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O que é saúde?
Os três domínios da saúde
Teste da realidade:
Como está sua saúde?
E!J\!t;~IHpAo
DO PASSADO
Visões antigas
A Idade Média e a
.Renascença
O racionalismo
pós-Renascença
Descobertas do século XIX
O século XX e o início
de uma nova era
Diversidade e vida saudável:
Saúde no novo milênio
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QU~ ''"""''"'""'"''~·"·!, carrego em m1m
c;;~~COLOGIA O~~ diferentes: Por um li:tU,UiJ
Aumento da expectativa e a microbiologia
de vida
ancestrais de Kathleen mais temiam.
O surgimento de transtornos
relacionados com o estilo de
nos Estados Unidos aprese~tam umft exp~2tati.va d~'~tià de quase 80
vida anos, e os homens, apesar de apresentarem uma mais curta, freqüentemente atin-
Repensando o modelo gem a idade de 72 anos. Juntamente com esse presente do tempo, a maioria das
biomédico pessoas está mais consciente de que a saúde representa muito mais do que estar livre
Aumento dos custos do de doenças. Mais do que nunca, elas fazem coisas que garantem longa vitalidade,
tratamento de saúde modificando suas dietas, fazendo exercícios regularmente e mantendo-se socialmen-
:~~~SP:ECT~Vf~,§ EY.J~ te ativas.
·.:;S]{;OLOGtJl~ D}J\
Perspectiva do curso
de vida
Perspectiva sociocultural SAÚDE E PSICOLOGIA DA SAÚDE
Perspectiva de gênero
Perspectiva biopsicossocial
(mente-corpo)
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história da família de Kathleen deixa claro que muitos fatores interagem para
determinar a saúde. Este é um tema fundamental da psicologia da saúde, um sub-
O que fazem os psicólogos campo da psicologia que aplica princípios e pesquisas psicológicas para melhoria,
da saúde? tratamento e prevenção de doenças. Suas áreas de interesse incluem condições sociais
Onde trabalham os (como a disponibilidade de serviços de saúde), fatores biológicos (como a longevidade
psicólogos da saúde? da família e as vulnerabilidades hereditárias a certas doenças) e até mesmo traços de
Como tomar-se um personalidade (como o otimismo).
psicólogo da saúde? Como Kathleen, temos sorte de viver em uma época em que a maioria dos
cidadãos do mundo tem a promessa de uma vida mais longa e melhor, com muito
menos deficiências e doenças do que em qualquer outra época. Entretanto, esses
psicologia da saúde aplicação benefícios à saúde não são desfrutados universalmente. Considere:
de princípios e pesquisas psico-
lógicas para a melhoria da saú-
de e a prevenção e o tratamen- O número de anos de vida saudáveis que se pode esperar em média é igual ou
to de doenças excede os 70 anos de idade em 24 países do mundo (a maioria deles desenvolvi-
PARTE 1 J FUNDAMENTOS.D4J1SICOLÔGIADA SAÚDE
dos), mas estima-se que seja menos do que 40 anos em outros 32 países (a maio-
ria em desenvolvimento) (Organização Mundial da Saúde, 2000).
E Embora a expectativa média de vida continue a aumentar, os brancos norte-ame-
ricanos vivem consistentemente seis anos a mais do que os negros norte-america-
nos. As taxas de mortalidade para bebês negros continuam a ser mais de duas
vezes superior à dos bebês brancos (Anderson, 1995).
• Mortes e ferimentos relacionados com violência, drogas e álcool e riscos relacio-
nados com sexo, como o Hrv, cada vez mais marcam a transição da adolescência
para a idade adulta, particularmente entre minorias étnicas (Yee e cols., 1995).
E Em cada idade, as taxas de mortalidade variam de acordo com o grupo étnico. Por
exemplo, entre homens e mulheres norte-americanos entre 45 e 54 anos de ida-
de, as taxas de mortalidade são maiores entre afro-americanos (12 por mil), se-
guidos pelos nativos americanos (6,1 por mil), europeu-americanos não-hispâni-
cos (5,0), hispano-americanos (4,9) e americanos de origem asiática e das ilhas
do Pacífico (2,6) (National Center for Health Statistics, 1999).
E Durante um estudo de sete anos e meio de duração, realizado com 3.617 adultos
com idades a partir de 25 anos, os homens que viviam em áreas urbanas tiveram
mortalidade 62o/o superior do que os homens que viviam em subúrbios, cidades
pequenasou áreas rurais (House e cols., 2000).
E Embora os homens tenham duas vezes mais probabilidade de morrer devido a
qualquer causa, a partir da meia-idade as mulheres apresentam taxas de doenças
e incapacidades mais elevadas (National Center for Health Statistics, 1999).
E Os imigrantes recentes para os Estados Unidos geralmente são mais saudáveis do
que os residentes antigos de mesma etnia e idade (Abraido-Lanza, Dohrenwend,
Ng-Mak e Turner, 1999).
• Os Estados Unidos gastam uma porção maior de seu produto interno bruto em servi-
ços de saúde do que qualquer outro país, mas ompam apenas a trigésima sétima A saúde da mulher está indissocia-
posição entre 191 países em relação ao desempeitho geral de seu sistema de saúde, velmente ligada a seu status na so-
ciedade. Ela se beneficia com a
medido pelo grau de resposta, imparcialidade de financiamentos, acessibilidade a igualdade e sofre com a discrimi-
todos os indivíduos, e assim .por diante (Organizáção Mundial da Saúde, 2000). nação.
E Mais de 15 milhões de adultos ao redor do mundo entre as idades de 20 e 64 - Organização Mundial da Saúde,
morrem a cada ano. A maioria dessas mortes são prematUras e podem ser preve- 2000
nidas (National Center for Health Statistics, 1999).
Essas estatísticas revelam alguns dos desafios na busca pelo bem-estar global. Esses
desafios envolvem reduzir a discrepância de 30 anos em expect<;ttiva de vida entre os
países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento; ajudar os adolescentes a fazerem
uma transição segura e saudável para a idade adulta; e alcançar um entendimento mais
profundo das relações entre gênero, etnicidade, status sociocultural e saúde.
Este capítulo apresenta a psicologia da saúde, um campo relativamente novo
que irá desempenhar um papel fundamental para enfrentar os desafios para a saúde
do mundo nos próximos séculos. Considere algumas das questões que os psicólogos
da saúde buscam responder:
• De que maneira sua capacidade de se relacionar bem com outras pessoas influen-
cia a sua saúde?
• De que maneira suas atitudes, crenças, autoconfiança e personalidade geral afe-
tam a sua saúde?
• Será que a acupuntura, a homeopatia, os tratamentos com ervas e outras formas
de medicina alternativa realmente funcionam?
E Até que ponto as características específicas do seu ambiente, incluindo arquitetu-
ra, nível de ruído e presença de sol estão associados à sua saúde?
• Pode a doença ser causada por hábitos pessoais?
Q<,gy,~"'~'~ªyq~:?''
