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Direito Penal Parte Geral

Introdução; Arts. 1º ao 25;


1. CONCEITO: A vida em sociedade exige um complexo de
normas que estabeleçam regras indispensáveis ao convívio
entre os indivíduos desta sociedade.
1.1. DIREITO PENAL: Ramo do direito público que define as
infrações penais, estabelecendo penas e medidas de segurança
aplicáveis aos infratores no caso em concreto;
1.2. CONCEITO FORMAL: Conjunto de normas jurídicas
mediante o qual o estado proíbe determinadas condutas (ações
e omissões) sob ameaça de sanção penal;
1.3. CONCEITO SOCIAL: Modo de controle social utilizado
pelo estado (direito penal de intervenção mínima), buscando o
controle social;
“É o corpo de normas jurídicas voltado à fixação dos limites do
poder punitivo do estado, instituindo infrações penais e as
sanções correspondentes, bem como regras atinentes à sua
aplicação” (NUCCI, Guilherme de Souza).

2. ANTERIORIDADE DA LEI (PRINCÍPIO DA


LEGALIDADE)
2.1. Art. 1º, CP: “não há crime sem lei anterior que o defina.
Não há pena sem prévia cominação legal”.
2.2. Art. 5º, XXXIX, CF/88: “Não há crime sem lei anterior
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.
2.3. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: Significa que é
obrigatória a prévia existência de lei penal incriminadora para
que alguém possa ser por um fato condenado, exigindo,
também, prévia cominação de sanção para que alguém possa
sofrê-la;
2.4. Dessa forma, somente a lei pode descrever condutas
criminosas.

ATENÇÃO: NORMAS PENAIS EM BRANCO - São


aquelas que exigem complementação, por outras normas, não
ferem o princípio da legalidade.
EXEMPLO: Crime de tráfico (drogas) substância
entorpecente, esclarecimento feito por portaria.
2.5. TERMO INICIAL DE APLICAÇÃO: Será,
obrigatoriamente, o do início de sua vigência.
2.6. FUNÇÕES DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
a) proibir a retroatividade da lei;

b) proibir a criação de crimes e penas pelos costumes;

c) proibir o emprego de analogia para criar crimes,


fundamentar ou agravar penas;

d) proibir incriminações vagas e indeterminadas.

3. LEI PENAL NO TEMPO (PRINCÍPIO DA


IRRETROATIVIDADE)
3.1. Art. 2º CP: “ninguém pode ser punido por fato que lei
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela
a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”.
Parágrafo Único: “a lei posterior, que de qualquer modo
favoreça o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
decididos por sentença condenatória transitada em julgado”.
(NOVATIO LEGIS MELLIUS)
3.2. Art. 5º, XL, CF/88: “A lei penal não retroagirá, salvo
para beneficiar o réu”.
3.3. NOVATIO LEGIS MELLIUS: lei posterior, à pratica do
fato, que de qualquer forma beneficiar o agente.
3.4. NOVATIO LEGIS IN PEJUS: lei posterior, a pratica do
fato, que de qualquer forma prejudique o agente. (prevalece
a regra absoluta de irretroatividade da lei).
3.5. ABOLITIO CRIMINIS: ninguém pode ser punido por
fato que lei posterior deixa de considerar crime.
CONCLUSÃO:
a) Indivíduo processado surge outra lei (posterior), que deixa
de considerar o fato como crime, considera-se que a nova lei já
estivesse em vigor, não poderá o agente ser punido;(abolitio
criminis)
b) caso já condenado (transitado em julgado) cessará a
execução. Se no futuro cometer novo crime, não será
considerado reincidente; (abolitio criminis)
c) Se a lei nova continuar a considerar o fato como crime, mas
traz alguma benesse ao acusado.

“A lei nova se aplica, no que favorece o agente, até mesmo já


havendo condenação transitada em julgado” (STF, RE
102.932, DJU 10.5.85, P.6855).
4. INTERVENÇÃO MÍNIMA (PRINCÍPIO DA
INTERVENÇÃO MÍNIMA OU ULTIMA RATIO)
Responsável não somente pela indicação dos bens de maior
relevo que merecem a especial atenção do direito penal, mas se
presta, também, a fazer com que ocorra a chamada
discriminalização.

· Deve ser observado pelo legislador na criação das leis.

· Limitador do poder punitivo do estado.

“O poder punitivo do estado deve estar regido e limitado pelo


princípio da intervenção mínima. Com isto, quero dizer que o
direito penal somente deve intervir nos casos de ataques muito
graves aos bens jurídicos mais importantes. As perturbações
mais leves do ordenamento jurídico são objetos de outras
ramos do direito”. (Conde, Muñoz).

