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Após essas situações dramáticas nasce Isaac (Gn 21,1-5),o Filho da Promessa,
causando grande alegria e regozijo. A esterilidade era motivo de grande
vergonha (Gn 30,23; 1Sm 1,5-8;2Sm 6,23; Os 9,11) e a fecundidade é sinal da
presença de bênção de Deus. Por isso Sara se regozija e manifesta tudo isso
com o riso, como se nota das expressões "Deus me deu motivo de riso e todo
o que o ouvir rir-se-á comigo" e "lhe dei um filho na sua velhice", "vantagens"
de que se pode vangloriar. Daí vem etimologicamente o nome de Isaac, que na
sua raiz tem a conotação indefinida "rir":
"Pelo que disse Sara: Deus me propiciou motivo de riso; todo aquele que
o ouvir, rir-se-á comigo. E acrescentou: Quem diria a Abraão que Sara
havia de amamentar filhos? no entanto lhe dei um filho na sua velhice"
(Gn 21,6-7).
"Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da
livre. Todavia o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da
livre, por promessa. O que se entende por alegoria: pois essas mulheres são
duas alianças;uma do monte Sinai, que dá à luz filhos para a servidão,e que é
Agar. Ora, esta Agar é o monte Sinai na Arábia e corresponde à Jerusalém
atual, pois é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém que é de cima é livre;a
qual é nossa mãe. Pois está escrito: Alegra-te,estéril, que não dás à luz;
esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque mais são os filhos da
desolada do que os da que tem marido. Ora vós, irmãos,sois filhos da
promessa, como Isaac. Mas, como naquele tempo o que nasceu segundo a
carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim é também agora. Que
diz, porém, a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo
algum o filho da escrava herdará com o filho da livre. Pelo que, irmãos, não
somos filhos da escrava, mas da livre" (Gl 4,22-31).
"Não que apalavra de Deus haja falhado. Porque nem todos os que são de
Israel são israelitas; nem por serem descendência de Abraão são todos
filhos; mas: Em Isaac será chamada a tua descendência. Isto é, não são os
filhos da carne que são filhos de Deus; mas os filhos da promessa são
contados como descendência. Porque a palavra da promessa é esta: Por
este tempo virei, e Sara terá um filho" (Rm 9,6-9).
A contradição é mais que evidente, pois ainda soavam aos ouvidos de Abraão
aquelas palavras de Deus, quando Lhe apresentara Ismael:
“... e lhe chamarás Isaac; com ele estabelecerei a minha aliança como
aliança perpétua para a sua descendência depois dele. (...) A minha
aliança, porém, estabelecerei com Isaac, que Sara te dará à luz neste
tempo determinado, no ano vindouro" (Gn17,18-21).
"Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia; viu-o, e alegrou-se" (Jo
8,56).
Isaac carregava o lenho para a fogueira, Abraão o fogo sagrado. Morro acima,
ambos caminhavam ensimesmando, Abraão, mudo de dor, Isaac mudo de
espanto:
"Meu pai!... Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o
holocausto?... Deus proverá o cordeiro para o holocausto, meu filho..."
(Gn 22,7-8).
"Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde o céu, e disse: Abraão, Abraão!
Ele respondeu: Eis-me aqui. Então disse o anjo: Não estendas a mão
sobre o menino, e não lhe faças nenhum mal; porquanto agora sei que
temes a Deus, visto que não me negaste teu filho, o teu único filho. Nisso
levantou Abraão os olhos e olhou e eis atrás de si um carneiro
embaraçado pelos chifres no mato; e foi Abraão, tomou o carneiro e o
ofereceu em holocausto em lugar de seu filho. ..."(Gn 22,11-14).
A prova a que Deus submete não se destina a um exame que Ele faz no eleito
para conhecê-lo, eis que o Deus Onisciente conhece tudo e todos (1Sm 16,7).
Destina-se ao amadurecimento e à tomada de consciência que cada um tenha
de si mesmo e das dimensões da sua missão, dela saindo então robustecido,
pelo que Deus reforça e ratifica a Aliança. Termina aqui a prova de Abraão e,
não só de Abraão, mas também do próprio Isaac o qual mudo dela participou,
demonstrando ambos, para a "descendência" deles, aptidão e maturidade para
o prosseguimento da Aliança. E como sempre Abraão remata com o sacrifício
do carneiro, de cujo holocausto a eficácia se comprova nas palavras do Anjo:
"Então o anjo do Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde o céu,
e disse: juro por mim mesmo, diz o Senhor, porquanto fizeste isto, e
nãome negaste teu filho, o teu único filho, que te cumularei de bênçãos, e
multiplicarei extraordinariamente a tua descendência, como as estrelas
do céu e como a areia que está na praia do mar;e a tua descendência
possuirá a porta dos seus inimigos; e em tua descendência serão benditas
todas as nações da terra; porquanto me obedeceste"(Gn 22,15-18).