A palavra saúde vem de uma antiga palavra da língua alemã que é representa-
da, em inglês, pelas palavras hale e whole, * as quais referem-se a um estadb de "inte-
gridade do corpo". Os lingüistas observam que essas palavras derivam dos campos de
batalha medievais, em que a perda de haleness, ou saúde, normalmente resultava de
um grave ferimento.
Atualmente, somos mais propensos a pensar na saúde como a ausência de doen-
ças; em vez da ausência de ferimento debilitante obtido no campo de batalha. Como
tal definição concentra-se apenas na ausência de um estado negativo, ela é incomple-
ta. Embora seja verdade que as pessoas saudáveis estão livres de· doenças; a maioria
de nós concordaria que a saúde envolve muito mais. É bastante possível; e até co-
mum, que uma pessoa esteja livre de doenças, mas ainda não desfrute dé uma vida
vigorosa e satisfatória. A saúde não se limita ao nosso bem-estar. físico. ·
'N. de T.: Em inglês, hale significa saúde, vigor, e whole significa completo, integral.
PARTE 1 I FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA DA SAÚDE
Cada domínio da saúde é influenciado pelos outros dois domínios. Por exem-
plo, uma pessoa emocionalmente estável, que tem boas habilidades de resolução de
problemas (saúde psicológica), provavelmente terá mais facilidade para manter rela-
cionamentos sociais saudáveis (saúde social) do que uma pessoa depressiva que tem
dificuldade para se concentrar no problema em questão. Da mesma forma, a saúde
física fraca apresenta desafios especiais, tanto para a auto-estima da pessoa (saúde
psicológica) quanto para relacionamentos com sua família e seus amigos (saúde social).
16 a 23- Embora você tenha claramente estabelecido alguns mentos que podem comprometer sua saúde. Possivelmente,
hábitos saudáveis, você ainda tem muito que melhorar. Exa- esses comportamentos aumentam seu risco de doença ou
mine as respostas que são menos do que "sempre", especial- de acidentes. Quais atitudes você pode tomar para melho-
mente aquelas que são "às vezes" ou "raramente ou nunca". rar seu resultado?
Considere maneiras de mudar seu comportamento para me-
Fonte: Nevid, J. S., Rathus, S. A. e Rubenstein, H. R. (1998).
lhorar seu escore.
Health in the new millenium (p. 10-12). New York: Worth
Abaixo de 16- Com base nesses fatores relacionados com Publishers.
seu estilo de vida, você parece realizar muitos comporta-
JVJesmo que todas as civilizações tenham sido afetadas por doenças, cada uma delas
compreendia e tratava a doença de formas diferentes. Em uma certa época, nossos
ancestrais pensavam que a doença era causada por demônios. Em outra, eles diziam
que era uma forma de punição pela fraqueza moral. Atualmente, lutamos com ques-
tões como: "será que a doença pode ser causada por uma personalidade doentia?".
Vejamos de que maneiras as nossas visões com relação à saúde e à doença mudaram
no decorrer da história. (Talvez você queira utilizar a Figura 1.1 durante a discussão
seguinte para ter um senso da cronologia da mudança nas visões sobre saúde e doença.)
Visõ~s Antigas
Medicina pré-histórica
Os esforços de nossos ancestrais para curar doenças podem ser traçados até 20
mil anos atrás. Uma pintura feita em uma caverna no sul da França, por exemplo,
que se acredita ter 17 mil anos de idade, mostra o xamã da idade do gelo vestindo a
máscara animal de um antigo curandeiro. Em religiões que se baseiam em uma cren-
ça em espíritos bons e maus, somente um xamã (sacerdote ou pajé) pode influenciar
esses espíritos.
Para homens e mulheres pré-industriais,. que enfrentavam as forças freqüen-
temente hostis de seu ambiente, a sobrevivência baseava-se na vigilância constante
contra essas misteriosas forças do mal. Quando urna pessoa ficava doente, não havia
uma razão física óbvia para tal fato; pelo contrário, a condição do indivíduo acome-
tido era erroneamente atribuída a uma fraqueza frente a uma força mais forte, feiti-
çaria ou possessão por um espírito do mal (Amundsen, 1996).
O tratamento era duro e consistia de rituais de feitiçaria, exorcismo e uma
forma primitiva de cirurgia chamada de trepanação. Muitos arqueólogos já desenter-
raram crânios humanos pré-históricos contendo buracos irregulares que aparente-
mente haviam sido perfurados por antigos curandeiros para permitir que os demôni-
os que causavam a doença deixassem o corpo do paciente. A trepanação era pratica-
da em pessoas vivas e mortas, sugerindo que essa prática desempenhava um impor-
tante papel em cerimônias culturais ou religiosas além do tratamento da saúde. Re-
gistros históricos indicam que a trepanação era uma forma de tratamento amplamen-
te praticada na Europa, no Egito, na Índia e na América Central e do Sul.
Aproximadamente 4 mil anos atrás, algumas pessoas notaram que a higiene
também desempenhava um papel na saúde e na doença e fizeram tentativas de me-
lhorar a higiene pública. Os antigos egípcios, por exemplo, realizavam rituais de
limpeza para impedir que vermes causadores de doenças infestassem o corpo. Na
Mesopotâmia (parte da qual localizava-se onde hoje é o Iraque), fabricava-se sabão,
projetavam-se instalações sanitárias e construíam-se sistemas para o tratamento de
esgotos públicos (Stone, Cohen e Adler, 1979).
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DA SAÚDE CAPÍTULO 1
~ 0000010
Métodos
00000 o modernos e
"<ttrl<Of'-.00 Ol
T"""T""" .,-T""".,.... I T""" flexíveis de
tratamento.
Créditos (da esquerda para a direita): Gravura de crânio trepanado, Escola Inglesa (século XIX), publicado em 1878 em Incidentes de
Viagens e Explorações na Terra dos Incas, de George Squier: coleção privada/Bridgeman Art Library; Ilustração exibindo acupuntura: ©
Corbis; "O Cirurgião", gravura da Escola Alemã (século XVI): coleção privada!Bridgeman Art Library; Gravura de "Vacinação", 1871: Hulton
Gettylliaison Agency; CT scan: © Premium Stock/Corbis.
O primeiro aqueduto trouxe água pura para Roma já em 312 a.C., e a limpeza
das vias públicas era supervisionada pelos aediles, um grupo de oficiais indicados que
também controlavam o suprimento de alimentos. Os aediles criavam normas para
garantir que a carne e outros alimentos perecíveis estivessem frescos e organizavam
o armazenamento de grandes quantidades de grãos, por exemplo, no esforço para
prevenir a fome (Cartwright, 1972).
Na Grécia, o filósofo grego Hipócrates (cerca de 460 a 377a.C.) estabeleceu as teoria humoral conceito de saú-
raízes da medicina ocidental quando se rebelou contra o antigo foco no misticismo e de proposto por Hipócrates, con-
na superstição. Hipócrates, freqüentemente chamado de "o pai da medicina moder- siderava o bem-estar como um
na", foi o primeiro a afirmar que a doença era uma fenômeno natural e que suas estado de perfeito equilíbrio en-
causas (e, portanto, seu tratamento e prevenção) podem ser conhecidos e merecem tre quatro fluidos corporais bá-
estudos sérios. Dessa forma, ele construiu abase mais antiga para uma abordagem sicos, chamados de humores.