5. DIREITO PENAL OBJETIVO E SUBJETIVO


5.1. DIREITO PENAL OBJETIVO: É o próprio
ordenamento jurídico. É o corpo de normas jurídicas destinado
ao combate a criminalidade, garantindo a defesa da sociedade
(definem as infrações penais e cominam as sanções
penais)
5.2. DIREITO PENAL SUBJETIVO: É o direito de punir do
estado (ius puniendi), ou seja, o direito do estado de aplicar
as normas penais (proporcionalidade)
6. SUJEITO ATIVO E PASSIVO
6.1. SUJEITO ATIVO: Quem pratica direta ou indiretamente
o fato descrito na norma penal incriminadora.
O sujeito ativo pode executar total ou parcialmente a infração
penal; No direito penal vigora o princípio da responsabilidade
humana; Somente os maiores de 18 anos podem ser
considerados sujeitos ativos da infração penal;

ATENÇÃO: o menor pratica ato infracional.


6.2. SUJEITO PASSIVO: quem, em tese, pode sofrer lesão ou
perigo de lesão ao bem jurídico. Pessoa ou entidade que sofre
os efeitos do delito.
7. CARACTERÍSTICAS DA LEI PENAL
7.1. EXCLUSIVIDADE: somente a lei penal define crimes e
comina pena (legalidade);
7.2. IMPERATIVIDADE: a norma penal é imposta a todos,
independente da vontade.
7.3. GENERALIDADE: a norma penal vale para todos (erga
ommes)
7.4. IMPESSOALIDADE: a norma penal é abstrata, sendo
elaborada para punir acontecimento futuro e não punir pessoa
determinada;
7.5. FINALIDADE: tutela jurídica (proteção jurídica) aos
bens jurídicos mais importantes no meio social, tais como a
vida, a liberdade, a propriedade, a dignidade social etc.
8. CONCEITO DE CRIME: É um fato típico, antijurídico ou
ilícito e culpável, para fins de aplicação da pena.
8.1. CONDUTA: ação ou omissão, voluntária e consciente,
dirigida a uma finalidade.
8.2. NEXO CAUSAL: é o elo que se estabelece a conduta e o
resultado (Art. 13 do CP).
8.3. RESULTADO: é a ameaça ou efetiva lesão a um interesse
plenamente relevante.
8.4. CRIME MATERIAL: aquele que a lei descreve a ação do
agente e o resultado naturalístico, não se consuma crime sem
que este resultado ocorra, provocando uma modificação no
mundo material, ou seja, é aquele que exige o resultado
naturalístico para sua perfeita subsunção da conduta do agente
ao fato descrito na lei como criminoso.
EXEMPLO: Art. 129 CP
8.5. CRIME FORMAL: neste delito não há necessidade de
realização do resultado pretendido pelo agente. O tipo penal
descreve a conduta e o resultado naturalístico, mas não exige a
ocorrência deste pra que o tipo se configure. pode ocorrer
ou não.
EXEMPLO: extorsão mediante sequestro e concussão.
8.6. CRIME DE MERA CONDUTA OU CRIME DE
SIMPLES ATIVIDADE: Em que é impossível o resultado
naturalístico, havendo uma ofensa presumida pela lei, que só
descreve a conduta do agente. Mera conduta do tipo penal não
há descrição de resultado naturalístico, ou seja, simples pratica
da conduta já configura crime.
EXEMPLO: Art. 150 CP – Violação de domicilio.
8.7. CRIME COMISSIVO: lei descreve um comportamento
positivo para o agente “um fazer”.
EXEMPLOS: Arts. 157 e 158 CP.
8.8. CRIME OMISSIVO: praticado diante a conduta de “não
fazer”.
EXEMPLO: Art. 135 CP – Omissão de socorro.
8.9. CRIME DOLOSO: Quando o agente quis o resultado.
8.10. CRIME CULPOSO: aquele que o agente deu causa pela
inobservância de um dever objetivo de cuidado, imperícia,
imprudência ou negligência.
a) IMPERÍCIA: falta de conhecimento técnico;
b) IMPRUDÊNCIA: conduta positiva praticada pelo agente
(pratica de um ato perigoso sem os cuidados que o
caso requer).
c) NEGLIGÊNCIA: deixar de fazer aquilo que a diligência
normal estabelecia.
8.11. DOLO EVENTUAL: o agente não quer o resultado, mas
assume o risco de produzir.
8.12. CRIMES PRETERDOLOSOS: são aqueles que têm
dolo no antecedente (conduta) e culpa no consequente
(resultado).
a) INSTANTÂNEO: é aquele que se exaure no momento da
ação ou omissão, ou seja, se esgota ao chegar ao resultado;
Exemplo: homicídio e roubo.
b) INSTANTÂNEO DE EFEITO PERMANENTE:
resultado sempre irreversível.
EXEMPLO: homicídio
c) HABITUAL: caracteriza pela reiteração de atos, que
constitui um todo. Conjunto de vários atos praticados com
habitualidade.
EXEMPLO: Casa de prostituição, curandeirismo.
d) CONTINUADO: Ocorre quando o agente comete dois ou
mais crimes da mesma espécie, mediante mais de uma ação,
unidos pelas mesmas circunstâncias de tempo, ligar e maneira
de execução, como consagra o art. 71 CP
e) CRIME DE AÇÃO MÚLTIPLA: Quando o tipo penal
contém mais de um núcleo, possuindo conteúdo variado.
EXEMPLO: Art. 122 do CP.
f) CRIME COMUM: qualquer pessoa pode cometer, não exige
qualidade pessoal.
EXEMPLO: Art. 171 CP – Estelionato.
g) CRIME PRÓPRIO: exige do sujeito ativo uma qualidade
especial.
EXEMPLO: Arts. 123 e 316 CP.
h) CRIME SIMPLES: aquele em que o tipo ena exige a lesão
de um único bem jurídico tutelado.
EXEMPLO: Art. 121 CP.
i) CRIME COMPLEXO: O tipo penal é somatório de dois ou
mais tipos penais em uma única descrição legal.
EXEMPLO: latrocínio
j) CRIME QUALIFICADO: é aquele que tem a natureza
agravada por determinadas circunstâncias, elevando a pena.
EXEMPLO: Art. 155, § 4º CP
k) CRIME PRIVILEGIADO: é aquele que tem natureza
abrandada por determinada circunstância, consequentemente
diminuindo a pena.
EXEMPLO: Art. 121, § 1º CP
8.13. DO ITER CRIMINIS: Desde que o sujeito ativo começa
a pensar, estudar, cogitar a pratica do crime até a consumação
do delito, existe um processo a ser percorrido.
“Significa o conjunto de etapas que se sucedem,
cronologicamente, no desenvolvimento do delito” (Zaffaroni);