Abraão, pela sua Fé, está no fundamento da Aliança, é o seu alicerce humano
e vai orientar sempre o caminho dela, sempre lembrado e sempre exaltado (Sb
10,5; Eclo 44,19-22; 1Mac 2,52; Tg 2,20-24; Rm 4,1; Hb 11,8-19), e até os
dias de hoje, na Igreja de Cristo:
"Sabei, pois, que os crentes é que são filhos de Abraão" (Gl 3,7).
Claro está que com o compromisso que assumira com os termos da Aliança
Abraão, já velho, e após a morte e sepultamento de Sara (Gn 23), se preocupa
com quem seria a futura esposa de Isaac. Solucionou a dificuldade com uma
de sua parentela (Gn 24,3-4), consciente da genealogia de Nakor (Gn 22,20-
24),seu irmão, apresentando o narrador a "origem" de Rebeca, a futura esposa
de Isaac, vinculando-a por sua vez à linhagem de Set (Gn 4,25) a progênie da
História da Salvação, garantia de fidelidade a Iahweh e à Aliança já em
processo. É bom observar aqui que a única porção de terra que Abraão
possuiu como sua, adquirindo-a e pagando por ela, foi o terreno onde sepultou
sua mulher Sara (Gn 23), cujo relato da compra mostra o ritual então em uso,
que se pode até mesmo denominar de "escritura pública" da compra, tal como
diz o narrador que "foi assegurado a Abraão por aquisição na presença dos
heteus, e de todos os que se achavam presentes na porta da cidade" (Gn
23,18). A "porta da cidade" representava naqueles tempos o que hoje
representam os cartórios de registro de aquisição de propriedades, ou seja, a
publicização, que é o tornar de conhecimento público, geral, para não mais se
revogar e reconhecendo-se então a tradição da propriedade.
"O Senhor, Deus do céu, que me tirou da casa de meu pai e da terra da
minha parentela, e que me falou, e que me jurou, (...) ele enviará o seu
anjo diante de si, para que tomes de lá mulher para meu filho" (Gn 24,7).
"Isto é, nãosão os filhos da carne que são filhos de Deus; mas os filhos da
promessa são contados como descendência. Porque a palavrada promessa
é esta: Por este tempo virei, e Sara terá um filho. E não somente isso, mas
também a Rebeca, que havia concebido de um, de Isaac, nosso pai, pois
não tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou mal,
para que o propósito de Deus segundo a eleição permanecesse firme, não
por causa das obras, mas por aquele que chama, foi-lhe dito: O maior
servirá o menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e aborreci a Esaú. (...)
Que diremos, pois? Que os gentios, que não buscavam a justiça,
alcançaram a justiça, mas a justiça que vem da fé" (Rm 9,8-13.30).
"Respondeu Isaac a Esaú: Eis que o tenho posto por senhor sobre ti, e
todos os seus irmãos lhe tenho dado por servos; e de trigo e de mosto o
provi.Que, pois, poderei eu fazer por ti, meu filho?" (Gn27,37).
Tal como com Abraão (Gn18), com Isaac (Gn 26,2.24) ocorreu uma
manifestação sensível de Deus, uma teofania, neste episódio da "escada' por
cima da qual estava o Senhor" em que se profere a mesma bênção para a
posteridade de Abraão e a mesma promessa da herança da mesma terra das
suas peregrinações (Gn 12,7; 13,14-17; 22,17-18; 26,4.24), bem como a
mesma resposta do Patriarca erigindo um lugar de culto acompanhado de um
sacrifício, se bem que aqui com Jacó trata-se de uma libação e a unção de uma
pedra erigida em cipo,muito usado naqueles tempos como testemunho ou
prova de algum fato profano ou sagrado e religioso (Gn 31,45; Js 4,9.20;
24,26-27) e até mesmo para as coisas de Deus:
"Pois os filhos de Israel ficarão por muitos dias sem rei, sem príncipe,
sem sacrifício, sem cipos, e sem éfode ou terafins" (Os3,4)
Pode-se até mesmo admitir a preferência de Jacó por este tipo de oferenda
dado o seu caráter mais pacífico ("...homem tranquilo, habitante da tenda" -
Gn25,27c). Aqui com ele a teofania atinge um clímax com a presença da
narrativa de uma "escada", como que aquela da Torre de Babel, aqui servindo
de comprovação do elo de ligação entre os anjos que descem do céu para seu
ministério no mundo, como interpretaram os Santos Padres e de que apesar da
separação ou distância entre o céu e a terra, pode atingi-lo sempre, aquele que
ama a Deus.Vê-se com facilidade que por Jacó viria o prosseguimento da
História da Salvação que culminaria em Jesus Cristo, motivo por que se
caracterizam a "promessa" e a "aliança" com Abraão, com Isaac e com Jacó
(também em Gn 35,11-13 e 46,3-4), como Messiânicas, e tal como seus
antepassados faz do sacrifício o centro do seu culto, prometendo erguer no
local um santuário para o que destinará o dízimo:
"E temeu, e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão
a casa de Deus; e esta é a porta dos céus. Jacó levantou-se de manhã cedo,
tomou a pedra que pusera debaixo da cabeça, e a pôs como cipo; e
derramou-lhe azeite em cima. E chamou aquele lugar Betel; porém o
nome da cidade antes era Luz. Fez também Jacó um voto, dizendo: Se
Deus for comigo e me guardar neste caminho que vou seguindo, e me der
pão para comer e vestes para vestir, de modo que eu volte em paz à casa
de meu pai, e se o Senhor for o meu Deus, então esta pedra que tenho
posto como cipo será casa de Deus; e de tudo quanto me deres,
certamente te darei o dízimo" (Gn28,17-22).
