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Filosofia, à critica distinção entre o Doxa e o Episteme.

Almeida, Davi de, Esteves , Bacharel em


Ciências Humanas,UFJF,2016.

Filosofia, à critica distinção entre o Doxa e o Episteme.


Davi de Almeida Esteves
Prefacio
Falar das vicitudes entre as concepções ideológicas do cientista e do filósofo é
pautar sobre um antagonismo Histórico que permeia o evoluir intelectual das
sociedades, suas teorias, crenças, mitos e principalmente dos problemas
gerados por esse antagonismo, produzindo um embate entre o conhecimento
real com provas testadas e refutadas, daquelas que foram simplesmente
observadas, criticadas e então pensadas via contemplação, o que por deveras
acabou por gerar uma inquietante duvida entre o sucesso e o fracasso daquilo
que é pratico e do que é teórico, permeando o que Popper chamou de “sonho
secular da humanidade” que é a eterna busca pelo conhecimento.
Introdução
Problemas, questionamentos, realidade e ilusão, termos que por sí só
remetem a concepção de Filosofia, uma “Ciência” amada e odiada, tanto no
mundo intelectual quanto no senso comum, principalmente pela forma como
ela se externa e se replica para o mundo dos homens, (doxa) e ate da própria
ciência, (episteme) mostrando-se passiva, preguiçosa e com uma dose
massiva de paciência, talvez por que todos os seus adeptos, praticantes e
principalmente aqueles que a alçaram ao patamar de ciências, fizeram um
esforço, digamos, um pouco “distinto” dos demais mestres das outras ciências,
uma vez que segundo Bonrheim citando Aristóteles (1969,p.15) “á admiração é
o elemento fundamental da gênese do filosofar.” Sendo por vezes taxados
como hereges loucos ou descompensados, ou como nos informa Popper
(1982,p.87) “os filósofos tem sido acusados de “filosofar sem conhecimento
factual.”” Acabando Por fazer com que a Filosofia, seja muitas vezes mal
compreendida e discriminada, pois ainda segundo Popper, citando Wittgenstein
(1982, p.96) “os problemas filosóficos não passariam de pseudoteorias e ou
pseudoproposições. ”
Prática e Teoria
O cerne da filosofia é por deveras, segundo Bornheim (1969,p.10) uma
“duvida metódica (...) que (...) aguça o espírito critico próprio, (...) onde, reside
sua eficácia.”

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Eficácia, que ha muito é questionada acerca do entendimento real,


daquilo que a Filosofia poderia trazer como contribuição epistêmica em relação
ao conhecimento Humano. Pois, entende-se que Filosofar é basicamente
questionar o que nós é imposto, criticar o porquê das coisas, buscar via
analises, aquilo que o senso comum aceita, teme ou simplesmente se
submete, hora por medo, temor, preguiça, ou mesmo por achar que as crenças,
mitos e fenômenos naturais ou mesmo humanos, já se faziam presente antes,
e continuaram a existir independente de vontades,estudos ou
questionamentos.
Uma vez que, a Busca pelo entendimento das relações de vivência entre
indivíduos, e da sobrevivência destes com o seu meio, sempre foi um imbróglio
factual que permeou tanto o interesse dos cientistas práticos quanto de
filósofos teóricos e que, há séculos vem inquietando estudiosos sejam eles
cientistas, filósofos e porque não Sociólogos, deixando transparecer que, ainda
não se chegou a um consenso sobre a melhor forma de obter conhecimento..
Problemas e solução
A filosofia, e sua concepção, quase não se separa da conceituação de
problema uma vez que, em seus primórdios a abordagem filosófica pautava-se
unicamente pela idéia da admiração que segundo, Bornheim (1969,p.11) é “ na
admiração que encontramos um comportamento de abertura o mais
espontâneo e original possível do homem diante da realidade.” Sendo a
mesma, uma forma de obter conhecimento a cerca das relações dos indivíduos
com o seu ambiente, mitos e os fenômenos naturais que se faziam presente na
vida em sociedade.
O conceito de admiração, por si só constituíam um imbróglio, uma vez
que foi constantemente questionado e taxado como método ineficaz e não
confiável de se obter conhecimento real, pois suas teorias pautavam-se das
conclusões Humanas (doxa).Situação que, os cientistas recusavam-se a
endossar, uma vez que o homem é por natureza um ser instável,
temperamental e sujeito a conclusões viciosas e eivadas de pré-julgamentos,
ou seja de analises improváveis e subjetivas dos ditos problemas.
Popper (1982,p.98) ao analisar a teorias de Russel e a ideologia de
Wittgenstein,afirmou que, “não poderia haver problemas filosóficos genuínos.
Humer citado por Popper(1992,p.122) também identificou um problema ao

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afirmar, “que não podia haver conhecimento seguro (...) ou episteme, (...) pois
tudo que sabíamos foi conhecido por meio da Observação.” Tais declarações
ajudaram a permear o eterno embate que colocou em lados opostos o
conhecimento empírico e o episteme.
Porem, encontram-se correntes que destoam desse argumento ao
afirmar que não é pretensão da filosofia afirmar a certeza ultima de um fato ou
fenômeno,

“Trata–se de ter opiniões sobre certos temas bem


definidos e sustentá–las em algo diferente de
uma convicção pessoal (...) o núcleo essencial da
filosofia não é constituído de crenças
tematicamente definidas e racionalmente
fundadas, senão de problemas e soluções."
(CARBONE APUB GONZALES, 2003)

Ou como vai dizer Carbone (2003) “A compreensão do problema


constitui–se no núcleo do ensino e da aprendizagem em filosofia”. Ou seja
diante de uma gama enorme de fatos, fenômenos e a conseqüente compostura
transcendental do individuo e seu pragmatismo em aceitar, temer ou
simplesmente entender como normais tais acontecimentos. Suscitou naqueles
que questionavam uma enorme inquietação, levando-os a agirem
metafisicamente na contra mão da maioria, uma vez que nem todos são
unânimes em se darem por satisfeitos ou serem, “¹cordiais”, com o que lhes era
imposto, buscavam numa hermenêutica própria, entender e conhecer para que
pudessem enfim fazer valer a máxima das ²cavernas de Platão. Suscitando a
concepção de que o conhecimento é construído e não congênito, pois o que
faz a raça Humana evoluir, é sua capacidade cognitiva e ³fluida.
Comportamentos esses que só alguns Homens foram capazes de alcançar,
externado uma teimosia e uma coragem,que os fez quebrar paradigmas e
“desutopizar” o senso comum, construindo assim as bases do conhecimento
dito Moderno.
Bibliografia
BORNHEIM, Gerd, Introdução ao filosofar, Porto Alegre, Ed. Globo, 1969.

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²CABRAL, João Francisco Pereira. "Mito da caverna de Platão”; Brasil Escola.


Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/mito-caverna-platao.htm>.
Acesso em 17 de novembro de 2016.

CARBONE, Marcelo Carbone Carneiro, Resenha do livro, A filosofia a partir de seus


problemas. De GONZÁLEZ PORTA, M. A. São Paulo: Editora Loyola, 2002.

³BAUMAN, Zygmunt. Vida Líquida. Trad. de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2007.

HABERNAS, Jürgen, Pensamento pós-metafisica, Rio de Janeiro, Ed. Tempo


Brasileiro 1999.

¹HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. (26ª edição) São Paulo: Companhia
das Letras, 1995.

POPPER, Karl, Conjecturas e Refutações, Brasília, Ed. Universidade de Brasília,


1982.

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