“Trata-se de PERCURSO PARA A REALIAÇÃO DO CRIME,


que vai DA COGITAÇÃO À CONSUMAÇÃO” (Nucci).

Tais etapas podem ser divididas em cogitação, preparação,


execução e consumação.

I) FASE INTERNA: ocorre na mente do agente;


II) FASE EXTERNA: ocorre no momento em que o agente
exterioriza através de atos seu objetivo criminoso;
III) COGITAÇÃO: se revela no íntimo do agente, no momento
em que este começa a maquinar e idealizar seus propósitos
delituosos. Nesta fase, composta única e exclusivamente da
mentalização do ilícito, a lei penal não pode alcançar e punir
um agente pelo simples fato de idealizar a prática de um crime;
IV) ATOS PREPARATÓRIOS: Da fase interna da cogitação,
o agente transborda sua vontade para o mundo exterior,
iniciando a prática dos atos preparatórios, objetivando
consumar o crime anteriormente idealizado. Pode-se classificar
como atos preparatórios, por exemplo, alugar imóveis
próximos ao local do crime, para possível cativeiro, espionar
sua vítima etc. Os atos preparatórios não são punidos, salvo
para falsificação de moeda.
V) ATOS DE EXECUÇÃO: Após toda preparação do crime,
inicia-se a fase de execução do delito. É a fase de realização da
conduta designada pelo núcleo da figura típica.
VI) CONSUMAÇÃO: Quando se operam todos os elementos
de sua definição legal, que nada mais é que a completa
realização do tipo penal. Quando, na fase de execução, não se
consegue chegar a consumação do crime, por motivos alheios a
vontade do agente, opera-se o chamado “crime tentado” (art.
14, II, CP), o crime consumado é aquele em que foram
realizados todos os elementos constantes de sua definição
legal.
8.14. CONSUMAÇÃO NAS VÁRIAS ESPÉCIES DE
CRIMES
· MATERIAIS: Produção do resultado naturalístico, ou seja,
consumação ocorre com o evento natural.
EXEMPLO: Consuma-se um homicídio com a morte
da vítima.
· CULPOSOS: Produção do resultado naturalístico, onde é
preciso a inobservância do dever de cuidado.
· DE MERA CONDUTA: Ação ou omissão delituosa, isto é,
não há resultado naturalístico, mas apenas o evento no sentido
normativo.
EXEMPLO: Na violação de domicílio, uma das formas
de consumação é a simples entrada.
· FORMAIS: Com a simples atividade, independente do
resultado. A consumação ocorre com a conduta típica
imediatamente, independentemente da produção do resultado
descrito no tipo.
EXEMPLO: Art. 316 CP.
· PERMANENTES: O momento consumativo se prolonga no
tempo. Deve-se observar que a consumação se dilata no tempo.
8.15. CRIME TENTADO: não consumação do crime, cuja
execução foi iniciada. Elementos da tentativa:
a) início da execução;
b) não consumação;
c) interferência de circunstância alheia à vontade do
agente.
Podem ser classificadas como:

