Introdução
Ab ovo, explico-me ao leitor, que não era minha pretensão escrever um livro como este, e
que seu desenvolvimento se deu de maneira natural, por isto, previamente peço desculpas
a quem a leitura acarrete uma sensação de inacabado, ou incompleto, vez que é a sensação
que me abarca num momento.
Evidentemente, esta construção orgânica, como quase tudo o que acontece em nossa
sociedade, veio através da necessidade das pessoas.
Verifico diariamente, que vários aspectos da migração, neste caso, para Portugal causam
estranhezas e dúvidas entre aqueles que planejam esta jornada. E não somente isto, nos
últimos meses, foram centenas ou milhares de perguntas respondidas, sejam através de
grupos especializados no assunto, seja através do meu perfil privado no Facebook, ou do
site e telefone do meu escritório, que percebi uma grande necessidade das pessoas, em
obter uma fonte concentrada de informações, onde elas possam ao menos iniciar suas
pesquisas.
Desta forma, diante da necessidade das pessoas, e também de uma série de respostas que
gratuitamente fomos dando no intuito de ajuda-las, que chegamos a um esboço do
conhecimento que hoje se transcreve nestas páginas.
Como observo ao leitor, o intuito deste exemplar não é a venda, mas sim, a exposição
gratuita das condições, riscos, e fatores que se envolvem na atividade migratória.
Neste mesmo norte, parti de um agrupamento de anotações de 4 páginas, destinado a um
grupo de advogados que migraram, ou pensam e pretendem migrar Portugal. Aquele
pequeno agrupamento, virou um roteiro de 11 e posteriormente 17 páginas, o qual parei
de editar, parte por falta de tempo, vez que minha atenção é quase completamente tomada
pela advocacia, parte por perceber que não era este o único grupo interessado nestas
informações.
A partir daí, decidi transformar o roteiro em um esboço mais generalista, sem saber
exatamente a quantas páginas transformaram-se. E hoje, mesmo tendo abordado os
diversos temas constantes neste livro, ainda sinto de alguma forma que muito
conhecimento falta ser incluído aqui.
Não obstante isto, a primeira parte deste livro, tem foco a compreensão dos motivos que
nos fazem querer emigrar. E sobre isto, posso lhes assegurar que ouço diariamente,
profissionais das mais distintas áreas apontarem os mesmos fatores, os quais compartilho
abaixo:
• Mais segurança;
• Educação de qualidade para os filhos;
• Um melhor sistema de saúde;
• Valores imateriais e culturais acessíveis unicamente ao residir em um país
europeu.
E considerando os apontes feitos pelos inúmeros contribuintes anônimos deste livro, não
posso deixar de dar razão a estes 4 fatores, os quais pessoalmente considerei primordiais
ao tomar a decisão de abdicar dos confortos que tinha estabelecidos no Brasil, para tentar
um espaço cá em Portugal.
Ademais, sobre isto, é prudente informar que andar a qualquer hora na rua, sem ser
importunado, bem como ligar o aparelho de televisão e não ver um banho de sangue, é
bem mais recompensador que minhas simples palavras possam descrever.
Não que á não exista criminalidade; e informo isto para o descontentamento de muitos
que possam ler incrédulos, tenho alguns colegas que foram furtados aqui.
Já ouvi falar de tiros a porta de boates, bem como verifiquei que se vende e se oferecem
drogas a luz do dia, mas nada disto está comparado a naturalidade com que estes fatos se
perpetuam no Brasil.
Primeiramente, por que os crimes não são tão violentos quanto lá, e posteriormente por
que a referida droga (na maioria das vezes) não passa de folha de louro seca e açúcar de
confeiteiro.
Observados estes pontos (até irônicos), é correto satisfazer o ponto final de minha
narrativa, a qual sana a dúvida de muitos sobre “a melhor forma de vir morar e trabalhar
em Portugal”. Sobre isto, posso acrescentar dois pontos inexoráveis, quais sejam:
planejamento e legalidade
Antes de largar tudo no Brasil, vender carro e casa, continue em seu trabalho, leia este
livro, faça contato com alguém que já viva no país para onde pretende migrar; converse
com seu cônjuge (se tiver), e estipulem uma meta (exemplo: para daqui um ano), iniciem
um processo de poupar dinheiro e recolher informações de forma crítica sobre a nova vida
que estão dispostos a ter.
Desta forma, segue este livro, que se desenvolveu com as minhas experiências pessoais, e
outras de tantos outros colegas que se colocaram à disposição para compartilhar seu
pedacinho de realidade sobre a migração para Portugal.
Espero que seja útil a todos, sei que não é a opinião unanime dos colegas que cá estão, mas
é uma percepção que muitos têm, desta forma me ponho a disposição para maiores
esclarecimentos e contribuições.
Força! E sorte a todos!
Célio Sauer, o Autor.
Sumário
Introdução ...................................................................................................................................... 2
A minha história............................................................................................................................ 5
Planejamento inicial ...................................................................................................................... 9
Custo de vida ............................................................................................................................. 9
Como viver legalmente m Portugal ......................................................................................... 19
1. Através de nacionalidade portuguesa ............................................................................. 19
2. Através de outra nacionalidade europeia........................................................................ 25
3. Através de algum tipo de visto ......................................................................................... 26
Observações individuais aplicáveis.................................................................................. 31
A Autorização de Residência .................................................................................................... 34
Documentos comuns e necessários em Portugal .................................................................... 39
1. Atestado de Morada ....................................................................................................... 39
2. Número de Identificação Fiscal (NIF) .......................................................................... 40
3. Certificado de PB-4 ......................................................................................................... 40
4. Inscrição de utente .......................................................................................................... 41
5. Segurança Social .............................................................................................................. 42
6. Certidão Negativa de Antecedentes Criminais Portuguesa ..................................... 42
7. Declaração de Presença .................................................................................................. 43
8. Cartão de Residência para cidadão de Estado Terceiro familiar de Nacional da
UE/EEE/Suíça........................................................................................................................... 43
Mercado de trabalho ................................................................................................................... 45
Onde encontrar emprego? ..................................................................................................... 49
Curriculum............................................................................................................................... 52
Aluguel e moradia ...................................................................................................................... 54
Preços de mobília em Portugal.............................................................................................. 57
Equivalência de Diplomas e Continuidade de Estudos ........................................................ 61
Sobre o Autor ............................................................................................................................... 62
A minha história
Você que neste momento de instabilidade nacional tem considerado a possibilidade
emigrar para Portugal; ou talvez, você que já vinha nutrindo este sonho há anos, e quem
sabe por um tempo adormecido agora despertou dentro de si como uma inquietante
necessidade de mudança.
Que tem medo e não certezas; sejam sobre permanecer e deixar de lado estes pensamentos,
ou abraça-los e desprender-se de tudo o que hoje conhece, e que talvez lhe cause uma certa
insatisfação. Este ensaio é para si.
Confesso que também me vi uma vez neste dilema: “entre abrir mão de tudo, cortar os
laços e tentar uma vida nova e melhor, seja em termos financeiros, ou àqueles correlatos
a qualidades imateriais que desejamos ter em vida”.
E por isto hoje escrevo os detalhes e pontos principais a se conhecer antes da jornada
iniciar. Considerando a priori que o leitor seja razoável e tenha em mente que nem tudo
são flores, como nem tudo são espinhos. A realidade é bem maior que meros boatos de
internet, e a experiência pode ser boa, como também pode ser ruim, tudo vai depender
unicamente de você!
No meu caso pessoal, havia já uma inquietante voz dentro, que fazia-me querer deixar
tudo antes mesmo de tudo haver começado. Na época, cursava o primeiro ano do curso
de Direito em uma das maiores Instituições de Ensino Superior do Brasil, mas via-me
insatisfeito em relação a minha posição geográfica. Era curioso como sentia-me distante
de tudo o que julgava importante, de tudo o que julgava grandioso. Os acontecimentos
não passavam de meros fatos narrados à televisão, e isto me insatisfazia.
Mas era mais do que isto. Sempre julguei o mundo de certa forma eurocêntrico, e a
televisão era apenas uma manifestação juvenil da realidade que se encontrava oculta, eu
vivia no interior; se é que o mundo tenha este tipo de organização, sentia-me o garoto do
campo, longe do grande centro de tudo e do mundo. E este tipo de pensamento rendeu-
me uma “dura” de minha mãe, a qual fez de tudo para que continuasse os estudos.
Particularmente, após isto, aquela vontade foi-se a adormecer longe da superfície, a cada
dia envolva-me mais com o curso, e minhas expectativas direcionavam-se cada vez mais
para o Direito e a advocacia privada; com exceção há uma, duas ou quatro situações, onde
emergia um pensamento migratório, como talvez ocorram às aves nos invernos (mas isto
abordarei mais adiante).
Anos adiante, e aproximadamente 2 anos antes de pôr-me a escrever esta história,
encontrava-me em meu próprio escritório, com outros advogados e colaboradores a tomar
partido de minha causa e meus planos de expansão, este sentimento migratório era
completamente esquecido, com exceção de três situações que tenho claras em minha
mente:
A primeira, de um cliente meu que viveu em Boston por 8 anos. Contava-me que lá era
caminhoneiro. A esposa e os filhos tinham acesso à saúde e educação. Trabalhava-se
muito, mas ao mesmo tempo vivia-se bem e via-se o dinheiro ter valor. – Após estes 8 anos
havia retornado ao Brasil com o dinheiro que lá ganhou, abriu uma empresa, perdeu tudo
o que tinha e estava me anunciando que retornaria aos Estados Unidos assim que fosse
possível.
A segunda história, foi de um advogado que trabalhou para mim por apenas 1 mês. Viveu
anos na Europa, a maior parte deles na Irlanda; havia retornado ao Brasil, e talvez passou
em minha vida apenas para atiçar a minha mente sobre os locais que tenha conhecido
quando esteve aqui.
A terceira e talvez mais determinante delas. A história de uma mulher que na época me
relacionava, e que mais tarde veio a ser minha esposa, e por isto é a que me influenciou
majoritariamente nas decisões que se seguiram nos próximos dois anos. – Havia vivido
quase dois anos em Lisboa, e dizia, que foram os melhores anos de sua vida. Trabalhava
muito, ganhava pouco, mas o pouco que ganhava via o dinheiro render.