Acreditava-se que a doença era
científica da cura.
o resultado de perturbações no
Hipócrates propôs a primeira explicação racional para o fato das pessoas adoe- equilíbrio dos humores
cerem. Segundo sua teoria humoral, um corpo e uma mente saudáveis resultavam
do equilíbrio entre quatro fluidos corporais chamados de humores: sangue, bile ama-
rela, bile negra e fleuma. Para manter o balanço adequado, o indivíduo deveria se-
guir um estilo de vida saudável, incluindo exercícios, descanso suficiente, boa dieta e
evitar excessos. Quando os humores estavam desequilibrados, contudo, o corpo e a
mente seriam afetados de maneiras previsíveis, dependendo de qual dos quatro hu-
mores estivesse em excesso. Um excesso de sangue, por exemplo, contribuía para
uma personalidade sangüínea (otimista e alegre). Embora uma personalidade alegre
possa parecer desejável, Hipócrates acreditava o contrário: sangue demais, dizia ele,
aumentava a suscetibilidade da pessoa a epilepsia, angina, disenteria e artrite. O
tratamento para o excesso de sangue consistia em flebotomia (a abertura de uma
veia para remover sangue), banhos frios e enemas. A pessoa fleumática, que tinha
excesso de fleuma, era triste, lânguida e lenta. Como resultado, era propensa a dores
de cabeça, resfriados e acidentes vasculares cerebrais. O tratamento consistia em
banhos quentes, diuréticos e ervas que induzissem a náusea. A pessoa colérica, que
tinha um excesso de bile amarela e um temperamento ardente, necessitava de um
tratamento para úlceras na boca, icterícia e distúrbios estomacais. Encontrava-se alí-
vio por meio de sangrias, dietas líquidas, enemas e banhos refrescantes. Uma pessoa
melancólica possuía bile negra demais; uma disposição triste e sorumbática (daí o
termo melancolia) era o resultado provável. Também se esperava que essa condição
contribuísse para a ocorrência de úlceras e hepatite, que P<?deriam ser tratadas com
uma dieta especial, banhos quentes, eméticos (drogas que induzem o vômito) e quei-
ma de tecido corporal com um ferro quente (cauterização).
Ainda que a teoria humoral tenha sido descartada a medida que foram feitos
avanços em anatomia, fisiologia·e microbiologia, a noção sobre os traços da persona-
lidade estarem ligados aos fluidos "corporais persiste na medicina popular e alternati-
va de muitas culturas. Além disso, como veremos no próximo capítulo, atualmente
sabemos que muitas doenças envolvem um desequilíbrio· (de certa forma) entre os
neurotransmissores do cérebro, de modo que Hipócrates não estava tão errado.
Hipócrates fez muitas outras contribuições notáve.is para uma abordagem cientí-
fica da medicina. Por exemplo, para aprender quais erall! os hábitos pessoais que
contribuíam para a gota, uma doença causada por perturbações no metabolismo
corporal do ácido úrico, ele conduziu uma das primeiras pesquisas de saúde pública
a respeito dos hábitos daqueles que sofriam da doença, como sua temperatura corpo-
ral, freqüência cardíaca, respiração e outros sintomas físicos. Ele também apontou a
importância das emoções e pensamentos de cada um dos pacientes com relação a
sua saúde e tratamento e, assim, chamou a atenção para os aspectos psicológicos da
saúde e da doença.
A próxima grande figura na história da medicina ocidental foi o médico Claudius
Galena (cerca de 129 a 200 d.C.). Grego por nascimento, passou muitos anos em
Roma, conduzindo estudos de dissecação de animais e tratando os ferimentos graves
dos gladiadores romanos, dos quais ele aprendeu grande parte do que anteriormente
não se sabia a respeito da saúde e da doença. Galena escreveu volumes a respeito da
anatomia, higiene e dieta, construídos sobre as bases hipocráticas da explicação raci-
onal e da descrição cuidadosa dos sintomas físicos de cada paciente.
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DA SAÚDE CAPÍTULO 1
Medicina não-ocidental
No final do século XV, nascia uma nova era, a Renascença. Começando com o
ressurgimento da investigação científica, esse período presenciou a revitalização do
estudo da anatomia e da prática médica. O tabu envolvendo a dissecação humana foi
suficientemente removido, ao ponto do anatomista e artista flandrense Andreas
Vesalius (1514- 1564) conseguir publicar um estudo composto por sete volumes dos
órgãos internos, musculatura e sistema esquelético do corpo humano. Filho de um
farmacêutico, Vesalius era fascinado pela natureza, especialmente pela anatomia dos
seres humanos e dos animais. Em sua busca pelo conhecimento, nenhum cachorro
vadio, gato ou rato estava livre do seu bisturi.
Na escola de medicina, Vesalius passou a dissecar cadáveres humanos. Suas
descobertas provaram que algumas das teorias de Galena e dos médicos antigos esta-
vam claramente incorretas. Como pôde, pensou ele, uma autoridade inquestionável
como Galena ter feito tantos erros ao descrever o corpo? Então compreendeu o por-
quê: Galena nunca· havia dissecado um corpo humano. Vesalius entendeu que o pro-
pósito de sua vida e.~:a .escrever o estudo oficial da anatomia humana. Esses volumes
tornaram-se os fundamentos de uma nova medicina científica, fundamentada na ana-
tomia (Sigerist, 1958, 1971).
Um dos mais influentes pensadores da Renascença foi o filósofo e matemático
francês René Descartes (1596 - 1650), cuja primeira inovação foi o conceito do
corpo humano como uma máquina. Ele descreveu todos os reflexos básicos do corpo,
construindo, nesse processo, elaborados modelos mecânicos para demonstrar seus ll'rilil~l'li~~~li: llllS!lllilll.ls l!!il!lilmic!ls
princípios. Ele acreditava que a doença ocorria quando a máquina estragava; a tarefa
Por volta do século XVI, o tabu que envolvia
do médico era consertar a máquina. a dissecação humana já havia sido contor-
Descartes é conhecido por sua crença de que a mente e o corpo são processos nado há tanto tempo que o anatomista e ar-
separados e autônomos, que interagem de forma mínima e que cada um deles está tista llandrense Andreas Vesalius (1514-
sujeito a diferentes leis de causalidade. Esse ponto de vista, chamado de dualismo 1564) conseguiu publicar um estudo comple-
mente-corpo (ou dualismo cartesiano), baseia-se na doutrina de que os seres huma- to dos órgãos internos, musculatura e siste-
nos possuem duas naturezas, a mental e a física. Descartes e outros grandes pensado- ma esquelético do corpo humano.
res da Renascença, em um esforço para romper com o misticismo e as superstições do Musculatura de um homem, por Andreas Vesalius,
1543. Fratelli Fabbrt, Milão, ltália/Brtdgeman Art Library.
passado, rejeitava vigorQsamente a noção de que a mente influencia o corpo. O estu-
do (não-científico) da mente era relegado à religião e à filosofia, enquanto o estudo
(científico) do corpo era reservado à medicina. Esse ponto de vista abriu caminho
para uma nova era de pesquisas médicas, fundamentadas na confiança na ciência e
no pensamento racional.