a) BRANCA OU INCRUENTA: A vítima não é atingida, bem


como não sofre ferimentos.
EXEMPLO: erra o tiro, acertando a parede.
b) CRUENTA: Ocorre quando a vítima é atingida, vindo a
lesionar-se.
EXEMPLO: A vítima é ferida, logo em seguida o
sujeito ativo é desarmado.
9. PRINCÍPIOS
9.1. GRADUAÇÃO DOS PRINCÍPIOS: Os Princípios
constitucionais explícitos merecem primazia sobre os
infraconstitucionais, bem como os implícitos que devem
prevalecer sobre normas específicas ou simples regras.
9.2. Os princípios orientadores e limitadores do Direito Penal,
provindos do Princípio da Dignidade da Pessoa
Humana. O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana,
constante os Direitos Fundamentais da Constituição Federal, é
um valor inerente à pessoa, todo ser humano é dotado desse
preceito, constituindo, assim, o máximo princípio do Estado de
Direito.
9.3. Princípio da Legalidade ou da Reserva Legal: Não
há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal (Art. 5º, XXXIX, CF e Art. 1º CP). Deve se
considerar a eficácia deste princípio, vendando o poder
punitivo do Estado, quando não houver lei anterior ao fato e a
expressa cominação da pena.
9.4. Princípio da proibição da analogia: A adaptação
típica, ou seja, por semelhança dos fatos é proibida.
9.5. Princípio da Anterioridade da Lei: Só há crime e
pena se ato for praticado após lei que os defina e esteja em
vigor.
9.6. Princípio da Irretroatividade da lei: A lei só retroage
em benefício do réu.
9.7. Princípio da intervenção mínima: Quando os outros
ramos do Direito não conseguirem prevenir conduta ilícita o
Estado intervirá através do Direito Penal.
9.8. Princípio da ofensividade: A conduta não basta der
imoral, deverá ofender bem jurídico provando lesão efetiva ou
perigo concreto a este bem.
9.9. Princípio da insignificância ou Bagatela: Pressupõe
que a tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem
jurídico, desta forma, reconhece a atipicidade do fato nas
perturbações jurídicas mais leves.
9.10. Princípio da culpabilidade: Será penalizado,
somente, quem agiu com dolo ou culpa. O Direito Penal
distingue entre os sujeitos imputáveis (capazes) de culpa e os
inimputáveis (incapazes de culpa), que são os menores de 18
anos e os portadores de doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto.
9.11. Princípio da humanidade: Consagrado a Constituição
Federal em seu art. 1º, III, bem como, no artigo 5º, XLVII,
apresenta claramente que o detento deve ser tratado como
pessoa humana.
9.12. Princípio da proporcionalidade da pena: A pena
não pode ser superior ao grau de responsabilidade pela prática
do fato.
9.13. Princípio do estado de inocência: “Ninguém será
culpado ate o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória” (art. 5º, LVII, CF/88);
9.14. Princípio da igualdade: Todos são iguais perante a lei.
(Art. 5º, caput, CF/88);
9.15. Princípio da individualização da pena: Recai apenas
sobre o indivíduo, sujeito ativo da infração penal, ou seja, a
conduta humana é individualmente considerada, mesmo
quando o evento típico é produzido em concurso, eventual ou
necessário, de duas ou mais pessoas. Portanto, a sanção penal
não poderá ser aplicada ou executada contra que não for autor
ou participe do fato punível.
10. BEM JURÍDICO PENAL
10.1. História natural do delito: Atitudes desarmônicas e
agressivas fazem parte da evolução humana, desde a vivência
em grupo, comunidade e por fim em sociedade. Nasce o ius
puniendi, o direito de punir através de leis penais, tais leis
surgem a fim de manter o respeito a vida, a propriedade e a
honra dos indivíduos, desta forma, caracterizam determinadas
condutas como criminosas. O crime como visto, existe desde os
primórdios e divide-se em períodos são eles:
a) Vingança Privada;
b) Vingança Divina;
c) Vingança Pública.
Algo que passa a ser valioso e procurado em determinada
sociedade, torna-se um bem, portanto, requer proteção, ou
seja, o interesse de tutelar este determinado bem, no direito é
apresentada como normatização. Diante da aparição de
determinados bens, com necessidade de tutela, a fim da
pacificação social, surgem medidas de tutelas que são as leis.

