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RESUMO
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* Este artigo constitui-se no Trabalho de Conclusão de Curso da Pós-graduação lato sensu em Educação
Ambiental, cursada no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Fluminense, campus Campos Centro,
nos anos de 2016/2017, desenvolvido sob a orientação da Profạ Me.Tatiana Almeida Machado e co-orientação do
Profº Dsc. Luis Felipe Umbelino dos Santos.
** Licenciada em Geografia pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense e Bacharelada
em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense. E-mail: lianafernandes1@hotmail.com.
*** Licenciada em Letras pelo Centro Universitário Fluminense e Licenciada em História pela Universidade
Salgado de Oliveira. E-mail: lu_tise@hotmail.com.
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ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO
A luta pela garantia dos direitos quilombolas é histórica e política. No Brasil a questão
quilombola esteve presente, do ponto de vista legal, tanto no regime colonial como no imperial
de forma significativa. Desde o século XVI, o Brasil utilizou mão-de-obra escrava negra na
atividade agrícola e principalmente para o cultivo de cana-de-açúcar. E no município de
Campos dos Goytacazes não foi diferente. Como a cana-de-açúcar era a base da economia
campista, a utilização de escravos era muito acentuada, porém houveram resistências negras e
rebeldias e consequentemente fugas individuais e em massa principalmente por conta do
trabalho forçado e dos maus tratos exercidos pelos feitores.
Os negros que reagiam à escravidão e que conseguiam fugir, se refugiavam em locais
bem escondidos no meio das matas e se aglomeravam criando comunidades chamadas
quilombos. Nestas comunidades, eles viviam de acordo com sua cultura africana, plantando e
produzindo em comunidade. Estimativas indicam que no território brasileiro existem cerca de
três mil comunidades quilombolas distribuídas pelos Estados da Federação, embora menos da
metade esteja catalogada (BRASIL, 2004a).
Homens e mulheres negros vêm lutando há séculos e viram no período de pós abolição
o fortalecimento pelos direitos. A batalha pelos direitos quilombolas se somou às lutas da
população negra de modo geral, sendo uma forte bandeira dos movimentos negros organizados
durante os séculos XX e XXI.
Foi então com a Constituição de 1988 que as comunidades quilombolas passaram a ter
o direito ao reconhecimento de suas terras, é o que expressa o artigo 68 no Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988 que prevê: “Aos remanescentes
das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade
definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.”
Em nossa região, a comunidade quilombola de Conceição do Imbé, é composta por
descendentes de escravos que trabalhavam nas fazendas de café e cana de açúcar e após a
abolição da escravidão em 1888, eles continuaram trabalhando nas fazendas, mas agora na
condição de assalariados.
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http://www.palmares.gov.br/wp-content/uploads/2017/06/CERTIDÕES-EXPEDIDAS-ÀS-COMUNIDADES-
REMANESCENTES-DE-QUILOMBOS-12-06-2017.pdf
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2 DESENVOLVIMENTO
No Brasil a escravidão teve início na primeira metade do século XVI, com a produção
do açúcar. Os portugueses traziam homens e mulheres negros de suas colônias na África e
quando chegavam no Brasil eram vendidos iguais objetos para os senhores. O transporte era
feito em navios, com os escravos colocados em seus porões, chamados negreiros (tumbeiros).
Eram transportados em condições subumanas e amontoados nos porões. Muitos morriam na
própria viagem, e tinham seus corpos jogados ao mar.
Foi no Brasil que a escravidão colonial alcançou o seu mais alto nível de
desenvolvimento. Na América, fomos uma das primeiras nações a conhecer o
escravismo e a última a aboli-lo. Dois terços de nosso passado transcorreram sob o
marco da instituição negreira. O Brasil foi a nação americana que importou o maior
número de africanos escravizados. Nossa economia escravista produziu a mais rica
gama de mercadorias coloniais com a mão-de-obra servil: pau-brasil, açúcar, arroz,
café, ouro, fumo, charque, etc. Praticamente não houve região do território nacional
que não tenha sido tocada pela escravidão. Os negros feitorizados foram empregados
em infindáveis tarefas e trabalhos, urbanos e rurais. (MAESTRI, 1993, p. 19)
Vieram muitos escravos africanos para o Brasil para trabalhar nas lavouras dos senhores,
no trabalho nos latifúndios de cana de açúcar, nas minas de ouro e diamantes, nas fazendas de
café ou mesmo no trabalho doméstico havendo então a exploração da força de trabalho tanto
de homens quanto de mulheres africanas.