"Foi ela ("a 'sabedoria")quem conduziu por veredas retas o justo ('Jacó')
que fugia da cólera de seu irmão; mostrou-lhe o reino de Deus e lhe deu a
conhecer os santos; proporcionou-lhe êxito nos rudes labores e fez
frutificar seus trabalhos. Esteve a seu lado contra a cobiça dos que o
oprimiam e o enriqueceu. Protegeu-o contra os inimigos e o defendeu
daqueles que lhe armavam ciladas. Atuou como árbitro a seu favor em
rude combate,para ensinar-lhe que a piedade é mais poderosa do que
tudo" (Sb10,10-12)
Por outro lado, também Jesus Cristo usa a mesma imagem da sua visão,
porém a si mesmo se referindo como a "escada", colocando-se como a união
entre Deus e os Homens:
"Viu, pois, o Senhor que Lia era desprezada tornou-a fecunda; Raquel,
porém, era estéril" (Gn 29,31);
Dessa união lhe advieram doze filhos e uma filha (Gn 29,32-30,24 / 35,16-
18), que deram origem às doze tribos dos Filhos de Israel, o nome que Deus
dará a Jacó (Gn 32,29; 35,9),donde vai se formar o Povo de Israel. Não há
necessidade de se delongar no relato dos nascimentos de todos eles, ficando
para cada participante o dever de ler aquilo que não for aqui exposto,
completando seu conhecimento bíblico com seu próprio esforço,evitando-se
que o curso seja passivo. Basta relatar os nomes dos filhos de Jacó, com os
das mulheres e das concubinas que os geraram (Gn 35,23-26):
"Disse o Senhor, então, a Jacó: Volta para a terra de teus pais e para a
tua parentela; e eu serei contigo. Pelo que Jacó mandou chamar a Raquel
e a Lia ao campo, onde estava o seu rebanho, e lhes disse: vejo que o rosto
de vosso pai para comigo não é como anteriormente; porém o Deus de
meu pai tem estado comigo. Ora, vós mesmas sabeis que com todas as
minhas forças tenho servido a vosso pai. Mas vosso pai me tem enganado,
e dez vezes mudou o meu salário; Deus, porém,não lhe permitiu que me
fizesse mal. Quando ele dizia assim: Os salpicados serão o teu salário;
então todo o rebanho dava salpicados. E quando ele dizia assim: Os
listrados serão o teu salário, então todo o rebanho dava listrados. De
modo que Deus tem tirado o gado de vosso pai, e mo tem dado a mim.
Pois sucedeu que, ao tempo em que o rebanho concebia, levantei os olhos
e num sonho vi que os bodes que cobriam o rebanho eram listrados,
salpicados e malhados.Disse-me o anjo de Deus no sonho: Jacó! Eu
respondi: Eis-me aqui. Prosseguiu o anjo: Levanta os teus olhos e vê que
todos os bodes que cobrem o rebanho são listrados, salpicados e
malhados; porque tenho visto tudo o que Labão te vem fazendo. Eu sou o
Deus de Betel,onde ungiste um cipo, onde me fizeste um voto; levanta-te,
pois, sai-te desta terra e volta para a terra da tua parentela" (Gn31,3-13).