11. FONTES DO DIREITO PENAL


a) Fontes Materiais: Direito Penal em si, elaborado na esfera
da União, pelos legisladores federais, porém em casos de
matérias específicas Estados-Membros estão autorizados a
legislar em matéria penal.
b) Fontes Formais: São divididas em quatro subtipos
1) Imediatas: Refere-se a Lei Penal, segundo o princípio da
legalidade. A lei pode ser classificada em duas espécies:
I) Leis incriminadoras: Descrevem crimes e cominam pena
(Exemplo art. 121 do CP);
II) Leis não incriminadoras: Não descrevem crimes nem
cominam pena;
III) Leis não incriminadoras permissivas: Determinadas
condutas tipificadas em leis incriminadoras tornam-se licitas;
(Legitima defesa; Estado de necessidade);
IV) Leis não incriminadoras finais, complementares
ou explicativas: Esclarecem o conteúdo e delimitam o
âmbito de aplicação de determinadas normas. (Art. 1º e 2º
CP);
2) Fontes formais Mediatas: Costume e os princípios gerais
do direito.
ATENÇÃO: Costume não revoga lei, não cria delitos e nem
comina penas.
Quando houver omissão da lei, o juiz decidirá o caso de acordo
com a analogia, costumes e princípios gerais do direito.

12. NORMAS PENAIS EM BRANCO


Os preceitos secundários (cominação da pena) estão
completos, porém seu conteúdo permanece indeterminado.
Portanto, é uma norma cuja descrição da conduta está
incompleta, necessitando de complementação através de outro
dispositivo legal ou regulamentar.

13. LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA


Art. 3º, CP: “ A lei excepcional ou temporária, embora
decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado
durante sua vigência”.
a) Lei excepcional: Vigora em épocas especiais; não expressa
prazo de vigência, sua eficácia é condicionada conforme
duração das condições determinadas (epidemia, guerra,
etc.);
b) Lei temporária: Apresentam a data de expiração de sua
vigência preordenada, são aplicadas aos fatos praticados
durante a sua vigência.
14. TEMPO DO CRIME
Art. 4º, CP: “Considera-se praticado o crime no momento da
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado”.
Portanto como visto no Art. 4º, tempo do crime é o momento
em que este fora considerado cometido.

EXEMPLO: Adolescente com 17 anos, 11 meses e 29 dias


efetua disparo (arma de fogo) contra alguém, que morre
apenas uma semana depois. O homicídio ocorre quando o
sujeito ativo já contava com 18 anos, porém conforme art. 4º, o
delito foi praticado no momento da ação ou omissão, ou seja,
quando o agente era menor de idade.
ATENÇÃO: tempo de crime é diferente de momento
consumativo art. 14, I, CP, o qual ocorre quando todos os
elementos de sua definição legal estão reunidos.
15. TERRITORIALIDADE
15.1. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE: Só haverá
aplicação da lei penal no território do Estado que a concebeu
independente da nacionalidade do sujeito ativo ou passivo.
15.2. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE
ABSOLUTA: Aos crimes cometidos no território nacional
somente a lei penal brasileira é aplicável.
Art. 5º, CP: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
no território nacional.
· Território nacional: Espaço delimitado por fronteiras
geográficas. Abrange todo o espaço que o Estado exerce
soberania (solo, rios, lagos, mares, baías, faixa do mar
exterior ao longo da costa e espaço aéreo).
Art. 5º, § 4º, CF – Princípio adotado:
· Territorialidade temperada: A lei penal brasileira é
aplicável aos crimes no território nacional, de modo que
ninguém, nacional ou estrangeiro, residente ou em trâmite
pelo Brasil, poderá se isentar da aplicação da lei penal
brasileira, salvo quando normas de direito internacional
dispuserem em sentido contrário.
Art. 5º, § 1º, CP: “Para os efeitos penais consideram-se como
extensão do território nacional as embarcações e aeronaves
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves
e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto mar”.
Art. 5º § 2º, CP: “É também aplicável a lei brasileira aos
crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em
pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil”.
15.3. EXTENSÃO TERRITORIAL
a) Navios públicos: Navios de guerra, em serviço militar, ou
em serviço oficial. Onde quer que se encontrem são
considerados parte do território nacional;
b) Navios privados: Mercantes ou de propriedade privada.
Em território estrangeiro, submete-se à lei do País
correspondente, em alto-mar, à lei do País cuja bandeira
ostenta em mar territorial brasileiro, a lei brasileira é aplicável.
c) Crimes cometidos a bordo de navios: Competência da
Justiça Federal de primeiro grau que deve processar e julgar os
crimes, em tese, praticados no interior do navio.
d) Imunidade diplomática: O diplomata é dotado de
inviolabilidade pessoal, não podendo ser preso, nem
submetido a qualquer procedimento ou processado, sem a
devida autorização de seu País.
15.4. TEORIA DA UBIQUIDADE
Teoria adotada pelo Código Penal, a qual dita que o lugar do
crime é tanto da conduta quanto do resultado.
15.5. JURISDIÇÃO: Poder atribuído constitucionalmente ao
Estado para aplicar a lei ao caso concreto, compondo litígios e
resolvendo conflitos.
15.6. COMPETÊNCIA: Delimitação ou demarcação da
jurisdição, ou seja, espaço que determinada autoridade
judiciária aplicará o direito aos litígios que lhe forem
apresentados.
16. EXTRATERRITORIALIDADE: Em determinadas
circunstâncias é aplicada a lei brasileira a delitos cometidos no
estrangeiro, conforme condições e hipóteses explícitas
no Art. 7º, CP.
Art. 7º: “Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro:
I) os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do
Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de Empresa Pública, sociedade de
economia mista, autarquia ou fundação instituída
pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está ao
seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil.”
Nestas hipóteses apresentadas, ainda que o agente tenha sido
absolvido ou condenado no exterior, estará sujeito às leis
brasileiras. (Segundo a doutrina tal fato é denominado
extraterritorialidade incondicionada).

