Você está na página 1de 3

YIN E YANG NAS DINÂMICAS DOS RELACIONAMENTOS AMOROSOS

Por Felipe Salles Xavier*

Do ponto de vista junguiano os conceitos Yin e Yang da filosofia oriental expressam


valores do simbolismo de nossa psique, ilustram o funcionamento psicológico que
deriva do conflito entre opostos na estrutura de nossa mente. Na filosofia chinesa
eles caracterizam polaridades de diversos opostos, bem versus mal, masculino
versus feminino, racional versus emocional, consciente versus inconsciente, entre
tantos outros.

De acordo com essa forma de pensamento tudo o que existe no universo deriva
desse conflito de opostos, mas o conflito não é negativo, é unificador, tornando-se é
uma tentativa de combinar equilibradamente as partes do Yin e Yang. Desse ponto
de vista, nada é apenas um aspecto e se o é, se torna doentio. O ideal é utilizar
todos os opostos para vivenciarmos diversas habilidades humanas.

Em seu livro Ponto de Mutação, o físico austríaco Fritjof Capra reuni conceitos da
prática oriental com a física quântica e definiu certas característica. Yin é a
capacidade de energia receptiva, cooperativa, solidária, emocional, ou seja, é a
capacidade feminina da psique. Já Yang é a capacidade externa, agressiva,
expansiva, competitiva, ação e mostra o lado mais animal e masculino do ser
humano.

Na visão junguiana essas características ilustram Animus e Anima. Todo arquétipo


tem sua base na experiência biológica humana. Nós somos gerados da parceria que
existem entre o homem e a mulher, para existirmos precisamos do espermatozóide
masculino e do ventre feminino. Assim recebemos cargas genéticas de ambos os
sexos. Nossa existência se da na junção de questões básicas do DNA, somos
formados a partir de 23 cromossomos masculinos e 23 femininos, totalizando 46
cromossomos numa célula chamada zigoto, dessa unificação nascem os seres
humanos.
Os hormônios masculinos que habitam a alma feminina são a testosterona e o
andrógeno, eles fazem parte da musculatura, ajudam a regular o sistema reprodutor
e auxiliam que o processo da gravidez aconteça saudavelmente. No homem os
hormônios femininos são a progesterona e o estrogênio, o que da ao homem
auxiliam no processo energético, na massa corporal e gordura corporal.
Biologicamente um habita o corpo do outro. E por termos estas bases genéticas e
biológicas, herdamos também a estrutura psíquica.

Enfim, Animus é o arquétipo que organiza as experiências do masculino, todos os


homens já são animus, pois biologicamente identificam-se através do corpo com
esse arquétipo. A Anima é o arquétipo responsável pelo feminino, as mulheres ao
nascerem já se identificam com essa imagem. Entretanto podem ocorrer exceções
que causam disfunções psicológicas em nossas estruturas.

Mas, esses arquétipos vivem enquanto realidades psicológicas nos seus opostos.
Todo homem possui dentro de si uma imagem do feminino, da mulher, da mãe e isso
é a sua Anima, ela ensina ao homem a entrar em contato com seus lados subjetivos.
E o mesmo ocorre com a mulher mas sua figura interna é o Animus que é o
masculino, o homem, o pai e auxiliando o contato com o lado físico e real.

Nas pessoas com um desequilíbrio entre essas funções, não existe um meio termo,
ou se vivencia o lado Yin (Anima) ou o lado Yang (Animus). Isso ocorre pelo fato já
dito acima, os complexos materno e paterno, por causa da inversão de papeis
familiares há também um erro na percepção do feminino e masculino das mulheres.

Exemplos são as mulheres que procuram homens mais velhos para se envolverem
afetivamente, a nível inconsciente procuram um pai que cuide delas, e eles com a
energia do complexo paterno negativo atuando acabam sendo esta imagem
psíquica. Ou então, as mulheres que se envolvem com homens que procuram mães,
elas dominam esses homens, os sufocam, tratando-os como crianças, isso porque a
nível inconsciente procuram ser mães dos parceiros.

Há também o perfil de mulheres que valorizam demais o corpo e o sexo como se


fosse à única coisa que tem a oferecer, isso é patológico, pois a própria mulher
desconhece o feminino, e muitas dessas mulheres podem exercer o complexo
materno negativo, traindo ou escolhendo homens que as traiam e as desvalorizem.

Já nos homens, eles podem ser homens indecisos, às vezes preferem interromper o
relacionamento, tendo medo de se machucarem emocionalmente, sendo assim,
trocam rapidamente de parceiras, sempre buscando relacionamentos seguidamente,
se envolvendo apenas sexualmente, entretanto, isso é uma forma de defesa ao
amor, pois inconscientemente tem a idéia de que não são bons para receberem isso.

Ou ainda, podem ser possuídos pelo complexo materno negativo, invocando a


imagem arquetípicas do Don Juan, estes geralmente seguem assim procurando uma
mãe-deusa, uma mulher perfeita que os faça apaixonar fortemente. Isso tudo é uma
dinâmica inconsciente para os homens que são acometidos por esta imagem, eles
não percebem que estão sendo manipulados por forças interiores, e além do mais,
existe também uma cultura brasileira que reforça esse comportamento com diversos
estímulos ambientais, fazendo as pessoas acreditarem que isso é ser homem.

*Felipe Salles Xavier, Integrante do projeto Papeando Com a Psicologia. Oficineiro


do Projeto Escola Aberta ministrando cursos de Psicologia Junguiana e Corporal,
Danças e Artes. Acadêmico do Hospital Santa Casa de Misericórdia atuando em
orientação, acolhimento, plantão psicológico e psicoterapia junguiana e positiva.
Desenvolve pesquisas em “Mito e o Corpo” e “Psicologia da Arte Marcial: Tae Kwon
Do e Imaginário Arquetipico”. É estudante de Psicologia do Instituto de Ensino
Superior e Formação Avançada de Vitória (FAVI).

Email: felipesalles2005@uol.com.br
Site: www.psiqueobjetiva.wordpress.com

Você também pode gostar