Q,racionaUsmoda,.pós,Renascença
teoria celular formulada no sé- Leeuwenhoek (1632- 1723) quem construiu o primeiro microscópio prático. Com
culo XIX, essa teoria diz que a um poder de aumento de 270 vezes, esse microscópio permaneceu inigualável até o
doença é o resultado de anor-
século XIX (Lyons e Petrucelli, 1978). Usando esse microscópio, ele foi o primeiro a
malidades nas células do corpo
teoria dos germes diz que a
observar células sangüíneas e a estrutura básica dos músculos. O cientista inglês
doença é causada por vírus, Robert Hooke (1635- 1703), contemporâneo de Leeuwenhoek, construiu seu pró-
bactérias e outros microrganis- prio microscópio e observou que os tecidos das plantas continham muitas cavidades
mos que invadem as células do pequenas separadas por paredes. Hooke chamou essas cavidades de "células" ou "pe-
corpo quenas câmaras" e suas observações tornaram-se o fundamento da teoria do século
XIX de que a célula era a unidade básica de todos os organismos vivos.
Uma vez que as células individuais tornaram-se visíveis, o cenário estava pronto
para Rudolf Virchow (1891 - 1902) esboçar a teoria celular da doença - a idéia de
que a doença resulta do funcionamento incorreto ou da morte das células corporais.
Como ocorre freqüentemente na ciência, problemas práticos levam ao entendi-
mento mais profundo da doença. Em uma interessante série de experimentos, o cien-
tista francês Louis Pasteur (1822 - 1895) isolou a bactéria responsável pela doença
do bicho-da-seda, que ameaçava a indústria da seda na França. E, após provar que
um microrganismo causava a raiva, ele desenvolveu a pri-
meira vacina eficaz contra ela. Porém, a contribuição mais
importante de Pasteur para a medicina veio em 1862, quan-
do ele sacudiu o mundo médico com diversos experimentos
meticulosos que mostravam que a vida apenas pode existir a
partir da vida já existente. Até o século XIX, os estudiosos
acreditavam na geração espontânea- a idéia de que os orga-
nismos vivos podem ser formados a partir de matéria não-
viva. Por exemplo, pensava-se que as larvas e as moscas sur-
giam automaticamente de carne podre. Para testar a hipótese
de que a vida não pode ser formada a partir da não-vida, Pasteur
em:;heu dois frascos com um líquido semelhante a mingau,
aquecendo ambos até o ponto de ebulição para matar qual-
quer organismo presente. Um dos frascos tinha a boca larga,
por onde o ar poderia fluir com facilidade. O outro frasco tam-
bém ficava aberto, mas tinha um pescoço curvo, impedindo
Lllili!l Plili>tllilf !lm Sllli llllillttiltílfill que às bactérias presentes no ar caíssem no líquido. Para sur-
O meticuloso trabalho de Pasteur, em isolar bactérias no laboratório e mostrar que presa dos céticos, nenhum crescimento ocorreu no frasco cur-
a vida apenas ocorre a partir da vida existente, abriu caminho para procedimentos vo. Entretanto, no frasco com o bico comum, micrprganismos
cirúrgicos livres de germes. © Bettmann/CORBIS contaminaram o líquido e multiplicaram-se com rapidez. Mos-
trando que uma solução genuinamente esterilizada permane-
ceria sem vida, Pasteur abriu· caminho para o desenvolvimento posterior de procedi-
mentos cirúrgicos assépticos (livre de germes). Ainda mais importante, o desafio de
Pasteur contra uma crença com 2 mil anos de idade é uma poderosa demonstração da
importância de manter a mente aberta na investigação científica.
As descobertas de Pasteur também ajudaram a moldar a teoria dos germes da
doença - que afirma que bactérias, vírus e outros microrganismos que invadem as
células do corpo fazem com que elas funcionem de maneira imprópria. A teoria dos
germes, que é um aperfeiçoamento da teoria celular, forma a base teórica da medici-
na moderna.
Após Pasteur, o conhecimento e os procedimentos médicos desenvolveram-se rapi-
damente. Em 1846, William Morton (1819 -1868), um dentista norte-americano, intro-
duziu o gás éter como anestésico. Esse grande avanço possibilitou a operação em pacien-
tes, os quais não experimentavam dor e permaneciam completamente relaxados. Cin-
qüenta anos mais tarde, o médico alemão Wilhelm Roentgen (1845 - 1943) descobriu o
raio X e, pela primeira vez, os médicos puderam observar os órgãos internos de forma
direta. Antes do final do século, os pesquisadores haviam identificado os microrganismos
que causavam uma variedade de doenças, incluindo malária, pneumonia, difteria, lepra,
PARTE 1 ~ FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA DA SAÚDE
sífilis, peste bubônica e febre tifóide. De posse dessas informações, a medicina começou modelo biomédico visão do-
a controlar doenças que haviam acossado o mundo desde a antigüidade. minante no século XX que sus-
tenta que a doença sempre tem
uma causa física
patógeno vírus, bactéria ou al-
O.século XX·e. o.iníc.io.de..u.ma..nov:aera ...•.. ·····•••······· gum outro microrganismo que
causa determinada doença
À medida que o campo da medicina continuava a avançar, durante a primeira
parte do século XX, apoiava-se cada vez mais na fisiologia e na anatomia, em vez do
estudo de pensamentos e emoções, na busca por uma compreensão mais profunda
da saúde e da doença. Assim, nascia o modelo biomédico de saúde, sustentando que
a doença sempre tem causas biológicas. Motivado pelo ímpeto das teorias celular e
dos germes, esse modelo tornou-se aceito de forma ampla durante o século XIX, e
continua a representar a visão dominante na medicina hoje em dia.
O modelo biomédico apresenta três características distintas. Em primeiro lugar,
pressupõe que a doença é o resultado de um patógeno - um vírus, uma bactéria ou
algum outro microrganismo que invade o corpo. O modelo não faz menção às variá-
veis psicológicas, sociais ou comportamentais na doença. Nesse sentido, o modelo
biomédico é reducionista, considerando que fenômenos complexos (como a saúde e
a doença) são essencialmente derivados de um único fator primário. Em segundo,
esse modelo tem como base a doutrina cartesiana do dualismo mente-corpo que, como
vimos, considera-os entidades separadas e autônomas que não interagem. Finalmen-
te, de acordo com esse padrão, a saúde nada mais é do que a ausência de doenças.
Dessa forma, aqueles que trabalham apoiados nessa perspectiva concentram-se em
investigar as causas das doenças físicas em vez daqueles fatores que promovem a
vitalidade física, psicológica e social.