Agora olhando para trás, na época em que estive na faculdade de Direto, entendo toda a
carga teórica e literária que me foi apresentada sobre a União Europeia, relações
internacionais, e Direito Internacional; a época aparentavam-me apenas o que referi:
“situações, onde emergia um pensamento migratório”.
Lembro-me que me apliquei aos créditos de diversas matérias da faculdade de Comércio
Exterior, e por uns anos fui discente do curso. Mas era apenas curiosidade, vontade de
perceber aquilo tudo, mas sem ver-me como um futuro profissional da área, estava de fato
apaixonado pelas leis, e à época não iria mudar.
Mas nestas reviravoltas fui discente da Cátedra Jean Monnet no Brasil, aluno especial de
mestrados nas áreas de direito e relações internacionais, e percebia muito que me
agradavam as teorias de Kelsen e Samuel P. Huntington.
Hoje, olhando para trás, percebo que minha afinidade pelas cadeiras menos tradicionais
do Direito, deram-me a bagagem teórica e cultural necessária para desbravar os conceitos
e teorias das legislações de uma sociedade estrangeira, sem dogmas ou paradigmas que
possam travar a compreensão da lógica e do espírito da lei.
Se eu não tivesse tomado aquela “dura” de minha mãe. A qual em seu pensamento deu-
me na tentativa de preservar alguma possibilidade de emprego estável junto à
magistratura, e evitar esse sentimento migratório que me punha à mente em ebulição.
Hoje não estaria aqui, advogando para estrangeiros, empresas e migrantes na Europa.
Nas palavras de Steve Jobs: “era impossível conectar esses fatos olhando para frente quando eu
estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois”. Como
hoje fica claro a mim, que 1/3 deste caminho foi traçado naquele momento, e os outros 2/3
nos momentos que vou contar-lhe a seguir.
A segunda parte que influenciou a minha migração, foi a própria atividade da advocacia.
Haviam passados alguns meses após sair da faculdade de direito. Havia procurado
emprego em alguns escritórios, mas advertidamente desisti de continuar a procurar.
Agradeço por isto, a um advogado que atua na comarca de Balneário Camboriú (SC), onde
atuei por anos, e o qual, durante uma entrevista para emprego, explicou-me que se
quisesse me sujeitar a ter horas a cumprir e um baixo salário, haveria uma vaga em muitos
escritórios; mas se quisesse ganhar dinheiro de verdade, deveria ser seu sócio, ou advogar
sozinho, mas nunca trabalhar para outro advogado.
Este foi o dia em que mudou minha percepção profissional. Declinei o convite, mas ao
mesmo tempo desisti de entregar outros currículos, estava a partir daquele momento
decidido a ter meu próprio escritório, mesmo sem ter os meios financeiros para fazê-lo.
À época também, inscrevi-me a uma posição de Orientador de Curso junto ao Sistema
Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), o qual após as etapas do processo
seletivo, contratou-me.
O salário era bom, e a atuação junto a Instituição de Ensino me permitiu experimentar a
prática da docência, além de pagar os custos iniciais de meu escritório. Foram tempos
bons, que me auxiliaram a estabelecer relações e a conhecer pessoas que futuramente
viriam a ser os casos de meu escritório.
Anos passaram, evidentemente as exigências aumentaram, e neste imbróglio tive que
fazer uma grande escolha, manter-me junto ao SENAC, ou, como optei por, deixar de
lecionar para estabelecer-me unicamente com o escritório.
Percebo que esta foi uma decisão que me trouxe até o presente momento, vez que outros
contemporâneos de minha época optaram pela carreira docente, e se eu o tivesse feito,
certamente não estaria aqui.
Ab ovo, por que a Ordem dos Advogados do Brasil mantém acordos bilaterais com a
Ordem dos Advogados (portuguesa); e através deste acordo, os advogados nacionais de
um dos países signatários, regularmente inscritos na sua respectiva ordem profissional,
podem atuar no outro país, devendo previamente realizar a devida inscrição.
Logo, existe o reconhecimento profissional entre as Ordens dos Advogados portuguesa
e brasileira, fato de debato mais adiante neste livro, mas que à época não tinha
conhecimento de existir.
Neste sentido, posso dizer que se nunca tivesse me dedicado a atividade da Advocacia
(atividade que posso dizer, foi a melhor coisa que me ocorreu na vida), jamais teria
congruído à Europa.
E a terça parte de três, que me influiu diretamente em minha decisão, resumiu-se a uma
tarde, onde minha mãe, durante o aniversário de uma afilhada, em brincadeira (ou falando
muito sério) om minha esposa, advertiu-a de que eu gostaria de ter uma “penca” de filhos.
Todos rimos da brincadeira. Ainda mais minha esposa, em que na época não éramos
casados, e surpreendeu-se de incredibilidade com a declaração, vez que sempre deixei
claro que não teríamos filhos, muito menos iriamos casar.
Nesta mesma tarde, ao chegar em casa, comecei a questionar minha esposa sobre como
era Lisboa, como era sua vida aqui (coisas que ela naturalmente já me relatara outras
vezes). Perguntei sobre saúde e educação, e admiti que minha mãe falara a verdade, que
queria ter filhos com ela, mas que certamente no Brasil não via a possiblidade de ter e criar
meus filhos.
A partir deste dia minha mente estava clara e decidida a vir. Não havia mais volta. Eu era
um homem com um plano e coloquei ele a rodar. Eu tinha objetivos, prazos, metas!
Reestruturei meu escritório, e minha vida para o que estava por vir, vendi alguns bens que
possuía, guardei um dinheiro, e outro tanto converti em euros e dólares.
Não havia mais hipótese de ficar; afinal, tudo aquilo que adormecera por anos tinha
retornado à tona, mas agora, sabia exatamente o que deveria de fazer, por mais duro e
difícil que o fosse. Sabia que abriria mão de família, parentes, empregos, amigos e talvez
a cabeça. Mas se fosse tentar, iria com tudo; ou nem começaria.
Recorro de novo ao discurso de Steve Jobs em Stanford, você não consegue conectar os
pontos olhando para frente; você só os conecta quando olha para trás! Tudo o que aqui
hoje descrevo, só tornou-se claro a partir do momento em que aqui estive. E talvez tenha
muito a tornar-se mais claro a partir de agora, então, é correto que minha primeira
orientação para si seja: “Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino,
vida, karma ou o que quer que seja”.
Planejamento inicial
Inicialmente é importante ter em mente que a sua saga se iniciará muita antes de sair do
Brasil. Haverá dificuldades em todo o caminho, sejam financeiras, sejam documentais, seja
na falta de suporte e apoio por parte dos amigos e familiares.
Emigrar depreende muita energia e otimismo, além de garra e vontade de fazer as coisas
acontecerem. Existe também o planejamento, e é onde este livro vem para lhe ajudar, pois
não bastam apenas relatos individuais, mas também o empirismo e a organização para
fazer com que as ocasiões se convertam ao seu favor.
Nos anos em que faço parte de grupos de discussão sobre emigração (seja destinada a
Itália, Portugal ou Austrália), indiscutivelmente 3 temas são os recorrentes em todos os
grupos, e causalmente os mais abordados pelas pessoas que anseiam imigrar de seu pais
de origem, quais sejam:
1. Custo de vida e mercado de trabalho;
2. Documentos e legalização; e
3. Nacionalização.
Não obstante isto, divido os capítulos que se seguem nesta mesma lógica, vez que a
orientação cronológica dos acontecimentos (desde o planejamento eficaz) se assemelha em
muito ao manifesto acima, e por isto opto por orientar este ensaio da mesma forma.
Custo de vida
Portugal é conhecido por ter um custo de vida não muito elevado. Na verdade, é um dos
custos de vida mais baixos da zona do euro, e é o mais baixo dentre os países do oeste
europeu.
Por isto, é um destino muito comum de férias, e visivelmente adorado pelos jovens
universitários e intercambistas de ERASMUS.
O programa ERASMUS, é um protocolo de apoio interuniversitário de mobilidade de
estudantes e docentes do Ensino Superior, que existe entre os estados membros e
associados da União Europeia, e consiste na permissão para que alunos estudem noutro
país por um período de 3 a 12 meses. O nome advém do nome do filósofo holandês
Erasmus de Roterdã, embora sua sigla refira-se a expressão “Esquema de Ação Regional
Europeia para a Mobilidade de Estudantes Universitários” (em inglês).
Por causa disto, não é incomum ver os diversos bares do Bairro Alto em Lisboa, à noite,
pipocando de jovens bebericando e papeando de um lado a outro.
Objetivamente, é positivo conhecer este fato, vez que, qualquer lugar barato o suficiente
para estudantes universitários frequentarem, é visivelmente barato para que sejam
reduzidas as dificuldades do emigrante lá se estabelecer.
Não obstante isto, a cultura pluralmente fervilhante, faz com que exista muitas casas de
samba e música brasileira, além de um aconchego natural de quem tem laços coloniais
com metade do mundo. Neste sentido, o Bairro Alto pode oferecer um pouco da mistura
da cultura luso com a brasileira, cabo-verdiana, angolana e indiana. Algo que certamente
o fará crescer culturalmente de uma forma nunca antes vivida.
Iniciar sua pesquisa de custos e padrões de vida vai depender da quebra de muitos
paradigmas, principalmente aqueles de quem tenha uma grande dependência de
automóvel.
Oriento a partir de agora, ao leitor a pausar sua leitura e acessar o site a seguir:
https://www.numbeo.com/cost-of-living/comparison.jsp
Este link o encaminhará ao site referido na imagem abaixo, onde é possível fazer uma
comparação dos custos de vida na cidade onde atualmente resides e onde planejas residir
(caso não tenha algum destino definido, ponha Lisboa, ou Porto).
Através deste portal, será possível obter uma comparação acurada, fundamentada em
dados atuais obtidos com outros usuários do site. Ou seja, assim como a Wikipédia, este
site aumenta sua base de dados através das informações prestadas por usuários do mundo
todo, seu uso é gratuito e de grande valia para quem planeja imigrar, ou simplesmente
mudar de cidade dentro do país.
Ainda neste sentido, há dados informações acuradas sobre: sistema de saúde, poluição,
trânsito, qualidade de vida, crimes e preço para compra de móveis e arrendamentos. Logo,
o leitor pode perceber o porquê de colocar esta ferramenta entre as primeiras de meu livro,
uma vez que tem utilidade imprescindível, pode lhe auxiliar com dados sólidos a decidir
para onde planeja imigrar.