O negro era o principal pilar nos mais variados aspectos da vida econômica do Brasil
colonial - produção açucareira, mineração, atividades urbanas, etc. (MAESTRI, 1993,
p.28)
A rotina de trabalho desses escravos era árdua e muita das vezes chegava a dezesseis
horas diárias de trabalho.
Algumas das considerações que levaram os escravos a rebelião contra seus senhores,
e as tentativas de fugas em massa, está com certeza, a maneira como o negro era
tratado, tendo que trabalhar de quatorze a dezesseis horas por dia, normalmente mal
alimentado e ainda sendo torturado por qualquer ato de insubordinação. Existiam
senhores que empregavam pessoas com a especialidade de torturar selvagemente os
negros. Por esse e muitos outros motivos é que surgiu no Brasil uma grande
quantidade de Quilombos. (CORDEIRO, 2009, p. 98-99)
A partir do século XIX, alguns poucos escravos conseguiam comprar a sua liberdade,
comprando a carta de alforria, com o pouco que juntavam em toda a vida. Mas mesmo livres
sofriam com o preconceito, não tendo oportunidades na sociedade.
A formação de grupos de escravos fugitivos se deu em toda parte do Novo Mundo onde
houve escravidão. No Brasil estes grupos foram chamados de quilombos ou mocambos, os
quais às vezes conseguiram congregar centenas e até milhares de pessoas (REIS, 1996).
A Fundação Cultural Palmares, já certificou até junho de 2017 2 mais de 2.600
comunidades espalhadas por todo o território brasileiro. Só no estado do Rio de Janeiro temos
37 comunidades reconhecidas e no município de Campos dos Goytacazes/ RJ temos 4 (quatro),
são elas: Aleluia, Batatal, Cambucá e Conceição do Imbé. A Fundação, identificou que
Conceição de Imbé se tratava de uma Comunidade Quilombola, recebendo a Carta de Auto
Reconhecimento em 2005.
Em nossa região, a comunidade quilombola de Conceição do Imbé, é composta por
descendentes de escravos que trabalhavam nas fazendas de café e cana de açúcar e após a
abolição da escravidão em 1888, eles continuaram trabalhando nas fazendas, mas agora na
condição de assalariados. “Falar dos quilombos e dos quilombolas no cenário político atual é,
portanto, falar de uma luta política e, consequentemente, uma reflexão científica em processo
de construção” (LEITE, 2000, p.333).
A sociedade brasileira atual ainda traz as marcas do escravismo, quer seja, por meio do
preconceito ou mesmo da exclusão social. Ainda não se vive em uma real democracia racial,
pois mesmo após a abolição, nota-se que o negro não consegue, na maioria das vezes, ocupar
um lugar de destaque na sociedade.
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http://www.palmares.gov.br/?page_id=37551. Acesso em 11 de julho de 2017.
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Em 1977, na cidade de Tbilisi, antiga URSS, ocorreu o mais importante evento internacional em favor da
educação ambiental até então já realizado, organizada pela UNESCO. Foi a assim chamada “Primeira Conferência
Intergovernamental sobre Educação Ambiental”, que foi responsável pela elaboração de princípios, estratégias e
ações orientadoras em educação ambiental que são adotados até a atualidade.
http://www.meioambiente.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=72. Acesso em 11 de julho de
2017.
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3 METODOLOGIA
crítica da realidade social que recusa a simples fatualidade, considerando que a realidade é
construção social da qual o investigador participa, podendo ser articulado aos dados estatísticos.