Medicina psicossomática
medicina psicossomática ramo
o modelo biomédico, por intermédio de seu foco nos patógenos, avançou o trata- desatualizado da medicina con-
mento de saúde de maneira significativa. Entretanto, foi incapaz de explicar transtor- centrado no diagnóstico e trata-
nos que não apresentavam causa física observável, como aquelas descobertas .por mento de doenças físicas causa-
das por processos psicológicos
Sigmund Freud (1856- 1939), que inicialmente obteve formação como médico. As deficientes
pacientes de Freud exibiam sintomas como perda da fala, surdez e até paralisia. Um
caso particularmente intrigante envolveu uma paciente que relatou perda completa
das sensações em sua mão direita. Freud acreditava que esse mal, que ele chamou· çie
"anestesia de luva", era causado por conflitos emocionais inconscientes "convertidos"
em forma física. Freud rotulou essas doenças de transtornos de conversão, e a comuni-
dade médica viu-se forçada a aceitar uma nova categoria de doença.
A idéia de que determinadas doenças poderiam ser causadas pelos conflitos psi-
cológicos do indivíduo foi desenvolvida durante a década de 1940 pelo trabalho do
psicanalista Franz Alexander. Quando os médicos não conseguiam encontrar agentes
infecciosos ou outras causas diretas para artrite reumática, Alexander ficava intrigado
pela possibilidade de que fatores psicológicos pudessem estar envolvidos. Segundo o
seu modelo do conflito nuclear, a presença de determinados conflitos inconscientes
pode levar à presença de queixas físicas (Alexander, 1950). Ou seja, cada doença física
é o resultado de um conflito psicológico fundamental ou nuclear. Por exemplo, acredi-
tava-se que indivíduos com "personalidade reumática", que tendem a reprimir a raiva
e são incapazes de expressar as emoções, seriam propensos a desenvolver artrite. Des-
crevendo com cuidado um grande número de transtornos físicos que eram
presumivelmente causados por conflitos psicológicos, Alexander ajudou a estabelecer
a medicina psicossomática, um movimento reformista dentro da medicina, denomi-
nado em decorrência das raízes psico, que significa mente, e soma, que significa corpo.
Por definição, a medicina psicossomática diz respeito ao diagnóstico e ao tratamento
de doenças físicas supostamente causadas por processos deficientes na mente. Esse
novo campo floresceu e, logo, o periódico Psychosomatic Medicine publicou explicações
psicanalíticas para uma variedade de problemas de saúde, incluindo hipertensão, en-
xaquecas, úlceras, hipertireoidismo e asma brônquica.
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DA SAÚDE CAPÍTULO 1
estudo de caso um dos méto- A medicina psicossomática era intrigante e parecia explicar o inexplicável.
dos mais antigos de observa- Entretanto, tinha diversas fraquezas, que fizeram com que fosse desfavorecida. A
ção, em que uma pessoa é es-
mais significativa delas é o fato de que se fundamentava na teoria freudiana. À
tudada de forma profunda, na
esperança de encontrarem-se medida que a ênfase de Freud em motivações inconscientes e irracionais na forma-
princípios universais ção da personalidade perdeu popularidade, o campo da medicina psicossomática
medicina comportamental um começou a declinar. Além disso, a medicina psicossomática foi questionada pela
campo interdisciplinar que inte- categorização aparentemente arbitrária de algumas doenças como sendo de natu-
gra as ciências comportamen- reza completamente física e outra completamente psicológica. Outra crítica à me-
tais e biomédicas para promo-
dicina psicossomática era metodológica: ou seja, a pesquisa era fundamentada prin-
ver a saúde e curar doenças
cipalmente em estudos de caso de pacientes individuais, que está entre os méto-
dos mais antigos, mas menos confiáveis (ver Capítulo 2). Qualquer caso individual
pode ser atípico e, portanto, enganoso, como a base para uma teoria geral. A crítica
final é que a medicina psicossomática, como o modelo biomédico, apoiava-se no
reducionismo- nesse caso, a idéia obsoleta de que um único'problema psicológico
ou defeito de personalidade seria suficiente para desencadear a .doença. Atualmen-
te sabemos que a doença, assim como a boa saúde, baseiam-se na interação combi-
nada de fatores múltiplos, incluindo a hereditariedade, o ambiente e a formação
psicológica individual.
Embora a psicanálise de Freud e a medicina psicossomática estivessem compro-
metidas de forma crítica, elas formaram as bases para a nova apreciação das cone-
xões entre a· medicina e a psjcologia. Elas deram início à tendência contemporânea
de ver a doença e a saúde como algo multifatorial. Isso significa que muitas doenças
são causadas pela interação entre diversos fatores, em vez de uma única bactéria ou
agente viral invasor. Entre estes, estão fatores do hospedeiro (como vulnerabilidade
ou resiliência genética),fatores ambientais (como exposição a poluentes ou químicos
perigosos), fatores comportamentais Ccomo dieta, exercícios, hábito de fumar) e fato-
res psicológicos (como otimismo e "tenacidade" geral).
Medicina comportamental
etiologia estudo científico das Estudar de forma cient(fica as causas e origens de determinadas doenças, ou seja, a
causas ou origens de determi- sua etiologia. Os psicólogos da saúde estão principalmente interessados nas ori-
nadas doenças gens psicológicas, comportamentais e sociais da doença. Eles investigam por que
as pessoas se envolvem em comportamentos que comprometem a saúde, como o
hábito de fumar e o sexo inseguro.
Promover a saúde. Eles se preocupam com questões sobre como fazer as pessoas
realizarem comportamentos que promovam a saúde, como praticar exercícios re-
gularmente e comer alimentos nutritivos.
Prevenir e tratar doenças. Eles projetam programas para ajudar as pessoas a parar
de fumar, perder peso, administrar o estresse e minimizar outros fatores de risco
de uma saúde fraca. Eles também auxiliam aquelas que já estão doentes, em seus
esforços para adaptarem-se a suas doenças ou obedecerem regimes de tratamen-
to difíceis.
Promover políticas de saúde pública e o aprimoramento do sistema de saúde pública.
Os psicólogos da saúde são bastante ativos em todos os aspectos da educação
para a saúde e reúnem-se com freqüência com os líderes governamentais que
formulam políticas públicas na tentativa de melhorar os serviços de saúde para,
todos os indivíduos. ·
Uma questão natural.que surge ao se ler esses objetivos seria: "de que forma a
psicologia da saúde difere da medicina comportamental?" A resposta é "não difere
muito". A distinção entre ós dois campos sempre foi uma fonte considerável de con-
fusão. Para eliminar essa confusão, será feita referência à medicina comportamental
como o campo interdisciplinar que integra a ciência comportamental e biomédica
visando a promover a saúd~ e a tratar doenças. E, conforme explicamos no começo
do capítulo, psicologia da saúde é o subcampo da psicologia que diz respeito ao apri-
moramento da saúde e à prevenção e tratamento da doença por meio de princípios
psicológicos básfcos.
Há menos de cem anos, 15% dos bebês que nasciám nos Estados Unidos morri-
am antes de seu primeiro aniversário (Figura 1.2). Para aqueles que sobreviviam, a
expectativa de vida era de pouco mais de 50 anos. Com a melhoria dos serviços de
saúde, atualmente, mais de 90o/o dos bebês sobrevivem até pelo menos 1 ano de
PARTE I FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA DA SAÚDE
(j) 180
<W
co Há menos de cem anos, 15% dos bebês que nasciam nos Estados Unidos
~ 160 morriam antes de seu primeiro aniversário. Para aqueles que sobreviviam, a
g expectativa de vida era de pouco mais de 50 anos. Com a melhoria dos
~ 140 serviços de saúde, atualmente, mais de 90% dos recém-nascidos sobrevi-
cr: vem até pelo menos 1 ano de idade.
