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2 Os princípios

Princípio significa “o que serve de base a alguma coisa”, assinalando início,


causa primeira, começo, raiz, ponto de partida. Juristas conceituam como bases
fundamentais típicas, que condicionam todas as estruturas subsequentes. De acordo com
Celso Antônio Bandeira de Melo, o termo é um dos mais recorrentes no plano da
produção teórica do direito e no nível das práticas cotidianas dos tribunais e que
princípios são as normas fundantes e nucleares de um sistema.

Como aponta o art. 4º da LICC: “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.”, assim, são usados a fim
de suprir eventuais lacunas da lei. Dessa forma, os princípios não são mandamentos
definitivos, mas sim tem como fundamento nortear o intérprete em uma direção, não levando,
apenas, a uma única conclusão.

O direito ambiental conta com princípios específicos de proteção ambiental. Logo, os


princípios que informam o direito ambiental tem como escopo fundamental proteger o meio
ambiente e, assim, garantir melhor qualidade de vida a toda coletividade. Nem todos os
princípios encontram previsão expressa na Constituição ou nas leis brasileiras e, com relação
ao direito ambiental, não há uniformidade doutrinária na identificação dos seus princípios
específicos (SAMPAIO, 2003, p. 52).

2.1.1 Princípios da Legalidade

O princípio da legalidade constitui, para o princípio do desenvolvimento sustentável,


um óbice ao poder público e uma garantia à atividade econômica. Óbice no sentido de estar
prevista na lei e, ademais decorre de uma definição clássica em que ninguém é obrigado a
fazer ou não fazer alguma coisa senão em virtude de lei20. Vale dizer que, para atuação do
poder público só será permitido caso tenha previsão legal e o administrador público não
poderá exigir nada do particular, uma vez que o processo administrativo incide diversos
princípios expressamente previstos em diversas partes do texto constitucional, como no Art.
5º, II e 37 Caput, este especificamente voltado para a Administração Pública. A Carta
Constitucional tem, no seu bojo, regra na qual a administração pública deve agir dentro de
limites e não está livre para fazer ou deixar de fazer algo de acordo com a vontade do
governante; mas, deverá segui-la, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem-
comum, sob pena de nulidade dos atos bem como expor-se à responsabilidade disciplinar, civil
e criminal, conforme o caso. Para Meirelles21 A legalidade, como princípio de administração,
significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos
mandamentos da lei, e ás exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar,
sob pena de praticar ato inválido e expor-se á responsabilidade disciplinar, conforme o caso. O
Princípio da Legalidade é um instrumento dentro do texto constitucional e do Direito
Ambiental que indica à iniciativa privada, quais os caminhos que o particular deve seguir para
garantir que o do Direito de Propriedade Privada seja respeitado. E o princípio da reserva legal
dá à atividade econômica o meio concreto de atuar sem contudo suprimir o princípio da livre
iniciativa. Neste sentido, a norma constitucional constitui para a iniciativa privada um limite ao
Direito de Propriedade, pois só permite a atuação dentro dos limites estabelecidos por lei, ou
seja, estabelecidos pelo Direito Positivo. Segundo Moraes22 “o princípio da legalidade é
gênero, estando classificado como espécie o princípio da reserva legal, sendo exceção a ambos
a discricionariedade admitida pela CF (...)”. Para Machado23, em matéria que envolve o meio
ambiente, a aplicação dos dois princípios, o da reserva legal e da legalidade, ambos
encontram-se textualizados na Constituição Federal artigos 225, incisos III, IV e VII do §1º, §2º,
§4º e §6º. O princípio da legalidade tem uma conotação genérica enquanto o da reserva legal
possui uma legislação mais específica, ou seja, é a materialização do primeiro. O Princípio da
Legalidade se aplica no caso concreto como uma norma geral que o Estado não pode deixar de
observar e seguir sob pena de seus atos serem considerados inválidos, mas uma vez seguido é
um importante instrumento de proteção ao meio ambiente e uma garantia a iniciativa privada
que o Estado atuará dentro dos limites legais. Sua atuação é vinculada à norma. O princípio da
reserva legal é o objeto pelo qual a iniciativa privada deve se valer para que o Direito de
Propriedade e a Liberdade de iniciativa não sejam tolhidos e por sua vez respeitados, a fim de
proporcionar a sociedade o bem estar comum e um desenvolvimento sustentado.

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