Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Critérios ecográficos
Medição do diâmetro transverso do atrio ventricular a nível do glomus do plexo coróide, colocando os
cursores na margem interna da parede do ventrículo (perpendicularmente ao seu eixo).
Os resultados de estudos efectuados no segundo trimestre mostram um valor médio do átrio de 7 mm e
um desvio standard de 1 mm. Os valores considerados normais no 3º trimestre são menos consensuais.
Um valor do diâmetro do átrio ventricular ≥ 10 mm (≥3 SD da média entre as 15 e 40 semanas) indica
um aumento do risco de malformações cerebrais e anomalias extracranianas.
Outros achados ecográficos úteis para diagnosticar ventriculomegalia são: separação do plexo coróide da
parede do ventrículo (separação ≥ 4mm); plexo coróide que baçoiça no ventrículo dilatado.
Definição
9 Prevalência: é incerta.
9 Patogénese: desconhecida; é provavelmente, na maioria dos casos, uma variante do normal (se após as 20
semanas, em feto do sexo masculino ou macrossómico, unilateral); mas noutros casos pode ser o único sinal
de anomalia fetal: Está associada a aneuploidias em 4% dos casos (habitualmente Trissomia 21)
9 Orientação clínica:
1. Ecoanatomia detalhada (excluir outras malformações do SNC e extra-cerebrais). Devem utilizar-se
vários planos do cérebro fetal (axial, sagital e coronal), recorrendo se necessário à via TV. Realizar
uma avaliação detalhada de todo o tubo neural, visualização do corpo caloso, de ambos os
ventrículos e da fossa posterior / cerebelo.
2. Ecocardiografia fetal
3. Exclusão de infecções fetais (serologias maternas) – CMV (mais frequentemente associado),
toxoplasmose, rubéola
4. Pesquisa de infecções (PCR no LA); cariótipo < 24 semanas; ponderar > 24 semanas.
5. Exames ecográficos seriados, cada 4 semanas (avaliar desenvolvimento de macrocefalia,
agravamento da ventriculomegalia)
6. RMN cerebral (ponderar 1ª com IG ≥ 22 semanas; 2ª com IG ≥ 32 semanas)
9 Prevalência: 0.3 a 1.5 por 1000 nascimentos. É uma doença heterogénea, podendo resultar de causas
genéticas (anomalias cromossómicas associadas em 11%), infecciosas (CMV, toxoplasmose, sífilis,
influenza), teratogénicas e neoplásicas. A Hidrocefalia ligada ao X constitui 5% dos casos.
9 Patogénese: a maioria resulta de causa obstructiva
9 Risco de recorrência: 4%; os casos de hidrocefalia ligada ao X apresentam uma recorrência de 50% em fetos
do sexo masculino
9 Anomalias associadas:
- anomalias extra-cranianas (30%)
- anomalias cromossómicas (6% se isolada; 25% se outras anomalias associadas)
- Hidrocefalia ligada ao X – associada a abdução dos polegares, anomalias da face e ausência do
septo pelucido
9 Diagnóstico diferencial: excluir outras anomalias complexas (ver quadro 1)
9 Exames em doentes de risco: em doentes com feto anterior afectado ou após infecção TORCH ou com
espectro hidrocefalia ligada ao X, uma ecografia normal no segundo trimestre não exclui esta condição
• Casais com um filho anterior afectado deverão receber aconselhamento genético, porque o
diagnóstico genérico de hidrocefalia congénita pode incluir anomalias mais complexas com
implicações genéticas significativas.
• Doentes em risco de hidrocefalia ligada ao X deverão realizar análise de DNA.
9 Orientação clínica:
1. Ecoanatomia detalhada (excluir outras malformações do SNC e extra-cerebrais), Devem utilizar-se
vários planos do cérebro fetal (axial, sagital e coronal), recorrendo se necessário à via TV. Realizar uma
avaliação detalhada de todo o tubo neural, visualização do corpo caloso, ambos os ventrículos e fossa
posterior/cerebelo
2. Ecocardiografia fetal
3. Exclusão de infecções fetais – CMV (mais frequentemente associado), toxoplasmose, rubéola, sífilis
4. Exame citogenético (cariótipo; em doentes de risco: análise de DNA); pesquisa de infecções
(realizar PCR no LA)
5. Antes das 24 semanas: considerar IMG
6. Exames ecográficos seriados, cada 2 semanas (avaliar desenvolvimento de macrocefalia,
agravamento da ventriculomegalia)
7. RMN cerebral – deve ser sempre realizada (1ª com IG≥ 22 semanas; 2ª com IG≥ 30 semanas)
8. Não está validada a cefalocentese in útero (associada a 90% de mortalidade)
9. Não há benefício em antecipar o parto
10. Feto sem macrocefalia e apresentação cefálica: é possível o parto vaginal
11. Deverá ser realizada colheita de sangue do cordão na altura do parto (se DNA não foi armazenado
previamente)
9 Prognóstico:
- a Ventriculomegalia >15 mm está associada a mau prognóstico (60% dos casos com anomalias do
SNC e de outros órgãos)
- Se isolada, apresenta 60% de sobrevivência pós-natal e cerca de 40% dos sobreviventes apresentam
desenvolvimento anormal.
