.
(HIRATA, 1995). Apresenta, entretanto, volumes mortos maiores, além do fato de parte do
processo de expansão ocorrer no espaço de compressão, causando redução na potência de
saída. (MELLO, 2001).
Como exemplo serão apresentadas as etapas do ciclo para um motor Stirling tipo Beta, que estão
apresentadas na Figura 4.1.
Se um regenerador for colocado no canal entre os cilindros frio e quente, o calor pode ser
armazenado, quando o gás flui do cilindro quente para o frio e usado para reaquecer o gás,
quando este flui de volta para o volume quente. O ciclo de Stirling, tendo um regenerador ideal
(eficiência de 100%), terá todo o calor fornecido ao fluido de trabalho de fontes externas no
processo isotérmico 3-4 e todo o calor rejeitado para as vizinhanças no processo isotérmico 1-2.
Portanto, a eficiência térmica do ciclo Stirling, neste caso será dada pela mesma expressão do
ciclo de Carnot. (MORAN, 2000).
5 Motor Stirling ST 05 G
O motor Stirling ST 05 G é um motor na configuração Gama, de 500 W de potência, e que
funciona com ar pressurizado como fluido de trabalho. Este motor é comercializado como um
conjunto de treze peças fundidas, pela empresa alemã Viebach. A fabricação das peças restantes
e a sua montagem devem ser executadas pelo cliente. É fornecido, juntamente com as peças
fundidas um roteiro para a montagem e fabricação das peças restantes.
As principais partes do motor que não são fornecidas são o trocador de calor de aquecimento, o
regenerador, e o radiador. Para cada um destes componentes foi fornecido um roteiro de
fabricação e montagem, juntamente com relatos de experiência de outras pessoas.
A Figura 5.1 apresenta o conjunto de peças fundidas adquiridas. A Figura 5.2 apresenta os tubos
do trocador de calor de aquecimento, o radiador do motor, que utiliza lamelas de cobre que
servem como aletas, a tampa do Carter com um manômetro acoplado, e outras peças. Na Figura
5.3 o motor Stirling ST 05 G é apresentado já montado e pronto para operação.
Figura 5.1 – Conjunto de peças fundidas do motor Stirling ST 05 G.
6 Métodos e Resultados
O motor Stirling ST 05 G foi ensaiado no laboratório de Sistemas Térmicos da mesma instituição,
utilizando-se uma câmara de combustão para gás liquefeito de petróleo GLP. Uma foto da
instalação utilizada para o ensaio do motor é apresentada na Figura 6.1.
O ensaio teve como objetivo a determinação da potência do motor fabricado, uma vez que sua
potencia de projeto está na faixa entre 350 a 500 W. Para a medição da potência do motor, foram
utilizados um freio hidráulico, e um tacômetro.
Além das medidas de torque e rotação, também se mediu a temperatura da parede externa do
trocador de calor de aquecimento, uma vez que a potência atingida pelo motor depende da
temperatura neste ponto. Também foram coletadas medidas da temperatura da água de
resfriamento do motor na entrada e saída do mesmo, o consumo de combustível durante o
experimento, e a composição dos gases de exaustão. Para a medição do consumo de combustível
utilizou-se uma balança Filizola, e para a medição da composição dos gases de exaustão, utilizou-
se um analisador de gases modelo IMR 3000, da IMR Enviromental Equipment.
A Tabela 6.1 apresenta um resumo de todos os dados coletados durante o ensaio juntamente com
as grandezas calculadas posteriormente.
Figura 6.1 – Bancada de testes do motor Stirling.
Alguns trabalhos utilizando-se motores Stirling em operação com biomassa são encontrados na
literatura. Um trabalho que se destaca é o apresentado por Podesser (PODESSER, 1999). O
objetivo de seu trabalho é o projeto, construção e operação de um motor Stirling que usa o calor
proveniente da queima de biomassa em um forno. Segundo Podesser, o maior problema
encontrado quando se trabalha com a queima direta da biomassa é a fuligem contida nos gases
quentes. Para se evitar uma danificação precoce do motor, o trocador de calor deve ser feito com
tubos especiais, mais resistentes. O motor projetado por Podesser usa como fluido de trabalho ar
ou nitrogênio, tem uma potência de eixo máxima de 3kW, pressão do gás de trabalho de 33 bar,
rotação de 600 rpm, e coeficiente de performance (potência de eixo/calor de entrada) de 25%.
7 Conclusões
Com o ensaio realizado com o motor Stirling ST 05 G pôde-se observar que os resultados de
potência mecânica obtidos estiveram dentro da faixa de potência de projeto do motor, de 350 a
500W, e também se pôde notar que a potência máxima obtida pelo motor, aproximadamente
470W, esteve muito próxima dos 500W de projeto.
Com um valor médio de consumo de combustível (GLP) durante o ensaio de 0,30 kg/h, e com uma
média das medidas de potência do motor de 375,68W durante o mesmo pôde-se obter um
rendimento médio do motor de aproximadamente 10%. Apesar de ser um valor baixo, uma vez
que para o motor ST 05 G é esperado uma eficiência acima de 20%, quando comparado a outras
tecnologias com a mesma capacidade de geração este valor se apresenta bastante satisfatório.
Segundo Hsu e colaboradores, o motor Stirling pode operar em instalações de baixa potência com
uma eficiência satisfatória. (HSU, 2002). Já a grande maioria dos sistemas térmicos de conversão
de energia se apresentam muito ineficientes em instalações de pequena capacidade.
É importante salientar a possibilidade do uso de diversas fontes de calor para operação de
motores Stirling. Dentre estas fontes de calor, atualmente vem se destacando em pesquisas, por
serem fontes renováveis de energia: o uso da energia solar e o uso de diversos tipos de biomassa
como combustíveis.
Como trabalho futuro, e como uma continuidade dos trabalhos que vem sendo feitos com o motor
Stirling ST 05 G, há o seu ensaio acoplado à caldeira a biomassa. Com isso se pretende avaliar a
possibilidade de operação de tal tecnologia em regiões isoladas, onde não se têm recursos
energéticos fósseis disponíveis, e que se tenha biomassa residual.
Referencias Bibliográficas
Hirata, K. Stirling Engine home page. 1995. ( http://www.bekkoame.ne.jp/~khirata );
HU UH
Hsu, S.T., Lin, F.Y., Chiou, J.S. Heat-transfer aspects of Stirling power generation using
incinerator waste energy. Renewable Energy, 28, pp. 59-69, 2003;
Nakajima, N., Ogawa, K., Fujimassa, I. Study on microengines: miniaturizing Stirling engines
for actuators. Sensors and Actuators, 20, pp. 75 – 82, 1989;