II) os crimes:
a) Que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou
a reprimir;
b) Praticados por brasileiro;
c) Praticados em aeronaves ou embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam
julgados.
§ 1º Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
depende do concurso das seguintes condições:
a) Entrar o agente no território nacional;
b) Ser o fato punível também no país em que foi
praticado;
c) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a
lei brasileira autoriza extradição;
d) Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
não ter aí cumprido a pena;
e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,
por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável.
(Segundo a doutrina, as hipóteses apresentadas no inciso II são
denominadas de extraterritorialidade condicionada).

§ 3º A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por


estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
condições previstas no parágrafo anterior e nas seguintes:
a) Não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) Houve requisição do Ministro da Justiça.
(É inaplicável nas contravenções)
17. PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO
Art. 8º, CP: “A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena
imposta no Brasil pelo mesmo crime quando diversas, ou nela
é computada, quando idênticas”.
Este dispositivo relativiza o excesso disciplinar aferido aos
casos de extraterritorialidade incondicionada, evitando assim
uma evidente violação ao princípio do non bis in idem.
17.1. EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA
Art. 9º, CP: “A sentença estrangeira, quando a aplicação da
lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências,
pode ser homologada no Brasil para:
I – obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a
outros efeitos civis;

II – sujeita-lo a medida de segurança.

Parágrafo Único: A homologação depende:


a) Para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da
parte interessada;
b) Para os outros efeitos, da existência de tratado de
extradição com o país cuja autoridade emanou a
sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do
Ministro da Justiça.
Apesar da regra da soberania que deixa claro que uma sentença
estrangeira não produz efeitos no Brasil, o art. 9º do CP em
determinadas circunstâncias, a sentença estrangeira possa
gerar efeitos.
A homologação compete ao Supremo Tribunal de Justiça
(STJ), conforme art. 105, i, i, CF, redação dada
pela EC 45/2004.
18. CONTAGEM DE PRAZO
Art. 10º: “O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário
comum”.
Exemplo: Caso uma pena comece a ser cumprida às 23 horas
e 15 minutos, os minutos restantes serão computados como
sendo do primeiro dia.
ATENÇÃO: Os prazos penais são improrrogáveis, desta
forma, se encerrar em domingo ou feriado, este estará
encerrado. Os atos processuais são prorrogados até o primeiro
dia útil.
19. FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA
Art. 11: “Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e
nas restritivas de direitos as frações de dia, e, na pena de
multa, as frações de cruzeiro”.
Exemplo1: Indivíduo condenado a 20 dias de detenção,
porém o juiz reduz a pena – forma tentada – o resultado final
seria 6,6, portanto o juiz aplicaria a pena de 6 (seis) dias de
detenção.
Exemplo2: Em caso de multa se o valor hipotético for de
R$103,12, o indivíduo pagará apenas R$103,00.
20. LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 12: “As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo
diverso”.
Com isto temos a aplicação subsidiária das normas gerais do
direito penal a legislação especial, desde que, eventualmente,
não trate do tema de forma diversificada.

Exemplo: Art. 14, II, CP (tentativa), aplica-se [...] previstos


em lei especial [...] vedado nas contravenções penais, não é
punível a tentativa.
21. NEXO DE CAUSALIDADE: A linha de ação percorrida
pelo agente para a ocorrência do resultado denomina-se causa.
O nexo causal descreve a situação apresentada quanto a
conduta. Pode ser classificado em:
· Dependente: Depende da conduta para a produção da
causa;
· Independente: Causa independente que se relaciona com a
causa principal.

21.1. Nexo causal: Elo físico, concreto, material e natural


estabelecido entre a conduta do agente e o resultado
naturalístico, pelo qual é possível dizer se a conduta deu ou não
causa a este resultado.
21.2. Relação de causalidade: Nexo de causalidade entre o
comportamento humano e a modificação do mundo exterior
(resultado). Somente após apreciar a presença do fato típico,
onde se inclui o nexo causal entre conduta e evento, é que
ocorrerá juízo de valor quanto a antijuridicidade (ilicitude) e a
culpabilidade.
21.3. Aplicação da teoria da equivalência dos
antecedentes
O resultado é imputável a quem deu causa, nos crimes que
exigem produção de resultados materiais, sendo assim, exclui-
se os crimes de mera conduta, ou seja, descreve o
comportamento e os formais, os quais não exigem produção de
resultado (pode ou não ocorrer).