Não obstante isto, informando os parâmetros certos em “1. Where do you live now?” (1.
Aonde você vive agora?) e “2. Where are you comparing?” (2. Aonde você quer
comparar?), caixas apontadas pelas flechas vermelhas na imagem acima; o site completará
automaticamente as informações de Estado e País.
Após isto, basta clicar no botão cinza escrito “Compare”, que ascenderá a tela a seguir,
descrita pela imagem da próxima página.
Na próxima tela, já surgirão algumas informações importantes. Quais sejam:
Observe que ainda é possível alterar a quantidade de valor utilizada como parâmetro de
padrão de vida. Devendo para isto clicar em “change de amount in this calculation”, no
quadro verde.
Considerando isto, é correto que eu informe que atualmente Lisboa é uma das cidades
mais cara de Portugal, e vem experimentando uma explosão imobiliária atribuída
principalmente ao turismo local.
Os dados do Gabinete de Estudos e Estatística do Turismo de Lisboa e do Instituto
Nacional de Estatística, mostram que o turismo vem tendo um enorme aumento nos
últimos anos em Portugal, e principalmente em Lisboa.
Milhões de pessoas visitam a cidade todos os anos, fator que se reflete em diversos setores,
principalmente o imobiliário, vez que muitas pessoas e/ou empresas locam imóveis por
períodos longos (4 ou 5 anos), no intuito de sublocar a outras pessoas por curtos períodos
de tempo, via Uniplaces, ou Airbnb.
A busca de imóveis para sublocação, fez com o valor do aluguel médio em Lisboa
disparasse para 700 euros nas mesmas regiões em que antigamente se pagava 400 euros.
Neste sentido, cumpre-nos observar que até a presente data, no site da Numbeo, os valores
gastos com locação e aquisição de imóveis são superiores aos praticados em Blumenau
(exemplo abaixo), ou até São Paulo, equivalendo-se praticamente aos praticados na cidade
do Rio de Janeiro.
Por este e outros fatores, é comum encontrar muitos lisboetas a reclamar dos custos de se
viver aqui, sendo que os mais jovens (estudantes universitários e profissionais recém-
formados) tem realizado um êxodo de Portugal, no intuito de obter melhores condições
nos demais países da União Europeia.
Condições principalmente financeiras, vez que não apenas o custo de vida em Portugal
está entre os menores da Europa, mas também os salários (fato que abordarei em outra
oportunidade logo adiante).
E se fossemos traduzir em um ranking considerando as 4 cidades mais influentes de
Portugal, em relação a custo de vida nestas, teríamos a seguinte designação, numerando
daquela em que o custo de vida é maior, para aquela onde o custo de vida é menor, Lisboa
estaria em primeiro lugar, conforme dados extraídos da Numbeo:
Logo, considerando todos os fatos apresentados até o momento, o leitor deve estar me
considerando o louco, quando informei a princípio que o custo de vida de Portugal não é
muito elevado.
E se considerarmos única e exclusivamente as informações de suas maiores cidades,
realmente chegaremos a esta equivocada constatação. Mas a verdade é muito maior do
que apenas a superfície aqui refletida, vez que iniciamos nossa comparação entre uma das
cidades mais caras de Portugal os dados vão refletir unicamente esta realidade.
Mas se compararmos Lisboa com outras capitais mundiais veremos que seus custos são
muito reduzidos em relação a Nova Iorque (E.U.A.), Londres (Inglaterra), Sidney
(Austrália) e até Berlim (Alemanha); por isto, devemos considerar que o correto é
comparar Portugal com outros países, no intuito de compreender o custo de vida aqui e
lá, para entender que de fato os salários nos Estados Unidos, ou na Inglaterra possam ser
mais altos para as mesmas funções, mas os custos dos bens e serviços (além do preço para
compra e arrendamento dos imóveis), são diretamente relacionados, e por consequência
maiores também.
Ademais, deve-se considerar que apesar de Portugal ser pequeno, e que isoladamente não
seja uma potência econômica como os Estados Unidos, ou o Reino Unido; enquanto
Portugal fizer parte da União Europeia, deve-se considerar o bloco como um todo. Em
outras palavras, apesar de pequeno, Portugal encontra-se incluído entre os países mais
ricos do mundo, e por isto é abençoado por esta riqueza econômica que advém do Euro.
Abaixo segue uma comparação entre Lisboa e 3 cidades, quais sejam respectivamente
Nova Iorque (E.U.A.), Londres (Inglaterra) e São Paulo (Brasil).
1.
2.
3.
Desta forma, é correto asseverar a conclusão de que o custo de vida em Lisboa (que é uma
das idades mais caras de Portugal), é menor que em São Paulo, logo, depreende-se a
conclusão de que o custo de vida em Portugal pode ser inferior que o custo de vida no
Brasil inclusive, não somente inferior a países desenvolvidos como Estados Unidos e
Inglaterra, mas também a países que ainda se encontram em desenvolvimento.
Países desenvolvidos, de acordo com estudos realizados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Assumindo esta perspectiva, percebe-se que ganho real em termo de qualidade de vida,
por estar em um país desenvolvido, anula qualquer semelhança ou desvantagem que
tenha por haver em nossa comparação hipotética (entre Lisboa e São Paulo) em relação ao
custo de vida.
Ou seja, mesmo que fosse menor o custo de vida em uma cidade como São Paulo, outros
fatores como criminalidade, saneamento básico, acesso a saúde e educação devem ser
levados em consideração em nossa equação, conforme a tabela abaixo:
Surpreendentemente, apesar de Londres ter um custo de vida mais alto que Lisboa, isto
não se reflete diretamente em termos de qualidade de vida; desta forma, concluímos que
nem sempre os locais onde se tenha um custo de vida mais elevado, haverá diretamente
uma melhor qualidade de vida, não obstante isto, considerando a presente data Nova
Iorque também apresenta o resultado do cálculo dos valores de qualidade de vida inferior
a Lisboa, porém superiores aos da cidade de Londres.
Não é incoerente afirmar, que na relação custo benefício, é compreensível por que tantos
brasileiros tem optado por Portugal. Vez que existem diversos destinos onde possa se
fazer mais dinheiro, e se o intuito do migrante for justamente ganhar dinheiro para
mandar ao Brasil, para futuramente estabelecer seu negócio lá; é possível que Londres,
Boston ou Nova Iorque sejam o destino para si.
Neste sentido, cumpre-me observar que a distância entre a pontuação obtida por Lisboa e
Berlim, não difere de maneira gritante, como nas comparações anteriores. Fato que mais
uma vez comprova os apontamentos que realizei acima, que Portugal é duplamente
abençoado; tendo os benefícios de um país pequeno, e ao mesmo tempo desenvolvido.
Também, poderia trazer inúmeras outras comparações, mas credito ao leitor a
possibilidade de obter as suas próprias formulações e opiniões através do link de
comparação de qualidade de vida do site da Numbeo: https://www.numbeo.com/quality-
of-life/comparison.jsp
Por fim, mas não menos importante, é necessário entender que Portugal além de tudo o
que já foi narrado, é de fato um país muito seguro, e por isso, não vou cansar o leitor com
muitas tabelas, deixando as únicas que fiz questão de incluir na próxima página, as quais
comparam Lisboa com São Paulo (1) e Londres (2) respectivamente.
Em ambas é visível a diferença entre as cidades comparadas, uma vez que Lisboa
apresenta os melhores índices da análise, contando com taxas de segurança mais elevadas
ao se caminhar sozinho durante a noite, do que São Paulo ao se caminhar durante o dia.
Oportunamente, informo que os dados apresentados também foram retirados do site da
Numbeo (qual o link segue abaixo), e faço uma observação especial de que a tabela aponta
uma realidade de fatos, onde a criminalidade em Lisboa esteve a crescer nos últimos anos.
Link da Numbeo para comparação entre a criminalidade nas cidades:
https://www.numbeo.com/crime/comparison.jsp
1.
2.
já estejam com idade maior que 18 anos, a data em que a nacionalidade for atribuída ao
seu progenitor (mãe ou pai).
Opostamente a o que ocorre em caso de nacionalidade adquirida, que só pode passar ao
filho menor de 18 anos a data da aquisição da nacionalidade.
Sobre ambos os casos, é correto esclarecer que independente de que se trate de
nacionalidade por atribuição ou aquisição, a nacionalidade portuguesa só se transfere aos
filhos que foram reconhecidos por seus progenitores antes de completarem 18 anos3.
O Artigo 1º da Lei da Nacionalidade (Lei n.º 37/81, de 03 de Outubro), explica que se
atribui a nacionalidade aos seguintes casos:
Faço observação a alínea “d” do n.º “1”, qual versa já com a alteração legal proposta pela
Lei Orgânica n.º 9/2015, a qual permite aos netos de portugueses de origem a requerer que
lhes seja atribuída a nacionalidade portuguesa.
Neste interim, é acautelador informar que tal alteração já foi promulgada pela Sua
Excelência o Presidente da República Portuguesa, o Sr. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, fato
que impõe uma consequente publicação no Diário da República de Portugal, e por isto,
embora no momento em que escrevo este livro, ainda não esteja em vigor; sendo que o
texto que ainda vigora, vem sem todo o teor exposto na alínea “d” do n.º “1” e no n.º “3”;
cumpre-nos conhecer a referida alteração na norma.
Outrossim, é correto observar a orientação dada pelo Conselho de Ministros, sobre a
alteração, no que concerne à comprovação dos laços de efetiva ligação à comunidade
nacional, qual transcrevo a seguir, fazendo os devidos grifos e destaques:
Ou seja, neste caso em específico alínea “d” do n.º “1”, é visível que o requerente não tendo
residido legalmente no território português nos 3 ou 5 anos imediatamente anteriores ao
pedido, terá o processo encaminhado ao Ministério Público para este decidir se se opõe a
atribuição da nacionalidade, fato que deverá ocorrer através de um processo apresentado
no Tribunal Administrativo de Lisboa.
Depreende-se destes apontamentos, que o procedimento torna-se previsível, vez que
diante da ausência da residência, a única forma de comprovação de efetiva ligação a
comunidade nacional, será através da análise individual promovida em juízo.