Finalmente, Jacó volta à terra do Pai, e então procura Esaú para fazer as pazes,
ato de humildade (Gn 33,1-17), muito conforme a sua formação pacífica e
peculiar a um homem que vive em comunhão com Deus. Quando estava a
caminho teve medo e foi assaltado por grande angústia, o que lhe significou
uma luta misteriosa como próprio Deus, pelo conflito íntimo ensejado com
Sua Vontade, ocasião em que o anjo lhe muda o nome para Israel (Gn 32,23-
32) pelo qual será para sempre conhecido, bem comoo povo formado pelos
seus descendentes. Deste fato não há testemunhas, tendo sido narrado pelo
próprio Jacó. Mas, tudo vai sendo confirmado até mesmo nos contrastes, que
não param, e sua luta prossegue incansável: Dina sua filha é ultrajada e apesar
de se acertar com a família do ofensor o casamento comela, conseguindo até
mesmo que se deixassem circuncidar, convertendo-se ao Deus da Aliança,
seus filhos Simão e Levi, irmãos uterinos dela, atacam e matam todos os
varões em vingança,deixando Jacó em situação difícil perante os habitantes da
região e com grave perigo para a sobrevivência geral (Gn 33,18-34,31). Nem
assim há o mais leve sinal de perda de equilíbrio em Jacó. Recebe logo após,
do próprio Deus, a ratificação de tudo o que lhe foi prometido quando iniciou
sua fuga (Gn 28,11-15) e quando lhe foi mudado o nome (Gn 32,24-29):
"Depois disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel e habita ali; e ergue ali
um altar ao Deus que te apareceu quando fugias da face de Esaú, teu irmão.
Então disse Jacó à sua família, e a todos os que com ele estavam:Lançai fora
os deuses estranhos que há no meio de vós,e purificai-vos e mudai as vossas
vestes. Levantemo-nos, e subamos a Betel; ali farei um altar ao Deus que me
respondeu no dia da minha angústia,e que foi comigo no caminho por onde
andei. Entregaram, pois, a Jacó todos os deuses estranhos, que tinham nas
mãos, e as arrecadas que pendiam das suas orelhas; e Jacó os enterrou debaixo
do carvalho que está junto a Siquém. (...) Assim chegou Jacó à Luz (...)
Edificou ali um altar, e chamou ao lugar de "O Deus de Betel"; porque ali
Deus se lhe tinha manifestado quando fugia da face de seu irmão"(Gn 35,1-7).
Com esse gesto Jacó manifesta publicamente e para sempre a sua adesão, a de
sua família e a dos seus descendentes, exclusiva e incondicional a Deus; do
mesmo modo, será objeto de outra ratificação igual, séculos depois, no mesmo
lugar e quando da Conquista da Terra Prometida, por Josué:
"... temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade; deitai fora
os deuses a que serviram vossos pais dalém do Rio, e no Egito, e servi ao
Senhor. Mas, sevos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a
quem haveis de servir;se aos deuses a quem serviram vossos pais, que
estavam além do Rio,ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais.
Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor. Então respondeu o povo,
e disse:Longe esteja de nós o abandonarmos ao Senhor para servirmos a
outros deuses: porque o Senhor é o nosso Deus..." (Js 24,13-17).
Também foi nesse mesmo local que Jesus Cristo se encontrou com a
Samaritana, "cumprindo" (Mt 5,17) semelhante propósito:
"És tu, porventura, maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do
qual também ele mesmo bebeu, e os filhos, e o seu gado?" (Jo 4,12)
/"Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. Nossos pais adoraram
neste monte, e vós dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve
adorar"(Jo 4,19-20).
Ao que Jesus lhe responde, tal como Jacó e Josué, "definindo toda e qualquer
adoração daí em diante, e revelando a verdadeira natureza do Deus de Israel",
bem como pela primeira vez em todo o Evangelho confessa-se o Cristo:
"Disse-lhe Jesus: Mulher crê-me, a hora vem, em que nem neste monte,
nem em Jerusalém adorareis o Pai. (...) Mas vem a hora, e é agora, em
que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade;
porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito,e é
necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.
Replicou-lhe a mulher: Eu sei que vem o Messias (que se chama o Cristo);
quando ele vier há de nos anunciar todas as coisas. Disse-lhe Jesus: Eu o
sou, eu que falo contigo" (Jo 4,21-26)
Claro fica, pela própria Revelação de Jesus à Samaritana, que a reta final da
formação do Povo de Israel começara com aquele ato de Jacó, em Betel. Esse
local é o repositório das mais antigas e sólidas tradições dos Patriarcas, a
começar com Abrão erigindo ali um altar, tornando-o um lugar sagrado (Gn
12,6+; 13,3), mais tarde comprado por Jacó erguendo ali outro(Gn 35,1-15)
em cumprimento de sua promessa(Gn 28,10-22). Além disso, foi escolhido
pelo próprio Moisés para nele Josué, "atravessado o Jordão", ratificar a
Aliança (Js 8, 30-35) com o Povo de Israel então formado (Dt 27,1-10). "Jesus
retoma todo o acontecimento anterior e, vinculando todo o passado israelita
com a Sua Presença no mesmo monte onde se atiraram fora os deuses
estranhos", revela o estabelecimento dos "novos adoradores de Deus em
espírito e em verdade", isto é, nãomais na carne e no exterior, mas no coração
e a partir do interior do Homem, fruto da Graça
JOSUÉ
JACÓ (Gn 35,1-7) JESUS (Jo 4,19-26)
(Js 24,1.14-16.26-26)
"Disse-lhe a mulher:
Senhor, vejo que és
"Depois disse Deus a Jacó: "Josué reuniu em Siquém profeta. Nossos pais
Levanta-te,sobe a Betel e habita todas as tribos de Israel adoraram neste monte, e
ali; e ergue ali um altar ao Deus (...) vós dizeis que em
que te apareceu quando fugias da
Jerusalém é o lugar onde
face de Esaú, teu irmão.
