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I - CONTROLE HISTÓRICO
Nº HISTÓRICO
REVISÃO DATA ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
PÁGINAS ALTERAÇÃO
Rogério Sarmento
00 16/12/2014 11 Emissão inicial Margaret Diniz Maristela Soares
Jéssica Evaristo
1. Introdução
A intubação orotraqueal (IOT) é a passagem de um tubo através da boca até a traquéia,
que é comumente utilizada nas unidades de tratamento intensivo em beneficiários graves
que necessitam de auxílio para a manutenção da respiração. Porém, apesar dos
benefícios, pode causar ao trato respiratório superior alterações significativas que
determinam prejuízos no processo da deglutição (disfagia) e da produção vocal (disfonia).
Entre os fatores de risco associados com condições técnicas para atingir e manter a
intubação encontrou-se a duração prolongada de intubação (o risco de complicações
aumenta com a duração da intubação), o tamanho do tubo endotraqueal (em particular
sondas cujo tamanho é maior ou igual a 8 resultariam em mais complicações do que as
sondas de menor calibre), agitação do beneficiário (especialmente episódios de
extubação-reintubação), mau posicionamento da sonda (colocado muito alto ou muito
abaixo da glote), umidificação pobre do ar inspirado e a infecção local.
A intubação orotraqueal prolongada pode proporcionar lesões na cavidade oral, faringe e
laringe, que causam diminuição da motricidade e da sensibilidade local e comprometem o
processo da deglutição, determinando as disfagias orofaríngeas. Estas podem
desencadear problemas como a desnutrição e a pneumonia aspirativa, piorando
significantemente o estado clínico do beneficiário internado. Várias complicações têm sido
relacionadas com a intubação traqueal (IOT), dentre elas anormalidades funcionais de
língua, palato mole, epiglote, laringe, faringe e esfíncter esofágico superior; aspiração do
tipo pré, intra e pós-deglutição e diminuição ou impedimento da elevação da laringe
durante a deglutição.
As complicações relacionadas com o tempo de intubação e a pressão do cuff no tubo
endotraqueal comprometem seriamente a mucosa traqueal, e a pressão inadequada e
constante do cuff causa má nutrição tecidual, resultando numa necrose que ocasionará,
em longo prazo, uma estenose de traquéia e até de pregas vocais, podendo causar
disfonia.
ASSINATURA E CARIMBO 1
PROCEDIMENTO OPERACIONAL
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A disfonia pode ser temporária e observada logo após a decanulação. A maioria das
alterações é ocasionada por lesão direta sobre as pregas vocais, como edema ou
ulcerações ou por alteração da mobilidade da articulação cricoaritenóidea e pelo efeito de
molde ocasionado pela cânula translaríngea. As complicações encontradas após
extubação em beneficiários submetidos a intubação orotraqueal e que podem cursar com
disfagia são: paralisia de pregas vocais, granuloma da laringe, edema e hematoma,
estenose da laringe, incompetência da laringe, estenose da traquéia e traqueomalácia.
A introdução da alimentação por via oral em beneficiários que fizeram uso de tubo
orotraqueal deve ser cuidadosa a fim de garantir a nutrição adequada e evitar
complicações respiratórias.
2. Objetivo
Identificar e interpretar as alterações na deglutição e na produção vocal.
Identificar os sinais clínicos sugestivos de penetração ou aspiração laringotraqueal.
Caracterizar a disfagia e a disfonia.
Estabelecer condutas de reabilitação da disfagia e da disfonia.
3. Campos de aplicação
Centro de Terapia Intensiva Adulto (CTI A)
Unidade de Internação Hospitalar de Adultos (UIH A).
4. Referências normativas
Resolução 383, de 20 de Fevereiro de 2010, Conselho Federal de Fonoaudiologia;
Resolução RDC nº 7, de 24 de Fevereiro de 2010, ANVISA.
ASSINATURA E CARIMBO 2
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5. Responsabilidade/ competência
Compete ao médico assistente solicitar a interconsulta ou ao fonoaudiólogo realizar
busca ativa dos casos e, a critério médico, realizar a intervenção fonoaudiológica;
Compete ao fonoaudiólogo executar as condutas técnicas da avaliação e da
reabilitação.
6. Definições
Disfagia: distúrbio de deglutição, caracterizado pela dificuldade no trânsito adequado
do bolo alimentar da boca até o estômago.
Disfonia: alteração na produção da voz.
Penetração: presença de alimento ou secreção no vestíbulo laríngeo, que compreende:
face laríngea da epiglote, pregas ariepiglóticas, região interaritenóidea, pregas
vestibulares e ventrículos, até a face superior das pregas vocais.
Aspiração laringo-traqueal: inalação de conteúdo gástrico ou orofaríngeo na laringe e
trato respiratório inferior.
Pneumonia aspirativa: pneumonia decorrente da aspiração de alimento e/ou
secreção.
Aspiração silente: aspiração do alimento e/ou saliva sem sinais clínicos evidentes.
