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Para que um negócio jurídico que existe tenha também validade, é imprescindível que se verifique a vontade livre,
espontânea, emitida por um agente capaz (ou representado ou assistido).
Se a vontade não for livre ou espontânea, será caso de defeito no negócio jurídico que, na maioria das vezes, poderá
anulá-lo, se já não for nulo de início.
Vícios de vontade/consentimento: o prejudicado é o próprio emitente porque a vontade interna não está de acordo
com a manifestação declarada.
Vícios sociais: a vontade é livre e espontânea, mas não está de acordo com a lei ou com a boa-fé e, por isso, prejudica
terceiros.
Características do erro
- substancial = algo muito importante, essencial no negócio jurídico (art. 139 CC) e qualquer pessoa inteligente,
atenciosa, cometeria o erro.
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
(ex: uma pessoa acha que é doação, a outra que é comodato) (ex: comprei um apartamento no Rio, em Jacarepaguá,
achando que era na Barra) (ex: achei que era antiguidade)
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que
tenha influído nesta de modo relevante; (ex: recompensei Fulano por ter me salvado, mas foi Beltrano)
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
- escusável = justificável, sem culpa, não é grosseiro, nem facilmente perceptível, com base no homem médio;
- real = gerou prejuízo real;
Obs 1: erro esse cial ≠ erro acidental → perdas e danos (art. 142 CC)
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio
quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se
dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.
É possível que, mesmo existindo erro, o negócio seja alterado para atender a real intenção do declarante.
Espécies de Dolo
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
Ex: Omo é o sabão que lava mais branco ou artifícios empregados por um vendedor;
Obs 1: dolo esse cial ≠ dolo acidental → perdas e danos (art. 146 CC)
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio
seria realizado, embora por outro modo.
Obs 2:- dolo do representante legal (pai, mãe, tutor, curador) – só atinge o representado até o proveito deste;
dolo do representante convencional – o representado é solidário (culpa in eligendo - má escolha daquele a que se
confia a prática de um ato) –art. 149 CC
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a
importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá
solidariamente com ele por perdas e danos.
- fundado temor de dano a sua pessoa ou a pessoa de sua família (sentido afetivo) – art. 152 CC
Art. 151, Parágrafo único. Se disse respeito a pessoa não pertencente a família do paciente, o juiz, com base nas
circunstâncias, decidirá se houve coação.
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Direito Civil
Professor: Patrícia Dreyer
Teoria
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente
e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
- assume obrigação excessivamente onerosa, para salvar-se ou alguém de sua família (sentido amplo, afetivo);
- não há violência, mas aproveitamento porque o dano é conhecido pela outra parte.
- o agente não cria a situação de risco, as dela se aproveita ≠ coação
- prazo de 4 anos para anular ou aproveitamento, por analogia (art. 157,§2º, CC)
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar
com a redução do proveito.
Ex: jovem vende apartamento quando perde seus pais, ou seja, quem compra manifesta leviandade.
Presume-se a fraude:
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou
por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como
lesivos dos seus direitos.
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou
vantagens para o de outra.
Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor
e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.
Art. 162. O credor quirografário (aquele que não possui direito real de garantia), que receber do devedor insolvente o
pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar
o concurso de credores, aquilo que recebeu.
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente
tiver dado a algum credor.
Art. 1.419. Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito, por vínculo
real, ao cumprimento da obrigação.
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois
que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a
prescrição.
- declaração enganosa
- inocente: não viola a lei, nem é fraude ao fisco.
(ex: compra e venda simulada, na verdade é doação; ou declara valor menor pra pagar menos imposto)
(ex: antes de separar, o marido assina notas promissórias para terceiro com o objetivo de comprometer patrimônio
do casal)
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
Finalidade: restituir ao status quo ante. Se isso não for possível, cabe indenização por perdas e danos (art. 182 CC).
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo
possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação nem convalesce pelo decurso do tempo.
Art. 170. Se o negócio nulo contiver os requisitos de um outro, este subsistirá quando o fim a que visavam as partes
permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
Art. 183. A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este puder provar-se por outro meio.
A parte prejudicada deve exercer seu direito de acordo com os prazos dos arts. 178 e 179 do CC.
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação,
será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante
expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação
obrigatória.
Art. 2.027. A partilha, uma vez feita e julgada, só é anulável pelos vícios e defeitos que invalidam, em geral, os negócios
jurídicos.