se deve adorar" (Jo4,19-
20).
"E Josué disse a todo o
Então disse Jacó à sua família, e a "Disse-lhe Jesus:
povo: (...)Agora,pois,
todos os que com ele estavam: temei ao Senhor, e servi-o
com sinceridade e com
verdade;
Mulher, crê-me, a hora
Lançai fora os deuses estranhos deitai fora os deuses a que
vem, em que nem neste
que há no meio de vós, e serviram vossos pais
monte, nem em
purificai-vos e mudai as vossas dalém do Rio, e no Egito,
Jerusalém adorareis o
vestes. e servi ao Senhor.
Pai.
(...) Mas a hora vem, e
Mas, se vos parece mal o
agora é, em que os
Levantemo-nos, e subamos a servirdes ao Senhor,
verdadeiros adoradores
Betel; ali farei um altar ao Deus escolhei hoje a quem
adorarão o Pai em
que me respondeu no dia da haveis de servir; se aos
espírito e em verdade;
minha angústia,e que foi comigo deuses a quem serviram
(...)Deus é Espírito, e é
no caminho por onde andei. vossos pais, (...). Porém eu
necessário que os que o
e a minha casa serviremos
adoram o adorem em
ao Senhor.
espírito e em verdade.
Então respondeu o povo, e Replicou-lhe a mulher:
"Entregaram, pois, a Jacó todos
disse:Longe esteja de nós Eu sei que vem o
os deuses estranhos (...)e Jacó os
o abandonarmos ao Senhor Messias (que se chama o
enterrou debaixo do carvalho que
para servirmos a outros Cristo); quando ele vier
está junto a Siquém. Então
deuses: porque o Senhor é há de nos anunciar todas
partiram; (...). todo o povo que
o nosso Deus (...) as coisas.
estava com ele. Edificou ali um
Disse o povo a Josué:
altar (...) e chamou ao lugar Deus
Serviremos ao Senhor Disse-lhe Jesus: Eu o
- Betel; porque ali Deus se lhe
nosso Deus, e sou, eu que falo contigo"
tinha manifestado..."
obedeceremos à sua voz. (Jo 4,21-26).
Voltando ao assunto em estudo, surgem entãopara Jacó dois fatos novos bem
dolorosos. Em primeiro lugar a morte de Raquel ao dar à luz Benjamim [a
quem, antes de expirar, ela deu o nome de "Bennoni (= filho de minha dor) e
que Jacó mudou para "Benyamin" (= filho de minha direita) (Gn 35,16-21)];e,
em seguida, a traição de seu filho primogênito "pernoitando"com sua
concubina Bala (Gn 35,22), ato naquele tempo considerado como
condenável"incesto".
Como toda a família humana, a família de Jacó também tinha seus dramas e
problemas peculiares. É natural que Jacó tivesse uma predileção especial por
José, filho de sua amada, o "primogênito do seu coração"e tanto é assim que
lhe tecera uma "túnica talar" (Gn37,3c). Este tipo de túnica caracteriza bem o
valor que José tinha aos olhos do pai, uma dessas túnicas usadas pelos
elementos que integravam uma corte real, de mangas e cavas largas e de longo
comprimento,que por si só se impunha como algo de majestoso e incomum,
capaz até mesmo de incentivar o ciúme, e incentivou, o dos irmãos que
tomaram ódio dele (Gn 37,4). Mesmo porque José também sonhara com os
irmãos e os pais lhe prestando reverências reais (Gn 37,6-11). E, quando Jacó
o mandou em procura dos irmãos que estavam pastoreando o gado em local
distante, acertaram atirá-lo numa cisterna vazia para depois de lá retirá-lo e
vendê-lo como escravo aos Madianitas ou Ismaelitas, ambos descendentes de
Abraão, nãose sabendo com exatidão. Cabe aqui uma observação importante:
- muitas das narrações das Escrituras vêm-nos de diferentes tradições e são
duplicadas ou mescladas, até mesmo triplicadas, gerando alguma confusão.