Broncoaspiração: aspiração de conteúdo gástrico ou corpo estranho na árvore
traqueobrônquica, podendo causar traqueobronquite, pneumonite, infecções
pulmonares e obstrução das vias aéreas por aspiração de material sólido.
Cuff: manguito localizado ao redor da traqueostomia ou tubo orotraqueal, com o
objetivo de vedar o espaço entre a parede da traquéia e a prótese ventilatória.
Estenose de traquéia: diminuição da região interna da traqueia em 10% ou mais.
ASSINATURA E CARIMBO 3
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8. Siglas
OFAs: órgãos fonoarticulatórios
VO: via oral
SNE: sonda nasoentérica
SNG: sonda nasogástrica
TQT: traqueostomia
MO: motricidade orofacial
GAG: reflexo de vômito
PARD: Protocolo de Avaliação do Risco para Disfagia
EPIs: equipamentos de proteção individual
ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
9. Indicadores
Tempo para Introdução/Reintrodução da Alimentação por Via Oral.
ASSINATURA E CARIMBO 6
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11. Referências
Andrade, C R F; Mangilli, L D; Moraes, D P; Padovani, A R. Protocolo de Avaliação do
Risco para Disfagia (PARD), P.62-73. In Andrade, C R F; Limongi S C O, Disfagia:
Prática baseada em evidências, São Paulo: Sarvier, 2012.
Andrade, C R F; Mangilli, L D; Moraes, D P; Padovani, A R. Protocolo de Avaliação do
Risco para Disfagia (PARD). Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2007;12(3):199-205
Mota, L A A; Cavalho, G B; Brito, V A. Complicações laríngeas por intubação
orotraqueal: Revisão da literatura. Int. Arch. Otorhinolaryngol. São Paulo - Brasil,
v.16, n.2, p. 236-245, Abr/Mai/Junho - 2012.
Padovani AR, Moraes DP, Sassi FC, Andrade CRF. Avaliação clínica da deglutição
em unidade de terapia intensiva. CoDAS 2013;25(1):1-7.
Chehter, E; Kunigk, M R G. Disfagia orofaríngea em pacientes submetidos à entubação
orotraqueal. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2007;12(4):287-91.
Junior, W S S; Coelho, M S. Lesões crônicas da laringe pela intubação traqueal. J
Pneumol 27(2) – mar-abr de 2001.
ASSINATURA E CARIMBO 7
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12. Anexos
Anexo 1: Avaliação Vocal
Avaliação Vocal
Nome do paciente: Data:
Escala RASAT
Rouquidão Ausente Leve Moderado Intenso
Aspereza Ausente Leve Moderado Intenso
Soprosidade Ausente Leve Moderado Intenso
Astenia Ausente Leve Moderado Intenso
Tensão Ausente Leve Moderado Intenso
Qualidade Vocal
Normal Rouca Áspera Soprosa Trêmula Monótona
Ressonância
Equilibrada Hiponasal Hipernasal Faríngea Laringo-faríngea Posterior
Pitch Loudness
Normal Agudo Grave Adequada Aumentada Reduzida
Velocidade de Fala Suporte respiratório
Adequada Aumentada Reduzida Adequado Alterado ♀ = 15 seg
Relação S/Z Distúrbio Articulatório ♂ = 20 seg
Normofunção Hiperfunção Hipofunção Ausente Presente Cr = Idade
Articulação
Adequada Impecisa Tensa Travada Exagerada
Ataques Vocais Qualidade da Emissão
Isocrônicos Bruscos Aspirados Estabilidade Instabilidade Variável
Laringe
ASSINATURA E CARIMBO 8
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ASSINATURA E CARIMBO 9
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B) Granuloma:
-- Exercícios de controle respiratório
-- Sons de apoio: vibração de língua, som basal e som nasal
-- Inspiração abdominal
-- Inspiração e expiração sonorizada
-- Sons posteriores emitidos repetidamente- sequência de arranchamento
C) Paralisia de pregas vocais:
-- Exercícios de controle respiratório
-- Técnica de empuxo
-- Ataques vocais bruscos
-- Técnica de deglutição incompleta sonorizada
-- Manipulação digital da laringe
-- Sons fricativos
-- Sons vibrantes
-- Técnica de fonação inspiratória
-- Emissão contínua com moderada intensidade
-- Técnica de mudança de posição de cabeça com sonorização
D) Edema e hematoma:
-- Relaxamento cervical
-- Exercícios de coordenação e controle respiratório
-- Exercícios de ressonância
-- Humming
-- Sons fricativos
-- Sons vibrantes
-- Técnica de sopro
-- Sons com cabeça e tronco para baixo
-- Som agudo
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-- Vibração de língua
E) Estenose laríngea/ disfagia associada
-- Maximizar a fase oral da deglutição (exercícios isotônicos de língua)
-- Exercícios de elevação laríngea
-- Extensão vocal
-- Modulação de frequência
-- Manobra de deglutições múltiplas
-- Limpeza com pigarro
ASSINATURA E CARIMBO 11