Art. 13, CP: “O resultado, de que depende a existência do


crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-
se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido”.
· Superveniência de causa independente
§ 1º A superveniência de causa relativamente independente
exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os
fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
ATENÇÃO: Dolo ou culpa, garantem a ressalva ao
antecedente casual, limitando ao
A aplicação do caput do art. 13 do CP.
· Relevância da omissão
§ 2º A omissão é penalmente relevante quando a omitente
devia e adia agir para evitar o resultado. O dever de agir
incumbe a quem:
a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância;
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de
impedir o resultado;
c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da
ocorrência do resultado.
22. CRIME CONSUMADO
Art. 14 – Diz-se o crime:
I – consumado, quando nele se reúnem todos os
elementos de sua definição legal;
II – tentado, quando, iniciada a execução, não se
consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente.
ATENÇÃO: Considera-se crime tentado quando, iniciada a
execução não se consuma o crime devido a circunstâncias
alheias a vontade do agente.
Parágrafo único: Salvo disposição em contrário, pune-se a
tentativa com a pena correspondente ao crime consumado,
diminuída de um a dois terços.
23. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E
ARREPENDIMENTO EFICAZ
Art. 15: O agente que voluntariamente, desiste de prosseguir
na execução ou impede que o resultado se produza, só
responde pelos atos já praticados.
· Na desistência voluntária o agente inicia a execução
do crime, porém por ato voluntário, interrompe o
percurso para a consumação. Sendo assim, conforme
a primeira parte do artigo 15, o agente somente
responderá pelos atos já praticados. (iter criminis)
· No arrependimento eficaz o agente pratica todos os
atos para obtenção do resultado, porém, por sua
vontade, pratica novo ato eficaz impedindo a
consumação do crime.
24. ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Art. 16: Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça
à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
A redução da pena para crimes cometidos sem violência ou
grave ameaça a pessoa, é causa obrigatória a redução da pena.

25. CRIME IMPOSSÍVEL


Art. 17: “Não se pune a tentativa quando, por ineficácia
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o crime”.
· Ineficácia absoluta do meio: Meio de execução escolhido
jamais levara o crime a consumação. Exemplo: utilizar
arma de brinquedo para matar alguém.
· Impropriedade absoluta do objeto: Quando o objeto sobre
qual o agente faz recair a conduta não é protegido por norma
penal incriminadora. Exemplo: Matar gente morta.
26. CRIME DOLOSO
Art. 18: Diz-se crime:
I – Doloso: quando o agente quis o resultado ou assumiu o
risco de produzi-lo;
II – Culposo: quando o agente deu causa ao resultado
por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único: Salvo os casos expressos em lei, ninguém
pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o
pratica dolosamente.
27. AGRAVAÇÃO DO RESULTADO
Art. 19 “Pelo resultado que agrava especialmente a pena só
responde o agente que o houver causado ao menos
culposamente”.
Exemplo: Dois agentes cometendo roubo, um deste comete
homicídio. O que não cometeu o homicídio não responderá
pelo crime de latrocínio.
28. ERRO SOBRE ELEMENTO DO TIPO
Art. 20 “O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de
crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo,
se previsto em lei”.
Conceito: Erro incidente sobre elementos objetivos do tipo
penal abrange qualificadoras, causas de aumento e agravantes.
Engano a respeito de algum dos elementos componentes do
modelo legal de conduta proibida sempre exclui o dolo,
podendo levar a punição culposa.

· Descriminantes putativas
§ 1º “É isento de pena quem, por erro plenamente justificado
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse,
tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro
deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”.
PUTATIVA = IMAGINÁRIA
· ERRO DE TIPO:
a) Escusável (Desculpável): Razoável equívoco pode
ocorrer a qualquer pessoa por mais prudente que seja. Afasta
dolo e culpa, ou seja, inexiste crime.
b) Inescusável (Indesculpável): Equívoco ocorrido
servindo para afastar o dolo, a pessoa prudente não teria
incidido. Remanesce a culpa, ou seja, delito culposo, se houver
tipo penal correspondente.
· ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
Conceito: Falsa percepção da realidade em relação aos
elementos constitutivos do tipo penal, o agente pratica a
conduta em decorrência da atuação de terceiro (agente
provocador). Pode ser doloso ou culposo:
a) Dolo: Erro preordenado por terceiro.
b) Culposo: Terceiro age com imprudência, negligência ou
imperícia.
· ERRO SOBRE A PESSOA
§ 3º O erro quanto à pessoa contra a qual o crime praticado
não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as
condições ou qualidades da vítima, senão as das pessoas contra
quem o agente queria praticar o crime.
Exemplo: Ofende determinado indivíduo inocente, pensado
se tratar de outro.
Admissível apenas nos crimes dolosos.

