Resumo - A substituição de madeira natural por materiais compósitos a base de madeira como
fibra de média densidade (MDF) e pranchas de compensado tem se tornado cada vez mais
comum, este fator associado a alta produtividade, tem causado o aumento do desgaste das
ferramentas de corte visto que estas não foram projetadas para operar com estes novos
materiais, com isto, este trabalho tem como finalidade o estudo do comportamento da
ferramenta de corte no processo de usinagem de madeira, tendo em vista determinar a redução
do desgaste da ferramenta de corte utilizada no processo de aplainamento por meio da alteração
do ângulo de cunha e do ângulo de folga da ferramenta.
1. Introdução
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empregar uma melhor qualidade ao processo produtivo melhorando o desempenho e vida útil
das ferramentas de corte
A utilização de materiais compósitos baseados em madeira tem se tornado cada vez
mais popular na fabricação de móveis, uma ampla gama de materiais, como partícula de média
densidade (MDP), pranchas de compensado e fibra de media densidade (MDF). Em particular
vem sendo empregado em grande escala na confecção de móveis (CAMPOS, 2004).
As ferramentas de corte utilizadas na usinagem de madeira natural, tal como serras
brocas e lâminas de plaina estão sendo utilizadas para a usinagem desses materiais compósitos,
no qual essas ferramentas vem apresentando um desgaste excessivo. As ferramentas de corte
utilizadas atualmente são afetadas principalmente pelo alto desgaste de flanco, formação de
aresta postiça de corte e falha catastrófica das mesmas, o que diminui a vida útil da ferramenta
e prejudica o acabamento final da peça usinada (FERNANDES,2009).
Segundo Fernandes (2009) a madeira e um material que apresenta relativa facilidade em
ser usinada o que permite cortes em velocidades elevadas. No entanto ela contém certa
quantidade de água o que a torna bastante abrasiva, além dos defeitos de superfície que podem
causar danos as arestas de corte. E por esta razão a utilização de materiais frágeis não e indicada
no uso de fermentas de corte nessa área.
Assim o objetivo deste trabalho é estudar a influência da alteração dos ângulos de cunha
e de folga no processo de aplainamento, por meio de análise visual do acabamento da peça
usinada.
2. Referencial Teórico
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Segundo Stemmer (1995) o fresamento periférica e o processo onde a superfície usinada
da peça e gerada por dentes (gumes) localizados na periferia da ferramenta, situados em um
plano paralelo ao eixo da fresa
Souza Junior (2009) diz que a geometria da ferramenta possui grande influência sobre
a vida da ferramenta e sobre o acabamento da superfície da peça usinada ressalta também que
o conhecimento dos ângulos da ferramenta de corte fornece contribuições para antecipar
aspectos da qualidade da superfície usinada. Na Figura (1) a seguir encontram-se o desenho
respectivo dos principais ângulos de uma fresa. Onde respectivamente denominando-se ângulo
de folga (α), ângulo de cunha (β) e o ângulo de saída (ɣ).
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Figura 1- Principais ângulos de uma ferramenta
O ângulo de folga (α) e responsável por evitar o atrito entre peça e ferramenta. Onde
valores baixos do ângulo α geram dificuldade de penetração da cunha cortante, desgaste
acelerado, acabamento superficial ruim na peça usinada; valores elevados de ângulo de folga
levam a perda de resistência da cunha cortante o que a torna susceptível a lascamento ou quebra.
De modo geral os valores de α para usinagem de madeira variam entre 5 e 30 °. Já o ângulo de
cunha (β) e formado pela ponta do gume, determinando a sua resistência onde deve ser
suficientemente grade para garantir a rigidez necessária para a cunha cortante, com valores que
variam entre 35° para usinagem em madeiras com menor dureza “macias” e 65° em usinagem
de madeiras duras. (ROCHA,2002)
O ângulo de saída (ɣ) é onde escoa o material retirado da peça usinada “cavaco”,
possuindo uma influência direta na força e potência de usinagem, acabamento da peça e
quantidade de calor gerado no processo, a fixação de (ɣ) e feita mediante a resistência do
material da peça e da ferramenta (SANTOS; SALES, 2007).
Souza (2009) afirma que uma velocidade de corte ideal depende tanto dos materiais
constituintes da ferramenta quanto do tipo de material a ser usinado. No (ANEXO A)
encontram-se valores recomendados de Velocidade de corte (𝑉𝑐) para diferentes tipos de
materiais sendo calculada pela seguinte Equação (1):
𝜋×𝐷×𝑛
𝑉𝑐 = (1)
60000
Onde:
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𝑉𝑐 = velocidade de corte em (m/s);
D= diâmetro da ferramenta em (mm);
𝑛 = rotação do motor em (rpm).