~ 120 Fontes: Historical Stafisfics of the United States: Colonial Times to 1970, de U.S. Bureau
(J) of the Census, 1975, Washington, DC: U.S. Government Printing Office p. 60; 'Deaths:
w Final Data for 1998', de S. L. Murphy, 2000, National Vital Statisfics Reports, 48 (11),
li: 100 Tabela 27.
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ANO
idade. Além disso, a expectativa média de vida- o número de anos que o recém-
nascido provavelmente viverá- aumentou em mais de 20 anos. Nos Estados Unidos,
em 1999, a expectativa média de vida era de 79,7 anos para as mulheres e 73,8 anos
expectativa média de vida nú-
para os homens (OMS, 2000). Apesar dessas notícias encorajadoras, as desigualda-
mero de anos que é provável
des em expectativa de vida persistem nos países, assim como ao redor do mundo e que um bebê recém-_nascido
estão bastante associadas à classe socioeconômica, mesmo em países com um bom viva
padrão médio de saúde (OMS, 2000).
Com as pessoas vivendo mais, existe maior consciência pública das questões
relacionadas com a saúde, a qual foi redefinida em termos mais amplos e positivos.
Essa nova definição, que enfatiza a vitalidade física, psicológica e social para a vida
toda, estabelece um papel claro para a psicologia no tratamento de saúde.
Tabela 1
i!lS -~ ~~~0..~3~~ C~@ t!i'BO:"t~§ ;;::~~ E&'1@ç:}(::y~ i,~~~1:J:::~©~ ~~~~ 4 EJ;:'}J ª ~ 9)~8\
1900
importante observar que aqueles de nós que vivem em países desenvolvidos, como
os Estados Unidos, são beneficiados com um ambiente bastante privilegiado de
cuidado à saúde. Na maioria dos países em desenvolvimento, atualmente, doenças
infecciosas como a tuberculose e a pneumonia permanecem sendo as principais
causas de morte.
As principais causas de morte em países desenvolvidos diferem hoje em dia das
verificadas no começo do século XX de duas formas importantes. Em primeiro lugar,
ao contrário da pneumonia, difteria e outras doenças às quais nossos antepassados
.sucumbiam com freqüência, o câncer, o AVC e as doenças cardíacas não resultam de
infecções virais ou bacterianas. Elas são "doenças do estilo de vida" que podem ser
amplamente prevenidas, mas cujas causas não são facilmente identificáveis. Em 1998,
por exemplo, mais de um milhão das mortes listadas na Tahela 1.1 tinha causas
evitáveis, conforme explicado na Tabela 1.2.
Considere duas doenças relacionadas com o estilo de vida: a doença cardíaca e
o câncer. O risco que um indivíduo corre de ter doenças cardíacas ou câncer de
pulmão, na garganta ou na bexiga é aumentado amplamente p_elo h_ábito de fumar
· cigarros, levar vida sedentária e consumir dieta com teor elevado de gordura. Cada
·um desses comportamentos está enraizado, em níveis variados, em fatores psicológi-
cos e sociais. Abster-se de fumar, manter um programa de exercíciós e modificar a
dieta requer grande comprometimento psicqlógico, que envolve mopificar atitudes e
hábitos antigos.
Tabela 1.2
>'f 7~, 3 ~ -"r-? ";.; ~-?:3""'•;;=s-
Doença cardíaca 500.000 Cirurgia de ponte de safena 30.000 Fumar, falta de exercícios, dieta deficiente
Câncer 510.000 Radioterapia/quimioterapia 29.000 Fumar, falta de exercícios, dieta deficiente
AVC 150.000 Reabilitação .22.000 Fumar, falta de exercícios, dieta deficiente
Lesões 142.500 Tratamento/reabilitação 570.000 Consumo de álcool, falta do cinto de
segurança
Baixo peso natal 23.000 Cuidado neonatal 10.000 Comportamentos maternos
Infecção com HIV 1 - 1 ,5 milhão Farmacologia 75.000 Atividade sexual de risco, uso de agulhas
contaminadas
Fonte: Healthy People 2000: National health promotion and disease prevention objectives. DHHS Publication No. (PHS) 91-50212, do U.S. Department of Health
and Human Services (USDHHS), 1991, Washington, DC: U.S. Government Printing Office.
PARTE l I FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA DA SAÚDE
Bep.ensando,,a,,modeio,Fbiom.édi.o.o,, ·''"~ii"·"'"+"''''wJmiilii#$111c+~'iAiii,0!1R;sillixc<ts0fwd'!;ii:ox''''''='~0f~J!'i'''''lweii\stliW!lf'ii!2::l
Aumento,,dos.:oustos,do.:atendimento,,em .,saúde''"''' ...,.,,-', ,,, '···· ''''"'''''' ·;;.:;"'' ' ' 'v;!wcw·,,-;;,;'!!,,,,,,
O último fator que ajudou a moldar a psicologia da saúde foi o rápido aumento
nos custos dos serviços de saúde. Em 1980, o custo anual dos serviços de saúde nos
Estados Unidos foi de 156 bilhões de dólares, ou aproximadamente de mil dólares
por pessoa. Atualmente, esses custos consomem mais de 13% do produto interno
bruto (1,5 trilhão de dólares), ou mais de 3.900 dólares para cada homem, mulher e
criança (Figura 1.3).
Esses números ajudaram a focar a atenção na eficácia do custo para promover
e manter a saúde. A ênfase da psicologia da saúde em modificar os comportamen-
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DA SAÚDE CAPÍTULO 1
Figura
4.500 SI!IÍIIII lllliillls illll1!lli!l a 2000
De cada dólar gasto em Em 1980, o custo anual dos serviços de saúde foi de 156 bilhões de dóla-
4.000 serviços de saúde nos Estados res. Em 1995, esse número havia crescido para mais de 989 bilhões de
Unidos, 35 centavos vão para
~ os hospitais, 20 centavos para
dólares. Em 2000, os custos com a saúde consumiram 13,4% do produto
o: 3.500
os médicos, 9 centavos para
interno bruto dos Estados Unidos. Embora o sistema de saúde norte-ameri·
0a: 3.000 remédios, 8 centavos para
cano gaste uma porção maior de seu produto interno bruto com a saúde do
tratamento em casa e os 28 que qualquer outro país, ele ocupa apenas a trigésima sétima posição em
UJ~
Q_(/)
centavos restantes para 191 países que são membros da Organização Mundial da Saúde, no que
w ~ 2.500 tratamentos pessoais e outros diz respeito ao seu desempenho geral.
O<(
·:::>...J custos diversos. Fonte: Health, United States, 2000, de U.S. Department o! Health and Human Services,
<(-()
(JJO 2.000 2000, Washington, DC: U.S. Government Printing Office, p. 321.