Nãose deve rejeitá-las simplesmente, mas somar as informações que nos
trazem sem as desprezar, eis que se referem a um mesmo fato real,alterado as
mais das vezes pela natureza das fontes. Assim a narração de que teriam sido
os ismaelitas ou madianitas não modifica a realidade de que José fora vendido
pelos irmãos, fato confirmado pelo restante da exposição. A Jacó levaram
apenas a sua túnica talar toda embebida em sangue, causando-lhe mais um
sofrimento atroz e levando-o a um luto estremado (Gn 37,31-35). Já se fala
aqui na vida após a morte: "chorando descerei a meu filho debaixo da terra",
tal como se acreditava, lá ficando no estado em que se falecia (Gn 37,35 / Gn
44,29/ Nm 16,30), sendo ainda uma ofuscada "figura" do nosso Purgatório, ou
Mansão dos Mortos.
Apesar disso, Deus, "que tem os seus caminhos", vem em seu socorro e o
faraó tem dois sonhos que o incomodam (Gn 41,1-7). Naqueles tempos
acreditar em sonhos como previsões de futuro era muito comum, por demais
valorizados e até mesmo aproveitados por Deus, que sempre se utiliza da
cultura humana para seus desígnios. Vê-se que atua na hora certa, podendo-se
crer que impediu que o copeiro se lembrasse antes da hora, até que se criasse
uma situação favorável, não apenas ao seu eleito em si, mas ao
prosseguimento da Aliança por meio dele. O faraó não encontra quem o
tranquilize com a solução e então o copeiro se lembra e sugere o nome de
José, a quem se apresentou os sonhos. O famoso sonho das "vacas magras e
das vacas gordas", e o das "espigas mirradas e queimadas, e espigas granosas
e cheias" umas devorando as outras, pelo que José pressagiou sete anos de
fartura e sete anos de escassez.
"Disse, então, José a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus
irmãos não lhe puderam responder, pois estavam pasmados diante dele. José
disse mais a seus irmãos: Chegai-vos a mim, peço-vos. E eles se chegaram.
Então ele prosseguiu: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o
Egito. Agora, pois, nãovos entristeçais, nem vos aborreçais por me haverdes
vendido para cá; porque para preservar vida é que Deus me enviou adiante de
vós. Porque já houve dois anos de fome na terra,e ainda restam cinco anos em
que não haverá lavoura nem sega.Deus enviou-me adiante de vós, para
conservar-vos descendência na terra, e para guardar-vos em vida por um
grande livramento. Assim nãofostes vós que me enviastes para cá, senão
Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa,e
como governador sobre toda a terra do Egito" (Gn 45,3-8).
Aparece aqui além de grande sabedoria de José o seu conhecimento das coisas
de Deus pelo que tranquiliza os irmãos, com o mesmo sinal da presença da fé
aliada com o amor pelos homens que vimos em Abraão, reconhecendo em
todo o acontecimento o dedo de Deus a tudo dirigindo (Gn 50,19). Levam a
notícia de que estava vivo e de sua posição ao pai, que demorou a crer e não
foi fácil convencê-lo de que José, além de vivo, governava o Egito:
"Então subiram do Egito, vieram à terra de Canaã, a Jacó seu pai, e lhe
anunciaram,dizendo: José ainda vive, e é governador de toda a terra do Egito.
E o seu coração desmaiou, porque não os acreditava. Quando, porém, eles lhe
contaram todas as palavras que José lhes falara, e vendo Jacó, seu pai, os
carros que José enviara para levá-lo, reanimou-se-lhe o espírito; e disse Israel:
Basta; ainda vive meu filho José; eu irei e o verei antes que morra. Partiu,
pois, Israel com tudo quanto tinha e veio a Bersabéia, onde ofereceu
sacrifícios ao Deus de seu pai Isaac" (Gn45,25-46,1).
"Partiu, pois, Israel com tudo quanto tinha e veio a Bersabéia, onde
ofereceu sacrifícios ao Deus de seu pai Isaque. Falou Deus a Israel em
visões de noite, e disse: Jacó, Jacó! Respondeu Jacó: Eis-me aqui. E Deus
disse: Eu sou Deus, o Deus de teu pai; não temas descer para o Egito;
porque eu te farei ali uma grande nação. Eu descerei contigo para o
Egito, e certamente te farei tornar a subir; e José porá a sua mão sobre os
teus olhos" (Gn 46,1-4).