Não obstante, cumpre-me esclarecer tal fato, vez que o conhecimento destas informações
previamente ao requerimento da nacionalidade, permite ao requerente, condições de
avaliar, o prazo, bem como o investimento que demandará tal pretensão, além das suas
próprias condições de êxito.
Observado este ponto, é correto verificar também que ao contrário do que popularmente
se acredita, não é toda pessoa que nasce em Portugal que tornar-se-á português, vez que
se verifica que os requisitos para tal encontram-se restritos pelo teor do texto prescrito na
alínea “f” do n.º “1”, qual versa que unicamente os filhos de estrangeiros que residam
legalmente há pelo menos 5 anos4.
Isto ocorre, por que Portugal, assim como a maioria das nações europeias, adota
prioritariamente o conceito do “juris sanguinis”, ou seja, direito de sangue, reduzindo o
direito a nacionalidade a quem seja descendente de nacional português.
Neste sentido, a alínea “f” do n.º “1” faz uma aplicação muito restrita do “iuris soli”, o qual
confirma a nacionalidade ao filho do estrangeiro nascido em território português, desde
que o estrangeiro resida legalmente no país há pelo menos 5 anos.
Em outras palavras, não adianta vir a Portugal para que seu filho nasça aqui, no intuito de
obter a Autorização de Residência, vez que se não tiver ela por pelo menos 5 anos antes
de que seu filho venha a nascer, certamente ele será considerado um estrangeiro pelas leis
portuguesas.
Faço estas duas observações acauteladoras, vez que já ajudei muitas pessoas que estavam
erroneamente induzidas a crer que poderiam se nacionalizar, ou de que estariam
Autorizados a Residir em Portugal através destes pontos controversos.
É correto informar que são muitos os casos de má informação, e que isto pode custar caro
na qualidade de vida almejada pelo migrante; logo, depreende-se de que, se o indivíduo
deseja estabelecer-se em outra nação, é correto proceder com cautela, e informar-se da lei
local antes de investir suas economias.
Noutro norte, a Lei da Nacionalidade, ainda trata de outras hipóteses, onde a
nacionalidade não é atribuída, mas sim adquirida, conforme:
Desta forma, é curial observar que, mesmo que um indivíduo tenha preenchido os
requisitos anteriormente informados para naturalizar-se português, caso tenha também
incorrido na pratica de um crime, cuja condenação tenha pena máxima igual ou superior
a 3 anos, certamente não terá reconhecida sua pretensão à aquisição da nacionalidade
portuguesa.
Observados estes apontes, e as principais distinções, indica-se ao migrante ler a referida
Lei n.º 37/81, de 03 de Outubro, vez que curta, e dotada de apenas 40 artigos, poderá dar
um norte e responder outras questões que permaneçam ainda obscuras.
Ademais, conhecer esta Lei é fundamental para o emigrante comum, que sem direito de
nacionalidade portuguesa por descendência, poderá requerer por tempo de residência
legal no país.
Em outro norte, é correto informar que aquele que for cônjuge de nacional português,
poderá ingressar no país legalmente, mesmo antes de ter 3 anos de casamento com o
indivíduo nacional; fato que passo a narrar na quarta hipótese deste capítulo.
Neste sentido é importante observar que deve ser requerido até 30 dias após o ingresso no
país9, nas lojas da Câmara Municipal10 do conselho onde for residir, e sempre que o motivo
da permanência for superior a 3 meses.
No ato será cobrada uma custa de 15 euros para emissão, além de requeridos os seguintes
documentos11:
Após ter emitido este documento você se encontra autorizado a residir em Portugal, bem
como a trabalhar (ou aplicar-se a processos de seleção para trabalhos).
Logo, depreende-se que, se um migrante, que tenha a nacionalidade alemã, ou italiana, ou
então seja nacional da Noruega, queira se estabelecer em Portugal, o documento que
autorizará esta permanência será emitido pela Câmara Municipal, com validade inicial de
5 anos, não sendo necessário a este migrante deslocar-se aos órgãos do Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
II. O segundo visto de que tratamos, é o visto de “curta duração”, também requerido
aos nacionais de países cujos cidadãos estão sujeitos a visto para entrar em Portugal; é
comumente concedido para fins de trânsito, turismo e visita ou acompanhamento de
familiares que sejam titulares de visto de estada temporária.
Neste sentido, é curial esclarecer que o nacional brasileiro é dispensado de visto nos
termos da legislação em vigor, se a estada em Portugal não for superior a 90 dias, desta
forma isento desta necessidade quando o ingresso e a permanência no país estiver
relacionada a um dos seguintes motivos: turismo; negócios; cobertura jornalística; missão
cultural.
Este prazo poderá ser prorrogado em Portugal mediante autorização do Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras, não podendo a prorrogação ultrapassar 90 dias.
Ainda neste sentido, é correto informar que a isenção de visto não exime os seus
beneficiários do cumprimento de algumas formalidades de entrada no país previstas na
legislação em vigor18.
17 Vide: lista dos países cujos cidadãos estão sujeitos a visto para ingressar em Portugal:
http://consuladoportugalsp.org.br/lista-dos-paises-cujos-cidadaos-estao-sujeitos-a-visto-em-
portugal/
18 Decreto-Lei n° 34/2003, de 25 de Fevereiro, e Documento do Conselho da União Europeia n°
10479/02, de 17 de Julho, que aprova a Instrução Consular Comum no âmbito do Acordo Schengen.
• passaporte com validade mínima superior em, pelo menos, 3 meses à duração da
estada prevista (preferencialmente, com validade superior a 6 meses);
• bilhetes de viagem de ida e volta;
• comprovativo de alojamento (reserva de hotel, contrato de aluguel, etc);
• de documento comprovativo de vínculo laboral ou atividade profissional no Brasil;
• de comprovativos dos meios financeiros para suportar a estada19.
Neste sentido, importa observar que poderá ser recusada a entrada em Portugal, pelas
autoridades fronteiriças portuguesas, aos estrangeiros que não cumpram os requisitos
acima referidos.
O cálculo dos comprovativos dos meios financeiros para suportar a estada determina que
o solicitante da entrada tenha meios de comprovar a disponibilidade de 70 euros por
entrada, acrescido de 40 euros por dia de estada em território português. Estas
informações devem ser consideradas por pessoa.
Atenção: A comprovação do valor diário poderá ser dispensada, caso seja apresentada
uma carta convite ou termo de responsabilidade emitido por cidadão português ou por
estrangeiro habilitado com título de residência, que garanta sob sua responsabilidade a
alimentação e o alojamento do interessado durante a sua estada.
De qualquer forma, este não é o nosso caso, vez que o interesse do leitor é referente ao
ingresso regular e legal para permanência, residência e trabalho em Portugal, e vir na
condição acima descrita, como turista ou outro dos motivos que lhe isentam o visto,
apenas lhe causará problemas e dores de cabeça para obter a sua residência no país.
Importa perceber isto durante o transcorrer deste livro, no qual observará que em muitos
casos, para obter-se um simples registro ou documento, lhe será solicitada a autorização
de residência ou o visto de ingresso no país.
Antes de prosseguir aos dois tipos de visto que nos importam, informo que compete
privativamente as embaixadas e consulados à concessão de vistos, logo, não há
possibilidade de o indivíduo ingressar no país sem um visto, e requerer depois aqui o visto
que julgar competente para a sua situação fática, luz trazida à baila do artigo 48º da
referida lei, abaixo transcrita:
19Atualmente este valor é equivalentes a 75 euros por cada entrada em território nacional (por
pessoa), acrescidos de 40 euros por cada dia de permanência (por pessoa); desta forma, caso o lapso
entre a passagem de ida a Portugal e de volta ao Brasil seja de 15 dias, será necessário ter 675 euros.
Desta forma, após ter ingressado no país, sem um dos vistos que trago a seguir, a única
forma de regularizar sua situação será através da Autorização de Residência, documento
emitido pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), e sobre o qual falarei adiante neste
livro.
III. visto de “estada temporária”, destina-se a períodos de estadia por prazo igual ou
inferior a 1 ano. Está previsto no artigo 54.º20 da Lei n.º 23/2007, conforme transcreve-se
abaixo:
20Indica-se observar complementarmente os artigos 55.º, 56.º e 57.º da Lei n.º 23/2007, de 04 de
Julho.
Observa-se neste sentido que são basicamente 7 os motivos que podem ser listados para
obtenção dos vistos de estada temporária, conforme as alíneas do n.º “1”, abaixo
correlacionadas:
a) E1 Tratamento Médico
b) E2 Transferência de Cidadãos nacionais de Estados Partes na OMC
(prestação de serviços ou formação profissional)21
c) E3 Exercício de Atividade profissional subordinada ou independente
temporária22
d) E4 Exercício de Atividade de Investigação ou Altamente Qualificada 23
e) E5 Exercício de Atividade Desportiva Amadora
f) E6 Cumprimento de compromissos internacionais e estudo
g) E7 Acompanhamento de Familiar em tratamento médico
Neste sentido, é perceptível que a lei prescreve taxativamente os casos onde o indivíduo
poderá solicitar o visto de estada temporária, e que embora tenha diversos “motivos
autorizadores” (cada qual com a sua referência), o visto é apenas um, não se tratando de
uma série de 7 tipos de vistos diversos, vez que o seu conceito permanece o mesmo, apesar
do motivo autorizador mudar em cada caso acima descrito.
IV. O mesmo ocorre no caso do visto de “residência”, o qual como o nome já o faz
supor, é o tipo de visto destinado a quem pretende se mudar para Portugal, ou seja, residir
cá, por um período superior a 1 ano.
Esclareço, porém, que não é o visto de residência que lhe autorizará a residir no pais por
este período de 1 ano, mas sim, que o referente visto é válido para duas entradas em
território português, e habilita o titular a permanecer por um período de quatro meses em
cada entrada24.
Neste sentido, importa saber que o visto de residência, destina-se a permitir ao seu titular
a entrada em território português a fim de solicitar a autorização de residência. Ou seja, o
indivíduo que ingressar no país portando este visto, deverá impreterivelmente requerer
mínimo dos meios de subsistência previsto na portaria a que se refere a alínea d) do n.º 1 do artigo
52.º”.
* Oportunamente, cumpre observar que o visto de residência para Reformados,
Religiosos, Pessoas com Rendimentos (supra-nominado “D7”) encontram-se previstos em
outros dispositivos legais26.