~~
8~ 1.500
(/)
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1- 1.000
(/)
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Cl 500
o
1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000
ANO
tos de risco das pessoas, antes que eles causem doenças, tem o potencial de reduzir
custos com a saúde de forma expressiva (Kaplan,. 2000). Por exemplo, a cada ano,
surgem aproximadamente um milhão de casos novos de câncer e ocorrem aproxi-
madamente 500 mil mortes relacionadas com ele. Muitas formas de câncer são
evitáveis, reduzindo ou eliminando o hábito de· fumar ou aumentando o uso de
testes diagnósticos.
Rerspectbt:a,fjbiopsicos,S0C:ialww(meote,~corpo~w:wrD!I,!'JiP"<iD:10Zi'*fi'"*x&c:ct!l!l!i.~l!il3*i7,Tl/i4k'>jl.mwsf!m:CT;;7mww~.:;wl.;zc"'fF' i
Segundo nos conta a história, procurar um fator causal produz uma imagem perspectiva biopsicossocial
incompleta da saúde e da doença de uma pessoa, portanto, os psicólogos da saúde (mente-corpo) ponto de vista
trabalham a partir da perspectiva biopsicossocial (mente-corpo). Conforme mos- segundo o qual a saúde e ou-
tros comportamentos são de-
trado na Figura 1.4, essa perspectiva reconhece que forças biológicas, psicológicas e
terminados pela interação de
sociais agem em conjunto para determinar a saúde e a vulnerabilidade do indiví- mecanismos biológicos, pro-
duo à doença; ou seja, a saúde e a doença devem ser explicadas em relação a cessos psicológicos e influên-
contextos múltiplos. cias sociais
O contexto biológico
Essa relação, contudo, é recíproca: ataques de raiva também podem levar a níveis
elevados de testosterona. Uma das tarefas da psicologia da saúde é explicar como (e
por que) essa influência mútua entre biologia e comportamento ocorre.
O contexto psicológico
O contexto social
Considere o contexto social em que uma doença crônica, como o câncer, ocorre.
Um cônjuge, outra pessoa afetivamente significativa ou um amigo íntimo, proporcio-
nam importante apoio social para muitos pacientes de câncer. Mulheres e homens
que se sentem socialmente conectados a uma rede de amigos afetuosos têm menor
probabilidade de morrer de qualquer forma de câncer do que seus correlatos que
sejam isolados socialmente (ver Capítulo 10). O fato de sentir-se amparado por ou-
tras pessoas serve como proteção, que mitiga o resultado de hormônios que causam
estresse e mantém as defesas do corpo fortes durante situações traumáticas. Pode
também promover melhores hábitos de saúde, check-ups regulares e exames para
sintomas preocupantes - tudo isso tende a melhorar as chances de sobrevivência de
uma vítima do câncer.
Apesar da validade dessas influências sociais, lembre-se de que seria enganoso
concentrar-se exclusivamente neste, ou em qualquer outro contexto, de forma isola-
da .. O comportamento saudável não é a conseqüência automática de determinado
contexto social. Por exemplo, embora, como grupo, os pacientes de câncer que são
casados tenham tendência a sobreviver por mais tempo do que pessoas que não são
casadas, casamentos infelizes e destrutivos não oferecem benefício algum nesse sen-
tido e podem estar ligados a resultados ainda piores para a saúde.
"Sistemas" biopsicossociais
QJ"l,Qfit,l{iitQFa!flÇtQl,,Q~ssPâiG.PJ.Q,QQ,~~ª~ª,y~~~\O?JilliJ!'SJ'®i:.t®:'Dl'>JIHilztvg;n,1l@liJJfJiD?c?·'%'"0!t;i'''fS'WiliDJ>iilLítPiPii±!J1\IfrJEh
'N. de R.T.: No Brasil, a formação do psicólogo, no nível da graduação, é generalista e tem cinco
anos de duração. Seu término permite o ingresso do profissional no mercado de trabalho. Muitas
faculdades oferecem disciplinas nas áreas de saúde, embora a mais comum seja a psicologia hospi-
talar. Há cursos de pós-graduação lato e stricto senso em psicologia hospitalar, saúde pública, saúde
coletiva, psicologia da saúde, entre outros. O Conselho Federal de Psicologia confere o muito con-
trovertido título de Especialista em Psicologia Hospitalar, segundo critérios definidos pelo CFP,
acessáveis pelo website http://www.pol.org.br.
PARTE I i FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA DA SAÚDE
~ ..
~~~--~~~==~
Saúde e psicologia da saúde pesquisa médica, fundamentada no estudo científico
1. Saúde é um estado de completo bem-estar físico, men- do corpo.
tal e social. A psicologia d~ saúde preocupa-se com os 6. Avanços em mensuração e microscopia levaram a di-
aspectos psicológicos da saúde no decorrer da vida versos modelos novos da doença. Com base em seus
de um indivíduo. Seus objetivos específicos são pro- achados, obtidos em autópsias humanas, Morgagni
mover a saúde, prevenir e tratar doenças, investigar o promoveu a idéia de que as causas de muitas doenças
papel de fatores comportamentais e sociais na doen- estão em problemas nos órgãos internos e nos sistemas
ça e avaliar e aperfeiçoar a formulação de políticas e muscular e esquelético do corpo (teoria anatômica). A
serviços de saúde pÇJ.ra todas as pessoas. teoria celular da doença sugeria que a doença ocorria
2. A definição de saúde confirma que ela é um estado quando as células do corpo funcionavam de maneira
positivo e multidimensional, que envolve três domí- inadequada ou morriam. Louis Pasteur descobriu que
nios: saúde física, saúde psicológica e saúde social. as bactérias freqüentemente faziam com que as células
Os domínios não são ·independentes, mas influenciam funcionassem de maneira inadequada, dando início à
uns aos outros. teoria dos germes da doença.
7. A visão dominante na medicina moderna é o modelo
Saúde e doença: lições aprendidas biomédico, que supõe que a doença seja o resultado
3. Nas mais antigas culturas coriliecidas, acreditava-se que de um vírus, bactéria ou algum elemento patogênico
a doença resultava de forças místicas e espíritos malig- que invade o corpo. Como não faz nenhuma menção
nos que invadiam o corpo. A teoria humoral de a fatores psicológicos, sociais ou comportamentais na
Hipócrates foi a primeira teoria racional da doença, na doença, o modelo adota o reducionismo e o dualismo
qual a saúde do corpo e da inente resultava do equilíbrio mente-corpo.
entre quatro fluidos corporais chamados de humores. 8. Em seu tratamento de pacientes que sofriam de doenças
Galeno expandiu a teoria humoral da doença, desen- biologicamente impossíveis, como a "anestesia de luva",
volvendo um elaborado sistema de farmacologia que Sigmund Freud introduziu a idéia de que determinadas
os médicos adotaram por quase 1.500 anos. doenças poderiam ser causadas por conflitos inconscien-
4. Sob a influência da igreja medieval, a medicina avan- tes. As visões de Freud foram expandidas para o campo
çou pouco durante a Idade Média. Os estudos cientí- da medicina psicossomática, que diz respeito ao trata-
ficos do corpo (especialmente a dissecação) eram proi- mento e diagnóstico de transtornos causados por pro-
bidos e as idéias a respeito da saúde e da doença ti- cessos deficientes na mente. Entretanto, a medicina
nham implicações religiosas. A doença era considera- psicossomática deixou de ser favorecida, porque baseava-
da uma punição de Deus por alguma malfeitoria, e o se na teoria psicanalítica; era arbitrária ao considerar cer-
tratamento freqüentemente envolvia tortura física. tas doenças como sendo físicas e outras como psicológi-
5. O filósofo francês René Descartes desenvolveu sua te- cas; apoiava-se no método, às vezes errôneo, do estudo de
oria do dualismo mente-corpo - a crença de que a caso; e postulava a idéia obsoleta de que um único proble-
mente e o corpo são processos autônomos, cada qual ma é suficiente para desencadear uma doença.