𝐿
𝑉𝑓 = 𝑓. 𝑛 = (2)
𝑡
Onde:
𝑉𝑓 = velocidade de avanço em (mm/min);
𝐿 = comprimento da peça a ser usinado em (mm);
𝑡 = tempo necessário para usinagem da peça em (minutos);
𝑓 = avanço (mm/rev);
𝑛= = rotação do motor em (rpm).
Segundo Braga (2011) o avanço por dente (𝑓𝑧) é uma metodologia utilizada para
qualificar a superfície que foi usinada, ou seja o estado superficial definido pelo (𝑓𝑧 ) grandeza
normalizada. Medido na direção do avanço correspondente a geração de duas superfícies o
passo das marcas deixado na superfície usinada. Na maioria das vezes visível a olho nu. Este
então se torna um fator que irá determinar o estado da superfície. No (ANEXO B) encontram-
se a classificação da qualidade de acabamento para desempeno, fresamento e desengrosso em
função valores de avanço por dente. O avanço por dente pode ser calculado pela Equação (3) a
seguir:
𝑉𝑓
𝑓𝑧 = (3)
𝑛×𝑍
Onde:
𝑓𝑧 = Avanço por dente em (mm);
𝑉𝑓 = velocidade de avanço em (mm/min);
𝑛= rotação do motor (rpm);
Z= número de gumes da ferramenta (adimensional).
Andrade (2015) fala que o avanço por dente e caracterizado pela distância entre as
pequenas depressões produzidas durante a usinagem da peça decorrente do movimento circular
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da ferramenta juntamente com o movimento linear da peça de madeira. Camargo citado por
Souza Junior (2009) afirma que no processo de aplainamento e possível se obter a profundidade
da marca da ferramenta por meio da Equação (4):
𝑓𝑧 ²
𝑡= (4)
4×𝐷
Sendo:
𝑡 = profundidade da marca ferramenta em (mm);
𝑓𝑧= avanço por dente em (mm);
𝐷 = diâmetro da fresa em (mm).
O desgaste da ferramenta de corte pode ser definido como a mudança de sua forma
original durante o processo de usinagem, gerada pela perda gradual de matéria, ou seja,
alterações geométricas sofridas pela ferramenta de corte (MACHADO; SILVA,2004).
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Sá (2010) cita Machado (1999) ao dizer que o desgaste da ferramenta pode ser avaliado
por dois métodos: direto e indireto sendo direto através de inspeção visual utilizando lupas e
através de inspeção ótica utilizando microscópios onde nos métodos indiretos utilizasse a
aquisição de valores medidos como vibração, aumento de ruído, queda da qualidade superficial
da pesa usinada e aumento da força de usinagem.
Braga (2011) afirma que o a metodologia utilizada de avanço por dente equação (3)
indica que quanto menor o valor do avanço por dente (𝑓𝑧 ) melhor será a qualidade do
acabamento superficial onde a mesma pode ser alcançada aumentando-se a rotação do eixo da
máquina, número de dentes da ferramenta ou até mesmo diminuindo-se a velocidade de avanço
A norma ASTM D 1666-11 ASTM (2011) prevê um método de avaliação visual das
superfícies usinadas em madeira, no qual são considerados os defeitos existentes na superfície
de trabalho gerados pelo ataque da ferramenta de corte, onde para cada tipo de defeito existente
na superfície é atribuída uma nota no (ANEXO C) podem ser observados os parâmetros
utilizados.
3. Metodologia da Pesquisa
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superfícies totalizando 60 repetições no qual foram separadas em três grupos de 20 repetições
para cada jogo de ferramentas como pode ser visto na Figura (3).
Combinação Ângulo de saída (ɣ). Ângulo de cunha (β) Ângulo de folga (α)
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trabalho fixada em 1mm e velocidade de avanço fixada em 6600mm/min através do avanço
automático, cálculos realizados podem ser visualizados no Apêndice (A).
Já com os parâmetros registrados foram realizados os ensaios com três repetições para
cada geometria de ferramenta. Assim observando por meio do somatório do comprimento dos
corpos de prova a partir de qual comprimento longitudinal surgiram os defeitos superficiais nos
corpos de prova por meio de análise visual para cada geometria utilizada, com isso foi possível
determinar com qual geometria obteve-se a melhor produtividade visto que as ferramentas são
fabricadas com o mesmo material. E estão operando sobre os mesmos parâmetros de
funcionamento.
4. Resultados e discursões
Tabela 2 - Comprimento longitudinal no qual pode se identificar os primeiros defeitos visuais nos corpos de
prova.
(METROOS)
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10 1ª
2ª
5
3ª
0
1.° 2.° 3.° Média
ENSAIO
. Os resultados obtidos neste trabalho mostram que apesar das ferramentas serem
fabricadas com o mesmo material e estarem sob as mesmas condições de operação o resultado
final obtido é diferente. Com isso uma explicação coerente pode existir para tal ocorrência. Pois
tal fato pode ser relacionado com o crescimento do ângulo de folga que diminui o desgaste
frontal pois reduz a área de atrito entre peça e ferramenta, mas por outro seu crescimento
também enfraquece a cunha de corte o oque e possível de se observar com a 1ª (combinação)
de ângulo de cunha 38°e folga 27° apresentando uma menor vida útil se comparado a outras
combinações apresentadas.