Ademais, é curial perceber que para obtenção destes (“D4” e “D7”), e do visto de
residência para efeitos de reagrupamento familiar (supra-nominado “D6”), deverá o
interessado comprovar meios de subsistência em Portugal, na ordem de 1 salário mínimo
para o primeiro adulto, com acréscimo de 50% do valor para cada adulto e de 30% para
cada criança adicionais, a quem pretendam se reagrupar27.
Ou seja, em valores atuais, cujo salário mínimo nacional corresponde a 557 euros,
podemos determinar que o interessado deverá ter a disposição os seguintes valores:
Para além disto, cumpre perceber que o visto de residência para efeitos de reagrupamento
familiar, pode ser requerido por qualquer pessoa que tenha um familiar autorizado a
residir em Portugal, vez que posteriormente no SEF irá solicitar a Autorização de
Residência competente e aplicável ao seu caso distinto.
Desta forma, tendo apresentado ambas as formas de visto que poderá o migrante utilizar
para realizar o seu projeto, é importante compreender quais documentos e a forma pela
qual deverá nortear-se quando for requerer o visto, seja para estada temporária, seja para
o fim de residência.
Neste sentido, o artigo 52.º Lei n.º 23/2007, nos esclarece:
1 - Sem prejuízo de condições especiais aplicáveis à concessão de cada tipo de visto e dos
regimes especiais constantes de acordos, protocolos ou instrumentos similares, tratados
e convenções internacionais de que Portugal seja Parte, só são concedidos vistos de
residência, de estada temporária e de curta duração a nacionais de Estados terceiros que
preencham as seguintes condições:
a) Não tenham sido sujeitos a uma medida de afastamento do País e se encontrem
no período subsequente de interdição de entrada em território nacional;
b) Não estejam indicados para efeitos de não admissão no Sistema de Informação
Schengen por qualquer das Partes Contratantes;
c) Não estejam indicados para efeitos de não admissão no Sistema Integrado de
Informações do SEF, nos termos do artigo 33.º;
26 Encontra-se previsto em termos genéricos, no artigo 58.º, n.º 1, da Lei n.º 23/2007, de 4 de julho,
e, especificamente, no artigo 24.º, alínea d), do Decreto Regulamentar n.º 84/2007, de 5 de novembro.
27 Valores mensais a serem calculados para o período de 12 meses, prescritos de forma taxativa pelo
nos artigos 2.º, n.º “2”, e 5.º, n.º “6”, alínea “b)” da Portaria n.º 1.563/2007, de 11 de dezembro
Faço observação especial ao n.º “3” do referido artigo da lei, o qual versa, que a República
Portuguesa tem a liberalidade de recusar a emissão de vistos a quem tenha sido
condenado por crime que em Portugal seja punível com pena privativa de liberdade de
duração superior a um ano.
Bem como, na observação realizada à baila do n.º “2” do mesmo artigo, qual versa que é
exigido (mesmo de posse do visto), que o seu titular disponha de um meio de transporte
que assegure o seu regresso ao país de origem. Por este motivo, os referidos vistos só são
afixados ao passaporte do interessado, se anteriormente este fizer prova da aquisição do
título de transporte de ida e volta.
Isto ocorre por várias razões, dentre elas, a de que estes vistos são concedidos ao titular,
para que este solicite junto ao órgão do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a sua
Autorização de Residência, e que, neste período, caso venha a ter alterada as condições
que permitiram a concessão do visto e que são requisitos da Autorização de Residência
(exemplo: ausência de meios de subsídio, envolvimento em crime, etc), possa o
interessado retornar ao seu país de origem sem prejuízos.
Conhecer essa dinâmica, é entender por que não é indicado ao migrante ir a Portugal de
forma irregular, sem visto, ou com o visto diverso do motivo da estada; vez que isto pode
alterar o processo, e atrasar a concessão da Autorização de Residência em meses ou anos,
fato que pode impor duras penas ao migrante, e até por um fim ao sonho de mudar-se ao
país.
A Autorização de Residência
A Autorização de Residência é o documento que se aplica a maioria dos casos dos
migrantes oriundos de estados terceiros, que vem a Portugal; é fornecido exclusivamente
pelo SEF (exceto nos casos em que o requerente seja também cidadão de um país membro
da U.E., E.E.E., ou Suíça, conforme preconiza a Lei nº 37/2006).
Logo, é coerente manter em mente que este documento é imperiosamente necessário para
o migrante estar regular em Portugal, e que sem ele, a tentativa de trabalho, permanência
e residência em Portugal é considerada ilegal perante a lei do pais.
Desta forma, quando se ouve que alguém se encontra irregular no país, é por que não tem
a Autorização de Residência emitida pelo SEF, situação análoga a quem não tem o “green
card” nos Estados Unidos da América.
Neste sentido, é garantido ao titular da Autorização de Residência, uma gama de direito
sociais e fundamentais, dentre os quais posso destacar aqueles referentes ao exercício de
uma atividade remunerada, conforme preconiza o artigo 83.º da Lei n.º 23/2007, abaixo:
Neste sentido, é curial informar que quaisquer dos pontos desenvolvidos após este
capítulo, sem a Autorização de Residência, tornar-se-ão mais difíceis e custosos para o
migrante atingir; seja desde de a feitura de documentos simples, seja para a obtenção de
emprego.
Isto ocorre, por que a própria Lei n.º 23/2007, veda e criminaliza o auxílio a imigração
ilegal (artigo 183.º da referida lei), bem como, a angariação de mão de obra ilegal e a
utilização da atividade de cidadão estrangeiro em situação ilegal (previstas
respectivamente nos artigos 185.º e 185.º-A do mesmo diploma legal), conforme:
Não tão somente isto, a empresa ainda pode sofrer sanções na forma de coimas (multas),
aplicáveis pelo número de “ilegais” que empregar; desta forma, além das penas
anteriormente previstas, que vão de prisão a interdição do exercício da atividade da
empresa; estas coimas atualmente são calculadas da seguinte forma28:
Neste sentido, cabe informar que a Lei n.º 23/2007 trata das disposições penais dos artigos
181.º ao 191.º, dentre os quais além dos fatos narrados, criminaliza também a união
(casamento) “com o único objetivo de proporcionar a obtenção ou de obter um visto, uma
Sobre isto, é correto informar que a Autorização de Residência Permanente tem este nome
com referência ao significado de continua, vez que não tem limite de validade, mas deve
impreterivelmente ser renovada a cada 5 anos33 (sob pena de cancelamento e/ou
caducidade).
No mesmo sentido, a Autorização de Residência Temporária pode ter 1 ou 2 anos de
validade, sendo que a primeira delas terá o prazo obrigatório de 1 ano, e as renovações
vigerão por períodos sucessivos de 2 anos.
Semelhante a o que prescreve o artigo 52.º Lei n.º 23/2007, as condições gerais para
concessão da Autorização de Residência carecem de análise do Serviço de Estrangeiros e
Fronteiras; tendo o requerente que satisfazer os seguintes requisitos cumulativos34:
d) Posse de meios de subsistência, tal como definidos pela portaria a que se refere
a alínea d) do n.º 1 do artigo 52.º;
e) Alojamento;
f) Inscrição na segurança social, sempre que aplicável;
g) Ausência de condenação por crime que em Portugal seja punível com pena
privativa de liberdade de duração superior a um ano;
h) Não se encontrar no período de interdição de entrada em território nacional,
subsequente a uma medida de afastamento do País;
i) Ausência de indicação no Sistema de Informação Schengen;
j) Ausência de indicação no Sistema Integrado de Informações do SEF para
efeitos de não admissão, nos termos do artigo 33.º
Neste mesmo norte, como observado no caso do mencionado artigo 52.º da Lei, a
República Portuguesa tem a liberalidade de recusar a concessão de Autorização de
Residência por razões de ordem pública, segurança pública ou saúde pública.
Ademais, as alíneas “g”, “h”, “i” e “j”, n.º “1”, do artigo 77.º da Lei n.º 23/2007, fazem
referência a diversos motivos de ordem judicial e legal, que não havendo satisfação por
parte do Requerente, impõe a improcedência do processo que visa Autorizar a Residência
no país.
Não obstante isto, o artigo 33.º da Lei n.º 23/2007, traz uma série de indicações para efeitos
de não admissão (motivos suplementares aos alhures delineados), pelo qual não conferem
ao imigrante o direito de ver autorizada sua residência em Portugal, cito alguns abaixo:
Logo, é curial observar que um indivíduo que não tenha vivido em Portugal no passado,
ou se o tenha feito, nunca tenha se envolvido negativamente com a justiça, bem como
dentro do seu país de origem tenha sido sempre respeitador da lei e dos bons costumes,
não terá problema em transpor estas barreiras acima levantadas.
Pelo oposto, um indivíduo que se encontre irregular/ilegal em Portugal, pode a qualquer
momento receber uma carta de expulsão do país, e a partir deste momento, será
instaurado um processo judicial requerendo o afastamento coercivo do indivíduo
(expulsão)35.
Neste sentido, após o transito em julgado desta ação, não obterá a Autorização de
Residência o estrangeiro que a requerer, justamente por estar em desacordo com o já
referido artigo 77.º da Lei 23/2007.
Noutro norte, é correto fazer constar que existe a previsão de situações especiais onde a
autorização de residência dispensa a prévia obtenção de visto de residência, as quais
encontram-se previstas no artigo 122.º da Lei 23/2007.
Neste artigo trata o legislador do caso dos nascidos em Portugal (que sejam filhos de
estrangeiros), de quem teve a autorização de residência caducada sem se ausentar do país,
do progenitor de filho menor residente ou nacional português, e outros.
1. Atestado de Morada
Este documento tem o fulcro de atestar que um indivíduo constituiu moradia em um
determinado lugar. Como no Brasil habitualmente usamos da conta de água, ou luz para
fazer prova do local onde estamos domiciliados, aqui necessita-se este atestado que é
emitido na junta da freguesia onde o migrante tenha constituído a residência (morada).
Tem um custo que pode variar de 2 a 3 euros e média, e para sua emissão o solicitante irá
precisar apresentar o bilhete de identidade (ou passaporte) e contrato de locação do
imóvel, ou então duas testemunhas que tenham morada naquela freguesia e que atestem
sob compromisso de honra o endereço em que o solicitante tenha sua morada.
De uma forma geral, o pedido foi rápido, embora já tenha ocorrido de esperar um dia para
lhe entregarem o comprovativo em uma das freguesias onde solicitei, noutra saiu no
mesmo momento.