sujeito a diferentes leis de causalidade. A influência 9. Como conseqüência do Behaviorismo na psicologia
de Descartes abriu caminho para uma nova era na norte-americana, a medicina comportamental explo-
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DA SAÚDE CAPÍTULO 1
-------
PARTE 1 I FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA DA SAÚDE
Endereço Descrição
http://webl.ea.pvt.kl2.pa.us/medant/ Leia ensaios sobre a história da medicina na Roma e na Grécia antigas e
siga os links para numerosos recursos sobre a história da medicina.
http://www.health-psych.org A divisão 38 (psicologia da saúde) da American Psychological Association
http://freud.apa.org/ divisions/ div38/ CAPA) é um bom lugar para começar sua busca pela resposta para qual-
quer questão relacionada com psicologia e saúde.
http://socbehmed.org/sbm/sbm.htm A Society of Behavioral Medicine é um recurso interdisciplinar sobre saú-
de e doença.
http://www.cdc.org Os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) proporcionam in-
formações públicas sobre doenças infecciosas.
http://www.chid.nih.gov O CHID (Combined Health Information Database) é um banco de dados
bibliográficos produzido pelo National Institutes of Health; além disso, é
um mecanismo de busca pequeno e simples que organiza artigos em qua-
se todos os temas relacionados à saúde.
http://noah.-health.org · Mantido pela City University of New York, este incrível site bilíngüe (to-
das as informações estão disponíveis em inglês e espanhol) oferece atua-
lizações freqüentes e links para boletins de saúde.
http://is.dal.ca/-hlthpsyc/hlthhome.htm A seção de psicologia da saúde da Canadian Psychological Association
proporciona informações e links sobre inúmeros temas relacionados com
a psicologia da saúde.
Outra abordagem é consultar um site com uma boa deve ser muito cauteloso. Em alguns casos, universida-
reputação comercial e não-comercial diretamente. Amai- des, agências federais de saúde e outras organizações
oria deles possui uma seção de notícias, uma biblioteca científicas proporcionam informações relacionadas com
com livros de referência, questões freqüentes (FAQs), ar- a saúde para o público em geral sem citar a referência
tigos de saúde e uma seção "pergunte ao especialista". completa do estudo em que as informações se basei-
Entre os melhores estão webmd.com, mayohealth.org, am. A credibilidade da organização como uma fonte
medscape.com, mediconsult.com e drkoop.com. Entre os genuína, contudo, obviamente permite que você consi-
sites mais confiáveis para pesquisas sobre questões de saú- dere as informações confiáveis. Além disso, mesmo
de estão páginas mantidas por fundações importantes, como quando essas organizações não apresentam as referên-
a American Cancer Society (www.cancer.org), a American cias completas, elas quase sempre indicam um link para
Heart Association (www.americanheart.org), American Di- a fonte original ou explicam como solicitar uma cita-
abetes Association Cwww.diabetes.org) e a Arthritis National ção completa.
Research Foudation (www.curearthritis.org).
Exercício: encontre pelo menos dois websites que apresen-
A internet é uma fonte enorme - mas que deve ser
tem informações conflitantes para determinado tratamento
usada com cautela, pois qualquer um pode publicar infor-
de saúde - digamos, por exemplo, o uso da erva-de-são-
mações nela, e é especialmente importante que você refli-
joão para melhorar a memória ou acupuntura para aliviar
ta de forma crítica sobre aquilo que encontrar. Entre essas
a dor. Então, responda às questões a seguir. (Dica: dois
habilidades está observar de forma cuidadosa, fazer per-
sites que você pode consultar como ponto de partida são
guntas, procurar conexões entre idéias e analisar informa-
www.herbs.org, que se orgulha de ter uma biblioteca de
ções e evidências em que elas. se fundamentam. Aqui es-
150 mil artigos e www.seanet.com/ ~vettf/Primer.htm, do
tão algumas dicas.
National Council on Reliable Health.Information.)
Não acredite em tudo o que encontrar na internet. Seja
1. Qual tratamento de saúde você decidiu pesquisar?
especialmente cauteloso com informações publicadas
Por quê?
em websites por companhias que estão tentando ven-
2. Quais websites você visitou? Como os encontrou?
der produtos relacionados com a saúde. Seja cuidado-
3. Que agências ou grupos mantêm os websites? Eles
so e considere que suas afirmações são apenas propa-
são autoridades confiáveis? Como você sabe?
ganda. ·
4. Quais afirmações em favor da saúde são feitas para o
Avalie suas fontes de infórmação. As fontes mais
produto ou tratamento em cada website? Que evi-
confiáveis são jornais científicos, escolas de medicina,
dências são apresentadas par"!- fundamentar essas afir-
universidades, agências govérnamentais como os Natio-
mações? As evidências são confiáveis?
nal Institutes of Health (NIH) e organizações de saúde
S. Suponhamos que um amigo ou parente pergunte se
importantes como a OMS, a American Medicai Associa-
eles deveriam experimentar o produto ou tratamen-
tion (AMA) e a American Heart Association (AHA). Es-
to. Como você responderia?·.
ses sites são confiáveis porque as informações que for-
necem estão sujeitas às regras e aos procedimentos do
método científico. Ou seja, às publicações geralmente
são cuidadosamente avaliadas por diversas autorida- NOTAS
des com reputaçãb no meio científico.
Assegure-se de que as informações publicadas estão ftm- 1. Observe que· as principais causas de morte na década de
damentadas em referências confiáveis. Os cientistas não 1990 não foram doenças novas; elas já estavam presentes
são persuadidos por opiniõe~; eles apóiam seus argu- em épocas anteriores, mas menos pessoas morriam por causa
mentos em referências à pesquisa empírica. Se um delas ou elas eram confundidas c0m oÚtras causas.
website alega que determinada medicação, dieta ou 2. Alguns dos mecanismos de busca rriais poderosos são aque-
les oferecidos pela Yahoo, Infoseek, Microsoft Network,
produto reduz a incidência de certa doença ou condi-
Excite e Alta Vista, todos os quais possuem categorias de
ção, ele deve fornecer a citação de um jornal ou perió- saúde elaboradas, como mecanismos de busca, links, bate-
dico em que o estudo tenha sido publicado; os nomes papo e quadros de avisos. Use a categoria "saúde" para lo-
dos autores, o ano, o volume e os números das páginas calizar informações sobre quase todos os aspectos da saú-
do artigo. Se esses dados não forem fornecidos, não há de, doença e medicina.
maneira de verificar a exatidão das informações e você