Outro fato importante é que o aumento da cunha cortante nem sempre e vantajoso como
no caso da 3ªcombinação (25°,60°,05°) que também apresentou rendimento inferior em 36,6%
se comparado com a 2ªcombinação (25°,49°,16°). Uma vez que a área de atrito entre ferramenta
e peça se tornou maior aumentando seu desgaste
5. Conclusão
6. Referências Bibliográficas
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CELESTINO, Valter Roberto de Brito. Análise comparativa do uso de ferramentas de metal
duro sem revestimento e revestidas com diboreto de titânio na usinagem da madeira.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, Faculdade de
Engenharia. São Paulo, 2015.
Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/132488> Acesso em: 16 out. 2017.
MACHADO, Álisson Rocha; SILVA, Marcio Bacci da. Usinagem dos metais. Apostila,
Departamento de Engenharia Mecânica, 8ª Versão, Universidade Federal de Uberlândia.
Uberlândia, 2004.
SOUZA JUNIOR, Nelson Diogo de. Qualidade de superfície na produção de peças S2S no
setor de usinagem de uma indústria de molduras de pinus, Monografia (Graduação),
Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2009.
Disponível em: < http://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/45679> Acesso em: 14 nov. 2017.
SÁ, Vinícius Maia de. Avaliação do desgaste da ferramenta de metal duro revestida com
TiN no fresamento do aço ABNT 4140 temperado e revenido, utilizando duas fresas de
diâmetros diferentes. Dissertação (Mestrado), Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais. Belo Horizonte,2010. Disponível em:
< http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/EngMecanica_SaVM_1.pdf> Acesso em: 16 nov.
2017.
SANTOS, Sandro Cardoso; SALES, Wisley Falco. Aspectos tribológicos da usinagem dos
materiais. São Paulo: Editora Artliber Editora, 2007.
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APENDICE A - MEMÓRIA DE CÁLCULO
𝜋 × 75 × 5390
𝑉𝑐 = = 0,0212 𝑚/𝑠
60000
𝑚𝑚
𝑉𝑓 6600
𝑚𝑖𝑛
𝑉𝑓 = 𝑓. 𝑛 → 𝑓= = ≅ 1,224𝑚𝑚/𝑟𝑒𝑣
𝑛 5390 𝑟𝑝𝑚
𝑚𝑚
6600 𝑚𝑖𝑛
𝑓𝑧 = ≅ 0,408𝑚𝑚
5390𝑟𝑝𝑚 × 3
(0,41𝑚𝑚)²
𝑡= ≅ 0,55µ𝑚
4 × 75𝑚𝑚
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APÊNDICE B- CORPO DE PROVA NO PRIMEIRO PASE DA FERRAMENTA,
ACABAMENTO CONSIDERADO EXCELENTE PARA MÉRITO COMPARATIVO,
(INÍCIO DO PROCESSO DE APLAINAMENTO).
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APÊNDICE C- 1ª COMBINAÇÃO, DEFEITOS IDENTIFICADOS NOS CORPOS DE
PROVA ATRAVÉS DE ANÁLISE VISUAL NOS COMPRIMENTOS
LONGITUDINAIS CITADOS NA (TABELA 2) PARA: 1. °, 2. ° E 3. ° (ENSAIO).
Figura 5 -1. ° Ensaio
Figura 6 - 2. ° Ensaio
Figura 7 - 3. ° Ensaio
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APÊNDICE D- 2ª COMBINAÇÃO, DEFEITOS IDENTIFICADOS NOS CORPOS DE
PROVA ATRAVÉS DE ANÁLISE VISUAL NOS COMPRIMENTOS
LONGITUDINAIS CITADOS NA (TABELA 2) PARA: 1. ° , 2. ° E 3. ° (ENSAIO).
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APÊNDICE E- 3ª COMBINAÇÃO: DEFEITOS IDENTIFICADOS NOS CORPOS DE
PROVA ATRAVÉS DE ANÁLISE VISUAL NOS COMPRIMENTOS
LONGITUDINAIS CITADOS NA (TABELA 2) PARA: 1°, 2. ° E 3. ° (ENSAIO).
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ANEXOS
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ANEXOB- CLASSIFICAÇÃO DA QUALIDADE DO ACABAMENTO PARA
FRESAS, DESEMPENO E DESENGROSSO, EM FUNÇÃO DOS VALORES DO
AVANÇO POR DENTE(𝒇𝒛 ).
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ANEXO C- NOTAS ATRIBUÍDAS PARA QUALIDADE DA SUPERFÍCIE DE
MADEIRA USINADA.
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