Informo que é possível de se fazer um documento para o casal e os filhos, e o documento
tem a sua utilidade para praticamente tudo o que se venha a fazer a seguir, usei-o por
exemplo para:
1. Câmara Municipal (pois sou cidadão de país europeu, e devo fazer meu cartão de
residente cidadão da UE);
2. Fazer o cartão de utente (Cartão de Saúde PB-4);
3. Abrir conta em Banco;
4. Fazer o Número de Identificação Fiscal (NIF);
5. Fazer o Número de Identificação da Segurança Social (NISS);
6. Inscrever-me na Ordem dos Advogados;
7. Entre outros
3. Certificado de PB-4
Quando vamos viajar para outro país, uma das maiores preocupações é o seguro de saúde.
Claro, a gente espera nunca precisar, mas é bom se prevenir, e para grande parte dos
países, ter um seguro de saúde é obrigatório até mesmo para turistas.
O que pouca gente sabe é que o Brasil tem um acordo chamado PB-4, que pode substituir
o seguro de saúde em alguns países e é gratuito! Entenda como funciona o PB-4 e onde
você pode solicitar o seu para usar na sua próxima viagem, ou até mesmo no seu
intercâmbio.
O que é o PB-4
O PB-4 é um acordo entre Brasil e Portugal que garante que todo beneficiário do INSS
tenha direito ao atendimento em hospitais públicos nos países do acordo, pagando o
mesmo valor que o cidadão do país paga. Hoje além do Brasil e Portugal, fazem parte do
acordo: Espanha, Grécia, Itália e Cabo Verde! O Chile não faz mais parte deste acordo
desde 2014.
Ou seja, se o migrante precisa do hospital público, pode ser que tenha que pagar. Em
grande parte dos países a saúde pública não é gratuita! Veja por exemplo como funciona
a Saúde Pública em Portugal. Mas não se preocupe, mesmo que você precise pagar, vai
ser MUITO mais barato do que contratar um seguro de saúde, principalmente para
viagens longas. O atestado de direito à assistência médica (PB-4) é GRATUITO.
4. Inscrição de utente
O documento anteriormente descrito (PB-4), deve ser encaminhado para o centro de Saúde
da Freguesia onde o migrante morar, geralmente as inscrições ocorrem entre as 12h e as
16h, e também são gratuitas.
Primeiramente informo aos leitores que quando forem, indiquem que querem fazer o PB-
4, pois muitas vezes a expressão utente cria uma confusão; isto por que, quando falar em
número de utente, muito provavelmente vão lhe corrigir, informando que o número de
utente é apenas para quem tem residência em Portugal.
Para esta inscrição lhe será exigido: o bilhete de identidade (ou passaporte); certificado de
residente (facultativo); NIF; atestado de morada; e certidão do PB-4 emitida pelo
Ministério da Saúde no Brasil (a qual é facultativo estar reconhecida em cartório).
A vantagem de ter este documento e esta inscrição, é que caso venha a necessitar de
médico em Portugal, poderá usar da saúde pública, ao custo de 4 euros e meio (cobra-se
inclusive dos portugueses).
5. Segurança Social
Existem duas maneiras comuns de se obter o Número de Inscrição da Segurança Social
(NISS), a primeira com um contrato de trabalho, e a segunda através da abertura de uma
empresa ou de uma atividade junto as finanças.
No primeiro caso, quem providencia o NISS para o imigrante, é o empregador. Em média
leva-se 15 dias para chegar em asa uma carta atribuindo ao segurado o número.
No segundo caso, a obrigação é do próprio segurado, ou do técnico em contabilidade que
contratou para abertura da empresa.
Este órgão é equivalente ao Instituto Nacional da Segurança Social (INSS) brasileiro, e lá
trata-se de benefícios, aposentadorias, auxílios e seguros (como o seguro desemprego por
exemplo).
Existem lojas próprias da Segurança Social, e também se encontra os postos de
atendimento dentro de algumas das lojas do cidadão. Caso o migrante for necessitar
atendimento nestas, indico a ir cedo como no caso das finanças, ou talvez até mais cedo
(antes da abertura) para pegar uma senha para ser atendido pela tarde, vez que as senhas
da manhã se esgotam facilmente.
Embora os Advogados estejam dispensados de contribuir para segurança social desde
2011, vez que estes contribuem unicamente para a Caixa de Assistência dos Advogados.
E por serem contribuintes deste órgão de previdência privada, estão impedidos e
desobrigados de contribuir na segurança social (previdência pública).
7. Declaração de Presença
Este documento deve ser marcado junto ao SEF para que seja emitido.
Aplica-se somente a quem entrar na Europa, por um lugar diferente de Portugal (ou seja,
estrangeiros oriundos em voos com escalas em outros países do espaço Schengen).
Em até 3 dias após a chegada, o migrante nestas condições deverá fazer contato com o SEF
para agendar uma data para declarar a presença em território português, sob pena de
multa.
Basicamente na data agendada, vão averiguar seus documentos, e anexar um papel com
grampos na página do passaporte em que consta o carimbo da imigração do outro país do
espaço Schengen (or exemplo: de Amsterdam).
A não feitura desta declaração, além de dar motivo a multa, pode atrapalhar todo o
processo de Autorização de Residência de alguém que venha a residir no país, por isto,
cuidado!
Se forem casados:
• Certidão de narrativa completa de nascimento ou assento de casamento;
Se for descendente:
• Assento de nascimento;
• Maiores de 21 anos - matrícula escolar e outros meios de prova;
Se for enteado:
• Assento de nascimento e cartão de residência do progenitor;
Mercado de trabalho
Ab ovo, é importante salientar que o mercado de trabalho em Portugal não é muito
diferente do Brasil; pelo menos, não em sua dinâmica, mas evidentemente em questões de
tamanho, nota-se a diferença.
Portugal tem suas distinções como um destino turístico, desta forma, para quem no Brasil
já habitualmente trabalha nos ramos de restauração (é assim que se chama quem trabalha
em restaurantes, bares, cafés e bistrôs por aqui), certamente terá uma vaga garantida no
mercado de trabalho Português.
A região do Algarve durante o verão tem excesso de vagas para a área, e as gorjetas (ou
caixinhas) deixadas pelos turistas, quase sempre vale mais que o salário. Se não fosse a
sazonalidade que vai de junho a setembro, seria o sítio ideal para se trabalhar durante o
ano todo.
Em contrapartida, Lisboa e Porto são as maiores cidades, e logo, onde concentram-se a
maioria das oportunidades de emprego; seja na área da restauração ou hotelaria, vez que
ambos são os destinos turísticos mais procurados por quem vem a Portugal pela primeira
vez; seja nos diversos ramos de prestação de serviços que são oferecidos nas cidades.
É muito comum ouvir de quem vai migrar, que se encontram muitos subempregos, ou de
que se vai a outro país, para se trabalhar em áreas nas quais não se trabalharia no seu
próprio país, mas em Portugal, brasileiros e outros migrantes de países lusófonos, têm a
oportunidade de trabalhar em seus empregos habituais, mesmo que sejam mais
especializados, como médicos, odontólogos ou advogados.
Antigamente dentre as profissões mais apontadas entre os imigrantes homens, estavam
destacadas a atuação nos seguintes ramos:
• Construção civil
• Eletricista
• Motorista de pesados
• Limpezas pesadas
• Cabeleireiro
E dentre as mulheres:
• Babysiter
• Cuidadora de idosos
• Manicure
• Cabelereira
• Limpeza residencial
Neste sentido, é curial informar que Portugal, atualmente, tem recebido profissionais de
todas as áreas, principalmente brasileiros com curso superior. Não obstante isto, inúmeros
outros brasileiros têm vindo cá para empreender e iniciar seu próprio negócio.
Desta forma, apesar de muito se considerar que o imigrante tem a característica de
trabalhar em áreas diversas daquelas em que atuava em seu país de origem; verifica-se
que muitos têm vindo a Portugal, determinados a vencer e se estabelecer no país
exercendo a profissão que já exerciam em seu país de origem.
Exemplo: enquanto sai-nos caríssimo em termos de transporte e tempo para vir a Europa,
conhecer cada um dos seus países. Ao europeu médio, tudo está ao alcance de uma
passagem de 70 euros de avião, isto quando não há daquelas promoções onde viaja-se pela
bagatela ínfima de 1 euro o trecho.
Logo, é visível que quem viva aqui tem maiores condições de conhecer uma diversidade
maior de países, línguas e culturas. Seja pelos fatos já narrados, outrossim por que não se
perde tanto poder de compra em taxas cambiais (vez que é mais fácil ganhar em euros e
gastar em euros, que ganhar em reais e gastar em euros).
Noutro norte, a menos que o leitor resida no eixo São Paulo – Rio de Janeiro, dificilmente
terá a sua disposição shows de artistas brasileiros todos os meses, fato que é curiosamente
comum aqui em Portugal.
Ademais, é comum dos portugueses consumirem muitos produtos da teledramaturgia
brasileira, fato que faz com que Portugal tenha acesso cultural ao melhor da Europa e do
Brasil ao mesmo tempo.
Naturalmente, em nosso caso, não foi difícil ultrapassar a fase da dúvida e concluir que
pedir as devidas licenças, fechar as empresas, e aventurar-se parecia uma excelente ideia,
mesmo que eventualmente não desse certo ao final.
E hoje aqui em Portugal, posso lhes afirmar que tomar essa decisão foi uma das coisas
mais saudáveis e certas que fiz em minha vida, inclusive profissionalmente.
Digo isto, pautado no fato de que vislumbro um horizonte de opções e oportunidades
maiores aqui que no Brasil. E que apesar das aparentes adversidades, imagino que o leitor
irá concordar comigo nos próximos comentários que vou fazer.
Os pontos negativos do mercado de trabalho português, para qualquer profissão, é de que
é proporcionalmente tão saturado quanto o brasileiro. As empresas, escritórios e
consultórios que buscam contratar têm preferência por profissionais formados em
instituições de “comprovado renome” (fato que põe muitos migrantes em desvantagem).
Além de que, em uma seleção franca, entre um profissional formado em Portugal, e outro
formado no Brasil, o primeiro será melhor cotado para preencher a vaga em questão.
Muito provavelmente por ter se formado em Portugal.