É mais que evidente que "meditava o caso no seu coração" quanto ao que
ocorria com referência à Aliança procurando saber por onde Deus a
prosseguiria. Tudo lhe mostrava então que era por meio de José e sua
descendência que ela se concretizaria, e passa a agir na direção que se lhe
descortinava "o sinal dos tempos". Com o seu desaparecimento tudo mudara e
Jacó passara a viver de acordo com o que Deus dispusera, uma vez que por si
mesmo nada podia fazer. Agora, porém, que "o sonho de José se realiza" tal
como "meditava", exige do filho, por primeiro, que não o sepulte em terra
estrangeira, naquele tempo comparado a uma terrível maldição, fazendo-o
jurar "com a mão debaixo da coxa", comprometendo-se assim na própria
virilidade tal como se usava (Gn 47,29-31). Em segundo lugar, sabendo para
onde caminhava o Plano de Deus com referência à Aliança, passa a preparar o
terreno onde plantar a Bênção da Primogenitura e onde transplantar a Bênção
da Aliança, tal como foi esta prometida a Abraão, que a deu ao seu pai Isaac e
este lha transmitiu, como vinha de novo "meditando em seu coração"(Gn
37,11). Adoecendo, José leva-lhe seus dois filhos, Efraim e Manassés,
nascidos no Egito de seu casamento com Asenete (Gn 41, 45.50-52).
Concluído que é em José que teria prosseguimento, é a ele que destina ambas
as bênçãos, e lhe entrega a dupla parte da herança (Dt 21,17) em forma de
adoção dos dois filhos dele como seus, tornando-os herdeiros como qualquer
um dos outros filhos e com eles concorrendo à herança (Gn 48,5-6):
"Depois disse Israel a José: Eis que eu morro; mas Deus será convosco, e
vos fará tornar para a terra de vossos pais. E eu te dou um pedaço de
terra a mais do que a teus irmãos, o qual tomei com a minha espada e
como meu arco da mão dos amorreus" (Gn 48,21-22).
Essa determinação tem a mesma dimensão da que fará José a seus irmãos (Gn
50,24-25), o que evidencia a transitoriedade da mudança da tribo para o Egito.
Além disso, consoante a Bênção de Jacó, a Tribo de Efraim na realidade será
bem mais numerosa e de grande projeção e poder no seio do Povo de Israel,
eirá se destacar durante a Monarquia, quando irá fundar, constituir e conduzir
o Reino do Norte, na sedição das tribos (1Rs 11,26 / 1Rs 12). Sua
preeminência será tão notória que o próprio Moisés a afirmará, já no seu
tempo, comparando-a com Manassés:
“... Eis o seu novilho primogênito; ele tem majestade; e os seus chifres são
chifres de boi selvagem; com eles rechaçará todos os povos, sim, todas as
extremidades da terra. Tais são as miríades de Efraim,e tais são os
milhares de Manassés" (Dt 33,17c).
Além disso, aqui nesse trecho, o próprio Moisés trata José como "novilho
primogênito, com majestade e chifres de boi selvagem". Esta narrativa da
Bênção dos filhos de José é um ótimo exemplo daquela Regra oferecida na
Introdução para não se ater aos capítulos e versículos, mas sempre observar o
começo e o fim do assunto que se lê. Observe-se que a divisão entre
capítulo48 e 49 não tem sentido e é aleatória, nãose tratando de momentos
diferentes, mas do prosseguimento de um mesmo ato,a Bênção de Jacó a todos
os seus filhos. Então, após confirmar a Aliança de Abraão, com a distribuição
inicial da Bênção para José e seus filhos Efraim e Manassés, Jacó se volta
para seus outros filhos e completa o seu trabalho com uma locução, que se
conhece ora como oráculo (Gn 49,1b) ora como bênção (Gn 49,28c):
"Depois chamou Jacó a seus filhos, e disse: Ajuntai-vos para que eu vos
anuncie o que vos há de acontecer nos dias vindouros. Ajuntai-vos, e ouvi,
filhos de Jacó; ouvi a Israel vosso pai..." (Gn 49,1-2) / "Todas estas são as
doze tribos de Israel: e isto é o que lhes falou seu pai quando os abençoou;
a cada um deles abençoou segundo a sua bênção" (Gn 49,28).
Ao que tudo indica, porém, teria sido proferida próximo da própria morte que,
com o desenrolar da História do Povo de Israel, foi sendo acrescida de fatos
pertinentes às tribos que tinham referência até mesmo remota comas palavras
de Jacó, mantidos no contexto pelo narrador tudo o que lhe chegou por
tradição oral, e na forma de um poema. Isso acontece muito em Bíblia eis que
não se escreve o fato no momento de sua ocorrência, mas muito tempo após,
já mesclado com várias acomodações. Por causa disso, é necessário que o
oráculo de Judá seja examinado, principalmente no seu conteúdo religioso,
destacando-se o seu teor messiânico. Ainda, no aspecto cultural é de se
verificar a existência de detalhes da primogenitura que vai nos realçara sua
importância, principalmente quando se dirige a Rubem, que como já vimos
traiu o pai, praticando um "incesto" com a concubina dele, Bala, a serva de
Raquel (Gn 35,22):
"De Hosa, dos filhos de Merári, foram filhos: Sínri o chefe, ainda que
nãoera o primogênito, contudo seu pai o constituiu chefe..." (1Cr 26,10).
