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Acerca da integração de convenções internacionais no ordenamento jurídico português:

Como sabemos, das formas de vinculação apresentadas pela Convenção de Viena, a seleccionada pelo
ordenamento jurídico português é a da assinatura ad referendum, significando esta que o Estado
Português se vincula “sob condição” de existência de um acto de Direito Interno. Esta conclusão
resulta da conjugação do art. 12/2 b da Convenção de Viena com o art. 8/2 da CRP, que citamos em
seguida:

Artigo 12.º Convenção de Viena – Epígrafe: Manifestação, pela assinatura, do consentimento em ficar
vinculado por um tratado
1 - O consentimento de um Estado em ficar vinculado por um tratado manifesta-se pela assinatura do
representante desse Estado:
2 - Para os fins do n.º 1:
b) A assinatura ad referendum de um tratado pelo representante de um Estado, se confirmada por
este último, vale como assinatura definitiva do tratado.

Artigo 8º Constituição da República Portuguesa – Epigrafe: Direito Internacional


2 – As normas constantes de convenções internacionais regularmente ratificadas ou aprovadas
vigoram na ordem interna após a sua publicação oficial e enquanto vincularem internamente o Estado
português.
Pequenas notas sobre o artigo oitavo da Constituição:
_ A forma de recepção constante deste artigo é a semiplena.
_ Por convenções regulamente ratificadas e aprovadas entende-se respectivamente tratados e
acordos.
_ Este é um “artigo-argumento” usado na tese da não existência na ordem jurídica portuguesa de
tratados ultras-simplificados uma vez que há requisitos exigidos como sendo a publicação oficial para
a entrada em vigor do diplo-ma.
_ Algumas criticas são apontadas a esta alínea designadamente por não existir referência à
necessidade de assinatura do Presidente da República.

Prosseguindo com a exposição:

Chegando ao nosso ordenamento jurídico, o que acontece ao diploma? Para facilitar a destrinça do
órgão com competência e da forma que o diploma deve adoptar aconselha-se uma tripartição do
artigo 161 alínea i).

Assim, as 2 primeiras partes referem-se à competência de aprovação e formas do acto aprovado pela
Assembleia de Republica:

E a última parte é relativa à competência do Governo:

Para Blanco Morais, não estando a matéria na primeira parte do artigo 161 i ) é acordo, excepto no
caso do órgão que tinha que aprovar decidir aprova-lo como tratado.

Para Jorge Miranda, da primeira parte da alínea i) decorrem duas conclusões:


- não existe uma enumeração exaustiva das matérias a tratar pela presença do adverbio de modo
“designadament-e”, - funciona este como uma janela para mais possibilidades de tratados,
nomeadamente os que versem sobre matérias fundamentais de Direito, as de matéria exclusiva da
AR, a maior parte das de competência relativa e também os tratados sobre disciplinas primárias. (art.
4, art. 7/6, art. 7/7, art. 16/1, art. 33/3, 4 e 5 e art. 102 são matérias de interesse constitucional
primário, na óptica do Prof. Jorge Miranda)

A ratificação é sempre pelo Presidente da Republica e a aprovação e sempre pela Assembleia da


Republica.

O critério parece ser a partida a questão da matéria (do objecto da convenção). Parece ser para isto
que aponta o artigo 161 alínea i primeira parte. Parece estar aqui presente uma reserva de tratado (na
medida em que para além das outras protecções tem a protecção de forma de tratado).

Para o Professor Jorge Miranda é o critério de importância constitucional primária para decisão do uso
de forma de tratado. É porém inseguro na medida em que não é linear o que seja considerado
“interesse constitucional primário”.
A restante doutrina (que opta por um critério formal-orgânico), desde que esteja na competência da
Assembleia da Republica, pode ser aprovado sob a forma de tratado (escolha livre da forma de
tratado). Esta vertente acaba por ter como lado negativo o facto de nunca se saber até ao momento
exacto da aprovação o que venha a ser objecto de acordo.
Quem é que aprova convenções em Portugal? Pode dizer-se recorrendo a um critério residual que
tudo o que não possa ser aprovado pela Assembleia é aprovado pelo Governo (ver artigo 197 /1c da
Constituição).