- Num dos maiores estudos pediátricos excluindo casos de hidrocefalia ligada ao X e toxoplasmose
congénita, a sobrevivência foi de 62% aos 10 anos e 50% dos sobreviventes apresentavam um
quociente de desenvolvimento <60. A presença de macrocefalia ao nascimento, o tamanho da
dilatação ventricular e a idade em que foi realizado o tratamento cirúrgico não influenciaram o
desfecho.
- A hidrocefalia associada ao X: prognóstico grave, com défice neurológico grave e mortalidade
precoce
Diagnóstico diferencial nos casos de Ventriculomegália
(Quadro 1)
Anomalia Característica
1. Espinha bífida 9 Crânio deformado (lemon sign); apagamento
da cisterna magna (banana sign)
9 Defeito aberto da coluna vertebral
2. Cefalocele 9 Defeito do crânio (frequentemente occipital)
9 Obliteração da cisterna magna
9 Ocasionalmente presença de lemon sign
3. Holoprosencefalia 9 Linha média ausente ou incompleta
9 Única cavidade ventricular
9 Anomalias faciais
4. Complexo Dandy-Walker 9 Cisto da fossa posterior, na linha média
9 Defeito do vermis cerebeloso
5. Agenesia do corpo caloso 9 Ausência do cavo do septo pelúcido
9 Elevação do 3º ventrículo
9 Lipoma/cisto interhemisférico
6. Cisto aracnóide/glioependimário 9 Cisto intracraniano de contornos regulares
deslocando/ comprimindo o córtex
7. Porencefalia 9 Cisto intracraniano com contornos jagged
comunicando frequentemente com o ventrículo lateral
8. Esquizencefalia 9 Fendas na manta cortical
Modificado de Nyberg et al. Cerebral malformations. In: Nyberg DA, Mahony BS, Pretorius DH, eds. Diagnostic ultrasound of fetal anomalies
1990; and McGahan J, Thurmond A. Diagostic obstetrical ultrasound,1994
Referências
1. Nyberg D, McGahan J et al (2003): Diagnostic Imaging of Fetal Anomalies. Lippincott Williams ε Wilkins, 225-32
2. Goldstein I, Copel JA, Makhoul IR (2005): Mild cerebral ventriculomegaly in fetus: characteristics and outcome. Fetal Diagn Ther. 20(4): 281-4
3. Bromley B, Frigoletto FD Jr, Benacerraf BR (1991): Mild fetal lateral cerebral ventriculomegaly: clinical course and outcome. Am J Obstet Gynecol ; 164(3):
863-7
4. Vergani P, Locatelli A, Strobelt N, Cavallone M, Ceruti P, Paterlini G, Ghidini A (1988 ): Clinical outcome of mild fetal ventriculomegaly. Am J Obstet
Gynecol; 178(2): 218-22
5. Pilu G, Falco P, Gabrielli S, Perolo A, Sandri F, Bovicelli L (1999): The clinical significance of fetal isolated cerebral borderline ventriculomegaly: report of
31 cases and review of the literature. Ultrasound Obstet Gynecol; 14(5): 320-6
6. Senat MV, Bernard JP, Schwarzler P, Britten J, Ville Y (1999): Prenatal diagnosis and follow up of 14 cases of unilateral ventriculomegaly. Ultrasound
Obstet Gynecol; 14(5): 327-32
7. Gaglioti P, Danelon D, Bontempo S, Mombro M, Cardaropoli S, Todros T (2005): Fetal cerebral ventriculomegaly: outcome in 176 cases. Ultrasound Obstet
Gynecol; 25(4): 372-7
8. Nicolaides KH, Berry S, Snijders RJ, Thorpe-Beeston JG, Gosden C (1990): Fetal lateral cerebral ventriculomegaly: associated malformations and
chromosomal defects. Fetal Diagn Ther; 5(1): 5-14
9. Achiron R, Yagel S, Rotstein Z, Inbar O, Mashiach S, Lipitz S (1997): Cerebral lateral ventricular asymmetry: is this a normal ultrasonographic finding in the
fetal brain? Obstet Gynecol; 89(2): 233-7
10. Signorelli M, Tiberti A, Valseriati D, Molin E, Cerri V, Groli C, Bianchi UA (2004): Width of the lateral ventricular atrium between 10 and 12 mm: a simple
variation of the norm? Ultrasound Obstet Gynecol; 23(1):14-9
11. Patel Md, Filly AL, Hersh DR, Goldastein RB (1994): Isolated mild fetal cerebral ventriculomegaly: clinical course and outcome. Radiology; 192(3): 759-64
12. Pilu G (1999): Borderline lateral cerebral ventriculomegaly, isolated: The fetus.net
13. Pilu G (1999): Ventriculomegaly, isolated: The fetus.net
14. Wyldes M, Watkinson M (2004) Archives of Disease in Childhood and Neonatal Edition 2004; 89; F8
15. Gupta JK, Bryce F, Lilford RJ (1994): management of apparently isolated fetal ventriculomegaly Obstet Gynecol Surv 49: 716-21