Percebe-se que deve ter sido um problema difícil para Jacó esse de
desenvolver e conciliar o prosseguimento da Aliança entre os filhos, pois caso
seguisse uma ordem normal e lógica, a primogenitura caberia agora a Judá,
que assim esperava, ficando definido o caminho. Não que necessariamente
devesse seguir uma hierarquia determinada pela ordem cronológica dos
nascimentos, mas deve ter seguido uma qualquer, mesmo que pensada,
planejada e amadurecida no decorrer de sua vida toda. Agora, o advento de
José da forma como aconteceu alterou tudo clamando por uma revisão, já que
um novo elemento vem integrar a disposição racional já deliberada e pronta.
Principalmente por "conservar na memória os fatos" (Gn37,11b), e já lhe "ter
urdido uma túnica talar" (Gn37,3c), e os "sonhos que teve" (Gn 37,5.9),que
naquele tempo eram vistos como presságios do futuro, o convencerem então
do lugar onde iria desaguar a corrente da Aliança.Sendo assim, o que
planejara com o seu desaparecimento ficaria alterado não mais se admitindo
que seguiria tudo apenas em Judá e,com o retorno de José, impunha-se uma
revisão total, pelo que parece afirmar:
E é o próprio redator do livro de Crônicas quem nos revela, pela boca de Davi,
o modo como Judá prevaleceu sobre seus irmãos:
Gn 49,9 Ap 5,5
"E disse-me um dentre os anciãos: Não chores; eis
Judá é um
que o
leãozinho. Voltaste da presa, meu
filho.
Leão da tribo de Judá, araiz de Davi,
Ele se encurva e se deita como um
venceu para abrir o livro e romper osseus sete
leão,
selos."
e como uma leoa; quem o
despertará?"
"Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? pois do oriente vimos a
sua estrela e viemos adorá-lo. O rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se,e
com ele toda a Jerusalém; e, reunindo todos os principais sacerdotes e os
escribas do povo, perguntava-lhes onde havia de nascer o
Cristo.Responderam-lhe eles: Em Belém da Judéia..."(Mt 2,2-5).
"O rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se..."- ora, somente por ter
nascido um menino a quem estrangeiros qualificavam de "rei dos
judeus"?
"José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto a uma fonte; seus raminhos se
estendem sobre o muro. Os flecheiros lhe deram amargura, e o flecharam e
perseguiram,mas o seu arco permaneceu firme, e os seus braços foram
fortalecidos pelas mãos do Poderoso de Jacó, o Pastor, o Rochedo de
Israel,pelo Deus de teu pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-Poderoso,o qual te
abençoara, com bênçãos dos céus em cima, com bênçãos do abismo que jaz
embaixo, com bênçãos dos seios e da madre. As bênçãos de teu pai excedem
as bênçãos dos montes eternos, as coisas desejadas dos eternos outeiros; sejam
elas sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça daquele que foi
consagrado de seus irmãos" (Gn 49,22-26).
Quando Abraão comprou a gruta onde sepultou Sara (Gn 23,1-20), tal como
se pensava na antiguidade, tomou posse da Terra Prometida, sua residência
para sempre, e é para o mesmo lugar que deverá ser transportado Jacó, "para
ser congregado ao seu povo", tal como se acreditava na "vida após a morte",
como se verá também em outros lugares da Escritura, o que foi feito (Gn 50,7-
14). Sepultado o pai, José é assediado pelos irmãos, que dele agora temiam
uma represália pelo que lhe fizeram, ao que lhes comunica a isenção de
qualquer mágoa e de profunda fé na direção dos acontecimentos por Deus
(Gn50,15-21). E, quando se aproxima o fim de seus dias, bem vividos, dita as
últimas ordens a seus irmãos, o que comprova a sua qualidade de "chefe", de
"primogênito no exercício de suas funções" em direção aos compromissos da
Aliança:
"Depois disse José a seus irmãos: Eu morro; mas Deus certamente vos
visitará, e vos fará subir desta terra para a terra que jurou a Abraão,a
Isaque e a Jacó. E José fez jurar os filhos de Israel,dizendo: Certamente
Deus vos visitará, e fareis transportar daqui os meus ossos. Assim morreu
José, tendo cento e dez anos de idade;e o embalsamaram e o puseram
num caixão no Egito"(Gn 50,24-26).