A competência
A Assembleia da República pode aprovar tanto tratados como acordos. Atendendo ao chamado
critério da compe-tência reservada (artigos 164 e 165 da Constituição), há que salientar que em
direito internacional público não há autorização legislativa pelo que o governo não pode ser
autorizado a legislarem direito internacional público pela Assembleia da república. Esta situação
poderia levar ao erro da AR interferir no poder de negociar e legislar a convenção seria uma actuação
fraudulenta e por isso inconstitucional. De acordo com o artigo 165 a AR só pode legislar: funciona
como uma reserva absoluta da AR.
O critério da intercomunicação de competências – AR + GOV – consta do artigo 161 i) in fine
conjugado com o art. 197 c)

Quais das competências do Governo têm que ser sujeitas à AR?

Para o professor Jorge Miranda, existe um poder-dever de submissão das matérias de interesse
constitucional primário do Governo à AR. Esta posição tem a vantagem de incluir no controlo do
parlamento as matérias que o legislador se esqueceu de incluir).

Para o professor Blanco Morais, há um entendimento lockeano no sentido de existir uma margem de
livre decisão do Governo submeter ou não à AR.

Assinatura do Presidente: acto livre ou vinculado?


O governo aprova pelo Conselho de ministros (artigo 200/1d) e o Presidente assina (artigo 134).
O Acto de assinatura pelo PR é livre? A maior parta da doutrina diz que sim e desta forma passa a
existir um con-trolo político por parte do Presidente).

Quando recebe um diploma, o que pode o Presidente fazer? Pode assinar, não assinar ou pedir a
fiscalização (artigo 134 CRP). Interpretando o artigo 136/4, o Presidente não pode vetar politicamente
porque o parlamento pode superar, assim a

Artigo 277/2 - nada impede que por analogia se aplique a disposição aos acordos da Assembleia da
República, tendo e atenção a “ratio legis”. Assim, aplica-se a todos os acordos. Não se pode restringir
a sua aplicação a tratados porque a Assembleia da República pode aprovar todos os acordos e mudar
para forma de tratado. Por uma ques-tão de igualdade, se os acordos da Ar usufruem do regime,
também deverão usufruir os do governo.

O caminho da convenção no caso português: ocorre a negociação, a aprovação e a convenção entra


na ordem interna vai para a AR que envia para o presidente que tem 3 opções ratificar, não ratificar
(ambas as hipóteses no artigo 134 b) ou enviar para fiscalização (artigo 134 g). Enviando para o
Tribunal constitucional e pronunciando-se este pela inconstitucionalidade devolve o diploma ao
Presidente da Republica que o reenvia à AR e caso esta con-firme temos duas situações possíveis
(divergência doutrinária): o Presidente é obrigado a assinar (escola de Coimbra e Domingos Farinho)
ou o presidente não é obrigado a assinar (Blanco Morais).

Artigo 279/1 – não se pode em DIP reformular nem expurgar a inconstitucionalidade.

Artigo 278/2 – fala em assinatura, só se pode referir a acordos.

Artigo 278/1 – fala em decretos mas quando é a AR a aprovar fá-lo sob a forma de resolução

Ratificações imperfeitas (designação não aceite unanimemente na doutrina): o artigo 277/2 abre a
possibilidade de serem aprovados tratados inconstitucionais. E trata-se apenas de tratados, não se
estende aos acordos? Resposta: antigamente, via-se a assinatura como um acto meramente “pro
form”. Quando se passou a ver a assinatura como um acto tão livre quanto uma ratificação, então
pode aplica-se o artigo 277/2 quer a acordos quer a tratados.
Este artigo abre a possibilidade de o tratado ser em função da matéria constitucional e ser
inconstitucional apenas por questões orgânicas e formais e na sua aprovação ocorrer uma violação da
ordem constitucional. Por exem-plo: se for o presidente do STJ a promulgar o tratado (agressão ao
principio da separação de poderes).

Registado

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