· ERRO NA EXECUÇÃO (aberratio ictus)


Sujeito pretendendo atingir uma pessoa acerta outra. Neste
caso há erro ou acidente no emprego dos meios de execução do
delito.

29. COAÇÃO
Forma de constrangimento que compromete à evidência, a
vontade do indivíduo, assim sendo, atuando sobre o elemento
subjetivo do delito. Torna-se irresistível e é uma das causas
excludentes de culpabilidade do agente em relação a pratica
penal. A coação pode ocorrer de duas formas:

a) Coação Física (vis absoluta) – Ocorre com o emprego


de meios materiais com o intuito de obrigar o agente a pratica
de uma infração penal;
b) Coação Moral (vis compulsivas) – Constrangimento
imposto moralmente, através da ameaça de um mal
dificilmente superável, visa obrigar o indivíduo a praticar ou
deixar de praticar determinado ato.
30. OBEDIÊNCIA A ORDEM HIERÁRQUICA NÃO
MANIFESTAMENTE ILEGAL
Apresenta-se devido a obediência de ordem proveniente de
superior imediato, a qual não é manifestamente ilegal, relativa
a uma situação inserida exclusivamente na dinâmica do serviço
público, neste caso, é excludente a culpabilidade.
Art. 22 CP: Se o fato é cometido, sob coação irresistível ou em
estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem.
Nas hipóteses de coação irresistível e obediência hierárquica
não manifestamente ilegal, a responsabilidade pelo fato, incide
apenas contra o autor da coação ou o superior hierárquico que
ordenou, conforme o caso.

ATENÇÃO: Se a ordem hierárquica dirigida ao autor for


evidentemente ilegal, a lei lhe exige se opor a tal ordem, sob
pena de responder criminalmente pela conduta.
31. EXCLUDENTES DE ANTIJURICIDADE
(ILICITUDE)
A relação de contrariedade estabelecida entre a conduta do
indivíduo e a lei penal é denominada antijuricidade ou
ilicitude. Constatada a tipicidade de uma conduta, passa a se
presumir sua ilicitude, visto que, no tipo penal, somente estão
descritas condutas indesejáveis. Entretanto tal juízo de
antijuricidade encontra juízos de exclusão em determinadas
hipóteses.

O Art. 23 do Código Penal apresenta expressamente 4


(quatro) hipóteses de excludentes de antijuridicidade
(ilicitude):
a) Estado de necessidade;
b) Legítima defesa;
c) Estrito cumprimento do dever legal;
d) Exercício regular do direito.
31.1. ESTADO DE NECESSIDADE
Hipótese de exclusão de ilicitude em que o indivíduo colocado
em um contexto de perigo, que não tenha provocado, não
tendo o dever legal de enfrenta-lo, acaba atuando contra um
bem jurídico de terceiro, no interesse de salvar um bem seu ou
alheio. Exemplo: Furto famélico.

Tal exclusão de antijuricidade do sacrifício de um bem jurídico,


para observar outro deve obedecer, um conjunto de
circunstâncias interligada expressamente apontadas no
enunciado do art. 24 do CP, são estes:
1) Atualidade do perigo: Risco atual, presente, revestido de
caráter imediato, sendo assim, perigo passado ou futuro não
são caracterizados como excludentes;
2) Inevitabilidade do perigo: Existindo outra forma de
solucionar a situação de perigo não sacrificando o bem jurídico
e mesmo assim o indivíduo sacrifique o bem jurídico não
haverá excludente de ilicitude;
3) Involuntariedade em sua causação: Necessidade de
que a situação de perigo decorra de adversidade ou ação de
terceiro para excludente de antijuricidade, ou seja, a ação não
pode ter sido proveniente do próprio indivíduo.
4) Inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado: Para
que a excludente de ilicitude seja reconhecida, deverá haver
uma relação de superioridade ou, pelo menos igualdade entre o
bem jurídico preservado e o sacrificado.
31.2. LEGÍTIMA DEFESA
Art. 25: Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Portanto a legítima defesa ocorre quando o autor pratica um
fato típico, previsto em lei como crime, mas para repelir injusta
agressão de terceiro ao seu bem jurídico ou de outrem. A
agressão deve ser proveniente de ato humano, ao contrário
caracteriza-se como estado de necessidade, pressupondo que
tal agressão é atual ou iminente, mas também injusta.

Para que seja excludente de ilicitude deve se dar com


o emprego moderado dos meios necessários a fim de
repelir a agressão, exigindo a lei que aquele mensure os
meios necessários de resguardo ao bem jurídico tutelado.

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