Lógico, toda a regra tem sua exceção, e salvo casos onde procurem profissionais de
formação Brasileira, a regra é buscar alguém com mais conhecimento teórico e empírico
do mercado português.
Neste momento, garanto que como muitas pessoas com quem já conversei você deve estar
considerando tudo isto muito injusto. De certa forma até um preconceito, ou uma atitude
xenófoba. Mas pense! Fora do que se considera o óbvio, do senso comum de justo ou
injusto. Verás que tudo isto é normal.
É inclusive um fato muito lógico, vez que as empresas no Brasil teriam a mesma predileção
pela formação nacional do candidato. Logo, é de se concluir que, ao vir para Portugal, a
não ser que tenha já uma colocação garantida em uma empresa (bons contatos, ou então
uma área de conhecimento onde existem poucos profissionais por aqui), a tendência é de
com as situações cotidianas; fato que se repercute nas entrevistas de emprego e na abertura
que o país tem aos estrangeiros para vagas que lidem com o atendimento de pessoas.
Oportunamente, é correto informar ao leitor, que tal conceito não reflete a realidade, vez
que pessoas alegres e bem-humoradas podem ser encontradas em qualquer
nacionalidade, bem como pessoas depressivas e infelizes com a vida.
Verdade é, que apesar de a maioria dos portugueses que conheço serem pessoas alegres,
acolhedoras e bem-dispostas, eles enxergam-nos com o entendimento de que nós
brasileiros somos mais alegres e bem-humorados que eles. Generalização que não reflete
as individualidades e especificidades de cada pessoa.
Na opinião deste humilde Autor, a questão do português com algumas peculiaridades de
sua cultura, como o orgulho da palavra “saudade”, e a relação estreita com o fado, faz com
que muitos deles esqueçam de qualidades mais ricas que este povo e a sua cultura tem:
bondade, educação, inteligência e trabalho; são algumas das características que poderia
aqui descrever, mas as quais raramente vê-se o português narrar ter. Deve ser por que se
trata de um povo também humilde, além de tudo.
De toda forma, não obstante isto, é correto informar que os Brasileiros têm o domínio e
são preferidos em determinadas áreas, como estética e odontologia, fatos que podem ser
explorados por qualquer um que busque migrar a Portugal.
Depreende-se disto, que o profissional migrante tem que ter um perfil versátil e
empreendedor, sabendo se planejar, organizar e preparar para as dificuldades que
eventualmente virá a encontrar aqui em Portugal.
Neste sentido, cumpre um exercício de hipótese, onde pede-se ao leitor que observe quais
seriam as principais dificuldades que enfrentaria hoje se fosse mudar de um município no
país de origem, para outro, mas afastado dentro do mesmo país.
Neste exercício podemos supor que buscaria exercer a mesma atividade que hoje exerce e
domina. Se fosse uma empresa, ou um prestador de serviços, certamente demandará
algum tempo até se criar uma rede de contatos que lhe permita fruir de uma relativa
estabilidade profissional.
Logo, é correto concluir que em tratando-se da mudança para um país diferente, além
destas dificuldades naturais (impostas pelo mercado), há de se considerar que existirão
outras, por isto, cumpre-me observar que é sempre bom vir com uma boa reserva
financeira, e sempre legalmente (seja através de nacionalidade portuguesa ou europeia,
ou dos diversos tipos de visto que são oferecidos), além de estar disposto a trabalhar fora
da área enquanto não conseguir se estabelecer, ou até obter uma certa segurança
financeira.
Desta forma, faço a indicação de alguns sites, a data de hoje, que são referência na oferta
e busca por empregos em Portugal:
1. Net-empregos http://www.net-empregos.com/
2. Sapo emprego http://emprego.sapo.pt/
3. Alerta emprego http://www.alertaemprego.pt/
4. Expresso emprego http://expressoemprego.pt/
5. Carga de trabalhos http://www.cargadetrabalhos.net/
6. Bolsa de Emprego Público https://www.bep.gov.pt/
7. Jobtide http://jobtide.com/
8. CareerJet http://www.careerjet.pt/
9. Emprego XL http://www.empregoxl.com/
10. IT Jobs https://www.itjobs.pt/
11. Emprego saúde http://www.empregosaude.pt/
12. Turijobs http://www.turijobs.pt/?lang=pt
Destes, é correto fazer algumas observações: o de número 6 é específico para vagas
relacionadas ao setor público; o 10 é relacionado as áreas de tecnologia da informação; o
11 é uma referência a área de saúde; bem como o 12 à área de turismo e hotelaria; e os
outros sites são mais generalistas.
Algumas áreas que tem ganho muita força nos últimos anos, estão relacionadas ao
mercado imobiliário e a tecnologia da informação.
No primeiro caso, não é incomum encontrar ofertas onde não se exige experiencia prévia
na função, mas nota-se uma predileção por um perfil comercial mais agressivo e espírito
empreendedor. Conforme:
Observe-se que neste caso a vaga é remunerada por sistema de comissionamento, e por
isto, o perfil requisitado é mais próximo ao ideal.
Também é perceptível através da navegação nos sites indicados, que poucas são as vagas
que referem qual o valor que será pago ao contratado, ou a forma de contratação que será
feita.
Neste sentido é importante observar que a legislação de que trata o Código de Trabalho
(português), admite as seguintes formas de contrato:
Destes, os mais comuns e usuais são os 3 primeiros. Além de que vale a atenção que o
período experimental (aquele no qual as partes podem rescindir o contrato sem aviso
prévio), tem regras específicas e distintas para contagem do prazo em que o empregado
restará em experiência, evidentemente que se diferenciam a depender do tipo de contrato
tido entre as partes, conforme:
Contratos a termo
• Contratos com duração igual ou superior a 6 meses - 30 dias;
• Contratos com duração inferior a 6 meses ou contratos a termo incerto onde é
previsto uma duração inferior a 6 meses - 15 dias.
Curriculum
Incialmente desconsiderei realizar este tópico, vez que em lato sensu, a dinâmica sobre a
construção e submissão de curriculum é semelhante entre os dois países (Brasil e
Portugal).
Porém, com o tempo foram inúmeros os indagamentos relativos aos procedimentos,
modelos, forma de apresentação e por que canal deve se submeter um curriculum em
Portugal; bem como, se as experiencias prévias existentes no Brasil devem ou não ser
inseridas, que visualizei que estas pequenas duvidas fazem parte do cotidiano de muitos
que migram, e por isto, abri o presente título dentro deste livro.
Neste sentido, é imperioso sanar desde o princípio que tendo o leitor dificuldades em
construir seu curriculum, ou interesse em construir o seu curriculum em um modelo
atualmente indicado, solicito que visite o site da “Euro Pass”, o qual poderá ser acessado
pelo link a seguir: http://europass.cedefop.europa.eu/pt/documents/curriculum-vitae
Este site em termos simples, e navegação intuitiva, lhe orientará na forma e informações
que deve inserir em seu curriculum, bem como na feitura de uma carta de apresentação
adequada para anexar à submissão dos seus dados a entidade contratante.
Noutro sentido, se você prefere fazer seu próprio curriculum do início, deixo-lhe 7
informações que devem direcionar a escrita do seu curriculum, quais sejam:
1. Dados pessoais
2. Área de atuação
3. Formação
4. Qualificações
5. Experiencia profissional
6. Idiomas
7. Cursos e outras atividades
Neste sentido, cumpre observar que algumas observações devem ser feitas nestes 7
pontos, quais sejam:
Nos dados pessoais devem constar seu nome completo, e-mail, telefone de contato, cidade
onde mora, e data de nascimento.
Na área de atuação, use poucas palavras e descreva aquilo com o que você trabalha, sem
colocar os cargos desejados, pois isto pode gerar uma interpretação negativa por parte do
avaliador.
Descreva seus cursos de graduação e pós-graduação na área destinada a formação, sempre
utilizando a ordem do mais recente ao mais antigo.
Em qualificações, descreva aquilo que você está habilitado a fazer, enquanto na
experiencia profissional deverão constar as experencias de trabalho mais recentes e as
mais relevantes (no máximo 5 ou 6 tópicos).
Ainda neste item, cumpre observar que deverão constar o nome da empresa onde trabalha
ou trabalhou, o período, o cargo ocupado ou função realizada) e uma descrição breve do
trabalho ou das atividades desempenhadas por si na empresa.
Idiomas, como é evidente, deixará para especificar o idioma e o grau de proficiência falada
e escrita (observo que, se não tiver domínio de outro idioma além da sua língua materna,
não deverá incluir este campo).
A mesma observação vale para o campo destinado a cursos e outras atividades, vez que
aqui deverá incluir cursos técnicos, experiencias no exterior, ou participação em
congressos e eventos que sejam relevantes para a vaga aplicada.
Oriento também, ao leitor não fazer listas muito grandes, mas a escolher as informações
que tem mais relação com a empresa e a vaga que você pretende concorrer, vez que
atualmente as empresas recebem muitas aplicações para as mesmas vagas; desta forma,
muitas delas têm seu próprio setor de Recursos Humanos, ou contratam uma empresa
externa para fazê-lo; logo, os currículos são filtrados de acordo com a especificidade do
aplicante as necessidades da vaga.
Em outras palavras, não adianta descrever que tem título de operador de radioamador, se
a empresa precisa de uma pessoa especializada em manicure e pedicure. Logo, siga pelo
norte de que “menos é mais”, e de que o mais simples é muitas vezes o desejado, vez que
a pessoa que recepcionará o seu curriculum também receberá outras dezenas ou centenas
(e por isto, melhor demonstrar de forma bem clara por que a vaga deve ser sua).
Aluguel e moradia
Já dizia meu pai, “três coisas são extremamente estressantes na vida de um homem: casamento,
mudança de emprego e mudar-se de casa.”.
Talvez fosse por que durante minha infância mudamos de casa em quase todos os anos,
que meu pai tenha adquirido alguma forma de trauma. Ou talvez, por que a homeostasia
de todo homem é encontrar um lugar onde possa dedicar-se ao ócio e a tranquilidade.
A história da humanidade, é a história das migrações. De um pequeno grupo de caçadores
e coletores saímos da África até os confins das Américas, colonizamos todos os continentes
do globo, e vislumbramos as estrelas como um ambiente onde um dia queremos estar.