Esta pesquisa utilizou como ferramenta de coleta de dados uma entrevista
semiestruturada com perguntas abertas e fechadas, para que pudéssemos analisar a concepção
da comunidade em respeito às questões ambientais e de sustentabilidade. Uma parte da
entrevista apresentará às várias opções de respostas dos entrevistados e a outra opinião própria
do sujeito da pesquisa com base em sua vivência. Entende-se, assim, que é importante para uma
abordagem mais rica a junção de ambas.
A pesquisa ocorreu da seguinte maneira: a visita na comunidade foi realizada durante
todo o dia 05 de outubro de 2017, ao chegarmos lá pedimos autorização do Presidente da
Associação de Moradores da comunidade e explicamos a ele o que seria realizado na
comunidade. Em seguida entrevistamos dez moradores da comunidade em pontos distintos
como na casa do presidente da associação, posto de saúde e escola municipal.
Ao final da aplicação dessas entrevistas, os dados foram analisados e tabulados para que
assim fossem melhor analisados os resultados da pesquisa. Além disso, foi realizada uma
análise crítica dos resultados obtidos, articulando esses resultados com as informações
adquiridas por meio da revisão bibliográfica.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A apresentação dos resultados a seguir tem como base a análise dos questionários
respondidos pelos moradores da comunidade. Responderam ao questionário dez moradores da
comunidade.
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Faixa Etária
60 anos em diante
51 a 60 anos
41 a 50 anos
31 a 40 anos
21 a 30 anos
11 a 20 anos
0 1 2 3 4 5
Faixa Etária
Grau de Instrução
Grau de Instrução
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Com relação ao destino do lixo, demonstrado na figura 2, 70% separa para a coleta
seletiva que é realizada duas vezes na semana e 30% acaba queimando todo o seu lixo pois o
caminhão que realiza a coleta seletiva passa distante de suas residências. De maneira geral, as
respostas fornecidas pelos moradores, demonstram um certo conhecimento acerca das questões
ambientais, bem como das práticas ambientalmente adequadas. Apenas por conta do difícil
acesso da coleta seletiva é que esses moradores acabam queimando os seus resíduos.
Quando foram perguntados se achavam importante a preservação ambiental, 100%
considera importante. Sobre a existência de problemas ambientais na comunidade, 100% acha
que não existe, que o local ainda é uma área preservada.
Mas foi constatada na Comunidade Quilombola de Conceição do Imbé a existência de
alguns problemas de degradação ambiental como é o caso das queimadas que acabam
provocando a alteração dos ecossistemas, impactando na fauna, na circulação de águas
superficiais e subterrâneas, nas condições de temperatura e umidade e a poluição de águas e
solos, consequência da destinação inadequada de resíduos domésticos, que muitas vezes são
depositados no entorno ou é realizado a queima desses resíduos. Pois apesar de haver a coleta
seletiva a cada duas semanas na Comunidade, algumas residências ficam no alto dos morros
onde o caminhão da coleta não chega. Verificou-se que apesar do baixo nível de escolaridade,
eles possuem uma boa noção de meio ambiente tal como a importância de sua preservação.
Porém é possível melhorar o entorno a partir de práticas adequadas em relação ao lixo
doméstico produzido na comunidade, tais como, separação dos resíduos. A adoção de medidas
adequadas para a destinação do lixo doméstico resultará na melhoria do entorno e, por
conseguinte, na qualidade de vida e saúde dos moradores.
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Já na pergunta sobre qual ação que fazem para proteger o meio ambiente no dia a dia,
obteve-se várias respostas como: separar o lixo doméstico, evitar queimadas, não jogar produtos
tóxicos no solo e nas nascentes e economizar água. De maneira geral, as respostas fornecidas
pelos moradores aos questionamentos, demonstram certo conhecimento acerca das questões
ambientais, bem como das práticas ambientais adequadas.
Não 2
Sim 8
0 2 4 6 8 10
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CORDEIRO, Hélvio Gomes. Carukango – O príncipe dos escravos. Campos dos Goytacazes,
RJ. Grafimar, 2009. 130p.
REIS, João José. "Quilombos e revoltas escravas no Brasil". Revista USP. Dossiê Povo
Negro — 300 anos. nº 28, dez. 1995-fev. 1996, p.16.