Consciente disto, é inegável depreender que a força motriz que faz o homem desde os
primórdios migrar, é o ambiente em que se insere; a segurança que ele proporciona, a
comida e o abrigo que nele são encontrados; e de certa forma idêntica aos nossos
ancestrais, o homem moderno migra atrás de uma grande promessa, seja de segurança,
comida ou habitação.
Neste sentido, é comum nos prepararmos para diversas adversidades, sem perceber que
um dos fatores fundamentais ao nosso “bem-estar” é aonde vamos nos assentar. Por isto,
cumpre observar inicialmente que todo este processo pode ser desgastante se o migrante
não tiver conhecimento da realidade local, e da forma em como se fazem habitualmente
as contratações de arrendamento.
Um dos aspectos mais chocantes e distintos da minha realidade lá no Sul, foi que aqui as
imobiliárias e os proprietários fazem "open-house", no intuito de criar entre os interessados
um sentimento de “concorrência”, de forma a obriga-los a fazer ofertas melhores para os
imóveis que visam locar.
O conceito é americano, e consiste em: um único dia, onde todos os interessados vão
olhar o imóvel e fazem suas propostas sem terem conhecimento da proposta dos outros
interessados.
De qualquer forma, é perceptível que se assemelha a um leilão, onde quem fizer a melhor
proposta quase sempre fica com o imóvel.
Além disto, em muitos destes eventos, as imobiliárias informam que para validar a
proposta, o proponente deve fazer o depósito do valor de uma renda (na forma de
"reserva" do imóvel), enquanto tem a sua documentação analisada pela imobiliária e pelo
senhorio.
Por razões evidentes, isto chocou-me muito, vez que no Sul, quem primeiro chega, leva!
Visivelmente, negociamos lá de forma mais dinâmica, sem muitos espaços para as partes
repensarem se fazem ou não negócio, vez que as imobiliárias visam diligenciar tudo para
que o contrato ocorra quase que de imediato.
Faço menção a isto, obviamente por que aqui os negócios se desenvolvem em questões de
dias, e não horas como eu estava habituado. Solicitam os documentos, averiguam,
encaminham ao proprietário, este pondera as condições do negócio e a quem vai arrendar,
após ter-se optado pela proposta que lhe interesse mais, é geralmente confeccionado o
contrato de arrendamento.
Neste sentido, para que seja superada esta fase, a documentação comumente solicitada é:
o contrato de trabalho, cópia do Número de Identificação Fiscal (NIF), a declaração do
último IRS do proponente (Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares),
documentos de identificação (bilhete de identidade ou passaporte).
Observação: No lugar da declaração do IRS é possível utilizar a declaração do Imposto de
Renda de Pessoa Física (IRPF) lá do Brasil, motivo pelo qual vale a pena ter a sua declaração
de renda em dia antes de migrar para Portugal.
Como é perceptível, estar Autorizado a Residir em Portugal, com os competentes vistos
ou corretamente documentado, facilita ao migrante a arrendar imóveis no país, vez que
os proprietários por questões legais, têm preferido alugar imóveis aos nacionais, ou a
estrangeiros documentados, uma vez que a Lei penaliza na forma de Auxílio A Imigração
Ilegal (Art. 183) quem facilita a permanência ilegal de cidadão estrangeiro em território
português.
361 — Os n.ºs 1, 2 e 4 correspondem, no essencial, aos n.ºs 1, 2 e 3 do art. 134.º-A do DL n.º 244/98,
de 8 de Agosto, introduzido pelo DL n.º 34/2003, de 25 de Fevereiro.
Os elementos do tipo de algum modo apresentam-se muito próximos das hipóteses contempladas
nos arts. 1.º e 2.º da Directiva 2002/90/CE [referida na] anotação 2 ao art. 109.º, para cujo local aqui
remetemos.
O n.º 2 do art. 1.º da referida Directiva permite que o Estado membro possa não "impor sanções"
(portanto, despenalizar/isentar de pena) a quem pela prática do ilícito da al. a) do n.º 1
(correspondente ao n.º 1 do presente artigo) tiver agido com a intenção de prestar assistência
humanitária à pessoa em questão. Teria ficado bem ao legislador introduzir na presente lei uma
expressa disposição idêntica, atendendo à nobreza do fim da acção. Em todo o caso, um dos
Neste sentido, deixo ao leitor, nas páginas anteriores, os comentários obtidos no site do
Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, acessado em 22/06/2017 através do link:
<https://sites.google.com/site/leximigratoria/artigo-183-o-auxilio-a-imigracao-ilegal>.
Custo: Aqui em Lisboa (centro) tenho encontrado valores de 650 a 850 euros, em
apartamentos (T1 ou T2) mobiliados (ou com a cozinha equipada) e próximos ao metro
(fator que encarece os imóveis).
propósitos da Directiva ínsitos nessa norma é o de evitar que alguém deixe de prestar auxílio com
vista à obtenção de asilo ou à protecção temporária de outrem com receio de ser incriminado pela
prática de crime de auxílio à imigração ilegal. Ora, atendendo ao enquadramento desses casos de
direito humanitário no nosso ordenamento jurídico, quem tiver praticado os factos previstos no
presente artigo com a intenção de auxílio ao asilo ou à protecção humanitária estará fora do âmbito
subjectivo da sua previsão por falta dos respectivos requisitos.
2 — O n.º 1 apresenta em relação ao n.º 2 duas diferenças de vulto. Uma reside no facto de no
primeiro caso o acto de favorecimento ou facilitação visar somente a entrada ou o trânsito ilegais,
enquanto no segundo, também se incluir a permanência ilegal. Outra consiste na circunstância de
na primeira hipótese, ao preenchimento do ilícito ser indiferente a intenção do agente, desde que
não tenha por objectivo a obtenção de lucro, enquanto na segunda a "intenção lucrativa" é elemento
determinante do tipo, razão pela qual os limites mínimo e máximo da moldura penal abstracta são
agravados no n.º 2, em relação ao n.º 1.
O n.º 3, por seu turno, apresenta uma variação relativamente ao n.º 2, em razão da especial condição
em que o auxiliado for tratado pelo agente autor do crime. Embora os elementos do tipo assentem
na mesmafati-specie legal ("Se os factos forem praticados..."), introduzem-se nele novos elementos
concernentes ao modo desumano ou degradante como o cidadão estrangeiro é tratado durante o
transporte ou no sítio onde este esteja colocado. Em tais circunstâncias, se o auxílio à imigração for
prestado de forma tal que represente um atentado à dignidade da pessoa humana, a moldura penal
é agravada por se considerar ser elevada a ilicitude de tal conduta. De dois a oito anos será ainda a
pena caso o cidadão estrangeiro se encontre ou tenha sido transportado de modo a pôr em perigo
a sua vida (basta a actividade perigosa; não se exige o resultado) ou a causar-lhe efectivamente a
morte ou a ofender gravemente a integridade física (é essencial a produção de um resultado
danoso).
• www.worten.pt/
• www.ikea.com/pt
• https://www.aki.pt/
De toda forma, esclareço que listei justamente os mobiliários mais simples para facilitar a
comparação do leitor, e adianto que a tabela aqui expressa de forma alguma substitui
pesquisas próprias que podem e devem ser realizadas pelo migrante.
Oportunamente chamo a atenção do leitor para estes custos, que raramente são
considerados durante o planejamento, mas que podem significar uma diferença no
orçamento de quem pretende migrar.
Faqueiro 16 4,00
Toalha 1 3,85
Travesseiro 1 6,00
Piaçaba 1 2,00
Estendal 1 6,00
Avental 1 3,50
Colchão 1 199,00
Sapateira 1 9,99
Liquidificador 1 24,99
Exaustor 1 49,99
Através desta tabela, é verificável que o migrante, quando (e se) vier a comprar os itens
acima descritos, em quantidades que venham a adequar a sua necessidade, vai ter um
custo aproximado inferior a 2.400 euros.
Considerando que na questão ventilada, o salário mínimo português é de 557 euros, um
indivíduo nestas condições levaria em média 4 meses e 10 dias para pagar a hipotética
compra.
Neste sentido, é curial entender e pesquisar também na região de origem do migrante, por
estes itens, ou similares, no intuito de obter uma percepção clara de quanto influiria uma
compra similar no orçamento anual do indivíduo, caso este não o fosse migrar.
Sugiro isto, justamente no intuito de fazer com que o leitor perceba, que a simples
conversão monetária não é o suficiente para representar o “preço” daquilo que se
consome.
Compreendendo esta dinâmica entenderá por que um combo Big Mac (exemplo dado, vez
que os itens encontram-se disponíveis em ambos os países), custa menos em Portugal, do
que no Brasil, vez que em ambos através da conversão de valores, chegaremos a um valor
em que no Brasil, o combo custa uma parcela maior do salário mínimo nacional.
Sobre isto, ainda a termo de curiosidade, existe um índice realizado pela Revista Britânica,
“The Economist”, o qual nominado “índice Big Mac”, lista o preço do sanduíche em vários
países do mundo, e na Zona do euro, para comparar a valorização das diferentes moedas.
Em outras palavras, O Índice Big Mac foi criado para explicar um conceito econômico
chamado paridade de poder de compra, que é o que tentamos explicar neste fim de
capítulo ao leitor.
Sobre o Autor
Formado em uma das maiores instituições de ensino superior do Brasil, milita na
advocacia desde 2012 onde atua principalmente nos ramos de direito internacional
público e privado.
Sócio proprietário do escritório Sauer & Advogados
Associados, o qual estabeleceu-se na cidade de
Balneário Camboriú (Brasil), até 2016.
A esta altura, fundou-se a base europeia de trabalhos,
situada no coração da capital de Portugal.
"Lisboa foi escolhida pela similaridade cultural e técnica,
além de ter se demonstrado uma zona de grande interesse em
pesquisa realizada junto aos nossos clientes".
Foi colaborador da Cátedra Jean Monnet no Brasil,
momento o qual tomou interesse por estudos
europeus.
É colaborador ativo da Ordem dos Advogados brasileira e portuguesa, e exerceu a prática
docente junto ao Senac, quando a época orientou a cadeira de direito/jurídica dos cursos
de Comércio Exterior, Contabilidade e Administração.
Em seu tempo livre, pratica a arte da literatura, através da leitura e escrita, tendo escrito
sete livros publicados na Fundação Biblioteca Nacional, e colaborado com artigos para a
prestigiada revista Âmbito Jurídico.
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